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R Q B E R T O SHINYASHIKI SEMPRE

SEMPRE · dor às pessoa qus e eu amava alé, m de machucar-m muitoe . Não pens que e é fáci sel r aquel que e só causa problemas A . ... gos de Santo sse perguntava em quanto

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R Q B E R T O

SHINYASHIKI

SEMPRE

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R O B E R T O

SHINYASHIKI

SEMPRE EM FRENTE

f g g g a

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Sempre em frente. Não temos tempo a perder.

Renato Russo

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Dedico este livro

aos meus filhos Ricardo e Arthu

jovens caminhantes

em suas jornadas de heróis.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Quero agradecer de todo o coração aos meus filhos Ri-

cardo e Arthur por compartilharem comigo as suas jornadas de

heróis. As nossas conversas influenciaram cada uma das palavras

deste texto.

Minha gratidão à minha esposa, Claudia, por sua inestimá-

vel colaboração, tão grande que, se ela não fosse tão humilde,

teria aceitado colocar seu nome como co-autora deste livro.

Um especial agradecimento a Camilo Vannuchi e Gilberto

Cabeggi, dois fiéis colaboradores que contribuíram muito para que

a viagem de escrever este livro se tornasse possível e prazerosa.

Minha gratidão a Fernando Leal Fernandes Jr., Rosely Boschini,

Anderson Cavalcante e a todo o pessoal da Editora Gente e do Ins-

tituto Gente que, como sempre, formam os principais pilares para

que eu possa desenvolver o meu trabalho.

Agradeço às pessoas que leram os originais deste livro, es-

pecialmente à Renata Carraro e Keila Márcia Teixeira Álvares, que,

com seus comentários, ajudaram a deixar minhas idéias mais

claras e tornar este trabalho mais próximo dos leitores.

Um obrigado carinhoso aos meus mentores e anjos da

guarda por me mostrarem a luz, me acompanharem e me orien-

tarem em minhas jornadas de herói.

Que eu consiga retribuir todas as bênçãos que recebo da

Existência!

Roberto Shinyashiki

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Sumário

Introdução 11

Capítulo 1 DÁ TRABALHO, MAS É LEGAL 21

No meio do caminho tem desafios 23

Hora de avançar 25

Crise é um aviso de que a vida chegou

à sua porta 28

Capítulo 2 FAÇA A VIAGEM VALER A PENA 33

Destrua a velha home page e construa

seu novo site 34

O verdadeiro milagre 36

As fases da travessia 39

Não tenha medo de caminhar no escuro

É gostoso demais ser você mesmo 49

Capítulo 3 OS INIMIGOS DA TRAVESSIA 53

Não tenha medo de bicho-papão 54

Atolados no meio do caminho 58

Os tipos atolados 60

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Capítulo 4 UM MARCO NA JORNADA DO HERÓI

91

83

Capítulo 5 OS SEUS PODERES INTERIORES

Integridade 93

Capacidade de explorar o mundo interior

Assuma as suas escolhas 105

Conserte os seus erros 109

Acredite sempre 113

Construa a sua vida com equilíbrio 116

Habilidade de suportar pressões 119

Capacidade de aprender rapidamente 122

Consistência e regularidade 125

Capacidade para celebrar 129

Capítulo 6 OS ANJOS DA GUARDA 133

Amizades 134

Os relacionamentos 138

Os familiares 144

Os mentores 145

101

Conclusão VÁ COM DEUS 151

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introdução

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Fui um jovem muito complicado.

Tão complicado que, às vezes, nem eu mesmo acredito como

a minha vida mudou tanto. Para ser sincero, muitas vezes me per-

gunto como foi que sobrevivi a todas as loucuras da juventude.

Eu era um rapaz normal, pode-se dizer. Com todas aquelas

dúvidas e incertezas de quem ainda não sabe o que quer da vida,

com as manias de achar que era dono do meu nariz, que tudo o

que era ruim só acontecia com os outros e por causa dos outros...

Enfim, como a maioria dos jovens, eu arriscava mais do que

convinha, porque me sentia imune a todos os riscos, no direito de

fazer o que quisesse, da forma que me agradasse.

Mas tudo era só fachada, um modo de esconder a minha in-

certeza quanto ao futuro e os meus medos com relação ao que

ainda teria de enfrentar.

Eu era líder de uma comunidade de jovens cristãos e isso me

acalmava um pouco. Mas a verdade é que tinha o coração cheio

de angústia e insegurança. No fundo, eu não queria crescer, por-

que nada do que via na vida dos adultos me dava vontade de

tornar-me um deles. Além do mais, eu tinha muito medo de não

dar certo na vida.

Então, eu arrumava desculpas para mim o tempo todo. Achava

a escola extremamente chata e as profissões de que as pessoas

me falavam não me despertavam o interesse. Repetia para mim

mesmo que as coisas que meus pais diziam sobre a vida não fa-

ziam sentido, portanto não via razão para escutá-los. Costumava

gozar dos meus amigos que começavam a dar certo na vida,

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quando na verdade, muitas vezes, desejava ter as certezas deles.

Vivia frustrado, decepcionado comigo mesmo, sentindo muito

medo de fracassar.

Como para muitos jovens rebeldes da minha época, a música

parecia ser a única alternativa razoável. Ter uma banda, tocar em

um conjunto, era uma forma de mostrar ao mundo meu modo de

ser, sem ter de dar explicações a quem quer que fosse - pelo me-

nos era assim que eu imaginava. Decidi ser músico.

Depois de muito eu insistir, minha mãe me deu um violão e

logo depois uma guitarra. Daí a tocar em uma banda de rock foi

um pulo. Talvez uns seis ou sete meses, no máximo. Em seguida,

comecei a tocar em conjuntos de baile e, passado um ano, fui to-

car na noite, nos bares de Santos, cidade onde cresci.

É claro que, uma vez que eu não achava que estudar era im-

portante, abandonei de vez a preocupação com a escola. Não pres-

tava atenção às aulas e muito menos estudava em casa. Tinha a

ilusão de que, apesar de não fazer nada, as coisas dariam certo.

Mas o meu rendimento nos estudos foi piorando de forma dra-

mática. Fui reprovado várias vezes, sem me importar com isso.

A verdade é que eu não conseguia dar um jeito na minha

vida. Queria ser diferente e acabava fazendo apenas as coisas que

eu pensava que eram certas. Só que, no final, acabava causando

dor às pessoas que eu amava, além de machucar-me muito.

Não pense que é fácil ser aquele que só causa problemas. A

sensação, nessas horas, é de que nossa vida está atolada. Você

não consegue ser o filho que seus pais gostariam de ter, nem

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consegue ser o adulto que você gostaria de ser. As crises tornam-

se inevitáveis.

Diversas vezes me perguntei: será que é melhor desistir de

tudo? Minha angústia chegou ao ponto de eu não agüentar mais

viver. Os pensamentos depressivos passeavam pela minha cabeça

como gaivotas no final da tarde nas praias de Santos.

Nessa época, os amigos foram fundamentais para eu encontrar

o meu caminho. Nossas conversas me mostraram que eu não estava

sozinho no atoleiro. Suas reflexões apontaram novas possibilida-

des e, principalmente, sua lealdade ajudou a me sentir amado.

Alguns adultos também foram muito importantes naquela

época. Jamais vou esquecer o senhor Edésio Del Santoro, diretor

do Colégio Canadá, onde estudei. Ele foi uma das poucas pessoas

que acreditaram em mim. Sempre que nos encontrávamos pelo

corredor da escola, ele me perguntava sobre meus projetos. Seu

olhar de curiosidade em nossas conversas indicava que eu tinha

algo de interessante a mostrar a uma das poucas pessoas que ad-

mirava naquela época.

Certo ano, eu dependia apenas de uma avaliação positiva de

minha professora de Matemática para não ser reprovado. 0 diretor

Edésio marcou uma reunião com a professora e eu. Dona Rosinha

começou falando mal do meu comportamento e desenrolou uma

lista dos meus problemas. Ele a escutou pacientemente e final-

mente disse:

— O Roberto é um rapaz muito inteligente, que tem muitos

talentos. Ele compete pela escola no time de futebol, participa de

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teatro e, além disso, toca em um conjunto musical. Ele pode não

ser um aluno comportado como os outros, mas tem muitas habi-

lidades. Estou certo de que vai ser um homem que fará muita coisa

boa para as pessoas e de que um dia a senhora ainda vai sentir

orgulho de ter sido professora dele.

Dona Rosinha simplesmente fez um sinal com a cabeça, mas

não o escutou. Acho que ela preferiu optar pelo orgulho de me

reprovar.

Mais importante que tudo, os elogios do professor Edésio fo-

ram um bálsamo para a minha alma. No meio de uma multidão de

pessoas que me criticavam e me apontavam como exemplo de um

jovem perdido, ele sempre destacou minhas qualidades.

Há bem pouco tempo, fui dar uma palestra em Santos. Antes

da palestra, os organizadores fizeram-me uma homenagem. Exibi-

ram um filme sobre a minha vida e falaram de minhas conquistas.

Convidaram pessoas que participaram da minha formação, in-

cluindo o pessoal do Colégio Canadá. O senhor Edésio era um dos

presentes. Quando o abracei, lágrimas de gratidão correram pelo

meu rosto. Ele foi uma bênção de Deus no meu caminho.

Eu imagino que você esteja pensando se naquela homena-

gem apareceu algum dos professores que me detonavam e diziam

que eu iria dar em nada. Apareceram, sim. E me abraçaram com

alegria sincera, da mesma forma como os abracei com gratidão.

Eles fizeram parte de um passado que me construiu do jeito que

sou hoje.

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No caminho de volta para São Paulo, pensei com meus bo-

tões: ainda bem que dei mais valor ao que o seu Edésio dizia do

que ao que a dona Rosinha pensava de mim!

Houve também outra pessoa muito especial naquela época:

minha psicoterapeuta, a doutora Isabel. Ela foi sensacional como

orientadora, mas o que mais lembro é o seu olhar de confiança em

meu futuro. Minha admiração por ela era tão grande que comecei

a pensar em fazer para outras pessoas todo o bem que ela me fa-

zia. Foi ela a principal responsável por eu decidir cursar Medicina

e me tornar um psiquiatra.

Em seis meses minha vida se transformou radicalmente. Lar-

guei a "carreira" de músico na noite e entrei na faculdade de Me-

dicina. As pessoas ficavam surpresas quando me encontravam e

descobriam que eu estava estudando para ser médico. De músico

rebelde para médico! Ninguém acreditava que o "China" tinha re-

solvido levar a vida a sério. Minha sensação era de que meus ami-

gos de Santos se perguntavam em quantos meses eu voltaria à

vida desregrada de antes. Mas, em vez disso, preferi assumir o curso

de Medicina com responsabilidade e, em pouco tempo, especiali-

zei-me em Psiquiatria.

Apaixonei-me pelo trabalho. Minha realidade mudou da água

para o vinho. Passei a valorizar a importância de ter um motivo

para lutar. Ajudar as pessoas a encontrar seu caminho tornou-se a

razão do meu trabalho.

Depois de tantos anos atolado (minha vida realmente estava

bastante travada naquela época), como um motorista em deses-

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pero que acelera o carro e gasta gasolina sem sair do lugar, des-

perdiçando energia sem ir para a frente nem para trás, consegui

enfrentar os desafios que me ajudaram a chegar aonde estou hoje.

Nessa época o "China" se tornou o Roberto.

Quando decidi ser eu mesmo, percebi que a jornada não se-

ria fácil. Mas, exatamente por isso, cada vitória se tornou ainda

mais saborosa.

O mundo de hoje está de cabeça para baixo. O mercado de tra-

balho está mais louco que nunca. Os relacionamentos afetivos estão

em uma transformação absurda. Não me surpreende que muitos jo-

vens se sintam muito inseguros em relação a seu futuro. O que não

pode é se deixar ficar atolado sem conseguir realizar seus sonhos.

Não é possível que uma pessoa honesta, linda e dedicada

como você não consiga seguir adiante em seu caminho.

Se você estiver vivendo um momento de indefinição em re-

lação à sua vida, é chegada a hora de fazer a mochila e começar

sua caminhada. Sua vida é construída com o seu movimento.

Avance! Mesmo que você não tenha certeza do seu futuro. Avance!

Mesmo com medo, siga adiante. Não deixe que o passado o im-

peça de realizar seus sonhos.

Lembro-me de que, quando fui estudar em São Paulo, tive de

reunir todas as forças e controlar-me para não voltar para a vida

noturna, porque eu sabia do fascínio que sentia pela vida irres-

ponsável que havia levado nos bares das noites de Santos. Foi im-

portante dar adeus ao passado e começar a construir o meu futuro.

A princípio eu achava que estava me privando de muitas coisas,

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como um alcoólatra que se controla para não beber mas sente

falta do álcool. Depois, no entanto, aprendi a sentir prazer em

coisas muito mais fascinantes.

De nada adianta adiar os nossos projetos por medo de mu-

dar. Mais cedo ou mais tarde, a vida nos cobrará essa conta. Mudar

é um dos desafios mais fascinantes que a vida nos apresenta. Mu-

dar é sinônimo de crescer. Mudar é uma viagem que fazemos, em

que não temos certeza de quase nada.

Lembro-me do meu primeiro dia de cursinho para Medicina.

Fiquei pensando no que eu estava fazendo ali. Logo eu, que tinha

sido o estudante mais preguiçoso das escolas de Santos, estava

em uma sala com mais de 500 alunos, muitos com cara de "cdf" e

tantos outros que estavam fazendo cursinho pelo terceiro ano con-

secutivo, sem terem obtido sucesso no vestibular.

No começo, a cada dia que entrava na imensa sala com aquela

multidão de alunos era como se eu estivesse entrando em um

campo de batalha para uma luta de morte. Eu tinha muitas dúvi-

das sobre se teria sucesso e o que iria conseguir no meu futuro.

Talvez a única certeza fosse aquela sensação de que a minha vida

não poderia ficar do jeito que estava.

Quando lembro do mundo em que comecei a minha vida e

comparo-o ao mundo que meus filhos têm de enfrentar para rea-

lizar seus objetivos, eu me dou conta de que os desafios deles são

muito maiores do que foram os meus.

Um exemplo bem simples acontece na sala de aula. Quando

eu era aluno, o problema dos professores era um aluno que não

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aprendia. Hoje os professores têm de enfrentar violência, drogas,

e principalmente crianças afetivamente carentes por causa da au-

sência dos pais.

É provável que você também esteja com muitas dúvidas so-

bre o seu futuro, mas a única maneira de resolver essas questões

é caminhar, seguir em frente. Mergulhe com confiança no propó-

sito de buscar a sua razão de viver. Acredite em você, acredite em

uma vida melhor e avance sempre.

Tenho certeza de que os seus desafios são maiores do que a

humanidade já enfrentou, mas também tenho fé na sua capaci-

dade de superar todos os obstáculos que aparecerão na sua vida.

Enfrente-os, um dia você ficará surpreso ao perceber que a mu-

dança já ocorreu. Então, vai olhar-se no espelho e sentir orgulho

de si mesmo.

A vitória virá, com certeza. Mas virá antes para aqueles que

decidirem agir e souberem persistir na empreitada.

Agora é com você!

Mas vamos juntos, sempre em frente.

Com muito carinho,

Roberto Shinyashiki.

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Um rio cristalino atravessava a floresta em direção ao

mar, orgulhoso da beleza de suas águas. Havia cruzado morros

e campos sem se contaminar, imune à poluição e à sujeira.

Ao se aproximar do final do trajeto, porém, viu um imenso

mangue à sua frente.

Revoltado, o rio chamou por Deus:

— Não é justo, Senhor.

— 0 que não é justo? — quis saber o Todo-poderoso.

— Durante todo o meu trajeto, alimentei plantações às

minhas margens, matei a sede de homens e bichos, dei lazer e

descanso a muitas pessoas.

— Sim, e o que há de errado agora?

— O Senhor não vê? Já tão próximo de meu destino, terei

de misturar-me ao mangue. Minhas águas ficarão turvas e fé-

tidas. Vou ficar aqui parado sem nada da alegria que carreguei

até aqui!

Deus então respondeu:

— Tudo vai depender da maneira pela qual você enfren-

tar esse desafio. Se você entrar no mangue com medo, suas

águas se misturarão ao barro e você vai carregar esse mau

cheiro pela vida afora. Mas, se entrar com coragem e determi-

nação, você se esparramará sobre o mangue e suas águas vão

evaporar-se, transformar-se em nuvens e o vento vai levá-las

até o mar. Quando se tornar chuva, cairá sobre o mar e se tor-

nará parte dele.

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NO MEIO DO CAMINHO TEM DESAFIOS

Na sua vida tudo vai depender da maneira como você vai en-

frentar os seus desafios. Quem entrar com medo vai se transformar

em mangue, quem tiver coragem e determinação vai virar mar.

Hoje, principalmente com as dificuldades impostas pela vida,

em que o excesso de competição está presente em tudo, seja no

mercado de trabalho, seja nas relações amorosas, seja no dia-a-dia

com os amigos, viver é enfrentar uma seqüência de desafios. Eles

surgem a toda hora, no caminho do nosso crescimento. Quando

queremos alcançar alguma coisa importante na vida, sempre te-

mos de batalhar para realizar uma conquista.

Você já imaginou o jogador de futebol Ronaldo, o Fenômeno,

na sala de Fisioterapia, após mais um problema físico, fazendo o

mesmo exercício por horas a fio? Tenho certeza de que em alguns

momentos surgiram na mente dele perguntas complicadas, como:

para que tanto esforço? Será que vale a pena tanto sofrimento?

Será que todo esse sacrifício vai dar resultado? Será que eu não

deveria parar de jogar agora que ainda sou jovem, tenho dinheiro

e posso aproveitar a minha vida, já que conquistei tudo o que po-

deria sonhar?

Hoje, o seu impasse pode ser tornar-se a pessoa que você de-

seja ser e realizar seus projetos de vida. Mas, com toda a certeza,

outros tantos desafios vão aparecer em seu caminho. Quer alguns

exemplos? Que tal:

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Será que devo me casar?

Será que devo ter filhos?

Será que devo montar a minha empresa?

No início, esses impasses serão apenas questionamentos que

você poderá responder com um sim ou com um não. Você pode

perceber que não tem vocação para ser um empresário, mas sim

um pesquisador e decidir trabalhar em uma universidade. Você

pode decidir que não quer se casar, ou que não quer ter filhos.

Mas quando o impasse que você está vivendo é"será que eu

consigo ser a pessoa que quero ser?" só existe uma resposta

aceitável:

— SIM! VAMOS EM FRENTE.

Esse mangue tem de ser enfrentado como você já enfrentou

outros tantos desafios em sua vida.

O primeiro provavelmente aconteceu na sala de parto.

Embora não se lembre, posso imaginar o berreiro que você

abriu ao respirar sozinho pela primeira vez.

Depois vieram outros atoleiros:

• 0 primeiro dia de aula (Quem são esses desconhecidos,

neste lugar estranho?).

• A primeira noite fora de casa (Será que não é melhor ficar

quieto em casa, onde já conheço tudo?).

• Para alguns, a dor de ver os pais se separando.

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• O primeiro namoro, a primeira transa, o primeiro emprego.

E tantos outros desafios que você precisou enfrentar — al-

guns com mais prazer e menos sofrimento que outros, mas, sem

dúvida alguma, todos despertaram em você o medo da mudança,

a insegurança de quem vai dar um passo rumo ao desconhecido

e o alívio e a alegria por ter avançado.

As coisas que já não lhe servem começam a fazer parte do

seu passado, tornando-se apenas lembranças de um momento de

mudanças.

HORA DE AVANÇAR

Um dia você acorda e percebe que muitas coisas que achava

normal começam a deixá-lo chateado, como escutar reclamações

dos seus colegas de empresa porque não fez o combinado, ou to-

mar uma dura do chefe porque seu trabalho está ruim.

Você fica sem jeito de pedir um dinheiro extra a seus pais.

Esperar pelo namorado que você ama, mas que nem lhe dá satis-

fação pelo atraso, começa a incomodar demais. Você liga para sua

amiga, convida-a para sair, e ela diz que não pode, pois foi promo-

vida no emprego e está muito ocupada estudando para o novo

cargo. O seu amigo de infância liga e convida-o para tomar um

chope, porque quer comemorar a compra do apartamento novo,

e você se sente inferiorizado.

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É, parece que alguma coisa não está indo muito bem!

Você fica sem graça ao ver seus amigos falando sobre suas

vitórias, por não ter as suas histórias para contar. Você ainda tenta

justificar para si mesmo que é só uma questão de tempo para suas

vitórias acontecerem, mas começa a ouvir a voz da sua consciência

lhe dizendo que alguma coisa está errada, que não deveria ser as-

sim. O mais forte é a sensação de que você nasceu para uma feli-

cidade que ainda não encontrou. É a impressão de que existe algo

melhor à sua espera, que precisa ser alcançado com urgência.

Sente que, de alguma forma, você está ficando para trás e desper-

diçando as oportunidades da sua vida.

Ao mesmo tempo em que o desconforto aumenta, a voz do

medo começa a martelar a sua consciência:"Para que largar as mi-

nhas coisas?""Para que me matar no trabalho se eles não valori-

zam ninguém?" "Quando for promovido, vou mostrar a minha

competência.""Para que me preocupar com minha namorada se

tem tanta gente querendo sair comigo?'!

A cabeça da gente começa a ficar confusa escutando duas

vozes ao mesmo tempo.

Uma diz para avançar e pagar o preço:"Vá em frente!'!

A outra diz: "Você não precisa disso! Relaxe que ainda não

chegou a hora. Deixe as coisas como estão!"

Essas vozes vão se repetindo em nossa cabeça, exatamente

como aquela cena em que a gente perde um pênalti no final do

campeonato da escola — você lembra? A gente fecha os olhos e

a cena aparece. Liga a TV e a cena aparece de novo.

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Isso começa a gerar uma angústia tão grande que as pessoas

que não têm coragem de avançar de verdade na vida começam a

tentar calar essas vozes. E fazem isso, muitas vezes, apelando para

o álcool, o exagero na comida e até mesmo passando a usar dro-

gas mais pesadas.

Tudo isso são coisas que só calam as vozes por alguns mo-

mentos. No dia seguinte, elas voltam com mais cobranças: por que

você bebeu desse jeito? Você não vê que está gordo de dar dó?

Meteu-se com drogas de novo, não é? Como você pensa que vai

sair dessa?

Você percebe que nada acalma a sua ansiedade. Nada disso

é solução.

O único caminho é escutar a voz do coração e seguir em

frente.

CRISE É UM AViSO DE QUE A VSDA CHEGOU À SUA PORTA

Toda mudança importante é precedida por uma situação

de crise.

As coisas que você valorizava já não o satisfazem, mas você

hesita em se desfazer delas com medo de sentir falta um dia. Isso

é natural, agora, você quer outras coisas da vida. Quer vencer na

vida, ser importante, ser feliz. Seus anseios aumentaram, mas ao

mesmo tempo as chances de conseguir um lugar ao sol são res-

tritas, a competição é intensa e os desafios são imensos.

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A travessia de um mangue, por sua vez, não é lá coisa muito

simples. Há momentos repletos de contradições e dúvidas.

Essa situação lembra até certos filmes de aventura, como

Matrix, Indiana Jones, 0 Senhor dos Anéis, nos quais o personagem

principal vive uma rotina vazia até receber um chamado que o faz

arrumar as malas e partir com uma importante missão a cumprir.

Então, o protagonista é submetido a uma série de provações, que

o mitólogo Joseph Campbell chama de jornada do herói.

No final, para quem batalha o prêmio é sempre uma grande

descoberta pessoal, com a elevação de sua vida para um patamar

de maior satisfação e realização.

Se você está recebendo um chamado da sua consciência para

ser tudo o que tem potencial de ser, a única solução é fazer as ma-

las, como um Indiana Jones de verdade, e embarcar na aventura

da sua vida.

Jorge é filho de um grande amigo meu. De vez em quando,

ele vem conversar comigo. Durante muito tempo, teve uma vida

desregrada. Apesar das cobranças dos pais, Jorge levava tudo na

flauta. Trabalhava com o pai, praticamente sem compromisso de

horário ou metas. Baladas e cervejas eram a sua rotina, arru-

mava programas com os amigos todos os dias, enfim, levava

uma vida sem responsabilidades.

Quando precisava de mais dinheiro, sua única preocupa-

ção era como convencer o pai a aumentar sua mesada. Fazer

algum trabalho extra para ganhar mais, nem pensar.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Um dia ele me confessou que a velha rotina já não lhe pa-

recia suficiente. Aos poucos, deu-se conta de que aquela boa vida

havia perdido a graça.

Não sentia mais satisfação em ficar no bar com os amigos

conversando as mesmas coisas de sempre, as baladas tinham se

tornado repetitivas e nem mesmo ficar paquerando garotas di-

ferentes o tempo todo parecia tão fascinante.

Jorge sabia que deveria fazer algo quanto a isso, mas seu

medo de não dar certo na vida era muito grande. Sabia que pre-

cisava mudar, mas tinha muito medo de fracassar. Cada vez que

alguém lhe dizia algo como "fulano é um perdedor", ele sentia

um aumento nos batimentos cardíacos. Não queria tornar-se um

fracassado.

Embora soubesse que precisava mudar, o medo de fracas-

sar na vida fazia que ele hesitasse em avançar.

Em certo momento, com o rosto vermelho de vergonha,

Jorge desabafou: "Eu me sinto um perdedor porque tenho medo

de ser um perdedor".

Sorri e disse: "Esse é um bom começo. Você reconhecer o

medo e abrir o coração para alguém é o primeiro passo para

vencer".

Existem milhões de Jorges por aí. Pessoas insatisfeitas, com

medo de enfrentar seus fantasmas e resolver os dilemas da vida.

Toda mudança é um desafio.Toda mudança envolve a lguma

dor. Mas chega um ponto em determinadas situações no qual não

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

mudar dói ainda mais. E a gente só decide mudar quando a dor

de permanecer na situação em que está é maior do que o medo

da transformação.

É preciso sentir-se mal o suficiente com a atual situação para

ter coragem de avançar em busca de algo melhor. É preciso per-

ceber os avisos de insatisfação da sua alma para escutar a voz da

sua consciência dizendo: vamos lá! Agora é com você!

Um dia você interrompe uma briga com sua mãe porque

percebe o quanto é infantil querer mudá-la em vez de cuidar da

sua vida.

Ou você percebe a infantilidade de ficar discutindo com o seu

marido sempre pelas mesmas coisas e resolve cuidar de ser feliz.

Um dia, nas conversas com os amigos, você se sente ridículo por

ficar criticando seu chefe, como se ele fosse o responsável por seus

problemas na empresa, e resolve cuidar melhor da sua carreira.

Quando o desconforto da situação aumenta, surge a coragem

de dizer para si mesmo: é agora ou nunca!

Nesse momento, você decide fazer o que realmente tem de

ser feito e então começa a sua jornada de herói.

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2 faça a viagem valer a pena

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Se você observar o mar,

vai ver que a vida é mutante como a cidade.

Ninguém pode nos rotular.

Perder, ganhar, deixar rolar

intensidade agora em algo novo.

A vida tem que se renovar.

Trecho da música O universo a nosso favor, composta por Nicolas,

Danilo, Rodrigo, Vitor e Chorão, do Charlie Brown Jr.

DESTRUA A V E L H A HOME PAGE E CONSTRUA

O SEU NOVO SITE

"Intensidade agora em algo novo""A vida tem que se reno-

var" Os versos cantados por Chorão, vocalista da banda Charlie

Brown Jr., servem de incentivo para aqueles que estão dispostos

a avançar.

Solte as amarras, liberte-se das grades, jogue fora âncoras e

apegos. Largue para trás a mochila velha, abarrotada de coisas

que já não servem para nada.

Há uma história circulando na internet que ilustra bem essa

idéia:

Um urso faminto procurava alimento na floresta. Chegou a

um acampamento de pescadores, atraído pelo cheiro de comida

vindo de um enorme caldeirão colocado sobre uma fogueira.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

0 local estava vazio naquele momento, por isso o urso se

aproximou e, enfeitiçado pelo cheiro, abraçou o caldeirão e o

retirou do fogo.

Logo seu peito e suas patas começaram a queimar em

razão do contato prolongado com o ferro em brasa. Como des-

conhecia aquela sensação, o urso pensou que algum outro ani-

mal tentava feri-lo para se apoderar da comida.

Assim, em vez de largar o caldeirão, ele o prendia ainda

mais contra o peito.

Quanto mais lhe doíam as queimaduras, mais fortemente

o urso apertava o caldeirão. E urrava — de dor e de raiva — por-

que tentavam roubar-lhe o alimento.

Ainda agarrado ao caldeirão, o urso afinal morreu, vencido

por aquele estranho animal que ousara desafiá-lo.

Nós, muitas vezes, nos agarramos às coisas do passado como

se não pudéssemos viver sem elas. Outras vezes, os desafios colo-

cados diante de nós são imensos e ficamos com medo de encarar

a mudança. Não percebemos que a dor vem exatamente de aper-

tar o caldeirão do apego contra o peito, em vez de largá-lo.

Talvez você fique triste de sair de casa para estudar fora, mas

depois de um tempo descobrirá novas alegrias em sua vida.Talvez

você fique com uma sensação de ser vítima da perseguição do seu

chefe quando tiver de pagar o MBA com o próprio dinheiro, sem

ajuda da empresa, mas a elevação do seu currículo profissional

será a sua vitória.Talvez você se sinta um tanto arrependida de ter

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

dispensado o seu namorado e ter de começar tudo de novo com

outra pessoa, mas é muito melhor enfrentar mais uma batalha di-

fícil do que ter uma derrota permanente.

Portanto, quando perceber que o passado frustrante ou o pre-

sente insatisfatório estão pesando em sua vida, não vá fazer como

o urso da nossa história. Largue logo o seu caldeirão e parta em

busca de novas possibilidades na sua vida.

Esse caso aconteceu há quase trinta anos: uma amiga, filha

de pessoas riquíssimas, com várias empregadas à disposição, me

contou sobre a alegria que sentiu ao se mudar para uma repú-

blica de estudantes, na época da faculdade.

Ela e suas novas amigas dividiam um quarto pequeno,

tinham de controlar os gastos com comida e limpar, elas mes-

mas, o apartamento.

Mas minha amiga dizia que era ótimo respirar o ar da pró-

pria casa, cuidar do próprio canto.

Isso a fazia muito feliz.

Que bom que minha amiga largou o conforto do passado e

criou a própria história.

O VERDADEIRO MILAGRE

Quando somos crianças, os adultos nos lêem contos de fada

e algumas dessas histórias influenciam a nossa maneira de pensar.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Por exemplo, o poder da varinha mágica, com que a fada nos toca

— plim! — e muda tudo instantaneamente em nossas vidas, acaba

criando ilusões. Muita gente se convence de que, na vida real, tam-

bém vai surgir uma fada que, em um piscar de olhos, transformará

a gata borralheira em uma rica princesa.

Hoje, a fada madrinha possui diferentes disfarces. Muitas mo-

ças bonitas sonham com a chegada de um olheiro de uma agên-

cia de modelos, que as descobrirá e mudará sua vida em um toque

de mágica. Elas não entendem que, na maioria das vezes, o olheiro

não vai reparar nelas. Muito menos escolhê-las. Para algumas mo-

ças que forem escolhidas, será o início de uma vida de muito tra-

balho, dedicação e sacrifícios. No final, bem poucas conseguirão

dar certo na carreira. O sucesso acontecerá apenas para algumas

delas? Sim, mas essas moças terão de se sacrificar muito para isso.

As revistas de celebridades mostrarão apenas o glamour da car-

reira de modelo, mas não citarão as intermináveis dietas, nem os

incontáveis testes, as noites mal-dormidas, a necessidade de acor-

dar cedo para fotografar, entre outras coisas.

Tem marido que imagina que as brigas com a esposa vão ter-

minar no dia em que ela fizer a primeira sessão de terapia. Ele

pensa que se sua mulher mudar o modo de agir tudo se resolverá

na relação do casal, como em um passe de mágica. O marido nem

mesmo sonha em fazer uma autocrítica e verificar qual é a sua

parcela na responsabilidade pelas encrencas do casal. Ele ignora

completamente que um bom casamento é construído com con-

quistas diárias realizadas a dois.

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Roberto Shinyashiki s e m p r e e m f r e n t e

A garota que fala em se submeter a um processo seletivo de

trainee, pensando que rapidamente vai se tornar presidenta de uma

multinacional, nem imagina a dificuldade que enfrentará para ser

aprovada nesse concurso e ser realmente contratada. Depois, as

promoções não acontecerão num passe de mágica. Entre tantos

funcionários, alguns vão chegar a gerentes. Poucos serão promo-

vidos a diretores e raros os que terão a possibilidade de se candi-

datar ao cargo de presidente.

E você me perguntará:"IVlas, Roberto, então não é possível rea-

lizar um sonho?"

Sempre é possível realizar o seu sonho. É preciso ter muito

claro que os sonhos são construídos diariamente. Colocando-se

um tijolo em cima do outro, com paciência e determinação.

Eu não acredito em "passes de mágica" mas acredito em

milagres.

Um milagre acontece no momento em que a pessoa adquire

consciência de que merece uma vida melhor. Um milagre acontece

quando se tem prazer em fazer coisas que, para a maioria das pes-

soas, são muito chatas de encarar.

Um milagre acontece quando um jovem pára de fazer a per-

gunta: "Como eu faço para o meu pai me dar mais dinheiro?" e

começa a fazer a pergunta:"Como eu faço para ganhar o meu di-

nheiro?"

Um milagre acontece quando a pessoa tem prazer em cons-

truir sua obra com comprometimento e seriedade.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Escrever livros, para mim, envolve algumas atividades que

muitas pessoas consideram chatas. Mas eu consigo ter muito pra-

zer em fazê-las. Esse é o meu milagre diário. Adoro acordar às 4

horas da manhã para escrever. 0 silêncio de casa, a paz da madru-

gada, o prazer de ver o dia chegando, tudo isso aumenta a sensa-

ção de que estou fazendo algo que vai ajudar outras pessoas a

encontrar seu caminho. Adoro reescrever um texto muitas vezes,

vendo-o evoluir e imaginando o efeito que terá na vida do leitor.

No momento em que você decidir tomar a frente de sua vida,

não vai aparecer uma fada que, com um toque de varinha mágica,

transformará a sua vida instantaneamente. Você não se tornará o

maior publicitário do planeta de uma hora para outra. Nem vai se

descobrir vivendo com o amor da sua vida em uma casa cinema-

tográfica.

Mas pode acontecer um milagre: em uma fração de segundo,

você pode despertar para a sua vida e sentir prazer em realizar,

todos os dias, algo que a faça ter sentido.

AS FASES DA TRAVESSIA

Na maioria das vezes, a viagem por meio de um atoleiro é

marcada por quatro diferentes etapas. Acontece comigo e, prova-

velmente, também acontece com você, não importa nossa idade

nem a situação que vivemos. A história de Marly nos ajudará a en-

tender que etapas são essas e o que fazer para superá-las.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Marly era uma jovem que adorava reclamar dos pais. Vivia

brigando com eles, exigindo coisas e querendo tudo do seu jeito.

Tudo era motivo para explodir com a cozinheira. Dizia que a ra-

zão de ela viver angustiada era morar com a família. Quando

voltava do trabalho para casa, trancava-se no quarto para não

ter de falar com ninguém.

A única pessoa que ela ouvia era Marco, o namorado.

Viviam fazendo planos e Marly acreditava que tudo seria dife-

rente a partir do momento em que fossem morar juntos.

Quando finalmente passaram a morar sob o mesmo teto,

começaram a se sentir incomodados com a quantidade de pro-

blemas que tinham de resolver.

Marly ficava chateada porque Marco não participava das

atividades com ela. Para piorar, ele tinha de trabalhar até tarde

todos os dias, porque fora promovido a gerente em uma empresa

que estava em fase de reestruturação.

O sonho de Marly de ter uma vida cheia de romance ficou

reduzido a esperar Marco chegar em casa, tarde da noite, inevi-

tavelmente exausto.

Depois de algum tempo, as brigas e reclamações começa-

ram, tão constantes quanto no tempo em que Marly vivia na

casa dos pais.

Ela sentia-se traída por Marco e continuava com suas

angústias e insatisfações. A vontade de acabar com o relacio-

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

namento e voltar para a sua antiga casa aumentava todos

os dias.

A princípio, ela até acreditou que essa sensação passaria

e que Marco voltaria a ser carinhoso como no tempo de na-

moro. Mas isso não aconteceu. Então, logo começou a pensar

em se separar.

0 que será que aconteceu? Marly se enganou ao mudar sua

vida? Provavelmente não. Ela deu o primeiro passo, encarou o de-

safio de começar uma vida a dois, mas parou na primeira adversi-

dade. O que ainda estava faltando para ela era a consciência de

que morar com o namorado era somente um pequeno passo na

longa caminhada de aprender a conviver com outra pessoa. Se

quisesse construir um verdadeiro relacionamento de amor, algo

teria de mudar em suas atitudes.

Aos poucos, Marly foi percebendo que tinha o hábito de ar-

rumar brigas com todo mundo. Não havia aprendido a resolver as

dificuldades por meio de conversa e entendimento com as pes-

soas. E percebeu que isso era algo que precisava mudar com ur-

gência em sua vida.

Com alguma dificuldade, Marly domou seu gênio e continuou

a vida ao lado de Marco. Ele também teve de aprender a dividir

melhor seu tempo entre a nova posição na empresa e a esposa.

A história de Marly tem as quatro etapas que já mencionamos:

4:11

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Roberto Shinyashiki s e m p r e e m f r e n t e

A primeira etapa é a do impulso de deixar aquilo que nos in-

comoda.

Nessa etapa, Marly se sentiu muito frustrada e pensou em

deixar a casa dos pais o mais rápido possível. Tudo o que queria

era se livrar de um problema.

Ela mergulhou o pé no atoleiro,decidida a atravessá-lo, mesmo

sem ter muita noção do que isso significava. Sentiu uma vontade

irresistível de sair de uma situação incômoda e se lançar de cabeça

na aventura de construir seu caminho rumo ao oceano. A necessi-

dade de se afastar do problema familiar deu-lhe a confiança e a

força para iniciar sua jornada.

Assim como Marly, muitas outras pessoas agem impulsiva-

mente para tentar se livrar de uma dificuldade. Os problemas po-

dem ser diferentes: um namoro com uma pessoa que você não

ama, mas tem dificuldade em terminar; a decisão de recomeçar

uma faculdade depois de algum tempo; a necessidade de arrumar

um emprego e deixar de ser mais um dependente na casa dos pais,

entre outros.

O importante nesse momento é ter consciência de que, após

a decisão de mudar o que deve ser mudado, é preciso manter-se

firme para conseguir transformar a sua vida.

A segunda etapa é a da frustração.

Quando Marly saiu da casa dos pais, sua ilusão era de que

tudo iria ser um mar de rosas. Na verdade, o início dessa aventura

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

foi fascinante, até que ela começasse a perceber que envolvia mais

trabalho do que imaginava.

Quando o príncipe encantado se revelou um homem de ver-

dade, cheio de compromissos, as frustrações reapareceram. Ela se

sentiu em um conto de fadas ao inverso, em que o príncipe en-

cantado se transformou em um sapo cheio de obrigações. O sonho

de nossa princesa se transformou, na verdade, em um pesadelo de

frustrações.

Nessa etapa, a vontade de voltar atrás se tornou quase irre-

sistível. As imagens das mordomias que Marly tinha na casa dos

pais passaram por sua mente como em um filme de Hollywood. A

vida em família, que lhe parecia um inferno, passou a ser o paraíso.

Tudo parecia mais gostoso do que antes. Ela esqueceu os incômo-

dos da situação em que vivia e teve vontade de voltar no tempo.

Marly começou a sentir saudade da geladeira farta, da tran-

qüilidade de ter as roupas sempre limpinhas, da certeza de ter seu

quarto sempre arrumado e, principalmente, da segurança de po-

der pagar tudo com o cartão de crédito dos velhos.

Ela se esqueceu da sensação incômoda de viver sob o rígido

controle da mãe, dos discursos intermináveis do pai, da obrigação

de ter de dar satisfação de tudo o que fazia.

A dúvida apareceu com mais força ainda: será que devo con-

tinuar?

Muita gente, infelizmente, desiste de seu projeto de vida nessa

fase e regressa para a situação anterior, mais confortável. Mas

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

recuar nesse momento, sem enfrentar a situação, é pedir para vi-

ver muito frustrado.

Entramos então na terceira etapa: o luto.

Em nossa caminhada, depois de ter dado os primeiros passos e

experimentado o sentimento de frustração, vem a sensação de luto.

Luto é aquela tristeza que sentimos quando morre alguém

querido. No caso de Marly, não morreu ninguém de forma real, mas

de forma figurativa: sua vida anterior.

Aqueles que decidem continuar a caminhada são, então, sur-

preendidos por um profundo sentimento de luto.

Quando você olha para trás e se dá conta de que não existe

mais caminho de volta, surge a sensação de perda. Vem a tristeza

de ter de terminar um namoro de tantos anos com um rapaz super-

legal que, infelizmente, não desperta mais amor no seu coração.

Vem a dor de saber que você não vai mais ver seus pais e irmãos

quando voltar para casa todos os dias, depois do trabalho.

Isso significa que o mundo que deixou para trás jamais vol-

tará. Significa também que, ao optar por determinado trajeto, você

deixou de lado todas as outras possibilidades, todas as outras es-

tradas. É quando você sente alívio por ter superado as etapas an-

teriores, de indecisão e dúvida, mas experimenta muita dor por

renunciar a todas as demais.

Algumas tribos do Xingu levam isso muito a sério. Para ser

aceito no mundo dos adultos, o menino, depois de um longo

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período recluso, recebe um novo nome. Isso, para eles, marca que

aquela criança morreu e nasceu em seu lugar um homem.

No caso de Marly, foi na terceira etapa, a do luto, que ela

aprendeu a ver os aspectos bons de sua família que haviam ficado

para trás. Foi também nessa etapa que ela adquiriu consciência de

que seu desejo de construir um lar era sólido.

A saudade que teve nos momentos de lembranças começou

a mostrar-lhe que ela não saiu de casa para se livrar dos pais, mas

para construir uma nova família. O amor por Marco e a vontade

de ser feliz com ele mostraram que a volta para a casa dos pais

era impossível. Sua decisão foi um caminho sem volta.

Esse é um luto autêntico pelas coisas que vão ficar, ou já fi-

caram, para trás.

Infelizmente, algumas pessoas não conseguem ter a força in-

terior necessária para enfrentar e superar a dor de uma perda e

acabam voltando atrás na decisão de seguir a própria vida.

Chega, finalmente, a quarta etapa: a da certeza.

É quando você se conscientiza de que sua decisão está to-

mada e que vai continuar em frente, rumo ao mar imenso que o

espera do outro lado do mangue.

Para Marly, isso aconteceu quando ela percebeu que seu ca-

minho era amar Marco e construir seu casamento. Afinal, isso não

implicava deixar de amar seus pais. Muito pelo contrário, nesse

momento seu amor pela família que estava se formando era fruto

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do amor que Marly aprendeu na casa dos pais. Uma continuação

desse amor em outro lar.

Ela entendeu, também, que sua realização pessoal dependia

de coragem e determinação: a coragem de aprender a se relacio-

nar de um jeito novo e de construir um casamento de verdade.

Quando essa certeza se transformou na decisão de avançar,

Marly percebeu que tinha pela frente o compromisso diário de

aprender a escutar Marco e resolver seus impasses com diálogo e

cumplicidade.

Você também vai perceber que esse compromisso com o seu

crescimento tem de acontecer sempre que tomar a decisão de

prosseguir nas mudanças que quiser fazer em sua vida.

Esse é um contrato assinado consigo em que consta que não

desistirá e sim continuará rumo ao oceano de sua vida.

NÃO TENHA MEDO DE CAMINHAR NO ESCURO

Navegar é preciso,

Viver não é preciso. Fernando Pessoa

Você já viu algum mangue com mapa de acesso ou manual

de instruções?

Você já viu casamento com escritura definitiva?

É claro que não!

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Roberto Shinyashiki s e m p r e e m f r e n t e

Os argonautas, navegadores da Grécia antiga que cunharam

os versos de Fernando Pessoa recuperados por Caetano Veloso,

sabiam das coisas: viver não tem precisão! Viver não é uma ciência

exata! Temos de colocar o nosso barco para navegar e estar pron-

tos para as surpresas.

Tentamos minimizar todos os percalços, as dificuldades, faze-

mos um bom suprimento para agüentar o mar aberto, mas surpre-

sas sempre acontecem em nossa viagem.

Muitas vezes vai ser preciso ter a mesma paciência de um

morador que teve a sua casa, construída à beira do rio, destruída

por uma enchente: olhar o estrago, chorar alguns minutos e come-

çar a construir tudo de novo, agora com mais alicerces, para que,

quando as águas voltarem a subir, a casa não seja mais atingida.

Os objetivos da caminhada da vida têm de ser claros, mas

ninguém é capaz de prever com exatidão os obstáculos que po-

dem surgir ao longo do percurso.

Eu entrei na faculdade de Medicina para ser psiquiatra. No

segundo ano, conheci um professor de Psiquiatria que me adotou

como seu aluno predileto. Ele me deu chances incríveis de apren-

der muito. O único problema era que ele era um psiquiatra clás-

sico, que prescrevia muitos remédios e indicava internações e

eletrochoques a seus pacientes. Mas, como eu não sabia muita

coisa de Psiquiatria, fui absorvendo tudo o que ele me ensinava.

Depois de algum tempo ele me colocou como monitor de

alunos e prometeu contratar-me como seu assistente depois que

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

me formasse. Depois de alguns semestres, disse que queria que eu

fosse seu sócio em seu hospital.

Todo o meu futuro estava desenhado. Até que um dia, quando

voltava da praia nas minhas férias, encontrei minha mãe, que veio

correndo me dizer:"Filho, você tem de ir para São Paulo agora! Seu

professor de Psiquiatria morreu"

Enquanto dirigia meu carro para o enterro, lágrimas escorriam

pelo meu rosto. Algumas eram de dor pela morte de um amigo.

Outras, de frustração porque meu futuro acabava de desmoronar.

Algum tempo depois, matriculei-me em um curso de especia-

lização em Psicoterapia e encontrei outro jeito de fazer o meu tra-

balho. Hoje, tenho convicção de que esse, sim, era meu caminho

de verdade. E nunca precisei dar eletrochoque em ninguém! Deus

escreve certo por linhas tortas.

A radialista Miriam Morato sempre diz: "Deus nunca erra. O

que falha é a nossa compreensão do amor de Deus!"

As surpresas são inevitáveis, mas elas sempre mostram no-

vos caminhos a serem seguidos. O que importa é chegar ao seu

destino.

Se em algum momento você se sentir perdido, escute a voz

da sua consciência. Converse consigo. Como dizem os índios

norte-americanos, escute a mensagem do silêncio. É o que eu cos-

tumo fazer.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Quando surgirem momentos de indecisão, analise suas op-

ções, escolha e avance. Lembre-se de que pedra que não rola en-

che-se de limo. Água parada "apodrece"

Quando hesitamos à beira do atoleiro, nossa vida deixa

de fluir.

O avanço causa insegurança? É evidente que sim. O desco-

nhecido sempre dá medo. Mas o que seria da borboleta se a la-

garta se recusasse a sair do casulo? O que seria da rosa se o botão

se recusasse a abrir? O que seria do homem se o bebê se recusasse

a deixar o útero materno?

Avançar dá trabalho? É evidente que sim. Mas esse esforço

é sempre construtivo. Com o tempo, você perceberá que teria

muito mais trabalho se optasse em nadar contra a corrente da

evolução.

O desafio diante do desconhecido é fascinante.Traz também

muito prazer e nos premia com resultados muito além do que po-

deríamos imaginar.

É GOSTOSO DEMAIS SER VOCÊ MESMO

Opa! Estamos falando de obstáculos no meio do caminho, mas

essa caminhada não traz somente incertezas. Há coisas muito gos-

tosas também.

Ela traz a sensação agradável de saber que o pequeno

apartamento que você está dividindo com uma amiga é pago

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

com o dinheiro que você mesma ganhou batalhando no seu

emprego.

Traz a felicidade de saber que a pizza que você está sa-

boreando com os amigos na viagem de férias foi uma escolha de

vocês.

Traz a satisfação de sentir que você está construindo seu

destino.

Tenho um amigo que com o primeiro dinheiro que recebeu,

trabalhando em uma festa infantil em um final de semana, com-

prou uma camiseta preta na qual estava escrito rock'n'roll, que ele

namorava havia muito tempo, mas que seus pais nunca compra-

riam para ele.

Passados muitos anos, ele ainda conserva a camiseta. É seu

amuleto da sorte. Meu amigo costuma dizer que, toda vez que está

inseguro com alguma coisa, olha sua velha camiseta e tem certeza

de que vai conseguir vencer seu desafio.

Esses exemplos mostram o quão satisfatório é sentir-se cons-

truindo seu destino.

Você estudará com muito mais prazer no curso de especia-

lização que decidiu fazer.

Algumas horas a menos de sono serão compensadas com

muito mais retorno à sua dedicação.

Você passará a enxergar com mais clareza o que quer da vida.

Cada vez mais, você escolherá o que fazer, aonde ir e o que

comer.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Tenho certeza de que, daqui a alguns anos, você olhará para

essa etapa da sua vida com muito orgulho por ter tido a coragem

de perseguir seus objetivos e seus sonhos.

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3 os inimigos da travessia

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

NÃO TENHA MEDO DE BICHO-PAPÃO

Bicho-papão existe?

Lógico que não, mas tem muita gente que morria de medo

dele quando era criança.

Infelizmente, muitas pessoas não avançam na vida por causa

da ansiedade e dos medos imaginários. Resumindo: deixam de vi-

ver com medo do bicho-papão que pega gente grande.

O medo imaginário envolve a pessoa e a convida a parar. A

ansiedade faz que ela perca o foco e comece a andar desconso-

ladamente em círculos, sem chegar a lugar nenhum.

Imagine o que aconteceria se você mergulhasse em um rio

com o objetivo de alcançar a outra margem e, na metade do per-

curso, desse de cara com os olhos esbugalhados de um jacaré

vindo na direção oposta. O que faria?

Suas braçadas, antes provavelmente fortes e confiantes, se-

riam interrompidas de repente, assim como sua respiração. No

meio do rio, seus olhos encontrariam os do jacaré e ficariam assim,

por segundos intermináveis, à espera de um instante de distração

do inimigo.

Nada o convenceria a seguir em frente enquanto aquele

monstro de dentes pontiagudos permanecesse ali.

Assim é o medo. Ele nos convida a parar e até mesmo voltar

atrás.

Mas de onde vem esse medo?

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

São as vozes na sua cabeça, dizendo para você que as coisas

não vão dar certo.

Muitos familiares e professores vivem repetindo para a criança

que as coisas são difíceis e, indiretamente, que ela não vai conse-

guir realizar seus desejos. Quando essa criança cresce e se torna

um adulto, essas mensagens vão para seu inconsciente e conti-

nuam a pressioná-la. A pessoa não tem consciência dessas vozes,

mas elas ficam criando fantasmas no caminho de seus projetos.

Esse jacaré que você pode estar vendo nada mais é que um

pedaço de tronco ligeiramente apodrecido pelo contato prolon-

gado com a água. O medo imaginário é apenas um tronco pare-

cido com um jacaré. Por isso mesmo, você não deve dar-lhe o

poder de fazê-lo desistir de seus sonhos.

Quando os jacarés aparecerem em seu caminho, resista à ten-

tação de desistir da sua travessia. Olhe bem para eles e verá que

são troncos velhos e inofensivos, incapazes de fazer estrago em

sua vida.

Então, você me pergunta: "E a ansiedade, Roberto?"

A ansiedade é uma agitação provocada pelo medo, que faz a

pessoa agir impulsivamente, sem organização e disciplina.

Uma pessoa ansiosa costuma lidar com as coisas de maneira

precipitada, movimentando-se freneticamente quando deveria

manter a calma.

Os filmes de faroeste de antigamente com freqüência tinham

um episódio no qual um dos personagens, mocinho ou bandido,

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

entrava em um trecho de areia movediça. 0 bandido se debatia

desesperadamente e acabava morrendo. O mocinho, quando era

jogado na areia movediça, parava uns minutos para pensar, encon-

trava uma solução objetiva e escapava.

Ao cair na areia movediça, o pior erro da vítima é o desespero.

Quanto mais ela se debater, mais seu corpo afundará. O segredo

é controlar a ansiedade e se movimentar o mínimo possível, até

que encontre a saída.

Se um trecho de areia movediça aparecer durante sua traves-

sia do mangue, lembre-se de manter a calma e contar até dez. Te-

nha claro o seu objetivo e mantenha a sua estratégia, que os

resultados virão no momento certo.

Nos momentos de pressão, precisamos manter a calma e a

determinação.

O medo e a ansiedade são os grandes inimigos da transfor-

mação. Causam estagnação ou desvios perigosos e, de uma forma

ou de outra, impedem o fluxo natural da vida, afastando você da

sua capacidade de crescimento pessoal.

Mariana não conseguia passar no concurso para promo-

tora pública. Havia tentado durante três anos consecutivos, sem

resultado, e já estava perdendo as esperanças. Sabia quase de

cor as aulas do cursinho, dormia e acordava estudando. Não fa-

zia outra coisa na vida, mas nada de ser aprovada.

Na hora da prova, sentia tanto medo de fracassar de novo

que sua mente ficava travada. O medo virava um jacaré gigante.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Em vez de dizer a si mesma que o fato de ter estudado durante

três anos lhe dava segurança para fazer uma boa prova, ela ape-

nas repetia: "E se eu falhar mais uma vez?".

As mãos ficavam geladas, o estômago rígido e as respostas

sumiam de sua mente.

Mariana vivia assombrada pelo medo e pela ansiedade de

tal maneira que parecia estar sempre andando em círculos, sem

chegar a lugar nenhum. Parecia viver como se tivesse formigas

sob a pele, tamanha sua agitação.

Quando veio conversar comigo, seus nervos estavam arre-

bentados.

Sugeri que arrumasse um emprego e continuasse estu-

dando. Pedi que começasse a ouvir as vozes em sua mente e que

fosse fazer algumas sessões de psicoterapia para se conhecer

melhor.

Aos poucos ela aprendeu a lidar com suas emoções. Arru-

mou um emprego que lhe diminuía a tensão e, algum tempo de-

pois, conseguiu assumir uma postura mais leve e tranqüila,

tornando suas horas de estudo mais produtivas. No ano seguinte,

finalmente passou no concurso para promotora.

0 problema de Mariana não era falta de conhecimento,

mas de autoconfiança.

O medo imaginário não é um inimigo que se apresenta de

maneira clara.

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Às vezes, ele vem disfarçado de brigas com o irmão; ou de ir-

ritação com o chefe. Aparece camuflado como aquela preguiça,

aquela vontade de deixar tudo para amanhã, aquele desejo de

adiar as coisas.

Nem sempre é fácil perceber o domínio do medo. Você não

sente o estômago revirado, nem passa noites sem dormir. Tudo

parece normal.

Muitas vezes o medo se disfarça em vontade de fazer algo

que nada tem que ver com o seu objetivo de vida. Como aquele

rapaz que estava se preparando para o vestibular de Medicina e

resolveu se dedicar a um curso de ator.

— Você quer ser um ator? — perguntei.

— Não! — ele respondeu.

Então por que fazer um curso de ator justamente no mo-

mento em que ele tem de se concentrar nas provas? Ele pode fa-

zer o curso depois que entrar na faculdade.

Será que esses não são sinais de que o medo está à espreita?

ATOLADOS NO MEIO DO CAMINHO

Todos os seres humanos têm a força interior para se realizar

como pessoas, mas alguns não utilizam esse potencial e se tornam

muito menos do que poderiam.

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Os aprendizados da infância acabam influenciando forte-

mente a maneira como a pessoa se posiciona na vida. Uma infân-

cia com pais muito críticos e controladores pode prejudicar a

autoconfiança do indivíduo. Entretanto, pais que mimam demais

os filhos matam sua necessidade de buscar seus caminhos por ini-

ciativa própria.

O potencial de crescimento é uma força que sempre vai im-

pulsionar o ser humano na sua vontade de se realizar. O problema

é que, muitas vezes, as pessoas não percebem que estão atoladas.

Superficialmente, estão fazendo muitas coisas, mas todas elas só

levam a mais dependência.

Existem três maneiras de as pessoas ficarem atoladas na vida:

• A primeira é agir como um Peter Pari adulto, que mantém o

estilo de vida de quando ainda era criança.

• Outra maneira é tornar-se um Rebelde Sem Causa, que briga

com todos na ilusão de que fazer loucuras é um atalho para

se tornar um adulto poderoso.

• A última maneira é a do Faz-tudo, aquela pessoa que faz

muitas coisas ao mesmo tempo, mas não completa nada do

que começa e vive sempre na dependência dos pais.

Se você sente que sua vida não está evoluindo do jeito que

quer, vamos conhecer melhor esses três tipos de pessoas:

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sempreemfrente

OS TIPOS ATOLADOS

A armadilha de Peter Pari

É claro que você conhece a história de Peter Pan. Provavel-

mente, ouviu-a muitas vezes na infância. Torceu para que o Capi-

tão Gancho recebesse a devida lição e para que Wendy vivesse

feliz para sempre ao lado do herói, Peter Pan.

Peter Pan era um garoto que se recusava a crescer e, por isso,

vivia em um mundo fantástico, em que ninguém jamais envelhe-

cia. Esse lugar era a Terra do Nunca. Ali, as pessoas não eram obri-

gadas a lidar com as responsabilidades da idade adulta. A vida

delas se resumia às brincadeiras e aventuras típicas do universo

de faz-de-conta ao qual elas pertenciam.

É assim que muita gente age no mundo real.

Mas alguma vez você já se perguntou o que teria levado Peter

Pan à Terra do Nunca?

Para não assumir compromissos, o Peter Pan da vida real se

recusa a crescer. Mesmo que beire os 30 anos, ele tem a respon-

sabilidade de um garolo de 10: se esquece de pagar as contas,

precisa que as pessoas lhe avisem dos compromissos, o chefe não

agüenta mais cobrar o que ele promete, a namorada não agüenta

mais ter de lembrá-lo de estudar para os exames.

O Peter Pan de hoje entra em uma faculdade de segunda li-

nha, empurra os trabalhos com a barriga e vai passando de ano

aos trancos e barrancos (isso quando não se enrosca em um monte

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de recuperações). Considera-se bom aluno, mas continua espe-

rando a fada Sininho aparecer para quebrar seu galho.

O Peter Pan moderno é, também, a jovem mãe que deixa a

obrigação de criar o seu filho para a avó e continua levando a vida

como se, com o nascimento da criança, não tivesse selado um

pacto para toda a vida.

Esse mesmo Peter Pan é o jovem de família pobre que mora

na periferia e, em vez de procurar vencer na vida estudando, fica

o dia todo sentado na calçada com os amigos que nada lhe acres-

centam.

O Peter Pan, atualmente, pode ser o profissional que vê os

colegas se matando para entregar um projeto e nem liga para os

esforços deles.

O Peter Pan contemporâneo é o jovem que conversa com os

amigos sobre conquistas imaginárias, na esperança de que acon-

teçam sem que tenha de batalhar por elas.

"Como seria bom se eu tivesse a minha empresa!"

"Como seria bom se eu perdesse alguns quilos!"

"Como seria bom se o meu marido fosse promovido!"

Ele até pensa em realizar as coisas que deseja, mas o medo

de levar um "não" de fracassar ou de ser ridicularizado o faz desis-

tir antes mesmo de arriscar.

Você já viu um grupo de "habitantes" da Terra do Nunca?

Quase sempre, Peter Pan vive cercado por outros personagens

que também decidiram não crescer. Teme ser tachado de fracas-

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sado e, por isso, apóia-se nos amigos de sempre. Forma com seus

iguais uma confraria, em que todos se protegem mutuamente das

ameaças. Juntos, repetem as mesmas brincadeiras, debocham dos

amigos como sempre fizeram, contam velhas piadas e pregam as

mesmas peças que já tiveram graça no passado, mas que, hoje, pa-

recem infantis e inadequadas. Levam a vida tomando cerveja en-

quanto o tempo passa.

Se um deles começa a realizar seus sonhos e a crescer na vida,

é logo afastado do grupo.

Peter Pan não pára em empregos. Vive falando de uma idéia

genial que nunca vai acontecer porque, no fundo, nem ele nem

seus amigos estão dispostos a se sacrificar por ela. Se alguém se

aproxima com a intenção de ajudá-lo a crescer, Peter Pan finge que

não é com ele.

Critica tudo e todos, vive reclamando do companheiro, dos

colegas e do chefe, mas não consegue realizar nada por conta

própria.

Geralmente, os Peter Pan foram crianças que tiveram pais su-

perprotetores, que tinham pena deles e os mimaram muito. É bas-

tante comum que seus pais continuem a chamá-los pelos apelidos

da infância, mesmo na vida adulta. No fundo, eles não se dão conta

de que os filhos cresceram.

Esse jeito de viver até pode dar certo se Peter Pan arrumar

uma esposa rica que banque suas vontades ou se os pais o prote-

gerem para sempre. De qualquer modo, mesmo que tenha muita

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sorte, perderá a oportunidade de tocar a própria vida de modo in-

dependente. Desperdiçará a própria vida.

Mesmo depois de adulto, Peter Pan continua a pedir as coisas

para seus pais. Quando quer reformar o apartamento, de onde vem

o dinheiro? E para trocar de carro?

Há, nesse caso, uma doença hereditária raríssima em que a

pessoa não sente nenhum tipo de dor. Você pode queimá-la, cortá-

la, arrancar um braço e ela não sentirá nada. No primeiro momento,

você deve pensar que essa pessoa é feliz, pois não sofre com a dor.

Mas não é esse o caso. Ela também não sente nenhum prazer: um

toque, um beijo, um abraço para ela é nada. Recusando-se a cres-

cer, o Peter Pan evita as dores da jornada, mas também abre mão

de todo prazer que ela pode lhe dar.

Uma pessoa de 30 anos que vive como se fosse adolescente,

depende dos pais para tudo e nunca parou para pensar no futuro,

deixa de experimentar muita coisa boa. E, certamente, deixa de

expressar o que existe de melhor dentro dela.

Você já ouviu falar em "geração-canguru"? É assim que os es-

pecialistas batizaram os jovens que se aproximam dos 30 anos sem

deixar a casa dos pais. Algumas pesquisas mostram que, hoje em

dia, aproximadamente 30% deles ainda moram com os pais. Mesmo

depois de formados, com um emprego razoável e condições finan-

ceiras de manter o próprio espaço, eles não vêem motivo para abrir

mão da mordomia e permanecem na casa paterna (ou materna)

por tempo indeterminado.

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Na hora de criar vínculos amorosos, o Peter Pan de hoje pro-

cura uma pessoa que cuide dele como seus pais fizeram. Procura

sempre no companheiro uma mãe que o mime ou um pai que sa-

tisfaça todas as suas vontades.

Quando não tem seus desejos satisfeitos, acusa o outro de

egoísmo; mas ele mesmo não se preocupa em amar o outro. De-

siste do namoro ao primeiro sinal de problema. Chora, bate o pé,

diz que está sofrendo, mas não faz nada para mudar.

O Peter Pan da vida real reclama por não conseguir um está-

gio ou um emprego depois de formado. Ele não percebe que sua

expressão de incapacidade durante as entrevistas denuncia sua

falta de iniciativa e revela aos entrevistadores que contratá-lo não

vai ajudar a empresa em coisa alguma.

Depois de algumas tentativas mal-sucedidas, Peter Pan desiste

de trabalhar e volta para o seu grupo de amigos, onde estará livre

para fazer as velhas brincadeiras de sempre e falar mal da huma-

nidade.

Marcos é um desses rapazes que estão com o pé preso no

lodo. A gente costuma chamá-lo de "estudante profissional". Já

abandonou duas faculdades e se prepara para entrar na terceira.

Começa sempre empolgado e, quando está prestes a concluir o

curso, inventa sempre uma desculpa para desistir. Uma vez é a

falta de vocação, outra é a profissão que não dá futuro.

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Parece que o único futuro de Marcos é continuar estu-

dando para sempre. Quando conseguir um diploma, provavel-

mente vai engatar uma especialização após a outra, adiando

ainda mais o ingresso no mercado de trabalho. Ele faz qualquer

coisa para não ter de trabalhar. No fundo, está mesmo é com

medo de encarar as responsabilidades da vida adulta.

O comportamento de Marcos não é privilégio dos jovens.

Existe muita gente madura que, quando se trata de operar mudan-

ças em sua vida, age exatamente como um adolescente mimado,

um autêntico Peter Pan da vida real. Não assume responsabilidades

e prefere ficar reclamando de tudo o que acontece, seja no em-

prego, na escola, no casamento ou em qualquer outra situação.

Você conhece alguém que esteja deixando a vida passar dessa

maneira?

Será que você também está atolado como um Peter Pan?

Se for esse o seu caso, está na hora de aprender a trabalhar

para realizar seus projetos. A jornada do Peter Pan começa quando

ele decide bancar sua vida sem esperar presentes de ninguém.

Você não imagina o prazer que vai sentir ao andar com as

próprias pernas. Passear no colo dos pais pode ser muito confor-

tável, mas são eles que vão sempre decidir o seu destino.

O mais importante para se desvencilhar da armadilha de Pe-

ter Pan é assumir responsabilidades, ter persistência para ir até o

fim em direção aos seus objetivos e disposição para superar as di-

ficuldades que surgirem ao longo do caminho.

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A armadilha do Rebelde Sem Causa

Com os pés atolados na lama, o Rebelde Sem Causa agita os

braços o mais que pode para mostrar que ainda está vivo, que

mangue nenhum é capaz de derrotá-lo. Na sua concepção, esbo-

fetear o vento e esbravejar contra tudo e todos é a melhor forma

de mostrar-se forte, independente, dono do próprio nariz.

Para esse tipo de pessoa, brigar é sinônimo de ter autonomia,

armar confusão é o mesmo que ser autêntico e mostrar rebeldia

é requisito para tornar-se adulto. Como se gritar mais alto as tor-

nasse mais poderosas, diminuir os outros as fizesse maior e pro-

vocar medo fosse o antídoto para a própria insegurança.

Quem age dessa maneira continua sendo criança, fingindo

que virou gente grande.

Certas pessoas confundem rebeldia com maturidade: dirigem

em alta velocidade para mostrar que nada é capaz de detê-las, não

admitem cobranças quando erram porque pensam que são mais

poderosas do que os outros, brigam o tempo todo na esperança

de ser ouvidas e não percebem que fazem tanto barulho apenas

porque as próprias idéias não estão claras.

O Rebelde Sem Causa parece forte e superior, mas vive mais

perdido do que cego em tiroteio. Ele adora bancar o todo-pode-

roso, mas, quando cai em si, descobre que tantas encrencas só fa-

zem que os outros queiram se vingar dele. Ao humilhar uma

pessoa, essa pessoa fica magoada e quando tiver oportunidade vai

se vingar. O encrenqueiro sabe que os outros vão querer descon-

tar os maus-tratos recebidos, por isso vive sempre preocupado.

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Essa rebeldia talvez até dê uma sensação de poder, ou talvez

faça a pessoa se sentir forte, mas não passa de um grande engano.

Uma pessoa forte de verdade não precisa humilhar o outro para

se sentir superior.

O interessante é que tentando se mostrar crescido o Rebelde

Sem Causa tem o comportamento mais infantil possível. O bebê,

por não saber falar e não ter outra forma de expressão, só tem uma

forma de se comunicar: berrar e gritar. Quando ele quer mostrar

que sua situação não é a mais confortável, ou porque a fralda está

molhada, ou porque está com fome, ou porque está com cólica,

ele grita. O Rebelde Sem Causa, apesar de adulto, ainda não apren-

deu a dialogar com o mundo, e quando está incomodado o que

ele faz? Age como um bebê: briga e grita.

Um dia a máscara vai cair e o Rebelde não agüentará nem se

olhar no espelho.Tudo o que consegue com isso é fugir da voz da

sua consciência.

Suas encrencas acabam sendo um caminho para a autodes-

truição. Eles esquecem que para tudo há limite — e desafiá-lo pode

ser bem mais arriscado do que parece. A maioria dos acidentes

automobilísticos, por exemplo, mata jovens entre 18 e 29 anos, sem

contar que em geral motoristas que abusam da sorte acabam atin-

gindo pessoas inocentes.

Essa compulsão de se sentir poderoso a todo custo também

leva muita gente à promiscuidade sexual. Sem falso moralismo,

acredito que somos livres para lidar com nossa sexualidade como

quisermos. Mas não acho que valha a pena desrespeitar nosso

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corpo e nossa consciência apenas para tentar provar a nós mes-

mos que somos fortes. Transar sem preservativos, por exemplo,

pode levar ao final dessa viagem de desprezo pela própria vida.

O maior problema do Rebelde Sem Causa é administrar o sen-

timento de impotência. Em vez de construir a própria capacitação

e batalhar por seus objetivos, ele inventa formas artificiais de

convencer os outros de que dispõe de um poder que, na verdade,

não existe.

Essa postura intrépida e aparentemente segura serve para dis-

farçar a ausência de coragem que caracteriza seu universo interior.

Muitos Rebeldes Sem Causa buscam a autoconfiança também

no consumo de drogas e nas bebidas. É comum identificar pessoas

tímidas e inseguras entre aqueles que adotam as drogas, como se

elas fossem a resposta para todos os seus problemas: a poção má-

gica que as tornará invencíveis.

A timidez é anestesiada, a sensação de incompetência se eva-

pora, o problema do casal é esquecido, o medo de ser demitido se

vai, a insegurança desaparece e eles se sentem capazes de ousar,

de arriscar, de buscar o sucesso. Mas, em vez de levar adiante esse

desejo de superação e empreender mudanças efetivas em sua vida,

o que eles fazem é apenas arrumar mais brigas.

Os Rebeldes Sem Causa não sabem que as drogas e o álcool

são muito mais prejudiciais do que podem imaginar. Destroem o

cérebro e tiram do sujeito a vontade de batalhar por seus objeti-

vos. A maconha vai prejudicando aos poucos a capacidade de cres-

cer e superar seus desafios.

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Alguns desses Rebeldes Sem Causa se enganam dizendo a si

mesmos que não são viciados e poderão parar na hora em que

quiserem, até o dia em que descobrem que as drogas ficaram mais

fortes do que eles.

E não me refiro apenas às drogas ilícitas. 0 álcool provoca o

mesmo sentimento de fuga e invencibilidade e está cada vez mais

presente no dia-a-dia dos jovens. Nunca foi tão grande o número

de jovens alcoólatras e nunca o início do consumo ocorreu tão

cedo quanto hoje. Chama a atenção, sobretudo, a quantidade cres-

cente de meninas que incorporam o consumo de álcool e drogas

a seus hábitos — atitude predominantemente masculina até a ge-

ração anterior.

Embora pense que está agredindo o mundo, o Rebelde Sem

Causa, na verdade, sempre agride a si mesmo. Suas atitudes são

marcadas pelo desdém a quase todas as coisas. Enquanto defende

a postura de que "os outros que se danem" não faz mais do que

confirmar a idéia de que "sou eu mesmo que me dano"

A infância do Rebelde Sem Causa foi marcada por pais ausen-

tes e omissos. A criança não tinha com quem conversar e compar-

tilhar seus sentimentos, de modo que guardava para si todas as

mágoas e frustrações. Como não podia contar com os pais, tinha

de se virar sozinha e se tornava extremamente sensível, por se sen-

tir abandonada.

A criança vai percebendo que não tem com quem comparti-

lhar a dor da solidão e começa à esconder sua tristeza brigando

com os outros. Já que os pais não lhe dão carinho, arruma proble-

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mas para ver se consegue um pouco de atenção. E sai pela vida

afora brigando e afastando as pessoas, quando na verdade o que

precisa é de amor.

O Rebelde Sem Causa adora arrumar encrencas e desabafar

sobre os outros. Grita com os irmãos menores, bate a porta quando

discute com a mãe, desafia o pai, chuta o cachorro no quintal. Não

percebe que as pessoas ficam com medo dele e se afastam mais

ainda, aumentando a sua gigantesca solidão. Ele não sabe pedir a

atenção que precisa e briga para dizer que está sentindo falta de

carinho. Explodir com os outros apenas aumenta o vazio que sente

internamente.

O Rebelde Sem Causa, quando tem um problema de relacio-

namento com a namorada, briga com ela por qualquer motivo o

tempo todo. Aliás, quando está chateado, ele tende a distribuir

pancadas em quem estiver por perto. Geralmente se relaciona com

uma pessoa submissa, que aprendeu a ser o saco de pancadas dos

pais — uma pessoa que tem o amor-próprio destruído e aceita ser

maltratada.

Depois de desabafar e humilhar a namorada, o Rebelde Sem

Causa sai com todas as mulheres que encontra, como que para se

vingar dela. Não percebe que viver agredindo a quem ama nunca

resolve seus problemas.

O Rebelde Sem Causa se dá o direito de transar com todo

mundo como se isso fosse a sua maior expressão de grandeza. Não

entende que ir para a cama com o maior número possível de parcei-

ros apenas reafirma a própria incapacidade de amar de verdade.

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0 Rebelde Sem Causa pensa que ninguém vai impedi-lo de

fazer o que deseja, ninguém vai lhe dizer que não deve ser promís-

cuo, ninguém vai obrigá-lo a usar camisinha, e sente enorme orgu-

lho de agir dessa maneira. Mais cedo ou mais tarde, descobrirá que

machucou desnecessariamente a si próprio e aos que ama.

O Rebelde Sem Causa é um ser parecido com um porco-espi-

nho. Agressivo por fora, mas frágil por dentro. Cheio de espinhos,

que servem apenas para proteger a sua verdadeira fraqueza. Mui-

tos são os jovens que, quando estão com vontade de chorar, ficam

brigando com os outros.

Quando não sabe fazer algo, o Rebelde Sem Causa não con-

segue pedir ajuda. Tenta se virar sozinho e acaba fazendo boba-

gens. Depois, em vez de reconhecer os próprios erros, acusa os

outros por seus problemas. Acaba quase sempre sendo mais um

causador de problemas do que parte da solução.

Seu caráter explosivo e sua dificuldade de trabalhar em equipe

geralmente criam muitos problemas no trabalho. Por isso, o Re-

belde Sem Causa vive trocando de emprego, ou, se fica na mesma

empresa, tem sua carreira limitada, uma vez que seus superiores

sabem que ele não agüenta pressão.

Eduardo era um sujeito que estava sempre metido em en-

crencas. Levava a vida como se disputasse uma interminável

queda-de-braço. Brigava com todo mundo e machucava a maio-

ria das pessoas que viviam com ele.

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Roberto Shinyashiki s e m p r e e m f r e n t e

Sua namorada estava sempre com os olhos vermelhos de

tanto chorar por causa de suas explosões. Seus amigos viviam

com medo de suas brigas. Jogar futebol com ele era um passa-

porte para o mal-estar. Ou as pessoas se conformavam em ser

maltratadas o tempo todo, ou acabavam entrando em conflito

para não serem responsabilizadas pelos problemas dele.

Ele era um sujeito muito bom enquanto as coisas davam

certo; mas, ao menor problema, ele estourava.

Como era filho de um grande empresário do ramo de re-

venda de automóveis, vivia sempre dando broncas nos emprega-

dos. Por qualquer coisa, estourava também com os clientes. Ou

seja, arrumava problemas para o pai o tempo todo.

No final de uma palestra que dei em sua empresa, seu pai

me procurou e pediu que eu orientasse o filho.

Comecei a conversar com Eduardo e o que vi foi um rapaz

muito frágil, que não aprendeu a pedir ajuda. Na infância, tinha

sentido muito a falta do pai, que vivia sempre trabalhando.

Quando assumiu sua tristeza, abandonou a máscara de

todo-poderoso e falou de sua insegurança em cuidar da própria

vida. Isso o ajudou a se sentir mais leve.

Disse a ele que precisava aprender a escutar as pessoas e

aceitar as frustrações da vida.

Demorou um pouco para que Eduardo percebesse que po-

deria ser mais feliz se aceitasse o carinho de quem estava dis-

posto a ajudá-lo. Mas, aos poucos, aprendeu a lidar com suas

emoções.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Hoje, ele vive mais em paz com a vida e segue em busca

de suas realizações. Ainda está aprendendo a respeitar as pes-

soas e especialmente a se respeitar. Já deixou de ser um Rebelde

Sem Causa.

Para sair desse conflito, o primeiro passo que o Rebelde Sem

Causa precisa dar é olhar o próprio íntimo e verificar se sua pos-

tura condiz com seus propósitos, seus sonhos, seus projetos.

A pergunta mais importante é: o que eu quero da vida?

A resposta a essa questão requer algum tempo. Mas a busca

do contato com sua essência fará que você desenvolva as condi-

ções necessárias para evitar atitudes que apenas escondam suas

inseguranças. 0 contato com os próprios sentimentos vai ensiná-

lo a se relacionar melhor com as pessoas.

Crescer é tomar consciência do próprio potencial, entender

que os objetivos podem ser realizados com trabalho consistente

e aprender a reconhecer as qualidades dos outros.

Para abandonar esse estigma de Rebelde Sem Causa é pre-

ciso começar a respeitar os próprios sentimentos, os sentimentos

alheios e a se relacionar.

Por isso, o melhor a fazer é sempre buscar em conjunto a vi-

tória de todos.

É olhar além do próprio umbigo e descobrir um mundo novo

a ser desbravado.

Sem egoísmo, que só serve para atrapalhar.

Sem inveja, que só pesa na mochila e atrasa a caminhada.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Sem revolta, que só torna as coisas mais difíceis.

Aprendendo a abrir seu coração e dividindo sua vida com as

pessoas que ama.

A armadilha do Faz-tudo

O Faz-tudo começa muitas coisas, mas não termina quase

nada. Ele vive agitado, brigando contra o relógio, sem perceber

que muitas de suas ações nascem da impulsividade e não de de-

cisões claras.

Os mais ansiosos, de modo geral, correm de um lado para ou-

tro, sem descanso, e fazem mil coisas ao mesmo tempo, certos de

que isso os ajudará a chegar mais depressa a algum lugar, mesmo

que eles não saibam que lugar é esse.

Eles não querem perder nada. Vivem sempre atrasados, ten-

tando ser pontuais. Estão sempre lotados de aulas de inglês, espa-

nhol e alemão. Fazem cursos de todos os tipos. Participam de todo

e qualquer congresso profissional. Querem ser incluídos em todos

os projetos da empresa.

Minha mãe diria que eles "correm feito barata tonta'! Ou feito

cachorro atrás do próprio rabo. Comem muito, mas não digerem

nada. Pode-se dizer que vomitam quase tudo. Aproveitam muito

pouco do que lêem porque não refletem sobre suas leituras. Não

tiram proveito dos cursos que fazem porque sempre estão pen-

sando em outras coisas a fazer.

Em vez de parar, pensar e decidir por um caminho que faci-

lite seu crescimento, o Faz-tudo se debate e aponta para todas as

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

direções, sem conseguir decidir por uma delas. Fica eternamente

cansado porque não tem foco em suas escolhas.

Quanto mais energia gasta, mais afunda.

As pessoas que fazem muitas coisas ao mesmo tempo geral-

mente adotam essa postura por medo do fracasso. Por ironia do

destino, no entanto, é justamente esse comportamento disperso

que acaba criando derrotas magníficas.

Eles não sabem assumir suas escolhas e, enquanto não deci-

dem, colocam os pés em dois barcos diferentes. Fazem duas facul-

dades porque não sabem qual realmente lhes interessa. Querem

estar cada dia em um departamento da empresa. Namoram duas

pessoas ao mesmo tempo porque não sabem qual delas escolher.

Por alguma razão, criaram a idéia de que somente muita ação

resolve seus problemas. Querem soluções imediatas e custam a

perceber que, no fundo, nunca saem do mesmo lugar.

Quando alguém simplesmente corre de um lado para outro,

o único resultado de seus esforços é a exaustão.

Na infância do Faz-tudo, seus pais, querendo que ele fosse

perfeito, o matriculavam em todos os cursos e aulas particulares.

Quando viam o filho parado, assustavam-se com a possibilidade

de ele se tornar um vagabundo. Então, exigiam que a criança es-

tivesse sempre imersa em alguma atividade.

Esses pais não conseguiam conversar com os filhos, ajudá-los

a pensar sobre seus projetos, elaborar planos para resolver suas

dificuldades. O que importava para eles era agir. Mas ação fora de

contexto nada mais é do que tentar fugir dos problemas.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Muitas vezes, as pessoas agitadas pensam que estão fazendo

algo para superar seus obstáculos quando, na verdade, estão com

dificuldade para pensar, refletir e tomar uma decisão consistente.

Ao condicionar os filhos a agir mais por impulso do que por

convicção, esses pais perderam a oportunidade de ensiná-los a

pensar e decidir. Seus filhos ficaram viciados em "ação sem ela-

boração"

Geralmente os pais admiram seu filho Faz-tudo porque per-

cebem os esforços dele para conseguir sucesso na vida. Mas não

percebem que o filho vive estressado, com medo de não conseguir

realizar seus projetos.

A angústia maior começa quando eles vêem que os filhos não

completam nada do que iniciam. Aí surgem os discursos de cen-

sura, típicos dos pais que precisam convencer os filhos a irem até

o fim em qualquer coisa. Nessa época, sempre que os pais dizem

"precisamos conversarmos filhos já entendem como uma cobrança

para que concluam algo na vida.

Geralmente, o Faz-tudo vive trocando de parceiro, porque

busca o relacionamento perfeito, sem desentendimentos nem frus-

trações^ não tem paciência para construir uma relação a dois.

Enquanto o Peter Pan procura alguém que cuide dele e o Re-

belde Sem Causa massacra o parceiro até ver atendidos todos os

seus desejos, o Faz-tudo costuma ter vários relacionamentos por

duas razões: não sabe escolher o parceiro e não quer perder tempo

com ninguém.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

O Faz-tudo vive atazanando a namorada, querendo que ela

faça milhares de coisas como ele. Quando namora uma pessoa que

não tem o mesmo perfil, começa a cobrar atitudes dela, como seus

pais fizeram com ele em sua infância. A namorada se sente so-

brecarregada com as expectativas dele e ele acaba se afastando

porque não tem tempo para ficar com ela. Aos poucos, vão se dis-

tanciando.

Quando a namorada também é uma Faz-tudo, o casal distan-

cia-se porque as agendas dos dois estão sempre lotadas. Depois

de um tempo, tornam-se meros amigos, sem paixão: agem como

sócios em seus projetos. O problema é que nunca completam o

que começam e, depois de um tempo, passam a acusar um ao ou-

tro por não ajudar em seus projetos pessoais.

Como os pais colocaram muita pressão para que fossem bem-

sucedidos, esses jovens não aprenderam a trabalhar para realizar

seus objetivos. Na verdade, trabalham apenas para não fracassar.

Morrem de medo de serem chamados de perdedores.

Exigem a perfeição de si mesmos e acabam não fazendo nada

que gere resultados, enquanto se preparam exaustivamente para

fazer algo perfeito que nunca acontece.

Em geral,foram ótimos alunos, estudaram em uma boa facul-

dade, fizeram mestrado e doutorado, mas o problema é ter estu-

dado tanta coisa apenas para esconder o medo de não dar certo

no trabalho.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Quando eu era terapeuta, atendi uma moça muito especial,

chamada Maria Cristina. Tinha 22 anos, garra e muito talento.

Bonita e inteligente, ela era uma autêntica Faz-tudo. Estava

sempre envolvida em novas atividades. /Às vezes, era uma nova

faculdade. Outras, um novo trabalho. Outras tantas, tinha uma

vontade enorme de mudar de casa. Ou de namorado.

Sua vida era uma bagunça total. Tantas coisas a fazer e

nada era realizado direito. As amigas diziam que seu aparta-

mento era uma zona total, um amontoado de coisas que ela tra-

zia para casa, desde livros até gatos que pegava na rua.

A cada novo namorado, ela planejava montar um novo ne-

gócio. Cada vez que eu a via, estava iniciando um novo projeto.

Mas, curiosamente, nunca dava seqüência a nada.

Era incrível a maneira como Maria Cristina desperdiçava

suas energias em tantas coisas ao mesmo tempo. Ela lutava para

mostrar que seria alguém na vida, mas tanto esforço desorgani-

zado só causava fracassos.

Sua vida somente melhorou quando tomou consciência de

que precisava, antes de tudo, escolher alguns projetos e se dedi-

car a eles até realizá-los.

Aos poucos, foi aprendendo a perseverar quando as coisas

não saíam como o planejado e, principalmente, não se deixar

distrair com novos projetos.

O Faz-tudo não consegue manter o foco. Vive como uma abe-

lha, beijando todas as flores, mas sem se vincular a nenhuma. Essa

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Roberto Shinyashiki s e m p r e e m f r e n t e

dificuldade de aprofundar-se em alguma coisa faz que a sua ba-

talha não dê resultados.

0 Faz-tudo precisa aprender a pensar, decidir e planejar suas

ações. Mais do que tudo, precisa aprender a ir fundo na própria

vida.

O mestre indiano Osho conta que, em sua cidade natal, ha-

via um concurso anual que premiava a rosa mais linda.

Nesse dia, a praça principal ficava cheia de rosas, uma mais

espetacular que a outra. O ganhador do prêmio, contudo, era

sempre um militar reformado.

Certo dia, após a premiação, Osho seguiu o vencedor até

sua casa. Viu que as roseiras eram cuidadas por um jardineiro

velhinho e, curioso, perguntou a ele qual era o segredo de tama-

nha exuberância.

"As pessoas, em geral, deixam crescer todos os botões e de-

pois escolhem a flor mais bonita", disse o jardineiro. "Eu escolho

o botão mais bonito e corto todos os outros. Assim, a seiva não

precisa dividir-se entre os vários botões e vai toda para uma

única rosa, escolhida por mim."

A alternativa de destinar toda a seiva a uma única rosa é uma

forma de fortalecê-la. Os jovens que se dedicam a muitas coisas ao

mesmo tempo desperdiçam sua energia em várias direções, sem per-

ceber que as flores mais bonitas só desabrocham para aqueles que

conseguem avançar até o fim, de modo direcionado e objetivo.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Muitas pessoas fazem altos investimentos em projetos, mas

não têm paciência para persistir até o resultado aparecer.

Meus primeiros livros são do começo dos anos 1980. Apesar

de venderem muito, o sucesso só veio no final dos anos 1990. Ima-

gine: foram quase quinze anos para eu conseguir o reconheci-

mento do meu trabalho. Se eu fosse um Faz-tudo clássico, teria

parado de escrever logo depois dos primeiros livros.

As pessoas precisam aprender que os projetos e as carreiras

quase sempre levam tempo para dar resultado.

Quando encontrar o amor da sua vida, dedique-se a ele com

carinho e devoção.

Quando for começar um novo projeto, analise com calma, de-

cida com base em fundamentos e, principalmente, planeje com

disciplina e organização. Depois, concentre seus esforços nesse

projeto e mantenha-se nele até que dê resultados.

Se você está pensando em abandonar um projeto, converse

com seus amigos e verifique se você não está desistindo cedo

demais.

Aprenda a dar sua seiva para o botão de rosa mais lindo e tenha

certeza de que ele se transformará na mais bela flor da sua vida.

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4 um marco na jornada do herói

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Levava uma vida sossegada

Gostava de sombra e água fresca

Meu Deus, quanto tempo

Eu passei sem saber?

Foi quando meu pai me disse: "Filha

você é a ovelha negra da família

Agora é hora de você assumir

E sumir!"

Ovelha Negra, de Rita Lee

Rita Lee cantou maravilhosamente a alma da gente: chega

uma hora que é assumir e sumir. Não dá mais para esperar. É par-

tir para a vida, criar o seu destino. A sua crisálida já rompeu e não

dá mais para voltar a ser lagarta. Agora é abrir as asas e voar.

Seu desafio nesse momento é se transformar na pessoa que

você quer ser.

Agora é hora de construir sua vida do jeito que sempre sonhou.

Agora é hora de escrever a história da sua vida!

Ou, em outras palavras, é hora de começar a sua jornada de

herói.

Talvez você esteja passando por um grande desafio neste mo-

mento e, se tiver a coragem de enfrentá-lo, sua vida nunca mais

será a mesma.

Qual é o seu desafio:

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

O casamento ou o fim do amor da sua vida?

A formatura da faculdade ou uma demissão no emprego?

O início da sua empresa ou a falência do seu negócio?

Na nossa vida existem marcos que dividem o antes e o depois.

Vou dar um exemplo, para explicar melhor essa idéia.

Quando descobri minha vontade de ser psiquiatra, matricu-

lei-me em um cursinho para vestibular em Medicina. Alguns meses

depois, entrei na faculdade.

Naquele momento, decidi que também era hora de deixar de

viver da mesada que meu meu pai me dava e procurei formas de

ganhar algum dinheiro. Comecei a dar aulas particulares, mas a

grana era curta. Logo depois, descobri que os cirurgiões da facul-

dade precisavam de assistentes nas cirurgias e eles davam uma

pequena ajuda financeira para os alunos que os auxiliavam. Per-

cebi que o dinheiro que poderia ganhar em cada cirurgia era mais

do que eu ganhava em um dia inteiro dando aulas.

Fui procurar informações sobre como entrar nesses grupos

de cirurgia e descobri que o doutor Célio Gayer, o mais importante

cirurgião da cidade, tinha um grupo de assistentes que eram sele-

cionados por meio de um concurso realizado entre o segundo e o

terceiro anos da faculdade. 0 conteúdo da prova era Anatomia Hu-

mana. Então fui ser monitor de Anatomia, para aprender o máximo

possível sobre o assunto. Passei no concurso em primeiro lugar e

comecei a participar das operações. Com isso também fui apren-

dendo a realizar cirurgias e, às vezes, os médicos solicitavam que

eu as assumisse sozinho.

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Roberto Shinyashiki s e m p r e e m f r e n t e

Continuei me dedicando a estudar Psiquiatria, porque sabia

que esse era o meu caminho, mas já estava ganhando um bom di-

nheiro operando. Os convites para fazer cirurgias eram cada vez

melhores e mais freqüentes e minhas escalas para plantões de

pronto-socorro aumentavam a cada dia. Eu estava totalmente en-

volvido com cirurgia, mas meu coração pertencia à Psiquiatria.

Resolvi me casar e a necessidade de dinheiro aumentou, pren-

dendo-me ainda mais à área cirúrgica. Fiquei com receio de nunca

conseguir me dedicar à minha verdadeira vocação. Sentia-me ví-

tima do destino porque não tinha tempo para dedicar-me ao que

eu realmente queria.

Até que um dia disse para mim mesmo: a partir do mês que

vem não vou dar mais plantão em pronto-socorro. Organizei mi-

nhas finanças como pude e entrei de cabeça.

Era agora ou nunca!

Montei o meu consultório e comecei a atender meus pacien-

tes. No início tinha medo de trabalhar sozinho, mas, ao mesmo

tempo, sentia-me feliz por conseguir realizar meus sonhos.

Foi quando minha esposa engravidou. Não era o momento ideal

para sermos pais, pois o dinheiro ainda era escasso, mas era um fi-

lho desejado. Então, comecei a trabalhar também com pacientes

terminais em hospitais para completar o orçamento.

O garoto nasceu lindo. Mas, é claro, as despesas aumentaram.

Por sorte, nessa época, surgiu uma nova oportunidade de trabalho:

fazer Psicoterapia em pacientes com câncer. Segui em frente, cada

dia mais perto da minha vocação.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Alguns meses depois, tivemos uma terrível notícia: o diagnós-

tico de que nosso bebê sofria de uma doença gravíssima, com uma

expectativa de pouco tempo de vida. Meu Deus do céu! A única

possibilidade de ele viver seria com tratamentos caríssimos, que

eu não teria condições de pagar. Mas continuei em frente, sempre

acreditando que o dinheiro necessário chegaria no momento certo.

E eu precisava dar um jeito de ganhar mais.

Comecei a dar cursos de Psicoterapia.Trabalhava todos os sá-

bados e domingos, todas as noites, todas as tardes. Nunca traba-

lhei tanto na minha vida.

Apenas não trabalhava durante as manhãs, pois elas eram re-

servadas para levar meu filho Leandro para os tratamentos.

O tempo passou, Leandro sobreviveu à doença e minha rotina

ficou mais calma.

Hoje me lembro dessa fase de minha vida, incluindo a passa-

gem de cirurgião para psiquiatra, com muito orgulho. Nesse pro-

cesso de beber do cálice da provação, percebi minha verdadeira

força interior.Também descobri amigos maravilhosos e principal-

mente aprendi a valorizar as amizades verdadeiras.

Antes do tratamento de meu filho, eu me sentia preso à im-

possibilidade de largar as cirurgias e me dedicar à minha vocação

como psiquiatra. Sentia-me incapaz de ganhar o dinheiro neces-

sário para levar uma vida decente. Mas, no momento em que res-

pondi ao chamado da vida, comecei a entrar em contato com

minha força interior. E depois do drama que vivi passei a acreditar

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que os problemas são sempre menores do que parecem quando

se tem a coragem de enfrentá-los.

A partir dessa época, o Roberto transformou-se no Roberto

Shinyashiki.

Alguns momentos estão destinados a ser marcos inesque-

cíveis na sua vida. Basta ter a coragem de ir sempre em frente,

encarar os desafios, superar os obstáculos, escutar os bons com-

panheiros de viagem, deixar para trás os convites do mal e criar a

sua vida da maneira que você quiser.

Tenha sempre a certeza de que você é maior do que imagina.

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5 os seus poderes interiores

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Nosso maior medo não é sermos inadequados. Nosso

maior medo é que nós somos poderosos além do que podemos

imaginar.

É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta.

Nós nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, lindo,

talentoso, fabuloso?"

Na verdade, quem é você para não ser? Você é um filho de

Deus.

Você pensando pequeno não ajuda o mundo. Não há ne-

nhuma bondade em você se diminuir, recuar para que outros

não se sintam inseguros ao seu redor.

Todos nós fomos feitos para brilhar, como crianças bri-

lham. Nós nascemos para manifestar a glória de Deus dentro de

nós. Não é somente em alguns de nós; é em todos.

E enquanto permitimos que nossa própria luz brilhe, nós

inconscientemente damos permissão a outros para fazer o

mesmo.

Quando nós nos libertamos do nosso próprio medo, nossa

presença automaticamente libertará outros.

Nelson Mandela, no discurso de posse

como presidente da África do Sul

As ações das pessoas em sua jornada de herói são baseadas

nas virtudes que elas já sabem ter. Mas, à medida que enfrentam

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novos desafios, vão se conectando a poderes além da sua cons-

ciência e imaginação.

Quando tive de criar os cursos de Psicoterapia, com a clara e

urgente intenção de conseguir recursos para o tratamento do meu

filho, descobri minha capacidade de fazer dinheiro utilizando as

minhas idéias e o meu trabalho. Eu sempre me imaginei um su-

jeito limitado em relação a ganhar dinheiro e adquirir bens mate-

riais, mas quando a água chegou ao meu pescoço descobri esse

meu potencial.

Você tem habilidades que nem imagina para empreender sua

jornada. Vamos conversar um pouco sobre os poderes que as pes-

soas usam na sua caminhada. Alguns você já conhece, outros vai

descobrir dentro de si quando tiver a coragem e a determinação

de seguir em frente!

INTEGRIDADE

Tudo em nossa vida tem de começar com o respeito aos nos-

sos valores. Sucesso tem de ser consistente. Pessoas de sucesso

superficial me dão pena, pois não conseguiram entender o verda-

deiro significado da palavra sucesso.

As pessoas não se dão conta dos estragos que pequenas

ações sem respeito aos seus valores fazem em sua vida. Pequenas

mentiras, pequenas fofocas, pequenas omissões, quando somadas,

são como bombas atômicas em nosso caráter.

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Muita gente quer ganhar uma partida de futebol de qualquer

jeito, mesmo que seja com um gol de mão. As pessoas não imagi-

nam a encrenca que criam em sua vida quando conquistam vitó-

rias desrespeitando as regras ou lesando alguém.

Tenho um exemplo disso no meu trabalho: sempre levo dois

livros para as minhas palestras. Muitas vezes dou um dos exem-

plares para alguém da platéia que teve uma bela participação no

evento e guardo o outro para dar a algum amigo que apareça de

surpresa.

No final da palestra as pessoas costumam vir a mim para pe-

dir autógrafos e a coisa fica meio tumultuada no palco. Quando

terminamos, eu volto ao púlpito para pegar meu livro e, surpresa:

o livro foi roubado!

Para mim isso não é um grande problema. Não vou ficar nem

mais rico nem mais pobre por causa de um livro. Mas fico pen-

sando no efeito que aquele livro roubado causa na vida de quem

o pegou. É devastador.

Imagine que essa pessoa coloque o livro em seu escritório.

Todos os dias, quando olhar para a estante, o livro vai gritar para

ele: você é um ladrão! Essa situação influencia a vida da pessoa e

sua alma vai ficando fraca.

Talvez você me pergunte:"E em relação aos políticos ladrões?

Como fica a vida deles com tanta desonestidade?"

"Como será que anda a relação desses políticos desones-

tos com os seus filhos? Como andam seu casamento, sua vida

psíquica?"

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Se, por exemplo, um dos políticos corruptos se vê em uma

situação em que seu filho é algemado e preso, ele pode afirmar

que é um engano, que seu filho é inocente. As pessoas podem

até acreditar que foi uma injustiça. Mas a alma desse pai vai ficar

eternamente ferida, carregando a culpa de ter servido de mau

exemplo.

Como fica, por exemplo, a vida do político que, todos os dias,

vê nos jornais e na televisão denúncias contra ele e sabe que seus

filhos estão assistindo ao mesmo noticiário? Na escola, é provável

que os colegas passem a evitá-los em razão dessas denúncias.

Mais tarde, como esse mesmo político vai se sentir quando

for chamado às pressas para a delegacia e der de cara com o filho

detido por tráfico de drogas ou por agressões gratuitas contra pes-

soas inocentes?

Será que esses não são preços altos o suficiente a pagar por

sua desonestidade?

A integridade é fundamental para conseguirmos sucesso e

felicidade consistentes, e principalmente paz interior. É melhor a

derrota do que uma vitória sem escrúpulos.

Agora, a integridade não diz respeito somente à ética. A inte-

gridade depende da sintonia entre valores, sentimentos e ações.

Quando uma pessoa perde a integridade, perde também o respeito

por si mesma, além de abalar a consideração que os outros têm

por ela.

Infelizmente, muitas pessoas abandonam seus valores para

agradar os outros. Lembra-se da "maria-vai-com-as-outras"?

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"Maria-vai-com-as-outras" é a pessoa que adota sempre as

opiniões alheias, faz tudo o que os amigos fazem e tem mania de

deixar de lado os próprios sentimentos, só para não contrariar a

turma. Mesmo que isso não esteja de acordo com seus valores, ela

acata as atividades propostas pelo grupo para ser aceita e porque

lhe faltam forças para dizer não.

Você já compareceu a uma "festa estranha com gente esqui-

sita"— conforme cantava Renato Russo — mesmo sabendo que

não se sentiria bem naquele ambiente e teria de lidar com situa-

ções com as quais não concorda?

Já comprou alguma coisa que não queria ou vestiu determi-

nado tipo de roupa apenas para se sentir parte da tribo?

Já foi induzido por falsos amigos a tomar um porre ou expe-

rimentou alguma droga contra a vontade, convencido de que "uma

vez só não faz mal"?

Certas coisas, mesmo quando praticadas uma única vez, fa-

zem mal, sim! Fazem mal porque ferem a integridade e enfraque-

cem a auto-estima.

Ouço freqüentemente histórias de pessoas que não deram

ouvidos aos seus valores e, no dia seguinte, acordaram com uma

gigantesca ressaca moral. Não a moral imposta pela sociedade, e

sim a moral interior, que nos cobra coerência e nos faz sentir náu-

sea quando avançamos o farol. Depois da ressaca vem o arrepen-

dimento por não ter seguido a voz da consciência.

João é loucamente apaixonado por Laís. E é correspondido.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Baseada nesse amor, a relação do casal sempre foi cons-

truída com muito respeito e confiança mútuos.

Em certo fim de semana, João foi com a turma para a ba-

lada, mas não levou Laís. Naquela noite, surgiu outra garota que

não parava de dar em cima do rapaz.

João tentou ignorar a situação porque acreditava verda-

deiramente que não devia trair a namorada. O amor e o respeito

entre eles estavam acima de tudo.

Mas a turma começou a fazer a cabeça dele. Todos caçoa-

ram de tamanha caretice e o incentivaram a ficar com a garota.

"A mina é uma tremenda gata" diziam. "E uma vez só não faz

mal algum."

João acabou passando a noite no apartamento dela.

Foi bom enquanto durou. Mas, no dia seguinte, João estava

péssimo. Mal conseguia olhar-se no espelho. E, pior ainda, não

conseguia encarar Laís, pois sentia o sabor amargo da culpa e

tinha medo de que ela enxergasse a traição em seus olhos.

Gosto muito de dizer aos amigos que respeitem seus alarmes

da integridade.

Esse alarme é disparado por sua consciência sempre que você

está prestes a violar seus valores. Ele desperta quando a sua cons-

ciência grita pedindo socorro ao perceber que você vai fazer algo

de que pode se arrepender depois.

Se o alarme da integridade toca e você não o respeita, corre

o risco de fazer uma tremenda bobagem.

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Roberto Shinyashiki s e m p r e e m f r e n t e

Quando você está prestes a brigar com uma pessoa franzina,

visivelmente assustada, só para posar de valente para sua turma,

sua consciência lhe dá um aviso: vale a pena agredir alguém só

para ganhar um olhar de admiração de alguns amigos bêbados?

Se você estiver alerta, vai perceber que abandonar seus valores só

diminuirá o respeito que tem por si mesmo.

O alarme da integridade é calibrado de modo diferente para

cada pessoa e tem como base a experiência de vida, os valores, a

consciência e os limites que aceitamos como válidos em nossa vida

ou em determinada situação. Por isso, julgar os outros é sempre

complicado: podemos não conhecer o contexto de vida daquela

pessoa e fazer mau juízo dela.

É lógico que existem valores universais, como não mentir, não

roubar, mas tenho certeza de que você aprovaria a atitude de um

dono de orfanato que mentisse para um policial da Gestapo, na

Segunda Guerra Mundial, dizendo que não abrigava nenhuma

criança judia. Ou o que dizer de um pai que, no desespero, rou-

basse um pão para dar ao filho faminto?

A sua consciência de integridade é aquela sensação gostosa

que você tem quando age de acordo com seus valores. Mas é tam-

bém aquele incômodo desagradável que toma conta de seu peito

quando você insiste em fazer algo que não considera correto.

As piores situações que você pode enfrentar surgem quando

não ouve a si mesmo e avança seus limites, principalmente quando

tem a intuição forte de que está prestes a fazer besteira.

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Roberto Shinyashiki s e m p r e e m f r e n t e

Sugiro que você consulte sempre a sua consciência antes de

fazer qualquer coisa que talvez não lhe caia bem. Ela será sempre

o seu melhor guia! Tenha a coragem de dizer não quando o alarme

da integridade indicar que deve dizer não. É sempre melhor arris-

car perder a amizade de pessoas que não têm os mesmos valores

que você do que arriscar sua paz interior.

Todo mundo quer ser genial, todo mundo quer ser campeão,

mas nossas vitórias só têm sentido quando respeitamos as regras

do jogo.

Quando nossas ações contrariam nossos valores, perdemos a

integridade e isso nos torna incompletos diante da vida. Perdemos

o ritmo da jornada. Mais importante do que obter uma vitória é

construí-la em paz.

Respeite seus valores, ouça seus sentimentos na hora de agir,

tenha consciência de como as suas decisões podem afetar a vida

dos outros e busque conquistar o campeonato de maneira digna.

Esse é o verdadeiro sentido da vida.

Se você quiser, pode até trapacear com seu colega de estágio

para ficar com a vaga dele. Mas como ficará a sua reputação com

os futuros colegas que o viram trapacear? Pior ainda: como ficará

o conceito que você tem de si mesmo? Será essa a melhor forma

de construir um futuro profissional?

Certa vez, num reino distante, um fazendeiro muito rico

perdeu uma bolsa com 40 moedas de ouro. Desesperado, man-

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Roberto Shinyashiki s e m p r e e m f r e n t e

dou avisar todos os habitantes da vila de que recompensaria

quem achasse sua bolsa.

Um lavrador muito humilde encontrou a bolsa e apressou-

se a levá-la ao dono.

Desejoso de fugir ao compromisso de recompensar o lavra-

dor, o fazendeiro inventou uma artimanha. Chamou o pobre ho-

mem e disse:

— Minha bolsa tinha 50 moedas e aqui só há 40. Você não

vai ganhar recompensa nenhuma. É melhor retirar-se logo antes

que eu mande prendê-lo por roubo.

Dias depois, ao tomar conhecimento da história, o rei, co-

nhecido por seu senso de justiça, convocou o rico fazendeiro e o

pobre lavrador para uma audiência e pediu que a bolsa fosse le-

vada ao palácio.

O rei tomou a bolsa nas mãos, inspecionou seu conteúdo

e rapidamente perguntou ao homem rico:

— Quantas moedas você disse que havia aqui?

0 fazendeiro imediatamente respondeu:

— Cinqüenta moedas, majestade.

0 rei, espirituoso e sagaz, logo retrucou:

— Então esta não é sua bolsa, pois aqui há apenas 40

moedas.

E, virando-se para o lavrador, arrematou:

— Pode levar esta bolsa com você, meu bom homem. E va-

mos continuar a procurar a bolsa que o fazendeiro perdeu.

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Não é possível sustentar uma vida coerente sem sentir orgu-

lho de nossa obra. A honestidade vai ser sempre premiada e deve

servir de fundamento para nossas escolhas. Por maiores que sejam

os exemplos de falta de integridade que encontremos pelo mundo,

é fundamental que nossos valores liderem sempre nossas ações.

A pessoa desonesta sempre paga caro por sua desonestidade.

Ela pode até não ser pega pela Justiça, mas sua consciência sem-

pre lhe acusará e a lembrará dos seus deslizes. Não importa o fato

de ninguém ficar sabendo quando somos desleais. O que importa

é que "nós mesmos sempre o saberemos"

Existe ainda um outro som na sua consciência, que costumo

chamar de "o canto dos anjos" A sua consciência também sussurra

ao seu coração o orgulho por uma ação em que você respeitou

seus valores. Como naquele dia em que você estava com pouca

grana e deixou de comprar um livro que queria muito para com-

prar flores para dar de presente de aniversário para sua avó.

Vale muito mais a pena atrasar nossas conquistas do que rea-

lizá-las profanando nossos valores. O que realmente importa é que

tenham uma base sólida.

CAPACIDADE DE EXPLORAR O MUNDO INTERIOR

Você ouvirá a opinião de muitos autores em geral a respeito

da importância de seguir o seu coração. Eles têm razão: um cami-

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nho que não fale ao seu coração não alimentará a sua alma;e uma

pessoa sem alma é um ser perdido no oceano da vida.

A exploração do nosso mundo interior ajuda a nos conhecer

melhor e, portanto, a construir uma vida que tenha sentido. Para

mim, ainda fico muito triste quando converso com pessoas ricas e

importantes que me confessam, quase chorando: é horrível ver que

batalhei e consegui tantas coisas que queria, mas não sou feliz. O

meu sacrifício não me deu felicidade.

É importante escutar a nós mesmos o tempo todo, para saber

se estamos realizando objetivos que nascem do nosso coração. Só

assim teremos certeza de que, no final da vida, não iremos nos

martirizar com o arrependimento.

— Mas, Roberto, como conhecer a minha alma? Como escutar

o meu coração?

Bem, a primeira dica é: faça a pergunta certa. Quando você

faz a pergunta errada, o seu coração vai para muito longe. Quer

um exemplo de pergunta errada?

Suponha que o seu chefe foi duro com você e apontou vários

problemas de desempenho no seu trabalho. Se você perguntar a

si mesmo: "Por que meu chefe está me sacaneando?" não vai

encontrar uma resposta que lhe ajude a crescer. Sentir-se vítima do

seu chefe, em vez de analisar o próprio trabalho, vai deixar você

distante da resposta que lhe interessa. Nesse momento o melhor é

olhar para dentro de si, verificar em quais pontos o seu chefe tem

razão, analisar suas atitudes e tentar melhorar o seu desempenho.

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Seu namorado terminou o relacionamento com você. Em vez

de perguntar por que ele a sacaneou, seria mais interessante entrar

em sintonia com os próprios sentimentos. Se a tristeza aparecer, o

melhor é chorar em paz, e só depois analisar seu comportamento.

Talvez você se dê conta de que estava sendo muito crítica com seu

namorado e, a partir daí, aprenda a admirar mais a pessoa que

você ama, percebendo com isso o que pode melhorar em sua ma-

neira de demonstrar amor.

Se você fizer as perguntas certas, conseguirá aprender muito

sobre si mesmo.

Faça suas perguntas, mesmo que elas fiquem muito tempo

sem resposta:

• O que é essencial para você?

• Qual é a sua meta profissional?

• Como gostaria de estar daqui a dez anos?

• O que você precisa fazer para realizar seus projetos?

• A sua vida está do melhor jeito que poderia estar neste

momento?

A capacidade de explorar nosso mundo interior nos ajuda a

tomar melhores decisões e a evitar problemas decorrentes da

nossa maneira de ser.

Quando tinha aproximadamente 20 anos eu era o rei das de-

cisões impulsivas. Decidia comprar alguma coisa sem pensar e al-

guns dias depois tomava consciência de que tinha feito besteira.

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Depois de algum tempo decidindo errado, prometi a mim

mesmo que sempre me daria um prazo de uma semana para pen-

sar antes de comprar qualquer coisa mais cara. Isso evitou que eu

fizesse muitas bobagens.

Conhecer-se melhor pode ajudá-lo a tomar decisões que lhe

façam realmente crescer.

Certa vez um deputado que gostava muito do meu trabalho

telefonou-me e convidou-me a assumir um cargo de diretor de um

importante hospital público. Consegui pedir a ele um prazo de um

dia antes de lhe dar a resposta, o que foi um grande sacrifício, pois

a minha vontade era dizer sim na hora.

Fiquei pensando sobre o assunto e me dei conta de que acei-

tar o convite para cuidar de um hospital não tinha o menor sen-

tido,considerando a minha vocação de psiquiatra. O que eu gostava

mesmo era de escutar as pessoas e ajudá-las a se realizar. Foi um

alívio quando, no dia seguinte, liguei para dizer "não, obrigado!"

Minha alma celebrou a minha decisão.

Algumas vezes, sua rota precisa ser reajustada e você só des-

cobrirá isso se souber conversar consigo mesmo. Ficar em silêncio

ajuda muito a escutar a voz da sua alma.

Sabe quando rastreamos todos os arquivos e pastas do com-

putador em busca de alguns vírus que possam ter invadido o

sistema?

Sabe quando navegamos pela internet e mantemos o antiví-

rus acionado para impedir a entrada de elementos suspeitos?

Na vida real, o autoconhecimento é nosso melhor antivírus.

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Roberto Shinyashiki sempreemfrente

Para que você não perca todos os seus documentos nem te-

nha de configurar novamente sua máquina, pergunte-se sempre

o que realmente importa em cada momento de sua vida.

A S S U M A A S S U A S E S C O L H A S

— Imagino que você se sinta um pouco como Alice ao en-

trar na toca do coelho.

— Você tem razão.

— Eu consigo ver em seus olhos. Você tem o olhar de um

homem que aceita o que vê porque está esperando acordar. Isso

não deixa, ironicamente, de ser verdade... Você acredita em des-

tino, Neo?

— Não.

— E por que não?

— Não gosto de pensar que não controlo minha vida.

— Sei exatamente o que quer dizer.

Ao proferir essas palavras, Morfeu acomoda-se em uma

poltrona diante de Neo e prossegue em seu discurso:

— Vou lhe dizer por que está aqui. Você está aqui porque

sabe de alguma coisa. Sentiu a vida inteira que há algo de errado

no mundo. Embora não saiba dizer o que é, está lá, como um zu-

nido em sua cabeça, e o enlouquece aos poucos. Foi esse senti-

mento que o trouxe até mim. Você sabe do que estou falando?

— De Matrix?

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— Você deseja saber o que é isso? Pois bem, Matrix está em

todo lugar. Mesmo agora, nesta sala, pode vê-la ao olhar pela

janela ou ligar a televisão. Você a sente quando vai para o tra-

balho, quando vai à igreja, quando paga seus impostos. É o

mundo que foi colocado diante de seus olhos para que você não

veja a verdade.

— Que verdade?

— Que você é um escravo, que nasceu em cativeiro e, como

todo mundo, vive numa prisão. Infelizmente, é impossível expli-

car o que é Matrix. Você tem de vê-la por si mesmo.

Morfeu tira duas pílulas de um estojo e as apresenta a Neo.

— Esta é sua última chance. Ao fazer sua escolha, você não

terá como voltar atrás. Se tomar a pílula azul, acordará em sua

cama acreditando no que quiser acreditar. Se tomar a pílula ver-

melha, ficará no País das Maravilhas e eu mostrarei até onde vai

a toca do coelho. Lembre-se: tudo o que ofereço é a verdade.

Nada mais.

D i á l o g o ret i rado do f i lme Matrix

"Ao fazer sua escolha, você não terá como voltar atrás" alerta

Morfeu na cena mais importante de Matrix.

Assim como Neo ao aceitar a missão que estava reservada para

ele, você é o único responsável por suas decisões e atitudes.

Quando olho minha vida hoje tenho a certeza de que ela é

conseqüência de cada uma das decisões que tomei. Quando de-

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cidi deixar de ser músico para ser médico, resolvi ajudar as pes-

soas. Quando decidi deixar de ser cirurgião para ser terapeuta,

escolhi tocar a alma das pessoas. Quando decidi escrever livros,

optei por levar meus conhecimentos médicos para um maior nú-

mero de pessoas. E cada decisão foi moldando a pessoa que sou

hoje. Quando analiso essas escolhas, vejo que elas influenciaram

minha vida não somente no momento em que foram tomadas, mas

durante todo o tempo.

Todos os dias você faz escolhas e com elas decidirá a vida que

você vai levar e a pessoa que vai ser.

Quando decide ficar navegando na internet em vez de traba-

lhar nos seus projetos profissionais, você está mostrando ao seu

chefe sua falta de comprometimento com a empresa. É como se

você decidisse escolher a pílula azul oferecida por Morfeu.

Quando decide viver brigando todos os dias com seu namo-

rado em vez de mergulhar nos estudos, você está escolhendo es-

truturar sua carreira com poucos conhecimentos.

Quando decide enfrentar os desafios, você está escolhendo

também tomar seu destino em suas mãos. Você escolheu a pílula

vermelha e a partir daí começaram as suas verdadeiras batalhas.

Sua decisão gerou uma transformação.

Sempre que faz uma escolha, existem muitas outras também

sendo feitas por você. Por exemplo, se escolhe comer junk food,

você também está escolhendo se tornar mais pesado, ter a pele

engordurada, sentir-se mal ao ir a festas e reuniões.

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Quando você escolhe ser um bom aluno na faculdade tam-

bém está escolhendo certos tipos de amigos, um relacionamento

mais aberto com os professores, uma perspectiva melhor de car-

reira, deixar as baladas de lado durante a semana.

Haverá, em sua jornada, muitas bifurcações, muitos momen-

tos nos quais será preciso optar por um lado, uma trilha, uma

direção.

Outro aspecto a considerar é o fato de que, quando você de-

cide fazer uma escolha, deve entender que há conseqüências

decorrentes dessa escolha. Muitas pessoas pensam que uma esco-

lha só decide aquele momento e acabam errando feio.

Quando você decide não usar mais drogas está escolhendo

melhorar em todos os outros aspectos de sua vida: saúde, traba-

lho, relacionamentos, finanças.

Lembre-se: é você quem escolhe, mesmo que a sua escolha

seja deixar tudo do jeito que está.

Você pode manter suas amizades ou mudar de amigos.

Pode investir em seus relacionamentos afetivos ou se afastar

deles.

Pode adotar uma postura ativa ou apenas esperar que o

mundo se molde à sua maneira.

A liberdade de escolha comporta todas as alternativas.

Uma coisa é certa: a qualidade de suas escolhas vai determi-

nar a qualidade da sua vida. Por isso, pense sempre nas conseqüên-

cias de suas escolhas. E decida de modo mais construtivo.

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Em muitos momentos a vida vai lhe apresentar pílulas azuis

e vermelhas e a sua escolha mostrará que tipo de pessoa você é,

ou quer vir a ser.

CONSERTE OS SEUS ERROS

Todas as pessoas cometem muitos erros ao longo da vida.

Quando olho para trás, fico impressionado com os erros que

cometi. Algumas vezes, por não ter enxergado direito quem era o

bandido e quem era o mocinho, acabei dando ouvidos ao bandido.

Outras vezes até percebi o erro que estava cometendo, mas não

fui suficientemente forte para fazer o que precisava ser feito. Errei

também quando decidi fazer determinada coisa, mas não fui sufi-

cientemente firme para levar minha decisão até o fim.

O que posso dizer é que procurei fazer o que julgava certo,

mas nem sempre as coisas saíram corretamente. Podemos até ten-

tar acertar, mas algumas situações são muito complexas, e equí-

vocos acontecem.

O pior de tudo não é errar, mas o que as pessoas fazem com

seus erros.

— Roberto, quais são os enganos que as pessoas podem co-

meter quando erram?

Infelizmente a maioria das pessoas coloca a responsabili-

dade de seus erros nos outros. "Meu pai não me deu amor, por

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isso não consigo ir até o fim nas coisas que começo.""O problema

é que a minha namorada é muito ciumenta e não me deixa tra-

balhar direito."

"A culpa é do meu chefe, que nunca me orienta quando pre-

ciso." Mas será que você pediu ajuda ao seu chefe? Será que não

havia outras pessoas que poderiam orientá-lo? Será que você não

tem outras formas de conseguir as informações necessárias?

Quando as pessoas colocam a responsabilidade por seus er-

ros nos outros acabam tendo mais dificuldades em resolver os pro-

blemas.

Infelizmente, a arrogância é uma praga que impede a pessoa

de perceber a bobagem que fez e de aprender com os próprios

erros ou de pedir desculpas aos prejudicados.

A compreensão de que podemos errar e depois corrigir nos-

sos erros nos ajuda a valorizar nossos esforços.

A juventude é um tempo de muitas descobertas. É também

um tempo de muitas paixões. E paixões trazem alegrias e sofri-

mentos, erros e acertos.

Muitas vezes vejo casais em que o rapaz vive humilhando a

namorada. Eu sempre me pergunto, nesses casos, como alguém

pode agüentar tanta desqualificação.

Tempos depois, esse rapaz aparece chorando, reclamando que

a garota terminou o relacionamento porque se apaixonou por ou-

tro. O ódio por ter sido abandonado não lhe permite perceber que

foi ele mesmo que jogou a companheira nos braços do outro. Ficar

ressentido não o ajudará a mudar sua maneira de se relacionar.

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Aliás, o amor não é simplesmente um sentimento. O amor

também é a forma de tratar a pessoa amada. Alguém que maltrata

seu parceiro não pode realmente dizer que o ama. O verdadeiro

amor nos faz ter vontade de fazer o outro feliz.

No emprego também é preciso coragem para reconhecer suas

dificuldades, assumir os próprios erros e iniciar um trabalho para

mudar seu comportamento.

O que acontece quando você perde um emprego do qual de-

pende e gosta? O sofrimento é inevitável. Surge a raiva incontida

contra o chefe. Isso é natural. Mas tem de chegar o momento em

que você passa a aprender com as coisas que fez, ou deixou de

fazer, e talvez tenham contribuído para a sua demissão.

Então, quando você se der conta de que está em um caminho

errado, mude de rota antes de fazer ainda mais bobagens.

Na Europa, existem trens que fazem viagens longas que

duram dias.

Em um desses trens, uma jovem dividia a cabine com um

sujeito que não parava de resmungar:

— Que azar! — ele dizia, entre um suspiro e outro.

Passados alguns minutos, nova reclamação:

— Que azar!

Curiosa, a jovem lhe perguntou:

— Você está bem? Há algo que eu possa fazer para ajudar?

Ainda se lastimando, o sujeito desabafou:

— É muito azar! Faz três dias que estou no trem errado!

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Roberto Shinyashiki s< ripr emfrente

Muitas pessoas passam a vida reclamando dos trens errados

que tomaram há muito tempo e dos quais jamais desceram.

Vivem em profissões, empregos e relacionamentos errados, e

não fazem nada para corrigir a situação.

Se você tomou o trem errado, desça na próxima estação e

procure imediatamente o rumo certo. Caso contrário, sempre sairá

perdendo. Talvez até ganhe muito dinheiro ou seja muito aplau-

dido, mas estará vivendo o sonho de outra pessoa.

Quando tiver dúvidas sobre o percurso do trem que pretende

tomar, seja humilde e procure as pessoas que ama para pedir con-

selhos. Divida com elas suas dores e angústias. Juntos, vocês des-

cobrirão o melhor itinerário a seguir.

Quando tudo parecer perdido, lembrs-se: o que hoje é razão

de preocupação, amanhã será motivo para sorrir, se você souber

agir com precisão.

A consciência de que podemos melhorar com nossos erros

nos faz crescer. Errar é uma forma de aprender sobre o mundo e

as pessoas. Somente quem não toma decisões está livre de come-

ter erros.

As pessoas que não erram são medrosas. As pessoas que não

assumem seus erros são irresponsáveis e as que insistem neles são

cegas.

Na vida, você vai acertar algumas vezes e errar outras.

Com base nos acertos, vai construir sua auto-estima.

Com os erros, aprenderá lições que servirão para toda a vida.

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Roberto Shinyashiki s< ripr emfrente

ACREDITE SEMPRE

As pessoas que admiramos sempre avançam e nunca deixam

que as tempestades as afastem de sua rota. Elas têm a capacidade

de acreditar em seus projetos, mesmo quando tudo parece im-

possível.

Lembro-me de uma ocasião, que talvez tenha sido o pior mo-

mento da minha vida. Um dos meus filhos estava com uma série

de convulsões. Os médicos lutavam como podiam para socorrê-lo.

Até que, em determinado momento, um deles se aproximou de

mim e disse que teria de aumentar a dose de certo medicamento.

Como médico, eu sabia que aumentar a dose significaria a possi-

bilidade de meu filho morrer. Mas, ao ver o sofrimento dele, aceitei

o aumento da medicação e rezei mais ainda do que eu já vinha

rezando.

Alguns minutos depois da aplicação do medicamento, as con-

vulsões foram diminuindo, até que cessaram por completo. A adre-

nalina que liberei nesse momento pareceu ficar no meu sangue

durante muitos anos.

Em alguns momentos de nossas vidas tudo parece escuro e

a única certeza que temos é que precisamos acreditar, rezar e tra-

balhar duro.

Os grandes médicos sabem disso. Muitas vezes, quando tudo

parece perdido,eles sabem que somente existe um caminho:acre-

ditar. No momento em que acreditamos que vamos conseguir,

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Roberto Shinyashiki s< ripr e m f r e n t e

ganhamos lucidez para decidir e nossos braços se tornam fortes

para batalhar.

Não importa quantos obstáculos você vai ter, nem quantos

golpes vai receber: é preciso sempre levantar a cabeça e avançar.

Quando você observa a história de pessoas de sucesso, vê

que elas sofreram muitas derrotas antes de serem reconhecidas.

Você pode imaginar quantas gravadoras recusaram os discos

dos Beatles no início da carreira deles?

A situação chegou a tal ponto que eles pensaram seriamente

em desistir. George Harrison até arrumou um emprego de office

boy. Felizmente a crise passou e eles voltaram a batalhar em busca

de uma gravadora. O restante da história todos conhecem.

Os livros de Harry Potter são romances fantásticos criados

pela escritora britânica J. K. Rowling. Os filmes com base nos livros

são campeões de bilheteria. Mas pouca gente sabe que o primeiro

v o l u m e da série, Harry Potter e a Pedra Filosofal, foi recusado por

cinco grandes editoras inglesas antes de ser publicado, em 1997.

O que teria acontecido se a autora tivesse desistido de seu projeto

quando recebeu o primeiro "não"?

Quando você estiver lutando para realizar um objetivo de

vida, inevitavelmente os problemas vão aparecer. E, se pensar em

desistir, lembre-se de dar o próximo passo:"Só mais um passo. Ape-

nas mais um!"

Logo você vai descobrir que a sua meta está mais perto do

que imagina. Às vezes, penso que Deus coloca obstáculos em nosso

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Roberto Shinyashiki s< ripr e m f r e n t e

caminho apenas para percebermos o quanto realmente queremos

atingir a nossa meta.

Admiro muito as pessoas que têm a determinação de procu-

rar um emprego, dia após dia, mesmo depois de receber várias

respostas negativas.Também tiro o meu chapéu para aquele ven-

dedor que quanto mais "nãos" recebe, mais disposto acorda todos

os dias para fazer o que for preciso para realizar sua meta.

Hoje em dia, tenho visto cada vez mais jovens que trabalham

durante o dia, sendo muito cobrados em seu trabalho, e ã noite

vão para a faculdade com uma garra de leão. Antigamente as pes-

soas também faziam isso, é verdade! ÍVlas o ambiente de trabalho

não tinha tanta pressão como tem hoje. Pressão para atingir me-

tas, tanto para subir na carreira quanto para não ser demitido.

Infelizmente, grande parte das pessoas desiste logo de seus

sonhos. Sua vida vai ficando vazia, pois viver sem sonhos é como

caminhar na escuridão. As pessoas que abandonam os próprios

sonhos na verdade abandonam também sua alma pelo meio do

caminho.

Não desista do seu sonho. Algumas vezes você vai ter de

trocar de namorado, quando perceber que ele não quer construir

um sonho com você, mas não abandone seu sonho de ter um

casamento feliz. Outras vezes, você vai ter de abandonar uma

empresa, porque ela não lhe oferece oportunidades de cresci-

mento, mas não abandone o seu sonho de ser um profissional

de sucesso.

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Roberto Shinyashiki s< ripr e m f r e n t e

Acredite em Deus. Acredite em você. Respeite as pessoas e

avance sempre.

CONSTRUA A SUA VIDA COM EQUILÍBRIO

A maioria das pessoas acha que para ter sucesso precisa dei-

xar a vida afetiva de lado. Outras pensam que uma vida afetiva

saudável depende do abandono da carreira. Infelizmente, há aque-

les que acreditam que ter sucesso significa deixar seus valores de

lado. Outros acham que para ter muito dinheiro não podem ser

pessoas espiritualizadas.

A medida que vamos amadurecendo, aprendemos que não

precisamos escolher entre uma coisa e outra, mas sim descobrir

formas de integrar as várias coisas que nos são importantes.

Você não tem de escolher entre o amor e a carreira. Viva o

amor e a carreira ao mesmo tempo!

Você não tem de escolher entre o dinheiro e a espiritualidade.

Viva a espiritualidade próspera!

Um rei quis presentear um sábio, como gratidão por tudo

o que ele havia feito pela família real. Deu-lhe, então, uma

tesoura de ouro. Quando o sábio recebeu o presente, confessou:

— Fico muito grato por seu presente, mas preferia uma

agulha que costurasse e mantivesse juntos os tecidos. Toda a mi-

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Roberto Shinyashiki s< ripr e m f r e n t e

nha vida eu vivi como uma tesoura, dividindo e separando. Agora

quero viver para unir as partes.

Quero ajudar os filhos e seus pais a se amar mais. Ajudar

as pessoas que vivem comigo a ser mais cooperativas. Estimular

os casais a conviver melhor.

Quando as pessoas restringem suas escolhas a "ou isto, ou

aquilo" estão com uma imensa tesoura na mão, cortando e sepa-

rando. É melhor assumir a postura da linha e da agulha, unindo,

acrescentando, somando pontos; criar união, saber ampliar os ho-

rizontes e as possibilidades. Viver com abundância é saber integrar

as várias partes da vida.

Você não precisa descuidar da sua carreira para cuidar do na-

moro. Um jovem inseguro pode, por exemplo, imaginar que a na-

morada suprirá as doses de carinho e segurança que os pais

deixaram de lhe proporcionar e ficar preso somente ao amor, dei-

xando os outros aspectos da sua vida de lado.

Toda relação afetiva é benéfica quando nos dá força para cres-

cer. Mas quando um relacionamento faz a pessoa trabalhar mal,

com o tempo ela vai querer que o companheiro também relaxe

no trabalho e, dessa maneira, os dois cairão em um abismo, assim

como a relação.

Se só pensamos em trabalho e não nos sobra tempo para o

amor, isso é sinal de que o trabalho está sendo usado como fuga

— provavelmente do medo de amar. Talvez a timidez nos impeça

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Roberto Shinyashiki s< ripr e m f r e n t e

de procurar alguém para compartilhar nosso afeto. O medo da

rejeição pode nos fazer optar pela solidão, embora essa nunca seja

uma solução razoável.

Quando alguém começa a namorar e deixa de lado os ami-

gos, isso é sinal de que esse relacionamento se tornou um escon-

derijo em vez de proporcionar descobertas e aprendizados em

conjunto. Manter os amigos é fundamental para estimular o cres-

cimento do indivíduo.

Finalmente, não há amizade, nem carreira ou relacionamento

afetivo que se sustente se não estiver alinhado com a consciência,

os valores e a paz interior. Somente assim poderemos viver em

verdadeiro equilíbrio.

Quando você escolhe fazer suas travessias de maneira equi-

librada, adquire a paz interior necessária para trabalhar todos os

aspectos de seu ser.

A consciência de que todos os pilares da vida precisam ser

arquitetados com esmero e construídos simultaneamente vai, de-

certo, proporcionar-lhe uma vida mais coerente e feliz.

Quando há dedicação somente a uma dessas áreas, a tendên-

cia é que você perca o rumo da sua vida.

Imagine uma equipe de rafting formada por oito remadores,

quatro de cada lado do bote. Se as duas duplas da esquerda sim-

plesmente deixarem de remar, enquanto os quatro remadores da

direita mantiverem sua atividade a plenos pulmões, é certo que o

barco começará a girar intensamente e entrará em um parafuso

sem fim, rodando como um pião, sem jamais sair do lugar.

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Quem prioriza apenas um ou dois aspectos da vida e deixa

os outros em segundo plano acaba girando no mesmo lugar, como

um barco desgovernado.

HABILIDADE DE SUPORTAS? PRESSÕES

Precisamos ser fortes para suportar as adversidades da vida.

Lembro que durante a faculdade de Medicina alguns dos me-

lhores alunos, aqueles que tiravam nota 10 na maioria das provas,

ficavam apavorados na hora de cuidar de uma pessoa muito doente

que chegava ao pronto-socorro.

Uma coisa é ser competente com um livro nas mãos, outra bem

diferente é ter presença de espírito na hora de agir sob pressão.

Muito semelhante a isso é quando um jogador se destaca em

um time do interior, mas desaparece na hora de jogar em um time

grande.

Ter sucesso significa enfrentar problemas cada vez maiores!

É fundamental ter segurança para agir em momentos em que um

erro pode ser fatal.

A vida às vezes se torna muito difícil. Há momentos em que

tudo o que a gente faz parece não dar certo. Mas mesmo assim

precisamos suportar as pressões e seguir em frente.

Os colegas de trabalho nos olham como se fôssemos a última

esperança para que os resultados aconteçam. O chefe nos cobra,

ameaçando nos demitir, caso as metas não sejam atingidas. E, ainda

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assim, temos de sair daquela reunião, para fechar um negócio, com

a maior confiança do mundo.

No amor é a mesma coisa: você está apaixonada pelo seu na-

morado, mas sua futura sogra está fazendo a maior pressão para

vocês terminarem. Todos os dias você percebe que ela está ten-

tando convencê-lo a desistir desse namoro. A ex-namorada vive

ligando para ele, tentando reatar o namoro. E, ainda assim, você

tem de manter a presença de espírito, porque sabe que somente

uma boa relação mantém-se viva e forte.

O pior é quando tudo acontece ao mesmo tempo: pressão no

trabalho, no amor e, para complicar ainda mais, uma doença grave

na família.

O momento culminante dessa pressão acontece quando as co-

branças externas se somam às nossas inseguranças. Por exemplo:

seu pai vive lhe cobrando que passe naquele concurso público, mas,

se você não acreditar em si mesmo, as coisas ficarão muito piores.

Na caminhada pela vida, muitos desafios vão aparecer. Com

eles, virão dúvidas, ansiedade, medo e muita pressão. É natural que

seja assim. Sua resposta a esses desafios deverá ser a superação

de tudo isso.

Coisas novas e importantes na nossa vida sempre nos dão um

frio na barriga.

Lembro-me até hoje do dia em que o obstetra do hospital em

que eu trabalhava pediu que eu fizesse uma cesariana. Era um qua-

dro de sofrimento fetal grave. Eu tinha apenas alguns poucos mi-

nutos para tirar a criança de dentro da barriga da mãe. O obstetra

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Roberto Shinyashiki s< ripr emfrente

de plantão estava em outra cirurgia de emergência. Somente eu

podia atender àquela mãe. Preparei-me para iniciar a cirurgia. Na

minha cabeça, ecoavam vozes repetindo um sem-número de fra-

ses com conteúdo negativo:

— E se eu não souber o que fazer?

— E se tudo der errado?

— E se a criança tiver falta de oxigenação cerebral?

— E se a criança morrer?

— E se eu tiver um branco e não lembrar as coisas que aprendi?

Somente tive tempo de rezar um pai-nosso e começar. Fe-

lizmente, no momento em que fiz a primeira incisão, as vozes pa-

raram, concentrei-me somente na cirurgia e graças a Deus deu

tudo certo.

Lógico que pensei em recusar o pedido do obstetra, pois não

era minha obrigação fazer a cirurgia naquelas condições. Mas o

desejo de cuidar da mãe e da criança foi maior que a minha in-

segurança.

Nunca deixe o medo impedi-lo de realizar suas metas de vida.

Já pensou o que teria acontecido com minha carreira se eu tivesse

deixado o medo me vencer em situações como essa?

Uma das melhores maneiras de enfrentar o medo é ter o pre-

paro adequado para o desafio. Eu já tinha feito muitas cesarianas

sob a supervisão dos meus professores. Lógico que nenhuma sob

a pressão de ter de ser rápido e preciso como naquela situação.

Mas saber o que fazer e ter praticado muitas vezes aumenta a auto-

confiança.

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Os atletas sabem disso, por isso treinam tanto. Sem dúvida,

na hora da competição podem sentir medo de falhar. Mas fica mais

fácil controlar o medo quando se tem a certeza de ter treinado

muito, estudado o adversário e se preparado fisicamente.

Os cantores e atores experientes procuram controlar a ansie-

dade da estréia de um novo espetáculo com muito ensaio.

Na condição de estreante em um novo palco da vida, quando

enfrenta situações com as quais não está habituado, você tam-

bém está sujeito a dores de barriga nas horas mais impróprias,

justamente quando soar o terceiro sinal e a cortina estiver pres-

tes a subir.

Por que seria diferente com você? Especialmente agora, que está

pronto para encenar um espetáculo que ainda não tem roteiro.

Vai amarelar?

Prepare-se bem, concentre-se em seu objetivo, mentalize o

cenário, sinta que tem muitas pessoas torcendo por você e vá sem-

pre em frente. Se algum problema aparecer no meio do caminho,

confie em você e lembre-se de um ditado que nos ensina a man-

ter a fé:"No final, tudo dá certo. Se não deu certo até agora, é por-

que você ainda não chegou ao final"

CAPACIDADE DE APRENDER RAPIDAMENTE

A vida muda todos os dias. A todo momento, portas se fecham

à nossa frente e temos de ser rápidos para procurar novas solu-

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ções. No mundo de hoje, o novo fica velho sem piedade. A tecno-

logia cria obsolescência em um piscar de olhos.

Quando você observa os filmes de aventura, nota que em to-

dos eles os heróis enfrentam enigmas que têm de ser decifrados

na velocidade da luz.

A mesma coisa acontece em nossa vida. Precisamos, também,

aprender rapidamente a decifrar e a entender as pessoas.

De repente, você descobre que está apaixonada por um rapaz

tão bloqueado como o cofre do Banco Central. Que terá de des-

cobrir o código que abre o coração dele. Desistir porque você não

sabe o código, nem pensar.

Você percebe que poderia fechar um negócio com determi-

nado empresário, que resolveria a sua meta na empresa. Mas a se-

cretária dele demora a marcar a reunião que você tanto deseja.

Deve haver uma forma de convencê-la a permitir um encontro de

quinze minutos para você mostrar que tem um ótimo negócio para

o chefe dela.

E quando seu chefe lhe entrega o departamento de vendas

para supervisionar? Você percebe que pode ser a chance da sua

vida, mas sabe que é um ignorante no assunto. Vai ter de apren-

der esse negócio rapidamente. Como? O jeito é conversar com as

pessoas da sua equipe, conversar com quem esteve nesse lugar

antes de você, procurar um especialista no assunto, ler livros sobre

o tema.

Algum tempo atrás tive uma experiência em que precisei

aprender tudo muito rapidamente. Eu estava fazendo o concurso

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para uma vaga no doutorado em Administração de Empresas. Fui

aprovado na fase da análise do currículo, passei na entrevista, só

faltava passar nas provas de conhecimentos específicos. Existia a

possibilidade de eu ser dispensado das provas escritas em função

do meu currículo. Apresentei minhas credenciais e fui dispensado

das provas. Mas o chefe de departamento da universidade, vol-

tando de uma viagem, analisou o processo e não concordou em

me dispensar das provas.

Alguns dias antes das provas fui comunicado pela secretaria

da pós-graduação que teria de fazê-las. Que susto danado! Um

dos professores sugeriu que eu contratasse um advogado para

fazer valer as dispensas que os coordenadores do departamento

haviam concedido, mas meu irmão Gilberto me encorajou a fazer

as provas.

Em menos de uma semana tive de fazer toda a revisão nos

conteúdos de Finanças, Economia, Administração Geral e várias

outras disciplinas. Foi um trabalho e tanto. Arrumei professores

particulares, tomei muito café para ficar acordado, li um monte de

livros. Passei um estresse danado, mas fui aprovado e passei a acre-

ditar ainda mais na minha capacidade de aprender e de superar

desafios.

Quando as oportunidades aparecem temos de aprender rá-

pido o que for preciso para aproveitá-las.

Aqueles que conseguem descobrir rapidamente a chave dos

problemas e desvendar os enigmas que lhes são apresentados

sempre vão realizar seus projetos de vida.

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CONSISTÊNCIA E REGULARIDADE

Meu professor de tênis, Rodrigo Barbosa, sempre diz: o se-

gredo do tênis é a regularidade. Regularidade nos treinos. Regu-

laridade durante os jogos. Regularidade nos saques. Tudo é

regularidade!

Ele tem razão. Não adianta treinar oito horas por dia durante

cinco semanas e depois ficar alguns meses sem ver a raquete. É

melhor treinar duas vezes por semana, regularmente, porque o seu

jogo ficará consistente. Não adianta você acertar um saque sensa-

cional e errar um monte deles. É melhor dar um saque bem colo-

cado e errar pouco.

A preocupação com a forma física tem levado muitas pessoas

às academias, quadras e aos parques. 0 problema é que muita

gente acha que pode ficar a semana inteira parada e, no sábado

de manhã, correr para uma quadra de futebol, começar a jogar às

7 horas e só parar às 20 horas. Os resultados disso você já sabe:

dores pelo corpo, lesões musculares e, até mesmo, um infarto.

Os cardiologistas são unânimes em afirmar que exercício fí-

sico bom é aquele feito com consistência e regularidade.

Esse conselho vale para tudo. Na nossa jornada em busca do

crescimento pessoal, as grandes vitórias vêm após ações consis-

tentes e muito regulares.

Nos estudos é a mesma coisa. Não importa se você estuda

Direito, Literatura ou Marketing, se você reservar vinte minutos do

seu tempo para estudar todos os dias, depois de um ano ficará

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impressionado com a sua evolução. Se você conseguir estudar uma

hora por dia, então, vai ser sensacional. Pessoas que somente es-

tudam para as provas podem até ser aprovadas, mas raramente

aprendem.

Com a sua carreira profissional acontece a mesma coisa. Cons-

tância e regularidade são fundamentais.

Se você pensa em ser engenheiro, presta vestibular, começa

o curso e, no meio do segundo ano, decide que quer ser veteriná-

rio, tudo bem. É preciso entender que você mudou de idéia.

Se você pensa em ter uma empresa de informática, prepara

tudo, faz os empréstimos e os investimentos, mas depois de seis

meses trabalhando decide que vai ser cabeleireiro, tudo certo. É

preciso entender que você mudou de opinião.

Se você e sua namorada resolvem se casar, preparam a festa,

arrumam uma casa para morar e cuidam de mobiliá-la, fazem pla-

nos para os filhos, e pouco antes da data do casamento você de-

cide que vai ser padre, o que se pode fazer? Antes agora do que

depois de casado, certo?

Mas há algo muito errado nessas histórias todas.

Como é que você consegue não terminar nada do que

começa?

Tudo bem que exagerei um pouco nos exemplos. Mas a

grande verdade é que é mais ou menos assim que muitos jovens

se comportam. Mudam de idéia a toda hora, muitas vezes para di-

reções que nada têm que ver com suas decisões anteriores. Dessa

maneira, sua dedicação não constrói coisa alguma.

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Lógico que não devemos ser rígidos como uma montanha,

mas precisamos ter em mente que os resultados aparecem depois

de algum tempo de dedicação. Infelizmente, muitas pessoas aban-

donam um projeto no momento em que ele iria começar a dar re-

sultados. Peter Drucker, o grande professor de administração, dizia

que a maioria dos projetos dá errado não porque foi construída e

administrada erradamente, mas porque as pessoas desistem deles

antes mesmo de os resultados aparecerem.

Se as nossas decisões e os nossos atos não apresentarem con-

sistência e regularidade, haverá um grande desperdício de nosso po-

tencial humano, de dinheiro, de sonhos, de entusiasmo, de crenças.

Significa perda de tempo, pois ficamos andando em círculos,

podendo afundar cada vez mais no lodo.

Não importa qual direção você quer dar à sua vida. Seja o que

for que decidir fazer, acima de tudo são necessárias a consistência

e a regularidade para que possa chegar a seu objetivo.

Sérgio é um sujeito muito talentoso, mas esse talento só

tem atrapalhado sua vida.

Quando o conheci há dois anos, tinha se formado em ad-

ministração de empresas. Trabalhava com o pai, mas seu sonho

era ser ator. Passava horas ensaiando com seu grupo de teatro

amador. Conversávamos horas sobre os cursos, os livros e as pe-

ças de teatro que ele estava estudando. Eu ficava impressionado

com sua dedicação ao teatro.

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Lógico que seu pai vivia reclamando que ele não se dedi-

cava ao trabalho. Chegava atrasado, saía sempre mais cedo e, às

vezes, nem aparecia.

Um dia, como num passe de mágica, ele me ligou para di-

zer que estava montando a própria empresa. Perguntou-me se

eu tinha algum livro para indicar-lhe, para ajudá-lo nos primei-

ros passos do negócio.

Sérgio trabalhou no projeto de montar seu restaurante,

procurou sócios, escolheu o lugar, comprou equipamentos, con-

vidou-me para a inauguração.

Como imaginei, o restaurante não tinha um bom acaba-

mento, tinha sido inaugurado às pressas.

Alguns meses depois, encontrei Sérgio malhando. Tinha

sido convidado para trabalhar como modelo. Desistiu do restau-

rante, desfazendo a sociedade, perdeu o dinheiro investido e

atualmente se dedica à carreira de modelo.

Se não tiver paciência e disciplina, Sérgio vai passar pela vida

sem conhecer o gosto do sucesso.

Muita gente age exatamente como Sérgio. Esquecem que na

vida é preciso ter foco e paciência, para plantar e esperar o tempo

de colheita. Cada vez que abandonam um projeto acabam criando

a idéia de fracasso.

Tudo aquilo que você mantém com firmeza, e na mesma di-

reção, dá melhores resultados.

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CAPACIDADE PARA CELEBRAR

A capacidade de comemorar sempre mostra quem está mais

perto da vitória. Observe os bancos de reservas dos times que par-

ticipam de uma partida de futebol. Aquele que está mais unido e

alegre tende a vencer. A preocupação exagerada dos reservas é

um forte sinal de que a auto-estima do time está baixa.

Celebre suas vitórias, por menores que elas sejam.

Comemore o fato de morar em seu próprio apartamento,

mesmo que ele ainda não tenha o conforto da casa de seus pais.

Celebre o fim de um namoro que havia anos se arrastava sem

amor nem respeito mútuo.

Tenho um amigo muito querido, chamado Joe Moghrabi, que

tem um senso de comemoração muito especial. Um dia desses nos

encontramos e ele comentou que tivera um trabalho enorme ar-

rumando o telhado de sua casa, que estava com goteiras. Lamen-

tei que ele tivesse tido esse problema. E ele me respondeu: "Que

nada, Roberto. Ainda bem que eu tenho uma casa bonita para ter

goteiras.Tem tanta gente que não tem nem onde morar..."

Joe está certo! Que bom que temos uma casa para ter goteiras.

Isso não significa negar a existência do problema. Mas ele não

deixa o mau humor somar-se ao problema.

Gente mal-humorada é sinal de aumento dos problemas.

Gente alto-astral é sinal de aumento de desempenho.

Cada pequena vitória deve ser comemorada com entusiasmo

e alegria.

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Celebre cada descoberta que fizer sobre si mesmo.

Celebre cada degrau vencido.

Celebre todas as vezes que você tiver uma razão para se or-

gulhar. É fácil. Elas aparecem o tempo todo.

Quando comecei o atendimento em Medicina, trabalhei como

plantonista em muitos fins de semana, o que mudou completa-

mente minha rotina. Antes disso, fim de semana era sinônimo de

namoro e diversão.

Depois de algum tempo, uma vez que fazia o que realmente

apreciava, descobri o prazer de aprender com os veteranos de mi-

nha área e passei a me sentir também um autêntico profissional.

Quando esse trabalho começou a me dar retorno financeiro, curti

ainda mais a perspectiva de arcar com minhas despesas. Era o iní-

cio da independência financeira que eu desejava construir.

Para continuar a namorar e sair à noite, tive apenas de me

acostumar a dormir um pouco menos!

Muitas pessoas não conseguem desfrutar essas pequenas

conquistas porque não toleram a idéia de acordar mais cedo ou

de dormir mais tarde, nem parecem dispostas a fazer adaptações

em sua rotina. São, sobretudo, incapazes de perceber o imenso

prazer que as conquistas trazem.

Ponha alegria nas coisas que você precisa fazer.

Divirta-se sempre.

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Roberto Shinyashiki s< r ipr e m f r e n t e

Em nossa jornada de realização é importante criar e manter

relacionamentos com pessoas capazes de ajudar-nos nessa viagem.

Da mesma forma, devemos evitar aquelas pessoas que podem nos

atrapalhar ao longo do caminho.

Na verdade, existem quatro tipos de pessoas que vão nos in-

fluenciar o tempo todo. Nossos anjos da guarda serão os amigos,

os amores, os familiares e os mentores.

AMIZADES

Amigo é coisa pra se guardar,

debaixo de sete chaves,

dentro do coração.

Trecho da música Canção da América, de Milton Nascimento e Fernando Brant.

Se você tem amigos que o estimulam e o acompanham em

seu crescimento, pense neles como um tesouro. Os bons amigos

o apoiarão e servirão de referência para sua caminhada.

Mas entenda que, exatamente por serem seus amigos, eles

nunca farão por você o que você mesmo tiver de fazer. Estarão

sempre por perto, mas nunca lhe tirarão a oportunidade de apren-

der com a experiência que você vai precisar adquirir, nem o pra-

zer da sua vitória.

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Roberto Shinyashiki s< ripr e m f r e n t e

Na verdade, essa sua caminhada é um processo solitário.

Por mais que seus amigos sejam estudiosos, eles não farão as

provas para você.

Por mais que seus amigos sejam extrovertidos e saibam pa-

querar, não poderão conquistar por você a pessoa que você ama.

Em uma entrevista de emprego, apenas você, com suas me-

lhores qualidades, e também dificuldades, poderá despertar a ad-

miração dos entrevistadores.

Essa caminhada é somente sua.

Mas erra quem pensa que os amigos não podem ajudar. Os

amigos ajudam a abrir nossos olhos quando tomamos um cami-

nho errado.

Quando você demora a crescer, os amigos o instigam a acordar

para a vida e a tornar-se responsável por seu desenvolvimento.

Os amigos são firmes quando você resolve agir como um Re-

belde Sem Causa e sabem apontar atitudes suas que magoam as

pessoas queridas e não constroem nada de positivo.

Amigos sabem conversar quando você está desorientado e o

estimulam a ser objetivo em suas ações.

Amigos são pessoas especiais que pouco têm em comum com

as centenas de "conhecidos" que você coleciona em sua página de

uma rede virtual de relacionamentos. Você dificilmente poderá

contar de fato com esses conhecidos quando estiver inseguro, so-

zinho, triste ou sem rumo.

A quem você confiaria seus segredos mais íntimos? Somente

aos amigos verdadeiros.

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Roberto Shinyashiki s< ripr emfrente

Que coisa complicada tentar explicar como são os amigos!...

Eles são amigos, simplesmente!

Agora, você precisa estar esperto para precaver-se contra os

falsos amigos. Sim, porque eles existem e estão por aí, como uma

praga, fingindo ser amigos de verdade.

As "más companhias" a que seu pai provavelmente já se refe-

riu milhares de vezes não são frutos da imaginação do velho. Elas

existem. Puxam você para baixo e representam um peso imenso a

carregar na travessia.

Más companhias são as pessoas que afastam você de seus

objetivos e o levam a assumir condutas cada vez mais distantes

de seus sonhos.

Más companhias são pessoas complicadas, sempre metidas

em encrencas.

Más companhias são pessoas deprimidas, que assumem ati-

tudes negativas perante a vida, adoram encher a cara, usam dro-

gas, fazem racha e tantas outras coisas que você sabe serem

nocivas e erradas.

Se insistir em ficar com elas, prepare-se para atolar no man-

gue. E ficar lá por um bom tempo.

Conheço dois rapazes que estudaram o ano inteiro para

prestar o vestibular de Medicina.

Na noite anterior ao exame, os amigos de Renato o arras-

taram para a balada. "Vai ser bom para relaxar" diziam. E aca-

baram "fazendo sua cabeça".

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Roberto Shinyashiki s< ripr emfrente

A balada começou tarde, Renato bebeu mais do que devia

e voltou para casa de madrugada. Resultado: acordou atrasado,

com dor de cabeça e uma tremenda ressaca.

Chegou ao local do exame em cima da hora, não conse-

guiu concentrar-se e foi reprovado.

Arthur fez o mesmo vestibular, mas teve mais sorte com os

amigos. Na tarde anterior, eles lhe fizeram uma visita, tocaram

algumas músicas no violão para ajudá-lo a se descontrair, assis-

tiram a um filme, fizeram um lanche e foram embora antes das

10 horas da noite, cientes de que Arthur iria para a cama.

Antes de sair, desejaram-lhe boa sorte e prometeram torcer

por ele.

Arthur passou no vestibular.

Boas companhias são pessoas que têm bons valores, compa-

tíveis com os seus. Cultivam bons hábitos e atitudes positivas

diante da vida e lutam para ser donas do próprio destino.

Boas companhias são pessoas com as quais você se sente li-

vre para chorar, compartilhando suas tristezas quando for o caso,

mas com as quais também gosta de dividir alegrias e vitórias.

Escolha amigos que demonstrem afinidade com você. Escolha

amigos que somem à sua a vontade deles de crescer. Eles terão

grande influência sobre sua vida — e você sobre a vida deles.

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Roberto Shinyashiki

s e m p r e e m f r e n t e

O S R E L A C I O N A M E N T O S

Seus amores vão influenciar muito a sua jornada!

Por isso é importante que você construa relacionamentos sau-

dáveis. Pois, da mesma forma que um bom relacionamento o ajuda

a crescer e deslánchar na vida, um mau relacionamento apenas irá

atolar ainda mais o seu pé no lodo.

Namorar uma pessoa compl icada é um convite para dramas.

Raramente um relacionamento repleto de brigas deixa a lguma

energia positiva para que os parceiros construam sua vida.

Há pouco tempo acompanhei o drama de uma família em

que a garota casou-se com um sujeito mau-caráter. Mal entrou

para a família e o rapaz já começou a paquerar a própria

cunhada. Imagine a confusão que ele gerou em seu relacio-

namento.

Depois de algum tempo sustentando-o, porque o rapaz não

tinha emprego, a moça conseguiu que o pai o empregasse na

empresa dele. Logo o pai descobriu que o genro estava roubando

a empresa. Ele foi forte e sensato o suficiente para demiti-lo.

Passados alguns meses, a família descobriu, chocada, que

o rapaz estava usando drogas pesadas e a partir daí começou

uma série de escândalos.

Com um casamento desses, a garota não terá mesmo con-

dições de avançar na vida. Vivendo sob o efeito constante de

tranqüilizantes, será preciso que ela tenha muita força para con-

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Roberto Shinyashiki s< ripr e m f r e n t e

seguir se separar do marido. Se conseguir deixá-lo e fazer dele

apenas um ponto em seu passado, o fim desse pesadelo se trans-

formará no início de um futuro mais promissor.

A escolha do parceiro certo é um dos mais importantes pas-

sos para quem quer ser feliz de verdade.

Quando vejo alguns casais que admiro, percebo como eles se

estimulam mutuamente a crescer como casal e em seus projetos

pessoais.Todos eles brigam de vez em quando, como qualquer ca-

sal que se ama, mas é muito bonito ver sua cumplicidade. Um sem-

pre apóia o outro. Quando um está passando por um problema, o

outro sempre dá uma força. É lógico que eles não vão precisar fi-

car gastando horas e horas discutindo a relação, e por isso sobrará

muito mais tempo para realizarem seus projetos de vida.

Infelizmente, a maioria das pessoas faz escolhas insensatas.

Fico surpreso com a quantidade de mulheres inteligentes que na-

moram homens que procuram diminuí-las o tempo todo.

Aprender a amar uma pessoa que tenha prazer em fazer você

feliz é fundamental.

Mas, além da escolha da pessoa certa, existe outro ponto im-

portante nos relacionamentos: a coragem de amar. Infelizmente,

muita gente foge do amor porque tem medo de rejeição e acaba

se refugiando na solidão.

0 medo da rejeição aparece de três maneiras na vida amo-

rosa dos jovens.

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Roberto Shinyashiki s< ripr e m f r e n t e

0 primeiro atoleiro surge quando o medo da rejeição é tão

grande que o jovem prefere ficar sozinho. Ele sempre apresenta

desculpas do tipo:"A carreira é minha prioridade no momento""0

amor fica para depois""Os homens não querem compromissos" ou

ainda:"As mulheres são complicadas"

É lógico que a opção de ficar sozinho evita sofrimento afetivo,

mas optar pela solidão não é solução para uma vida plena. A de-

cisão de ficar só, no fundo, adia o desafio de amar.

O segundo atoleiro é o dos colecionadores de números. São

pessoas que só se preocupam com a quantidade: o número de

beijos dados durante uma festa, o número de transas, o número

de parceiros.

Com medo de se envolver em um relacionamento mais sério,

esse tipo de jovem se acostuma a ver o outro como um objeto a

ser conquistado e descartado logo após o uso. No fundo, existe o

medo de se apaixonar e ser abandonado.

O terceiro atoleiro é representado pelos casais-ostra, que pas-

sam a habitar uma concha e se fecham nela como se fugissem de

algum predador faminto. Um jovem desse tipo tem tanto medo do

mundo que procura uma moça disposta a se unir a ele em um ca-

sulo de aço, erguido como defesa contra as ameaças vindas do

universo exterior. São pessoas tão possessivas que têm ciúme da

própria sombra.

Os casais unidos contra o mundo se afastam dos amigos e

até da família e tendem a fazer somente programas a dois. Mas

eles não percebem que, aos poucos, o relacionamento deixa de se

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Roberto Shinyashiki s < r i p r e m f r e n t e

basear no amor para se tornar dependência. Após algum tempo,

o medo de magoar o outro se transforma em culpa, até que um

dia um dos dois encerra a relação.

Se você perceber que está atolado em uma dessas formas de

medo de amar, é importante investir um pouco da sua energia no

amor.

Aprender a criar vínculos é uma das mais importantes lições

de vida.

Quem não aprende a criar vínculos ao primeiro desencontro

no relacionamento age como um menino mimado que leva a bola

embora para casa e acaba com a brincadeira quando o outro não

faz o que ele quer.

Preste atenção a uma simples regra que ajudará você a amar:

os relacionamentos saudáveis se baseiam no respeito e no amor. O

amor nunca deve ser uma justificativa para os ciumentos e os pos-

sessivos. Temos de aprender a diferenciar o egoísmo do verdadeiro

amor. Ser possessivo pode até confundir-se com amor na forma,

mas não na essência. É como uma flor natural e uma flor de plás-

tico — ambas têm a mesma forma, mas a primeira tem essência e

a segunda não. A possessividade nasce da insegurança, enquanto

o amor nasce da abundância de afetividade na vida da pessoa.

Um dia desses, observei que uma das pessoas que trabalham

comigo estava chegando sempre atrasada, com uma expressão an-

gustiada. Conversei com ela querendo saber se podia ajudar.

Ela comentou das brigas que estava tendo com um namorado

possessivo, que implicava com tudo o que ela fazia. Até mesmo

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queria que ela parasse a faculdade, porque sentia ciúme. Ela me

confidenciou que estava pensando seriamente em abandonar os

estudos para não prejudicar o relacionamento.

Procurei mostrar que esse namoro não estava fazendo bem a

ela e sugeri que deveria pensar melhor sobre tudo o que estava

acontecendo. Porém, apesar de ter-me ouvido com interesse e

atenção, ela decidiu mesmo parar de estudar.

No entanto, após esse dia, reparei que seus atrasos continua-

ram, seu olhar de angústia aumentou e, algum tempo depois, ela

pediu demissão. Disse que tinha arrumado outro emprego. Fiquei

chateado, pois ela tinha muito futuro na empresa, mas tive de

respeitar sua decisão de sair, achando ser o melhor para ela. Mas,

logo depois, eu soube peia minha secretária que ela saíra da em-

presa também para tentar acabar com as brigas com o namorado

ciumento.

No condomínio onde moro, há uma jovem que sempre está

brigando com o namorado. A impressão que tenho é que eles bri-

gam todos os dias. Eles brigam no elevador, na sala de ginástica,

no estacionamento... E não têm vergonha de gritar um com o ou-

tro na frente de todo mundo.

Certa vez encontrei com a jovem na piscina, conversamos so-

bre carreira e ela pediu-me uma dica para alavancar sua vida pro-

fissional. Respondi: termine esse namoro.

Ela me olhou surpresa e perguntou: "O que meu namoro

tem que ver com a minha carreira profissional?" E eu respondi:

"Tem tudo!"

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Pessoas de sucesso não podem perder três horas por dia bri-

gando e se desgastando com o namorado. Ou param de brigar,

ou terminam o namoro. O tempo desperdiçado com as brigas po-

deria muito bem ser aproveitado em cursos e investimentos na

carreira.

É lógico que para viver um amor pleno é preciso saber amar.

Sem saber amar, os relacionamentos tornam-se destrutivos. E re-

lacionamentos destrutivos tiram a energia de vida das pessoas.

Há namoros que puxam a pessoa para cima, enquanto outros

acabam com ela.

É fundamental encontrar alguém que caminhe com você, para

realizar juntos seus sonhos individuais e de casal. Michel Quoist, o

religioso francês, disse:"Amar não é um ficar olhando nos olhos do

outro, mas os dois olharem juntos na mesma direção"

Temos sempre de amar alguém que crie conosco a felicidade

do casal. Como diz o ditado: quem caminha sozinho chega mais rá-

pido, mas quem caminha com alguém que ama chega mais longe.

Agora uma palavra final sobre vida amorosa: não tenha pressa

de namorar alguém. Hoje existe uma pressão imensa para todos

namorarem o tempo todo. O resultado disso: uniões sem sentido.

Se você está sozinho, pensando ainda em seu antigo rela-

cionamento, não corra desesperadamente atrás de um novo par-

ceiro. Dê-se um tempo. Ouça aquela música de George Harrison

que diz: "O amor vem para cada um" e respeite o ritmo da exis-

tência. No momento certo, a pessoa mais apropriada para você

vai aparecer.

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Roberto Shinyashiki

sempreemfrente

OS FAMILIARES

Sua família o influencia e é influenciada por você. Ela tanto

pode ajudá-lo muito como atrapalhar bastante a sua vida.

Familiares superprotetores precisam de limites para não in-

vadir seu espaço.

No caso dos familiares supercríticos, vai ser fundamental di-

zer-lhes que, nesse momento de sua vida, você precisa de apoio,

e não de torturadores.

Se eles fazem o tipo vítimas do destino, é importante deixar

claro que o fato de você querer cuidar da própria vida não signi-

fica querer magoá-los.

Você precisa saber diferenciar quem na sua família sabe dar

palpites que valem a pena considerar e quem gosta de colocar

defeito em tudo o que você faz e torce para que dê errado, só para

poder chegar para você e dizer: "Eu não falei que não ia dar

certo?"

Então, quando se trata de família, também nesse caso você

precisa saber a quem dar ouvidos, quem vai escolher para ser seu

confidente e quem eleger como seu mentor (sempre tem alguém

na família que admiramos muito, que é uma espécie de ídolo para

nós e quem procuramos para pedir conselhos).

Tudo na vida tem o lado bom e o lado ruim. Por isso, procure

associar-se a pessoas boas, estimulantes e assertivas da sua famí-

lia, e desfrute do apoio que elas podem lhe dar.

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Roberto Shinyashiki s< ripr emfrente

O mais importante é que, mesmo com alguns galhos tortos na

sua árvore familiar, sempre haverá espaço para os encontros espe-

ciais que lhe darão forças e lembranças para continuar crescendo.

Na minha família, a gente adorava conversar comendo pudim

de leite condensado. Era muito gostoso ver que os filhos, depois

de crescidos e cada um estudando em uma cidade diferente, vi-

nham passar o final de semana em casa, comer a macarronada da

mama e o pudim de sobremesa, em meio a um monte de risos di-

vertidos. Meus pais eram perfeitos? Não. Pelo contrário. Minha mãe

era mandona e o meu pai distante. Ele só chegava perto quando

tínhamos problemas. Mas o mais importante é que tínhamos uma

atmosfera de afeto em que podíamos expor nossas idéias.

Então, livre-se das bobagens e aproveite o lado positivo da

sua família. São as coisas boas que se transformarão nas lembran-

ças de amor que nunca serão apagadas da sua memória.

OS MENTORES

Em minha carreira, existe uma pessoa a quem tenho de agra-

decer muito por tudo o que fez por mim. É o diretor de teatro

Miguel Filliage. Ele soube me pegar pelas mãos e me orientar em

uma de minhas jornadas de transformação.

Quando comecei a dar seminários em empresas, os grupos

eram pequenos e o meu papel era um misto de professor e tera-

peuta de grupo. Eu tinha sucesso, tinha tudo sob controle e fazia

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Roberto Shinyashiki s< ripr e m f r e n t e

as coisas bem-feitas. Até que no começo dos anos 1990 ouvi o

pessoal dizer que as empresas estavam organizando muitas pales-

tras com a participação de todos os colaboradores do grupo. Os

bancos estavam com convenções envolvendo milhares de funcio-

nários. As redes de supermercados estavam colocando no mesmo

evento toda a equipe: dos diretores aos empacotadores. Os even-

tos tinham mudado de formato, tinham se transformado em gran-

des acontecimentos, com shows de artistas famosos e orquestras

inteiras.

Mas eu não me imaginava fazendo palestras para tanta gente

de uma só vez. Até que um dia o presidente da Associação Brasi-

leira de Recursos Humanos (ABRH) chamou-me para uma reunião.

Quando cheguei lá, estavam presentes o grande ídolo das pales-

tras, Marco Aurélio Ferreira Viana, autor do projeto, Miguel Filliage,

a atriz Irene Ravache e o ator Paulo Figueiredo. A idéia era fazer

um grande espetáculo para a abertura do Congresso Nacional de

Recursos Humanos daquele ano.

Adorei a idéia, mas tive de fazer um grande esforço para es-

conder o meu medo de falar para milhares de pessoas. Quando

descemos de elevador, nos poucos minutos juntos, conversamos

sobre o desafio. Era incrível: eu, um simples palestrante, no meio

daqueles artistas, fazendo arte em um congresso cientifico.

Alguns dias depois,fui tomar café com Miguel. Consegui abrir

meu coração para ele e falar do medo que sentia de estar em um

palco imenso, com artistas que eu admirava. Ele me acaimou, di-

zendo simplesmente: "Relaxe, que tudo vai dar certo"

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Os dias foram passando e ele foi me ensinando tudo o que

eu precisava saber sobre como atuar em um palco. Os ensaios fo-

ram me tranqüilizando, mas o que mais me acalmava mesmo era

saber que Miguel estava por perto.

No dia da apresentação, tive de controlar meu medo para con-

seguir fazer um bom trabalho. O evento foi um sucesso. Naquele

dia, as empresas descobriram um novo palestrante: Roberto

Shinyashiki. E Miguel tornou-se meu mentor, tornou-se um guia na

minha carreira nos palcos dos grandes eventos.

Mentores são pessoas que nos guiam, ensinam, aconselham.

São nossos mestres, nosso ponto de apoio, nossos conselheiros.

Um mentor pode ser qualquer pessoa: um irmão, o próprio

pai, um professor, um tio, um amigo, enfim, pode ser apenas al-

guém que conhecemos durante a travessia de algum dos nossos

mangues e que mostra ser extremamente bom conhecedor das

trilhas da vida e, principalmente, demonstra muito amor e boa von-

tade em nos orientar. É alguém em quem confiamos e por quem

colocamos a nossa mão no fogo, se for preciso.

Mas vamos com calma. Aqui também precisamos frisar que é

necessário ter cautela ao escolher o seu mentor. Sim, porque tam-

bém entre eles existem os bons e os maus. 0 que você diria de

alguém que escolhesse para seu mentor um homem-bomba, um

ladrão astucioso ou um piloto suicida?

Feita essa consideração, voltemos aos bons mentores. Aque-

les que realmente queremos para nós e gostamos de ter na nossa

vida, principalmente nos momentos de maior provação.

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Quando temos um mangue a atravessar, quando estamos em

dúvida se devemos prosseguir ou não, se estamos na direção cor-

reta ou andando em círculos, é nesses momentos que o mentor

surge para dizer: vem comigo que vou lhe mostrar o caminho. Ele

nos enche novamente de coragem, esperança e tranqüilidade para

prosseguir.

Você já deve ter visto no cinema uma porção de mentores,

não é mesmo? Lembra de Dumbledore, diretor da escola de bru-

xaria de Hogwarts e mentor de Harry Potter? E quanto a Gandalf,

um dos mais famosos magos de todos os tempos, mentor do he-

rói Frodo, em O Senhor dos Anéis? Temos também Obi-Wan Kenobi,

mentor de Luke Skywalker, na série Star Wars.

Os mentores são muitos, mas o maior desafio é ter sabedoria

para escolhê-lo e humildade para escutá-lo.

Você vai perceber que na história das pessoas que admira

sempre existiu a presença de alguém que apareceu na hora certa,

deu-lhes alguns conselhos fundamentais, ajudou-as a evitar erros

graves e sobretudo esteve à disposição delas sempre que foi

preciso.

Defina quem é o seu mentor, aquela pessoa digna de sua con-

fiança, e vá sempre em frente.

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va com Deus

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A vida não é um problema a ser resolvido, mas um mis-

tério a ser desvendado. Osho

Um dia após o outro é simplesmente uma sucessão de opor-

tunidades que você vai colorir com os seus pincéis e as suas tintas.

Seja criativo e use tons intensos de quem aprendeu a viver escre-

vendo histórias fascinantes. As lágrimas podem ser de tristeza ou

de alegria, mas têm de ser de quem vive apaixonado. A luta pode

ser para não desistir de um objetivo ou para completar um pro-

jeto, mas tem de ser de quem ama muito.

A vida só tem graça para quem se arrisca a ser tudo o que

quer ser. Deixe a sua assinatura em tudo o que você fizer. Seja você

em todas as suas ações. Se alguém vai aplaudir ou não, o problema

é desse alguém, e não seu.

Siga seu caminho sempre em frente e lembre-se de ter Deus

em seu coração.

Paz no coração é sempre muito melhor do que aplausos.

Há algum tempo, eu estava esperando para começar uma pa-

lestra e a organizadora do evento pediu-me que desse uma entre-

vista para o jornal da cidade.

Atendi seu pedido e fui conversar com a jornalista. Era uma

jovem de menos de 20 anos, que não me conhecia nem sabia o

que eu fazia. Ela simplesmente fez as perguntas baseada em um

texto que a organizadora do evento lhe entregou. As perguntas

eram as mais chatas possíveis:

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- Quem é o senhor?

- O que o senhor faz?

- Que tipo de livros o senhor escreve?

- O que o senhor vai dizer na palestra?

Mas essa moça despreparada fez a pergunta mais importante

que um jornalista me fez em toda a minha carreira. Em determinado

momento, ela leu no papel uma informação que a surpreendeu.

- O senhor já vendeu 6 milhões de livros?

Eu acenei positivamente com a cabeça. Ela continuou:

- E o que senhor faz quando pensa que tanta gente lê os seus

livros para tomar uma decisão na vida?

- Eu rezo -, respondi. - E peço a Deus que me oriente a es-

crever algo que ajude as pessoas a se realizarem.

Todas as vezes, antes de começar a escrever, faço minha ora-

ção. Nunca peço sucesso, nem mesmo dinheiro. Eu simplesmente

falo:"Senhor, dai-me a sua luz para que eu possa realizar a minha

missão neste planeta Terra"

Quando acordar bem cedo, antes mesmo de sair da cama, faça

uma oração agradecendo ao Pai pela oportunidade de viver mais um

dia. E antes de dormir agradeça por tudo o que recebeu nesse dia.

Tenho certeza de que suas preces vão trazer mais luz para o

seu coração e deixar a sua alma forte para enfrentar os desafios

do seu caminho.

Acredite em Deus. Acredite em você. E avance sempre!

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O universo está pronto para aplaudir as suas vitórias.

Vá com Deus!

Com o carinho de sempre,

Roberto Shinyashiki.

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