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Ossos Welington Corporation De pele e carne me vestiste, e de ossos e nervos me teceste. Jó 10:11

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Ossos

Welington Corporation

De pele e carne me vestiste, e de ossos e nervos me teceste. Jó 10:11

O Espírito de Deus se utilizou de inúmeros símbolos ou elementos para a construção das Escrituras, e usando de incomum sensibilidade, não citou coisas aleatoriamente na comunicação de suas verdades, pensamentos, revelações. A bíblia é uma carta divina dirigida ao ser humano cheia de poesia, onde as palavras são cuidadosamente escolhidas, assim como as cenas, sentimentos, situações, representações de diversas dimensões espirituais. Deus TECEU as Escrituras num processo semelhante ao de um tecelão do antigo oriente ao criar um tapete persa, cheio de detalhes e figuras. Imagine que são centenas de linhas que se juntam para criar complexas imagens. Profundas imagens. Se um anel ou brinco são citados nas Escrituras, em algum momento eles terão momentos de grande significado. A arte cinematográfica trabalha o tempo todo com temas que são colocados em destaque quando o cineasta quer que notemos uma mancha no chão, um lenço, ou o impacto que causa uma moça bonita mexendo seu cabelo. Em produções coreanas os gestos e mesmo coisas adquirem tremendos e profundos significados. Seja o dar as mãos, seja o colocar a mão sobre o ombro de alguém, seja um espelho caindo no chão, ou uma xícara se quebrando.

Esse estudo é para que você tenha uma vaga noção da sensibilidade do Espírito de Deus.

Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Ezequiel 37:4

Naquele tempo, diz o SENHOR, tirarão para fora das suas sepulturas os ossos dos reis de Judá, e os ossos dos seus príncipes, e os ossos dos sacerdotes, e os ossos dos profetas, e os ossos dos habitantes de Jerusalém; Jeremias 8:1

Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós mesmos estamos cortados. Ezequiel 37:11

E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Gênesis 2:23

Os seus ossos são como tubos de bronze; a sua ossada é como barras de ferro. Jó 40:18

De pele e carne me vestiste, e de ossos e nervos me teceste. Jó 10:11

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Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso. Ezequiel 37:7

E disse: Deixai-o estar; ninguém mexa nos seus ossos. Assim deixaram estar os seus ossos com os ossos do profeta que viera de Samaria. 2 Reis 23:18

E fez subir dali os ossos de Saul, e os ossos de Jônatas seu filho; e ajuntaram também os ossos dos enforcados. 2 Samuel 21:13

Por causa da voz do meu gemido os meus ossos se apegam à minha pele. Salmos 102:5

Os meus ossos se apegaram à minha pele e à minha carne, e escapei só com a pele dos meus dentes. Jó 19:20

Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam. Salmos 22:17

Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra. Salmos 34:20

O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos. Provérbios 14:30

Pela longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda amolece até os ossos. Provérbios 25:15

Escolhe o melhor do rebanho, e queima também os ossos debaixo dela; faze-a ferver bem, e cozam-se dentro dela os seus ossos. Ezequiel 24:5

E os ossos dos sacerdotes queimou sobre os seus altares; e purificou a Judá e a Jerusalém. 2 Crônicas 34:5

Sobrevieram-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram. Jó 4:14

Com seus baldes cheios de leite, e a medula dos seus ossos umedecida. Jó 21:24

De noite se me traspassam os meus ossos, e os meus nervos não descansam. Jó 30:17

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Desde a antiguidade a morte é uma força que molda as relações humanas em diversos aspectos. A tentativa de alcançar a eternidade, a lembrança continua dos feitos realizados, a perpetuação da história é uma das forças motrizes por detrás de tumbas como as pirâmides ou o Taj Mahal. O medo da morte e suas consequências fez com que diversas civilizações criassem meios de preservação dos corpos através de processo de mumificação na tentativa de proteger o veículo que ainda será necessário para dar continuidade a viagem da alma, segundo as antigas tradições. Não se concebia o abandono do corpo do falecido a própria sorte, seria uma desonra suprema, uma obscenidade, uma maldição. As tribos aborígenes compartilham das mesmas crenças dos povos que deram origem aos Vedas dos Indianos, imaginavam a “boa morte” e a “má morte”, sendo a primeira aquela em que os ritos funerários eram realizados de acordo com as práticas vigentes e a segunda quando o corpo do falecido não podia sofrer o devido cuidado ou ritual, ocasionando a maldição da alma do falecido, transformando num espirito maligno. A mesma crença fazia com que os gregos, tais como os chineses, coreanos, tailandeses e japoneses necessitassem “alimentar” através de oferendas aos patriarcas e antepassados, indo até os túmulos com os ossos ou jarros contendo cinzas dos ossos dos antepassados, para que eles pudessem se tornar bons daimons e não daimons malignos, pois a fome causada os enlouqueceria ou os desonraria e os tornaria espíritos incompletos, amargurados e rancorosos, trazendo toda sorte de praga para com suas antigas famílias. Os ossos eram então de extrema importância para as antigas religiões, porque eram as únicas partes dos ancestrais que resistiam ao tempo. Eram os únicos objetos que poderiam provar que um dia tais ancestrais viveram e caminharam sobre a terra. Significavam o elo entre a presente geração e as antigas ou imemoriais gerações. Quanto mais antigos os ossos, mais venerados eram, maior importância ganhavam na hierarquia de adoração dos ancestrais. Os ossos revelam a realidade de que um dia alguém que os portava esteve vivo, respirando e falando. Não existe uma ossada de quem jamais existiu. Fantasmas não possuem ossos. A antropologia forense é a ciência que hoje estuda e se utiliza dos ossos como ferramenta do ofício. Temos hoje famosos seriados como “Bones” (Ossos) onde a cada instante um assassinato é descoberto, e

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seu assassino revelado pelas pistas cientificas deixadas de modo quase invisível nos ossos encontrados. Os ossos são elementos que aparecem em milhares de histórias de assombração, e a simples exposição dos mesmos causa horror em diversas pessoas, atiçando a imaginação humana, sua curiosidade e sua compaixão. Os ossos, dentes e o cabelo são tudo que resta ao passar do tempo e dos processos que consomem o corpo humano após a morte. Os ossos são testemunhas do fim do ser humano. E também concedem certa esperança de continuidade e até de ressurgimento. A religião judaica ressalta que um único osso, localizado na parte posterior do pescoço, jamais se decompõe. E é a partir desse osso - denominado osso luz - que o corpo será reconstruído na futura Era Messiânica, quando todos os mortos serão ressuscitados. Em razão disso, a cremação do corpo não é aceita; já que a ressurreição é uma crença fundamental do judaísmo, conforme expresso por Maimônides, em seus Treze Princípios da Fé.

Os ossos eram imaginados como aquilo que continham a essência dos vivos, cridos muitas vezes como objetos onde uma porção da alma ou espírito, ou outra essência espiritual, permanecia interligada. A simples posse dos ossos de um herói ou pessoa afamada ou que em vida tivesse manifestado poderes mágicos ou oraculares era o suficiente para torna-los como objetos dignos de veneração ou guarda.

Na Grécia antiga, uma cidade ou santuário pode reivindicar possuir, sem necessariamente exibir, os restos de um herói venerado como parte de um culto de herói. Outros objetos veneráveis associados com o herói eram mais prováveis estar no indicador nos santuários, tais como lanças, protetores, ou o outro armamento; Carruagens, navios ou figuras de proa; Mobiliário, tais como cadeiras ou tripés; E roupas. O santuário do Leucippides em Esparta alegou exibir o ovo de Leda.

Os ossos eram considerados como tendo um poder particular derivado do herói, com algumas exceções, como o ombro divino de Pelops realizada em Olympia. Milagres e cura eram atribuídos regularmente a ele; sua presença foi significativa para servir uma função tutelar, porque dizia-se que o túmulo de Èdipe protegia Atenas.

Os ossos de Orestes e Teseu foram supostamente roubados ou removidos de seu lugar de repouso original e reenterrados. Por conselho do Oráculo de Delfos, os espartanos buscaram os ossos de Orestes e os trouxeram para casa, sem os quais lhes disseram que não podiam esperar a vitória na guerra contra os tegeus vizinhos.

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Plutarco diz que os atenienses foram igualmente instruídos pelo oráculo para localizar e roubar as relíquias de Teseu dos Dolopianos. O corpo do lendário Eurystheus também deveria proteger Atenas do ataque inimigo, e em Tebas, o do profeta Amphiaraus, cujo culto era oracular e de cura. Plutarco narra transferências semelhantes às de Teseu para os corpos do Demétrio histórico I da Macedônia e de Phocion o Bom. Os ossos ou cinzas de Esculápio em Epidauro, e de Perdicas I na Macedônia, foram tratados com a mais profunda veneração.

Como com as relíquias de Teseu, os ossos são às vezes descritos em fontes literárias como gigantescos, uma indicação do status de "maior do que a vida" do herói. Com base no seu tamanho relatado, tem sido conjecturado que tais ossos eram aqueles de criaturas pré-históricas, a descoberta surpreendente de que pode ter levado a santificação do local.

A cabeça do poeta-profeta Orfeu deveria ter sido transportada para Lesbos, onde foi consagrada e visitada como um oráculo. Um geógrafo do século II, Pausanias, relatou que os ossos de Orfeu foram mantidos em um vaso de pedra exibido em um pilar perto de Dion, seu lugar de morte era um importante centro religioso. Estes também eram considerados como possuindo poder oracular, que poderia ser acessado através do sonho em um ritual de incubação. A exposição acidental dos ossos trouxe um desastre sobre a cidade de Libretha, de onde o povo de Dion tinha transferido as relíquias para sua própria manutenção.

Os ossos eram utilizados por muitas religiões de forma oracular ou divinatória.

Nos últimos anos da Dinastia Shang, as margens do rio Huan viram um centro ritual real estabelecido pelos reis. Este centro abrigou um grupo de adivinhadores que se especializaram no trato e na comunicação com o complexo mundo espiritual. Eles estavam em serviço do rei, e responsáveis por realizar os rituais com os ossos do oráculo, fazendo as perguntas e interpretando suas respostas. Estas perguntas podiam variar sobre qualquer tema, sobre o resultado de uma guerra, se haveria uma colheita abundante, ou mesmo revelar a causa da dor de cabeça de um rei. Os ossos deste tipo de oráculo eram geralmente escápulas de grandes animais ou conchas de tartaruga, que eram usados por reis e adivinhos para responder questões e predizer o futuro. Um adivinho esculpiria o questionamento em um dos lados da escápula ou osso, então pequenos orifícios seriam entalhados do outro lado. Eles usariam a

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arte da piromancia (uso de fogo para adivinhação) para contar a fortuna, ou adivinhar a resposta do osso ou casca (queimando-as). Um composto vermelho, bem quente, seria pressionado para dentro dos orifícios, fazendo fissuras no osso ou casca. São estas fissuras resultantes que o adivinho iria interpretar, e a respostas interpretados pelos magos ficou entalhada nos ossos do oráculo descoberto por arqueólogos. Um ponto interessante aqui é que todos os escritos para a Dinastia Shang são textos religiosos.

Diversos reis africanos procuravam conseguir os ossos dos inimigos vencidos em batalhas para poder usá-los como fontes de poder, domínio ou magia. Muitos se assentavam sobre tronos feitos de crânios humanos ou guardavam ossos dos inimigos, em especial o crânio, em salas separadas, porque quem possuísse tais artefatos recebia o direito de governar sobre a tribo a qual haviam pertencido aqueles reis, guerreiros ou soberanos vencidos.

A primeira menção ao ossos nas Escrituras contém um mistério:

E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Gênesis 2:23

Adão exulta ao ver a mulher sendo-lhe trazida por Deus. Porém, até este instante a humanidade é IMORTAL. Nunca uma ossada fora avistada por ninguém. Porém Adão compreende que a moça lhe era apresentada compartilhava de uma ossos, ASSIM COMO ELE POSSUIA. Adão tinha um conhecimento de anatomia antes de qualquer tratado humano, antes de qualquer experiência humana com a fisiologia de um cadáver. Não possuímos resposta para esse enigma. É muito interessante.

E serão justamente os ossos que CONFIRMARÃO que a serpente mentia quando afirmava cinicamente “certamente não morrereis”, quando após o Éden Abel for morto por Caim e entrar em decomposição. Abel é a o primeiro ser humano a ter sua ossada descoberta, a tornar-se...ossos.

No decorrer das Escrituras haverão inúmeras passagens em que ossos aparecerão. Para causar horror, para levar a meditação, para lembrar ao homem sua fragilidade ou para revelar algo inusitado. Algumas vezes serão citados de modo dramático, como após a “traição” do profeta velho contra o profeta novo, usando de artimanhas para fazer com que um profeta inexperiente pereça no teste de obediência, causando-lhe a morte. Outro mistério das

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Escrituras. Um jovem profeta é enviado até o rei Jeroboão para repreende-lo, pois além de ser idólatra, realizava no templo do Senhor coisas que lhe eram proibidas. O jovem profeta repreende ao rei, opera um sinal maravilhoso e ao retornar de sua missão é induzido a entrar e permanecer na casa de um antigo profeta da região, porém quando o faz desobedece a ordem que lhe fora entregue. Ao sair da casa do profeta velho um leão sai do bosque e o mata, mas não o devora. O profeta velho resgata o corpo do jovem e o honra enterrando numa tumba pertencente a própria família e realizando os ritos fúnebres:

E colocou o cadáver no seu próprio sepulcro; e prantearam-no, dizendo: Ah, irmão meu!

E sucedeu que, depois de o haver sepultado, disse a seus filhos: Morrendo eu, sepultai-me no sepulcro em que o homem de Deus está sepultado; ponde os meus ossos junto aos ossos dele.

I Reis 13:30,31

Os ossos do profeta novo e velho se misturam. Dezenas de anos depois após o cumprimento da profecia, o rei Josias encontra suas ossadas e as trata respeitosamente:

E disse: Deixai-o estar; ninguém mexa nos seus ossos. Assim deixaram estar os seus ossos com os ossos do profeta que viera de Samaria. 2 Reis 23:18

As Escrituras traduzem várias cenas com ossos com profundos significados espirituais tendo os olhos de seu autor voltado para as nações, seus costumes, suas superstições e crenças. Há uma “evangelho gentio” dentro do Velho Testamento, assim como no Novo, onde as histórias são escolhidas para tocar culturalmente os povos. O Espírito compreendia a relação profunda da humanidade com os restos humanos, com os ritos funerários e sobretudo com a ESPERANÇA da ETERNIDADE. Com o desejo PARADOXAL, de jamais se tornar...ossos...

As muitas realidades espirituais, sentimentais, mágicas, proféticas que se entrelaçam nas “ossadas” das Escrituras são voltadas para a enternecer, tocar, sacudir, levar a meditação, assombrar e mover o coração e a mente dos povos gentios profundamente envoltos em rituais, em crenças, em literatura de assombração, em contos de terror, em pesadelos, envolvendo ossos.

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Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso. Ezequiel 37:7

Elas são histórias reais, onde ossos de gente que realmente morreu, ossos que poderiam ser tocados, são usados de um modo impensado. Aparecem em situações inacreditavelmente mágicas e transcendentes. Onde a ESPERANÇA se encontra com a morte e lhe dá um pé na bunda. Onde a imaginação humana e chamada para deixar de olhar em direção ao túmulo e começar a olhar em direção aos céus. Deus estabelece histórias comoventes onde o protagonista não é o passado, e sim o amanhã. Onde o que parece ser PERMANENTE é refutado como TRANSITÓRIO. Onde a placa escrito “fim” é arrancada, pisada, cuspida e outra placa é colocada no lugar: “recomeçando”.

A pluralidade de crenças da antiguidade imaginava geralmente a reencarnação, o retorno da alma ao mundo dependente de um novo corpo. O que seria um problema grave porque significaria uma alma para MULTIPLAS OSSADAS. Ou vários esqueletos para um mesmo ser. A individualidade do ser humano lhe lega a vida a um único esqueleto.

E por pura poesia graças ao milagre da ressurreição nós podemos dizer que OS EGÍPCIOS ESTAVAM PARCIALMENTE CORRETOS! Pois preparavam seu corpo para a vida “pós-morte”, ou sem saber, não do modo que imaginavam, indicavam a possibilidade da ressurreição humana.

Muitas cenas evocam realidades proféticas envolvendo ossos. Quando os ossos dos sacerdotes de Baal são queimados em seus próprios altares, isso é uma mensagem que impactaria todo um panteão de crenças mágicas da antiguidade. Trazia a horrenda lembrança dos sacrifícios de crianças feitas naqueles mesmos altares, do modo similar, só que vivas. Podemos lembrar da cena vista com 1000 anos de antecedência, onde Jesus estaria pendurado na cruz, emagrecido:

Poderia contar todos os meus ossos; eles veem e me contemplam. Salmos 22:17

E por fim, sem fechar o assunto, porque a PROFUNDIDADE das Escrituras não nos permitiria, temos duas cenas muito profundas.

Apesar da aparente (é só aparente) desordem cronológica, a primeira cena quando Satanás contende a respeito da localização do

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tumulo de Moisés. Ele quer saber onde estão os OSSOS de Moisés. As Escrituras nos relatam que Deus sepultou a Moisés. Porém quem tinha “as chaves do inferno e do hades” nessa época, até a ressurreição de Cristo, era Satanás. Significa, no mínimo, que ninguém morreria no mundo no Velho Testamento, sem que ele tomasse conhecimento. Só que algo aconteceu e ele está pedindo explicações de modo vulgar e faz com que até Miguel perca a compostura. Onde estão os ossos? Cadê o cadáver? Onde está o túmulo? Um grande mistério das Escrituras.

E a segunda cena é de que era ordem dos soldados romanos quebrarem as pernas dos crucificados para que eles não escapassem da punição, e para aliviar a agonia do crucificado, que poderia vivo em agonia por dias na cruz se se apoiasse com os pés na trave vertical. Mas, Jesus já está morto. Então eles não tocam nos seus ossos.

Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra. Salmos 34:20

E cumpre-se em Cristo a tremenda profecia dada 1000 anos antes deste instante. A outra maravilha é que após a ressurreição são estes ossos que ascenderão juntamente com Cristo para a eternidade. Jesus sobe em carne e osso até a direita do trono de Deus, é um ser humano pleno que subiu aos céus! Se teve seu corpo “glorificado” lá é outra história, o importante é saber que ossos entraram...no céu!

E que espantosamente, não temos um túmulo para o Mestre e Salvador. Não restou nenhum osso na terra, não há cadáver, nem resto mortal. Que apesar de ter tido um enterro, um túmulo, os ritos funerários necessitaram ser interrompidos (Maria levava unguento para ungir o corpo de Jesus, cumprindo os ritos funerários judaicos – diferentes dos ritos funerários judaicos modernos - só que ele já havia ressuscitado).

Não são temos ossos para testemunhar que Jesus tenha existido. Que tenha vivido. Que tenha nascido ou morrido. Essa é a maravilha do Evangelho. Nós não o conhecemos quando esteve na terra. Mas, como permanece vivo, nós podemos ENCONTRÁ-LO, nós podemos ouvi-lo, nós podemos senti-lo. A partir do relato de suas testemunhas nós o procuramos. Cremos no que os apóstolos falaram dele. Então Jesus se revela a nós. Não como um fantasma, um espírito ou poder ancestral ligado a ossos imemoriais. Não oramos a uma estátua de mármore e nem pedimos a proteção a um pote de cerâmica contendo

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as cinzas de um antepassado. Porque ele está vivo, apesar de estar em outra dimensão. Então os nossos olhos são abertos para vermos o INVISIVEL. E ei-lo! Com ossos e tudo.

E por fim meditar sobre a loucura da encarnação, porque um ser tão santo e sublime se revestiu de carne e recebeu ossos para que pudesse nos reconciliar com o Pai? Porque Jesus recebeu um corpo humano e o risco e o horror da morte, para nos vivificar? Para que nossos ossos jamais ficassem a mostra ou para que um dia nossos ossos a mostra, pudessem ser revestidos de nervos e de carne...outra vez.

“E criou o homem. Ai começou a loucura. Esse tal de ser humano herdou algo maior do que os anjos herdaram, uma semelhança inigualável com Deus... e um paradoxo.”

Fragilidade. Mortalidade. Fraqueza.

Um coração, sangue, músculos, num universo com energia suficiente para transformá-lo em nada, zilhões de vezes.

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Mas a essa criatura facilmente destrutível, Deus resolveu amar de modo único. Porque nele Deus colocou sua própria essência. Sua própria imagem, parte daquilo que ele é.

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Seu sopro.

E por assim ter sido feito, Deus os ama mais que toda vida. Em toda a sua multiforme extensão.

Algo aconteceu no passado que quebrou o elo entre Deus e o sopro que doou. Tornando o homem finito. Os túmulos ao redor do mundo repetem pra nós esse adágio todos os dias. O homem finda. Termina.

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Mas Deus não. Ele é ETERNO.

Como resolver esse dilema?

Um sujeito que vive para sempre enamorado de alguém, que nasce hoje e morre amanhã?

A primeira solução, é deixar de ser Deus, tornar-se como nós e amar-nos enquanto vivermos e depois morrer junto conosco.

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Mas se isso ocorre, de modo definitivo, quando Deus morresse, junto dele, morreria tudo.

O problema é que o amor, e DEUS é em essência amor, não existe para morrer e nem para cessar.

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Cada despedida nos relembra isso. Cada separação, cada perda. O amor faz com desejemos estar com alguém para sempre. O amor é parecido com Deus. Necessita da eternidade.

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A primeira dificuldade é que Deus possui algumas circunstancias limitadoras.

Sim.

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Deus não pode tudo.

Ele é IMORTAL. Não pode morrer.

Faz parte dele essa essência, não pode simplesmente abandonar o que é, mesmo porque NADA DO QUE FOI CRIADO possui tal poder.

Esse, de matá-lo...

Não que não tenham tentado... pois é...

Tem uma segunda opção. Deus tornar o homem imortal.

Porém, também não é tão simples assim.

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Algo faz o homem morrer. E esse algo é denominado PECADO.

O pecado é um princípio, que atingiu o universo, as relações espirituais e que também atinge o ser humano, contaminando suas ações, seus desejos, suas atitudes. Um poder espiritual que opera em nós.

E o pecado no homem faz com que o amor divino não possa abraçá-lo de modo completo. E o pecado separa o sopro daquele que um dia o respirou no homem.

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EM DEUS não habita o pecado. Faz parte de sua essência.

O pecado não pode atingi-lo, habitar nele, fazer parte dele.

A IMORTALIDADE, por sua vez não habita na vida que Deus criou.

Nem no universo.

Habita nele. Só nele.

Para tornar o homem imortal, necessita DOAR parte dessa sua essência para o homem.

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Porque o sopro que um dia deu ao homem retorna a Deus quando o homem dá seu ultimo suspiro. É necessário, então, unir o homem a essa respiração divina.

E para que esse sopro permaneça, essa essência tem que ser novamente SOPRADA em seu coração.

Para isso DEUS tem que se UNIR ao homem. TEM que habitar no espírito humano. E o homem, tem que se unir a DEUS.

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Mas se o homem em pecado tentar fazer isso se destrói.

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Porque o tipo de VIDA que habita DEUS não dá condições à existência do pecado. E o homem, por razões sejam qual for, está contaminado por esse poder de tal modo, que seu interior, seu íntimo, sua consciência, sua essência, ao TOCAR a DEUS, se desfaria.

E o corpo humano não suporta a plenitude de Deus. Não suporta esse contato permanente, porque está se desfazendo na medida em que os anos passam, querendo voltar a ser pó, querendo voltar a ser parte da terra, do universo da matéria, de onde um dia foi tirado.

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Temos de um lado, DEUS que é IMORTAL desejando conceder VIDA para ter COMUNHÃO com o homem. Do outro lado o homem pecador, que não poderia sem destruição de seu espírito, ter contato com tal essência: A VIDA que habita DEUS.

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O amor fará então uma coisa surpreendente.

Não disposto a perder aquilo que ama, ele se revoltará contra a morte, contra as leis que regem o universo, contra o destino estampado em cada lápide.

Mas Deus não poderia com um único gesto, despedaçar a morte, desfazer o pecado, destruir a maldade

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e reintegrar para si tudo o que dele se separou?

Não.

Porque o universo segue leis espirituais eternas que emanam dele mesmo.

E Deus não pode contrariar a si mesmo. Porque ele não pode rejeitar

Ou anular a si mesmo, ou as leis que sustentam os anjos, a eternidade, o mundo e o amanhã.

Porque ele é parte dessas leis.

Existe uma lei da vida que todos nós conhecemos.

Nascer, crescer, e morrer.

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Ninguém entra neste universo a não ser pelo nascimento. Ninguém nele permanece a não ser vivo. E nenhum de nós viverá sem jamais morrer. Nascimento, vida e morte.

Para mudar a existência, Deus terá que participar desse ciclo. Porque o universo só pode ser mudado, pelo lado de dentro. E para isso, Ele terá que entrar, se fazendo carne e habitando entre nós.

Por algum motivo que não entendo a chave para mudar todas as coisas está escondida dentro de nós. Dentro dos corações humanos. Dentro da alma humana.

Existe uma segunda lei da eternidade. Tudo que Deus é e tudo que ele possui pode ser alcançado através uma porta. Há uma chave que une os céus a terra, o visível ao invisível, os anjos a nós. E só ela pode abrir a barreira entre as dimensões. Só ela pode abrir o portal que nos separa de Deus. Atravessada essa porta, acessada essa chave, o universo pode ser mudado de dentro para fora.

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Esse princípio é chamado de fé.

Mateus 15

22 E eis que uma mulher Cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada.23 Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós.24 E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.25 Então, chegou ela e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me.26 Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.27 E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.28 Então, respondeu Jesus e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé. Seja isso feito para contigo, como tu desejas. E, desde aquela hora, a sua filha ficou sã.

Então Deus realiza seu ato de loucura. Através da fé, operará o milagre da transformação humana. Entrará no universo, e ensinará o homem a CRER. Pela fé destruirá o pecado no homem. Pela fé derramará seu Amor. Pela fé derramará de sua Vida, e pela fé dará um jeito na morte.

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Então a loucura será realizada desse modo. Deus separará sua VIDA de si mesmo. Ela habitará um CORPO HUMANO. E ela será derramada a todo homem, pelo ROMPIMENTO desse corpo. Pela morte desse homem, que levou dentro de si a ESSENCIA de DEUS, a vida poderá alcançar todo homem.

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Para isso bastaria transpor as dimensões, deixar de lado o poder inacessível, operar o impossível de limitar-se a condição humana, unindo-se ao homem de modo permanente e eterno, espiritual e fisicamente. Desde que pudesse separar sua alma de seu espírito, seu coração de sua mente, desde que pudesse dividir-se a si mesmo, sem perder sua onipotência.

Absolutamente simples.

O sofrimento que adveio dessa loucura é fruto da inimizade humana. Fruto da loucura humana. Para levar até o fim o desejo de unir-se ao homem, Deus teria que enfrentar a maldade e o pecado do homem.

A cruz significa até onde ele estava disposto a ir, para reconciliar consigo a sua criação.

Ele provaria da morte.

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Mas a morte provaria dele.

O amor divino não pode ser morto. A morte não pode destruir essa essência. O amor humano termina junto conosco. Os mortos não amam mais. O corpo no qual parte de Deus habitou podia ser destruído.

Mas

não

aquilo

que

nele

habitava.

A morte foi, numa alegoria, enganada.

O mistério da cruz é que a morte se encontrou com a vida.

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A morte faz parte da ordem deste universo. Faz parte da essência das coisas daqui.

Mas não das coisas de lá. Do lugar que existe antes de haver o tudo. Antes do início e Antes do antes.

E se a morte ousasse tocar a DEUS?

Foi o que aconteceu.

Na cruz bilhões de anjos contemplaram a morte ao menos de uma das dimensões de Deus. Cristo representava DEUS, levava consigo de modo REAL sua ESSENCIA.

E ele, Cristo, obedeceu as leis que emanam do PAI, nasceu, cresceu, morreu e amou, amou tão intensamente que viveu sem pecado do inicio ao fim de sua existência.

E o que aconteceria se um homem sem pecado morresse? Se uma lei deste universo em pecado se confrontasse com outra lei, muito maior e anterior mesmo a existência da morte?

Se um homem pudesse do lado de dentro, conectar a humanidade a fonte da Vida, se um homem cumprisse todas a lei divina, todo desejo de Deus, e tivesse a fé capaz de transportar os montes, possuindo dentro de si mesmo o poder de tornar a ser um dia tudo que foi antes de ser um homem?

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Quando essas realidades se encontrassem, o que aconteceria no universo?

Vitória do homem contra a morte.

Resultado: Morte vencida.

E não só isso.

A todos quanto o receberem deu-lhes o poder de se tornarem tal qual ele é.

Junto da ressurreição, concedeu algo.

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Poder para vencer o que o homem sozinho não poderia fazê-lo. Poder para vencer o pecado. O mesmo que opera os túmulos. O mesmo que provoca a morte.

O que foi aquilo?

Isso.

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Só isso.

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