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Estudos Técnicos Volume 1 www.cnm.org.br

portal.cnm.org.brportal.cnm.org.br/sites/9800/9837/estudos-tecnicos/pdf/... · Estudos Técnicos CNM – Volume 1 7 O Brasil é um país continental que compreende um universo de

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Estudos Técnicos

Volume 1www.cnm.org.br

4 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

DIRETORIA DA CNM

PresidentePaulo Roberto Ziulkoski

Primeiro Vice-PresidenteFernando Antônio Lobato

Primeiro SecretárioMarcos Monti

Primeiro TesoureiroMauri Eduardo de Barros Heinrich

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 5

Estudos Técnicos CNMVolume 1

Coletânea de estudos técnicos publicados no ano de 2008

Brasília – DF

2009

6 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Qualquer parte desta publicação poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. Copyright © 2008-2009. Confederação Nacional de Municípios.

Impresso no Brasil.

Ficha Catalográfi ca

Confederação Nacional dos Municípios – CNM Estudos Técnicos CNM / Confederação Nacional dos Municípios – Brasília : CNM, 2008.

204 páginas Volume 1

1. Gestão Municipal. 2. Administração Pública. 3. Estudos Técnicos. 4. Movimento Municipalista. I. Título: Estudos Técnicos CNM: volume 1.

Coordenação/organização:Jeconias Rosendo da Silva JúniorMarsden Alves de Amorim Paz

Textos e pesquisa:Área de Estudos Técnicos: André Amorim Alencar, Eduardo Stranz, Giane Boselli, João Krebs, Mauro César Ferreira e Roberto Ferreira Peres

Colaboração:Paulo Henrique de Castro e Faria

Revisão técnica:Eduardo StranzGiane Boselli

Revisão:Danúzia QueirozPatrícia Jacob

Supervisão editorial:Paulo Henrique de Castro e Faria

Editoração e projeto gráfi co:Themaz Comunicação Ltda.

CRÉDITOS

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 7

O Brasil é um país continental que compreende um universo de 5.563 municípios. Universo este impos-

sível de ser visto, em seu conjunto, como uma realidade homogênea. Por tal razão, pode-se dizer que a

realidade brasileira é composta por 5.563 realidades distintas, cada qual com suas peculiaridades.

Foi pensando em compreender as dinâmicas que movem este complexo cenário que a Confederação

Nacional de Municípios (CNM) passou a desenvolver estudos técnicos capazes de orientar a formulação

de políticas adequadas às diversas realidades de nosso país.

Este primeiro volume da série de Estudos Técnicos consolida as pesquisas e os principais levantamentos

produzidos pela CNM em 2008. A série compreende textos que fundamentaram a atuação da entidade e,

muitas vezes, ajudaram a pautar as reivindicações municipalistas que se transformaram em conquistas

para os municípios.

Assim, com a fi nalidade de organizar a produção técnica da entidade e, também, de criar um canal sólido

de aprendizagem sobre a realidade dos nossos municípios é que apresentamos esta publicação.

Todavia, nosso principal objetivo é tornar a produção técnica da CNM cada vez mais acessível aos ges-

tores municipais, com a certeza de que será útil para a qualifi cação daqueles que, cotidianamente, se

dedicam à causa municipalista.

Paulo Ziulkoski

Presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM)

APRESENTAÇÃO

8 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

A OPINIÃO DOS PREFEITOS SOBRE A REFORMA POLÍTICA ....................................................... 11Estudo realizado em janeiro de 2008

ANÁLISE DAS EMENDAS AO ORÇAMENTO DE 2003 A 2007 ........................................................17Estudo realizado em fevereiro de 2008

IRFS – ÍNDICE DE RESPONSABILIDADE FISCAL, SOCIAL E DE GESTÃO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS – EDIÇÃO 2006 ...........................................................................................................27Estudo realizado em fevereiro de 2008

AS EMANCIPAÇÕES DE MUNICÍPIOS NO PERÍODO DE 1996 A 2006 ..........................................38Estudo realizado em julho de 2008

A EVOLUÇÃO DAS FINANÇAS MUNICIPAIS ....................................................................................52Estudo realizado em novembro de 2008

ESTIMATIVAS DE ARRECADAÇÃO PRÓPRIA DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS E OS 25% CONSTITUCIONAIS DA EDUCAÇÃO .................................................................................................57Estudo realizado em junho de 2008

20 ANOS DE SUS - MUNICÍPIOS CUMPREM A EMENDA 29/2000 ..................................................69Estudo realizado em outubro de 2008

ESTUDOS FISCAIS: ESTIMATIVAS DA PARTICIPAÇÃO DOS ENTES DA FEDERAÇÃO NO BOLO TRIBUTÁRIO .........................................................................................................................................77Estudo realizado em abril de 2008

OS DETERMINANTES NA REELEIÇÃO DE PREFEITOS NOS PLEITOS DE 2000 E 2004 ............86Estudo realizado em setembro de 2008

SUMÁRIO

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 9

ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2008 E AS TENDÊNCIAS DOS ÚLTIMOS PLEITOS ..............................107Estudo realizado em outubro de 2008

OS RESULTADOS DO FENÔMENO DA REELEIÇÃO EM 2008 E UMA COMPARAÇÃO COM OS DOIS ÚLTIMOS PLEITOS MUNICIPAIS ............................................................................................ 115Estudo realizado em outubro de 2008

ANÁLISE DO ORÇAMENTO DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE NO PERÍODO DE2002 A 2007 .........................................................................................................................................120Estudo realizado em agosto de 2008

A FORÇA DOS PARTIDOS POLÍTICOS NO CENÁRIO NACIONAL DE 2000 A 2008 ...................125Estudo realizado em novembro de 2008

A DINÂMICA DA VIOLÊNCIA NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS ...................................................135Estudo realizado em dezembro de 2008

DESAFIOS DA CRISE MUNDIAL: UMA ESTIMATIVA DO IMPACTO SOBRE AS FINANÇAS PÚBLICAS ...........................................................................................................................................150Estudo realizado em dezembro de 2008

PESQUISA SOBRE PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO EM 2008 ......................................................159Estudo realizado em dezembro de 2008

A DISTRIBUIÇÃO DOS ROYALTIES DE PETRÓLEO NO BRASIL .................................................198Estudo realizado em abril de 2008

10 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 11

A OPINIÃO DOS PREFEITOS SOBRE A REFORMA POLÍTICA

Está em discussão no Congresso Nacional a Reforma Política, um conjunto de propostas que visam a alterar a legislação nacional no que se refere aos sistemas político e eleitoral do país. Essa discussão desperta diferentes olhares e opiniões, que variam de acordo com os interesses e o cenário político dos interlocutores envolvidos.

Como um órgão de representação municipal, a Confederação Nacional dos Municípios buscou levantar um panorama da opinião dos prefeitos sobre os principais pontos dessa reforma, que há anos está na agenda dos congressistas. As questões levantadas na pesquisa foram relacionadas a alguns temas, tais como: reeleição, período de mandatos, unifi cação de eleições federais, estaduais e municipais, prorrogação de mandatos, fi delidade partidária, fi nanciamento de campanhas, sistema de representação parlamentar, cláusula de barreira, tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV.

A pesquisa foi feita por manifestação espontânea entre os dias 25 de abril e 18 de maio de 2007. Um questionário foi encaminhado aos prefeitos por meio de diferentes canais, tais como fax, e-mail e correspondência. Foi possível também responder ao questionário online, que foi disponibilizado no portal da CNM na internet. Ao fi nal da pesquisa, obteve-se um índice de retorno de 40,2% dos prefeitos e prefeitas do país, referentes a 2.241 prefeituras.

Optou-se pela não defi nição de uma amostra estatística de um porcentual de municípios de cada estado para evitar desvios de dados entre estados com maior ou menor quantidade de municípios.

Obtiveram-se informações de todos os estados da Federação, correspondendo a uma amostra bastante representativa. Na tabela abaixo, é possível visualizar a quantidade e a porcentagem de municípios de cada estado que respondeu à pesquisa.

1

12 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 1

UFQtde. de

Municípios EstadoResgistros recebidos %

AC 22 Acre 15 68,18AL 102 Alagoas 35 34,31AM 62 Amazonas 18 29,03AP 16 Amapá 6 37,50BA 417 Bahia 141 33,81CE 184 Ceará 64 34,78DF 0 Distrito Federal 0 0ES 78 Espírito Santo 31 39,74GO 246 Goiás 112 45,53MA 217 Maranhão 79 36,41MG 853 Minas Gerais 301 35,29MS 78 Mato Grosso do Sul 36 46,15MT 141 Mato Grosso 73 51,77PA 143 Pará 37 25,87PB 223 Paraíba 96 43,05PE 184 Pernambuco 79 42,70PI 224 Piauí 52 23,21PR 399 Paraná 127 31,83RJ 92 Rio de Janeiro 40 43,48RN 167 Rio Grande do Norte 89 53,29RO 52 Rondônia 10 19,23RR 15 Roraima 5 33,33RS 496 Rio Grande do Sul 309 62,30SC 293 Santa Catarina 138 47,10SE 75 Sergipe 31 41,33SP 645 São Paulo 281 43,57TO 139 Tocantins 36 25,90BR 5563 Brasil 2.241 40,28

1 Resultados da pesquisa

1.1 Reeleição

Uma Emenda Constitucional promulgada em 1997 passou a permitir a possibilidade de reeleição apenas uma vez para um mandato subsequente e sem restrição para um pleito não consecutivo. De lá para cá, já houve três eleições que permitiram aos candidatos terem um segundo mandato consecutivo.

A primeira questão da pesquisa indagou sobre a proposta de acabar com o instituto da reeleição. A maioria dos prefeitos e prefeitas pesquisados(as) se mostrou favorável ao fi m da possibilidade de reeleição no país, confi gurando 79,99% dos entrevistados. Caso a reeleição seja extinta, a maioria deles (54,27%) acredita que os mandatos devem ser prorrogados para cinco anos. Outros 38,17% acham que o mandato deve ter seis anos. Veja as tabelas abaixo com os resultados.

O(a) senhor(a) é a favor da proposta de acabar com a reeleição?

Nº %Sim 1.787 79,99%Não 447 20,01%Total 2.234 100,00%

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 13

Em caso de a reeleição ser extinta, o(a) senhor(a) acredita que os mandatos devem ser de:

Nº %4 anos 146 6,56%5 anos 1.208 54,27%6 anos 872 39,17%Total 2226 100%

1.2 Unifi cação das eleições

A terceira questão buscou saber se os prefeitos e as prefeitas concordam com a unifi cação das eleições para cargos políticos eletivos federais, estaduais e municipais em uma mesma data. A maioria (96,86%) dos prefeitos é favorável à unifi cação das eleições. Para que seja possível a realização de uma única eleição, grande parte deles acha que deveria haver a prorrogação do atual mandato de prefeitos e vereadores (85,97%). Em segundo lugar, fi cou a prorrogação do futuro mandato de prefeitos e vereadores.

O(a) senhor(a) concorda com a unifi cação das eleições em todos os níveis para a mesma data?

Nº %Sim 2.160 96,86%Não 70 3,14%Total 2.230 100,00%

Para que essa unifi cação ocorra, o(a) senhor(a) apoia qual das seguintes teses:

Nº %Prorrogação do atual mandato de Prefeitos e Vereadores 1.845 85,97%Prorrogação do futuro mandato de Prefeitos e Vereadores 248 11,56%Prorrogação do atual mandato do Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais 53 2,47%Prorrogação do futuro mandato do Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais 0 0,00%Total 2.146 100,00%

1.3 Fidelidade partidária

A questão da fi delidade partidária vem sendo discutida desde a redemocratização do país nos anos 80. No Brasil, todos os candidatos a cargos eletivos devem estar ligados a algum partido político para lograrem sua eleição. No entanto, a troca de partidos após a conquista dos cargos políticos foi uma prática comum por muito tempo, o que passou a gerar polêmicas. Em 2007, o TSE decidiu que os eleitos não poderiam mais se desvincular dos seus respectivos partidos políticos, senão perderiam o mandato. A partir daí, diversos políticos vêm sofrendo a cassação por infi delidade partidária1.

Na quinta questão da pesquisa realizada pela CNM, foi considerado se os prefeitos e prefeitas acreditam que a fi delidade partidária seja um instrumento imprescindível. A maioria deles se posicionou de forma favorável, totalizando 87,25% dos dirigentes. Na sexta questão, a maior parte dos representantes também concordou que o mandato pertence ao partido (65,54%).

1 O Tribunal Superior Eleitoral editou a Resolução-TSE nº 22.610, de 25.10.2007, alterada pela Resolução-TSE nº 22.733, de 11.03.2008, que disciplina esse processo de perda de cargo eletivo e justifi cação de desfi liação partidária.

14 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

O(a) senhor(a) acredita que a fi delidade partidária é imprescindível?

Nº %Sim 1.943 87,25%Não 284 12,75%Total 2.227 100,00%

O(a) senhor(a) considera que o mandato pertence:

Nº %ao partido 1.451 65,54%ao candidato eleito 763 34,46%Total 2.214 100,00%

1.4 Sistema eleitoral de representação

O Brasil aplica o sistema eleitoral de representação proporcional. Nesse tipo de sistema, não basta que o candidato tenha o maior número de votos para ser eleito. O número de votos total recebido pelo partido do candidato também é considerado no resultado fi nal das eleições, para que todas as correntes ideológicas possam participar do parlamento.

Alguns países, como Inglaterra e França, adotam o sistema de voto distrital puro, que pressupõe que os estados sejam divididos em pequenas regiões, onde cada partido apresenta um candidato, e o mais votado é eleito.

O sistema distrital misto é aquele segundo o qual uma parte dos candidatos – geralmente a metade – é eleita pelo sistema majoritário e a outra, pelo sistema proporcional. O sistema distrital misto comporta dois subsistemas referentes à pratica de escolha dos candidatos eleitos pelo sistema proporcional: o de votação uninominal e o binominal.

Indagados sobre sua opinião quanto ao melhor sistema de escolha, os prefeitos e prefeitas fi caram divididos, pois 39,70% deles concordam com o sistema distrital misto; 30,90%, com o atual sistema proporcional e 28,40%, com o sistema distrital puro (sétima questão).

Qual o melhor sistema, na sua opinião, para a escolha da representação parlamentar?

Nº %Sistema proporcional (atual) 681 30,90%Sistema distrital puro (garante 1 representante por região) 648 29,40%Sistema distrital misto (metade das vagas por região e outra metade proporcional) 875 39,70%Total 2204 100%

1.5 Financiamento de campanha eleitoral

No Brasil, o fi nanciamento das eleições está regulamentado pela Lei nº 9.504, de 1997. Atualmente, o candidato a cargo eletivo pode usar recursos repassados pelo comitê, inclusive os relativos à cota do Fundo Partidário, recursos próprios ou doações de pessoas físicas ou jurídicas, com a observância dos limites de até 10% dos rendimentos brutos para pessoas físicas e 2% do faturamento bruto para pessoas jurídicas.

Apenas é vedado o recebimento de doações provenientes de entidade ou governo estrangeiro e de recursos públicos de qualquer natureza (órgãos públicos, entidades de utilidade pública, entidades de classe ou sindical, pessoa jurídica sem fi ns lucrativos que receba recursos do exterior). De certa forma, esse sistema

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 15

que vigora é uma forma de combinação entre fi nanciamento privado e público, tendo em vista que os recursos do Fundo Partidário são também utilizados nas campanhas políticas2.

A proposta de fi nanciamento público exclusivo de campanha está na pauta da reforma política. Esse tipo de fi nanciamento veta qualquer contribuição de origem privada, de pessoa física ou jurídica, o que seria caracterizado como crime eleitoral. Nesse caso, os candidatos contam apenas com os recursos provenientes do estado. Todo o fi nanciamento virá de dotação no Orçamento Geral da União ao Tribunal Superior Eleitoral, que distribuirá os recursos na forma da lei.

A CNM indagou os prefeitos e prefeitas sobre esse tema, e a maioria expressou concordar com a mudança de sistema de fi nanciamentos no país, que passaria a ser o fi nanciamento público exclusivo de campanha. Veja o resultado abaixo (oitava questão).

O(a) senhor(a) é a favor do fi nanciamento público exclusivo de campanha?

Nº %Sim 1.503 68,23%Não 700 31,77%Total 2.203 100,00%

1.6 Cláusula de Barreira

Esse tipo de disposição normativa busca limitar o funcionamento de partidos pequenos, proibindo a existência dos que não tenham alcançado determinado percentual mínimo de votos em eleição passada. Na Constituição Federal de 1988, não consta nenhum dispositivo que mencione a vigência de cláusula de barreira no sistema de representação proporcional do país. A Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos) buscou regulamentar a questão do funcionamento parlamentar de partidos pequenos por estabelecer algumas regras, mas o parágrafo que regula o tema não está vigente. A Reforma Política em curso vem levantando discussões sobre a regulamentação da cláusula de barreira, pois muitos a consideram um instrumento saneador do sistema partidário3.

Na presente pesquisa com os prefeitos e prefeitas do país, 74,59% deles acha que deve haver uma cláusula de barreira para a criação de partidos políticos (nona questão).

O(a) senhor(a) é a favor do estabelecimento de cláusula de barreira para a criação de partidos políticos?

Nº %Sim 1.650 74,59%Não 562 25,41%Total 2.212 100,00%

2 ARAÚJO, Caetano Ernesto Pereira. Financiamento de campanhas eleitorais. Revista de Informação Legislativa. Brasília, ano 41, n. 161, jan./mar. 2004. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/web/cegraf/ril/Pdf/pdf_161/R161-07.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2009.

3 CARVALHO, Kátia. Cláusula de barreira e funcionamento parlamentar. Câmara dos Deputados, fev. 2003.

16 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

1.7 Propaganda eleitoral

Atualmente, prevalece no país a Resolução nº 22.718/08, do Tribunal Superior Eleitoral, que determina as regras da propaganda eleitoral gratuita (com base na Lei nº 11.300/06). De acordo com essa Resolução, apenas um terço do tempo da propaganda no rádio e na televisão (10 minutos) é dividido de forma igualitária entre todos os candidatos. O restante do tempo, equivalente a dois terços, que totalizam 20 minutos, passou a ser dividido conforme a quantidade de deputados federais eleitos em 2006. Após a determinação do tempo de mídia para cada partido, este fi ca responsável pela divisão desse tempo entre os seus candidatos.

Antes dessa resolução, a divisão levava em conta a representação de cada partido na Câmara dos Deputados, quando do início da legislatura em curso, considerando o número de deputados que tomaram posse naquela data. Tanto antes como agora, a maior parte do tempo de propaganda é determinada de acordo com a força do partido no Congresso Nacional.

Os prefeitos e prefeitas foram indagados sobre a sua preferência por um tempo de propaganda igual para todos ou proporcional ao tamanho do partido. Quanto a essa questão, os gestores municipais fi caram divididos, uma vez que 53,62% deles acham que deve ser igual para todos e 46,38% acham que deve continuar proporcional ao tamanho do partido.

O tempo de propaganda gratuita de cada candidato no rádio e na TV deve:

Nº %Ser igual para todos 1.185 53,62%Continuar proporcional ao tamanho dos partidos 1025 46,38%Total 2.210 100,00%

A décima e última questão da pesquisa buscou saber a respeito da opinião dos prefeitos e prefeitas sobre o controle de determinadas propagandas eleitorais, como a proibição de distribuição de camisetas, chaveiros, outdoors, etc.

Atualmente, a Lei nº 11.300, de 2006, veda qualquer tipo de distribuição de bens ou materiais de campanha eleitoral que possam proporcionar vantagem ao eleitor. Tal lei proibiu também a realização dos famosos showmícios e a exposição de outdoors para a promoção de candidatos.

Segundo os resultados obtidos com os gestores municipais, 73,29% deles acham que deve haver o controle de mídia; 26,71% acham que não deve haver. Veja a questão abaixo.

O(a) senhor(a) é favorável ao controle dos tipos de mídia (proibição de camisetas, chaveiros, controle do tamanho de outdoors e seus locais de exposição, etc.) que podem ser utilizados nas campanhas eleitorais?

Nº %Sim 1.630 73,29%Não 594 26,71%Total 2.224 100,00%

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 17

ANÁLISE DAS EMENDAS AO ORÇAMENTO DE 2003 A 2007

O governo federal, nos últimos 5 anos, já desembolsou R$ 24,9 bilhões para os projetos de caráter estadual ou municipal incluídos nos Orçamentos de 2003 a 2007 por meio de emendas parlamentares; ou seja, cerca de R$ 5 bilhões por ano. O montante representa, em média, 39,56% do total de emendas ao Orçamento aprovado pelo Congresso no período de cinco anos (tabela 1).

Como desembolso, considerou-se o total de pagamentos, incluindo restos a pagar inscritos e pagos desde 2003 até o dia 31 de dezembro de 2007.

O estado de São Paulo apresenta a melhor performance na comparação entre o valor aprovado e o desembolso de recursos por parte do governo: 56,87% das emendas regionais já foram realizadas e pagas. O pior resultado é do Amapá, com apenas 19,91% de desembolso.

Estado Aprovado Desembolso % EfetivaçãoAcre 1.230.268 652.962 53,1%Alagoas 1.568.260 437.286 27,9%Amazonas 1.564.958 406.671 26,0%Amapa 1.238.235 246.558 19,9%Bahia 4.074.445 1.964.621 48,2%Ceará 2.371.452 871.784 36,8%Distrito Federal 1.562.000 574.160 36,8%Espírito Santo 1.480.906 327.863 22,1%Goiás 2.321.416 710.101 30,6%Maranhão 2.316.755 894.245 38,6%Minas Gerais 5.161.693 2.639.020 51,1%Mato Grosso do Sul 1.435.346 407.644 28,4%Mato Grosso 1.498.779 466.675 31,1%Pará 2.702.250 903.997 33,5%Paraíba 1.762.963 476.073 27,0%Pernambuco 2.864.738 981.807 34,3%Piauí 1.617.909 600.321 37,1%Paraná 2.480.262 1.000.959 40,4%Rio de Janeiro 5.079.536 2.340.835 46,1%Rio Grande do Norte 1.470.049 480.879 32,7%Rondônia 1.616.256 480.746 29,7%Roraima 1.240.053 286.510 23,1%Rio Grande do Sul 2.583.957 1.098.264 42,5%Santa Catarina 2.258.407 963.729 42,7%Sergipe 1.103.845 251.406 22,8%São Paulo 6.629.473 3.769.990 56,9%Tocantins 1.818.654 706.489 38,8%Total 63.052.864 24.941.596 39,6%

Tabela 1 - Valores aprovados e desembolsados para as emendas entre 2003 e 2007

2

18 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Contudo, se forem considerado apenas os projetos exclusivamente propostos pelos parlamentares (tabela 2), ou seja, que não estavam entre as prioridades do governo no Orçamento, o resultado analítico muda radicalmente. Nesse caso, o volume de emendas é de R$ 42,1 bilhões, nos cinco anos, e o desembolso, de R$ 8,9 bilhões, ou 20,33% do total. Isso signifi ca que o governo prioriza liberação de recursos para as emendas que coincidam com os projetos originais do Orçamento do Executivo.

De acordo com nosso levantamento, as chances de o parlamentar conseguir a liberação de recurso para sua emenda sobe para 76,67% quando coincide com projeto original do governo, o que geralmente ocorre na área de saúde, educação, entre outras. Porém, se o projeto é originalmente incluído no Orçamento por proposta do próprio parlamentar, as chances de liberação são três ou quatro vezes menores.

Enquanto a bancada de São Paulo tem o melhor índice de aproveitamento de emendas coincidentes com os projetos do governo (91,43%), nas emendas exclusivas esse desempenho cai para 23,49%. O maior índice de aproveitamento das emendas exclusivas ocorre no Acre (44,40%), seguido por Minas Gerais (33,13%), Piauí (27,45%) e Tocantins (27,21%), como é possível observar na tabela a seguir. Ou seja, há claras evidências de que a liberação da emenda exclusiva depende de condicionantes de natureza política, enquanto as emendas compartilhadas são liberadas por critério de prioridade, o que fi ca reforçado quando analisadas as emendas pagas por partido (tabela 3).

Estado Aprovado Desembolso % EfetivaçãoAcre 948.313 421.025 44,4%Alagoas 1.200.420 192.818 16,1%Amazonas 1.209.383 166.244 13,7%Amapa 1.003.420 79.859 8,0%Bahia 2.228.982 507.825 22,8%Ceará 1.652.847 348.332 21,1%Distrito Federal 880.952 84.554 9,6%Espírito Santo 1.164.131 168.123 14,4%Goiás 1.659.445 336.116 20,3%Maranhão 1.239.477 166.587 13,4%Minas Gerais 3.199.436 1.059.881 33,1%Mato Grosso do Sul 1.172.616 222.019 18,9%Mato Grosso 1.209.427 263.435 21,8%Pará 1.868.770 263.664 14,1%Paraíba 1.389.243 235.682 17,0%Pernambuco 2.096.219 500.333 23,9%Piauí 1.219.676 334.786 27,4%Paraná 1.722.536 369.958 21,5%Rio de Janeiro 2.980.351 506.252 17,0%Rio Grande do Norte 1.182.412 228.404 19,3%Rondônia 1.277.107 230.728 18,1%Roraima 1.055.379 186.291 17,7%Rio Grande do Sul 1.797.466 460.376 25,6%Santa Catarina 1.316.115 295.952 22,5%Sergipe 835.064 130.912 15,7%São Paulo 3.372.320 792.084 23,5%Tocantins 1.231.865 335.228 27,2%Total 42.113.374 8.887.468 21,1%

Tabela 2 - Valores aprovados e desembolsados para as emendas entre 2003 e 2007:

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 19

Estado Aprovado Desembolso % EfetivaçãoAcre 281.954 231.937 82,3%Alagoas 367.840 244.468 66,5%Amazonas 355.575 240.427 67,6%Amapa 234.815 166.699 71,0%Bahia 1.845.464 1.456.796 78,9%Ceará 718.605 523.452 72,8%Distrito Federal 681.048 489.606 71,9%Espírito Santo 316.776 159.740 50,4%Goiás 661.970 373.985 56,5%Maranhão 1.077.278 727.658 67,5%Minas Gerais 1.962.257 1.579.140 80,5%Mato Grosso do Sul 262.730 185.625 70,7%Mato Grosso 289.351 203.241 70,2%Pará 833.480 640.333 76,8%Paraíba 373.719 240.391 64,3%Pernambuco 768.519 481.474 62,6%Piauí 398.233 265.534 66,7%Paraná 757.725 631.001 83,3%Rio de Janeiro 2.099.185 1.834.583 87,4%Rio Grande do Norte 287.637 252.475 87,8%Rondônia 339.148 250.017 73,7%Roraima 184.674 100.219 54,3%Rio Grande do Sul 786.491 637.888 81,1%Santa Catarina 942.292 667.778 70,9%Sergipe 268.781 120.495 44,8%São Paulo 3.257.153 2.977.907 91,4%Tocantins 586.788 371.261 63,3%Total 20.939.490 16.054.128 76,7%

Tabela 3 - Valores aprovados e desembolsados para as emendas entre 2003 e 2007: Emendas Compartilhadas

Analisando-se, também, as emendas exclusivas dos parlamentares dos três últimos anos, obtém-se que, do total que foi empenhado, 46% foi efetivamente pago, conforme tabela a seguir.

Os estados com os maiores porcentuais de pagamento são o Distrito Federal, que teve 96% de seus empenhos pagos, seguido de Acre, com 76%, e Tocantins, com 59%.

Os estados que tiveram os menores porcentuais de pagamentos foram: Maranhão (17%), Amapá (23%) e Ceará (26%).

20 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Partido Total Emenda Total Pago %PTC 781.923 356.731 46%PSC 16.421.183 6.116.944 37%PC DO B 84.537.900 30.124.247 36%PT 679.479.679 216.193.276 32%PPS 102.729.738 29.106.837 28%PP 349.397.197 97.999.134 28%PSOL 10.678.408 2.971.403 28%PSB 138.466.696 38.092.625 28%PTB 318.633.170 87.509.959 27%PL 345.412.463 89.378.030 26%PMDB 720.121.988 169.246.894 24%PV 37.883.964 7.971.844 21%PSDB 389.859.819 79.332.894 20%PDT 112.458.202 21.860.903 19%PRONA 9.864.105 1.858.439 19%PFL 439.636.844 77.943.057 18%PRB 6.005.305 685.293 11%PSL 2.620.847 266.667 10%

Tabela 4 - Emendas por partido político

Verifi ca-se que o PT, por exemplo, liberou cerca de 32% de suas emendas, contra quase a metade dos Democratas, que liberaram 18% de suas emendas.

A seguir, na tabela , apresenta-se a execução de emendas coincidentes com as dotações originais do projeto orçamentário do Executivo. Além de São Paulo, as bancadas do Rio Grande do Norte (87,78%) e do Rio de Janeiro (87,40%) também obtêm um alto índice de aproveitamento quando suas emendas se referem a prioridades do governo.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 21

UF Empenhqadas Pagas %AC 279.891.717 210.384.562 75%AL 299.543.246 106.468.031 36%AM 226.994.662 78.093.697 34%AP 198.317.358 46.564.142 23%BA 706.260.885 243.265.170 34%CE 441.004.852 115.436.843 26%DF 1.491.846.126 1.425.999.634 96%ES 176.982.548 50.431.920 28%GO 397.869.610 145.324.684 37%MA 265.286.396 46.067.431 17%MG 1.229.174.438 600.913.401 49%MS 269.713.861 116.145.395 43%MT 335.945.171 134.597.826 40%PA 322.615.751 128.179.624 40%PB 377.099.462 121.766.598 32%PE 490.586.619 234.790.396 48%PI 310.911.413 143.743.744 46%PR 398.277.407 153.949.880 39%RJ 556.141.538 182.436.598 33%RN 342.642.032 116.105.842 34%RO 266.696.448 89.176.095 33%RR 264.784.516 103.248.746 39%RS 521.031.775 199.016.207 38%SC 307.364.325 122.532.086 40%SE 155.569.831 42.531.312 27%SP 863.776.508 319.406.328 37%TO 307.403.476 181.515.785 59%BR 11.803.731.972 5.458.091.977 46%

Tabela 5 - Emendas individuais empenhadas e pagas no periodo de 2005, 2006 e 2007

Outro recorte do estudo leva em conta as 20 emendas de maior valor nos últimos anos, nas quais apresenta-se uma diferença entre os empenhos e os pagamentos. Enquanto há destaque para Ceará, Minas Gerais e Rio de Janeiro entre os maiores empenhos dos últimos anos, São Paulo destaca-se nas emendas efetivamente pagas, conforme as tabelas a seguir.

22 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

UF Empenhadas %AC 2 3%AL 3 5%AM 1 2%AP 1 2%BA 2 3%CE 7 12%DF - 0%ES - 0%GO 2 3%MA 2 3%MG 6 10%MS 3 5%MT 2 3%PA - 0%PB 2 3%PE 4 7%PI 1 2%PR 4 7%RJ 6 10%RN - 0%RO 1 2%RR 3 5%RS - 0%SC 3 5%SE - 0%SP 5 8%TO - 0%BR 60 100%

Tabela 6 - Distribuição das 20 maiores emendas empenhadas nos últimos 3 anos

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 23

Distribuição por UF das 20 emendas de maior valor dos últimos 3 anos

UF Pagas %AC 4 7%AL 4 7%AM 2 3%AP 2 3%BA - 0%CE 5 8%DF 1 2%ES 1 2%GO 3 5%MA - 0%MG 5 8%MS 1 2%MT 2 3%PA 2 3%PB 3 5%PE 4 7%PI 1 2%PR 4 7%RJ 3 5%RN 1 2%RO 1 2%RR 1 2%RS 1 2%SC 3 5%SE - 0%SP 6 10%TO - 0%BR 60 100%

Tabela 7 - Distribuição das 20 maiores emendas pagas nos últimos 3 anos

Foi analisado também o número de municípios contemplados com recursos de emendas: dos 5.562 municípios brasileiros, apenas 2.261 receberam recursos oriundos de emendas em 2007, ou seja, a população que vive nos demais 3.301 municípios foi discriminada, não tendo as suas demandas atendidas pelos parlamentares.

Em função disso, a CNM defende, com convicção cada vez maior, que a sistemática atual das emendas parlamentares é excludente e, por isso, deveria ser alterada, em vez de o Congresso ter o poder de alterar o orçamento para interesses individuais ou paroquiais dos parlamentares. Esses recursos deveriam ser transferidos, atendendo as demandas de toda a população brasileira, de forma a cumprir o princípio constitucional de isonomia na destinação dos recursos públicos, distribuindo-os de forma universal por meio de critérios técnicos, o que melhoraria também a transparência na destinação dos recursos.

24 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 8 - Relação das 20 maiores emendas empenhadas em 2005UF Autor Empenhadas Pagas

PR AFFONSO CAMARGO - PR 3.500.000 1.079.470 PR ANDRÉ ZACHAROW - PR 3.500.000 2.003.542 SP DURVAL ORLATO - SP 3.500.000 1.064.968 SP EDUARDO SUPLICY - SP 3.500.000 3.500.000 RJ FRANCISCO DORNELLES - RJ 3.500.000 233.333 SP ILDEU ARAÚJO - SP 3.500.000 2.650.000 SC JORGE BOEIRA - SC 3.500.000 3.500.000 RJ MARCELO CRIVELLA - RJ 3.500.000 562.088 RJ SÉRGIO CABRAL - RJ 3.500.000 771.971 SP JOÃO HERRMANN NETO - SP 3.499.950 1.406.636 MG JOÃO PAULO GOMES DA SILVA - MG 3.497.500 856.863 AP JOSÉ SARNEY - AP 3.496.250 2.390.000 PR ODÍLIO BALBINOTTI - PR 3.492.500 3.488.688 GO MAGUITO VILELA - GO 3.492.042 703.704 RJ PAULO BALTAZAR - RJ 3.488.740 2.540.495 PR CHICO DA PRINCESA - PR 3.487.250 2.079.200 MG LAEL VARELLA - MG 3.484.246 2.687.160 MG ODELMO LEÃO - MG 3.478.836 3.350.000 SC JORGE BORNHAUSEN - SC 3.477.479 150.000 RO NILTON CAPIXABA - RO 3.473.298 1.288.298

Tabela 9 - Relação das 20 maiores emendas empenhadas em 2006UF Autor Empenhadas Pagas

RR ROMERO JUCÁ - RR 4.845.205 4.845.205 CE TASSO JEREISSATI - CE 4.599.000 1.718.725 SP EDUARDO SUPLICY - SP 4.506.673 3.978.710 MG BONIFÁCIO DE ANDRADA - MG 4.500.000 - MS VANDER LOUBET - MS 4.472.682 1.794.627 MS RAMEZ TEBET - MS 4.412.857 1.681.607 MA SARNEY FILHO - MA 4.385.766 1.476.032 CE ZE GERARDO - CE 4.377.893 452.967 RJ SÉRGIO CABRAL - RJ 4.366.786 1.753.346 PI PAES LANDIM - PI 4.318.000 2.105.382 PE GONZAGA PATRIOTA - PE 4.301.767 762.336 CE ANÍBAL GOMES - CE 4.279.202 1.055.147 BA JOÃO CARLOS BACELAR - BA 4.277.878 882.788 CE ARIOSTO HOLANDA - CE 4.264.302 2.012.882 MS WALDEMIR MOKA - MS 4.259.129 48.750 CE PATRÍCIA SABOYA GOMES - CE 4.257.970 994.149 SC CARLITO MERSS - SC 4.247.298 2.895.133 MT ANTERO PAES DE BARROS - MT 4.230.102 331.966 MT TETÉ BEZERRA - MT 4.227.688 477.116 MG JOÃO PAULO GOMES DA SILVA - MG 4.193.470 25.975

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 25

Tabela 10 - Relação das 20 maiores emendas empenhadas em 2007UF Autor Empenhadas Pagas

RR LUCIANO CASTRO - RR 5.310.472 - MG BONIFÁCIO DE ANDRADA - MG 5.281.000 - RR ALMIR SÁ - RR 5.163.448 - RJ MARCELO CRIVELLA - RJ 4.558.333 472.093 MA JOÃO ALBERTO SOUZA - MA 4.372.426 - AL OLAVO CALHEIROS - AL 4.050.000 - AL JOÃO LYRA - AL 3.997.021 - CE ZE GERARDO - CE 3.893.388 - AC SEBASTIÃO MACHADO OLIVEIRA - AC 3.800.000 - CE ARNON BEZERRA - CE 3.608.779 2.232.348 PE CARLOS EDUARDO CADOCA - PE 3.603.087 - AM CARLOS SOUZA - AM 3.550.000 - PE INOCÊNCIO OLIVEIRA - PE 3.513.558 - AC JÚNIOR BETÃO - AC 3.398.430 - PE SÉRGIO GUERRA - PE 3.387.500 - BA ALICE PORTUGAL - BA 3.370.236 - AL BENEDITO DE LIRA - AL 3.308.712 50.000 PB WILSON SANTIAGO - PB 3.195.791 697.792 GO SANDES JUNIOR - GO 3.107.327 69.588

Tabela 11 - Relação das 20 maiores emendas pagas 2005UF Autor Empenhadas Pagas

SP EDUARDO SUPLICY - SP 3.500.000 3.500.000 SC JORGE BOEIRA - SC 3.500.000 3.500.000 PR ODÍLIO BALBINOTTI - PR 3.492.500 3.488.688 PI B. SÁ - PI 3.448.948 3.448.948 MG ODELMO LEÃO - MG 3.478.836 3.350.000 AM CARLOS SOUZA - AM 3.300.000 3.300.000 GO LEANDRO VILELA - GO 3.399.984 3.155.959 MG ATHOS AVELINO - MG 3.460.987 2.995.500 PB RICARDO RIQUE - PB 3.249.325 2.924.325 AC SIBÁ MACHADO - AC 2.957.722 2.837.719 RJ JANDIRA FEGHALI - RJ 2.894.567 2.794.567 AL RENAN CALHEIROS - AL 2.750.000 2.742.375 RS ARY VANAZZI - RS 3.123.150 2.726.041 MG LAEL VARELLA - MG 3.484.246 2.687.160 GO SANDES JUNIOR - GO 3.364.626 2.657.125 SP ILDEU ARAÚJO - SP 3.500.000 2.650.000 MG ROMEL ANÍZIO - MG 3.337.673 2.562.375 RJ PAULO BALTAZAR - RJ 3.488.740 2.540.495 AL TEOTONIO VILELA FILHO - AL 2.990.000 2.521.950 AC ZICO BRONZEADO - AC 3.146.250 2.512.768

26 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Relação das 20 maiores emendas pagas exclusivas de parlamentares em 2006:

Tabela 12 - Relação das 20 maiores emendas pagas em 2006UF Autor Empenhadas Pagas

RR ROMERO JUCÁ - RR 4.845.205 4.845.205 SP EDUARDO SUPLICY - SP 4.506.673 3.978.710 PE JOSÉ CHAVES - PE 4.175.134 3.698.481 SC JORGE BOEIRA - SC 3.545.500 3.434.857 PA ZEQUINHA MARINHO - PA 3.474.750 3.212.930 SC CARLITO MERSS - SC 4.247.298 2.895.133 PR MOACIR MICHELETTO - PR 3.723.149 2.841.145 PR ODÍLIO BALBINOTTI - PR 3.823.750 2.805.950 CE BISMARCK MAIA - CE 3.149.582 2.805.491 PA ANIVALDO VALE - PA 3.494.373 2.670.847 SP JAMIL MURAD - SP 3.507.872 2.656.341 PR AFFONSO CAMARGO - PR 2.439.956 2.351.585 MT THELMA DE OLIVEIRA - MT 2.831.577 2.269.758 RJ JANDIRA FEGHALI - RJ 2.772.240 2.252.938 MS DELCÍDIO AMARAL - MS 3.444.229 2.225.746 AC CHICÃO BRÍGIDO - AC 3.020.826 2.189.541 DF WASNY DE ROURE - DF 2.624.465 2.180.768 AC JÚNIOR BETÃO - AC 2.529.418 2.179.159 RO HAMILTON CASARA - RO 3.577.480 2.152.558 AL JOÃO CALDAS - AL 3.960.361 2.147.976

Relação das 20 maiores emendas pagas exclusivas de parlamentares em 2007:

Tabela 13 - Relação das 20 maiores emendas pagas em 2007UF Autor Empenhadas Pagas

AP HÉLIO ESTEVES - AP 2.262.432 2.262.432 CE ARNON BEZERRA - CE 3.608.779 2.232.348 AL JOÃO CALDAS - AL 1.499.700 1.499.700 SP VADÃO GOMES - SP 2.156.849 1.132.877 PE JOSÉ CHAVES - PE 1.272.500 1.100.000 PE LUIZ PIAUHYLINO - PE 1.985.038 1.000.000 AM VANESSA GRAZZIOTIN - AM 2.240.312 858.283 SP ARY KARA - SP 1.917.623 849.658 CE RAIMUNDO GOMES DE MATOS - CE 2.156.223 803.645 CE MARCELO TEIXEIRA - CE 2.880.326 800.000 ES MARCUS VICENTE - ES 1.032.054 725.000 MT PEDRO HENRY - MT 1.101.288 710.000 PB WILSON SANTIAGO - PB 3.195.791 697.792 PB DOMICIANO CABRAL - PB 2.126.776 660.000 GO SANDRO MABEL - GO 2.951.000 587.629 MG JOÃO MAGALHÃES - MG 2.396.647 509.615 RN IBERÊ FERREIRA - RN 2.396.669 504.382 PE JOSÉ JORGE - PE 1.000.000 500.000 CE ALMEIDA DE JESUS - CE 627.174 500.000 MG AELTON FREITAS - MG 1.824.035 486.422

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 27

IRFS – ÍNDICE DE RESPONSABILIDADE FISCAL,SOCIAL E DE GESTÃO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS – EDIÇÃO 20064

Os municípios brasileiros melhoraram signifi cativamente sua performance na área social em cinco anos, de acordo com estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) voltado para calcular o Índice de Responsabilidade Fiscal, Social e de Gestão (IRFS). Nesta edição do IRFS, são apresentados os resultados entre 2002 e 2006 para que os gestores possam ter uma ideia não só de sua situação atual no ranking do índice, mas também de sua evolução (ou retrocesso) ao longo dos anos.

O IRFS é decomposto em três subíndices – fi scal, gestão e social –, cada um deles medindo a performance na área por meio de distintos indicadores. O índice fi scal, por exemplo, refl ete a evolução dos indicadores relacionados à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), como nível de endividamento e gasto com pessoal, enquanto os demais índices buscam mostrar o cumprimento de outras responsabilidades de uma prefeitura, que – na avaliação da CNM e de inúmeros estudos científi cos – passam por economizar recursos de manutenção da máquina administrativa e direcioná-los prioritariamente para investimentos em infra-estrutura, saúde e educação, além de atender bem e com qualidade a população local.

No quadro abaixo, pode-se verifi car a evolução dos distintos indicadores que compuseram o cálculo do índice entre 2002 e 2006, do qual extraem-se as seguintes conclusões:

a) O endividamento médio dos municípios tem permanecido bem abaixo do limite máximo da LRF, oscilando entre 0,04 e 0, 08, ou seja, entre 4% e 8% apenas da Receita Corrente Líquida (RCL).

b) Os municípios evoluíram de uma situação de insufi ciência de caixa em 2002 e 2003, ou seja, sufi ciência negativa, que signifi ca ter mais restos a pagar do que disponibilidades de caixa, para uma situação de sobra de caixa entre 2004 e 2006. Isso não signifi ca que não haja municípios ainda no vermelho, mas, em média, eles possuem uma sobra de caixa de 3,4% da RCL. Esse índice foi maior em 2005, no primeiro ano de mandato.

4 Estudo realizado em fevereiro de 2008.

3

28 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

2002 2003 2004 2005Endividamento/RCL 0,080 0,087 0,081 0,038Suficiência de Caixa/RCL -0,65% -1,74% 0,79% 4,31%Gasto Pessoal/RCL 43,98% 46,66% 44,19% 44,14%Superávit Primário/RCL 1,60% -0,63% 2,87% 4,33%Custeio da Máquina/RCL 22,93% 22,94% 22,64% 23,03%Grau de Investimento 26,78% 9,90% 10,36% 8,78%Custo Legislativo/RCL 4,36% 4,66% 4,35% 4,23%Custo per capita Legislativo 28,48 31,36 34,24 37,20Gasto Educação 30,74% 30,76% 29,62% 28,94% Matriculados/População 17,45% 18,09% 15,06% 16,16% Professores Nível Superior 15,20% 18,90% 23,00% 29,85% Taxa Abandono Escolar 7,41% 7,13% 7,09% 7,15%Gasto Próprio Saúde/RCL (-SUS) 18,50% 17,89% 17,02% 15,08% Cobertura Vacinal 79,15% 75,56% 76,19% 73,94% Mortalidade Infantil (taxa por mil) 20,11 19,64 18,25 18,44 Média Consultas Médicas 2,04 1,97 1,95 1,95

Ges

tão

Soci

al

Indicadores

Fisc

al

c) O gasto de pessoal dos municípios apresentou crescimento em 2006, atingindo, em média, o índice de 45,78% da RCL, uma expansão de 1,64 ponto porcentual em relação a 2005. Esse índice está abaixo do verifi cado em 2003 e bem abaixo do limite máximo permitido pela LRF, que é de 60%.

d) O resultado primário, diferença entre as receitas primárias e as despesas primárias dos municípios, foi negativo na maioria das prefeituras em 2006 depois de um elevado superávit em 2005. Isso não signifi ca que, no conjunto, os municípios tenham tido défi cit, pois as grandes cidades (endividadas) obtiveram superávit, mas o resultado médio dos municípios foi de um pequeno défi cit de 0,45% da RCL. É importante lembrar que só precisa alcançar superávit primário o município que tem dívida e juros a pagar, não sendo o caso da maioria no Brasil. Além disso, o alto superávit em 2005 justifi ca o gasto do excedente no ano seguinte.

e) O custeio da máquina administrativa apresentou leve aumento para 24,1% da RCL em 2006, merecendo ser acompanhado.

f) A taxa de investimento aumentou para 11,55% da RCL em 2006, mas continua bem abaixo do resultado de 2002.

g) O custo dos Legislativos municipais, entretanto, também cresceu em 2006, sendo mais preocupante o aumento como proporção da RCL, que passou de 4,23% para 4,43%.

h) Os gastos médios com educação e, principalmente, com saúde cresceram na proporção da RCL em 2006, o que ajuda a explicar a melhoria do índice social, como abordado adiante.

i) Merece destaque o aumento expressivo da proporção de professores com nível superior na rede municipal de ensino, que passou de um patamar de 30% para 56% em 2006, de acordo com as informações do Inep/MEC.

Com base nesses indicadores, foram calculados os índices de responsabilidade. Todo índice acima de 0,500 representa uma situação melhor do que a média. Na próxima tabela, vê-se a evolução dos índices das prefeituras de acordo com dois critérios diferentes: i) extraindo a média de todos os municípios que apresentaram relatórios e dados em cada ano; ii) extraindo a média daqueles que apresentaram dados em cada um dos anos analisados, o que representa pouco mais da metade dos municípios brasileiros (2.887).

No primeiro caso, nota-se que o IRFS de 2006 é o segundo melhor do período, mas no segundo caso, detido na amostra mais reduzida (porém mais consistente), a melhor média continua sendo a de 2002. A vantagem da primeira amostra é que ela reúne um número maior de municípios em cada ano para extrair uma média, mas sua composição é diferente anualmente, o que não ocorre com a segunda, ao comparar exatamente o mesmo grupo de prefeituras todos os anos.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 29

Índice N° de Munic. 2002 2003 2004 2005 2006Geral 5562 0,510 0,475 0,485 0,486 0,501Fiscal 5562 0,501 0,478 0,504 0,515 0,497Gestão 5562 0,542 0,461 0,469 0,454 0,465Social 5562 0,488 0,486 0,482 0,490 0,541Índice N° de Munic. 2002 2003 2004 2005 2006Geral 2887 0,519 0,502 0,509 0,513 0,507Fiscal 2887 0,501 0,479 0,505 0,518 0,502Gestão 2887 0,545 0,520 0,536 0,448 0,471Social 2887 0,511 0,492 0,487 0,494 0,549

Evolução dos índices entre 2002 e 2006 (Escala 0,000-1,000)

Não resta dúvida, entretanto, por qualquer uma das amostras analisadas, de que o índice social dos municípios melhorou signifi cativamente em 2006, atingindo o maior patamar desde 2002. O subíndice relacionado aos indicadores sociais atingiu a média de 0,541 no conjunto dos municípios que prestaram informações em 2006 ou 0,549 na amostra reduzida de 2.887 prefeituras com dados para todos os anos. Em relação a 2005, a melhora é de 0,050 pontos na escala de 0 a 1.

Os resultados do IRFS também podem ser analisados por vários ângulos, inclusive quanto ao desempenho individual dos municípios. Por exemplo:

Qual o município mais bem classifi cado em 2006?1) Qual o município com a melhor média entre 2002 e 2006?2) Qual o município que apresentou melhor avanço entre 2002 e 2006?3)

30 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

1 Os melhores de 2006

O município paulista de Orindiuva apresentou o mais alto índice geral em 2006, um escore de 0,664, seguido do município gaúcho de Tupandi (0,648); do paulista Valentim Gentil (0,648), do mineiro Poços de Caldas (0,640) e do gaúcho Boa Vista dos Sul (0,637).

Município UF Índice Fiscal Índice Gestão Índice Social índice Geral OrdemOrinduiva SP 0,640 0,596 0,755 0,664 1Tupandi RS 0,658 0,612 0,675 0,648 2Valentim Gentil SP 0,656 0,642 0,646 0,648 3Poços de Caldas MG 0,728 0,607 0,585 0,640 4Boa Vista do Sul RS 0,710 0,528 0,673 0,637 5Anitápolis SC 0,573 0,629 0,701 0,634 6Itajobi SP 0,653 0,607 0,624 0,628 7Baby Bassitt SP 0,654 0,554 0,670 0,626 8Coimbra MG 0,567 0,635 0,676 0,626 9Olímpio Noronha MG 0,698 0,540 0,636 0,625 10Pareci Novo RS 0,654 0,563 0,652 0,623 11Piedade SP 0,600 0,644 0,625 0,623 12Garça SP 0,748 0,599 0,621 0,623 13São Sebastião do Oeste MG 0,765 0,458 0,637 0,620 14Nova Prata RS 0,719 0,587 0,552 0,619 15São José do Inhacora RS 0,682 0,568 0,609 0,619 16São Bento do Sul SC 0,600 0,632 0,625 0,619 17Cerquilho SP 0,655 0,602 0,600 0,619 18Coronel Barros RS 0,730 0,488 0,637 0,618 19Tocos Moji MG 0,515 0,645 0,694 0,618 20Novo Horizonte SC 0,708 0,477 0,666 0,617 21Santo Veloso SC 0,556 0,610 0,672 0,613 22Rancho Queimado SC 0,663 0,569 0,604 0,612 23Santa Albertina SP 0,708 0,534 0,594 0,612 24Erebango RS 0,716 0,560 0,559 0,612 25São José do Hortencio RS 0,713 0,598 0,522 0,611 26Garibaldi RS 0,658 0,600 0,573 0,610 27Dois Irmãos RS 0,620 0,616 0,593 0,610 28São José dos Campos SP 0,725 0,518 0,586 0,610 29Sales SP 0,554 0,549 0,721 0,608 30

Relação dos 30 melhores classificados no IRFS - 2006

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 31

No quesito fi scal, um município de Roraima, Iracema, aparece em 2006 com o maior índice (0,791), embora, como se vê, esse mesmo município apresente um baixíssimo índice social (0,369) e um baixo índice de gestão (0,363). O segundo colocado, Ibateguara (0,783), também apresenta baixo índice social (0,481), o que não ocorre com outros da lista.

Município UF Índice Fiscal Índice Gestão Índice Social IRFS 2006Iracema RR 0,791 0,363 0,369 0,508Ibateguara AL 0,783 0,459 0,481 0,574São Sebastião do Oeste MG 0,765 0,458 0,637 0,620Garça SP 0,748 0,599 0,521 0,623Paty do Alferes RJ 0,735 0,548 0,538 0,607Coronel Barros RS 0,730 0,488 0,637 0,618Poços de Caldas MG 0,728 0,607 0,585 0,640Carmopolis SE 0,728 0,591 0,491 0,603Amajari RR 0,727 0,403 0,328 0,486São José dos Campos SP 0,725 0,518 0,586 0,610Nova Prata RS 0,719 0,587 0,552 0,619Sede Nova RS 0,719 0,493 0,555 0,589Barcelos AM 0,719 0,687 0,266 0,557Erebango RS 0,716 0,560 0,559 0,612São Marcos RS 0,715 0,526 0,523 0,588Novo Tiradentes RS 0,715 0,521 0,480 0,572Serra de São Bento RN 0,714 0,449 0,366 0,510Pinhal Grande RS 0,714 0,428 0,591 0,578São Jose do Hortêncio RS 0,713 0,598 0,522 0,611Muzambinho MG 0,713 0,452 0,562 0,575Pitimbu PB 0,712 0,452 0,419 0,528Boa Vista do Sul RS 0,710 0,528 0,673 0,637Indaiatuba SP 0,710 0,509 0,579 0,599São Roque SP 0,710 0,492 0,609 0,604Itatiba do Sul RS 0,708 0,493 0,493 0,565Santa Albertina SP 0,708 0,534 0,594 0,612Novo Horizonte SC 0,708 0,477 0,666 0,617Toropi RS 0,706 0,432 0,611 0,583Zacarias SP 0,703 0,425 0,597 0,575Humaitá RS 0,701 0,441 0,617 0,586Portão RS 0,701 0,520 0,468 0,563Taiacú SP 0,700 0,398 0,706 0,601Alexânia GO 0,700 0,510 0,406 0,539Breves PA 0,699 0,501 0,402 0,534Olímpio Noronha MG 0,698 0,540 0,636 0,625Chapada RS 0,696 0,458 0,581 0,578Mariópolis PR 0,692 0,446 0,592 0,577Lençóis Paulista SP 0,686 0,475 0,594 0,585Aral Moreira MS 0,685 0,433 0,447 0,522Estrela de Alagoas AL 0,684 0,477 0,399 0,520Protasio Alves RS 0,683 0,609 0,492 0,595Alecrim RS 0,682 0,579 0,539 0,600São José do Inhacora RS 0,682 0,568 0,609 0,619São José do Rio Pardo SP 0,680 0,422 0,568 0,557Serio RS 0,680 0,463 0,537 0,560Mato Leitão RS 0,678 0,487 0,618 0,595São José do Herval RS 0,676 0,607 0,472 0,585Beberibe CE 0,674 0,525 0,509 0,569Mancio Lima AC 0,674 0,593 0,406 0,557São Mateus do Sul PR 0,673 0,483 0,595 0,584

Relação dos 50 melhores classificados no Índice Fiscal

32 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

No quesito gestão, São Miguel da Baixa Grande (PI) lidera o ranking, com índice de 0,751.

Município UF Índice Fiscal Índice Gestão Índice Social IRFS 2006São Miguel da Baixa Grande PI 0,546 0,751 0,439 0,578Bela Vista do Maranhão MA 0,520 0,701 0,499 0,573Ibirite MG 0,537 0,699 0,510 0,582Barcelos AM 0,719 0,687 0,266 0,557Itaituba PA 0,466 0,680 0,481 0,543Cristinápolis SE 0,412 0,675 0,465 0,517Duartina SP 0,500 0,671 0,601 0,591Alterosa MG 0,488 0,668 0,593 0,583Coronel Xavier Chaves MG 0,478 0,666 0,587 0,577São João de Pirabas PA 0,480 0,660 0,594 0,578Congonhal MG 0,515 0,658 0,585 0,586Santo Amaro da Imperatriz SC 0,525 0,658 0,575 0,586Três Arroios RS 0,536 0,656 0,555 0,582Novo Horizonte SP 0,476 0,656 0,576 0,569Mandirituba PR 0,468 0,652 0,473 0,531Pederneiras SP 0,526 0,652 0,539 0,572Carrancas MG 0,492 0,649 0,615 0,585Codajas AM 0,493 0,649 0,488 0,543Ouro Verde SP 0,443 0,648 0,624 0,572Mage RJ 0,434 0,647 0,536 0,539

Relação dos 20 melhores classificados no Índice Gestão - 2006

No quesito social, a liderança é de Lagoa Santa (GO), com índice de 0,790, seguido por Cândido Rodrigues (SP), com 0,780.

Município UF Índice Fiscal Índice Gestão Índice Social IRFS 2006Lagoa Santa GO 0,519 0,382 0,790 0,564Candido Rodrigues SP 0,535 0,481 0,780 0,599Orindiuva SP 0,640 0,601 0,755 0,665Alcinópolis MS 0,581 0,442 0,743 0,589Barão de Antonina SP 0,489 0,492 0,741 0,574Rancho Alegre D´Oeste PR 0,501 0,455 0,741 0,565Guatapara SP 0,431 0,493 0,739 0,554Diamante D'Oeste PR 0,516 0,464 0,737 0,572Jambeiro SP 0,512 0,561 0,734 0,602Palmeira SC 0,443 0,442 0,726 0,537Paiva MG 0,476 0,504 0,725 0,568Analândia SP 0,533 0,477 0,724 0,578São Patrício GO 0,505 0,396 7,240 0,542Lidianópolis PR 0,490 0,421 0,723 0,545Coronel Martins SC 0,500 0,505 0,723 0,576Sales SP 0,554 0,553 0,721 0,609Luis Antônio SP 0,489 0,414 0,720 0,541Altair SP 0,492 0,483 0,720 0,565Jeriquara SP 0,484 0,405 0,716 0,535Emilianópolis SP 0,470 0,426 0,715 0,537

Relação dos 20 melhores classificados no Índice Social - 2006

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 33

Entre os 100 melhores classifi cados no índice geral, a maioria pertence a São Paulo (41), seguido pelo Rio Grande do Sul (30). No quesito fi scal, a maioria é gaúcha (47); na gestão, é mineira (27) e paulista (25) e no social é paulista (41). Ou seja, uma boa posição no ranking fi scal e social confere aos municípios de São Paulo o melhor posicionamento geral. Curiosamente, os municípios com melhor índice de gestão estão espalhados em vários estados, não somente no eixo RS-SP, como ocorre nos itens fi scal e social. O índice de gestão mede a taxa de investimento, de gasto com custeio e de economia com o Legislativo municipal. Os municípios de Minas Gerais, Maranhão, Pará, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul estão entre os mais bem avaliados nesses indicadores.

Estados Qtde Munic. Estados Qtde Munic. Estados Qtde Munic. Estados Qtde Munic.AC 0 AC 1 AC 2 AC 0AL 0 AL 2 AL 2 AL 0AM 0 AM 1 AM 5 AM 0AP 0 AP 0 AP 0 AP 0BA 0 BA 0 BA 1 BA 0CE 0 CE 1 CE 0 CE 0ES 0 ES 0 ES 0 ES 0GO 0 GO 1 GO 0 GO 7MA 0 MA 0 MA 7 MA 0MG 10 MG 8 MG 27 MG 17MS 1 MS 1 MS 0 MS 4MT 1 MT 0 MT 0 MT 2PA 0 PA 1 PA 4 PA 0PB 0 PB 1 PB 0 PB 1PE 0 PE 0 PE 1 PE 0PI 0 PI 0 PI 1 PI 0PR 4 PR 7 PR 3 PR 12RJ 1 RJ 3 RJ 1 RJ 0RN 0 RN 1 RN 0 RN 0RO 0 RO 0 RO 1 RO 0RR 0 RR 2 RR 1 RR 0RS 30 RS 47 RS 9 RS 4SC 11 SC 3 SC 7 SC 12SE 1 SE 1 SE 2 SE 0SP 41 SP 19 SP 25 SP 41TO 0 TO 0 TO 1 TO 0

Brasil 100 Brasil 100 Brasil 100 Brasil 100

Distribuição regional dos 100 melhores classificados em 2006IRFS - Geral IRFS - Fiscal IRFS - Gestão IRFS - Social

No quadro seguinte, veem-se as médias dos 100 melhores classifi cados no IRFS e nos seus subíndices. Fica evidente que os municípios que se destacam muito em um subíndice em particular apresentam médias mais baixas nos demais, às vezes até mais baixas do que 0,500.

ÍNDICE 100's Geral 100's Fiscal 100's Gestão 100's SocialMédia IRFS 0,604 0,582 0,563 0,558Média Fiscal 0,618 0,680 0,504 0,512Média Gestão 0,571 0,510 0,634 0,481Média Social 0,524 0,555 0,563 0,703

Comparação das médias por sub-índice dos 100 melhores em cada tipo de ranking

34 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

2 As melhores médias entre 2002-2006

Na média de 2002-2006, os municípios gaúchos se destacam, mas o primeiro do ranking é Orindiuva (SP), com 0,627, Tupandi (RS) tem a segunda melhor performance média do período, com índice de 0,648, seguido de Poços de Caldas (MG) com 0,640, Cerquilho (SP) com 0,619 e Arroio do Padre (RS), 0,594. Ou seja, mais do que se destacar em um ano particular, esses municípios se caracterizam por uma boa regularidade em sua performance e por um bom desempenho em geral em todas as áreas avaliadas pelo IRFS, o que é justamente o objetivo de uma gestão equilibrada.

Na lista a seguir, de 35 municípios, encontram-se nada menos do que 17 do Rio Grande do Sul, o que mostra não só o bom desempenho dos municípios gaúchos, mas também sua responsabilidade em apresentar todos os anos os balanços exigidos pela LRF. Em outras palavras, os municípios gaúchos são os que mais cumprem a exigência do artigo 51 da LRF, que determina a entrega dos balanços orçamentários e patrimoniais até dia 30 de abril.

Município UF 2002 2003 2004 2005 2006 MédiaOrindiuva SP 0,623 0,605 0,605 0,637 0,664 0,627Tupandi RS 0,592 0,610 0,634 0,631 0,648 0,623Poços de Caldas MG 0,571 0,617 0,644 0,607 0,640 0,616Cerquilho SP 0,621 0,564 0,627 0,627 0,619 0,612Arroio do Padre RS 0,607 0,570 0,691 0,585 0,594 0,609Boa Vista do Sul RS 0,589 0,596 0,566 0,617 0,637 0,601Anitápolis SC 0,564 0,564 0,598 0,624 0,634 0,597Dois Irmãos RS 0,584 0,594 0,582 0,602 0,610 0,594Valentim Gentil SP 0,580 0,597 0,586 0,560 0,648 0,594São Sebastião do Oeste MG 0,617 0,528 0,586 0,618 0,620 0,594Sapiranga RS 0,592 0,574 0,585 0,612 0,596 0,592São Pedro de Alcântara SC 0,578 0,614 0,584 0,601 0,576 0,591São Bento do Sul SC 0,594 0,568 0,555 0,612 0,619 0,590São Marcos RS 0,602 0,558 0,591 0,604 0,588 0,588Pareci Novo RS 0,569 0,573 0,572 0,585 0,623 0,588Fagundes Varela RS 0,604 0,605 0,580 0,585 0,564 0,588Três Coroas RS 0,584 0,565 0,594 0,597 0,592 0,586Nova Prata RS 0,560 0,540 0,592 0,619 0,619 0,586Pirapó RS 0,547 0,566 0,606 0,612 0,596 0,585Loanda PR 0,582 0,543 0,580 0,625 0,594 0,585Jumirim SP 0,589 0,572 0,597 0,590 0,577 0,585Sales SP 0,562 0,610 0,576 0,566 0,608 0,584Itá SC 0,560 0,533 0,621 0,619 0,589 0,584Três Arroios RS 0,583 0,555 0,619 0,580 0,582 0,584Alecrim RS 0,526 0,585 0,609 0,596 0,600 0,583Nova Alvorada RS 0,589 0,541 0,616 0,578 0,589 0,582Zacarias SP 0,613 0,593 0,577 0,551 0,575 0,582Pinhal RS 0,585 0,591 0,583 0,591 0,558 0,582São José do Inhacorá RS 0,517 0,578 0,582 0,609 0,619 0,581Protásio Alves RS 0,540 0,592 0,578 0,601 0,595 0,581Timbó SC 0,563 0,570 0,584 0,591 0,597 0,581Paraíso SP 0,567 0,594 0,583 0,582 0,579 0,581Antônio Carlos SC 0,578 0,568 0,590 0,613 0,556 0,581Dirce Reis SP 0,577 0,592 0,568 0,560 0,605 0,580São João do Oeste SC 0,584 0,621 0,559 0,562 0,575 0,580

Comparação dos municípios com as 35 melhores médias dos últimos cinco anos entre 2002 e 2006

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 35

3 Comparativo entre as capitais

Se comparadas as capitais dos estados, nota-se que Vitória (ES) se destaca no crescimento de seu índice no período – de 0,480 em 2002 para 0,556 em 2006 –, um aumento de 16%; a segunda capital é Boa Vista (RR), que cresceu 7% com Teresina (PI). Cabe também destacar São Paulo (SP), que obteve um aumento de 5% de seu índice no período. Salvador (BA), no entanto, foi a capital que obteve o maior declínio, de 12%.

Estados Capitais 2002 2006 2006/2002ES Vitória 0,480 0,556 16%RR Boa Vista 0,455 0,486 7%PI Teresina 0,499 0,532 7%SP São Paulo 0,483 0,509 5%AC Rio Branco 0,477 0,493 3%TO Palmas 0,519 0,535 3%MS Campo Grande 0,505 0,519 3%MG Belo Horizonte 0,490 0,503 3%RN Natal 0,476 0,489 3%SC Florianópolis 0,487 0,488 0%GO Goiânia 0,476 0,477 0%RJ Rio de Janeiro 0,484 0,480 -1%PR Curitiba 0,508 0,499 -2%PA Belém 0,497 0,488 -2%RS Porto Alegre 0,476 0,466 -2%CE Fortaleza 0,488 0,473 -3%MA São Luís 0,485 0,466 -4%AL Maceió 0,448 0,428 -4%PE Recife 0,480 0,455 -5%MT Cuiabá 0,475 0,441 -7%AM Manaus 0,514 0,475 -8%RO Porto Velho 0,489 0,450 -8%PB João Pessoa 0,512 0,471 -8%AP Macapá 0,490 0,447 -9%BA Salvador 0,477 0,420 -12%SE Aracaju Indiponível 0,441

Relação das Capitais - Índice Geral 2002 a 2006

3.1 Os maiores avanços no ranking entre 2002-2006

Por fi m, também vale a pena destacar os municípios que apresentaram os maiores avanços no ranking do IRFS entre 2002 e 2006. A prefeitura de Pedrinhas (SE) passou de um índice de 0,421 em 2002 para 0,547 em 2006, pulando 3.882 posições. Em seguida, aparece o município de Coroaci (MG), com 3.739 posições conquistadas e São Gonçalo do Amarante (CE), com 3.598 posições. Vale destacar que a capital Vitória (ES) nesse período conquistou 3.438 posições na classifi cação.

36 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Município UF IRFS 2002 IRFS 2006 % 2006/2002 AvançosPedrinhas SE 0,421 0,547 30% 3882Coroaci MG 0,423 0,542 28% 3739São Gonçalo do Amarante CE 0,424 0,537 27% 3598Antonina do Norte CE 0,435 0,539 24% 3625Rio do Sul SC 0,45 0,557 24% 3967Vicentina MS 0,479 0,591 23% 3735Carmo do Cajuru MF 0,454 0,56 23% 3978Douradina PR 0,452 0,555 23% 3894Novo Horizonte do Sul MS 0,445 0,534 20% 3400Aracruz ES 0,459 0,55 20% 3711Iraceminha SC 0,454 0,542 19% 3586Tocantins MG 0,466 0,556 19% 3693Monções SP 0,451 0,537 19% 3460Mairiporã SP 0,472 0,561 19% 3633Boa Vista da Missões RS 0,474 0,562 19% 3592Mira Estrela SP 0,475 0,561 18% 3569Vera MT 0,482 0,567 18% 3390Vitória ES 0,475 0,556 17% 3438Ipuiúna MG 0,465 0,543 17% 3422Sete Quedas MS 0,468 0,545 16% 3424

Relação dos 20 municípios que obtiveram os maiores avanços entre 2002 e 2006

3.2 Conclusões gerais

O IRFS aponta que os municípios em 2006 obtiveram o melhor desempenho na área social desde que o índice foi criado em 2002. Contribuíram para esse resultado a melhora dos indicadores sociais, a proporção de professores com nível superior, a redução de mortalidade infantil e a elevação dos gastos em saúde e educação.

No conjunto, os municípios têm melhorado a arrecadação própria ao longo dos anos, fator que contribui para a melhora da administração dos recursos municipais e a melhora da provisão de serviços. Contudo, mesmo com esse aperfeiçoamento, o desempenho relativamente pior do índice fi scal em 2006, quando comparado a 2002, já aponta qual será o grande desafi o dos municípios: ampliar a capacidade de investimento, até para superar o pico de 2002 e restabelecer o papel dos municípios no investimento em infraestrutura. O esforço de vencer esse desafi o será tanto maior quanto maiores as necessidades de contratação de pessoal para atender às crescentes responsabilidades nas áreas sociais, o que reduz o espaço fi scal, e quanto maiores as restrições de fi nanciamento. Nesse sentido, os municípios devem aumentar a efi ciência municipal, por isso a CNM desenvolveu o Índice de Responsabilidade Fiscal e Social para contribuir com esse objetivo.

ANEXO

O que é o IRFS?

A Confederação Nacional de Municípios criou o IRFS para compreender e estimular a melhoria das gestões municipais. Ele refl ete, anualmente, o desempenho dos municípios sob as óticas fi scal, social e de gestão. Oferece à sociedade um parâmetro simples e ao mesmo tempo amplo de avaliação das administrações municipais, que não se restringe aos controles da Lei de Responsabilidade Fiscal, pois abrange medidas de efi ciência interna e de responsabilidade social.

Além de indicadores fi scais, são comparados dados, como o custeio da máquina, o esforço de investimento, o superávit primário e a performance nas áreas de saúde e educação.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 37

Como é composto?

O IRFS é dividido em três subíndices (fi scal, social e de gestão), compostos por 16 índices específi cos, calculados a partir de indicadores construídos com informações das prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e a outros órgãos ofi ciais, como Datasus e Inep.

IRFS = Média do Índice Fiscal + Índice de Gestão + Índice Social.

Índice fi scal = Médias (endividamento + sufi ciência de caixa + gasto com pessoal LRF ajustado + superávit primário).

Índice gestão = Médias (custeio da máquina + gasto com Legislativo + grau de investimento).

Índice social = Média de Subíndice educação + Subíndice saúde.

Subíndice educação = Média de gasto com educação + matrículas da rede municipal + taxa de abandono da rede municipal + porcentagem de professores da rede municipal com curso superior.

Subíndice saúde = Média de gasto líquido com saúde + taxa de mortalidade infantil + cobertura vacinal + média de consultas médicas.

Como é calculado?

Os índices refl etem uma relação entre duas variáveis. Os gastos com pessoal, o endividamento, a sufi ciência de caixa, o superávit primário, a taxa de investimento, as despesas de custeio, os gastos com o legislativo municipal, com a saúde e a educação são mensurados como proporção da receita corrente líquida dos respectivos municípios ou, em alguns casos, divididos pela população. Todos os indicadores fi scais foram calculados, como prevê a LRF e as normas da STN.

Como o indicador é convertido em índice?

Como cada indicador refl ete uma informação diferente, foi preciso adotar um critério de conversão para uma base comum que permitisse a comparação entre todos. Isso foi feito por meio de uma operação matemática que converte o indicador original em um índice entre 0 e 1. O índice 0,500 é sempre atribuído a uma espécie de média dos indicadores.

38 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

AS EMANCIPAÇÕES DEMUNICÍPIOS NO PERÍODODE 1996 A 2006

As emancipações de municípios sempre geraram muita controvérsia nos meios políticos, acadêmicos, técnicos e na mídia em geral, em razão do pressuposto de que geram mais despesas do que receitas. Ainda se argumenta que municípios novos dependem integralmente, em termos fi nanceiros, da União e de seus respectivos Estados.

Todavia, os impactos sociais nas comunidades emancipadas são muito expressivos, pois – com a obtenção de maior autonomia administrativa para os territórios – ocorrem consequentes ganhos de qualidade de vida em todas as áreas, principalmente em educação e saúde. Com mais autonomia, as populações das localidades conquistam maior acesso a serviços públicos que, muitas vezes, não estavam disponíveis ou mesmo acessíveis quando pertenciam a seus municípios de origem.

Atenta ao tema, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizou um estudo sobre o impacto das emancipações nas receitas e nas despesas públicas (de 1996 a 2006) dos municípios que perderam território, chamados de municípios-mãe; dos novos municípios, chamados de municípios-fi lho; e dos municípios que não sofreram alterações, chamados de municípios sem mudanças.

1 Contexto institucional

A partir da Constituição de 1988, a criação de municípios, interrompida durante o regime militar, foi permitida, desde que houvesse um plebiscito e fossem seguidas as regras de uma lei complementar estadual. Nos anos seguintes, cresceu signifi cativamente o número de municípios, pois os governos estaduais dispunham de plena competência para estabelecer os requisitos mínimos para as emancipações, situação jurídica na qual parte de um município reivindica autonomia do chamado “município-mãe” – que lhe originou – e a adquire, mediante regularização legal.

A questão chegou ao Congresso e, em setembro de 1996, a Emenda Constitucional nº 15 (EC 15/1996) foi promulgada, retirando dos estados a plena autonomia para a criação de municípios. A EC 15 dispõe sobre a necessidade de promulgação de uma lei complementar federal (ainda inexistente) para viabilizar a criação de novos municípios. De igual forma, estabelece a necessidade de realização de um plebiscito e de divulgação de estudos de viabilidade municipal.

Nos anos seguintes após a promulgação da EC 15, durante os quais o tema não foi objeto de análise mais atenta do Legislativo federal, dezenas de municípios surgiram, e sua criação passou a ser contestada no Supremo Tribunal Federal (STF). Por essa razão, tais municípios estavam ameaçados de ser jurídico e politicamente extintos, o que traria irreparáveis prejuízos tanto para suas comunidades quanto para os municípios-mãe, aos quais voltariam a estar vinculados.

Todavia, em 18 de dezembro de 2008, a Emenda Constitucional nº 57 foi promulgada pelo Congresso Nacional, convalidando os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de 56 municípios brasileiros – distribuídos por estados como RS, MT, MS, GO, PI, AL, RJ, RN e BA – cuja situação jurídica dependia da referida promulgação.

Nesse sentido, a participação da CNM foi decisiva tanto para a mobilização do país em torno do tema quanto para os trâmites burocráticos e as articulações políticas que culminaram com a promulgação da EC 57 pelo Congresso Nacional.

4

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 39

Contudo, as emancipações foram, e ainda são, contestadas por alguns setores da sociedade, que apresentam argumentos de que as emancipações de municípios são onerosas para o Estado. Justamente para comprovar o contrário de tal orientação, ou seja, que as emancipações são benéfi cas para o progresso de amplas regiões do país, a CNM preparou este estudo.

2 Introdução e metodologia

Para a realização deste estudo, foi utilizada a base de dados do sistema Finbra (Finanças Brasileiras), que registra a execução orçamentária e o balanço patrimonial dos municípios brasileiros e é disponibilizada pela Secretaria de Tesouro Nacional (STN) em seu website. Na tabela seguinte, estão listadas as quantidades de municípios que integram a base do sistema Finbra a cada ano.

Tabela 1. Número de municípios registrados no Finbra

Ano Número de municípios 1996 4.629 1997 5.159 1998 4.415 1999 4.449 2000 5.316 2001 5.427 2002 5.397 2003 5.342 2004 5.116 2005 4.356 2006 4.943

A quantidade de municípios que se emanciparam de 1996 a 2006, cujos anos de instalação foram respectivamente 1997, 2001 e 2005, chega a 590. Veja na tabela 2, seguinte, a distribuição dessas emancipações nesses 3 anos.

Tabela 2. Número de municípios emancipados

Ano de instalação Número de municípios

1997 533 2001 53 2005 4 Total 590

Quando são distribuídas essas novas localidades por estados da Federação, é constatado que somente nos estados do Acre, do Amazonas, do Ceará e de Sergipe não ocorreram desmembramentos (ver tabela 3). Proporcionalmente ao número de municípios existentes hoje, Roraima é o estado com o maior número de novos municípios no período (47%), seguido por estados como Maranhão (37%), Piauí (34%), Rondônia (23%) e Paraíba (23%).

40 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 3. Quantidade de municípios emancipados a partir de 1997

UF Qtde. Estados Qtde. mun. emancipados %

AC 22 Acre 0 0% AL 102 Alagoas 2 2% AM 62 Amazonas 0 0% AP 16 Amapá 1 6% BA 417 Bahia 2 0% CE 184 Ceará 0 0% ES 78 Espírito Santo 7 9% GO 246 Goiás 14 6% MA 217 Maranhão 81 37% MG 853 Minas Gerais 97 11% MS 78 Mato Grosso do Sul 1 1% MT 141 Mato Grosso 24 17% PA 143 Pará 15 10% PB 223 Paraíba 52 23% PE 184 Pernambuco 8 4% PI 223 Piauí 75 34% PR 399 Paraná 28 7% RJ 92 Rio de Janeiro 11 12% RN 167 Rio Grande do Norte 15 9% RO 52 Rondônia 12 23% RR 15 Roraima 7 47% RS 496 Rio Grande do Sul 69 14% SC 293 Santa Catarina 33 11% SE 75 Sergipe 0 0% SP 645 São Paulo 20 3% TO 139 Tocantins 16 12% BR 5.562 Brasil 590 11%

Para a realização do estudo, a CNM focalizou as análises somente nos municípios que apresentam dados em todos os anos nas bases de dados do sistema Finbra, no período de 1996 a 2006. Dessa forma, a amostra de trabalho contém 52% dos atuais municípios brasileiros. A tabela 4, a seguir, mostra uma comparação entre a quantidade de dados disponíveis e a quantidade de amostras, ano a ano.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 41

Tabela 4. Número de municípios analisados em todos os anos

Anos Número de municípios registrados no Finbra

Número de municípios analisados

1996 4.629 2.644 1997 5.159 2.879 1998 4.415 2.879 1999 4.449 2.879 2000 5.316 2.879 2001 5.427 2.918 2002 5.397 2.918 2003 5.342 2.918 2004 5.116 2.918 2005 4.356 2.918 2006 4.943 2.918

Separando-se os municípios da amostra por UF, foi constatado que estados como Maranhão, Piauí e

Rondônia são os que proporcionalmente têm mais desmembramentos na base de dados da amostra. Veja a seguir.

Tabela 5. Quantidade de municípios analisados por UF

UF Qtde. mun. da amostra Estados

Qtde. mun. emancipados da

amostra %

AC 13 Acre 0 0% AL 51 Alagoas 1 2% AM 1 Amazonas 0 0% AP 1 Amapá 0 0% BA 149 Bahia 2 1% CE 72 Ceará 0 0% ES 50 Espírito Santo 6 12% GO 120 Goiás 6 5% MA 15 Maranhão 6 40% MG 472 Minas Gerais 46 10% MS 49 Mato Grosso do Sul 0 0% MT 63 Mato Grosso 7 11% PA 7 Pará 1 14% PB 101 Paraíba 24 24% PE 123 Pernambuco 5 4% PI 64 Piauí 33 52% PR 283 Paraná 23 8% RJ 46 Rio de Janeiro 4 9% RN 41 Rio Grande do Norte 5 12% RO 16 Rondônia 4 25% RR 1 Roraima 0 0% RS 395 Rio Grande do Sul 56 14% SC 247 Santa Catarina 28 11% SE 41 Sergipe 0 0% SP 454 São Paulo 11 2% TO 43 Tocantins 7 16% BR 2.918 Brasil 275 9%

42 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Em relação à comparação entre receitas e despesas públicas ao longo do período analisado (1996–2006), optou-se pela atualização da série corrente para valores de 2006, por intermédio do defl ator implícito do Produto Interno Bruto (PIB), cuja fonte foi o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). O defl ator do PIB representa a medida do nível de preços calculada como a razão entre o PIB nominal e o PIB real multiplicada por 100.

3 Agrupamento dos municípios da amostra

Conforme já foi observado na contextualização histórica apresentada na seção anterior, ocorreram, durante o período de análise, três levas de instalações de municípios. A primeira e maior aconteceu em 1997, a segunda em 2001 e uma terceira, menos signifi cativa, em 2005. Apenas serão avaliadas as emancipações realizadas em 1997 e 2001. Isso porque, em primeiro lugar, o número de emancipações ocorridas em 2005, quatro ao total, é inexpressivo em relação ao nosso universo de dados. Em segundo lugar, mesmo que esse número fosse representativo, verifi ca-se que essas últimas instalações são muito recentes. Então, como nosso universo de dados termina em 2006, seria inviável uma avaliação dos consequentes desdobramentos.

Sendo assim, os municípios foram agrupados nos cinco grupos seguintes:

municípios instalados em 1997;• municípios instalados em 2001;• municípios que perderam territórios apenas para municípios criados em 1997;• municípios que perderam territórios apenas para municípios criados em 2001;• municípios que perderam territórios para municípios criados em 1997 e em 2001;• municípios que não sofreram alterações durante o período. •

Ao longo das diferentes análises realizadas, esses grupos serão arranjados em conjuntos distintos, de acordo com a fi nalidade pretendida.

4 Apresentação dos resultados

Para avaliação do comportamento das receitas e das despesas orçamentárias totais, com abordagem de todo o horizonte temporal defi nido (1996–2006), foi reunido, no grupo de municípios-mãe, os municípios que perderam território apenas em 1997 ou somente em 2001 e aqueles que perderam em ambos os anos. Para o grupo dos municípios-fi lho, foram considerados os instalados em 1997 e 2001. Nas tabelas seguintes são apresentados os resultados encontrados em cada conjunto especifi cado, sendo que esses totais englobam os municípios de todos os estados que compõem a amostra.

Vale notar que, no grupo dos municípios sem alteração, estão inclusos apenas os municípios que em ambos os anos, 1997 e 2001, não foram mães nem fi lhos de município algum. Nesta seção, são analisadas a receita e a despesa orçamentária dos grupos, também sob uma classifi cação diferente, na qual o grupo dos sem mudanças engloba apenas os municípios que não tiveram alterações unicamente na leva de instalações sob análise.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 43

Tabela 6 - Receita orçamentária total

Anos Municípios-mãe Município-filho Municípios sem mudanças 1996 7.087.526.977,16 - 80.120.730.361,54 1997 5.258.902.063,99 609.891.216,60 71.369.681.044,69 1998 7.219.722.748,77 839.726.810,99 84.325.697.631,39 1999 7.433.517.050,76 910.812.465,07 86.587.615.654,29 2000 8.031.195.178,55 989.192.739,42 92.157.528.833,34 2001 8.632.029.038,57 1.523.868.985,50 95.931.272.224,13 2002 9.308.064.813,65 1.427.025.712,02 100.184.571.521,66 2003 9.267.501.259,95 1.349.049.551,17 101.211.685.739,02 2004 9.780.387.572,89 1.432.937.943,70 104.374.472.154,53 2005 10.095.435.659,46 1.595.786.081,39 108.886.864.685,00 2006 11.447.714.308,37 1.732.529.038,82 115.986.434.093,68

Tabela 7 - Despesa orçamentária total

Anos Municípios-mãe Município-filho Municípios sem mudanças 1996 7.738.276.334,35 - 90.643.839.661,84 1997 5.570.734.012,58 627.425.884,74 74.637.359.497,89 1998 7.115.368.734,56 859.127.452,99 86.495.260.536,71 1999 7.548.676.285,05 920.887.844,51 87.801.247.875,27 2000 8.030.184.144,54 967.821.615,64 87.877.112.768,53 2001 8.210.999.699,37 1.472.027.221,02 91.420.729.051,78 2002 9.132.153.075,67 1.449.306.697,07 98.123.640.027,46 2003 9.797.199.822,45 1.495.349.515,46 100.835.623.167,63 2004 10.113.404.962,28 1.519.605.182,27 102.477.957.438,99 2005 9.460.859.712,20 1.519.729.278,50 102.939.258.146,63 2006 10.921.021.666,48 1.818.245.739,08 111.868.259.538,08

4.1 Variação da receita orçamentária no período todo

Na tabela seguinte, pode-se observar o comportamento da receita orçamentária conjunta de todos os municípios de nossa amostra dividida por três grupos. Esse comportamento está expresso em termos de suas variações porcentuais. Por esse motivo, a primeira informação só aparece no segundo ano do intervalo.

44 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Figura 1Variação % da receita orçamentária total dos 3 grupos de municípios

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2.002 2.003 2.004 2.005 2.006

Mun MãesMun FilhosMun Sem Mud

Identifi cam-se claramente os pontos de ocorrência de instalações de novos municípios por suas consequências no comportamento da receita de cada grupo. Quando ocorrem as instalações de 1997, vê-se um decréscimo da receita dos municípios-mãe, com uma queda de 26%, movimento que é acompanhado pelos municípios que não sofreram alterações, os quais sofreram uma redução de 11%.

Por outro lado, do ano de instalação para o ano seguinte, os municípios-fi lho apresentam um expressivo crescimento. No entanto, esse crescimento é imediatamente reduzido no período seguinte. O comportamento dos municípios-mãe se mostra muito próximo ao daqueles sem alteração. As receitas de ambos se recuperam imediatamente após o primeiro impacto.

No período relativo à segunda rodada de instalações, as receitas dos municípios-mãe e daqueles sem mudanças sofrem uma pequena desaceleração, mas mantêm um crescimento positivo. A partir de 2001, o crescimento inicial dos municípios-fi lho é, em parte, contrabalançado por um resultado negativo subsequente. O fi nal do período revela que, uma vez passada a turbulência gerada pelas instalações, a receita de cada grupo converge para uma trajetória de crescimento comum.

4.2 Variação da despesa orçamentária no período todo

A fi m de avaliar a composição da despesa orçamentária total, mantiveram-se os mesmos critérios de agrupamento utilizado na seção anterior. No gráfi co abaixo, é observado um comportamento idêntico ao da receita, não fossem as pequenas sutilezas. Uma delas é clara no ano de 2003, em que – apesar de o ritmo das receitas cair muito – as despesas não acompanharam integralmente esse movimento, o que evidencia o conhecido problema fi scal que o país, em seu conjunto, experimentou no ano de 2008.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 45

Figura 2

Variação % despesa orçamentária total dos 3 grupos de municípios (1996-2006)

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

1.996 1.997 1.998 1.999 2.000 2.001 2.002 2.003 2.004 2.005 2.006

Mun MãesMun FilhosMun Sem Mud

Por se analisar o período todo (1996–2006), agrupando os municípios da forma descrita, esta análise é incapaz de evidenciar claramente o impacto de cada leva de instalações separadamente, já que os municípios que são mães, em qualquer um dos dois anos, foram reunidos em um único grupo. Isso também ocorreu com os instalados em diferentes anos. Para contornar esse problema, a seguir são apresentados os resultados para cada período separadamente, sendo que a cada um aplicou-se um diferente agrupamento. A fi m de avaliar as instalações realizadas em 1997, apurou-se o intervalo 1996 –2000. Para aferir as ocorridas em 2001, foi averiguado o período 2001–2006.

4.3 Receita e despesa orçamentárias em 1996–2000, reagrupando os municípios

Nesta seção foram incluídos no grupo dos fi lhos apenas os municípios que foram instalados em 1997, assim como o grupo dos municípios-mãe se restringe aos que perderam territórios para novos municípios em 1997. Os demais são considerados sem mudança.

46 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Figura 3Variação % receita orçamentária total por grupos de municípios - (1996-2000)

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

1.996 1.997 1.998 1.999 2.000 2.001

Mãesfilhos s/ mudançaGeral

Nesse caso, em geral, é replicada a parte inicial da fi gura 1 anterior. É possível visualizar com mais nitidez que a trajetória das taxas de crescimento dos municípios que foram mães e dos municípios sem alteração tem mesma tendência, com uma diferença apenas de intensidade.

Também é claro que, após uma alta taxa de crescimento, em decorrência da instalação de 1997, os municípios-fi lho passam a crescer bem menos no ano seguinte. Outro fato notório é que os municípios que foram mãe e sofrem, logo em seguida ao desmembramento, uma grande perda da receita são os que apresentam maior aceleração num segundo momento. Por fi m, ao fi nal do 1º período de análise (1999-2000), observa-se uma equalização das taxas de crescimento dos diferentes grupos.

A despesa, nesse período, segue muito de perto a trajetória da receita. A pequena diferença é que, ao fi nal do período, as taxas de crescimento das despesas dos grupos de municípios-fi lho e municípios-mãe se estabilizam acima do nível de municípios sem mudança.

Figura 4Variação da Despesa Orçamentária Total do 1º período (1996-2000)

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1.996 1.997 1.998 1.999 2.000

Mun MãesMun FilhosMun Sem Mudcompleto

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 47

4.4 Reagrupamento dos municípios para avaliação da receita e da despesa orçamentária no período 2001–2006

A seguir, analisa-se o impacto da segunda leva de instalações a partir de uma desagregação da receita e da despesa, segundo quatro grupos de municípios. São eles: municípios-fi lho em 2001, municípios-mãe em 2001, municípios que foram mães em 1997, municípios que foram fi lhos em 1997 e, fi nalmente, municípios que não sofreram alterações.

Figura 5

Variação % da receita orçamentária total por grupos de municípios (2001-2006)

-15,00%

-10,00%

-5,00%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

2.001 2.002 2.003 2.004 2.005 2.006

Mun Mães no período Mun Filhos em 2001 Mun Mães em 1997Mun Filhos em 1997 Mun Sem Mudanças Todos os Municípios

Nesse período, reafi rma-se o comportamento do período anterior, tanto dos municípios que foram mães no período como também daqueles que foram criados em 2001. Já em relação aos demais grupos, há tendências distintas entre eles.

Os que foram fi lhos em 1997 iniciam o período com uma taxa de crescimento negativa acima de 10%, sendo que, ao longo do período, apresentam uma aceleração. Já os municípios que foram mães em 1997 acompanham os grupos dos sem alterações e a tendência da trajetória da receita global (todos os municípios).

Observa-se também, ao fi m do período, uma convergência do crescimento para um ritmo comum, com exceção do grupo de municípios-mãe em 1997, que passam a ter uma trajetória de maior crescimento. Abaixo são apresentados os resultados para a variação da despesa total.

48 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Figura 6

Variação % da despesa orçamentária total por grupos de municípios (2001-2006)

-10,00%

-5,00%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

2.001 2.002 2.003 2.004 2.005 2.006

Mun Mães no períodoMun Filhos em 2001Mun Mães em 1997Mun Filhos em 1997Mun Sem MudançasTodos os Municípios

As diferenças mais marcantes em relação à receita são relativas ao grupo dos municípios-mãe, no período até 2004, e ao comportamento de todos os grupos no fi nal do período. Quanto ao grupo dos municípios-mãe, em 2001, apesar de ter fi cado evidenciada uma forte redução da receita no gráfi co anterior logo após as instalações de 2001, aqui se verifi ca que a despesa não desacelera como consequência destas; outrossim, a forte aceleração que é percebida pela receita no ano de 2004 não é acompanhada pela respectiva despesa. Por fi m, observa-se que, ao fi nal do período, há uma aceleração maior das despesas de todos os grupos do que a das receitas.

5 Interpretando os resultados das receitas e das despesas orçamentárias

Quando se discute emancipação de municípios, seja na esfera do governo, na imprensa, ou mesmo nos diversos extratos da sociedade, o senso comum é de que tal processo leva diretamente a uma oneração dos cofres públicos, uma vez que ampliam a tendência de crescimento das despesas públicas. Nesta seção discute-se esta proposição à luz dos resultados apresentados em seções anteriores.

Observe a fi gura 1, apresentada na seção 4.1. É nítido que o grupo de municípios-mãe perde receita logo após ocorrerem os desmembramentos. O que é esperado, já que esses municípios perdem população e território, componentes fundamentais das transferências por parte da União e dos Estados. Também por essa razão, perdem uma parcela de arrecadações próprias. Essa perda é, em geral, compartilhada pelo grupo de municípios sem alteração. Pode-se notar, na mesma fi gura 1, que a perda inicial é recuperada logo no ano seguinte por uma aceleração da taxa de crescimento dos municípios-mãe e dos sem alteração.

Em relação aos municípios-fi lho, no primeiro ano de vida, suas receitas orçamentárias são compostas somente por transferências governamentais, tendo quase nenhuma receita própria. Mas logo no segundo ano de existência, esses municípios tendem a gerar receitas próprias, o que explica a alta taxa de crescimento observada do primeiro para o segundo ano.

No primeiro ano após os desmembramentos, os municípios-mãe apresentam uma queda de arrecadação; por outro lado, no segundo ano, a taxa de crescimento é altamente positiva, porque o(s) município(s)-fi lho acaba(m) realizando seus gastos ali, por constituir, geralmente, o centro econômico mais próximo.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 49

Os municípios que não sofreram mudanças acabam seguindo o mesmo comportamento dos municípios-mãe, mas em menor intensidade. Logo após a perda inicial, causada pela necessidade de repartir o bolo das transferências governamentais com os novos municípios, estes recuperam suas receitas.

O que de fato se pode concluir observando tanto a fi gura 1 quanto as fi guras 3 e 5, as quais dividem o período para analisar separadamente as duas levas de emancipações, é que a tendência geral para os três grupos de municípios analisados indica que, logo após o período de reorganização, há convergência para uma taxa de crescimento uniforme e constante.

Considerando cada um dos cinco grupos separadamente ao longo de todo o período, observa-se um fato curioso: embora o crescimento dos municípios que foram mães em 1997 e dos municípios que foram fi lhos em 1997 alcance picos de aceleração e desaceleração completamente distintos ao longo das curvas, ao comparar o crescimento acumulado em todo o período, esses dois grupos tiveram o mesmo crescimento, um aumento de 60%.

Esse aumento fi cou acima do grupo sem alteração, que obteve 40%. Com isso, não se corrobora a crença geral de que os municípios-mãe são os que mais perderam com os desmembramentos. A redução inicial da receita dos municípios-mãe é acompanhada por uma alta recuperação posterior, assim como o ganho inicial dos fi lhos é logo seguido por uma desaceleração.

Outro fato constante em todas as análises é a resposta imediata das despesas à variação das receitas orçamentárias. Vê-se que os gráfi cos das despesas parecem copiar a trajetória daqueles das receitas.

Conclui-se, assim, que o impacto inicial das emancipações – que gera algumas vezes a percepção de que as emancipações trazem mais prejuízos do que ganhos às comunidades – não se confi rma ao longo do período aqui analisado, pois, de fato, após a reorganização dos municípios, as taxas de crescimento das receitas e das despesas dos três grupos analisados tendem a uma taxa comum.

6 Avaliando alguns indicadores sociais

Com a intenção de aprofundar um pouco mais a análise da questão das emancipações, foram selecionado três indicadores da área de saúde e três da área de educação a partir do ano de 2002, comparando-se as médias destes relativas aos três grupos de municípios em análise.

Entre os indicadores analisados na área de educação, inclui-se o gasto realizado pelo município na função educação em relação à sua receita corrente líquida (RCL), o qual é apresentado em porcentual. O outro indicador utilizado é a razão entre o total das matrículas da rede municipal de ensino em relação à população do município, a taxa de abrangência da rede municipal de ensino. Finalmente, o terceiro indicador é a taxa de abandono escolar da rede municipal de ensino. Essas informações têm como fonte o Instituto Nacional de Pesquisas em Educação (Inep).

Na área de saúde, o primeiro indicador analisado é o Gasto da Função Saúde deduzidas as transferências do Sistema Único de Saúde (SUS) em relação à Receita Corrente Líquida (RCL), o que dá o efetivo gasto em saúde do ente municipal. O segundo indicador é a taxa de mortalidade infantil. Por último, mostra-se a taxa de cobertura vacinal. Os dados para a composição do segundo e do terceiro indicador foram retirados da base de dados do Sistema Único de Saúde, mais especifi camente do Departamento de Informática do SUS (Datasus).

6.1 Indicadores da área de educação

6.1.1 Gasto da função educação em relação à Receita Corrente Líquida (RCL)

Comparando-se os três grupos de municípios analisados, pode-se notar que a média do gasto dos municípios-fi lho é maior que a média dos outros dois grupos em todos os anos, enquanto que os municípios-mãe e os sem mudança têm uma média muito semelhante. Ainda se pode salientar que a vinculação constitucional para a função educação é de 25%, e os três grupos de municípios gastam, em média, muito mais que esse limite.

50 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 8 – Gasto da função educação dos três grupos de municípios, de 2002 a 2006Gasto na Função Educação em relação à Receita Corrente Líquida

Grupos 2002 2003 2004 2005 2006 municípios-mãe 28,23% 27,94% 25,17% 27,16% 28,29% municípios-filho 30,97% 30,53% 25,68% 28,62% 29,72% sem mudança 28,98% 29,15% 24,57% 27,68% 28,55%

6.1.2 Abrangência da rede municipal de ensino

Nesse indicador, é avaliado, em parte, o esforço que os entes municipais fazem na área de educação. Foi utilizada a abrangência da rede de ensino com proxy do esforço, porque quanto maior se apresenta sua rede própria de ensino, maior tende a ser (a princípio) a preocupação com a educação. Comparando as médias ao longo desse período, observa-se que os municípios-fi lho têm médias expressivamente maiores que os outros dois grupos de municípios.

Tabela 9 - Percentual de Matrículas da Rede Municipal de Ensino pela População

Grupos 2002 2003 2004 2005 2006 municípios-mãe 13,32% 13,51% 10,13% 12,69% 13,46% municípios-filho 18,74% 18,72% 14,01% 17,79% 18,71% sem mudança 14,50% 15,24% 11,42% 14,18% 14,91%

6.1.3 Taxa de abandono escolar da rede municipal de ensino

Nesse indicador nota-se que os municípios-fi lho têm uma média de taxa de abandono escolar um pouco maior que as dos outros dois grupos, sendo a diferença, todavia, pequena. Várias razões podem estar gerando a diferença, entre as quais a possível maior dispersão da população e menor nucleação das escolas nos municípios mais novos.

Tabela 10. Taxa de Abandono Escolar da Rede Municipal de Ensino

Grupos 2002 2003 2004 2005 2006 municípios-mãe 5,61% 5,18% 4,60% 5,33% 5,71% município-filho 6,13% 5,89% 5,10% 6,14% 5,77% sem mudança 5,64% 5,33% 4,89% 5,70% 5,43%

6.2 Indicadores da área de saúde

6.2.1 Gasto da função saúde em relação à receita corrente líquida (RCL)

Nesse indicador avalia-se o gasto líquido que o ente municipal realizou na função saúde. Observa-se que as médias dos três grupos de municípios são praticamente iguais e bem acima da determinação constitucional, que é de 15%.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 51

Tabela 11 - Gasto Líquido na Função Saúde em relação à Receita Corrente Líquida

Grupos 2002 2003 2004 2005 2006 municípios-mãe 18,14% 17,48% 15,18% 15,17% 19,34% município-filho 19,42% 17,39% 15,00% 15,46% 19,14% sem mudança 18,56% 18,24% 15,37% 15,67% 19,35%

Obs.: Gasto da função deduzidas as transferências do SUS

6.2.2 Taxa de cobertura vacinal

Esse indicador aponta o esforço de todas as áreas sociais de um município para a realização de campanhas de vacinação. Dos três grupos analisados no período, os municípios-fi lho têm uma média porcentual maior. As diferenças de resultado entre os municípios-fi lho e os municípios-mãe são de 1 até 5 pontos porcentuais, sendo a maior diferença inferida no fi m do período.

Tabela 12 – Taxa de cobertura vacinal

Grupos 2002 2003 2004 2005 2006 municípios-mãe 77,63% 74,07% 65,58% 73,32% 74,89% município-filho 79,80% 77,37% 66,78% 76,98% 79,71% sem mudança 79,30% 76,13% 66,53% 74,02% 77,11%

6.2.3 Taxa de mortalidade infantil (1.000 hab.)

A taxa de mortalidade infantil (por 1.000 nascidos) analisados no período tem uma oscilação nos três grupos. Em alguns momentos, os municípios-mãe conseguem reduzir sua mortalidade; em outros, os municípios-fi lho e sem mudanças o fazem.

Tabela 13 - Taxa de Mortalidade Infantil - por 1.000 habitantes

Grupos 2002 2003 2004 2005 2006 municípios-mãe 17,70 17,72 15,69 18,00 15,39 município-filho 19,39 22,19 14,11 18,77 16,18 sem mudança 19,79 18,60 15,35 17,80 16,56

Conforme pode ser observado nos resultados apresentados nesta seção, os municípios possuem certa homogeneidade em vários indicadores, mas há uma tendência geral de que os municípios-fi lho levem vantagem em relação aos outros dois grupos, pois obtêm médias melhores ao longo do período analisado.

52 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

A EVOLUÇÃO DAS FINANÇAS MUNICIPAIS

Apesar de os municípios estarem assumindo cada vez mais atribuições, a participação desse ente no bolo tributário se manteve a mesma desde o início da década.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulga alguns números das Finanças Públicas

municipais com base nos dados do Finbra 2007 e anteriores, realizando estimativas, a fi m de comparar a evolução das receitas e despesas municipais. Para tanto, analisou a divisão do bolo arrecadado nas três esferas de governo, constatando que não houve um aumento da participação da receita dos municípios no total da carga tributária, que fosse condizente com a transferência de competência dos demais entes para os municípios, observada ao longo da década. Como será apresentado, a participação dos municípios no total da arrecadação bruta dos entes passou de 5% em 2000 para 5,2 % em 2007. As receitas disponíveis, para esse mesmo ente, sofreram um pequeno aumento de 19,05%, do total, para 19,56%. Mas esses foram aumentos pouco signifi cativos, já que não refl etem a tendência do período, uma vez que em 2005 a participação dos municípios na receita disponível ainda era menor que em 2000. Constatou-se que a forma encontrada pelos municípios, para tentar fazer frente ao aumento de competência, foi ampliar o esforço para arrecadação própria. O ISS (principal arrecadação própria municipal) teve um crescimento duas vezes maior do que o ICMS (principal arrecadação própria estadual), entre 2003 a 2008.

Desde a promulgação da Constituição Federal, em 1988, quando os municípios foram considerados entes autônomos da Federação, a descentralização das políticas públicas se tornou mais intensa, com isso, os municípios foram assumindo responsabilidades que eram das esferas estadual e federal. Para fazer frente a essas novas demandas, os municípios tiveram que se aparelhar melhor, investindo em capacitação técnica e, sobretudo, em pessoal. Na área de saúde, por exemplo, a União detinha, na década de 80, cerca de 800 mil servidores e hoje conta com cerca de 40 mil servidores. Essa queda no número de servidores federais teve de ser compensada com o aumento de funcionários nas prefeituras, para a execução das políticas de saúde pública, como atendimento em postos de saúde, execução do programa saúde da família, e os agentes comunitários de saúde, entre outros. Na área de educação, o processo foi semelhante. Com o advento do Fundef e agora do Fundeb, a relação entre matrículas das redes estaduais e municipais se inverteu em dez anos. Em 2000, do total de matrículas na rede pública (45.928.779), 46,1% (21.171.164) eram providas pela rede municipal. Em 2007 essa mesma proporção passou para 52,58%, ou seja, do total de 46.630.485 matrículas na rede pública, 24.516.142 foram oferecidas pela rede municipal. As políticas de Assistência Social também foram sendo gradativamente municipalizadas; e, hoje em dia, as ações dessa área são basicamente dessa esfera.

Com a intensifi cação dos programas federais durante a presente década, os quais transferiram parte dos serviços públicos para administração direta dos municípios, houve a necessidade de eles ampliarem sua estrutura de atendimento à população. Mas como mostrado a seguir, a parcela da receita que está disponível (após transferências) para as prefeituras não aumentou, mesmo quando os repasses provenientes dos programas federais foram considerados. Assim, a municipalização dos serviços públicos, observada recentemente, não veio acompanhada do devido fi nanciamento para a execução das políticas. Veja tabela comparativa a seguir, com as participações dos entes federados em termos de arrecadação própria e disponível.

5

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 53

Distribuição da carga tributária por nível de governo (% do total):Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

União 67,65 67,81 68,61 67,66 67,96 68,81 68,56 69,09 Estados 27,37 27,36 26,78 27,24 27,00 26,26 26,55 25,70 Municípios 4,98 4,82 4,61 5,09 5,04 4,93 4,88 5,21

União 64,31 64,59 65,40 64,34 64,60 65,34 65,03 65,93 Estados 23,74 23,69 23,32 23,82 23,61 23,09 23,33 22,38 Municípios 11,95 11,73 11,27 11,83 11,79 11,56 11,63 11,69

União 53,19 53,19 53,61 53,12 53,38 53,62 53,13 53,49 FGTS/Sistema S 5,85 5,77 5,24 5,18 5,07 4,86 5,05 5,09 União* 47,35 47,43 48,37 47,94 48,31 48,76 48,08 48,40 Estados 27,76 27,85 27,65 27,86 27,66 27,47 27,73 26,94 Municípios 19,05 18,96 18,74 19,02 18,96 18,91 19,14 19,58 Fonte: Elaboração própria (a partir da Tabela 4)(*) Receita disponível da União excluindo as receitas do FGTS e do Sistema S

Receita disponível

Arrecadação bruta

Receita própria líquida

O total de transferências intergovernamentais cresceu nos últimos anos, mas não o sufi ciente para aumentar a participação dos entes subnacionais, ou seja, cresceu apenas no mesmo ritmo de crescimento da carga tributária. Veja os valores das transferências líquidas recebidas por cada ente no período. Em 2000, o total das transferências líquidas para municípios representava 14,1% do arrecadado e, em 2007, esse percentual foi de 14,4%, um aumento pouco expressivo. Em proporção da arrecadação própria da União, o valor dessas mesmas transferências, que representavam 20,8% desse total, manteve exatamente essa proporção em 2007.

Quanto aos estados, a relação entre suas transferências líquidas e sua arrecadação própria cresceu de 1,4% em 2000, para 4,8% em 2008. Para os municípios, as receitas de transferências, que em 2000 eram 2,82 vezes maior que a arrecadação própria, em 2007 passaram para uma relação pouco menor de 2,76 vezes. Ou seja, as receitas próprias têm sido mais importantes para a ampliação dos recursos disponíveis das prefeituras do que as transferências recebidas dos demais entes.

Carga Tributária Arrecadada e Disponível, por esfera (R$ milhões):Esfera 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007União (52.426) (60.950) (73.616) (80.873) (95.022) (114.725) (128.565) (147.922) Estados 1.410 2.012 4.254 3.439 4.311 9.128 9.808 11.738 Municípios 51.015 58.938 69.362 77.434 90.711 105.597 118.756 136.184

É de se destacar que a maior parte do aumento da arrecadação própria dos municípios foi decorrente do ISS. Em valores de 2008, a arrecadação desse imposto, que era de 8,2 bilhões em 2002, será de 22 bilhões em 2008, segundo estimativas realizadas pela CNM. Uma parte da ampliação da arrecadação com ISS foi decorrente de sua nova regulamentação implantada em 2003, mas esse aumento também é refl exo do esforço de arrecadação própria que os municípios estão tendo que fazer para atender ao aumento das atribuições públicas. Veja a seguir a evolução do ISS em comparação ao principal imposto do país, o ICMS.

1 O desempenho do ISS versus ICMS

Uma boa forma de dimensionar o que signifi cou a expansão da receita do ISS nestes últimos anos é compará-la com o ICMS, principal imposto estadual e tributo de maior arrecadação do país. Considerando a estimativa da CNM para a arrecadação em 2008, entre 2003 e 2008, o ICMS cresceu 35,9% acima da infl ação – metade do que cresceu o ISS (72,9%).

Se o ISS tivesse crescido no mesmo ritmo do ICMS, hoje os municípios arrecadariam R$ 5 bilhões a menos por ano, o que diminuiria signifi cativamente sua participação. Veja tabelas com valores da arrecadação com ISS e comparativo de crescimento com o ICMS.

54 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

A receita de ISS depois da Lei 116/2003 (em milhões)Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008Valores nominais 8.238 9.405 11.345 13.888 16.078 19.140 22.011 Valores atualizados 12.687 12.736 14.220 16.237 17.951 20.538 22.011

O desempenho do ISS versus ICMS (índice real (2003=100))Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008ISS 99,6 100,0 111,7 127,5 140,9 161,3 172,8 ICMS 100,5 100,0 107,0 112,0 118,6 124,6 135,9

Comparativo do crescimento do ISS vs ICMS (2003=100)

99,6

100,0

140,9

172,8

100,5

100,0118,6

135,9

80

100

120

140

160

180

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

ISS ICMS

2 Evolução das receitas e despesas

Apesar de as receitas municipais terem crescido no ritmo do bolo tributário total do governo, cerca de 48% acima da infl ação no período de 2000 a 2007, as despesas aumentaram cerca de 50,6% no mesmo período. Entre as despesas, as que mais cresceram foram as de pessoal (59,3%), depois as de investimento (49,8%) e, um pouco atrás, o custeio da máquina (46,1%). O crescimento das despesas com pessoal muito acima do ritmo das receitas é outro indicativo do ajuste que os municípios vêm realizando para poder oferecer os serviços que crescentemente passam para sua responsabilidade. Vê-se que, apesar do cenário, os municípios conseguiram privilegiar os investimentos públicos mais do que o custeio da máquina administrativa.

Mesmo com a grande pressão sobre as despesas, depois de uma fase de difi culdades em 2003 e entre 2004 e 2007, os municípios estão ampliando ano a ano seu esforço fi scal, passando a apresentar, no agregado, consecutivos superávits primários. Em 2007, o saldo ultrapassou os R$ 7,138 bilhões. Ou seja, mesmo não estando endividados, como mostrado a seguir, os municípios vêm contribuindo cada vez mais com o esforço fi scal do país. Veja os cálculos e estimativas a seguir.

Evolução das contas municipaisem R$ milhões (valores atualizados para 2008)

Itens 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Receitas Primárias 153.327 159.079 166.695 159.824 176.129 188.020 198.593 227.695 Despesa Primária 146.456 150.556 163.908 160.935 171.126 177.874 193.953 220.557

Pessoal (inclui inativos) 64.553 67.752 73.478 74.492 78.716 83.942 88.311 102.817 Custeio da Máquina 63.801 67.280 67.653 68.221 72.490 77.859 83.439 93.187 Investimentos 16.259 14.118 21.840 17.319 19.653 15.813 21.762 24.358

Superávit Primário 6.871 8.523 2.786 (1.110) 5.003 10.147 4.640 7.138

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 55

3 Evolução do endividamento dos municípios

Acompanhando a evolução da sufi ciência de caixa, indicador que refl ete a disponibilidade em caixa para liquidação do total de restos a pagar, vê-se que os municípios passaram de uma posição de defi citários para superavitários a partir de 2004, chegando ao saldo de R$ 15 bilhões em sufi ciência de caixa em 2007. Esse indicador refl ete a melhora na solvência de curto prazo dos municípios. Observa-se também, na tabela abaixo, que a dívida consolidada dos municípios em 2007 se manteve no mesmo patamar que se encontrava no início da década.

em R$ milhões (valores atualizados para 2008)Itens 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Ativo Disponível(saldo em caixa, etc...) 11.042 20.033 22.403 20.974 19.957 35.088 37.353 45.111 Obrigações financeiras(restos a pagar) 22.525 22.401 23.950 22.677 18.388 22.079 25.102 29.953 Suficiência de Caixa(Ativo - Obrigações) (11.483) (2.368) (1.547) (1.703) 1.569 13.008 12.251 15.158 Divida ConsolidadaLíquida 58.412 61.924 73.790 69.306 74.005 68.306 63.030 58.967

4 Comparando grandes e pequenos

Comparando os valores das receitas dos municípios por porte populacional, vê-se que os municípios menores obtiveram a maior expansão de seus recursos próprios entre 2003 e 2007. A grande surpresa dos números é que os municípios pequenos estão tendo um crescimento de arrecadação bem maior que os municípios de grande porte. No período de 2003 a 2007, os municípios com até 50 mil habitantes obtiveram, em média, um crescimento superior a 148% da sua arrecadação de ISS, enquanto os grandes se mantiveram numa média de 100%.

Faixa populacional 2003 2007 Var. 2003-07até 5.000 44,9 149,2 232%5.001 a 10.000 98,9 231,1 134%10.001 a 20.000 217,8 559,4 157%20.001 a 50.000 473,1 1.133,1 140%50.001 a 100.000 600,4 1.201,9 100%100.001 a 300.000 1.298,6 2.683,3 107%300.001 a 1.000.000 1.708,2 3.413,1 100%Mais de 1.000.001 4.963,3 9.768,5 97%Total 9.405,3 19.139,6 103%

Expansão do ISS nos Municípios (em R$ milhões nominais)

Nas outras receitas próprias, o fenômeno se repete, tendo os municípios com até 50 mil habitantes resultados mais expressivos do que a média dos demais.

Demais receitas próprias (em R$ milhões nominais)Faixa populacional 2003 2007 Var. 2003-07até 5.000 182,7 347,8 90%5.001 a 10.000 396,6 510,0 29%10.001 a 20.000 748,1 1.141,9 53%20.001 a 50.000 1.632,2 2.313,5 42%50.001 a 100.000 1.655,0 2.395,1 45%100.001 a 300.000 3.058,7 4.361,9 43%300.001 a 1.000.000 3.404,0 5.762,7 69%Mais de 1.000.001 7.846,8 12.252,6 56%Total 18.924,2 29.085,5 54%

56 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Com as transferências devolutivas e compensatórias acontece o contrário, os municípios grandes foram os que tiveram maior aumento dessas receitas.

Transferências Devolutivas e Compensatórias*Porte 2003 2007 Var. 2003-07até 5.000 1.688,9 1.792,2 6,1%5.001 a 10.000 2.175,6 2.653,4 22,0%10.001 a 20.000 3.116,2 4.935,5 58,4%20.001 a 50.000 5.801,5 7.502,2 29,3%50.001 a 100.000 3.432,8 6.447,8 87,8%100.001 a 300.000 5.432,8 9.933,6 82,8%300.001 a 1.000.000 5.269,0 10.299,5 95,5%Mais de 1.000.001 6.033,7 11.562,6 91,6%Total 32.950,5 55.126,9 67%* ICMS, IPVA, IOF, ITR, IPI, LC 87/96, FEX, CIDE, ROY, SAÙDE/EDUCAÇÂ

As transferências redistributivas como o FPM e o FEP (Fundo Especial do Petróleo) tiveram um comportamento diferente; a média é parecida em todos os portes de municípios no período.

Transferências Redistributivas*Porte 2003 2007 Var. 2003-07até 5.000 2.239,9 3.890,8 73,7%5.001 a 10.000 2.327,4 3.785,1 62,6%10.001 a 20.000 3.731,0 6.559,7 75,8%20.001 a 50.000 4.229,0 7.388,5 74,7%50.001 a 100.000 2.163,0 3.887,3 79,7%100.001 a 300.000 2.402,4 4.387,3 82,6%300.001 a 1.000.000 1.423,8 2.673,8 87,8%Mais de 1.000.001 1.032,4 1.754,7 70,0%Total 19.548,9 34.327,3 76%*FPM e FEP

O bom resultado fi scal apresentado palas prefeituras deve-se, em grande parte, ao esforço que os municípios pequenos vêm realizando; e diferentemente da percepção comum da sociedade, esses são os que vêm se tornando cada vez menos dependentes de transferências.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 57

ESTIMATIVAS DE ARRECADAÇÃO PRÓPRIA DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS E OS 25% CONSTITUCIONAIS DA EDUCAÇÃO

O presente estudo objetivou levantar dados sobre o total de recursos constitucionalmente vinculados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino escolar, bem como calcular o montante per capita dos recursos disponíveis para os estados e os municípios. Essa estimativa é relevante porque, para o cálculo dos fatores de ponderação do Funbeb, é considerada a quantidade de recursos que os estados e os municípios possuem para serem aplicados em educação, além daqueles provenientes do Fundo. Estimou-se a arrecadação própria dos municípios e dos estados, bem como consolidou-se o total de transferências, para então ser apresentados os valores por UFs e por matrículas nas respectivas redes de ensino. Como resultado, tem-se que, além dos recursos do Fundeb, o conjunto dos estados do país dispõe, para investir em educação, de R$ 878,16 por matrícula na rede estadual de ensino fundamental e médio. Já os municípios dispõem, fora do Fundeb, R$ 712,54 por matrícula na rede municipal de ensino infantil e fundamental. Considerando-se os recursos disponíveis dos estados e dos municípios, fora o Fundeb, divididos pelo número total de matrículas em das redes de ensino (nas categorias de ensino infantil, fundamental e médio), chega-se à cifra de R$ 782,67.

1 Introdução

Visando às recentes discussões que ocorrem no governo e em instituições interessadas no fi nanciamento do setor de educação, a Área de Estudos Técnicos da CNM realizou, a pedido da área de Educação dessa instituição, estudo sobre os recursos tributários de todos os estados e municípios do país no ano de 2007, que possuem vínculo constitucional com o setor de educação. Foi estimado o total desses recursos por matrículas existentes na rede de ensino. Essas estimativas são importantes, porque, para o cálculo dos fatores de ponderação do Fundeb, são considerados os montantes de recursos disponíveis nos estados e nos municípios a serem destinados ao setor.

A fi m de ser realizada a estimativa da arrecadação de impostos próprios dos estados e dos municípios no ano de 2007, utilizaram-se os dados do Finbra 2006, extrapolados pela população para que a abrangência dos dados contemple todo o país. Em seguida, os dados do ano de 2007 são estimados supondo um comportamento dos municípios de cada estado idêntico ao das respectivas capitais. Os dados sobre recursos transferidos entre níveis de governo foram coletados diretamente da base da Secretaria de Tesouro Nacional. Por fi m, os dados sobre as matrículas das respectivas redes de ensino foram consolidados da base do Ministério da Educação.

Para arrecadação própria dos municípios, foram estimados os impostos ISS, IPTU, ITBI e IRRF. Na tabela 1, a seguir, são apresentados os valores por imposto e por UF. Os 25% do total de impostos próprios arrecadados por todos os municípios do país correspondem aproximadamente ao montante de R$ 9 bilhões.

As transferências para municípios que sofrem incidência dos 25% da educação e que foram consolidadas são FPM, ITR, IOF, LC 87/96, FEX, Cota ICMS, Cota IPVA e Cota IPI-Exp. Consideraram-se valores líquidos aqueles já descontados as participações no Fundeb. O porcentual de contribuição ao Fundeb de FPM, LC 87/96, Cota ICMS, Cota IPI-exp foi de 16,66% em 2007, enquanto que a do ITR e da Cota IPVA foi de 6,66%. Tais dados são apresentados por UF, em valores brutos, na tabela 5.

6

58 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

O total de matrículas no ensino infantil de toda a rede municipal do país é de 4.778.146, enquanto

que as matrículas no ensino fundamental e médio dessa mesma rede de ensino somam, respectivamente, 19.452.816 e 204.244. Os totais por UF são apresentados na tabela 3. A partir desses valores, calcularam-se os montantes per capita dos recursos que deveriam ser empregados em educação, além dos recursos do Fundeb, somando-se tanto recursos de transferências quanto de recursos próprios. Os dados são apresentados na tabela 4, em que verifi ca-se que no Brasil, em média, os municípios dispõem de R$ 712,00 por aluno matriculado no ensino infantil e fundamental da rede municipal, recursos adicionais ao Fundeb.

Os impostos de arrecadação própria estaduais, com vinculação constitucional ao setor de educação, que sofrem incidência dos 25% constitucionais e que foram considerados são o IRRF, IPVA, ITCD e ICMS, sendo que a participação no Fundeb do IPVA e do ITCD era de 6,66% em 2007, enquanto que a do ICMS foi de 16,66%. Na tabela 5, estão consolidados por estado os valores brutos e líquidos, sendo o total bruto de arrecadação própria dos estados de R$ 149,7 bilhões. Vale lembrar que essas estimativas já se encontram descontadas dos valores transferidos aos municípios referentes às participações no IPVA e no ICMS.

Já as transferências consolidadas dos estados foram o FPE, IOF, IPI-Exp, LC 87/96 e FEX. Destas, a FPE, a IPI-Exp e a LC 87/96 tiveram cota parte do Fundeb, em 2007, de 16,66%. O valor total bruto das transferências para estados no país é de R$ 42,41 bilhões (tabela 6).

O total de matrículas da rede estadual de ensino, apresentadas por estado, é informado na tabela 7. O estado com mais matrículas no ensino fundamental é São Paulo, com 3.004.535, que também lidera a quantidade de matrículas no ensino médio. O total de matrículas da rede estadual no país é de 21.187.505. Na tabela 8, apresenta-se o montante total (transferências + arrecadação própria) disponível fora do Fundeb para estados por matrícula.

Finalmente, na última tabulação, é somada a arrecadação global (transferências e próprias), com vinculação ao setor de educação dos dois entes da Federação; esses valores são expressos por matrículas nas duas redes de ensino. O total de recursos de estados e municípios para educação, fora os do Fundeb, somam a quantia de R$ 35,707 bilhões. Este valor por matrícula é de R$ 782,67.

Antes de partir para os resultados, ressaltem-se alguns aspectos contábeis das fi nanças levantadas. O critério de repartição do IPVA estabelece que 50% do valor líquido desse imposto deve permanecer com os estados, enquanto que a outra parte deve ser repassada aos seus municípios. Quando observados os números relacionados a esse imposto, que foram apresentados nas transferências para municípios, vê-se que ele não coincide exatamente com a parcela que permanece com os estados. Isso ocorre porque o Fundeb foi aprovado apenas em dezembro de 2006, de forma que foi determinada uma carência para o ajuste dos entes às novas regras. Em janeiro e fevereiro de 2007, os municípios ainda recebiam pelos coefi cientes do antigo Fundef. Já em março, passaram a receber pelo novo critério. Apesar do ajuste realizado em abril, a diferença contábil entre os recursos dos estados e dos municípios não foi plenamente corrigida.

Outra diferença entre o critério estabelecido por legislação e os dados efetivos, que será notada, é relacionada às compensações por desoneração das exportações. Por regra, o total de recursos do FEX deve ser 50% da LC 87/96, mas os dados apresentam uma pequena desigualdade. Em parte, essa diferença contábil ocorre porque a LC 87/96 foi aprovada com o o Orçamento Geral da União (OGU), enquanto que o FEX saiu por medida provisória em razoável tempo depois. Até a data deste estudo, a medida provisória do FEX 2008 ainda não tinha sido editada.

Finalmente, esclareça-se que o total de matrículas nas redes de ensino foi calculado reunindo-se nas etapas todas as modalidades de ensino. Como exemplo, no ensino fundamental foram consideradas as modalidades de educação especial e o EJA (Ensino de Jovens e Adultos).

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 59

2 Metodologia

2.1 Cálculo das receitas próprias de estados e municípios

Para a elaboração dessa estimativa, procedeu-se da seguinte forma:

- Somaram-se os impostos próprios por estado que constam na base de dados do Finbra de 2006.

- Somou-se a população desses municípios que estavam no Finbra de 2006.

- Calculaou-se o porcentual da população que estava faltando para alcançar a população total do estado naquele ano.

- Aplicou-se o porcentual faltante ao total de impostos arrecadados naquele ano de 2006, extrapolando assim os valores do Finbra para representar o total dos municípios existentes (5.562) por intermédio do critério da população.

- Aplicou-se os porcentuais de variação das receitas das capitais entre 2006 e 2007 para estimar os valores em 2007.

A seguir, os valores estimados de arrecadação dos impostos municipais por estado para o ano de 2007.

2.2 Consolidação das transferências e arrecadações próprias

Realizada a estimativa explicitada no subitem 2.1, foram agregados os valores líquidos dos impostos próprios, ou seja, descontadas as participações no Fundeb.

As transferências foram consolidadas da base de dados do STN, disponibilizada no website do órgão. Como esses dados já são informados em seus valores líquidos, apenas foram tabulados os totais.

3 Dados e resultados

3.1 Municípios

60 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 1 - Estimativas de Arrecadação Própria dos Municípios por EstadoImpostos que incidem os 25% da Educação

UF ISS ESTIMADO IPTU ESTIMADO ITBI ESTIMADO IRRF ESTIMADO Total

AC 21.867.389,66 5.109.721,48 1.221.685,81 7.650.397,95 35.849.194,91

AL 116.044.937,80 39.070.512,62 14.053.024,71 24.569.317,94 193.737.793,07

AM 298.251.191,96 36.639.639,30 15.386.289,54 59.806.532,44 410.083.653,24

AP 27.197.680,44 3.525.460,85 1.774.062,48 4.103.637,09 36.600.840,86

BA 836.526.738,08 219.606.763,90 110.313.098,65 161.316.077,51 1.327.762.678,14

CE 311.253.911,26 115.677.369,61 46.786.833,08 129.947.829,02 603.665.942,97

DF - - - - -

ES 497.452.769,64 69.626.287,07 43.310.449,80 60.839.365,03 671.228.871,54

GO 355.201.608,58 274.825.769,52 125.662.521,03 81.490.865,11 837.180.764,25

MA 216.366.179,97 31.049.864,11 9.434.724,24 66.762.416,57 323.613.184,89

MG 1.150.165.418,41 750.423.114,25 282.024.411,01 347.886.357,02 2.530.499.300,69

MS 178.447.829,64 110.601.474,39 51.573.409,62 57.157.152,42 397.779.866,06

MT 177.437.167,69 53.501.517,74 40.926.757,48 56.136.639,49 328.002.082,39

PA 391.956.744,43 45.014.405,26 14.266.217,68 54.087.963,38 505.325.330,76

PB 114.384.342,94 32.254.882,64 19.309.914,94 40.833.059,94 206.782.200,46

PE 465.076.518,22 212.760.202,80 49.078.347,30 90.030.881,85 816.945.950,18

PI 86.153.325,26 17.522.709,58 7.002.069,38 37.827.735,78 148.505.839,99

PR 851.642.176,29 570.753.215,33 200.957.838,87 190.254.497,31 1.813.607.727,79

RJ 2.674.494.919,66 1.595.268.714,16 407.562.251,42 157.599.886,06 4.834.925.771,30

RN 184.949.475,76 43.433.775,47 43.558.016,71 40.420.087,99 312.361.355,94

RO 57.102.226,00 12.399.328,27 6.130.159,17 21.618.052,99 97.249.766,43

RR 18.890.347,10 5.014.432,29 1.091.299,87 8.574.564,18 33.570.643,44

RS 834.200.352,70 568.445.518,11 272.580.585,94 260.790.710,45 1.936.017.167,20

SC 470.678.764,10 369.422.317,88 114.977.470,51 112.763.423,08 1.067.841.975,57

SE 123.376.860,12 39.189.024,61 14.542.103,11 29.693.429,12 206.801.416,96

SP 7.674.832.242,77 6.110.839.367,13 1.101.489.831,57 1.507.795.646,91 16.394.957.088,37

TO 61.740.757,87 9.037.978,17 8.058.578,43 24.315.265,89 103.152.580,36

BR 18.195.691.876,35 11.341.013.366,54 3.003.071.952,33 3.634.271.792,52 36.174.048.987,74

A tabela anterior apresenta a estimativa dos impostos municipais que recebem incidência dos 25% constitucionais do setor de educação. Tem-se os dados agregados por estado. O total estimado do Brasil é de R$ 36.2 bilhões.

Na tabela seguinte, são apresentadas as receitas municipais de transferências, as quais sofrem incidência dos 25% constitucionais para a área de educação. Há os valores brutos de Fundeb. Para o conjunto do país, tais recursos somam R$ 85,3 bilhões.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 61

UF

FPM

IT

R

IOF

LC 8

7/96

FE

X C

ota

ICM

S C

ota

IPVA

C

ota

IPI-E

xp

Tota

l A

C

208.

893.

830,

83

242.

316,

81

- 38

8.35

5,54

82

3.99

6,84

91

.181

.345

,99

5.73

3,59

96

.566

,54

301.

632.

146,

15

AL

942.

841.

870,

74

737.

119,

94

- 3.

584.

182,

64

15.7

68.4

31,2

3 33

6.20

6.66

1,92

25

.807

,02

2.73

6.86

0,89

1.

301.

900.

934,

38

AM

54

4.84

9.50

3,04

53

4.58

3,92

10

5.81

0,92

4.

299.

377,

70

12.2

59.8

93,7

8 87

5.25

1.91

2,66

36

.518

,00

10.8

49.4

77,1

7 1.

448.

187.

077,

18

AP

13

5.26

6.35

8,65

27

5.01

4,39

34

8.35

8,96

1.

733.

947,

00

4.91

5.52

3,42

76

.548

.855

,16

6.89

4,99

51

6.48

3,64

21

9.61

1.43

6,22

B

A

3.57

0.25

9.36

7,03

7.

058.

548,

99

705,

60

15.8

54.4

02,2

5 20

.542

.274

,98

1.93

2.99

5.17

5,91

10

5.36

7,71

54

.189

.105

,27

5.60

1.00

4.94

7,74

C

E

2.06

9.90

6.85

5,27

1.

043.

696,

38

19.3

60,5

0 6.

948.

122,

74

9.10

5.28

1,28

84

5.32

4.93

4,32

83

.493

,25

6.79

1.76

1,40

2.

939.

223.

505,

14

DF

80.2

77.3

80,8

8 95

3.38

4,71

-

- -

- 14

0.63

1,06

61

1.02

0,40

81

.982

.417

,04

ES

68

8.29

1.48

6,79

1.

509.

054,

37

- 18

.186

.305

,50

37.3

42.7

43,7

0 1.

159.

723.

557,

47

59.1

77,1

7 34

.727

.318

,65

1.93

9.83

9.64

3,67

G

O

1.42

9.04

0.31

9,51

13

.255

.138

,46

94,0

6 5.

693.

607,

76

11.1

75.6

93,7

0 1.

270.

485.

840,

03

156.

311,

94

10.2

70.7

23,3

9 2.

740.

077.

728,

85

MA

1.

651.

291.

007,

82

2.13

1.65

7,95

20

.313

,47

7.16

1.36

9,40

17

.014

.481

,23

471.

108.

026,

90

32.0

29,1

2 9.

143.

164,

92

2.15

7.90

2.05

0,81

M

G

5.19

8.99

3.29

5,45

19

.991

.650

,35

1.26

5,70

55

.046

.013

,22

41.1

74.0

06,2

8 4.

700.

973.

812,

01

644.

174,

16

92.8

37.4

82,9

1 10

.109

.661

.700

,07

MS

58

4.27

8.53

0,70

17

.463

.390

,82

375,

79

5.26

6.72

5,00

7.

543.

575,

01

834.

235.

309,

70

49.9

26,2

9 4.

645.

008,

65

1.45

3.48

2.84

1,95

M

T 72

9.41

7.45

1,73

14

.681

.400

,17

628.

451,

91

8.27

9.29

3,81

34

.074

.300

,00

827.

416.

221,

44

69.0

10,2

6 9.

594.

905,

34

1.62

4.16

1.03

4,66

P

A

1.43

1.93

2.23

7,30

3.

784.

180,

49

1.18

9.57

7,41

18

.614

.548

,24

48.9

29.6

11,2

5 84

5.74

0.53

0,07

48

.719

,92

39.2

42.5

06,4

7 2.

389.

481.

911,

15

PB

1.

279.

803.

529,

78

598.

546,

12

288,

84

1.22

6.41

7,22

5.

174.

812,

47

415.

145.

127,

80

30.1

81,2

0 1.

830.

129,

27

1.70

3.80

9.03

2,70

P

E

1.91

3.69

0.98

4,10

1.

296.

937,

73

189,

89

6.33

7.43

6,87

4.

615.

893,

71

1.29

7.27

1.55

7,68

10

1.21

1,21

5.

151.

421,

12

3.22

8.46

5.63

2,32

P

I 1.

050.

043.

990,

93

1.26

3.74

8,58

54

0,97

1.

286.

777,

89

3.67

1.85

0,03

27

8.20

3.03

7,31

22

.145

,85

216.

813,

94

1.33

4.70

8.90

5,51

P

R

2.69

2.93

5.80

0,39

19

.638

.868

,30

4.35

9,79

43

.009

.805

,82

44.4

82.6

68,7

5 2.

463.

448.

544,

69

355.

325,

63

75.8

58.2

27,1

7 5.

339.

733.

600,

55

RJ

1.15

8.09

7.86

2,28

2.

266.

807,

45

183.

257,

08

25.0

18.8

17,2

0 16

.893

.093

,75

3.80

0.43

3.00

5,10

60

0.77

8,01

11

1.69

5.59

0,58

5.

115.

189.

211,

46

RN

98

2.66

4.64

0,07

57

7.41

7,71

-

1.54

4.81

1,25

6.

944.

193,

79

480.

210.

479,

03

37.1

51,6

8 1.

617.

670,

43

1.47

3.59

6.36

3,97

R

O

361.

042.

249,

65

978.

238,

63

217.

713,

63

1.06

3.84

0,97

4.

089.

149,

98

379.

555.

915,

40

22.8

12,5

2 1.

676.

090,

97

748.

646.

011,

76

RR

23

6.32

8.82

5,39

25

7.74

6,07

26

.582

,08

163.

123,

58

899.

437,

48

61.0

01.0

82,6

8 3.

851,

39

37.0

72,7

8 29

8.71

7.72

1,45

R

S

2.63

7.71

9.31

8,94

17

.925

.341

,09

- 42

.847

.285

,31

40.6

08.0

18,7

8 2.

937.

439.

100,

30

417.

865,

47

93.5

06.3

40,5

7 5.

770.

463.

270,

46

SC

1.

533.

336.

942,

98

3.74

3.46

7,32

15

4,17

15

.319

.683

,39

30.4

84.5

93,7

2 1.

673.

239.

790,

91

207.

019,

53

53.2

25.7

49,5

9 3.

309.

557.

401,

61

SE

56

1.21

3.15

4,77

52

0.94

1,59

-

1.06

8.53

4,40

1.

324.

537,

50

292.

360.

228,

94

15.5

15,4

3 76

3.09

8,90

85

7.26

6.01

1,53

S

P

5.29

9.93

6.90

4,36

35

.825

.347

,10

17.6

39,1

4 13

2.84

3.48

9,88

60

.587

.962

,45

15.3

15.0

76.2

86,8

4 2.

914.

303,

66

155.

539.

251,

41

21.0

02.7

41.1

84,8

4 TO

61

6.07

9.32

6,72

2.

604.

305,

12

4.42

2,94

33

5.85

0,84

2.

570.

587,

53

190.

727.

660,

29

13.7

54,9

9 32

6.40

6,90

81

2.66

2.31

5,34

BR

39.5

88.4

33.0

26,1

4

171

.158

.850

,56

2.7

69.4

62,8

5

42

3.12

2.12

5,44

483.

016.

612,

64

43

.851

.304

.000

,55

6.20

5.71

1,04

777.

696.

249,

27

85

.303

.706

.038

,48

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la 2

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cias

par

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unic

ípio

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r UF

(Val

or B

ruto

)

62 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Para verifi car o quanto de recursos de arrecadação direta municipal e de transferências está disponível para investimento em educação, em relação ao tamanho de cada rede municipal de ensino, veja primeiro, no quadro a seguir, como são distribuídas essas matrículas no país, e como é apresentado o total de matrículas na rede municipal de ensino por UF em 2007.

Tabela 3 - Total de Matrículas na Rede Municipal de Ensino (2007)

UF Educação Infantil

Ensino Fundamental Ensino Médio Total

AC 20.974 62.626 - 83.600 AL 76.307 552.471 8.287 637.065 AM 105.602 488.654 705 594.961 AP 11.554 40.857 - 52.411 BA 404.912 2.231.202 33.221 2.669.335 CE 274.079 1.385.396 1.551 1.661.026 DF - - - - ES 120.146 368.983 315 489.444 GO 95.107 502.187 1.338 598.632 MA 274.360 1.271.871 11.899 1.558.130 MG 357.783 1.515.446 36.874 1.910.103 MS 67.121 238.036 675 305.832 MT 76.898 275.310 638 352.846 PA 245.376 1.307.020 481 1.552.877 PB 86.151 496.024 12.472 594.647 PE 192.159 1.096.794 27.902 1.316.855 PI 104.680 507.812 3.682 616.174 PR 216.319 830.493 6 1.046.818 RJ 278.453 1.530.979 13.518 1.822.950 RN 95.209 367.924 4.823 467.956 RO 32.223 150.584 1.402 184.209 RR 10.356 21.402 70 31.828 RS 132.171 793.588 7.292 933.051 SC 175.318 453.640 3.669 632.627 SE 59.305 254.235 2.346 315.886 SP 1.236.508 2.574.876 30.870 3.842.254 TO 29.075 134.406 208 163.689 BR 4.778.146 19.452.816 204.244 24.435.206

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 63

Na tabela seguinte, apresenta-se o total dos recursos de transferências e de arrecadação própria que os municípios têm para gastar com educação além do Fundeb, bem como os valores pelo total de matrículas.

Tabela 4 - Total Disponível aos Municípios para Educação fora do Fundeb

UF

Total arrecadado Total disponível além do Fundeb

Disponível por Matrícula no Ensino Infantil e

Fundamental Disponível por Matrícula

no Ensino Infantil Disponível por

Matrícula no Ensino Inf. Fund. e Médio

AC 337.481.341,06 37.863.301,31 452,91 1.805,25 452,91 AL 1.495.638.727,45 175.038.184,51 278,38 2.293,87 274,76 AM 1.858.270.730,41 242.525.218,17 408,12 2.296,60 407,63 AP 256.212.277,07 30.922.793,32 590,01 2.676,37 590,01 BA 6.928.767.625,88 869.641.410,31 329,90 2.147,73 325,79 CE 3.542.889.448,11 432.594.090,40 260,68 1.578,36 260,44 DF 81.982.417,04 7.911.797,19 - - - ES 2.611.068.515,21 358.627.811,17 733,20 2.984,93 732,72 GO 3.577.258.493,10 473.399.583,91 792,57 4.977,55 790,80 MA 2.481.515.235,70 289.421.235,29 187,18 1.054,90 185,75 MG 12.640.161.000,76 1.604.478.547,34 856,53 4.484,50 840,00 MS 1.851.262.708,01 240.714.350,50 788,82 3.586,27 787,08 MT 1.952.163.117,05 243.494.219,74 691,34 3.166,46 690,09 PA 2.894.807.241,91 362.189.293,69 233,31 1.476,06 233,24 PB 1.910.591.233,15 214.958.549,70 369,23 2.495,14 361,49 PE 4.045.411.582,49 512.811.277,00 397,85 2.668,68 389,42 PI 1.483.214.745,50 165.032.914,97 269,45 1.576,55 267,83 PR 7.153.341.328,34 971.042.607,47 927,62 4.488,94 927,61 RJ 9.950.114.982,76 1.699.206.205,76 939,08 6.102,31 932,12 RN 1.785.957.719,91 219.681.913,65 474,34 2.307,36 469,45 RO 845.895.778,19 96.428.356,86 527,49 2.992,53 523,47 RR 332.288.364,89 37.032.846,46 1.166,10 3.575,98 1.163,53 RS 7.706.480.437,66 1.041.955.229,55 1.125,51 7.883,39 1.116,72 SC 4.377.399.377,18 587.493.197,15 934,07 3.351,01 928,66 SE 1.064.067.428,49 133.667.290,62 426,32 2.253,90 423,15 SP 37.397.698.273,21 6.113.533.288,64 1.604,02 4.944,19 1.591,13 TO 915.814.895,69 103.881.941,62 635,44 3.572,90 634,63 BR 121.477.755.026,22 17.265.547.456,32 712,54 3.613,44 706,58

64 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

3.2 Estados

Na próxima tabela, é informada a estimativa da arrecadação própria dos estados, dos impostos que sofrem incidência dos 25% constitucionais da educação. Apresentam-se tanto os valores brutos, sem desconto da cota do Fundeb, quanto os valores líquidos, descontadas as participações no Fundeb. O total é obtido com os valores brutos.

Tabela 5 - Estimativas de Arrecadação Própria dos Estados

UF IRRF IPVA IPVA – liq. ITCD ITCD – liq. ICMS ICMS – liq. Total (Bruto)

AC 79.942.013,32 5.771.915,58 5.387.506,00 313.152,31 292.296,37 276.738.072,44 237.217.617,38 362.765.153,65

AL 120.488.272,22 30.263.647,20 28.248.088,29 1.492.987,80 1.393.554,82 1.020.100.654,14 874.421.956,24 1.172.345.561,37

AM 189.280.255,69 41.948.173,68 39.154.425,32 679.191,89 633.957,71 2.659.149.102,10 2.279.400.910,43 2.891.056.723,37

AP 55.755.315,78 8.288.178,15 7.736.185,49 51.065,80 47.664,82 227.560.700,01 195.063.175,05 291.655.259,75

BA 428.527.765,36 142.407.566,87 132.923.222,92 11.696.243,75 10.917.273,91 6.107.876.505,47 5.235.621.897,36 6.690.508.081,44

CE 263.257.587,33 77.153.583,11 72.015.154,47 15.420.680,70 14.393.663,36 2.917.584.819,01 2.500.929.898,00 3.273.416.670,15

DF 1.010.617.066,83 153.711.799,18 143.474.593,35 13.959.359,24 13.029.665,92 2.645.838.781,93 2.267.991.412,59 3.824.127.007,18

ES 263.305.189,56 76.263.283,78 71.184.149,08 10.107.194,41 9.434.055,27 3.992.546.864,70 3.422.378.591,38 4.342.222.532,45

GO 354.150.272,50 130.101.073,14 121.436.341,67 28.293.231,94 26.408.902,70 3.591.300.432,63 3.078.433.424,16 4.103.845.010,22

MA 124.329.467,56 40.907.007,83 38.182.601,11 863.339,07 805.840,68 1.441.137.663,49 1.235.331.444,79 1.607.237.477,95

MG 1.192.032.323,08 650.580.350,85 607.251.699,48 83.623.564,82 78.054.235,40 13.231.290.677,43 11.341.754.395,19 15.157.526.916,17

MS 208.239.581,30 57.655.681,53 53.815.813,14 22.190.658,95 20.712.761,06 2.286.510.762,16 1.959.978.366,33 2.574.596.683,94

MT 201.426.379,90 75.116.890,74 70.114.105,82 6.772.279,87 6.321.246,03 2.492.103.910,24 2.136.211.135,13 2.775.419.460,76

PA 245.292.734,44 56.343.725,03 52.591.232,94 2.329.738,38 2.174.577,80 2.598.298.283,32 2.227.240.085,14 2.902.264.481,17

PB 139.712.602,87 29.827.066,21 27.840.583,60 1.870.901,38 1.746.299,35 1.208.149.182,77 1.035.615.620,41 1.379.559.753,23

PE 317.211.460,31 112.744.763,78 105.235.962,51 7.746.292,84 7.230.389,73 3.834.267.682,72 3.286.702.968,22 4.271.970.199,65

PI 68.845.982,79 25.720.846,86 24.007.838,46 1.027.659,25 959.217,14 851.113.847,63 729.567.844,71 946.708.336,53

PR 575.289.997,15 354.944.483,29 331.305.180,70 58.630.611,98 54.725.813,22 7.317.629.404,33 6.272.612.210,12 8.306.494.496,75

RJ 1.345.615.451,29 474.833.954,55 443.210.013,18 141.298.399,51 131.887.926,10 12.759.043.545,44 10.936.948.007,41 14.720.791.350,79

RN 200.942.003,25 42.075.420,16 39.273.197,18 2.607.056,61 2.433.426,64 1.518.923.962,61 1.302.009.225,62 1.764.548.442,64

RO 97.266.196,31 31.161.712,72 29.086.342,65 1.723.197,81 1.608.432,83 1.041.779.892,14 893.005.222,13 1.171.930.998,98

RR 28.247.704,59 3.438.896,46 3.209.865,95 131.757,74 122.982,68 172.556.391,56 147.913.930,70 204.374.750,35

RS 784.584.731,57 369.593.943,59 344.978.986,94 57.508.177,25 53.678.132,64 9.164.764.265,52 7.855.961.139,65 10.376.451.117,92

SC 399.991.940,69 110.837.607,47 103.455.822,81 23.101.039,25 21.562.510,03 3.049.778.871,36 2.614.245.560,91 3.583.709.458,76

SE 142.164.826,76 18.702.117,24 17.456.556,23 2.021.613,95 1.886.974,46 890.971.569,80 763.733.558,89 1.053.860.127,74

SP 2.527.877.135,16 2.680.816.677,37 2.502.274.286,66 406.968.447,91 379.864.349,28 43.695.172.447,61 37.455.145.249,11 49.310.834.708,06

TO 97.308.812,20 17.007.370,20 15.874.679,35 1.117.910,71 1.043.457,86 561.723.709,07 481.504.979,48 677.157.802,19

BR 11.461.703.069,83 5.818.217.736,56 5.430.724.435,30 903.545.755,11 843.369.607,82 131.553.912.001,65 112.766.939.826,55 149.737.378.563,15

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 65

A seguir, tabela com os valores das transferências recebidas pelos estados, as quais sofrem incidência dos 25% constitucionais para a área de educação.

Tabela 6 - Total de transferências disponíveis para os Estados que incidem 25% da educação (Valor Bruto)

UF FPE IOF IPI-Exp LC87/96 FEX Total AC 1.277.487.298,59 - 408.627,47 1.165.064,51 2.471.990,66 1.281.532.981,23 AL 1.553.485.796,65 - 6.453.554,98 10.752.531,66 47.305.293,71 1.617.997.177,00 AM 1.042.005.424,81 45.347,58 72.127.214,82 12.898.123,80 36.779.681,25 1.163.855.792,27 AP 1.274.126.472,56 149.296,68 2.425.422,45 5.201.838,89 14.746.570,27 1.296.649.600,85 BA 3.508.777.010,24 302,40 189.131.062,43 47.563.143,17 61.626.825,05 3.807.098.343,29 CE 2.739.782.683,07 8.297,35 21.964.008,22 20.844.339,59 27.315.843,75 2.809.915.171,98 DF 257.738.010,70 - 1.326.337,97 13.816.798,00 5.750.549,97 278.631.696,63 ES 560.137.663,99 - 106.296.013,55 54.558.904,83 112.028.231,25 833.020.813,62 GO 1.061.684.928,01 40,31 21.490.522,43 17.080.787,18 33.527.081,30 1.133.783.359,23 MA 2.695.457.122,66 8.705,76 23.387.011,87 21.484.075,72 51.043.443,71 2.791.380.359,73 MG 1.663.422.148,79 542,43 264.037.670,31 165.137.908,13 123.522.018,75 2.216.120.288,41 MS 497.402.245,97 161,04 16.488.707,32 15.800.163,21 22.630.724,96 552.322.002,50 MT 861.827.809,67 269.337,10 19.300.430,61 24.837.859,14 102.222.900,00 1.008.458.336,52 PA 2.282.374.267,11 509.819,18 87.057.202,39 55.843.623,88 146.788.833,75 2.572.573.746,31 PB 1.788.295.505,24 123,79 6.336.653,40 3.679.218,46 15.524.437,50 1.813.835.938,39 PE 2.576.707.938,03 81,37 17.677.734,60 19.012.280,81 13.847.681,24 2.627.245.716,05 PI 1.613.719.266,70 231,83 675.700,61 3.860.299,89 11.015.550,00 1.629.271.049,02

PR 1.076.659.274,97 1.868,47 239.334.741,96 129.029.355,40 133.448.006,25 1.578.473.247,05 RJ 570.481.539,58 78.538,69 294.379.722,86 75.056.438,10 50.679.281,25 990.675.520,47 RN 1.560.132.763,63 - 9.354.421,88 4.634.407,50 20.832.581,30 1.594.954.174,31 RO 1.051.415.737,58 93.305,79 3.100.203,20 3.191.513,95 12.267.449,96 1.070.068.210,48 RR 926.355.668,57 11.392,26 183.403,63 489.368,06 2.698.312,55 929.738.145,07 RS 879.341.447,30 - 287.177.476,35 128.541.779,07 121.824.056,25 1.416.884.758,97 SC 477.909.455,04 66,07 175.036.072,86 45.959.003,96 91.453.781,25 790.358.379,19 SE 1.551.693.356,14 - 875.644,84 3.205.591,06 3.973.612,50 1.559.748.204,54 SP 373.425.109,51 7.559,57 466.617.752,12 398.530.371,25 181.763.887,55 1.420.344.679,99 TO 1.620.664.973,74 1.895,51 445.463,76 1.007.530,01 7.711.762,55 1.629.831.625,57 BR 37.342.510.918,84 1.186.913,18 2.333.088.778,91 1.283.182.319,23 1.454.800.388,53 42.414.769.318,70

66 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

A tabela seguinte informa o total de matrículas na rede estadual de ensino infantil, fundamental e médio.

Tabela 7 - Total de Matrículas - Rede Estadual de Ensino (2007)

UF Educação Infantil

Ensino Fundamental Ensino Médio Total

AC 6.267 105.480 38.938 150.685 AL 1.222 162.052 111.545 274.819 AM 216 332.420 160.528 493.164 AP 6.456 106.086 38.215 150.757 BA 2.758 625.436 709.554 1.337.748 CE 1.432 203.495 386.130 591.057 DF 51.863 345.523 101.930 499.316 ES 36 155.041 141.992 297.069 GO 1.192 389.808 274.446 665.446 MA 1.021 247.260 295.586 543.867 MG 10.640 1.653.433 787.935 2.452.008 MS 461 193.304 109.445 303.210 MT 1.109 272.026 161.980 435.115 PA 94 412.900 375.542 788.536 PB 15.626 273.895 154.622 444.143 PE 5.104 522.782 390.902 918.788 PI 937 158.098 157.801 316.836 PR 526 830.044 498.062 1.328.632 RJ 11.382 607.445 596.851 1.215.678 RN 797 214.256 140.540 355.593 RO 1.414 166.879 75.806 244.099 RR 4.905 65.858 23.274 94.037 RS 36.703 810.050 427.645 1.274.398 SC 17.221 446.385 245.625 709.231 SE 4.871 143.640 85.486 233.997 SP 1.201 3.004.535 1.833.433 4.839.169 TO 1.104 153.127 75.876 230.107 BR 186.558 12.601.258 8.399.689 21.187.505

A seguir, mostra-se o total disponível fora do Fundeb, do somatório entre arrecadação própria e transferências, valores que são também apresentados por matrícula na rede estadual.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 67

UF

Tota

l arr

ecad

ado

(B

ruto

) D

ispo

níve

l for

a

Fund

eb

Dis

poní

vel

por M

atríc

ula

no

Ensi

no F

unda

men

tal e

méd

io

Dis

poní

vel p

or M

atríc

ula

no E

nsin

o Fu

ndam

enta

l

Dis

poní

vel p

or

Mat

rícul

a no

Ens

ino

Méd

io

Dis

poní

vel p

or M

atríc

ula

- En

sino

Infa

ntil,

Fun

dam

enta

l e

Méd

io

AC

1

.644

.298

.134

,89

1

64.8

34.8

28,5

5

1.

141,

37

1.

562,

71

4

.233

,26

1

.093

,90

A

L

2

.790

.342

.738

,37

2

75.6

20.7

55,5

1

1.

007,

40

1.

700,

82

2

.470

,94

1

.002

,92

A

M

4.0

54.9

12.5

15,6

3

375

.438

.656

,13

76

1,62

1.12

9,41

2.3

38,7

7

7

61,2

9

AP

1

.588

.304

.860

,59

1

58.7

97.6

79,2

1

1.

100,

46

1.

496,

88

4

.155

,38

1

.053

,34

B

A

1

0.49

7.60

6.42

4,74

9

75.6

25.4

75,7

2

730,

81

1.

559,

91

1

.374

,98

729

,30

C

E

6.0

83.3

31.8

42,1

3

578

.319

.373

,71

98

0,83

2.84

1,93

1.4

97,7

3

9

78,4

5

DF

4.1

02.7

58.7

03,8

2

513

.500

.510

,46

1.14

7,61

1.48

6,15

5.0

37,7

8

1.0

28,4

1

ES

5

.175

.243

.346

,06

4

84.1

90.6

51,4

3

1.

630,

09

3.

122,

98

3

.409

,99

1

.629

,89

G

O

5.2

37.6

28.3

69,4

5

505

.905

.362

,48

76

1,61

1.29

7,83

1.8

43,3

7

7

60,2

5

MA

4

.398

.617

.837

,68

4

23.0

91.2

42,2

6

779,

39

1.

711,

12

1

.431

,36

777

,93

M

G

1

7.37

3.64

7.20

4,58

1.6

76.4

01.9

57,3

3

686,

66

1.

013,

89

2

.127

,59

683

,69

M

S

3.1

26.9

18.6

86,4

4

297

.977

.009

,14

98

4,24

1.54

1,49

2.7

22,6

2

9

82,7

4

MT

3.7

83.8

77.7

97,2

8

368

.226

.664

,30

84

8,44

1.35

3,65

2.2

73,2

8

8

46,2

7

PA

5

.474

.838

.227

,48

5

39.0

90.7

29,0

9

683,

74

1.

305,

62

1

.435

,50

683

,66

P

B

3.1

93.3

95.6

91,6

2

308

.570

.301

,25

72

0,09

1.12

6,60

1.9

95,6

4

6

94,7

5

PE

6

.899

.215

.915

,69

6

47.6

40.6

69,7

7

708,

82

1.

238,

84

1

.656

,79

704

,89

P

I

2

.575

.979

.385

,56

2

44.3

10.2

18,3

3

773,

38

1.

545,

31

1

.548

,22

771

,09

P

R

9.8

84.9

67.7

43,7

9

951

.236

.554

,13

71

6,24

1.14

6,01

1.9

09,8

8

7

15,9

5

RJ

1

5.71

1.46

6.87

1,27

1.5

28.9

09.3

19,1

4

1.

269,

55

2.

516,

95

2

.561

,63

1

.257

,66

R

N

3.3

59.5

02.6

16,9

4

330

.018

.776

,33

93

0,16

1.54

0,30

2.3

48,2

2

9

28,0

8

RO

2

.241

.999

.209

,46

2

14.0

48.9

18,1

8

882,

00

1.

282,

66

2

.823

,64

876

,89

R

R

1.1

34.1

12.8

95,4

2

109

.974

.535

,55

1.23

3,84

1.66

9,87

4.7

25,2

1

1.1

69,4

8

RS

11.

793.

335.

876,

90

1

.130

.313

.669

,29

91

3,24

1.39

5,36

2.6

43,1

1

8

86,9

4

SC

4

.374

.067

.837

,95

4

47.6

30.0

17,2

9

646,

85

1.

002,

79

1

.822

,41

631

,15

S

E

2.6

13.6

08.3

32,2

8

256

.871

.534

,57

1.12

1,09

1.78

8,30

3.0

04,8

4

1.0

97,7

6

SP

50.

731.

179.

388,

06

4

.708

.418

.125

,49

97

3,22

1.56

7,10

2.5

68,0

9

9

72,9

8

TO

2.3

06.9

89.4

27,7

6

227

.222

.481

,10

99

2,22

1.48

3,88

2.9

94,6

6

9

87,4

6

BR

192.

152.

147.

881,

85

18.

442.

186.

015,

74

878,

16

1.

463,

52

2

.195

,58

870

,43

Tabe

la 8

- T

otal

dis

poní

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ara

os E

stad

os (T

rans

ferê

ncia

s e

Arr

ecad

ação

Pró

pria

)

68 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Finalmente, a seguir encontra-se o total somado dos municípios e estados, por matrícula, tanto de arrecadação própria quanto de transferências.

Tabela 9 - Total dos Estados e Municípios por Matrículas

UF Total Est. e Mun. disponível para educação fora do Fundeb

por Matrícula no Ensino Infantil Fundamental e Médio nas Duas Redes

AC 202.698.129,85 865,18 AL 450.658.940,02 494,21 AM 617.963.874,29 567,92 AP 189.720.472,53 933,81 BA 1.845.266.886,03 460,50 CE 1.010.913.464,11 448,88 DF 521.412.307,65 1.044,25 ES 842.818.462,60 1.071,59 GO 979.304.946,40 774,72 MA 712.512.477,54 338,97 MG 3.280.880.504,67 752,13 MS 538.691.359,64 884,49 MT 611.720.884,04 776,33 PA 901.280.022,78 384,93 PB 523.528.850,95 503,98 PE 1.160.451.946,77 519,07 PI 409.343.133,30 438,73 PR 1.922.279.161,60 809,23 RJ 3.228.115.524,91 1.062,36 RN 549.700.689,98 667,48 RO 310.477.275,04 724,89 RR 147.007.382,01 1.167,98 RS 2.172.268.898,84 984,06 SC 1.035.123.214,44 771,41 SE 390.538.825,20 710,22 SP 10.821.951.414,14 1.246,56 TO 331.104.422,72 840,80 BR 35.707.733.472,06 782,67

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 69

20 ANOS DE SUS – MUNICÍPIOS CUMPREM A EMENDA Nº 29/2000

Em outubro deste ano, completa 20 anos a promulgação da Constituição Federal, de 1988, a Carta que introduziu o Sistema Único de Saúde (SUS) e garantiu o acesso universal aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência. O SUS veio como um substituto mais democrático ao Instituto Nacional da Assistência Médica da Previdência Social – Inamps, que previa a prestação de serviços públicos de saúde apenas aos trabalhadores com carteira assinada da economia formal.

Embora a universalização do acesso à saúde no Brasil tenha sido um grande avanço, ainda existem percalços como a instabilidade e a insufi ciência de recursos fi nanceiros entre as três esferas governamentais – federal, estadual e municipal. Além disso, impera uma distribuição desigual da receita fi scal entre esses entes, sobrecarregando os municípios, que fi cam com a menor parcela.

A Emenda Constitucional nº 29 foi promulgada em 2000 para garantir um fi nanciamento mais estável e regular para a saúde, representando mais uma conquista da sociedade. A EC 29/00 veio estabelecer percentuais mínimos de aplicação em ações e serviços de saúde por meio de vinculações para o fi nanciamento das três esferas de governo. Foi aumentada a participação dos estados e dos municípios no seu fi nanciamento e reduzido o peso atribuído à União, além de serem desvinculados os recursos da saúde das contribuições sociais – caso da Cofi ns e da CPMF – que apresentam taxas de crescimento mais favoráveis que o PIB, segundo Oliveira (2001, p.38) e Dain (2001, p. 136).

Foram adotados os seguintes critérios sob o ponto de vista legal, determinando: Em Lei Complementar, a base de cálculo para os gastos da União; e na Constituição Federal, (CF) a • base de cálculo para estados e municípios.

Flexibilidade para essa vinculação ao prever que a Lei Complementar será reavaliada pelo menos a • cada 5 anos e estabelecerá os percentuais que cada ente deverá contribuir, os critérios de rateio, as normas de fi scalização e as normas de cálculo para a União.

Nas disposições transitórias (até o ano de 2004), os percentuais de 12% e 15% para estados e • municípios, respectivamente, e uma regra de transição para o ajuste gradual (porcentual inicial de pelo menos 7% em 2000 e redução da diferença em um quinto por ano).Nas disposições transitórias (até o ano de 2004), a base e a regra de cálculo para a União.•

7

70 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

A EC 29 alterou a divisão federativa do fi nanciamento do SUS

Participação da União, Estados e Municípios no financiamento do SUS, 2000 e 2005 (Em %)

72,70%

11,80%

15,40%

União Estados Municípios

59,80%18,50%

21,70%

49,90%

23,10%

27,00%

2000 2005

A EC 29 vinculou ao artigo 198 da CF as seguintes receitas, e a Resolução nº 322/2003 incluiu as transferências da Lei Complementar nº 87/96 (Lei Kandir) como base de cálculo:

Base de Cálculo Estadual Base de Cálculo Municipal ICMS (75%) ICMS (25%) IPVA (50%) IPVA (50%) ITCD IPTU Simples ISS IRRF IRRF Quota-parte FPE ITBI Quota-parte IPI - exportação (75%) Quota-parte FPM Transferência LC 87/96 - Lei Kandir (75%) Quota-parte IPI - exportação (25%) Dívida Ativa Tributária de Impostos Quota-parte ITR Multas, juros de mora e correção monetária Transferência LC 87/96 - Lei Kandir (25%) Dívida Ativa Tributária de Impostos

Multas, juros de mora e correção monetária

Determinou o artigo 77 do Ato de Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) a regra para a União:

a) No ano de 2000, aumento de 5% em relação ao empenhado em ações e serviços públicos de saúde no exercício de 1999.b) Do ano de 2001 a 2004, o valor apurado no ano anterior corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB).

A EC 29 ajudou a consolidar o aumento da participação dos estados e dos municípios no fi nanciamento da saúde, como mostra a tabela abaixo, a partir dos dados do Siops (Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde).

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 71

Participação na Despesa com Saúde por nível de governo 1980/2003

75 71,7 72,763,8 59,7 56,2 52,9 50,7

17,818,9 15,4

18,818,5

20,722 22,8

7,2 9,5 11,817,4

21,7 23,2 25,1 26,5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1980 1985 1990 1995 2000 2001 2002 2003

Ano

Perc

entu

al n

a de

spes

a

Municípios

Estados

União

Fonte:Siops, texto Equipe Siops/Des/SCTIE/MS, julho 2005

1 Difi culdades na aplicação da Emenda

1.1 Ajuste fi scal

Uma das principais difi culdades foi a necessidade de ajuste fi scal num contexto de crescente rigidez de despesa. Desde 1999, os três níveis de governo implementaram um forte ajuste fi scal com o objetivo de retomar uma trajetória de sustentabilidade fi scal que o país requeria. Em 2000, tanto a EC 29 como a Lei de Responsabilidade Fiscal entraram em vigor, exigindo, por um lado, níveis de despesa mínima na saúde, e, pelo outro, forte disciplina fi scal. O excesso de vinculações de receita e o crescimento das despesas obrigatórias – dentre as quais, gastos com pessoal, previdência social e serviço da dívida – tornaram o ajuste fi scal mais difícil. Diante desse cenário, o tipo de ajuste fi scal adotado nos três níveis de governo consistiu basicamente no aumento de receitas (diante da impossibilidade de compressão de despesas obrigatórias) e no corte de despesas de caráter discricionário. Em suma, devido ao ajuste fi scal e requisitos da LRF, os três níveis de governo tiveram difi culdades para atingir os níveis mínimos exigidos pela EC 29.

1.2 Critérios para a defi nição de “ações e serviços públicos de saúde”: o que excluir?

A EC 29 introduziu o conceito de “ações e serviços públicos de saúde” e abriu espaço para várias interpretações e controvérsias, ocorrendo, na prática, variações no seu cálculo. Para a operacionalização desse conceito, o Conselho Nacional de Saúde baixou a Resolução nº 322/2003 para uniformizar o critério. Na União, a LDO de cada ano defi ne esse conceito.

A opção por defi nir muitos critérios que diferem dos critérios orçamentários usuais para a exclusão de despesas não consideradas como “ações e serviços públicos de saúde” acrescenta custos adicionais e difi culdades para garantir a efi cácia e viabilizar a aplicação e a fi scalização da Emenda.

Essa política de exclusão dos itens de despesa dá ênfase na “execução de um orçamento”, na rigidez e no formalismo, fazendo com que muitos esforços sejam perdidos em seguir os recursos e na busca da sua apropriação e contabilização correta. Avalia-se a saúde pela sua contabilidade e não pelos resultados alcançados pela aplicação dos recursos.

1.3 A União não cumpre a Emenda

A União não cumpre a Emenda 29/00 porque inclui despesas que ensejam questionamentos tais como o Bolsa-Família, diversas ações na área de saneamento, Farmácia Popular e Saúde Suplementar.

72 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Houve também uma controvérsia na interpretação da base de cálculo para o cômputo do gasto, considerada base fi xa até que a Decisão nº 143/2002 do Tribunal de Contas da União (TCU) – Plenário defi niu que o cálculo deveria ser realizado sobre a base móvel, o “valor empenhado no ano anterior em ações e serviços públicos de saúde”.

A União também não gastou conforme a variação nominal do PIB – considerando a base móvel – acumulando perdas no valor de R$ 2,4 bilhões, segundo o PIB antigo, ou de R$ 2,7 bilhões se considerado o PIB novo.

A tabela 1 traz o comparativo entre os gastos realizados pela União e os valores que deveriam ter sido gastos pelo critério de crescimento nominal do PIB em relação à base móvel, como determinado pelo TCU. O cálculo, realizado ano a ano, pelo PIB antigo aponta perdas acumuladas no valor de R$ 2,4 bilhões e, pelo PIB novo, perdas no valor de R$ 2,7 bilhões, de 2001 a 2006.

Tabela 1 - Comparativo dos Gastos Federais com Ações e Serviços de Saúdede 2001 a 2006

Ano Gastos

(empenhado/liquidado) Valor Mínimo

PIB antigo Diferença Valor Mínimo

PIB Novo Diferença R$ milhão R$ milhão 2001 22.474,10 23.014,10 -540 22.539,20 -65,1 2002 24.736,80 25.051,30 -314,4 24.883,00 -146,2 2003 27.179,50 28.129,40 -949,8 28.240,30 -1.060,70 2004 32.701,20 32.521,20 180,1 32.484,90 216,3 2005 36.491,20 37.123,40 -632,2 37.347,90 -856,7 2006 40.746,20 40.716,20 29,9 41.319,20 -573

Defasagem do Gasto da União em Ações e Serviços Públicos de Saúde - EC 29/00Realizado X Cálculo do mínimo (PIB novo e antigo)

0,00

5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00

25.000,00

30.000,00

35.000,00

40.000,00

45.000,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Ano

R$

milh

ão

Gastos (dotação empenhada/liquidada) Valor Mínimo (PIB antigo) Valor Mínimo (PIB novo)

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 73

O substitutivo da Lei Complemetar nº 01/2003 prevê a vinculação de 10% das receitas correntes brutas da União. Os valores que deveriam ter sido investidos em saúde segundo esse parâmetro são apresentados e comparados com os gastos federais realizados na tabela 2 e no gráfi co abaixo.

Tabela 2 - Gastos Federais e Valores Estimados (10% da Receita Bruta da União)

Ano Gastos Federais Subt.PLP nº 01/2003 2001 22.474,10 28.941,09 2002 24.736,80 34.307,50 2003 27.179,50 38.444,70 2004 32.701,20 45.059,00 2005 36.491,20 52.732,46 2006 40.746,20 58.406,75

0,00

10.000,00

20.000,00

30.000,00

40.000,00

50.000,00

60.000,00

R$

milh

ão

2001 2002 2003 2004 2005 2006Ano

Estimativa dos Gastos Federais em Ações e Serviços de Saúde:Comparativo dos gastos realizados com o PLP 01/03

Gastos Federais Subt.PLP nº 01/2003

1.4 Os Estados, em sua maioria, também não cumprem a Emenda

Com base nos balanços gerais dos estados, a análise realizada pela equipe do Siops, referente ao exercício de 2005, aponta grandes divergências entre o que os estados declaram que aplicam em saúde e o que eles deveriam aplicar. Entre os 26 estados que enviaram os dados ao Siops, 20 estados declararam estar aplicando o mínimo de 12% em ações e serviços de saúde. No entanto, a equipe do Siops verifi cou que somente 8 estados cumpriram a aplicação de pelo menos 12% dos gastos em saúde; também apurou que os estados que não cumpriram a legislação, no conjunto, deixaram de aplicar R$ 3,4 bilhões em saúde. A seguir, encontra-se a tabela com as diferenças de cálculo entre as declarações dos estados e a apuração pela equipe do Siops para todos os estados.

74 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 3 - Aplicação dos Governos Estaduais em Ações e Serviços Públicos de Saúde, empenhado 2005 (R$ milhões)

Declarado no Relatório Resumido(RREO) Análise da equipe responsável pelo SIOPS UF Receitas Despesas Mínimo Diferença % Receitas Despesas Mínimo Diferença %

Vinculadas Rec. Próprios EC29 Vinculadas Rec. Próprios EC29 MG 15.026 1.852 1.803 49 12,3% 15.026 1.032 1.803 (771) 6,9% RS 10.612 791 1.273 (483) 7,5% 10.612 529 1.273 (744) 5,0% RJ 12.284 1.535 1.474 61 12,5% 13.902 1.237 1.668 (431) 8,9% PR 7.555 724 907 (182) 9,6% 8.749 775 1.050 (275) 8,9% GO 4.290 518 515 3 12,1% 4.427 317 531 (214) 7,2% SP 44.390 5.750 5.327 424 13,0% 44.488 5.202 5.339 (137) 11,7% PB 2.594 330 311 19 12,7% 2.673 204 321 (117) 7,6% MS 2.500 322 300 22 12,9% 2.504 186 300 (115) 7,4% CE 4.419 606 530 76 13,7% 4.921 476 591 (114) 9,7% MA 2.715 231 326 (95) 8,5% 3.465 309 416 (107) 8,9% PE 5.672 687 681 6 12,1% 5.709 604 685 (82) 10,6% ES 3.622 437 435 2 12,1% 4.377 447 525 (79) 10,2% SC 4.701 638 564 74 13,6% 5.491 592 659 (67) 10,8% SE 2.117 257 254 3 12,1% 2.127 197 255 (58) 9,3% PI 1.750 221 210 11 12,6% 2.047 197 246 (49) 9,6% AL 2.240 271 269 2 12,1% 2.217 229 266 (37) 10,3% MT 3.092 387 371 16 12,5% 3.313 361 398 (37) 10,9% AP - - - - - 1.252 141 150 (9) 11,3% TO 1.951 235 234 1 12,0% 1.951 230 234 (4) 11,8% PA 4.360 542 523 18 12,4% 4.360 525 523 2 12,0% RO 1.900 232 228 4 12,2% 1.900 232 228 4 12,2% AC 1.337 161 160 1 12,0% 1.338 167 161 6 12,5% BA 8.531 1.036 1.024 13 12,1% 8.534 1.036 1.024 12 12,1% RR 916 126 110 16 13,7% 916 126 110 16 13,7% RN 2.290 365 275 91 16,0% 2.659 364 319 45 13,7% DF 5.146 798 618 180 15,5% 5.130 794 616 179 15,5% AM 3.351 711 402 309 21,2% 3.347 721 402 319 21,5% Total 159.362 19.764 19.123 (760) 12,4% 167.433 17.231 20.092 (3.445) 10,3%

% de Gastos dos Estados em "Ações e Serviços Públicos em Saúde", empenhado 2005% Declarado X % Efetivo, segundo análise SIOPS 2007

5,0%

6,9% 7,2% 7,4% 7,6%

8,9% 8,9% 8,9% 9,3% 9,6% 9,7%10,2% 10,3% 10,6% 10,8% 10,9% 11,3% 11,7% 11,8% 12,0% 12,1% 12,2% 12,5%

13,7% 13,7%

15,5%

21,5%

0%

6%

12%

18%

24%

RS MG GO MS PB PR RJ MA SE PI CE ES AL PE SC MT AP SP TO PA BA RO AC RR RN DF AM

Estados

Perc

entu

al d

e ga

stos

em

saú

de

% Declarado % SIOPS

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 75

Acima, o gráfi co ilustra os porcentuais de gasto em saúde que os estados declaram e compara com os porcentuais calculados pela equipe do Siops, referente ao exercício e 2005. Abaixo, o gráfi co compara os valores declarados pelos estados com os valores efetivamente aplicados em ações e serviços públicos de saúde segundo a legislação e cálculos realizados pela equipe do Siops, valores empenhados em 2005.

Despesas em Ações e Serviços Públicos de Saúde, empenhado em 2005Despesa declarada (RREO) X Despesa legal obrigatória (analisada pela Equipe do SIOPS, 2007)

126141167186197197204229230232

309317361364

447476

525529

592604

721775794

1.0321.036

1.2375.202

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000

RRAPACMSSEPI

PBALTOROMAGOMTRNESCEPARSSCPEAMPRDFMGBARJSP

R$ milhões em despesas em saúde

SIOPS Declarado

1.5 Os municípios, em grande parte, estão conseguindo cumprir a EC 29

Segundo os gastos municipais em saúde coletados no Sistema de Informação do Orçamento Público em Saúde (Siops), aproximadamente 98% dos municípios cumpriram com a EC 29. Os gastos dos municípios passaram de 65,35%, atingindo o mínimo constitucional exigido em 2001 para 97,95% em 2006.

Mesmo tratando-se das unidades federadas que menos arrecadam, os municípios investem em saúde, em média, 30% a mais que o mínimo determinado pela EC 29.

Em 2006, o mínimo era de R$ 17,7 bilhões, e os municípios investiram R$ 23,7 bilhões, ou seja, R$ 6 bilhões a mais.

Nos anos de 2005 e 2006, os municípios gastaram R$ 43,7 bilhões, R$ 10 bilhões a mais que o mínimo constitucional exigido. A participação dos municípios frente aos programas da União têm sido determinante na melhoria dos indicadores da saúde no país. Os municípios têm ampliado sua participação no fi nanciamento do SUS, porém, a distribuição da receita fi scal brasileira deixa aos municípios a menor parte.

76 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 4 - Quadro resumo da aplicação dos Recursos em Saúde conforme a Emenda Constitucional nº 29 - Fonte SIOPS/DATASUS

Número de Municípios 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 I) Quantidade de Municípios que transmitiram (a+b) 5332 5501 5492 5404 5322 5385 4879 (a) Aplicou o percentual da EC29 4581 3595 4233 4596 4610 5220 4779 (b) Não aplicou o percentual da EC29 751 1906 1259 808 712 165 100 II) Quantidade que não transmitiram (c+d) 173 58 67 155 236 177 683 (c) Municípios que não informaram 6 15 21 62 106 176 683 (d) Quantidade de Municípios sem balanço 167 43 46 93 130 1 0Quantidade de Municípios Existentes (I+II) 5505 5559 5559 5559 5558 5562 5562 Porcentuais 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 I) Quantidade de Municípios que transmitiram (a+b) 96,86% 98,96% 98,79% 97,21% 95,75% 96,82% 87,72% (a) Aplicou o percentual da EC29 85,92% 65,35% 77,08% 85,05% 86,62% 96,94% 97,95% (b) Não aplicou o percentual da EC29 14,08% 34,65% 22,92% 14,95% 13,38% 3,06% 2,05% II) Quantidade que não transmitiram (c+d) 3,14% 1,04% 1,21% 2,79% 4,25% 3,18% 12,28% (c) Municípios que não informaram 3,47% 25,86% 31,34% 40,00% 44,92% 99,44% 100,00% (d) Quantidade de Municípios sem balanço 96,53% 74,14% 68,66% 60,00% 55,08% 0,56% 0,00%

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ESTUDOS FISCAIS: ESTIMATIVAS DA PARTICIPAÇÃO DOS ENTES DA FEDERAÇÃO NO BOLO TRIBUTÁRIO

Estimativas preliminares realizadas pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que ainda podem ser alteradas pelos números defi nitivos da arrecadação municipal nas menores cidades do país em 2007, mostram que a fatia da carga tributária nas mãos da União bateu recorde no ano passado, apesar do crescimento das transferências para estados e municípios. Dos R$ 947 bilhões de impostos e contribuições pagos pela sociedade, 58,14% fi caram nas mãos da União, 25,27% com estados e 16,59% com municípios. A participação da União no bolo nunca foi tão elevada, o que se explica pela expansão de suas receitas bem acima do ritmo verifi cado nos governos subnacionais.

Esses resultados foram calculados a partir dos dados de arrecadação e transferência entre os três níveis de governo. A carga tributária de 2007 atingiu 37,01% do PIB, sendo que 25,64% do PIB foram cobrados pela União, 9,59% pelos estados e 1,78% pelos municípios. A arrecadação tributária própria dos municípios é a maior de todos os tempos, mas ainda é insignifi cante diante das obrigações que as prefeituras têm assumido cada vez mais. O espaço constitucional que os municípios possuem para cobrar impostos é muito limitado também, o que exige que o sistema de transferências intergovernamentais seja o mais adequado possível para restabelecer o equilíbrio entre obrigações e fontes de receita de cada esfera da Federação.

E interessante notar que as transferências constitucionais e legais da União para Estados e Municípios também têm crescido nos últimos anos, em decorrência de conquistas do movimento municipalista e da expansão recente do Imposto de Renda, que serve de base de cálculo do FPM/FPE. Como observado na tabela abaixo, as transferências totais passaram de R$ 39,7 bilhões em 2000 (3,37% do PIB) para R$ 105,5

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bilhões em 2007 (4,12% do PIB). O aumento das transferências chegou, portanto, a 0,75 ponto porcentual do PIB (2/3 desse incremento foi parar nos municípios e 1/3 nos estados). Ocorre, entretanto, que o aumento da arrecadação tributária da União no mesmo período chegou a quase 5 pontos porcentuais do PIB – de 20,80% em 2000 para 25,64% em 2007.

Pode-se resumir a situação tributária com a seguinte comparação: para cada real a mais que a União arrecadou desde 2000, apenas 16 centavos foram repartidos com estados e municípios. Como os governos estaduais e municipais também não conseguiram aumentar suas receitas no mesmo nível da União, o resultado não poderia ser outro: a fatia do bolo tributário que permanece nas mãos da União depois de todas as repartições e transferências é a maior de todos os tempos.

A tabela seguinte reproduz quanto da carga tributária total fi ca disponível para gasto em cada esfera da Federação. É desses números que se conclui, portanto, que 58,14% do bolo fi ca com a União e 16,59% com municípios. Além das transferências da União para estados e municípios, existem as transferências entre estados e municípios, como as da cota-parte do ICMS e do IPVA e as determinadas pelo Fundef/Fundeb, detalhadas mais adiante.

As transferências totais recebidas pelos municípios (incluindo a proveniente de estados) passaram de R$ 42,6 bilhões em 2000 para R$ 111,5 bilhões em 2007. Em proporção do PIB, observa-se melhor quais das transferências efetivamente cresceram em termos reais. Destacam-se com crescimento o FPM (de 1,09% para 1,33% do PIB), os royalties em geral (de 0,10% para 0,19% do PIB), a cota do salário educação (de 0,02% para 0,08% do PIB) e o Fundef/Fundeb (de 0,67% para 0,98% do PIB). Essa expansão do Fundef/Fundeb deve-se em parte ao aumento do FPM, que tem parte de sua receita retida pelo fundo, e ao maior crescimento das matrículas do ensino fundamental (critério para rateio dos recursos) nos municípios, comparando com os estados.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 79

Por outro lado, as transferências estaduais do ICMS e do IPVA estão praticamente estabilizadas, entre 2000 e 2007, com pequena ampliação de 1,63% para 1,70% do PIB. Já as transferências federais relacionadas às exportações (IPI-Exp, Lei Kandir e FEX) e aos investimentos em infra-estrutura (Cide) estão em queda no período analisado (de 0,10% para 0,08% do PIB). Observe-se que em 2000 ainda não existia a cobrança e a repartição da Cide, que só ocorre a partir de 2004, e, ainda assim, as transferências do grupo selecionado (IPI-Exp+LK+FEX+CIDE) eram maiores há oito anos do que atualmente. Isso se explica pela redução dos repasses da Lei Kandir e seu fundo complementar, o FEX, e pela estagnação da receita de IPI, que serve de base para a indenização dos estados exportadores de produtos industrializados (aqui chamado IPI-Exp). Nos últimos anos, a receita da Cide também tem decrescido, sendo um fato raro nas receitas federais, explicado pelos decretos que o governo baixou, reduzindo a cobrança da contribuição para compensar a cobrança da PIS/Cofi ns sobre os combustíveis.

1 Regionalização da carga tributária disponível dos municípios

O crescimento das receitas próprias e das transferências não ocorre de modo homogêneo em todo o país, de modo que a fatia de cada região na carga tributária disponível dos municípios tem se alterado. A próxima tabela, por exemplo, mostra que a carga tributária disponível cresceu mais nos municípios das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste (nessa ordem), com as regiões Sudeste e Sul apresentando as menores variações entre 2002 e 2007.

80 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Em 2002, as três regiões menos desenvolvidas do Brasil concentravam 31,9% da carga tributária disponível dos municípios. Hoje acumulam 33,4% – uma ampliação de 1,5 ponto porcentual no bolo municipal. O bloco Sul-Sudeste, por sua vez, teve sua fatia reduzida de 68,1% para 66,6%.

O lado bom desse fato é que a ampliação conquistada pelas regiões mais pobres se deu, principalmente, pela expansão das suas receitas próprias em nível mais elevado do que no Sul e Sudeste, como mostrado na tabela abaixo. O bloco NO-NE-CO detinha 17,9% das receitas tributárias dos municípios em 2002; hoje concentra 21,0%. Essa expansão se deu pelo incremento de todos os impostos e contribuições acima das do Sul-Sudeste, demonstrando um esforço por ampliar sua base própria de arrecadação e reduzir a dependência em relação à União e aos Estados.

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As transferências federais também cresceram diferenciadamente nas unidades da Federação, mas não de modo a benefi ciar proporcionalmente mais as regiões menos desenvolvidas. Na realidade, como vê-se a seguir, as transferências federais cresceram mais no Norte (109,1%) e no Sudeste (103,0%), com a menor expansão sendo registrada no Sul (88,5%). Esse comportamento pode ser explicado por uma dinâmica diferenciada das transferências federais em cada região. Enquanto, por exemplo, o salário educação cresceu mais no Sudeste, os repasses do Fundef/Fundeb originados por fundos federais cresceu mais no Norte e Nordeste.

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Outro fator que colaborou para a ampliação da fatia do NO-NE-CO na carga tributária disponível dos municípios foi o aumento das transferências estaduais, principalmente aquelas decorrentes do ICMS e do Fundef, que no Sul e Sudeste cresceram menos. Isso ocorreu principalmente no Norte (110,9%) e Centro-Oeste (102,9%), com a dinâmica do Nordeste se aproximando mais da do Sudeste. Os municípios do Sul foram os que menos ganharam com as transferências estaduais, seja pela menor expansão local do ICMS, seja pela menor redistribuição de recursos decorrentes do Fundef/Fundeb regional.

No agregado, entretanto, as transferências estaduais cresceram menos (85,8%) do que as federais (98,7%), o que refl ete o melhor desempenho dos tributos federais em relação aos estaduais no período analisado.

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2 O critério de distribuição do ICMS

Atualmente, a Constituição determina que 25% da receita de ICMS de cada estado seja distribuída para seus municípios e que essa repartição siga a seguinte regra: ¾ devem ser distribuídos por um critério conhecido como VA (Valor Adicionado) e ¼ por critérios de livre escolha de cada estado, que pode incluir o próprio VA, a população, a extensão territorial, etc. Na emenda constitucional da reforma tributária enviada ao Congresso, o governo retira da Constituição a obrigação de que a repartição de ¾ se dê pelo VA, remetendo a defi nição de uma nova regra à lei complementar. Enquanto não for aprovada e sancionada essa nova lei, entretanto, tudo continua como hoje.

Hoje, os maiores benefi ciários desse sistema de partilha são os municípios produtores, que concentram grandes instalações industriais, refi narias, hidrelétricas, etc. O valor adicionado nesses municípios, em razão dessas atividades econômicas, é muito alto, resultando em elevadas fatias do ICMS. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a fatia de Triunfo – um município de 3.369 habitantes – chega a 2,9% do total distribuído, maior do que a de cidades industrializadas, como Gravataí, Novo Hamburgo, Pelotas e Bento Gonçalves. Em São Paulo, a fatia de Paulínia chega a 3,7% de todo ICMS paulista, menor apenas do que a da capital.

Essa situação é injusta e incoerente com os sistemas tributários mais avançados do mundo, inclusive o proposto pelo governo para o ICMS, no qual a apropriação da maior parcela do imposto passa a ser do estado de destino da mercadoria, ou consumidor. Ora, se o imposto é repartido entre os estados de acordo com a lógica do consumo, não seria possível que sua subdivisão entre os municípios continuasse privilegiando os locais de produção, até porque, em muitos casos, o imposto referente a uma mercadoria produzida em determinado município não fi cará mais no estado desse município, e sim no estado do consumidor. Logo, como repartir ¾ de uma receita que não fi ca mais no estado?

Mas, além de incoerente, esse sistema é altamente injusto, porque alguns municípios chegam a ter um retorno do ICMS 100 vezes maior do que outros em termos per capita. Em São Paulo, a diferença entre a maior receita per capita (Paulínia) e a menor (Francisco Morato) chega a138 vezes; no Rio Grande do Sul, a diferença entre a maior (Triunfo) e a menor (Alvorada) é de 68 vezes; e na Bahia, chega a 106 vezes a diferença entre a maior (São Francisco do Conde) e a menor (Mirante). Ou seja, o retorno do ICMS não guarda correspondência com o consumo (que é sobre o qual recai o imposto) nem com a necessidade do município, ocasionando uma séria distorção – enquanto alguns têm poucos recursos e não conseguem cumprir suas obrigações, outros têm muito e desperdiçam.

A mudança desse quadro exigiria, na opinião da CNM, que o peso do VA na repartição do ICMS fosse progressivamente reduzido e que, em seu lugar, se criassem outros parâmetros para a distribuição, como indicadores de consumo. Afi nal, são os consumidores que pagam os impostos e deveriam receber um retorno em termos de serviços públicos, o que só é possível com um nível de receita adequado em cada município. Como existem inúmeras difi culdades operacionais para mensurar o consumo em cada município, a população de cada município é um bom indicador transitório.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 85

Se hoje pelo menos metade do ICMS fosse repartido de acordo com a população de cada município, a distribuição de recursos na esfera municipal seria mais equânime. As simulações realizadas pela CNM mostram que é reduzido o número de municípios perdedores. A seguir, foram reproduzidas as 10 maiores e as 10 menores receitas per capita de ICMS do Brasil: Paulínia encabeça a lista, com R$ 8.492 por habitante, enquanto Passo do Lumiar (MA) recebe apenas R$ 11,00 por habitante, por ano. Em média, a receita per capita de ICMS dos municípios é de R$ 224,00 o que equivale à situação de Três Passos (RS).

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OS DETERMINANTES NA REELEIÇÃO DE PREFEITOS NOS PLEITOSDE 2000 E 2004

Este estudo busca analisar os possíveis determinantes de reeleição para o cargo de prefeito utilizando como base as eleições de 2000 e 2004. Foi feita uma análise de prefeitos candidatos à reeleição, comparando-se sempre o grupo dos que se reelegeram com o grupo dos que não se reelegeram. Para se chegar aos fatores determinantes, foram testados conjuntos de variáveis capazes de interferir no sucesso ou no fracasso da reeleição, que englobam aspectos políticos, partidários, pessoais e fi scais.

As variáveis analisadas foram as seguintes: se houve ou não troca de partido na candidatura à reeleição; comparação entre os partidos políticos utilizados; se foi usada alguma coligação partidária; infl uência do partido dos governos estadual e federal; porte do município; comparação entre as regiões; comparação entre os estados; quantidade de candidatos com que o prefeito disputou; dados de qualifi cação pessoal dos candidatos à reeleição (sexo, grau de instrução e idade); média de votos nas eleições do primeiro mandato; despesas no mandato anterior; média do IDH e do IRFS (índice da CNM) dos municípios onde o prefeito concorreu à reeleição.

Em síntese, o estudo concluiu que nem o gasto de campanha, nem o troca-troca de partido e nem o volume de investimentos públicos têm infl uenciado no sucesso eleitoral dos prefeitos que disputaram a reeleição nos últimos dois pleitos municipais. Entre os fatores que mais interferem no sucesso da reeleição, o estudo comprova a infl uência da qualidade da administração exercida pelo prefeito em seu primeiro mandato, principalmente em termos de responsabilidade fi scal e de resultados sociais dos gastos públicos. O grau de instrução do candidato também apresentou uma relação direta com sua probabilidade de reeleição. Outro resultado curioso encontrado foi a relação signifi cativa entre a idade dos prefeitos candidatos e seus respectivos índices de reeleição.

1 Comparação dos grupos de prefeitos reeleitos e não reeleitos

1.1 Mudança de partido

Para ser candidato a algum pleito, o cidadão precisa ser fi liado a algum partido. O partido é um espaço organizado legalmente, baseado na participação de seus integrantes, com o objetivo de se expressar politicamente, caracterizando a representação de uma parte da população. No Brasil, desde a redemocratização nos anos 80, é comum o candidato eleito trocar de partido após as eleições. A sociedade não vê essa dinâmica como algo leal, fi rme e constante. Esse olhar negativo dos eleitores sobre o troca-troca de siglas partidárias ocasionou, na década de 90, debates sobre fi delidade. Em consequência, desde o ano de 2007, os partidos e toda a sociedade discutem de quem são os mandatos: do candidato eleito, do partido, ou do eleitor? O tema fi delidade partidária está cada vez mais em voga. Diante dessa discussão, a forma que os eleitores optaram para expressar a indignação foi por meio do voto. A pesquisa demonstra que a troca de partido não é um fator que favoreça a reeleição do candidato.

Com base nas eleições de 2000 e 2004, buscou-se identifi car se a troca de partido para concorrer ao segundo mandato de prefeito é importante ou não para a reeleição. Segundo os dados das duas últimas eleições municipais, os candidatos à reeleição trocaram de partido em aproximadamente 30% dos casos.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 1 87

Os porcentuais de troca de partido mantiveram-se praticamente constantes entre os pleitos de 2000 e 2004. Em ambos, a proporção de troca de partido foi maior no grupo de não reeleitos do que no grupo que obteve sucesso, indicando que a estratégia de mudança de partido não ajuda na reeleição do candidato. A tabela a seguir mostra que a tendência à mudança de partido entre os grupos se mantém constante nos dois pleitos.

Tabela 1 - Mudanças do Partido em Relação ao 1º Mandato

2000 2004 Grupo

% de não % de sim % de não % de sim de não reeleitos 69,42 30,58 67,99 32,01 de reeleitos 72,13 27,87 70,03 29,97

Total dos candidatos 71,00 29,00 69,18 30,82

1.2 Análise por partido dos candidatos que mudaram de partido

As tabelas seguintes apresentam os partidos escolhidos pelos candidatos que trocaram de partido, a quantidade de candidatos à reeleição que ingressou em cada partido e os respectivos porcentuais de reeleição ou não desses grupos.

Em 2000, o partido em que verifi ca-se o menor porcentual de reeleição dos novos membros foi o PT, mas isso só ocorreu porque apenas um prefeito ingressou nesse partido para concorrer ao segundo mandato. O PFL foi o partido mais escolhido pelos candidatos que resolveram mudar de partido, seguido pelo PSDB. Os partidos PP, PMDB, PFL, PL e PSDB tiveram, respectivamente, as maiores proporções de novos membros reeleitos. Já o PTB e o PPS apresentaram os menores porcentuais, indicando que os prefeitos que optaram por esses partidos tiveram menos sucesso na reeleição.

Tabela 2. Quadro, por partido, de candidatos à reeleição que trocaram de partido em 2000

Novo Partido* Quantidade de candidatos

Proporção de não reeleitos (em %)

Proporção de reeleitos (em %)

PP 77 29,87 70,13 PDT 28 46,43 53,57 PT 01 100 -

PTB 129 55,05 44,95 PMDB 123 40,65 59,35

PL 45 42,22 57,78 PPS 44 52,27 47,73 PFL 257 41,63 58,37

PSDB 240 43,75 56,25 Total 944

*Seleção dos partidos que mais receberam candidatos

Em 2004, vê-se que a quantidade de candidatos à reeleição que mudou de partido reduziu signifi cativamente. Apenas o PT apresentou maior número de candidatos do que em 2000, indicando que os prefeitos tentam aproveitar a infl uência da legenda do presidente da República para se reelegerem. Tendo em mente que em 2000 o PSDB foi o segundo que mais recebeu prefeitos candidatos ao segundo mandato e que o presidente na época era desse partido, fi ca nítida essa tendência. Identifi cou-se ainda que os candidatos à reeleição, quando trocam de partido, também tendem a mudar para o partido do governador do estado. Essa foi a razão pela qual o PSDB foi o partido que mais recebeu candidatos em 2004. Tomando o partido como exemplo, tanto no pleito de 2000 quanto no pleito de 2004, a maioria das trocas que tiveram o PSDB como destino, ocorreu em estados governados por esse partido. Os porcentuais de reeleição por partido de destino fi caram na faixa de 45% a 65%. Apenas o PP, em 2000, e o PPS, em 2004, obtiveram porcentual de reeleição de novos membros acima dessa faixa.

88 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 3. Quadro, por partido, de candidatos à reeleição que trocaram de partido em 2004

Novo Partido* Quantidade de candidatos

Proporção de não eleitos (em %)

Proporção de eleitos (em %)

PP 41 39,02 60,98 PDT 16 37,50 62,50 PT 12 41,67 58,33

PTB 71 46,48 53,52 PMDB 72 45,83 54,17

PL 94 48,94 51,06 PPS 58 32,76 67,24 PFL 93 50,54 49,46

PSDB 160 35,63 64,38 Total 617

* Seleção dos partidos que mais receberam candidatos.

1.3 Análise, por partido, dos candidatos que não mudaram de partido

Analise-se agora a distribuição dos candidatos que permaneceram no mesmo partido em que haviam sido eleitos para primeiro mandato e seus respectivos porcentuais de reeleição.

Tabela 4. Quadro, por partido, de candidatos à reeleição que se mantiveram no mesmo partido em 2000

Novo Partido* Quantidade de candidatos

Proporção de não eleitos (em %)

Proporção de eleitos (em %)

PP 278 42,4 57,5 PDT 111 47,7 52,2 PT 71 35,2 64,7

PTB 182 46,1 53,8 PMDB 621 38,3 61,6

PL 91 38,4 61,5 PPS 18 22,2 77,7 PFL 460 42,8 57,1

PSDB 505 39,8 60,2 Total 2.337

*Seleção dos partidos com maiores quantidades de candidatos

Tabela 5. Quadro, por partido, de candidatos à reeleição que se mantiveram no mesmo partido em 2004

Novo Partido* Quantidade de candidatos

Proporção de não eleitos (em %)

Proporção de eleitos (em %)

PP 183 39,89 60,11 PDT 75 29,33 70,67 PT 96 38,54 61,46

PTB 98 47,96 52,04 PMDB 372 42,93 57,07

PL 59 50,85 49,15 PPS 46 39,13 60,87 PFL 289 38,75 61,25

PSDB 263 38,78 61,22 Total 1.481

*Seleção dos partidos com maiores quantidades de candidatos

Ao observar os candidatos à reeleição que se mantiveram no mesmo partido do último mandato, vê-se que, em 2000, os índices de reeleição são maiores para quase todos os partidos, se comparados aos índices de reeleição daqueles que mudaram de partido. Nesse pleito os partidos que obtiveram o maior porcentual de candidatos reeleitos foram o PPS, o PT, o PMDB e o PL.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 89

Considerando tanto os candidatos que mudaram de partido quanto aqueles que permaneceram no mesmo, observa-se que o PMDB, o PSDB e o PFL foram os partidos com o maior número de prefeitos candidatos à reeleição.

Já em 2004, não se constata uma diferença muito signifi cativa entre os que mudaram de partido e os que permaneceram no mesmo. Os partidos tiveram porcentuais de reeleição próximos entre esses grupos. O PDT obteve o maior índice de reeleição entre os que permaneceram no mesmo partido.

2 Comparação entre os grupos de reeleitos e não reeleitos quanto às variáveis de desempenho sócioeconômico e fi scal dos municípios durante o primeiro mandato do candidato

2.1 Despesas primárias e de investimento

2.1.1 Despesas de 1998 a 2000

Entre os principais fatores que podem interferir na reeleição dos prefeitos estão as despesas do candidato em seu último mandato. A próxima tabela, que informa a média de expansão das despesas primárias e de investimento entre 1998 e 2000, mostra que os candidatos reeleitos apresentam médias de crescimento de despesas maiores durante o primeiro mandato do que os não reeleitos. No geral, vê-se nesta comparação, que o grupo dos reeleitos apresentou maiores médias de crescimento.

Tabela 6. Pleito de 2000 - Médias de Crescimento por Grupo de Candidatos entre 1998 e 2000

Variáveis Não Reeleitos Reeleitos Crescimento da Despesa Primária 11,24% 13,57% Crescimento da Despesa de Investimento 8,84% 12,67%

2.1.2 Despesas de 2001 a 2004

Comparando-se o grupo de reeleitos com o grupo de não reeleitos, vê-se que, nas eleições de 2004, os reeleitos também foram aqueles que apresentaram uma maior média de crescimento das despesas primárias e de investimento durante o primeiro mandato dos candidatos. O resultado da análise dos dois pleitos sugere que prefeitos dos municípios que mais ampliaram despesas primárias têm índice de reeleição maior.

Tabela 7. Pleito de 2004 - Médias de Crescimento por Grupo de Candidatos entre 2001 e 2004

Variáveis Não Reeleitos Reeleitos Crescimento da Despesa Primária 9,2% 14,5% Crescimento da Despesa de Investimento 59,9% 64,0%

2.2 IDH em 2000

Com base no IDH de 2000, observa-se que a média do IDH dos candidatos reeleitos e dos que não obtiveram êxito não possui uma grande variação. Os que se reelegeram tinham uma média de IDH pouco menor que a dos que não se reelegeram. Mas note-se a variação do crescimento do IDH entre 1991 e 2000 dos dois grupos: os reeleitos tiveram um aumento maior de seus IDHs do que os que não obtiveram êxito. Os dados indicam que o importante para o eleitor, na hora de decidir pela reeleição do seu atual prefeito, não é apenas o nível atual de IDH do município, mas também o melhor de seu índice apresentado durante o período.

90 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

As correlações que serão apresentadas na seção seguinte mostram que há forte correlação positiva entre variação do IDH e sucesso na reeleição.

Tabela 8 - Pleito de 2000 - IDH por grupo de candidatos

Não Reeleitos Reeleitos IDH em 2000 0,703 0,688 Crescimento do IDH entre 1991 e 2000 14,90% 16,67%

2.3 Médias do IRFS para o pleito de 2004

Ao se analisar o Índice de Responsabilidade Fiscal, Social e de Gestão dos municípios brasileiros (IRFS) produzido pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), vê-se que as médias do índice são maiores no grupo de candidatos à reeleição que obtiveram êxito.

O IRFS-Fiscal, que mede o desempenho das fi nanças públicas municipais de acordo com as determinações e regras da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), é maior nos três anos analisados do grupo de candidatos reeleitos, mostrando que a boa administração fi scal tende a ser reconhecida pela população. Não é diferente com as outras duas dimensões do índice, a gestão e a social; nelas, o mesmo grupo teve maiores médias do que as dos que não conseguiram se reeleger.

Tabela 9 – Pleito de 2004 - Médias do IRFS por Grupo de Candidatos

Variáveis Não Reeleitos Reeleitos IRFS 2004 0,534 0,543

IRFS Fiscal 0,495 0,510 IRFS Gestão 0,465 0,476 IRFS Social 0,476 0,490

IRFS 2003 0,471 0,478 IRFS Fiscal 0,477 0,478 IRFS Gestão 0,455 0,466 IRFS Social 0,483 0,490

IRFS 2002 0,504 0,511 IRFS Fiscal 0,494 0,501 IRFS Gestão 0,534 0,543 IRFS Social 0,484 0,491

3 Uso de coligações políticas

A maioria dos prefeitos reeleitos utilizou coligações políticas para disputar o novo mandato. Em 2000, 87% dos eleitos disputou a eleição por meio de coligações. Em 2004, esse número subiu para 93%.

O grupo dos candidatos que não se reelegeu utilizou coligações partidárias em um porcentual um pouco menor do que o grupo que conseguiu se reeleger. Esse dado fornece uma indicação de que a coligação seja um fator importante para um resultado positivo na reeleição. Apesar da diferença no percentual de uso de coligação entre os dois grupos não ser expressiva, quando calcula-se a correlação entre essas variáveis, encontra-se uma associação positiva bem signifi cante, resultado que se mantém em ambos os pleitos analisados. O que é mais uma indicação de que o candidato que utiliza coligação tem maior chance de reeleição. Veja os resultados das correlações entre as variáveis no subtítulo 9.1 deste estudo.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 91

Figura 1

0102030405060708090

100

Não 2000 Sim 2000 Não 2004 Sim 2004

Disputou as eleições coligado

Candidatos areeleição não eleitos

Candidatos areeleição eleitos

4 Média de votos dos candidatos à reeleição no primeiro mandato

As tabelas seguintes visam a avaliar se os candidatos que lograram a reeleição foram mais bem votados no primeiro mandato do que aqueles que não foram reeleitos. Como pode-se observar, tanto nas eleições de 2000 como nas eleições de 2004, aqueles candidatos a prefeito que conseguiram se reeleger tiveram uma média de votos maior na eleição do primeiro mandato do que aqueles que não conseguiram se reeleger. Fazendo a correlação entre essas estatísticas, encontra-se evidência dessa mesma tendência, de que os prefeitos com maiores porcentuais de votos no primeiro mandato tendem a um melhor resultado no pleito da reeleição.

Tabela 10 - de 2000

Grupo de

não reeleitos Grupo de reeleitos

Porcentual de Votos Recebidos no Pleito do Primeiro Mandato 48,9% 54,6%

Tabela 11 - Pleito de 2004

Grupo de

não reeleitos Grupo de reeleitos

Porcentual de Votos Recebidos no Pleito do Primeiro Mandato 51,7% 55,7%

5 Infl uência do governo estadual

Dos prefeitos reeleitos, cerca de 32%, em 2000, e 34%, em 2004, eram do mesmo partido do governo do seu respectivo estado. Dos que tentaram a reeleição e não tiveram sucesso em 2000, 31% pertencia ao partido do estado, enquanto que, em 2004, apenas 26% desse grupo não pertencia ao mesmo partido do governador. Em 2000, não houve diferença entre o porcentual de reeleição dos dois grupos. Já em 2004, o grupo que pertencia ao mesmo partido do governador obteve índice de reeleição expressivamente maior.

92 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Figura 2

��

��

��

��

��

��

��

�� ���� �� � ���� �� ���� �� � ����

Do mesmo partido do governo estadual

Candidatos areeleição não eleitos

Candidatos areeleição eleitos

5.1 Infl uência do governo federal

Em relação à infl uência do partido do governo federal, foi constatado que, entre os prefeitos candidatos, aproximadamente 22%, em 2000, e 5%, em 2004, eram do partido do governo federal. Não há diferença em relação a essa variável quando se comparam os grupos de reeleitos e não reeleitos, resultado verdadeiro para os dois pleitos.

Tabela 12 - Eram do mesmo partido do governo federal

2000 2004 Grupo % de não % de sim % de não % de sim

não reeleitos 78,78 21,22 95,50 4,50 reeleitos 78,12 21,88 94,95 5,05

Total 78,39 21,61 95,18 4,82

6 Gastos de campanha em 2004

A média de gastos de campanha foi elaborada apenas com base nas eleições de 2004, tendo em vista que não estão disponíveis esses gastos no pleito de 2000.

Esses dados indicam que o gasto com campanha não é um fator que infl uencia na reeleição de prefeitos, pois tanto os reeleitos quanto os não reeleitos obtiveram uma média de gastos parecida. Uma explicação é que, como os candidatos são amplamente conhecidos por já terem exercido um primeiro mandato, o montante gasto com propaganda torna-se menos relevante que variáveis que medem seu desempenho nos primeiro quatro anos. Os dados para o pleito de 2004 mostram que não há correlação signifi cativa entre gasto com campanha e sucesso na reeleição. Veja as médias por grupo abaixo.

Tabela 13 - Pleito de 2004

Grupo de não reeleitos Grupo de reeleitos

Média de gastos na Campanha da Reeleição

R$ 198.122,69 R$ 193.321,33

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 93

7 Comparação do grupo de prefeitos candidatos reeleitos com o grupo de não reeleitos quanto às variáveis de qualifi cação pessoal dos candidatos

7.1 Gênero

Quanto à classifi cação por sexo, os dois grupos apresentam dados semelhantes. Tanto os candidatos eleitos quanto os não eleitos mostraram uma proporção semelhante entre homens e mulheres. Como o número de mulheres participando em eleições para prefeituras é muito reduzido no Brasil, observa-se que a proporção de candidatas à reeleição é extremamente menor que a de homens.

No entanto, analisando as médias de reeleição por grupo, verifi ca-se que as mulheres candidatas obtiveram em 2000 um índice de reeleição 4% maior que os homens candidatos. Em 2004, essa tendência se inverteu e os candidatos do sexo masculino obtiveram um índice de reeleição próxima de 6% maior que as mulheres. As correlações mostram que não há uma associação linear signifi cativa entre sexo e sucesso na reeleição dos candidatos. Veja nas tabelas seguintes as proporções de homens e mulheres por grupo de candidatos e os porcentuais de reeleição de cada gênero.

Tabela 14. Não reeleitos x Reeleitos x Sexo

2000 2004 Sexo

% Fem. % Masc. % Fem. % Masc. Grupo de não reeleitos 4,79 95,21 7,28 92,72 Grupo de reeleitos 5,58 94,42 5,43 94,57

Total 5,25 94,42 6,20 93,80

Tabela 15. Candidatos por sexo

2000 2004 Sexo %

Reeleitos % Não-

reeleitos %

Reeleitos % Não-

reeleitos Total candidatas mulheres à reeleição 61,88 38,12 51,08 48,92 Total candidatos homens à reeleição 57,97 42,03 58,82 41,18

7.2 Grau de escolaridade

A maioria dos candidatos eleitos e dos não eleitos possuem, no mínimo, formação em nível fundamental. Mas quando se compara o porcentual dos candidatos eleitos que não têm ensino fundamental completo em 2000 com o mesmo porcentual do grupo de não eleitos, vê-se que o primeiro grupo tem melhor formação. Essa diferença entre os grupos se ampliou ainda mais no pleito de 2004. Procurando aprofundar a análise dessa relação, a CNM calculou a correlação entre o fato de um candidato não ter formação mínima de ensino fundamental completo e o sucesso na reeleição,chegando a um resultado signifi cativo de associação negativa, o que indica que candidatos sem esta formação tendem a se reeleger menos.

Tabela 16 - Possuíam formação mínima: Fundamental

2000 2004 Formação mínima Fundamental % de não % de sim % de não % de sim

Grupo de não reeleitos 18,17 81,83 17,77 82,23 Grupo de reeleitos 14,41 85,58 8,56 91,44

Total 15,98 84,02 12,40 87,60

94 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Figura 3

0

20

40

60

80

100

Não 2000 Sim 2000 Não 2004 Sim 2004

Formação mínima Fundamental

Candidatos a reeleição nãoeleitosCandidatos a reeleiçãoeleitos

Os dados também indicam que a maioria dos dois grupos tem formação de ensino médio ou mais, cerca de 70% em 2000 e 74% em 2004,da mesma forma que na comparação anterior, quando foi analisada a formação mínima de ensino fundamental; nesse caso, o grupo dos reeleitos apresentou uma proporção de prefeitos que não têm sequer nível médio menor do que o grupo dos não reeleitos. Essa relação foi verdadeira para os dois pleitos analisados. A correlação com a reeleição dessa variável é positiva, ou seja, ter no mínimo formação média tem associação com maior ocorrência de reeleição.

Tabela 17 - Possuíam formação mínima: Média

2000 2004 Formação mínima Média

% de não % de sim % de não % de sim Grupo de não reeleitos 32,73 67,27 29,98 70,02 Grupo de reeleitos 29,11 70,89 22,40 77,60

Total 30,63 69,37 25,56 74,44

Figura 4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Não 2000 Sim 2000 Não 2004 Sim 2004

Formação mínima Média

Candidatos a reeleição nãoeleitosCandidatos a reeleiçãoeleitos

Quanto à formação em nível superior, cerca de 60% do total de candidatos em 2000 não possuíam tal formação. Esse número sofreu uma leve queda em 2004, baixando para 58%. O interessante é que, quanto a essa formação mínima, não há diferença signifi cativa entre os grupos analisados. A correlação com o sucesso de reeleição também não se mostrou signifi cativa. A indicação é de que ter ensino superior não é determinante para reeleição.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 95

Tabela 18. Possuíam formação mínima: Superior

2000 2004 Formação mínima Superior

% de não % de sim % de não % de sim Grupo de não reeleitos 60,40 39,60 57,92 42,08 Grupo de reeleitos 60,22 39,78 58,18 41,82

Total 60,30 39,70 58,07 41,93

Figura 5

0

10

20

30

40

50

60

70

Não 2000 Sim 2000 Não 2004 Sim 2004

Formação mínima Superior

Candidatos a reeleição nãoeleitosCandidatos a reeleiçãoeleitos

7.3 Faixa etária

Nas eleições de 2000, a maioria dos prefeitos candidatos tinha entre 40 e 50 anos de idade, 42% do total. O segundo grupo mais numeroso está na faixa etária de 50 a 60 anos de idade. Consequentemente, a maioria dos prefeitos reeleitos (44%) tem entre 40 e 50 anos de idade, sendo seguidos pelo grupo etário de 50 a 60 anos (27%).

O grupo menos numeroso de candidatos está entre os jovens de até 30 anos, mostrando que o grupo tem uma participação mínima nas candidaturas à reeleição para prefeituras, visto que já teriam que ter exercido um primeiro mandato. No entanto, como será mostrado a seguir, essa faixa etária, juntamente com a faixa de 30 a 40 anos, tem um bom índice de reeleição, indicando uma boa aceitação entre os eleitores.

Tabela 19 - Não reeleitos x Reeleitos por faixa de idade (2000)

2000 Idade

Até 30 anos De 30 a 40 anos

De 40 a 50 anos

De 50 a 60 anos

Acima de 60 anos

Grupo de não reeleitos 0,62 10,06 38,28 34,81 16,23 Grupo de reeleitos 1,01 16,53 44,17 27,44 10,85

Total 0,84 13,81 41,70 30,54 13,11

Nas eleições de 2004, as médias permanecem muito parecidas, estando o maior número de candidatos e reeleitos na faixa de 40 a 50 anos de idade. No entanto, constata-se um pequeno aumento no número de candidatos na faixa etária de 50 a 60 anos e uma pequena redução do grupo entre 40 e 50 anos. Quanto aos reeleitos, aumentou a reeleição de candidatos com mais de 50 anos e diminuiu a porcentagem de candidatos reeleitos com menos de 40 anos.

96 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 20 - Não reeleitos x Reeleitos por faixa de idade (2004)

2004 Idade

Até 30 anos De 30 a 40 anos

De 40 a 50 anos

De 50 a 60 anos

Acima de 60 anos

Grupo de não reeleitos 0,43 7,28 35,12 37,26 19,91 Grupo de reeleitos 0,54 13,69 40,06 32,87 12,84

Total 0,49 11,02 38,00 34,70 15,79

7.4 Elegibilidade dos candidatos por idade

De acordo com a análise dos porcentuais de elegibilidade de candidatos de cada faixa etária no ano de 2000, os dados indicam que os maiores índices de aprovação estão entre os candidatos que se encontram na faixa etária de 19 a 40 anos. Embora os grupos da faixa etária até 30 anos e de 30 a 40 anos tenham um número bem reduzido de candidatos, pode-se constatar que é o grupo com maior índice de reeleitos. Por outro lado, o grupo com o maior porcentual de rejeição encontra-se na faixa acima de 60 anos de idade, em que elegeram-se 48% do total de candidatos.

Tabela 21 - Porcentual de probabilidade de elegibilidade por faixa etária (2000)

2000 Idade Até 30

anos De 30 a 40

anos De 40 a 50

anos De 50 a 60

anos Acima de 60

anos Grupo de não reeleitos 31,03 30,59 38,57 47,90 52,00 Grupo de reeleitos 68,97 69,41 61,43 52,10 48,00

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Na eleição de 2004, aumentou ainda mais a aprovação popular de candidatos na faixa etária de 30

a 40 anos de idade, sendo que 72% dos candidatos desse grupo foram reeleitos. Esse índice de aprovação é seguido pelo grupo de até 30 anos, que obteve um porcentual de aprovação de 63%. O grupo com maior índice de rejeição continuou sendo o acima de 60 anos.

Tabela 22 - Porcentual de probabilidade de elegibilidade por faixa etária (2004)

2004 Idade Até 30

anos De 30 a 40

anos De 40 a 50

anos De 50 a 60

anos Acima de 60

anos Grupo de não reeleitos 36,36 27,53 38,50 44,73 52,54 Grupo de reeleitos 63,64 72,47 61,50 55,27 47,46

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Os resultados citados indicam uma relação uniforme entre idade e índice de reeleição. Candidatos com

maior idade elegem-se proporcionalmente menos que candidatos mais novos. Os números das correlações entre idade e sucesso de reeleição corroboram esses resultados. Mostram que existe uma correlação negativa entre as variáveis. Isso signifi ca que candidatos mais velhos tendem a ser menos reeleitos.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 97

8 Cálculo dos porcentuais de reeleição por região, por estado e por porte dos municípios

8.1 Porcentuais de reeleição por Região

Comparando a proporção de reeleitos e não reeleitos entre as 5 regiões do país, conclui-se que, em 2000, a região que mais reelegeu foi a Nordeste, com índice de 65,3%, seguida pela Região Sul, com 59,3%. Em 2004, essas continuaram a ser as regiões com maior proporção de prefeitos reeleitos, sendo que a Sul apresentou um porcentual pouco maior que a região Nordeste.

As regiões com os menores índices de reeleição em 2000 e em 2004 foram a Sudeste e a Norte.

Tabela 23 - Porcentual de reeleição por região (2000)

Pleito de 2000 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste

% de não reeleitos 47,86 34,65 48,51 40,69 45,27 % de reeleitos 52,14 65,35 51,49 59,31 54,73

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Tabela 24 - Porcentual de reeleição por região (2004)

Pleito de 2004 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste

% de não reeleitos 43,09 39,79 45,11 38,75 41,75 % de reeleitos 56,91 60,21 54,89 61,25 58,25

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

8.2 Porcentuais de reeleição por estado

Os estados que lançaram o maior número de candidatos à reeleição em 2000 foram Minas Gerais (540), São Paulo (386), Bahia (288), Paraná (264) e Rio Grande do Sul (259). Já os estados do Norte do país foram os que menos apresentaram candidatos à reeleição, sendo que Roraima lançou 5 candidatos, Amapá lançou 8 e Acre lançou 12. Como esperado, na maioria dos casos, estados com maior número de municípios apresentaram o maior número de prefeitos candidatos.

A maior proporção de candidatos reeleitos em 2000 ocorreu nos estados do Nordeste, fi gurando o Ceará em primeiro lugar, totalizando 71,9% de reeleitos. O segundo estado com mais reeleitos nesse mesmo pleito foi o Rio Grande do Norte (71,3%), seguido do Piauí (70,8), de Pernambuco (70,2%) e da Paraíba (69,6%).

Os estados com a menor proporção de reeleitos foram o Amapá (12,5%), Acre (41,6%) e Espírito Santo (45,2%). Veja os resultados para todos os estados na tabela a seguir.

98 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 25 - Quadro comparativo de candidatos à reeleição por Estado em 2000

Estados Quantidade de candidatos à reeleição

% de não reeleitos % de reeleitos Total

AC 12 58,33 41,67 100,00 AL 83 39,76 60,24 100,00 AM 47 51,06 48,94 100,00 AP 8 87,50 12,50 100,00 BA 288 42,36 57,64 100,00 CE 128 28,13 71,88 100,00 ES 42 54,76 45,24 100,00 GO 120 44,17 55,83 100,00 MA 108 39,81 60,19 100,00 MG 540 45,19 54,81 100,00 MS 47 40,43 59,57 100,00 MT 76 50,00 50,00 100,00 PA 80 45,00 55,00 100,00 PB 158 30,38 69,62 100,00 PE 131 29,77 70,23 100,00 PI 151 29,14 70,86 100,00 PR 264 42,05 57,95 100,00 RJ 71 45,07 54,93 100,00 RN 122 28,69 71,31 100,00 RO 35 51,43 48,57 100,00 RR 5 40,00 60,00 100,00 RS 259 40,93 59,07 100,00 SC 148 37,84 62,16 100,00 SE 46 45,65 54,35 100,00 SP 386 53,11 46,89 100,00 TO 93 43,01 56,99 100,00 BR 3.448 41,82 58,18 100,00

Nas eleições de 2004, em geral, manteve-se a relação entre o total de municípios do estado e o total de candidatos à reeleição. Os estados que lançaram o maior número de candidatos à reeleição foram Minas Gerais (334) e São Paulo (308), seguidos do Rio Grande do Sul (220), Bahia (156) e Paraná (135). Acre, Roraima, Rondônia e Amapá seguiram sendo os estados com menor quantidade de candidatos à reeleição.

Estados do Nordeste mantiveram alto índice de reeleição, mas entre os maiores porcentuais fi guraram também estados do Sudeste, Norte e Centro-Oeste. O Acre, que no pleito anterior estava entre os estados com menor índice de reeleição, obteve a maior proporção de reeleitos entre seus candidatos (83,3%), seguido do Rio Grande do Norte (73,3%), Rio de Janeiro (70,7%), Sergipe (70,5%) e Mato Grosso (70,3%).

Os estados com a menor proporção de reeleitos foram Roraima (33,3%), Maranhão (45,3%) e Minas Gerais (48,5%).

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 99

Tabela 26 - Quadro comparativo de candidatos à reeleição por Estado em 2004

Estados Quantidade de candidatos à reeleição

% de não reeleitos % de reeleitos Total

AC 6 16,67 83,33 100,00 AL 37 40,54 59,46 100,00 AM 34 38,24 61,76 100,00 AP 10 70,00 30,00 100,00 BA 156 48,72 51,28 100,00 CE 61 37,70 62,30 100,00 ES 33 36,36 63,64 100,00 GO 112 46,43 53,57 100,00 MA 86 54,65 45,35 100,00 MG 334 51,50 48,50 100,00 MS 28 46,43 53,57 100,00 MT 54 29,63 70,37 100,00 PA 54 42,59 57,41 100,00 PB 78 34,62 65,38 100,00 PE 65 35,38 64,62 100,00 PI 89 31,46 68,54 100,00 PR 135 44,44 55,56 100,00 RJ 41 29,27 70,73 100,00 RN 60 26,67 73,33 100,00 RO 14 35,71 64,29 100,00 RR 6 66,67 33,33 100,00 RS 220 35,91 64,09 100,00 SC 125 37,60 62,40 100,00 SE 34 29,41 70,59 100,00 SP 308 41,23 58,77 100,00 TO 64 43,75 56,25 100,00 BR 2.244 41,71 58,29 100,00

8.3 Porte do município

O cálculo dos porcentuais de reeleição por porte de município indicou que não há uma relação uniforme entre o tamanho do município e o índice de reeleição. Nos dados apresentados nas tabelas seguintes, apenas verifi ca-se que os municípios de pequeno porte, ou seja, até 5 mil habitantes, são os com maiores porcentuais de reeleição. Tal resultado se manteve nos dois pleitos.

100 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 27 - Quadro comparativo de candidatos à reeleição por Porte de Município em 2000

Número de habitantes 2000 Porte do Município De 0 a

5.000 De 5.001 a

25.000 De 25.001 a

50.000 De 50.001 a

100.000 Mais de 100.001

% de não reeleitos 34.36 44.28 45.07 45.45 37.33 % de reeleitos 65.64 55.72 54.93 54.55 62.67

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Tabela 28 - Quadro comparativo de candidatos à reeleição por Porte de Município em 2004

Número de habitantes 2004 Porte do Município De 0 a

5.000 De 5.001 a

25.000 De 25.001 a

50.000 De 50.001 a

100.000 Mais de 100.001

% de não reeleitos 30.83 46.06 46.97 34.68 43.40 % de reeleitos 69.17 53.94 53.03 65.32 56.60

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

* Veja, em anexo, a proporção de reeleitos por grupos de porte de município em cada região do país.

9 Análise de correlações e regressões

9.1 Correlações

Buscou-se medir o grau de associação linear entre reeleição e as diversas variáveis que foram julgadas relevantes, bem como as correlações entre as variáveis selecionadas. Com isso, procurou-se determinar o quanto tais variáveis estão relacionadas com o sucesso de reeleição dos prefeitos.

9.1.1 Metodologia

Por meio da matriz de correlação tomada aos pares de variáveis, se identifi caram aquelas que apresentaram maior interdependência com o sucesso de reeleição. Essas foram submetidas a um teste de correlação parcial, controlado pelas variáveis que se apresentaram multicorrelacionadas. Para cada caso, foram realizados vários testes de correlação parcial, nos quais se buscou eliminar a correlação que era decorrente da associação múltipla a uma terceira variável. Dessa forma, se apresentam apenas as correlações que se mostraram consistentes e signifi cativas.

9.1.2 Pleito de 2000

Para o pleito de 2000, calculou-se a associação linear entre as seguintes variáveis: reeleição; UF; região; partido político; se houve mudança do partido político; quantidade de candidatos concorrendo; se a candidatura se deu por coligação; sexo do prefeito candidato; grau de instrução; idade do candidato; se o partido atual é igual ao partido do governo do estado; se o partido atual é igual ao partido do governo federal; porte do município; porcentual de votos conseguidos pelo prefeito candidato quando ganhou o primeiro mandato; força do candidato (variável que consiste de uma composição entre o porcentual de votos no primeiro mandato e a quantidade de concorrentes); porcentual de reeleição no estado ao qual pertence o município do candidato; se o município pertence a região metropolitana; IDH de 2000 dos municípios; variação do IDH entre 1991 e 2000; despesas primárias e de investimento dos municípios nos anos de 1998, 1999 e 2000.

Os resultados mais fortes foram:

A utilização de coligação mostrou-se signifi cativamente correlacionada com o sucesso de reeleição, • com associação positiva, mas com pequeno coefi ciente. O que indica que uso de coligação esta relacionado com melhores resultados na reeleição.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 101

A idade do candidato tem correlação negativa com o sucesso de reeleição, o que corrobora a indicação • de que candidatos mais velhos apresentaram menores índices de reeleição.

O porte do município não apresentou correlação signifi cativa com reeleição.•

A variável força do candidato apresentou forte correlação positiva com reeleição. A força do candidato • foi uma variável criada para medir o impacto de seu desempenho no pleito do primeiro mandato, na reeleição do candidato. Essa consiste da multiplicação do porcentual de votos válidos pela quantidade de concorrentes com porcentual de votos válidos acima de 3%.

Verifi cou-se que os porcentuais de reeleição médios nos estados aos quais os municípios pertencem • têm forte correlação positiva com a reeleição dos candidatos. Ou seja, o fato de o município se encontrar num estado onde se reelegem muitos prefeitos contribui para o sucesso de reeleição do respectivo prefeito.

A variação do IDH do município do candidato entre os anos de 1991 e 2000 mostrou uma forte e muito • signifi cativa correlação positiva com o sucesso de reeleição dos prefeitos. Os municípios com maior melhora nesse indicador reelegeram mais.

O crescimento da despesa primária entre 1998 e 2000 também apresentou associação linear positiva • muito signifi cativa com o sucesso de reeleição dos prefeitos. Já a variação, no mesmo período, da despesa com investimento não apresentou correlação com a reeleição dos candidatos.

Os prefeitos considerados sem instrução apresentaram forte correlação negativa com o sucesso de • reeleição, uma indicação de que prefeitos sem instrução se reelegem menos.

Os dados também mostraram que a variável que diferencia os candidatos que têm no mínimo ensino • fundamental completo daqueles que não têm essa formação mínima, é positivamente correlacionada com o sucesso de reeleição. Esse resultado nos indica que o grupo de candidatos prefeitos sem formação mínima de ensino fundamental leva desvantagem em relação aos demais quando buscam um resultado positivo na reeleição.

A mesma relação anterior foi encontrada quando foram divididos os candidatos entre os que têm • formação mínima de ensino médio completo e os que não a têm, indicando que ter formação média aumenta as chances de reeleição.

Já quanto a ter formação mínima de ensino superior, não foi encontrada correlação signifi cativa entre • essa variável e o sucesso na reeleição. Isso mostra que, considerando os dados do pleito de 2000, quanto mais o prefeito aumenta seu grau de instrução, até o nível médio completo, maiores são suas chances de sucesso na reeleição. Não foram encontrados indícios nas correlações de que um curso superior aumente as chances de reeleição do prefeito.

Encontrou-se também uma correlação entre partido e uso de coligação, indicando que alguns partidos • se coligam com maior frequência que outros.

Finalmente, encontra-se uma correlação positiva entre o porte dos municípios e o grau de instrução • do prefeito. Os municípios de maior porte populacional tendem a ser governados por prefeitos com maior grau de escolaridade.

9.1.3. Pleito de 2004

Para o pleito de 2004, calculou-se a associação linear entre as variáveis: reeleição; UF; região; partido político; se houve mudança do partido político; quantidade de candidatos concorrendo; se a candidatura se deu por coligação; sexo do prefeito candidato; grau de instrução; idade do candidato; se o partido atual é igual ao partido do governo do estado; se o partido atual é igual ao partido no governo federal; porte do município; porcentual de votos conseguidos pelo prefeito candidato quando ganhou o primeiro mandato; força do candidato (variável que consiste de uma composição entre o porcentual de votos no primeiro mandato e a quantidade de concorrentes); porcentual de reeleição no estado ao qual pertence o município do candidato;

102 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

se o município pertence à região metropolitana; gasto com campanha dos prefeitos; despesas primárias e de investimento dos municípios nos anos de 2001 a 2004; IRFS dos municípios nos anos de 2002 a 2004.

Os resultados mais fortes foram:

A utilização de coligação novamente mostrou-se signifi cativamente correlacionada com o sucesso de • reeleição, com associação positiva e um coefi ciente maior que no pleito de 2000.

Como em 2000, a idade do candidato apresentou correlação negativa com o sucesso de reeleição, o • que reforça a indicação de que candidatos mais velhos apresentaram maiores índices de reeleição.

O porte do município não apresentou correlação signifi cativa com a reeleição.•

Diferentemente de 2000, a variável força do candidato não apresentou correlação signifi cativa com a • reeleição.

Novamente os percentuais médios de reeleição nos estados aos quais os municípios pertencem têm • forte correlação positiva com a reeleição dos candidatos.

O crescimento da despesa primária entre 2001 e 2004 apresentou forte associação linear positiva, • com alta signifi cância, em relação ao sucesso de reeleição dos prefeitos. Novamente a variação da despesa com investimento não apresentou correlação signifi cativa. Esse resultado corrobora a indicação extraída do pleito de 2000, de que os municípios onde ocorreram maiores crescimentos da despesa primária, reelegeram com maior frequência seus prefeitos.

Quanto ao grau de instrução dos candidatos, os resultados do pleito anterior se repetiram. Os • resultados do presente pleito reforçaram a indicação de que prefeitos sem instrução se reelegem menos;como também a indicação de que possuir formação fundamental dá uma vantagem para os prefeitos em termos de reeleição, em relação àqueles que não possuem tal formação. O mesmo ocorre com ensino médio. Novamente chegou-se ao resultado de que possuir formação mínima superior não tem correlação signifi cativa com reeleição do candidato.

O componente fi scal do IRFS foi o que apresentou maior correlação com a reeleição do candidato. A • reeleição se mostrou correlacionada com o nível de IRFS dos 3 anos analisados, o mesmo ocorreu com os subíndices desse indicador.

Novamente em 2004, o porte do município não se mostrou correlacionado com a reeleição dos • candidatos.

Por fi m, mais uma vez encontrou-se uma correlação positiva entre o porte dos municípios e o grau • de instrução do prefeito, corroborando a indicação de que os municípios de maior porte populacional tendem a ser governados por prefeitos com maior grau de escolaridade.

9.2 Regressões

Nesta seção buscou-se determinar o grau de dependência da reeleição dos candidatos em relação às várias variáveis analisadas. Procurou-se então estimar o impacto de cada variável relevante na probabilidade de reeleição dos candidatos.

9.2.1 Metodologia

A regressão da variável binária reeleição se deu por meio do modelo probit pela estimativa por máxima verossimilhança. As regressões de cada pleito foram rodadas independentemente. Não foi possível realizar uma estimação em painel em razão das regras eleitorais do país, que limitam a reeleição dos candidatos a dois mandatos. Foram rodadas regressões com diferentes combinações de variáveis explicativas a fi m de se verifi car a consistência dos coefi cientes. Regrediram-se os mesmos modelos, com estimativas robustas. Na maioria das especifi cações selecionadas, os estimadores robustos se mostraram muito próximos aos

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 103

dos modelos originais. Um indicativo de que não há grandes problemas de heteroscedasticidade. Em alguns casos, foram realizadas regressões auxiliares de regressores sobre regressores a fi m de investigar melhor se há problemas de correlação entre eles. A seguir, apenas os principais resultados encontrados.

9.2.2 Pleito de 2000

As variáveis explicativas utilizadas foram as mesmas especifi cadas na análise de correlação apresentada anteriormente. Os principais resultados foram os seguintes:

Como esperado, a quantidade de candidatos que concorrem no pleito teve coefi ciente com sinal • negativo e muito signifi cante. Ou seja, quanto mais concorrentes, menor a probabilidade de o prefeito se reeleger. Segundo as estimativas, cada candidato a mais concorrendo com o prefeito diminui suas chances de reeleição em 10%.

O uso de coligação política tem um impacto positivo na probabilidade de reeleição. O candidato que • utiliza coligação tem probabilidade de reeleição 5% maior que aqueles que não utilizam.

Do ensino fundamental incompleto ao ensino superior completo, cada grau de instrução a mais que o • candidato possui aumenta sua probabilidade de sucesso.

A variável força do candidato (um indicador de quão bem o prefeito se elegeu no primeiro mandato) • mostrou infl uenciar positivamente a reeleição dos candidatos.

O porcentual médio de reeleição no estado do qual o município faz parte, mostrou infl uenciar • positivamente as chances de reeleição dos prefeitos. Ou seja, estar em uma localidade com alto índice de reeleição de prefeitos aumenta a probabilidade de reeleição.

Outro resultado interessante, que se mostrou muito signifi cativo, foi o coefi ciente da variável idade • do candidato. Corroborando o resultado das correlações, vê-se que, em média, o aumento da idade do candidato diminui suas chances de reeleição. A cada ano a mais que o candidato tenha, sua probabilidade de reeleição se reduz em 0,59 %.

Prefeitos de municípios que têm maior crescimento de IDH se reelegem com maior probabilidade.•

Finalmente, prefeitos que mais expandem suas despesas primárias têm maior probabilidade de • reeleição.

9.2.3 Pleito de 2004

Mais uma vez, as variáveis utilizadas na análise desse pleito foram as mesmas especifi cadas na análise de correlação anterior. Veja os principais resultados:

Como em 2000, a quantidade de candidatos que concorrem no pleito mostrou coefi ciente com • sinal esperado e muito signifi cante, corroborando a indicação de que quanto maior a quantidade de concorrentes menor a probabilidade de reeleição do prefeito. A diferença entre 2004 e 2000 foi no valor do coefi ciente dessa variável. A estimativa nesse caso é de que, a cada candidato a mais concorrendo a probabilidade de reeleição, diminui em 8%, enquanto que a estimativa de 2000 apontava 10%.

O uso de coligação política continuou mostrando um impacto positivo na probabilidade de reeleição. •

Novamente, do ensino fundamental incompleto ao ensino superior completo, cada grau de instrução a • mais que o candidato possui aumenta sua probabilidade de sucesso. Nessa estimativa os coefi cientes fi caram maiores que em 2000.

A variável força do candidato continuou com coefi ciente positivo e signifi cante. •

Em 2004, o fato de o prefeito pertencer ao mesmo partido do governador do estado mostrou-se •

104 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

signifi cante em relação as suas chances de reeleição. Dado que não foi constatado em 2000.

Mais uma vez, o porcentual médio de reeleição no estado do qual o município faz parte mostrou • infl uenciar positivamente as chances de reeleição dos prefeitos.

A idade do candidato novamente apresentou coefi ciente negativo. Nessa estimativa, a cada ano a • mais que o candidato tenha, sua probabilidade de reeleição se reduz em 0,46 %.

Da análise dos IRFS• dos municípios, concluiu-se que os municípios que apresentam melhora no componente fi scal do índice (IRFSF) durante o mandato do prefeito têm maior probabilidade de reeleger seu prefeito.

Finalmente, como em 2000, foi concluído que prefeitos que mais expandem suas despesas primárias • têm maior probabilidade de reeleição.

ANEXO

Proporção de reeleitos por porte em cada região

Nesta seção apresenta-se a análise do porcentual de reeleição por porte para cada região separadamente.

Região Norte

Nas eleições de 2000, os municípios da Região Norte que mais reelegeram foram os de mais de 100 mil habitantes (71,4%), seguidos por aqueles com menos de 5 mil habitantes (54,4%). A maior proporção de candidatos à reeleição que não foram eleitos nessa região ocorreu nos municípios de 25 a 50 mil habitantes.

Nas eleições de 2004, as proporções foram diferentes. Os municípios que mais reelegeram foram os de 50 a 100 mil habitantes, sendo que aqueles com mais de 100 mil habitantes reelegeram menos.

Região NORTE

Eleições 2000 Municípios até 5 mil

de 5 a 25 mil

de 25 a 50 mil

de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 45,59 49,29 50,00 47,62 28,57 47,86 % de reeleitos 54,41 50,71 50,00 52,38 71,43 52,14

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Região NORTE Eleições 2004 Municípios

até 5 mil de 5 a 25

mil de 25 a 50

mil de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 34,04 50,00 41,18 20,00 57,14 43,09 % de reeleitos 65,96 50,00 58,82 80,00 42,86 56,91

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 105

Região Nordeste

Nas eleições de 2000, os municípios da Região Nordeste que mais reelegeram foram os de porte pequeno, com menos de 5 mil habitantes (80,9%), seguidos pelos de mais de 100 mil habitantes (75,8%). A maior proporção de candidatos à reeleição que não obtiveram sucesso fi cou nos municípios na faixa de 5 a 25 mil habitantes (38,5%).

Nas eleições de 2004, nessa região, as proporções de reeleitos seguiram os mesmos padrões do pleito anterior. Os municípios que mais reelegeram foram os de até 5 mil habitantes, sendo que os de 5 a 25 mil habitantes foram os que obtiveram a maior proporção de não reeleitos.

Região NORDESTE Eleições 2000 Municípios

até 5 mil de 5 a 25

mil de 25 a 50 mil

de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 19,05 38,57 36,17 35,71 24,14 34,65 % de reeleitos 80,95 61,43 63,83 64,29 75,86 65,35

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Região NORDESTE Eleições 2004 Municípios

até 5 mil de 5 a 25

mil de 25 a 50 mil

de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 15,66 41,10 55,32 30,00 52,38 39,79 % de reeleitos 84,34 58,90 44,68 70,00 47,62 60,21

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Região Sudeste

Nas eleições de 2000, os municípios da Região Sudeste com maior proporção de reeleitos foram os de até 5 mil habitantes, que elegeram 60,2% dos candidatos, seguidos pelos de mais de 100 mil habitantes (58,4%). A maior proporção de não reeleitos fi cou nos municípios de 50 a 100 mil habitantes.

Nas eleições de 2004, as proporções foram diferentes. Os municípios que mais reelegeram foram aqueles com mais de 100 mil habitantes.

Região SUDESTE Eleições 2000 Municípios

até 5 mil de 5 a 25

mil de 25 a 50

mil de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 39,71 51,29 56,14 57,75 41,56 48,51 % de reeleitos 60,29 48,71 43,86 42,25 58,44 51,49

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Região SUDESTE Eleições 2004 Municípios

até 5 mil de 5 a 25

mil de 25 a 50

mil de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 40,63 49,04 42,17 44,23 37,93 45,11 % de reeleitos 59,38 50,96 57,83 55,77 62,07 54,89

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

106 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Região Sul

Nas eleições de 2000, os municípios da Região Sul que mais reelegeram foram os de até 5 mil habitantes (66,6%), seguidos pelos de 50 a 100 mil habitantes (60%). A maior proporção de não reeleitos ocorreu nos municípios de 25 a 50 mil habitantes (50%).

Nas eleições de 2004, as proporções foram parecidas. Os municípios que mais reelegeram foram os de até 5 mil habitantes (73,9%).

Região SUL Eleições 2000 Municípios

até 5 mil de 5 a 25

mil de 25 a 50

mil de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 33,33 43,48 50,00 40,00 41,94 40,69 % de reeleitos 66,67 56,52 50,00 60,00 58,06 59,31

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Região SUL Eleições 2004 Municípios

até 5 mil de 5 a 25

mil de 25 a 50

mil de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 26,09 49,55 41,67 29,17 43,75 38,75 % de reeleitos 73,91 50,45 58,33 70,83 56,25 61,25

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Região Centro-Oeste

Nas eleições de 2000, os municípios da Região Centro-Oeste que mais reelegeram foram os de mais de 100 mil habitantes (66,6%). A maior proporção de candidatos não reeleitos ocorreu nos municípios de 5 a 25 mil habitantes (46,7%).

Já nas eleições de 2004, os municípios de 50 a 100 mil habitantes fi caram bem à frente, com 75% de reeleitos entre os candidatos dos municípios desse porte. Os municípios onde os candidatos obtiveram menos sucesso foram os de mais de 100 mil habitantes.

Região CENTRO-OESTE

Eleições 2000 Municípios até 5 mil

de 5 a 25 mil

de 25 a 50 mil

de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 45,45 46,77 41,67 41,67 33,33 45,27 % de reeleitos 54,55 53,23 58,33 58,33 66,67 54,73

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Região CENTRO-OESTE Eleições 2004 Municípios

até 5 mil de 5 a 25

mil de 25 a 50 mil

de 50 a 100 mil

mais de 100 mil Total

% de não reeleitos 36,62 45,74 47,06 25,00 50,00 41,75 % de reeleitos 63,38 54,26 52,94 75,00 50,00 58,25

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 107

ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2008 E AS TENDÊNCIAS DOS ÚLTIMOS PLEITOS

Este estudo revela o perfi l dos prefeitos e prefeitas eleitos nas eleições municipais de 2008, 2004 e 2000, fazendo uma comparação entre essas três eleições com base em variáveis como faixa etária, sexo e partido político. Este estudo também mostra a força dos maiores partidos nas últimas eleições.

As últimas três eleições municipais vêm apresentando algumas mudanças que refl etem novas conjunturas políticas e culturais no país. O perfi l dos eleitos e as escolhas dos eleitores estão refl etindo novas tendências, que apontam, entre outras coisas, para: a eleição de candidatos mais jovens; o aumento progressivo do número de mulheres candidatas e eleitas; crescimento de partidos médios como PDT, PV, PC do B, PMN e PSB; e a redução progressiva dos grandes partidos como PMDB, PSDB, PP e DEM em números absolutos.

1 Metodologia

As análises sobre os eleitos 2008 desta primeira parte foram feitas com base nos dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral na quinta-feira, 09 de outubro de 2008, referentes ao primeiro turno. Nesse momento ainda faltava o resultado das apurações de 50 municípios. Nas estatísticas não estão sendo contabilizadas cidades onde houve o segundo turno.

1.1 Eleitos por partido político nos três últimos pleitos

Os partidos que mais elegeram prefeitos em 2008 foram o PMDB, o PSDB, o PT e o PP. O PMDB atingiu uma média nacional bem a frente desses outros partidos, com 21,6% de eleitos, totalizando 1.194 prefeitos. O segundo partido que mais elegeu, o PSDB, teve uma média de 14,14% de eleitos, com 780 prefeitos. A legenda do governo federal (PT) veio em terceiro lugar, elegendo, até esse primeiro turno, 548 prefeitos, que representam 9,94% do total nacional.

Fazendo uma análise comparativa das três últimas eleições, observa-se que o PT é o partido que mais vem ganhando força a cada eleição, apresentando o maior aumento de eleitos a cada pleito. Nessa eleição de 2008 foram eleitos 139 prefeitos a mais que em 2004, sendo que em 2004 elegeram-se 222 prefeitos a mais que em 2000. O PDT, o PSB, o PV, o PMN e o PC do B também são partidos que estão aumentando a sua projeção a cada eleição, embora ainda apresentem um número tímido de eleitos.

O PMDB, o PSDB e o PP, os três partidos com maior projeção nacional em 2008, vêm apresentando uma trajetória decrescente no número de eleitos, reduzindo seus quadros de prefeitos(as) a cada eleição. No geral, o DEM e o PSDB são os partidos que mais vêm perdendo força a cada eleição, com um número signifi cativo de redução de eleitos.

10

108 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

O PCB (Partido Comunista Brasileiro), o PCO (Partido da Causa Operária), o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unifi cado) são os quatro partidos que não lograram sucesso algum nas três últimas eleições, com nenhum candidato eleito. Esses números mostram que tais partidos, além de lançarem um número muito reduzido de candidatos para as prefeituras municipais, também apresentam um forte índice de rejeição do eleitorado brasileiro, que prefere candidatos dos grandes partidos com posições políticas não tão radicais.

Figura 1

Força dos 5 maiores partidos nas 3 últimas eleições

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

PMDB PSDB PT PP DEM

Eleição de 2000Eleição de 2004Eleição de 2008

Foi possível constatar também que os partidos de cunho religioso, como o PSDC (Partido Social Democrata Cristão), o PTC (Partido Trabalhista Cristão) e o PSC (Partido Social Cristão) têm um índice de aceitação popular bem superior àquele apresentado pelos partidos de extrema esquerda citados anteriormente, pois englobam o eleitorado evangélico, que vem crescendo no país. O PSC teve sua maior projeção agora em 2008, quase alcançando o número de eleitos do PV.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 109

Tabela 1 - Prefeitos/as Eleitos/as por Partido

Partidos Eleitos 2000

Eleitos 2004

Eleitos 2008

% Eleitos 2008

PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro 1255 1058 1.194 21,65% PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira 989 871 780 14,14% PT - Partido dos Trabalhadores 187 409 548 9,94% PP - Partido Progressista 618 550 547 9,92% DEM - Democratas 1026 788 494 8,96% PTB - Partido Trabalhista Brasileiro 398 420 412 7,47% PR - Partido da República 234 382 382 6,93% PDT - Partido Democrático Trabalhista 287 306 344 6,24% PSB - Partido Socialista Brasileiro 133 174 309 5,60% PPS - Partido Popular Socialista 166 306 132 2,39% PV - Partido Verde 13 57 77 1,40% PSC - Partido Social Cristão 33 26 60 1,09% PRB - Partido Republicano Brasileiro - - 54 0,98% PMN - Partido da Mobilização Nacional 14 31 43 0,78% PC do B - Partido Comunista do Brasil 1 10 40 0,73% PRP - Partido Republicano Progressista 16 37 16 0,29% PSL - Partido Social Liberal 26 25 15 0,27% PTN - Partido Trabalhista Nacional 2 5 15 0,27% PHS - Partido Humanista da Solidariedade 6 26 13 0,24% PTC - Partido Trabalhista Cristão - 16 13 0,24% PRTB - Partido Renovador Trabalhista Brasileiro 4 12 11 0,20% PSDC - Partido Social Democrata Cristão 8 13 8 0,15% PT do B - Partido Trabalhista do Brasil 6 23 8 0,15% PCB - Partido Comunista Brasileiro - - - 0,00% PCO - Partido da Causa Operária - - - 0,00% PSOL - Partido Socialismo e Liberdade - - - 0,00% PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - - - 0,00% Total 5.450 100,00%

1.2 Faixa etária dos prefeitos eleitos nos três últimos pleitos

Na análise por faixa etária, se verifi ca que o sucesso dos mais jovens nas eleições para prefeito vem crescendo a cada eleição. A faixa etária de 28 a 35 anos vem apontando um cenário de crescimento da participação e do sucesso dos jovens na condução dos executivos municipais. Os porcentuais de eleitos(as) subiram de 5,5% em 2000 para 8,3% em 2008. Segundo o índice de sucesso na eleição, da tabela 6, se vê também que não são somente os jovens que estão se candidatando mais, mas há fortes indicações de que o eleitorado está preferindo votar nesses candidatos, pois os índices de sucesso dos candidatos menores de 35 anos são maiores que os de maiores de 56 anos de idade.

110 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 2 - Proporção entre candidatos e eleitos – Índice de Sucesso - 2008

Faixa de Idade Candidatos % candidatos Eleitos % eleitos % Índice sucesso

até 28 anos 122 0,80% 31 0,56% 25,41% de 28 a 35 anos 1.308 8,52% 458 8,30% 35,02% de 36 a 45 anos 4.726 30,80% 1.845 33,45% 39,04% de 46 a 55 anos 5.526 36,01% 2.064 37,43% 37,35% de 56 a 54 anos 2.880 18,77% 912 16,54% 31,67% acima de 66 anos 783 5,10% 205 3,72% 26,18% Total 15.345 100,00% 5.450 100,00% 35,52%

A faixa etária de 46 a 55 anos predomina nos três pleitos como o grupo de idade que apresenta o maior

índice de prefeitos(as) eleitos(as) em 2000, 2004 e 2008. Nas eleições de 2008, a faixa entre 36 e 55 anos de idade englobou 70,8% dos prefeitos eleitos.

Outro segmento que vem sofrendo mudanças é o dos políticos mais idosos. Antigamente, os candidatos maiores de 60 anos tinham maior aceitação entre os eleitores. Atualmente, tal tendência vem se modifi cando, uma vez que a proporção de prefeitos(as) eleitos(as) com mais de 66 anos vem diminuindo a cada pleito, seguindo o caminho contrário dos jovens. Em 2008, a média de idosos eleitos baixou a 3,7%, como se pode ver na tabela 7. Os eleitos com faixa etária entre 56 e 66 anos de idade também sofreram uma diminuição nesse último pleito.

A tabela seguinte indica as proporções entre candidatos e eleitos por faixa etária em 2008, acompanhado pelo índice de sucesso de cada uma. Nota-se que o grupo que mais obteve sucesso, ou seja, que elegeu o maior número de candidatos, foi a faixa de 36 a 45 anos.

Tabela 3 - Prefeitos Eleitos por Idade

Faixa de Idade % Eleitos

2000 % Eleitos

2004 % Eleitos

2008 até 28 anos 0,7% 1,3% 0,5%

de 28 a 35 anos 5,5% 6,3% 8,3% de 36 a 45 anos 31,1% 32,8% 33,4%

de 46 a 55 anos 38,3% 37,1% 37,4% de 56 a 66 anos 17,1% 17,7% 16,5%

acima de 66 anos 5,3% 4,8% 3,7% Total 100,0% 100,0% 100,0%

1.3 Sexo dos(as) prefeitos(as) nos três últimos pleitos

As eleições de 2008 mostraram que o número de prefeitas eleitas continua em ascensão, com um aumento porcentual de 1%, em relação a 2004, e de 3,2% em relação a 2000. No entanto, tais números indicam uma progressão muito lenta na eleição das mulheres que, no entanto, estão se candidatando cada vez mais. Em 2008, houve 1.566 candidatas a prefeita (10,36% do total) no país, sendo 65 a mais do que em 2004, quando houve 1.501 candidatas (9,53% do total).

Tabela 4 - Prefeitos/as eleitos/as por sexo Sexo Eleitos/as

2000 Eleitos/as 2004 Eleitos/as

2008 Feminino 5,9% 8,1% 9,1% Masculino 94,1% 91,9% 90,8% Total 100,0% 100,0% 100,0%

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 111

Nessas eleições de 2008, do total de prefeitos eleitos, 9,16% foram mulheres e 90,84% foram homens, totalizando 505 mulheres eleitas nesse primeiro turno e 5.010 homens eleitos. Como se pode observar nas tabelas anexas, divididas por estado, observa-se que o Norte e o Nordeste são as regiões que mais elegem mulheres. Os estados que tiveram a maior proporção de mulheres eleitas foram Alagoas (19,8%) e Amapá (17,6%). Roraima foi o único estado que não elegeu mulheres para suas prefeituras. Roraima é seguida pela região Sul, que apresenta os menores índices de eleição feminina no país. O Rio Grande do Sul foi o estado com a menor proporção de mulheres eleitas (4,6%), seguido por Santa Catarina (5,0%).

Tabela 5 - Eleições 2008

Sexo Candidatos % Candidatos Eleitos % Eleitos Masculino 13.650 89,01% 5.010 90,84%

Feminino 1.685 10,99% 505 9,16%

Total 15.335 100,00% 5.444 100,00%

2 Resultados fi nais das eleições municipais de 2008

Esta segunda parte deste estudo apresenta os resultados colhidos após as eleições do segundo turno. As informações foram coletadas no TSE em 27 de outubro de 2008, após a conclusão das apurações do segundo turno. Nesse momento, cinco municípios ainda enfrentavam problemas na defi nição dos gestores eleitos.

O PMDB foi o partido com maior projeção nacional, elegendo 22% dos prefeitos do país (totalizando 1.201 gestores). O segundo partido que mais elegeu foi o PSDB, que conquistou 786 prefeituras (14%). Em seguida, veio o PT, que assumirá 559 prefeituras em 2009 (10%).

Quanto à quantidade de votos válidos obtidos, se vê que o PT sobe uma posição, pois foi o segundo partido mais votado nessas eleições, obtendo 15,2% dos votos válidos. O PSDB foi o primeiro mais votado, com 22,1% dos votos válidos.

No total, foram reeleitos 2.266 prefeitos no país; 66% dos candidatos à reeleição. Houve reeleição em 19 capitais, referentes aos seguintes estados: RR, AC, AL, BA, RO, CE, ES, GO, MT, MS, PA, PB, PI, PR, RS, SC, SE, SP e TO.

112 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 6 - Quantidade de Municípios com prefeitos eleitos UF Municípios Obtidos % AC 22 22 100,0% AL 102 102 100,0% AM 62 62 100,0% AP 16 16 100,0% BA 417 417 100,0% CE 184 184 100,0% ES 78 78 100,0% GO 246 245 99,6% MA 217 217 100,0% MG 853 853 100,0% MS 78 78 100,0% MT 141 140 99,3% PA 143 142 99,3% PB 223 223 100,0% PE 184 183 99,5% PI 224 224 100,0% PR 399 398 99,7% RJ 92 92 100,0% RN 167 167 100,0% RO 52 52 100,0% RR 15 15 100,0% RS 496 496 100,0% SC 293 293 100,0% SE 75 75 100,0% SP 645 645 100,0% TO 139 139 100,0%

Total 5.563 5.558 99,9%

Os partidos políticos que mais se destacaram, além de PMDB, PSDB e PT, foram o PP, com 555 prefeitos eleitos e o DEM, com 500 prefeitos eleitos.

Entre os partidos mais tradicionais, o PTB fez 414 prefeitos, o PDT fez 347, o PR fez 382 e o PSB fi cou com 311. Já entre os menores, o PPS fez 130 prefeitos e o PV conseguiu eleger 76 prefeitos. Alguns partidos de extrema esquerda como PCO, PSTU, PCB e PSOL não obtiveram êxito em nenhuma cidade.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 113

Tabela 7 - Quantidade de eleitos por partido Partido Prefeitos %

PMDB 1.201 22% PSDB 786 14% PT 559 10% PP 555 10% DEM 500 9% PTB 414 7% PR 382 7% PDT 347 6% PSB 311 6% PPS 130 2% PV 76 1% PSC 58 1% PRB 55 1% PMN 43 1% PC do B 41 1% PSL 16 0% PRP 16 0% PTN 15 0% PHS 13 0% PTC 13 0% PRTB 11 0% PT do B 8 0% PSDC 8 0% PSOL 0 0% PCB 0 0% PSTU 0 0% PCO 0 0%

Total 5.558 100%

Ao somar os votos válidos recebidos por todos os prefeitos eleitos, nota-se que o PMDB obteve 12 milhões de votos (22% do total), seguido do PT, com 8,5 milhões (15,2%), após, o PSDB, com 7,8 milhões (14%) e o DEM, com 7,1 milhões (12,7%). Esses quatro grandes partidos obtiveram mais de 50% do total de votos válidos nessas eleições.

114 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 8 - Quantidade de votos válidos por partido Partido Votos Válidos %

PMDB 12.403.797 22,1% PT 8.552.589 15,2% PSDB 7.831.585 14,0% DEM 7.118.646 12,7% PP 3.643.750 6,5% PDT 3.643.583 6,5% PTB 3.352.112 6,0% PSB 3.294.263 5,9% PR 2.569.272 4,6% PPS 827.663 1,5% PV 826.176 1,5% PC do B 559.573 1,0% PSC 451.111 0,8% PRB 364.159 0,6% PMN 178.634 0,3% PRP 79.367 0,1% PRTB 75.405 0,1% PTC 68.601 0,1% PSL 65.335 0,1% PHS 63.667 0,1% PTN 55.323 0,1% PSDC 46.310 0,1% PT do B 36.138 0,1% PSOL 0 0,0%

Com essa última atualização dos dados e de acordo com a contagem por sexo, constatou-se que foram eleitos 5.053 (90,9%) prefeitos e 505 (9,09%) prefeitas. Seis mulheres concorreram ao segundo turno nas maiores cidades do país. A candidata Rosinha Garotinho (PMDB) foi eleita em Campos dos Goytacazes (RJ), e a candidata à reeleição Marília Campos (PT) foi reeleita em Contagem (MG).

Tabela 9 - Prefeitos(as) Candidatos(as) e Eleitos(as) por Sexo Qtde. Candidatos Qtde. Homens Eleitos

1º Turno 12.999 5.025 2º Turno 54 28 Total 13.053 5.053 (90,9%)

Qtde. Candidatas Qtde. Mulheres Eleitas 1º Turno 1.641 503 2º Turno 6 2 Total 1.647 505 (9,09%)

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 115

OS RESULTADOS DO FENÔMENO DA REELEIÇÃO EM 2008 E UMA COMPARAÇÃO COM OS DOIS ÚLTIMOS PLEITOS MUNICIPAIS

As análises das reeleições em 2008 nesta primeira parte do estudo foram feitas com base nos dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral em 09 de outubro de 2008, resultados do primeiro turno. Como o TSE ainda não havia divulgado o resultado de 50 municípios, a CNM entrou em contato com o tribunal e obteve as informações sobre reeleição.

A possibilidade de reeleição para presidente, governador e prefeito foi aprovada no Brasil em 1998, e, a partir daí, vem sendo amplamente praticada nos poderes executivos do país. Inúmeros prefeitos do país vêm obtendo grandes índices de aprovação da população local e logrando um segundo mandato.

Com base nos últimos estudos da CNM, que analisou as eleições de 2000 e 2004, foi constatado que, em 2000, 63,8% dos prefeitos se candidataram à reeleição. Em 2004, esse número caiu para 40,2%, pois já havia uma grande quantidade de prefeitos exercendo o segundo mandato. Em 2008, as candidaturas à reeleição voltaram a subir, atingindo 60,35% e obtendo o maior sucesso das três últimas eleições (66,88% de reeleitos).

Tabela 1 - Candidatos à Reeleição 2000 2004 2008 Prefeito não foi candidato 36,2% 59,8% 39,65% Prefeito foi candidato 63,8% 40,2% 60,35%

Em 2000, do total de prefeitos eleitos, 37,1% foram reeleitos. Em 2004, o total de reeleitos foi de 23,6%, caindo em função de que muitos já estavam no seu segundo mandato e não podiam mais concorrer a uma reeleição. Esses números indicaram que estava havendo uma grande renovação no comando das prefeituras, pois índices de renovação acima de 60% nos governos municipais dão a entender que a população estava optando por novos prefeitos a cada eleição.

Em 2008, o índice de reeleição cresceu, atingindo 40,36% dos prefeitos eleitos no país, ou seja, 2.245 prefeitos eleitos em 2008 vão dar continuidade ao primeiro mandato. Esse dado indica uma nova tendência no cenário nacional que, em sua maioria, optou por manter o prefeito que já estava no poder, não renovando os quadros. Esse ano houve 3.357 candidatos à reeleição, sendo reeleitos 2.245, ou seja, 66,88% dos prefeitos que se candidataram à reeleição obtiveram êxito.

Tabela 2 - Eleitos e Reeleitos

2000 2004 2008 Eleitos em 1º Mandato 62,9% 76,4% 59,64% Reeleitos 37,1% 23,6% 40,36%

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116 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Analisando o índice de sucesso na reeleição por estado, observa-se que em 2008 os estados do Norte e Nordeste continuam com os maiores índices de sucesso na reeleição entre os prefeitos que se candidataram novamente. O Ceará (75,0%), a Paraíba (74,3%) e o Acre (73,3%) foram os estados onde os prefeitos obtiveram maior sucesso na reeleição de 2008. O Mato Grosso foi o estado que menos reelegeu em 2008 (49,4%), seguido pelo Amazonas (51,6%).

O Ceará também fi gurou em primeiro lugar no índice de sucesso na reeleição de prefeitos por UF em 2000. O Rio Grande do Norte também sempre está entre os estados onde os prefeitos obtêm maior sucesso na reeleição, fi gurando em 2º lugar, em 2000 e 2004, e em 4º em 2008.

Analisando a quantidade de prefeitos reeleitos por estado (números absolutos), Minas Gerais e São Paulo são os estados com os maiores números de reeleitos nas 3 últimas eleições, pois são os estados que agregam o maior número de municípios do país.

Tabela 3 - Índice de sucesso na reeleição de prefeitos por UF

2000 2004 2008

Municípios Qtde.

candidatos à reeleição

Reeleitos % de Reeleitos

Qtde. candidatos à reeleição

Reeleitos % de Reeleitos

Qtde. candidatos à reeleição

Reeleitos % de Reeleitos

22 12 5 41,7% 6 5 83,3% 15 11 73,3% 102 83 50 60,2% 37 22 59,5% 60 42 70,0% 62 47 23 48,9% 34 21 61,8% 31 16 51,6% 16 8 1 12,5% 10 3 30,0% 13 8 61,5%

417 288 166 57,6% 156 80 51,3% 223 142 63,7% 184 128 92 71,9% 61 38 62,3% 108 81 75,0% 78 42 19 45,2% 33 21 63,6% 51 33 64,7%

246 120 67 55,8% 112 60 53,6% 144 78 54,2% 217 108 65 60,2% 86 39 45,4% 136 91 66,9% 853 540 296 54,8% 334 162 48,5% 566 388 68,6% 77 47 28 59,6% 28 15 53,6% 55 40 72,7%

139 76 38 50,0% 54 38 70,4% 81 40 49,4% 143 80 44 55,0% 54 31 57,4% 82 53 64,6% 223 158 110 69,6% 78 51 65,4% 140 104 74,3% 184 131 92 70,2% 65 42 64,6% 122 74 60,7% 222 151 107 70,9% 89 61 68,5% 137 88 64,2% 399 264 153 58,0% 135 75 55,6% 269 192 71,4% 92 71 39 54,9% 41 29 70,7% 44 30 68,2%

167 122 87 71,3% 60 44 73,3% 93 68 73,1% 52 35 17 48,6% 14 9 64,3% 32 17 53,1% 15 5 3 60,0% 6 2 33,3% 11 6 54,5%

496 259 153 59,1% 220 141 64,1% 274 182 66,4% 293 148 92 62,2% 125 78 62,4% 160 100 62,5% 75 46 25 54,4% 34 24 70,6% 38 24 63,2%

645 386 181 46,9% 308 181 58,8% 392 284 72,4%

139 93 53 57,0% 64 36 56,3% 80 53 66,3%

5.558 3.448 2.006 58,2% 2.244 1.308 58,3% 3.357 2.245 66,9%

A análise das reeleições por partido também mostra que os partidos que mais reelegeram em 2008 foram o PMDB (23,74%), o PSDB (14,39%), o PP (9,62%) e o PT (9,27%), seguindo a tendência geral.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 117

Tabela 4 - Prefeitos Reeleitos no 1º Turno por Partido – 2008

Partidos Eleitos %

PMDB 533 23,74% PSDB 323 14,39% PP 216 9,62% PT 208 9,27% PTB 190 8,46% DEM 187 8,33% PR 181 8,06% PDT 133 5,92% PSB 119 5,30% PPS 47 2,09% PRB 22 0,98% PV 20 0,89% PSC 14 0,62% PMN 14 0,62% PC do B 10 0,45% PHS 5 0,22% PTN 5 0,22% PRP 5 0,22% PSL 4 0,18% PTC 3 0,13% PRTB 3 0,13% PT do B 2 0,09% PSDC 1 0,04% PSOL 0 0,00% PCB 0 0,00% PSTU 0 0,00%

PCO 0 0,00%

Total 2.245 100,00%

1 Resultados fi nais da reeleição nas eleições municipais de 2008

A seguir, seguem-se os resultados fi nais da reeleição em 2008, computando-se também as vitórias do segundo turno.

Conforme as análises anteriores, o porcentual de sucesso na reeleição dos prefeitos, com os resultados do primeiro turno, foi de 66%. Após apurado o segundo turno, essa proporção se manteve.

Dessa forma, para a próxima legislatura (2009 a 2012), 2.266 (40,77%) prefeitos estarão à frente de suas cidades pela 2º vez, indicando que suas primeiras administrações foram aceitas pelas suas comunidades. O total de prefeitos em primeiro mandato na legislatura seguinte será de 3.292 (59,23%).

Tabela 5

Situação dos Prefeitos de 2009 - 2012 Qtde. % total

Municípios

Quantidade de prefeitos em 1º mandato 3.292 59,23%

Quantidade de Reeleitos 2.266 40,77%

Total de prefeitos 5.558 100,00%

118 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Concorreram à reeleição 3.435 prefeitos, destes, 2.266 obtiveram êxito, ou seja, exatamente 65,97% deles. Essa foi a maior taxa de sucesso da reeleição desde 2000, ano em que houve a primeira reeleição para prefeitos. Dos 3.435 candidatos, 1.169 não se reelegeram.

Tabela 6

Situação dos Reeleitos - Eleições 2008 Qtde. % total

candidatos

Quantidade de Candidatos a Reeleição 3.435 Quantidade de Reeleitos 2.266 65,97% Quantidade de Não-Reeleitos 1.169 34,03%

O quadro seguinte apresenta os resultados dos candidatos à reeleição e os que obtiveram êxito em cada um dos estados da Federação. Pode-se ver algumas alterações de comportamento ao longo das três últimas eleições. Agora em 2008, o estado que teve a maior taxa de reeleição foi a Paraíba, com 74,1%, seguido do Acre, com 73,3% e o Ceará, com 73,2%.

Tabela 7 - Índice de sucesso na reeleição de prefeitos por UF (atualizado de acordo com o 2º turno)

2000 2004 2008

Municípios Qtde.

candidatos à reeleição

Reeleitos % de Reeleitos

Qtde. candidatos à reeleição

Reeleitos % de Reeleitos

Qtde. candidatos à reeleição

Reeleitos % de reeleitos

22 12 5 41,7% 6 5 83,3% 15 11 73,3% 102 83 50 60,2% 37 22 59,5% 66 44 66,7% 62 47 23 48,9% 34 21 61,8% 32 16 50,0% 16 8 1 12,5% 10 3 30,0% 13 8 61,5%

417 288 166 57,6% 156 80 51,3% 237 145 61,2% 184 128 92 71,9% 61 38 62,3% 112 82 73,2% 78 42 19 45,2% 33 21 63,6% 54 34 63,0%

246 120 67 55,8% 112 60 53,6% 149 79 53,0% 217 108 65 60,2% 86 39 45,4% 141 91 64,5% 853 540 296 54,8% 334 162 48,5% 573 387 67,5% 77 47 28 59,6% 28 15 53,6% 55 40 72,7%

139 76 38 50,0% 54 38 70,4% 81 41 50,6% 143 80 44 55,0% 54 31 57,4% 86 53 61,6% 223 158 110 69,6% 78 51 65,4% 143 106 74,1% 184 131 92 70,2% 65 42 64,6% 122 74 60,7% 222 151 107 70,9% 89 61 68,5% 139 90 64,7% 399 264 153 58,0% 135 75 55,6% 272 194 71,3% 92 71 39 54,9% 41 29 70,7% 44 30 68,2%

167 122 87 71,3% 60 44 73,3% 99 69 69,7% 52 35 17 48,6% 14 9 64,3% 34 17 50,0% 15 5 3 60,0% 6 2 33,3% 11 6 54,5%

496 259 153 59,1% 220 141 64,1% 274 184 67,2% 293 148 92 62,2% 125 78 62,4% 160 100 62,5% 75 46 25 54,4% 34 24 70,6% 39 23 59,0%

645 386 181 46,9% 308 181 58,8% 400 288 72,0%

139 93 53 57,0% 64 36 56,3% 84 54 64,3%

5.558 3.448 2.006 58,2% 2.244 1.308 58,3% 3.435 2.266 66,0%

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 119

Em 2008, os partidos políticos que mais tiveram candidatos reeleitos foram o PMDB, com 541 (23% do total); o PSDB, com 327 (14%); o PP, com 220 (9%) e o PT, com 211 (9%).

Tabela 8 - Quantidade de Prefeitos Reeleitos nas eleições de 2008 por partido

Partidos N° de reeleitos %

PMDB 541 23,87% PSDB 327 14,43% PP 220 9,71% PT 211 9,31% PTB 189 8,34% DEM 186 8,21% PR 180 7,94% PDT 134 5,91% PSB 120 5,30% PPS 48 2,12% PRB 23 1,02% PV 20 0,88% PSC 13 0,57% PMN 14 0,62% PC do B 12 0,53% PHS 5 0,22% PTN 5 0,22% PRP 5 0,22% PSL 4 0,18% PTC 3 0,13% PRTB 3 0,13% PT do B 2 0,09% PSDC 1 0,04% PSOL 0 0,00% PCB 0 0,00% PSTU 0 0,00% PCO 0 0,00% Total 2.266 100,00%

120 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

ANÁLISE DO ORÇAMENTO DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE NO PERÍODO DE 2002 A 2007

O governo federal desviou R$ 3,2 bilhões de royalties que deviam ter sido aplicados em meio ambiente de 2002 a 2007.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) levantou as fontes de fi nanciamento e os gastos no setor de meio ambiente com o objetivo de conhecer as possibilidades de fortalecimento da gestão ambiental municipal. O estudo identifi cou o montante que realmente é aplicado no setor, com base no orçamento do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Um dos resultados que mais impressionou foi a descoberta de quanto do orçamento do MMA foi desviado, ou seja, foi contingenciado para a realização do superávit primário.

Na tabela 1, apresentam-se os totais anuais da previsão orçamentária para os recursos provenientes de royalties (petróleo, minerais e recursos hídricos) vinculados ao MMA, assim como os totais efetivamente arrecadados e aqueles aplicados na sua fi nalidade original. Nessa mesma tabela, também é apresentado por ano o total de recursos desviados para o superávit primário.

A receita prevista de royalties (petróleo, minerais e recursos hídricos) vinculados ao MMA foi de R$ 4,3 bilhões entre 2002 e 2007, a arrecadação vinculada chegou a R$ 3,81 bilhões e o efetivamente aplicado (dinheiro pago) foi de apenas R$ 606 milhões. Ou seja, cerca de R$ 3,2 bilhões de royalties do meio ambiente foram retidos pelo governo federal para futuro pagamento de juros da sua dívida. Esse tipo de desvinculação informal fere o espírito da Lei do Petróleo e o bom senso, segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

12

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 121

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2003

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2005

2006

2007

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717.

536

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684.

012

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1.15

8.21

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297.

922.

132

281.

676.

652

535.

016.

049

564.

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737.

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425

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348

764.

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9.57

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2.33

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122 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Com o argumento de que não teria dinheiro para garantir a preservação da Amazônia, por exemplo, o Brasil – que tem a maior fl oresta tropical do mundo – vem negociando com o governo da Noruega uma doação de U$ 100 millhões/ano, o equivalente a R$ 170 milhões anuais, para sua preservação. A Noruega tem um fundo de U$ 3 bilhões (U$ 600 milhões/ano) para ser distribuído em cinco anos aos países que têm fl orestas tropicais, com o objetivo de reduzir a emissão de gases nocivos que causam o efeito estufa.

De 2001 a 2007, entretanto, o governo brasileiro só gastou R$ 149 milhões dos seus recursos próprios para o programa Amazônia Sustentável, menos do que pretende receber por ano da Noruega. Ou seja, ele tem pedido para os organismos internacionais, mas não tem feito o dever de casa.

Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, esse problema existe porque nunca houve uma discussão séria em torno do assunto, como foi feito com os gastos na saúde, por exemplo. “É preciso criar salvaguardas para que o governo, ao receber o dinheiro da Noruega, não troque seis por meia dúzia, ou seja, que não substitua as fontes normais da receita pelo dinheiro norueguês. É preciso aumentar os investimentos na área de meio ambiente, no mínimo, na mesma proporção”, avaliou.

Até 2002, o governo realizava a estratégia de contingenciamento sutilmente. De lá para cá, a prática do desvio de recursos se tornou tão institucionalizada que o governo criou uma espécie de fundo para, logo na previsão orçamentária, poupar esses recursos – é a chamada Reserva de Contingência. Os recursos destinados a essa reserva sequer são alocados nos orçamentos dos programas do MMA. A legislação determina que esses recursos – que são, na maior parte, provenientes dos royalties de petróleo, de recursos hídricos e minerais – sejam gastos com meio ambiente, mas o governo utiliza a reserva para tentar cumprir apenas contabilmente essa vinculação. Esses valores, que em 2003 representavam 5% do total do orçamento do MMA, passaram para, aproximadamente, 37% em 2007, sendo que os recursos provenientes de royalties começaram a ser destinados para esta conta em 2003 (ver evolução da participação dessa conta do total do orçamento do ministério no gráfi co 1).

Gráfi co 1

Evolução da Relação entre Reserva de Contingência e Total do Orçamento (Autorizado)

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0,350

0,400

2002 2003 2004 2005 2006 2007

A CNM também calculou quanto dos royalties recebidos pelo ministério são destinados à reserva de contingência e concluiu que essa participação cresceu progressivamente a partir de 2003, de 27,4% para 89,4% em 2007 (ver gráfi co 2). Isso deixa claro que gradualmente o governo institucionalizou a destinação de recursos de royalties para o pagamento de juros da dívida. Olhando a previsão orçamentária para o corrente ano, constata-se que 100% dos recursos estimados para a arrecadação de royalties, com vinculação ao ministério, correspondem a exatamente a previsão para a conta Reserva de Contingência no ano.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 123

Gráfi co 2Evolução da Parcela dos Royalties Recebidos pelo Ministério que é Destinada à

Reserva de Contigência (Autorizado)

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Além do montante que é desviado preliminarmente no orçamento do ministério por meio da Reserva de Contingência, grande parte dos recursos alocados para os programas não é executada. Entre 2001 e 2007, o governo executou R$ 7,4 bilhões do orçamento de meio ambiente, mas pouco mais da metade disso foi utilizado para pagamento de apoio administrativo, ou seja, pessoal ativo do ministério. Outros 13% do total (R$ 961 milhões) foram gastos com a previdência de inativos e pensionistas. Ou seja, apenas 36 % foram executados em programas, sendo que, dentre esses, ainda há gastos como serviços da dívida externa do ministério, que somaram aproximadamente R$ 240 milhões no período. Apenas um programa do ministério teve um total de recursos pagos superior a esse montante, o Programa de Prevenção e Combate ao Desmatamento, Queimadas e Incêndios Florestais (Florescer), com um total de R$ 268,6 milhões. Na tabela 2, a seguir, pode-se ver não apenas essas informações sobre os programas com maior valor pago no período, como também os porcentuais de execução de cada um deles. Entre os que tiveram a pior execução, destaca-se o programa Amazônia Sustentável; de um total de recursos autorizados de R$ 537,5 milhões, foi efetivamente pago apenas 27,8% desse valor.

Programa (Cod) Programa

Autorizado(A)

Pago + RAP(B)

% de Execução(B) / (A)

0750 APOIO ADMINISTRATIVO 4.076.646.887 3.771.692.383 92,5%0089 PREVIDENCIA DE INATIVOS E PENSIONISTAS DA UNIAO 989.181.180 961.659.748 97,2%0503 PREVENCAO E COMBATE AO DESMATAMENTO, QUEIMADAS E INCENDIOS FLORESTAIS - FLORESCER 338.013.594 268.638.753 79,5%0906 OPERACOES ESPECIAIS: SERVICO DA DIVIDA EXTERNA (JUROS EAMORTIZACOES) 467.513.842 239.358.901 51,2%0499 AREAS PROTEGIDAS DO BRASIL 463.982.710 227.533.629 49,0%0511 GESTAO DA POLITICA DE MEIO AMBIENTE 279.858.868 182.162.837 65,1%0501 QUALIDADE AMBIENTAL 294.660.593 155.489.334 52,8%0502 AMAZONIA SUSTENTAVEL 537.476.656 149.504.946 27,8%0508 CONSERVACAO, USO SUSTENTAVEL E RECUPERACAO DA BIODIVERSIDADE 280.843.630 135.731.728 48,3%0506 NACIONAL DE FLORESTAS 245.639.374 129.424.909 52,7%0495 PROAGUA - GESTAO 225.504.838 120.050.868 53,2%0497 GESTAO DA POLITICA NACIONAL DE RECURSOS HIDRICOS 150.216.387 104.136.509 69,3%

Demais programas 5.276.849.297 962.373.692 18,2%

Total 13.626.387.856 7.407.758.239 54,4%

Ao realizar uma análise de execução comparativa das fontes de royalties com as demais fontes do ministério, a CNM observou que, ao longo do período de 2002 a 2007, o grau de execução dos recursos de royalties diminui drasticamente, enquanto ocorre um sutil crescimento da execução das demais fontes (ver gráfi co a seguir).

124 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Gráfi co 3

Comparativo da Execução das Fontes do MMA

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

2002 2003 2004 2005 2006 2007

Percentual de Execução dos Royalties Previstos Percentual de Execução das Demais Fontes do MMA Previstas

Este estudo teve como ponto de partida a necessidade de se discutir o fi nanciamento do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), instituído em 1981 por meio da Lei nº 6.938, conforme foi feito em outras políticas públicas como a saúde, a educação e a assistência social, por exemplo.

Para a CNM, só será possível conquistar resultados expressivos para a preservação e a manutenção ambiental – em um momento em que todo o mundo se volta para o Brasil quando o assunto é preservação – no dia em que os três entes federados trabalharem de forma cooperada e articulada, a fi m de otimizar os recursos e ampliar as ações, tendo como eixo o artigo 18 da Constituição: “A República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 125

A FORÇA DOS PARTIDOS POLÍTICOS NO CENÁRIO NACIONAL DE 2000 A 2008

As eleições municipais de outubro de 2008 representaram um fato novo na política brasileira nos últimos oito anos. Pela primeira vez desde 2000, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) administrará o maior número de municípios, a maior população e terá em suas mãos os maiores PIBs e receitas orçamentárias do país. Essa é a conclusão do presente estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgado em 20 de novembro, que traz uma análise sobre o poder dos partidos políticos no Brasil de 2000 a 2008.

De acordo com os dados da avaliação, o PMDB conquistava, desde 2000, o maior número de prefeituras, não mantinha, porém, a tendência de governar os maiores e mais ricos municípios brasileiros. A análise comprova que o PMDB fi cava com uma parcela bem menor de PIB e de orçamento na soma dos municípios que administrou durante os mandatos de 2000 e 2004, em comparação com o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Apenas em 2008 o PMDB alcançou os maiores números.

O estudo teve como base a análise do total de eleitores, da população, do PIB e do orçamento dos municípios que cada partido administrou nos últimos mandatos e administrará a partir de 2009. Além disso, a pesquisa realizou uma análise para se compreender quais são os partidos mais fortes nas cinco regiões do país, nas capitais e nas maiores cidades.

Em 2000, o cenário era outro. Nesse ano, o Partido dos Trabalhadores se destacou amplamente. Embora estivesse governando apenas 187 prefeituras, naquele período o partido administrou praticamente o dobro de população, de PIB e de orçamento que o PMDB, que estava à frente de 1.255 municípios. Aquela época já demonstrou a preferência do eleitorado das metrópoles do país pelo PT, que naquele contexto era oposição ao governo federal.

No entanto, em 2004, outro partido de oposição se destacou. Nesse período, foi o PSDB quem governou a maior população, o maior PIB e os maiores orçamentos do país. No entanto, em 2008, ainda com a administração do PT no governo federal, o poder foi deslocado do PSDB para o PMDB e para o Partido Democrata (DEM), que vão administrar os maiores PIBs e orçamentos do país.

Os outros partidos políticos com boa representatividade no âmbito municipal são o Partido Progressista (PP), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), sendo que, nas eleições de 2004 e agora em 2008, o PDT administra signifi cativo orçamento e PIB, tornando-se uma quinta força política, rivalizando com o PTB e o PP.

Quando se observa a presença dos partidos nos municípios de maior porte, fi ca clara a crescente dominância do PT nos maiores centros urbanos e capitais do país desde 2000. Conforme a análise, os municípios com mais de 300 mil habitantes têm uma forte tendência a eleger prefeitos do PT. O segundo partido mais eleito nas grandes cidades é o PSDB, que, no entanto, não vem mantendo uma reta ascendente. O PMDB e o PFL/DEM têm um nível de aceitação bem mais reduzido nos municípios de grande porte.

13

126 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 1 - Poder nos municípios com mais de 300 mil habitantes

Partidos 2000: Nº de municípios

2004: Nº de municípios

2008: Nº de municípios

PT 22 25 27 PSDB 17 21 17 PMDB 13 11 21 PFL/DEM 08 05 05

0

5

10

15

20

25

30

PT PSDB PMDB PFL/DEM

Quantidade de Cidades acima de 300.000 hab por partido

Ano 2000Ano 2004Ano 2008

Quando se trata da presença dos partidos por regiões do país, vê-se que PMDB, PSDB e PFL são os partidos que mais dominam as cinco regiões. A presença do PMDB é muito forte no Sul do país, onde vem dominando nas três últimas eleições. Já o Nordeste, que vinha sendo dominado pelo PFL desde 2000, passou agora a maioria das suas prefeituras para o PMDB. O Sudeste e o Centro-Oeste apresentam forte presença do PSDB. Já o Norte vem apresentando uma alternância de poder a cada pleito, que variou entre PFL, PSDB e PMDB. Em 2008, o PMDB deu um grande salto e passou a dominar quatro regiões do país, não ganhando apenas no Sudeste, que manteve o PSDB com maior força.

Tabela 2 - Partidos dominantes por região

Regiões 2000 2004 2008 Norte PFL PSDB PMDB Nordeste PFL PFL PMDB Centro-Oeste PSDB PSDB PMDB Sudeste PMDB PSDB PSDB Sul PMDB PMDB PMDB

A comparação entre as capitais demonstra que o poder vem oscilando nas três últimas eleições. Agora em 2008, o PMDB está rivalizando com o PT, fi cando cada um com 6 capitais sob seu domínio.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 127

Tabela 3 - Partidos das Capitais dos Estados

Partidos Ano 2000 Ano 2004 Ano 2008 PMDB 4 2 6 PSDB 4 5 4 PT 6 9 6 DEM 3 1 1 PP 1 - 1 PTB 1 1 2 PDT 2 3 1 PSB 4 3 3 Outros 1 2 2 Total 26 26 26

1 Eleições de 2000

De forma mais detalhada, percebe-se que, na eleição municipal de 2000, o partido político que deteve o maior número de municípios foi o PMDB, com 1.255 prefeituras conquistadas, administrando uma população de 27 milhões de pessoas e um orçamento de R$ 13 bilhões. Em segundo lugar vinha o PFL (atual DEM), com 1.026 prefeituras, uma população de 23 milhões e um orçamento de R$ 11 bilhões. O PSDB, partido do presidente da República na época, conquistou 989 prefeituras, com 26 milhões de pessoas e um orçamento de R$ 14 bilhões. Naquela eleição, fi cou bem nítida a força do bloco governista PFL/PSDB, que administrou, de 2000 a 2004, 2.281 cidades e um orçamento de mais de R$ 25 bilhões.

O PT, que era o principal partido de oposição ao governo na época, obteve 187 prefeituras, com uma população de 29 milhões de pessoas e um orçamento de R$ 20 bilhões, sendo vencedor em grandes centros urbanos, capitais e regiões metropolitanas.

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) que cada um desses partidos administrou, constatou-se que o PT detinha a parcela maior do PIB (com R$ 382 bilhões), seguido do PMDB (com R$ 184 bilhões), do PSDB (com R$ 207 bilhões) e do PFL (com R$ 154 bilhões).

O eleitorado à disposição de cada um desses partidos estava dividido da seguinte forma: o PT tinha 19 milhões de eleitores, o PMDB detinha 17 milhões, o PSDB era o preferido de 16 milhões e o PFL possuía 15 milhões de eleitores.

Tabela 4 – Por partido

Partidos Qtde. de

Municípios População em

2000 Eleitores em

2000 PIB total em 2002 Receita orçamentária

em 2001 PMDB 1.255 27.327.704 17.703.527 184.476.019.291 13.903.847.215PSDB 989 26.293.786 16.395.929 207.547.495.545 14.190.940.575PT 187 29.888.062 19.605.968 382.099.855.434 20.869.030.328PFL 1.026 23.771.585 15.110.673 154.587.324.289 11.733.646.069PP 618 10.752.854 7.297.975 74.218.252.471 5.599.546.087PTB 398 14.905.676 10.092.220 157.186.823.189 10.170.497.974PDT 287 8.610.261 5.756.367 73.607.104.473 4.509.250.998PSB 133 7.992.780 5.117.875 57.077.843.175 4.340.518.322Outros 660 18.146.539 11.379.010 130.747.382.677 9.090.963.750Total 5.553 167.689.247 108.459.544 1.421.548.100.544 94.408.241.317

128 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 5 – Por Região

Partidos Qtde. de

Municípios População em

2000 Eleitores em

2000 PIB total em 2002 Receitas

orçamentárias em 2001Centro-Oeste 461 9.520.227 6.120.295 73.456.679.922 5.229.583.609Norte 448 12.607.170 7.072.167 69.301.990.196 5.380.274.181Nordeste 1788 46.647.842 29.539.385 191.517.807.379 18.226.532.679Sudeste 1668 63.713.635 48.486.490 837.645.867.935 49.925.980.739Sul 1188 24.766.121 17.241.207 249.625.755.112 15.645.870.109Total 5.553 157.254.995 108.459.544 1.421.548.100.544 94.408.241.317

Uma análise detalhada da tabela a seguir evidencia a presença e a força dos partidos por região.

Verifi ca-se que, em 2000, o PSDB foi maioria apenas no Centro-Oeste. Nas regiões Norte e Nordeste, houve uma forte dominância do PFL, principalmente no Nordeste. Já nas regiões Sudeste e Sul, predominavam governos liderados pelo PMDB. Na Região Sudeste também havia uma forte presença do PSDB.

Tabela 6 – Força dos partidos por região Partidos Centro-Oeste Norte Nordeste Sudeste Sul PMDB 109 81 355 375 335 PSDB 137 88 289 345 130 PT 14 21 21 73 58 PFL 69 97 444 259 157 PP 40 58 149 95 276 PTB 10 34 129 152 73 PDT 14 21 46 98 108 PSB 1 12 70 40 10 Outros 67 36 285 231 79 Total 461 448 1.788 1.668 1.188

1 188

A tabela a seguir indica a presença dos partidos nos municípios com mais de 300 mil habitantes em 2000. O PT foi o partido mais presente nessas cidades, tomando 16 das 65 prefeituras dos maiores municípios brasileiros. O segundo partido mais dominante nesses municípios foi o PSDB, que tinha 13 prefeituras. Entre as capitais, também houve a mesma tendência, uma vez que o PT assumiu 6 capitais, e o PSDB e o PMDB assumiram 4 cada.

Tabela 7 - Municípios com mais de 300 mil habitantes Partidos Centro-Oeste Norte Nordeste Sudeste Sul PMDB 1 - 3 4 1 PSDB 1 1 1 9 1 PT 1 1 2 8 4 PFL 1 - 2 1 1 PP - - - 1 1 PTB - - - 3 - PDT - 1 1 3 - PSB - - 2 2 - Outros - 1 2 5 - Total 4 4 13 36 8

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 129

Tabela 8 – Presença dos partidos nas capitais e no interior

Partidos Capital Interior Total PMDB 4 1.251 1.255 PSDB 4 985 989 PT 6 181 187 PFL 3 1.023 1.026 PP 1 617 618 PTB 1 397 398 PDT 2 285 287 PSB 4 129 133 Outros 1 659 660 Total 26 5.527 5.553

2 As eleições de 2004

Nas eleições municipais de 2004, a correlação de forças mudou um pouco. O PMDB continuou sendo o campeão, com a conquista de 1.058 cidades, administrando uma população de 25 milhões de pessoas e um orçamento de R$ 20 bilhões. Em segundo lugar, estava o PSDB, com 871 cidades, uma população de 37 milhões e um orçamento de R$ 37 bilhões. Em terceiro, estava o PFL, com uma queda importante para 788 municípios, uma população de 22 milhões e um orçamento de R$ 17 bilhões. O PT obteve um crescimento signifi cativo, passando para 409 cidades, com uma população de 25 milhões e um orçamento de R$ 20 bilhões.

No eleitorado à disposição dos partidos, o PMDB continuou com os 17 milhões, o PSDB com 25 milhões, o PT com 16 milhões e o PFL com 15 milhões de eleitores.

130 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 9 – Por partido

Partidos Quantidade de

Municípios População em

2004 Eleitores em

2004 PIB total em 2004

Receitas orçamentárias de

2005 PMDB 1.058 25.370.240 17.072.037 245.553.483.885 20.254.012.857PSDB 871 37.900.086 25.655.074 510.788.940.258 37.130.360.657PT 409 25.706.661 16.825.218 276.406.761.196 20.769.432.111PFL 788 22.608.169 15.464.292 228.542.862.674 17.593.455.781PP 550 9.655.302 6.710.984 80.351.277.369 6.860.198.395PTB 420 9.959.306 6.658.218 78.549.248.954 7.008.470.968PDT 306 13.458.780 8.654.864 145.741.787.998 10.090.876.981PSB 174 8.782.387 5.620.252 84.503.290.155 6.483.663.285Outros 977 25.789.380 17.086.942 220.136.814.338 17.396.540.940Total 5.553 179.230.311 119.747.881 1.870.574.466.827 143.587.011.974

Tabela 10 – Por Região

Partidos Quantidade de

Municípios População em

2004 Eleitores em

2004 PIB total em 2004

Receitas orçamentárias de

2005 Centro Oeste 461 10.076.949 6.919.836 105.999.217.496 8.327.700.648Norte 448 22.846.163 8.364.415 95.999.909.268 7.747.077.574Nordeste 1788 57.963.473 32.923.226 246.943.189.445 26.543.171.479Sudeste 1668 60.945.768 53.091.520 1.083.974.746.147 76.396.203.963Sul 1188 27.368.957 18.448.884 337.657.404.471 24.572.858.310Total 5.553 179.201.310 119.747.881 1.870.574.466.827 143.587.011.974

Centro-Oeste continuou a ser fortemente dominado pelo PSDB, seguido do PMDB. O Nordeste continuou a ter forte presença do PFL, enquanto o Sul manteve forte presença do PMDB.

Tabela 11 – Força dos partidos por Região Partidos Centro-Oeste Norte Nordeste Sudeste Sul PMDB 70 62 268 284 374PSDB 102 88 232 354 95PT 34 58 65 157 95PFL 39 40 414 209 86PP 51 24 123 111 241PTB 33 48 132 150 57PDT 19 17 54 71 145PSB 4 8 107 39 16Outros 109 103 393 293 79Total 461 448 1.788 1.668 1.188

Na análise da força dos partidos nos municípios com mais de 300 mil habitantes, constata-se que, em 2004, o PT e o PSDB empatam na liderança dos municípios desse porte. No entanto, o PT ganhou quatro capitais a mais que o PSDB, mantendo sua tendência de estar no poder na maioria das capitais do país.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 131

Tabela 12 - Municípios com mais de 300 mil habitantes

Partidos Centro-Oeste Norte Nordeste Sudeste Sul PMDB 2 1 1 4 1 PSDB 1 - 1 10 4 PT - 2 3 10 1 PFL 1 - 1 2 - PP - - - 1 1 PTB - 1 - 1 - PDT - - 3 5 - PSB 1 1 2 3 - Outros - - 2 4 2 Total 5 5 13 40 9

Tabela 13 – Presença dos partidos nas capitais e no interior

Partidos Capital Interior Totais PMDB 2 1.056 1.058 PSDB 5 866 871 PT 9 400 409 PFL 1 787 788 PP 0 550 550 PTB 1 419 420 PDT 3 303 306 PSB 3 171 174 Outros 2 975 977 Total 26 5.527 5.553

3 As eleições de 2008

Nas eleições municipais de 2008, o PMDB novamente se saiu campeão, conquistando 1.202 prefeituras, com 41 milhões de pessoas, e o orçamento de 2007 de R$ 47 bilhões. Nota-se que o partido conquistou municípios bem maiores naquela eleição do que nas eleições anteriores. O segundo partido foi o PSDB, que fi cou com 786 prefeituras, uma população de 25 milhões de pessoas e um orçamento de R$ 28 bilhões. Em seguida, vem o PT, com um crescimento expressivo, conquistando 559 prefeituras com 29 milhões de pessoas e um orçamento de R$ 32 bilhões. O DEM (antigo PFL) foi o partido que, naquele período, teve a maior queda, conquistando 500 prefeituras com uma população de 22 milhões de pessoas e um orçamento de R$ 32 bilhões.

Quanto ao eleitorado à disposição desses partidos, o PMDB obteve 28 milhões de eleitores, seguido do PT (com 19 milhões), do PSDB (com 17 milhões) e do DEM (com 15 milhões).

132 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 14 – Por partido

Partidos Quantidade de

municípios População em

2008 Eleitores em

2008 PIB total em 2005

Receitas orçamentárias de

2007 PMDB 1.202 41.204.783 28.593.547 479.629.136.563 47.830.696.625 PSDB 786 25.541.864 17.545.692 268.000.831.300 28.616.228.580 PT 559 29.964.701 19.963.059 352.623.256.202 32.542.677.762 DEM 500 22.235.172 15.960.449 370.361.393.502 32.985.117.633 PP 555 11.815.506 8.165.443 107.046.467.813 12.443.729.842 PTB 414 11.219.005 7.737.040 111.740.674.828 11.469.768.271 PDT 346 11.957.572 8.130.455 129.117.287.789 13.083.872.241 PSB 311 10.868.205 7.587.616 79.446.800.745 11.235.018.291 Outros 892 24.797.505 16.788.775 243.710.443.255 20.594.448.132 Total 5.565 189.604.313 130.472.076 2.141.676.291.997 210.801.557.377

Tabela 15 – Por Região

Partidos Quantidade de

municípios População em

2008 Eleitores em

2008 PIB total em 2005

Receitas orçamentárias de

2007 Centro-Oeste 466 11.388.492 9.148.767 189.694.671.705 12.646.372.721 Norte 437 14.911.410 9.389.331 105.663.705.710 12.131.817.238 Nordeste 1794 55.572.576 35.373.148 278.711.255.923 43.225.223.685 Sudeste 1668 79.984.231 56.915.973 1.212.122.703.228 108.443.835.989 Sul 1188 27.652.145 19.579.653 355.073.427.845 34.270.294.610 Total 5.553 189.508.854 130.406.872 2.141.265.764.411 210.717.544.242

Dividindo a análise por região, verifi ca-se que, em 2008, o crescimento do poder do PMDB foi grande, pois conquistou também a maioria das prefeituras das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Nota-se que o Centro-Oeste e o Norte estavam no domínio do PSDB antes, e o Nordeste tinha uma forte presença do PFL, que, nessa última eleição, perdeu signifi cativamente sua força. O Sudeste continuou com a maioria de municípios com prefeituras do PSDB, e o Sul também manteve sua tendência de forte presença do PMDB.

Tabela 16 – Força dos partidos por Região Partidos Centro-Oeste Norte Nordeste Sudeste Sul PMDB 107 120 338 245 392 PSDB 68 46 194 383 95 PT 41 65 136 189 128 DEM 42 40 154 187 77 PP 71 23 122 97 242 PTB 14 26 184 134 56 PDT 14 20 123 87 102 PSB 9 15 206 55 26 Outros 100 94 337 291 70 Total 466 449 1.794 1.668 1.188

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 133

Em 2008, o PT continuou se mantendo como o partido com maior força nos maiores municípios do país. Porém, a segunda posição foi alterada, pois o PMDB ultrapassou o PSDB, fi cando cada um com 15 e 13 prefeituras, respectivamente. Quanto ao poder nas capitais, o PMDB também empatou com o PT, que tem forte tendência em dominar a maioria das capitais. Dessa vez, cada um desses partidos fi cou com 6 capitais, sendo que o PSDB perdeu força, fi cando com 4 capitais.

Tabela 17 - Municípios com mais de 300 mil habitantes

Partidos Centro-Oeste Norte Nordeste Sudeste Sul Totais PMDB 3 1 2 6 3 15 PSDB 1 - 3 7 2 13 PT 1 2 3 13 2 21 DEM - - 1 3 - 4 PP - - 1 1 3 5 PTB - 2 - 1 - 3 PDT - 1 - 4 1 6 PSB - - 2 4 - 6 Outros - - 4 3 - 7 Total 5 6 16 42 11 80

Tabela 18 – Presença dos partidos nas capitais e no interior

Partidos Capital Interior Totais PMDB 6 1.196 1.202 PSDB 4 782 786 PT 6 553 559 DEM 1 499 500 PP 1 554 555 PTB 2 412 414 PDT 1 345 346 PSB 3 308 311 Outros 2 889 891 Total 26 5.538 5.564

134 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 135

A DINÂMICA DA VIOLÊNCIA NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS

Esse estudo objetiva compreender a questão da mortalidade violenta baseado nos homicídios cometidos em cada município do país. Tais indicadores de violência assumem variações marcantes de acordo com os perfi s das regiões onde ocorrem.

O Brasil possui localidades críticas de incidência de mortes violentas. Geralmente, trata-se de municípios imersos em determinados e distintos contextos, tais como: proximidade a fronteiras internacionais; litorâneos de médio e grande porte; grande população e alto Produto Interno Bruto (PIB); regiões de confl itos agrários; e zonas com forte sistema de pistolagem.

Busca-se aqui observar de forma detalhada as regiões, os estados e os municípios com incidência mais e menos crítica de violência, como forma de orientar os gestores municipais na busca da prevenção e na melhor resolução desse tipo de confl ito social, tão presente na sociedade brasileira.

1 Introdução

Em países como o nosso, onde não há guerra ou confl itos armados, mas existem altos índices de mortes por armas de fogo, acredita-se que a violência está diretamente relacionada com a pobreza, a concentração de renda, a má organização e corrupção no aparato de segurança pública e a muitos outros fatores primários, secundários e terciários. Existem municípios brasileiros com índices de violência armada comparáveis a regiões que vivenciam confl itos e guerras. A propósito, existe um número ainda maior de municípios que há três anos não vivenciam qualquer tipo de homicídio. Em um país em que fi guram tantas culturas diferentes, impera também o paradoxo da violência.

No Brasil, todo o aparato de segurança pública não é gerido e executado pelo município. Trata-se de uma área que continua sendo administrada integralmente pela União e pelos Estados da Federação. A polícia federal e as polícias rodoviária e ferroviária federal são mantidas e organizadas pela União. Já as polícias civis, militares e corpos de bombeiros subordinam-se aos governadores dos estados.

Geralmente, as atividades da área de segurança pública são planejadas sem a participação da comunidade e dos governos municipais, que sofrem um distanciamento indesejável entre o problema e a capacidade para resolvê-lo de acordo com as características locais. No entanto, é no município que a criminalidade e a violência são vivenciadas e é ali que recaem os custos sociais e econômicos desse problema social.

Ao menos R$ 15,8 bilhões são gastos ao ano com as conseqüências advindas dos altos índices de violência armada no Brasil, que apresenta uma média de 25 homicídios por 100 mil habitantes,5 uma das mais altas do mundo. O Brasil só fi ca atrás de alguns outros países da América Central e Sul e do Sul da África. Colômbia, El Salvador, Guatemala, Jamaica, África do Sul e Venezuela possuem as mais altas taxas de homicídios do mundo, que variam entre 37 (Venezuela) e 59 (El Salvador) por 100 mil habitantes. Entre os países em guerra, Iraque e Somália apresentam o maior número de mortes. O Iraque, em 2007, estava na média de 78; e a Somália, 74 hom./100.000.6

Os gastos com toda essa violência envolvem custos diretos e indiretos. Os custos diretos são relacionados às diárias hospitalares, aos médicos, ao transporte de pacientes, aos remédios, às consultas,

5 Dados disponibilizados de acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em setembro de 2008, pelo relator especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias ou Extrajudicias.6 Global Burden of Armed Violence. Geneva Declaration Secretariat, Geneva 2008.

14

136 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

ao policiamento, às prisões, aos processos judiciais, à segurança privada etc. Já os custos indiretos envolvem perda de produtividade em ganhos monetários e tempo, perda de capital social, seguro de vida, proteção indireta e perda de qualidade de vida ligadas a ferimentos, medo e insegurança. Todos esses gastos consomem de 10% a 15% do PIB do país.7

As despesas com internações por violência custam milhões aos governos anualmente, principalmente as internações de pacientes vítimas de armas de fogo. Os hospitais públicos e particulares conveniados ao SUS registram milhares de internações por acidentes e violência. Alarmado com o peso das armas de fogo nas estatísticas de mortes e nas despesas hospitalares, o Ministério da Saúde (MS) e secretários estaduais e municipais da área lançaram a Carta da Saúde pelo Desarmamento em 2004, com o objetivo de distribuí-la à rede hospitalar do país, com vistas a melhorar o atendimento às vítimas da violência e estimular a campanha do desarmamento coordenada pelo Ministério da Justiça (MJ).

Total de Homicídios no Brasil por ano

44000

45000

46000

47000

48000

49000

50000

51000

52000

2002 2003 2004 2005 2006

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) – Ministério da Saúde (MS).

1.1 O papel dos prefeitos no combate ao crime

Grande parte das despesas com os custos diretos e indiretos da violência recai nos municípios, principalmente os gastos referentes à saúde e os gastos com manutenção do sistema de segurança pública estadual, que engloba as polícias civis e militares. Esses gastos com segurança pública abrangem despesas, como a cessão de funcionários administrativos, de limpeza e pessoal não estratégico, o empréstimo de prédios, o apoio material e até mesmo o uso da estrutura logística municipal. No entanto, tais gastos não são de competência dos municípios, tendo estes que utilizar seus próprios recursos orçamentários para a manutenção de um aparato de responsabilidade estadual e federal. Esse é um dos principais pontos nodais da segurança pública hoje no Brasil. Os prefeitos não têm poder algum para administrar as polícias que atuam em seus municípios e ainda acabam, muitas vezes, arcando com despesas que não são suas.

Entre esses custos que acabam fi cando por conta das prefeituras e que não são de sua responsabilidade estão o auxílio-moradia para o policial militar ou civil em sua cidade, sua a alimentação, doação de combustível para viaturas da polícia, doação de munição para o armamento dos policiais e muitas outras formas de auxílio para que a segurança pública possa exercer minimamente suas atividades.

O principal problema de arcar com esses custos é que o município não tem competência constitucional para atuar nessa área, e o prefeito que é impelido a auxiliar a segurança está cometendo uma irregularidade que pode gerar um problema jurídico para ele e seu município, apesar do mérito da ação.

Embora os municípios não tenham um papel determinante na organização e na administração da segurança pública, eles podem, de contrapartida, atuar na prevenção e na diminuição da criminalidade local. A redução da violência não requer apenas os esforços do sistema de segurança pública e de justiça criminal. Pode haver também um trabalho conjunto nessa trajetória, que envolve diretamente os gestores municipais em parceria com a comunidade local.

7 Ibidem.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 137

A participação efetiva do poder municipal no momento da prevenção à violência é essencial, principalmente no que tange à prevenção primária. Esse tipo de prevenção envolve ações focadas em fatores sociais, econômicos, psicológicos e ambientais. Como exemplos dessas ações, foram citadas as políticas públicas de geração de empregos, de inclusão social, de renda mínima, de saúde pública, de inclusão escolar e combate ao abandono escolar, de revitalização de espaços públicos, particularmente nas áreas de risco ou de exclusão, entre outras.

Seguindo essa linha de prevenção primária, Magalhães (2008) traz exemplos de ações bem interessantes como:

a) Perímetros escolares fi scalizados para coibir a venda de bebidas alcoólicas nos bares e nos restaurantes próximos às escolas municipais, objetivando a diminuição da evasão escolar durante os horários de aula (ação em parceria com a polícia militar).

b) Intensifi cação das linhas de ônibus nos horários de saídas das escolas para facilitar o retorno seguro e rápido dos jovens estudantes às suas residências.

c) Programas comunitários de educação desportiva nas quadras públicas de escolas municipais para os jovens das comunidades no horário compreendido entre as 20 e 24 horas, horários endêmicos da criminalidade juvenil.

d) Reurbanização de locais com focos de criminalidade (praças e logradouros públicos).8

Existe também outra esfera de ação, que são as políticas focadas na prevenção da reincidência, tais como projetos de ressocialização dos egressos do sistema prisional, projetos educativos e profi ssionalizantes para jovens e adolescentes moradores de rua, vítimas ou agentes da violência urbana, tratamento de dependentes químicos e alcoólicos.

Um interessante exemplo vem da Colômbia, que nos últimos dez anos tornou-se uma referência em políticas de enfrentamento à violência. Bogotá e Medellín, que até os anos 1990 eram exemplos de caos e violência urbana, conseguiram controlar a criminalidade na última década. O número de homicídios por cada 100 mil habitantes em Bogotá, que era de 80, é hoje de 23. Em Medelín, esse índice que era de 360 há dez anos caiu para 29,4, em 2006.

Essas duas cidades diminuíram incrivelmente seus índices de violência a partir de ações coordenadas pelos prefeitos em parceria com sociólogos, a sociedade civil e o governo federal. Esse último participou promovendo programas de erradicação da pobreza e uma profunda reforma da polícia nacional, incluindo e modernização do exército com a criação de uma unidade de alta efi ciência para entrar em cena em zonas municipais de narcotráfi co quando os prefeitos acharem necessário. Bogotá tornou-se uma das cidades mais bem policiadas da América Latina.

Nesse processo, os prefeitos tornaram-se atuantes e assumiram a liderança. A legislação colombiana é diferente da brasileira e preconiza que o prefeito é o chefe da polícia, fator que auxilia o poder municipal a tornar-se mais presente e ativo no combate ao crime. No entanto, uma gama de medidas de grande impacto social, que não depende da liderança do aparato de segurança pública, foi tomada. Uma das ações mais impactantes e com bons resultados foi a instalação de mega bibliotecas, modernos centros de lazer e transporte público efi ciente no coração das grandes favelas de Bogotá. Tais obras são levantadas rapidamente após a invasão dessas regiões e da prisão dos dirigentes do narcotráfi co local, ação feita em parceria com o governo federal que criou a brigada antinarcóticos do exército. Em Medellín, em uma perigosa zona de banditismo, prostituição e desova de cadáveres foi construído um belíssimo Jardim Botânico servido por estação de metrô, que oferece campo aberto para pesquisa.

8 MAGALHÃES, Luiz Carlos. O poder municipal e a segurança pública. Academia Brasileira de Direito, 2008. Disponível em <http://www.abdir.com.br/doutrina/ver.asp?art_id=1501&categoria=Poder Executivo> Acesso em :5 nov. 2008.

138 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Nota-se que essas e muitas outras ações de impacto social foram criadas em um país que possui um PIB per capita bem inferior ao do Brasil. Para fi nanciar tais reformas urbanas foi utilizado um sistema de captação de recursos junto a outros países. E o mais importante, os prefeitos adotaram um plano de transparência nos gastos públicos e demonstraram que suas receitas não eram sufi cientes para investir na cidade de forma signifi cativa. Se não encontrassem uma forma de aumentar a receita, não poderiam enfrentar a criminalidade. Assim, Bogotá conseguiu criar dois novos impostos, sendo um obrigatório (na conta de telefone), e outro voluntário (no imposto residencial). Com isso, a receita para investimentos sociais em segurança saltou de US$ 5 milhões para US$ 52 milhões em dez anos. Como os bons resultados são mundialmente visíveis, a sociedade não duvida que esse dinheiro esteja sendo bem aplicado.9

No Brasil, tem-se o exemplo de Diadema, município da Região Metropolitana de São Paulo, com cerca de 380 mil habitantes, segunda maior densidade demográfi ca do país, altos índices de desemprego e violência. Em 2000, a nova administração determinou que a segurança pública seria prioridade e criou uma Secretaria Municipal de Defesa Social de Diadema, o ponto de partida para formulação da política municipal de segurança da cidade. Foi criado também o Fundo Municipal de Segurança e o Conselho Municipal de Segurança. A guarda municipal foi um instrumento importante nos planos, recebeu aumento signifi cativo dos salários e aumento de 70% do efetivo em quatro anos. Em um trabalho de cooperação entre prefeitura, guarda municipal e órgãos de segurança estaduais resultou o mapeamento das ações criminosas em Diadema. A partir daí algumas políticas foram implementadas, como a Lei Seca e a lei que regulou as atividades de bares e similares, proibindo seu funcionamento das 23 horas às 6 horas. Com a Lei Seca e o fechamento dos bares também diminuíram muito as taxas de violência doméstica contra as mulheres. Outras intervenções foram a rígida fi scalização do comércio e da ocupação dos espaços públicos e a implantação pioneira de programas de desarmamento, principalmente a educação infantil contra o desarmamento. Nas três campanhas anuais feitas foram arrecadadas 12 mil armas de brinquedo. Adolescentes residentes em áreas de risco podem participar do Programa Adolescente Aprendiz, em que jovens estudantes de 14 a 15 anos recebem uma bolsa de R$ 130,00 e participam de cursos de cidadania, convivência, sexualidade, administração, entre outras áreas. Para as mulheres que já sofreram agressões existe uma casa para atendimento psicológico e social e cursos que servem como alternativas de trabalho e renda.

Um segundo plano foi elaborado pela Prefeitura de Diadema em parceria com a sociedade civil e o Instituto Sou da Paz, garantindo a execução da Campanha Juventude Viva, que busca controlar o consumo de álcool por crianças e adolescentes. Voluntários, funcionários municipais e jovens percorrem diariamente os bares e os estabelecimentos comerciais para sensibilizar e alertar os comerciantes sobre a proibição da venda de bebidas alcoólicas para adolescentes. Após o início dessas campanhas no município, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes foi caindo ano a ano, reduzindo de 110,3 em 1999 para 31,8 em 2006.

Esses exemplos anteriormente citados, tanto da Colômbia, como do Brasil, mostram que prefeitos também podem agir ativamente contra o crime nas cidades.

No Brasil, ainda estão “engatinhando” alguns programas federais que buscam uma maior aproximação com os municípios. O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) é um deles. Esse programa prevê uma articulação entre União, Estados e Municípios na execução de ações de prevenção, controle e repressão à violência. O público-alvo são os jovens de 15 a 24 anos e os profi ssionais do sistema de segurança pública. Estão previstas ações locais como a instalação do Gabinete de Gestão Integrada Municipal e da Coordenação Executiva do Pronasci, implantação de Conselhos Comunitários de Segurança Pública, instalação de equipes multidisciplinares locais, criação do canal comunidade para consumidores e reorganização de espaços urbanos.

No entanto, esse programa tem como foco de ações apenas regiões metropolitanas com alto número de homicídios e outros delitos violentos. Atualmente apenas 11 Estados e o Distrito Federal contam com determinadas ações do Pronasci, quais sejam: Alagoas, Acre, Bahia, Ceará, Distrito Federal e Entorno, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Nota-se que os estados da Região Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás), que são os que possuem as maiores taxas de homicídio do país, não estão ainda incluídos no Pronasci.

9 RODRÏGUEZ, Ricardo Vélez. A Colômbia supera a violência urbana. Disponível em: <http://www.institutoliberal.org.br/conteudo/download.asp?cdc=1953>. Acesso em: 14 dez. 2008.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 139

2 Considerações metodológicas

Os indicadores de mortalidade violenta utilizados neste estudo foram consolidados com base nas médias de homicídio municipais por 100 mil habitantes,10 que tiveram como fonte os atestados de óbitos registrados em 2004, 2005 e 2006 junto ao Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.11 As análises das taxas médias de homicídios obtidas foram feitas seguindo os seguintes critérios: divisões dos municípios por região, por estados, por portes populacionais e por localização geográfi ca específi ca (municípios de linha e de faixa de fronteira, municípios litorâneos). Essa divisão dos municípios por grupos foi necessária para identifi car os pólos de violência mais e menos intensa.

Em um segundo momento, na intenção de buscar alguns possíveis determinantes da violência homicida, cruzamos a base de dados de taxas médias de homicídios por município com alguns indicadores sociais e econômicos signifi cantes nesse contexto. Ao selecionar tais indicadores, elegem-se quatro conjuntos de variáveis que poderiam ser capazes de afetar o quadro criminológico em determinado local, quais sejam: educação [número de matrículas escolares e Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB12) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) do Ministério da Educação (MEC)]; segurança (número de delegacias civis, da mulher e da criança por município – Munic 2006/IBGE); saúde (média de consultas médicas – Datasus/MS); econômico (número de trabalhadores formais do município e PIB per capita do município); e a média municipal do IRFS Social dos anos de 2004/2005/2006.

O IRFS é o Índice de Responsabilidade Fiscal, de Gestão e Social dos municípios do Brasil, elaborado anualmente pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Para o cálculo referente à responsabilidade social dos municípios, a CNM recorre a dois indicadores relacionados aos setores de saúde e educação. Na área de saúde é buscado junto ao Datasus a Média de Consultas Médicas por habitantes em determinado ano, o porcentual de cobertura vacinal e a taxa de mortalidade infantil. Para o cálculo do indicador de educação é buscado junto ao Banco de Dados do Censo Escolar do Inep a quantidade de matrículas da rede municipal de ensino (que é dividida pela população do município); também é usada a taxa de abandono escolar da rede municipal de ensino do MEC e o porcentual de professores atuando nas escolas municipais com curso superior.

3 As variações da mortalidade violenta no Brasil

As taxas médias municipais de homicídios no Brasil variam de 0 a 107 por 100 mil habitantes,

assumindo um valor mais ou menos intenso de acordo com uma gama de características locais que abrangem fatores como quantidade de habitantes, localização geográfi ca, concentração de renda, grandes falhas no sistema de segurança pública, entre outras.

Ao analisar essas médias em todos os municípios brasileiros observa-se que há uma parcela signifi cativa de municípios com taxa nula de homicídios nos últimos três anos analisados. Esse grupo abrange 22% dos municípios brasileiros, totalizando 1.250 cidades, que serão analisadas a seguir. Na faixa de 0,1 a 10,0 homicídios por 100 mil habitantes estão situados 1.875 municípios, sendo o maior grupo, abarcando 34% do território nacional. Ou seja, diante desses dois grupos, vê-se que 56% dos municípios possuem uma média considerada relativamente baixa (de 0 a 10 hom./100 mil hab.).

No terceiro grupo, com médias que variam entre 10,1 e 25,0 situam-se 1.679 municípios, abarcando 30% do território nacional. O último grupo, que engloba os municípios com taxas médias de homicídio acima

10 Para os municípios com população abaixo de 3.000 habitantes, a média utilizada foi de 5 anos – 2002/2006.

11 A base de dados com os números e médias de homicídios municipais de 2002 a 2006 utilizadas neste estudo foram gentilmente cedidas por Julio Jacobo Waiselfi sz, autor do “Mapa da violência dos municípios brasileiros 2008”, uma publicação com parceria entre Ritla, Instituto Sangari, Ministério da Justiça e Ministério da Saúde. 12 O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) em 2007 e avalia a qualidade da educação considerando tanto as informações de desempenho em exames padronizados como as de fl uxo escolar. Disponível em: <http://portalideb.inep.gov.br>.

140 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

de 25 por 100 mil habitantes é considerado o grupo crítico, pois tais médias situam-se acima da média nacional, que é de 25 hom./100 mil habitantes. Esse grupo possui 760 municípios, o que equivale a 14% do país, que será analisado detalhadamente mais à frente.

Médias de Homicídios no Brasil

22%

34%

30%

14%Municípios com média 0,0

Municípios com média 0,1 a 10,0

Municípios com média 10,1 a 25,0

Municípios com média acima de 25,0

3.1 Homicídios por região

O gráfi co de taxas médias de homicídios por regiões do país mostra que a Região Centro-Oeste é a que possui a maior média, alcançando 19,8 homicídios por 100 mil habitantes. No entanto, existem alguns outros Estados com indicadores bem altos em outras regiões. A Região Centro-Oeste engloba o Mato Grosso, que está na faixa crítica de violência, e o Mato Grosso do Sul, que está na segunda faixa mais crítica (ver tabela de estados a seguir). Essa região possui 27% dos seus municípios com níveis altos de mortes violentas, que ultrapassam 25,0/100 mil habitantes.

A Região Norte aparece como a segunda região com maior taxa média de homicídios (15,9 hom./ 100 mil hab.), possuindo 22% dos seus municípios com níveis altos. As Regiões Nordeste (11,5), Sudeste (11,3) e Sul (11,2) não aparecem com médias tão elevadas, embora também possuam estados e muitos municípios com médias acima da nacional.

MÉDIAS DAS TAXAS DE HOMICÍDIO POR REGIÃO

15,9

11,5

19,8

11,3

11,2

Norte Nordeste Centro Oeste Sudeste Sul

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 141

Tabela 1 - Taxas de Homicídio acima da média nacional por região (média > 25/100 mil Hab.)

Região Total de

Municípios Municípios com Média

acima da nacional Porcentagem Norte 449 97 22% Nordeste 1793 223 12% Centro Oeste 466 128 27% Sudeste 1668 186 11% Sul 1188 126 11%

3.2 Homicídios por estado

Segundo a análise das médias de homicídios por estado, observa-se que existe um grupo de Estados que estão em um patamar crítico nesse contexto de violência (Rio de Janeiro, Pernambuco, Rondônia, Mato Grosso, Roraima e Amapá). Tais estados possuem uma média acima da nacional e possuem um grande número de municípios em nível crítico, que chegam a ultrapassar a média de 80 homicídios por 100 mil habitantes, números que superam países em guerra como o Iraque, que apresentava, em 2007, 76 homicídios por 100 mil habitantes.

Na tabela a seguir, também foram contabilizadas os percentuais de municípios com médias abaixo de 5,0, e seis estados em nível crítico também são os que menos possuem municípios com baixos níveis de violência homicida. Roraima e Amapá nem sequer possuem municípios com taxas abaixo de 5,0.

Entre os estados com menor grau de concentração de violência homicida destaca-se o Maranhão. Esse estado possui mais da metade de seus municípios (57%) com taxa média abaixo de 5,0, tendo uma média geral de 5,9 homicídios por 100 mil habitantes. Os outros estados com baixos níveis desse tipo de violência são Santa Catarina (7,2), Amazonas (8,0), Rio Grande do Norte (8,1), Paraíba (8,1), Minas Gerais (8,4), Bahia (8,9) e Rio Grande do Sul (9,7).

Veja na tabela 2 a média de homicídios de todos os Estados, seguida da porcentagem de municípios com baixos índices e a porcentagem dos municípios com altos índices de violência homicida.

142 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 2 - Médias de Homicídios e Proporção de Municípios mais e menos violentos por Estado

Estados Qtde.

Municípios

Taxa Média Hom. 100 mil

hab. % Municípios com

Taxa <5,0 % Municípios com Taxa

>25,0 Rio de Janeiro 92 31,0 4% 49% Pernambuco 184 28,9 5% 51% Rondônia 52 28,6 2% 44% Mato Grosso 141 28,0 4% 46% Roraima 15 26,8 0% 40% Amapá 16 25,4 0% 56% Espírito Santo 78 24,9 4% 33% Mato Grosso do Sul 78 23,9 4% 33% Alagoas 102 23,1 5% 37% Pará 143 17,9 41% 27% Paraná 399 15,9 21% 20% Piauí 223 15,7 54% 2% Sergipe 75 15,2 17% 20% Goiás 246 13,7 24% 15% Acre 22 13,2 32% 23% Ceará 184 12,4 20% 10% Tocantins 139 10,9 34% 9% São Paulo 645 10,6 33% 10% Rio Grande do Sul 496 9,7 36% 7% Bahia 417 8,9 48% 8% Minas Gerais 853 8,4 43% 6% Paraíba 223 8,1 42% 5% Rio Grande do Norte 167 8,1 38% 2% Amazonas 62 8,0 44% 5% Santa Catarina 293 7,2 48% 4% Maranhão 217 5,9 57% 2%

4 Análises dos municípios com taxa nula de homicídios (taxa 0,0 hom./100 mil hab.)

No Brasil, existe um total de 1.250 municípios com níveis de violência por homicídios extremamente baixos, pois o cálculo da média dos três últimos anos resultou na média 0 homicídios a cada 100 mil habitantes.

Esses 1.250 municípios trazem o seguinte perfi l:

Equivalem a • 22% do território nacional e estão presentes em todas as regiões, mas não em todos os estados.Não estão presentes em Roraima e no Amapá.• A maior parte está • presente nas regiões mais desenvolvidas do país: Sudeste (26%) e Sul (26%).Possuem • pequeno e médio porte populacional, com uma população que varia de 864 a 37.342 mil habitantes. Embora esteja mais concentrado nas Regiões Sul e Sudeste• , o estado que possui a maior porcentagem de municípios com taxa zero é o Piauí (43% dos seus municípios). Estão também presentes em grande proporção em Santa Catarina (33% do estado).• Possuem uma média de PIB • per capita bem menor (R$ 6.850,00) em comparação aos PIBs dos municípios com altos índices de violência13 (R$ 9.104,00). Ou seja, tal característica indica uma possível menor concentração de renda nesses municípios sem homicídios.

13 Os municípios mais violentos mencionados nessas comparações são aqueles que possuem médias de homicídios maiores que 25,0 — totalizando 760 municípios.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 143

Apresentam média de Índice de Responsabilidade Social (IRS) • − indicadores de saúde e educação = 0,56 − mais elevada do que a média de IRS dos municípios mais violentos (0,52). Apresentam média de • Ideb de 3,8, enquanto os municípios com maior violência apresentam média de 3,5. Apenas • quatro desses municípios possuem delegacia da mulher (0,3%), sendo que 18% dos municípios mais violentos possuem uma DDM. Cerca de 30% desses municípios não tem ao menos delegacias civis. •

Tabela 3 - Taxa de Homicídio 0,0/100 mil hab. por Região

Região Total de

Municípios Municípios com média 0 Porcentagem Norte 449 81 18% Nordeste 1793 369 21% Centro Oeste 466 56 12% Sudeste 1668 430 26% Sul 1188 309 26%

Tabela 4 - Índice de Homicídios 0,0 – por Estado

UF Total de Municípios

no Estado Municípios com

Média 0,0 Percentagem PI 224 93 43% SC 293 97 33% MG 853 270 32% PB 223 70 31% RS 496 152 31% MA 217 65 30% TO 139 41 29% RN 167 48 29% SP 645 156 24% GO 246 49 20% PA 143 26 18% AM 62 11 18% BA 417 67 16% PR 399 61 15% SE 75 11 15% AC 22 3 14% CE 184 10 5% ES 78 3 4% MT 141 5 4% PE 184 5 3% MS 78 2 3% RJ 92 2 2% AL 102 2 2% RO 52 1 2% AP 16 0 0% RR 15 0 0% Total 5.563 1250 ---

144 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

5 Análise dos municípios com as maiores taxas de homicídios

Neste capítulo foi feita a seleção dos municípios brasileiros que possuem taxas médias de homicídio acima da média nacional, ou seja, acima de 25 hom./100 mil habitantes. Existe no país um total de 760 municípios com tais médias consideradas altas, que vão de 25,1 a 107,2 hom./100 mil habitantes.

Esses 760 municípios estão presentes em todas as regiões do país. Trata-se de municípios de todos os portes populacionais, com populações que variam de 802 a 10.761.191 habitantes. Nem sempre se trata de municípios violentos, com alta mortalidade, pois a média de homicídios é calculada com base na população e na projeção desta para 100 mil habitantes. Nesse caso, municípios com população muito pequena e que sofreram cerca de 1 ou 2 homicídios por ano ganham uma média de homicídios bem elevada, fi cando classifi cados no ranking das maiores taxas.

Nota-se que há um número signifi cativo dessa classe de municípios que está localizado em fronteiras internacionais ou próximo a fronteiras internacionais, sendo chamados de municípios linha de fronteira e faixa de fronteira. Existem 114 (15%) dos 760 municípios classifi cados aqui que são de fronteira ou próximos a fronteiras internacionais, geralmente sendo de pequeno e médio porte. Tal dado pode indicar a interferência do crime organizado nessas municipalidades, decorrente do intenso tráfi co de drogas, de armas e de pessoas que passam por essas regiões.

Percebem-se também as altas taxas de homicídios entre os municípios litorâneos. Entre os 760 municípios que possuem médias acima da nacional, 93 são litorâneos (12%) e possuem maior porte populacional. Tal fato também pode estar relacionado ao tráfi co de drogas, muito presente no litoral brasileiro, que atrai grande número de trafi cantes de outros países por causa de sua grande extensão e presença de inúmeras ilhas e enseadas, que difi cultam a repressão policial, também famosa por ser praticamente ausente no Brasil.

Tais fatos supramencionados mostram que quase 1/3 dos municípios com maiores taxas médias de mortalidade violenta do país são fronteiriços ou litorâneos.

A Região Centro Oeste é a localidade com a maior proporção de cidades nesse ranking de 760 (27% dos seus municípios). Em segundo lugar vem o Norte, com 22% de seus municípios nesse patamar. As regiões que menos agregam esses municípios são a Sudeste e a Sul. Veja a tabela a seguir:

Tabela 5 - Municípios mais violentos por Região

Região Total de

Municípios Qtde. Municípios +

violentos Porcentagem Norte 449 97 22% Nordeste 1793 223 12% Centro Oeste 466 128 27% Sudeste 1668 186 11% Sul 1188 126 11%

Quanto à divisão por estado, nota-se que Amapá, Pernambuco, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Rondônia são os estados que se sobressaem nesse tipo de violência. Em números absolutos, Pernambuco fi ca com a maior quantidade desses municípios (93), sendo Recife a capital mais violenta do país.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 145

Tabela 6 - Municípios mais violentos por Estado (760 municípios com médias acima de 25,0)

UF Total de Municípios

no Estado Qtde. Municípios

+ violentos Porcentagem AP 16 9 56% PE 184 93 51% RJ 92 45 49% MT 141 65 46% RO 52 23 44% RR 15 6 40% AL 102 38 37% ES 78 26 33% MS 78 26 33% PA 143 38 27% AC 22 5 23% SE 75 15 20% PR 399 78 20% GO 246 36 15% SP 645 67 10% CE 184 18 10% TO 139 13 9% BA 417 34 8% RS 496 36 7% MG 853 48 6% PB 223 12 5% AM 62 3 5% SC 293 12 4% RN 167 4 2% MA 217 5 2% PI 224 4 2%

Total 5.563 759

5.1 Cidades pequenas com altas médias

Ao analisar o porte populacional dessas localidades com altos índices de homicídios nota-se que 47% dos mesmos são municípios de pequeno porte, totalizando 358 cidades com população até 20 mil habitantes. Tais localidades são exceções e contrariam a tendência dos municípios pequenos de apresentarem índices baixos ou nulos de homicídios.

A maioria dessas pequenas cidades está na Região Centro-Oeste, mais especifi camente no Mato Grosso, e chega a alcançar taxas médias de mais de 100 homicídios por 100 mil habitantes. O segundo estado a abrigar parcela signifi cativa desses municípios é o Paraná. O fato de acontecer dois ou três homicídios por ano nesses municípios pequenos permite que suas médias por população fi quem bem altas.

Veja na tabela 7 a relação dos municípios de pequeno porte (até 20 mil habitantes) com média de homicídio que ultrapassa 50,0.

146 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tabela 7 - Municípios de até 20.000 hab. com média > 50,0

Município UF Região População Média de

Homicídios Coronel Sapucaia/MS MS Centro Oeste 14.251 107,2 Colniza/MT MT Centro Oeste 14.149 106,4 Itanhangá/MT MT Centro Oeste 4.337 105,7 Juruena/MT MT Centro Oeste 8.333 91,3 Tunas do Paraná/PR PR Sul 5.601 90,1 Chupinguaia/RO RO Norte 7.004 85,9 Nova Ubiratã/MT MT Centro Oeste 7.317 82,4 Rio Bonito do Iguaçu/PR PR Sul 14.117 80,1 Alto Alegre/RR RR Norte 14.622 76,9 Cumaru do Norte/PA PA Norte 9.295 76,7 Gaúcha do Norte/MT MT Centro Oeste 5.430 75,6 Ilha de Itamaracá/PE PE Nordeste 17.214 71,9 Aral Moreira/MS MS Centro Oeste 8.877 70,9 Maurilândia/GO GO Centro Oeste 10.657 69,3 Nova Ipixuna/PA PA Norte 13.160 68,0 Japorã/MS MS Centro Oeste 6.969 65,7 Flores de Goiás/GO GO Centro Oeste 10.285 65,6 Cotriguaçu/MT MT Centro Oeste 12.681 64,7 Santa Cruz de Minas/MG MG Sudeste 7.319 64,0 Santa Terezinha de Itaipu/PR PR Sul 19.430 62,2 Campo Novo de Rondônia/RO RO Norte 11.939 61,7 São José do Xingu/MT MT Centro Oeste 4.430 61,6 Santa Cruz do Xingu/MT MT Centro Oeste 1.483 61,0 Tamandaré/PE PE Nordeste 17.780 60,9 Nova Maringá/MT MT Centro Oeste 5.143 57,8 Aripuanã/MT MT Centro Oeste 19.086 57,7 Conquista D'Oeste/MT MT Centro Oeste 2.947 57,5 Querência/MT MT Centro Oeste 9.958 57,2 Espigão Alto do Iguaçu/PR PR Sul 5.173 57,2 Nova Bandeirantes/MT MT Centro Oeste 11.927 57,1 Alto Rio Novo/ES ES Sudeste 6.329 56,8 Iracema/RR RR Norte 5.434 56,3 São João d'Aliança/GO GO Centro Oeste 7.972 55,6 Barbosa Ferraz/PR PR Sul 13.485 55,2 Guaraniaçu/PR PR Sul 16.167 55,1 Apiacás/MT MT Centro Oeste 7.634 54,7 Pirapó/RS RS Sul 3.032 54,5 Nova Tebas/PR PR Sul 8.836 54,2 Tabaporã/MT MT Centro Oeste 9.891 52,9 Guaribas/PI PI Nordeste 4.400 52,5 Teresina de Goiás/GO GO Centro Oeste 2.723 52,3 Jupi/PE PE Nordeste 12.994 52,2 Entre Rios do Sul/RS RS Sul 3.155 52,0 Brejo Grande do Araguaia/PA PA Norte 7.331 51,3 Campo Novo/RS RS Sul 5.708 50,9 Coronel Domingos Soares/PR PR Sul 7.301 50,6

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 147

5.2 O ranking das capitais

Entre os municípios com as maiores taxas de mortalidade violenta do país estão presentes 24 capitais, incluindo Brasília. Existem apenas três capitais que não fi guram nesse meio: Boa Vista/RR (17,5 hom./100 mil hab.), Natal/RN (17,9) e Palmas/TO (19,3).

As cinco capitais mais violentas do país são: Recife/PE, Vitória/ES, Maceió/AL, Porto Velho/RO e Belo Horizonte/MG (ver tabela 8).

Tabela 8 – Ranking das capitais

Ranking Capital UF Região População Taxa Hom/100

mil hab. 1 Recife PE Nordeste 1.512.810 90,5 2 Vitória ES Sudeste 308.054 87,0 3 Maceió AL Nordeste 864.322 80,9 4 Porto Velho RO Norte 363.610 68,4 5 Belo Horizonte MG Sudeste 2.375.969 56,6 6 João Pessoa PB Nordeste 663.542 46,7 7 Cuiabá MT Centro Oeste 517.563 45,2 8 Rio de Janeiro RJ Sudeste 6.024.961 44,8 9 Curitiba PR Sul 1.771.818 44,7

10 Aracaju SE Nordeste 510.324 44,4 11 Macapá AP Norte 333.186 40,8 12 Porto Alegre RS Sul 1.406.555 39,5 13 Belém PA Norte 1.379.062 37,3 14 Salvador BA Nordeste 2.812.480 36,2 15 Goiânia GO Centro Oeste 1.220.194 36,1 16 Brasília DF Centro Oeste 2.393.131 33,3 17 Florianópolis SC Sul 380.803 32,8 18 Fortaleza CE Nordeste 2.389.695 32,7 19 Rio Branco AC Norte 285.838 32,0 20 Manaus AM Norte 1.565.813 31,5 21 São Paulo SP Sudeste 10.761.191 31,1 22 São Luís MA Nordeste 943.262 31,0 23 Teresina PI Nordeste 767.692 30,8 24 Campo Grande MS Centro Oeste 716.148 30,3

6 Análises por porte e indicadores sociais

Neste capítulo, dividem-se os 5.564 municípios do país em seis portes populacionais, a fi m de analisar os indicadores sociais de cada porte separadamente (ver tabela 9). A maioria dos indicadores sociais, no entanto, tendem a estar relacionados com o porte do município e não com a criminalidade presente.

Tal análise confi rma primeiramente, como já é sabido, a correlação positiva entre o crime e o porte dos municípios. Ou seja, a tendência é de que quanto maior a cidade, maiores tendem a ser as taxas médias de homicídios. Tal fato se explica devido à presença da combinação de alguns fatores que contribuem para a criminalidade nos grandes centros urbanos, tais como: maior concentração de renda, falta de planejamento familiar (que fi guram entre os fatores primários); maior proporção de favelas, maior proporção de desempregados, maior incidência do crime organizado, inconsistência da segurança pública, morosidade da justiça, impunidade (que estão entre os fatores fi nais), entre outros.

Quanto maior a cidade, também há a tendência de haver maior proporção de delegacias de polícia. Ou seja, a presença ou não de delegacias policiais no município não tem correlação com uma possível menor criminalidade, pois os municípios com os menores índices de violência, muitas vezes, nem sequer chegam a ter uma delegacia de polícia civil.

148 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Ao analisar o número de matrículas no ensino básico, fundamental e médio da rede pública de ensino (retiradas do senso escolar do Inep/MEC), nota-se que os municípios de portes cinco e seis (mais de 100 mil habitantes), que são aqueles com os maiores índices de violência homicida, possuem uma porcentagem menor de crianças e adolescentes matriculadas na rede de ensino público. Quanto ao Ideb, pelo contrário, as médias são melhores entre esses municípios de maior porte.

A evolução do número médio de consultas médicas (Datasus) apresenta uma trajetória contrária, sendo inversamente proporcional ao tamanho do município. Ou seja, quanto menor o porte do município e a taxa de homicídio, maior é a média de consultas médicas. Os municípios de porte 1 (até 5 mil habitantes) apresentam uma média de 2,2 consultas por habitante, enquanto os de porte 6 (mais de 300 mil habitantes) apresentam uma média de 1,2 consultas. Tal indicador mostra que os municípios de pequeno porte possuem maior cobertura na área de saúde, tendo os cidadãos maior acesso aos programas de saúde. Nos municípios de grande porte e mais violentos, a população tem menos acesso aos serviços de saúde, fator que pode agravar os quadros de morte por violência.

O PIB per capita possui uma correlação positiva com o porte dos municípios e as taxas médias de homicídio. A tendência geral é de que quanto maior o município, maior o PIB per capita. Os grandes e violentos centros urbanos possuem PIBs bem superiores aos dos pequenos municípios. Um maior PIB associado a uma extensa população em países subdesenvolvidos como o Brasil indica a probabilidade de intensa concentração de renda que, por sua vez, gera uma maior concentração de favelas, desemprego e criminalidade (ver as médias dos PIBs por porte na tabela 9).

O IRFS Social (CNM) trouxe outro resultado interessante, pois possui uma correlação negativa com o aumento dos portes e dos índices de homicídios. Ou seja, quanto maior e mais violento o município, menor é a média do IRFS Social, que está relacionado a indicadores de saúde e educação. Tal fato indica que os municípios de maior porte, que apresentam maior violência, apresentam piores indicadores de saúde, que são referentes à média de consultas médicas, cobertura vacinal, taxa de mortalidade infantil. E também possuem piores indicadores em educação, que se referem à quantidade de matrículas da rede municipal de ensino, taxa de abandono escolar e quantidade de professores atuando nas escolas municipais com curso superior.

Tabela 9 – Homicídios e indicadores sociais

Port

e

Nº H

abita

ntes

Nº M

unic

ípio

s

Taxa

Méd

ia d

e H

omic

ídio

s po

r 10

0 m

il ha

b.

Poss

ui D

eleg

acia

C

ivil

Poss

ui D

eleg

acia

C

rianç

a

Poss

ui D

eleg

acia

M

ulhe

r

Mat

rícul

as 0

6

IDEB

200

7

Méd

ia C

onsu

ltas

Méd

.

PIB

Per

Cap

ita

Índi

ce R

espo

ns.

Soci

al

Méd

ia

Trab

alha

dore

s

1 0 a 5.000 1.353 7,3 62% 0,2% 0,1% 30,4% 3,8 2,21 7.922,78 0,58 0,10

2 5.001 a 10.000 1.271 10,2 79% 0,8% 0,0% 32,4% 3,7 2,00 6.888,43 0,54 0,09

3 10.001 a 25.000 1.736 12,5 90% 1,3% 1,0% 33,6% 3,5 1,60 6.833,44 0,52 0,10

4 25.001 a 100.000 957 17,3 97% 4,8% 18,0% 33,8% 3,6 1,40 8.108,69 0,52 0,13

5 100.001 a 300.000 169 29,2 100% 20,1% 64,5% 30,6% 4,1 1,40 12.639,42 0,53 0,19

6 + de 300.000 78 38,9 100% 59,0% 94,9% 28,1% 4,1 1,20 13.950,73 0,51 0,23

Veja a seguir as tabelas em que constam os indicadores dos cinquenta municípios mais violentos e dos cinquenta municípios menos violentos de cada porte populacional.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 149

PORTE 1 (0 a 5.000 hab.)

Média Pop.

Média Homic.

Delega-cia PC

Dele-gacia

Criança

Dele-gacia

Mulher

MAT/Pop. 2006

IDEB 2007

Méd. Cons. Méd.

PIB per Capita

Índice Resp. Social

MédiaTra-balhadores/

Pop.50 +

violentos 3.661 39,4 34 0 0 34,6% 2,57 2,19 9.743,19 0,446 0,08

50 - violentos 3.915 6,79 34 0 0 30,5% 2,88 1,96 5.971,03 0,477 0,08

PORTE 2 (5.001 a 10.000 hab.)

Média Pop.

Média Homic.

Delega-cia PC

Dele-gacia

Criança

Dele-gacia

Mulher

MAT/Pop. 2006

IDEB 2007

Méd. Cons. Méd.

PIB per Capita

Índice Resp. Social

MédiaTra-balhadores/

Pop.50 +

violentos 7.307 51,9 38 1 0 34,2% 3,454 1,70 5.652,37 0,488 0,10

50 - violentos 9.293 3,57 43 0 0 32,7% 3,556 1,58 9.906,12 0,440 0,09

PORTE 3 (10.001 a 25.000 hab.)

Média Pop.

Média Homic.

Delega-cia PC

Dele-gacia

Criança

Dele-gacia

Mulher

MAT/Pop. 2006

IDEB 2007

Méd. Cons. Méd.

PIB per Capita

Índice Resp. Social

MédiaTra-balhadores/

Pop.50 +

violentos 16.775 57,5 43 3 0 36,1% 3,28 1,30 6.432,93 0,445 0,10

50 - violentos 19.475 1,75 47 1 0 35,8% 3,20 1,38 5.953,65 0,426 0,08

PORTE 4 (25.001 a 100.000 hab.)

Média Pop.

Média Homic.

Delega-cia PC

Dele-gacia

Criança

Dele-gacia

Mulher

MAT/Pop. 2006

IDEB 2007

Méd. Cons. Méd.

PIB per Capita

Índice Resp. Social

MédiaTra-balhadores/

Pop.50 +

violentos 56.306 60,5 51 3 6 35,9% 3,34 1,61 9.194,02 0,404 0,12

50 - violentos 39.123 1,48 46 1 3 37,4% 2,99 1,10 4.389,65 0,404 0,08

PORTE 5 (100.001 a 300.000 hab.)

Média Pop.

Média Homic.

Delega-cia PC

Dele-gacia

Criança

Dele-gacia

Mulher

MAT/Pop. 2006

IDEB 2007

Méd. Cons. Méd.

PIB per Capita

Índice Resp. Social

MédiaTra-balhadores/

Pop.50 +

violentos 172.759 53,1 50 9 29 31,8% 3,69 1,41 12.262,75 0,496 0,15

50 - violentos 156.310 10,3 49 12 35 29,9% 4,41 1,38 12.248,78 0,514 0,20

PORTE 6 ( mais de 300.000 hab.)

Média Pop.

Média Homic.

Delega-cia PC

Dele-gacia

Criança

Dele-gacia

Mulher

MAT/Pop. 2006

IDEB 2007

Méd. Cons. Méd.

PIB per Capita

Índice Resp. Social

MédiaTra-balhadores/

Pop.50 +

violentos 837.877 57,7 35 20 33 28,3% 3,77 1,16 13.303,26 0,467 0,22

50 - violentos 787.780 21,1 35 19 33 27,9% 4,48 1,38 14.578,91 0,531 0,23

150 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

DESAFIOS DA CRISE MUNDIAL: UMA ESTIMATIVA DO IMPACTO SOBRE AS FINANÇAS PÚBLICAS

O presente estudo, realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), prevê que o impacto da crise econômica sobre as receitas públicas pode ser muito mais forte do que a equipe do Ministério da Fazenda prevê, podendo chegar a uma arrecadação nominal da União em cerca de R$ 62 bilhões a menos se o PIB crescer apenas 2% acima da infl ação, em vez dos 4% esperados pelo governo. No âmbito das receitas municipais, essa diferença pode chegar a R$ 4,5 bilhões no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Espera-se que os cofres federais sejam os mais atingidos, mas a queda da lucratividade das empresas também afetará uma das principais fontes de receita dos municípios, que é o FPM, por causa da sua vinculação com o Imposto de Renda. Nos últimos três anos, a receita com FPM cresceu 58%, empurrada pelo crescimento de 60% do imposto de renda. Este por sua vez foi puxado pelo IR incidente sobre os lucros das empresas e ganhos de capital, que cresceu 63% no mesmo período. Assim, como os lucros cresceram acima das demais formas de renda nos últimos anos, agora são os que devem cair mais, afetando as receitas de União, Estados e Municípios.

Tudo vai depender do impacto sobre as variáveis,como produção, comércio, salários e lucro. Caso o governo não tivesse implementado o pacote anticrise de redução de impostos na quinta-feira última (11 de dezembro) e se forem assumidas as estimativas otimistas do governo de que o PIB vá crescer 4% acima da infl ação em 2009 e os lucros se mantenham crescendo a 5%, a carga tributária poderia inclusive aumentar no próximo ano, chegando a 38,2% do PIB, diante de uma estimativa de 37,9% para este ano. Com o pacote, projeta-se que a relação carga/PIB se mantenha em 2009 no mesmo patamar estimado para 2008, 37,9%, considerando o cenário otimista. Se o pacote não for sufi ciente para estimular a economia e o PIB crescer só 2%, com queda de 10% nos lucros, aí a carga tributária cairia para 36,3%, recuando para uma proporção menor que em 2007. Em um cenário intermediário, de crescimento de 3% da economia e lucros estagnados, a carga tributária fi caria em 37,2% do PIB.

O efeito da crise sobre o FPM pode ser mensurado a partir dos impactos sobre os dois impostos que servem para sua base de cálculo: o IPI e o IR. Considerando o cenário otimista do governo, PIB aumentando 4%, lucro 5% e massa salarial 14,06%, ao tomar em conta que o IPI é puxado pelo PIB, o IR incidente sobre trabalho pela massa salarial e o IR incidente sobre capital pela evolução dos lucros, calcula-se que o FPM fi caria (antes do anúncio do pacote) em torno de R$ 46,4 bilhões em 2009, valor 10,5% maior que a estimado para 2008. Já no quadro intermediário, moderado, o FPM seria de R$ 44,7 bilhões e, fi nalmente, na perspectiva pessimista, fi caria em R$ 41,9 bilhões, quase no mesmo patamar que em 2008. Se acrescentado o efeito da desoneração do IPI-automóveis e do IRPF (R$ 5,9 bilhões no total), incluído no pacote do governo federal, os municípios perdem mais R$ 1,1 bilhão, e a previsão do FPM de 2009 cai para R$ 40,8 bilhões.

1 Introdução

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) apresenta uma estimativa da carga tributária de 2008 dos três entes da Federação, por tributo, e apresenta também uma projeção do impacto da atual crise fi nanceira internacional sobre a arrecadação de 2009. Também foram calculadas, a partir desses dados, as principais transferências intergovernamentais. Na projeção foi considerado o pacote anticrise de redução de impostos e o novo PIB revisado pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) na semana passada (9 de dezembro).

15

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 151

Com as informações já disponíveis até o momento sobre a atual crise fi nanceira mundial, é consenso entre os especialistas que o ritmo de crescimento que a arrecadação pública tem experimentado nos últimos anos, nas diversas esferas de governo, será, em parte, freado. Apesar de a crise iniciada nos EUA ter, pelo menos em sua fase inicial, uma natureza fi nanceira, os efeitos da falta de liquidez no sistema fi nanceiro mundial não demorará a ser sentido no lado real da economia.

As receitas dos municípios brasileiros sentirão o impacto da crise, provavelmente já a partir dos próximos meses. O grau desse impacto ainda é uma incógnita, dependerá de quanto da queda de liquidez e crédito acumulada até hoje se traduzirá em recessão. Como não é possível ainda, determinar qual será o cenário econômico em 2009, em termos de previsão, é viável apenas estabelecer como fi caria a arrecadação diante de alguns prováveis cenários. Nesse sentido, só é sensato adiantar com segurança, a seqüência esperada em que os desdobramentos da crise afetarão a arrecadação dos municípios e das demais esferas. Sabe-se que o primeiro impacto será sobre a lucratividade das empresas brasileiras. Como recentemente o lucro das empresas tem sido o principal responsável pelo expressivo crescimento que a arrecadação do imposto de renda (IR) apresentou nos últimos anos, é de se esperar uma redução dessa tendência. Para os municípios, espera-se que a primeira receita a sofrer o impacto negativo da crise seja o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), já que cerca de 4/5 do fundo é composto por porcentual do IR. Como ilustração do peso que o lucro das empresas tiveram na expansão do IR, compare no gráfi co a seguir a evolução desse imposto fracionado por categoria de renda de incidência.

Evolução da Arrecadação com IR por Categoria (acumulado em 12 meses)

10.000

30.000

50.000

70.000

90.000

110.000

130.000

dez/02 mai/03 out/03 mar/04 ago/04 jan/05 jun/05 nov/05 abr/06 set/06 fev/07 jul/07 dez/07 mai/08

(milh

ões)

IR-Trabalho IR Capital

Vê-se que, desde 2002, a arrecadação do imposto de renda com incidência sobre capital tem crescido mais acentuadamente que a parte desse imposto incidente sobre trabalho. O aumento nos últimos anos da importância dos lucros na arrecadação pública pode ser evidenciado também quando se agrupam alguns dos principais tributos do país por categoria de renda sobre as quais incidem. No gráfi co a seguir, foram selecionados alguns tributos com diferentes bases de incidência e apresentado o crescimento destes entre dezembro de 2002 e agosto de 2008. Observa-se que impostos com incidência principalmente sobre lucro e capital foram os que apresentaram maior expansão no período. O aumento da arrecadação desses tributos foi superior a 80% no período.

152 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Crescimento da Receita por Grupo de Impostos (Dez/2002=100)

60

80

100

120

140

160

180

200

dez/02 jun/03 jan/04 jul/04 fev/05 ago/05 mar/06 out/06 abr/07 nov/07 mai/08

Consumo (ICMS) Renda+Salários(IRPF+INSS) Lucros+Capital(IRPJ+CSLL)

Outra informação importante revelada por ambos os gráfi cos supramencionados está relacionada ao impacto da crise de 2003 sobre a arrecadação. Vê que, nesse período, a arrecadação sobre salários foi a que mais diminuiu. A diferença do cenário de 2003 para o recente, é que hoje se espera que o maior impacto seja sobre as receitas de capital, pelo menos em um primeiro momento.

Já em um segundo momento de impacto da crise, as empresas responderão à queda de lucratividade se ajustando via redução de pessoal e revisão de suas produções. Assim, o ritmo de crescimento da atividade econômica no país diminuirá. Segundo previsão divulgada pela Comissão Econômica para América Latina (Cepal), os países da América Latina não crescerão acima de 3% em 2009. Apesar de nos anos recentes a carga tributária ter crescido em um ritmo acima do PIB, como pode observar na tabela a seguir, uma redução da atividade econômica terá consequências sobre a arrecadação. Nesse segundo momento, o impacto será na arrecadação de impostos indiretos. Isso porque a diminuição esperada do ritmo da atividade econômica implica diretamente a queda do ritmo de arrecadação dos mais importantes impostos indiretos do país, o IPI (União), o ICMS (Estadual) e o ISS (Municipal). Apresar de o IPI e o ICMS ser tributos de outras esferas, eles também compõem as receitas municipais por meio do sistema de transferências intergovernamentais. Assim, serão as receitas dessas fontes que sofreram o impacto em um segundo momento.

Nos anos recentes, presenciou-se um aumento persistente da relação carga tributária/PIB. Mas em 2009, salvo alguma mudança de regra na estrutura de tributação, a tendência de crescimento da arrecadação observada nos últimos anos não se manterá na mesma intensidade.

Apesar do ótimo resultado que as contas municipais têm apresentado em termos de endividamento, como vem ressaltando a CNM, outro impacto da crise será sobre os municípios que têm dívidas em dólares, já que o câmbio tem sofrido desvalorizações. Moeda estrangeira mais cara signifi ca dívida maior para esses municípios.

Na tabela a seguir é apresentada as principais estimativas e projeções. Veja os valores da arrecadação total da União e dos Estados, bem como a evolução da arrecadação própria dos municípios por tributo. Veja também a evolução da relação carga/PIB e a projeção para 2009.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 153

Composição da Carga Tributária Bruta, por esfera e tributo (R$ milhões) - valores correntes

Otimista Moderado Pessimista

União 519.870 571.030 654.943 763.748 851.496 822.667 789.050 Estados 198.387 221.153 243.611 290.029 328.154 321.933 316.265 Municípios 37.286 40.653 49.374 57.155 64.643 63.443 62.347

ISS 13.889 15.889 19.145 22.432 25.393 24.900 24.451 IPTU 9.987 10.475 11.667 13.741 15.555 15.252 14.978 ITBI 2.038 2.340 3.097 3.634 4.114 4.034 3.961 IRRF 2.900 3.217 4.046 4.736 5.304 5.257 5.209 Taxas e outros 5.211 5.243 6.946 7.348 8.317 8.156 8.009 Prev Municipal 3.261 3.489 4.473 5.265 5.960 5.844 5.739

Total 755.543 832.836 947.928 1.110.932 1.244.292 1.208.042 1.167.661 PIB 2.147.239 2.369.797 2.597.611 2.926.729 3.277.936 3.248.669 3.219.402 CTBB (Total/PIB) 35,187% 35,144% 36,492% 37,958% 37,960% 37,186% 36,270%

Esfera 2007 20082009

2005 2006

Em seguida, se discutirão as estimativas realizadas para a carga tributária de 2008 e depois as projeções para 2009.

2 Estimativa da carga tributária de 2008

Para prever possíveis impactos da atual crise fi nanceira sobre as fi nanças públicas municipais, é necessário que primeiro estime-se a carga tributária em 2008. Os resultados encontrados para essa previsão mostram que em 2008 segue a tendência de aumento da carga tributária e o aumento da relação carga/PIB, observados durante o período anterior. A relação carga/PIB, que em 2007 era de 36,5%, foi estimada para 2008 em 37,9%, sendo correspondente a uma carga tributária total de R$ 1, 11 trilhões. Os valores estimados para os tributos de arrecadação municipal somam R$ 57,15 bilhões, sendo ISS (R$ 22,43 bi), IPTU (R$ 13,74 bi), ITBI (R$ 3,63 bi), IRRF (R$ 4,73 bi), taxas e outros (R$ 7,35 bi) e previdência municipal (R$ 5,2 bi). No Anexo 1, encontra-se a tabela completa da carga por tributo das três esferas da Federação desde 2000.

2.1 Metodologia

A fi m de estimar a carga tributária municipal de 2008, a CNM baseou-se nos dados do Finbra 2007. Depois de proceder a algumas correções e exclusões de dados inconsistentes dessa base, a Confederação realizou uma extrapolação dos valores tomando por base o porte de população. Essa extrapolação é necessária uma vez que uma parte dos municípios existentes no país não está contemplada naquela base da STN. Com a extrapolação, obteve-se a estimativa da carga tributária total dos municípios para o ano de 2007. Já para estimar a arrecadação de 2008, para os municípios de um mesmo estado, foi aplicado o crescimento observado nas respectivas capitais, entre o acumulado no primeiro semestre de 2007 e o acumulado no mesmo período de 2008, segundo dados disponibilizados pelo SISTN.

Para estimar a arrecadação de competência federal utilizou-se a estimativa do Relatório de Avaliação Orçamentária do 5o bimestre do Ministério do Planejamento, para os valores do IR, IPI, IOF, IE, II, ITR, CPMF, Cofi ns, CSLL, PIS/Pasep, Cide, Royalties, Salário Educação. Para estimativa das receitas de INSS, FGTS, Sistema S, aplicou-se aos valores de 2007 a estimativa de crescimento da massa salarial, constante no mesmo relatório. Para taxas, outras contribuições, dívida ativa e multas, previdência federal foi aplicado o crescimento médio esperado pelo governo para o total da carga da União.

Já a arrecadação estadual foi estimada com base nos dados do Confaz, que mostram a arrecadação dos estados até agosto de 2008. Para o ICMS, IPVA, ITCD, taxas e outros, aplicou-se aos valores de 2007 o crescimento auferido entre o acumulado de janeiro a agosto de 2007 e o acumulado no mesmo período de 2008. Já para o IRRF e Previdência Estadual, aplicou-se o crescimento observado no período anterior. Por fi m, foi considerado que os tributos municipais cobrados pelo DF cresceram no mesmo ritmo estimado para a carga municipal.

154 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

3 Estimativa do impacto da crise em 2009 sobre as fi nanças públicas

A CNM simulou o impacto sobre a carga tributária para três cenários econômicos diferentes para 2009; otimista, moderado e pessimista. Para todos os cenários adota-se uma taxa de câmbio para 2009 de 2,1 R$/U$, uma taxa de infl ação das receitas de 7% e uma expansão na produção de petróleo de 5%. A tabela a seguir apresenta os parâmetros adotados em cada cenário.

Indicadores Econômicos por Cenário (crescimento nominal)Otimista Moderado Pessimista

PIB (real) 12% (4%) 11% (3%) 10% (2%)Lucro das Empresas 12% 7% -3%Massa Salarial 14,06% 10% 7%Preço Barril Petróleo 80 70 60

Quanto aos resultados, verifi cou-se uma grande diferença na arrecadação diante de cenários distintos. Com a previsão otimista, haveria uma carga total crescendo a 12,0%, a arrecadação da União, 11,5%, Estados 13,1% e Municípios, 13,1%, todos esses crescimentos nominais. Entre as arrecadações próprias municipais, os maiores crescimentos esperados são do IRRF-municipal e ISS, veja a tabela completa no Anexo 1. Na perspectiva moderada, calculou-se um crescimento da carga total de 8,7%, União, 7,7%, Estados, 11%, Municípios. Já em uma perspectiva pessimista vê-se um aumento da carga total de apenas 5,1%, sendo que a União sofreria o pior impacto, crescendo apenas 3,3%. Assim, quanto pior o cenário, maior é a diferença de impacto entre a arrecadação da União e a dos demais entes. Veja a comparação das taxas de crescimento na tabela seguinte.

Otimista Moderado Pessimista

União 11,49% 7,71% 3,31%Estados 13,14% 11,00% 9,05%Municípios 13,10% 11,00% 9,08%Total 12,00% 8,74% 5,11%PIB 12,00% 11,00% 10,00%

Taxa de crescimento nominal da carga tributária em 2009, por esfera e por cenário, em relação a 2008

No Anexo 1, apresenta-se uma tabela com a composição da carga tributária desde 2000, com a estimativa de 2008 e a previsão para 2009 nos três cenários.

A relação carga/PIB que em 2008 foi estimada em 37,9%, em 2009 se manteria igual caso a previsão otimista se confi rme, diminuiria para 37,2% com o cenário moderado e reduziria mais ainda no pessimista, passando para 36,3%. Os números refl etem a proposição de que quanto maior a redução na taxa de crescimento da atividade econômica, menor será a relação carga/PIB, uma vez que a arrecadação tente a frear com intensidade maior que a do PIB.

3.1 Contas municipais

O crescimento esperado da arrecadação própria municipal é o maior das três esferas. Quanto às transferências, as mais importantes, o FPM e a cota-parte ICMS, foram estimadas para 2008 em R$ 42,078 milhões e R$ 45,647 milhões, respectivamente. Para 2009, a projeção do FPM apresentou uma sensibilidade maior do que a do ICMS. Ou seja, um cenário econômico ruim tende a reduzir mais a receita com FPM do que a receita com ICMS, isso porque, como já ressaltado, o impacto sobre o IR de um cenário ruim é maior que sobre os demais impostos. Veja na tabela a seguir a evolução e as estimativas das principais transferências recebidas pelos municípios. Vale lembrar que a desoneração de impostos implementados pelo governo na semana passada está considerado no cálculo.

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 155

Transferências Intergovernamentais (R$ milhões) - valores correntes

otimista moderado pessimistaFPM 26.617 29.441 33.866 42.078 46.479 44.726 41.961 ITR 134 152 160 186 210 206 202 IPI-Exportação 519 585 667 789 875 858 843 CIDE 438 439 456 430 487 478 469 Salário Educação 1.718 2.059 2.161 2.500 2.851 2.749 2.674 Royalties 4.041 4.894 4.758 6.762 6.610 5.897 5.184 Cota-parte ICMS 31.600 35.127 37.589 45.647 50.616 49.632 48.738 Cota-parte IPVA 4.619 5.467 5.818 7.580 7.920 7.766 7.626 Fundef/Fundeb 17.718 19.932 25.099 33.348 37.707 36.775 35.653

Mun

icíp

ios

2007 20082009

Esfera Transferência 2005 2006

Veja no Anexo 2, a tabela completa com o fl uxo das principais transferências entre governos desde 2000.

3.2 Metodologia Para projetar a arrecadação das três esferas de governo em 2009, considera-se que os tributos relacionados seguiram o crescimento pressuposto para o PIB da seguinte forma: uma taxa inferior a 3% de crescimento real do PIB, a cada 1 ponto porcentual de crescimento do PIB a carga desses tributos cresce 0,9 pontos percentuais. Ao crescimento do 3%, supõe-se um crescimento na mesma proporção para as receitas. E acima de 3% de crescimento do PIB, considera-se que a cada ponto porcentual de aumento do PIB, a receita cresce 1,1 ponto porcentual.

União (IPI; IOF; IE; II; CPMF; Cofi ns; PIS/Pasep; Cide; • royalties; Previdência Federal; taxas; outras contribuições; dívida ativa e multas).Estadual (ICMS; IPVA; ITCD; taxas e outros; previdência estadual; municipais do DF).• Municipal (IPTU; ISS; ITBI; taxas e outros e previdência municipal). •

Para o IRRF estadual e municipal, aplicou-se crescimento na mesma proporção do PIB para todos os cenários. Para IR-trabalho, Salário Educação, INSS, FGTS e Sistema S, foi projetado, sobre o valor de 2008, o crescimento esperado em cada cenário para a massa salarial.

Para os royalties petróleo, considerou-se uma composição de crescimento da quantidade produzida e do crescimento do valor da produção. Aos demais royalties foi considerado um crescimento na mesma proporção do PIB.

Por fi m, para projetar a parcela do IR incidente sobre lucro e capital e a CSLL, utilizou-se a expectativa de cada cenário em relação ao lucro das empresas em 2009.

4. Impacto do pacote anticrise sobre a arrecadação prevista para 2009

O pacote tributário anunciado pelo governo reduz o IRPF em R$ 4,9 bilhões e o IPI-automóveis em R$ 1 bilhão. A perda potencial de receita para os municípios, se o pacote não surtir efeito positivo sobre a economia, será de R$ 1,4 bilhão.

A relação carga/PIB caso o governo não tivesse implementado o pacote anticrise da semana passada seria em 2009 de 38,2%, 37,4% e 36,5% para os cenários otimista, moderado e pessimista, respectivamente, enquanto que incorporado o pacote, em média, a carga/PIB será 0,25 pontos percentuais menor nos três cenários. Veja tabela comparativa seguinte, onde é apresentada a projeção da carga tributária com e sem o pacote.

156 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Carga tributária - valores correntes

Otimista Moderado Pessimista

Carga Total 832.836 947.928 1.110.932 1.252.692 1.216.442 1.176.061

Carga/PIB 35,144% 36,492% 37,958% 38,216% 37,444% 36,530%

Carga Total 832.836 947.928 1.110.932 1.244.292 1.208.042 1.167.661

Carga/PIB 35,144% 36,492% 37,958% 37,960% 37,186% 36,270%

s/ p

acot

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pac

ote

20092006 2007 2008

O impacto do pacote para o FPM será, em média, de uma redução de R$ 1,4 bilhão (incluindo Fundeb) ou de R$ 1,1 bilhão (líquido do Fundeb). Veja comparação a seguir.

Transferências Intergovernamentais (R$ milhões) - valores correntes

otimista moderado pessimista

s/ pacote 26.617 29.441 33.866 42.078 46.479 44.726 41.961

c/ pacote 26.617 29.441 33.866 42.078 45.370 43.617 40.852

2007 20082009

FPM

Transferência 2005 2006

4.1 Projeção de curto prazo para o FPM

A queda de receita de tributos federais em novembro de 2008, estimada em R$ 3,6 bilhões, já começou a surtir efeito nas transferências do FPM e nas projeções dessa transferência nos próximos meses. O gráfi co seguinte representa a evolução do valor anualizado (últimos 36 decênios) e corrigido dos repasses para o fundo. Depois de uma rápida aceleração ao longo dos últimos anos e, em particular, em 2009, os dados indicam que, a partir do decênio do dia 20 de dezembro, as transferências devem começar a declinar em valores reais. Só não se sabe ainda qual será o ritmo exato da queda.

Evolução do FPM

25,00

27,00

29,00

31,00

33,00

35,00

37,00

39,00

41,00

10/5/

2007

10/6/

2007

10/7/

2007

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2007

10/9/

2007

10/10

/2007

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10/12

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10/1/

2008

10/2/

2008

10/3/

2008

10/4/

2008

10/5/

2008

10/6/

2008

10/7/

2008

10/8/

2008

10/9/

2008

10/10

/2008

10/11

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10/12

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2009

10/2/

2009

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Valor arrecadado Valor projetado

Ainda é muito cedo para saber qual será a necessidade de ajuste nos orçamentos das prefeituras, mas é preciso que o gestor municipal se prepare para apertar o cinto. Não há motivo para pânico, mesmo porque os prefeitos já vêm promovendo nos últimos anos, uma melhora considerável de suas contas, como se pode perceber pelo crescimento expressivo do superávit primário nessa esfera de governo (veja estudo recente da CNM sobre o assunto).

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 157

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1.

110.

932

1.

244.

292

1.

208.

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1.

167.

661

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1.17

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1.30

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1.47

7.82

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1.69

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2.14

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2.36

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7

2.59

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1

2.92

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9

3.27

7.93

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9

3.21

9.40

2

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16%

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87%

35,1

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92%

37,9

58%

37,9

60%

37,1

86%

36,2

70%

2003

2004

2005

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0720

0820

09

158 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

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-

-

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342

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6.

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31

.743

30

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70

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2009

União

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2000

2001

2002

2003

2004

Estados Municípios

2007

2008

2005

2006

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 159

PESQUISA SOBRE PAGAMENTO DO 13O SALÁRIO EM 2008

1 Tabulação dos resultados da pesquisa

1.1 Objetivos

1) Diagnosticar a situação atual dos municípios brasileiros em relação à previsão de pagamento do 13o salário.

2) Quantifi car e qualifi car quais municípios, estados e regiões brasileiras com mais difi culdades para

pagar o 13o salário em dia e buscar as causas. 3) Propor alternativas viáveis para a correção dos problemas.

1.2 Metodologia

A pesquisa foi feita por manifestação espontânea. Foram consultados 70,50% dos municípios brasileiros (3.921 cidades). 1.2.1 Procedimento

1) Disponibilização de diferentes canais para o recebimento da informação: Foram aceitas respostas por fax, por e-mail, por correspondência e pela Internet, no sítio da Confederação Nacional de Municípios – <www.cnm.org.br>.

2) Equipe de suporte da CNM: assessoria técnica e setor de pesquisas da CNM foram disponibilizados para o suporte ao preenchimento dos formulários.

3) Contato telefônico nas regiões com menor índice de respostas: os municípios que não responderam ao questionário ou as regiões com baixo número de respostas foram contatados por telefone para a obtenção dos dados.

Para evitar desvio de dados entre estados com maior ou menor quantidade de municípios, optou-se

pela não defi nição de uma amostra estatística com um porcentual de municípios de cada estado.

O estudo apresenta o cenário real dos municípios pesquisados até o dia 4 de dezembro de 2008.

Como se trata de um levantamento de dados por manifestação espontânea, a CNM continua recebendo diariamente novas informações dos municípios brasileiros.

1.3 Coordenação

Área de Estudos Técnicos e Setor de Pesquisas da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

1.4 Período de coleta das informações

Entre os dias 10 de novembro e 4 de dezembro de 2008.

16

160 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

2 Resultados

O quadro a seguir informa a quantidade de municípios entrevistados separados por estado e o porcentual de retorno da pesquisa. A amostragem é bastante signifi cativa (70,50%).

UF Municípios PesquMunicípios do Es% RetornoAC 17 22 77,3%AL 53 102 52,0%AM 31 62 50,0%AP 9 16 56,3%BA 189 417 45,3%CE 85 184 46,2%ES 59 78 75,6%GO 194 246 78,9%MA 68 217 31,3%MG 703 853 82,4%MS 49 78 62,8%MT 82 141 58,2%PA 70 143 49,0%PB 164 223 73,5%PE 94 184 51,1%PI 64 223 28,7%PR 383 399 96,0%RJ 60 92 65,2%RN 75 167 44,9%RO 31 52 59,6%RR 11 15 73,3%RS 492 496 99,2%SC 257 293 87,7%SE 36 75 48,0%SP 569 645 88,2%TO 75 139 54,0%BR 3.920 5.562 70,5%

Tabela 1 - % de municípios pesquisados por UF

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 161

2.1 Resultado por questões

O 1% de aumento do Fundo de Participação dos Municípios será utilizado para pagamento do 13o salário do funcionalismo municipal?

Dos municípios pesquisados, 89,89% utilizam os recursos provenientes do aumento de 1% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Municípios %

Sim 3.501 89,9%Não 394 10,1%Total 3.895 100,0%Sem resposta 25

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Auxílio do aumento do FPM

89,9%

10,1%

Sim Não

162 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

O salário do funcionalismo municipal está em dia?

A maioria dos municípios brasileiros, 98,14%, está com os salários em dia.

Municípios %Está em dia 3.841 98,1%Está atrasado 73 1,9%Total 3.914 100,0%Sem resposta 6

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Salário em Dia1,9%

98,1%

Está em dia Está atrasado

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 163

Qual o regime de trabalho dos servidores?

O regime de trabalho dos servidores municipais é na maioria estatutário, 62,00%, em alguns casos misto (estatutário e celetista), 25,60%, e pequena parte apenas por CLT, 11,69%.

Municípios %Ambos 1.003 25,6%Estatutário 2.428 62,0%CLT 458 11,7%Outros 28 0,7%Total 3.917 100,0%Sem resposta 3

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Regime de Trabalho

11,7%

62,0%

25,6%

Ambos Estatutário CLT

164 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Qual a forma de pagamento do 13o salário?

Na maior parte dos municípios (59,50%), o 13o salário é pago em uma única parcela.

Municípios %Parcela Única 2.333 59,5%Parcelado 1.567 40,0%Outros 20 0,5%Total 3.920 100,0%

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Forma de pagamento

40,0%

59,5%

Parcela Única Parcelado

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 165

Se o pagamento é feito em parcela única, quando é ou será pago?

Dos municípios, 84,17% pretendem pagar até o dia 20 de dezembro; 14,67% já efetuaram o pagamento e somente 1,16% dos municípios deverão enfrentar difi culdades no pagamento do 13o ao seu funcionalismo:

Municípios %Já pagou 341 14,7%Vai pagar até 20 de dezembro 1.957 84,2%vai atrasar 27 1,2%Total 2.325 100,0%Sem resposta 8

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Se em parcela única1,2%

84,2%

14,7%

Já pagou Vai pagar até 20 de dezembro vai atrasar

166 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Se o 13o for pago em duas parcelas, a primeira já foi paga?

A maioria dos municípios (92,13%) já pagou a primeira parcela. Somente cinco prefeituras (0,32%) terão difi culdade para honrar o compromisso.

Municípios %Já pagou 1.438 92,1%Vai pagar até 20 de dezembro 118 7,6%vai atrasar 5 0,3%Total 1.561 100,0%Sem resposta 6

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Se parcelado, a primeira parcela

0,3%

7,6%

92,1%

Já pagou Vai pagar até 20 de dezembro vai atrasar

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 167

Se o 13 o for pago em duas parcelas, quando será paga a segunda?

Somente 0,96% dos municípios enfrentarão problemas para cumprir o pagamento da segunda parcela, mas a maioria (95,14%) pagará no dia 20 de dezembro.

Municípios %Já pagou 61 3,9%Vai pagar até 20 de dezembro 1.488 95,1%vai atrasar 15 1,0%Total 1.564 100,0%Sem resposta 3

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Se parcelado, a segunda parcela3,9%

95,1%

1,0%

Já pagou Vai pagar até 20 de dezembro vai atrasar

168 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

A folha de pagamento do mês de dezembro irá atrasar?

A maioria dos municípios (96,63%) não irá atrasar o pagamento da folha referente ao mês de dezembro.

Municípios %Será paga em dia 3.761 96,6%Vai atrasar 131 3,4%Total 3.892 100,0%Sem resposta 28

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

O salário de dezembro3,4%

96,6%

Será paga em dia Vai atrasar

Administração Municipal Direta TotalTotal de funcionários ativos da administração direta 4.794.844Total de funcionários ativos da administração direta Estatutários 2.916.763Total de funcionários ativos da administração direta Celetistas (CLT) 532.112Total de funcionários ativos da administração direta Somente comissionados 422.831Total de funcionários ativos da administração direta Sem vínculo permanente 921.640

Fonte: IBGE – Pesquisa de Informações Municipais 2006

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 169

Acre

Municípios %Sim 15 88,2%Não 2 11,8%Total 17 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 17 100,0%Está atrasado - 0,0%Total 17 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 1 5,9%Estatutário 6 35,3%CLT 10 58,8%Outros - 0,0%Total 17 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 7 41,2%Parcelado 10 58,8%Outros - 0,0%Total 17 100,0%

Municípios %Já pagou 1 14,3%Vai pagar até 20 de dezembro 6 85,7%vai atrasar - 0,0%Total 7 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 10 100,0%Vai pagar até 20 de dezembro - 0,0%vai atrasar - 0,0%Total 10 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou - 0,0%Vai pagar até 20 de dezembro 9 90,0%vai atrasar 1 10,0%Total 10 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 17 100,0%Vai atrasar - 0,0%Total 17 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

170 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Alagoas

Municípios %Sim 48 92,3%Não 4 7,7%Total 52 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Está em dia 51 98,1%Está atrasado 1 1,9%Total 52 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Ambos 19 35,8%Estatutário 27 50,9%CLT 7 13,2%Outros - 0,0%Total 53 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 38 71,7%Parcelado 15 28,3%Outros - 0,0%Total 53 100,0%

Municípios %Já pagou 9 24,3%Vai pagar até 20 de dezembro 27 73,0%vai atrasar 1 2,7%Total 37 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Já pagou 14 100,0%Vai pagar até 20 de dezembro - 0,0%vai atrasar - 0,0%Total 14 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Já pagou 2 14,3%Vai pagar até 20 de dezembro 12 85,7%vai atrasar - 0,0%Total 14 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Será paga em dia 48 94,1%Vai atrasar 3 5,9%Total 51 100,0%Sem resposta 2

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 171

Amazonas

Municípios %Sim 30 96,8%Não 1 3,2%Total 31 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 31 100,0%Está atrasado - 0,0%Total 31 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 10 32,3%Estatutário 18 58,1%CLT 2 6,5%Outros 1 3,2%Total 31 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 15 48,4%Parcelado 15 48,4%Outros 1 3,2%Total 31 100,0%

Municípios %Já pagou 1 6,7%Vai pagar até 20 de dezembro 14 93,3%vai atrasar - 0,0%Total 15 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 13 100,0%Vai pagar até 20 de dezembro - 0,0%vai atrasar - 0,0%Total 13 100,0%Sem resposta 2

Municípios %Já pagou 2 14,3%Vai pagar até 20 de dezembro 12 85,7%vai atrasar - 0,0%Total 14 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Será paga em dia 30 100,0%Vai atrasar - 0,0%Total 30 100,0%Sem resposta 1

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

172 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Amapá

Municípios %Sim 9 100,0%Não - 0,0%Total 9 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 9 100,0%Está atrasado - 0,0%Total 9 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 4 44,4%Estatutário 4 44,4%CLT 1 11,1%Outros - 0,0%Total 9 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 2 22,2%Parcelado 7 77,8%Outros - 0,0%Total 9 100,0%

Municípios %Já pagou - 0,0%Vai pagar até 20 de dezembro 2 100,0%vai atrasar - 0,0%Total 2 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 7 100,0%Vai pagar até 20 de dezembro - 0,0%vai atrasar - 0,0%Total 7 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou - 0,0%Vai pagar até 20 de dezembro 7 100,0%vai atrasar - 0,0%Total 7 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 9 100,0%Vai atrasar - 0,0%Total 9 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 173

bahia

Municípios %Sim 171 92,4%Não 14 7,6%Total 185 100,0%Sem resposta 4

Municípios %Está em dia 183 96,8%Está atrasado 6 3,2%Total 189 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 43 22,8%Estatutário 130 68,8%CLT 16 8,5%Outros - 0,0%Total 189 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 98 51,9%Parcelado 90 47,6%Outros 1 0,5%Total 189 100,0%

Municípios %Já pagou 8 8,2%Vai pagar até 20 de dezembro 88 89,8%vai atrasar 2 2,0%Total 98 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 76 84,4%Vai pagar até 20 de dezembro 12 13,3%vai atrasar 2 2,2%Total 90 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 2 2,2%Vai pagar até 20 de dezembro 81 90,0%vai atrasar 7 7,8%Total 90 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 180 95,2%Vai atrasar 9 4,8%Total 189 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

174 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Ceará

Municípios %Sim 71 86,6%Não 11 13,4%Total 82 100,0%Sem resposta 3

Municípios %Está em dia 84 100,0%Está atrasado - 0,0%Total 84 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Ambos 8 9,4%Estatutário 66 77,6%CLT 11 12,9%Outros - 0,0%Total 85 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 46 54,1%Parcelado 38 44,7%Outros 1 1,2%Total 85 100,0%

Municípios %Já pagou 6 13,0%Vai pagar até 20 de dezembro 40 87,0%vai atrasar - 0,0%Total 46 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 35 92,1%Vai pagar até 20 de dezembro 3 7,9%vai atrasar - 0,0%Total 38 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 3 7,9%Vai pagar até 20 de dezembro 35 92,1%vai atrasar - 0,0%Total 38 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 82 97,6%Vai atrasar 2 2,4%Total 84 100,0%Sem resposta 1

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 175

Espírito Santo

Municípios %Sim 43 72,9%Não 16 27,1%Total 59 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 58 98,3%Está atrasado 1 1,7%Total 59 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 29 49,2%Estatutário 23 39,0%CLT 6 10,2%Outros 1 1,7%Total 59 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 51 86,4%Parcelado 8 13,6%Outros - 0,0%Total 59 100,0%

Municípios %Já pagou 4 7,8%Vai pagar até 20 de dezembro 47 92,2%vai atrasar - 0,0%Total 51 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 7 87,5%Vai pagar até 20 de dezembro 1 12,5%vai atrasar - 0,0%Total 8 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou - 0,0%Vai pagar até 20 de dezembro 7 87,5%vai atrasar 1 12,5%Total 8 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 59 100,0%Vai atrasar - 0,0%Total 59 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

176 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Goiás

Municípios %Sim 157 83,5%Não 31 16,5%Total 188 100,0%Sem resposta 6

Municípios %Está em dia 190 98,4%Está atrasado 3 1,6%Total 193 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Ambos 24 12,5%Estatutário 164 85,4%CLT 3 1,6%Outros 1 0,5%Total 192 100,0%Sem resposta 2

Municípios %Parcela Única 178 91,8%Parcelado 14 7,2%Outros 2 1,0%Total 194 100,0%

Municípios %Já pagou 132 74,2%Vai pagar até 20 de dezembro 44 24,7%vai atrasar 2 1,1%Total 178 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 12 85,7%Vai pagar até 20 de dezembro 2 14,3%vai atrasar - 0,0%Total 14 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 1 7,7%Vai pagar até 20 de dezembro 12 92,3%vai atrasar - 0,0%Total 13 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Será paga em dia 184 95,3%Vai atrasar 9 4,7%Total 193 100,0%Sem resposta 1

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 177

Maranhão

Municípios %Sim 66 98,5%Não 1 1,5%Total 67 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Está em dia 62 92,5%Está atrasado 5 7,5%Total 67 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Ambos 19 27,9%Estatutário 43 63,2%CLT 5 7,4%Outros 1 1,5%Total 68 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 36 52,9%Parcelado 32 47,1%Outros - 0,0%Total 68 100,0%

Municípios %Já pagou 2 5,6%Vai pagar até 20 de dezembro 33 91,7%vai atrasar 1 2,8%Total 36 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 31 96,9%Vai pagar até 20 de dezembro 1 3,1%vai atrasar - 0,0%Total 32 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 1 3,1%Vai pagar até 20 de dezembro 31 96,9%vai atrasar - 0,0%Total 32 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 66 97,1%Vai atrasar 2 2,9%Total 68 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

178 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Minas Gerais

Municípios %Sim 643 91,7%Não 58 8,3%Total 701 100,0%Sem resposta 2

Municípios %Está em dia 689 98,0%Está atrasado 14 2,0%Total 703 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 84 12,0%Estatutário 569 81,1%CLT 46 6,6%Outros 3 0,4%Total 702 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Parcela Única 497 70,7%Parcelado 203 28,9%Outros 3 0,4%Total 703 100,0%

Municípios %Já pagou 33 6,6%Vai pagar até 20 de dezembro 458 92,2%vai atrasar 6 1,2%Total 497 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 178 89,0%Vai pagar até 20 de dezembro 22 11,0%vai atrasar - 0,0%Total 200 100,0%Sem resposta 3

Municípios %Já pagou 4 2,0%Vai pagar até 20 de dezembro 196 96,6%vai atrasar 3 1,5%Total 203 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 656 94,7%Vai atrasar 37 5,3%Total 693 100,0%Sem resposta 10

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 179

Mato Grosso do Sul

Municípios %Sim 45 91,8%Não 4 8,2%Total 49 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 47 95,9%Está atrasado 2 4,1%Total 49 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 11 22,4%Estatutário 37 75,5%CLT 1 2,0%Outros - 0,0%Total 49 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 26 53,1%Parcelado 23 46,9%Outros - 0,0%Total 49 100,0%

Municípios %Já pagou - 0,0%Vai pagar até 20 de dezembro 24 92,3%vai atrasar 2 7,7%Total 26 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 21 91,3%Vai pagar até 20 de dezembro 2 8,7%vai atrasar - 0,0%Total 23 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 1 4,3%Vai pagar até 20 de dezembro 22 95,7%vai atrasar - 0,0%Total 23 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 45 91,8%Vai atrasar 4 8,2%Total 49 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

180 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Mato Grosso

Municípios %Sim 72 87,8%Não 10 12,2%Total 82 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 78 95,1%Está atrasado 4 4,9%Total 82 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 21 25,6%Estatutário 56 68,3%CLT 4 4,9%Outros 1 1,2%Total 82 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 70 85,4%Parcelado 12 14,6%Outros - 0,0%Total 82 100,0%

Municípios %Já pagou 28 43,8%Vai pagar até 20 de dezembro 34 53,1%vai atrasar 2 3,1%Total 64 100,0%Sem resposta 6

Municípios %Já pagou 12 100,0%Vai pagar até 20 de dezembro - 0,0%vai atrasar - 0,0%Total 12 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou - 0,0%Vai pagar até 20 de dezembro 12 100,0%vai atrasar - 0,0%Total 12 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 78 96,3%Vai atrasar 3 3,7%Total 81 100,0%Sem resposta 1

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 181

Pará

Municípios %Sim 67 95,7%Não 3 4,3%Total 70 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 69 98,6%Está atrasado 1 1,4%Total 70 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 10 14,3%Estatutário 53 75,7%CLT 5 7,1%Outros 2 2,9%Total 70 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 42 60,0%Parcelado 28 40,0%Outros - 0,0%Total 70 100,0%

Municípios %Já pagou 1 2,4%Vai pagar até 20 de dezembro 40 95,2%vai atrasar 1 2,4%Total 42 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 23 82,1%Vai pagar até 20 de dezembro 5 17,9%vai atrasar - 0,0%Total 28 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 3 10,7%Vai pagar até 20 de dezembro 25 89,3%vai atrasar - 0,0%Total 28 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 67 95,7%Vai atrasar 3 4,3%Total 70 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

182 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Paraíba

Municípios %Sim 159 97,0%Não 5 3,0%Total 164 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 156 95,1%Está atrasado 8 4,9%Total 164 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 34 20,7%Estatutário 119 72,6%CLT 9 5,5%Outros 2 1,2%Total 164 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 109 66,5%Parcelado 54 32,9%Outros 1 0,6%Total 164 100,0%

Municípios %Já pagou 8 7,3%Vai pagar até 20 de dezembro 99 90,8%vai atrasar 2 1,8%Total 109 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 46 85,2%Vai pagar até 20 de dezembro 7 13,0%vai atrasar 1 1,9%Total 54 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 3 5,6%Vai pagar até 20 de dezembro 50 92,6%vai atrasar 1 1,9%Total 54 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 156 96,9%Vai atrasar 5 3,1%Total 161 100,0%Sem resposta 3

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 183

Pernambuco

Municípios %Sim 90 95,7%Não 4 4,3%Total 94 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 92 97,9%Está atrasado 2 2,1%Total 94 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 24 25,5%Estatutário 63 67,0%CLT 6 6,4%Outros 1 1,1%Total 94 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 64 68,1%Parcelado 29 30,9%Outros 1 1,1%Total 94 100,0%

Municípios %Já pagou 6 9,4%Vai pagar até 20 de dezembro 56 87,5%vai atrasar 2 3,1%Total 64 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 28 96,6%Vai pagar até 20 de dezembro 1 3,4%vai atrasar - 0,0%Total 29 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 3 10,3%Vai pagar até 20 de dezembro 26 89,7%vai atrasar - 0,0%Total 29 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 91 97,8%Vai atrasar 2 2,2%Total 93 100,0%Sem resposta 1

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

184 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Piauí

Municípios %Sim 61 96,8%Não 2 3,2%Total 63 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Está em dia 58 92,1%Está atrasado 5 7,9%Total 63 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Ambos 10 15,6%Estatutário 31 48,4%CLT 22 34,4%Outros 1 1,6%Total 64 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 34 53,1%Parcelado 30 46,9%Outros - 0,0%Total 64 100,0%

Municípios %Já pagou 10 30,3%Vai pagar até 20 de dezembro 23 69,7%vai atrasar - 0,0%Total 33 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Já pagou 29 96,7%Vai pagar até 20 de dezembro 1 3,3%vai atrasar - 0,0%Total 30 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 1 3,3%Vai pagar até 20 de dezembro 29 96,7%vai atrasar - 0,0%Total 30 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 62 96,9%Vai atrasar 2 3,1%Total 64 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 185

Paraná

Municípios %Sim 342 90,0%Não 38 10,0%Total 380 100,0%Sem resposta 3

Municípios %Está em dia 382 99,7%Está atrasado 1 0,3%Total 383 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 139 36,3%Estatutário 208 54,3%CLT 32 8,4%Outros 4 1,0%Total 383 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 244 63,7%Parcelado 136 35,5%Outros 3 0,8%Total 383 100,0%

Municípios %Já pagou 6 2,5%Vai pagar até 20 de dezembro 237 97,1%vai atrasar 1 0,4%Total 244 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 127 93,4%Vai pagar até 20 de dezembro 8 5,9%vai atrasar 1 0,7%Total 136 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 2 1,5%Vai pagar até 20 de dezembro 133 97,8%vai atrasar 1 0,7%Total 136 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 372 97,4%Vai atrasar 10 2,6%Total 382 100,0%Sem resposta 1

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

186 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Rio de Janeiro

Municípios %Sim 46 78,0%Não 13 22,0%Total 59 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Está em dia 60 100,0%Está atrasado - 0,0%Total 60 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 34 56,7%Estatutário 23 38,3%CLT 3 5,0%Outros - 0,0%Total 60 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 26 43,3%Parcelado 34 56,7%Outros - 0,0%Total 60 100,0%

Municípios %Já pagou 5 19,2%Vai pagar até 20 de dezembro 21 80,8%vai atrasar - 0,0%Total 26 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 34 100,0%Vai pagar até 20 de dezembro - 0,0%vai atrasar - 0,0%Total 34 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 1 2,9%Vai pagar até 20 de dezembro 33 97,1%vai atrasar - 0,0%Total 34 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 60 100,0%Vai atrasar - 0,0%Total 60 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 187

Rio Grande do Norte

Municípios %Sim 74 98,7%Não 1 1,3%Total 75 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 72 96,0%Está atrasado 3 4,0%Total 75 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 15 20,0%Estatutário 59 78,7%CLT 1 1,3%Outros - 0,0%Total 75 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 50 66,7%Parcelado 24 32,0%Outros 1 1,3%Total 75 100,0%

Municípios %Já pagou 3 6,0%Vai pagar até 20 de dezembro 47 94,0%vai atrasar - 0,0%Total 50 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 22 91,7%Vai pagar até 20 de dezembro 2 8,3%vai atrasar - 0,0%Total 24 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 1 4,2%Vai pagar até 20 de dezembro 23 95,8%vai atrasar - 0,0%Total 24 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 74 100,0%Vai atrasar - 0,0%Total 74 100,0%Sem resposta 1

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

188 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Rondônia

Municípios %Sim 28 90,3%Não 3 9,7%Total 31 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 30 96,8%Está atrasado 1 3,2%Total 31 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 9 29,0%Estatutário 20 64,5%CLT 1 3,2%Outros 1 3,2%Total 31 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 17 54,8%Parcelado 14 45,2%Outros - 0,0%Total 31 100,0%

Municípios %Já pagou 2 11,8%Vai pagar até 20 de dezembro 15 88,2%vai atrasar - 0,0%Total 17 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 12 85,7%Vai pagar até 20 de dezembro 2 14,3%vai atrasar - 0,0%Total 14 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou - 0,0%Vai pagar até 20 de dezembro 14 100,0%vai atrasar - 0,0%Total 14 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 30 96,8%Vai atrasar 1 3,2%Total 31 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 189

Roraima

Municípios %Sim 11 100,0%Não - 0,0%Total 11 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 10 90,9%Está atrasado 1 9,1%Total 11 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 7 63,6%Estatutário 2 18,2%CLT 1 9,1%Outros 1 9,1%Total 11 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 5 45,5%Parcelado 6 54,5%Outros - 0,0%Total 11 100,0%

Municípios %Já pagou 1 20,0%Vai pagar até 20 de dezembro 4 80,0%vai atrasar - 0,0%Total 5 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 6 100,0%Vai pagar até 20 de dezembro - 0,0%vai atrasar - 0,0%Total 6 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou - 0,0%Vai pagar até 20 de dezembro 6 100,0%vai atrasar - 0,0%Total 6 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 11 100,0%Vai atrasar - 0,0%Total 11 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

190 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Rio Grande do Sul

Municípios %Sim 423 86,3%Não 67 13,7%Total 490 100,0%Sem resposta 2

Municípios %Está em dia 491 100,0%Está atrasado - 0,0%Total 491 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Ambos 186 37,8%Estatutário 282 57,3%CLT 19 3,9%Outros 5 1,0%Total 492 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 231 47,0%Parcelado 259 52,6%Outros 2 0,4%Total 492 100,0%

Municípios %Já pagou 15 6,5%Vai pagar até 20 de dezembro 216 93,5%vai atrasar - 0,0%Total 231 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 254 98,1%Vai pagar até 20 de dezembro 5 1,9%vai atrasar - 0,0%Total 259 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 10 3,9%Vai pagar até 20 de dezembro 249 96,1%vai atrasar - 0,0%Total 259 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 478 97,8%Vai atrasar 11 2,2%Total 489 100,0%Sem resposta 3

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 191

Santa Catarina

Municípios %Sim 218 84,8%Não 39 15,2%Total 257 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 255 99,2%Está atrasado 2 0,8%Total 257 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 61 23,7%Estatutário 168 65,4%CLT 25 9,7%Outros 3 1,2%Total 257 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 148 57,6%Parcelado 109 42,4%Outros - 0,0%Total 257 100,0%

Municípios %Já pagou 11 7,4%Vai pagar até 20 de dezembro 137 92,6%vai atrasar - 0,0%Total 148 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 98 89,9%Vai pagar até 20 de dezembro 11 10,1%vai atrasar - 0,0%Total 109 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 3 2,8%Vai pagar até 20 de dezembro 106 97,2%vai atrasar - 0,0%Total 109 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 253 98,4%Vai atrasar 4 1,6%Total 257 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

192 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Sergipe

Municípios %Sim 32 88,9%Não 4 11,1%Total 36 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 36 100,0%Está atrasado - 0,0%Total 36 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 12 33,3%Estatutário 23 63,9%CLT 1 2,8%Outros - 0,0%Total 36 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 22 61,1%Parcelado 14 38,9%Outros - 0,0%Total 36 100,0%

Municípios %Já pagou 3 13,6%Vai pagar até 20 de dezembro 19 86,4%vai atrasar - 0,0%Total 22 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 14 100,0%Vai pagar até 20 de dezembro - 0,0%vai atrasar - 0,0%Total 14 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 1 7,1%Vai pagar até 20 de dezembro 13 92,9%vai atrasar - 0,0%Total 14 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 36 100,0%Vai atrasar - 0,0%Total 36 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 193

São Paulo

Municípios %Sim 509 89,6%Não 59 10,4%Total 568 100,0%Sem resposta 1

Municípios %Está em dia 565 99,3%Está atrasado 4 0,7%Total 569 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 177 31,1%Estatutário 171 30,1%CLT 221 38,8%Outros - 0,0%Total 569 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 213 37,4%Parcelado 352 61,9%Outros 4 0,7%Total 569 100,0%

Municípios %Já pagou 29 13,6%Vai pagar até 20 de dezembro 181 85,0%vai atrasar 3 1,4%Total 213 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 318 90,3%Vai pagar até 20 de dezembro 33 9,4%vai atrasar 1 0,3%Total 352 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 16 4,5%Vai pagar até 20 de dezembro 335 95,2%vai atrasar 1 0,3%Total 352 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 552 97,5%Vai atrasar 14 2,5%Total 566 100,0%Sem resposta 3

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

194 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Tocantins

Municípios %Sim 71 94,7%Não 4 5,3%Total 75 100,0%Sem resposta -

Municípios %Está em dia 66 88,0%Está atrasado 9 12,0%Total 75 100,0%Sem resposta -

Municípios %Ambos 12 16,0%Estatutário 63 84,0%CLT - 0,0%Outros - 0,0%Total 75 100,0%Sem resposta -

Municípios %Parcela Única 64 85,3%Parcelado 11 14,7%Outros - 0,0%Total 75 100,0%

Municípios %Já pagou 17 26,6%Vai pagar até 20 de dezembro 45 70,3%vai atrasar 2 3,1%Total 64 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 11 100,0%Vai pagar até 20 de dezembro - 0,0%vai atrasar - 0,0%Total 11 100,0%Sem resposta -

Municípios %Já pagou 1 9,1%Vai pagar até 20 de dezembro 10 90,9%vai atrasar - 0,0%Total 11 100,0%Sem resposta -

Municípios %Será paga em dia 65 86,7%Vai atrasar 10 13,3%Total 75 100,0%Sem resposta -

Tabela 2 - O aumento de 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º Salário?

Tabela 3 - O salário do funcionalismo municipal

Tabela 8- Se parcelado - A segunda Parcela

Tabela 9- Folha de pagamento de dezembro

Tabela 4 - Regime de trabalho dos Servidores:

Tabela 7- Se parcelado - A primeira Parcela

Tabela 5 - Forma de pagamento do 13º salário

Tabela 6 - Pagamento em Parcela Única

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 195

3 Comparação de 2003 a 2008

3.1 Forma de pagamento do 13o salário

Durante o período em que a CNM realiza esta pesquisa o porcentual dos municípios que pagam seus 13o salários em uma ou duas parcelas se mantém constante.

2003 2005 2006 2007 2008Parcela Única 50,8% 56,3% 62,9% 58,7% 85,3%Parcelado 49,2% 43,7% 37,1% 41,3% 14,7%Total 100% 100% 100% 100% 100%

Forma de Pagamento:

Pagamento em parcela única: no ano de 2008 houve um comportamento diferente do ano de 2007, pois 14,67% dos municípios pesquisados já haviam pagado a parcela única, enquanto no ano anterior esse porcentual chegou a 26%, mas o porcentual dos que declaram que irão atrasar o pagamento do 13º caiu para menos da metade da do ano anterior mostrando que os municípios honrarão seus compromissos quase que na totalidade.

2003 2005 2006 2007 2008Já pagou 8,0% 14,6% 18,3% 26,8% 14,7%Vai pagar até 20 de dezembro 69,3% 75,3% 72,1% 70,3% 84,2%Vai atrasar 30,7% 10,2% 9,6% 2,9% 1,2%Total 100% 100% 100% 100% 100%

Pagamento em parcela única

Pagamento em Parcela ÚnicaSe vai atrasar

30,66%

10,17% 9,55%

2,94%1,16%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

2003 2005 2006 2007 2008

196 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Pagamento parcelado – primeira parcela: a primeira parcela do 13o salário já foi paga para 92,13% dos municípios pesquisados e apenas 0,32% declaram que poderão atrasar o pagamento, esse é o menor porcentual de atraso identifi cado até hoje, enquanto, em 2003, cerca de 20% dos pesquisados declararam que iriam atrasar a primeira parcela agora; em 2008 esse número caiu para apenas 0,32%.

2003 2005 2006 2007 2008Já pagou 46,2% 85,2% 90,7% 90,1% 92,1%Vai pagar até 20 de dezembro 33,5% 12,0% 7,5% 8,8% 7,6%Vai atrasar 20,4% 2,8% 1,8% 1,1% 0,3%Total 100% 100% 100% 100% 100%

Pagamento parcelado - primeira parcela

Pagamento ParceladoA primeira parcela vai atrasar

20,35%

0,32%

1,10%1,76%2,83%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

2003 2005 2006 2007 2008

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 197

Pagamento parcelado – segunda parcela: na segunda parcela do 13o salário, também evidencia a boa administração dos atuais prefeitos, pois somente em cerca de 0,96% dos municípios pesquisados haverá problemas para o pagamento da segunda parcela.

2003 2005 2006 2007 2008Já pagou 1,01% 1,71% 6,98% 11,64% 3,90%Vai pagar até 20 de dezembro 79,64% 90,07% 85,01% 85,41% 95,14%Vai atrasar 19,35% 8,22% 8,01% 2,95% 0,96%Total 100% 100% 100% 100% 100%

Pagamento parcelado - segunda parcela

Pagamento ParceladoA Segunda parcela vai atrasar

19,35%

0,96%

8,01%

2,95%

8,22%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

2003 2005 2006 2007 2008

198 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

A DISTRIBUIÇÃO DOS ROYALTIES DE PETRÓLEO NO BRASIL

1 Histórico sobre os royalties

As indenizações pela exploração de petróleo foram instituídas pela Lei nº 20.004/1953 que criou a Petrobras. Inicialmente, os royalties correspondiam a uma alíquota de 5% sobre o valor do petróleo extraído em terra (onshore). Não havia extração de petróleo em mar (offshore). Nessa fase inicial, os recursos eram totalmente transferidos para os estados, que deviam repassar 20% para os municípios. Em 1969, quando foi descoberto petróleo em mar, o governo federal passou a se apropriar sozinho dos royalties referentes à extração em plataforma. Assim, os royalties de terra fi cavam com estados e municípios, e os de mar, somente com a União. Essa situação se prolongou até o fi nal de 1985, quando a Lei nº 7.453 criou uma regra de repartição dos royalties do mar com estados e municípios.

Essa lei de 1985 também criou o Fundo Especial do Petróleo. Da antiga alíquota de 5% sobre a produção de petróleo, uma alíquota de 1% (20% do total) era distribuída para o conjunto dos governos subnacionais, por meio dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM). Em 1989, entretanto, a Lei nº 7.990 reduziu o fundo pela metade, remanejando 0,5% (10% do arrecadado pela alíquota básica) para os municípios com instalações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural.

Em 1997, com a Lei nº 9.478, chamada Lei do Petróleo, a alíquota dos royalties sobre a produção foi ampliada de 5% para até 10% e foi criada uma compensação extraordinária, a Participação Especial (PE), de até 40% sobre a receita líquida dos campos de petróleo mais rentáveis. A partir daí, os royalties passaram a ser divididos em três partes: a alíquota básica de 5%, a alíquota excedente de até 5% e a participação especial.

O Fundo Especial só existe para o royalty da extração em mar. Em 2006, o total de rendas petrolíferas somou R$ 16,6 bilhões: R$ 6,65 bilhões de royalties em mar, R$ 1,10 bilhão em terra e R$ 8,85 bilhões de participação especial (tabela 1). Desse bolo, R$ 587 milhões (3,55% do total) foram distribuídos a todos os estados e municípios, por meio do FPE ou FPM, e outros R$ 344 milhões provenientes da parcela de cada estado sobre a alíquota básica de 5% (uma fatia de 25% dessa parcela) foram redistribuídos ao conjunto dos seus municípios pela cota-parte do ICMS.

Especificação 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006Royalties mar 1.287 1.718 2.499 3.676 4.211 5.297 6.652 Royalties terra 1.169 1.403 836 754 949 1.044 1.102 Participação Especial 519 861 2.510 4.998 5.322 6.916 8.850 Total 2.975 3.982 5.846 9.428 10.482 13.258 16.604 União 1.185 1.427 2.254 3.719 4.158 5.215 6.607 Estados* 991 1.451 2.026 3.412 3.727 4.770 5.916 Municípios 678 942 1.335 1.974 2.228 2.808 3.496 Fundo Especial 121 162 231 322 369 464 584 FPM (80%) 97 130 185 258 295 372 467 FPE (20%) 24 32 46 64 74 93 117 Fonte: Elaboração Própria (a partir de dados do Siafi/ANP)(*) Os Estados devem redistribuir 25% do royalty básico para os Municípios pelo mesmo critério do ICMS (art. 9º , Lei 7.990/8

Tabela 1 - Origem e destino das rendas petrolíferas (em R$ bilhões correntes):

17

Estudos Técnicos CNM – Volume 1 199

2 Critérios de repartição

A legislação brasileira defi ne distintos critérios de partilha para cada um dos tipos de renda do petróleo. A receita proveniente da alíquota básica de 5%, por exemplo, é dividida de uma forma diferente da receita da alíquota excedente, e essas diferenças se expressam não apenas na repartição entre as esferas de governo, como também entre os entes de uma mesma esfera. Em 2006, por exemplo, o royalty básico foi distribuído entre 762 municípios, e o excedente só chegou a 182 localidades. Já a participação especial – que hoje representa mais da metade das rendas petrolíferas – é distribuída apenas aos estados e municípios confrontantes. Em 2006, apenas sete estados e 25 municípios do país foram benefi ciados por esse tipo de compensação fi nanceira. Um deles, Campos dos Goytacazes (RJ), teve direito a mais da metade da parcela reservada aos municípios, por causa não só da sua posição geográfi ca privilegiada, diante da maioria dos poços de petróleo, mas também por causa do formato sua costa.

O critério defi nido pelo IBGE para verifi car a área de confrontação dos estados e municípios depende de linhas retas imaginárias – paralelas e ortogonais – traçadas desde seus limites territoriais até 200 milhas distantes na plataforma continental. Como é possível ver na fi gura 1, a abertura das linhas ortogonais de Campos lhe garante uma área de confrontação com poços (pontos brancos) muito maior do que os demais municípios fl uminense, que, com exceção de Quissamã, só englobam os poços entre as linhas paralelas. Como o rateio da renda entre os confrontantes depende de uma média aritmética entre as áreas dos campos sob os dois tipos de linha, Campos é mais privilegiado do que outros vizinhos seus.

Figura 1 Litoral do Rio de Janeiro: linhas ortogonais e paralelas

Fonte: ANP, 2001.

No caso da divisão da plataforma continental entre os estados, a situação é pior ainda: são apenas as linhas ortogonais que defi nem qual fatia do mar é do Rio de Janeiro ou de São Paulo. E qual o problema nisso? O problema é que, pelo formato da costa brasileira na divisória entre Rio de Janeiro e São Paulo, a linha ortogonal é quase vertical, no sentido Norte–Sul, com uma inclinação de 60° graus, como se pode ver na fi gura a seguir. Dessa forma, a plataforma de Tupi (identifi cada na fi gura em verde) aparece ao norte da linha divisória, nas águas “pertencentes” ao Rio de Janeiro, não a São Paulo.

200 Estudos Técnicos CNM – Volume 1

Essas linhas foram delimitadas pelo IBGE, na década de 1980, com base em decretos do governo federal. Ou seja, existe certo grau de liberdade nas defi nições do IBGE, mas possivelmente seria necessário mudar os decretos e a legislação para alterar o conceito de confrontação. É importante lembrar também que, constitucionalmente, a plataforma continental pertence efetivamente à União e não a Estados ou Municípios em particular. Portanto, cabe à União aperfeiçoar sua legislação para estabelecer critérios mais justos e corretos tecnicamente. Não existe nenhum estudo ambiental ou oceanográfi co que justifi que a atribuição dos royalties com base nas linhas defi nidas pelo IBGE.

Figura 2 Linhas divisórias da plataforma continental (ES-RJ-SP)

3 Concentração de recursos

Ao mesmo tempo em que os recursos dos royalties são descentralizados pela União, eles são hiperconcentrados no espaço dos entes subnacionais, como se pode ver nas duas tabelas seguintes, que refl etem a distribuição dos royalties entre os estados e entre os municípios. A tabela 2, por exemplo, mostra que o Rio de Janeiro absorveu 86,21% dos recursos transferidos aos estados pelos critérios restritos (excluindo o FEP). Esse porcentual é superior inclusive à participação do Rio na produção petrolífera nacional (81,3%).

A título de ilustração, compara-se a fatia de cada estado na repartição dos royalties com sua fatia no FPE. É notável que apenas Rio de Janeiro e Espírito Santo recebam mais pelos royalties do que pelo FPE. Sergipe, que é um dos principais produtores de petróleo do Nordeste, tem uma fatia do FPE 2,5 vezes maior do que a dos royalties.

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UF Royaties(em R$ mil)

Partic. especial(em R$ mil)

Total(em R$ mil) % Total % FPE

AL 43.137 1.182 44.319 0,75 4,16AM 131.268 29.248 160.516 2,71 2,79BA 166.610 3.542 170.152 2,88 9,40CE 14.126 14.126 0,24 7,34ES 96.612 15.885 112.497 1,90 1,50PR 6.477 6.477 0,11 2,88RJ 1.646.732 3.453.867 5.100.599 86,21 1,53RN 180.150 21.720 201.870 3,41 4,18SP 4.713 4.713 0,08 1,00SE 90.617 10.553 101.170 1,71 4,16Outros - - - 0,00 61,07Brasil 2.380.443 3.535.996 5.916.439 100,00 100,00Fonte: Elaboração Própria (a partir de dados da ANP)

Tabela 2 - Distribuição da renda petrolífera entre os Estados (2006):

O mesmo fenômeno ocorre com a distribuição da parcela dos royalties destinada aos municípios. De um total de 5.563 municípios brasileiros, apenas 823 foram benefi ciados em 2006 pelas regras de rateio restritas, que privilegiam as localidades produtoras, confrontantes com os poços ou campos de petróleo. E, mesmo nesse universo de menos de 15% dos municípios, a concentração de recursos é abissal, como verifi ca-se na tabela 3.

Os nove principais benefi ciários estão localizados no litoral fl uminense, e oito deles integram uma organização denominada Ompetro, que defende os interesses dos municípios produtores. Juntos, eles concentram 61,34% de todos os recursos destinados aos municípios. Um deles, Campos dos Goytacazes, fi ca com 24,25% do total pelos motivos já expostos.

Municípios Valor (R$ mil) % TotalCampos dos Goytacazes (RJ) 847.870 24,25 Macaé (RJ) 413.117 11,82 Rio das Ostras (RJ) 319.128 9,13 Cabo Frio (RJ) 218.548 6,25 Quissamã (RJ) 85.042 2,43 Casimiro de Abreu (RJ) 83.965 2,40 Rio de Janeiro (RJ) 65.889 1,88 Armação dos Búzios (RJ) 56.369 1,61 São João da Barra (RJ) 54.581 1,56 Sub-total 2.144.510 61,34 Outros 814 Municípios 1.351.828 38,66 Total 3.496.338 100,00 Fonte: Elaboração Própria (a partir de dados da ANP)

Tabela 3 - Distribuição entre Municípios (2006):

4 Receita de royalties e gasto público

A comparação dos valores recebidos de royalties pelos municípios e suas despesas públicas mostram que há uma grande correlação entre as receitas per capita e os gastos per capita com pessoal e com o Legislativo. Na tabela 4, por exemplo, vê-se que a despesa de pessoal e com o Legislativo dos recebedores de royalties é três vezes maior, em valores per capita, do que no conjunto dos municípios do país. Quissamã (RJ), por exemplo, ganha R$ 4.952,39 por habitante de royalty e gasta R$ 2.696,91 por habitante em pessoal. Esse é um sério indício de desperdício de recurso público.

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MUNICÍPIOS Royalty/Pop Gasto Pessoal/Pop Gasto Leg/PopQuissama/RJ 4.952,39 2.696,91 192,39 Rio das Ostras/RJ 4.421,41 1.156,19 60,49 Casimiro de Abreu/RJ 3.130,93 1.213,11 94,37 Carapebus/RJ 3.129,91 2.290,40 128,40 Macae/RJ 2.470,88 1.819,48 97,65 Armacao dos Buzios/RJ 2.329,41 2.038,49 115,86 Campos dos Goytacazes/RJ 1.994,11 1.010,74 28,35 Guamare/RN 1.935,85 N.D. N.DSao Joao da Barra/RJ 1.893,32 994,02 67,21 Carmopolis/SE 1.787,54 787,16 N.DPirambu/SE 1.742,82 N.D. N.DMadre de Deus/BA 1.491,54 2.198,87 270,24 Cabo Frio/RJ 1.363,94 1.135,30 43,90 Presidente Kennedy/ES 1.161,01 921,66 63,98 Divina Pastora/SE 1.082,17 N.D. N.DPorto do Mangue/RN 973,59 1.115,38 63,40 Macau/RN 827,05 555,01 53,47 Coari/AM 825,98 1.215,29 57,86 Ilhabela/SP 740,97 935,35 66,88 Sao Sebastiao/SP 728,21 1.304,49 148,01 Japaratuba/SE 702,78 909,76 N.D.Silva Jardim/RJ 698,73 938,99 64,81 Macuco/RJ 637,06 1.131,18 149,60 Ielmo Marinho/RN 633,02 605,80 32,30 Felipe Guerra/RN 627,80 N.D. N.DPojuca/BA 561,95 967,36 96,86 Sao Francisco do Conde/BA 544,68 2.699,12 385,43 Mangaratiba/RJ 531,75 1.210,22 115,03 Sao Francisco do Sul/SC 503,69 933,62 75,47 Bertioga/SP 492,84 N.D. N.DMédia dos 30 mais royalties 1.497,25 1.311,36 103,00 Média de todos municípios 26,05 489,50 32,30

Tabela 4 - Comparação entre receitas e despesas nos municípios:

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