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> PORQUE A IGREJA NÃO FAZ MISSÕES

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Autor: Pr. José Pontes FilhoAdquira a versão digital completa para download em WWW.JOSEPONTES.COM

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POR QUÊ?

A MAIORIA DAS IGREJAS

NÃO FAZ MISSÕES

José Pontes Filho

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POR QUE A MAIORIA DAS IGREJAS NÃO FAZ MISSÕES?

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José Pontes Filho

Autor: José Pontes Filho 1ª Edição - Agosto 2008

Digitação: Karen Raquel Alves Pontes Revisão: Ana Carolina Cristiane Marinho da Costa

Diagramação: Alisson Gomes de Medeiros Capa: Antonio Luis Filho Impressão:

Pedidos

Jp.com – João Pessoa Comunidade Missionária (órgão oficial da Missão Juvep)

Caixa Postal 444, João Pessoa – PB CEP 58001-970 – (83) 3222.3482/ 3222.5567

[email protected] A/C: Alisson Gomes de Medeiros

Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos,

eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, estocagem em banco de dados, etc.), a não ser em citações breves com

indicação de fonte.

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INDICE

Prefácio

Introdução: Por que escrevi este livro?

Capítulo 1: Missões é uma ordem bíblica

1.1 - Missões no Velho Testamento

1.2 - Missões no Novo Testamento

Capítulo 2: Por que a maioria das igrejas não faz missões?

2.1 - A maioria dos pastores não tem visão e consciência

missionária. 2.2 - Confunde-se missões com missão.

2.3 - Nossos cultos deixaram de ser para Deus.

2.4 - Teologia secularizada.

2.5 - Falta de temor a Deus.

2.6 - Igreja institucionalizada.

2.7 - O Diabo, o grande inimigo de missões.

Capítulo 3: Por que devemos fazer missões?

3.1 – Porque é uma ordem bíblica.

3.2 – Porque é a única forma de tirar alguém do inferno.

3.3 – Porque somos devedores.

3.4 – Porque somos cooperadores com Deus.

Capítulo 4: Concepções equivocadas de missões?

4.1 – Sustento do missionário

4.2 – Oferta de fé é correta?

4.3 – Fazer cantinas e bazares é missões?

4.4 – O apelo exagerado dos missionários

4.5 – Férias do missionário

Capítulo 5: Orientações para a prática missionária?

5.1 - Quem quer fazer missões tem que ser responsável.

5.2 - Quem quer fazer missões tem que ser vocacionado.

5.3 - Quem quer fazer missões tem que ser obreiro

aprovado. 5.4 - Segurando as cordas.

5.5 - Responsabilidades do missionário.

5.6 - Quanto ao campo missionário.

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Prefácio

Os desejos do Pr. Pontes nesta última obra literária são

claramente responder à pergunta do título “Por que a maioria das

igrejas não faz missões”. Diversas razões podem ser apontadas, mas a

principal é a formação teológica que oriente dar prioridade a “missões”.

Esta lacuna no treinamento dos pastores tem sua raiz na cultura

capitalista em que a igreja brasileira está inserida. Pastores, em geral,

não amam missões. Seu amor não existe sacrifício e missões requerem

sacrifício.

Este livro não mede as críticas às igrejas que transformaram o

culto a Deus em entretenimento. Evidentemente, não é possível esperar

que, num culto voltado para o homem, haja qualquer toque divino no coração que o motive a abandonar sua terra, família, cultura e língua

para se enterrar numa terra distante para semear a boa semente!

Pr. Pontes ventila a opinião que o liberalismo teológico é uma

tática eficaz de anular a teologia bíblica. O efeito se vê na falta de visão

missionária. Outros valores infiltrando em nossas igrejas têm o mesmo

efeito: levar os membros a desobedecer à ordem clara e específica de ir,

fazer discípulos, batizar os convertidos e ensiná-los a obedecer

integralmente os ensinamentos do Senhor Jesus Cristo.

Aqui o leitor encontrará forte apoio à importância da oração

poderosa para derrotar o inimigo. Igualmente, lerá sobre a necessidade de sustentar o missionário de maneira justa e digna.

Dr. Russell P. Shedd

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Introdução: Por que escrevi este livro?

Estava muito cansado, vinha de uma maratona de pregação de

quase três meses. Cheguei a mais um hotel e logo pensei: “Já são quase

23:00h. Vou dormir até às 08:00h, pois preciso descansar”. Deitei e

passei algum tempo pensando em como nós, pregadores, temos que

crer no que pregamos além daquilo que vemos como resultado. No dia

seguinte, às 09:00h estaria pregando para vários líderes de uma

denominação. Peguei no sono perguntando a Deus se a mensagem que

havia preparado durante a semana era a que Ele queria para aquela

manhã.

Sem entender, acordei naquela noite às 04:00h da madrugada

com uma forte voz, falando comigo e perguntando: “- POR QUÊ? POR

QUÊ? POR QUÊ?”. Acordei, virei para o outro lado e tentei novamente

dormir. A voz me “perturbava”, me inquietava, os porquês soavam mais

fortes, então abri os olhos e perguntei: “- Por quê, o quê?”. Foi daí que

consegui acordar de verdade, quando a voz colocou:

Por que as igrejas não priorizam missões?

Por que os líderes não priorizam missões?

Por que gastam tantos milhões de reais e dólares naquilo

que é secundário para o Reino de Deus?

Por que líderes dão tanto valor para aquilo que Deus não dá a mínima importância, como mega-construções, títulos,

etc.?

Por que missões fica cada dia mais difícil de se realizar, se é

uma ordem divina para a Igreja?

Por que 98% de todo dinheiro da Igreja é gasto com ela

mesma para luxo e conforto?

Por que tantos missionários são abandonados no campo,

sem pastoreio e sem salário digno?

Por que ainda temos no Brasil mais de 90 tribos indígenas,

mais de 10 mil povoados no Sertão Nordestino, 30 mil

povoados no Amazonas, países da janela 10/40 e outros

cantos do mundo, sem nenhum testemunho do evangelho?

Por que o evangélico do Brasil gasta mais com Coca-Cola que com missões?

Por que se gasta no Brasil cerca de 3 bilhões de reais com

adesivos, CDs, camisas e programas de rádios e TV por ano,

enquanto a obra missionária é realizada a míseros reais

arrecadados em frágeis apelos emocionais e cantinas após o

culto?

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Esses porquês ecoaram em minha mente naquela madrugada. Caí

de joelhos no chão, orei e pedi a Deus as devidas respostas para tantas

perguntas.

A seguir, mostro o porquê da Igreja e líderes não se envolverem

de verdade com a obra missionária.

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MISSÕES É UMA ORDEM BÍBLICA

Antes de responder os porquês colocados na introdução,

sinto a necessidade de expor o que é missões diante da doutrina bíblica. A Bíblia é um livro missionário.

1.1 - MISSÕES NO VELHO TESTAMENTO

É muito importante apresentarmos que missões já era uma

ordem de Deus antes da queda do homem no pecado. Em Gênesis

1:28 o Senhor ordenou que Sua imagem fosse espalhada por toda

a terra, isto é, os seres humanos sem pecado deveriam ser

espalhados pela face da terra, levando a Glória de Deus e a

comunhão com Ele por todos os lugares, através da Sua imagem e

semelhança.

Quando da queda, o pecado dos seres humanos, as trevas

tomaram conta de todo o universo (veja Romanos 8:21-22). A Bíblia declara que até a natureza geme aguardando a sua

redenção. Já em Gênesis 3:9, o próprio Deus vem à procura do

homem. Temos assim a primeira ação missionária da parte do

próprio Deus, na busca da restauração do homem caído.

“Onde existir um ser humano perdido, ali a Igreja tem que

se fazer presente”.

Quando fazemos missões, espalhamos a glória de Deus por

todos os lugares, homens e mulheres são reconciliados com Deus,

Seu nome é Glorificado e o reino das trevas tem seus adeptos

diminuídos.

O primeiro plano de Deus descrito na Bíblia era que os

homens se espalhassem pela terra levando Sua imagem,

semelhança e Sua glória.

Em Gênesis 11:4 os homens se rebelam contra esse

propósito divino e decidem fincar o pé em um lugar só e não se

espalhar. Desejam ter seus nomes conhecidos em um crescimento

localizado. O grande propósito da Torre de Babel era fazer notória

a grandiosa obra dos homens, seus nomes e não se espalharem.

Semelhantemente, hoje, igrejas e muitos pastores seguem

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os passos da “Síndrome da Torre de Babel”, ou seja, querem

exaltar seus nomes e denominações, através das construções de

suntuosos templos e ajuntamento de um verdadeiro império sem

jamais estarem preocupados com a obra de missões mundiais.

“Quando uma igreja local faz Missões somente na sua

própria cidade, está em rebeldia contra Deus e a obra de

Missões”.

Em Gênesis 12:1-3 está o início do evangelho para todas as

famílias da terra. Em Abraão, seriam benditas (abençoadas)

pessoas de todos os povos da face da terra. No referido texto,

nasce a raiz do povo de Israel, de onde sairia o Messias para buscar o homem perdido. Novamente, Deus tem uma atitude

missionária e traça um plano para o resgate definitivo dos seres

que Ele criou e ama - a vinda de Cristo.

Em todo o Velho Testamento, Deus tratou com o povo de

Israel, com o objetivo de alcançar as Nações da terra. Na

inauguração do chamado “templo de Salomão”, Deus disse que

ouviria pessoas de todas as nações. Falando o Senhor através do

profeta Jeremias e de outros, sempre mencionava povos, reis e

nações (veja Jeremias 18:7-10 e Zacarias 9: 9-10).

No livro de Salmos, do capítulo 1° ao 150°, as referências

missionárias são impressionantes, citamos como exemplo o Salmo

67, onde diz que as bênçãos de Deus sobre nós têm como objetivo a obra missionária. Leia atentamente:

Vs. 2: “Teu caminho seja conhecido na terra, e a Tua salvação

entre todas as nações”.

Vs. 3: “Os povos te louvem...”

No Salmo 96:1-3, a ordem é proclamar a glória e a Salvação

de Deus por toda a terra:

Vs. “Cantai ao Senhor uma nova canção, cantai ao Senhor toda a

terra”.

Vs. “Proclamai Sua glória entre as nações e Seus poderosos feitos entre as nações”.

O Pastor Clói Marques Pereira escreve o seguinte texto sobre

a obra missionária no velho testamento:

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“Os profetas foram missionários de Deus. Quase todos eram

itinerantes levando a mensagem de Deus. Alguns saíam do reino

do Sul, indo profetizar nas terras do Norte (I Reis 13:1), outros

iam para o estrangeiro, como Elizeu (II Reis 8:7), Jonas (Jonas

1:1-2), Ezequiel (Ezequiel 1:1), Daniel (Daniel 1:6). Também há

diversos textos dirigidos às nações pelos profetas de Deus como

vemos em: Isaías 13:1, I Samuel 23:18, dirigindo-se a Babilônia,

Filistia, Moabe, Etiópia, Egito, Arábia e Tiro. O profeta Jeremias

escreveu para o Egito, Edom, Damasco, Quedar, Hazor, Elão e

outras nações”.

Como podemos observar nessa breve exposição, no Velho Testamento, a visão de Deus e de Seus profetas não era

centralizada só em Israel, a visão era missionária, alcançando

além das fronteiras de Israel.

O grande plano de Deus desde Gênesis sempre foi a busca

do homem perdido em todos os cantos da terra.

Israel cometeu o grave erro de pensar que Deus era

propriedade exclusiva deles; Esta nação jamais teve uma visão

missionária como Deus queria. O povo judeu apropriou-se da lei

de Deus (que já tinha como base o amor) e a tornou legalista,

exclusivista e exagerada, gerando mais escravidão do que

libertação. Israel enfurnou-se, trancou a porta da salvação para

eles e para os outros, passou a odiar os samaritanos e todos os gentios.

Jesus declarou que muitos judeus tinham se tornado filhos

do próprio diabo (João 8: 44), não entravam no céu nem

deixavam outros entrarem.

1.2 - MISSÕES NO NOVO TESTAMENTO

Numa leitura rápida do Novo Testamento, observamos

missões do seu início ao fim. Em Mateus 1:1 Jesus é chamado de

filho de Abraão, e bem sabemos que em Abraão está a promessa

missionária de bênção para todas as famílias da terra. No capítulo

9:35 relata que Jesus percorria todas as cidades e povoados (viagem missionária) pregando o reino de Deus.

Em Mateus 2:1-2 os magos vêm do oriente, além das

fronteiras, adorar o rei Jesus (esse é o maior motivo de missões).

No verso 14 Cristo vai morar no Egito (ida a outro país), não em

Jerusalém, como deveria ser o esperado. Desde pequeno,

portanto, já teve uma experiência transcultural.

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O livro de Marcos é escrito aos Romanos e aos pobres. O

império Romano estava abarrotado de pobres e de escravos,

gente sofrida e desprezada. Isso pode se considerar uma ação

missionária urbana.

Lucas é um livro escrito aos gregos mostrando

essencialmente a humanidade de Cristo. Os gregos acreditavam

no “deísmo”, ou seja, criam que o Criador jamais se misturaria

com suas criaturas. Cristo desmonta essa crença ao viver com os

humanos, como ser humano. Ele é enviado (ação missionária) a

conviver com o povo no meio dele, sentir sua dor, limitações,

medos, alegrias, etc. Isso é vida de missionário no campo.

O livro de João é escrito para “os da dispersão”, ou seja, os

espalhados pelo império Romano. Para este autor, Cristo é o próprio Deus que se fez carne e veio habitar entre os homens para

os resgatar das trevas e do pecado. É Deus entre nós, é o

Emanuel, Deus conosco. É nesse livro que está o resumo e a razão

de toda a Bíblia, ou seja. João 3:16: “Porque Deus amou o mundo

(a todos) que deu (ação missionária) seu filho, para que todo

aquele (não só judeu) que nele crer, não pereça, mas tenha a vida

eterna”.

Lições missionárias da parábola do filho pródigo – Lucas

15:11-32

Essa é uma das parábolas conhecidas por crentes e não-crentes. Pregadores geralmente a usam na tentativa de

persuadirem desviados a voltarem ao redil do Pastor Jesus. Na

verdade, esse texto não fala especificamente da pessoa que

seguia o evangelho e se desviou, mas expõe essencialmente a

relação de Deus com gentios e judeus, e do Seu grande amor por

ambos os povos, recebendo-os em sua própria casa.

O filho que volta à casa do Pai é recebido com beijos,

abraços, anel, sandálias nos pés e uma roupa nova, significando

restauração da comunhão quebrada, devolução da autoridade

diante dos escravos e uma roupa nova simbolizando a própria

roupa do Pai.

De volta para casa, o Pai oferece um banquete, uma festa

para toda a comunidade. O filho mais velho chega e diante de toda alegria, fica intrigado, irritado e irado acusando o filho mais novo

de prostituição e de ter desperdiçado os bens do Pai. Quando da

festa, o filho mais velho se recusa a participar da comemoração,

ficando do lado de fora da casa. O pai sai para tentar convencê-lo

a entrar, mas o filho o acusa de nunca lhe ter dado um cabrito

para comê-lo com seus amigos, seu pai responde que tudo que

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era do pai era também seu e que ele deveria se alegrar com a

volta do filho mais novo (os gentios) para casa do Pai.

Entendemos, a partir do texto bíblico, que todo plano de

Deus é para toda a humanidade (e não somente para os judeus).

O pai, na parábola, demonstra um profundo amor pelo filho que

voltou (gentios). Já o filho mais velho (judeus), não deseja a

salvação e a restauração do seu irmão.

Esse foi o grande erro dos judeus no Velho Testamento;

pensaram na exclusividade do reino, excluíam os não-judeus,

nunca compreenderam o amor de Deus por todos, jamais

exerceram seu papel de luz para as nações, jamais tentaram

espalhar a glória de Deus entre os povos da Terra.

A religião judaica se tornou institucionalizada, legalista, radical e sem amor. Seus líderes eram cegos espiritualmente. A lei

se transformou numa arma mortífera e impiedosa. O culto virou

um ritual sem Deus. E por fim, mataram o próprio Messias enviado

por Deus.

Isso acontece com as igrejas que só existem em função de si

mesmas, se tornaram extremamente institucionalizadas,

legalistas, sem amor ao próximo e desobedientes à visão celestial

de ir a todos os povos e pregar o evangelho a toda criatura.

Quando se perde a visão bíblica de Deus, os corações se

endurecem e passam a dar mais valor à tradição e à visão local do

que ao amor e à Palavra de Deus. Israel falhou na sua missão.

1.2.1 - Missões no livro de Atos dos Apóstolos

O livro de Atos dos Apóstolos é essencialmente missionário.

Nele está o “sangue” da mais poderosa, bíblica e forte igreja que

já existiu na terra: a Igreja Primitiva. Nesse livro estão as raízes

da Igreja de Cristo, o primeiro pulsar do coração do povo de Deus.

Todo o discurso expresso neste texto está impregnado de obras de

missões. Nele também está o retrato de duas igrejas bem distintas

que nos dão uma lição seriíssima das conseqüências de

desobedecer a Palavra de Deus no que se refere a missões.

O exemplo da igreja de Jerusalém

Cheia de unção, poder, obras, unidade, temor a Deus,

doutrina, oração e tudo mais que hoje seria o sonho de qualquer

pastor. Porém, era uma Igreja caseira. Fazia estritamente a

missão urbana e resistia duramente a missões transculturais, pois

acreditava que o evangelho era só para Jerusalém. Apesar de

possuírem tanto poder, curas, milagres, de estarem abalando sua

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própria região e até os poderes políticos e espirituais, tornaram-se

insensíveis à voz do próprio Deus. Em Atos 1:8, determina-se que

eles deveriam ser testemunhas desde Jerusalém, Judéia, Samaria

e até os confins da terra. O próprio Cristo havia falado cara a cara

à liderança (11 apóstolos) que as nações deveriam ser alcançadas

e ensinadas sobre o Evangelho (ver Marcos 16:15.

A Igreja envaideceu-se, não saía da sua zona de conforto,

havia um preconceito contra outros povos. Da mesma forma que

os judeus haviam cometido um erro gravíssimo de “trancar” ou

tentar fechar a “porta” do reino de Deus para outros, assim

também a Igreja de Jerusalém, na prática, seguia os mesmos

passos dos legalistas judeus. Particularmente, fico impressionado como uma igreja tão

poderosa, cheia de doutrina, oração e temor a Deus, consegue

cometer um erro tão grave como esse, a negligência à obra

missionária. É um erro com conseqüências trágicas e eternas. No

capitulo 8:1-4 do livro de Atos, Deus permite à Igreja uma terrível

perseguição em que homens e mulheres crentes se espalharam

por várias regiões da Judéia e Samaria e enfim começaram a fazer

missões segundo a ordem divina, mas a liderança não foi.

Pouco tempo depois, o evangelho se espalhou por várias

regiões da Judéia, Samaria e outros lugares.

Misteriosamente, a Igreja de Jerusalém desaparece na

história. Um povo marcado por tanto poder, curas, milagres, unidade e doutrina, sem fazer a obra missionária, não deixa

legado para ser seguido. Apaga-se na história.

Assim também é o fim de pastores e Igrejas que possuem

aparentemente tudo que parece que Deus exige, mas sem a

mínima ação missionária além da sua cidade. Um dia terá de Deus

seu reto julgamento.

Fazer missões além de sua cidade não é questão de querer

ou ter condições financeiras, é questão única de obediência a Deus

e a sua Palavra.

O exemplo da igreja de Antioquia

Em Atos 13:1-7 identificamos outro exemplo de Igreja. É muito interessante observar que o texto não menciona que era

uma Igreja poderosa, cheia de dons, curas, unção, milagres, obras

e etc. Na descrição desse povo, para hoje, entenderíamos que era

uma igreja tradicional, racional, cheia de conhecimento teórico,

pois a ênfase não era no poder e nos dons, mas no ensino. O

destaque na Igreja é que ela possuía mestres. Era forte no ensino,

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na doutrina. Contrária à Igreja de Jerusalém, essa é sempre

sensível à obra de missões; é uma igreja que aprende a ouvir a

voz do Espírito Santo, a adorar e a jejuar, pois o verso 2 diz isso.

A ordem foi dada e a obediência foi imediata, verso 3. Um detalhe

é que os enviados foram os melhores: Barnabé e Paulo.

Atualmente acontece o oposto, quando alguém no campo se

destaca intelectualmente e espiritualmente, logo é trazido para a

Igreja-mãe nas grandes cidades. Parece-me que a idéia de

missões na mente da liderança de hoje é para obreiros limitados e

fracos intelectualmente. Para missões devem ir os melhores.

Outra grande lição que podemos aprender com esse texto é

que o verdadeiro papel do jejum, da oração e da adoração é gerar

um profundo quebrantamento íntimo para obediência a Deus e não para a prosperidade pessoal ou obras miraculosas.

A doutrina dos mestres de Antioquia deu-lhes consciência

racional doutrinária da sua missão como Igreja. A adoração, o

jejum e a oração gerou sensibilidade para obediência e para o

envio de Paulo e Barnabé. Jejum e oração verdadeiros geram ação

missionária.

Jerusalém x Antioquia

A igreja de Jerusalém desaparece na história e a maior

causa disso foi a negligência para com a obra de missões

transculturais e a ausência de um discipulado além de suas

fronteiras. Pelo relato bíblico, entendemos que essa Igreja não abriu congregações, tampouco enviou alguém ao campo

missionário e nem fez novos discípulos para os campos.

Não sabemos também se a Igreja em Antioquia enviou mais

alguém ao campo, além dos dois mencionados anteriormente, mas

se só foram os dois enviados, foram eficazes em plantar Igrejas

por dezenas de regiões, abrir dezenas de congregações, treinar

novos líderes por todos os lugares. Por incrível que pareça,

fazendo um estudo cronológico e geográfico da Igreja aberta por

Paulo (enviados pelos irmãos de Antioquia) concluímos que nós,

no Brasil, somos fruto missionário dessa Igreja, pois o evangelho

chegou ao Ocidente e nos alcançou.

Reflita e responda se tiver coragem: Sua igreja e você estão seguindo os passos da igreja de Jerusalém ou de Antioquia?

1.2.2 - Missões nas Epístolas e em Apocalipse

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Nas epístolas de Romanos a Judas estão contidos

importantes documentos e relatórios missionários, pois nos

informam quantas igrejas foram plantadas, tanto entre os gentios

como entre os judeus. São instruções quanto ao verdadeiro

sentido do discipulado, conflitos transculturais, combates às trevas

e às heresias, orientações doutrinárias para se plantar igrejas, etc.

Quase todas as cartas contêm notas missionárias e mais

especificamente as notas de Paulo contém saudações que dizem:

“A Igreja de Deus, que está em...”. Neste trecho o verbo indica

algo provisório, a igreja não pertence à localidade na qual foi

plantada, o sentido é o de peregrina, ou seja, ela (através dos

seus membros) deve se deslocar para outras comunidades - Ação missionária.

Uma igreja sadia e bíblica deve ser peregrina e se deslocar

para várias partes do mundo através de ação missionária efetiva.

“A igreja que não faz missões, um dia deixará de ser

igreja”.

No livro de Apocalipse está o relato do grande julgamento de

Deus sobre a humanidade. Nos primeiros três capítulos o

julgamento é especifico para Sua Igreja. Mas em apocalipse 5:9

encontra-se a razão de ser da Igreja, o motivo pelo qual o preço

da cruz é a maior causa missionária: Vs “... pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus

homens de toda tribo, língua, povo e nação”.

De gênesis a apocalipse a doutrina de fazer missões é algo

enraizado em cada livro divino, é a razão o fator primordial do

existir de uma igreja local. Sem missões a igreja perde sua

essência maior, sua missão prioritária - resgatar o homem do

pecado e levá-lo à adoração do único Deus.

“Sem missões, não há adoração verdadeira”.

A igreja local não nasceu nem existe para ser um centro

social de lazer ou comunhão para a família, tampouco para se

tornar um centro de terapia psicológica ou educacional. Deus não comissionou Sua Igreja para ser um reformatório de pessoas

doentes ou viciados, não é um lugar de terapia do amor, nem um

lugar de assistencialismo social ou outras ações que são

obrigações do governo político.

Algumas dessas coisas podem até fazer parte da ação de

uma igreja local e em alguns lugares (pela grande carência) deve

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fazer parte, mas, pelo amor de Deus, não confundamos essas

ações como o papel prioritário bíblico de uma igreja local.

Confundir isso é gravíssimo, pois confundirá a igreja com um

papel humano e puramente social e anulará sua ação missionária.

Uma igreja com essência bíblica primeiro faz missões, no

sentido real da bíblia, depois vêm as obras sociais, dar o pão ao

que têm fome, água para o sedento, roupa para o nu, o resgate

da dignidade social, entre outras.

Se temos condições de aliar estes dois fatores, excelente.

Façamos, mas não confundamos o papel prioritário da Igreja que

é, acima de tudo, levar homens à adoração a Deus, pois é

intrinsecamente uma obra de cunho espiritual.

Realizar uma excelente obra social e não fazer missões é como alimentar e cuidar de uma ave que será morta para ceia de

Natal. O que adiantará dar pão ao faminto, mas não trazê-lo de

volta à comunhão com Deus?

“Depois disso olhei, e eis uma grande multidão que ninguém podia

contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, de pé, diante

do trono e do cordeiro, com vestes brancas e com palmas nas

mãos”.

“Porque o cordeiro que está no centro do trono os apascentará e

os guiará às fontes das águas da vida...”. Apocalipse 7:9 e 17a.

Portanto, no Velho Testamento e no Novo está o mapa, o

estatuto, a maior vontade de Deus para Seu povo - alcançar os

homens com o evangelho de Cristo que estão em todos os recantos da terra.

Nenhuma doutrina bíblica tem tanta base escriturística, de

Gênesis a Apocalipse, como missões entre todos os povos da

terra.

Fazer missões aqui e ir além (simultaneamente) é uma

questão única de obediência a Deus e a sua Palavra.

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