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INOVAÇÃO RESPONSÁVEL EM SAÚDE: introduzindo o debate
Hudson Pacifico da SilvaInstitut de Recherche en Santé Publique
Université de Montréal
São Paulo, 8 de dezembro de 2015
Política, Planejamento e Gestão das Regiões e Redes de Atenção à Saúde
Dois desafios no campo da saúde
Desafio 1 O número de novas
tecnologias lançadas no mercado é crescente, seu ciclo de vida está diminuindo e o ritmo das mudanças está desafiando a capacidade dos gestores de decidir sobre a incorporação dessas tecnologias nos serviços de saúde (Murtagh & Foerster, 2009)
Desafio 2 Falta de convergência entre
a agenda de inovações das empresas e as necessidades de saúde da população descompasso entre políticas para o desenvolvimento econômico e políticas de saúde (Lehoux et al., 2008)
Desafio 1
Ciclo de vida das tecnologias
Tempo
% U
tiliza
ção
Emergente Uso Aceita Obsoleta
Adoção Difusão Abandono
Nova
MHT
Incorporação
Avaliação de Tecnologias
Gestão de tecnologias em saúde no Brasil
2000DECIT/MS
2004• 2a CNCTIS• PNCTIS• ANPPS
2006• CITEC
2009-10• PNGTS
2011-12• CONITEC• DEGITS
Maximizar os benefícios de saúde a serem obtidos com
os recursos disponíveis, assegurando o acesso da população a tecnologias efetivas e seguras, em
condições de equidade
Duas iniciativas principais
Gestão de tecnologias em saúde
1. Produção, sistematização e
difusão de estudos de ATS
2. Fluxo para incorporação, exclusão ou
alteração pelo SUS de novas
tecnologias
• Padronização de métodos• Fomento a estudos
prioritários• Desenvolvimento
institucional em ATS (Rebrats, NATS, SisRebrats, capacitação, etc.)
• Cooperação internacional
• Padronização das demandas
• Papel das evidências (clínicas, econômicas e orçamentárias)
• Consultas públicas• Relatórios de
recomendação da Conitec
Fragilidades
1. ATS para as esferas subnacionais do SUS
2. Expansão e integração da ATS no
subsistema privado de saúde
3. Sustentabilidade da Rebrats e dos núcleos de ATS em hospitais
de ensino
4. Atividades de reavaliação e
desinvestimento
5. Participação dos usuários e
transparência no fluxo de incorporação
6. Proatividade
Silva, Petramale e Elias, 2012
Desafio 2
Duas áreas que atuam em sentido oposto
Intervém cedo, no estágios iniciais do processoUtiliza um mix de políticas – fiscal, científica e de educação superiorFoca em nichos de mercado comercialmente promissoresTende a desconsiderar as prioridades da política de saúde
Intervém quando as inovações já estão prontas para entrar no mercado ou quando já fazem parte das práticas clínicas estabelecidasProcura aumentar a tomada de decisão baseada em evidênciaDefine prioridades a partir dos recursos existentesFoca uma tecnologia de cada vezPo
lítica
de
dese
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Política de Saúde
Lehoux et al, 2008
Saúde e desenvolvimento na era do SUS
• PITCE – Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior• PNCTIS – Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde 2004
• PDP – Política de Desenvolvimento Produtivo• GECIS – Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde• 1ª lista de produtos estratégicos para o SUS
2008
• DECIIS – Departamento do Complexo Industrial e Inovação no SUS2009
• PBM – Plano Brasil Maior2011
• PROCIS – Programa para o Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde (foco ampliação das parcerias para o desenvolvimento produtivo)2012
Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo
Estímulo à produção nacional de itens considerados estratégicos ao atendimento das demandas do SUS, mediante o estabelecimento de parcerias entre instituições públicas e entidades privadas, com previsão de transferência e absorção de tecnologia
Dados MS (dez. 2014):• 103 PDP em execução;
• 33 produtos com registro na Anvisa;
• 26 produtos adquiridos pelo MS;
• 74 instituições envolvidas (19 laboratórios públicos + 55 entidades privadas);
• Faturamento de R$ 3.8 bilhões para as instituições públicas;
• Período 2011-2014: economia de R$ 1,6 bilhão
Fragilidades
1. Reversão do déficit comercial na
área da saúde
2. Densidade tecnológica da
produção nacional
3. Atividades de P&D das empresas
brasileiras
4. Limites do poder de compra do MS
5. Capacidade dos laboratórios
públicos
6. Operacionali-zação das PDPs
Inovação Responsável
Relação entre ciência e sociedade na UE
2001
• Science AND Society Action Plan common strategy to make a better connection between science and European citizens
2007
• Science IN Society foster public engagement and a sustained two-way dialogue between science and civil society
2010
• Science FOR and WITH Society Research and Innovation policy driven by the needs of society and engaging all societal actors
Ciência e inovação responsáveis Mudança de paradigma: reconhecimento da necessidade de um novo
contrato social, criando uma responsabilidade compartilhada entre a ciência, a política e a sociedade assegurar que a ciência promova uma ação socialmente benéfica (EC, 2009)
Aspectos sociais da ciência: do modelo da “república da ciência” (Polanyi, 1962) para modelos construtivistas, nos quais a ciência e os cientistas são parte integrante do mundo político, econômico e social co-construção da ciência e da sociedade (Jesanoff, 2006)
Aspectos de política: do modelo top-down de políticas públicas para estruturas de governança mais participativas, refletindo a complexidade tecnológica dos conflitos sociais contemporâneos e busca por mais transparência e legitimidade
Centralidade da IR na agenda política de C&T
Declaração de Roma (21 nov. 2014)
Construir capacidade em inovação responsável
Rever e adaptar métricas e narrativas para pesquisa e
inovação
Implementar mudanças para fortalecer a IR nas
organizações
• Promover e assegurar recursos para IR
• Integrar IR na concepção e implementação de programas de apoio à pesquisa e inovação
• Formar rede de iniciativas existentes para apoiar know-how, expertise e competência em IR
• Apoiar iniciativas globais
• Monitorar o desempenho das organizações e das atividades de fomento à pesquisa e inovação com respeito à IR, assim como seus impactos
• Fornecer diretrizes para monitoramento e avaliação da IR
• Definir e comunicar uma visão prospectiva da IR
• Identificar possíveis barreiras/oportunidades
• Engajar os atores da sociedade civil nos processos de P&D
• Desenvolver e implementar ações para o reconhecimento e a promoção da IR
• Estimular treinamentos• Incluir critérios de IR nas
avaliações de pesquisa
Produção acadêmica sobre inovação responsável
185 artigos publicados em revistas científicas indexadas
3 livros organizados / editados (2013-14)
1 revista científica lançada (2014)
Repercussões no Brasil
Afinal, o que é inovação responsável?
Processo transparente e interativo pelo qual os
atores sociais e os inovadores se tornam
mutuamente responsivos, com uma visão de
aceitabilidade (ética), sustentabilidade e
necessidade/desejo social do processo de inovação e
de seus produtos (Von Schomberg, 2011)
Processo contínuo de alinhamento das atividades de pesquisa e
inovação aos valores, necessidades e expectativas da sociedade
(EU, 2012)
Inovação responsável significa cuidar do futuro através da gestão coletiva da ciência e da inovação
no presente (Stilgoe et al, 2013)
Aspectos comuns das definições
Foco em oferecer respostas a desafios e necessidades sociais e ambientais significativos
Compromisso para envolver ativamente um conjunto amplo de atores interessados (stakeholders) com a finalidade de melhorar a tomada de decisão e o aprendizado mútuo
Dedicação para tentar antecipar problemas potenciais, avaliar as alternativas disponíveis e refletir sobre os valores, premissas e crenças subjacentes
Disponibilidade de todos os participantes para agir e se adaptar a essas mudanças
Wickson & Carew (2014)
Questões relevantes
Processo Produto Finalidade
• Como os padrões devem ser formulados e aplicados?
• Como os riscos e benefícios devem ser definidos e medidos?
• Quem está no controle?• Quem está participando?• Quem será
responsabilizado se as coisas saírem errado?
• Como sabemos se estamos certos?
• Como os riscos e benefícios serão distribuídos?
• Que outros impactos podem ser antecipados?
• Como esses impactos podem mudar no futuro?
• O que sabemos a respeito?
• O que nunca poderemos saber?
• Por que os pesquisadores estão fazendo?
• Essas motivações são transparentes e de interesse público?
• Quem vai se beneficiar?• O que eles vão ganhar?• Quais são as
alternativas?
Macnaghtan & Chilvers (2014)
Proposta da European Comission (2015)
Critérios de qualidade
Wickson & Carew (2014)
Comparando o nível de responsabilidade de projetos
Wickson & Carew (2014)
Índice de responsabilidade da inovação?
Inovação responsável em saúde?
Informada por evidências
Combate as desigualdades e os determinantes sociais em saúde
Contribui para o fortalecimento de modelos de atenção à saúde promotores da cidadania e do bem público
Prioriza a concepção e o desenvolvimento de tecnologias • Socialmente inclusivas (baixo custo)• Pertinentes/relevantes (necessidades de saúde)• Que aumentam a autonomia do usuário• Que reduzem a dependência de procedimentos especializados