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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA DE PLANTIOS REALIZADOS EM ECOSSISTEMAS PERTURBADOS, NOVA IGUAÇU-RJ Elaborada por: ERIKA CORTINES Orientada por: Prof. Dr.: RICARDO VALCARCEL SEROPÉDICA Setembro, 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA DE PLANTIOS REALIZADOS EM ECOSSISTEMAS PERTURBADOS, NOVA IGUAÇU-RJ

Elaborada por: ERIKA CORTINES

Orientada por: Prof. Dr.: RICARDO VALCARCEL

SEROPÉDICA Setembro, 2005

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ERIKA CORTINES

RICARDO VALCARCEL

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA DE PLANTIOS REALIZADOS EM ECOSSISTEMAS

PERTURBADOS, NOVA IGUAÇU, RJ.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas do Instituto de Biologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço aos meus pais Anacir Vieira Cortines, Ingrid Joachim

Cortines e irmão Vitor Joachim Cortines que são a família que tanto amo e que viabilizou

minha permanência na UFRuralRJ, apoiando-me em todas as horas.

Ao Prof. Dr. Ricardo Valcarcel, agradeço pela orientação e valiosas contribuições

para minha formação profissional e amor à pesquisa. Obrigado por sua dedicação ao

Laboratório de Manejo de Bacias Hidrográficas (LMBH) que se tornou minha segunda

casa e onde fiz grandes amigos.

Ao meu principal motivo de vir para a Rural, João Paulo Santos Condack pelo

companheirismo, incentivo e bons momentos que passamos juntos. Obrigado pelo seu

amor. À toda sua família pelos anos de convivência.

À TODOS os membros do LMBH pelas conversas, mutirões, ralações e

confratenizações. À Flávia pela salvação nas horas de aperto.

Aos meus companheiros de casa com quem pude aprender a arte da convivência,

agradeço de coração ter conhecido vocês: Larisse Faroni Perez, Guilherme Andrade de

Carvalho, Ana Rudge, André Luis de Oliveira Villela e Hélio Ricardo da Silva.

À TODOS meus amigos de Rural, obrigado pelas parcerias nos seminários,

matérias emprestadas, churrasquinhos, escaladas no fim de tarde, cortinas de bambú,

Xaxados pra lua, congressos, almoços no bandejão, ajudas no campo e todos os

momentos felizes que marcaram minha passagem por aqui.

À pedreira Vigné Ltda pela iniciativa que possibilitou a realização deste estudo e a

todos seus funcionários que sempre me trataram com atenção e respeito.

Aos professores do Departamento de Botânica pelo auxílio na identificação das

plantas. E a todos os professores que contribuíram verdadeiramente para minha

formação.

Ao programa de iniciação científica do Decanato de Pesquisa.e Pós-Graduação da

UFRRJ.

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"Para ser grande sê inteiro.

Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és no mínimo que fazes.

Assim em cada lago, a lua toda brilha,

porque alta vive."

Fernando Pessoa

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RESUMO

Ambientes modificados pelo homem têm suas características alteradas: solo,

comportamento hidrológico, interações ecológicas, fisionomia da paisagem e

estabilidade, gerando perda de biodiversidade e degradação ambiental. A urbanização e

o manejo inadequado dos solos aceleram os processos de degradação dos

ecossistemas, formando ambientes perturbados, que diferem dos degradados por ainda

apresentarem vestígios dos ecossistemas originais. Na tentativa de entender os

processos de reversão de degradação a partir de reflorestamentos com diferentes

espécies, se estudou o comportamento sazonal (inverno/2004; verão/2005) da

regeneração espontânea, como estratégia de monitoramento da otimização dos

processos sucessionais, capacidade de resiliência e auto sustentação destes ambientes.

O presente estudo realizou-se na serra do Madureira - Mendanha, município de Nova

Iguaçu, RJ. Foram avaliados cinco ambientes distintos: a) Mata secundária nativa,

representando ambiente, menos perturbado, remanescente da paisagem original; b)

Pasto, ambiente mais perturbado com freqüentes incêndios e pastoreio; três

reflorestamentos, considerados medidas biológicas (MB) de recuperação com espécies

diferentes, sendo: c) MB1 com predomínio de Mimosa caesalpinifolia; d) MB2 com

predomínio de Eucalyptus citriodora e e) MB3 com 7 espécies nativas. A regeneração

espontânea foi levantada pelo método de pontos e registrou variações sazonais de 1501

indivíduos no verão e 940 no inverno, representantes de 74 espécies, 67 gêneros e 31

famílias botânicas. A Mata apresentou o maior índice de diversidade de Shannon e

Wiever, H`= 2,11 com 29 espécies e o Pasto um dos menores H`= 1,78 com 13

espécies. Nas medidas biológicas os índices de diversidade foram H`= 2,06 na MB1 com

22 espécies, H`= 1,8 na MB3 com 30 espécies e H`= 1,57 na MB2 com 21 espécies. A

similaridade (Índice de Jaccard) foi maior entre os plantios (35-50%) e não houve

similaridade entre a Mata e o Pasto (0%). Entre os plantios e o Pasto a similaridade

variou de 21-31% e entre estes e a mata foi de 0-5%.

Palavras chave: reflorestamentos, regeneração espontânea, resiliência.

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vi

ABSTRACT

Environments modified by man has its ambiental characteristics intensely changed:

soil, hydrological behavior, ecological interactions, lands physiognomies and stability,

causing biodiversity reduction and environment degradation. Urbanization and inadequate

soil management accelerates degradation process, leading to disturbed environments

which differ from degraded ones because they still have vestige of original ecosystems.

On expectation of understanding processes used on reversion of degradation by

reforestation with different species, it was studied seasonal behavior of spontaneous

regeneration as a strategy to monitorate optimization of sucessional processes, resilience

capability and sustainability of these environments. The present work was realized on

serra do Madureira-Mendanha, Nova Iguaçu, RJ. Five distinct environments where

evaluated: a) Native Secondary Forest representing less disturbed reminiscent of original

landscape; b) grassland, disturbed by frequent fire and grazing and 3 reforestation areas

considered biological measures (MB) of recuperation with different species: .c) MB1 with

predomination of Mimosa caesalpinifolia; d) MB2 with predomination of Eucalyptus

citriodora; and e) MB3 with 7 native species. The regeneration was raised by point

method and registered seasonal variability of 1,501 individuals on summer and 940 on

winter, representing 74 species of 67 genus and 31 families. The secondary forest had the

higher diversity indices Shannon e Wiever (H`) 2,11 with 29 species and the grassland

one of the lowest 1,78 with 13 species. On biological measures diversity indices were 2,06

on MB1 with 22 species, 1,8 on MB3 with 30 species and 1,57 on MB2 with 21 species.

The similarity (Jaccard Indices) was greater on the planted areas between them (35-50%)

and no similar species where found between secondary forest and grassland (0%).

Between planted areas and grassland similarity varied from 21-31% and between these

and forest, from 0-5%.

Keywords: reforestation, spontaneous regeneration, resilience.

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SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................. v ABSTRACT...............................................................................................................vi 1 - INTRODUÇÃO................................................................................................... 1 2- JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 3 3 – OBJETIVOS ...................................................................................................... 5

3.1- Geral............................................................................................................ 5 3.2- Específicos .................................................................................................. 5

4 - METODOLOGIA ................................................................................................ 6 4.1 - Área de estudo ........................................................................................... 6 4.2 - Vegetação .................................................................................................. 7 4.3 - Solos........................................................................................................... 7 4.4 - Clima .......................................................................................................... 7 4.5 - Antecedentes.............................................................................................. 8 4.6 - Amostragem ............................................................................................... 9 4.7 - Caracterização dos reflorestamentos ......................................................... 9

4.7.1 - Silvicultural ............................................................................................ 9 4.7.2- Ecológica ............................................................................................. 11

4.8- Regeneração espontânea ......................................................................... 12 4.9 - Serrapilheira ............................................................................................. 16 4.10 - Musgos e Microtopografia ...................................................................... 16

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 18 5.1- Caracterização dos Tratamentos............................................................... 18 5.2- Caracterização da vegetação .................................................................... 23 5.3- Análise da sustentabilidade ....................................................................... 25

5.3.1- Suficiência Amostral............................................................................. 25 5.3.2- Regeneração Espontânea ................................................................... 27 5.3.3-Sazonalidade das espécies .................................................................. 34 5.3.4- Similaridade de espécies (Índice de Jaccard)...................................... 42 5.3.5- Diversidade de espécies (Índice de Shannon H`) ................................ 44 5.3.6 - Altura e Cobertura de Serrapilheira..................................................... 45 5.3.7- Presença de Musgos ........................................................................... 48 5.3.8-Microtopografia ..................................................................................... 50

6- CONCLUSÕES................................................................................................. 52 7- RECOMENDAÇÕES......................................................................................... 54 8 - BIBLIOGRAFIAS.............................................................................................. 55 9 - ANEXO DE CONCEITOS ................................................................................ 62

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Índice de Figuras

01: Área de estudo: Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Pedreira Vigné Ltda. ....................6

02: Método de pontos................................................................................................13

03: Nove combinações de formas de encostas, em planta e em perfil. Fonte: PARSON, 1988 apud GUERRA, 2003...............................................................17

04: Modelo de ecossistema e relação com os fatores abióticos das parcelas amostradas ........................................................................................................21

05: Bacias aéreas no Maciço Madureira-Mendanha, RJ...........................................23

06: Curvas do coletor para as parcelas amostradas. ................................................26

07: Número de espécies por família,.........................................................................31

08: Estrutura da vegetação nas parcelas amostradas. .............................................32

09: Dados climatológicos médios para a estação meteorológica Agroecologia, Seropédica, RJ. Serie Normal 1934- 1967. (Fonte: MATTOS et al, 1998).........37

10: Total de espécies amostradas nas duas estações, em Nova Iguaçu, RJ. .........38

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Índice de Equações 01- Densidade Relativa ....................................................................................... 13 02-Vigor Absoluto................................................................................................. 14 03- Vigor Relativo................................................................................................. 14 04- Média de Toque ............................................................................................. 14 05- Freqüência Ou Cobertura Absoluta................................................................ 14 06- Freqüência Ou Cobertura Relativa................................................................. 15 07- Freqüência Ou Cobertura da Área ................................................................. 15 08- Valor de Importância ...................................................................................... 15 09- Índice de Cobertura........................................................................................ 15 10- Índices de Diversidade................................................................................... 16 11- Similaridade ................................................................................................... 16

Índice de tabelas 01- Parâmetros físicos das áreas de amostragem em Nova Iguaçu, RJ.............. 19 02- Caracterização silvicultural das medidas biológicas avaliadas na Pedreira Vigné Ltda. ................................................................................................ 11 03- Ocorrência sazonal das espécies nas parcelas amostradas.......................... 28 04- Porcentagem de regeneração à partir de espécies plantadas e vindas de outras fontes de propágulos. ..................................................................... 33 05- Parâmetros fitossociológicos para os cinco espécies mais relevantes, na estação seca. ............................................................................................ 41 06- Parâmetros fitossociológicos para os cinco espécies mais relevantes, na estação chuvosa........................................................................................ 41 07- Índice de similaridade .................................................................................... 42 08- Diversidade florística da Regeneração espontânea em................................. 44 09- Altura e cobertura da serrapilheira nas parcelas amostradas. ....................... 46 10- Porcentagem de pontos ................................................................................. 48 11- Microtopografia predominante nas áreas amostradas, Nova Iguaçu, RJ. ...... 50

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1 - INTRODUÇÃO

O processo de ocupação desordenado dos ecossistemas sem tomar em

conta as suas características e fragilidade dos ambientes físicos e bióticos, traz

uma série de conseqüências ambientais para a sociedade, tanto de forma

imediata com após vários anos, podendo constituir passivo ambiental a ser

tributado pelo ambiente as gerações subseqüentes.

A supressão da vegetação pelos nossos colonizadores se constitui na

primeira atividade de geração de riqueza e é considerada o início do uso dos

recursos, pois tradições européias compreendem uso como exploração, geração

de renda: leite, carne e alimento. Em uma situação onde a abundância de

recursos imperava no passado, as florestas, solos e água não tinham o mesmo

significado que se têm hoje.

A exploração dos maciços florestais, os cultivos agrícolas extensivos, as

formações de pastagens e o crescimento urbano fragmentaram as florestas,

muitas vezes isolando-as dos seus núcleos, reduzindo suas funções e

descaracterizando seus papéis para a sociedade, além de reduzir sua resiliência

de forma paulatina e gradual. Isso tem provocado alterações nos solos e suas

funções nos ecossistemas: infiltração e as demais variáveis do balanço hídrico

das microbacias hidrográficas (MARTINS, 2001).

As modificações parciais dos biomas, resultando na substituição de

ambientes naturais por antropizados, trazem conseqüências para o meio

ambiente, reduzindo biodiversidade dos ecossistemas, afetando fluxo gênico e

extinguindo espécies da fauna e flora (FUHRER, 2000; MARTINS, 2001 e

KAGEYAMA e GANDARA, 2003).

A Mata Atlântica é considerada uma área “hotspot”, dada sua fragilidade e

riscos de desaparecimento de espécies (MYERS et al., 2000). Os endemismos

constituem evidências desta vulnerabilidade, tornando-se necessárias mudanças

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de paradigmas de desenvolvimento, exigindo-se conhecimentos específicos para

determinação de capacidade de suporte dos ecossistemas. Para que isso ocorra,

é fundamental entender os processos ecológicos (ver Anexo de Conceitos)

envolvidos na estruturação funcional dos ecossistemas (KAGEYAMA e

GANDARA, 2003).

Os ecossistemas perturbados (ver Anexo de Conceitos) são aqueles que

sofreram modificações antrópicas, porém resguardam capacidade de resiliência,

podendo reagir espontaneamente a distúrbios exógenos (PINHEIRO, 2004). Os

ecossistemas degradados (ver Anexo de Conceitos) assimilam os impactos

advindos das intervenções antrópicas, transformando-se em ambientes distintos,

carecendo de apoio externo para regressar ao estágio original. Eles perdem seus

mecanismos naturais de equilíbrio homeostático (MINTER, 1990; NEPSTAD et al.,

1998; MARTINS, 2001; SER, 2002), afetando subsistemas e suas funções, como

bancos de sementes e de plântulas do solo, matéria orgânica, disponibilidade de

nutrientes, capacidade de infiltração da água no solo e interações fauna-flora,

tornando-se lentos nas respostas às perturbações. A intervenção humana torna-se

necessária para a reversão da tendência de degradação (FLORENTINE et al.,

2003).

A recuperação de áreas perturbadas utiliza como estratégia às modificações

dos fatores ambientais capazes de dotar os ecossistemas de funções e estrutura

similares aos ecossistemas naturais, onde a natureza atua na construção destes

ambientes de forma lenta e gradual com aprimoramentos sucessivos ajustados

evolutivamente.

As estratégias de recuperação levam em conta a dinâmica natural do

ambiente e seus processos regulatórios intrínsecos e extrínsecos, resultados de

um balanço dinâmico entre sub-sistemas e seus mecanismos de auto-regulação,

canalizando e controlando as forças desestabilizadoras às quais o ecossistema

está exposto (VALCARCEL e SILVA, 1997; FUHRER, 2000; RICKLEFS, 2003).

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Os processos de fragmentação da serra do Madureira – Mendanha foram

marcados historicamente pelos usos agrícolas intensos com monoculturas do

café, cana-de-açúcar e citricultura, que foi por muitos anos a principal fonte de

renda da região (IBGE, 2002). Atualmente as bases da serra apresentam

mineração de brita e pastagens manejadas pelo fogo (SPOLIDORO, 1998),

propiciando a depauperação lenta e gradual dos ecossistemas, associada aos

exíguos atributos ambientais e pequenos fragmentos florestais remanescentes e

isolados, problemas de falta de conscientização da sociedade tornam a missão de

recuperar estes ecossistemas uma tarefa que demanda conhecimento cientifico e

informações tecnológicas. Fatos estes agravados pela escassez de recursos.

O conhecimento das variáveis ambientais que intercedem na construção dos

ecossistemas deve ser o primeiro passo para reversão da tendência de

degradação, de tal modo que se possa realizar de forma profícua a restauração

ambiental dos contrafortes da serra. A iniciativa privada entende que pode

contribuir apoiando pesquisas científicas, elucidando os processos envolvidos na

degradação e recuperação destes ecossistemas e otimizando as técnicas de

reflorestamento.

2- JUSTIFICATIVA

A região Metropolitana do Rio de Janeiro abrange 16 municípios, sendo a

mais populosa do Estado. O município de Nova Iguaçu ocupa 11,1% da

superfície, abrigando 792.208 pessoas em 297.862 domicílios (TCR, 2004).

A serra do Madureira-Mendanha capta e distribui águas pluviais no

município. Ela tem grande importância para a qualidade de vida da população,

pois água que não infiltra inunda a baixada afetando comércio e populações

carentes. A serra abriga três unidades de conservação: Área de Proteção

Ambiental do Gericinó, Parque Municipal de Nova Iguaçu e Parque Botânico de

Nova Iguaçu (SPOLIDORO, 1998; TCR, 2004), sendo fonte de turismo e lazer.

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A preservação dos remanescentes florestais e a restauração de ambientes

antropizados podem prevenir enchentes, proteger os solos, a biodiversidade, os

processos ecológicos reguladores de equilíbrio ambiental e a produção de água,

elementos estes que garantem amenização térmica e qualidade de vida.

O Município de Nova Iguaçu tem 1,7% de áreas prioritárias para a

implantação de corredores ecológicos e melhoria do IQM - Verde II. O

reflorestamento pode ajudar na reversão dos problemas, mas não

necessariamente representam o equacionamento ambiental da situação, pois

estes ecossistemas não se sustentam em função dos baixos níveis de atributos

ambientais. Experiências no passado atestam esta assertiva: reflorestamentos das

encostas realizados em parceria com o Banco Mundial e Caixa Econômica

Federal na década de 80 não surtiram efeitos esperados (SPOLIDORO, 1998).

Aproveitando os plantios realizados pela Pedreira Vigné Ltda como parte dos

trabalhos do Programa de Controle Ambiental, avaliou-se a sustentabilidade de

ambientes fisicamente similares, fato este que pode permitir o aprimoramento dos

conhecimentos sobre os funcionamentos dos ecossistemas da encostas Norte da

serra do Madureira-Mendanha.

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3 – OBJETIVOS

3.1- Geral

Avaliar a sustentabilidade ambiental de reflorestamentos mistos, com

espécies pioneiras e/ou nativas, em ambientes com exíguos atributos ambientais

na vertente Norte da serra do Madureira - Mendanha.

3.2- Específicos

• Identificar áreas reflorestadas com atributos ambientais similares;

• Caracterizar ecossistemas perturbados com níveis diferenciados de resiliência;

• Caracterizar os reflorestamentos implantados como medidas de recuperação de ecossistemas perturbados, onde se utilizou espécies com distintas funções ecológicas;

• Determinar e comparar os níveis de auto-sustentabilidade dos ambientes com e sem reflorestamentos.

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4 - METODOLOGIA

4.1 - Área de estudo

A serra do Madureira-Mendanha localiza-se na região Metropolitana do Rio

de Janeiro (Figura 01), estando situada entre os paralelos 22o45´- 22o51´ S e

43o26´- 43o36’ W.

Figura 01: Área de estudo: Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Pedreira Vigné Ltda.

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4.2 - Vegetação

A região pertence ao domínio da Mata Atlântica, estando a área de estudo

em um enclave de Floresta Estacional Semidecidual, onde aproximadamente 50%

das árvores perdem folhas na época seca (inverno com 4 a 6 meses). O ponto

mais alto da serra é o Pico do Gericinó (964 m), onde predomina vegetação do

tipo Floresta Estacional Semidecidual Montana. As cinco áreas estudadas

encontram-se na Floresta Estacional Semidecidual Sub-montana, com níveis

distintos de alterações. A Mata é considerada sistemas secundários (IBGE, 1992)

com alterações indiretas e as 4 demais áreas com alterações diretas e indiretas.

Há acessos, agricultura de subsistência, fruticultura e pecuária extensiva com

manejo de queimadas, descaracterizando a vegetação original.

A Mata não sofre as mesmas ações de forma direta há vários anos, pelo

menos desde o início do século XX conforme registros fotográficos. Associado a

estes fatos há a menor intensidade de intervenção no passado, devido aos

acessos dificultosos a as distancias, que contribuíram para que elas

resguardassem resiliência diferenciada, embora se encontram amontoados de

pedras nos topos dos morros, prática comum feita pelos escravos para viabilizar a

preparação do terreno com mecanização de tração animal.

4.3 - Solos

Na região predominam Neossolos, ou solos Litólicos com afloramentos

rochosos (PALMIERI, 1980), sendo este um dos principais problemas da serra do

Madureira-Mendanha, dada a agressividade do capim colonião mesmo nestas

condições e os riscos de incêndios (VALCARCEL, 1995).

4.4 - Clima

O clima segundo a classificação de Koppen varia de Tropical de Altitude

(Cwa) nas cristas da Serra a Tropical (Aw) nas áreas baixas, ambos

caracterizados por verão chuvoso e inverno seco. A média anual de temperatura

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é de 17 a 22o C (Cwa) e 22 a 24oC (Aw). A precipitação média anual é de 1.212

mm (MATTOS et al., 1998).

4.5 - Antecedentes

Os primeiros habitantes da região foram os índios Jacutinga que ocupavam a

baixada. Em meados do século XVI chegaram os primeiros colonos europeus em

busca de terras férteis para a agricultura. O desmatamento da serra do

Madureira-Mendanha teve razões históricas e econômicas, estando a destruição

da mata nativa ligada aos ciclos econômicos (IEF, 1992).

As lavouras de cana-de-açúcar, arroz, milho, mandioca e feijão, foram as

principais fontes de renda da região, onde a rentabilidade conjugava alta

produtividade e facilidade de escoamento por via fluvial ou terrestre.(TCR, 2004).

Os laranjais foram implantados no início do século XIX aproveitando os

terrenos secos, onde anteriormente havia cana-de-açúcar. A facilidade de

escoamento da produção e as grandes extensões dos plantios tornaram a

citricultura no ano 1891 um dos principais elementos das pautas de exportações

do País, sendo seu período áureo na década de trinta (1930-1939), quando Nova

Iguaçu foi chamada de “Cidade Perfume”, pois as laranjeiras em floração

exalavam cheiro agradável que contagiava a ferrovia. As exportações foram

interrompidas com a primeira guerra mundial e os laranjais entraram em

decrepitude, cedendo lugar às atividades Industriais e de pastagens (TCR, 2004).

Hoje predominam a mineração na base da serra e a pecuária extensiva na

parte superior. A pecuária ocupa a vertente norte e é caracterizada por pequenos

rebanhos, criados de forma extensiva em terrenos alheios, sem investimentos ou

agregação de tecnologia (SPOLIDORO, 1998). Foram registradas 9.760 unidades

animais distribuídas entre os rebanhos de gado bovino, caprino, ovino e eqüino

(IBGE, 2003). A principal técnica de “renovação” das pastagens é a queimada dos

capinzais, prejudicando lenta e gradualmente a vegetação nativa remanescente e

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os ecossistemas, fato este que confere quadro inercial de tendência de

degradação.

As formações florestais ocupam 33% do município, as vegetações

secundárias (capoeiras e capoeirões) 7%, as áreas agrícolas 3%, os campos e

pastagens 10%, as áreas urbanas 31% e as áreas degradadas 5% (TCR, 2004).

4.6 - Amostragem

Foram localizadas áreas com fatores abióticos similares em base

cartográfica (FUNDREM, Escala 1:10.000) com Mata, Pastos e Reflorestamentos.

Para avaliar a similaridade dos fatores abióticos utilizou-se os seguintes

parâmetros: a) exposição solar; b) orientação; c) ângulo de incidência de ventos;

d) comprimento de rampa; e) altitude; f) profundidade de solo; g) área de

captação à montante; g) declividade; h) proximidade de acesso motorizado; i)

proximidade de fontes de propágulos; e j) natureza da perturbação (tamanho,

duração, intensidade e freqüência). Esses fatores podem regular funções dos

ecossistemas e determinar processos ecológicos e hidrológicos (BAZZAZ e

PICKETT, 1980; FURHER, 2000). Eles foram determinados segundo metodologia

descrita na literatura (GREGORY e WALLING, 1985; SPOLIDORO, 1998).

4.7 - Caracterização dos reflorestamentos

4.7.1 - Silvicultural

A Pedreira Vigné Ltda iniciou os reflorestamentos considerados Tratamentos

(Medida Biológica de recuperação de áreas degradadas) (Tabela 01) nas áreas

sem previsão de exploração mineral em 1996, assim como a construção do aceiro

de 6 metros (Anexo fotográfico - Fotos 01 e 02)

Os plantios são equiano, efetuados pela mesma equipe, com mudas de

mesma procedência, com os mesmos tratos culturais, ou seja, covas de 0,40 x

0,40 x 0,40, com dois litros de esterco bovino/cova.

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10

O papel funcional das espécies ficou determinado pela presença e

concentração do Eucalyptus citriodora, Mimosa caesalpinifolia utilizadas como

pioneiras em quantidades distintas nos três tratamentos. Foram priorizadas

espécies nativas para acelerar os processos sucessionais na encosta. A espécie

Senna sp. não subsistiu e foi suprimida.

Atualmente a cobertura das três áreas é total, embora não seja densa e

facilite a entrada do Panicum maximum, espécie heliófila de alta capacidade

colonizadora.

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11

Tabela 01: Caracterização silvicultural das medidas biológicas avaliadas na Pedreira Vigné Ltda.

Espécies Plantadas MB1 MB2 MB3

Mimosa caesalpiniifolia Benth. 08 01 03

Eucalyptus citriodora Hook. 01 09 02

Schinus terebinthifolius Raddi. - - 02

Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. 01 - 05

Caesalpinia férrea Mart. - - 02

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. - - 01

Psidium guajava L. 01 01 01

Senna sp. - - 03*

Machaerium rhorii (Vell.) Stellfeld. - - 01

Área (m2) 130 135 140 Riqueza Nº indivíduos

4,025

3,0 30

9,0 28

Densidade (ind/ha) 1.923 2.222 2.000 Nota: * 100% de mortalidade.

4.7.2- Ecológica

A mesma densidade, idade, tratos culturais e formas de plantios, associados

aos parâmetros físicos similares entre áreas, permitem abstrair teoricamente que

os fatores externos destes ecossistemas são similares, e que alguma diversidade

que se possa encontrar se deve a fatores internos, ou seja, dependentes das

espécies utilizadas, similar como em outros estudos (KAGEYAMA e CASTRO,

1989; PARROTA et al., 1997; SOUZA et al., 2003). O estudo das funções das

espécies é um importante instrumento de manejo de ecossistemas tropicais, dado

a biodiversidade disponível para otimizar técnicas de recuperação de

ecossistemas perturbados.

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12

A combinação das composições de espécies, comportamentos fisiológicos e

aspectos fenológicos, pode influenciar na filtragem da energia, lavagem dos

exudatos das folhas, formação de substancias químicas e freqüência de animais

dispersores de sementes.

A utilização de Psidium guajava, Schinus terebinthifolius, Inga sp (Anexo

fotográfico - Foto 03) oferecem alimento e atraem fauna dispersora, podendo

acelerar o processo sucessional. Elas devem ser levadas em consideração

quando a meta é recuperação funcional do ecossistema (WUNDERLE Jr, 1997,

REIS e KAGEYAMA, 2003).

4.8- Regeneração espontânea

O levantamento da regeneração espontânea foi realizado pelo método de

pontos (MANTOVANI e MARTINS, 1990). Este método é recomendável para

ambientes onde predominam espécies de porte herbáceo, arbustivo e trepadeiras

(CASTELLANI & STUBBLEBINE, 1993), causando baixo impacto na vegetação e

sendo de fácil aplicação.

O procedimento consistiu em apoiar verticalmente uma vara graduada a

cada metro seguindo orientação do escoamento da água, registrando-se: a)

espécie; b) número de vezes que a espécie toca na vara; e c) altura da planta

(Figura 02).

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13

Figura 02: Método de pontos.

A amostragem foi representativa do número de espécies dos ecossistemas,

onde a suficiência amostral foi determinada pela curva do coletor (GUEDES -

BRUNI et al., 2002).

Os levantamentos foram feitos em Agosto de 2004 (inverno) e Fevereiro de

2005 (verão) determinando os seguintes parâmetros fitossociológicos:

DENSIDADE RELATIVA (DR): Relação entre o número de indivíduos tocados e totais amostrados, uma vez que não se utiliza área neste método.

Equação 1 DENSIDADE RELATIVA (01)

Onde: n = número de indivíduos da espécie considerada. N =número total de indivíduos amostrados.

VIGOR ABSOLUTO (VA): Expressa o êxito que uma espécie tem na comunidade. Para a metodologia de pontos, usa-se o número de toques da espécie na vara para o cálculo deste parâmetro que equivale à dominância em outros métodos .

NnDR .100=

Fonte: Francês e Valcarcel, 1995.

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Equação 2 VIGOR ABSOLUTO

NTPNTVA .100= (02)

Onde: NT = número de toques da espécie considerada. NTP = número total de pontos.

VIGOR RELATIVO (VR): Corresponde à proporção do vigor absoluto de cada espécie em relação às demais.

Equação 3 VIGOR RELATIVO

∑=

VAVAVR .100 ou

NTTNTVR .100= (03)

Onde: VA = vigor absoluto da espécie considerada. ∑ VA = somatório dos vigores absolutos de todas as espécies . NTT = número total de toques.

MÉDIA DE TOQUE (MT): Estimativa da relação entre o número de vezes que a vara toca a espécie com o número de pontos onde a espécie ocorre, determinando o número médio de estratos de folhagem que cobre o solo.

Equação 4 MÉDIA DE TOQUE

NPNTMT = (04)

Onde: NT= número de toques da espécie considerada. NP= número de pontos com a espécie considerada. FREQÜÊNCIA OU COBERTURA ABSOLUTA (FA) : É a porcentagem do número de pontos onde ocorre a espécie em relação ao número total de pontos (MATTEUCCI e COLMA, 1982 apud SILVA, 1991).

Equação 5 FREQÜÊNCIA OU COBERTURA ABSOLUTA

NTPNPFA .100= (05)

Onde : NP= número de pontos/sp NTP= número total de pontos.

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FREQÜÊNCIA OU COBERTURA RELATIVA (FR): É a comparação das freqüências absolutas de cada espécie em relação às demais.

Equação 6 FREQÜÊNCIA OU COBERTURA RELATIVA

∑=

FAFAFR .100 (06)

Onde: FA = freqüência absoluta da espécie considerada. ∑FA= somatório das freqüências absolutas de todas as espécies

FREQÜÊNCIA OU COBERTURA DA ÁREA (CR): É a freqüência relativa dos pontos com ocorrência de espécies.

Equação 7 FREQÜÊNCIA OU COBERTURA DA ÁREA

( )∑

−=FA

FANoCR .100 (07)

Onde: No = porcentagem de pontos sem toques. VALOR DE IMPORTÂNCIA (VI): É calculado pela soma dos valores relativos de freqüência, densidade e vigor. Equação 8 ÍNDICE DE VALOR DE IMPORTÂNCIA

VRDRFRVI ++= (08)

Onde: FR = freqüência relativa DR = densidade relativa VR = vigor absoluto da espécie considerada.

ÍNDICE DE COBERTURA (IC): Soma da freqüência absoluta com vigor absoluto da espécie, que pode ser correlacionado com a biomassa de uma espécie.

Equação 9 ÍNDICE DE COBERTURA

VAFAIC += (09)

Onde: FA = freqüência absoluta da espécie considerada. VA = vigor absoluto da espécie considerada.

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ÍNDICES DE DIVERSIDADE de SHANNON (H’): usado na determinação da riqueza de espécies por área (RICKLEFS, 2003). Equação 10 ÍNDICES DE DIVERSIDADE E SIMILARIDADE

−= ∑ N

NiNNiH log´ (10)

Onde: H´= índice de diversidade de Shannon ni = Número de indivíduos de cada espécie N = Número total de indivíduos

SIMILARIDADE (C): mede a similaridade das espécies entre parcelas amostrais distintas.

Equação 11 SIMILARIDADE

cbacC

−+= (11)

Onde: c = Número de espécies comuns entre duas parcelas. a = Número de espécies de uma parcela. b = Número de espécies da outra parcela.

4.9 - Serrapilheira

O recobrimento do solo por serrapilheira foi avaliado pelo método de áreas

móveis (NEVES, 2005), onde se utilizou parcela de um metro quadrado ao redor

de cada ponto do levantamento fitossociológico estimando-se a cobertura (%). A

altura da serrapilheira (cm) foi medida usando a mesma vara graduada do

levantamento da composição florística e no centro da parcela móvel.

4.10 - Musgos e Microtopografia

Em cada ponto amostrado no levantamento da regeneração foi atestada a

presença ou ausência de musgos, sendo sua ocorrência representada pela

porcentagem de pontos onde eles estavam presentes (SILVA, 1996). Nos

mesmos pontos, a microtopografia foi levantada em função da combinação de

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formas que quando vistas em planta e em perfil podem gerar nove diferentes

combinações topográficas (Figura 03).

Figura 03: Nove combinações de formas de encostas, em planta e em perfil. Fonte: PARSON, 1988 apud GUERRA, 2003.

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5- RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1- Caracterização dos Tratamentos

As condições ambientais geradas pelos fatores abióticos determinam o

comportamento hidrológico das encostas. Como prerrogativa básica para avaliar a

eficiência das medidas biológicas estabeleceu-se a busca da similaridade

ambiental entre as parcelas para igualar os efeitos do meio e poder individualizar

os efeitos sinérgicos adquiridos pelas plantas utilizadas nos reflorestamentos, que

pode ter influenciado na construção do ecossistema e, com isso garantir a sua

sustentabilidade.

Os parâmetros abióticos (Tabela 02): declividade, comprimento da rampa,

altitude, profundidade de solo, captação de água à montante, proximidade a

acessos, orientação, direção e velocidade dos ventos apresentaram variações

que foram analisadas de forma individual e dentro de um modelo de

funcionamento do ecossistema (Figura 04).

As cinco parcelas com área média de 120m2 apresentam mesmo

comprimento de rampa, variável que interfere na infiltração da água e magnitude

do escoamento superficial em uma encosta.

A exposição da encosta à incidência de radiação é uma variável que interfere

na interceptação dos ventos, das chuvas e dos parâmetros influenciadores na

evaporação/transpiração, afetando a desidratação das parcelas de forma

homogênea. A orientação similar das vertentes faz com que as áreas amostradas

estejam sobre as mesmas influências da radiação solar, homogeneizando as

chances de dessecamento dos solos e determinando as condições

microclimáticas locais.

Esse fato é agravado pela alta declividade, variável de comportamento

similar nos tratamentos e pela exígua profundidade dos solos (0,20< p <0,80m),

que determina o volume de água armazenada.

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19

A distância média das fontes de propágulos às parcelas foi de 639 m,

podendo ser considerada similar entre as parcelas, fator este que garante mesma

oferta de sementes e mecanismos dispersores naturais.

Considerando a similaridade dos parâmetros abióticos analisados, é de se

esperar que o comportamento das variáveis que interferem no funcionamento dos

ecossistemas sejam também similares, nos permitindo inferir sobre identidades

comportamentais entre os tratamentos.

Embora esta abstração teórica não seja totalmente verdadeira, a estratégia

foi considerada oportuna, pois o que se pretende é caracterizar funcionalmente os

ecossistemas construídos e avaliar melhores estratégias de recuperação de

ecossistemas perturbados.

Tabela 02: Parâmetros físicos das áreas de amostragem em Nova Iguaçu, RJ. Unid MB1 MB2 MB3 MATA PASTODeclividade % 30,61ac 44,34a 38,99a 18,50b 24,48bc Comprimento da rampa m 13,40a 10,57a 11,89a 11,46a 9,39a Altitude sobre nível mar m 90 95 95 330 85 Profundidade do solo cm 20 - 80 20 - 80 20 - 80 20 - 80 20 - 80 Orientação angulo NE NE NE NO NE Direção dos ventos: inverno/ verão

angulo SO NE

SO NE

SO NE

SO NE

SO NE

Distancia fonte de propágulos

m 634 634 634 0 655

Proximidade dos acessos

m 0 0 0 257 153

Nota: Unid.= Unidade; MB1 = Medida Biológica 1; MB2 = Medida Biológica 2 e MB 3= Medida Biológica 3. Os Números seguidos da mesma letra na mesma linha indicam similaridade pelo teste de Tukey (α 0,05). Contrapondo aos parâmetros considerados similares, a declividade

apresentou valores médios em dois grupos distintos: a) 37,9% – agrupado nas

MB1, MB2 e MB3 e b) 21,5% - Pasto e Mata. Os tratamentos do Pasto e Mata

não diferiram entre si e tiveram as menores médias de declividade, sendo

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esperada uma condição similar de comportamento hidrológico, não fosse pela

diferença considerável do tipo de cobertura vegetal de cada parcela.

A declividade, comprimento de rampa e cobertura vegetal influenciam a

capacidade de infiltração e administração de água no solo. Este fato afeta o teor

de umidade no solo, o escoamento superficial, fluxo sub-superficial e fluxo básico

(LIMA, 1986).

A altitude foi o parâmetro mais destoante entre as parcelas, estando a mata

235 m acima das demais, podendo significar 1,4°C de redução de temperatura,

fator que regula umidade relativa do ar e microclima, podendo influenciar na

formação de propriedades favoráveis à regeneração espontânea de espécies

arbóreas. Geralmente a redução de temperatura se dá numa proporção de 0,6ºC

a cada 100 metros de desnível de cota (VIANELLO e ALVES, 2002). Esta

variação influencia as condições microclimáticas locais onde as temperaturas

mais baixas facilitam os processos de condensação do vapor d'água modificando

as condições de umidade local.

Em estudos de interceptação vertical das bacias aéreas em Nova Friburgo,

RJ, BARBOZA (2004) encontrou precipitação interna maior que externa fora da

floresta em Nova Friburgo, valor este proveniente da condensação do vapor

d'água após interceptação pela vegetação. Este fator pode ser importante na

determinação dos teores de umidade do ambiente e caracterização do microclima

local.

Os afloramentos rochosos (Anexo fotográfico, Foto 04) possuem capacidade

mínima de reter a água e gerar infiltração, aumentando a propensão ao déficit

hídrico do solo, pois a evaporação e transpiração são fontes de perda de água

dos ecossistemas.

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Figura 04: Modelo de ecossistema e relação com os fatores abióticos das parcelas amostradas

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A incidência dos ventos úmidos é um fator importante na determinação das

condições locais de umidade e na determinação da diversidade local. As

correntes de ar carregado de umidade na região litorânea adentram o continente

e perdem umidade conforme encontram anteparos como morros e serras (chuvas

orográficas), chegando secas ao interior do continente (BARBOZA, 2004). As

serras próximas ao mar interceptam umidade quanto mais frontal for a exposição

a direção SW (ângulo das chuvas mais freqüentes). A orientação das encostas de

ângulo Nordeste recebem os ventos SO (inverno) e NE (verão) com formas

distintas de efeitos orográfico, reduzindo volume precipitado nos ecossistemas.

Como as chuvas anuais são mal distribuídas temporalmente e totalizam 1.212

mm, predominam poucos eventos de alta intensidade, desequilibrando ainda mais

os frágeis ecossistemas.

Esse fator aliado à intensa incidência diária de raios solares gera

temperaturas maiores no solo e ar, como observado no maciço da Tijuca, RJ

(OLIVEIRA et al., 1995). Segundo os autores esta fator gera condições

microclimáticas diferenciadas, influenciando na diversidade de espécies nas

encostas úmidas e propensão a fogo nas encostas Norte (MIRANDA e OLIVEIRA,

1983; OLIVEIRA et al., 1995; SPOLIDORO, 1998).

Para a área de estudo, os ventos úmidos vindos do mar (baía de Sepetiba)

desviam por dois corredores formados pelo maciço da Pedra Branca e pela serra

de Paracambi (Figura 05), incidindo uma pequena parte na vertente Sul

(barlavento) da serra e chegando desprovidos de umidade nas encostas Norte

(sotavento), podendo até causar dessecamento do solo por transferência de

umidade do solo pouco profundo e das plantas para o ar seco.

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Figura 05: Bacias aéreas no Maciço Madureira-Mendanha, RJ.

A proximidade das estradas facilita o acesso e aumenta as chances de

perturbações antrópicas. A Mata apresenta isolamento dos acessos motorizados,

apesar de ser acessível por trilha, enquanto as medidas biológicas e o Pasto

encontram-se próximos às estradas tornando as perturbações mais freqüentes.

Os fatores citados influenciam a oferta de condições à regeneração, motivo

pelo qual levantou-se parcelas com atributos físicos similares, para que os efeitos

na regeneração fossem atribuídos às diferenças na composição das espécies dos

reflorestamentos. Como as medidas biológicas têm diferentes composições de

espécies, tentou-se inferir o papel das espécies no aumento da oferta de atributos

ambientais, devido a alguns aspectos: a) atração da fauna dispersora; b)

facilitação dos processos sucessionais; e c) manutenção dos ecossistemas.

5.2- Caracterização da vegetação

As florestas originais foram modificadas assim como os seus solos até

próximo a exaustão, onde as monoculturas, os usos e os motivos econômicos

foram os principais objetivos. As variáveis econômicas também conformaram os

mecanismos de retro-alimentação para sustar o processo de degradação destes

ecossistemas, pois não se tornou viável continuar explorando. As terras

abandonadas foram transformadas em pastagens, que pegam fogo regularmente.

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O tratamento utilizado como referência (Mata) é heterogeneamente

estratificado, com espécies arbóreas nativas, lianas e epífitas dominando a

estrutura da paisagem (Anexo fotográfico - Fotos 05, 06 e 07). Os processos

sucessionais ocorrem de forma sustentável. Os incêndios quando chegam nestas

áreas, apresentam menor intensidade, pois tiveram que atravessar pasto

empobrecido, não encontram capim e apresentam mecanismos próprios de

retenção de água. Eles apenas chamuscam as bordas e não destroem os

fragmentos.

As pastagens (Anexo fotográfico - Fotos 08 e 09) são ecossistemas menos

diversos, com predomínio de capim colonião, altamente susceptível aos

incêndios, que queimam toda biomassa, seleciona a regeneração, que mal

consegue competir com o capim e assim permanecem em empobrecimento

paulatino, pois há perda no verão pela erosão e no inverno pela volatilização dos

elementos químicos dos ecossistemas. Por este motivo estes ecossistemas são

menos resilientes e permanecem com tendência de degradação. A tendência

inercial de degradação independe dos usos do solo e só deverá ser revertida

naturalmente quando os processos erosivos promoverem a retirada do solo e a

superfície da rocha aflorar.

Os ecossistemas com máxima e mínima resiliência evidenciam ambientes

com intensidades distintas de perturbações, onde o papel das medidas biológicas

de recuperação dos ecossistemas pode ser valorado. Espécies rústicas

combinadas promovem funções distintas aos ecossistemas? O monitoramento da

sustentabilidade ambiental foi avaliado para tentar identificar respostas a esta

indagação.

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5.3- Análise da sustentabilidade

5.3.1- Suficiência Amostral

A curva do coletor (Figura 06) relaciona número de pontos e novas espécies

levantadas. O ponto de inflexão evidencia o momento em que a área (número de

pontos x 1m2) de amostragem é mínima necessária para representar a riqueza da

comunidade. O ajuste aos modelos de regressão sinalizam tendências, que

definem diversidade de comunidades (GUEDES-BRUNI, 1998).

Esta curva permite dimensionar o mínimo esforço de amostragem para se ter

representatividade do ecossistema constituído pelas espécies regenerantes, que

estão ingressando nos ecossistemas em função da oferta de propriedades

emergentes emanadas pelos tratamentos de recuperação, definidos como

medidas biológicas.

A riqueza de espécies depende dos efeitos provenientes das interações dos

componentes bióticos, ou seja, dos efeitos que as espécies plantadas possam

propiciar para oferecer propriedades emergentes e otimizar as funções dos

ecossistemas.

O Pasto apresentou menor esforço amostral para selecionar uma parcela

representativa deste ecossistema, evidenciando que com uma área mínima de 65

m2 é representatividade da composição florística desse ecossistema. Na MB2 o

esforço de amostragem mínimo foi de 90 m2. Na Mata não houve ajuste,

evidenciando que o esforço de amostragem foi pequeno. Nas medidas biológicas

MB1 e MB3 a inflexão foi alcançada com 110 e 115 pontos.

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Figura 06: Curvas do coletor para as parcelas amostradas.

Pasto

R2 = 0,9344

R2 = 0,9019

05

1015202530

1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101

Núm. de pontos

Núm

. de

epéc

ies

espécie Log. (espécie) Linear (espécie)

MB2

R2 = 0,9296

R2 = 0,937

05

1015202530

1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101

111

121

131

Núm. de pontos

Núm

. de

espé

cies

espécie Linear (espécie) Log. (espécie)

MB1

R2 = 0,9746

R2 = 0,8796

05

1015202530

1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101

111

121

Núm. de pontos

núm

. de

espé

cies

espécie Linear (espécie) Log. (espécie)

MB3R2 = 0,9622

R2 = 0,8089

0

5

10

15

20

25

30

1 15 29 43 57 71 85 99 113

127

141

Núm . de pontos

Núm

. de

espé

cies

espécie Linear (espécie) Log. (espécie)

Mata

R2 = 0,7961

R2 = 0,9749

05

1015202530

1 11 21 31 41 51 61 71 81 91

Núm. de pontos

Núm

. de

espé

cies

espécie Log. (espécie)Linear (espécie)

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5.3.2- Regeneração Espontânea

A dinâmica da vegetação e sua distribuição na paisagem estão relacionadas

ao estágio sucessional e seu padrão de ocorrência condiciona a surgimento de

espécies ou famílias botânicas (IBGE,1992).

Estudos botânicos são importantes para caracterizar as espécies de cada

ambiente e suas substituições ao longo dos processos de fragmentação e

sucessão natural, facilitando o entendimento da dinâmica de paisagens

fragmentadas e colaborando com o desenvolvimento de técnicas viáveis de

recuperação e seleção de espécies apropriadas ao reflorestamento e recuperação

funcional da vegetação implantada.

No levantamento sazonal da regeneração espontânea foram amostrados

1.501 indivíduos no verão e 940 no inverno, sendo estes representantes de 74

espécies, 67 gêneros e 39 famílias (Tabela 03).

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28

Tabela 03: Ocorrência sazonal das espécies nas parcelas amostradas em Nova Iguaçu, RJ.

FAMÍLIAS/ESPÉCIES MB1 MB2 MB3 PASTO MATA ACANTHACEAE Chamaeranthenum venasum M.B.Foster e Lor.B.Sm. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X ANACARDIACEAE Astronium graveolens Jacq. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X ARALIACEAE Philodendrum sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X ASCLEPIADACEAE Oxipetalum sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X ASTERACEAE Chaptalia interregima (Vell) Burkart - X X - Emilia sonchifolia (L.) Dc. - - X - - Eupatorium maximilianii Schrad. X - - Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. - ∗ ∗ ∗ ∗ - - Pterocaulon sp. ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ X X ∗ ∗ ∗ ∗ X - Tridax procumbens L. - X - - BIGNONIACEAE Arrabidea leucopogon (Schltdl.) Sandwith ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Arrabidea sp. ∗ ∗ ∗ ∗ X X - - Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. - X - - Tabebuia chrysotricha (Mart.) Standl. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X BOMBACACEAE Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Rob. ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ X - - BROMELIACEAE Bromelia antiacantha Bertol. - - - X Crypthantus sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X CACTACEAE Sp70 X CAESALPINACEAE Piptadeia gonoacantha (mart.) Macrb. - ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Senna obtusifolia (L.) H.S.IrwineBarneby - - X - CLETHRACEAE Clethra brasiliensis Cham.& Schltdl. X X X - - COMBRETACEAE Terminalia catappa L. X - - - COMELLINACEAE Commelina diffusa Burm.f. ∗ ∗ ∗ ∗ X - X - - CUCURBITACEAE Momordica charantia L. - - - X DIOSCORIACEAE Dioscoria sp. - - - X Continua...

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29

ERYTROXYLACEAE Eritroxylum pulchrum A. St. Hil. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X EUPHORBIACEAE Alchornea sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Croton sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Jatropha gossypifolia L. - X X - - Sp66 - - - X FABACEAE Aschinomene viscosa Nocca X Clitoria sp - - ∗ ∗ ∗ ∗ X - Desmodium tortuosum (Sw.) Dc. - - ∗ ∗ ∗ ∗ X - Galactia sp. X X ∗ ∗ ∗ ∗ X - Macherium rohrii Raddi. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Vigna sp1 ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X X - Vigna sp2 X X X ∗ ∗ ∗ ∗ X - FLACOURTIACEAE Casearia sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X GRAMINEAE Panicum maximum Jacq. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X LABIATEAE Hyptis suavolens (L.) Poit. ∗ ∗ ∗ ∗ X - - MALVACEAE Sida soinosa L. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ X - Sida sp. X - - - Sidastrum micranthum ( St. Hil.) - ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Waltheria indica L. - X ∗ ∗ ∗ ∗ X - Wissaluda amplissima (Kuntze)R.E.Fr. − ∗ ∗ ∗ ∗ - - MIMOSACEAE Caliandra sp. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Inga fagifolia Willd. ∗ ∗ ∗ ∗ X - X - - Leucaena leucocephala (Lam.) de wit ∗ ∗ ∗ ∗ X X ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Acacia sp. ∗ ∗ ∗ ∗ X - ∗ ∗ ∗ ∗ X Mimosa caesalpinifolia Benth. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - - MYRTACEAE Eucaliptus citriodora Hook. - ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ - - Eugenia cuprea (O.Berg.)Willd. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Eugenia fumicifolia Dc. - - ∗∗∗∗ X Eugenia jambolana Lam. - - X - Eugenia uniflora L. ∗ ∗ ∗ ∗ X - - - Eugenia sp X Pisidium guajava L. ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - RUBIACEAE Alseis floribunda Schott. ∗ ∗ ∗ ∗ X - - - Spermacoce verticilata L. X ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ X X - Chomelina sp. - X - - Continua...

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30

RUTACEAE Sp10 ∗ ∗ ∗ ∗ X - ∗ ∗ ∗ ∗ X - X Sp60 - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X SAPINDACEAE Felicium decipiens X ∗ ∗ ∗ ∗ X Serjania caracasana (Jacq.) Willd. - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X SOLANACEAE Solanum palinacanthum Dunal - X ∗ ∗ ∗ ∗ X - VERBENACEAE Lantana camara L. - ∗ ∗ ∗ ∗ X X - - ORCHIDACEAE Stenocladis maculata - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X PASSIFLORACEAE Passiflora sp. X X - X NÃO IDENTIFICADAS (NI) Sp2 ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Sp5 ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X ∗ ∗ ∗ ∗ X - - Sp31 - X - - Sp45 - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Sp55 - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Sp56 - - - ∗ ∗ ∗ ∗ X Sp68 - - - X Sp69 X

∗ − ∗ − ∗ − ∗ − Espécies amostradas no inverno/2004. X− Espécies amostradas no verão/2005.

As famílias de maior ocorrência nos estágios iniciais de sucessão são

Gramineae, Solanaceae, Asteraceae, Melastomataceae, sendo posteriormente

substituídas por espécies das áreas circundantes (IBGE, 1992). Considerando-se

as cinco parcelas amostradas, as famílias com maior número de espécies em

ordem decrescente foram, Fabaceae, Myrtaceae, Asteraceae, Malvaceae,

Mimosaceae, Bignoniaceae e Euphorbiaceae (Figura 07).

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31

Figura 07: Número de espécies por família, Nova Iguaçu, RJ.

Algumas dessas famílias ocorrentes foram classificadas por LEITÃO-FILHO

(1993) como sendo famílias de estágio intermediário de sucessão (Myrtaceae,

Euphorbiaceae, Rubiaceae). Do total de 39 famílias, 23 tiveram apenas uma ou

duas espécies como representantes. Oito famílias não foram identificadas por

ausência de material reprodutivo ou por se tratarem de plântulas que são de difícil

identificação no campo.

Além dos dados taxonômicos, a estrutura da vegetação nos fornece dados

sobre os mecanismos de colonização das áreas estudadas. A estrutura da

vegetação de cada parcela pode ser observada na figura 08.

34

4

5

56 7

7Fabaceae Myrtaceae Asteraceae MalvaceaeMimosaceae Bignoniaceae Euphorbiaceae RubiaceaeBromeliaceae Caesalpinaceae Rutaceae SapindaceaeAcanthaceae Anacardiaceae Araliaceae AsclepiadaceaeBombacaceae Cactaceae Clethraceae CombretaceaeComellinaceae Cucurbitaceae Dioscoriaceae ErytroxylaceaeFlacourtiaceae Poaceae Labiateae SolanaceaeVerbenaceae Orchidaceae Passifloraceae

2

1

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32

Figura 08: Estrutura da vegetação nas parcelas amostradas.

A Mata obteve o maior número de espécies arbóreas (12), (Tabebuia

crysotricha, Astronium Graveolens, Eritroxylum pulchrum, Croton sp, Eugenia

cuprea, Eugenia fumicifolia, Casearia sp., Alchornea sp., Sp10, Sp55, Sp60 e

Sp69) sendo a maioria espécies secundárias iniciais e tardias.

Nos tratamentos MB1, MB2 e MB3, as arbóreas encontradas representam em

sua maioria regeneração das espécies plantadas (Anexo fotográfico, Fotos 10, 11

e 12), mas houve cinco espécies arbóreas provenientes de espécies não

plantadas (Tabela 04) (Sp10, Sp27, Sp31, Eugenia sp, Felicium decipiens, Inga

fagifolia) (Anexo fotográfico - Fotos 13, 14 e 15).

O Pasto apresentou apenas duas espécies arbóreas em regeneração sendo a

Eugenia jambolana um rebroto de uma arvore cortada e a Pisidium guajava

(Anexo fotográfico - Foto 16) regeneração do banco de sementes formado por

uma antiga goiabeira que também foi cortada, evidenciando perturbações

antrópicas que vão contra os processos regenerativos, aumentando a tendência

de degradação destes ambientes.

02468

101214

MB1MB2

MB3MATA

PASTO

N° de espécies

Arbórea

Herbácea

TrepadeirasArbustivo/ArbóreaGraminea

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33

Tabela 04: Porcentagem de regeneração a partir de espécies plantadas e de não plantadas.

Regeneração de Arbóreas (%):

MB1 MB2 MB3 MATA PASTO

Universo amostral n = 8 n = 7 n = 9 n = 12 n = 2

PLANTADAS 75 85,7 55 0 50

ESPONTÂNEAS 25 14,3 45 100 50

As arbustivo/arbóreas foram representadas por apenas três indivíduos nas

cinco parcelas amostradas, sendo Caliandra sp. na Mata, Alseis floribunda na

MB1 e Senna obtusifolia no Pasto.

As trepadeiras e lianas foram abundantes em todas as parcelas. A

morfoespécie Sp5 foi a espécie de trepadeira dominante estando presente nas

três medidas biológicas. Acacia sp. foi a única espécie comum entre à Mata e a

dois plantios (MB2 e MB3).

As herbáceas foram muito abundantes e predominaram nos ambientes mais

perturbados (pasto e plantios). As herbáceas da área de plantio, representam

espécies bastante comuns em ambientes perturbados (Chaptalia integerrima,

Eupatorium maximilianii, Emilia sonchifolia, Porophillum ruderale, Pterocaulon sp.,

Sida spinosa, Spermacoce verticilata, Sida sp., Sidastrum micranthum, Vigna sp.,

Wissaluda amplíssima). Na mata, foram representadas por oito espécies, todas

exclusivas deste ambiente como bromélias, orquídeas e filodendros (Crypthantus

sp, Bromelia antiacantha, Stenocladis maculata, Phylodendrum sp,

Chamaeranthenum venasum, cactaceae NI, Sp68) ( Anexo fotográfico - Fotos 17-

20) mostrando ambiente heterogêneo e próximo do equilíbrio natural dos

ecossistemas de Mata Atlântica (GUEDES-BRUNI et al., 2002; IBGE, 1992).

Plantas ruderais se desenvolvem em áreas de cultivo, junto às plantas

cultivadas (SER, 2002). Estas foram representadas no pasto por espécies como

Solanum palinacanthum, Aeschinomene viscosa, Vigna sp, dentre outras (Anexo

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fotográfico - Foto 21), representando os primeiros estágios sucessionais onde a

ocorrência de espécies rústicas capazes de suportar condições adversas de

perturbação é freqüente (IBGE, 1992).

A gramínea Panicum maximum mostrou-se abundante tanto na pastagem

quanto nos tratamentos de plantio amostrados (Anexo fotográfico - Fotos 22-27).

A presença desta espécie demonstra que as árvores do reflorestamento ainda não

proporcionam sombreamento capaz de inibir o capim.

Em São Paulo, SOUZA et al. (2003) encontraram maior densidade de capim

colonião em área reflorestada nos meses de inverno, pois as características

deciduais das espécies utilizadas proporcionaram maior entrada de luz e,

conseqüentemente, ambientes propícios as gramíneas. O mesmo não foi

observado para Nova Iguaçu, onde o capim colonião teve maior densidade nos

meses de verão, provavelmente devido às condições de baixa umidade do

inverno, que suprimem até mesmo espécies agressivas como o capim.

Nas fronteiras entre os campos e as florestas, as mudanças agudas na

temperatura e umidade da superfície, intensidade de luz e freqüência de incêndios

resultam em substituições de espécies (RICKLEFS, 2001). Espécies de

gramíneas invasoras são altamente competidoras por nutrientes e substrato com

as espécies nativas e demais espécies regenerantes, reduzindo o teor de umidade

das camadas superficiais do solo e fornecendo grande quantidade de biomassa

seca durante o inverno, facilitando a propagação do fogo e dificultando o

crescimento de plântulas de espécies lenhosas, prejudicando o estabelecimento

da vegetação arbórea (VALCARCEL,1997; NEPSTAD et al., 1998; CORTINES et

al., 2004).

5.3.3-Sazonalidade das espécies

Quanto ao número de espécies encontradas nos cinco tratamentos, houve

uma diferença potencial no verão quando comparadas ao inverno, sendo 70 delas

encontradas na época chuvosa e 54 na época de seca, considerando a

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sobreposição de espécies entre as duas estações. Do total de 74 espécies, 24

foram amostradas exclusivamente no verão e duas exclusivamente no inverno.

A ocorrência de mais espécies no verão deveu-se principalmente às

condições climáticas da estação chuvosa (Figura 09), onde a capacidade de

retenção de água pelo sistema fica aumentada e há uma elevação da

temperatura. Com isso, aumentam-se as taxas de evapotranspiração e

pluviosidade (MATTOS et al, 1998), fazendo com que a umidade relativa do ar e

do solo fiquem maior, favorecendo a germinação e estabelecimento das

plântulas.

A ocorrência de estação muito seca no inverno (chegando a apresentar

índices pluviométricos de 28 mm/mês) caracteriza o ambiente das formações

vegetais de Floresta Estacional Semidecidual, onde se tem de quatro a seis

meses de seca durante o ano, acarretando no comportamento de caducifolia

(perda de folhas) em parte da vegetação como mecanismo de economia de água

(Foto 01).

Foto 01: Cobertura de copa na MB1 no verão e inverno respectivamente.

Como conseqüência há mudança na dinâmica de entrada de luz nos estratos

inferiores e no solo, propiciando ou inibindo a ocorrência e germinação de

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espécies. Espécies pioneiras geralmente necessitam de quantidade considerável

de luz para germinarem. Já as espécies secundárias e climácicas não se

desenvolvem bem em condições de alta luminosidade, necessitando de condições

sombreadas para seu estabelecimento (SILVA, 1996).

Os critérios usados para classificar espécies em grupos ecológicos pode

variar desde a tolerância à luz (DENSLOW, 1980; WHITMORE, 1983; SWAINE e

WHITMORE, 1988; VIANA, 1989) até aspetos ecofisiológicos diversos (BAZZAZ e

PICKETT, 1980). Alguns autores buscam na relação causal na demografia das

comunidades a substituição de espécies, dinâmica da regeneração e processos

de sucessão (MARTINEZ-RAMOS et al.,1989).

A baixa umidade do solo nos meses de inverno, representada pelo déficit

hídrico, causa condições fisiológicas de estresse nas plantas levando-as muitas

vezes ao ponto de murcha permanente, onde elas não recuperam mais a umidade

que é toda perdida para o solo ou para plantas mais rústicas e resistentes às

condições de seca prolongada (LARCHER, 1977).

No caso das sementes e plântulas, a água é fator ainda mais limitante à

germinação e estabelecimento das espécies, que são frágeis e tendem a ser mais

prejudicadas e sucumbirem nas condições de falta de umidade.

Outro fator considerável na variação sazonal da regeneração é a presença

de espécies anuais que aparecem somente quando as condições ambientais

tornam-se favoráveis. Nos meses frios e secos, devido a mecanismos de

dormência, onde a planta baixa seu metabolismo para garantir sobrevivência,

geralmente utilizam suas reservas de bulbos ou tubérculos, permitindo a

supressão da parte aérea nessas épocas de falta de chuva, reaparecendo no final

da primavera e início do verão (DELEVORYAS, 1978; LARCHER, 1977).

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Figura 09: Dados climatológicos médios para a estação meteorológica Agroecologia, Seropédica, RJ. Serie Normal 1934- 1967. (Fonte: MATTOS et al, 1998).

Tem peratura do ar

010203040

Jan Mar Mai Jul Set Nov

oC

T média T max T min

D e fic iê n c ia e E x c e s s o h íd r ic o s

05

1 01 52 0

J a n M a r M a i Ju l S e t N o v

mm

D E F E X C

P r e c i p i t a ç ã o

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

2 5 0

J a n M a r M a i J u l S e t N o v

P P T

mm

U m i d a d e R e l a t i v a

6 0

6 5

7 0

7 5

8 0

J a n M a r M a i J u l S e t N o v

U R %

%

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A área que mais respondeu a esse efeito da sazonalidade foi a MB3, onde

foram amostradas 13 espécies a mais no verão do que no inverno. Na MB1 e

MB2 foram amostradas 6 e 11 espécies a mais no verão, respectivamente.

Quanto à parcela da Mata, observou-se 6 espécies. O Pasto apresentou menor

efeito da sazonalidade, com apenas 4 espécies (Figura 10).

Esses dados corroboram a fragilidade dos Pastos e evidenciam que já

existem diferenças entre a oferta de propriedades emergentes advindas pelas

medidas biológicas.

Figura 10: Total de espécies amostradas nas duas estações, em Nova Iguaçu, RJ.

Do total de 24 espécies amostradas exclusivamente no verão, dez eram

herbáceas anuais, oito novas plântulas regeneradas e quatro foram espécies que

já estavam presentes no sistema, mas que devido à metodologia de amostragem,

ficaram excluídas do levantamento de inverno.

Os parâmetros fitossociológicos permitem acompanhar a evolução dos

processos sucessionais e identificar quais espécies entram, saem e permanecem

de forma dominada e dominante na composição florística dos ecossistemas.

0

5

10

15

20

25

30

N°deespécies

MB1MB2

MB3MATA

PASTO

INVERNO VERÃO

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As medidas biológicas obtiveram as mesmas espécies predominantes entre

as cinco mais freqüentes (Tabelas 05 e 06) para o levantamento de inverno e

verão com pequenas substituições no verão, sendo Panicum maximum a espécie

de maior freqüência, seguida pela Sp5, que é uma trepadeira bastante dominante

e mostrou-se altamente agressiva no campo, estrangulando espécies arbóreas e

levando alguns indivíduos à morte (Anexo fotográfico - Fotos 28 e 29).

As duas espécies arbóreas mais representativas das medidas biológicas são

regeneração de espécies pioneiras rústicas, de rápido crescimento (Mimosa

caesalpiniifolia e Leucaena leucocephala) plantado na área por suportarem bem

as condições de seca prolongada. No verão houve uma substituição da espécie

Sida spinosa pela Vigna sp. que só apareceu nesta estação para os três

tratamentos de plantio. Para a MB2 o Eucalyptus citriodora apareceu como a

terceira espécie mais freqüente nos meses de verão.

A Mata foi o tratamento que apresentou maior estratificação da vegetação

regenerante, sendo representada por espécies arbóreas, arbustiva, bromélias,

trepadeiras e lianas.

Na área de pastagem, as espécies de maior valor de importância foram

Panicum maximum e Solanum palinacanthum que possuem sementes que

suportam as queimadas conseguindo germinar novamente nas épocas chuvosas

(Anexo fotográfico, Fotos 30, 31 e 32), tornando-se as espécies mais freqüentes

para as duas estações. As outras três espécies dominantes são trepadeiras,

sendo que a Aeschinomene viscosa é temporária e só aparece nos meses de

verão.

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Tabela 05: Parâmetros fitossociológicos para os cinco espécies mais relevantes, na estação seca. Inverno 2004 DR VR MT FR CR VI IC

MB1 Panicum maximum 20,98 25,27 1,70 34,18 16,00 80,43 57,94 Sp5 18,18 15,35 2,55 13,92 6,52 47,49 30,95 Mimosa caesalpinifolia 13,29 17,58 4,00 10,13 4,74 40,99 31,75 Leucaena leucocephala 9,78 9,34 2,43 8,86 4,15 27,99 19,05 Sida spinosa 4,90 5,49 1,00 1,27 0,59 11,65 8,73

MB2 Panicum maximum 59,15 56,03 1,88 59,16 27,47 182,55 85,82 Sp5 13,45 19,05 1,22 20,72 12,76 53,22 36,96 Mimosa caesalpinifoilia 5,85 11,59 2,00 7,21 4,44 23,94 17,39 Leucaena leucocephala 4,09 6,12 1,29 6,31 3,88 16,52 11,59 Sida spinosa 4,09 6,12 1,29 6,31 3,88 16,52 11,59

MB3 Panicum maximum 25,73 33,33 1,14 38,74 23,86 97,81 66,67 Sp5 13,45 19,05 1,22 20,72 12,76 53,22 36,96 Mimosa caesalpinifolia 5,85 10,88 2,00 7,21 4,44 23,94 17,39 Leucaena leucocephala 4,09 6,12 1,29 5,07 3,88 16,52 11,59 Sida spinosa 4,09 6,12 1,29 5,07 3,88 16,52 11,59

MATA Alchornea sp. 48,916 59,014 4,402 37,339 35,845 145,269 470 Caliandra sp. 9,59 7,550 1,69 12,44 11,94 29,59 78 Cryptanthus sp. 9,59 5,547 2,11 7,296 7,00 22,44 53 Acacia sp 8,05 7,396 2,08 9,871 9,47 25,31 71 Oxypetalum sp 3,71 3,082 1,66 5,150 4,94 11,94 32 Serjania caracasana 3,71 2,465 1,33 5,15 4,94 11,33 28

PASTO Panicum maximum 63,36 76,47 4,15 55,11 54,56 194,94 500 Solanum palinacanthum 17,67 10,62 1,60 19,88 19,68 48,18 91 Galactia sp 8,62 5,88 1,55 11,36 11,25 25,86 51 Vigna sp 3,87 1,89 1,11 5,11 5,06 10,89 19 Clitoria sp 1,72 1,32 1,75 2,27 2,25 5,32 11

DR= Densidade Relativa; VR= Vigor Relativo; MT= Média de Toques; FR= Frequência Relativa;CR= Cobertura Relativa; VI= Valor de Importância; IC=Índice de Cobertura.

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Tabela 06: Parâmetros fitossociológicos para os cinco espécies mais relevantes, na estação chuvosa. Verão 2005 DR VR MT FR CR IVI IC

MB1 Panicum maximum 42,73 55,63 2,68 42,73 36,35 141,08 264,12 Sp 5 15,91 11,26 1,46 15,91 13,54 43,08 65,64 Mimosa caesalpinifolia 10,91 10,15 1,92 10,91 9,28 31,97 53,43 Leucaena leucocephala 6,36 4,42 1,43 6,36 5,41 17,14 25,95 Vigna sp 4,09 1,99 1,00 4,09 3,48 10,17 13,74

MB2 Panicum maximum 59,01 78,89 4,38 54,90 53,84 192,81 561,9 Sp5 18,73 9,40 1,38 20,79 20,38 48,91 94,0 Eucaliptus sp. 3,53 2,45 1,90 3,92 3,85 9,90 21,6 Mimosa caesalpinifolia 1,41 1,16 2,25 1,57 1,54 4,14 9,7 Leucaena leucocephala 1,41 0,90 1,75 1,57 1,54 3,88 8,2

MB3 Panicum maximum 51,77 65,27 2,92 48,05 45,01 165,09 339,4 Sp5 18,65 12,36 1,55 17,19 16,10 48,20 78,9 Leucaena leucocephala 5,47 3,64 1,25 6,25 5,85 15,35 25,4 Vigna sp1 4,50 2,55 9,86 5,47 5,12 12,52 19,7 Mimosa caesalpinifolia 3,86 3,27 1,50 4,69 4,39 11,82 21,1

MATA Alchornea sp 46,90 54,57 2,98 35,87 35,89 137,38 390 Cryptanthus sp. 8,24 6,72 1,71 7,69 7,69 22,66 57 Caliandra 6,18 6,16 1,37 8,79 8,79 21,14 57 Sp54 4,63 1,495 1,14 2,56 2,56 8,69 15 Oxypetalum sp. 3,35 2,99 1,33 4,39 4,39 10,73 28 Serjania caracasana 3,35 2,61 1,07 4,76 4,76 10,72 27

PASTO Panicum maximum 38,13 58,36 3,17 37,63 37,63 134,12 412,84 Solanum palinacanthum 27,42 20,48 1,62 25,78 25,78 73,69 177,98 Galactia sp. 8,36 4,78 1,08 9,06 9,06 22,20 49,54 Aeschinomene viscosa 8,36 4,61 1,08 8,71 8,71 21,68 47,71 Vigna sp1 6,69 4,44 1,30 6,97 6,97 18,09 42,20

DR= Densidade Relativa; VR= Vigor Relativo; MT= Média de Toques; FR= Frequência Relativa;CR= Cobertura Relativa; VI= Valor de Importância;

IC=Índice de Cobertura.

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5.3.4- Similaridade de espécies (Índice de Jaccard)

O Índice de similaridade entre parcelas com níveis de perturbações

diferenciados permite inferir sobre oferta de atributos ambientais capazes de

promover surgimento de espécies nos ambientes, assim como evidencia os níveis

de resiliência dos ecossistemas.

O índice demonstrou alta similaridade (30-50%) entre os três

reflorestamentos, media similaridade (20-30%) entre os plantios e o Pasto, e baixa

similaridade (0-20%) entre a Mata e o Pasto e entre a Mata e os plantios (Tabela

07). Tabela 07: Índice de similaridade

de Jaccard (Cj).

Parcelas Similaridade%

MB1- MB3 50

MB2- MB3 44 MB1- MB2 35

MB2- PASTO 31 MB3- PASTO 23

MB1- PASTO 21

MB3- MATA 05 MB1- MATA 04

MB2- MATA 0 MATA- PASTO 0

A ocorrência comum de 11, 15 e 16 espécies entre as áreas de plantio (MB1

e MB2; MB1 e MB3; MB2 e MB3, respectivamente) deve-se pela proximidade

entre as parcelas, facilitando a troca de material reprodutivo e a chance de serem

influenciadas pelos mesmos agentes dispersores. A influência similar dos fatores

abióticos e tipos de perturbações nestas áreas de plantio levam a uma

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colonização espontânea pouco diferenciada entre estes tratamentos, fazendo com

que a dinâmica da regeneração apresente espécies comuns.

As perturbações sofridas num passado recente nas áreas de plantios,

considerando sua pouca idade (9 anos), influenciaram no surgimento de 10

espécies similares entre as áreas de plantio e o Pasto (testemunha), evidenciando

um ambiente ainda em construção e com influência de ambientes antrópicos

(pastagens e áreas urbanas).

Dessas espécies similares o capim colonião se destacou por sua densidade

elevada nas três parcelas, sendo um dos principais empecilhos à regeneração

espontânea, já que esta espécie é extremamente agressiva e competidora por

substrato e nutrientes, dificultando o estabelecimento de espécies arbóreas e

induzindo o surgimento de espécies herbáceas mais capazes de competir com o

capim (PARROTA et al., 1997).

Segundo NEPSTAD et al. (1998) as gramíneas possuem maior capacidade

de reduzir a água das camadas superficiais do solo que vegetações florestais,

devido à elevada densidade e comprimento das raízes na superfície do solo.

Como as sementes e plântulas precisam justamente da água armazenada nas

camadas superficiais para germinarem e se estabelecer, a competição torna-se

desleal e a tendência é que as gramíneas prevaleçam no sistema até que

espécies arbóreas cresçam o suficiente para sombreá-las, inibindo seu

crescimento.

Apesar da baixa similaridade entre o plantio e a área de Mata secundária, a

presença de cinco espécies arbóreas que chegaram via dispersão, mostra o início

de uma dinâmica florestal e evolução dos fragmentos plantados rumo a condições

ecológicas similares à dos ecossistemas naturais usados como referência (Mata).

A ausência de similaridade entre a Mata e o Pasto reflete a oferta

diferenciada de atributos ambientais e níveis de perturbação entre estes

ambientes, e a influência disso na estrutura e composição da vegetação e nos

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processos ecológicos responsáveis pelo equilíbrio ambiental. Estes dois

ambientes foram importantes parâmetros de comparação para o estudo da

dinâmica de colonização espontânea dos plantios em questão e aferição do grau

de sustentabilidade do mesmo ao longo do tempo.

5.3.5- Diversidade de espécies (Índice de Shannon H`)

O índice de diversidade de Shannon é utilizado em estudos fitossociológicos

e indica a heterogeneidade florística de uma área (VUONO, 2002), podendo-se

comparar o desenvolvimento ecológico de ambientes similares. Esse índice pode

servir como instrumento de avaliação e monitoramento de projetos de restauração

(FINNEGAN, 1984), já que o sucesso desses projetos tem uma relação estreita

com a evolução da diversidade na área revegetada.

O índice de diversidade foi maior para o levantamento de verão do que para

o de inverno (exceto na MB1) (Tabela 08). Provavelmente isto se deva às

condições climáticas desfavoráveis da estação seca, que podem levar a

mortalidade de espécies nestas épocas (BAZZAS e PICKET, 1980).

Tabela 08: Diversidade florística da Regeneração

espontânea em Nova Iguaçú, RJ. Onde: H’= Índice de Shannon .

Tratamentos Verão H´

Inverno H´

MB1 2,06 2,1 MB2 1,57 1,56 MB3 1,8 1,65

MATA 2,11 1,94 PASTO 1,78 1,25

Dos tratamentos, a Mata nativa teve o maior índice sendo este muito

próximo aos valores da MB1. Como para estes tratamentos não houve uma

estabilização do número de espécies acumuladas na curva do coletor, sugere-se

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que ao se aumentar o número de amostras o índice de diversidade também

aumente.

A MB3 obteve índice de diversidade intermediário, sendo que o número de

espécies arbóreas em regeneração foi o maior entre as áreas de plantio.

Os Tratamentos do Pasto e da MB2 obtiveram os menores índices de

diversidade mostrando a baixa oferta de atributos nesses ambientes.

A comparação do índice com trabalhos similares nos remete a questão do

tamanho da amostra. Enquanto que o presente estudo avaliou áreas de

aproximadamente 120m2, na literatura as áreas são maiores, o que pode

influenciar no índice, já que ele é calculado considerando o número de espécies

por área. Estudos realizados por PARROTA et al. (1997) em áreas degradadas da

Amazônia em plantios de 10 anos, encontraram índice de diversidade de H`=1,93

em ambientes florestados com cobertura de copa maior que 40% e de H`= 1,01

em reflorestamentos com copas recobrindo menos de 40% da área, mostrando

que a estrutura do dossel está relacionada com a geração de propriedades

emergentes e favorecimento dos processos de regeneração.

Por isso torna-se fundamental a escolha de espécies apropriadas para a

reabilitação de áreas perturbadas e/ou degradadas, sendo que quanto maior a

diversidade dessas espécies implantadas, mais heterogêneo será a estrutura do

dossel e posteriormente do sub bosque, sendo as influências positivas nos

processos de restauração que utilizem medidas biológicas de reflorestamento.

5.3.6 - Altura e Cobertura de Serrapilheira

A funcionalidade dos sistemas florestais está relacionada com a

armazenagem e liberação de nutrientes, estando seu estoque nutricional

condicionado às estratégias de disponibilização dos nutrientes na biomassa. A

conservação da produtividade destes solos é influenciada diretamente pelas

técnicas de otimização da taxa de reciclagem da matéria orgânica (SWIFT et al.,

1979).

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Entre os fatores que controlam a decomposição estão: clima, variações

sazonais de temperatura e umidade, umidade acumulada (ERIKSSON, 1995;

POGGIANI et al., 1998), atividade das comunidades saprofíticas e a qualidade do

substrato (REZENDE et al., 1997).

O plantio de espécies como medida de recuperação tem como um dos

objetivos favorecer o recobrimento do solo por materiais decíduos, gerando

modificações no ambiente capazes de proporcionar melhores condições às

espécies de estágios sucessionais mais avançados, que chegam via dispersão.

Além da armazenagem de nutrientes, a serrapilheira exerce importante papel

na proteção dos solos contra os impactos das gotas de chuva, diminuindo a

energia da água e facilitando os processos de infiltração (FASSBENDER, 1980).

Por isso, em cada parcela amostrada foram medidas a altura e cobertura da

serrapilheira (Anexo fotográfico - Fotos 33-36) (Tabela 09).

Tabela 09: Altura e cobertura da serrapilheira nas parcelas amostradas.

VERÃO INVERNO Altura

(cm) Cobert.

(%) Altura (cm)

Cobert. (%)

MB1 1,83a 77,63d 3,04c 89,01c MB2 1,12b 50,74c 1,72b 53,98b MB3 1,24a 66,55b 1,81a 65,77a MATA 0,84a 23,85a 2,01a 47,58b PASTO 0,6b 27,89a 1,54b 66,02a

Obs: Números seguidos de mesma letra na mesma coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey 0,05.

O acúmulo de serapilheira no solo é regulado pela quantidade de material

decíduo e por sua taxa de decomposição. Os mecanismos que regulam os

processos de permanência da serapilheira no substrato são dinâmicos, onde as

entradas (deposição) e as saídas ou transformações (decomposição) ocorrem de

forma semi-simultânea (KOLM, 2001).

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O Tratamento MB1, que possui predomínio de Mimosa caesalpinifolia

apresentou a maior cobertura de serrapilheira durante todo o ano. No inverno ela

se deve a espécie ser decídua e perder as folhas na época mais seca do ano,

gerando maior aporte de biomassa que pode isolar termicamente a superfície do

solo, assim como dificultar o contato das sementes com o solo, prejudicando a

regeneração.

O tratamento MB2 obteve um nível de cobertura estável durante todo o ano,

o que pode ser conseqüência da maior resistência da serrapilheira aos processos

de decomposição e ciclagem de nutrientes, já que se refere a uma área com

predomínio de Eucalyptus citriodora, que possui folhas e galhos com grandes

concentrações de lignina e celulose, que são materiais mais difíceis de serem

decompostos (FASSBENDER, 1980).

A Medida Biológica 3 foi a única a apresentar médias mais altas de

decomposição e formação de serrapilheira no verão do que no inverno, sendo

esta diferença não significativa evidenciando um processo contínuo de deposição

e decomposição do material decíduo, favorecido pela maior diversidade de

espécies plantadas neste Tratamento. Em estudos em áreas degradadas NEVES

(2005) encontraram maior decomposição de serrapilheira em medidas biológicas

com maiores concentrações de espécies nativas que nas medidas homogêneas

de espécies exóticas.

A área de pastagem (testemunha) apresentou a menor espessura de

serrapilheira entre os Tratamentos e maior taxa de cobertura no inverno do que no

verão. A diferença significativa no Pasto entre as estações relaciona-se com as

queimadas anuais que reduzem a biomassa a quase zero em certas épocas do

ano.

A Mata apresentou cobertura de serrapilheira inferior às demais, devendo-se

aos mecanismos de decomposição serem mais rápidos e eficazes. Ambientes

florestais heterogêneos apresentam maior diversidade de macro e micro fauna

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responsáveis pela degradação da serrapilheira e formação da camada húmica do

solo, tornando eficiente a ciclagem de nutrientes e processos de infiltração de

água no solo (REZENDE et al., 1997).

5.3.7- Presença de Musgos

O Tratamento da Mata apresentou grande quantidade de musgos (Foto 02)

que são capazes de reter água proporcionando "input" de umidade no sistema,

evidenciando oferta diferenciada de atributos entre os Tratamentos já que os

plantios tiveram sua cobertura de musgos pouco representativas (Foto 03) e a

pastagem não apresentou este tipo de vegetal (Tabela 10).

Tabela 10: Porcentagem de pontos com presença de musgos.

Parcelas Cobertura de Musgo

(%) MB1 13,84 MB2 8,82 MB3 16,42 MATA 98,00 PASTO 0,00

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Foto 02: Presença de musgos na parcela da Mata, no mesmo local, no inverno e verão respectivamente.

Foto 03: Musgos na MB3 no inverno.

As briófitas e liquens são os primeiros colonizadores de estágios

sucessionais primários e geralmente crescem sobre as pedras deteriorando-as e

aumentando o aporte de nutrientes por intemperismo (BOERBOOM, 1974). Com

isso, plantas com maiores demandas nutricionais podem vir a colonizar a área

(sucessão secundária).

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Estas plantas costumam resistir bem a longos períodos de seca, baixando

seu metabolismo fotossintético nas condições de déficit hídrico (DELTORO et al.,

1998). PROCTOR (2001) em estudos de dessecação e rehidratação com briófitas

encontrou que estas plantas, mesmo após 10-15 dias de dessecamento, levam

apenas de três-quatro horas para se rehidratar sendo seu estado de

dessecamento totalmente reversível. Sendo assim, o recobrimento do substrato

por estas plantas pode significar rapidez na absorção das águas da chuva e seu

armazenamento no sistema por um tempo maior.

5.3.8-Microtopografia

A forma do terreno determina em curto prazo os processos de evolução da

encosta na escala microtopográfica. A tendência nas partes convexas da encosta

é a de fluxos divergentes com processos de erosão laminar e por salpicamento

(splash), lavando a superfície do terreno. Nas áreas côncavas, o acúmulo de água

acarreta em processos erosivos lineares (CUNHA e GUERRA, 2003). A

microtopografia (Tabela 11) está relacionada com o acúmulo ou dispersão da

água em pequena escala, sendo importante nos processos de infiltração no solo e

retenção de água no sistema.

Tabela 11:Microtopografia predominante nas áreas amostradas, Nova Iguaçu, RJ.

Microtopografia (%) Côncavo Convexo Plano Plano/

Côncavo Plano/ convexo

Côncavo/ Convexo

MB1 24,42 53,43 0,76 7,63 6,87 6,87 MB2 10,94 29,2 0,73 15,32 37,22 5,1 MB3 21,52 36,42 0,71 18,57 22,14 2,85 MATA 7 12 0 38 45 0 PASTO 0 0 7,33 13,5 80,2 0

Os Tratamentos de plantio apresentaram em geral microtopografias plano-

convexas e convexas predominando sobre a forma côncava ou plano-côncava

levando a crer que os processos de escoamento superficial e dispersão da água

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da chuva predominam nestas áreas e que as pequenas concavidades presentes,

são responsáveis por um acúmulo de água que pode exercer influência

consideráveis nos processos de regeneração.

Na Mata houve também o predomínio das feições plano-convexas e

convexas, sendo que a alta pedregosidade e a presença de musgos em toda a

parcela podem reduzir o efeito de perda de água por escoamento superficial

através do armazenamento de umidade e pelo favorecimento de microhabitats

sombreados pela disposição das pedras e da retenção da água escoada pelos

musgos.

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6- CONCLUSÕES

• O capim colonião teve alta freqüência em quatro das cinco parcelas

analisadas, estando ausente apenas na Mata, sendo um empecilho à

regeneração espontânea nos ambientes construídos, devido sua alta

competitividade e propensão a incêndios;

• A área testemunha (Pastagem) encontra-se com tendência de degradação,

onde apenas as espécies rústicas e resistentes ao fogo conseguem

colonizar. As espécies arbóreas encontradas apresentam tamanho

reduzido e alta propensão à mortalidade por herbivoria ou queimadas.

• Nas MB1 (75%), MB2 (85,4%) e MB3 (55%), as arbóreas em regeneração

são de espécies utilizadas no plantio, porém a porcentagem de espécies

arbóreas na MB1 (25%), MB2 (14,3%) e MB3 (45%) regeneradas à partir

de espécies não plantadas, evidencia o início de aquisição de resiliência e

possibilidade de recuperação funcional à longo prazo dos ecossistemas

reflorestados, mas por enquanto, não garantem a sustentabilidade do

plantio.

• A medida biológica com maior riqueza de espécies plantadas (MB3) foi a

que apresentou maior diversidade de arbóreas regenerantes, evidenciando

maior oferta de atributos ambientais modificadores do ecossistema.

• A MB1 apesar de ter baixa riqueza predominando a Mimosa caesalpiniifolia

apresentou indivíduos arbóreos em regeneração e foi a que melhor

suprimiu as herbáceas e gramíneas evidenciando a eficiência desta

espécie como pioneira.

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• A MB2 com predomínio de Eucalyptus citriodora foi o tratamento que

apresentou menor oferta de atributos ambientais, sendo menores as taxas

de regeneração de arbóreas e maiores as porcentagens de Panicum

maximum e herbáceas como um todo, agrupando-se muitas vezes com a

área testemunha nos parâmetros avaliados.

• A serrapilheira teve maiores taxas de deposição na parcela MB1 com

predomínio de Sabiá (Mimosa Caesalpiniifolia), mas a homogeneidade da

mesma não favorece tanto os processos de decomposição como na MB3

(espécies pioneiras nativas) que apresentou um processo contínuo de

deposição-decomposição influenciado principalmente pela

heterogeneidade do material decíduo. A mata teve os menores índices no

verão, mostrando que as taxas de decomposição da serrapilheira neste

ambiente são maiores, fato que pode ser evidenciado pela presença de

organismos saprófitos. A parcela do pasto e da MB2 tiveram os valores

mais baixos, sendo que no pasto a biomassa pega fogo anualmente

reduzindo seu acúmulo. Na MB2 com predomínio de Eucalyptus citriodora,

se observou uma taxa constante que foi atribuída a uma maior

concentração de lignina e celulose em sua composição, dificultando os

processos de degradação deste material.

• A presença de musgos foi consideravelmente maior na parcela da Mata,

podendo exercer influência nas condições microclimáticas, já que estas

plantas são capazes de reter grande quantidade de água. A cobertura de

musgos nas Medidas biológicas (MB1, MB2 e MB3) foi muito baixa quando

comparadas com a Mata, não podendo ser atribuída nenhuma importância

para armazenamento de água nestes Tratamentos. A área de pastagem

não apresentou musgos.

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7- RECOMENDAÇÕES

Atividades mitigadoras de impactos são importantes na reabilitação de

ecossistemas perturbados, recomposição da paisagem e manutenção da

biodiversidade local.

A preocupação com a escolha das espécies usadas em reflorestamentos e

suas proporções utilizadas é fator determinante nos processos sucessionais e

devem ser levadas em conta na hora de se estabelecer ações de reabilitação de

ecossistemas, buscando um aumento da biodiversidade e conseqüentemente o

aumento das interações ecológicas presentes nos ambientes naturais. Sem este

cuidado, o processo de reabilitação pode se tornar muito demorado ou nunca

ocorrer.

Estudos envolvendo a sucessão vegetal em ambientes perturbados são

fundamentais para se determinar o grau de acerto das medidas recuperação

implantadas e para determinar ações futuras de reflorestamento em paisagens de

Mata Atlântica.

A influência dos fatores abióticos no sistema e as condições climatológicas

locais devem ser levados em conta quando se faz a escolha das espécies e dos

locais onde estas serão implantadas, visando uma maior adaptação e

sobrevivência das espécies plantadas.

O entendimento dos processos ecológicos em áreas de reflorestamento é

necessário, sendo importante o desenvolvimento de estudos que facilitem a

elucidação destes processos e apontem soluções tecnológicas e metodológicas

para a otimização dos processos de recobrimento da vegetação remanescente,

nas áreas perturbadas.

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9 - ANEXO DE CONCEITOS

• Áreas Perturbadas - São áreas que sofreram perturbações menos intensas e

ainda possuem alguns mecanismos de aquisição de resiliência. Os

ecossistemas perturbados sofrem transformações capazes de converter um

ecossistema em um tipo diferente de ecossistema por mal uso da terra (SER,

2002).

• Áreas Degradadas - Entende-se por áreas onde a vegetação nativa e fauna

são destruídas, removidas ou expulsas; a camada fértil do solo é perdida,

removida ou enterrada e a qualidade do regime hídrico é alterada (EMRC,

2004). Nesses ambientes, a capacidade de resiliência é perdida prejudicando

os processos de regeneração e o retorno ao seu estado natural

(MINTER/IBAMA, 1990; KAGEYAMA e CARPANEZZI, 1992; VALCARCEL e

SILVA, 1997).

• Ecossistema - formado a partir das interações entre oferta e demanda de

fatores abióticos e demanda de fatores ambientais por parte dos componetes

da biocenose. Quanto maior for a oferta desses fatores, mais diversificado e

eficiente funcionam esses ecossistemas (CAMARGO et al., 2002).

Ecossistemas eficientes criam propriedades emergentes, capazes de

potenciar a oferta de fatores ambientais extras, viabilizando o estabelecimento

e colonização de espécies com maiores níveis de exigências de fatores

ecológicos não disponíveis na região (BROWN e LUGO, 1994). O inverso

também é verdadeiro: quanto menor a oferta de fatores ambientais, menor a

biodiversidade, a capacidade de resistir as ações dos agentes modificadores.

• Reabilitação - Usada para áreas degradadas, onde as estratégias envolvem a

recuperação funcional dessas áreas, para que atinjam capacidade de fornecer

produtos e serviços a sociedade (SARRE e MULLER, 2002) As áreas

degradadas prejudicam o desenvolvimento econômico regional e a reabilitação

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se torna uma atividade necessária para dotar os ecossistemas de

sustentabilidade ecológica (BROWN e LUGO, 1994). É importante lembrar que

a reabilitação não objetiva Ter uma vinculação com o ecossistema original e

sim com a capacidade do ecossistema de se autosustentar dentro de um

contexto regional (BRADSHAW, 1987; MINTER/IBAMA, 1990; BROWN e

LUGO, 1994; VALCARCEL e SILVA, 1997;).

• Restauração - Consiste em remover ou modificar um distúrbio específico,

permitindo assim, que processos ecológicos tragam o recobrimento

espontâneo da área (SER, 2002). Algumas vezes, o desenvolvimento da

trajetória de degradação de um ecossistema é bloqueada, e seu recobrimento

através de processos naturais parecem ficar impedidos indefinidamente.

Nesse caso, a restauração ecológica pretende iniciar ou facilitar a continuação

destes processos que iram retornar o ecossistema à sua trajetória (SER,

2002). Na restauração pretende-se chegar a viabilidade ecológica em longo

prazo dos ecossistemas, e a recriação, no futuro, de comunidades mais

próximas possíveis dos ecossistemas originais (MINTER/IBAMA, 1990;

ENGEL e PARROTA, 2003). Quando a trajetória desejada é alcançada, o

ecossistema sob manipulação não precisa mais de assistências externas para

garantir a sua saúde e integridade e a restauração pode ser considerada

completa (SER, 2002).

• Recuperação - envolve plano de ações preestabelecidas, onde objetiva-se

oferecer condições aos ecossistemas para retomar funções ecológicas

próximas às originais (MINTER/IBAMA, 1990; SANTOS e VALCARCEL,

1997). O ideal é que asmatividades de recuperação sejam planejadas para

iniciarem antes das ações desencadeadoras dos impactos e terminarem

depois de cessadas as atividades exporatórias (BARTH, 1989). A recuperação

pretende resgatar as funções dos ecossistemas, recuperando forma e função

desses ambientes (DIETRICH, 1990; BITAR, 1997). Segundo BRADSHAW

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(1987) a recuperação de áreas degradadas é, para muitas pessoas, um

problema essencialmente técnico, onde se almeja conseguir, a baixo custo,

alguns objetivos simples como a estabilização de superfícies, controle de

poluição, melhoria visual e aumento da produtividade do sítio.

• Processos ecológicos e funções dos ecossitemas - São os atributos

dinâmicos, incluindo interações entre organismos e entre estes e seu

ambiente. Os processos ecológicos são a base para a restauração ambiental

autosustentável, principalmente no que diz respeito à transformação e

seqüestro de nutrientes energia e umidade. Quando as funções do

ecossistema estão bem definidas, outros atributos podem ser identificados

como, estabilização do substrato, controles microclimáticos e diferenciação do

habitat por espécies especializadas, polinização e dispersão de sementes. As

funções e processos do ecossistema junto com reprodução e crescimento de

organismos, é o que leva o ambiente a ser auto renovável ou autogênico

(SER, 2002).

• Resistência - É a habilidade do ecossistema em manter os atributos

funcionais e estruturais sob distúrbios (SER, 2002).

• Resiliência - É a habilidade deste ecossistema de recuperar os atributos

estruturais e funcionais que sofreram algum dano com a perturbação ou

estresse (SER, 2002). Sistemas mais resilientes, podem retornar à sua

condição original de equilíbrio, após modificações consideráveis (LIMA-e-

SILVA et al., 2002).

• Estabilidade - É a habilidade do ecossistema em manter suas trajetória de

equilíbrio sob modificações à partir do estresse. A estabilidade é alcançada em

parte com base na capacidade do ambiente de resistência e resiliência (SER,

2002).

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• Integridade - É o estado de condição de um ecossistema que detém as

características da referência, como composição de espécies e estrutura da

comunidade, e uma organização funcional capaz de sustentar as funções

normais de um ecossistema (SER, 2002; LIMA-e-SILVA et al., 2002).

• Saúde - É o estado ou condição de um ecossistema onde os atributos

dinâmicos são expressos como uma taxa normal de atividades relativas ao

seu estágio ecológico de desenvolvimento (SER, 2002).