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Artigos...No STF, tem-se a Súmula nº 279, de 13 de dezembro de 1963, com os dizeres: “para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”, e, no Superior Tribunal

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ReexameFático-Probatórionos Recursos ExtraordináriosLato Sensu.

Nathália dos Santos Paes de Barros**

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Reexame Fático-Probatório nos Recursos Extraordinários Lato Sensu.

382 ESAP-MS - Escola Superior de Advocacia Pública de Mato Grosso do Sul

1.INTRODUÇÃO;2.CRITÉRIOSPARAACONSTATAÇÃODOREEXAMEFÁTICO-PROBATÓRIO VEDADO NOS RECURSOS EXCEPCIONAIS; 2.1. CRITÉRIOTÉCNICO-PROCESSUAL; 2.2. CRITÉRIO DE ETAPAS DE RACIOCÍNIO; 2.2.1.Questões antecedentes à relação fato-prova: revaloração de provas; 2.2.2.Questões posteriores à relação fato-prova: pretensão de alteração daqualificaçãojurídicadosfatosedaconsequênciajurídica;3.CONSIDERAÇÕESFINAIS;REFERÊNCIAS.

**ProcuradoradoEstadodeMatoGrossodoSuldesde2005;Pós-GraduandapelaPUC-SPemDireitoProcessualCivil (2013);Pós-GraduadapelaUNISULemDireitoTributário;Pós-Graduadapelo INPG/UCDBemDireitoProcessualCivil.

1 Namesmalinha,nãosepodeolvidartambémdaSúmula454doSTF,de1ºdeoutubrode1964,queafirma:“Simplesinterpretaçãodecláusulascontratuaisnãodálugararecursoextraordinário”edaSúmulaSTJnº5,de10demaiode1990,compraticamenteomesmoteor,porém,voltadaaorecursoespecial.

TantonoSupremoTribunalFederalcomonoSuperiorTribunaldeJustiçaestásumuladooentendimento–frequentementeaplicadonosjulgamentos–dedescabimentodorecursoespecialedoextraordináriovoltadosparaoreexamedematériafático-probatória.

A verificação, na prática, de quais hipóteses consubstanciam questõesde direito aptas a serem analisadas pela via dos recursos excepcionais temcontornosnãotãobemdefinidoscomopodepareceràprimeiravista,rendendodecisõesconflitantessobreaaplicaçãodassúmulasnostribunaisparacasossemelhantesefomentandooamplotratamentodoutrináriosobreotema.

NoSTF,tem-seaSúmulanº279,de13dedezembrode1963,comosdizeres:“parasimplesreexamedeprovanãocaberecursoextraordinário”,e,noSuperiorTribunaldeJustiça,foieditadaaSúmulanº7,de28dejunhode1990,queporsuaveztraz:“apretensãodesimplesreexamedeprovanãoensejarecursoespecial”1.

1. Introdução

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Nãoétranquilaatarefadeseconstatarestar-seounãodiantedeumaquestãodedireitooudefato,especificamentequandosetememvistaomisterdeinterposiçãodosrecursosextraordinárioeespecial,comovempontuandooprocessualistaJoséCarlosBarbosaMoreiradesdesuasprimeirasobrasdecomentáriosaoCódigodeProcessoCivil,remontandoàordemconstitucionalanterior(Moreira,2000;Wambier,2009).

Soma-se a isso o uso indiscriminado das referidas súmulas pelas cortessuperiores,comointuitomuitasvezesdesviadodaproposta inicial,tornando-seummecanismovoltadoapenasareduzironúmeroderecursosespeciaiseextraordinários a terem seumérito julgado, por conta do excesso de volumeenfrentado, sem parâmetros consistentes (OMMATI, 2007). Este cenário geraainda mais obstáculos à atividade de discernir questões passíveis de seremexaminadasnaviaextraordinária lato sensu sobaóticadascitadassúmulas,jáquemuitasdecisõestêmsevalidodoscitadosimpedimentosparacasosindevidos.

Deve-seressaltardesdejáquenãotemesteartigooescopodeadentrarnocampodadistinçãoentrequestãode fatoededireitosoboprismadocritérioontológico,massimcompilarosprincipaismecanismosusadospeladoutrinaejurisprudênciaparadiferenciaroscasosdeincidênciaounãodascitadassúmulas,buscandofacilitar,assim,acorretainterpretaçãodestase,consequentemente,permitiraooperadordodireitoaveriguarquandoseestádefatodiantedeumjuízodeadmissibilidadeadequadonoqueconcerneaoreexamefático-probatório.

Para serem compreendidos os contornos da vedação ao reexame defatos eprovasnos recursos excepcionais, deve-se atentar à suaorigem.Onascedourodetaisóbicessumularesestáinterligadocomafunçãoprimordialquedetêmtaisespéciesrecursais,i.e.,dezelarpelaincolumidadedodireitoobjetivofederaleconstitucional.Oqueinclui,nocasodoSTJ,auniformizaçãoda interpretação da legislação federal no Brasil, e, para o STF, velar pelaintegridade da Constituição Federal de 1988, sendo sua a última palavrasobreainterpretaçãodaConstituiçãoFederal(PESSOA,2006).

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Nesse contexto, o óbice encartado nas Súmulas 7/STJ e 279/STF nãosevêpresenteemoutrasespéciesrecursais,verbi gratia,naapelaçãoenorecurso ordinário constitucional (art. 105, inc. II, Constituição Federal de1988),paracitarcasoderecursodirigidoatribunalsuperior.Portanto,estáo impedimento do reexame intimamente ligado à natureza dos recursosexcepcionais,consoantesuacompetência,definidaconstitucionalmente.

RelembraMancuso(2007)queosrecursosextraordinárioeespecialsãotambémdenominados excepcionais, terminologia que atine ao alcance deseuefeitodevolutivo,ouàabrangênciadecogniçãoquepermitem.Oautordestacaque:“[...]oespectrodesuacogniçãonãoéamplo,ilimitado,comonosrecursoscomuns(máximeaapelação),mas,aoinvés,érestritoaoslindesdamatériajurídica.Assim,elesnãoseprestamparaoreexamedamatériadefato[...].”(p.161).

ExplanaaindaMancuso(2007,p.161):

Parte-sedopressupostodequeamatériaatinenteaosfatosfoidirimidapelasinstânciasordinárias(MANCUSO,2007).Assim,oquepodeserobjetodosrecursosexcepcionaiséamatériajurídicadefinidanoartigo1022,inciso

Alimitaçãodadevolutividadedorecursoespecialaostemasjurídicosfederais debatidos no acórdão recorrido, ou seja, a ausência dedevolutividadeemrelaçãoàapuraçãodaverdade fática dacausa,constituionúcleoessencialquecaracterizaesserecursocomosendodenaturezaextraordinária,diferenciando-odosdemais,excetodoapeloextremodoqualseoriginou.

2 Art.102-CompeteaoSupremoTribunalFederal,precipuamente,aguardadaConstituição,cabendo-lhe:(...)III-julgar,medianterecursoextraordinário,ascausasdecididasemúnicaouúltimainstância,quandoadecisãorecorrida:(...)a)contrariardispositivodestaConstituição;b)declararainconstitucionalidadedetratadoouleifederal;c)julgarválidaleiouatodegovernolocalcontestadoemfacedestaConstituição;d)julgarválidaleilocalcontestadaemfacedeleifederal.AcrescentadopelaEC45-2004).

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III,alíneas(matériaconstitucional)enoartigo1053,incisoIII,alíneas(matériafederal), ambos da Constituição Federal de 1988, onde estão delimitadasas hipóteses de cabimento4 dos recursos extraordinário e especial,respectivamente.

Restringe-se,portanto,oquepodeserobjetodetaisrecursos,aquestõesjurídicas,maisespecificamenteaafrontaàConstituiçãoFederalvigenteeaodireitofederal,respectivamente.Issodáensejoaqueseconcluaqueamatériafático-probatória–assimcomoaquestãodeleilocal,pelomesmomotivo–nãopodeserobjetoprecípuodascitadasespéciesrecursais(CARNEIRO,1990).

A doutrina é pacífica em colocar as previsões constitucionais decabimento dos recursos excepcionais (art. 102, inc. III, e art. 105, inc. III)como intimamente ligadasao impedimento relativoao reexamedeprovascontidonassúmulas:“[...]nãocaberecursoextraordináriocomoobjetivodeotribunalsuperiorreexaminarprova,tendoemvistaqueessepleitonãoseencaixaemqualquerdashipótesesdecabimentodessesrecursos.”(DIDIERJÚNIOR;ZANETIJÚNIOR,2013,p.274).

Assim, considera Saraiva (2002, p. 316) a vedação a reexame fático-probatório como consequência lógica das hipóteses de cabimento dorecurso especial, elencadas na Constituição Federal vigente, trazendo àtona o pensamento por detrás da inviabilidade de reexame fático nos recursosexcepcionais:

3 Art.105-CompeteaoSuperiorTribunaldeJustiça:(...)III-julgar,emrecursoespecial,ascausasdecididas,emúnicaouúltimainstância,pelosTribunaisRegionaisFederaisoupelosTribunaisdosEstados,doDistritoFederaleTerritórios,quandoadecisãorecorrida:a)contrariartratadoouleifederal,ounegar-lhesvigência;b)julgarválidoatodegovernolocalcontestadoemfacedeleifederal;(AlteradopelaEC45-2004).c)deraleifederalinterpretaçãodivergentedaquelhehajaatribuídooutrotribunal.

4 Wambier(1998,p.67)anota:“Comosesabe,aafrontaàleiordináriafederaleàConstituiçãoFederalsão,respectivamente,osúnicospossíveisfundamentosdorecursoespecialedorecursoextraordinário.Temosreiteradamentesustentado(…)queosdemais“fundamentos”,alistadospelaCF,respectivamentenosarts.103 e 105, embora lhes tenha o legislador constitucional atribuído status equivalente, na verdade sãohipótesesdecabimento,devalorpraticamente(eperdoem-nosaousadia...)exemplificativo.”

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Justamente por ser um recurso que visa a verificar a corretainterpretaçãodaleifederal,nãocabeaeleadiscussãoarespeitodaverdadefáticaapuradapelasinstânciasordinárias,porquanto,nesseaspecto,inexistequestãofederalaserapreciada.

ConcluiSaraiva(2002,p.320),que,dessaforma,

Portanto,pode-seapontar comoorigemdasvedaçõesencartadasnasaludidas súmulas a natureza dos recursos excepcionais, assim entendidaaquela definida pela Constituição Federal de 1988, a saber, recursos defundamentaçãovinculadaàshipótesesdecabimento,comafunçãoprincipaldemanterahigidezdoordenamentojurídico.Estanoçãoajudaráaguiarainterpretaçãodosverbetes.

O discernimento entre questões de fato e de direito para fins deinterposição dos recursos excepcionais ensejou que a doutrina criasse umcritériotécnico-processual,umavezqueocritérioontológiconãoresolviaoproblema(Wambier,1998).

[...] tem-seque,na investigaçãoprobatória, abuscapela verdadefáticaéinerenteaodesenvolvimentodoprocesso.Entretanto,essaatividadeestá restrita aos julgadoresordinários, aquemcompeterealizar amplamente a justiça, e não às Cortes Extraordinárias,cuja função é controlar a fundamentação das decisões de outros órgãosjurisdicionais.

2.1. Critériotécnico-processual

2.Critériosparaaconstataçãodoreexamefático-probatóriovedadonosrecursosexcepcionais

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A denominação do critério advém da classificação das questões emfáticase jurídicas,conformesejamounãoexamináveispelaviadorecursoextraordinário ou especial. A necessidade desse parâmetro específico foiconstatadamesmopordoutrinadoresdasearadafilosofiadodireito,vistoque a distinção pode ser observada sob prisma diferente do ontológico(WAMBIER,2008,p.365;1998,p.56).

Ocritériovale-sedoexpedientedeseverificaroladoparaoqualrecaiaatividadederaciocíniodojulgador,paraentãosubdividirasquestõestrazidasnorecursoconformeograudeenvolvimentodefatosedodireito.

Adivisãoseparaosextremoseazonacinzenta,exsurgindodaítrêstiposdequestões.Nosextremosopostos,têm-se:a)asquestõespuramentefáticaseb)aspropriamentejurídicas.Jánocampointermediárioemaiscomplexo,têm-se: c) os pontos “problemáticos”5, que se confundem com a própriasubsunção6 da norma ao fato, isto é, a avaliação do erro ou do acerto doprocessosubsuntivo(WAMBIER,1998,2008).

As questões puramente fáticas seriam aquelas que, manifestamente,nãopoderiamserdiscutidasemsedederecursoespecialouextraordinário.Nelas, o foco de atenção do órgão julgador será, para usar os termos deWambier(2009,p.41),“nãopredominantemente,masunicamente,osfatossubjacentes à demanda”. É o caso de ser necessário às cortes superioresperquirirem, por intermédio de reexame de provas dos autos (laudos,depoimentos,verbi gratia),dequemfoiaculpaemacidentedeveículos.

5 Otermo“problemático”foiusadopelaautoranãonosentidodedificuldadequantoàconstataçãodeserounãoquestãodefatooudedireito,massimde“pontosproblemáticosaseremresolvidos”pelojulgador.

6 Oliveira,emsuaobraRecursoEspecial(2002,p.276),trazconceitoesclarecedordesubsunção:“Segundoaescolaalemãdasubsunção,adecisãojudicialéfrutodeumraciocíniosilogístico,mercêdoqualojuizfixaaspremissas,maiorqueéanormajurídicaaplicávelàespécieemenorquesãoosfatos,para,tãosomente,depoisefetuaroenquadramento(subsunção)dasituaçãodefatoaodireito,extraindo,porconseguinte,osrespectivosefeitosjurídicoseconclusão.”

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No outro extremo, estar-se-ia diante de uma questão quase queexclusivamente de direito se já estiverem resolvidos tanto (i) os aspectosfáticos, ou seja, quais fatos ocorreram e como; quanto (ii) o “mecanismode subsunção”. Assim, se estiverem ultrapassadas estas duas etapas, aatençãodojulgadorfocar-se-ána“exatacompreensãodaregradedireito”,que, segundoaautora, insere-senoconjuntodas “questõespropriamentejurídicas(=dedireito)”(WAMBIER,2009),emquenãohádúvidassobreanãoincidênciadassúmulas.

Coloca-seassimnãohaverquestionamentossobresetratardequestãode direito, para fins de interposição dos recursos excepcionais, o caso emque a alegada ilegalidade se dá posteriormente à qualificação jurídica dosfatos; ou seja, quando se afirma no recurso que o acórdão perfez corretaqualificação dos fatos, mas fixou uma consequência jurídica (momentoposterior)equivocada,pertencenteaoutroinstitutojurídico.Nestecaso,secuidará indubitavelmente de questão de direito para omister pretendido,poisnemaocorrênciadosfatosnemo“mecanismodesubsunção”estãoemquestionamento(WAMBIER,2009,p.38).

Porconseguinte,háquestõesquenãosemostramduvidosasnoquesito(des)necessidade de reexame fático-probatório, pois ou certamente nãoautorizam a interposição de recurso especial ou extraordinário, ou, semmaioresindagações,permitemaimpugnaçãoporestasvias.

Saindodazonadecerteza,têm-seasquestõesqueenvolvemapretensãode alteração da qualificação jurídica dos fatos.Nestecaso,“[...]ofocosobreoqualdeve recair aatençãodo julgadorestá justamentenomomentodeincidênciadodireito[...]”,nasubsunçãodanormaaofato,exigindoexamemaisapurado(Wambier,1998,p.54).

ConformeaabordagemdeWambier(2009,p.38),éevidenteestar-sediantedequestãodedireitoquandojáseultrapassouaetapadaqualificaçãojurídica; contudo, namedida emque a fase do julgamento relevante para

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a questão posta no recurso é justamente a qualificação jurídica (nomen juris)dosfatosdademanda,háqueseinvestigarmaisafundo,vezqueháenvolvimentodefatos.

Está-se aqui sobre o terreno das questões em que se faz necessárioverificarseosfatosprecisamounãoserrevolvidosàluzdasprovasparaseconcluir pela alteração da qualificação jurídica feita pela instância inferior.Assim,estaúltimaespéciedequestões contémos casosmenos tranquilosarespeitodesecuidardequestãodefatooudedireito;sãocasosemqueo “[...] encaixe entre fato e norma, a subsunção, é o que está no foco deatençãodojulgador[...]”(WAMBIER,2009,p.42).

Para a autora, a complexidade maior de se constatar haver ou nãoreexamefático-probatórioemergenessetipodequestãoporqueofocopodesedardedoismodos: (i)comdúvidaou (ii) semdúvidaarespeitodequefatosocorreramoucomoocorreram.

Valedestacarque,deacordocomocritérioontológicoousubstancial,a discussão sobre qualificação jurídica ou subsunção é questão de direitoporexcelência, jáque “[...] a incidênciadanormanomundo real éoquenecessáriaeinexoravelmenteestánabasedetodooraciocíniojurídico[...]”(WAMBIER, 1998, p. 42). Ou seja, sob o critério ontológico, mesmo quehajadúvidaarespeitodecomoosfatostenhamocorrido,está-sediantedequaestio juris.

Omesmonãoseverificaabaixodoângulotécnico-processual,quetememvistaosrecursosexcepcionais.Porestaótica,sãojustamenteoscasosquetratamdaqualificaçãojurídicadosfatososqueapresentammaiordificuldade,conformeWambier(1998,p.56):“estecritériotemafunçãojustamentedeatuarnestescasosmaisdelicadosemque,parasecorrigira ilegalidadedadecisãoimpugnadaénecessárioqueserefaçaoprocessodesubsunçãodosfatosàleioudeincidênciadaleinomundoempírico[...].”

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Mais à frente se explanará com mais pormenor como se utilizar docritério técnico-processual para se desvendar se a questão envolvendo asubsunçãoensejaounãoreexamefático-probatório.

Poroutrolado,háoutraespéciedequestãoque,muitoemboraenvolvaasprovas,tambémpermiteoexamedoméritodorecursoextraordinárioeespecialsemrecairnascitadassúmulas.Trata-sedaatividadedenominadarevaloraçãodasprovas,queatineaofenômenoabstratamenteconsiderado,cuidando-se de expressão cunhada pela jurisprudência (WAMBIER, 1998).Serátambémabordadacommaisdetalheàfrente.

Passa-seaexporostiposdequestõesconformeaclassificaçãopropostaporMarinoni,quenoartigointituladoReexamedaprovadiantedosrecursosespecialeextraordinário,sepropõearesolveroproblemadadistinçãoentrequestõesdefatoededireitoparaomisteremdestaque.

Marinoni(2005)esquematizaotemadoreexamefático-probatórionosrecursosexcepcionaisadotandoumavisualizaçãoquesepodedenominarde“etapasderaciocínio”,jáque,conformeafaselógicadoraciocíniodojulgadorem que a questão esteja inserida, será ou não vedada sua análise pelosrecursosextraordinários,ouseja,ensejaráounãoreexamefático-probatório.

Inicialmente,deve-seconstataroqueconfiguraoreexamevedadopelassúmulasemapreço.Oreexamedeprova,vedadonosrecursosexcepcionais,estáatreladoaodeconvicção,pois

2.2. Critériodeetapasderaciocínio

[...]oquenãosedesejapermitir,quandosefalaemimpossibilidadede reexame de prova, é a formação de nova convicção sobre osfatos, [ou seja,] não se quer que os recursos extraordinário eespecialviabilizemumjuízoqueresultedaanálisedosfatosapartirdasprovas.(2005,p.17,grifodoautor)

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Emoutrostermos,oqueseimpede,pormeiodaproibiçãodoreexamedeprovas,é“[...]analisarseotribunalrecorridoapreciouadequadamentea prova para formar sua convicção sobre os fatos [...]” (MARINONI, 2005,p.18).Oprocessualista trazum julgadodoSTFquebemdistinguedequemodoaconvicçãoestáatreladaaoreexamevedado.Esteenvolveaforçadeconvicçãoconcretadaprovanocasoespecífico,oquenãoseconfundecomaanáliseemabstratodesuaeficáciacomomeiodeprova,passíveldeexamenosrecursosexcepcionais(revaloraçãodeprova)7.Nessalinha,pertinenteacolocaçãodeOliveira(2002,p.288):“[...]aavaliaçãodaprova,efetuadapeloórgãoprolatordadecisãorecorridaàluzdoprincípiodapersuasãoracional,nãopodeserreavaliadapelainstânciaextraordinária.”

Consoante se mencionou, o método propõe que se classifiquem asquestõesconformeaetapadoraciocíniodojulgadoremqueseencontrem,tomandocomopontodepartidaasquestõesqueenvolvemarelaçãoentreofatoeaprova,oqueestáintimamenteligadoàconvicçãodojulgadorsobreosfatos,formadacombasenaprovadosautos.Arelaçãofato-provaéintangívelpormeio de questionamento nos recursos excepcionais, por ensejarem ovedadoreexamefático-probatório.

Deve-se imaginar uma linha temporal, em que nomeio se situam asquestões sobre relação fato-prova, ao passo que as questões anteriores eposterioresaessemarconãoimportamemreexamefático-probatório.

Assim, com base nesse raciocínio, não se fala em reexame de fatospara(i)questõesqueantecedema“relaçãofato-prova”nema(ii)questõesque lhesãoposteriores.Ouseja,asquestõesquesesituamemmomentoprévioàquelasacercadaconvicçãosobreos fatos,bemcomoaquelasque

7 Entendeu-senoAgRgSTFnº69.756,1ª.Turma,RelatorMin.RodriguesAlckmin,pela“[...]inexistênciadequestãofederalrelativaàeficácia,emtese,dedeterminadomeiodeprova,mastãosomentedeapreciaçãodaforçadeconvicçãodelasconcretamente[...]”,oqueconfigurareexamenãoadmissívelemsedederecursoextraordinário(MARINONI,2005,p.18).

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ocorremdepoisdofenômeno,nãoimportamemreexamedefatosparafinsdeaplicaçãodascitadassúmulas;podem,assim,serexaminadaspeloSTJouSTFnosrecursosexcepcionais.

Passa-seatratardasquestõescomamparoemtalclassificação,quelevaem conta a linha temporal de raciocínio do julgador, pois esse paradigmapermitequesevisualizemtodasasquestõespassíveisdeseremexaminadaspelaviadosrecursosextraordinárioslato sensu.

Asquestõesprecedentesàrelaçãofato-provaseriamaquelasatinentesà revaloração da prova, mencionadas anteriormente, isto é, aos critériosjurídicos voltados ao uso da prova e à formação da convicção, à provaconsiderada abstratamente quando da verificação da violação à normafederalouconstitucional.

EmboratenhaoCódigodeProcessoCivilfixadooprincípiodapersuasãoracional como regra, existem casos de valoração em abstrato dos meiosde prova, que é previamente efetuada pelo legislador, visando a barrar autilizaçãodemeiosdeprovatidoscomonãoidôneosàcomprovaçãodofato,conformepontuaOliveira(2002).

Aqui se atine à questão federal ou constitucional relacionada comodireitoprobatório,ao“[...] valorabstratodecadaumadasprovasedoscritérios que guiaram os raciocínios presuntivo, probatório e decisório.”(MARINONI,2005,p.18).

EisoexemplolevantadoporAthosGusmãoCarneiro(1990,p.11):“sea lei federal exige determinadomeio de prova no tocante a certo ato ounegóciojurídico,decisãojudicialquetenhacomoprovadooatoounegócioporoutromeiodeprovaofendeaoDireitoFederal”.

2.2.1. Questõesantecedentesàrelação fato-prova:revaloraçãodeprovas

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OdiscrímenentrereexameevaloraçãodaprovaficoubemextremadonesteoutrojulgadodoSTJ:“Avaloraçãodaprovarefere-seaovalorjurídicodesta,suaadmissãoounãoemfacedaleiqueadisciplina,podendo ser aindaa contrariedadeaprincípioou regra jurídicadocampoprobatório,questãounicamentededireito,passíveldeexamenestaCorte.Oreexamedaprovaimplicaareapreciaçãodoselementosprobatóriosparaconcluir-seseelesforamounãobeminterpretados,constituindomatériadefato,soberanamentedecididapelasinstânciasordinárias,insuscetívelderevisãonorecursoespecial”.

Aessepropósito,ajurisprudência,emnossosentir,crioudistinçãointeressante, que, por assim dizer, abre uma brecha na regraenunciada na Súmula, que decorre da natureza e da função dosrecursosextraordinárioeespecial.Essadistinçãoconsisteemsepararosplanosdomero reexame das provasedasuarevaloração.São,defato,fenômenosdistintos.A revaloraçãodasprovas temsidopermitidapredominantemente(e desemboca necessariamente na possibilidade de que hajarequalificação – qualificação diferente – dos fatos) quando édesobedecidanormaquedetermina ovalorqueaprovapodeter,emfunçãodocasoconcreto.

Mancuso(2007,p.172),porsuavez,vale-sedoAgravoRegimentalnoRecursoEspecialSTJnº420.217/SC8,quemuitobemdiscriminareexameerevaloraçãodeprova:

Sãoquestõesque,emboragirememtornodaprova,ofazememmomentoanterioraodarelaçãodestacomosfatosdademanda,demodoabstrato,semconsiderar os fatos em concreto (OLIVEIRA, 2002). É o que a jurisprudêncianormalmentedenominade“revaloraçãodaprova”.Estáinseridonestecontextoodireitoprobatório,como,v.g.,asregrasatinentesàproduçãodeprova,aoônusprobatórioetc.NostermosdeWambier(1998,p.56,grifodaautora):

8 RelatoraMinistraElianaCalmon,SegundaTurma,j.04.06.2002,DJU16.12.2002.

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Senojuízodoreexameprobatóriohápuraoperaçãomentaldeconta,peso emedida, na revaloração de prova cuida-se de operação que apurainfraçãoounãoaprincípioprobatório(RecursoExtraordinárioSTFnº76.568/GB,1ªTurma)(OLIVEIRA,2002).

Destaca-se que, enquantoWambier (1998) fixa-se na ótica de que arevaloraçãodaprovadesembocanaqualificaçãoerrôneadefatose,portanto,configura erro de direito (ilegalidade); Marinoni (2005) frisa a topologiada revaloração de prova, a saber, ressalta que a questão está situada emmomento diverso, anterior ao da qualificação jurídica, como visto, o queparececonferirmaiordidáticaàdistinção.

Aafirmaçãodoautornãoexcluiadaautora,apenassecomplementam.Com efeito, o fato de a revaloração de prova encontrar-se em momentoanteriorensejaqueoerroabstratosobreummeiodeprovaculminaráporcontaminarorestantedasetapas,inclusiveaqualificaçãojurídicadosfatos.

Há duas linhas doutrinárias acerca do âmbito de abrangência dofenômeno revaloração de prova, dicotomia queWambier (1998) destaca.Segundoaautora,parceladadoutrina,maisrestritiva,entendesernecessária,paraquesefaleemrevaloraçãodeprova–enãoemmeroreexame–,umanormaexpressadispondoabstratamente sobreo valordaprova;deoutrolado, para outros autores, bastaria o erro na valoração da prova, mesmosemtextoexpressodenormafederalouconstitucional,paraqueseafasteaincidênciadaSúmulaSTFnº279edaSúmulaSTJnº7.

Para osmais conservadores, somente haveria erro de direito sobre avaloraçãodaprovaquandoaleifederaldispuserabstratamentesobreovalordaprova;ouseja,ascortessuperioressomentepoderiamanalisaraquestãosearevaloraçãofordecorrentedemalferimentoànormaespecíficaquetratadovalordaprova.

Por conseguinte, a linha restritiva entende como revaloração de provasomenteoscasosemqueaquestãopostanorecursogiraremtornodeviolação

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a previsão expressa da lei sobre a prova abstratamente considerada, comoocorrecomoartigo6º9,incisoVIII,doCódigodeDefesadoConsumidor,ondeconstaexpressamenteainversãodoônusprobatórionashipóteseselencadas.

Deoutrolado,tem-sealinhamaisliberal,queadmitearevaloraçãodeprova como questão de direito “independentemente de previsão legal ouconstitucionalexpressasobreovalordaprova”.ÉaposiçãoquepareceseguirMarinoni (2005, p. 18), que aponta várias possíveis alegações em recursoespecialouextraordinárioatinentesà“[...]valoraçãodoscritérios jurídicosrespeitantesàutilizaçãodaprovaeàformaçãodaconvicção”,algunssemaprevisãolegalespecífica.Equivaleadizerquenãoserestringearevaloraçãoaquiaoscasosemquealeifederaldispõesobreovalordaprova.

Oautorapontaqueseinseremaquiasquestõesacercadaaferiçãodelicitudedaprova,daqualidadedaprovanecessáriaparaavalidadedoatojurídicoouparaousode certoprocedimento, doobjetoda convicção, daconvicçãosuficientediantedaleiprocessualedodireitomaterial,doônusdaprova,edaidoneidadedasregrasdeexperiênciaedaspresunções.

ValemsercitadasalgumashipótesestrazidasporMarinoni(2005),queesmiúça casos que facilmente poderiam ser confundidos com o reexamevedadopelassúmulas,atinentesaomomentoanterioràrelaçãofato-prova.

Nessejaez,citaoautorcomocasoemquenãoháreexamedeprovaaalegaçãodeviolaçãoàleidomandadodesegurançaconsistentenaafirmaçãodequeumadecisãojudicialadmitiuprovadiversadadocumentalemaçãomandamental,poisoquesepretendeéaaferiçãodovaloremabstratodaprova, distante dos fatos, e não o reexame da prova para “verificação daprocedênciadaconvicçãofática”.Aliás,Roenick(1998,p.341),emsuaobra

9 Art.6º-Sãodireitosbásicosdoconsumidor:(...)VIII-afacilitaçãodadefesadeseusdireitos,inclusivecomainversãodoônusdaprova,aseufavor,noprocessocivil,quando,acritériodojuiz,forverossímilaalegaçãoouquandoforelehipossuficiente,segundoasregrasordináriasdeexperiências.

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sobreoreexamedaprovaproduzidacoma inicialdomandamus,emsedederecursoespecial,criticaoentendimento jurisprudencialgeneralizadodequeaalegaçãodeviolaçãoaoartigo1º,daLeinº1.533,de31dedezembrode 195110, ensejaria sempre a aplicação da Súmula STJ nº 7, anotando oautorquenãosecuidadereexameprobatórioverificar“seodireitoalegado,fundadoemdeterminadaprova,eralíquidoecerto”.

OutrahipótesequeMarinoniapontacomocasoderevaloraçãodeprovaé a alegação, em recurso especial, de análise indevida dos pressupostosadequados para a formação da convicção de verossimilhança, conforme aespéciedetutelaantecipatóriaescolhida.Emoutrostermos,seforrequeridatutelaantecipatóriaderemoção do ilícito,porexemplo,eadecisãorecorridadeixardeconcedê-lasoboargumentodequenãoháprobabilidade de dano –oqueatineaoutraespéciedeantecipaçãodetutela(tutelaantecipatóriainibitória, e não de remoção do ilícito) – é viável a discussão, já que seanalisará o critério jurídico de formação da convicção de verossimilhança.Istonãoseconfundecomadiscussãosobreserinadequadaaformaçãodaconvicçãofáticasobreaverossimilhança,queensejariaoreexame.Assim,oscritérios jurídicosdeformaçãodaconvicçãodeverossimilhançapodemserreexaminadosnos recursos excepcionais,masnão a convicçãoem si, sóoquelheantecede.Defato,estaanáliseéquestãoanterioràrelaçãoentreofato(existênciadeilícito)easuaprova,sendoprescindíveldiscutirsehouveounãoacomprovaçãodo ilícitoparasechegaràconclusãodequehouveviolaçãoàleifederal(MARINONI,2005).

10Art. 1º - Conceder-se-ámandadode segurançaparaprotegerdireito líquido e certo, não amparadoporhabeas-corpus,sempreque,ilegalmenteoucomabusodopoder,alguémsofrerviolaçãoouhouverjustoreceiodesofre-laporpartedeautoridade,sejadequecategoriaforesejamquaisforemasfunçõesqueexerça.(revogadopelaLei12.016/2009,correspondeatualmenteaoart.1ºdestanorma,quetemoseguinteteor:“Art.1ºConceder-se-ámandadodesegurançaparaprotegerdireitolíquidoecerto,nãoamparadoporhabeascorpusouhabeasdata,sempreque,ilegalmenteoucomabusodepoder,qualquerpessoafísicaoujurídicasofrerviolaçãoouhouverjustoreceiodesofrê-laporpartedeautoridade,sejadequecategoriaforesejamquaisforemasfunçõesqueexerça.”

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Aindanasearadaantecipaçãodetutela,oautorapontacomoquestãodedireitoaalegaçãoemrecursoespecialdequeadecisãojudicialfoimaisexigente que o artigo 273, do Código de Processo Civil11, ao demandarconvicçãoalémdaverossimilhança,jáqueodispositivonãoexigeaverdade,queestáligadaàprocedência.Nãohánecessidadedesereexaminaremprovasparaseaferiraviolaçãoaodireito federal,apenasaconstataçãodequeoacórdãomal interpretouanorma,exigindoverdadequandoa leidemandaapenasverossimilhança.Novamente,está-sediantedequestãoqueantecedearelaçãofato-prova,oquenãoseconfundecomatentativadefazerconcluir“queasprovasproduzidasfizeramsurgirconvicçãodeverossimilhança”,que,aorevés,ensejaoreexamevedado(MARINONI,2005,p.22)12.

Igualmente,podeser revistapelaviadocitado recursoadecisãoqueentendeusomentepoderum fato serdemonstradoporprovadocumental(art.366eart.401,doCódigodeProcessoCivil)oupericial,vezquenãohánecessidadedereexamedeprovaoureelaboraçãodaconvicçãonestaanálise.Assimtambém,quantoaovalordaprovapericial,poderiaserdiscutidanorecursoespecialaviolaçãoaoartigo336,doCódigo,que,segundoMarinoni(2005), ao afirmar que o juiz não está adstrito a esta espécie de prova,prescrevede forma implícitaqueadecisãosomentepodenãosevalerdoresultadodaperíciaexcepcionalmente.

Damesma forma– o quepode soar óbvio, segundoMarinoni (2005)–,odebatesobreadmissãodeprovailícita(violaçãoaoart.5º, inc.LVI,da

11Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutelapretendidanopedido inicial, desdeque, existindoprova inequívoca, se convençada verossimilhançadaalegaçãoe:(RedaçãodadapelaLeinº8.952,de13.12.1994)

I-hajafundadoreceiodedanoirreparáveloudedifícilreparação;ou(IncluídopelaLeinº8.952,de13.12.1994) II-fiquecaracterizadooabusodedireitodedefesaouomanifestopropósitoprotelatóriodoréu.(IncluídopelaLeinº8.952,de13.12.1994)

12Não se confundem as situações acima retratadas com a alegação em recurso especial de que os fatoscontidos no acórdão recorrido consubstanciam – ou não, conforme requerente ou requerido seja orecorrente–verossimilhançaepericulum in mora.Esta tambéméquestãodedireitoque,portanto,nãoensejao reexame;contudo,enquantoaquelas sãoquestõesanterioresà relação fato-prova,estaatineàqualificaçãojurídicadosfatos,sendo-lheposterior.

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ConstituiçãoFederalde1988)nãoémerecedordoóbicedaSúmulaSTFnº279;mas,ressalvaOliveira(2002),aludindoaumaalegaçãodeafronta,emrecursoespecial,aoartigo33213,doCódigodeProcessoCivil:desdequeparatantonãosetenhaqueanalisaromaterialprobatórioproduzido.

Tambémédiscutívelnoâmbitoextraordináriolato sensu,paraMarinoni(2005),adecisãojudicialqueexigeprovasobrefatosquedelanãodependem,conforme artigo 334, do Código de Processo Civil14 – fatos notórios,afirmadosporumaparteeconfessadospelapartecontrária,admitidoscomoincontroversos,oucompresunçãolegal–,jáquenestecasoojuiznãoprecisaformarconvicçãosobreeles“enquantofatosindividuais”.Nesteponto,sesepretendediscutiraconclusãodeumadecisãoacercadaexistênciadeumapresunçãoabsoluta(art.334,inc.IV,CódigodeProcessoCivil)apartirdeumfatoincontroverso,nãoseestádiantedoóbicedoreexamefático-probatório(MARINONI,2005,p.28-9)15.

Nesteponto,valetranscreverexcertodenotíciapublicadanositedoSTJ16,emqueoMinistrodaquelacorte,FélixFischer,tratatantodarevaloraçãodeprovacomodaalteraçãodaqualificaçãojurídicadosfatoscomoespéciesdequestõespassíveisdeseremexaminadaspelascortessuperioresnosrecursosexcepcionais:

13Prescreveodispositivoquemeiosdeprovalegaisemoralmentelegítimos,aindaquenãoespecificadosnoCódigodeProcessoCivil,sãohábeisaprovar.

14Art.334.Nãodependemdeprovaosfatos: I–notórios; II–afirmadosporumaparteeconfessadospelapartecontrária; III–admitidos,noprocesso,comoincontroversos; IV–emcujofavormilitapresunçãolegaldeexistênciaoudeveracidade.15Porém,alertaMarinoni(2005)que,quandohouvernecessidadedeprovasobreanotoriedade,enãosobreofatoemsi,adiscussãosobreadefiniçãodanotoriedadeensejariarenovaçãodaconvicçãosobreesta,nãopermitindoqueaquestãosejadiscutidanoSTJ.

16BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula 7: como o STJ distingue reexame e revaloração da prova.Brasília, DF, 2012. Não paginado. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=104787>.Acessoem:3jan.2013.

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Maisumavezsenotaadistinçãoentrerevaloraçãodeprovaequalificaçãojurídicadosfatos,quesedenominoucomo“errodedireito”,emborasepossaassimchamartambémoerroatinenteàrevaloraçãodeprova.

Constata-sesermuitotênuealinhaqueseparaarevaloraçãodeprovasdovedadoreexame,entendidoestefenômenocomointimamente ligadoàincursãonasprovasdosautosparaalteraraconvicçãosobreosfatos.

Emsuma,deve-seconcluirquearevaloraçãodeprovasestarápresentequandoofocodadiscussãonorecursoforaprovaabstratamenteconsiderada,casoemquenão se falaráem reexame fático-probatório, pois, embora seleveemconsideraçãoaprovadosautos,nãoseanalisaarelaçãofato-prova,istoé,nãoseestáembuscadosfatospormeiodasprovas.

Naocasião,oministroFischerteceualgumasconsideraçõesacercada diferença entre reexame e revaloração de prova. Ele explicouque a revaloração de elementos aceitos pelo acórdão do tribunaldeorigeméquestãojurídicaequenãosepodenegaràsinstânciassuperioresafaculdadedeexaminarseodireitoàprovafoimalferidoouseosjuízesnegaramodireitoqueaspartestêmdeproduzi-la.Istoé,“nãoésóemconsequênciadoerrodedireitoquepodehavermávaloraçãodaprova. Elapodedecorrer tambémdoarbítriodomagistradoaonegar-seaadmiti-la”.(BRASIL,2012).

Avançando na linha do tempo e passando-se pelas questões queantecedemarelaçãofato-prova(atinentesàrevaloraçãodeprova,dequeseacaboudetratar)epelasquesesituamnaprópriarelaçãofato-prova(queexigemoreexamefático-probatório),tem-seaterceiraetapa,dasquestõesposteriores à relação fato-prova, que, assim como as anteriores à relaçãofato-prova,nãoimportamemreexamefático-probatório(MARINONI,2005).

2.2.2. Questõesposterioresàrelaçãofato-prova:pretensãodealteraçãodaqualificaçãojurídicadosfatosedaconsequênciajurídica

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Cuida-se aqui das discussões a respeito da qualificação jurídica dosfatos, istoé,onomen jurisdadoàsituação fáticaencontradanoprocesso,bemcomodafaseimediatamenteposterior,quealudeàsdiscussõessobrea consequência jurídica aplicável ao instituto descoberto pela qualificaçãojurídica(WAMBIER,2009).

Comefeito,Wambier(1998)refere-seaestaúltimaespéciedequestão,quenestetrabalhoseintegrouaessalinhacronológicaderaciocínio:seriaaquaestiosituadaapósaqualificaçãojurídicadosfatos,atinenteàconsequênciajurídica prevista no ordenamento como relacionada com instituto jurídicodiversodaqueleobtidocomaqualificaçãojurídicacorretadofato.Comobemcolocaaautora(1998,p.56):“talvezmaisflagrante,masnãomaisgrave,sejaestaespéciedeafrontaàlei”.

É a isso que Saraiva (2002, p. 327) alude quando afirma: “[...] se oaresto recorrido optar pela aplicabilidade de uma norma federal que nãocorresponda ao exato enquadramento formulado pelo julgador, estar-se-ádiante de violação que não configura, em si, reapreciação dos fatos.” Oenquadramentoreferidoéaqualificaçãojurídica,quenãoéquestionadanocaso,estando-seafocaremfaseposterior,qualseja,deaplicaçãodenormadiversadautilizadapelojulgadoanteriorparaamesmaqualificaçãojurídica.

Pode-se,assim,subdividirasquestõesposterioresàrelaçãofato-provaemdoistipos:umasubsequenteàoutranaordemderaciocíniodojulgador.

Pois bem. Primeiramente, trataremos da pretensão de alteração daqualificaçãojurídicadosfatosfeitapelojulgador.Seestaestiveracompanhadadedúvidasobrecomoosfatosocorreram,ensejareexamefático-probatório.

Portanto,parasedescobrirseseestádiantedequestãoreexaminávelpelaviadosrecursosexcepcionais,nestescasosnãotãoóbvios,quandoestáemfocoasubsunção,propõequenãoserádedireito,parafinsdecabimentodosrecursosemexame,aquestãoemqueailegalidade(lato sensu)nãoseja

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vislumbrávelpeloselementosdescritosnoacórdão.Assim,seráquestãodefato,segundoestemétodo,apretensãodereavaliaçãode“[...]comoosfatosteriam ocorrido, em função da análise domaterial probatório produzido.”(WAMBIER,1998,p.56).

ÉocasodoexemplocitadoporAthosGusmãoCarneiro(1990,p.12),emquea controvérsia consistianoquestionamento sobre sedeterminadamanifestação de vontade por instrumento público deveria ser qualificadacomoreversãodedoação,doaçãocondicionaloudoaçãocausa mortis:“[...]aqualificaçãojurídicadoatodevontadedeterminaráqualaleiincidentee,pois,suaeficácia.”.Oquestionamentonãoestavasobreaformaçãodaconvicçãosobreaocorrênciadofato,masapenassobresuaqualificaçãojurídica.

Demarcou-se,portanto,um importantepontoparadefiniroquevemaserquestãodedireitoparafinsdecabimentodosrecursosexcepcionais,nestes casosmenos evidentes, quando se ataca no recurso a qualificaçãojurídica dos fatos. O marco a ser observado é a presença, no acórdão recorrido,dadescriçãodoselementosfáticosnecessáriosàcompreensãodatesefederalouconstitucional.

Assim, em sede de recurso especial e extraordinário, as cortessuperiores somentepoderiamcorrigir aqualificação jurídicaefetuadapelainstânciainferiorquandoadúvidarecairsomentesobreasubsunçãoemsi,isoladamente,porestaremos fatosdelineadosnoacórdão.Aquestãoqueenvolveaalteraçãodaqualificaçãojurídicadosfatosnãoconfiguraráreexamefático-probatóriosenãohouverqueseperquirirsobreosfatos.

AdiferençaentreavisãodeMarinoni(2005)eWambiersobreaquestãoatinenteàqualificaçãojurídicaéapenasomododevisualização,chegandoosautoresàmesmaconclusão.Comefeito,enquantooautorclassificadeantemão tais questões como de direito por já partir da premissa de queos fatos estão descritos no acórdão, Wambier (1998) alude a ambas aspossibilidadesconjuntamente–seháounãodúvidasobreos fatos–para

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só então separá-las.Ou seja,Marinoni pressupõeque, quando se fala emquestão sobre qualificação jurídica dos fatos, trata-se dela isoladamente,comoaúnicaquestãodorecurso,independentedequestionamentosobrearelaçãofato-prova.

Se a qualificação jurídica não for o único objeto da dúvida, ou doquestionamento recursal, abrangendo este também a relação fato-prova,ter-se-áqueexaminaraprovadosautosparapossibilitarconclusãodiversasobreaocorrênciadofato.Logo,estar-se-ádiantedequestãocujoreexameévedadonestasespéciesrecursais.

Assim, imagine-se um acórdão da instância local que decide nãoter havido redução remuneratória por servidores públicos, o que restouconstatado e exposto na fundamentação do decisum, pormeio do cotejoentreholeritesdomêsanterioredomêsposterioràalteraçãolegislativadafórmuladecálculodedeterminadaparcelaremuneratória.Pelasistemáticadescrita,anãoocorrênciadofato“decessodaremuneraçãototal”nãopodeserobjetoderevolvimentopelascortessuperiores,poisoacórdãoafirmouqueofatoocorreu.Portanto,aquestãopostanorecursonãopodedependerdaalteraçãodetalconclusãodoacórdão,aindaqueseobjetiveaalteraçãodaqualificação jurídica do fato. Somente sepodepretender ver analisadoo mérito do recurso que almeje dar outra qualificação jurídica ao fatosenãosepretenderalterarofatoemsi, istoé,se jásepartirdapremissafáticaassentadanoacórdão, jáqueostribunaissuperioresnãoseprestamaaveriguara justiçadadecisão,pornão seremmeras terceiras instâncias,comobemcolocaOliveira(2002).

Nãopode,assim,serexaminadooméritodeumrecursoextraordinárioque,sobaroupagemdeburlaaoartigo37,incisoXV,daConstituiçãoFederalde1988(princípiodairredutibilidadesalarialdosservidorespúblicos),depende,aindaquenãodeclaradamente,daalteraçãodaconclusãodoacórdãosobreanãoocorrênciadaredução,oqueexigiria,implícitaouexplicitamente,novaanálisedasprovasconstantesdosautos.Nessesentido:

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NaspalavrasdeWambier(1998,p.56,grifodaautora):

Jáapretensãorecursaldemeraalteraçãodaqualificaçãojurídicadadaaofato,istoé,quepartadoarcabouçofático-probatóriofixadonoacórdão,nãoensejareexame.Seriaahipótesedeseatacaraconclusãodoacórdãode que teria havido redução remuneratória global, e, portanto, ofensa aoart.37,XV,daCF (pretensãodealteraçãodaqualificação jurídica),emumcaso no qual o fato narrado na decisão foi apenas a redução de parcela remuneratória, deixando-se explícito no bojo do acórdão que semanteveintactaaremuneraçãoglobal.Porconseguinte,valendo-sedosfatosdescritosnoacórdão,pretende-sealteraraqualificaçãojurídicadadaàqueles,oque,per se,nãoévedadopelosóbicessumulares.

Assim, o que deve nortear a distinção é a necessidade ou não de seinvestigaremos fatos,oquepressupõeanálisedasprovasdosautos.Comefeito,ascortessuperiores,noquetangeàcompetênciadefinidanosartigos102, III,e105, III,daCF/88,nãotêmafunçãodecorrigirerrosatinentesàconstataçãodosjulgadoressobreosfatos,masapenassobreasnormas,quequalificamosfatos.Nessesentido,in verbis:

[...] mesmo que o órgão prolator da decisão tenha incorrido emerronaapreciaçãodaprova,desdequeanorma jurídicaaplicadasejaaplicadaaoquadrofáticoavaliado,nãoseafiguraadmissívelorecursoespecial.(OLIVEIRA,2002,p.280).

Parece-nos que a questão será predominantemente fática, dopontodevistatécnico,se,paraqueseredecidaamatéria,houver necessidade de se reexaminarem provas, ou seja, de se reavaliar como os fatos teriam ocorrido, em função da análise do material probatório produzido.

[...]NãoofendeoprincípiodaSúmula7emprestar-se,nojulgamentodoespecial,significadodiversoaosfatosestabelecidospeloacórdão

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recorrido. Inviável é ter como ocorridos fatos cuja existência oacórdão negou ou negar fatos que se tiveram como verificados.(STJ, Rel. Ministro Eduardo Ribeiro, Corte Especial, julgado em02/06/1999,DJ16/08/1999,p.36.).

Deve-seteremmente,assim,nãoseestãopresentesfatosnadiscussão,e sim sehádúvida sobre a suaocorrência, pornãoestaremexplicitadosnoacórdão.Autilizaçãodosfatosdescritosnadecisãoparasealterarsuaqualificação, como se viu, é questão de direito; há questão de fato, aorevés,quandohánecessidadedesediscutirseaprovalevaàocorrênciaou nãodosfatos.

Nesse passo, a terminologia da Súmula STF nº 279 e da Súmula STJ nº7,“reexamedeprova”estátecnicamentecorreta,poiséorevolvimentodaprovaqueensejaaquestãode fato, “[...] vistoqueé lícito aoSuperiorTribunaldeJustiçaefetuaratividadecognitiva,emsedederecursoespecial,dasituaçãofáticaretratadanadecisãorecorrida,desdequeconfrontadacomlegislaçãofederal.”(OLIVEIRA,2002,p.281).

Ainda neste contexto, para Oliveira (2002), no caso de decisãoconcessivaoudenegatóriadaantecipaçãodetutela,aalegaçãoemrecursoespecialdequeos fatoscontidosnoacórdãorecorridoconfiguramounãoverossimilhança e periculum in mora refere-se à qualificação jurídica dosfatos;nãoháreexamefático-probatórioporqueotribunalsuperiorpautarásuacogniçãosobreasubsunçãodaleifederal(art.273doCPC)aosfatosjádelineadosnoacórdão.

Para o autor, também se inclui, na categoria de questões sobrequalificação jurídica dos fatos – portanto, passível de exame pela via dosrecursosexcepcionais–aqualificaçãoou interpretação jurídicadecláusulacontratual. Istonão seconfundecomoqueéexpressamentevedadopelaSúmulaSTFnº454,epelaSúmulaSTJnº5:asimplesinterpretaçãodecláusulacontratual.ÉomesmoraciocínioaserseguidonocasodaSúmulaSTFnº279

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edaSúmulaSTJnº7,comosevênoexemplotrazidopeloautor,queinformaserpossívelapretensão,emrecursoespecial,dealteraranaturezajurídicadacláusulacontratualinterpretadapelotribunaldeorigemcomomoratória,paracompensatória.

O julgado abaixo, do STJ, é didático ao diferenciar caso de ofensa àSúmulaSTJnº7dehipóteseemqueépossíveloreexamedamatéria,emquestãoenvolvendoaqualificaçãojurídicadosfatos.Traz,igualmente,comocritérioestaremosfatosdescritosnoacórdãoparaqueseafasteaaplicaçãodasúmula:

Assim,segundoojulgado,quesecoadunacomoscritériosdoutrináriosantes descritos, é possível alterar a qualificação dada aos fatos em sedederecursoespecial;oquenãosepermiteéconcluirdiversamentesobreaocorrênciadosfatos.

MaisumexemplodeafastamentodasúmulaemcasodealteraçãonaqualificaçãojurídicadosfatoséodoAgravoRegimentalnoRecursoEspecialSTJnº1.293.221/RS17,decujaementasetranscreveoseguinteexcerto:

Recursoespecial.Não ofende o princípio da Súmula 7 emprestar-se, no julgamento do especial, significado diverso aos fatos estabelecidos pelo acórdão recorrido. Inviável é ter como ocorridos fatos cuja existência o acórdão negou ou negar fatos que se tiveram como verificados. (AgRg nos EREsp 134108/DF, Rel. Ministro EDUARDORIBEIRO,CORTEESPECIAL,julgadoem02/06/1999,DJ16/08/1999,p.36).(grifonosso).

17RelatorMinistroMarcoBuzzi,QuartaTurma,j.06.09.2012,DJe28.09.2012.

[…] 2. Recurso da entidade de previdência privada. 2.1. Violaçãoao artigo 535 do CPC não configurada. Acórdão da Corte local,complementado no julgamento de embargos declaratórios, que

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enfrentou, demodo fundamentado, todos os aspectos essenciaisà resolução da lide. 2.2. Pretensão de incorporação do abonosalarial único nos proventos da aposentadoria complementar. 2.2.1. A análise da controvérsia prescinde de interpretação de cláusula contratual e reexame de prova, motivo pelo qual não incidem, na espécie, as Súmulas 5 e 7 do STJ. Fatos incontroversos delimitados no acórdão recorrido. Não há divergência sobre o teor das normas coletivas (que concedem abono único aos bancáriosativosemdeterminadosperíodos),mas apenas acerca da definição da natureza jurídica da citada verba parafinsde incorporaçãoounãonobenefícioprevidenciáriocomplementar.(grifou-se).

Nãosepodedeixardepontuarque,apesardeseconstataremcritériosaptos a resolver o dilema do reexame fático-probatório, não são raras asdecisõesmonocráticasquenegamseguimentoaosrecursoscominvocaçãodaSúmulaSTFnº279edaSúmulaSTJnº7,mesmoemcasosquecertamentenãoseriamconsideradosquestõesdereexamefático-probatório,seseguidososcritériosacimaaludidos.

Encontram-sedecisõesquesevalemdajustificativadequeacortea quo julgoucombaseemprovas,comoseistopudessesercritériocapazdediferenciarquestõesdefatoededireitoparaosfinsdassúmulas.Destaca-sequeseconstatoumenosautilizaçãodecritériosequivocadosnadecisãoemaisfundamentaçõesdeficientes,noqueconcerneàaplicaçãodaSúmulaSTFnº279edaSúmulaSTJnº7,oquefereaexigênciadoartigo9318,incisoIX,daConstituiçãoFederalde1988eoartigo45819,incisoII,doCódigodeProcessoCivil.

18Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto daMagistratura, observados os seguintes princípios: [...] IX- todos os julgamentos dos órgãos do PoderJudiciárioserãopúblicos,efundamentadastodasasdecisões,sobpenadenulidade,podendoaleilimitarapresença,emdeterminadosatos,àsprópriasparteseaseusadvogados,ousomenteaestes,emcasosnosquaisapreservaçãododireitoàintimidadedointeressadonosigilonãoprejudiqueointeressepúblicoàinformação;(RedaçãodadapelaEmendaConstitucionalnº45,de2004).

19Art.458.Sãorequisitosessenciaisdasentença:[...]II-osfundamentos,emqueojuizanalisaráasquestõesdefatoededireito;[...].

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20RecursoEspecialnº268.249-DF.QuintaTurmadoSuperiorTribunaldeJustiça.MinistroRelator:FelixFisher,j.25.06.2002.DJ19.08.2002.

Relata a doutrina também, com menos frequência, julgados que,inversamente,entenderamserquestãodedireito,enãoreexame,casosondeaparentementesefeznecessáriorevolveroconjuntodeprovasdosautos,semqueos fatos estivessemalinhavados no acórdão recorrido.Ommati (2007, p.96/7)trazcomoexemplooRecursoEspecialnº268.249/DF20,emquesesopesouumfato(preteriçãonaordemdechamadadeconcursopúblico)nãoconsideradopelas instâncias inferiores,oqueserevelapelaformacomoiniciouoministroFélixFischeremseuvoto:“daanálisedosdocumentosacostadosàinicial”.

Pôde-se verificar que nem sempre é tarefa fácil descortinar quaishipóteses envolvem reexame fático-probatório a impedir o conhecimentodosrecursosexcepcionais.

UmapesquisasimplesdejurisprudêncianositedoSTJoudoSTFrevelaum elevado número de decisões monocráticas que negam seguimentopor aplicar as citadas súmulas.Muitas delas carecemde umamotivaçãoespecífica e aprofundada que justifique o não conhecimento sob estefundamento. Felizmente, como visto, também há muitos julgados quedefinemverdadeirosnortesaosoperadoresdodireito,coadunando-secomoscritériosdoutrináriosaquivistos.

Quem opera junto às cortes superiores vê uma atuação muitas vezessuperficial quanto à aplicação dos referidos óbices sumulares. Talvez esseagirdecorradosempreinvocadovolumeexcessivodeprocessoscomquetaistribunaisdeparam,frequentementeacompanhadododiscursodeserestringircada vezmais o acesso do jurisdicionadomediante a via recursal. Assim, ocenáriodeincertezasquantoaocabimentoounãodosrecursosextraordinários,

3.Consideraçõesfinais

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à luzdo reexamede fatoseprovas,pareceadvirnãoapenasdadificuldadedediscernimentoentrequestõesdefatoededireito–que,comoseviu,nãose restringe ao plano ontológico, permeando igualmente a seara técnico-processual –, originando-se também do aumento do que se denomina dejurisprudênciadefensiva,quenemsempresepreocupacomafundamentaçãodasdecisõesdenegatóriasderecursonemcomaconsistênciadosjulgados.

Apesar disso, também se observou ser perfeitamente possível traçarcritériosparanortearadistinçãoentrequestãodefatoededireitonoqueconcerneaoreexamefático-probatório.Adoutrinaeajurisprudênciaviramanecessidadedeapontarumcritériotécnico-processual,assimdesignadoporsevoltarespecificamenteàimpugnaçãodasdecisõespelaviaextraordinária,jáqueocritérioontológiconãotemserventianessaseara.

Viu-sequeoenvolvimentodosfatossempreocorrerá,jáqueofenômenododireitosedáquandodaincidênciadanormanomundodosfatos.Contudo,oquedevenortearaaplicaçãodaSúmulaSTFnº279edaSúmulaSTJnº7éaverificaçãodoquenecessitaserreexaminado,revolvido,paraquesealtereaconclusãojurídicadainstânciaanterior,emfunçãodanaturezaexcepcionaldosrecursosextraordinárioeespecial,conformedefinidanaConstituiçãoFederal.

Paratanto,Marinonivale-sedaordemcronológica,porassimdizer,dasetapas de raciocínio do julgador, para distinguir as questões, consoante oobjetodediscussãoqueorecursoreclama,oque,combinadoaosparâmetrosdeWambier,resultamemquatrotipos:(i)aquestãoanterioràrelaçãofato-prova (revaloração de prova), que leva em conta a prova abstratamenteconsiderada(v.g.,discussãosobreoônusprobatório);(ii)aquestãoatinenteaalteraraconvicçãodojulgador,queenvolvearelaçãofato-provaemsie,portanto,implicanovedadoreexame;(iii)aquestãoimediatamenteposteriorà relação fato-prova, relacionada com a discussão sobre a qualificaçãojurídica dos fatos (casoquedemanda a averiguaçãode constaremounãoosfatosrelevantesnoacórdão)e;(iv)aquestãotambémposterioràrelação

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fato-prova,quandojáultrapassadaadiscussãosobreaqualificaçãojurídicadosfatos,alusivaàaplicaçãodaconsequênciajurídicaadequadaaoinstitutojurídicoencontradoporintermédiodaquela.

ConsoanteonortetrazidoporMarinoni(2005),queaquisedenominoudeetapasderaciocínio,percebeu-sequetodasasvezesque,paraseconstataraofensa ànormano recurso,tiverque ser revolvida a relação fato-prova,que atine diretamente à convicção sobre os fatos, haverá reexame fático-probatório,vedadopelascitadassúmulas.Assim,dar-se-áoreexamefático-probatório quando se pretender em tais recursos viabilizar um “juízo queresultedaanálisedosfatosapartirdasprovas”(MARINONI,2005).

A contrario sensu, afastam a aplicação da Súmula STF nº 279 e daSúmulaSTJnº7asquestõesanterioreseasposterioresàrelaçãofato-prova.Ambasensejamailegalidade,oerrodedireito,enãoatinemdiretamenteàformaçãodaconvicçãomedianteaprovadosautos,masestãosituadasemmomentosdiversos.

Noqueconcerneàúltimaespéciedequestões, i.e.,quandoestiveremjogoapretensãodealteraraconsequênciajurídica,nãohaverádúvidasdequesecuidadequestãodedireito,poissepresumeterpassadodaetapadesubsunçãodanormaaofato.

Paraopenúltimotipo,contudo,referenteàpretensãodealteraçãodaqualificação jurídica, deve se averiguar se há ou não a necessidade de seexaminaremasprovasdosautosparaseconcluirpelaocorrênciaounãodofato,setalfatoforrelevanteàquaestiojurídica.

Afastam-sedoreexame,portanto,tantoasquestõessobrerevaloraçãode prova, como aquelas sobre qualificação jurídica dos fatos que partamda premissa fática estabelecida pelo acórdão, além das questões queultrapassaram essa etapa de qualificação jurídica, recaindo na fase deaplicaçãodaconsequênciajurídicaaoinstitutodescobertopelaqualificação.

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Pode-seconcluir,então:aindaqueaalegaçãodaparterecorrenteversesobrefatos,seestesforemincontroversoseestiveremdescritosnoacórdão,cuidar-se-ádequestãodedireitoapretensãodealteraçãodasuaqualificaçãojurídica,queafastaaaplicaçãodascitadassúmulas.

Assim,arelevânciadosfatosparaacompreensãodaquestãojurídicae,igualmente,a importânciadosfatosparaoacórdãorecorridonãoensejamnecessariamenteoreexamefático-probatóriovedadopelassúmulas.

Por fim, podem ser condensados em breves linhas os seguintesparâmetros:nãoseráverificadoovedadoreexamequandosediscuteapenasodireitoprobatório(revaloraçãodeprova),bemcomonashipótesesemqueaquestão jurídicanão esteja atreladaàdúvida sobre se ou como os fatosrelevantessederam.

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