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O Impacto da Educação Infantil sobre Desempenho Escolar dos estudantes do Ensino Fundamental das escolas públicas no estado da Bahia. Verônica Ferreira Silva dos Santos 1 Resumo Diversos estudos mostram a importância do investimento em educação durante a primeira infância, pois é nessa fase que a criança desenvolve suas habilidades cognitivas e não cognitivas, que são fundamentais para o desempenho futuro tanto no seu ciclo escolar, quanto posteriormente na inserção no mercado de trabalho. Assim, este trabalho tem como objetivo identificar o impacto da creche e/ou da pré-escola no desempenho escolar, medido através dos testes de proficiência em matemática e língua portuguesa, e com isso compreender a eficácia da creche e da pré-escola enquanto política pública. Para tanto, utilizou-se os dados de estudantes de escolas públicas da Bahia, do 5º ano do Ensino Fundamental, encontrados no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para o ano de 2015, e como metodologia o método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Os resultados mostram que a creche e a pré- escola têm impacto positivo no desempenho dos alunos, tendo a pré- escola um impacto superior ao da creche. Palavras-chave: creche, pré-escola, desempenho escolar. Abstract Several studies show the importance of investing in early childhood education, during early chilhood because is in this phase that the child develops cognitive and non-cognitive abilities, which are fundamental for future performance both in school cycle and later in insertion in the labor market. The purpose of this study is to identify the impact of day care and / or preschool on school performance, measured by mathematics and Portuguese language proficiency tests, and to understand the effectiveness of day care and pre-school as a policy public. In order to do so, we used the data from students from public schools in Bahia, from the 5th year of Elementary School, found in the Basic Education Evaluation System (Saeb) for 2015, and as a methodology the Ordinary Least Squares (OLS) method. The results show that day care and pre-school have a positive impact on 1 Doutoranda em Economia pela Universidade Federal da Bahia. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia.

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O Impacto da Educação Infantil sobre Desempenho Escolar dos estudantes do Ensino Fundamental das escolas públicas no estado da Bahia.

Verônica Ferreira Silva dos Santos1

ResumoDiversos estudos mostram a importância do investimento em educação durante a primeira infância, pois é nessa fase que a criança desenvolve suas habilidades cognitivas e não cognitivas, que são fundamentais para o desempenho futuro tanto no seu ciclo escolar, quanto posteriormente na inserção no mercado de trabalho. Assim, este trabalho tem como objetivo identificar o impacto da creche e/ou da pré-escola no desempenho escolar, medido através dos testes de proficiência em matemática e língua portuguesa, e com isso compreender a eficácia da creche e da pré-escola enquanto política pública. Para tanto, utilizou-se os dados de estudantes de escolas públicas da Bahia, do 5º ano do Ensino Fundamental, encontrados no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para o ano de 2015, e como metodologia o método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Os resultados mostram que a creche e a pré-escola têm impacto positivo no desempenho dos alunos, tendo a pré-escola um impacto superior ao da creche.

Palavras-chave: creche, pré-escola, desempenho escolar.

Abstract

Several studies show the importance of investing in early childhood education, during early chilhood because is in this phase that the child develops cognitive and non-cognitive abilities, which are fundamental for future performance both in school cycle and later in insertion in the labor market. The purpose of this study is to identify the impact of day care and / or preschool on school performance, measured by mathematics and Portuguese language proficiency tests, and to understand the effectiveness of day care and pre-school as a policy public. In order to do so, we used the data from students from public schools in Bahia, from the 5th year of Elementary School, found in the Basic Education Evaluation System (Saeb) for 2015, and as a methodology the Ordinary Least Squares (OLS) method. The results show that day care and pre-school have a positive impact on student performance, with pre-school having a greater impact than day care.

Key-word: day care, pre-school, school performance.

Área de Submissão: Desigualdade, pobreza e políticas sociais

JEL: I21; I28

1 Doutoranda em Economia pela Universidade Federal da Bahia. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia.

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1. IntroduçãoOs estudos da área da Economia da Educação, já provaram que a educação proporciona benefícios sociais e individuais. Desde os trabalhos de Schultz (1971), Mincer (1974) e Becker (1975), já havia a discussão de que o aumento da escolaridade proporciona elevação da produtividade geral da população, além de gerar uma série de externalidades positivas, como redução da criminalidade e melhora das condições de saúde. A educação também proporciona maiores salários para os mais escolarizados e aumenta a produtividade da economia como um todo.Contudo, os trabalhos nesta área têm se aprofundado cada vez mais nas diversas faces da educação, buscando entender os impactos da educação em todas as esferas, desde a educação infantil até a educação superior. Diante da necessidade de se estudar as diversas etapas da educação, este trabalhou buscou analisar a primeira fase do sistema educacional e identificar sua importância para as progressões futuras. Diversos estudos têm comprovado a importância do investimento na educação infantil para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e não cognitivas das crianças. O trabalho de Cunha e Heckman (2011), apresenta evidências a respeito do investimento na educação infantil e no desempenho dos estudantes e para conclusão dos próximos ciclos escolares. Os resultados apresentados pelos autores mostram que aqueles indivíduos que frequentaram a pré-escola são mais propensos a concluírem o ensino médio e ingressarem no ensino superior, e menos propensos a participarem de atividades criminosas. Assim, os programas de primeira infância promovem maiores eficiências no aprendizado na escola e reduz os problemas de comportamento.Os trabalhos que tratam a respeito dos programas de intervenção na primeira infância dão destaque para a formação das habilidades das crianças, como é o caso de Cunha e Heckman (2007). Nesse trabalho os autores apresentam a dualidade da decisão dos pais em se investir nas crianças nos anos iniciais ou postergar o investimento para um período futuro. Os autores, também concluem que, o investimento mais cedo nas crianças proporciona maiores taxas de conclusão do ensino médio e matrículas na faculdade, bem como observa-se um impacto na auto produtividade e na complementaridade dinâmica. Cunha et al (2010), apontam a importância para o investimento precoce nas habilidades cognitivas e não cognitivas das crianças, pois o desenvolvimento dessas habilidades posteriormente se torna mais difícil. Assim, os autores estabelecem um modelo com múltiplos períodos, onde cada período corresponde a um estágio de desenvolvimento infantil. Logo, a literatura aponta uma relação de causa entre educação infantil e os desempenhos escolares, conclusão dos ciclos escolares, e redução da propensão ao crime. Corroborando para a importância da Educação Infantil como instrumento de políticas públicas. Diante da relevância do tema e da falta de estudos nesta área para o Estado da Bahia, este trabalho tem como objetivo verificar a importância da pré-escola no desempenho escolar dos alunos, da rede pública, medidos pelos testes de proficiência, para o estado da Bahia. Para isso utiliza-se como método os Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), a partir dos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para o ano de 2015. Os resultados encontrados mostram que a creche e a pré-escola têm impacto positivo sobre o desempenho dos estudantes, bem como a escolaridade da mãe e dos professores. Este trabalho está dividido em seis sessões, incluindo esta introdução. Na segunda sessão será apresentado um panorama da educação infantil da Bahia, na terceira sessão tem-se uma revisão bibliográfica com os principais trabalhos voltados para a importância da educação infantil, em seguida, na sessão quatro são apresentados a metodologia e os dados, na sessão cinco os resultados e por fim as considerações finais deste trabalho.

2. Revisão BibliográficaOs séculos XX e XXI são marcados pela crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, bem como pelo crescimento destas como chefes de famílias. Tem crescido cada vez mais a participação das mulheres em vários seguimentos da sociedade provocando como contrapartida o aumento da procura por estabelecimentos de cuidados infantis, visto que, a mulher não consegue sozinha

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atender a todas as necessidades demandadas por uma criança nos seus primeiros anos de vida. Nesse contexto, surgem os centros de cuidados infantis (creche e pré-escola), para suprir essa necessidade. Os cuidados infantis podem ser dois tipos: cuidados parentais, e cuidados não parentais. O primeiro refere-se aos cuidados dispensados pelos membros da família, enquanto que o segundo diz respeito aqueles realizados por creches, pré-escolas, casa de cuidadores e cuidados na casa da criança por um profissional doméstico. Diante dessa problemática, muitos estudiosos têm voltado suas pesquisas para entender o impacto e a importância da educação infantil na formação dos indivíduos. Assim, uma dessas linhas de pesquisa diz respeito a formação das habilidades, tanto cognitivas quanto não cognitivas. A primeira refere-se as habilidades que podem ser medidas nos testes de proficiência, enquanto a não cógnita diz respeito aspectos comportamentais, como perseverança, motivação e autocontrole. De acordo com Cunha e Heckman (2007), as habilidades são múltiplas em natureza e tem efeitos diretos nos salários (controlando a escolaridade) e em muitos outros aspectos da vida social e econômica dos indivíduos. Além disso, as habilidades adquiridas no presente ajudam a criar futuros estoques de habilidades ao longo do ciclo de vida, tendo inclusive, impacto intergeracional. Diversos estudos apontam a importância dos ambientes de creche e pré-escola (educação infantil), para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e não cognitivas das crianças, e em especial, para àquelas que se encontram em condições socioeconômicas desfavoráveis. Nesse aspecto, os trabalhos apontam que existe um impacto maior, do investimento em educação infantil, para as crianças que apresentam maiores fatores de riscos, que são aquelas cujas mães têm baixa escolaridade. Nessas famílias, observa-se um baixo incentivo ao desenvolvimento das habilidades cognitivas e não cognitivas das crianças. Cunha et al (2010), mostra que o investimento em educação infantil além de ser importante, é necessário que ocorra nos primeiros anos da infância. Utilizando um modelo de múltiplos estágios da evolução das habilidades cognitivas e não cognitivas das crianças, os autores, verificam que existe menos evidência de maleabilidade e substituibilidade para as habilidades cognitivas nas fases posteriores do ciclo de vida de uma criança, ou seja, o estímulo das habilidades cognitivas deve ser realizado nos primeiros anos de vida (de zero a cinco anos de idade), pois é mais eficaz do que se realizado posteriormente. Assim, as estimativas sugerem que é mais fácil corrigir as falhas de dotação que determinam a cognição nos primeiros anos de vida do que no chamado segundo estágio (de seis a catorze anos de idade). Elango et al (2015), sintetiza no trabalho as principais literaturas sobre educação infantil e assistência à infância, e observa os benefícios da educação infantil para além dos escores no QI (Quociente de Inteligência) e proficiência, os autores consideram múltiplos resultados em todo ciclo de vida, como por exemplo, saúde física e mental, atividades criminosas, ganhos e engajamento social. A principal conclusão encontrada neste trabalho é que as crianças desfavorecidas se beneficiam mais com os programas de educação infantil, já que os serviços oferecidos nas instituições de cuidados infantis são melhores do que os que lhes são oferecidos em casa.Assim como na literatura internacional, no Brasil também tem sido crescente esta preocupação com o impacto da educação infantil no desenvolvimento das crianças, como é o caso dos trabalhos de Correa et al (2014), Curi e Menezes-Filho (2009), e Felício e Vasconcelos (2007).Os resultados encontrados no trabalho de Correa et al (2014), mostram que um aumento de um mês de assistência à creche contribui positivamente com o escore cognitivo das crianças cujas mães têm escolaridade baixa, em contrapartida esse efeito é cada vez menor à proporção que aumenta a escolaridade das mães, e o efeito se torna negativo quando as mães têm acima de 10 anos de escolaridade. Assim, esse estudo comprova a eficácia dos programas de educação infantil para população com maiores fatores de risco.No trabalho de Curi e Menezes-Filho (2009) utiliza-se dois bancos de dados, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do ano de 2003 e a Pesquisa de Padrão de Vida (PPV) de 1996 e 1997, para identificar o impacto da pré-escola nos salários, conclusão dos ciclos escolares e desempenho escolar. Os autores dividiram a amostra entre aqueles que frequentaram a creche e

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aqueles que frequentaram a pré-escola. Os resultados para conclusão dos ciclos escolares mostraram que frequentar a creche não tem impacto significativo na conclusão do ensino fundamental, porém tem relação positiva e significante de 13% e 19% para conclusão do ensino médio e do ensino universitário, respectivamente, ou seja, frequentar a creche tem maior impacto na conclusão dos níveis educacionais mais elevados. No que tange, ter frequentado a pré-escola, os resultados indicam uma relação positiva e significante para a conclusão dos quatro ciclos escolares. Assim, frequentar a pré-escola aumenta a probabilidade de concluir o ensino fundamental 1, o ensino fundamental 2, o ensino médio, e o ensino universitário em 4%, 18%, 24% e 5,5%, respectivamente. Quanto aos salários, os resultados mostram que ter iniciado os estudos entre 0 e 6 anos de idade tem efeitos positivos no salário. Contudo, frequentar a creche não é estatisticamente significante na presença das variáveis de educação dos pais. As estimações para pré-escola mostram uma relação positiva com a renda dos indivíduos, a pré-escola apresenta uma elasticidade em torno de 0,16 quando controlada pela educação dos indivíduos. Por fim, quanto ao desempenho escolar, as estimações indicam que a pré-escola melhora o desempenho dos alunos, medido por testes de proficiência em matemática, em 7,5%, 3% e 1% na 4º e 8º séries do ensino fundamental e na 3º série do ensino médio, controlados pelas características dos alunos, dos professores e das escolas. O trabalho de Felício e Vasconcelos (2007) também busca investigar a importância da creche e/ou pré-escola para o desempenho escolar, utilizando uma metodologia de pareamento e efeito fixo, com dados do Saeb (2003), Prova Brasil (2005) e Censos Escolares (2003 e 2005). Os resultados encontrados são significativos para o impacto da frequência da educação infantil sobre a proficiência em matemática na 4º série do ensino fundamental I. Utilizando o pareamento, os resultados, mostram que ter frequentado a educação infantil aumenta em 6,6% a média da proficiência em matemática dos estudantes da 4º série do ensino fundamental I. E por fim, comparando creche e pré-escola, separadamente, a primeira aumenta a proficiência em 8,6%, enquanto que a segunda eleva em 6,3%.Logo, todos esses trabalhos comprovam que frequentar creche e ou pré-escola impacta positivamente no desempenho dos estudantes nos demais ciclos da educação. Esse impacto é verificado inclusive em atividades posteriores a educação básica, como no mercado de trabalho e na inserção no Ensino Superior.

3. Educação Infantil na Bahia.A Educação Infantil consiste na primeira etapa da Educação Básica, que engloba ainda o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9. 394/96, era obrigatório a matrícula das crianças a partir de sete anos de idade, cabendo aos pais ou responsáveis destes realizar a matrícula no primeiro ano do Ensino Fundamental, contudo com a Emenda Constitucional nº59/2009 a educação básica passa a ser obrigatória e gratuita a partir dos quatro anos de idade. A partir desta emenda a Educação Infantil passa a ter destaque no processo de formação da Educação Básica, e esta importância é observada também na construção do Plano Nacional da Educação (PNE) e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).O art. 22 da LDB dispõe a respeito da finalidade da educação básica, que tem por objetivo desenvolver o aluno assegurando-lhe uma formação indispensável para o exercício da cidadania fornecendo meios para progredir no trabalho e nos estudos posteriores. Além disso, os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base comum nacional contemplada em cada sistema de ensino e estabelecimento (art. 26 LDB). No que tange, a Educação Infantil, a LDB o art. 29 dispõe que: “A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. ” Sendo oferecida em creches para crianças de zero a três anos de idade, e em pré-escolas para crianças de quatro a seis anos de idade.

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Além da LDB, o Estado oferece outro documento que direciona as futuras etapas da educação, este documento consiste no Plano Nacional de Educação (PNE), o qual a partir da Emenda Constitucional nº 59/2009 passou de uma disposição transitória da Lei nº 9.394/1996 para uma exigência constitucional que deve ser realizado a cada dez anos, e com isso os planos plurianuais devem tomá-lo como referência. A primeira meta do PNE está voltada para Educação Infantil e consiste na universalização, até 2016, da Educação Infantil na pré-escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade, além de ampliar a oferta da educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, cinquenta por cento das crianças de até três anos até 2024, que corresponde ao fim da vigência deste PNE. Com relação a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), encontra-se na sua última fase que consiste na avaliação pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que será realizado em cinco audiências públicas (uma em cada região do país). Assim a BNCC consiste em um documento que define o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo da Educação Básica, de modo que assegurem seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento em acordo com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (Brasil, 2017). A BNCC estabelece competências para cada ciclo da Educação Básica, no âmbito da Educação Infantil são assegurados seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, são eles: conviver; brincar; participar; explorar; expressar; e conhecer-se. E considerando os direitos de aprendizagem e desenvolvimento a BNCC estabelece cinco campos de experiência: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.Portanto, observa-se que as instituições brasileiras já vêm dando destaque para a Educação Infantil, sendo parte importante do processo de formação dos indivíduos. A partir das informações contidas na LDB, do PNE e da BNCC, se analisará os dados que correspondem ao status da Educação Infantil na Bahia. Os gráficos a seguir apresentam informações a respeito dos números de estabelecimentos, matrículas e professores nas escolas públicas na Educação Infantil (creche e pré-escola) para os anos de 2005, 2010 e 2016.

Gráfico 1: Número de Estabelecimentos na Educação Infantil das escolas públicas no Estado da Bahia.

2005 2010 2016 -

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

Creche Pré-Escola

Fonte: Inep, 2017. Elaboração Própria.

Observa-se que o número de estabelecimentos da pré-escola vem diminuindo ao longo do tempo, mesmo após a Emenda Constitucional nº 59/2009 que tornou obrigatório a entrada das crianças na

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escola a partir dos quatro anos de idade. Enquanto que o da creche aumentou. O mesmo pode ser observado no número de matrículas, que reduziu na Pré-escola e aumentou na creche. Essa redução pode ser consequência da mudança demográfica da população, onde tem se reduzido o número de filhos nas famílias.

Gráfico 2: Número de matrículas em Educação Infantil das escolas públicas no Estado da Bahia.

2005 2010 2016 -

50,000

100,000

150,000

200,000

250,000

300,000

350,000

400,000

Creche Pré-escola

Fonte: Inep, 2017. Elaboração Própria.

Por fim o gráfico 3 apresenta o número de docentes na Educação Infantil, no caso da creche houve um aumento ao longo dos anos e no caso da pré-escola observa-se uma queda de 2005 para 2010 e um aumento de 2010 para 2016.

Gráfico 3: Número de Docentes na Educação Infantil das escolas públicas no Estado da Bahia.

2005 2010 2016 -

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

Creche Pré-escola

Fonte: Inep, 2017. Elaboração Própria.

Mesmo com o entendimento da importância da Educação Infantil para a formação dos estudantes, tal prioridade não é verificada no Estado da Bahia, dado a redução dos estabelecimentos, matrículas

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e docentes no pré-escola. Além disso, esses dados mostram a dificuldade do estado da Bahia em cumprir a primeira meta do PNE, da universalização da Educação Infantil na Pré-Escola para as crianças de quatro a cinco anos, já que umas das estratégias consiste na expansão de oferta de vagas, e o que se verifica, principalmente, na pré-escola é uma redução. A partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do ano de 2015, pode-se observar informações a respeito dos cuidados das crianças menores de quatro anos de idade. Os dados para Bahia mostram que apenas 12,1% dos indivíduos da amostra deixavam a criança de segunda a sexta na creche ou escola no período da manhã, enquanto que 78% dos casos a criança permaneciam na casa onde residia. Quando questionados onde a criança ficava de segunda a sexta no período da tarde, 38,7% afirmaram que deixava a criança numa creche ou escola, enquanto que 41,7 % permaneciam na casa onde residia. Logo, verifica-se que existe uma demanda maior para o período da tarde do que para o período da manhã. Por fim, quando questionados a respeito do interesse em matricular a criança na creche ou escola 62,4% afirmaram que tinham interesse. Portanto, existe uma demanda das famílias por esses estabelecimentos. Nas sessões seguintes inicia-se a apresentação dos dados de da metodologia utilizada no modelo, bem como os resultados encontrados na pesquisa.

4. Metodologia e Dados4.1. DadosOs dados utilizados para a análise econométrica foram extraídos do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), para o ano de 2015. O Saeb foi instituído em 1990 e é composto por um conjunto de avaliações, que tem como objetivo diagnosticar a educação básica no Brasil. A partir de 2005 o Saeb passou a ser composto por duas avaliações: a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb), e a e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), conhecida como Prova Brasil. Além disso, em 2013 a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) foi incorporada ao Saeb para melhor aferir os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa (leitura e escrita) e Matemática. Assim, o Saeb, atualmente, é composto por três avaliações externas de larga escala, tendo como público alvo os alunos do 5º ano e 9º ano do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio.

Figura 1: Composição do Saeb.

Fonte: Inep, 2017

Para realização deste trabalho foram utilizadas informações dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas do estado da Bahia, além das informações de escolaridade das mães e dos pais dos alunos, e salários e escolaridade dos professores e diretores.

4.2 MetodologiaA metodologia utilizada neste artigo consiste de uma regressão utilizando o método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), tendo como variável dependente o logaritmo da nota padronizada

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pelo Saeb em Língua Portuguesa e Matemática, é usual na literatura utilizar a variável correspondente a proficiência dos alunos em logaritmo, para linearizar os resultados da regressão. Com relação às variáveis independes foram compostas por informações de início na escola (creche e pré-escola), cor, gênero, idade do estudante, background familiar (escolaridade da mãe e do pai), informações de escolaridade e salários dos professores e diretores. As variáveis dos professores foram separadas para professores que ensinam somente de português, ou somente de matemática e professores que lecionam português e matemática. É necessário verificar se a escolaridade e os salários dos professores tem impacto no desempenho dos estudantes, bem como as informações dos gestores da escola, por isso a necessidade de inserir variáveis referentes a escolaridade e salários dos diretores. Assim, estimou-se as notas obtidas pelos alunos nos exames de proficiência em função do período que iniciaram os estudos, controlando outras informações que também afetam no desempenho do aluno. A equação do modelo pode ser escrita da seguinte maneira:

lnprofic=α +β1crec h e+β2 pr é − escola+β3 A+β4 F+β6 P+β7 D+ε

Onde lnprofic é o logaritmo da proficiência dos alunos, creche é uma dummy para representar aqueles indivíduos que iniciaram os estudos na creche, pré-escola é uma dummy para representar aqueles alunos que entraram na pré-escola, A é o vetor de informações dos alunos, F vetor de informações do background familiar, P vetor de informações dos professores, D vetor de dados dos diretores, e ε termo de erro. A tabela 1 do Anexo contém o resumo e a descrição das variáveis. Na próxima sessão serão apresentados as estatísticas descritivas e os resultados encontrados.

5. ResultadosOs resultados mostram que iniciar os estudos na creche ou na pré-escola impacta positivamente nos níveis de proficiência dos estudantes. A seguir apresenta-se as estatísticas descritivas da amostra, bem como os resultados encontrados.

5.1 Estatísticas DescritivasA tabela 1 apresenta as estatísticas descritivas para as notas de proficiência em português e matemática, e para as dummys branco, feminino, creche e pré-escola. Observa-se que a média da nota de proficiência em português é 183.8959, tendo o mínimo de 88.73063 e o máximo de 337.2909. Enquanto a média da nota de proficiência em matemática é 195.6817 variando entre o mínimo de 120.9938 e o máximo de 365.9222, percebe-se que os alunos obtiveram notas maiores nos testes de proficiência em matemática do que em português. Além disso, verifica-se que existe uma porcentagem pequena de indivíduos brancos, 13,31%, os do gênero feminino correspondiam a 48,83%. E com relação a entrada na escola 32,39% iniciou na creche e 28,70% na pré-escola. O gráfico 4 apresenta mais informações a respeito da entrada dos alunos na escola.

Tabela 1: Estatísticas Descritivas.

Variáveis Observações MédiaDesvio

PadrãoMínimo Máximo

Profic_Português_Saeb 129483 183.8959 42.74497 88.73063 337.2909

Profic_Matemática_Saeb 129483 195.6817 38.35061 120.9938 365.9222

BRANCO 158242 .1331758 .3397657 0 1

FEMININO 120869 .4883469 .4998663 0 1

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CRECHE 158242 .3239026 .4679648 0 1

PRE-ESCOLA 158242 .2870035 .4523646 0 1

Fonte: Elaboração própria, dados Saeb/Inep, 2015.

As informações extraídas do gráfico são próximas daquelas observadas na tabela acima, 31,90% dos alunos iniciaram os estudos na creche, 28,25% na pré-escola, 9,45% na primeira série do Ensino Fundamental e apenas 4,83% depois da primeira série. Com isso, verifica-se que 60,15% da amostra iniciou os estudos na creche ou pré-escola.

Gráfico 4: Quando o aluno entrou na escola.

Fonte: Elaboração própria, dados Saeb/Inep, 2015.

A tabela 2 apresenta a relação entre gênero e a proficiência em português por quartis, observa-se que os indivíduos do gênero feminino têm o maior percentual nos quartis mais elevados, quando comparados aos estudantes do sexo masculino. Se compararmos com relação a média, verifica-se que 57,8% dos estudantes do gênero feminino tiveram pontuação acima da média e 46,4% dos indivíduos do sexo masculino obtiveram pontuação acima da média.

Tabela 2: Relação entre gênero e proficiência em português por quartis.

Proficiência em Língua Portuguesa - Quartis

Qual é o seu sexo?

Masculino. Feminino.Contagem N % da coluna Contagem N % da coluna

Até 151.8177 17898 27,0% 12166 19,2%Entre 151.8178 e 179.4995 17588 26,5% 14551 23,0%

Entre 179.4996 e 212.3891 16120 24,3% 17199 27,2%

Acima de 212.389214668 22,1% 19339 30,6%

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Fonte: Elaboração própria, dados Saeb/Inep, 2015.

Já a tabela 3 tem-se a relação entre gênero e proficiência em matemática por quartis. Verifica-se que os indivíduos do sexo feminino têm uma porcentagem maior no segundo e terceiro quartil e existe um percentual maior de estudantes do gênero masculino no último quartil. Fazendo uma comparação com média 64% dos estudantes do sexo feminino tiveram notas acima da média, contra 64,8% do gênero masculino.

Tabela 3: Relação entre gênero e proficiência em matemática por quartis.

Proficiência em Matemática -

Quartis

Qual é o seu sexo?

Masculino. Feminino.

Contagem N % da coluna Contagem N % da colunaAté 151.8177 7244 10,9% 6739 10,7%

Entre 151.8178 e 179.4995 16063 24,2% 16057 25,4%

Entre 179.4996 e 212.3891 21153 31,9% 21480 34,0%

Acima de 212.3892 21815 32,9% 18982 30,0%

Fonte: Elaboração própria, dados Saeb/Inep, 2015.

Assim, quando se compara a proficiência de português e matemática, verifica-se uma porcentagem maior de alunos com notas acima da média em matemática do que em português. Além disso, os estudantes do sexo feminino apresentam maiores notas em português do que os indivíduos do sexo masculino, e quanto a matemáticas as notas mais elevadas correspondem aos estudantes do sexo masculino.

5.2 Resultados do MQOOs resultados da regressão por MQO mostram impacto positivo e significante para as dummys de creche e pré-escola. A tabela 2 do anexo apresenta os resultados encontrados, a coluna um refere-se à proficiência em português, quando o professor é somente de português, na coluna dois tem-se a proficiência em matemática quando o professor é somente de matemática, e na coluna três e quatro refere-se as proficiências de português e matemática, respectivamente, quando o professor é de ambas as matérias.Observa-se que creche e pré-escola apresentaram impacto positivo e estatisticamente significante tanto proficiência em português quanto para matemática, nas quatro regressões. Assim, iniciar os estudos na creche pode aumentar a avaliação de proficiência em português em 3,34% (professor somente de português) e 3,2% (professor de português e matemática) e aumenta a proficiência em matemática em 2,59% (professor de matemática) e em 2,73% (professor de português e matemática). Já iniciar os estudos na pré-escola aumenta a nota de proficiência em português em 5,45% (professor somente de português) e 4,49% (professor de português e matemática) e aumenta a proficiência matemática em 4,34% (professor de matemática) e em 4,09% (professor de português e matemática). Portanto a pré-escola apresenta um impacto superior à creche. A variável feminino apresenta impacto positivo para português, mas negativa para matemática, indicando que os indivíduos do sexo feminino possuem maiores notas em português, contudo tem notas menores em matemática quando comparado com o sexo masculino. Com relação às variáveis de escolaridade da mãe, o fato desta nunca ter estudado impacta negativamente no desempenho dos alunos. A variável que apresentou maior impacto foi a mãe com

Page 11:   · Web viewA tabela 2 apresenta a relação entre gênero e a proficiência em português por quartis, observa-se que os indivíduos do gênero feminino têm o maior percentual

Ensino Médio, apresentando impacto positivo e estatisticamente significante, a mãe ter Ensino Médio aumenta a proficiência em português em 7,83% (professor somente de português) e 7,34% (professor de português e matemática) e aumenta a proficiência matemática 6,25% (professor de matemática) e 6,4% (professor de português e matemática). As variáveis relacionadas a escolaridade dos pais também apresenta resultados significativos. O pai nunca ter estudado ou ter até ensino médio completo impacta negativamente no desempenho dos estudantes. Já o pai ter ensino médio completo impacta positivamente nas notas de proficiência dos alunos. Com relação a escolaridade dos professores de português, todos os níveis apresentaram valor do coeficiente negativo, bem como as variáveis salários. Já a escolaridade dos professores de matemática apresentou coeficientes positivos, porém não foram estatisticamente significantes. Os salários, assim como os professores de português apresentaram coeficientes negativos. Como se trata de turmas do 5º ano do Ensino Fundamental, e nesta fase na maioria das escolas, um único professor leciona as principais disciplinas, a variável que identifica professor de português e matemática apresentou resultados mais significativos do que as demais. Ter superior em Pedagogia tem impacto positivo sobre o desempenho dos alunos, aumenta em 2,52% a proficiência em português e 1,72% a proficiência em matemática. Licenciatura em Letras também apresentou um coeficiente positivo e estatisticamente significante. Aumenta em 2,69% a proficiência em português e 1,65% a proficiência em matemática. Ainda com relação às variáveis relacionadas aos professores de português e matemática, ter um salário baixo impacta negativamente nos níveis de proficiência, e os salários mais altos têm impacto positivo nos desempenhos dos alunos.

6. Considerações FinaisEste trabalho teve como objetivo identificar o impacto da creche e da pré-escola no desempenho dos estudantes, medido pelas notas de proficiência em português e matemática padronizadas pelo Saeb. Para isso, foi utilizada uma amostra com alunos do 5º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas do Estado da Bahia, para o ano de 2015 do Saeb. Os dados apresentados mostraram que 60,15% dos estudantes da amostra tinha frequentado a creche e/ou a pré-escola, e que mais de 50% dos estudantes obtiveram notas igual ou superior à nota média de proficiência. Os resultados do MQO comprovaram que ter iniciado os estudos na creche e/ou na pré-escola afeta positivamente no desempenho dos alunos, bem como a escolaridade da mãe, do pai e dos professores que lecionam as duas disciplinas (português e matemática). Estes resultados corroboram com os verificados na literatura. Portanto, a Educação Infantil tem papel relevante para o desempenho dos estudantes nos ciclos seguintes, devendo ser considerada como uma política pública importante para elevação dos índices educacionais. Além disso, como destacado na literatura de referência a Educação Infantil também contribui para redução da criminalidade, conclusão dos demais ciclos escolares da Educação Básica (Ensino Fundamental e Ensino Médio), e para inserção dos indivíduos no Ensino Superior.

Referências

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BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em 13/11/2017.

Page 12:   · Web viewA tabela 2 apresenta a relação entre gênero e a proficiência em português por quartis, observa-se que os indivíduos do gênero feminino têm o maior percentual

BRASIL. Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>. Acesso em: 20/11/2017.

CORREA, Esmeralda; COMIM, Flávio; TAI, Silvio Hong Tiing. Impactos da Creche na Primeira Infância: efeitos dependendo das características da família e do grau de exposição ao centro de cuidados. Disponível em: <https://www.anpec.org.br/encontro/2014/submissao/files_I/i12-29efc0c5e14e28d3b3096e45ef2ad593.pdf>. Acesso em 23/11/2017.

CUNHA, Flavio; HECKMAN, James J. The Technology of Skill Formation. National Bureau of Economic Research. Working Paper 12840. January, 2007. Disponível em: <http://www.nber.org/papers/w12840.pdf>. Acesso em 25/10/2017.

CUNHA, Flavio; HECKMAN, James J.; SCHENNACH, Sussane. Estimating the Technology of Cognitive and Noncognitive Skill Formation. Econometrica. Vol. 78, nº 3, May, 2010. Disponível em: <http://www.nber.org/papers/w15664.pdf>. Acesso em: 27/04/2017.

CUNHA, Flavio; HECKMAN, James J. Capital Humano. In: Aprendizagem Infantil: Uma abordagem da neurociência, economia e psicologia cognitiva. Org: Aloisio Araújo. Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-6821.pdf>. Acesso em 10/10/2017.

CURI, Andréa Zaitune; MENEZES-FILHO, Naércio Aquino. A Relação entre Educação Pré-Primária, Salários, Escolaridade e Proficiência Escolar no Brasil. Estudos Econômicos, V.39, N. 4. P. 811-850. São Paulo, outubro-dezembro, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ee/v39n4/05.pdf>. Acesso em 28/11/2017.

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INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Sinopse Estatística da Educação Básica 2016. Brasília: Inep, 2017. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/sinopses-estatisticas-da-educacao-basica>. Acesso em: 13/11/2017.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Microdados da Aneb e da Anresc 2015. Brasília: Inep, 2017. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/basica-levantamentos-acessar>. Acesso em: 28/11/2017.

ANEXOS

Tabela 1: Resumo e Descrição das Variáveis

Representação Variável Descrição Fonte

Variáveis Dependentes

Lnprof_LP

Logaritmo da Proficiência em Língua Portuguesa

Nota padronizada pelo Saeb da proficiência em Língua Portuguesa

Saeb

Page 13:   · Web viewA tabela 2 apresenta a relação entre gênero e a proficiência em português por quartis, observa-se que os indivíduos do gênero feminino têm o maior percentual

Fonte: Elaboração Própria.

Tabela 2: Resultados do MQO

(1) (2) (3) (4)lnprof_LP lnprof_MAT lnprof_LP lnprof_MAT

Representação Variável Descrição Fonte

Variáveis Dependentes

Lnprof_LP

Logaritmo da Proficiência em Língua Portuguesa

Nota padronizada pelo Saeb da proficiência em Língua Portuguesa

Saeb

Page 14:   · Web viewA tabela 2 apresenta a relação entre gênero e a proficiência em português por quartis, observa-se que os indivíduos do gênero feminino têm o maior percentual

CRECHE 0.0334*** 0.0259*** 0.0320*** 0.0273***

(0.00578) (0.00499) (0.00173) (0.00147)

PRE_ESCOLA 0.0545*** 0.0434*** 0.0449*** 0.0409***

(0.00587) (0.00512) (0.00177) (0.00150)

BRANCO 0.00238 -0.00219 -0.00577** -0.00614***

(0.00578) (0.00499) (0.00180) (0.00153)

FEMININO 0.0396*** -0.0269*** 0.0360*** -0.0263***

(0.00443) (0.00383) (0.00134) (0.00114)

oito_anos_ou_menos 0.0288 -0.0332 -0.0365* -0.0159(0.0468) (0.0397) (0.0149) (0.0127)

nove_anos 0.144*** 0.0869** 0.141*** 0.0980***

(0.0312) (0.0267) (0.0104) (0.00881)

dez_anos 0.207*** 0.147*** 0.223*** 0.152***

(0.0188) (0.0169) (0.00558) (0.00474)

onze_anos 0.193*** 0.136*** 0.204*** 0.139***

(0.0186) (0.0167) (0.00551) (0.00469)

doze_anos 0.109*** 0.0767*** 0.126*** 0.0767***

(0.0191) (0.0171) (0.00566) (0.00482)

treze_anos_ou_mais 0.0760*** 0.0474** 0.0928*** 0.0579***

(0.0190) (0.0171) (0.00566) (0.00481)

mae_nunca_estudou -0.0521*** -0.0269** -0.0431*** -0.0305***

(0.0115) (0.00986) (0.00346) (0.00295)

mae_ensino_fundamental_incomplet

-0.0195** -0.0108 -0.0131*** -0.00654***

(0.00633) (0.00553) (0.00188) (0.00160)

mae_ensino_fundamental_completo -0.0109 -0.00559 0.00242 0.00749***

(0.00860) (0.00747) (0.00263) (0.00224)

mae_ensino_medio_completo 0.0783*** 0.0629*** 0.0734*** 0.0640***

(0.00808) (0.00689) (0.00243) (0.00207)

mae_ensino_superior_completo 0.0151 0.0257*** 0.0346*** 0.0317***

(0.00852) (0.00727) (0.00262) (0.00223)

pai_nunca_estudou -0.0505*** -0.0277** -0.0499*** -0.0378***

(0.00959) (0.00849) (0.00293) (0.00249)

pai_ensino_fundamental_incomplet -0.0294*** -0.0154** -0.0223*** -0.0153***

(0.00650) (0.00575) (0.00197) (0.00168)

pai_ensino_fundamental_completo -0.0254** -0.0102 -0.0228*** -0.0113***

(0.00933) (0.00801) (0.00281) (0.00239)

pai_ensino_medio_completo 0.0412*** 0.0291*** 0.0319*** 0.0224***

(0.00979) (0.00807) (0.00289) (0.00246)

pai_ensino_superior_completo 0.0115 0.00407 -0.00718** -0.00761**

(0.00892) (0.00759) (0.00277) (0.00236)

PORTmenosensmed -0.169**

(0.0589)

Representação Variável Descrição Fonte

Variáveis Dependentes

Lnprof_LP

Logaritmo da Proficiência em Língua Portuguesa

Nota padronizada pelo Saeb da proficiência em Língua Portuguesa

Saeb

Page 15:   · Web viewA tabela 2 apresenta a relação entre gênero e a proficiência em português por quartis, observa-se que os indivíduos do gênero feminino têm o maior percentual

PORTensinomedprof -0.0757***

(0.0224)

PORTsupedagogia -0.0451*

(0.0219)

PORTsupoutros -0.0555*

(0.0217)

PORTlicportugues -0.0604**

(0.0224)

PORTsalario_1 -0.203***

(0.0570)

PORTsalario_2 -0.218***

(0.0588)

PORTsalario_3 -0.231***

(0.0586)

PORTsalario_4 -0.243***

(0.0587)

PORTsalario_5 -0.217***

(0.0582)

PORTsalario_6 -0.222***

(0.0589)

PORTsalario_7 -0.222***

(0.0627)

diretor_menos_ensino_medio 0 0 -0.0523*** -0.0282**

(.) (.) (0.0121) (0.0103)

diretor_ensino_medio_magisterio 0.0411* 0.0620* -0.00228 0.00220(0.0177) (0.0257) (0.00557) (0.00474)

diretor_ensino_medio_outros 0.126** 0.0378 -0.0218** -0.0148*

(0.0427) (0.0354) (0.00803) (0.00683)

diretor_ensino_superior_pedagogi 0.0486** 0.0614** 0.0105* 0.0108*

(0.0156) (0.0236) (0.00507) (0.00431)

diretor_ensino_superior_outros 0.0402* 0.0710** 0.00484 0.00874*

(0.0159) (0.0238) (0.00515) (0.00438)

diretor_ensino_superior_matemati 0.0604** 0.0521* -0.0133* -0.00974(0.0188) (0.0257) (0.00621) (0.00529)

diretor_ensino_superior_letras 0.0597*** 0.108*** -0.00466 -0.000642(0.0170) (0.0243) (0.00541) (0.00460)

SALARIO_DIRETOR_1 0.135** 0.00769 -0.0209* -0.00914(0.0421) (0.0323) (0.0106) (0.00901)

SALARIO_DIRETOR_2 -0.0311 -0.0803** -0.0388*** -0.0311***

(0.0296) (0.0257) (0.00866) (0.00737)

SALARIO_DIRETOR_3 0.00150 -0.0771** -0.0145 -0.0121(0.0284) (0.0244) (0.00809) (0.00689)

Representação Variável Descrição Fonte

Variáveis Dependentes

Lnprof_LP

Logaritmo da Proficiência em Língua Portuguesa

Nota padronizada pelo Saeb da proficiência em Língua Portuguesa

Saeb

Page 16:   · Web viewA tabela 2 apresenta a relação entre gênero e a proficiência em português por quartis, observa-se que os indivíduos do gênero feminino têm o maior percentual

SALARIO_DIRETOR_4 0.0221 -0.0309 -0.00852 -0.00963(0.0280) (0.0240) (0.00792) (0.00674)

SALARIO_DIRETOR_5 0.0344 -0.0492* -0.00230 -0.00726(0.0279) (0.0237) (0.00787) (0.00669)

SALARIO_DIRETOR_6 0.0293 -0.0550* 0.0129 0.00312(0.0281) (0.0239) (0.00791) (0.00673)

SALARIO_DIRETOR_7 0.0477 -0.00442 0.0395*** 0.0270***

(0.0294) (0.0250) (0.00813) (0.00692)

MATmenosensmed 0.0331(0.0298)

MATensinomedprof 0.00762(0.00866)

MATsupedagogia 0.0154*

(0.00766)

MATsupoutros 0.0216*

(0.00892)

MATlicmatematica 0.0103(0.00962)

MATsalario_1 -0.110***

(0.0279)

MATsalario_2 -0.119***

(0.0271)

MATsalario_3 -0.122***

(0.0269)

MATsalario_4 -0.123***

(0.0271)

MATsalario_5 -0.127***

(0.0271)

MATsalario_6 -0.118***

(0.0282)

MATsalario_7 -0.109***

(0.0311)

PORTMATmenosensmed -0.0166 -0.0100(0.0123) (0.0105)

PORTMATensinomedprof -0.00246 -0.00415(0.00488) (0.00415)

PORTMATsupedagogia 0.0252*** 0.0172***

(0.00486) (0.00414)

PORTMATsupoutros 0.0140** 0.00994*

(0.00490) (0.00417)

PORTMATlicmatematica 0.00623 0.00882(0.00723) (0.00615)

Representação Variável Descrição Fonte

Variáveis Dependentes

Lnprof_LP

Logaritmo da Proficiência em Língua Portuguesa

Nota padronizada pelo Saeb da proficiência em Língua Portuguesa

Saeb

Page 17:   · Web viewA tabela 2 apresenta a relação entre gênero e a proficiência em português por quartis, observa-se que os indivíduos do gênero feminino têm o maior percentual

PORTMATlicportugues 0.0269*** 0.0169***

(0.00516) (0.00439)

PORTMATsalario_1 -0.0192*** -0.0130**

(0.00554) (0.00471)

PORTMATsalario_2 0.00284 0.00451(0.00525) (0.00447)

PORTMATsalario_3 0.00315 0.00766(0.00523) (0.00445)

PORTMATsalario_4 0.00487 0.00521(0.00525) (0.00447)

PORTMATsalario_5 0.0215*** 0.0187***

(0.00520) (0.00443)

PORTMATsalario_6 0.0270*** 0.0215***

(0.00547) (0.00466)

PORTMATsalario_7 0.0314*** 0.0323***

(0.00616) (0.00524)

_cons 5.198*** 5.224*** 4.944*** 5.108***

(0.0710) (0.0409) (0.0119) (0.0101)N 9373 9229 104645 104645R2 0.157 0.110 0.140 0.104Fonte: Elaboração própria, dados Saeb/Inep, 2015.