FABIANO STAUT

MINUTA DO PROJETO DE PESQUISA

BASES PARA MONITORAMENTO AMBIENTAL DE PARQUES ELICOS

Salvador

2010

FABIANO STAUT

BASES PARA MONITORAMENTO AMBIENTAL DE PARQUES ELICOS

Projeto de Pesquisa apresentado a Universidade Federal da Bahia, Escola Politcnica, como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre do Programa de Ps-graduao em Engenharia Ambiental Urbana.

Orientador: Prof. Dr. Juan Moreno Delgado

Salvador

2010

SUMRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS1

1.INTRODUO2

2.OBJETIVOS3

2.1Objetivo Principal3

2.2Objetivos Especficos3

3.REVISO DE LITERATURA3

3.1A Energia Elica3

3.2Questes ambientais6

3.3Impactos ambientais e obrigaes legais7

3.4Sistema de Informaes Geogrficas aplicado a estudos ambientais10

4.METODOLOGIA11

5.VIABILIDADE ECONMICA12

6.CRONOGRAMA13

7.REFERNCIAS14

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEELICAAssociao Brasileira de Energia Elica

ABNTAssociao Brasileira de Normas Tcnicas

ANEELAgncia Nacional de Energia Eltrica

AWEAAmerican Wind Energy Association

CBEECentro Brasileiro de Energia Elica

CHESFCompanhia Hidroeltrica do So Francisco

CONAMAConselho nacional do Meio Ambiente

EAEstudos Ambientais

EIA/RIMAEstudo de Impacto Ambienta / Relatrio de Impacto do Meio Ambiente

EPEEmpresa de Pesquisas Energticas

IBAMAInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

IMAInstituto do Meio Ambiente

MWMega Watts

NBRNorma Brasileira

RASRelatrio Ambiental Simplificado

SIGSistema de Informaes Geogrficas

SINSistema Interligado Nacional

TRTermo de Referncia

UFBAUniversidade Federal da Bahia

INTRODUO

Um dos maiores desafios que a cincia enfrenta atualmente a incapacidade de modelar os diferentes cenrios de mudanas que envolvem a relao sociedade-natureza. importante considerar ainda que, a natureza condio concreta da existncia humana. Portanto, a vulnerabilidade do sistema natural deve ser compreendida como o grau de capacidade de ajustamento deste atuao de variveis externas, que geram de respostas complexas at a conscientizao da sociedade. Para apoio tomada de deciso, lana-se mo de estudos de caracterizaes ambientais, aliados s suas associaes e impactos (positivos e negativos).

Os diversos componentes que constituem a Natureza, to importantes e valorizados, vm sendo constantemente ameaados h dcadas pelo prprio ser humano nas mais variadas formas de degradao. Muitas empresas que, de alguma forma utilizam-se do meio ambiente natural, atravs da sua modificao ou explorao, vm adotando medidas de controle ambiental, assim como medidas compensatrias objetivando, desse modo, evitar ou mesmo minimizar os impactos causados pelos seus empreendimentos.

O resultado que estas empresas buscam justamente a melhoria das condies ambientais ao nvel local e regional, melhorando, conseqentemente, a qualidade de vida das pessoas envolvidas, atravs do comprometimento pblico do prprio empreendedor com a conservao do meio ambiente, refletindo, certamente, no estabelecimento de uma conceituao de empresa ecologicamente correta.

Com o crescimento populacional mundial avanando em escala geomtrica, tanto nos pases desenvolvidos como nos em desenvolvimento, dito perifricos, a demanda global por energia segue nos mesmos patamares de crescimento. Atualmente vrios pases vm investindo na complementao e transformao de seus parques energticos com a introduo de fontes alternativas de energia, onde as questes ambientais alavancaram em muito estes investimentos, principalmente devido aos impactos causados pelas formas tradicionais de gerao de energia. Na utilizao de solues energticas que agridem em menor escala o meio ambiente tem destacado a energia elica como uma fonte alternativa de grande importncia na elaborao de novos cenrios energticos. Mesmo assim alguns impactos ambientais merecem destaque neste tipo e empreendimento, dentre eles podemos destacar o impacto visual (fase de operao) o impacto sonoro (implantao e operao), alm de alteraes sociais e econmicas que ocorrero local e regionalmente em todas as fases do empreendimento.

Na regio de Sobradinho-BA est proposto a instalao de um Parque Elico com uma o potencial nominal de gerao de energia em 104 MegaWatts (MW) atravs de 54 aerogeradores com potncia de 2MW cada. Este empreendimento causar mudanas significativas sob o ponto de vista ambiental, social e econmico a nvel local e regional. No Cear o Ministrio Pblico Estadual j solicitou que fosse refeito os estudos do Parque Elico Rio do Fogo devido a sua construo ser realizada em APP (dunas).

OBJETIVOS1.1 Objetivo Principal

Implementar uma base de dados necessrias para um sistema de monitoramento ambiental para as etapas de implantao e funcionamento de um Parque Elico no Estado da Bahia.

1.2 Objetivos Especficos

a) Identificar e sistematizar as informaes e/ou indicadores teis ao monitoramento ambiental associadas aos impactos ambientais relativos ao meio fsico, bitico e socioeconmico.

b) Mapeamento das informaes e/ou indicadores susceptveis de serem representados espacialmente e que sero utilizadas no monitoramento ambiental.

REVISO DE LITERATURA1.3 A Energia Elica

A energia elica uma forma de energia que tem sua origem a partir do sol, uma vez que os ventos so causados basicamente por gradientes de presso atmosfrica que so criados em funo do aquecimento desigual da atmosfera, resultante da combinao de topografia, tipo de solo, quantidade de nuvens e poluentes e outros. Seu funcionamento se d de uma maneira bem simples. As ps dos aerogeradores captam uma parte da energia cintica do vento, que passa atravs da rea varrida pelo rotor e a transforma em energia mecnica de rotao. O eixo do rotor aciona o gerador eltrico e transforma uma parte desta energia mecnica de rotao em energia eltrica. A tcnica de converso da energia dos ventos em energia mecnica primeiramente foi explorada para utilizao em propulso de navios, moinhos de cereais, bombas de gua e na idade mdia para mover a indstria de forjaria (RNCOS et al, 2000).

No final do sculo XIX quando o uso da energia eltrica comeou a crescer rapidamente no planeta, as primeiras turbinas elicas foram aplicadas na converso da energia dos ventos diretamente em energia eltrica. No inverno de 1887- 1888 Charles F. Brush colocou em operao a primeira turbina elica automtica com dimetro do rotor de 17m e 144 ps de madeira para gerar energia eltrica (RNCOS et al, 2000). No sculo 20, at a dcada de 70, os investimentos em tecnologias para gerao de energia elica eram pequenos. Entretanto, com o choque da crise do petrleo, o setor elico industrial comeou a crescer.

A gerao de energia eltrica em grande escala, alimentando de forma suplementar o sistema eltrico atravs do uso de turbinas elicas de grande porte, evoluiu muito nas ltimas dcadas. Pode-se dizer que a moderna tecnologia das turbinas elicas surgiu na Alemanha na dcada de 1950, j com ps fabricadas com materiais compostos, controle de passo e torres na forma tubular e esbelta (RNCOS et al, 2000).

Na dcada de 80, atravs de experincias de estmulo ao mercado nos EUA, na Dinamarca e Alemanha na dcada de 1990, que o aproveitamento da energia elica como alternativa de gerao de energia eltrica atingiu escala de contribuio mais significativa ao sistema eltrico, em termos de gerao, eficincia e competitividade. Houve um crescente avano tecnolgico pelas indstrias do setor, que estimuladas pela competio e polticas de incentivo governamentais passaram a desenvolver-se com maior intensidade. Atravs deste avano tecnolgico e ao crescimento da produo em escala, foi possvel desenvolver nova tcnicas de construo dos aerogeradores, com tecnologias que aumentassem a capacidade de gerao das turbinas, obtendo assim redues graduais e significativas nos custos do quilowatt instalado e, conseqentemente, uma substancial reduo no custo da gerao da energia eltrica.

No mbito empresarial, o mercado dominado por poucas fornecedoras, sendo que as principais empresas so: Siemens, General Eletric (EUA), Vestas (Dinamarca) e Enercon (EUA), com amplo portflio que abrange desde aerogeradores e turbinas, como partes e peas, alm de componentes de usinas elicas. Este mercado concentrado devido s altas barreiras a entrada ao mercado, sendo as principais: (i) elevado contedo tecnolgico e (ii) elevada escala produtiva. Os investimentos nos ltimos anos foram impulsionados, principalmente, por aes governamentais, provocando aumento da demanda nos mercados de turbinas e aerogeradores, que movimentaram em conjunto, em mbito mundial, cerca de US$ 84,5 bilhes em 2008 (GWEC, 2008).

A gerao de energia eltrica por meio de turbinas elicas constitui uma alternativa para diversos nveis de demanda. As pequenas centrais podem suprir pequenas localidades distantes da rede, contribuindo para o processo de universalizao do atendimento. Quanto s centrais de grande porte, estas tm potencial para atender uma significativa parcela do Sistema Interligado Nacional (SIN) com importantes ganhos: contribuindo para a reduo da emisso, pelas usinas trmicas, de poluentes atmosfricos; diminuindo a necessidade da construo de grandes reservatrios; e reduzindo o risco gerado pela sazonalidade hidrolgica.

No Grfico abaixo publicado pela Aneel e pela WWEA podemos acompanhar a evoluo da energia elica mundial desde 1997 at os dias de hoje inclusive com a projeo para o ano de 2010. O mercado mundial cresce em mdia 25% ao ano (ABEELICA, 2009).

Fontes: Atlas de Energia Eltrica, 2 ed.. Braslia: ANEEL, 2005.

World Wind Energy Report 2008. Bonn, Germany: WWEA, 2009

Os pases que mais se beneficiam desta fonte de energia limpa so os Estados Unidos com uma potncia instalada de 25.170 MW/h, a Alemanha (23.903 MW/h), Espanha (16.740MW/h), China (12.210 MH/h), ndia (9.587MW/h), seguidos pela Itlia, Frana, Reino Unido, Dinamarca e Portugal. (WWEA, 2009).

No Brasil a gerao de energia eltrica atravs da energia elica significa apenas 0,4% do em relao as outras fontes de gerao. A gerao de energia atravs das hidreltricas corresponde a 77% da energia limpa gerada em nosso pas como podemos observar abaixo em grfico fornecido pela Abbelica.

Fonte: ABBELICA, 2009

O sistema eltrico brasileiro interligado prev um crescimento de mais de 4% ao ano durante os prximos 15 anos (EPE, 2006) No nordeste as taxas de aumento do consumo previstas so ainda maiores, da ordem de 6%, e uma opo extremamente interessante para atend-las a integrao de parques elicos para gerao de eletricidade. O Brasil possui um alto potencial elico em diversas regies litorneas prximas a centros de carga. Alm disso, existe uma complementaridade j observada com o regime hidrolgico, ou seja, os perodos de ventos mais fortes coincidem com os de menores chuvas. (ABEELICA, 2009).

Em 2001 foi publicada pela Eletrobrs o ATLAS DO POTENCIAL ELICO BRASILEIRO onde foi constatado que existe um potencial estimado de 143.000 MW onshore, dos quais atualmente 417,48 MW esto em operao e 441,5 MW em construo. Atualmente esto sendo desenvolvidos novos estudos de estimao do potencial elico brasileiro, desta vez com medies a 100 metros de altura. Estimativas preliminares indicam um potencial superior a 300 GW em contraste com os 143GW auferidos no incio da dcada com medies a 50 metros de altura.

1.4 Questes ambientais

As questes ambientais, hoje mais do que nunca, impulsionam a comunidade mundial na busca de solues eficientes e ecologicamente corretas para o suprimento energtico. O crescimento da energia elica no mundo tem sido uma resposta da sociedade por uma qualidade melhor no suprimento energtico. O crescimento de mercado e o desenvolvimento tecnolgico nos ltimos anos tm erguido a elica como uma opo imprescindvel para o fornecimento de energia limpa em grandes potncias (DUTRA, 2001).

O aproveitamento dos ventos para gerao de energia eltrica apresenta, como toda tecnologia energtica, algumas caractersticas ambientais desfavorveis como, por exemplo: impacto visual, rudo, interferncia eletromagntica, ofuscamento e danos fauna. Essas caractersticas aparentemente negativas podem ser significativamente minimizadas, e at mesmo eliminadas, atravs de planejamento adequado e tambm no uso de inovaes tecnolgicas (DUTRA, 2001).

1.5 Impactos ambientais e obrigaes legais

Por ser uma fonte de energia com impactos reduzidos ao meio ambiente, os estudos de impacto ambiental so bem simplificados e mais rpidos, que os requeridos por fontes tradicionais de gerao de energia eltrica. Estes estudos compem o chamado Relatrio Ambiental Simplificado RAS, utilizado para a obteno da Licena de Localizao junto ao rgo ambiental competente. Esta Licena Ambiental um dos documentos requeridos pela Empresa de Pesquisa Energtica EPE na etapa de Habilitao Tcnica para participao nos leiles de contratao de energia eltrica do Ministrio de Minas e Energia, segundo Portaria MME n 21/2008. No caso do Parque Elico de Sobradinho, para descrio dos impactos, foram descritas as caractersticas das principais atividades/aes que sero executadas durante a implantao do empreendimento, em trs etapas distintas e complementares, ou seja: Etapa de Planejamento, Etapa de Implantao, Etapa de Operao e Etapa de Desativao. Resoluo CONAMA 279/01 estabelece em seu artigo 1 os procedimentos para elaborao do RAS:

[...] procedimentos e prazos estabelecidos nesta Resoluo, aplicam-se, em qualquer nvel de competncia, ao licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos eltricos com pequeno potencial de impacto ambiental, a includos:

I - Usinas hidreltricas e sistemas associados;

II - Usinas termeltricas e sistemas associados;

III - Sistemas de transmisso de energia eltrica (linhas de transmisso e subestaes).

IV - Usinas Elicas e outras fontes alternativas de energia.

Pargrafo nico. Para fins de aplicao desta Resoluo, os sistemas associados sero analisados conjuntamente aos empreendimentos principais.

Licenciamento ambiental o procedimento administrativo pelo qual o rgo ambiental competente verifica a localizao, instalao, ampliao e operao de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais considerados efetivos ou potencialmente poluidores, ou que, sob qualquer forma, possam causar degradao ambiental. (Resoluo CONAMA 237/97) O artigo 12, 1 desta Resoluo estabelece a prerrogativa do rgo licenciador definir a natureza do estudo ambiental requerido para o licenciamento, podendo estabelecer um procedimento de Licenciamento Ambiental Simplificado, com base na constatao de que os fatores ambientais afetados no so considerados os mais importantes, todos os impactos provveis so facilmente identificados, analisados e de pequena magnitude, as medidas mitigadoras so de eficincia comprovada e o programa de monitoramento ser de fcil estabelecimento e execuo.

A resoluo CONAMA n 001/1986 define impacto ambiental como:

[...] considera-se impacto ambiental qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a sade, a segurana e o bem-estar da populao;

II - as atividades sociais e econmicas;

III - a biota;

IV - as condies estticas e sanitrias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, art 1, 1986)

Como alerta Sanches (2007), este conceito legal tem uma limitao, porque considera como impacto apenas aqueles gerados por poluio e, paradoxalmente a definio legal de poluio[footnoteRef:2] define melhor impacto ambiental (com a ressalva de que se limita apenas a impacto negativo). No entanto, mesmo com tal limitao, a norma assume impacto como qualquer alterao seja ela negativo ou positivo sobre as mltiplas dimenses do meio ambiente, conceito este tambm claramente estabelecido na Lei 6.938 (Poltica Nacional do Meio Ambiente), e que vai alm dos aspectos fsico-ecolgicos. Portanto uma anlise de impactos ambientais no deve se limitar aos efeitos deletrios como tambm aos efeitos positivos sobre o meio ambiente, conceito este aqui considerado no seu sentido mais amplo. [2: Conceito de Poluio de acordo com a Lei Federal 6938 de 31 de agosto de 1981(Poltica Nacional do Meio Ambiente): A degradao da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: Prejudique a sade, segurana e o bem-estar da populaoCriem condies adversas s atividades sociais e econmicasAfetem s condies estticas ou sanitrias do meio ambienteLancem matria ou energia em desacordo com os padres ambientais estabelecidos]

Portanto devemos considerar que impacto ambiental um conceito mais abrangente que poluio, podendo ser positivo ou negativo e no necessariamente tem a poluio como causa. Neste estudo de caso podemos perceber claramente que os impactos ambientais no esto relacionados a poluio, pois a gerao de energia eltrica atravs da energia elica no poluente. A metodologia utilizada para ponderar os impactos previstos, envolveu parmetros tais como: importncia/magnitude/efeito, extenso, periodicidade, natureza, durao, reversibilidade, carter e possibilidade de ocorrncia.

O principal impacto positivo que a energia elica oferece ao meio ambiente est no fato de que ela no polui durante sua operao. Dessa forma, podemos fazer um comparativo entre cada unidade (kWh) de energia eltrica gerada por turbinas elicas e a mesma energia que seria gerada por uma planta convencional de gerao de energia eltrica. Ao fazer essa anlise chegamos concluso de que a energia elica apresenta grandes vantagens na reduo de emisso de gases de efeito estufa e na reduo da concentrao de CO2 durante a sua operao (DUTRA, 2001). Outro aspecto positivo so as parcerias entre o empreendedor e os proprietrios das terras efetuadas atravs de contratos de arrendamentos durante 25 anos. Diante disso, observa-se que o arrendamento o procedimento legal que mais traz vantagens para os proprietrios, pois continuam a desenvolver as atividades agropecurias, sem prejuzo das mesmas, e tero um aumento na renda mensal atravs do pagamento deste arrendamento.

Em relao aos impactos negativos podem ser destacados os ocasionados pelo nvel de rudo, mas que j esto sendo minimizados com o uso de novas tecnologias. Os rudos aerodinmicos ocorrem em funo da velocidade do vento sobre a turbina elica, e a sua reduo relaciona-se ao design das ps e da prpria torre. Maurcio Tolmasquim (atual presidente da EPE) apresenta algumas consideraes sobre os rudos mecnicos

a tecnologia atual mostra que possvel a construo de turbinas elicas com nveis de rudo bem menores, visto que as engrenagens utilizadas para multiplicar a rotao do gerador podem ser eliminadas caso seja empregado um gerador eltrico que funciona em baixas rotaes (sistema multipolo de gerao de energia eltrica).

J em relao aos impactos visuais, os autores tm um consenso que h uma mudana significativa na paisagem, alm de gerarem tambm o chamado efeito sombra, pois em determinados momentos do dia as ps dos aerogeradores sombreiam o solo. Os impactos visuais dos chamados parques elicos (nome dados ao conjunto de aerogeradores interligados em um espao fsico objetivando a produo de energia), estes so considerados subjetivos, pois algumas pessoas gostam de ver estes parques elicos em funcionamento, j que simbolizam uma gerao de energia considerada do futuro. Os efeitos do impacto visual tm sido minimizados, principalmente, com a conscientizao da populao local sobre a gerao elica. Atravs de audincias pblicas e seminrios, a populao local passa a conhecer melhor toda a tecnologia e, uma vez conhecendo os efeitos positivos da energia elica, os ndices de aceitao melhoram consideravelmente (DUTRA, 2001).

Outro impacto o causado para a avifauna, principalmente nas reas onde h rotas migratrias. Os autores diferenciam este impacto onde no h estas rotas, evidenciando que as aves so capazes de visualizar as turbinas e escapar de uma provvel coliso. O comportamento dos pssaros e as taxas de mortalidade tendem a ser especficos para cada espcie e tambm para cada lugar. Estimativas de mortes de pssaros nos Pases Baixos, causadas por vrias aes diretas e indiretas do homem, mostram que o trfego de veculos apresenta uma taxa que, em comparao s estimativas de mortes por parque elico de 1 GW, cem vezes maior. (EWEA, 1998)

1.6 Sistema de Informaes Geogrficas aplicado a estudos ambientais

O geoprocessamento, que se constitui em um conjunto de tcnicas de processamento eletrnico de dados associado a sistemas geogrficos de informao, uma poderosa ferramenta para a anlise ambiental, pois permite a identificao e a classificao de situaes ambientais de interesse, monitoramentos e avaliaes de diversos tipos, a criao de previses razoveis e a gerao de informaes ambientais relevantes, em muitos casos indispensveis como elementos de apoio deciso para o equacionamento de problemas ambientais. (XAVIER-DA-SILVA & SOUZA, 1988).

A eficiente construo de sistemas de informao depende da criao de modelos conceituais que sejam representativos da poro modelada da realidade. Se este problema projetado para a pesquisa ambiental, considervel o acrscimo da complexidade nele envolvida. Torna-se necessrio considerar o ambiente como um sistema, isto , uma entidade que tem expresso espacial, a ser modelada segundo sua variabilidade taxonmica e a distribuio territorial das classes de fenmenos nela identificados como relevantes (XAVIER, 1997). Para a construo de modelagens ambientais mais prximas da realidade deve ser considerada tambm a dinmica dos sistemas ambientais ao longo do tempo. Vale lembrar, todavia, que a modelagem ambiental , por si mesma, complexa. praticamente impossvel lanar luz, ao mesmo tempo e com a mesma intensidade, sobre todos os aspectos da realidade ambiental. Os modelos ambientais representam snteses, que se resolvem segundo a expresso espacial das entidades envolvidas, ou seja, sua distribuio territorial. Como snteses, estes modelos integram os fatores fsicos, biticos e scio- econmicos.

Conforme enunciado acima, ambientes podem ser considerados sistemas, e o conhecimento a eles relativo pode ser armazenado em sistemas de informao. Entre os diferentes tipos de sistemas de informao, os Sistemas Geogrficos de Informao, isto , aqueles sistemas que mostram e analisam a territorialidade dos fenmenos neles representados, so de uso crescente para a representao de ambientes. Este uso crescente se deve, exatamente, capacidade que possuem de considerar, de forma integrada, a variabilidade taxonmica, a expresso territorial e as alteraes temporais verificveis em uma base de dados georreferenciada (XAVIER, 1997).

A utilizao de ferramentas do Sistema de Informao Geogrfica SIG, os dados devidamente coletados e softwares especficos de anlise elica possibilitam resultados muito rpidos e de baixo custo para tarefas como a identificao e quantificao preliminares de reas promissoras (DUTRA, 2001).

METODOLOGIA

O desenvolvimento deste projeto de pesquisa obedecer seqncia metodolgica descrita a seguir:

a) Identificar e sistematizar as informaes e/ou indicadores teis ao monitoramento ambiental associadas aos impactos ambientais relativos ao meio fsico, bitico e socioeconmico.

b) Mapeamento das informaes e/ou indicadores susceptveis de serem representados espacialmente e que sero utilizadas no monitoramento ambiental.

Em relao ao primeiro objetivo especfico sero identificados e listados os impactos ambientais relativos ao meio fsico, bitico e socioeconmico mais significativos relacionados nos estudos ambientais apresentados para o licenciamento ambiental de diversos parques elicos no pas. Sero analisados os problemas ambientais que no forma listada nestes estudos, assim como os processos decorrentes destes licenciamentos (aes civis pblicas, embargo de obras, etc) que afetaram de alguma forma os meios fsico, bitico e socioeconmico na regio. Este levantamento subsidiar a formao da base de dados para um efetivo monitoramento ambiental de parques elicos no Brasil.

Em relao ao segundo objetivo especfico sero identificados e analisados os fatores associados a cada tipo de impacto ambiental estabelecendo relaes de causa-efeito entre eles. Logo estes fatores podero ser representados especialmente e/ou mensurados com a utilizao do SIG. Considerando as relaes de causalidade identificadas ou a ponderao efetuada por especialistas, ser efetuada a integrao dos mapas / fatores envolvidos na avaliao, usando tcnicas de sobreposio indexada, multicritrio, fuzzy, etc. por definir. Finalmente os resultados sero comparados com outros estudos de outros Parques Elicos j licenciados no Brasil.

VIABILIDADE ECONMICA

Este projeto de pesquisa proposto contar com o apoio da empresa SoWiTec do Brasil, responsvel pelo projeto, implantao e operao do Parque Elico Sobradinho atravs do custeio das atividades de campo, aquisio de livros, utilizao de software de SIG ArcGis (licenciado), uso de computadores e material de escritrio (papel e cartuchos de tinta).

- 15 -

1.7

CRONOGRAMA

ETAPA

2009

2010

2011

AES/MESES

mar

abr

mai

jun

jul

ago

set

out

nov

dez

jan

fev

mar

abr

mai

jun

jul

ago

set

out

nov

dez

jan

fev

mar

Disciplinas

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Levantamento dos dados iniciais sobre o tema

X

X

X

X

X

X

Elaborao do Projeto de Pesquisa

X

X

X

X

Elaborao de resenhas e artigos sobre o tema

X

X

X

X

Defesa do Projeto

X

Consulta a especialista

X

X

X

X

Reviso bibliogrfica

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Redao da Dissertao

X

X

X

X

X

X

X

Anlise dos impactos ambientais do estudo de caso

X

X

X

X

X

X

Anlise das metodologias utilizadas no estudo de caso

X

X

X

X

X

X

Elaborao da nova metodologia

X

X

X

X

X

X

Visita de campo

X

Apresentao do Seminrio

X

Redao definitiva

X

X

X

X

X

Preparao da Defesa

X

X

X

Defesa da Dissertao

X

Fonte: elaborado pelo autor (2009)

REFERNCIAS

ABEELICA. In Frum / Canal Energia. Maio 2009.

CASTRO, N. J. DANTAS, G. D. Relatrio de Conjuntura: Bioeletricidade & Elica. Projeto provedor de Informaes sobre o setor eltrico. GESE Grupo de Estudo do Setor Eltrico, 2009.

CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de Sistemas Ambientais. Editora Edgard Blcher Ltda. 1 edio. So Paulo, 1999.

CONAMA. Resoluo n 001 de 23 de janeiro 1986. Define as situaes e estabelece os requisitos e condies para desenvolvimento de Estudo de Impacto Ambiental EIA e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental RIMA. Dirio Oficial da Unio. Braslia.

CONAMA. Resoluo n 237 de 19 de dezembro 1997. Dispe sobre os procedimentos e critrios utilizados no licenciamento ambiental e no exerccio da competncia, bem como as atividades e empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental. Dirio Oficial da Unio. Braslia.

CONAMA. Resoluo n 279 de 29de junho 2001. Estabelece procedimentos simplificados para o licenciamento de empreendimentos eltricos com pequeno potencial de impacto. Dirio Oficial da Unio. Braslia.

DUTRA, R. M. Viabilidade Tcnico-Econmica da Energia Elica Face ao Novo Marco Regulatrio do Setor Eltrico Brasileiro. 2001. 309 p. Dissertao de Mestrado (COPPE/UFRJ) Rio de Janeiro-RJ.

ELETROBRS/Fundao Padre Leonel Franca, Centrais Eltricas Brasileiras, Atlas do Potencial Elico Nacional, 1988.

EWEA. EUROPEAN COMMISSION. The Environment. In: Wind Energy The Facts. v. 4. 1998.

EPE Empresa de Pesquisas Energticas. Cenrio atual da energia elica no mundo e a matriz eltrica brasileira. In Frum ABELICA. Outubro, 2009.

FEITOSA, E. Energia elica no Brasil: os prximos vinte anos, na conferncia Sustentabilidade na gerao e uso de energia no Brasil: os prximos vinte anos, Acad. Bras. De Cincias / UNICAMP, Fev. 2002.

GUIMARES NETO, J. A. & VIEIRA, R. Energia Elica: Atrao de Investimentos no Estado do Cear. Governo do Estado do Cear Conselho Estadual de Desenvolvimento Econmico (CEDE), Agncia de Desenvolvimento do Estado do Cear S.A (ADECE). Fortaleza: jun/2009.

GWEC-The European Wind Energy Association. Wind Force 12. A Blueprint to archieve 12% of the worlds electricity from win power by 2012. Edition 2004. 104 pags. Disponvel em www.ewea.org. Acesso em 17/11/2009.

NASCIMENTO, M.V.G. et al, Energia Elica: Apresentado no Workshop: Anlise Prospectiva da Introduo de Tecnologias Alternativas de Energia no Brasil, Relatrio Preliminar COPPE 2002.

RUNCOS F.et al. Gerao de Energia Elica Tecnologias Atuais e Futuras -GRUCAD-EEL-CTC-UFSC, WEG MQUINAS, 2000.

SNCHES, L. E. Avaliao de impacto ambiental: conceitos e mtodos. So Paulo: Oficina de textos, 2006.

TOLMASQUIM, Maurcio T. et al. Alternativas Energticas Sustentveis no Brasil. Editora Relume Dumar. Rio de Janeiro, 2004.

UDAETA, M.E.M. Inatomi. T. A. H Anlise dos impactos ambientais na produo de energia dentro do planejamento Integrado de recursos. Ed. USP, So Paulo 1997.

UDAETA, M.E.M. Planejamento Integrado de Recursos Energticos para o Setor Eltrico -PIR- (Pensando o Desenvolvimento Sustentado) Tese de Doutorado, Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Brasil, 1997.

VITERBO, J. C. Gerao de energia eltrica a partir de fonte elica offshore. Dissertao de Mestrado. Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia Naval e Ocenica, 2008.

XAVIER da SILVA, J. Metodologia de Geoprocessamento. Revista da Ps-Graduao em Geografia. Ano 1 Vol. 1. 1997.