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Florescer a revista digital da Almeida Flores JANEIRO DE 2014 / EDIÇÃO DIGITAL Nº 5 Conheça a história do menino de rua que virou florista Dia da Mulher: estratégias para enfrentar o carnaval Prepare-se para aprender! Grandes nomes da arte floral vêm a Curitiba! Almeida flores triplica capacidade de trans- porte em 2014 VIRE AQUI

Florescer · nistrar as aulas que serão distribuí-das em quatro módulos mensais. Neles os alunos serão preparados para trabalhar em floriculturas e gardens na confecção de arranjos

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Florescera revista digital da Almeida Flores

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Conheça a história do menino de rua que virou florista

Dia da Mulher: estratégias para enfrentar o carnaval

Prepare-se para aprender! Grandes nomes da arte floral vêm a Curitiba!

Almeida flores triplica capacidade de trans-porte em 2014

VIRE AQUI

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Augusto Aki pergunta: onde está o dinheiro?

Feng Shui: a arte de trans-formar ambientes.

A volta das férias e a jar-dinagem.

Decoração: novos dados do IBGE sobre os casa-mentos no Brasil.

Qualidade: a importância do tranporte a frio na ca-deia de flores e plantas.

Pág. 7

Pág. 24

Pág. 22

Pág. 27

Pág. 30

Entramos em 2014 com o pé direito, pisando em terreno sólido e com muita energia para transformar dificuldades em oportunidades. Na primeira edição do ano, Florescer traz conteúdos para ajudar os floristas a se prepararem para o Dia da Mulher, que cai na semana do carnaval - o que, estima-se, pode prejudicar as ven-das. Mas se as vendas não vêm até nós, vamos até elas!

Este é o espírito de 2014, que chega também com a Copa do Mundo e seus prognósticos: o clima ver-de-amarelo vai ser bom ou ruim para a floricultura? Augusto Aki, como sempre, traz dicas para deixar as equipes nas empresas do setor sempre prontas para qualquer jogada.

A partida começa com um reforço na jardinagem para conquistar a clientela que chega das férias e pre-cisa renovar a ornamentação do quintal de casa ou de-corar a empresa. No ramo de eventos, Florescer traz - como prometido - os novos dados do IBGE sobre casamentos no Paraná, em Curitiba e no Brasil.

Seja qual for a atividade que tenhamos, ela depende de investimentos na logística das flores e plantas. Por isso uma reportagem especial fala sobre a importância do transporte a frio, que garante ao nosso mercado a qualidade dos produtos. Informe-se, prepare-se, respi-re, inspire-se com a história do nosso florista do mês e tenha um ótimo feng shui neste ano que está começan-do! Não sabe o que é feng shui? Leia esta edição e boas mudanças para melhor em 2014!

ABRAÇO,EQUIPE ALMEIDA FLORES

EDITORIAL

Foristas da Capital: Edson Alves, das ruas às flores.Pág. 16

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O ano começa cheio de opor-tunidades para os clientes e parcei-ros da Almeida Flores. Treinamen-to em arte floral, preparação para enfrentar os desafios do mercado e inspiração para criar decorações estão no calendário a partir do pró-ximo mês.

FEVEREIRO

No dia 10 de fevereiro, co-meça uma nova turma do Curso de Formação de Floristas da Al-meida Flores. As professoras Léo Mendes e Tânia Santos, membros da Academia Brasileira de Artistas Florais, voltam a Curitiba para mi-nistrar as aulas que serão distribuí-das em quatro módulos mensais. Neles os alunos serão preparados para trabalhar em floriculturas e gardens na confecção de arranjos e buquês, além de desenvolver e exe-cutar projetos de decoração para eventos corporativos, festas e casa-mentos. “Teremos duas turmas em 2014. Estamos pensando até em fa-zer uma turma no fim de semana ou à noite. E quem se formou na escola em 2013, é só alegria”– comemora Eliana da Silva, gerente-comercial da Almeida Flores.

O curso contribui para a pro-fissionalização, uma exigência cres-cente nas floriculturas e no merca-

do de decoração. Cada vez mais, o curso é frequentado por funcioná-rios de floriculturas que buscam o aperfeiçoamento de técnicas que vão desde a conservação das flores e plantas à composição dos arran-jos. “Você coloca uma pessoa pra trabalhar com flores e ela não sabe o nome da flor, não sabe se é uma flor pra parte interna ou parte ex-terna, se ela pode tomar vento ou se ela não pode, tem muitas infor-mações que são necessárias para se trabalhar numa floricultura”, diz a professora Tânia, dando uma pista do que os alunos irão aprender no curso.

Super 2014!

Eventos da Almeida Flores terão Augusto Aki e grandes nomes da arte floral

Da redação

MARÇO

O investimento da Almeida flores no desenvolvimento e no aperfeiçoamento do setor terá seu ponto forte na Expoalmeida 2014. A exposição de flores, plantas e novidades será realizada em 24 de março. Marque na sua agenda, por-que as atrações da feira são imper-díveis.

O consultor Augusto Aki, co-lunista de Revista Florescer, realiza-rá a “Oficina de Inovação para Flo-res”, com estratégias, ferramentas e ideias para os floristas ampliarem as vendas e se prepararem para a

concorrência com os supermerca-dos – uma realidade do setor que exige das floriculturas adaptação e inovação para levar seus negócios porta afora buscando novas formas de explorar o comércio e flores e plantas.

Na parte de decoração, a feira terá workshops com dois dos prin-cipais nomes na arte floral brasilei-ra: Karina Saab e Orlandio Santos. O designer floral Orlandio Santos já realizou cerca de dois mil even-tos corporativos e mais de 500 ca-samentos. Ele ensina técnicas de arranjo floral e planejamento de eventos. Desde o início de 2012,

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Onde está o dinheiro?

Para os pequenos varejos o que vejo como saída na melhoria da competitividade e da lucratividade é a inovação e a prestação de ser-viços. Para conseguir alcançá-los você vai precisar resolver três as-pectos do seu negócio:• As equipes têm que ser mais com-prometidas.• Os processos têm que ter dinâmi-ca própria para aprendizado e me-lhoria contínua.• Você precisa ser um empreende-dor melhor (mais planejador, mais motivador, mais inovador).Pois bem, movido por essa visão tropecei em um livro bacana que trata de várias questões ligadas a como vencer esses desafios - o li-vro “Gestão da Singularidade” –

Editora Gente – Eduardo Carmello. Selecionei alguns trechos do livro, que reproduzo abaixo, onde espe-ro contribuir com sua caminhada e provocá-lo a ler o mesmo, na ínte-gra.

O QUE É GESTÃO DA SINGULA-RIDADE?

• É a melhoria da performance e da inovação na equipe, tratando os di-ferentes de maneira diferente, for-necendo conhecimento e buscando o comprometimento.• Oferecer o recurso certo, para a pessoa certa, na quantidade certa, no momento certo, pelo motivo certo e da maneira certa.

QUAIS OS PRINCIPAIS ERROS QUE VOCÊ PODE TER NA SUA GESTÃO DE EQUIPES?

- Pessoas sem as competências para a função definida.- Falta de definição de processos e de função.- Falta de treinamento. Falta de cri-tério de avaliação.- Falta de recursos e suporte para execução das funções.- Falta de possibilidade de manifes-tar opinião.- Não aplicação de regras de con-duta e de falta de desempenho a al-gum outro membro da equipe.- Pouca capacidade de ouvir pela chefia.- Falta de empatia com a equipe.

COLUNA DO AUGUSTO AKI

também presta serviços de consul-toria.

Já a artista floral Karina Saab ganhou as páginas de Florescer no ano passado após a parceria da cooperativa Veiling Holambra com a Rede Globo para a decoração da novela Sangue Bom. Karina con-feccionou os arranjos em todas as cenas da trama, que tinham como cenário central a floricultura Acácia Amarela, administrada pelo florista Bento, vivido pelo ator Marco Pi-gossi. Karina Saab e o irmão Tanus Saab também ministraram as ofici-nas de flores aos atores da novela, que ajudou a estimular o hábito de consumir flores e a divulgar a todo o Brasil o universo dos floristas, bem como a profissionalização da arte floral no país.

Durante a Expoalmeida, Kari-na e Orlandio realizarão demons-trações de embalagens e arranjos florais para festas e eventos. Tudo para inspirar os floristas da capital. E o melhor: a inscrição é gratuita, um presente da Almeida Flores para você brilhar em 2014!

Inscrições e informações sobre a Expoalmeida e sobre o Curso de Formação de Floristas podem ser obtidas diretamente com Eliana dos Santos pelo fone: (41) 3675-5450, ou no e-mail [email protected].

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- Relação com os clientes é tumul-tuada devido a problemas de ou-tros setores da empresa.

PRINCIPAIS INDICADORES DE EQUIPES COM PROBLEMAS

- Deixa de fazer as coisas mais im-portantes.- Esquece-se de comunicar os pro-blemas que atrapalham a perfor-mance.- Não pensa na importância de cumprir os prazos.- Não confere corretamente os processos.- Entende algo completamente dife-rente do que você disse.- Esquece-se de acompanhar algo crucial para o cumprimento do projeto.- Tem medo de perguntar nova-mente sobre uma questão que não entendeu e faz do jeito que acha que deve ser feito.

COMO SE FAZ A DELEGAÇÃO DE RESPONSABILIDADES DE FORMA CORRETA?

- O funcionário tem que entender o que precisa ser feito.- O funcionário tem que estar apto para fazer o que precisa ser feito.- O funcionário tem que ter acesso aos recursos necessários.- O funcionário tem que entender qual é o resultado final esperado da tarefa delegada.

PRINCIPAIS PROBLEMAS NA GESTAO DE RH:

- Não analisar e definir profunda-mente os problemas de performan-ce da equipe.- Generalizar os problemas para toda a equipe como se todos os funcionários estivessem manifes-tando o comportamento proble-mático.- Ignorar outros fatores de per-formance – como falta de equipa-

mentos, dinheiro, meios físicos, a própria competência dos gestores, sistemas internos mal desenhados, má estruturação de outras áreas in-ternas que afetam o serviço da área analisada – e avaliando que os pro-blemas dependessem somente das habilidades da equipe avaliada.- Trabalhar com a resolução dos sintomas e não das causas especi-ficas.- Recompensar os que trabalham bem com mais acúmulo de tarefas e responsabilidades, sem observar o verdadeiro reconhecimento e a distribuição justa de papeis.

QUAIS SÃO OS FATORES CRI-TICOS DE ENGAJAMENTO DOS FUNCIONARIOS?

- Eliminar bloqueios à performance, criar ambiente que favoreça a auto-nomia das equipes e ter coerência entre o que a empresa fala e o que ela pratica.- As pessoas têm talentos de níveis diferenciados (alto, médio e baixo) e devemos distribuir as responsabi-lidades conforme essa característi-ca. Além disso, é preciso deixar cla-ro o sentido e o significado dessas responsabilidades, em cada nível, para que haja o engajamento.

- (*) O livro ensina como classificar a equipe entre engajados, não enga-jados e desengajados e ensina como avaliar a performance (Imperdível!).

COMO LIDAR COM TALENTOS DIFERENCIADOS DENTRO DA EQUIPE?

* Engajados- Esclareça direção e propósito.- Seja específico no reconhecimen-to e nas melhorias.- Ouça seu ponto de vista sobre melhorias (cobre sobre isso).- Verifique se o talento precisa que você o ajude em algo ou se tem al-guma ideia relevante sobre como

melhorar o sistema de gestão de pessoas.

* Não engajados- Esclareça a intenção de retê-lo.- Reconheça e demonstre especi-ficamente o que ele está fazendo bem.- Pontue as oportunidades de me-lhoria e foque em uma ou duas questões específicas, de prioridade estratégica.- Verifique se o talento precisa que você o ajude em algo.

* Desengajados- Verifique o entendimento do mes-mo sobre as tarefas a realizar.- Demonstre os impactos da não entrega no prazo e na forma espe-rados.- Esclareça e prescreva o que pre-cisa ser feito de mais importante e marque acompanhamento.- Com calma, objetividade e clare-za, demonstre a consequência que problemas operacionais causam nos clientes, na empresa e no pró-prio talento.Penso que essa leitura fará muito bem ao seu negócio....

Quer mais? Veja outros conteúdo bacanas em nosso site www.ne-gocioscomflores.com.br e no nos-so mais novo lançamento – livro “Consultoria Empresarial”.

[email protected]

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Vida nenhuma prospera se es-tiver pesada e intoxicada. Já ouviu falar em toxinas da casa? Pois são:

- objetos que você não usa;- roupas que você não gosta ou não usa há um ano ou mais;- coisas feias;- coisas quebradas, lascadas ou ra-chadas;- velhas cartas, bilhetes;- plantas mortas ou doentes;- recibos/jornais/revistas antigos;- remédios vencidos;- meias velhas, furadas;- sapatos estragados…Ufa, que peso!

“O que está fora está dentro e isso afeta a saúde”, aprendi com dona Francisca. “Saúde é o que in-teressa. O resto não tem pressa!”,

ela diz, enquanto me ajuda a ‘destra-lhar’, ou liberar as tralhas da casa… O ‘destralhamento’ é a forma mais rápida de transformar a vida e aju-dar as outras eventuais terapias.

Com o destralhamento:

- A saúde melhora;- A criatividade cresce;- Os relacionamentos se aprimo-ram…

É comum se sentir cansado, deprimido, desanimado, em um ambiente cheio de entulho, pois “existem fios invisíveis que nos li-gam à tudo aquilo que possuímos”.

Outros possíveis efeitos do “acúmulo e da bagunça”:

- sentir-se desorganizado; fracas-sado; limitado; aumento de peso; apegado ao passado…

No porão e no sótão, as tra-lhas viram sobrecarga;

Na entrada, restringem o fluxo

Ano novo, hora de “destralhar” a casa...

Mirella Maria Hespanhol

da vida;Empilhadas no chão, nos pu-

xam para baixo;Acima de nós, são dores de

cabeça;Sob a cama, poluem o sono.Oito horas, para trabalhar;

oito horas, para descansar; oito ho-ras para se cuidar.”

Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se:

- Por que estou guardando isso?- Será que tem a ver comigo hoje?- O que vou sentir ao liberar isto?

…e vá fazendo pilhas separa-das…

- Para doar!- Para jogar fora!- Para mandar embora!Para destralhar mais:- livre-se de barulhos;- das luzes fortes;- das cores berrantes;- dos odores químicos;- dos revestimentos sintéticos…

e também…

- libere mágoas;- pare de fumar;- diminua o uso da carne;- termine projetos inacabados.

“Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser impermanente”, diz a sabedoria oriental.

O Ocidente resiste a essa ideia e, assim, perde contato com o sa-grado instante presente.

Dona Francisca me conta que “as frutas nascem azedas e no pé, vão ficando docinhas com o tem-po”… a gente deveria de ser assim, ela diz:

“Destralhar ajuda a adocicar.”Se os sábios concordam, quem

sou eu para discordar?

Fonte: http://fengshuicuritiba.com.br

O “destra-lhamento” é a forma mais rá-pida de trans-formar a vida

e ajudar as ou-tras eventuais

terapias.

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Ano de torcer: pelo Brasil e por bons resultados no varejo

Cintia de Siqueira

A Copa do Mundo de 2014 é vista como oportunidade de ne-gócios por muitos setores do co-mércio varejista. Eles se preparam desde o ano retrasado para iden-tificar produtos e serviços capazes de gerar lucros antes e durante o mundial, que será realizado no Bra-sil em junho.

De acordo com o Serviço Bra-sileiro de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas, o Sebrae, somente na capital paranaense a copa deve gerar 554 oportunidades de negó-cios em setores econômicos como agronegócio, construção civil, tec-nologia da informação, turismo e produção associada, comércio va-rejista e vestuário. E o comércio de flores pode, também, entrar nesse jogo, desde que planeje produtos e serviços diferenciados que se ade-quem às necessidades do evento. “As oportunidades começam a se delinear inclusive para o setor de floricultura a partir de agora. Mui-tas reuniões e eventos, congressos, seminários da Copa do Mundo po-dem beneficiar o setor” – explica o gestor do Programa Sebrae 2014 no Paraná, Aldo Cesar Carvalho.

Além da decoração dos even-tos ligados à copa, outra oportuni-dade é criar a oferta de flores asso-ciada a produtos que fazem alusão ao mundial: camisetas verde-ama-relas, bandeiras, bonés, canetas e, por que não, flores com embala-gens nas cores dos países que joga-rão em Curitiba e, principalmente, da Seleção Brasileira? “Na Alema-nha foi assim, na África do Sul foi assim, muita gente se beneficia, não na linha oficial da camiseta, porque o verde-amarelo vai ser a cor do período, dos dois meses que ante-cedem, até à copa” – diz Carvalho.

Um “cantinho da copa” pode ser criado no ponto de venda, des-de que não ofereça produtos com a marca da Fifa. “Produtos que não levam a logomarca oficial, você não deve obrigações. Agora, fez alguma menção ao evento Copa do Mun-do na forma de layout e de visual, aí você está sujeito a pirataria” – alerta. São considerados produtos falsificados bolas de futebol, bo-nés, roupas, brinquedos, calçados, chaveiros, e réplicas do Troféu da Copa do Mundo da Fifa que conte-nham as marcas da Fifa sem auto-rização.

Mas tudo em 2014 é ver-de-amarelo, inclusive as flores. Os produtores já oferecem ao vare-jo opções específicas para a copa, como o cróton “canarinho” e as orquídeas verdes e azuis: “Eles se

planejaram para ter antes da época da Copa do Mundo uma série de produtos nas cores interessantes, principalmente o verde-amarelo, claro, mas em várias cores para po-der embelezar, para dar presentes, porque todo mundo vai falar so-bre isso. As floriculturas vão fazer arranjos e buquês alusivos à copa, decoradores podem fazer festas te-máticas, desde crianças, casamen-tos, decorações de restaurantes, de festas, todos voltados para o tema Copa do Mundo. As floricul-turas podem oferecer buquês, de-corações, arranjos em hotéis, em restaurantes, em aeroportos, todo mundo que aproveitar isso vai ter bons resultados” - aposta o enge-nheiro agrônomo Renato Opitz, presidente da Câmara Setorial de

Flores e Plantas Ornamentais do Estado de São Paulo e coordena-dor de eventos importantes como a Hortitec, a Enflor e a Garden Fair. Segundo Renato, o paisagismo também vai estar em evidência em função da copa. “As plantas para paisagismo vão servir hotéis, res-taurantes, estradas, caminhos entre aeroportos e aí a questão paisagís-tica vai ser levada muito em consi-deração”. E o investimento não é à toa: a previsão é de que o país receba aproximadamente 800 mil turistas em decorrência da copa.

Se de um lado há o time dos otimistas, que se prepararam an-tecipadamente e esperam incre-mentar o setor e fomentar novos negócios em 2014, de outro, há o dos que jogam com os pés bem plantados no chão. Nesta equipe está Kees Schoenmaker, presiden-te do Instituto Brasileiro de Flori-

cultura, o Ibraflor. “A gente tem a experiência de mundiais em outras partes do mundo que já causaram um impacto aqui no Brasil. Porque você sabe, quando é copa, todo mundo é copa, copa, copa...não se fala nem se pensa em outra coisa. Agora com o mundial no Brasil, a gente não sabe. Acho que o impac-to vai ser maior ainda no sentido de não se consumir muitas flores. De um modo geral, a preocupação do setor é grande, no sentido de que a copa não vai estimular. Ao contrá-rio. Então, o que se discute é que os produtores vão levar em conta no seu planejamento uma redução na oferta” – avalia Schoenmaker.

Neste cenário de apostas con-tra e a favor, a copa torna-se um jogo que gera tremendas expecta-tivas. E a estratégia indicada para o varejo obter um bom resultado é inspirar o consumo. “O que se

pode fazer para amenizar é procu-rar incentivar o consumidor a levar flores. Não se vende um monte de camisetas, bonés, tudo com as cores do Brasil? Então, oferecer plantas em embalagens com essas cores, com bandeirinhas, enfim, coisas que tenham uma ligação di-reta com a Copa do Mundo. Nas decorações, tudo voltado para isso, para estimular as vendas” – acon-selha.

Conta também a torcida, a vi-são positiva e o otimismo que sem-pre ajudam a empurrar o time para a vitória. “A gente tem a expectati-va de que o impacto vai ser menor do que todo mundo está prevendo, no sentido de que vai ter casamen-tos durante a copa, vai ter festas, não vai parar tudo. Mas há insegu-rança. Estamos torcendo. Torcen-do para o ano ser mais positivo do que todo mundo está achando”.

COPA 2014

Quatro partidas da Copa do Mundo de 2014 serão realizadas em Curitiba, todas na primeira fase da competição. A que pro-mete maior visibilidade é a pre-vista para o dia 23 de junho, com a presença da seleção cabeça de chave do Grupo B contra a equi-pe B4.

Jogos da copa em Curitiba:

16/6 - 16h - Irã x Nigéria20/6 - 9h - Honduras x Equador23/6 - 13h - Austrália x Espanha26/6 - 17h – Argélia x Rússia

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Agora. Agora mesmo! Ou o florista compra e vende antecipa-damente, ou pode ficar à mercê da sorte no Dia Internacional da Mu-lher – 8 de março, data que, este ano, cai na semana da maior festa popular do Brasil.

As vendas, de acordo com as previsões do setor, podem di-minuir. “O Dia Internacional da Mulher vai cair no sábado da se-mana de carnaval. Então isso pode matar o segundo dia mais impor-tante do ano. Incrivelmente, o Dia Internacional da Mulher se tornou a data mais importante após o Dia das Mães” – alerta o presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura, Kees Schoenmaker.

Mas quem se prepara há meses para a data – na qual as empresas costumam presentear as mulheres com flores - garante que pouca coisa vai mudar em 2014: “para a floricultura em geral é ruim, por-que vai ter muita gente no litoral e quando o pessoal voltar já fica difícil ter aquelas vendas. Mas no nosso caso o carnaval não influen-cia porque a gente já tem clientes fiéis” – diz a florista Núbia Alves

Dia da M ulher no carnaval: e agora?

Cintia de Siqueira

de Araújo, da Floricultura Edson Alves, que investe forte em ces-tas de café da manhã e vasos e flores em embalagens personali-zadas. Para a florista, o segredo é conseguir bom preço na compra, que começa a ser feita até um ano antes de datas importantes como o Dia das Mães e o Dia da Mulher. Marido e sócio de Nú-bia, o florista Edson Alves dá o exemplo: “Esse material aqui é para fazer 220 kits de cestas, o material já vai sendo estocado. O segredo é comprar o material que tem maior prazo de validade antecipadamente, pegando preço bom”.

O motivo está na política dos fornecedores, que aumentam os preços com a demanda. Quem se organiza para ir preparando as datas especiais com antecedên-cia, consegue garantir também a oferta dos produtos que ficam mais escassos em cima da hora: “Cansei de ir no Wagner em ja-neiro e já comprar para o Dia da Mulher. Porque em cima da hora tem muitas empresas que não en-tregam embalagem, por exemplo, ficam segurando porque o preço vai ser maior próximo à data. Por isso a gente vai fazendo estoque e arrumando as coisas devagari-nho” - diz Núbia. Edson comple-menta: “o nosso lucro, se a gente deixar para comprar em cima da hora, fica lá no desespero, por-que aumenta o preço. A planta não dá pra comprar antes porque não conserva, mas as embalagens e demais materiais, comprando antes a gente consegue fazer um bom preço e oferecer variedade para o cliente. E comprando ago-ra eu consigo a mercadoria, con-sigo o preço e a gente ganha lá na frente”.

A dica da compra antecipa-da serve para baratear custos, organizar as vendas, programar os negócios. Mas como lembra

Núbia: “Tem que vender. Não adianta pegar mil itens e espe-rar o cliente cair do céu. A gen-te vai atrás do cliente”. A florista diz que o trabalho de fidelização dura anos, e que tem clientes desde a abertura da floricultu-ra, há duas décadas. E é tão im-portante quanto oferecer bons preços e qualidade. “Pra nós não tem Dia da Mulher ruim. Se cair no domingo está bom, qualquer dia que cair está bom, porque a gente tem a estratégia de venda, um trabalho de anos já de fideli-zação dos clientes. Talvez nesse ano, por causa do carnaval, seja ruim o balcão. Mas aquele cliente que já vai ligando antes, a gente já tem muita coisa acertada” – ex-plica Edson.

Ligar para as empresas pró-

ximas, marcar uma visita, ofere-cer opções de produtos que vão dos singelos vasos de violeta com embalagens caprichadas a arran-jos mais sofisticados e cestas - tudo antecipadamente, parece ser uma boa receita para reduzir custos e fechar as vendas mui-to antes da data especial chegar. Esse parece ser o samba-enredo do “bloco do agora”, o bloco das floriculturas que vão atrás dos clientes hoje mesmo e não ficam esperando o carnaval passar. “É uma questão de relacionamento com o cliente, capricho também, porque se você entregar o pro-duto numa embalagem mal feita a gente vai perdendo. Tudo a gen-te tem que tentar fazer perfeito. Hoje o cliente quer preço e qua-lidade, e você ganha na compra”.

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— Rapazinho, vou te registrar. Vou fazer todos os teus documen-tos. Mas você vai ter que me ajudar aqui. Você leva a roupa para a la-vanderia e vai buscá-la. Leva meus funcionários para conhecer a ci-dade, aos matinês, compra arroz, feijão e ajuda em outras coisas por aqui. Pode ser?

— Pode!— Na carteira de trabalho você

vai ser cozinheiro. Mas, para poder te registrar vou ter que dizer que você tem quinze anos. Tudo bem?

— Tudo. Apesar de não saber nada sobre

cozinha o menino aceitou a pro-posta. Antenor Mozele era um ca-minhoneiro batateiro em Campo Largo, na região de Curitiba. Toda semana ia junto com seus funcioná-rios até Ivaiporã, no norte central paranaense, para vender batatas. O menino Edson Alves, que vivia na cidade, corria até o hotel quan-do via que eles estavam chegando. Com doze anos, ele não tinha mui-to o que fazer em sua casa e por isso vagava pelas ruas em busca de oportunidades. O hotel dos bata-teiros era seu lugar preferido. Ali podia até ganhar um dinheirinho. Sim, dinheirinho, porque os bata-teiros gostavam dele, incumbiam-no de realizar pequenas tarefas e depois lhe davam uns trocados.

Era o ano de 1969. Edson tinha nascido em uma família de onze ir-mãos. Os pais ainda não tinham re-

Por Paulo de Siqueira

E dson Alves: nem sempre o mamão é doce

A HISTÓRIA DE UM MENINO DE RUA QUE SE TRANSFORMOU EM FLORISTA DA CAPITAL

gistrado o menino no cartório. Ofi-cialmente, Edson ainda não existia. Ninguém podia provar que ele era ele mesmo e estava vivo. Era so-mente um corpo, um nome e uma voz. Uma voz que dizia que tinha que sair dali. Precisava mais do que aquela vida que sua família podia oferecer. Antes, porém, precisava ser alguém. Precisava ter documen-tos. E isso seu Antenor - como ele chamava o caminhoneiro batateiro, iria fazer para o menino.

Antenor era uma boa alma. Uma dessas pessoas que aparecem na vida de alguém somente para dar um empurrãozinho. E assim o fez. Empurrou Edson até o cartório e fez o registro de nascimento, a car-teira de identidade e a de trabalho. Depois disso. Foi embora. O bata-teiro foi se estabelecer na capital paranaense. O menino não tinha virado cozinheiro, mas já tinha do-cumentos e idade para trabalhar - pelo menos era isso que diziam os papéis. Em seus pensamentos, afir-mava para si que já era alguém, que já podia ter um emprego e voaria mais alto.

A cidade de Ivaiporã começou na década de 40, quando se conside-rou que as terras da região eram as mais férteis do país. Então, ali che-garam os colonizadores, pessoas que queriam se dar bem na vida. Gentes de todas as partes que bus-cavam plantar e colher. Mas esse não era o caso de Edson e sua fa-

mília. Eles eram pobres, não tinham quase nada e ele queria sair daquela vida.

Logo depois que seu amigo bata-teiro foi embora, chegou um par-que na cidade e nele o menino con-seguiu um emprego. Depois de um mês, os dirigentes do parque deci-diram que iriam levantar acampa-mento e ir para Rolândia, também no norte central do Paraná. Convi-daram Edson para ir com eles.

— Mãe, eu vou embora com o parque.

O menino, aos treze anos, avi-sou a família, pegou sua pequena mala com um lençol, um cobertor e três mudas de roupas — todas bem ajeitadas e dobradas para não amassar — e deixou sua família. Foi em busca de um voo mais alto. Foi em busca de uma esperança. De algo que ele não sabia o que, mas foi. Um mês depois, os dirigentes do parque o demitiram. Ele pegou sua malinha e, com uma peque-na quantidade de dinheiro no bol-so, suficiente para passar um mês procurando emprego, caminhou. Caminhou e caminhou por aquela cidade fundada por ingleses e com nome de herói alemão. Rolândia vem de Roland, um legendário he-rói germânico que na Idade Média guerreava ao lado de seu tio Carlos Magno. Com espírito de guerreiro, o primeiro item da estratégia do garoto naquela cidade com nome de herói medieval era encontrar

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um hotel para poder passar a noite. No caminho, encontrou um amigo de Ivaiporã.

— Edson, o que você está fazen-do aqui?

— Eu estava trabalhando no par-que, mas me mandaram embora. Estou procurando um hotel para passar a noite. Amanhã vou come-çar a buscar emprego.

— Mas você tem dinheiro?— Tenho.— Ah... tá.— Faz assim: vamos comigo até

o hotel modelo em Apucarana. Lá é bom e barato. E a gente divide o quarto. Amanhã você procura em-prego lá.

— Vamos. Apucarana fica a 32 quilômetros

de Rolândia e o garoto aceitou o convite porque não conhecia nada da nova cidade — tinha medo. Medo do que iria enfrentar, da vida, do mundo, das pessoas, do que po-dia acontecer com ele, e de não ter o que comer. Principalmente, de não ter um lugar no mundo para ele, um lugar que o acolhesse.

No dia seguinte, o menino acor-dou, se espreguiçou na cama do hotel e olhou buscando seu ami-go. Ele não estava mais na cama ao lado. Instintivamente, um frio lhe correu por toda a espinha dorsal e

estremeceu seu corpo de criança. Em um ato-reflexo, pulou da cama e abriu sua mala onde havia guarda-do o dinheiro que iria lhe manter.

— Me roubaram! Ele me rou-bou! E agora, o que eu faço? — o menino Edson soluçava e imaginava como iria ser sua vida agora.

O tempo andava a galope e o garoto vagava pelas ruas de Apuca-rana. Depois foi para Cambé, de-pois Londrina, Maringá, Apucarana de novo, Rolândia, mais uma vez Cambé... Ia e vinha pelas cidades da região de Londrina. Elas são todas próximas umas das outras e o me-nino andava, andava e a andava. An-dava em busca de algo. De qualquer coisa que lhe pudesse dar uma pis-ta do que fazer para ganhar o seu sustento. Em suas caminhadas, pe-dia esmola e dormia nas calçadas. À noite, deitava ao relento. Quando chovia, dormia em baixo de mar-quises, tomando o cuidado de virar a roupa do avesso para não sujá-la. Então, estendia seu lençolzinho e se cobria com o cobertorzinho para descansar, com a cabeça apoiada na pequena mala que levava. Pensava em sua vida, pensava em coisas que lhe davam esperanças, isso para poder se livrar da fome. Fome que parecia cavoucar bem fundo seu estômago. Quando acordava, ain-

da com a dor da fome no ventre, desvirava a roupa para usá-la outra vez, em um novo dia.

Naquela época, lá pelo anos de 1970, o cantor Sérgio Reis estava na moda e uma das canções que mais tocava nas rádios locais era “O Menino da Gaita”. Quando Edson a escutava, enquanto vagava pelas calçadas atrás de um trabalho, era como se uma gilete cortasse o seu coração. A música partia o garoto ao meio e, muitas vezes, ele escon-dia seus olhos para as pessoas não verem que estava chorando. Cho-rava porque precisava de alguém...

(...) “Caminha só, ninguém sabe de onde vem

Triste a tocar, pela rua sem nin-guém

Sente que uma lágrima vem o seu rosto molhar

Como a chuva que cai...Onça lá vai ele a tocarNotas tristes no arÉ assim que pede amorOuça sua linda cançãoOlhos tristes no chãoE caminha sozinho”(...)

Assim como na música de Sérgio Reis, a vida do garoto, com os do-cumentos feitos pelos batateiros, agora era dormir nos SOSs (abrigos

infantis da região) à noite e, de dia, andar pelas ruas, pedindo esmola ou algo que pudesse comer. Um dia, conheceu outros rapazes de rua. Apesar deles não serem como Edson — porque usavam drogas e não eram muito confiáveis — os “gatos”, como eram conhecidos, lhe disseram que em Tamarana, ci-dade que faz parte da região metro-politana de Londrina, havia um car-regamento de café e que lá estavam precisando de gente para carregar e descarregar. Edson foi. Foram ele e sua malinha. O carregamento era à noite e o garoto estava disposto a trabalhar, não importava o horário

que fosse, porque precisava de di-nheiro. Quando chegou, percebeu que estava em meio a homens mais velhos e fortes do que ele e por sua idade e força de menino, não con-seguia com o serviço — os sacos eram muito pesados.

— Garoto, você não serve para carregar café. Vai lá carpir no meio do arrozal, no meio do banhado.

Ele foi. Mas ficou um dia apenas naquela fazenda. À noite, quando foi dormir, após carpir no meio do arrozal, estendeu seu lençolzinho e seu cobertorzinho dentro de uma tapera, em cima das palhas espa-lhadas pelo chão. Para ele, aquele lugar, apesar de estar em más con-dições, já estava bom. Era melhor do que o piso duro das calçadas das cidades em que dormia. E melhor ainda, tinha um teto. Quando os homens mais velhos viram o garoto estendendo o lençol e o cobertor comentaram entre si:

— Esse rapazinho não é da roça. É da cidade.

— Oh, garoto, você não é daqui não! Amanhã você vai embora.

Antes de ir, os homens mais ve-lhos tomaram a malinha do meni-no como pagamento pelo pernoi-te. Nela estavam o cobertorzinho, o lençolzinho e as três mudas de roupa que o garoto possuía. Deixa-

ram-no somente com as vestes do corpo e um coração partido. Edson teve que voltar a pé para Londri-na, que ficava a 20 quilômetros de Tamarana. Além do coração par-tido, levava as dores no corpo de capinar e uma fome imensa. No caminho, encontrou alguns pés de mamão, com alguns frutos ainda verdes. Para Edson, que não comia fazia tempo, eles estavam perfeitos. E com eles tentou matar sua fome.

Quando chegou a Londrina, logo encontrou um rapaz, também de rua, vendendo carnês da Jogada Maior. Eram iguais aos carnês do Baú do Sílvio Santos, só que locais. Disse o vendedor mirim que era com aquilo que conseguia algum di-nheiro para comer.

— Você quer vender também?— Quero. Preciso. E o garoto saiu de Londrina em

direção a Maringá vendendo os car-nês. No início, não vendia muito. Somente um ou dois por dia. Cada venda lhe dava um troquinho e com esse dinheiro podia comprar o pão para acalmar sua fome. Alguns dias mais tarde surgiu a oportunidade de vender também os carnês do Sílvio Santos. Depois de se tornar vendedor do dono do SBT, foi ten-tar a sorte em Jandaia do Sul. E lá, já no primeiro dia conseguiu vender o

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suficiente para pagar uma noite em um hotel, comprar um pão benga-la com mortadela e uma garrafa de Tubaína. No hotel, à noite, orgni-zou seu jantar — o pão, a mortade-la e a tubaína — e se deliciou com aquele manjar dos deuses. Para ele, que não comia direito há mais ou menos um mês, era um banque-te. Um banquete em um pequeno quarto de hotel. Um banquete soli-tário entre quatro paredes que, si-lenciosamente, observavam o me-nino de Ivaiporã. Depois da ceia ele deitou-se na cama e, fitando o teto, pensava — na verdade sentia — que sua vida estava prestes a mu-dar. Decidiu, então, que queria ficar mais um tempo naquela cidade. Foi vendendo seus carnês, comendo e dormindo no hotel. Até que um dia entrou em uma panificadora e disse que era cozinheiro e podia trabalhar em troca de um prato de comida. O gerente da panificadora logo lhe respondeu:

— Olha, tenho umas panelas

para lavar aqui. Se você quiser, de-pois que você lavar, te dou um pra-to de comida. Pode ser?

— Pode.Com o canto dos olhos Edson

olhava o prato sortido que os fre-gueses comiam. Era grande e lhe parecia delicioso. Ele tratou de la-var rapidamente as panelas. Tão rá-pido quanto a fome que lhe aperta-va o estômago. Quando terminou, o gerente mandou-o sentar e trou-xe-lhe um prato, maior do que o dos clientes. Era uma festa para os olhos e para a barriga. Ele comeu tudo, não deixou nada. Nem um ar-rozinho sequer. O gerente obser-vava o garoto comer, e quando viu que ele tinha terminado, falou:

— Guri, gostei de você e posso te dar um emprego. Temos tam-bém um quartinho nos fundos da panificadora e você pode ficar ali também. Você quer?

— Quero! — ter um quarto só dele era sensacional. Era o fim da-quela vida de dormir nas calçadas.

Ter um emprego significaria não passar mais fome, não ter mais que comer mamões verdes. Era ter no-vamente seu lençolzinho e seu co-bertorzinho.

Depois de quarto meses traba-lhando na panificadora Yara, foi contratado por outra — a São João — e lá ficou por cinco anos.

Toda a vida de menino de rua de Edson tinha ficado para trás. Ele agora era realmente um cozinheiro que fazia x-salada, bauru e misto-quente. No ano de 1977 resolveu tentar a vida em São Paulo. Traba-lhou lá e fez cursos, de cozinheiro e de cabeleireiro. Chegou em Curiti-ba somente em 1983 para — agora já experiente — trabalhar de cozi-nheiro.

Um dia, enquanto cozinhava, pen-sou: “puxa, minha profissão é cabe-leireiro. Sou formado nisso. Preci-so trabalhar em minha profissão”. Juntou dinheiro e abriu um salão na rua José Loureiro, no centro da ca-pital. Não deu certo. Então, decidiu

se mudar para Colombo, na região metropolitana. Tinha dinheiro para pagar um ano de aluguel. Se nesse tempo não conseguisse progredir em sua profissão, desistiria. Mas a resposta foi rápida. No primeiro mês conseguiu ter recebimentos que lhe garantiam o aluguel por um ano. Teve que contratar funcioná-rios. Comprou um Chevette, ano 77, e um telefone no valor de 30 mil cruzeiros. Mais tarde, deu o carro e o telefone na compra do terreno, onde construiu o prédio em que trabalha até hoje.

Uma de suas funcionárias queria abrir uma loja de flores. Havia uma sala vaga ao lado do salão de Edson. Ele a ajudou. Alugou a sala para a moça e ela montou a floricultura. Porém, ela não levava o negócio muito a sério. Em quatro meses, decidiu fechar.

— Não, não vamos fechar. Eu vou assumir o negócio.

Esse foi o início da floricultura do menino de Ivaiporã. A floricultura Edson Alves. Quando assumiu, não tinha muito dinheiro para investir na loja. Comprava algumas rosas no Mercado Municipal de Curitiba e aproveitava as flores que os for-necedores de lá jogavam fora. Eram vasos de flores do campo e outras. Catar as flores descartadas lhe va-

leu o título de “lixeiro”. Mas ele que já tinha comido mamão verde, dormido na rua e pedido esmola, não se importava. Somente no iní-cio dos anos 90 é que a floricultura de Edson se estabilizou.

Quando se firmou no negócio com flores, decidiu que tinha que fazer alguns cursos para se aper-feiçoar. Queria aprender a fazer cestas de café da manhã — porque os clientes estavam pedindo — e outras coisas no ramo de flores. Então, inscreveu Vladimir, seu so-brinho de dezoito anos, num curso realizado pela florista Maria Gore-te, na floricultura Flores Secas de Brasília. Levou seu sobrinho para o início do curso, mas quando viu a professora, decidiu que ele mesmo iria aprender a fazer cestas de café da manhã...

A professora era Núbia, sobri-nha de Maria Gorete — a proprie-tária da escola. O menino que an-dava pelas ruas no norte do Paraná aprendeu a fazer cestas de café da manhã, concluiu o curso, mas não deixou de frequentar a distribuido-ra de flores de Maria Gorete. Ele e Núbia começaram a conversar ain-da durante as aulas, mas só foram namorar mesmo um ano depois. A tia de Núbia não queria que sua sobrinha se aproximasse de Edson,

porque a diferença de idade era muita.

— Olha Núbia, ele não pode mais pisar aqui.

E a professora respondeu.— Está bem. Se ele não pisar eu

também não piso. Pegou suas coisas e foi morar

com Edson, onde assumiu a gerên-cia da floricultura dele.

Hoje, quinze anos depois do en-contro, o casal tem um filho de onze anos, outro de nove e um terceiro está a caminho. O salão de beleza deixou de existir, porque a floricultura Edson Alves progrediu tanto, impulsionada pelas cestas de café da manhã, que não dava mais para tocar os dois negócios.

Em julho e janeiro de cada ano a família Alves tira férias e vai viajar. Já conhece Goiás, Fortaleza, Natal e outras cidades desse imenso país. Edson garante que andou por qua-se todo o Brasil e diz, também, que a vida não é só trabalho: é preciso vivê-la da melhor forma possível. É preciso curtir o que ela tem de bom. E nada melhor de se fazer na vida do que viajar junto daqueles que se ama. Afirma ainda que até hoje mantém o sentimento que lhe impulsionou a vencer todas as difi-culdades quando menino: esperan-ça.

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Almeida Flores triplica a capacidade de transporte em 2014

Cintia de Siqueira

O ano começa com mais pneus rodando, mais cami-nhões circulando nas estradas, mais funcionários levan-do e buscando produtos para o mercado de plantas e flores. A frota de caminhões da Almeida Flores dá a partida para 2014 com um incremento de quase 100%. O número de veículos da empresa saltou de 13 para 25, o que promete tornar a oferta de flores ainda mais ágil para os clientes da Almeida Flores neste ano. Com o pesado investimento na frota, a capacidade de transporte da distribuidora triplicou de 500m³ para 1500 m³ - e a frio. Ou seja, esse volume de flores é todo acondicionado em baús com isolamento isotér-mico – à base de isopor, ou refrigerados com reves-timento de poliuretano. “O que a gente ganha com esse alto investimento é na durabilidade do produto. Um produto transportado num caminhão refrigerado tem no mínimo dois a três dias a mais de durabilidade do que num caminhão de carga seca. E dependendo do produto, se for flor de corte para decoração, com carga seca nem dá para usar, porque a vida útil da flor de corte é muito rápida” – explica Wagner Almeida, proprietário da distribuidora.Como num clássico de futebol, cliente também se ga-nha no detalhe. Além de serem levadas do produtor à distribuidora e da distribuidora aos decoradores e pontos de venda em baús refrigerados, as flores são acondicionadas em carrinhos, e as de corte ficam den-tro de cochos com água. Os carrinhos agilizam a des-carga e facilitam o manuseio para que as plantas não sejam batidas ou machucadas, porque as caixas não precisam ser retiradas uma a uma. Já o transporte das flores de corte nos cochos garante às rosas maior durabilidade, pois a água utilizada nos recipientes é tratada pelo floricultor com uma série de produtos e recebe conservantes. “O produtor in-veste muito nisso. O que muitos concorrentes fazem é chegar na doca de carregamento, pegar aquele co-cho, tirar a rosa fora, botar a flor num outro cocho

ou deixar sem água e jogar aquele produto fora para reduzir o volume de carga e baratear o transporte. Se você faz um transporte fora da água, sem isolamento, o produto já chega morto. Chega murcho. Che-ga aberto demais. E daí vira troca de produto e cliente insatisfeito. Por isso o objetivo do produtor é mandar o conservante até o cliente final. No logístico da Almeida Flo-res isso acontece”.

Qualidade

Um exemplo da importância da qualidade no transporte das flores é a parceria que já dura um ano com O Boticário. A essência do lí-rio, extraída pelo antigo método de enfleurage, é hoje a base do primei-ro eau de parfum feminino da mar-ca – o Lily Essence. A flor utilizada para a extração do óleo essencial é fornecida pela Almeida Flores, que atende rigorosos procedimentos de transporte de Holambra até a fábri-ca, em São José dos Pinhais. Com a acomodação correta em câmara fria, os lírios chegam sempre fres-cos. Na linha de produção, o aroma das pétalas impregna uma camada de gordura que é transformada em “absoluto” - a essência do perfume. Para cada quilo de absoluto é utiliza-da meia tonelada de pétalas da flor, o que torna a questão do transpor-te uma parceria, sem trocadilhos, essencial. “As flores são delicadas e perecíveis. Por isso, é muito im-

portante que cheguem frescas e ainda em botões, para que possa-mos extrair a melhor qualidade do aroma e entregar isso aos nossos consumidores. Todo este processo só é possível com uma relação de parceria e confiança que estabele-cemos com os nossos fornecedo-res. É premissa de O Boticário, em todo o processo de fabricação de fragrâncias, trabalhar com matérias-primas de qualidade. Por isso, a empresa é extremamente criterio-sa na escolha de seus parceiros.” – explica o coordenador do Núcleo de Avaliação de Fragrâncias de O Boticário, Cesar Veiga.

Comprometimento

Para garantir a continuida-de dessa qualidade que conquistou clientes exigentes como O Boti-cário, a Almeida Flores trabalhou muito, durante todo o ano passado, na evolução da carta de clientes. E neste quesito, quanto mais, melhor, porque a ampliação da clientela permite aumentar o número de viagens de forma que as flores che-guem todos os dias à distribuidora e sempre frescas. “Essa expansão de clientes permitiu fazer isso por-que você tem um custo-benefício que torna viável fazer viagens todos os dias. Os concorrentes vão uma, duas vezes por semana, nós vamos todos os dias buscar flores. Se não tem a flor hoje, tem amanhã”.

O decorador Mário Paiva, que aten-de um grande número de casamen-tos e festas em São José dos Pinhais e Curitiba, aposta nessa agilidade e no comprometimento para garantir o sucesso dos eventos que organiza. “O cliente só fecha com a empresa se ele acreditar que no dia certo e na hora marcada essa empresa vai estar lá. E eu vejo que a Almeida Flores sabe dessa importância e dá a nossa contrapartida, porque sabe que se ela não entregar a flor que eu pedir, eu perco a minha credi-bilidade e, consequentemente, per-co mercado e deixo de comprar dela. Ele tem essa consciência de que ele precisa me entregar a flor certa, com boa qualidade, para que eu continue. O Wagner sabe que sou parceiro e que a gente sempre apoia e vai apoiar. Eu compro 100% de tudo que consumo dele”. Logística funcional com transporte de qualidade ganham reforço para 2014 com uma equi-pe especializada de compradores e vendedores. “Flor é sazonal. Mas o que a Almeida promete, entrega. Contratei compradores. Só em São Paulo hoje temos uma equipe de seis compradores. Eles visitam as regiões produtoras. As fontes de compra nossa são direto na fonte e o fornecedor acredita no nosso trabalho. A gente conseguiu tra-balhar bem isso e hoje o negócio funciona. Pode ficar tranquilo que pediu, a Almeida dá conta do reca-do” – garante Wagner Almeida.

INVESTIMENTO EM CARGA A FRIO AMPLIA A CONSERVAÇÃO DAS PLANTAS

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Feng Shui: a acupuntura das construções

Cintia de Siqueira

Usar o visível para alterar o invisível. É o que faz o feng shui, técnica chinesa criada há aproxima-damente de 5 mil anos para harmo-nizar as pessoas em seus ambientes cotidianos – em casa ou no traba-lho. De origem taoísta, o feng shui é tão filosófico quanto científico. Com o uso de bússola, mapas e cál-culos matemáticos, o especialista em feng shui avalia uma edificação e detecta nela as correntes eletro-magnéticas.

Ondas eletromagnéticas es-tão em tudo: a cor, por exemplo, é uma superfície que reflete uma onda eletromagnética luminosa de determinado comprimento. Seu reflexo captado pela nossa retina é transformado em cor em nosso cérebro, e influencia nossa psicolo-gia. Amarelo nos traz energia, tons terra, equilíbrio, e assim por diante. Isso já é tão pesquisado e compro-vado que passou a ser explorado há décadas pela publicidade e pelo marketing: restaurantes e lancho-netes fast food, por exemplo, abu-sam de cores energéticas como o vermelho, amarelo e laranja para que as pessoas comam rápido e ou-tras ocupem seus lugares. Não são conceitos – são consequências do eletromagnetismo, comprovadas cientificamente.

A luz tem eletromagnetismo. As pessoas. As plantas. Os objetos. Tudo emite e recebe esse eletro-magnetismo solar que é transfor-

mado em energia. “Todos nós sa-bemos que existem quatro forças em ação no universo: a força nu-clear forte (uma energia em um nível atômico que alimenta as es-trelas), a força nuclear fraca (uma força a nível atômico que governa certas formas de decaimento ele-tromagnético, desde o raio-X dos dentistas até os isótopos em usinas elétricas), a gravidade (que garan-te a coesão da galáxia, mantém os planetas em órbita e permite-os possuírem uma atmosfera), e a for-ça eletromagnética (eletricidade, magnetismo, luz - a principal força em ação no nível planetário, já que nosso planeta recebe a maior parte de sua energia do sol). Nós sabe-mos que elas existem pois nós as usamos e somos influenciados por elas por toda nossa vida” - explica a escritora Cate Bramble. A espe-

cialista em feng shui complementa: “Dentro do espectro eletromagné-tico está tudo que nós usamos no cotidiano da vida moderna - tudo gerado pela eletricidade, televisão, luz visível e invisível, energia para cozinhar a comida por calor radian-te ou micro-ondas, o poder que nos dá sustento (e queimaduras de sol), fotossíntese, fotografias e correntes de ar. Esta é a “energia” usada pelos profissionais de Feng Shui”. É a vida que preenche todo o universo conectando-nos uns aos outros, com as coisas e com o pla-neta - também chamada de Chi ou Qi pelos orientais.

O Fen Shui e o Qi

Assim como a acupuntura, por meio de suas agulhas, manipula o Qi presente no corpo humano, o

feng shui manipula o Qi da terra, e por isso é muitas vezes chama-do de “acupuntura para constru-ções”. De acordo com o site www.fengshui.com.br, “em feng shui exis-tem dois tipos de Qi: o Sheng Qi (benéfico), e o Sha Qi (maléfico). Podemos relacionar todas as coisas como possuindo um Sheng Qi ou Sha Qi. Um local no qual nos senti-mos perturbados, com uma atmos-fera degradante, possui um Sha Qi. Brigas, discussões, locais com indi-víduos violentos, tudo isso possui Sha Qi.Um dos principais objetivos do Feng Shui é determinar “onde” o Qi circula mais fácil e livremente dentro das construções, onde está estagnado e morto, onde não está chegando. Um local com um bom Feng Shui possui todos os ambien-tes nutridos por Sheng Qi”.

Como tudo emite e absorve eletromagnetismo, o Qi de um am-biente pode ser alterado com mu-dança: trocar objetos de lugar, alte-rar cores, colocar plantas e flores, limpar, redecorar. Por isso “alterar o visível para alterar o invisível”.

Essa dinâmica define o próprio feng shui que, literalmente, significa

“vento e água”. A pronúncia cor-reta é “fon shuei” – algo como fu, um sopro de vento, e chuá – a água correndo. A onomatopeia mostra que, como o vento e como a água, o Qi sempre se movimenta, deve fluir. Mudando alguns detalhes na decoração de nossa casa, podemos fazer com que essa “energia” flua e nos traga vitalidade, cura, bem-es-tar. Nossas floriculturas também podem se tornar mais atrativas ao cliente se organizadas e decoradas seguindo a técnica. Os projetos de paisagismo, jardinagem e decora-ção também.

As escolas de feng shui

O feng shui original é tão com-plexo que dificilmente poderia ser explicado em uma só reportagem ou simplesmente reduzido a dicas de decoração: demanda um estudo profundo de temas como energia Yin (feminina, passiva, negativa, lua, retenção) e Yang (masculina, ativa, positiva, sol, expansão) e do ciclo dos cinco elementos que norteiam a Medicina Tradicional Chinesa. Terra, fogo, água, madeira e metal

são os cinco elementos que, com características próprias, interagem em constante mutação nas casas, no ambiente de uma festa ou no ponto de venda. O feng shui consiste em determinar matematicamente estas energias na edificação - o que está demais ou de menos, e equilibrar os elementos entre si. A madeira alimenta o fogo, por exemplo, que por sua vez alimenta a terra, que é a mãe do metal da qual nascem as fontes de água que nutrem a ma-deira. Assim, objetos que remetem à energia da água têm forma sinuo-sa, os de terra, são quadrados. A forma do fogo é o triângulo, e de metal, círculo ou esfera, enquanto a da madeira é o retângulo ou a linha reta. A Escola da Forma ensina a in-teração entre esses elementos em ciclos de criação ou destruição. Há também a Escola da Bússola e a das Estrelas Voadoras. Com a revolu-ção cultural chinesa, porém, muito do feng shui original se perdeu ou misturou-se a costumes e tradições de vários países, gerando técnicas derivadas como a vastu shastra, que vem da Índia, e o feng shui à brasi-leira, que inclui tradições populares

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próprias ou importadas, como o uso de cristais, espelhos, pedras e sinos-dos-ventos.

Uma das escolas mais jovens e populares é a do Chapéu Preto, que utiliza o ba-guá, ou pa kua – espécie de mapa que determina as áreas funcionais da edificação. Nes-ta edição, Florescer mostra como utilizar o ba-guá para harmonizar a decoração em casa ou nos pontos de venda para torná-los mais belos, atrativos e aconchegantes em 2014. O momento é perfeito, já que se-gundo a escola do Feng Shui Tradi-cional Chinês, o ano novo começa em fevereiro, que é quando as mu-danças devem ser realizadas.

O ba-guá

O ba-guá é um mapa com oito áreas - os guás, que relacionam os ambientes aos vários aspectos da vida: trabalho, espiritualidade, famí-lia e saúde, prosperidade, sucesso, relacionamento, criatividade e fi-lhos, amigos e benfeitores. O ba-guá deve ser sobreposto à planta da casa (que pode ser desenhada por você mesmo, substituindo metros por centímetros na hora de traçar as medidas) ou em cada ambiente separadamente. Determina-se o centro da planta. Aplica-se o ba-guá colocando o seu centro sobre o centro da planta. Em seguida, é preciso rodar o baguá até coincidir sua linha da área do trabalho com a linha da parede da porta principal. E assim temos a localização de cada área da construção que pode ser decorada para favorecer o seu guá correspondente. A cada guá são re-

lacionados cores, formas, aromas e objetos específicos, que ajudam a abrir caminho para as boas ener-gias.

Área do trabalho: influencia na rotina de trabalho e nos objetivos de vida e vocação pessoal. Melhor cor: preto. Favoráveis: azul, branco e verde. Objetos a serem usados neste cômodo da casa: abajur ou luminária, computador, fax ou tele-fone. Pode-se utilizar uma fonte de água.

Área da criatividade: é a área da casa ideal para estudos, leitura, trabalhos artísticos. Reflete na cria-tividade e na comunicação entre as pessoas da casa. Melhor cor: bran-co e tons pasteis, dourado. Obje-tos: escrivaninha e mesa de artesa-nato, porta-retratos de metal com fotos dos filhos.

Área do relacionamento: har-monizar este local traz sorte aos ca-sais, espiritualidade e relações com outras pessoas. Melhor cor: rosa. Outras cores favoráveis: branco e vermelho. Objetos ideais: fotos e objetos em pares, objetos que te-nham grande valor pessoal.

Área dos amigos: boa para atrair pessoas que trarão força e segurança para viagens e novos pro-jetos pessoais. Melhor cor: cinza e prateado. Outras cores: branco e preto. Objetos: painel com fotos de amigos e objetos que reflitam crenças, como figuras de anjos, por exemplo.

Área da espiritualidade: recan-to de oração e meditação. Melhor cor: azul. Outras cores: preto e verde. Objetos: peças de vidro que trazem tranquilidade, cristais – que

remetem à pureza e ao sagrado, es-tante de livros que remetem à sa-bedoria e expansão da mente, itens religiosos, sofás, poltronas e almo-fadas, velas.

Área da família: harmonizar este cômodo ajuda a evitar brigas e a fortalecer os relacionamentos. Estimula a vida sexual. Cor: verde. Outras cores: azul, preto e verme-lho. Objetos: fotos dos familiares, móveis de madeira, objetos herda-dos, diplomas e símbolos de con-quistas familiares.

Área da prosperidade: ambien-te importante para obter recursos e aprender a utilizá-los com sabe-doria. Cores: lilás, púrpura e roxo. Outras cores: azul, dourado, verde e vermelho. Objetos: lustres, espe-lhos e cristais, aquário ou fonte de água.

Área do sucesso: é um dos locais mais importantes da casa, porque orienta sonhos pessoais e metas. Melhor cor: tons de verme-lho e laranja. Outra cor favorável: verde. Objetos: velas, objetos que simbolizem conquistas, como di-plomas e fotos. Remova objetos tristes, pesados. Use plantas. Tenha uma cadeira bem reforçada que re-presente a segurança.

Outras informações po-dem ser consultadas em: http://www.youtube.com/watch?v=-wT46v7wE0KY&list=PL4651F-1CD4A8FBE19. Boas mudanças e ótimo 2014 !

O cliente enfeita a casa para o Natal. Como tem pouco espa-ço, monta um belo e diversificado jardim vertical. Tudo está bonito e florido. Quando volta das férias, encontra tudo seco e morto. Esta é a realidade que faz da jardinagem o carro-chefe para muitos floristas nas vendas em janeiro e fevereiro - considerados os meses mais fracos do ano para a floricultura, em fun-ção das férias de verão. “A maio-ria vai pra praia e fica tudo aban-donadinho, e aí quando eles voltam das férias que eles vão ver como o jardim está abandonado, aí tem que pegar jardineiro, daí é todo um ci-clo” – diz Neiva Brendler, da flori-cultura Capim Limão.

Na distribuidora Almeida Flo-res, as vendas caem 20% no iní-cio do ano, e o comércio só volta a movimentar em março, com o Dia da Mulher. Mas quem costuma buscar clientes, levando o negócio porta afora, consegue equilibrar um pouco os resultados apostando em plantas ornamentais, já que ca-sas e empresas precisam embelezar o lar ou o escritório para o reiní-

cio das atividades após as férias de janeiro: “Tem aquelas pessoas que gostam mais do verde porque ele dura mais, três, quatro, cinco me-ses - depende do ambiente em que fica, e uma flor dura duas semanas. Hoje todo mundo está investindo em jardinagem. Por isso as plantas ornamentais vendem mais do que flor em janeiro, nessa volta das fé-rias”.

Paulo Mello e Andreza Zanat-ta, da Floricultura Avant Garden, costumam receber muitos clien-tes para paisagismo nessa época do ano. São pessoas que retornam da praia e percebem que o quintal ficou abandonado, precisando de troca de flores e plantas, ou que precisam de manutenção no jar-dim. “Então acaba tendo uma pro-cura contínua, acaba sendo igual a dezembro” – diz Andrea.

Os donos de casas e empresas que fizeram o plantio em novem-bro ou dezembro, agora precisam de cuidado extra na manutenção do jardim. “Você tem que ter cui-dado até as plantas enraizarem to-talmente. O pessoal fala: “vou viajar agora e só vou retornar em janei-ro”. Mas não tem como você fa-zer um jardim e abandonar ele por 20 dias, que é o que acontece. No momento inicial você tem que ter um certo cuidado” – explica Paulo.

Grama, por exemplo, tem que ser regada diariamente, sem falha, du-rante os primeiros 20 dias após o plantio – ou pela manhã, antes do sol nascer, ou no entardecer, após o sol se por. Isso para que a água aquecida pelos raios solares não “queime” a vegetação. Paulo e An-drea passam todos os cuidados ne-cessários aos clientes no momen-to da venda, e com isso acabam mantendo boa quantidade de tra-balhos de manutenção em janeiro e fevereiro, meses mais fracos no comércio de flores. “Em relação a dezembro, a gente teve muito mais paisagismo do que manutenção, e em janeiro é mais manutenção do que paisagismo”.

No caso do cliente do início da reportagem, não houve salva-ção: “a treliça que havíamos mon-tado na casa dele, um jardim verti-cal - estava num restado lastimável porque queimou tudo do sol en-quanto ele estava viajando. A planta em vaso, de 30 em 30 dias tem que dar manutenção, porque a terra vai perdendo os nutrientes conforme você vai molhando, e a planta vai consumindo bastante – tem que botar adubo, limpar, podar”. Adu-bo, carinho e bom relacionamento com o cliente: eis a receita para não deixar o negócio murchar com o calor do alto verão.

Janeiro é assim: : menos flores, mais plantas

Cintia de Siqueira

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Um jardim com beija-flores, borboletas e insetos. Pássaros, plantas, árvores frutíferas e flores. Já pensou ter toda essa biodiversi-dade no quintal de casa? Perfeita-mente possível, segundo o paisagis-ta Guto Ciccarino, que aposta na combinação de estética e sustenta-bilidade em projetos paisagísticos. “Uma coisa que a gente tem com-provado é que o paisagismo entrega muito valor agregado na venda do imóvel. Seja ele em residências ou em condomínios, a gente vê que há uma preocupação na beleza em si, mas também na valorização do em-preendimento” – diz o paisagista. E

tem razão. Segundo pesquisa reali-zada em nove países pela fabricante de insumos holandesa Husqvarna, o paisagismo valoriza os imóveis em até 16%. Mas além de beleza, também proporciona qualidade de vida, ar para respirar, contato com a natureza até em cidades grandes como a capital paranaense.

Não importa que seja um grande condomínio residencial, um prédio comercial ou um pequeno imóvel usado: o grito de “socorro, quero respirar” pode ser atendido por um bom projeto de paisagis-mo, jardinagem ou uso de plantas ornamentais e é, cada vez mais, um grande nicho de mercado para flo-ricultores e floristas.

De acordo com a Cooperativa Veiling Holambra, a média de cres-cimento anual deste segmento varia

de 8% a 10%. “Devido à estabilida-de econômica do país e à procura do consumidor pelo próprio bem-estar, muitos empreendimentos imobiliários começaram a investir em áreas verdes e isso aumentou não só a procura por produtos or-namentais, mas também por profis-sionais especializados em desenvol-ver projetos nessa área. Isto tem fomentado o segmento de orna-mentais, que está se adaptando às novas necessidades do mercado”. De acordo com o último balanço mensal de vendas da cooperativa, divulgado em dezembro de 2013 com dados sobre o mês de outu-bro, houve um crescimento signifi-cativo na comercialização de várias espécies usadas em ornamentação e paisagismo de 2012 para 2013. A procura por palmeiras cresceu 74,3% em outubro de 2013, em relação ao mesmo mês de 2012; a chamaedorea, 29,1%; a samam-baia, 33,3% e as suculentas, 24,4%. A venda de flores como o antúrio, usadas em ornamentação, também aumentou de um ano para o outro: 27,5% no período analisado.

Em áreas verdes que permitem a utilização de espécies de maior

porte, as palmeiras são uma ten-dência importada do eixo Rio-São Paulo que funciona muito bem em solo paranaense. “Elas já são plan-tas formadas e por isso dão mui-to mais presença no paisagismo do que uma árvore que ainda tem mui-to a se desenvolver. O resultado é quase que imediato. Mas é claro que há que se respeitar a adaptação ao clima local” – explica Ciccarino.

Em terrenos maiores, com 2 a 5 mil metros quadrados, é possível ousar um pouco mais na amplitu-de de espécies, pensando inclusive em árvores floríferas, frutíferas e pássaros - uma dinâmica de inse-tos, borboletas e plantas que cria um miniecossistema dentro da pro-priedade. Você quer atrair e dar alimento a pássaros? Existem algu-mas palmeiras que têm o alimento

Paisagismo: verde que vale ouro

Investimento em jardins valoriza imóveis e impul-siona mercado de flores e plantas

próprio para eles. Você quer atrair borboletas? Existem quatro ou cin-co espécies bem específicas que são próprias para borboleta, como as lantanas. Beija-flores? Abélias, russélias e callistemons chamam esses pequenos pássaros. É uma dinâmica natural no jardim: numa hora vem o beija-flor, noutra vêm as abelhas e em outra vêm as dife-rentes cores de borboletas. “Claro que você tem que respeitar o que o projeto pede e o que o projeto permite. Mas mesmo assim você pode criar uma amplitude, uma va-riedade maior de plantas para dar um contexto diferente ao jardim”.

E nem só de grandes áreas vive o paisagismo. Ambientes comer-ciais dependem desse “ouro ver-de” para transmitir ao consumidor a imagem de conexão à tendência

da sustentabilidade. Até mesmo re-sidências que queiram aliar a beleza de um jardim bem cuidado à qua-lidade de vida podem ser valoriza-das por um bom projeto paisagísti-co que explore pergolados, decks de madeira, bancos, cachepôs e uma infinidade de acessórios para pequenos ambientes sustentáveis. Apartamentos? Tudo bem. Hortas de temperos, ainda que sejam em vasos e floreiras, são cada vez mais estimuladas. “Quem tem filhos, a criança está ali, está vivenciando, está crescendo, está vendo de onde vem, como valoriza, como pode es-timular a própria alimentação. É le-gal essa coisa de trazer a natureza pra dentro de casa”.

Cintia de Siqueira

TENDÊNCIA

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Esta é uma notícia relevante para o mercado de flores e decoração: o número de casamentos continua crescendo no Bra-sil, mas os noivos sobem ao altar cada vez mais tarde. É o que apontam as “Estatísti-cas do Registro Civil 2013”, divulgadas há poucas semanas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - o IBGE.

De acordo com o levantamento, que traz dados de 2012 - os mais recentes so-bre matrimônios no país - a idade média dos solteiros na data do casamento, que era 26 anos para os homens, em 2002, subiu para 28 anos, em 2012. Entre as mulheres, no mesmo período, a idade média no dia de núpcias subiu de 23 para 25 anos. O gru-po de mulheres com 20 a 24 anos continua com a maior participação (30%) no total de casamentos, mas o maior aumento ocorreu entre aquelas com 30 e 34 anos (de 11,5 % em 2002 para 20,2% em 2012). O IBGE ob-serva também que o número de casamen-tos em que a mulher é mais velha que o homem aumentou de 20,7% em 2002 para 24% em 2012, o que ocorreu em todas as grandes regiões do país.

Mais casais dizem “sim”

Cedo ou tarde, casar ainda é um sonho que gera grandes even-tos num país que adora festejar. E os números estão sempre em alta quando o assunto é matrimô-nio. De acordo com a pesquisa do IBGE, o número de casamen-tos aumentou 1,4%, passando de 1,026 milhão em 2011 para 1,041 milhão em 2012. "Essa evolução re-cente decorre das transformações nos arranjos conjugais, o que tem impulsionado os recasamentos, a melhoria no acesso aos serviços de justiça, particularmente ao registro civil de casamento, das facilidades legais e administrativas para o di-vórcio, possibilitando novas uniões legais, e da procura dos casais por formalizarem suas uniões consen-suais, incentivados pelo código civil renovado em 2002 e das ofertas de casamentos coletivos", avaliam os especialistas do IBGE.

Taxa de nupcialidade

A taxa de nupcialidade legal (número de casamentos para cada

mil pessoas de 15 anos ou mais de idade) ficou estável em relação a 2011, com 6,9 casamentos para mil habitantes de 15 anos ou mais. A taxa, porém, cresceu na última dé-cada, passando de 5,6 (por mil) em 2002 para 6,9 em 2012. Na década de 1970, esse patamar era de 13%. As maiores taxas observadas pelo IBGE foram no Acre (10,3%), Dis-trito Federal (8,7%) e Goiás (8,6%). As menores taxas ocorreram no Rio Grande do Sul (4,6%), Amapá (5%) e Maranhão (5%).

Divórcios

O número de divórcios conce-didos em primeira instância caiu os mesmos 1,4% em 2012, na compa-ração com o ano anterior, ficando em 341,6 mil. A taxa geral de di-vórcios ficou em 2,5% em 2012, ou 2,5 divórcios para cada mil pessoas com 20 anos ou mais de idade. No ano anterior, o indicador estava em 2,6%, ao passo que, em 2002, a taxa estava em 1,2%.

Casamentos mais curtos

O levantamento também apon-

ta que o tempo médio transcorri-do entre o casamento e o divórcio passou de 17 anos em 2007 para 15 anos em 2012. A redução ocorreu em todas as unidades da federação. As novas possibilidades legais para o divórcio podem ter ajudado a formalizar situações em que já ha-via dissoluções informais.

Mês da noivas

Em novembro passado Flores-cer publicou uma reportagem es-pecial sobre casamentos, apontan-do os meses com maior número de matrimômios no Paraná, em Curiti-ba e no Brasil. Os novos dados do IBGE confirmam a tendência apon-tada na reportagem: dezembro é o novo mês das noivas, exceto em Curitiba, onde o maior número de casamentos ocorre em novembro. Maio ainda tem um pico de eleva-ção, mas os números mostram que os casais preferem o mês da chega-da da primavera ao antigo “mês das noivas”, pois é em setembro que o mercado de casamentos começa a aquecer realmente, tanto no Brasil como nos estados do Sul.

MERCADO

Novos dados do IBGE revelam que brasi-leiro casa-se mais e mais “velhinho”

LOCAL TOTAL JAN FEV MAR ABRI MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZBrasil 1.041.440 77.188 63.647 84.816 69.572 88.748 81.012 83.139 66.854 98.743 92.652 100.304 118.476

Sul 130.090 9.545 8.778 10.391 8.966 12.056 9.775 8.694 7.970 11.809 11.643 13.154 15.517

Paraná 59.144 4.483 3.855 4.218 3.959 4.921 4.423 3.698 3.535 5.519 5.178 6.023 7.749

Curit. 10.351 824 679 855 684 706 863 650 636 960 950 1.230 1.128

Fonte: IBGE

Cintia de Siqueira

Confira a tabela do IBGE com o número de casamentos, mês a mês.