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01 - (UNCISAL/2014) Nesta tirinha do cartunista Laerte, o riso instaura-se devido ao entendimento equivocado do termo “assina” por “a sina”. Tal diferença de entendimento ocorreu, originalmente, porque se estabeleceu uma relação a) polissêmica entre as palavras. b) homofônica entre as palavras. c) sinonímica entre as palavras. d) homográfica entre as palavras. e) hiperonímica entre as palavras. 02 - (IBMEC SP/2016) Nessa charge, o recurso utilizado para produzir humor é a a) linguagem nonsense, apresentando sentidos inconsistentes para as palavras “esquerda” e “direita”. b) metaforização do termo “direita”, indicando a inquietação existencial do personagem. c) polissemia das palavras “esquerda” e “direita”, com acepções associadas a diferentes campos semânticos. d) metalinguagem, traduzindo e revelando os sentidos implícitos do termo “esquerda”. e) repetição do termo “direita” como forma de denunciar a opressão política. TEXTO: 1 - Comum à questão: 3 Dissertação no Enem deve propor solução (Adaptado) A redação é considerada o ponto alto do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Dissertativo, o texto aborda sempre um tema nacional: um problema para exigir do candidato uma proposta de solução, a chamada intervenção. “O Enem promove uma prova de cidadania, e a redação é como um fórum anual de debates em que os alunos são convocados”, compara Maria Aparecida Custódio, professora do Laboratório de Redação do Curso e Colégio Objetivo. É nessa parte que o exame nacional requer um segundo posicionamento do estudante. “Além de apresentar seu ponto de vista com base na discussão do tema e de defendê-lo por argumentos coerentes, será preciso apontar um caminho que atenue aspectos negativos e que promova melhoria social”, explica Davi Fazzolari, professor e coordenador de Língua Portuguesa e de Produção de Texto do ensino médio no Colégio Visconde de Porto Seguro. Apesar de temida, a intervenção não tem segredo, de acordo com os professores ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. O importante é focar no tema, que já carrega um problema para discussão, indica Simone Ferreira Gonçalves da Motta, professora e coordenadora de Português do Grupo Etapa. “O tema, sempre ligado a questões sociais e de direitos humanos, já favorece a proposta de intervenção”. A ideia de solução deve vir no fim do texto, diz Simone, porque depende da organização do raciocínio e dos problemas levantados ao longo da dissertação. E deve ser factível , envolvendo ao menos três agentes. “A solução nunca deve partir só do governo. Também deve passar pela sociedade e pela família, ou por

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01 - (UNCISAL/2014)

Nesta tirinha do cartunista Laerte, o riso instaura-se devido ao entendimento equivocado do termo “assina” por “a sina”. Tal diferença de entendimento ocorreu, originalmente, porque se estabeleceu uma relação

a) polissêmica entre as palavras.b) homofônica entre as palavras.c) sinonímica entre as palavras.d) homográfica entre as palavras.e) hiperonímica entre as palavras.

02 - (IBMEC SP/2016)

Nessa charge, o recurso utilizado para produzir humor é a

a) linguagem nonsense, apresentando sentidos inconsistentes para as palavras “esquerda” e “direita”.

b) metaforização do termo “direita”, indicando a inquietação existencial do personagem.

c) polissemia das palavras “esquerda” e “direita”, com acepções associadas a diferentes campos semânticos.

d) metalinguagem, traduzindo e revelando os sentidos implícitos do termo “esquerda”.

e) repetição do termo “direita” como forma de denunciar a opressão política.

TEXTO: 1 - Comum à questão: 3

Dissertação no Enem deve propor solução

(Adaptado)

A redação é considerada o ponto alto do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Dissertativo, o texto aborda sempre um tema nacional: um problema para exigir do candidato uma proposta de solução, a chamada intervenção. “O Enem promove uma prova de cidadania, e a redação é como um

fórum anual de debates em que os alunos são convocados”, compara Maria Aparecida Custódio, professora do Laboratório de Redação do Curso e Colégio Objetivo. É nessa parte que o exame nacional requer um segundo posicionamento do estudante. “Além de apresentar seu ponto de vista com base na discussão do tema e de defendê-lo por argumentos coerentes, será preciso apontar um caminho que atenue aspectos negativos e que promova melhoria social”, explica Davi Fazzolari, professor e coordenador de Língua Portuguesa e de Produção de Texto do ensino médio no Colégio Visconde de Porto Seguro.

Apesar de temida, a intervenção não tem segredo, de acordo com os professores ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. O importante é focar no tema, que já carrega um problema para discussão, indica Simone Ferreira Gonçalves da Motta, professora e coordenadora de Português do Grupo Etapa. “O tema, sempre ligado a questões sociais e de direitos humanos, já favorece a proposta de intervenção”. A ideia de solução deve vir no fim do texto, diz Simone, porque depende da organização do raciocínio e dos problemas levantados ao longo da dissertação. E deve ser factível, envolvendo ao menos três agentes. “A solução nunca deve partir só do governo. Também deve passar pela sociedade e pela família, ou por outras instituições, como a escola e ONGs, dependendo do assunto”, esclarece Maria Aparecida, do Objetivo.

03 - (UNIFOR CE/2016) De acordo com o cenário apresentado no texto, o termo “factível” (destaque no texto) significa

a) aquilo que é real.b) aquilo que se pode comprovar.c) aquilo que se pode ver.d) aquilo que é de conhecimento de todos.e) aquilo que se pode realizar.

TEXTO: 2 - Comum à questão: 4

O FUTURO ERA LINDO

1 A informação seria livre. Todo o saber do mundo seria compartilhado, bem como a música, 2 o cinema, a literatura e a ciência. O custo seria zero. O espaço seria infinito. A velocidade, 3 estonteante. A solidariedade e a colaboração seriam os valores supremos. A criatividade, o único 4 poder verdadeiro. O bem triunfaria sobre os males do capitalismo. O sistema de representação 5 se tornaria obsoleto. Todos os seres humanos teriam oportunidades iguais em qualquer lugar do 6 planeta. Todos seriam empreendedores e inventivos. Todos poderiam se expressar livremente. 7 Censura, nunca mais. As fronteiras deixariam de existir. As distâncias se tornariam irrelevantes. 8 O inimaginável seria

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possível. O sonho, qualquer sonho, poderia se tornar realidade.9 Livre, grátis, inovador, coletivo, palavras-chave do novo mundo que a internet inaugurou. Por 10 anos esquecemos que a internet foi uma invenção militar, criada para manter o poder de quem 11 já o tinha. Por anos fingimos que transformar produtos físicos em produtos virtuais era algo 12 ecologicamente correto, esquecendo que a fabricação de computadores e celulares, com a 13 obsolescência embutida em seu DNA, demanda o consumo de quantidades vexatórias de 14 combustíveis fósseis, de produtos químicos e de água, sem falar no volume assombroso de lixo 15 não reciclado em que resultam, incluindo lixo tóxico.16 Ninguém imaginou que o poder e o dinheiro se tornariam tão concentrados em 17

megahipercorporações norte-americanas como o Google, que iriam destruir para sempre 18 tantas indústrias e atividades em tão pouco tempo. Ninguém previu que os mesmos Estados 19 Unidos, graças às maravilhas da internet sempre tão aberta e juvenil, se consolidariam como 20 os maiores espiões do mundo, humilhando potências como a Alemanha e também o Brasil, 21 impondo os métodos de sua inteligência militar sobre a população mundial, e guiando ao 22 arrepio da justiça os bebês engenheiros nota dez em matemática mas ignorantes completos 23 em matéria de ética, política e em boas maneiras.24 Ninguém previu a febre das notícias inventadas, a civilização de perfis falsos, as enxurradas de 25 vírus, os arrastões de números de cartão de crédito, a empulhação dos resultados numéricos 26 falseados por robôs ou gerados por trabalhadores mal pagos em países do terceiro mundo, o 27 fim da privacidade, o terrorismo eletrônico, inclusive de Estado.

Marion Strecker Adaptado de Folha de São Paulo, 29/07/2014.

04 - (UERJ/2016) Ninguém imaginou (Ref. 16)Ninguém previu (Refs. 18-24)

A repetição do vocábulo ninguém, nos dois últimos parágrafos do texto, reforça o seguinte sentido:

a) flexibilidade do ponto de vistab) contestação da verdade factualc) dimensão do otimismo ingênuod) necessidade de crítica ao passado

TEXTO: 3 - Comum à questão: 5

O yuan cai – na nossa cabeça

Assim que a China anunciou, no dia 11 [11.08.2015], que permitira uma queda de 1,9% no valor de sua moeda, o yuan, Bolsas e moedas de outros países desabaram. Foi a maior desvalorização cambial na China desde 1994. Ao baratear sua

moeda e, como consequência, seus salários e seus produtos, os chineses impulsionaram suas exportações. Mas dificultam a vida da concorrência e a recuperação econômica em outros países. Entre esses sofredores, está o Brasil.

O Brasil já vinha sentindo um baque duplo: a China em desaceleração consome menos de nossa soja e de nosso minério de ferro, e os preços desses produtos no mercado internacional estão em baixa. O Brasil normalmente vende para a China mais do que compra.

(Época, 17.08.2015)

05 - (FGV /2016) Analisando o título do texto, explique os sentidos que o verbo “cair” assume no título, associando-os a informações textuais;

TEXTO: 4 - Comum à questão: 6

O EGOÍSMO GREGÁRIO COMO PRINCÍPIO DO

REBANHO PÓS-MODERNO

1 Estamos numa época de promoção do egoísmo, de produção de egos tanto mais cegos ou cegados 2 que não percebem o quanto podem hoje ser recrutados em conjuntos massificados. Em outras palavras, 3 vemos egos, isto é, pessoas que se creem iguais e que, na realidade, passaram a ficar sob o controle do 4 que se deve bem chamar “o rebanho”. Viver em rebanho fingindo ser livre nada mais mostra que uma 5 relação consigo catastroficamente alienada, uma vez que supõe ter erigido como regra de vida uma relação 6 mentirosa consigo mesmo. E, a partir daí, com os outros. Assim, mentimos despudoradamente aos outros, 7 àqueles que vivem fora das democracias liberais, quando lhes dizemos que acabamos – com algumas 8 maquininhas à guisa de presentes ou de armas nas mãos em caso de recusa – de lhes trazer a liberdade 9 individual; na realidade, visamos, antes de tudo, fazer com que entrem no grande rebanho dos 10 consumidores.

11 Mas qual é, perguntarão, a necessidade dessa mentira? Por que precisamos fazer crer que somos 12

livres quando vivemos em rebanho? E por que precisamos fazer outros crerem que são livres quando 13 vamos colocá-los em rebanho? A resposta é simples. É preciso que cada um vá livremente na direção das 14 mercadorias que o bom sistema de

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produção capitalista fabrica para ele. Digo bem “livremente” pois, 15 forçado, resistiria. Ao passo que livre, pode consentir em querer o que lhe dizem que deve querer enquanto 16 cidadão livre. A obrigação permanente de consumir deve, portanto, ser redobrada por um discurso 17 incessante de liberdade, de uma falsa liberdade, é claro, entendida como permissão para fazer “tudo o que 18 se quer”. Esse duplo discurso é exatamente o das democracias liberais, descambem para a direita ou para 19 a esquerda. É pelo egoísmo que se deve agarrar os indivíduos para arrebanhá-los, pois é o meio mais 20

econômico e racional de ampliar sempre mais as bases do consumo de um conjunto de pessoas 21

permanentemente levadas para necessidades reais ou, quase sempre, supostas.

DUFOUR, Dany-Robert. O divino mercado: a revolução cultural

liberal. Rio de Janeiro: Cia de Freud, 2008. p. 23-24. (Adaptado).

06 - (UEG GO/2016) No texto, as palavras “rebanho” e “livremente” são colocadas entre aspas com o objetivo de

a) marcar sua inadequação semântica. b) destacar seus significados equivalentes. c) enfatizar seu uso metafórico e aproximado. d) restringir sua interpretação ao sentido literal.

TEXTO: 5 - Comum à questão: 7

O Facebook mudou o mundo para sempre

Em uma segunda-feira, um em cada sete indivíduos no mundo usou o Facebook – 1 bilhão de pessoas, de acordo com seu fundador, Mark Zuckerberg. Em uma década, a rede social transformou os relacionamentos, sua privacidade, seus negócios, a mídia jornalística, ajudou a derrubar regimes e até mudou o significado de palavras de uso comum.

Apesar de o significado das palavras “compartilhar” e “curtir” ser essencialmente o mesmo, o Facebook deu um peso totalmente novo a esses termos.

As reuniões de antigos colegas de colégio ou universidade tornaram-se redundantes – você já sabe quem vai bem na profissão, se o casal perfeito se separou e já viu fotos intermináveis dos bebês de seus ex-colegas. Diferentemente da vida real, porém, o Facebook não tem hierarquia de amizades. O colega de um projeto na universidade que você não vê há 15 anos, o amigo de uma amiga de um amigo ou um colega com quem você nunca realmente falou em pessoa – todos são amigos no Facebook da mesma maneira que o seu amigo mais íntimo, sua esposa ou sua mãe.

Isso não significa necessariamente que os vemos da mesma maneira. O professor Robin Dunbar é

famoso por sua pesquisa que sugere que um indivíduo só pode ter aproximadamente 150 pessoas como grupo social. O Facebook não mudou isso ainda, na opinião dele, mas em uma entrevista à revista New Yorker, Dunbar disse temer que a facilidade de terminar amizades no Facebook fizesse com que no futuro não houvesse mais necessidade de aprender a conviver com as pessoas.

“Na caixa de areia da vida, quando alguém chuta areia na sua cara, você não pode sair da caixa. Você tem de lidar com isso, aprender, fazer compromisso”, diz ele. “Na internet, você pode puxar o fio da tomada e ir embora. Não há um mecanismo que nos obrigue a aprender.”

O Facebook costumava ser um site para conectar os estudantes da faculdade, ao qual apenas algumas universidadesamericanas de elite tinham acesso. Em 2014, uma década depois do lançamento, 56% dos usuários da internet de 65 anos ou mais têm uma conta no Facebook. E 39% estão conectados a pessoas que nunca conheceram pessoalmente. Grupos deram lugar a páginas, escrever nas páginas dos outros é passado e álbuns cuidadosamente elaborados deram lugar a publicações instantâneas via celular.

É melhor nos habituarmos a isso, disse David Kirkpatrick, autor de The Facebook Effect (O Efeito Facebook). “O Facebook provou sua capacidade de se transformar e continuará sendo um grande ator, muito grande.”

(Jessica Elgot. The guardian. CartaCapital, 13/09/2015. Disponível em: www.

cartacapital.com.br/revista/866/face-a-face-9143.html. Acesso em: 28.09.2015. Adaptado)

07 - (Fundação Instituto de Educação de Barueri SP/2016) Verifica-se uma construção com valor hipotético na seguinte passagem do texto:

a) Em uma segunda-feira, um em cada sete indivíduos no mundo usou o Facebook – um bilhão de pessoas, de acordo com seu fundador, Mark Zuckerberg.

b) Em uma década, a rede social transformou os relacionamentos, sua privacidade, seus negócios, a mídia jornalística, ajudou a derrubar regimes e até mudou o significado de palavras de uso comum.

c) Apesar de o significado das palavras “compartilhar” e “curtir” ser essencialmente o mesmo, o Facebook deu um peso totalmente novo a esses termos.

d) ... Dunbar disse temer que a facilidade de terminar amizades no Facebook fizesse com que no futuro não houvesse mais necessidade de aprender a conviver com as pessoas.

e) Grupos deram lugar a páginas, escrever nas páginas dos outros é passado e álbuns cuidadosamente elaborados deram lugar a publicações instantâneas via celular.

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08 - (FGV /2016) Assinale a alternativa em que a referência ao PIB confere um sentido pejorativo ao enunciado, elaborado de acordo com a norma-padrão.

a) Os governos dos países com pibaço pensavam: “Desde que a nova moeda trará mais impostos, isso permite que as dívidas sejam pagas.”

b) Os governos dos países com PIB menores pensavam: “Caso a nova moeda trouxesse mais impostos, isso permitirá que as dívidas fossem pagas.”

c) Os governos dos países com pibão pensavam: “Se a nova moeda trazer mais impostos, isso permite que as dívidas são pagas.”

d) Os governos dos países com menor PIB pensavam: “Caso a nova moeda trouxe mais impostos, isso permitiu que as dívidas sejam pagas.”

e) Os governos dos países com pibinho pensavam: “Se a nova moeda trouxer mais impostos, isso permitirá que as dívidas sejam pagas.”

TEXTO: 7 - Comum à questão: 9

O velho Lima

O velho Lima, que era empregado – empregado antigo – numa das nossas repartições públicas, e morava no Engenho de Dentro, caiu de cama, seriamente enfermo, no dia 14 de novembro de 1889, isto é, na véspera da Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil.

O doente não considerou a moléstia coisa de cuidado, e tanto assim foi que não quis médico. Entretanto, o velho Lima esteve de molho oito dias.

O nosso homem tinha o hábito de não ler jornais e, como em casa nada lhe dissessem (porque nada sabiam), ele ignorava completamente que o Império se transformara em República.

No dia 23, restabelecido e pronto para outra, comprou um bilhete, segundo o seu costume, e tomou lugar no trem, ao lado do comendador Vidal, que o recebeu com estas palavras:

– Bom dia, cidadão.O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si

para si pensou que o comendador dissera aquilo como poderia ter dito ilustre, e não deu maior importância ao cumprimento, limitando- se a responder:

– Bom dia, comendador.– Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há

mais comendadores!– Ora essa! Então por quê?– A República deu cabo de todas as comendas!

Acabaram- se!

O velho Lima encarou o comendador e calou-se, receoso de não ter compreendido a pilhéria.

Ao entrar na sua seção, o velho Lima sentou-se e viu que tinham tirado da parede uma velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe:

– Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade?

O contínuo respondeu num tom lentamente desdenhoso:

– Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?

– Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima.– Não dou três anos para que isso seja

República!(Arthur Azevedo. Seleção de contos, 2014)

09 - (FGV /2016) Nas passagens “– A República deu cabo de todas as comendas!” (10° parágrafo), “O velho Lima encarou o comendador...” (11° parágrafo) e “O contínuo respondeu num tom lentamente desdenhoso...” (14° parágrafo), as expressões em destaque significam, respectivamente,

a) extinguiu, olhou e menosprezador.b) abriu mão, enfrentou e altivo.c) eliminou, analisou e ofensivo.d) reformou, desafiou e cerimonioso.e) restringiu, topou e soberbo.

TEXTO: 8 - Comum à questão: 10

Aos 60 anos, Rossmarc foi confinado na cadeia

Raimundo Pessoa em Manaus, dividindo uma cela com 80 detentos. Dormia no chão junto de uma fossa sanitária. Para manter-se vivo usava toda a sua inteligência para fazer acordos com os detentos. Lá havia de tudo: drogados, jagunços, pseudomissionários, contrabandistas etc. Fora vítima do advogado. Com toda a lábia, nunca fora a Brasília defender Rossmarc. Por não ter apresentado a defesa, foi condenado a 13 anos de prisão. O advogado sumira, Rossmarc perdera o prazo para recorrer. Como era estrangeiro, os juízes temiam que fugisse do Brasil. O juiz ordenou sua prisão imediata. A cela, com oitenta detentos, fervilhava, era mais do que o inferno. Depressivo, mantinha- se tartamudo num canto, remoendo sua história, recordando-se dos bons tempos em que navegava pelos rios da Amazônia com seus amigos primatas.

Visitas? Só a de Pássaro Azul. Mudara-se também para Manaus e, sem nada dizer a Rossmarc, para obter dinheiro, prostituía-se num cabaré. Estava mais magra e algumas rugas se mostravam em seu rosto antes reluzente, agora de cor negra desgastada. Com o intuito de obter dinheiro, tanto para Rossmarc pagar as contas de dois viciados em crack no presídio, como para as custas de um advogado inexperient , pouco se alimentava e ao

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redor dos olhos manchas entumecidas apareciam, deixando-a como alguém que consumia droga em exagero. As noitadas no cabaré enfumaçado e fedorento deixavam- na enfraquecida. Mas não deixara de amar o biólogo holandês. Quando fugira do quilombola, naquela noite, jurara amor eterno e não estava disposta a quebrar o juramento.

Enquanto Pássaro Azul se prostituía para obter os escassos recursos, Rossmarc, espremido entre os oitenta detentos, procurava desesperadamente uma luz no fim do túnel. Lembrava-se dos amigos influentes, de jornalistas, de políticos, e cada vez que Pássaro Azul o visitava, ele implorava que procurasse essas pessoas. Pássaro Azul corria atrás, mas sequer era recebida. Quem daria ouvidos a uma negra que se dizia íntima de Rossmarc, o biólogo que cometera crimes de biopirataria? Na visita seguinte, Rossmarc indagava:

— E dai, procurou aquela pessoa?Para não magoar o amado, ela respondia que

todos estavam muito interessados em sua causa. Dizia, entretanto, sem entusiasmo, com os olhos acuados e baixos, para não ver o rosto magro e chupado de Rossmarc. Entregava-lhe o pouco dinheiro que economizava, fruto da prostituição, e saia de lá com os olhos rasos d’água, tolhendo os soluços.

Numa noite no cabaré, Pássaro Azul conheceu um homem gordo e vesgo, que usava correntões de ouro. Dizia-se dono de um garimpo no meio da selva. Bebia e fumava muito, ria alto, com gargalhadas por vezes irritantes. Entre todas as raparigas, escolheu Pássaro Azul, que lhe fez todas as vontades, pervertendo- se de forma baixa e vil. Foram três noitadas intermináveis, mas Pássaro Azul aprendera a administrar a bebida. Não era tola, como as demais, que se embebedavam a ponto de caírem e serem arrastadas. Era carinhosa com o fazendeiro e saciava-lhe todos os caprichos. Não o abandonava, sentava em seu colo gordo e fazia-lhe agrados fingidos. Dava-lhe mais bebida e um composto de viagra, e o rosto gordo se avermelhava como de um leão enraivecido. Então, ela o puxava para o quarto sórdido. Na cama, enfrentava como guerreira o monte de carne e ossos, trepando sobre suas grandes papadas balofas e cavalgando, como uma guerreira. O homem resfolegava, gritava, gemia, uivava, mas Pássaro Azul não parava aquela louca cavalgada.

[...](GONÇALVES, David. Sangue verde.

Joinville: Sucesso Pocket, 2014. p. 217-218.)

10 - (PUC GO/2016) Nos processos de construção textual, muitas vezes, é possível inferir ações, eventos, significados, mesmo que não explicitados no texto. Pensando nisso, assinale a alternativa que indica corretamente o aspecto linguístico responsável pela inferência de que, no último parágrafo do texto, Pássaro Azul tem uma relação sexual com um homem:

a) o recurso da comparação tanto para o par masculino quanto para o par feminino, significando que ambos eram furiosos amantes.

b) o emprego predominante do pretérito imperfeito na descrição dos ruídos provocados pelo casal como forma de expressar que a ação era interminável.

c) o conjunto de elementos lexicais presentes no trecho e que são próprios do campo semântico da atividade sexual.

d) o uso de verbos de ação e de cognição que revelam o pensamento libidinoso do homem que usava correntões de ouro.

TEXTO: 9 - Comum à questão: 11

11 - (IFGO/2016) Conhecer o significado das palavras é

importante para que possamos escolher adequadamente o termo utilizado na construção de uma mensagem. Assinale a alternativa cuja construção se assemelha àquela da tirinha.

a) A torre da igreja é muito alta. / Você quer que eu torre o pão?

b) A seca destruiu as plantações. / Joana seca as roupas ao sol.

c) Estou com sede. / A sede do clube fica logo ali.d) Estou a colher flores desde cedo. / A colher de

prata foi usada no último banquete.e) É preciso ter coragem para estudar. / Ele

sempre para o carro na porta da escola.

TEXTO: 10 - Comum à questão: 12

Português no xilindró – cartaz mal escrito vira caso

de polícia na ParaíbaLuiz Costa Pereira Júnior

Tropeços de português voltaram a ser caso de polícia no Brasil. Desta vez, a falta de clareza feriu a Lei de Defesa do Consumidor na Paraíba. No centro de Guarabira, no agreste paraibano, um cartaz na fachada da loja Eletro Shopping Guarabira fez uma proposta irrecusável em Janeiro:

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“Oferta imperdível. Chip Vivo. R$1 com aparelho”. Era 22 de janeiro e o professor Aurélio Damião, de 38 anos, não titubeou. Fotografou a oferta, de manhãzinha, ao ir para o trabalho, e, no fim do batente, entrou na loja e desembolsou os R$4 que tinha e pediu ao vendedor quatro celulares. “Me veja os aparelhos de R$1 da promoção”, disse. O vendedor espantou-se. Explicou que o cartaz significava que os chips é que sairiam por R$1 caso o cliente comprasse um celular pelo preço de mercado. Quem redigiu o cartaz o fez de qualquer jeito, admitiu o atendente. Ocorrera, na verdade, um mero erro de português. O professor chamou a polícia. E enquanto esperavam, ali no balcão, Aurélio foi alvo de pilhérias e da pressão dos lojistas para demovê-lo da ideia. Quando enfim a PM chegou, Aurélio sustentou sua denúncia. E todo mundo foi parar na delegacia. Só no 4º. Distrito Policial veio o acordo: Damião aceitou um vale de R$100 para comprar um celular com chip. Ele escolheu um aparelho com dois chips e câmera. Professor de história, filosofia e sociologia, Aurélio não é um ingênuo. Percebeu de cara que se tratava de um erro de clareza, mas se disse farto de ver esse tipo de coisa no comércio local. Por falta de formação escolar, por pressa ou esquecimento, escritas capciosas ou enganosas podem induzir o consumidor a erro e espera que seu caso vire uma lição para o comércio local. O professor estava amparado no artigo 35 da Lei 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor, segundo qual o consumidor pode exigir o cumprimento dos termos da oferta e, caso queira, aceitar outro bem ou serviço correspondente. Se foi ludibriado, pode exigir a rescisão do contrato e a restituição do valor que pagou.

Revista Língua Portuguesa. Ano 9, n. 116, Junho de 2015, p. 14.

12 - (IFGO/2016) Observe os seguintes termos retirados do texto:

“titubeou”, “pilhérias” e “capciosas”. Assinale a alternativa que apresenta sinônimos que podem substituir as referidas palavras sem lhes alterar o sentido:

a) hesitar, zombarias e astutas.b) cambalear, comportamentos e sedutoras.c) coxear, cromáticos e envolventes.d) mancar, imagens e evasivas.e) tropeçar, intangíveis e sorrateiras.

TEXTO: 11 - Comum à questão: 13

À margem de Memórias de um sargento de milícias

É difícil associar à impressão deixada por essa obra divertida e leve a ideia de um destino trágico. Foi, entretanto, o que coube a Manuel Antônio de

Almeida, nascido em 1831 e morto em 1861. A simples justaposição dessas duas datas é bastante reveladora: mais alguns dados, os poucos de que dispomos, apenas servem para carregar nas cores, para tornar a atmosfera do quadro mais deprimente. Que é que cabe num prazo tão curto?

[...]Paulo Rónai, Encontros com o Brasil.

Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014.

13 - (FGV /2016) No primeiro parágrafo, o conectivo “entretanto” introduz uma oração que contém, em relação à associação feita no período anterior, ideia de

a) similitude.b) explicação.c) contraste.d) causa.e) condição.

TEXTO: 12 - Comum à questão: 14

O texto é um excerto de Baú de Ossos (volume 1), do médico e escritor mineiro Pedro Nava. Inclui-se essa obra no gênero memorialístico, que é predominantemente narrativo. Nesse gênero, são contados episódios verídicos ou baseadas em fatos reais, que ficaram na memória do autor. Isso o distingue da biografia, que se propõe contar a história de uma pessoa específica.

1 O meu amigo Rodrigo Melo Franco de 2 Andrade é autor do conto “Quando minha avó 3 morreu”. Sei por ele que é uma história 4 autobiográfica. Aí Rodrigo confessa ter passado, 5 aos 11 anos, por fase da vida em que se sentia 6 profundamente corrupto. Violava as promessas 7 feitas de noite a Nossa Senhora; mentia 8 desabridamente; faltava às aulas para tomar 9 banho no rio e pescar na Barroca com 10

companheiros vadios; furtava pratinhas de dois 11

mil-réis... Ai! de mim que mais cedo que o 12 amigo também abracei a senda do crime e 13 enveredei pela do furto... Amante das artes 14 plásticas desde cedo, educado no culto do belo, 15 eu não pude me conter. [...]

(Pedro Nava. Baú de ossos. Memórias 1. p. 308 a 310.)

14 - (UECE/2016) Sinônimo é um vocábulo que, em determinado texto, apresenta significado semelhante ao de outro e que pode, em alguns contextos, ser usado no lugar desse outro sem alterar o sentido da sentença. Hiperônimo é um vocábulo ou um sintagma de sentido mais genérico em relação a outro. Ele abarca vocábulos de sentidos menos genéricos ou mais específicos. Hipônimo é um vocábulo menos geral ou mais específico, cujo sentido é abarcado pelo sentido do hiperônimo. Considere a ordem em que foram distribuídos os vocábulos do excerto transcrito a

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seguir e assinale a opção correta: “abracei a senda do crime e enveredei pela do furto...” (Refs. 12-13).

a) Os vocábulos roubo e furto são sinônimos e um pode substituir o outro, indistintamente, em qualquer contexto.

b) Crime é hiperônimo de furto. Isso significa que o sentido do vocábulo crime é mais genérico do que o sentido do vocábulo furto.

c) Nesse contexto, a inversão da posição dos vocábulos crime e furto seria aceitável: “abracei a senda do furto e enveredei pela do crime”.

d) Sendo vereda um caminho estreito e enveredar, seguir por uma vereda, seria lógico dizer “abracei a vereda do crime e enveredei pelo caminho do furto”.

TEXTO: 13 - Comum à questão: 15

1 Estava conversando com uma amiga, dia 2

desses. Ela comentava sobre uma terceira 3 pessoa, que eu não conhecia. Descreveu-a 4 como sendo boa gente, esforçada, ótimo 5 caráter. "Só tem um probleminha: não é 6 habitada". Rimos. Uma expressão coloquial na 7 França - habité‚ - mas nunca tinha escutado 8 por estas paragens e com este sentido. 9 Lembrei-me de uma outra amiga que, de forma 10 parecida, também costuma dizer "aquela ali 11 tem gente em casa" quando se refere a 12 pessoas que fazem diferença.

13 Uma pessoa pode ser altamente confiável, 14

gentil, carinhosa, simpática, mas, se não é 15

habitada, rapidinho coloca os outros pra 16 dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa 17 possuída, não necessariamente pelo demo, 18 ainda que satanás esteja longe de ser má 19 referência. Clarice Lispector certa vez escreveu 20 uma carta a Fernando Sabino dizendo que 21 faltava demônio em Berna, onde morava na 22 ocasião. A Suíça, de fato, é um país de contos 23 de fada onde tudo funciona, onde todos são 24 belos, onde a vida parece uma pintura, um 25 rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que 26 a salve do marasmo.

27 Retornando ao assunto: pessoas habitadas 28

são aquelas possuídas por si mesmas, em 29 diversas versões. Os habitados estão 30 preenchidos de indagações, angústias, 31 incertezas, mas não são menos felizes por 32 causa disso. Não transformam suas 33 "inadequações" em doença, mas em força e 34

curiosidade. Não recuam diante de 35 encruzilhadas, não se amedrontam com 36 transgressões, não adotam as opiniões dos 37 outros para facilitar o diálogo. São pessoas que 38 surpreendem com um gesto ou uma fala fora 39 do script, sem nenhuma disposição para serem 40 bonecos de ventríloquos. Ao contrário, 41 encantam pela verdade pessoal que defendem. 42 Além disso, mantêm com a solidão uma relação 43 mais do que cordial.

44 Então são as criaturas mais incríveis do 45

universo? Não necessariamente. Entre os 46

habitados há de tudo, gente fenomenal e 47 também assassinos, pervertidos e demais 48 malucos que não merecem abrandamento de 49 pena pelo fato de serem, em certos aspectos, 50 bastante interessantes. Interessam, mas 51 assustam. Interessam, mas causam dano. Eu 52 não gostaria de repartir a mesa de um 53 restaurante com Hannibal Lecter, "The 54

Cannibal", ainda que eu não tenha dúvida de 55 que o personagem imortalizado por Anthony 56 Hopkins renderia um papo mais estimulante do 57 que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, 58 que só tem gente em casa porque está grávida.

59 Que tenhamos a sorte de esbarrar com 60 seres habitados e ao mesmo tempo 61 inofensivos, cujo único mal que possam fazer 62 seja nos fascinar e nos manter acordados uma 63 madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é 64 melhor ainda.

MEDEIROS, Martha. In: Org. e Int. SANTOS, Joaquim Ferreira dos.

As Cem Melhores Crônicas Brasileiras. Objetiva, 324-325.

15 - (UECE/2016) Dentre as expressões apresentadas a seguir, assinale a que NÃO tem correspondência, neste texto, com “pessoas habitadas”.

a) “falta uma ebulição que a salve do marasmo” (Refs. 25-26).

b) “aquela ali tem gente em casa” (Refs. 10-11). c) “são aquelas possuídas por si mesmas” (Refs.

28). d) “pessoas que fazem diferença” (Refs. 12).

TEXTO: 14 - Comum à questão: 16

Texto abaixo é uma passagem de uma palestra de Amadeu Amaral (1875-1929) proferida em São Paulo, em 1914, e uma charge de Dum.

Árvores e poetas

Para o botânico, a árvore é um vegetal de grande altura, composto de raiz, tronco e fronde, subdividindo-se cada uma dessas partes numa certa quantidade de elementos: – reduz-se tudo a um esquema. O botânico estuda-lhe o nascimento, o crescimento, a reprodução, a nutrição, a morte; descreve-a; classifica-a. Não lhe liga, porém, maior importância do que aquela que empresta ao mais microscópico dos fungos ou ao mais desinteressante dos cogumelos. O carvalho, com toda a sua corpulência e toda a sua beleza, vale tanto como a relva que lhe cresce à sombra ou a trepadeira desprezível e teimosa que lhe enrosca os sarmentos1

colubrinos2 pelas rugosidades do caule. Por via de regra vale até menos, porque as grandes espécies já dificilmente deparam qualquer novidade. Para o

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jurista, a árvore é um bem de raiz, um objeto de compra e venda e de outras relações de direito, assim como a paisagem que a enquadra – são propriedades particulares, ou terras devolutas. E há muita gente a quem a vista de uma grande árvore sugere apenas este grito de alma: – “Quanta lenha!...”

O poeta é mais completo. Ele vê a árvore sob os aspectos da beleza e sob o ângulo antropomórfico3: encara-a de pontos de vista comuns à humanidade de todos os tempos. Vê-a na sua graça, na sua força, na sua formosura, no seu colorido; sente tudo quanto ela lembra, tudo quanto ela sugere, tudo quanto ela evoca, desde as impressões mais espontâneas até as mais remotas, mais vagas e mais indefiníveis. Dá-nos, assim, uma noção “humana”, direta e viva da árvore, – pelo menos tão verdadeira quanto qualquer outra.

(Letras floridas, 1976.)

1 sarmento: ramo delgado, flexível.2 colubrino: com forma de cobra, sinuoso.3 antropomórfico: descrito ou concebido sob forma humana ou com atributos humanos.

(www.dumilustrador.blogspot.com)

16 - (UNESP SP/2016) “O botânico estuda-lhe o nascimento, o crescimento, a reprodução, a nutrição, a morte”

Do ponto de vista sintático, que relação os termos sublinhados estabelecem com o verbo? Do ponto de vista semântico, a organização dos substantivos sublinhados aparenta seguir um determinado critério; um desses substantivos, contudo, romperia tal organização. Identifique qual seria esse critério e o substantivo que romperia sua organização.

TEXTO: 15 - Comum à questão: 17

Leia o seguinte verbete do Dicionário de comunicação de Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa:

Crônica

Texto jornalístico desenvolvido de forma livre e pessoal, a partir de fatos e acontecimentos da atualidade, com teor literário, político, esportivo,

artístico, de amenidades etc. Segundo Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, a crônica é um meio-termo entre o jornalismo e a literatura: “do primeiro, aproveita o interesse pela atualidade informativa, da segunda imita o projeto de ultrapassar os simples fatos”. O ponto comum entre a crônica e a notícia ou a reportagem é que o cronista, assim como o repórter, não prescinde do acontecimento. Mas, ao contrário deste, ele “paira” sobre os fatos, “fazendo com que se destaque no texto o enfoque pessoal (onde entram juízos implícitos e explícitos) do autor”. Por outro lado, o editorial difere da crônica, pelo fato de que, nesta, o juízo de valor se confunde com os próprios fatos expostos, sem o dogmatismo do editorial, no qual a opinião do autor (representando a opinião da empresa jornalística) constitui o eixo do texto.

(Dicionário de comunicação, 1978.)

17 - (UNESP SP/2016) O termo “dogmatismo”, no contexto do verbete, significa:

a) desprezo aos acontecimentos da atualidade.b) obediência à constituição e às leis do país.c) ausência de ideologia nas manifestações de

opinião.d) opiniões assumidas como verdadeiras e

imutáveis.e) conjunto de verdades religiosas.

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GABARITO:

1) Gab: B

2) Gab: C

3) Gab: E

4) Gab: C

5) Gab:O verbo “cair” assume dois sentidos: o primeiro está relacionado à própria desvalorização da moeda chinesa, atestado pela passagem: “... a China anunciou [...] que permitira uma queda de 1,9% no valor de sua moeda...”; o segundo, à ideia de que o Brasil é afetado por essa queda (lembrando que “cair na cabeça” expressa sentido de atingir), pois deverá vender menos e a preços menores aos chineses: “O Brasil já vinha sentindo um baque duplo: a China em desaceleração consome menos de nossa soja e de nosso minério de ferro, e os preços desses produtos no mercado internacional estão em baixa.”

6) Gab: C

7) Gab: D

8) Gab: E

9) Gab: A

10) Gab: C

11) Gab: E

12) Gab: A

13) Gab: C

14) Gab: B

15) Gab: A

16) Gab:Em relação ao verbo estudar, os termos “o nascimento, o crescimento, a reprodução, a nutrição, a morte” funcionam como complemento verbal, são o objeto direto composto.Do ponto de vista semântico, os substantivos apresentam uma gradação em clímax que diz respeito ao ciclo de vida vegetal observável

visualmente: “o nascimento”, “o crescimento”, “a reprodução” [flores, frutos] e “a morte”. O substantivo que rompe tal sequência é “a nutrição”, cujo processo não é visível a olho nu.

17) Gab: D