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Allegro O Jornal do PIBID – Música UFRN NatalRN Setembro de 2013 ______________________________________________________________ Editorial As várias manifestações populares que tem acontecido por todo o nosso País, tem demonstrado toda a indignação de uma população que não suporta mais os descasos e a má administração do nosso Brasil. As primeiras manifestações contra aumento de passagem e melhorias no transporte público ocorreram em agosto de 2012. A prefeitura de Natal, capital do Rio Grande do Norte, anunciou um súbito aumento de vinte centavos na passagem de ônibus; Logo após, atitudes semelhantes se repetiram em Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, o que deu margem a novas manifestações com forte apoio popular. A repressão violenta e desproporcional que foi promovida por policiais militares estaduais contra passeatas levaram grande parte da população a apoiar as mobilizações. Atos semelhantes começaram a acontecer, motivados por diversos outros motivos, como gastos públicos em grandes eventos esportivos internacionais, má qualidade dos serviços públicos e corrupção na política em geral. Os protestos geraram grande repercussão nacional e internacional. No Brasil, os protestos foram os maiores desde as mobilizações pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em 1992, e tiveram aprovação de pelo menos 84% da população. Em resposta, o governo brasileiro anunciou várias medidas para tentar atender às reivindicações dos manifestantes e o Congresso Nacional votou uma série de concessões, como ter tornado a corrupção como um crime hediondo, arquivado a chamada PEC 37 e proibido o voto secreto em votações para cassar o mandato de legisladores acusados de irregularidades. Houve também a revogação dos então recentes aumentos das tarifas nos transportes em várias cidades do país, com a volta aos preços anteriores ao movimento. Para muitos músicos, a canção não deve falar de coisas banais, mas sim, explorar nas letras o estímulo à mudança da realidade cruel em que grande parte do mundo vive. É como buscar através da música a liberdade para a humanidade. A partir da década de 1960 a música, como forma de protesto, ganhou popularidade, em especial com as bandas britânicas Beatles e Rolling Stones. As letras dessas bandas levantavam diversas questões como a liberdade de expressão, as guerras e o desarmamento nuclear, idealizando um mundo de “paz e amor”, com músicas como; “Revolution” (Beatles) e “We Love You” (Rolling Stones). Durante a Guerra do Vietnã, outras bandas entraram na onda de protestos. Em 1964, no Brasil, a repressão e a censura instauradas pelo regime militar deram origem a movimentos musicais que viam na música uma forma de criticar o governo e de chamar a população para lutar contra a ditadura. Os grandes nomes desse período foram Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Geraldo Vandré, entre outros. Eles usavam, na letra de suas músicas, metáforas e ambiguidades, em títulos como: “É Proibido Proibir”, “Que as Crianças Cantem Livres” e “Para Não Dizer que Não Falei das Flores”, que tiveram grande repercussão na época. Na música “Geração Coca-Cola” do grupo Legião Urbana, é possível ver a indignação contra a soberania norte-americana sobre o Brasil e os demais países. Nosso atual momento de reivindicações também tem sua própria trilha sonora: VEM PRA RUA – O RAPPA Vem vamos pra rua Pode vir que a festa é sua Que o Brasil vai tá gigante Grande como nunca se viu Vem vamos com a gente Vem torcer, bola pra frente Sai de casa, vem pra rua Pra maior arquibancada do Brasil Ooooh. Vem pra rua Porque a rua é a maior arquibancada do Brasil Ooooh. Vem pra rua Porque a rua é a maior arquibancada do Brasil Se essa rua fosse minha Eu mandava ladrilhar Tudo em verde e amarelo Só pra ver o Brasil inteiro passar ______________________ Dominguinhos José Domingos de Morais nasceu no interior de Pernambuco, na cidade de Garanhuns, em 12 de fevereiro de 1941. Oriundo de família humilde, seu pai, mestre Chicão, era um conhecido sanfoneiro e afinador de sanfonas. Dominguinhos interessou-se por música desde cedo, começando a aprender sanfona com seis anos de idade, quando ganhou um pequeno acordeão de oito baixos e chegou a se apresentar em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro junto com seus dois irmãos, com quem formava o trio Os Três Pinguins. Praticava o instrumento por horas a fio, e logo tornou- se proficiente nas sanfonas de 48, 80 e 120 baixos, e acabou por tornar-se músico profissional ainda garoto. Em 1950, aos nove anos de idade, conheceu Luiz Gonzaga quando tocava na porta do hotel em que este estava hospedado. Luiz Gonzaga se impressionou com a desenvoltura do menino e o convidou a ir ao Rio de Janeiro. Dominguinhos o fez em 1954, então com treze anos de idade, acompanhado do pai e dos dois irmãos, indo morar em Nilópolis. Ao encontrar-se com Luiz Gonzaga no Rio, este deu-lhe de presente uma sanfona e o integrou à sua equipe de músicos, e Dominguinhos passou a fazer shows pelo Brasil e participar de gravações. Em uma dessas viagens, em 1967, conhece a cantora de forró Anastácia (nome artístico de Lucinete Ferreira), com quem se casa e forma uma parceria artística que duraria onze anos. Dominguinhos já tinha um filho, Mauro, nascido em 1960 de seu primeiro casamento. Em 1976, Dominguinhos conhece a também cantora Guadalupe Mendonça, seu terceiro casamento, do qual nasceria uma filha. No fim de 2012, Dominguinhos, que lutava há seis anos contra um câncer de pulmão, teve problemas relacionados à arritmia cardíaca e por causa de uma infecção respiratória foi internado no Recife, sendo posteriormente transferido para o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, onde morreu às 17h50 do dia 23 de julho de 2013 após sofrer complicações infecciosas e cardíacas. No dia 2 dezembro de 2012, uma dia após se apresentar no Forró da Lua, localizado na periferia de Natal, Dominguinhos gravou a sanfona na faixa “Agreste”, composição de Dácio Galvão e Gereba, no estúdio móvel da Beju Produções na Pousada Coice da Burra na fazenda Bonfim, em São José do Mipibu-RN. Essa pode ter sido sua última gravação inédita. O

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Allegro O  Jornal  do  PIBID  –  Música  -­‐  UFRN                                  Natal-­‐RN  Setembro  de  2013  ______________________________________________________________   Editorial

As várias manifestações populares que tem acontecido por todo o nosso País, tem demonstrado toda a indignação de uma população que não suporta mais os descasos e a má administração do nosso Brasil. As primeiras manifestações contra aumento de passagem e melhorias no transporte público ocorreram em agosto de 2012. A prefeitura de Natal, capital do Rio Grande do Norte, anunciou um súbito aumento de vinte centavos na passagem de ônibus; Logo após, atitudes semelhantes se repetiram em Salvador, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, o que deu margem a novas manifestações com forte apoio popular. A repressão violenta e desproporcional que foi promovida por policiais militares estaduais contra passeatas levaram grande parte da população a apoiar as mobilizações.

Atos semelhantes começaram a acontecer, motivados por diversos outros motivos, como gastos públicos em grandes eventos esportivos internacionais, má qualidade dos serviços públicos e corrupção na política em geral. Os protestos geraram grande repercussão nacional e internacional.

No Brasil, os protestos foram os maiores desde as mobilizações pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em 1992, e tiveram aprovação de pelo menos 84% da população. Em resposta, o governo brasileiro anunciou várias medidas para tentar atender às reivindicações dos manifestantes e o Congresso Nacional votou uma série de concessões, como ter tornado a corrupção como um crime hediondo, arquivado a chamada PEC 37 e proibido o voto secreto em votações para cassar o mandato de legisladores acusados de irregularidades. Houve também a revogação dos então recentes aumentos das tarifas nos transportes em várias cidades do país, com a volta aos preços anteriores ao movimento.

Para muitos músicos, a canção não deve falar de coisas banais, mas sim, explorar nas letras o estímulo à mudança da realidade cruel em que grande parte do mundo vive. É como buscar através da música a liberdade para a humanidade. A partir da década de 1960 a música, como forma de protesto, ganhou popularidade, em especial com as bandas britânicas Beatles e Rolling Stones. As letras dessas bandas levantavam diversas questões como a liberdade de expressão, as guerras e o desarmamento nuclear, idealizando um mundo de “paz e amor”, com músicas como; “Revolution” (Beatles) e “We Love You” (Rolling Stones). Durante a Guerra do Vietnã, outras bandas entraram na onda de protestos. Em 1964, no Brasil, a repressão e a censura instauradas pelo regime militar deram origem a movimentos musicais que viam na música uma forma de criticar o governo e de chamar a população para lutar contra a ditadura. Os grandes nomes desse período foram Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Geraldo Vandré, entre outros. Eles usavam, na letra de suas músicas, metáforas e ambiguidades, em títulos como: “É Proibido Proibir”, “Que as Crianças Cantem Livres” e “Para Não Dizer que Não Falei das Flores”, que tiveram grande repercussão na época. Na música “Geração Coca-Cola” do grupo Legião Urbana, é possível ver a indignação contra a soberania norte-americana sobre o Brasil e os demais países. Nosso atual momento de reivindicações também tem sua própria trilha sonora:

VEM PRA RUA – O RAPPA

Vem vamos pra rua Pode vir que a festa é sua

Que o Brasil vai tá gigante Grande como nunca se viu

Vem vamos com a gente Vem torcer, bola pra frente

Sai de casa, vem pra rua Pra maior arquibancada do Brasil

Ooooh. Vem pra rua Porque a rua é a maior arquibancada do Brasil

Ooooh. Vem pra rua Porque a rua é a maior arquibancada do Brasil

Se essa rua fosse minha Eu mandava ladrilhar

Tudo em verde e amarelo Só pra ver o Brasil inteiro passar

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Dominguinhos

 

José Domingos de Morais nasceu no interior de Pernambuco, na cidade de Garanhuns, em 12 de fevereiro de 1941. Oriundo de família humilde, seu pai, mestre Chicão, era um conhecido sanfoneiro e afinador de sanfonas. Dominguinhos interessou-se por música desde cedo, começando a aprender sanfona com seis anos de idade, quando ganhou um pequeno acordeão de oito baixos e chegou a se apresentar em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro junto com seus dois irmãos, com quem formava o trio Os Três Pinguins. Praticava o instrumento por horas a fio, e logo tornou-se proficiente nas sanfonas de 48, 80 e 120 baixos, e acabou por tornar-se músico profissional ainda garoto. Em 1950, aos nove anos de idade, conheceu Luiz Gonzaga quando tocava na porta do hotel em que este estava hospedado. Luiz Gonzaga se impressionou com a desenvoltura do menino e o convidou a ir ao Rio de Janeiro.

Dominguinhos o fez em 1954, então com treze anos de idade, acompanhado do pai e dos dois irmãos, indo morar em Nilópolis. Ao encontrar-se com Luiz Gonzaga no Rio, este deu-lhe de presente uma sanfona e o integrou à sua equipe de músicos, e Dominguinhos passou a fazer shows pelo Brasil e participar de gravações. Em uma dessas viagens, em 1967, conhece a cantora de forró Anastácia (nome artístico de Lucinete Ferreira), com quem se casa e forma uma parceria artística que duraria onze anos. Dominguinhos já tinha um filho, Mauro, nascido em 1960 de seu primeiro casamento. Em 1976, Dominguinhos conhece a também cantora Guadalupe Mendonça, seu terceiro casamento, do qual nasceria uma filha.

No fim de 2012, Dominguinhos, que lutava há seis anos contra um câncer de pulmão, teve problemas relacionados à arritmia cardíaca e por causa de uma infecção respiratória foi internado no Recife, sendo posteriormente transferido para o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, onde morreu às 17h50 do dia 23 de julho de 2013 após sofrer complicações infecciosas e cardíacas.

No dia 2 dezembro de 2012, uma dia após se apresentar no Forró da Lua, localizado na periferia de Natal, Dominguinhos gravou a sanfona na faixa “Agreste”, composição de Dácio Galvão e Gereba, no estúdio móvel da Beju Produções na Pousada Coice da Burra na fazenda Bonfim, em São José do Mipibu-RN. Essa pode ter sido sua última gravação inédita. O

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projeto inicial era que Dominguinhos também colocasse a voz na música, o que não ocorreu na ocasião porque era de manhã cedo, Dominguinhos não estava havia realizado exercícios de aquecimento vocal na hora da gravação. Na mesma sessão, Dominguinhos também gravou o instrumental de uma versão musicada para o poema “Não Gosto de Sertão Verde”, de Câmara Cascudo, com arranjos de Jubileu Filho.

ENTREVISTA DO MÊS COM

DIOGO GUANABARA

Em que tipo de escola você começou os estudos, particular ou pública? Diogo Guanabara: Iniciei meus estudos aos 8 anos de idade, com um professor particular chamado Lucinaldo Lucas, logo em seguida fui ao Instituto de Música Waldemar de Almeida, onde estudei Bandolim com Alexandre Moreira, e Cavaquinho com Prêntice Bulhões no Solar Bela Vista. Você teve algum tipo de incentivo artístico na escola? D. G.: Meu incentivo artístico foi totalmente por conta do meu ambiente familiar, pois meus pais sempre gostaram muito de música. Fale sobre sua formação profissional e projetos futuros D. G.: Estudo música desde os 8 anos de idade. Fui aluno do Instituto de Música Waldemar de Almeida, e do Solar Bela Vista, atualmente sou formando do curso técnico de Violão Popular da Escola de Música da UFRN, e recentemente fiz o curso de verão de Jazz de Jamey Aebersold em Louisville, Estados Unidos. Quanto aos planos futuros, pretendo me formar até o final do ano e a partir daí me dedicar a estudar arranjo, e continuar desenvolvendo os trabalhos artísticos que tenho participado.

CONFECÇÃO DE INSTRUMENTO: CHOCALHO

Materiais: 1 latinha de refrigerante, pedrinhas, fita adesiva Como fazer 1- Lave a latinha de refrigerante. 2- Pelo furo, coloque muitas pedrinhas pequenas, até preencher cerca de 1/3 da latinha. 3- Tape o furo com a fita adesiva. Como tocar: Balance o chocalho

no ritmo da música. PARTITURA DO MÊS

Descubra que trecho musical é esse que é de um grande nome do nordeste e que vai deixar muitas saudades ao nosso povo.

etc.

Fonte:  http://www.smartkids.com.br/passatempos/musica-­‐caca-­‐palavra.html  

https://www.google.com.br/search?q=chocalho+de+latinha+de+refrigerante&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=s4EkUpfwI4r49gSvloCoBw&ved=0CAcQ_AUoAQ&biw=1440&bih=807#q=chocalho+de+latinha+&tbm=isch&facrc=_&imgdii=_&imgrc=0lv5lqAnevjwEM%3A%3BUGlVC7wnfHnEPM%3Bhttp%253A%252F%252F4.bp.blogspot.com%252F-uUfanD4_lyM%252FTl0_yRIziEI%252FAAAAAAAAA9M%252FQFktx0ShqAE%252Fs1600%252FImagem012.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Felisbianchi.blogspot.com%252F2011%252F08%252Finstrumentos-de-sucatas.html%3B1200%3B1600

PIBIDiando...

O Pibid Música se despede de dois integrantes que se formaram e deixam a Universidade com seus diplomas de licenciados em música. Eles vão deixar saudades na a equipe do PIBID: Pátricia Valdelice e Eduardo Cleiton, saudações musicais para a carreira de vocês que só está começando...