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11 à 13 de maio de 2016
GT – 3: Ciências da saúde.
ANAIS
Faculdade dos Carajás
Marabá - Pará
II SEMANA ACADÊMICA Justiça, Tecnologia e Saúde: Fatores de
transformação para o desenvolvimento da Amazônia
2
Comissão Organizadora
Coordenação Geral
Alexandre Bueno
Coordenação de extensão
Aline Corrêa de Carvalho
Comitê Técnico
Aline Corrêa de Carvalho
Sarah Lais Rocha
Glaucielen Gomes da Slilva
Criação e Organização dos Anais eletrônicos
Andreia Monic Viana dos Santos
Esdra Carvalho de Sousa
Francisco Freire de Barros
Revisão de textos
Andreia Monic Viana dos Santos
3
SUMÁRIO
GT3 – CIÊNCIAS DA SÁUDE ................................................................................................. 4
ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM QUANTO
AO DESTINO DOS RESÍDUOS HOSPITALARES ........................................................... 5
ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: DIFERENÇAS ENTRE DUAS MODALIDADES
DE SERVIÇOS EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO NORTE DO BRASIL .................... 13
AUSÊNCIA DE ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL E SUPLEMENTAÇÃO DE
ÁCIDO FÓLICO COMO FATORES PREDISPONENTES AO APARECIMENTO DE
DEFEITOS DO TUBO NEURAL ....................................................................................... 26
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA MALÁRIA ENTRE OS ANOS DE 2004 E 2014,
NO MUNICÍPIO DE MARABÁ-PARÁ ............................................................................. 34
LEISHMANIOSE VICERAL EM MARABÁ: QUADRO ATUAL, DESAFIOS E
PERSPECTIVAS SOBRE O OLHAR MULTIPROFISSIONAL ...................................... 41
MAGNITUDE DA MORTALIDADE POR CÂNCER CÉRVICO UTERINO ................. 50
MANEJO CLÍNICO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO ....................................................... 60
SENTIMENTOS E COMPORTAMENTOS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE
A SITUAÇÕES DE MORTE .............................................................................................. 69
4
GT3 – CIÊNCIAS DA SÁUDE
A saúde e a qualidade de vida são anseios universais do ser humano,
independente de credo, cultura ou raça. Este grupo de trabalho tem como
objetivo a ampla reflexão sobre temáticas variáveis que envolvem saúde e
doença de indivíduos e/ou populações, considerando que ambas estão
interligadas e são consequências dos mesmos. Desse modo, os artigos deste
grupo poderão abranger as seguintes temáticas: métodos educacionais
aplicados à ciência da saúde, novas tecnologias aplicadas à ciências da
saúde, abordagem multidisciplinar e interdisciplinar do cuidado em saúde,
processo saúde-doença e fatores de risco, ações multiprofissionais voltadas
para a assistência em saúde, saúde pública e políticas do SUS.
5
ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM QUANTO
AO DESTINO DOS RESÍDUOS HOSPITALARES
Hernan Da Silva Barros(1)
,
Marcela Barrozo de Carvalho(1)
,
Cilene Aparecida de Souza (2)
(1)Discente do Curso de Graduação em Enfermagem, Faculdade Carajás; miqueias-
Professora do Curso de graduação em enfermagem Faculdade Carajás,
Coordenadora do Laboratório de Anatomia Humana, Faculdade Carajás. GT3 – Ciências da
saúde.
RESUMO
Profissionais de saúde no seu ambiente de trabalho estão expostos a riscos constantes,
conhecer as normas de biossegurança além do manejo correto dos resíduos hospitalares, são
de extrema importância para que o mesmo possa executar seu trabalho de maneira correta.
Apesar disto, trabalhadores dos estabelecimentos de assistência à saúde muitas vezes
enfrentam situações laborais inapropriadas não as considerando, entretanto, como perigosas,
mesmo que as evidências científicas mostrem a presença de vários agentes de riscos
ocupacionais nos ambientes de trabalho.Esta pesquisa se justifica pela grande necessidade de
conscientização dos profissionais quanto ao correto destino dos resíduos dos serviços de
saúde sendo que o interesse pelo tema, deve-se, à sua atualidade e relevância para esta área de
atuação.Por meio deste trabalho objetiva-se pautar as principais publicações sobre RSS
mostrando sua importância. O levantamento bibliográfico com características qualitativas e
descritivo-analíticas ocorreu mediante a consulta nos bancos de dados virtuais (LILACS,
SciELO e BIREME), de publicações realizadas entre 2000 a 2011, analisando um total de20
produções bibliográficas. Em relação ao que se entende sobre RSS boa parte das enfermeiras
entende que os Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) sejam resíduos provenientes de
procedimentos feitos ao paciente, como também materiais contaminados provenientes de
instituições de saúde. No entanto, na visão dos técnicos de enfermagem esses resíduos são
classificados apenas como materiais contaminados.
PALAVRAS–CHAVE: Enfermagem, Resíduos de Serviços de Saúde,
INTRODUÇÃO
A biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou
eliminação dos riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos
animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos (SILVA, 2012).
6
No que diz respeito ao ambiente hospitalar, a adoção e implementação de medidas de
biossegurança são de extrema importância, uma vez que os riscos à saúde dos profissionais e
pacientes são iminentes pela possibilidade de contágio por agentes infecciosos
(ERDTMANN, 2004).
Apesar disto, trabalhadores dos estabelecimentos de assistência à saúde muitas vezes
enfrentam situações laborais inapropriadas não as considerando, entretanto, como perigosas,
mesmo que as evidências científicas mostrem a presença de vários agentes de riscos
ocupacionais nos ambientes de trabalho (ROBAZZI; MARZIALE, 2004).
Para esses trabalhadores, foram criadas as precauções universais, normatizadas pela Norma
Regulamentadora do Ministério do Trabalho (NR 32), que trata da segurança no trabalho em
serviços de saúde (GEHRSON et al, 1995; OPPERMANN; PIRES, 2003; BRASIL, 2011).
Entre as precauções universais estão: lavagem de mãos; uso de equipamentos de
proteção individual (EPI); cuidado com equipamentos utilizados durante a assistência;
controle de ambiente; descarte adequado de material perfurocortante, além da acomodação do
paciente (SILVA, 2012). Embora a lavagem das mãos seja a principal forma de prevenção à
disseminação de infecções, ela ainda é desprezada por muitos profissionais de saúde, sejam
estes de nível técnico ou mesmo de nível superior.
Além desta, outras ações devem ser tomadas inclusive antes da exposição às situações
com potencial de risco tais como: boa qualificação técnica dos profissionais; boas condições
de trabalho; uso de equipamentos de proteção individual e imunização dos trabalhadores
(BRASIL, 2011). Apesar disto, a conscientização e treinamento dos profissionais de saúde,
tem-se mostrado deficiente, visto que muitas pesquisas denunciam a falta de cuidado com a
prevenção e a contaminação desses indivíduos em seu ambiente de trabalho.
A pesquisa foi elaborada através de levantamento bibliográfico onde tivemos por
objetivo esclarecer o seguinte questionamento: O que as publicações apontam sobre o
conhecimento técnico que a equipe de enfermagem possui em relação ao descarte e manuseio
dos RSS?
Nota-se atualmente uma grande preocupação em relação ao conhecimento ou
concepção do destino correto do lixo hospitalar por parte dos profissionais de saúde, pois
resíduos sólidos, quando tratados de maneira incorreta, sendo simplesmente despejados em
7
locais inapropriados, acarretam muitos prejuízos a todo meio ambiente, afetando, assim,
diretamente seu próprio gerador: o homem. (DOI & MOURA, 2011)
Existe a necessidade da adoção de práticas de segurança por profissionais de saúde,
além da ampliação dos conhecimentos nesta área, visando a proteção de todos os indivíduos
envolvidos neste contexto e a correção das deficiências (PASSOS et al, 2013).
Com base no exposto acima esta pesquisa se justifica pela grande necessidade de
conscientização dos profissionais quanto ao correto destino dos resíduos dos serviços de
saúde sendo que o interesse pelo tema, deve-se, à sua atualidade e relevância para esta área de
atuação. A pesquisa contribui para que se torne possível refletir acerca da complexidade que
envolve o manejo dos resíduos hospitalares e o conhecimento da equipe de enfermagem
acerca dessa questão e por acreditar que com o embasamento teórico eles poderão efetuar seu
trabalho com mais eficiência.
Por meio deste trabalho objetiva-se pautar as principais publicações sobre RSS
mostrando sua importância e os resultados obtidos, dando consistência para o conhecimento
necessário ao profissional para sua prática. Assim, torna-se possível conhecer as pesquisas
atuais e mostrar de que maneira a equipe de enfermagem trata o descarte dos RSS.
MATERIAIS E MÉTODOS
Revisão de literatura, com características qualitativas e descritivo-analíticas.O
levantamento bibliográfico ocorreu mediante a consulta nos bancos de dados virtuais
(LILACS, SciELO e BDENF), tendo como referência os descritores: Enfermagem, Resíduos
de Serviços de Saúde, Gerenciamento de Resíduos e Resíduos Sólidos. A seleção de textos se
deu a partir da adequação aos seguintes critérios: relevância para o estudo em questão e ano
de publicação de 2000 a 2011.
Na seleção das produções bibliográficas foram observados os critérios de inclusão: que
possuíssem acesso a texto completo, serem em forma de artigo, dissertação ou tese e em
língua portuguesa. Para este estudo foram analisadas 9 produções bibliográficas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resíduos hospitalares se inserem e vêm assumindo importância nos últimos anos, e
o descarte correto desses materiais é fundamental para que o meio ambiente não seja
8
impactado. Em contrapartida esses materiais são de grande importância, para que se
proporcione o cuidar da saúde humana em sua totalidade, por este motivo há uma necessidade
de se conhecer as diferentes classificações dos resíduos, formas de armazenamento,
acondicionamento, cuidados com sua separação e principalmente com o seu destino final,
para que o mesmo não cause acidentes ambientais e contaminações humanas (COSTA &
FONSECA, 2009, p. 13).
Enfocando as questões que envolvem os resíduos sólidos dos serviços de saúde
(RSSS) órgãos como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), estabeleceram critérios para sua adequada manipulação (COSTA & FONSECA,
2009, p. 13).
Para tentar solucionar alguns possíveis problemas os RSS, os órgãos mencionados
anteriormente classificam esses com base no despacho do Ministério da Saúde nº 242/96 de
13 de agosto de 1996, assim, eles são classificados de acordo com a sua tipologia,
periculosidade, local de produção e tipo de tratamento requerido. A partir desse, os resíduos
hospitalares são divididos em quatro grupos, onde o I e II (não perigosos) representam os
grupos não perigosos, e, os III e IV (perigosos) correspondem aos resíduos perigosos, sendo
necessário a estes últimos um tratamento mais criterioso (COSTA et al., 2013, p. 08).
Estes grupos de resíduos merecem uma atenção no que diz respeito ao gerenciamento,
que constitui em um conjunto de procedimentos de gestão planejado e implementado, a partir
de bases legais, técnicas e científicas, com o objetivo de que se destine de forma eficiente e
segura, visando à proteção humana, a preservação do meio ambiente, dos recursos naturais e
da saúde pública. Ainda sobre as etapas do gerenciamento dos RSS segundo a ANVISA 306
apud Costa & Fonseca (2009) destacam: A identificação; Segregação; Acondicionamento;
Transporte interno; Armazenamento temporário; Armazenamento externo; Tratamento;
Destino final.
Para que haja um bom gerenciamento é necessário que se atenda as normas de biossegurança
que se define por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, tornar mais brando
ou eliminar riscos às atividades que possam interferir ou comprometer a qualidade de vida, a
saúde humana e o meio ambiente. Desta forma, a biossegurança tem como característica ser
estratégica e essencial para a pesquisa e o desenvolvimento sustentável sendo importante na
9
avaliação e prevenção dos efeitos adversos de novas tecnologias à saúde (BRASIL, 2010, p.
15).
Assim, a implementação de medidas de biossegurança no ambiente hospitalar faz-se
de grande importância entre os profissionais de saúde, já que os mesmos possuem um alto
risco de um eminente contágio por agentes infecciosos. (ROBAZZI e MARZIALE, apud
PASSOS et al, 2013). Uns dos fatores importantes pare a adesão dessas medidas podem ser a
conscientização e treinamento de equipes que tem gerado ótimos trabalhos na redução dos
ricos (BRASIL,2014).
Embora exista todo um esforço para diminuir os riscos através da implementação de
medidas de biossegurança, várias pesquisas apontam resultados que mostram que alguns
fatores condicionam para acidentes de trabalho; como a concepção de achar que em
determinados procedimentos são desnecessários o uso de EPI por serem simples o que geram
um vício e uma prática compartilhada dentro do local de trabalho. Outro fator que merece
atenção é a fadiga por excesso de trabalho ou excesso de confiança, tudo isso tem gerado
segundo pesquisas, contaminação ocupacional nesses profissionais. (Correa & Donato, apud
PASSOS, et al 2013).
Diante desse fato, algumas ações quando implementadas geram bons resultados,
exemplo disso é a ampliação da própria concepção da segurança laboral com aplicação de
técnicas de trabalhos com ótima qualificação, cursos, oficinas, boas condições de trabalho. A
vacinação também tem sua participação nessas medidas como bloqueios de hepatite e tétano,
e, essas estão disponíveis nos centros de saúde. (Brasil, 2011 PASSOS et al 2013).
DIFICULDADES E DESAFIOS DA ENFERMAGEM EM BIOSSEGURANÇA
A Biossegurança como desafio na rede hospitalar no que diz respeito às atividades
desenvolvidas pela vigilância sanitária e ambiental, tem como ações de apoio técnico aos
municípios e, principalmente, a capacitação profissional proporcionada pelas Secretarias
Estaduais de Saúde. (MS,2010).
Um dos grandes desafios da enfermagem seria a identificar as prioridades nessa área e
definir estratégias para as ações da Comissão de Biossegurança em Saúde e do Ministério da
Saúde. Como exemplo da dificuldade enfrentada por esses órgãos e o despreparo quanto à
biossegurança em ambientes de saúde. (MS, 2010)
10
Promover debates sobre biossegurança em saúde nos dias atuais não apenas contribui
para a solidificação das ações e o exercício das competências na área de biossegurança, mas,
principalmente, reforça o propósito de qualidade de vida e saúde do Sistema Único de Saúde,
bem como qualifica as demandas e contribui para o fortalecimento do Complexo Industrial da
Saúde. (MS, 2010).
É fundamental que a instituição, por meio dos gestores, proporcione aos profissionais,
além de condições para um trabalho seguro, a oportunidade para reflexões, discussões críticas
e atualizações para que esses trabalhadores possam se conscientizar da adoção de medidas
preventivas corretas11. Para tanto, é imprescindível que a biossegurança seja entendida pelos
profissionais, principalmente os enfermeiros, como instrumento de proteção da vida, em
qualquer que seja o ambiente de trabalho. (Valle ARMC, 2012)
Diante disso é importante colocarmos aqui um conjunto de resultados onde é possível
perceber o comportamento de vários profissionais diante a concepção que os mesmos
possuem sobre a questão da biossegurança como também apontar de acordo com as diretrizes
do Ministério da Saúde as formas técnicas sobre descartes de lixo, uso de EPIs corretamente.
O lixo é um produto das atividades humanas, consideradas pelos geradores como
inúteis, indesejáveis ou descartáveis (JARDIM, 1995). Partindo dessa linha de pensamento,
através dos levantamentos bibliográficos selecionados foi possível chagar ao consenso sobre o
que as enfermeiras e técnicos de enfermagem entendiam por Resíduos de Serviços de Saúde
(RSS), conforme transcorre abaixo:
Em relação ao que se entende sobre RSS boa parte das enfermeiras entende que os
Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) sejam resíduos provenientes de procedimentos feitos
ao paciente, como também materiais contaminados provenientes de instituições de saúde. No
entanto, na visão dos técnicos de enfermagem esses resíduos são classificados apenas como
materiais contaminados. Contudo, conforme o que preconiza a ANVISA, os resíduos
produzidos em unidades de saúde são aqueles constituídos de lixo comum (papel, restos de
jardim, restos de comida de refeitórios e cozinhas etc.), resíduos infectantes ou de risco
biológico (sangue, gaze, curativos, agulhas etc.) e resíduos especiais (químicos, farmacêuticos
e radioativos). Apresentam-se sob estado sólido, semi-sólido ou líquido e, são amplamente
classificados de acordo com sua natureza, composição química ou pelos riscos potenciais ao
homem e ao meio ambiente. A partir dessa análise pode-se inferir que a equipe de
11
enfermagem das revisões estudadas mantém uma concepção insuficiente, precárias e/ ou
distorcidas a respeito do conceito de resíduos sólidos de saúde, fator que abre espaço para o
descarte dos RSS em local inapropriado e até mesmo a produção excessiva deste material.
Em uma população de 1218 trabalhadores de enfermagem de um hospital
universitário, foi constatada incidência acumulada de 8,2% de acidentes de trabalho. Neste
estudo caso-controle, a autora concluiu que os indivíduos ficam propensos aos acidentes nas
situações em que existe falta de tempo para descanso e adotam posturas cansativas e forçadas
durante o trabalho. (BENATTI, apud NISHID et al 1997)
Estudando os acidentes ocupacionais e situações de risco em hospitais das redes
pública e privada do município de São Paulo, foi observado que as agulhas foram
responsáveis por 77,5% dos casos de acidentes, sendo que a falta de material apropriado, a
sobrecarga de atividades, a falta de conscientização sobre os riscos e a falta de observação das
medidas de segurança foram os principais fatores de risco que interferiram nesses acidentes.
(BENATTI, apud NISHID et al 1997)
Esses procedimentos simples, que englobam os utensílios técnicos e situações
adequadas para seu devido uso, são comumente desconhecidos pelos profissionais, e quando
conhecidos, são por diversas vezes desprezados. Isso contribui para os altos índices de
acidentes ocupacionais na saúde em nosso país. Segundo Silva (2012), a fadiga, o trabalho
realizado com muita rapidez e o excesso de confiança, são também alguns dos principais
fatores que colaboram com a ocorrência de contaminação ocupacional desses indivíduos no
Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, S. S. M.; PASSOS, J. P.; TOCANTINS, F. R. Acidentes com perfurocortantes em
trabalhadores de enfermagem: uma questão de biossegurança. Revista de Enfermagem da
UERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 373-377, jul./set. 2009
BENATTI, Acidente do trabalho em um hospital universitário: um estudo sobre a ocorrência
e os fatores de risco entre trabalhadores de enfermagem. [tese]. São Paulo (SP): Escola de
Enfermagem/USP; 1997
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n˚: 196/96, de 10 de outubro de 1996.
Aprovam diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 out.1996. Seção 1, p. 21086.
Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Diretrizes
gerais para o trabalho em contenção com material biológico. Brasília, 2004
12
CORRÊA, C. F.; DONATO, M. Biossegurança em uma unidade de terapia intensiva - a
percepção da equipe de enfermagem. Revista de Enfermagem da Escola Ana Nery, Rio de
Janeiro, v. 11, n. 2, p. 197–204, jun. 2007.
DOI, K. M; MOURA, G. M. S. S. Resíduos sólidos de serviços de saúde: uma fotografia do
comprometimento da equipe de enfermagem. Rev. Gaúcha Enferm. [online]. 2011, vol.32,
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ERDTMANN, B. K. Gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde: biossegurança e o
controle de infecções hospitalares. Texto & Contexto - Enfermagem, Florianópolis, v. 13, p.
86-93, 2004. Edição especial
Jardim, NS. Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. Instituto de Pesquisas
Tecnológicas – IPT/CEMPRE. São Paulo: 19
NISHIDE, V M; BENATTI, M CC; ALEXANDRE, N M C. Ocorrência de acidente do
trabalho em uma unidade de terapia intensiva. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão
Preto,v. 12, n. 2, p. 204-211, Apr. 2004 .
OLIVEIRA, M. N. T. Acidentes de trabalho e doença ocupacional: estudo sobre o
conhecimento do trabalhador hospitalar dos riscos à saúde de seu trabalho. RevLatinoam
Enfermagem 2001 jan; 9(1):109-15.
ROBAZZI M. L. C. C, MARZIALE M. H. P. Alguns problemas ocupacionais decorrentes do
trabalho de enfermagem no Brasil. RevBras Enfermagem 1999 jul/set; 52(3):331-8.
VALLE A. R. M. C, MOURA M. E. B, Nunes BMVT, Figueiredo MLF. A biossegurança sob
o olhar de enfermeiros, Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jul/set; 20(3):361-7.
13
ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: DIFERENÇAS ENTRE DUAS MODALIDADES
DE SERVIÇOS EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO NORTE DO BRASIL
Gabriela P. Goes1,
Cassiano F. Barbosa2,
Alex A. S. dos Santos3,
MarthynianoP.Assunção netto4
1Universidade do Estado do Pará,Acadêmica do curso de Medicina, Monitora do Laboratório Morfofuncional; 2Universidade
do Estado do Pará, Docente do curso de Medicina;3 Mestre em Fisica do Clima, Diretor do Instituto Bioestatistico; 4
Universidade do Estado do Pará, Acadêmico do curso de Medicina. . 1-INTRODUÇÃO
A Atenção Primária a Saúde (APS) surge como uma necessidade de uma saúde, na
qual o enfoque não é apenas a enfermidade individual, e sim o paciente como um todo,
considerando um universo de determinantes de saúde como meio social e físico
(STARFIELD,2002). O começo de sua estruturação foi feita no relatório Dawson, em 1920,
que já idealizava o modelo de atenção em saúde com centros primário, secundários e serviços
domiciliares, contrapondo-se com o modelo flexneriano americano baseado apenas na cura e
atenção individual .(MENDES, 2002).
A Conferência de Alma-Ata de 1978, veio para sedimentar as ideias do relatório
Estabeleceu metas para o alcance da Atenção Primária da Saúde(APS) plena, conhecida como
“Saúde para todos no ano 2000”,tendo um grande impacto sobre o pensamento a respeito da
atenção primária. (MATTA E MOROSINI, 2014) No ano subsequente a APS foi definida
como:
“...È o primeiro nível de contato com os indivíduos,da família e da
comunidade com o sistema nacional da saúde, levando a atenção a
saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e
trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de
atenção continuada a saúde.” (OMS,1978).
Esta definição considera a APS a “porta de entrada” para o sistema de atenção á saúde,
Segundo Starfield (2002) esse fenômeno é um dos 4princípios fundamentais da atenção
primária, chamado acesso ao primeiro contato ou acessibilidade, sendo este o elemento
estrutural mais necessário para o uso da “porta”, pois a falta de entrada acessível leva a não
obtenção ou adiamento da atenção adequada, ou a gastos adicionais. Já o 2º principio
14
fundamental é a longitudinalidade, que é uma relação pessoal de longa duração entre os
profissionais de saúde em suas unidades de saúde, lidando com crescimento e mudanças de
indivíduos ou grupos no decorrer de um período de anos. O 3º chamado integralidade exige
que atenção primária reconheça adequadamente, a variedade completade necessidades
relacionadas ao paciente e disponibilize os recursos para abordá-las , sendo que os recursos
devem estar disponíveis e sejam prestados quando necessário para problemas que ocorram
com frequência, serviços esses que podem variar de acordo com a comunidade e o último
principio fundamental a Coordenação da atenção definida como estado de harmonia numa
ação ou esforço comum, dispondo de informações sobre problemas e serviços anteriores e o
reconhecimento daquela informação relacionando com o presente atendimento, esse último
principio é essencial para obtenção dos outros, sem ela a longitudinalidade perderia seu
potencial, a integralidade seria dificultada e a função de primeiro contato iria se tornar
puramente administrativa. Tais princípios precisam estar intrinsecamente ligados para o bom
funcionamento da APS.
Ainda segundo Starfield (2002), temos 3 princípios derivativos : Centrado na família;
Competência cultural , que são providências para atender as necessidades especiais culturais;
Orientado para a comunidade, que traz mecanismos para o alcance do conhecimento das
necessidades de saúde da comunidade.
O sucesso da APS e seus princípiossão observados no relatório da Organização
Mundial de Saúde de 2008, intitulado “Atenção Primária mais do que nunca”, dentre os
diversos países citados podemos citar a Espanha e Costa Rica, pois diferem no nível
socioeconômico, mas expandiram e reorganizaram seus sistemas de saúde de acordo com a
APS, aumentando o atendimento de grupos que antes eram desfavorecidos, reduzindo as
desigualdades na saúde (OMS, 2008).
No Brasil, o sucesso da ampliação da APS é enfatizado principalmente pela
modalidade de saúde Estratégia de Saúde da Família(ESF), tendo destaque no
relatório(OMS,2008), porém ainda coexistem com outras modalidades de saúde. Com o
intuito de facilitar os princípios do acesso e reconhecendo que existem diversas realidades
sócio epidemiológicas e diferentes necessidades de saúde,a Politica Nacional de Atenção
Básica (2012) se refere a diferentes maneiras de organização das UBS: AUBS sem Saúde da
Familia ou modelo tradicional e a ESF ou UBS com Saúde da Familia, a primeira segundo
15
Elias (2006), não há adscrição de clientela e a delimitação só se faz para a vigilância em
saúde, atende a demanda espontânea ou encaminhada por outros serviços, além de que a
equipe conta com médicos clínicos e especialistas, não tendo uma regularidade de distribuição
entre as UBS’s, já a segunda funciona com as equipes de saúde, os agentes comunitários,
enfermeiros e médicos clínicos gerais, de modo que há uma adscrição da população a uma
certa área abrangida e busca ativa aos pacientes.
A APS está se fortalecendo no país, embora no Pará, mais especialmente no município
de Marabá, que ainda está incipiente, Além disso, a cobertura da ESF é muito pequena para a
população, mesmo diante do contexto nacional de expansão da ESF, por isso é interessante a
análise das duas modalidades de saúde vigentes em Marabá, tendo como base os atributos
estabelecidos por Starfield (2002), que segundo Elias et al (2006) o cumprimento destes
preceitos são associados a melhores desempenhos e melhores indicadores de saúde.Desta
forma , as dimensões da atenção básica são importantes para a analise do funcionamento das
duas modalidades vigentes no município.
2- METODOLOGIA ESTATÍSTICA
Para avaliar os atributos utilizamos o questionárioPCATool-ADULTO-BRASIL
versão reduzida, o qual é uma reavaliação do PCATool-ADULTO-BRASIL
(BRASIL,2013).Feito por Oliveira et al, que apresenta 23 itens do questionário original
avaliando os atributos idealizados por Starfield (2002).
Calculou-se pela técnica amostral de Cochran (1977) o tamanho das amostras
aleatóriasde n=104 pacientes,então foi feito um estudo transversal descritivo e analítico, que
fez a análise comparativa entre duas populações: População Atendida por UBS (n=52) e
População atendida pela ESF (n=52).
Teve como critério de inclusão pessoas que estão na faixa etária entre 20 – 70 anos, de
ambos os sexos e de exclusão pessoas que sejam consideradas analfabetas e que não eram
atendidas no posto.Oquestionário foi aplicado em forma de entrevista domiciliares ou nos
serviços de saúde da população escolhida, aplicadas por uma entrevistadora, de modo que as
pessoas não foram identificadas.
As informações obtidas forammantidas em sigilo, somente foram entrevistados os
sujeitos que aceitaram participar e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
16
Além disso, a pesquisa não fornece risco nem para os participantes nem para as pessoas
entrevistadas sendo respeitados os princípios éticos em todas as etapas da pesquisa.
Foram aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. A pontuação dos
questionários(1: Não Com Certeza , 2: Não provavelmente , 3:SIM Provavelmente 4: Sim
Com Certeza, 9:Não sei, não lembro) foi convertida em uma escala de 0 a 10 pontos, sendo
abaixo de 5: Ruim, de 5 até 6,9: Regular, de 7 até 8,9 : Bom e de 9 até 10: Excelente. As
variáveis quantitativas foram apresentadas por medidas de tendência central e de
variação.aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade do Estado do Pará com o
CAAE: 45198414.3.0000.5170
A comparação entre os Itens foi realizada pelo teste U da Mann-Whitney, visto que as
variáveis não apresentaram distribuição Gaussiana, conforme indica (Ayres et al, 2007,
p.131). A avaliação da correspondência linear foi realizada pela Correlação Linear de
Pearson. Foi previamente fixado o nível de significância alfa = 0.05 para rejeição da hipótese
de nulidade. O processamento estatístico foi realizado nos softwares GrafTable versão 2.0 e
BioEstat versão 5.3.
3- RESULTADOS
Através da aplicação do PCATool-ADULTO-BRASIL versão reduzida foi possível
chegar às seguintes conclusões:
a) A ESF foi significativamente (p-valor <0.05*) mais bem avaliada nos seguintes itens:
Afiliação (Mediana = 9.5) e Primeiro Contato [Utilização] (Mediana = 10).
b) A UBS foi significativamente (p-valor <0.05*) mais bem avaliada nos item Primeiro
Contato [Acesso] (Mediana = 3.0).
c) Não houve real diferença estatisticamente significantes nos demais itens (p-
valor>0.05).
Tabela 1- Itens do PCATool-ADULTO-BRASIL versão reduzida aplicado a usuários de UBS
(n=52) e ESF (n=52). Marabá/PA, ano 2015.
Itens do
PCATool-ADULTO-
BRASIL
Mín Máx MD P25 P75 Média D
Padrão p-valor
17
Afiliação
0.0027*
UBS 0.0 10.0 7.0 5.0 9.0 6.3 3.2
ESF 1.0 10.0 9.5 7.5 10.0 8.1 2.6
Primeiro contato
[Utilização] <0.0001*
UBS 0.0 10.0 8.0 5.0 9.0 6.9 3.0
ESF 3.0 10.0 10.0 9.0 9.8 9.1 1.8
Primeiro contato [Acesso]
0.0341*
UBS 0.5 10.0 3.0 2.5 5.0 3.6 2.5
ESF 0.0 10.0 2.0 1.8 4.0 2.5 2.6
Longitudinalidade
0.9146(ns)
UBS 4.0 10.0 6.9 6.3 7.8 7.0 1.3
ESF 4.0 10.0 7.3 5.6 8.1 6.9 1.6
Coordenação (Cuidados/sis.
Info.) 0.0941(ns)
UBS 0.5 10.0 6.2 4.0 7.8 5.3 2.9
ESF 1.0 10.0 7.5 4.5 8.0 6.8 3.1
Integralidade (Serv.
disponíveis) 0.5872(ns)
UBS 2.5 10.0 6.2 5.0 7.5 6.3 2.0
ESF 2.0 10.0 6.0 4.2 7.7 6.0 2.4
Integralidade (Serv.
prestados) 0.5466(ns)
UBS 3.0 15.0 7.0 5.5 8.5 7.5 3.0
ESF 1.5 17.5 8.0 5.5 9.5 8.0 3.7
Enfoque familiar
0.1499(ns)
UBS 1.3 6.7 2.5 1.8 4.2 3.0 1.6
ESF 1.3 6.7 3.5 1.9 4.2 3.4 1.4
Orientação comunitária
0.9607(ns)
UBS 1.8 10.0 3.5 2.0 6.0 4.4 2.8
ESF 1.1 10.0 3.5 2.0 6.0 4.4 3.2
18
* Teste U de Mann-Whitney
No segundo momento, para avaliar a correspondência entre todos os domínios do
questionário foram realizada 40 correlações. As correlações que apresentaram p-valor <0.05
foram consideradas estatisticamente significantes. No total houve 22 correlações
estatisticamente significantes (entre os 9 Itens do questionário). Essas correlações estão
grafadas em cor azul e o p-valor marcado com *, indicam que existe uma real relação de
proporcionalidade entre seus escores, logo existe uma real correspondência positiva entre os
Itens, e são diretamente proporcionais. Sendo que no questionário cada letra representa um
domínio, A: Grau de Afiliação; B: Acesso ao primeiro contato- Utilização; C: Acessibilidade ;
D: Longitudinalidade ; E:Coordenação- Integração de cuidados e Sistema de integração; G:
Integralidade ; H: Integralidade- Serviços Prestados; I: Orientação Familiar; J: Orientação
Comunitária.
Entretanto, a correlação que obteve a mais ALTA CORRESPONDÊNCIA foi entre
a) Os itens I e J (em letra vermelha) , a qual apresentour=0.547 (correlação moderada)
com p-valor <0.0001.
b) Os itens H e I (em letra vermelha) , a qual apresentour=0.485 (correlação moderada)
com p-valor <0.0001.
c) Os itens que estão grafado em cor azul, também apresentaram correlação
estatisticamente significante, logo, também nesses casos existe uma real
correspondência positiva entre os Itens, e são diretamente proporcionais, entretanto
essa correspondência não é tão forte quanto as outras duas relações, indicadas acima.
Tabela 2: Coeficientes de correlação (r de Pearson) entre os Itens do PCATool-ADULTO-
BRASIL.
COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO (r de Pearson)
Itens do PCATool-ADULTO-BRASIL
A B C D E+F G H I J
A
--- --- --- --- --- --- --- ---
B 0.338
--- --- --- --- --- --- ---
C -0.018 0.006
--- --- --- --- --- ---
D 0.241 0.027 0.145
--- --- --- --- ---
19
E+F 0.167 0.120 0.283 0.295
--- --- --- ---
G 0.156 0.002 0.241 0.195 0.254
--- --- ---
H 0.194 0.038 0.167 0.346 0.215 0.295
--- ---
I 0.158 0.112 0.329 0.287 0.310 0.294 0.485
---
J -0.086 -0.063 0.290 0.270 0.218 0.221 0.281 0.547
Tabela 3:Resultado do teste de hipótese (expresso pelo P-VALOR) referente ao Coeficiente de Correlaçãoentre
os Itens do PCATool-ADULTO-BRASIL.
Resultado do teste de hipótese (p-valor)
Itens do PCATool-ADULTO-BRASIL
A B C D E+F G H I
B 0.0004*
C 0.8603 0.9508
D 0.0139* 0.7895 0.1415
E+F 0.0893 0.2242 0.0036* 0.0024*
G 0.113 0.9826 0.0137* 0.0475* 0.0092*
H 0.0485* 0.7056 0.0908 0.0003* 0.0280* 0.0023*
I 0.1084 0.2563 0.0006* 0.0032* 0.0014* 0.0024*
<
0.0001*
J 0.3845 0.5232 0.0028* 0.0055* 0.0261* 0.0244* 0.0038*
<
0.0001*
*Correlação Linear de Pearson
20
Figura 1: Coeficientes de correlação entre todos os ItensdoPCATool-ADULTO-BRASIL.
4- DISCUSSÃO
Os resultados desta pesquisa evidenciam que em Marabá não existem grandes
diferenças entre a UBS e a ESF, pois dos7 atributos avaliados no questionário a ESF foi
superior apenas no grau de Afiliação, o qual é importante para identificar o serviço que serviu
de referência para o usuário, não sendo considerado um atributo da APS (BRASIL,2013 ) e
acesso ao primeiro contato.Ambos tiveram significativas diferenças estatísticas em
comparação com a UBS, este último tendo como única pergunta “Quando você tem um novo
problema de saúde você vai a (ESF ou UBS) antes de ir a outro serviço de saúde”,tendo como
excelente média a ESF representou que a população adscritaparadoxalmente sempre procura a
ESF quando surge novo problema de saúde, porém o acesso ao posto de saúde se classificou
como ruim tanto na ESF quanto na UBS.
A questão é de que apesar da população ver a ESF ou UBS como primeira opção de
saúde, ao chegarem às unidades não se consegue atendimento “rápido” na unidade ou existe
demora no atendimento, fato que debilita o atributo acessibilidade, pois a população não
consegue acessar integralmente a “porta de entrada” do sistema de saúde, sendo assim, a
maioria dos atributos pode se tornardeficitária.
No quesito acessibilidade ambas as modalidades de saúde tiveramo conceito ruim,
concordando com Azevedo e Costa (2010), o qual afirma que a porta de acesso ao sistema
único de saúde está estreita. Além disso,Starfield (2002) afirma que é necessária a eliminação
de barreiras tanto financeiras, geográficas, organizacionais e culturais. A média na UBS foi de
21
3,6 e na ESF foi de 2,6, o que nos permite afirmar que em Marabá o usuário não está
conseguindo completar seu acesso ao SUS, com muitas barreiras a ultrapassar.Esses
obstáculos na entrada segundo Azevedo e Costa (2010),podem ser : demora na obtenção de
consulta, tipo de marcação, na pós entrada com a demora do atendimento , consumo de
tempo, energia e recursos financeiros , perda de dias de trabalho.
O domínio longitudinalidade não teve significância comparada entre as duas
modalidades de saúde, porém ao analisarmos isoladamente a ESF teve a mediana 7,3
classificada como boa e a UBS com 6,9 classificada como regular. Neste domínio a pesquisa
pode refletir que o usuário na sua maioria não identifica um individuo, no caso médico, como
fonte de continuidade do serviço, e sim a equipe, tanto que não mudariam de posto se fosse
possível, pois veem na equipe um ponto de apoio, evidenciado no domino primeiro contato,
mas ainda assim este domínio está prejudicado, pois a longitudinalidade por completo, além
de se ter um longo tempo de vínculo,deve-se ter uma fonte individual em que o usuário seja
reconhecido, não somente com sua doença, mas sim tenha seu atendimento abrangendo a
prevenção e promoção de saúde.
Já no domínio Coordenação de cuidados e sistema de informação, também não foi
significativaa diferença entre as duas modalidades, porém a média da UBS foi 5,3 e da ESF
foi 6,8 (tabela 1) sendo classificadas como regulares , demonstrando que a equipe tem
dificuldades na referência e contra-referência, que apesar de serem processos complexos
envolvendo diversos níveis da saúde, a APS deve ter como papel de controlar todo esse
processo e a população deve reconhece-la como a maior agente de resolução e cuidado
continuo, esse resultado ocorreu diferente de um estudo feito em São Paulo por Elias, P. et al
(2006) e em Curitiba por Chomatas et al (2013) em que esse domínio tevecom uma
classificação alta , por ter sido feito no Sul e Sudeste onde a realidade é diferente, em que o
serviço informatizado já foi instalado como é o caso de Curitiba, facilitando a coordenação de
cuidados por todos os níveis de saúde,por meio de prontuário on-line.
Em relação ao domínio integralidade, foi dividido em duas partes: Serviços
disponíveis com média da UBS com 6 e ESF com 6,3 , sendo classificadas como regulares e
Serviços prestados com média na UBS com 7,5 e ESF com 8, classificados como bom, não
apresentando significância diferença entre elas. No caso dos serviços disponíveis evidencia
que os usuários podem não ter acesso do conhecimento sobre qual serviço tem disponíveis na
22
unidade de saúde, e também a ausência de serviços como saúde mental e como parar de
fumar, que são serviços que necessitamserativos, principalmente na ESF, pois são serviços
que a população pode vir a necessitar em algum momento, sendo segundo Starfield (2002)a
variedade de tipos de problemas é muito maior na APS do que qualquer outro nível, porém
devemos levar em consideração que como a ESF pesquisada tem um porte pequeno a
variedade de serviços pode ser menor devido que alguns serviços não valerem o custo, pois
não devemos deixar de lado o papel da politica como componente do funcionamento da ESF e
UBS.
No caso da integralidade Serviços prestados ao usuário tanto da UBS quanto da ESF,
são considerados bons, visto que o profissional de saúde aconselha sobre exercícios e sobre
alimentação, o que evidencia um melhor conhecimento sobre a condição e condições
favoráveis para a prevenção em saúde, porém este quesito foi debilitado, pois muitos usuários
responderam que o medico não verifica ou discuti os medicamentos que se esta tomando,
demonstrando que ainda falta do profissional de saúde ouvir o paciente e levar em
consideração a individualidade de cada, dando ao domínio integralidade fidelidade, pois este
nada mais é do que olhar o paciente nos seus diversos aspectos individuais.
No domínio orientação familiar a UBS obteve 3,0 e a ESF 3,4, ambas classificadas
como ruim, a UBS como não tem enfoque familiar teve resultado dentrodo esperado, porém a
ESF tem o enfoque familiar, ampliando a visão do individuo incluindo a visão intra e
extrafamiliar, o que na pesquisa não teve significativa diferença com a UBS, trazendo a tona
que o papel da ESF em Marabá esta se tornando apenas administrativo e não tendo a
ampliação da visão de saúde do usuário no seio familiar, sendo contribuinte para saúde dos
usuários.
No último domino pesquisado no questionário, deu enfoque a orientação comunitária,
obtendo na UBS e na ESF de 4,4 , sendo novamente uma afirmação da ESF fragmentada, e
que não sabe os principais problemas da comunidade, sendo necessário fazer pesquisas para
que a equipe de saúde saiba os principais problemas na população adescrita para que se possa
orientar e melhorar os outro atributos, não sendo considerada um atributo fundamental, mas
um que influencia na qualidade da APS.
A avaliação dos diversos domínios do questionário, nos leva a crer que todo os
domínios estão interligados, porém estatisticamente por meio da correlação de Pearson da 40
23
correlações feitas apenas 22 correlações tiveram o p-valor < 0.05 (tabela 3), sendo que
somente duas tiveram as melhores correlações, a primeira apresentou correlação moderada
com r=0,547(tabela2), que foi entre a Orientação comunitária e a orientação familiar, ambas
tiveram os escores mais baixos ratificando a correlação, e afirmando que se não houver
pesquisas que tentem especificar o perfil da comunidade adscrita não haverá orientação
familiar adequada e vice versa, não existindo em na ESF de Marabá orientação focada na
família, com qualidade, que a APS preza, da mesma forma que se houver investimento em
um dos domínios o outro ,por estar correlacionado, também vai obter melhora.
A segunda correlação mais significante, apresentou r=0,485 (tabela 2) , que foi entre o
atributo orientação familiar e integralidade serviços prestados, pois o profissional de saúde
quanto mais ele avalia o paciente em seus vários âmbitos, principalmente no extra e intra
familiar, o quesito doença se amplia para um maior contexto em que a resolutividade da
patologia é aumentada, e estatisticamente esses dois serviços estão correlacionados
moderadamente, porém o que se observa é um baixo escore da orientação familiar, mas a
partir do momento no gráfico 8 ela melhora, a integralidadede serviços prestadostambém
melhora, evidenciando a necessidade de investimentos no enfoque familiar, no qual seria a
possível chave da melhora da APS em Marabá, principalmente da ESF.
5-CONCLUSÃO
Os resultados revelam que a comparação da ESF e UBS não teve significativas
diferenças, evidenciando que a ESF não está realizando seu papel reorganizador da saúde de
Marabá, já que apenas 2 domínios da ESF e 1 domino da UBS tiveram significativas
diferenças.Os outros domínios mostraram que os usuários não estão conseguindo completar
seu acesso ao SUS, com muitas barreiras a ultrapassar. O domínio longitudinalidade tem um
vínculo considerado regular a bom, porém os usuários não conseguem identificar uma fonte
individual de continuação de saúde.Jáo atributo coordenação, apresentou contradições com
outros estudos, com um escore baixo no município, além disso, ambasmodalidades de saúde
apresentaram escores ruins de integralidade quanto aos serviços disponíveis , demonstrando
que o usuário não tem os serviços que possa necessitar para a sua saúde. Quanto aos serviços
prestados, o profissional de saúde mostra-se de relevância para a prevenção de patologias,
porém não analisa o paciente quanto ao seu ambiente extra e intrafamiliar e nem analisa a
24
comunidade adscrita de acordo com suas necessidades especificas, concluindo neste estudo
que a ESF não está funcionando de acordo com os atributos da APS, apresentando-se
fragmentada, baseada ainda no modelo biomédico. Jáa UBS apresentou-se de acordo com sua
competência, em alguns domínios até mesmo além das expectativas, porém o modelo
reorganizador do SUS além de ter baixa cobertura no município está se configurando em
modelo inadequado.
Recomenda-se serem realizadas de maneira rotineira o diagnóstico das modalidades de
saúde, estimulando a participação da população, principalmente nos conselhos de saúde,
incentivando a criação de conselhos locais de saúde visando fortalecer o vinculo de co-
responsabilidade da população.
Recomenda-se ainda fortalecer a integração dos níveis de saúde estimulando os
especialistas a realizar a contra-referência para a ESFe serviços de referência, construção de
umNúcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), já que Marabá preenche os pré- requisitos
para a instalação desta modalidade.Além disso, é de extrema importância aprimorar o
processo de capacitação, garantindo que todos os profissionais realizem o treinamento
introdutório, aprimorando o conhecimento do funcionamento da APS e conhecendo a
especificidade da comunidade adescrita e buscar a articulação dos diversos sistemas de
informação que possibilite uma comunicação entre os mesmos, racionalizando a coleta e
analise de dados assistenciais.
6-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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25
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STARFIELD, Barbara. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e
tecnologia. Brasília: UNESCO, 2002.
26
AUSÊNCIA DE ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL E SUPLEMENTAÇÃO DE
ÁCIDO FÓLICO COMO FATORES PREDISPONENTES AO APARECIMENTO DE
DEFEITOS DO TUBO NEURAL
Thatyana Oliveira Araújo
1
Percilia Augusta Santana da Silva2
Aline Correa de Carvalho3
RESUMO
Introdução: O início do processo de desenvolvimento embrionário é critico, visto que a
maioria das mulheres não tem consciência de seu estado gravídico, não se precavendo de
possíveis riscos à gestação. São nesses primeiros dias de vida intra-uterina que influências
internas e/ou externas podem alterar o curso normal do desenvolvimento, levando a possíveis
anomalias fetais, tornado a mesma uma etapa primordial para se elencar providencias cabíveis
para correção de malformações no embrião. Dentre as fases de formação do novo ser, a
terceira e quarta semana de gestação compreendem o processo de neurulação, ou seja,
processo de formação da placa neural e desenvolvimento do tubo neural, sendo este um
período de extrema importância para o desenvolvimento do embrião, visto que as células
pluripotentes irão se diferenciar para estabelecer os primórdios dos órgãos e sistemas.
Objetivo: descrever os principais fatores correlacionados com o surgimento de anomalias
durante o processo de neurulação.Metodologia: foi realizada uma revisão bibliográfica
exploratória, com busca ativa de artigos nos bancos de dados da Biblioteca Virtual de Saúde
(BVS); PUBMED; SciELo; Periódicos CAPES e Bireme, além da utilização do acervo de
livros da biblioteca da Faculdade Carajás.Resultados: observou-se que os fatores causadores
de distúrbios no tubo neural provavelmente são de natureza genética, nutricional e ambiental,
podendo também ser causado por alterações na morfogênese ou histogênese do tecido
nervoso, resultado de falhas no desenvolvimento de estruturas associadas como a notocorda,
somitos, mesênquima e crânio; tendo como anomalias mais decorrentes a espinha bífida e a
anencefalia sendo que as mesmas podem ser identificadas precocemente através do
acompanhamento do pré-natal.Conclusões: baseando-se nos fatores correlacionados ao
surgimento de tais patologias, destaca-se a necessidade do pré-natal como ferramenta
preventiva, além do diagnóstico precoce, de anomalias relacionadas ao desenvolvimento do
tubo neural, bem como a eficácia da suplementação alimentar com ácido fólico. Além do
mais, a aquisição de conhecimentos à cerca da gestação por parte dos profissionais da saúde e
1Acadêmico de Graduação do Curso de Enfermagem, Faculdade Carajás
2Professora Mestranda da Universidade Federal do Pará e Faculdade Carajás
3Professora Doutora da Universidade estadual do Pará e Faculdade Carajás
27
das mulheres em idade reprodutiva são de extrema importância para uma melhor abordagem
sobre a temática.
PALAVRAS–CHAVE: Anencefalia, Mielomeningocele, Meningocele, Espinha bífida,
Ácido fólico. INTRODUÇÃO
O início do processo de desenvolvimento embrionário é critico, visto que a maioria
das mulheres não tem consciência de seu estado gravídico, não se precavendo de possíveis
riscos à gestação. São nesses primeiros dias de vida intra-uterina que influências internas e/ou
externas podem alterar o curso normal do desenvolvimento, levando a possíveis anomalias
fetais, tornado a mesma uma etapa primordial para se elencar providencias cabíveis para
correção de malformações no embrião (MOORE, 2008; LANGMAN, 2010; ALBERTO et
al., 2009).
Dentre as fases de formação do embrião, a terceira e quarta semana de gestação
compreendem o processo de neurulação, ou seja, processo de formação da placa neural e
desenvolvimento do tubo neural, sendo este um período de extrema importância para o
desenvolvimento morfológico e funcional do novo ser (LANGMAN, 2010).
Os defeitos do fechamento do tubo neural (DFTN) são malformações congênitas
freqüentes que ocorrem devido a uma falha no fechamento adequado do tubo neural
embrionário, durante a terceira semana de embriogênese. As falhas nesse processo atrapalham
a diferenciação do sistema nervoso central e a indução dos arcos vertebrais podendo resultar
em alto número de anomalias do desenvolvimento (MOORE, 2008).
Como resultado, podemos observar inúmeras síndromes dismórficas de etiologia
gênica ou cromossômica que apresentam um espectro clínico variável, sendo os mais comuns
a anencefalia, espinha bífida oculta ou cística (mielomeningocele ou meningocele) e a
encefaocele (SANTOS & PEREIRA, 2007).
A anencefalia é uma malformação congênita originada de uma neurulação anormal
que ocorre entre a terceira e a quinta semana de gestação resultando na ausência de fusão das
pregas neurais e da formação do tubo neural na região do encéfalo (ALBERTO et al., 2010).
Em casos de anencefalia a extremidade superior do tubo neural não se fecha, resultando na
ausência do cérebro, estas gestações em geral resultam em aborto e aqueles nascidos vivos
28
morrem poucas horas, ou dias, após o parto (SANTOS & PEREIRA, 2007; WAMMES et al.,
2013).
Outro espectro clínico dos DFNT é a espinha bífida. Consiste de uma malformação
congênita decorrente de defeito de fechamento do tubo neural (DFTN), que envolve tecidos
sobrejacentes à medula espinhal, arco vertebral, músculos dorsais e pele e representa 75% das
malformações do tubo neural. O não fechamento do tubo neural produz defeitos de graus
variáveis, podendo afetar todo o comprimento do tubo neural ou limitar-se a uma pequena
área (LIMA et al., 2009).
A espinha bífida é classificada em espinha bífida oculta e espinha bífida cística, sendo
as duas formas principais desta última: a meningocele e a mielomeningocele. A mais
comumente observada é a mielomeningocele, na qual há uma protusão cística contendo tecido
nervoso exposto não coberto por pele (GAIVA et al.,, 2009).
Os defeitos isolados do tubo neural surgem de uma interação de fatores genéticos e
ambientais, com risco de recorrência de 2-5% do total de nascimentos (recém-nascido vivo –
RNV ou recém-nascido morto – RNM), caracterizando como sendo uma anormalia de
herança multifatorial que envolve agentes teratogênicos, genéticos ou ambientais
(MARGOTTO, 2004).
As malformações congênitas e outras malformações associadas ao sistema nervoso
central (SNC), configuram em prejuízo à qualidade de vida de seus portadores, familiares e à
sociedade como um todo, por isso, requer diagnóstico correto para o adequado
aconselhamento do casal para futuro planejamento familiar, além de desenvolvimento de
políticas públicas que abordem este tema em favor às famílias cuidadoras de pacientes com
algum tipo de anormalia relacionada ao DFTN (GAIVA et al., 2009; HOROVITZ et al.,
2006).
Crianças acometidas por DFTN apresentam aumento de número de internações, tempo
de permanência hospitalar, gastos com assistência em saúde, demanda por profissionais de
diferentes áreas e cronicidade nos problemas apresentados. Dependendo do tipo de
malformação, as complicações mais frequentes são: paralisia de membros (principalmente
inferiores), hidrocefalia, deformação de membros, disfunção vesical, intestinal (intestino
neurogênico), sexual, bexiga neurogênica, lesão vertebral e malformação crânio-encefálica
(GRILLO & SILVA, 2003).
29
Embora tenha ocorrido uma evolução das técnicas de diagnostico e tratamento de
malformações congênitas no Brasil nos últimos anos, é possível que dados relacionados à sua
ocorrência ainda não tenham sensibilizado profissionais da saúde e demais membros da
sociedade responsáveis pelo planejamento e acompanhamento da saúde publica brasileira.
Evidencia-se assim a necessidade da conscientização da população, em especial das mulheres
no período periconcepcional a respeito da importância do acompanhamento pré- natal bem
como a suplementação com acido fólico para a prevenção de malformações no tubo neural.
O presente estudo teve como objetivo buscar os principais fatores predisponentes ao
aparecimento de defeitos no fechamento do tubo neural (DFTN), especificamente na
anencefalia e espinha bífida oculta e cística; fatores epidemiológicos associados e a anomalia
mais prevalente relacionada ao DFTN
METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão bibliográfica exploratória, com busca ativa de artigos nos
bancos de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS); PUBMED; SciElo; Lilacs; Periódicos
CAPES e Bireme, através da utilização das palavras chaves: anencefalia, mielomeningocele,
meningocele, espinha bífida e ácido fólico. Além da utilização do acervo de livros da
biblioteca da Faculdade Carajás.
RESULTADOS
Foram utilizados para este estudo vinte (20) artigos obtidos nas bases de dados
descritos na metodologia, publicados entre os anos de 1993 e 2013; três (3) livros; além da
RDC Nº 269, de 22 de setembro de 2005 (ANVISA).
Em todos os artigos (100%), os autores ressaltam que os fatores associados ao
aparecimento de anomalias relacionadas ao fechamento do tubo neural (DFTN) são
multifatoriais, ou seja, tem origem ambiental, nutricional e/ou genética.
Dentre os fatores predisponentes, a ausência do uso do ácido fólico no período
periconcepcional e durante o primeiro trimestre de gestação é o principal, fazendo parte do
grupo de fatores de origem nutricionais. Ainda neste mesmo grupo, observa-se que a
desnutrição materna, uso de alimentos contaminados com herbicidas e a deficiência de zinco
também estão associadas a tais patologias.
30
Em relação aos fatores ambientais (teratógenos), observou-se o uso de medicações:
como o ácido valpróico e carbamazepina usados para epilepsia; drogas antineoplásicas; anti-
convulcionantes, agentes anestésicos; ingestão de álcool; hipertemia, co-morbidades: diabetes
melitus, obesidade materna; tabaco e radiação.
No grupo dos fatores genéticos, observa-se que mutações nos genes associados ao
metabolismo do ácido fólico (5,10 metileno-tetra-hidrofolato-redutase) são freqüentemente
relatados. Ademais, relata-se: mutação gene C677T (homozigose); casamento consangüíneo;
Trissomias dos cromossomos 13 e 18; e associadas com as síndromes genéticas: Meckel-
Gruber e Waardenburg.
Observaram-se também alguns aspectos epidemiológicos associados à prevalência de
DFTN: é prevalente em meninas; freqüente em mães primíparas e multípas, com mais de seis
gestações; é detectado tardiamente em mães que não planejaram a gravidez e que não
realizaram o pré-natal; e atinge mães com baixo grau de escolaridade.
Dentre as anomalias relacionadas aos defeitos no fechamento do tubo neural, a mais
prevalente é a mielomeningocele (47,2%), anencefalia (26,9%), encefalocele (5,6%) e
meningocele (3,4%).
DISCUSSÃO
É unânime ente os pesquisadores que a carência de ácido fólico constitui o mais
importante fator de risco para as DFTN, uma vez que ácido fólico age na síntese de DNA e,
portanto, é essencial para a rápida divisão celular que ocorre durante o desenvolvimento fetal
precoce, ou seja, no período decorrente entre a 3ª e 4ª semana de desenvolvimento
embrionário (FONSECA et al., 2003; OSIS et al., 1993; MEZZOMO et al., 2007; RIOS &
VIEIRA, 1998; THAME, 1998).
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o Ministério da Saúde
(ANVISA, 2005), recomenda-se o uso de preventivo de 5 mg de ácido fólico durante o
período periconcepcional e 1º trimestre de gestação ou suplementação alimentar, visto que
depois de sua implementação ocorreu uma queda significativa no Brasil da incidência de
malformações no fechamento do tubo neural (LIMA et al., 2009; SILVA et al., 2012)
31
Entretanto, pesquisadores ressaltam a importância da suplementação vitamínica ser
realizada com cautela e monitorada por exames laboratoriais (CUNHA et al., 2005; THAME,
1998).
Os efeitos teratogênicos (fator ambiental) também têm grande influência na incidência
destas anomalias. Por exemplo, através de estudos experimentais no desenvolvimento
embrionário de Gallusgallusdomesticus, pesquisadores relataram que entre os efeitos
teratogênicos o uso indiscriminado de dipirona pode promover perturbação no
desenvolvimento durante a gestação. Os dados de sua pesquisa mostraram que a dipirona,
talvez cause perturbação no desenvolvimento da face, interferindo na neurulação, e
conseqüentemente no tubo neural, e desenvolvimento do cérebro e medula espinhal (SOUZA
& BERNADETE, 2010).
Outro fator relevante é a maior incidência e/ou prevalência dessas anomalias em
meninas. Esse fato justifica-se pelo fato do processo de fechamento do tubo neural ser
dependente de maior quantidade de gonadotrofina coriônica humana, que aumenta 40 – 50
dias após a fecundação, coincidindo com o processo de neurulação e fechamento do tubo
neural (CUNHA et al., 2005).
A condição socioeconômica muito baixa (associada ao baixo grau de escolaridade)
também é de extrema importância, uma vez traz uma situação de elevado risco para a
ocorrência de DFTN. Devido ao fato de que mães nessa faixa socioeconômica ingerem
quantidades significativamente menores de proteínas, polissacarídeos, fibras, ferro e niacina,
o que aumenta o risco para a ocorrência DFTN (GAIVA et al., 2011; RIOS & VIEIRA,
2007).
À luz dos argumentos apresentados percebe-se que as causas que levam aos DFTN
ainda são obscuras e estão associados à interação de fatores genéticos e ambientais durante as
primeiras semanas de gestação, incluindo fatores pessoais, sociais e econômicos (SANTOS &
PEREIRA, 2007; PAES et al., 2011).
CONCLUSÕES
Verifica-se desta forma a importância do pré-natal para o diagnóstico precoce de
anomalias do fechamento do tubo neural, pois a assistência pré-natal tem como objetivos
principais assegurar uma evolução normal da gravidez, preparando a gestante para um parto,
32
puerpério e lactação normal, identificando-se o mais rápido possível as situações de risco,
para que seja possível prevenir as complicações da gravidez e do ciclo puerperal. Através da
orientação do uso do ácido fólico, consulta nutricional, realização de ultra-sonografias e
quando necessário, dosagem de alfafetoproteina e acetilcolinesterase no líquido amniótico.
REFERÊNCIAS
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34
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA MALÁRIA ENTRE OS ANOS DE 2004 E
2014, NO MUNICÍPIO DE MARABÁ-PARÁ
Davi Felipe de Souza Sirqueira¹
Jéssica Ferreira Barros²
Percília Augusta Santana da Silva3
Aline Correa de Carvalho4
RESUMO
Introdução: A malária ou febre palustre é caracterizada como uma doença infecciosa febril
aguda, ocasionada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos por meio da fêmea
infectada do mosquito Anopheles.É uma doença predominante em regiões tropicais e
subtropiais do mundo, ambientes estes que propiciam o desenvolvimento e reprodução dos
flebótomos, que abrigam o protozoário causador da malária. Devido a região Norte do Brasil
apresentar condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento dos vetores dessa patologia,
essa área apresenta maior incidência quando comparada as demais regiões do Brasil.
Objetivo:Avaliar as variáveis relacionadas à prevalência dos casos de Malária notificados no
município de Marabá-Pará, no período de 2004 a 2014.Metodologia:Trata-se de um estudo
descritivo, transversal, quantitativo e de caráter retrospectivo que utilizou o DATASUS como
base de dados. As variáveis analisadas foram: notificação de casos suspeitos de malária,
detecção passiva e ativa, casos positivos, autoctonicidade, casos importados de outros estados
e federações e espécie causadora. Resultados:Foram notificados 15.372 casos positivos de
malária, entre os anos de 2004 a 2014. O comparativo entre os anos de 2004, com 2.891 casos
positivos, e 2014, com 35 casos positivos demonstra uma redução de 98,78% do número total
de pessoas infectadas. O Plasmodiumvivax foi a espécie mais prevalente, com 12.800
(83,18%) casos, seguido do Plasmodimfalciparum com 2.352 (15,28%). Entretanto, pessoas
infectadas com ambos correspondem a 236 pessoas (1,53%).Conclusão: Os anos iniciais da
pesquisa demonstram altos índices de positividade. No decorrer dos anos, os valores de
positividade diminuíram, demonstrando que a malária é uma doença que vem acometendo
menos pessoas em Marabá, possivelmente pelo processo de urbanização da cidade, e por
ações de combate e controle da doença.
Palavras-chave: Malária, Doença Tropical, Marabá, Prevalência.
INTRODUÇÃO
A malária é um grave problema de saúde pública global atingindo cerca de 300 a 500
milhões de pessoas ao ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), resultando em
cerca de 1,2 milhões de mortes em 2010. A malária ocorre principalmente nas regiões
tropicais e subtropicais do mundo apresentando distribuição heterogênea, fazendo com que
35
cerca de três bilhões de pessoas sejam suscetíveis a sofrerem a infecção do plasmódio
causador da malária. (HERMES et al., 2013).
Os protozoários causadores da malária são do gênero Plasmodium. Dentro deste
gênero, apenas cinco estão associadas com a doença em humano, o Plasmodiumvivax(P.
vivax), Plasmodiumfalciparum(P. falciparum), Plasmodiummalariae(P. malariae),
Plasmodium ovale (P. ovale) e mais recentemente descrito, Plasmodiumknowlesi(P.
knowlesi). (MESQUITA et al., 2013). A espécie P. vivax é a mais amplamente distribuída,
ocorrendo principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, enquanto que P. falciparum
predomina na África e sudoeste da Ásia (ALEXANDRE etal., 2009; POSTELS & BIRBECK,
2011).
No Brasil, a malária é endêmica. Sendo que 99% dos casos diagnosticados são de
moradores da Amazônia Legal e calcula-se que 49 milhões de pessoas vivam em áreas de
risco (OLIVEIRA-FERREIRA, 2010). Alguns fatores ambientais fazem com que a Amazônia
legal, seja a região com maior número de casos registrados no país, como, as condições de
climáticas, umidade, proximidade ao mar e a altitude, fatores estes que favorecem o
desenvolvimento do mosquito Anopheles, flebotomídeo vetor do agente etiológico da Malária.
A transmissão ocorre através da picada da fêmea durante o repasto sanguíneo. Além disso,
lugares próximos a áreas inundadas, com água doce ou salinizada, nos limites da região
Amazônica, representam potenciais criadouros que possibilitam o desenvolvimento e
dispersão desta espécie. (CDC, 2016).
Nas décadas de 1970 e 1980, em conseqüência à grande migração populacional que
ocorreu sentido Amazônia, decorrente do surgimento de grandes projetos na região, como a
construção de usinas hidroelétricas, de grandes estradas e mesmo a exploração mineral,
vegetal e agropecuária, houve um aumento substancial no número de casos, atingindo cifras
em torno de 500 mil casos novos notificados por ano, no país. (MONTEIRO et al., 2013).
Marabá, município presente no interior do Pará, faz parte da região que compreende a
Amazônia Legal, e pode apresentar casos de malária apesar da marcante redução. A malária
pode se tornar uma doença re-emergente em áreas onde até então estavam controladas ou
erradicadas. Este fato demonstra assim a necessidade de novas investigações e abordagens de
controle no combate a malária.
36
O objetivo deste trabalho é avaliar os aspectos epidemiológicos da Malária, no
município de Marabá, Pará. Expecificamente: relatar o número de notificações suspeitas
registradas no período. Analisar o número de casos positivos diagnosticados com malária no
município de Marabá; a prevalência da malária no município de Marabá; e a prevalência de
casos importados, diagnosticados em Marabá. Além do mais, descrever a espécie de
plasmódio mais freqüente associada à doença.
METODOLOGIA
Realizou-se um estudo descritivo, transversal, quantitativo e de caráter retrospectivo
que utilizou o DATASUS como fonte dos dados que foram utilizados no estudo. As variáveis
analisadas foram: notificação de casos suspeitos de malária, casos positivos, autoctonicidade,
casos importados de outros estados e federações e espécie causadora.
Foram analisados os dados de prevalência entre os anos de 2004 a 2010, utilizando
como planilha de análise e confecção de gráficos o programa Microsoft Office Excel 2007.
RESULTADOS
Os dados epidemiológicos presentes na planilha do DATASUS referentes ao
município de Marabá, sobre a prevalência da Malária no período entre 2004 até 2014,
demonstram súbita diminuição dos casos de malária diagnosticados (Gráfico 1).
Gráfico 1. Número de casos suspeitos e positivos entre os anos de 2004 e 2014, no município de Marabá,
Pará. A linha em azul demonstra o número de exames realizados, e linha em vermelho demonstra a
positividade durante o mesmo período. FONTE: DATASUS.
37
Os dados de notificação e positividade para malária demonstram progressiva
diminuição dos casos, no período de 11 anos, foram totalizadas 70.230 notificações suspeitas
e destas, 15.372 foram diagnosticados positivos para malária, caracterizando assim 21,88%
dos casos notificados.
O município de Marabá corresponde a um distrito em saúde que atende outros
municípios circunvizinhos, determinando assim casos positivos não oriundos de Marabá ou
casos de indivíduos positivos que adquiriram a doença em outra federação e foram
diagnosticados no município.
Os casos autóctones representam 63,28% dos casos (10.200) de um total de 16.117,
casos diagnosticados de indivíduos de de outros estados correspondem a 31,17% (5.024) e os
casos diagnosticados de indivíduos de outra federação ou infectados em outro país
correspondem 5,54% (893). Nos últimos anos de estudo, pode-se observar diminuição dos
casos autóctones, chegando a ser inferior aos valores de casos importados (Gráfico 2).
Os tipos de plasmódios observados como causadores da doença na região eram apenas
duas espécies: P.falciparum e P. vivax. Em alguns pacientes foram verifica-dos verificadas as
duas espécies cocomintantemente.
Do total pacientes detectados, 83,28% (12.800) dos indivíduos estavam infectados
com P. vivax, 15,17% (2.332) infectados por P. falciparum e 1,53% (236) estavam infectados
por P. vivax e P. falciparum.
DISCUSSÃO
Os resultados de prevalência apresentados em gráfico entre os anos de 2004 até 2014
demonstram que esta região, utilizando como referência Marabá, é endêmica a malária. Os
anos iniciais expostos demonstram altos índices de notificação de casos suspeitos e
positividade de casos (ALEXANDRE et al., 2010).
No decorrer dos anos, estes valores diminuíram, demonstrando assim esta tendência
de diminuição e também apresenta uma característica da malária de ser uma doença, não
urbanizada, pois no decorrer do crescimento econômico da cidade e processo de urbanização,
estes valores de autoctonicidade diminuíram, sendo mais registrados casos importados. Este
38
fato ocorre devido ao habitat natural do flebótomo que vive em locais de mata, longe dos
centros urbanos. É importante salientar a importância das ações de vigilância, controle e
combate à malária feitos na região (MONTEIRO et al., 2013).
A região amazônica é endêmica a malária, porém o processo de urbanização como
ocorrido em Marabá, acarreta na diminuição das chances de acometimento por esta doença,
porém deve-se manter certa vigilância, pois são comuns casos de pequenos surtos,
principalmente dos habitantes que vivem mais afastados dos centros urbanos.
Gráfico2. Localidade de origem da infecção, sendo que o município de Marabá é local de diagnóstico
da patologia. Linha em azul: casos autóctones. Vermelha: descreve o número de casos importado de
outra Unidade Federativa (UF). Verde: descreve o número de casos importados de outra federação.
FONTE: DATASUS.
39
Gráfico 3
Núme
REFERÊNCIAS
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Gráfico 3. Nº de casos de malária causados pelo P. falciparum(azul), P. vivax(vermelho) e P. falciparum e P.
vivaxsimultaneamente (verde), entre os anos de 2004 e 2014 no município de Marabá, Pará. FONTE:
DATASUS.
40
OLIVEIRA-FERREIRA, J.; LACERDA, M.V.G.; BRASIL, P.; LADISLAU, J.L.B.; TAUIL,
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41
LEISHMANIOSE VICERAL EM MARABÁ: QUADRO ATUAL, DESAFIOS E
PERSPECTIVAS SOBRE O OLHAR MULTIPROFISSIONAL
Crissiana de Almeida Duarte Dias4
Francilete Souza de Almeida (co-autora)5
RESUMO
Em Marabá, leishmaniose visceral apresenta alta incidência e prevalência. Pode assumir
formas graves e letais quando não diagnosticadas precocemente, e também quando associada
a quadro de má nutrição e infecções concomitantes. Devido crescimento populacional
desordenado, com novos imóveis em áreas desprovidas de infraestrutura, vem favorecendo
para o aumento do número de casos registrados e óbitos por leishmaniose visceral. Isto tem se
demonstrado pelos casos crescentes registrados no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação nos últimos anos. O objetivo principal deste estudo é analisar a eficácia dos
métodos utilizados pelo município de Marabá através do poder público e (Secretaria
Municipal de Saúde) gestão pública municipal para combater este agravo; Descrever as
principais medidas de controle utilizadas; identificar os aspectos biológicos, ambientais e
sociais que influenciaram no processo de urbanização e ampliação dos focos causadores da
doença; descrever as formas de tratamento utilizado para os casos diagnosticados e também
das estratégias utilizadas para de prevenção do agravo. Descrever sob a ótica multiprofissional
as dificuldades encontradas para a erradicação da leishmaniose no município de Marabá.
ABSTRAT
In Maraba, visceral leishmaniasis has high incidence and prevalence. You can take severe and
lethal forms when not diagnosed early, and when associated with malnutrition framework and
concomitant infections. Because inordinate population growth, with new properties in areas
lacking infrastructure, has been helping to increase the number of recorded cases and deaths
due to visceral leishmaniasis. This has been shown by the increasing cases registered in the
Notifiable Diseases Information System in recent years. The aim of this study is to analyze
the effectiveness of the methods used by the Marabá municipality by the government and
(Municipal Health) municipal public administration to combat this wrong; Describe the key
used control measures; identify biological, environmental and social aspects that influenced
the process of urbanization and expansion of causing outbreaks of disease; describe the forms
of treatment used for cases diagnosed and also the strategies used for prevention of this
disease. Describe under the multidisciplinary perspective the difficulties encountered in the
eradication of Leishmaniasis in Marabá.
Palavras-Chaves: Leishmaniose Visceral, Programa de controle. Profilaxia.Perspectivas
4Enfermeira, graduanda do curso de Direito, da Faculdade Carajás 2016.
5Professora de Metodologia da Faculdade dos Carajás e Mestranda do PDTSA da Unifesspa( Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará).
42
Key words:ViceralLeishmaniasis in Marabá
1- INTRODUÇÃO
A leishmaniose visceral (LV), ou calazar, é uma doença crônica grave, potencialmente
fatal para o homem, cuja letalidade pode alcançar 90% quando não se institui o tratamento
adequado em tempo oportuno. É causada por espécies do gênero Leishmania, pertencentes ao
complexo Leishmania (Leishmania) (DONOVANI, 1995).
Segundo Laison; Shaw; Silveira;Braga (1987) no Brasil, o agente etiológico é a
L.chagasi, uma espécie semelhante à L.Infantum encontrada em alguns países do
Mediterrâneo e da Ásia. Existe uma grande polêmica em torno da origem da LV no Novo
Mundo – se ela foi introduzida recentemente, na época da colonização europeia e causada
pela espécie L.Infantum, ou há vários milhões de anos, justamente com a introdução dos
canídeos, devendo a espécie ser classificada como L.chagasi. Os achados de altas taxas de
infecção em canídeos originários da Amazônia sugerem a origem autóctone. Situação esta
sugestiva para alta endemicidade da região Amazônia e regiões próximas.
No Brasil, a importância da leishmaniose visceral reside não somente na sua alta
incidência e ampla distribuição, mas também na possibilidade de assumir formas graves e
letais quando associada ao quadro de má nutrição e infecções concomitantes
(GONTIJO;MELO, 2004).Em Marabá,assim como no restante do país não está diferente,
identifica-se o aumento da incidência dos casos positivos nos últimos três anos e também dos
óbitospor este agravo.
O primeiro relato de LV no Brasil foi feito em 1934, quando foram encontradas
amastigotas de Leishmania em cortes histológicos de fígado de pessoas que morreram com
suspeita de febre amarela. Somente 20 anos depois é que se registrou o primeiro surto em da
doença em Sobral, no Ceará. Em meados dos anos 80, constatou-se uma transformação
drástica na distribuição de LV. Em 19 dos 27 estados brasileiros já foram registrados casos
autóctones de LV. A partir da década de 90, os estados do Pará e Tocantins (região Norte),
Mato Grosso do Sul (região Centro Oeste) e Minas Gerais e São Paulo (Região Sudeste)
passaram a influir de maneira significativa às estatísticas da LV no Brasil (GONTIJO; MELO,
2004, BRASIL, 2001).
43
Com a expansão da área de abrangência da doença e o aumento significativo no
número de casos, a LV passou a ser considerada pela Organização Mundial da Saúde uma das
prioridades dentre as doenças tropicais.
A crescente urbanização da doença ocorrida nos últimos 20 anos coloca em pauta a
discussão das estratégias de controle empregadas. Em Marabásão realizadas algumas das
principais atividades previstas para combate a leishmaniose conforme o protocolo do
ministério da saúde. Entretanto, foi identificado um aumento do número de óbitos no
município. O que demonstra uma ineficácia nas medidas de controle utilizada. Pois as
medidas de controle utilizadas até o momento foram incapazes de eliminar a transmissão e
impedir a ocorrência de novos surtos.
A ocorrência da doença em determinada área depende basicamente da presença do
vetor susceptível e de um hospedeiro/reservatório igualmente susceptível. A possibilidade de
que o homem, principalmente crianças desnutridas, venha em alguns casos a ser fonte de
infecção pode conduzir a um aumento na complexidade da transmissão da LV
(GONTIJO;MELO, 2004).
2- OBJETIVOS
O objetivo principal deste estudo é analisar no ano de 2015 a eficácia dos métodos
utilizados pelo município de Marabá através do poder público e (Secretaria Municipal de
Saúde) gestão pública municipal para combater este agravo; Descrever as principais medidas
de controle utilizadas; identificar os aspectos biológicos, ambientais e sociais que
influenciaram no processo de urbanização e ampliação dos focos causadores da doença;
descrever as formas de tratamento utilizado para os casos diagnosticados e também das
estratégias utilizadas para de prevenção do agravo. Descrever sob a ótica multiprofissional as
dificuldades encontradas para a erradicação da leishmaniose no município de Marabá.
3- MATERIAL E MÉTODOS
Levantamento de dados junto aos protocolos e relatórios do ano de 2015 as atividades
realizados pela Secretaria Municipal de Saúde, que trata descritivamente das ações propostas
e realizadas.
44
Estudo descritivo dos variáveis epidemiológicas a partir dos métodos utilizados pelo
município no combate a Leishmaniose Visceral em Marabá.
4- RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1-Atividades desenvolvidas por Marabá na atualidade
O município de Marabá hoje atua com as seguintes medidas de controle conforme o
preconizado pelo Ministério da Saúde:
• Investiga os casos suspeitos de leishmaniose visceral humana;
• Garante o diagnóstico e tratamento adequado dos casos humanos;
• Realiza o controle químico do vetor, de acordo com critérios estabelecidos pelo Programa de
Vigilância das Leishmanioses;
• Realiza exames sorológicos de cães para diagnóstico da LV.
• Recolhe e realiza eutanásia dos cães com LV, mesmo os que não apresentem sinais clínicos;
• Realiza atividades educativas sobre a LV com Educação em Saúde nas Unidades Básicas de
Saúde, com os agentes de combates às endemias em suas rotinas diárias de trabalho nas
visitas casa a casa; a Secretaria de Educação tem realizado através de um CD gravado com
informações de prevenção da doença, para repassar aos alunos de ensino médio.
Aspectos biológicos:a doença é transmitida pela fêmea do inseto, quando esta pica cães
infectados e, posteriormente pica humanos. No Brasil, até o momento, não há registros de
transmissão entre humanos.
Aspectos ambientais:o munícipio conta com um clima tropical, relativamente úmido e com a
cultura de criação de animais como porcos e galinhas em quintais pela população como forma
de alimentação de sobresistência. Residências com muita madeira na construção ou apenas
armazenado nas residências. Muitos terrenos baldios e abandonados, com muito lixo, entulhos
e terrenos não capinados nem são mantidos limpos.
Aspectos Sociais:os imóveis no município de marabá têm seus valores superestimados no
centro da cidade e em alguns bairros centrais, o que dificulta a aquisição de imóveis por
pessoas com baixa renda nesta região, aumentando a busca por terrenos em área ainda não
regularizada pela prefeitura, sem o mínimo de condições de infraestrutura e saneamento
básico, gerando assim o aumento e proliferação de cães e gatos, e estes por não terem espaço
nas residências para permanecer no perímetro intradomiciliarsão soltos nas ruas e muitas
45
vezes não retornam para suas residências aumentando assim a população destes animais
errantes no município. Pelo fato da urbanização ser um fenômeno relativamente novo, pouco
se conhece sobre a epidemiologia de LV nos focos urbanos. As relações entre componentes da
cadeia de transmissão no cenário urbano parecem ser bem mais complexas e variáveis do que
no rural. Nas últimas décadas ocorreram profundas mudanças a estrutura agrária do Brasil,
que resultam na migração de grande contingente populacional para os centros
urbanos.Segundo IBGE, 85% da população do país vive em área urbana, o que cria condições
favoráveis para a emergência e reemergência de doenças, entre ela a calazar
(GONTIJO;MELO, 2004).
4.2-. Formas de diagnóstico realizadas:
Vários métodos podem ser aplicados para o diagnóstico das Leishmanioses, sendo
fundamental associar as informações clínicase epidemiológicas aos resultados de laboratório.
Teste Rápido (teste imunocromatográfico rápido IT-LEISH® para o diagnóstico da
leishmaniose visceral humana).
Exames para detecção de casos, mas não utilizado pelo município:
Testes sorológicos com a pesquisa de anticorpos específicos tem valor definido no
diagnóstico da LV em imunocompetentes, caracterizada por intensa indução de resposta
humoral, diferentemente do que ocorre na LT, em que há predomínio da resposta celular e
escassa resposta humoral.
O diagnóstico parasitológico por pesquisa direta ou cultivo em meio específico é facilitado
pela grande quantidade de parasitos presentes nas amostras em pacientes com LT/HIV. Na
LV/HIV, parasitos circulantes podem ser identificados por meio de cultivo de sangue
periférico, o que é muito raro acontecer em pacientes imunocompetentes.
Reação de Montenegro (É uma reação intradérmica de sensibilidade tardia, na qual se injeta
0,1 ml de extrato solúvel de parasitos mortos na face interna do antebraço e procede-se à
leitura após 48 a 72 horas. As endurações com diâmetro superior a 5 mm são consideradas
positivas). Não utilizado em Marabá.
Leishmaniose visceral: recomenda-se o aspirado de medulaóssea ou a obtenção do creme
leucocitário do sangue periférico. Pode ser realizada biópsia ou punção de órgãos do sistema
fagocítico-mononuclear (baço fígado ou linfonodos). Como os pacientes com
imunossupressão grave podem apresentar manifestações pouco usuais, a pesquisa de
46
Leishmania deverá ser solicitada sempre que a abordagem propedêutica incluir procedimentos
como broncoscopia ou biópsia de tecidos, como a pleura, esôfago, cólon, duodeno etc. este
não é realizado em marabá, pois é muito invasivo e não recomendado para pacientes
plaquetopênicos pelo risco de sangramentos.
4.3- Formas de tratamento utilizado para combate da doença quando detectada:
Em Marabá, os medicamentos utilizados para o tratamento da LV são o antimoniato
pentavalente e a anfotericina B. A escolha de cada um deles deverá considerar a faixa etária,
presença de gravidez e comorbidades. Atualmente, duas apresentações de anfotericina B são
disponibilizadas pelo Ministério da Saúde: o desoxicolato de anfotericina B e a anfotericina B
lipossomal, com eficácias comparáveis, sendo que esta última apresentou menor toxicidade
em trabalhos desenvolvidos na Índia(THAKUR; NARAYAN ,2004).
4.4-As dificuldades encontradas sobre a ótica multiprofissional:
De acordo com os dados analisados, identificou-se a que o serviço de atenção primária
da saúde e os profissionais de saúde em geral não estão seguindo os critérios suspeitos para
LV e precisam de melhores esclarecimentos sobre o agravo. Isto leva a alta taxa de letalidade,
com a demora de diagnóstico e tratamento gerando maior gravidade aos casos.
O serviço de atenção básica do município precisa fazer as buscas ativas de indivíduos
suspeitos e acompanhamento dos pacientes no pós-tratamento, garantindo as avaliações dos
mesmos até que recebam alta por cura.
Atentar para as áreas endêmicas, pois muitos indivíduos poderão apresentar sorologia
positiva e não apresentarem sintomas que indiquem a doença como febre e esplenomegalia.
Nestes casos o indivíduo que tenha infecção por Leishmania, mas seu sistema imunológico é
suficientemente competente para evitar que o mesmo venha a adoecer. Este indivíduo não
deve ser tratado.
O percentual de cura no município está abaixo do esperado, devendo aumentar para no
mínimo, 90% quando houver diagnóstico e tratamento precoces.
Existe um profissional médico treinado e capacitado no município para receber as
demandas de casos suspeitos e que está responsável pelas capacitações dos demais
profissionais sobre como atuar diante de casos suspeitos.
Teoricamente, as estratégias de controle parecem adequadas, mas na prática a
prevenção de doenças transmissíveis por vetores biológicos é bastante difícil, ainda mais
47
quando associada à existência de reservatórios doméstico e silvestres e aos aspectos
ambientais, incluindo aspectos físicos de utilização do espaço habitado (GONTIJO;MELO,
2004).
O inseticida de ação residual é aplicado no interior das casas e abrigos de animais,
sendo esta medida considerada eficaz para reduzir a população de flebotomíneos e,
consequentemente, os níveis de transmissão9. No Brasil, estas ações foram sempre
descontínuas por diversas razões, tais como/problemas orçamentários e escassez de recursos
humanos adequadamente treinados. Estas medidas não atingiram os efeitos esperados,
ocorrendo reinfestações dos ambientes e ressurgimento de casos humanos e caninos de LV.
O impacto do controle canino através da remoção e sacrifício dos cães soropositivos
tem sido discutido por se mostrar trabalhoso e de eficácia duvidosa(DIETZE, R. A.et al.
1997).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O reconhecimento desta doença no município ainda apresenta muitas dificuldades e
falhas pelo número reduzido de agentes de combates às endemias atuando com as estratégias
disponíveis pelo município. Os Agentes Comunitários de Saúde atuam apenas na educação
em saúde deste agravo e poderiam atuar no preenchimento das fichas de notificações,
investigações e emissão de relatórios de casos suspeitos, o que poderia ser uma somatória de
forças no combate desta doença. A extensão territorial do município dificulta este
mapeamento e acompanhamento dos casos.
Existe dificuldade no diagnóstico pela ausência de profissionais capacitados para esta
finalidade desde a detecção dos sintomas através de exame físico e clínico com olhar crítico
para os casos suspeitos.
Os exames mais específicos para detecção de casos positivos ainda não são realizados
no município, atualmente se utiliza apenas o teste rápidoImunocromatográfico, quando
positivo é colhido o exame sorológico e encaminhado para o laboratório de referência na
capital do estado Belém-PA.É necessário que um servidor da secretaria faça esse transporte
pois o material não é aceito por nenhuma empresa de transporte para ser despachado sem
acompanhamento de profissional de saúde. Problema este que necessita ser reavaliado pela
gestão do município.
48
Quando há confirmação de casos positivos animais, é realizada busca ativa e
investigação no local e em todo o quarteirão para identificar a presença de outros casos.
Existe dificuldade de transporte e pessoal para realizar com mais eficácia esta atividade.
Existe a dificuldade no controle canino devido ao Centro de Controle de Zoonoses do
Município ter uma estrutura pequena em relação à demanda de animais alta de animais
recolhidos diariamente no município. E que os mesmos quando se encontram aglomerados
nos canis são acometidos por canibalismos e há uma atenção com os casos de maus tratos que
são fiscalizados com alta frequência pelos órgãos de controle como o Ministério Público
Estadual.
A inexistência de Organizações Sociais que acolham os animais sadios recolhidos e
não soropositivos que cuidem e tentem adoções para os mesmos, também é uma dificuldade,
pois a população ao saber que os animais são do Centro de Controle de Zoonoses tem
resistências em adotá-los por presumir que os mesmos possam estar com alguma doença
preexistente e não diagnosticada. Deste modo se inibe o ciclo de recolhimento com frequência
destes animais errantes dos logradouros públicos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Centro Nacional de
Epidemiologia. Leishmaniose Visceral no Brasil: situação atual, principais aspectos
epidemiológicos, clínicos e medidas de controle. Boletim Epidemiológico 2001; 6:1-11.
DEANE, L.M. Leishmaniose Visceral no Brasil. Serviço Nacional de Educação Sanitária do
Rio de Janeiro; 1956.
DIETZE, R. A. et al. Effect of eliminating seropositive canines on the transmission of
visceral leishmaniasis in Brazil. ClinInfect Dis 1997;25:1240-2.
DONOVANI:Titration of antibodies to the fucose-manose ligand as na aid in diagnosis of
visceral leishmaniasis. Trans R SocTropMedHyg 1995; 89:390-3.
GONTIJO,C.M.F;MELO,M.N. Leishmaniose Visceral no
Brasil.Rev.Bras.Epidemiologia.vol.7,nº3,2004.
LAISON, R; SHAW J.J. Evolution, classification and eoraphicaldistribuition. In: Peteres
W, Killick-KenddriR.Theleishmaniasis in Biology and Medicine. Vol.1. London.:
Academic Press; 1987.p.1-120.
49
LAISON, R; SHAW J.J; SILVEIRA, F.T; BRAGA RR.American visceral leishmaniasis: on
the oriin of Leishmania(Leishmania)chagasi. Trans R.Soc Top MEd Hy, 1987; 81:517.
THAKUR, C. P.; NARAYAN, S.A comparative evaluation of amphotericin B and sodium
antimony gluconate, as first-line drugs in the treatment of Indian visceral leishmaniasis.
Ann Trop Med Parasitol, v. 98, n. 2, p. 129-138, Mar. 2004.
50
MAGNITUDE DA MORTALIDADE POR CÂNCER CÉRVICO UTERINO
NARA PEREIRA DE FARIA CARVALHO DE ALENCAR1
TAMYRES MAYARA BRITO NEGRI1
FLAVIA MARA DE OLIVEIRA CAMPOS 2
LILLIAN SORANY COSTA DO NASCIMENTO 2
PERCÍLIA AUGUSTA SANTANA DA SILVA3
SARAH LAIS ROCHA3
RESUMO
Pretendemos investigar a incidência da mortalidade por câncer cérvico uterino no município
de Itupiranga – PA, comparada à mortalidade por outros cânceres, no período de 2010 à 2014.
Trata-se de um estudo ecológico descritivo utilizando-se da análise de dados secundários
retrospectivos sobre mortalidade decorrentes de cânceres na população feminina, que
apresenta maior taxa no que se refere aos cânceres no útero, totalizando nove mulheres no
período, no período analisado. O objetivo final do programa de ação de controle do câncer é a
redução da mortalidade por esta causa. A melhoria das ações de detecção precoce e de
tratamento deste câncer resulta em redução do número de óbitos sendo, portanto, um
indicador primordial a ser acompanhado.
Palavras-chave: Mortalidade, câncer cérvico-uterino, câncer.
1.Introdução
As neoplasias vêm ganhando crescente importância no perfil de morbi-mortalidade da
população mundial. São previstos anualmente 10 milhões de novos casos, seis milhões de
mortes e 22 milhões de pessoas vivendo com a doença em todo o mundo (WUNSCH FILHO,
2002). No Brasil, as neoplasias respondem pela terceira causa de morte na população, sendo
que entre as mulheres elas ocupam a segunda posição. Ainda segundo Wunsch Filho (2002), a
mortalidade proporcional por neoplasias chegou a 12,32% em 1999, colocando o Brasil numa
situação intermediária do perfil de mortalidade da população por neoplasias entre os países
capitalistas centrais e os periféricos.
O câncer cérvico uterino é a terceira neoplasia maligna mais comum entre as mulheres
no Brasil, sendo superado apenas pelo câncer de mama e câncer de pele (não melanoma).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer cérvico uterino é uma forma grave
de morbidade que atinge a população feminina em idade fértil. O mesmo instituto afirma que
o câncer cérvico uterino foi responsável pela morte de 3.953 mulheres em 2000 no Brasil
51
(BRASIL, 2011a). Este câncer representa 10% de todos os tumores malignos em mulheres
(SOARES; SILVA, 2010).
É uma doença de evolução gradativa, que se inicia com alterações neoplásicas intra-
epiteliais, que podem evoluir para um processo invasivo em um período médio de 10 a 20
anos. Como possui etapas bem definidas e evolução lenta, permite a interrupção do seu curso
a partir de um diagnóstico precoce e tratamento oportuno (OPS, 1985 apud DEROSSI et al
2000).
Anderson (1991) apud Sebastião et al (2004) assegura que a prevenção e o diagnóstico
precoce constituem as formas ideais para reduzir a morbidade e a mortalidade decorrentes das
neoplasias do colo uterino, sobretudo nos países em desenvolvimento. Programas de
rastreamento do câncer do colo uterino têm significativa importância pelo fato de
interromperem a história natural da doença, pois detectam neoplasias ou carcinoma in situ
ainda em fase pré-invasora. Com tratamento adequado das lesões acima referidas, o câncer
invasor pode ser evitado, reduzindo-se assim a mortalidade causada por essa doença.
Contextualizando o campo de investigação vinculado ao trabalho final referente à
Especialização de Redes de Atenção em Saúde, acreditamos ser importante referendar a
VigilânciaEpidemiologica na sua vinculação com os demais setores, de todos os níveis de
atenção das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde para enfrentar o desafio de fortalecer a
Rede de assistência para podermos trabalhar e reagir diante dos sofrimentos e necessidades
das mulheres.
A magnitude dessa doença, bem como a relevância desse agravo nos dias de hoje -
haja vista que é uma causa de mortalidade considerada evitável e com disponibilidade do
exame para diagnóstico na Atenção Primária à Saúde∕APS - determinaram o interesse nesta
temática e, a partir desta perspectiva, a pergunta a ser feita nesta pesquisa é: como está a
incidência da mortalidade por câncer cérvico uterino no município de Itupiranga – PA,
relacionando a mortalidade por outros cânceres, no período entre os anos de 2010 e 2014?
Assim, temos por objetivo neste trabalho investigar a incidência da mortalidade por
câncer cérvico uterino no município de Itupiranga – PA, comparada à mortalidade por outros
cânceres, no periodo de 2010 à 2014. Para tanto, pretendemos: identificar quantitativamente a
mortalidade por câncer cérvico uterino no município de Itupiranga no período acima aludido,
52
bem como comparar quantitativamente a incidência de mortalidade por câncer cérvico uterino
com outros cânceres na população feminina, neste município.
2.O Câncer Cérvico Uterino
O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de
revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente e podendo invadir estruturas e
órgãos contíguos ou à distância. Este processo de transformações progressivas pode levar de
10 a 20 anos para se caracterizar como câncer, passando por fases pré-clínicas detectáveis e
curáveis. Portanto, é uma doença de progressão lenta e com longa fase assintomática
(SILVEIRA, 2005 apud KUSCHINIR; SILVA, 2013). As mesmas autoras afirmam que é
considerado um dos tipos de câncer com maior potencial de prevenção e cura, na medida em
que existem mecanismos efetivos de controle que permitem identificar as lesões antes de sua
transformação em câncer e possibilitam a cura em 100% dos casos, quando diagnosticados em
sua fase inicial.
O diagnóstico precoce realizado por meio do exame preventivo (exame de
Papanicolau ou citopatológico) associado ao tratamento das lesões precursoras é fundamental
para prevenção da doença e redução da mortalidade por este tipo de câncer. Em relatório
elaborado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) (BRASIL, 2011a), observamos que com
aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o
quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de 265 mil
mulheres por ano (BRASIL, 2014)
Devido à relevância da incidência deste tipo de câncer, no ano de 1998 o Ministério da
Saúde (MS) instituiu o Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo do Útero através
da Portaria GM/MS nº 3040/98 (BRASIL, 1998), que prevê a adoção de estratégias para
estruturação da de uma rede assistencial, desenvolvimento do sistema de informações,
estabelecimento de mecanismos para mobilização e captação de mulheres, assim como
definição das competências nos três níveis de governo. O rastreamento do câncer do colo
uterino é realizado periodicamente através do exame citopatológico, sendo esta a estratégia
preventiva mais adotada no Brasil e no mundo segundo Ministério da Saúde (BRASIL,
2011a).
53
Este exame deve ser realizado prioritariamente em mulheres de 25 a 64 anos, pois se
observa baixa incidência e mortalidade pelo câncer do colo do útero fora desta faixa etária. Há
indícios de que o cumprimento dessa recomendação etária é substancial, pois além da baixa
incidência do câncer do colo do útero em mulheres até 24 anos, a maioria destes casos é
diagnosticada no estádio I , sendo o rastreamento menos eficiente para detectá-los (BRASIL,
2011a).
É raro em mulheres de até 30 anos. Sua incidência aumenta progressivamente até ter
seu pico na faixa de 45 a 50 anos, e a mortalidade aumenta progressivamente a partir da
quarta década de vida. Está associado à infecção persistente por alguns subtipos do
Papilomavírus Humano (HPV), especialmente o HPV-16 e o HPV-18, responsáveis por cerca
de 70% dos cânceres cervicais (KUSCHINIR; SILVA, 2013).
3.Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico descritivo utilizando-se da análise de dados
secundários retrospectivos sobre mortalidade decorrentes de cânceres na população feminina
do município de Itupiranga – PA no período de 2010 à 2014.
O município de Itupiranga está localizado no sudeste do estado do Pará, na
microrregião Sudeste, à margem esquerda do rio Tocantins e ao lado direito da rodovia
Transamazônica(BR 230), limitando-se ao norte por município de Novo Repartimento, ao sul
do município de Marabá, ao leste por Jacundá e Nova Ipixuna e a Oeste com o município de
São Felix do Xingu. De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- IBGE de 2010 (BRASIL, 2010), o município possui uma população de 52.220 habitantes,
sendo que 60% encontram–se na zona rural. No município existe uma rede de saúde composta
por um Hospital Municipal com 39 leitos e um Laboratório. Cinco unidades de saúde da
família sendo, três na zona urbana e duas na zona rural e mais quatro Unidades Básicas de
Saúde - UBS, na zona rural.
Neste contexto, para a obtenção de informações destacam-se os Sistemas de
Informação em Saúde que possibilita a análise da situação de saúde levando-se em conta as
condições de vida da população de Itupiranga na proposta de construção dos determinantes do
processo saúde-doença.
54
O campo de pesquisa foi o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) que é de
gerência da Unidade de Vigilância Epidemiológica. O SIM foi criado e implantado pelo
Ministério da Saúde no ano de1975 para obtenção regular de dados sobre mortalidade no País.
A partir a criação do SIM foi possível a captação de dados sobre mortalidade, de forma
abrangente e confiável, para subsidiar as diversas esferas de gestão na Saúde Pública. Com
base nessas informações é possível realizar análises de situação, planejamento e avaliação das
ações e programas na área (BRASIL, 2011b).
Os óbitos por todas as causas de câncer e pelas localizações ocorridos no período de
2010 – 2014 em mulheres residentes do município de Itupiranga, foram obtidos no SIM,
através das Listas Básicas de Tabulação da Classificação Internacional de Doenças - CID-BR,
adaptadas à realidade brasileira pela Secretaria de Vigilância em Saúde.
Esse estudo tem interesse estratégico e é voltado para conhecimento dos profissionais
dos serviços de saúde da Rede do município de Itupiranga, em especial ao enfermeiro, no
sentido de fornecer subsídios para os processos de planejamento, gestão e avaliação de
políticas e ações de atenção à saúde em geral e, em específico, para a população feminina.
Em relação aos aspectos éticos, por se tratar de pesquisa com dados de domínio público não é
necessária a aprovação de Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos.
4.Resultados e Discussão
De acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE (BRASIL, 2010) o município de Itupiranga tem uma população residente de 51.220
pessoas, sendo que destes habitantes 24.194 corresponde ao público feminino, este totalizando
47,23% da população geral. O município segue a tendência da pirâmide nacional conforme
demonstrado abaixo no Gráfico 1.
GRÁFICO 1 – Pirâmide Etária e por sexo do município, estado e país.
55
Fonte: IBGE, 2010.
No que se refere à população alvo para coleta do exame preventivo a quantidade de
mulheres entre 25 e 64 anos compreende o total de 9577 mulheres, comparando a esse
número temos o total de 1376 exames coletados no ano de 2014 nessa faixa etária que é
público alvo do programa de controle do Câncer de Colo do útero, número muito aquém do
esperado (BRASIL, 2014).
Analisando a mortalidade proporcional por câncer no público feminino do município
de Itupiranga, a primeira colocação na mortalidade por câncer no público feminino deste
município refere-se aos cânceres no útero, totalizando nove mulheres no período de 2010 à
2014. A segunda causa mais incidente de mortalidade por câncer foi de pulmão que vitimou
cinco mulheres no mesmo período.
Segundo o DATASUS (BRASIL, 2014) no período aludido neste estudo foram
realizadas 6.707 coletas para o exame preventivo do câncer do colo do útero no município de
Itupiranga.
As taxas de incidência estimada e de mortalidade no Brasil apresentam valores
intermediários em relação aos países em desenvolvimento, porém são elevadas quando
comparadas às de países desenvolvidos com programas de detecção precoce melhor
estruturados e executados. Países europeus, Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália
apresentam as menores taxas, enquanto países da América Latina e, sobretudo, de regiões
mais pobres da África, apresentam valores bastante elevados. Cerca de 85% dos casos de
câncer do colo do útero ocorrem nos países menos desenvolvidos e a mortalidade por este
câncer varia de 18 vezes entre as diferentes regiões do mundo, com taxas de menos de 2 por
56
100.000 na Ásia Ocidental e de 27,6 na África oriental, de acordo com o INCA (BRASIL,
2014).
Em Itupiranga o ano com maior número de óbitos decorrentes de câncer em alguma
porção do útero que foi 2012, com três (03) óbitos apresentou no ano um coeficiente de
mortalidade de 12.39 para 100.000 habitantes, cálculo esse feito em cima do total de
habitantes do sexo feminino, muito acima do coeficiente nacional que esteve no ano de 2012
em 2.32 (BRASIL, 2014).
O INCA (BRASIL, 2014) também faz uma análise regional no Brasil. Nele, o câncer
do colo do útero se destaca como o primeiro mais incidente na região Norte, com 23,6 casos
por 100.000 mulheres. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste ocupa a segunda posição, com
taxas de 22,2/100 mil e 18,8/100 mil, respectivamente, e é o quarto mais incidente na região
Sudeste (10,15/100 mil) e quinto na Sul (15,9/100 mil). Quanto à mortalidade, é também a
região Norte que apresenta os maiores valores do país, com taxa padronizada pela população
mundial de 10,5 mortes por 100.000 mulheres, em 2012. Em seguida estão, neste mesmo ano,
as regiões Nordeste (5,81/100 mil), Centro-Oeste (5,35/100 mil), Sul (4,34/100 mil) e Sudeste
(3,44/100 mil).
Portanto, o número do coeficiente de mortalidade de acordo com a causa em estudo é
paralelo ao encontrado na região Norte do país onde localiza-se o município de Itupiranga.
Durante o processo de coleta de dados nota-se elevada proporção com que aparecem
no grupo câncer de localização mal definidas ou não especificado, tal fato representa falhas
globais tanto no diagnóstico como no preenchimento do atestado de óbito, relativamente à
causa de morte, vindo subestimar a real magnitude das sedes primárias e ou bem definidas dos
diversos tumores.
Semelhante apreciação pode ser feita em relação aos tumores do útero como um todo.
A categoria lesão invasiva do colo do útero teve um (01) caso de óbito, colo do útero não
especificada totalizaram três casos no período, neoplasia maligna do útero porção não
especificada perfizeram causa de três (030 mortes, neoplasia maligna do ovário causaram uma
morte e câncer de útero vitimou uma mulher. FAERSTEIN (1987 apud DEROSSI 2000)
indicou que o subregistro de óbito acontece principalmente nas camadas mais pobres da
população, por razões sócio-econômicas, onde o câncer cervical é mais freqüente. O
subregistro e sub-notificação de óbitos são fatores que devem ser considerados na análise do
57
presente trabalho, pois os mesmos podem ter influenciado na magnitude da mortalidade em
Itupiranga.
O objetivo final do programa de ação de controle do câncer é a redução da mortalidade
por esta causa. A melhoria das ações de detecção precoce e de tratamento deste câncer resulta
em redução do número de óbitos sendo, portanto, um indicador primordial a ser acompanhado
(BRASIL, 2011a).
Tanto a incidência, como a mortalidade por câncer do útero podem ser reduzidas com
programas organizados de rastreamento. A exemplo disso o projeto Globocan, países
desenvolvidos alcançaram uma expressiva redução da morbimortalidade pela doença após a
implantação de programas de rastreamento de base populacional. Segundo a OMS, com uma
cobertura da população-alvo de no mínimo 80% e a garantia de diagnóstico e tratamento
adequados dos casos alterados, é possível reduzir, em média, de 60 a 90% da incidência do
câncer cervical invasivo.
Há que se melhorar na Rede de Atenção à Saúde no município de Itupiranga a
oportunidade de coletar o exame das mulheres priorizando sempre a faixa etária recomendada
pelo programa, para diagnóstico precoce e possível tratamento de alguma alteração, isso
evitaria a mortalidade por essa causa no município.
5.Considerações finais
Os resultados obtidos por intermédio do levantamento acima apresentado nos mostram
um padrão básico de mortalidade por câncer, evidenciando o câncer de útero como principal
causa de mortalidade entre os óbitos por neoplasias no município no período de estudo do
público alvo em relação as suas sedes primárias. Seriam necessárias, além da ampliação do
estudo para um maior período de tempo, realização de pesquisas para determinar as variáveis
que possam explicar essa distribuição de câncer no município.
Analisando a mortalidade proporcional por câncer no público feminino do município
de Itupiranga, a primeira colocação na mortalidade por câncer no público feminino neste
município refere-se aos cânceres no útero, totalizando nove mulheres no período de 2010 à
2014. A segunda causa mais incidente de mortalidade por câncer foi de pulmão.
A Declaração de Óbito é um importante documento e fonte de informação sobre a
situação real de morte da população brasileira, portanto sugerimos que o preenchimento desta
58
notificação seja feito com responsabilidade pelos médicos e que se tenha o cuidado de
preencher o quanto melhor especificado a causa de óbito possível.
O objetivo final do programa de ação de controle do câncer é a redução da mortalidade
por esta causa. A melhoria das ações de detecção precoce e de tratamento deste câncer resulta
em redução do número de óbitos sendo, portanto, um indicador primordial a ser
acompanhado.
Há que se melhorar na Rede de Atenção à Saúde no município de
Itupiranga,possibilitando a realização de exames nas mulheres, priorizando sempre a faixa
etária recomendada pelo programa, para diagnóstico precoce e possível tratamento de alguma
alteração. Isso possivelmente evitaria a mortalidade por essa causa no município. Nesse
sentido, ressalta-se a importância de se continuar investindo esforços, tanto em nível
municipal como nacional, para ampliar o acesso às ações de rastreamento para esse tipo de
câncer, especialmente em áreas economicamente mais carentes. Sem dúvida, um programa de
rastreamento para Câncer uterino, com base no exame preventivo de Papanicolau, organizado
de forma a incluir todas as mulheres da população-alvo, com garantia de tratamento adequado
e seguimento, tem potencial de atingir no país resultados semelhantes àqueles observados nos
países desenvolvidos e também redução na mortalidade por essa causa evitável.
6. Referências Bibliográficas
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60
MANEJO CLÍNICO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO
Nicole Souza Luz Martins(1),
Cilene aparecida de Souza (2)
(1)Discente do Curso de Graduação em Enfermagem, Faculdade Carajás;
Professora do Curso de graduação em enfermagem Faculdade
Carajás, Coordenadora do Laboratório de Anatomia Humana, Faculdade Carajás. GT3 –
Ciências da saúde.
RESUMO
A úlcera por pressão é uma lesão que acomete, principalmente, a pele e/ou tecido subjacente
sobre uma proeminência óssea decorrente de pressões por cisalhamento e/ou fricção, sendo
esses, fatores de risco que devem ser observados, pois ao evitá-los é possível promover uma
evolução significativa do paciente.O objetivo desse estudo é analisar as evidências científicas
referentes ao estudo de feridas e pontuar a importância das intervenções de enfermagem para
o controle ou redução de sinais e sintomas decorrentes de feridas agudas ou crônicas.
Realizou-se uma revisão bibliográfica qualitativa, nas bases de dados Periódicos CAPES,
SciELo, MEDLINE, PUBMED e Bireme, com a leitura de quarenta artigos publicados entre
2005 a 2015 e disponíveis nos idiomas português e inglês. Foi percebida certa carência no
investimento de estudos clínicos e experimentais, que permitam assegurar à atuação do
enfermeiro numa perspectiva assistencial, além de muitas literaturas que tratam de feridas mas
não do manejo das lesões. O tratamento de qualquer lesão é um processo dinâmico, que
depende de avaliações contínuas, considerando todo contexto do paciente, devendo ser
individualizado e realizado por profissionais capacitados para tal atividade. É importante
examinar a ferida, indicar e realizar o curativo, orientar a prevenção de complicações, efetuar
documentação fotográfica e recomendar examescomplementares que possam auxiliar no
diagnóstico e naevolução da cicatrização.
PALAVRAS–CHAVE: úlceras por pressão, estudo de caso, feridas.
INTRODUÇÃO
No transcorrer dos anos e com a evolução dos casos de úlcera por pressão (UP) dentro
de ambientes hospitalares, os profissionais da saúde foram levados a um alerta e a uma
postura mais direcionada ao cuidado da prevenção das mesmas. Sabe-se que as UPspodem ser
a porta de entrada para infecções e outros fatores patológicos, partindo do princípio de que
sob uma avaliação inadequada, pode haver regressão do caso clínico do paciente
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
Os tipos mais comuns de feridas crônicas são: úlceras por pressão, úlceras vasculares,
úlceras neuropáticas - úlcera plantar na hanseníase e úlcera diabética - infecto-contagiosas,
61
reumatológicas, hematológicas e tumores (ARARAQUARA, 2011). Dessa forma, a
prevenção de lesões cutâneas deve ser feita, prioritariamente, pelo levantamento precoce do
problema e a identificação dos pacientes de risco, ou seja, com maior propensão a
desenvolver uma ferida, essa prevenção pode ser feita por meio da escolha dos melhores
métodos de cuidado e planejamento da avaliação regular do paciente (SIQUEIRA et al.,
2015).
Nesse contexto, a atuação interdisciplinar é de fundamental importância para que as
principais deficiências do paciente portador de UP sejam sanadas. A união da equipe
multiprofissional para a recuperação do paciente pode estar relacionada ao desempenho de
diversas atividades. Colocando o foco na ação do enfermeiro podemos destacar a importância
da supervisão da cicatrização, que pode ocorrer através da utilização de escalas próprias à
avaliação das úlceras por pressão, além da necessidade de usar-se do juízo clínico para avaliar
sinais, tal como a diminuição da quantidade de exsudato,a redução do tamanho da ferida e a
melhoria do tecido no leito da ferida. Todos esses processos podem ser registrados através de
fotografias e medições sem, no entanto, substituírem as visitas no leito (NATIONAL
PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL et al., 2014).
A úlcera por pressão é uma lesão que acomete, principalmente, a pele e/ou tecido
subjacente sobre uma proeminência óssea decorrente de pressões por cisalhamento e/ou
fricção, tendo em vista que esses dois importantes fatores não podem ser considerados
mecanismos fisiopatológicos das UPs, eles são apenas fatores de risco que devem ser
observados, pois ao evita-los é possível promover uma evolução significativa do paciente
(WADA, A. et al.,2010).
Com base no exposto acima, a avaliação do paciente por meio da investigação comparada de
artigos permite que o profissional observe, entenda, e analise as diferentes visões referentes ao
assunto. Dessa forma, podemos observar a importância do estudo, pois através dele teremos
subsídios para o desenvolvimento de mais pesquisas sobre o assunto, possibilitando ao
profissional o aumento do conhecimento teórico referente à assistência, permitindo a
compreensão do paciente como um todo para que no momento da atuação prática do
profissional, ele seja capaz de realizar de forma adequada suas condutas terapêuticas
contribuindo para a melhora efetiva do paciente(GALDEANO, E.L; ROSSI, A.L et al, 2003).
62
Este estudo se justifica pela necessidade de revisões de literatura sobre o tema, os
quais permitem a procura, a avaliaçãocrítica e a síntese das evidências disponíveis acerca do
temainvestigado. Este método permite que o leitor reconheça osprofissionais que investigam
sobre determinado assunto, e classifique os achados científicos, além de descrever o
conhecimento no seuestado atual, promovendo o impacto sobre a prática clínica.O objetivo
desse estudo é analisar as evidências científicas referentes ao estudo de feridas e pontuar a
importância das intervenções de enfermagem para o controle ou redução de sinais e sintomas
decorrentes de feridas agudas ou crônicas.
MATERIAL E MÉTODOS
Realizou-se uma revisão bibliográfica qualitativa, conforme os critérios estabelecidos
para a pesquisa, nas bases de dados Periódicos CAPES, SciELo, MEDLINE, PUBMED
eBireme. O estudo foi realizado com base a leitura de quarenta artigos com os seguintes
critérios de inclusão: artigosindexados nas bases de dados mencionadas e publicados na
íntegraem periódicos nacionais e internacionais; compreendidos entre operíodo de 2005 a
2015 e disponíveis nos idiomas português e inglês. Foram utilizadas na pesquisa as palavras
chave: Feridas, úlceras e estudo de caso, curativos e coberturas. Os artigos que não
contemplavam o assunto ou que não correspondiam a pergunta norteadora da pesquisa foram
excluídos.
Em seguida os resultados foram analisados e discutidos buscando demostrar os
resultados obtidos em pesquisas sobre o tema de forma mais clara e focalizada.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As feridas são resultado de agressão ao tecido vivo por meio de um agente patogênico.
O tratamento das feridas vem avançando desde 3000 anos A.C., onde as feridas hemorrágicas
eram tratadas através de cauterização; o uso de torniquete é evidenciado em 4000 A.C., e a
sutura é registrada desde o terceiro século A.C. Chegado o período da Idade Média, com o
aparecimento da pólvora, os ferimentos tornaram-se mais graves (ARARAQUARA, 2011).
As feridas podem ser classificadas de diferentes maneiras, conforme a etiologia,
morfologia, grau de contaminação, fase de evolução cicatricial, características do leito, do
63
exsudato, entre outros (DEALEY, C., 2008). Ao longo dos anos, foram observados os
fenômenos envolvidos no processo de cicatrização. Entretanto, deve-se desenvolver mais
pesquisas nessa temática com objetivo de aperfeiçoar e tornar acessíveis as tecnologias de
intervenção (MANDELBAUM, S.H. et al., 2003).
Sobre uma visão voltada ao estudo das úlceras por pressão, váriossão os fatores
causadores desse tipo de lesão cutânea, entre eles destacam-se a pressão, forças de
deslizamento, fricção, umidade. A pele considerada normal pode resistir a pressões entre 200
a 600 mmHg por até 11 a 16 horas. Nas populações que apresentam maior propensão ao
desenvolvimento de feridas, úlceras isquêmicas se desenvolvem quando uma área sofre
pressão de 500 mmHg por 2 horas ou 150 mmHg por 10 horas. No entanto, pode ocorrer
degeneração das fibras musculares em apenas 1 a 2 horas, quando submetidos a uma pressão
de 60 a 70 mmHg. Nas proeminências ósseas a pressão chegar a atingir 100 a 150 mmHg
(MAZZON, 2007).
Segundo GOMESet al 2005, o curativo é a porta de entrada para o tratamento efetivo
da ferida. Nesse sentido, é definido como um meio terapêutico que consiste na limpeza e
aplicação de uma cobertura estéril em uma lesão de pele, quando necessário, com o objetivo
de promover a rápida cicatrização e prevenir contra contaminação ou infecção.
Atualmente são inúmeras as opções de curativos existentes no mercado. Os recursos
financeiros do paciente e/ou da unidade de saúde, a necessidade de visitas a domicílio, e a
avaliação do custo-benefício são alguns dos fatores a serem considerados no momento de
escolha do tipo de curativo que, por sua vez, devem ser adequados à natureza, à localização e
ao tamanho da ferida. Apesar de existirem atualmente uma grande variedade de curativos, um
só tipo de curativo não supre todos os requisitos para ser aplicado em todos os tipos de feridas
cutâneas. Nessa ótica, faz-se necessário destacar os tipos de curativos mais utilizados, entre
eles estão os curativos com pomada ou óleos que tem como exemplos o curativo com
Sulfadiazina de Prata, curativo com Pomada Enzimática – Colagenase, e o curativo com
Ácidos Graxos Essenciais (AGE); dentre os curativos especiais encontram-se o curativo com
Hidrocolóides, curativo com Hidrogel, curativo com Alginato de Cálcio, curativo com Carvão
Ativado, curativo Adesivo de Hidropolímero, e o curativo à Vácuo (FRANCO, 2008).
Tendo em vista os fatores que envolvem o processo fisiológico da cicatrização das
lesões de pele, pode-se analisar que fatores sistêmicos, como idade avançada, condição
64
nutricional, vascularização, medicamentos sistêmicos, doenças de base, tabagismo e fatores
locais, incluindo infecção, agentes tópicos, tecido necrótico, suprimento sanguíneo e escolha
do tipo adequado de cobertura podem retardar uma ou mais fases do processo cicatricial
(SILVA, et al.,2007).
No tocante ao processo de cicatrização da ferida é importante entender que cobertura é
um material, um produto ou substância que se utiliza sobre as lesões para ocluir, comprimir,
umedecer, tratar e proteger. Isso difere, contudo, de acordo com a visão conceitual dos
diferentes sujeitos. No processo de cicatrização a utilização de coberturas adequadas é um dos
principais fatores a serem considerados. Dessa forma, as coberturas ideais devem ser capazes
de garantir resultados eficazes na cicatrização, e de formar uma barreira física entre o leito da
lesão e o meio externo. Tem por finalidade, portanto, manter um ambiente úmido, ser de fácil
aplicação e remoção; reter o exsudato; ser impermeável à bactérias; promover a proteção
contra infecção cruzada; hipoalergênica; permitir a troca gasosa e auxiliar na hemostasia
(RODRIGUES, et al. 2010).
Existem alguns tipos mais comuns de coberturas, tais como placa de hidrocolóide,
alginato de cálcio, fibra de carboximetilcelulose (com ou sem Ag), espuma com prata, carvão
ativado com prata, filme transparente, hidrogel amorfo e bota de Unna (OKAMOTO, R.
2011).
Nessa ótica, estudos sobre novos mecanismos que promovam uma evolução mais
rápida e positiva do processo cicatricial de feridas vem sendo feitos, a exemplo da Terapia de
Pressão Negativa (TPN) que é um dispositivo que ajuda a fechar feridas de difícil
cicatrização, aplicando simultaneamente uma pressão negativa sob as margens da ferida. O
mecanismo do vácuo acelera a cicatrização promovendo a formação de tecido granulado,
colágeno, fibroblastos e células inflamatórias, melhorando, assim, o aspecto da ferida de
forma que esteja pronta para receber o enxerto (POTTER, 2005).
Esse método é, por sua vez, indicado para o tratamento de feridas crônicas, agudas,
traumáticas, deiscências, úlceras, enxertos e queimaduras de densidade parcial (MARQUES,
et al., 2013).
Torna-se de essencial importância a realização de uma avaliação da ferida, para
melhor averiguar as características e a evolução da lesão, e dessa forma eleger o tratamento
adequado para a melhor intervenção ao processo cicatricial (MOREIRA, etal., 2009).
65
Por essa razão, o agrupamento da experiência e dos conhecimentos de enfermeiros são
fatores cruciais para que o tratamento e a prevenção das lesões cutâneas se efetivem e, a partir
daí, as decisões necessárias durante os cuidados com a ferida serão tomadas de forma mais
segura e racional. Dessa forma, no tocante ao tratamento das feridas o profissional enfermeiro
deve estar respaldado de conhecimento técnico científico para avaliar adequadamente a lesão
e definir o tratamento mais adequado a cada tipo específico. Nesse sentido, o senso autocrítico
é indispensável para que falhas dentro do ambiente hospitalar sejam evitadas (ROZARIO,
2009).
Por meio de uma visão geral, o enfermeiro possui importância fundamental na
avaliação das feridas, tendo em vista que é o profissional que mantêm um contato direto e
contínuo com o paciente. Nesse contexto, sua competência profissional permite a realização
da anamnese e exame físico adequados, assim como a indicação e realização da intervenção
propícia para cada situação, cujos principais objetivos são manter a integridade tissular,
aliviar o desconforto do paciente, promover sono reparador, autoaceitação, orientar sobre os
cuidados com a pele e prevenção de complicações (DEALEY, C., 2008).
Por isso, o profissional deve orientar o paciente sobre a prática do autocuidado,
tratando-se de uma estratégia que leva a pessoa a promover o autocuidado e assumir medidas
preventivas, sendo capaz de identificar possíveis intercorrências de forma independente. Essas
medidas estimulam o paciente a minimizar os fatores de risco associados ao surgimento das
feridas, por meio de métodos que orientem o cuidado diário com a pele, uso de repelentes,
utilização de meias de algodão, entre outros fatores de prevenção (ARAÚJO, 2007).
Foi identificada nos artigos, uma ampla diversidade de métodos de pesquisa para melhor
conhecimento de práticas de cuidado que garanta uma assistência aos pacientes com
desenvolvimento de feridas cutâneas, com foco na prevenção e promoção da saúde. No
entanto, foi percebida certa carência no investimento de estudos clínicos e experimentais, que
permitam assegurar à atuação do enfermeiro numa perspectiva assistencial de atenção à saúde
ao adulto e idoso portador desta complicação (SILVA, PIRES, SILVA et al., 2013).
Muitas são as literaturas que abordam temáticas sobre feridas, sendo encontradas em
escalas menores, abordagem sobre lesões. A escolha do tratamento ideal para a lesão depende
do seu grau de contaminação, da maneira como foi produzida, dos fatores locais e sistêmicos
relacionado com o processo de cicatrização da presença e tipo de exsudato. O tratamento de
66
qualquer lesão é um processo dinâmico, que depende de avaliações contínuas, considerando
todo contexto do paciente, devendo ser individualizado e realizado por profissionais
capacitados para tal atividade (RODRIGUES, LEANDRO, SANTOS et al.).
Notamos que os estudos apresentam diversidade de conteúdos que permitem que haja
o contato com conhecimentos científicos sobre prevenção, tratamento e assistência a pacientes
portadores de UP. Aliado a isso, emerge a necessidade paralela dabusca contínua de
informações atualizadas, a fim de perceber que cadaelas contribuem com um conjunto de
conhecimentos próprios que, somados, vão nortear todas as condutas a serem implementadas
com o portador da UP (CARVALHO, FERREIRA, SILVA et al., 2007).
O sucesso no tratamento de feridas depende da competência e do conhecimento dos
profissionais envolvidos, de sua capacidade de avaliar e selecionar adequadamente técnicas e
recursos disponíveis, como podemos ver em estudo realizado por Piovesana, 2009, onde uma
ferida com tamanho inicial de 77,9 cm2 e com 80% de esfacelo obteve melhora total em 283
dias sendo feita a aplicação de gel hidratante com alginato de cálcio e sódio e ácidos graxos
essenciais (AGE) nas margens.
As imagens a seguir do estudo de caso de Piovesana, 2009 mostram a evolução:
67
O enfermeiro deve compreender a perspectiva do cliente ao planejar o cuidado, de
maneira que ele possa realmente se engajar no tratamento favorecendo o processo cicatricial.
É importante examinar a ferida, indicar e realizar o curativo, orientar a prevenção de
complicações, efetuar documentação fotográfica e recomendar examescomplementares que
possam auxiliar no diagnóstico e naevolução da cicatrização (DEALEY, 2008).
Considera-se que a educação em saúde sobre a doença favorece o desenvolvimento da
cidadania por meio da participação ativa do usuário na definição dos cuidados, reconhecidos
como prioritários para transformar a história natural da doença em um processo de
longevidade, mesmo diante de obstáculos de natureza social ou econômica (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2008).
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69
SENTIMENTOS E COMPORTAMENTOS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
FRENTE A SITUAÇÕES DE MORTE
Crísila Reis De Oliveira(1)
, Laiza da Silva Telarolli(1)
,
Cilene Aparecida De Souza (2)
(1)Discente do Curso de Graduação em Enfermagem, Faculdade Carajás;
Professora do Curso de graduação em enfermagem Faculdade
Carajás, Coordenadora do Laboratório de Anatomia Humana, Faculdade Carajás. GT3 –
Ciências da saúde.
RESUMO
A morte é uma parte integrante da vida do ser humano, é o término das funções vitais. Mas
sentimentalmente falando, a morte envolve muito mais que isso, envolve sentimentos como
perda, tristeza, angustia, e até mesmo culpa. Os profissionais de enfermagem vivenciam
diversas situações e desafios em seu meio de trabalho. Um desses desafios é a dificuldade em
lidar com o processo de morte e morrer. Por meio desta pesquisa objetiva-se analisar
publicações que mostrem o preparo, sentimentos e comportamentos dos profissionais da
equipe de enfermagem frente a experiência de assistir o paciente e sua família durante o
processo de morte e morrer.Trata-se de uma revisãobibliográfica, onde foi realizada a leitura
de 41 artigos, entre os anos de 1999 a 2012, com base nos seguintes bancos de dados:
SciELO, PubMed, Lilacs, o Google Acadêmico. A partir da análise dos estudos encontrados,
pode ser percebido que dependendo de cada profissional, existem diferentes modos de
enfrentar o sentimento no processo de morte e morrer a partir das experiências vivenciadas, e
como os enfermeiros lidam com os pacientes e seus familiares.
PALAVRAS–CHAVE: morte e morrer, sentimentos,enfermagem.
INTRODUÇÃO
A morte é uma parte integrante da vida do ser humano; é o termino das funções
vitais. Mas sentimentalmente falando, a morte envolve muito mais que isso, envolve
sentimentos como perda, tristeza, angustia, e até mesmo culpa. (FILHO,2005)
70
Segundo Kubler-Ross,2005 “A morte é vista como algo desumano, fazendo com que
muitas vezes as pessoas se sintam impotentes diante dela, em função que o morrer é visto
como algo “solitário, muito mecânico e impessoal...”, ou seja, a morte é um fato inevitável
pelo qual todo ser humano um dia irá passar, e o morrer é o processo em que uma pessoa
passa até chegar na morte.
Os profissionais de enfermagem vivenciam diversas situações e desafios em seu
meio de trabalho. Um desses desafios é a dificuldade em lidar com o processo de morte e
morrer. O surgimento de uma doença muito grave, sem possibilidade de cura, afeta não só o
físico, mas também o emocional do paciente, de profissionais, da família e/ou de pessoas que
o paciente tem um contato importante. Nesse caso alguns pacientes vivenciam o medo, já
outros começam a valorizar o tempo que ainda os restam, o que favorece uma melhor
adaptação. Porém muitas vezes o profissional da equipe de enfermagem não está preparado
para o atendimento de pacientes e familiares de pacientes que estão em processo de morte.
No ambiente hospitalar, o cuidar envolve uma ação de relações. O processo de cuidar
é definido como o desenvolvimento de ações, comportamentos e atitudes, com o objetivo de
favorecer, manter e/ou recuperar a saúde do paciente. Porém nem sempre é obtido sucesso
nesse conceito, diversas vezes os profissionais não conseguem salvar ou manter a vida do
paciente, e dependendo do seu estado psicológico, o emocional pode ser afetado, atingindo
assim sua vida profissional (OLIVEIRA,2007).
Entretanto, os profissionais de enfermagem, devem criar métodos para que o paciente
entenda a sua doença, pois essa conscientização pode ajudá-lo a enfrentar a enfermidade, e até
mesmo facilitar a conscientização da aproximação da sua morte. E se caso o paciente vir a
óbito, esses profissionais devem tentar manter um bom equilíbrio emocional, pois a família do
paciente provavelmente também estará abalada, e o profissional deve se mostrar forte, porem
respeitando o momento da família. (GUTIERREZ et al., 2007)
No ambiente hospitalar, o processo do cuidar envolve uma série de ações, atitudes e
comportamentos, onde os profissionais de enfermagem seguem normas e condutas com o
objetivo de salvar vidas e evitar mortes. Mas as mortes quando ocorrem, muitas vezes deixam
o profissional como também é um ser humano, sem saber lidar com as situações. (OLIVEIRA
et al., 2007)
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A morte é um tema muito delicado, onde provoca desconforto, tristeza, perda,
frustação e curiosidade. Muitas vezes o profissional é incentivado a acreditar que somente a
cura e a recuperação do paciente são características de um bom cuidado. A correria do
trabalho com o processo da luta incessante pela vida, muitas vezes, não permitem nem abrem
espaços para questionar, conversar e pensar na morte. (LIMA et al., 2015)
Com base no exposto acima, este trabalho justifica-se por um estudo que possibilite
uma melhor reflexão sobre as publicações que tratamdo processo de morte e morrer,
mostrando o preparo, sentimentos e comportamentos dos profissionais da equipe de
enfermagem com intuito de buscar melhores caminhos para lidarem profissionalmente e
sentimentalmente com a morte em seu ambiente de trabalho.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão de literatura que permite na prática a busca, avaliação crítica
e síntese dos temas investigados trata-se de uma ampla abordagem metodológica referente às
revisões, para uma compreensão completa do fenômeno analisado. O processo de elaboração
da revisão consistiu na elaboração da questão de pesquisa, onde a questão que norteou o
estudo foi a seguinte: os profissionais tem realizado pesquisas sobre o preparo emocional
daequipe de enfermagem para assistir o paciente e sua família durante o processo de morte e
morrer?
Dessa forma, a determinação dos critérios deve ser realizada em concordância com a
pergunta norteadora. Para a elaboração deste trabalho, foram encontrados após a leitura e
releitura dos determinados artigos, no total de 41 artigos, sendo selecionados 20, nos anos de
1999 á 2012, com base nos seguintes bancos de dados: SciELO, PubMed, Lilacs, o Google
Acadêmico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a análise da coleta de dados destes artigos, observou-se que muitos autores
se referiram sobre situações mais fácies e mais difíceis de lidar no processo morte morrer.
Segundo SEMENIUK et al., (2012), os profissionais da equipe de enfermagem se mostram
mais sensibilizados quando se trata do óbito infantil, pois a morte de uma criança é fonte de
angustia diferenciada para a equipe que vive a dor da perda de maneira exacerbada.
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A morte infantil é considerada de uma forma mais sensível, onde a criança não teve
tanta experiência de vida, não aproveitou praticamente nada, e por ser um ser indefeso, por
isso existe tamanha dificuldade dos profissionais em lidar com óbito infantil.
O entendimento da sociedade de que a morte é aceitável somente nos casos de
velhice, quando o sujeito já produziu o esperado durante sua trajetória de vida, segundo
SEMENIUK et al., (2012), está baseada na ideologia de que a infância é idade passageira e
que o objetivo da criança é ser adulto.
Segundo OLIVEIRA et al., (2007), de forma diferenciada da morte infantil, a morte
na velhice ou a morte de alguém em fase terminal, é vista pelos profissionais da equipe de
enfermagem como um alivio para o sujeito, com menor impacto sobre suas emoções.
Essa fase é mais aceita tanto pelo profissional quanto pela própria família, por ser
considerada como uma etapa do ciclo da vida, onde ao contrário da criança, na velhice a
pessoa já viveu e vivenciou muitas coisas da vida, e a pessoa na doença terminal já tem uma
ideia ou conformidade de tal fim.
Contudo, segundo GUTIERREZ et al., (2007), pode-se dizer que cada profissional
tem o seu papel especifico ao assistir o paciente. No caso da criança, os profissionais de
enfermagem ficam mais sensibilizados quando o paciente entra em óbito, e no caso de
doenças terminais ou na velhice, ocorre uma maior aceitação ou menor sensibilização.
A partir da análise dos estudos encontrados, pode-se ser percebido que dependendo
de cada profissional, existem diferentes modos de enfrentar o sentimento no processo de
morte e morrer a partir das experiências vivenciadas, e como os enfermeiros lidam com os
pacientes e seus familiares. Com isso, pode ser notado o despreparo destes profissionais na
hora de lidarem com este tipo de situação, o que dificulta a sua atuação frente ao paciente em
fase terminal. Lidar com a morte e com pacientes terminais, requer muito preparo, pois não
basta cuidar somente do paciente terminal, tem que ser passado também confiança e
segurança pra ele, e ainda passar a ter um bom relacionamento com seus familiares, pois os
enfermeiros é a ponte de ligação entre a família e o paciente terminal.
Para o paciente que acaba de descobrir que estar com uma doença terminal, ele passa
por um processo difícil, pois se depara frente a sua morte, passando a negar essa situação, pois
ninguém estar preparado para este momento, podendo entrar em profunda tristeza, angústia,
ansiedade, medo, entre vários outros fatores que acabam por influenciar por todo o restante de
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sua vida, por isso a participação do enfermeiro e da família, é de vital importância para o
paciente terminal, pois é neles que irá tentar encontrar confiança, segurança, conforto, carinho
e principalmente o respeito e a humanização.
Cuidar de um paciente terminal vai muito além de realizar os procedimentos
necessários, pois requer também a humanização, sendo tratados com carinho, respeito e
dignidade, independente de quem seja e qual seu tipo patológico. Os enfermeiros com o papel
centrado no cuidado devendo ter um maior convívio com os pacientes, sempre ter um diálogo
para passar confiança e uma segurança para este, pois devemos sempre lembrar que cada
paciente é diferente do outro e cada um tem seu jeito e de ser e um grau maior ou menor para
suportar as dores e dificuldades.
Portanto o ideal é que os enfermeiros tenham um bom preparo já desde a graduação,
para que saibam lidar com a morte, pois este é um assunto bastante complicado, e que todos
os profissionais iram ter que enfrenta-lo um dia.
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alunos de enfermagem.InvestEducEnfer, vol. 3, p. 408-418, 2011.
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-GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. - São Paulo: Atlas, 2002.
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-LIMA, R.S.; JÚNIOR, J.A.C. The processo f death and dying in nurses vision.
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-MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa:
planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração,
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representações de estudantes de enfermagem. Revenferm USP, vol.3, p, 386-94, 2007.
-SEMENIUK, A.P.; DURMAN, S.; MATOS, F.G.O.A. Saúde mental da equipe de
enfermagem de centro cirúrgico frente á morte. Rev. SOBECC, vol. 17, p. 48-56, 2012.