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BENDITO DESTINO Capítulo 001 segunda-feira BENDITO DESDITO Novela de Patrick Veríssimo Escrita por Patrick Varíssimo Supervisão de texto Rafael Carrara Direção (indisponível) Núcleo (indisponível) Personagens deste capítulo ANTERO ANTOINE BRUNA CHELI CRISTINA CYBELE ÉDSON EMILY EVA GLENDA GLÓRIA GUTO KAMILLA LAURA LOIRE LOURDES MANU MARILENE NEWTON NILMAR NISE ODAIR PAULINHO PEDRO RITINHA SUELLEN THAÍS THIAGO TONICO VLADMIR WANESSA WESLEY Participações especiais

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BENDITO DESTINO Capítulo 001 segunda-feira

BENDITO DESDITONovela de Patrick Veríssimo

Escrita por

Patrick Varíssimo

Supervisão de texto

Rafael Carrara

Direção

(indisponível)

Núcleo

(indisponível)

Personagens deste capítulo

ANTERO ANTOINE BRUNA CHELI

CRISTINACYBELEÉDSON EMILY

EVA GLENDA GLÓRIA

GUTO KAMILLA

LAURA LOIRE

LOURDES MANU

MARILENE NEWTONNILMAR

NISEODAIR

PAULINHO PEDRO

RITINHASUELLEN

THAÍS THIAGOTONICO

VLADMIR WANESSAWESLEY

Participações especiais

ATENDENTE, COLORADO, EMPREGADA, GARÇOM, GREMISTA, MÉDICO, PM’s, TORCIDAS ORGANIZADAS.

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 1

CENA 1. CLIP INICIAL. PORTO ALEGRE. INT/EXTERIOR. DIA.Dança chula. CAM focada no pé, de gaúchos dançando, enquanto imagens da cidade Porto Alegre vai passando em face: cidade vista de cima; close sendo dado em uma praça; museu; orla do Guaíba; prédios históricos; casa Mário Quintana; centro; Guaíba; metro; igreja; obras de arte dentro dos museus; obra de artes em praças; um velho gaúcho vestido de galderio tomando chimarrão; mulher numa praça de óculos tomando chimarrão; na mesma praça uma família rindo entre si, e uma das pessoas da família está tomando chimarrão, outra com uma térmica; prédios; a cidade sobre as margens do lago; barcos de remo no lago; a prefeitura; a Usina do Gasômetro.Com a última imagem acabar a dança e aparece na última imagem a legenda. No canto inferior direito do vídeo aparece a legenda: PORTO ALEGRE Corta para:

CENA 2. CASA PICCOLI. SALA. INT. DIA.Odair e a empregada Ritinha estão na sala. Odair está à espera de todos para sair. Ele preocupado com a hora, eles vão dar um passeio, Odair e Glória resolveram levar os filhos adolescentes gêmeos para passear. Odair manda um grito para os cômodos de cima.

Odair — Vamos! Já estão demorando demais!Glória — (off) Já estou indo!Newton — (off) Já estou indo pai.Nilmar — (off) Espera!

Odair comenta com a empregada que só ouve.Odair — Isso que dá ser o homem da casa. O primeiro a ficar

pronto, o primeiro a esperar! Fazer o quê? Nada. Só se acostumar! Mas que barbaridade...

Ritinha — Pois é...Odair — (se acomodando no sofá) Da vontade de nem ir! Eu

não gosto de ir a passeios assim.Glória descendo as escadas:

Glória — O senhor nem pense numa bobagem dessas! Não vamos desperdiçar esse domingo bonito que está fazendo, hoje, olhando futebol.

Odair — Pô, Glória! Hoje, tem jogo do Grêmio e Inter! O clássico!

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 2

Glória — É. Não se preocupe, nós vamos chegar antes que comesse o Grenal. E é bom tu parar de reclamar, tu tem que ficar mais com a sua família, Odair. Tu anda muito afastado da gente ultimamente, meu amor... tu tem que ter mais tempo com a gente pra... pra curtir a nossa família.

Odair — Curtir a nossa família? Glória — É. Curtir a nossa família.Odair — Tá. Curtir a nossa família. E cadê Cristina? E cadê

Jussara?Glória — A Cristina eu ainda estou tentando convencer ela de

ir com a gente, a Jussara eu liguei pra ela e ela disse que vai ver. E se for o caso ela nos encontra lá com Frederick, no restaurante.

Odair — Hum. O Frederick vai, é?Glória — Infelizmente.Odair — Tu tens uma cisma com o seu querido genro, né?Glória — Aquele lá não me passa pela goela.Odair — Por quê? Eu gosto dele. Trabalha comigo, trabalha

bem.Glória — Ele me parece que não.../

Vem descendo as escadas Newton e Nilmar. Nilmar está aporrinhando Newton. Eles chegam fazendo barulho.

Nilmar — Esse cabelinho de emo ai, tá maior bicha! (risos)Newton — Cala boca!Nilmar — Se liga, ô mané! Newton — Deixa de ser chato.Glória — (tom) Nilmar!Nilmar — Tô calmo!Glória — É bom. (off) Espero que fique assim até o final da

tarde.Newton pega o telefone e vai indo para um canto.

Nilmar — (reclama) Ah, ô mãe, eu queria ficar em casa hoje só curtindo a minha mina! Eu tenho que ir mesmo? Pô, fala sério! Hein? Deixa eu ficar em casa?

Glória — Sim.Nilmar — Sério?

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Glória — Não!Nilmar — (emburrando-se) Ah...Odair — Chega Nilmar. Que coisa. Parece uma menininha,

tchê.Nilmar — Ah! Tá! Então deixa ligar o carro!Odair — (jogando a chave para ele) Só não sai andando.Nilmar — (sai contente) Beleza!

Newton está no telefone com a namorada Nise.Newton — (tel./carinhoso) Nós já estamos saindo amor. Nós

podemos passar ai e te pegar. Pode ser? (tempo) Tá bom! Me espera! Beijo. Te amo! (desliga)

Odair dá o último aviso a todos.Odair — Já estou indo! Quem vai? Quem fica?Glória — Espera que vou ver se a Cristina vai.Odair — (resmunga)

Aparece Cristina de surpresa. Vindo da cozinha.Cristina — Não precisa mais esperar, papai. Eu não vou poder

ir. Tenho muito trabalho pra fazer. A Top-Star não me deu folga nem no domingo. Tenho que ir pra lá ainda hoje.

Glória — Minha filha, tu está trabalhando de monte. Tem que sair um pouco pra relaxar. Só trabalho, trabalho, trabalho faz mal.

Cristina — Mas eu faço o que gosto. Não me incomodo muito, não.

Odair — (nervoso/cínico) Então, tá! Vamos indo? Hum? Que tal? Vocês não se incomodam em ir agora, não é?

Glória — Nós vamos lá antes que teu pai tenha um ataque epilético ali. Beijo. Fique com Deus.

Newton — (beijo em Cristina) Tchau, Cris!Cristina — Tchau, maninho. Cadê o Nilmar?Newton — A cruz que eu carrego já está lá no carro.

Corta para:

CENA 3. CASAS PICCOLI E SCHNEIDER. FRENTE. EXT. DIA.Nilmar ouvindo música alta, precisamente um funk: Os Havaianos – Quadradinho CAM sai do carro de Odair, que está Nilmar. Indo para cima,

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mostra a rua, e a casa vermelha da frente dos Schneider. CAM vai para a janela da casa vermelha está Antero, espiando.Corta para:

CENA 4. CASA SCHNEIDER. SALA. INTERIOR. DIA.Antero atordoado com o barulho da música de Nilmar. E fala com mulher Cybele, que está usando um aparelho no rosto a laser, última moda em retrair rugas.

Antero — (indignado) Falta de respeito! Odair não sabe educar direito aqueles adolescentes desajuizados! Pra que uma música alta dessas? Não, é impressionante a falta de educação que vem da família Piccoli! Não dá pra acreditar!

Cybele — Amor... não estressa. Olha aqui. Faz que nem eu. Usa esse aparelho. Ele vai te ajudar. Previne contra as rugas. É muito bom. Tu tem que experimentar.

Antero — Só queria saber quanto que custou esse aparelho aí?Cybele — Ah, (enrolando) um dinheirinho aí. Antero — Sei...Cybele — Nada que tu não possas pagar!

Eles começam a ouvir um burburinho no andar de cima da casa. É Paulinho e Cheli brigando.

Cybele — Ai, aqueles dois voltaram a se estranhar.Antero — Já não é novidade.

Eles vêm descendo as escadas brigando.Paulinho — Se liga guria! Eu sou o mais velho! Por isso tenho

prioridades!Cheli — Não tem não seu bocó! A filha mais nova é que tem

prioridades! Paulinho — Ah, cala boca guria chata!Cheli — Cala boca tu! Insuportável! Ai, que guri mais

insuportável! (p/ Cybele) Mãe! Olha o Paulinho me enchendo o saco!

Cybele — (passando o aparelho no rosto) Ah, agora mamãe não pode, Cheli! Tô ocupada. Vai brincar, vai!

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Cheli — Eu não brinco mais há muito tempo, mãe! A senhora saberia disso se prestasse mais atenção no desenvolvimento dos seus filhos!

Cybele — (sem atenção) É, é. Tá, tá. Pode ir. Vai.Paulinho — (ri) Nem te deu moral.Cheli — Ah... lixo de vida!

Cheli sai bufado. Antero pega a chave do carro.Antero — Vou encher o tanque. Mais tarde vamos jantar fora.Paulinho — Vou junto. Tô com fome. Quero ver se compro

alguma coisa pra eu comer. Já que a janta aqui nessa casa vai demorar graças ao regime de dona Cybele, não é? É impressionante. Ela quer fazer regime e faz com que a família toda fique de regime também. Ninguém merece!

Cybele — Ai, como reclama esse guri!Antero — Então vamos. Vou fazer o mesmo. Cybele — Vocês não são solidários comigo mesmo. Não veem

que eu tenho que fazer regime pra minha próxima cirurgia pra retirada de um culote, e se eu ver comida vou querer comer. Eu tenho agora uma nova orientadora alimentar, ela disse que eu tenho que fazer com que toda a família me incentive a fazer esse regime.

Antero — Tá. Nós vamos comer longe de você. Vamos, Paulinho!

Paulinho — Bora! Eles saem, Cybele continua com o aparelho no rosto.

Cybele — (resmungando) Hum. O quê que eu não faço em pró da juventude?!

Corta para:

CENA 5. CASAS PICCOLI E SCHNEIDER. FRENTE. EXT. DIA.CAM alternada nas portas das casas de Antero com a de Odair. Antero aparece com Paulinho; Odair, com Glória e Newton. Eles vão indo em direção ao carro, todos; Paulinho entra no carro do pai. Antero vai para entrar e olha para casa de Odair e o vê. Para. Odair vai entrando no carro e olha para casa de Antero e vê que ele está olha para si. Odair olha pros lados e fecha a porta do carro. E vai

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indo em sua direção. Antero, fecha a porta do carro, e vai indo em direção a ele também. Dentro do carro, Glória comenta.

Glória — ué! Aonde ele vai?No carro de Antero, Paulinho já pressente algo.

Paulinho — Ih... não vai dar boa coisa.Os dois vão se aproximando. No carro: Nilmar já viu os dois.

Nilmar — Olha lá, papai vai lá falar com aquele energúmeno.Glória e Newton — Não vai dar boa coisa.Newton — Vai lá, mãe. Antes que aconteça alguma coisa.Nilmar — Não. Deixa eles se pegar! Faz tempo que eles não

saem se engalfinhando pela rua. Deixa!No meio da rua. Os dois param um na frente do outro. Se encaram. Não falam nada. Odair sorri.

Antero — (tempo) Piccoli. Odair — (tempo) Schneider.Antero — Há tempos que não ti vejo. Anda muito ocupado?Odair — Alguma coisa tenho que fazer pela vida. Não sou

nenhum vagabundo que com a graça de Deus conseguiu montar dois, três hotéis e vive disso agora sem preocupação nenhuma.

Antero — Eu lutei muito na minha vida pra montar os meus hotéis, não fiquei coçando o meu saco investindo na bolsa de valores e comprando ações de fins lucrativos.

Odair — Quê que cê estava olhando?Antero — O que?Odair — Olhando. É. Você estava olhando pra lá. Em direção

a minha casa. Ué! Estranhei e vim ver o que era. E então? O quê que estava olhando? Posso saber?

Antero — Nada. É que a sua cara é engraçada bastante irreverente.

Odair — Sei... pensei que tinha perdido alguma coisa como uma pessoa que está lá dentro do meu carro.

Antero — O quê que tu quis dizer?Odair — (aproxima-se) da mulher. É... lembra por quem ela

te abandonou? Por mim. Que era o mais bonito e rico na época.

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Antero — você gosta de me jogar isso na cara não é seu verme? Eu só não te quebro essa cara aqui e agora é em respeito às pessoas que estão nos assistindo.

Odair — Hã! Isso é papo, porque sabe que eu dou uma surra em ti.

Antero — (risos) É... tu serve pra ser engraçado. Já pode trabalhar num circo como palhaço. Ia formar carreira.

Odair — Cala boca! Se não eu vou ser obrigado a te partir ao meio!

Eles começam a rodopiar um contra o outro como se fossem dois galos de rinha. No carro de Odair:

Newton — Olha lá, mãe! Vão se pegar!Nilmar — Deixa!Glória — Vou ter que intervir.

Paulinho sai do carro e vai em direção a casa. Falas atropeladas.Antero — Eu acho melhor você ficar quieto antes que...Odair — Cala boca. Inútil. Você é um lixo. Homem do

esgoto. Rato.Antero — Filho de uma cadela. Idiota! Isso o que os Piccoli

são. Cambada de gente escrota!Odair — Essa sua família recalcada que você tem é pior do

que...Corta para:

CENA 6. CASA SCHNEIDER. SALA. INTERIOR. DIA.Paulinho entra na sala, está Cybele com seu aparelho no rosto com a empregada Suellen lhe servindo uma bebida.

Paulinho — (alterado) Mãe! Mãe! Mãe, o papai e o Piccoli estão se pegando aqui na frente de casa. Eu acho que eles vão se quebrar como na última vez.

Cybele — Ai, meu Deus! Será que não dá pra ter um minuto de paz? Ô, inferno! Vamos lá! Onde estão?

Paulinho — Aqui na frente. Vem!Cybele — Estou indo.

Corta para:

CENA 7. CASAS PICCOLI E SCHNEIDER. FRENTE. EXT. DIA.

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A briga dos dois continua. Glória vai até eles saindo do carro. Junto com ela sai os gêmeos.

Odair — Toda essa corja que tu chamas de família, não valem nada! São todos um bando de gente.../

Antero — (cortando) Quer falar de família, Piccoli? Pois eu vou te arrebentar a cara!

Odair — Mas vem, queridão! Tô esperando!Antero — Vai tomar uma bifa e é agora!

Odair e Antero vão para se agredir. Glória intervém.Glória — (aparece entre os dois) Vão parar! Parar com isso,

hein?!Antero — (p/ Odair) Vem aqui!Odair — Não me tira, meu... Eu te arrebento.Glória — (fala junto) Pode para, Odair!? Não vale a pena se

estressar! Para!Antero — É isso ai, Piccoli! Faz o que tua mulher diz.

Conserva os dentes.Odair — Eu vou acabar com esse cara!Glória — (segura-o) Não! Para! Fiasco na frente de casa, não!

Pelo amor de Deus!Chega saindo da casa Cybele e Paulinho.

Cybele — (chegando) Antero! Antero! (chega) Antero, meu amor, o que tu estás fazendo com essa gente? Vamos logo pra casa pra não pegar qualquer tipo estranho de doença!

Glória — (ouve) Ah... não. Ela não disse.Odair — Calma, Glória.Glória — (irritada/ para Cybele) Escuta aqui, ô perua de

araque, minha família não contrai nenhum tipo de doença, não, tá?!

Cybele — Com uma mãe tão maltratada como esse, cheia de pé-de-galinha, não sei não, hein?!

Glória — (rebate) É, meu amor, eu pelo menos sou natural, não sou feita de plástico. Que nem certas pessoas que a idade vem chegando, daí quer voltar a ser jovem. Quer voltar a ser guriazinha, coisa que nunca vai acontecer, porque está virada numa velha acabada!

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Cybele — Velha acaba é a tua avó!Glória — (irrita-se) Olha aqui, mulher, tu não me tira do

sério! Eu te meto a mão! Eu arranco as tuas próteses uma a uma!

Cybele — (provoca) É só vim, meu bem!Os garotos que assistem:

Nilmar — (põe lenha) Acaba com ela mãe!Newton — Chega, mãe! Olha o barraco!Paulinho — Eu não vou separar ninguém!

Os homens se sobressaem, começam a se encararCybele — Eu sou uma dama. Não vou ficar aqui gritando,

batendo boca no meio da rua. (puxando o marido) Vem Antero! Vamos embora!

Odair — É bom. É bom! Vai! Vai embora!Antero — (ameaça) Te cuida, rapaz! Te cuida. Te cuida nas

esquinas. Nós ainda vamos se embolar. E tu vai se dar mau nessa. Cê vai ver!

Odair — Vai embora, meu!Glória — (indo pro carro) Chega! Vamos! Tu está me dando

nos nervos. Quê que foi fazê lá?Chegam ao carro Odair e Glória, Nilmar comenta:

Nilmar — Mandou bem, pai! Botou aquele almofada no chinelo.

Odair — Não entendo o que esse guri diz.Newton — De toda maneira foi um elogio.Odair — Menos mal! Vamos de uma vez! Já estou

estressado.Do outro lado da rua: Cybele e Odair, junto Paulinho.

Antero — Ah... essa gente me irrita!Cybele — Calma, querido, calma. Deixe-os pra lá. Esses aí

não valem nada. Vô mostrar a “mulher plástico” pra ela. Ui, que mulher recalcada!

Paulinho — Nem esquentem com isso.Odair sai cantando pneu.

Antero — (para si, baixo) Eu ainda acabo com contigo, Piccoli! Tu não perdes por esperar! Ah. Nem começamos!

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Antero fica olhando para o carro partindo.Corta para:

CENA 8. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. DIA. Imagens aéreas da cidade, música de fundo começada na cena anterior, The Rivingtons - Papa Oom Mow Mow, a cidade pegando uma parte do lago Guaíba, prédios históricos, museus, prédio de condomínio, centro da cidade, pessoas caminhando no centro, trânsito, a estátua do Laçador avião passando por cima, pessoas tomando chimarrão num parque, mais imagens aéreas. Por fim, a fachada da empresa Top-Star.Corta para:

CENA 9. TOP-STAR. ESCT CENTRAL/SALA ANTOINE. INT. DIA. Movimentação é tensa entre as mesas dos colegas de trabalho de Cristina. Édson um motoboy está escorado na mesa de Marilene. Ela está pendurada no telefone.

Marilene — (tel.) Tudo bem, o fotógrafo pode ser esse mesmo, já que você confia. (tempo) Não, não vai fazer coisa errada se não cai tudo no meu. É sei, é o que todos dizem... (ao motoboy) Só um pouquinho. (tel.) Não, eu estou com o motoboy aqui, ele vai levar lá na agência... Que? Aí, olha, resolve esse problema pra mim. Depois me liga, ok? Obrigada! (desliga) Ah... só trabalho com gente inútil! Que saco! (p/ Édson) E você... ah... Olha aqui. Leva essa papelada pra esse endereço aqui. Urgente. Vai rápido, que hoje é domingo e não tem muito trânsito. E se demorar é demitido!

Édson — Sim senhora.Passando por eles Cristina, ao celular.

Cristina — (cel.) Tudo bem, mãe, eu vou nesse jantar.Marilene chama a sua atenção.

Marilene — Ah... bonitinha, apareceu, é?Cristina — (cel.) Tenho que ir agora, tchau mãe! Beijo!

(desliga, p/ Marilene) Quê que foi, Marilene, que tu já está soltando fogo pelas ventas?

Marilene — Olha, eu sei que aqui todo mundo não gosta de trabalhar no domingo, mas como de costume é sempre bom chegar na hora.

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Cristina — (irônica) Meu amor, eu agradeço a sua preocupação. Mas eu já fiz todo o meu trabalho em casa, só vim porque preciso da assinatura do chefe. Por tanto, tu não precisa se preocupar com a hora que eu chego ou saio.

Marilene — claro meu bem. Pode deixar. Falando no chefe. Ele está a sua espera lá na sala dele!

Cristina — Obrigada! Té logo.Marilene — Até...

Cristina sai. Marilene fala com Édson.Marilene — Antipática. Se acha a tal. Tá, olha só, leva isso aí

que eu te dei, e depois você pode ir embora. Só porque é domingo.

Édson — Ô, valeu!Marilene — Maria de Lourdes! (p/ Édson) Quê que foi? Tá

esperando um convite? Vai logo moço! Qual é o seu nome?

Édson — É Édson.Marilene — (simpática) Édson, quer me fazer um favor?Édson — Claro. Qual?Marilene — (gritando) Vai logo!

Édson sai correndo. Aparece Maria de Lourdes.Lourdes — Pois não.Marilene — Um café, Lourdes, um café. Tô vendo que o dia

aqui vai ser estressante.Lourdes — Está sendo. Fazer hora extra é ducha. Mas fazer o

que? É a vida! Nascemos para viver, trabalhar e o melhor de tudo se divertir! Só que nesse momento estamos no momento de trabalhar. Por tanto, aqui está seu café!

Marilene — (tomando um gole) Hã... tá amargo.Lourdes — Que nem tu.Marilene — Que?Lourdes — Tirei tatu! (risadinha)Marilene — Hã? Lourdes — Açúcar ou adoçante?

Corta.

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CENA 10. TOP-STAR. SALA ANTOINE. INTERIOR. DIA.Ambiente bem arejado, não muito escuro, cheio de fotos de modelos na parede do escritório. Uma grande mesa, uma longa cadeira de couro preta com encostos onde Antoine está sentado, logo a sua frente sua secretária Gabi. Ele está assinando alguns papéis e dando ordens para Gabi seguir. (Ele está de saída; chegará Cristina.)

Antoine — (suspirando) É, Gabi, eu também não gostos de trabalhar no domingo. Ainda mais esse domingo de Grenal que eu não perco por nada, hoje o Grêmio ganha.

Gabi — Tomara. Eu não me importo de trabalhar no domingo, afinal vamos ganhar hora-extra mesmo.

Antoine — Se eu que sou o dono da Top-Star estou trabalhando, imagine vocês. Mas não se preocupem sexta é feriado.

Gabi — Tudo bem. Aliás, eu sei que o senhor gosta de trabalhar aqui.

Antoine — E quero que todos se sintam o mesmo que eu, que venham trabalhar com gosto. E a Cristina?

Gabi — Liguei pra ela. Disse que já estava chegando.Antoine — Tá bom. (termina) Ah, pronto! Mais alguma coisa?Gabi — Não, não. Está tudo certo.Antoine — Ótimo. Vou embora. Não vou poder esperar por ela,

não. Batidas na porta. É Cristina.

Cristina — Oi. Sr. Antoine! Antoine — Cristina! Quase que não me pega aqui. Estava

saindo.Cristina — (á secretária) Oi, Gabi! Tudo bom? (p/ Antoine)

Então, chefo só preciso de suas assinaturas, pra despachar isso aqui direto pra Miami.

Antoine — Ótimo. Me dê aqui. Sabe no que eu estava pensando? Tem uma viajem aí pra ser feita. Pro Canadá. Não estou a fim de ir, e quero requisitar alguém aqui da empresa pra ir no meu lugar. Em primeiro, me passou a cabeça tu, Cristina. Agora eu não sei se tu vai querer, não é?

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 13

Cristina — (não muito surpresa) Eu no Canadá? Olha, nunca fui. Mas posso até pensar no caso.

Antoine — Não, não quero te botar pressão, até porque tu tens a tua família, e não quero te prejudicar.

Cristina — Se bem que é uma boa! Talvez eu encontre um canadense primoroso, porque os brasileiros... ih, não tão com nada.

Antoine — Ei, não fala assim, mulher! Eu sou brasileiro! E te digo, eu me garanto por qualquer canadense.

Risadas entre eles.Cristina — E o jogo? Grêmio ou Inter?

Cena continua sem áudio, Gabi ouve a conversa atentamente.Corta para:

CENA 11. TOP-STAR. ESCRITÓRIO GERAL. MESA MARILENE. INT. DIA.

Gabi falou para Marilene sobre o que eles conversaram na sala de Antoine.Marilene — (indignada) Canadá? Aquela exibida vai pro

Canadá? Não, eu não tô acreditando. Eu sou a quem mais trabalho aqui nesse lugar, e quem ganha as melhores coisas é ela?

Gabi — É, Marilene, ela é toda poderosa a quem pode mais.Marilene — Não se depender de mim!Gabi — Vai fazer alguma coisa?Marilene — Claro! Quê que cê achou? Que eu ia ficar aqui de

braços cruzados enquanto aquela metidinha se dá bem? Não... eu vou agir. O que é dela tá guardado.

Marilene fica com um olhar pensativo. Corta para:

CENA 12. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. DIA.Cidade ao som de Rihanna – Rude Boy. Mostra os prédios do centro. O trânsito. O estádio do Grêmio, do Internacional. Vila Petrópolis, parte fictícia. Mostra a casa de Laura e Wesley. Casa grande, dois pisos, com sacada, cor escura.Corta para:

CENA 13. CASA LAURA. QUARTO MANU/CORREDOR. INT. DIA.

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Manu e Bruna estão dançando a continuação da música da cena anterior tocada pelo rádio delas. Estão dançando em cima da cama. Estão muito animadas, computador da mesinha ligado, quarto de menina de classe média. A música está alta. Batidas na porta. Elas não ouvem. Batidas continuam. A voz de Laura aparece em off.

Laura — (batidas, off) Gurias! Gurias! Será que é possível, vocês abaixarem o volume do rádio?! Gurias!

Alternar com CORREDOR:

CENA 14. CASA LAURA. CORREDOR. INT. DIALaura está ficando nervosa com Bruna e Manu por nem estar sendo ouvida.

Laura — (impaciente) Gurias, abaixem esse som, por favor! (tempo) Eu vou falar pela última vez: abaixa o som!

Nada delas abaixarem o volume da música. Alternar com QUARTO MANU:

CENA 15. CASA LAURA. QUARTO MANU. INT. DIABruna e Manu estão dançando e rindo.Alternar com CORREDOR:

CENA 16. CASA LAURA. CORREDOR. INT. DIALaura está bufando.

Laura — Tudo bem. Ótimo! Foram vocês que pediram! (baixinho) Desgraçadas. (alto) Só não diz que eu não avisei!

Laura sai. Alternar com QUARTO MANU:

CENA 17. CASA LAURA. QUARTO MANU. INT. DIA.Manu e Bruna conversam entre si.

Bruna — Tu ouviu a Laura, Manu?Manu — Ouvi! Não dá bola, Bruna! Ela não pode fazer nada!

Meu pai não está nem aí! Ele quer mais que eu me divirta!

Bruna — Mesmo assim. Tu conheces a Laura. Ela vai fazer alguma coisa.

Corta para:

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 15

CENA 18. CASA LAURA. SALA. INTERIOR. DIA. Wesley está sentado numa poltrona lendo jornal tomando chimarrão. Aparece Laura descendo as escadas, só passa pela sala. Corta para:

CENA 19. CASA LAURA. ÁREA DE SERVIÇO. INTERIOR. DIA. Laura abre o caixa do disjuntor, vai lendo, e desliga onde está escrito “2º PISO”.Corte rápido para:

CENA 20. CASA LAURA. QUARTO MANU. INTEIROR. DIAO rádio e o computador das meninas desligam, o rádio faz um barulho estranho de como se tivesse queimado, o computador só desliga. Bruna comenta:

Bruna — É. Eu sabia que ela ia fazer alguma coisa.Corta para:

CENA 21. CASA LAURA. SALA. INTERIOR. DIA.Confusão está armada. Manu e Bruna estão na sala, junto está Laura em pé ao lado de Wesley que está tomado chimarrão na sua poltrona. As meninas estão reclamando pelo rádio ter estragado. Manu com rádio na mão. (Bastantes atropelamentos de falas.)

Manu — (p/ Laura) Olha aqui! Olha bem. Tu estragou o meu rádio!

Laura — Bem feito! Isso foi culpa sua. Eu fui lá avisei, pedi pra vocês abaixarem o volume da música, não me ouviram? Tomei uma atitude drástica. E resolvi o problema, agora esse treco não toca mais!

Manu — (ao Wesley) Pai, ela acabou com meu rádio!Laura — E faria de novo. Eu estou com dor de cabeça!Manu — Dor de cabeça.../ ah, dor de cabeça, Laura? Isso é

um pretexto pra ti incomodar a gente e estragar o meu rádio!

Laura — (se irrita) Escuta aqui, ô guria: eu não sabia que essa porcaria ia estragar comigo desligando a luz. E não tenho lá tempo pra ficar arranjando pretexto pra ficar importunando vocês! Ah, pelo amor de Deus! Eu não

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 16

sei de onde que tu tiras essas bobagens que tu falas! Deixa de ser idiota guria!

Manu — Olha, eu só tenho uma coisa pra falar pra ti, Laura, tu vai comprar outro rádio pra mim!

Laura — (riso irônico) Muito engraçado. Jura, né, que eu vou comprar outro/

Manu — (corta) Vai! Vai sim!Laura — Eu prefiro o silêncio.Bruna — Isso é injusto.Manu — Tu vai comprar outro rádio!Laura — Já falei que não vou! Eu não vou!Manu — (alto) Vai sim, se não tu vai se arrepender!Laura — Ah.. Quê que é isso? Me ameaçando?Manu — Tô! Laura — Pois eu te digo uma coisa, minha amiguinha, (alto)

eu estou pouco me lixando pro seu rádio! Eu quero que tu, tua prima e teu rádio que se danem!

Manu — (tom alto) Isso não vai ficar assim, Laura, eu já estou te avisando!

Laura — (tom alto) Tu abaixa o tom pra falar comigo guria!Manu — (gritando) Eu falo no tom que eu quiser!Laura — (gritando) Não dentro da minha...

Wesley intervém com um gritando, dando susto nas duas.Wesley — (gritando) Chega!

Silêncio. Wesley levanta, termina o chimarrão.Wesley — (calmo, cont.) Laura vai comprar outro rádio pra

vocês.Elas vibram. Laura não crê.

Laura — O quê?Wesley — Isso mesmo.Laura — Mas meu amor, elas.../Wesley — (corta) E vocês gurias vão prometer que não iram

mais ouvir música em volume alto. E se caso aconteça de novo, vocês com música alta, eu é que vou destruir o rádio desta vez.

Manu — Tudo bem.Bruna — Por nós tudo bem. Agora vamos!

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 17

Elas saem rindo. Laura bufa e vira-se para o marido.Laura — (irritada) Porque eu tenho que comprar o rádio pra

elas? Elas estão erradas! Eu estou morrendo de dor de cabeça!

Wesley — Estava com dor de cabeça! Esse é o mais correto de tu dizeres, Laura. Gritando desse jeito a tua dor de cabeça já deve ter sumido. Deixa de ser implicante!

Laura — Eu implicante, Wesley?Wesley — Tu mesmo. Eu chego a pensar que tu fostes lá no

quarto das gurias só pra implicar! Mal dava pra escutar daqui de baixo.

Laura — Ah! Tu já vistes o tamanho dessa casa? É claro que tu nunca ias ouvir a barulheira aqui de baixo, eu estava lá encima, e estava com a cabeça latejando. E agora tenho que comprar um rádio pra elas? Não! Não mesmo.

Wesley — Tu que sabe. Agora só não me venha reclamar depois. Ouviu?

Wesley pega a térmica e vai para cozinha. Laura olha-o com desprezo. Está com muita raiva. Suspira.Corta para:

CENA 22. CASA LAURA. QUARTO LAURA. INTERIOR. DIA. Quarto com banheiro. Amplo. Tem a porta para sacada. Um espelho na parede onde está a cama. Tem um gato preto deitado na cama, gato bonito seu nome é Lucífer. Aparece Laura ainda furiosa. Bate a porta.

Laura — ah... merda! (emociona-se) Eu odeio essa vida! Não vejo a hora de me livrar dessa gente. (chorando) Eu não aguento mais... Eu não quero mais isso. Eu não mereço. Não mereço. (olha para o gato) Só você pra me entender, Lucífer. (pegando o galo no colo) Vem aqui meu lindinho. Vem com a mamãe. (suspira) Ah... ai, meu lindo. Não se preocupe. Mamãe está cuidando do nosso futuro. Vamos acabar com todos, meu lindo. (funga) Sei que tu também não gostas deles. Mas isso é só questão de tempo, Lucífer, eles vão sair da casa. Se depender de mim não vai demorar muito não. (beija o

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 18

gato) Sabe por quê? Vamos ver. Vamos vê o que a mamãe tem aqui.

Laura deixa o gato na poltrona. Ela abre uma gaveta. Tira de baixo de duas caixas outra caixa azul. Ela abre e com cuidado ela tira um revólver. Um pequeno revólver prata.

Laura — (ri) É só disso que eu preciso. (p/ gato) Olha, Lucífer... tá aqui a nossa felicidade. Com isso nós vamos acabar com todos dessa casa.

CAM no olhar fixo de ódio de Laura. Clima. Valorizar tensão.Corta para:

CENA 23. CANADÁ. TORONTO. RUAS. EXTERIOR. DIA.Uma linda imagem da cidade Toronto. Mostrando o lago, alguns takes da cidade. Mostrar também, o transporte público da cidade, que é bem diferente do Brasil. Legenda no canto do vídeo: “CANADÁ – TORONTO” Alguns canadenses em parque. E andando pela cidade está Vladmir e Thaís . O casal está bastante animado. Eles chegam até um restaurante no centro da cidade. Corta para:

CENA 24. RESTAURANTE SWEET. INTERIOR. DIA.Thaís e Vladmir sentados um de frente para o outro. Decoração fenomenal do restaurante canadense. O dialogo entre eles já está correndo.

Thaís — (animada) Olha, honey! Tem tanta comida boa nesse restaurante que fica até difícil de escolher o que comer.

Vladmir — É só ir pelo preço, amor. Já que são todas boas, vai no mais barato. (rir)

Thaís — Oh, God! Como você é mesquinho, Vladmir. Deixa de ser pão duro.

Vladmir — Estou brincando.Thaís — De birra vou querer o mais caro.Vladmir — Escolhe qualquer uma. Estava brincando. Eu só

quero sair daqui satisfeito.Chega o garçom, bem vestido, e canadense, portanto apresentar legendas ao vídeo.

Garçom — Excuse me, what you will want?Vladmir — Deixa eu ver… Não. Não. Ah, e acho que vou

querer esse. (ao garçom) Okay, I think I want a pea

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 19

soup as input and then a steak with sauce mika, then choose the dessert.

Garçon — Okay. (p/ Thaís ) And Miss?Thaís — I want the most expensive dish you have as a Main

Dish. And the dessert I decide later.Vladmir sorri. O garçom anota.

Garçom — And to drink?Vladmir — (p/ Thaís ) Eu acho que vou querer um vinho, tu me

acompanha?Thaís — Ah, não, amor... eu queria um suco, ou alguma coisa

que não houvesse álcool.Vladmir — Como tu é chata. (pro garçom) To me a wine. And

he looks it.Thaís — Ai, amor...Vladmir — lembrei que tenho que ligar pra minha família no

Brasil. Vou fazer um telefonema enquanto tu escolhe ai.

Thaís — Olha o “tu” ai de novo. Não consegue ficar sem falar, né?!

Vladmir — Que tu queres que eu faça? Em Porto Alegre nós falamos “tu”! Minha terra filha!

Corta para:

CENA 25. CASA SCHNEIDER. SALA. INTERIOR. DIA.Alternar com TORONTO. RESTAURANTE. INT .: Cybele está com o filho Vladmir ao telefone.

Cybele — (tel.) Vladmir, meu filho. Pensei que não ia ligar.Vladmir — (cel.) Ô, mãe como é que vão as coisas?Cybele — (tel.) Ai, tudo na mesma, meu filho. Seu pai sempre

de rincha com o Piccoli.Vladmir — (cel.) Ah, papai não larga esse cara de mão. Tão

sempre brigando.Cybele — (tel.) Mas eu não culpo seu pai, não. Eu culpo

aquela santa Glória. É ela a culpada de tudo isso. Ela fica pondo caraminholas na cabeça do marido dela pra ficar importunando o teu pai. E teu pai está certo. Não pode deixar eles pisarem na gente, não!

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 20

Vladmir — (cel.) Só tenho medo que o papai saia machucado dessa história. Nós sabemos que aquele Odair não é flor que se cheire. Pode fazer algum mau pra ele.

Cybele — (tel.) Que nada meu filho. Seu pai sabe se cuidar muito bem.

Corta para:

CENA 26. PORTO ALEGRE. RUA. ESQUINA. EXTERIOR. DIA.CAM no semáforo vermelho. Esquina, para o carro de Odair. Junto com Odair dentro do carro estão Glória, Newton e Nilmar.

Odair — Tá louco. Que frentista mais lerdo. Duas horas pra encher o tanque.

Glória — Calma, Odair. Tu andas muito nervoso.Newton — Pai, nós ainda temos que passar na casa da Nise. Ela

vai junto. Já marquei com ela.Odair — Tá.

O carro de Antero para ao lado do carro de Odair. Odair o vê. Eles se entreolham. No carro de Antero está também seu filho Paulinho. Odair começa a dar umas aceleradas no carro. Nilmar vê os dois também ao lado.

Nilmar — Ih, olha só quem tá aqui. Os Schneider!Glória — Ai, eu não acredito. Tu não vais fazer racha com ele

não, Odair!Antero também responde acelerando o carro. Sem arrancar, só fazendo barulho. E dando uns alavancos no carro.

Odair — Ele tá pedindo.Glória — Não. Tu não vai. Olha tua família aqui no carro.Odair — Eu não vou. Vou fazer melhor!

Muito ritmo: Odair acelera cantando pneu; o carro arranca; Antero acelera também, arrancando; sinal ainda vermelho; Odair não deixa o carro ultrapassar a faixa de segurança freando; Antero não segura o freio, ultrapassa o sinal vermelho, vem outro carro e bate nele com força, bate na lateral de traz do carro, fazendo o carro virar pro lado.Reação. CAM no carro de Schneider batido, CAM dá um giro e vai para o carro dos Piccoli. Todos apavorados.

Nilmar — Caramba!Newton — Nossa! Glória — Meu Deus. (p/ marido) O que tu fez?

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 21

Baque! Odair com as mãos ao volante, olhos arregalados. Assustado.Corta para:

1º INTERVALO COMERCIAL

CENA 27. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA.Odair, Glória, Newton e Nilmar estão na recepção à espera de alguém. Odair está ali porque a mulher insistiu. Glória e Odair estão afastados dos meninos. (Cybele vai entrar na cena muito nervosa junto com sua filha Cheli)

Odair — Eu não sei por que tu me obrigaste a vir aqui. Não tem necessidade!

Glória — Não tem necessidade? Como não tem necessidade, Odair? A culpa foi sua deles terem vindo parar aqui nesse hospital.

Odair — Minha? Minha? Eu tenho lá culpa do Antero não saber dirigir direito, Glória? Ora, faça-me o favor.

Newton e Nilmar sentados num canto. Newton está ao celular com Nise sua namorada.

Newton — (cel.) Tu tinhas que ter visto, Nise. (som de batida) Batida forte. Vô me atrasar.... Não, sim estamos todos bem... Ok... Ok, tudo bem. Beijo. Tchau! (desliga)

Nilmar — É uma bicha mesmo.Newton — quê que é, Nilmar? Qual teu problema?Nilmar — Todo melozinho com a namo. Bem coisa de veado.Newton — Eu sei como tratar uma mulher, tá? Diferente de ti

que trata a sua como se fosse o seu cachorrinho de estimação.

Nilmar — Ô, Newton. Vai chupar prego pra ver se vira parafuso. E não me enche o saco. Se não eu vou te... (vê uma menina bonita passar) olha só que coisa mais linda de papai... Onde é que vai, nenê? Vem aqui.

Newton — (revira os olhos) Não tem jeito mesmo.Chega Cybele, puxando Cheli pelo braço. Não percebi os Piccoli e vai falar com a moça da recepção.

Cybele — (nervosa) Moça. Moça. Moça! Meu marido. Meu marido sofreu um acidente de carro. Está nesse hospital, me ligaram e eu.../ (percebe os Piccoli, p/

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 22

Odair) Tu. Tu foste o culpado. (indo pra cima) Eu vou acabar com a tua raça! Maldito!

Odair — (segurando-a) Que isso, mulher? Tá doida?Confusão entre eles.

Glória — Segura ela!Cybele — Foi tu! Por tua culpa meu marido e filho vieram

parar nesse hospital. Desgraçado!Odair — (segurando-a) Para. Para! Para com isso, mulher!Cybele — Por sua culpa, meu filho pode ficar com alguma

sequela e meu marido ir parar numa cadeira de rodas! Maldito! Eu odeio os Piccoli!

Cybele tenta bater em Odair. Aos choros.Cybele — (chorando) Por quê? Porque odeia tanta a minha

família, Piccoli? Por quê? (ajoelha-se) Porque... Newton — Mulher doida.

Cheli morrendo de vergonha com o fiasco de Cybele.Cheli — Mãe!Cybele — (dramática) Já não bastava o meu marido Antero, tu

também ter feito isso com meu filho Paulinho... o meu filhinho, Piccoli. (chora)

Glória — Comeu coco.Odair — Parafuso tava solto caiu no bueiro. Tá doida

mulher?! Levanta do chão. Teu marido e filho estão bem. Nenhum se machucou gravemente. Estão todos ainda esbanjando saúde!

Cybele — Como é que é?O médico aparece de surpresa. Vê Cybele ajoelhada.

Médico — Hei! O quê está acontecendo aqui?Cybele — (levantando-se) Dr. Manoel! Como é que estão

(empurrando Odair) Sai da frente! (ao médico) Como meu marido e filho estão?

Médico — Estão bem. Porque não pergunta a eles? Eles estão ali.

Vem chegando os dois. Paulinho com o braço engessado, e Antero com o pé manco. Cybele vai até eles pra ajuda-los e beija-los.

Cybele — Antero! Meu amor. Paulinho! Meu filho. Vocês estão bem? Ai, olha o braço.

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 23

Antero — Estamos bem. Vamos sobreviver. Ué! Tu estavas chorando?

Cybele — Hã? Que? Não é... um cisco que. Não, eu bati no.../ Não. Não estava chorando. Vamos embora?

Antero — Vamos. Antes eu quero ter uma palavrinha com aquele moço ali.

Antero vai até Odair e Glória de muleta.Odair — Ih...Antero — (p/ Odair) Vai ter volta. Por tua culpa meu filho

quebrou o braço. Uma coisa é me machucar, agora a minha família não, Piccoli. A minha família não. Tu te preparas. Vem chumbo grosso por aí!

Odair — Estou sempre preparado, Schneider.A família Schneider sai.Corta para:

CENA 28. CASA PICCOLI. SALA. INTERIOR. DIA. Odair e Glória estão brigando pelo acidente que Odair ocasionou.

Odair — Eu não tenho culpa dele ser meia roda, Glória!Glória — Desculpe, eu falar, Odair, mas hoje tu poderias ter

matado os dois, sabia?Odair — Ai, meu Deus, que drama. Até parece que eu passei

com o carro por cima deles!Glória — Mas foi como se fosse. Essa briga entre vocês pode

acabar machucando a gente. Como hoje. Aquele guri poderia ter se machucado sério!

Odair — Mas não se machucou. Está tranquilo lá na casa dele, só com o braço engessado. Nada de muito grave aconteceu, Glória! Desencana!

Glória — Não. Eu não vou desencanar não! Se fosse um dos meus filhos que tivesse quebrado o braço... nossa! Eu acho que eu quebrava o teu pescoço.

Odair — Dá pra parar? Já tá me irritando.Glória — Não. Eu não vou parar até entrar nessa sua cabeça

que isso que tu fizestes foi horrível. Odair — Então me dá licença que eu tô fora! Não tenho

tempo pra isso não. Vou olhar o meu jogo bem longe!

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 24

Odair sai, batendo a porta. Glória suspira.Corta para:

CENA 29. PORTO ALEGRE. EXTERIOR. DIA.Mercado Público de Porto Alegre. CETE — Centro Estadual de Treinamento Esportivo. Mostrar um senhor com deficiência visual fazendo uma caminhada, com auxílio de uma pessoa. CAM sai dele, seguindo em Eva e Loire estão correndo nas pistas esportivas. Corta para:

CENA 30. RESTAURANTE. SACADA. EXTERIOR. DIA. Mostrar Eva e Loire sentadas numa mesa de restaurante com vista para o lago. Uma de frente dá outra tomando uma água.

Eva — Eu não sei o que está acontecendo com o Antoine, sabe, Loire?! Anda muito distante. Não só de mim. Do Tonico também. Justo no momento da vida que o Tonico mais precisa que é a adolescência. Não está presente. Não sabe se o filho não é mais virgem, não sabe se está indo bem no colégio, não sabe quem são os amigos, se está metido com drogas, ou seja, não sabe nada! (tempo para um gole d’água) E é por isso que eu me irrito com ele. E acha sempre que está certo. Diz, “ah, mas o Tonico tem que ter o seu espaço!” Ah, me poupe. Isso é conversa! Desde quando adolescente tem que ter espaço? Não! Nós pais temos que estar sempre encima! Ali! Vigiando! Vendo o que está se fazendo.

Loire — Calma, Eva. Tu está muito nervosa.Eva — É que eu me irrito com essas coisas. Hoje, eu não

sei onde que eu estava com a cabeça, eu deixei ele ir para o estádio. Nessas torcidas organizadas.

Loire — Ele é gremista ou colorado?Eva — Gremista. Não sei não. Talvez até lá eu não deixe

ele ir. É muito perigoso. Tu sabes como é que anda esses estádios hoje em dia, né? Muito briga, muita violência, muita morte. Ah, não! Meu filho não!

Loire — Tá na cara. Tu és uma mãe super protetora. O que tu quer é que teu filho não se machuque, que vai bem...

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 25

Eva — Nisso que dá ter uma amiga psicóloga. Loire! Se eu quiser uma consulta eu vou até o seu escritório. (risos)

Loire — (risos) Tá certo. Chega de hora extra.Eva — É. E vamos almoçar que eu estou morta de fome

mulher. Ai, vou comer uma salada bem calórica.Risos das duas.Corta para:

CENA 31. PORTO ALEGRE. PRAÇA. EXTERIOR. DIA.Um grupo de amigos, todos vestidos com camisetas do Grêmio. Estão eufóricos, animados, cantando o hino do seu time. Tonico sai do meio deles para atender o celular. Se afastando.

Tonico — (cel.) Fala! Quê que tu quer?Alternar com o mesmo local da cena anterior RESTAURANTE. SACADA. EXT. Eva está falando com seu filho, ao seu lado sua amiga Loire continua almoçado.

Eva — (cel.) Olha o jeito que tu fala comigo guri! Onde é que tu estás?

Tonico — (cel.) Aff... do aqui na praça. Já estou entrando no ônibus pra ir ao jogo.

Eva — (cel.) tem muita gente ai?Tonico — (cel.) Não.Eva — (cel.) como que não? Tô ouvindo a barulheira?Tonico — (cel.) Então porque perguntou?Eva — (cel.) Olha aqui, tu não estressa!Loire — Calma, calma...Eva — Ah, se arrependimento matasse! Estaria morta. (cel.)

Não vai chegar tarde, ouviu? Tonico — (cel.) Tá, olha só, Eva, tô indo, falô! Tchau!

(desliga) Que saco!Um amigo se aproxima. Seu nome é Guto.

Guto — Ih, qual é, Tonico!? Quem era?Tonico — A velha louca da minha mãe! Barbaridade, não sai

do meu pé.Guto — Num dá bola! Num dá bola, e vambora! Vambora,

porque... (risos) se dé merda, nós enchemos o busão de armamento da pesada.

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Tonico — Armamento?! Que armamento?Guto — modo de falar, guri. Armamento eu quis dizer barra

de ferro, pedaço de pau... e outras coisinhas.Tonico — ih... tô fora, Guto. Não gosto dessas coisas não.Guto — Ah... Tonico! Deixa de ser boiola!

Falando juntos:Tonico — Não, não, não... nem vou mais. Vô pedi pro meu pai

me levar.Guto — Tá, não olha só... Escuta.Tonico — Não, eu vo...Guto — Escuta. escuta, caralho! (Tonico fica quieto) Nós

não estamos indo pra brigar. Nada disso. Aquilo que nós temos no busão é só proteção. Porque a gente sabe, eu sei e tu sabes como são aqueles loucos do Inter!

Tonico — (pensa) Tá vai. Tá beleza! Vambora!Mostrar uma imagem da cidade.Corta para:

CENA 32. AP. GLENDA E PEDRO. SALA. INTERIOR. DIA.(Mostrar a fachada do prédio Petrópolis) Emily, a empregada, está passando a roupa num canto da sala. Ouvi um grito da patroa vindo do quarto.

Glenda — (off, gritando) Emily...!Emily — (assustada) Ai, meu Deus do céu! Aqui na sala,

Dona Glenda!Glenda — Emily, Emily, Emily, Emily, Emily, Emily, Emily,

Emily!Emily — (nervosa) Que foi, Dona Glenda? O que aconteceu?

Eu juro pela minha mãe mortinha, que já compadeceu, que não foi eu! Quando eu cheguei já estava assim!

Glenda — (não entendeu) Do que você tá falando?Emily — Do... que... hã? A senhora não está falando do...

Que?Glenda — Estou falando do meu marido.Emily — (alívio) Ah, bom! Que susto. Só isso.Glenda — Como só isso?! Como só isso, Emily? O meu

marido some, desaparece, não me dá satisfação alguma de onde foi, e tu falas só isso?! Onde é que ele foi?

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 27

Emily — Seu Pedro saiu logo mais cedo. Saiu com alguns amigos.

Glenda — que amigos? Tinha mulher no meio?Emily — Não, não... Acho que não. Glenda — Pra onde é que eles foram? Eles falaram?Emily — Falaram aí num tal de... ih, caramba. Não tô me

lembrado.Glenda — Eu te mato se tu não lembrares.Emily — Mas porque a senhora não liga pro celular dele?Glenda — E tu achas que ele me atende? Ele faz de proposito

só pra não me atender.Emily — Mas que preocupação toda é essa, Dona Glenda?Glenda — Eu quero saber onde ele está. Se está com mulher. E

tu vais lembrar onde ele foi, enquanto eu me arrumo pra ir trás. Se ele pensa vai conseguir me trair, está muito enganado. E ai de ti se não lembrar onde ele foi!

Glenda sai. Emily fica aflita.Emily — Ô, meu Deus! Me ajuda a lembrar o nome desse

lugar, se não ela me come viva. (pensando) É cam... cam, alguma coisa. Ou é ‘ra’ alguma coisa.

Corta para:

CENA 33. CACHOEIRA. FLORESTA. MORRO. EXTERIOR. DIA.Imagens aéreas. Um grupo de amigos, onde está Pedro. Fazem rapel, em algum morro. Ao lado há uma cachoeira. Fundo musical animado. Pedro vai descendo.No seu bolso celular vibrando. Ele não percebe.Corta para:

CENA 34. AP. GLENDA E PEDRO. QUARTO CASAL. INT. DIA.Glenda está ligando para o marido. Emily está presente. Glenda já está bem nervosa.

Glenda — (irritada) Olha aí! Olha aí! Ele não me atende, Emily! Ai, mas eu vou matar o Pedro! Como é que ele sai assim sem me avisar?!

Emily — Mas se acalme, Dona Glenda! Com certeza ele está bem.

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Glenda — Ele está bem, ele está bem! Mas eu não estou bem! (choramingando) Só em pensar que pode ter uma vadia dessas qualquer encima do meu homem... do meu Pedro eu já fico... Arr... nos nervos!

Emily — Calma.Glenda — Em vez de tu ficares aí me pedindo calma, já

lembrastes onde eles foram e o que foram fazer?Emily — Ainda não...Glenda — Arr... Tá! Tudo bem. Calma, Glenda. Matar um não

resolverá nada. (calma) Emily. Emilysinha do meu coração. Ô, amor de pessoa. Tu sabes, tu lembras aonde eles disseram que iam?

Emily — (sinal negativo com a cabeça)Glenda — (respira forte, pronta para explodir)Emily — (lembra, gritando) Rapel!Glenda — Hã?Emily — Isso! Lembrei! Foi isso mesmo. Eles ligaram aqui

cedo pra falar com o seu Pedro. Eu falei com eles ainda.../

Glenda — Tá, tá... corta a lorota!Emily — Foram pra Cachoeira fazer rapel!Glenda — Sei onde fica. Já fui!Emily — Peraí, a senhora, vai atrás dele lá em Cachoeira?

Cachoeira é longe!Glenda — Emily, aprende uma coisa comigo, eu não meço

esforços pra ir atrás do meu marido. Se ele estivesse no Japão, do outro lado do mundo, eu ia atrás. Portanto, eu vou buscar meu marido onde quer que ele esteja!

Glenda pega chave e sai. Emily já sabe.Emily — (suspiro) Já vi tudo. Vai ter briga. Vô ficar longe.

Eu hein!Emily sai fechando a porta do quarto.Corta para:

2º INTERVALO COMERCIAL

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 29

CENA 35. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. ANOITECER.Uma bela imagem do sol descendo, com fundo musical: Alex Gaudino Feat. Christal Waters — Destination Calabria. Anoitece. Bares; cafés; boates; transito; festas.Em algum bar o centro. Um montante de gente assistindo ao jogo de futebol. Grêmio e Inter. Com um erro dos jogadores, os torcedores do Grêmio gritão: “Uh...!”Vai mudando, de bar para bar. Mas dois bares apenas.Corta para: CENA 36. ESTÁDIO. OLIMPICO. ARQUIBANCADA. EXT. NOITE. Música da cena anterior contínua. (ANTES MOSTRAR O ESTÁDIO DO ALTO) Na arquibancada, toda a torcida do grêmio pulando e gritando. Junto num grupo, que grita o lema da torcida organizada, está Tonico e Guto. Na maior algazarra. E o time em campo: (alguma imagem de um jogo entre Grêmio e Internacional.)Corta para:

CENA 37. CASA PICCOLI. SALA. INTERIOR. NOITE.Newton, Nilmar, Nise, Kamilla e Glória. Estão todos na sala assistindo ao jogo. Torcendo para o Grêmio.

Nilmar — Passa essa bola, caramba!Kamilla — Mas é muito ruim!Newton — Não, mas ele jogou bem. Só uma mancada porque

ninguém é perfeito.Nise — Mas ainda está zero a zero, gente, vamos com

calma.Glória é a única que está assistindo calada. Newton percebe que a mãe está sentida com a falta do pai e se aproxima para falar com ela.

Newton — Que foi, mãe? Porque está com essa cara?Glória — Nada filho. Está tudo bem.Newton — É por causa do acidente que o pai provocou hoje

com os Schneider?Glória — Ai, também. Agora ele saiu e até agora não

apareceu. Não sei onde está. Estou me sentindo mal com o que aconteceu hoje. E teu pai nem desculpas pediu. Às vezes eu tenho medo do que o Odair possa fazer contra eles.

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Newton — Eu acho que o papai só não aceita as provocações do Antero. Essa briga deles vai render.

Glória — É isso que me deixa angustiada. Eu queria que essa rivalidade entre eles acabasse. Já não aguento mais ficar brigando com a mulher plástica também. Ah... e o que me deixa assim desse jeito é por não saber onde anda teu pai.

Nilmar — (gritando) Merda! É um perna-de- pau!Glória — Olha essa boca suja, guri!Nilmar — Ah!

Corta para:

CENA 38. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. NOITE.Imagem aérea do centro da cidade. Fundo musical escolhido pela direção.Corta para:

CENA 39. AP. WANESSA. SALA. INTERIOR. NOITE.Odair está assistindo o jogo de futebol acompanhado com sua amante Wanessa. Enquanto ele assiste, ela está em seu colo com as pernas e coxas de fora, ele olha assistindo com as mãos em suas pernas. Está tomando uísque.

Odair — Merda! Mas esse juiz, hein!? Vô te conta! Tem que dar uma tunda nesse louco!

Wanessa — Calma, amor. (beijo)Odair — hum... hum, agora não. Wanessa — Ai, como você é chato. Eu aqui precisando de

carinho. E você aí querendo assistir esse jogo de futebol, Odair?!

Odair — Depois do jogo eu te dou o carinho que você quiser, Wanessa.

Wanessa — (saindo do seu colo) Chato.Odair — Me dá um agrado vai.Wanessa — O quê?Odair — Me prepara outro uísque. Wanessa — Só se tu me deres um beijo.

Fundo musical sensual. Olhar de Odair. Ela sorri.Odair — Vem!

Wanessa dá um pulo encima de Odair. Beijando-o.

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 31

Corta para:

CENA 40. AP. GLENDA E PEDRO. SALA/QT. CASAL. INT. NT.Primeira cena de apresentação do casal Glenda e Pedro. Briga feia entre eles. Bastantes gritos. Pedro está puto da vida por Glenda ter ido buscá-lo num local de seu lazer, onde ele vai para esquecer dos problemas. Glenda está furiosa por ele não ter lhe avisado que ia sair para fazer rapel. Eles entram brigando na sala pela porta da frente. De acordo com as falas eles vão se direcionando para o QT. CASAL.

Pedro — Eu sinceramente não sei o quê que você foi fazer atrás de mim lá em Cachoeira?

Glenda — Eu fui atrás de ti! Fui saber onde tu estavas! Se estavas com alguém, com alguma mulher.../

Pedro — Ah, sim! Agora sim. Tinha que ser, né?! Esse é sempre o teu motivo. Mulher, mulher, mulher! Sempre achando que eu estou te traindo.

Glenda — e não, é? Não é? Tu sai sem me avisar! Não me dá satisfação alguma. E eu ainda chego lá, e te encontro rodeado de mulheres!

Vão se deslocando para o QT. CASAL.Pedro — Que rodeado de mulher, Glenda?! As únicas

mulheres que estavam lá eram a Rute e a Manuela! Glenda — E não é pra suspeitar que essas vagabundas queiram

dar encima do meu marido?Já estão no QUARTO CASAL.

Pedro — A Rute vai se casar daqui a dois meses, e a Manuela está namorando com o Marquinhos. Eu não sei de onde que você tira essas manias de que eu estou sempre te traindo! Porra, Glenda, é de estressar! Você sempre desconfiada.

Glenda — (ironicamente) ah... desculpas, cidadão! Eu não sabia que tu eras a pessoa mais fiel desse mundo. Pois deixa eu te contar uma coisa, meu amiguinho: Não existe homem fiel! A única coisa que basta nas mulheres é elas cuidarem muito bem do que elas tem! E é só isso que eu faço!

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 32

Pedro — (dá um alerta) Pois cuidado, viu? Porque dessa forma você pode acabar perdendo o seu marido.

Glenda — (tempo/mais calma) Que isso?! Quê que é isso? Uma briguinha à toa e tu já pensas em separação, Pedro?! Nossa. Eu não sei como tu podes ser tão insensível, meu amor...

Pedro — Não vem não, Glenda. Eu sei muito bem o teu joguinho. É só eu falar em separação e você logo muda o jeito de falar.

Glenda — (sem tom de briga) Eu não mudei o meu jeito de falar. Tô falando como antes. Só pode ser coisa dessa sua cabecinha.

Pedro — Sinceramente: eu não te entendo. Eu vou tomar meu banho.

Glenda — Vai. Pedro para. Olha-a. Estranha.

Glenda — Vai. Nós ainda temos que jantar com o papai e com a mamãe.

Pedro entra no banheiro. Glenda faz uma cara de estrategista.Corta para:

CENA 41. CASA PICCOLI. SALA. INTERIOR. NOITE.Fim do jogo. Todos: “Oh...!” quando termina o jogo. Na sala estão Glória, Newton, Nise, Nilmar, Kamilla e Cristina.

Nilmar — Droga, acabou.Nise — Mas foi um bom jogo.Newton — É, também gostei. Só faltou o gol.Kamilla — É, zero a zero é foda.Cristina — Pena que eu peguei no final.Glória — Pois filha, por onde tu andavas?Cristina — Ah, mãe tenho que te falar. Vamos pra cozinha?Glória — Claro. Vamos todos comer alguma coisa. (P/

Cristina) Ah, espera aí! É particular?Cristina — Não.Glória — Tão tá bom. (á todos) Vamos lá!Nilmar — Bora!

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 33

Cristina — (p/ Glória) Peraí, mãe! Venha aqui. Deixa eles indo. (Nilmar quer ouvir) Tenho que falar uma coisa com a senhora. (fala pra Nilmar) Isso meu querido vai indo. Vai... é. Vai!

Kamilla — vem, Nilmar!Eles saem. Cristina quer falar sobre Odair.

Cristina — e aê, mãe? Onde está o papai?Glória — Ai, minha filha, nós brigamos pelo que aconteceu,

pelo o que ele fez acontecer com os Schneider, hoje sedo.

Cristina — Mas foi muito grave?Glória — Destruiu o carro. E estavam no carro, cê sabe, o

Antero e o filho dele. Um machucou a perna o outro o braço.

Cristina — Sim, sim. Eu fiquei sabendo. Mas pelo o que ele saiu pra assistir o jogo em outro lugar?

Glória — Porque eu fiquei insistindo pra ele pedir desculpas pros Schneider.

Cristina — Nunca que o papai ia fazer isso. Orgulhoso do jeito que ele é.

Glória — Pois é, eu insisti tanto que ele saiu de casa.Cristina — Vocês, hein?! E a senhora não tem ideia por onde

ele anda?Glória — Não. Eu acho que ele deve estar arrependido. Só

que o orgulho é tanto que não deixa ele se expressar como quer.

Corta rápido para:

CENA 42. AP. WANESSA. QUARTO. INTERIOR. NOITE.Fundo musical sensual. Odair e Wanessa transando. Estão aos beijos na cama. Ela sentada em seu colo, ele beija seu pescoço. Cena corrida, troca rápida de posições na cama. Sexo violento. Muito ritmo. Corte: Transa já terminada. Wanessa deitada na cama, Odair colocando as calça.

Wanessa — Já vai, meu amor?Odair — Já era pra eu estar em casa. Ainda tenho que sair.Wanessa — (desanimada) Hum...

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 34

Odair — (tira um bolo de notas da carteira e deixa na mesa ao lado da cama) Tenho que ir. (beija Wanessa)

Wanessa — Tchau!Odair sai. Wanessa vibra. E corre pegar o dinheiro. Conta. E começa a rir. Joga o dinheiro para cima e se atira na cama. CAM lenta, ela se deitando rindo e o dinheiro caindo em cima.Corta para:

CENA 43. ESTÁDIO OLÍMPICO. FRENTE. EXTERIOR. NOITE.A turma de Tonico, sua torcida organizada. Estão cantando em festa até chegar ao ônibus. Um deles vê um do time adversário, do Internacional. E começa a gritar:

Homem — (gritando) Colorado! Pega! Pega!Começam a correr atrás do rapaz vestido com uma camisa do Inter. Em gritaria, Tonico e Guto estão no meio para linchar o rapaz. Todos eles se dão de cara virando uma parte do estádio, com outra torcida do Internacional. Daí, começa o quebra pau. Entre socos e chutes. E muita correria. Gente brigando com pedaços de paus. E barras de ferro, foice. Tonico vê, um do time do Grêmio pegar uma garrafa quebra, e sai para brigar. Guto chega nele:

Guto — Tonico! Tonico! Vão pro busão, pegar as bombas que a cavalaria tá pra chegar! Vão acabar com esses filhos das puta!

Tonico apavorado, é levado para o ônibus. Lá eles pegam, mais armar para briga como: barra de ferro, garrafas, bombas, pedaços de pau, etc. Guto dá uma barra de ferro pra Tonico.

Guto — Te segura com isso! Vambora!Tonico com a barra na mão apavorado.Corte para:

CENA 44. AP. EVA E ANTOINE. SALA. INTERIOR. NOITE.Um grande apartamento, cobertura. O maior do prédio Petrópolis. Eva está aflita por causa da saída do seu filho para o estádio com uma torcida organizada. Antoine está na frente do notebook.

Eva — (aflita) Eu não devia ter deixado o Tonico ter saído com torcida organizada. Eu sei como são, se veem um grupo do time adversário, eu sei que sempre tem briga. Sempre tem!

Vem entrando a empregada com um calmante e água.

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 35

Antoine — Calma, Eva, ele tá bem. Olha aí, olha aí, toma um calmante.

Eva — Ah! (toma) Já é o quinto que eu tomo hoje. E não está adiantando de nada. O que vai me acalmar é ver o Tonico entrar por aquela porta são e salvo.

Antoine — deveria ficar preocupada se um dos times tivesse perdido, porque daí sim ia ter briga. Como foi zero a zero, capaz de nem dar nada.

Corta para:

CENA 45. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. NOITE. Briga rolando solta entre as torcidas adversárias do Grêmio e Inter. Muita briga. Tonico está perdido entre eles, ele no meio da briga sai pelo canto. Vendo um cara magrinho com camisa do Inter correndo de uma cara, que aparentemente está com uma arma de fogo. Eles entram mato adentro. Tonico vai atrás. O homem mais magro cai no chão, o cara com camisa do Grêmio armado aproxima-se e dá uma coronhada com a arma no colorado. Tonico escondido, observa.

Gremista — Agora, vai querer nunca ter nascido colorado.Tonico observando com os olhos esbugalhadas, o gremista dá um tiro no colorado.

Colorado — Não, por favor! Por favor! Ah!Tiro. Cai no chão. Tonico sai correndo. O gremista também, volta pro meio da confusão. Tonico corre desesperado. Corte contínuo: chegar à cavalaria. PM chega a cavalo, soltando bomba de lacrimogênio. Correria. Alguns jogando pedras, e paus nos PM. Vem um PM a cavalo correndo, Tonico aparece do nada, se da de frente com o cavalo da PM levantando-se em duas patas a sua frente.Corta para:

3º INTERVALO COMERCIAL

CENA 46. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. NOITE. Continuação da cena anterior. Tonico consegue sair da frente do cavalo, ele sai correndo o mais depressa possível. Vai passando entre as brigas de torcedores e policiais.Corta para:

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 36

CENA 47. CASA SCHNEIDER. SALA. INTERIOR. NOITE.Estão presentes na sala, Antero, Cybele, Paulinho, Cheli e a empregada Suellen. Antero com a perna pra cima. Paulinho sentado do lado da mãe com o braço engessado, Cheli sentada do outro lado. Suellen de pé. Estão prontos para sair. Antero não está muito afim de sair para jantar fora. Cybele está tentando convencer o marido.

Cybele — Vai ser bom, Antero! Hein?! Não fica com essa cara aí de desanimado. Vamos sair hoje pra esquecer os problemas com essa fubazada aí da frente. O nome do restaurante que nós vamos é Taish-Ohmi. Só porque eu sei que você adora comida japonesa.

Antero — (resmunga) Ô, Cybele, eu estou manco. Não vou poder.../

Cybele — (corta/enciste) Mas não se preocupe com isso. Deixa que eu dirijo. Se for o caso deixa que o Pedro dirija.

Antero — Mas não é esse o caso. E sim.../Paulinho — (corta) Ô, pai vamos. Pelo menos lá vamos poder

comer a vontade, não vamos precisar fazer a dieta junto com a mamãe.

Antero — (tempo/pensando melhor) Muito bem lembrado. Vamos sim.

Cybele — (vibra) Ótimo.Campainha toca. Suellen vai para atender.

Cybele — (continua) porque as mesas já estão reservadas.Suellen abre a porta e é Glenda e Pedro.

Glenda — (animada) Olá, pessoal! Chegamos!Cheli — Glenda!

Cybele — Filha...Pedro — Boa noite. Boa noite!Antero — Pensei que não vinham mais!Cybele — (abraçando e beijando os dois) Finalmente que

vocês chegaram. Já estava achando que não vinham.Glenda — Ah, aconteceu um probleminha aí comigo e o

Pedro. Mas agora está tudo bem. Né, Pedro?!Pedro — É.

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Cybele — (p/ Pedro) E tu rapaz! Tão bonito. É um orgulho pra qualquer sogra. Minha filha teve sorte de arranjar um homem assim como você.

Pedro — (irônico) Realmente, a sua filha é uma mulher de muita sorte.

Glenda — (animada) Pai! Meu bonito, meu gostoso, meu delícia! Quê que foi? O que aconteceu com essa perna? E o Paulinho, esse braço? Como que se quebraram?

Antero — Acidente de carro.Cybele — Graças aos Piccoli. Glenda — Bom, mas então não foi acidente.Antero — Foi acidente sim. Só um acidente ocasionado.

Graças aos Piccoli eu acabei com a minha perna, o braço do teu irmão e com meu carro.

Glenda — (irritada) Que corja, meu Deus! Essa gente é uma praga! Uma cruz que carregamos. Capaz de matar vocês e sair impune.

Pedro — Que gente traiçoeira.Cybele — É, naqueles lá não se deve confiar em nada. Bom,

chega de papo e vamos logo. Não quero chegar atrasada. (p/ Antero) Quer ajuda? (p/ Suellen) Pega as muletas pra ele, Suellen. Isso. Obrigada.

Eles vão saindo.Corta para:

CENA 48. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. NOITE.Imagens da cidade ao som da música Hot ‘N Cold – Katty Perry. Bares, boates, festas, cafés, etc.Corta para:

CENA 49. CASA LAURA. SALA. INTERIO. NOITE.As meninas Manu e Bruna dançam a música na sala, com o som vindo dos celulares. Laura descendo as escadas. Com uma cara inerte. Para na escada. Olhar elas dançando. Bruna vê Laura. Para, cutuca Manu. Elas se olham entre si, e continuam dançando. Vão subindo as escadas. Passam quase que empurrando Laura com a dança. Silêncio a partir daqui. Laura pensativa. Vai até um canto da sala. Perto dos porta-retratos. Vê uma foto de Wesley e Manu juntos.

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Laura — Hum!Ela acha outra onde estão Manu e Bruna, sorrindo. Pega o porta-retratos.

Laura — (falando com a foto) Ah... vocês. Vieram ao mundo só pra infernizar. Não é? Claro. Pra me atormentar. Pra acabar com a minha vida. Pois eu aviso uma coisa pra vocês, queridinhas: chega. Chega! Eu não aguento mais vocês. E eu vou.. ah, eu vou, acabar com a raça de vocês!

Com raiva Laura joga com força o porta-retratos na parede, quebrando-o. Reação. Laura com ódio nos olhos.Corta para:

CENA 50. SHOPPING. PRAÇA ALIMENTAÇÃO. INTERIOR. NOITE.Sentados a uma mesa na praça de alimentação do shopping está Wesley e um detetive chamado Thiago, que ele contratou para descobrir se a mulher Laura o trai.

Wesley — E então, detetive, eu vim o mais rápido possível. Logo quando você me ligou eu prontamente dei um jeito de escapar. E fiz isso só porque tu tinhas me dito que era importante.

Thiago — E é. Meu amigo, ainda bem que tu está sentado. Tomara que tu não tenha problema no coração.

Wesley — (espantado) É tão grave assim o que a Laura me fez?

Thiago — Antes fosse. Eu corri atrás do passado dela. E fiquei abismado.

Wesley — (curioso) Então, vamos lá. Me conta!Corta para:

CENA 51. CASA LAURA. SALA. INTERIOR. NOITE. Laura sentada no sofá, com os braços cruzados. Vem descendo as escadas Bruna e Manu. Elas estão arrumadas para uma festa. Laura as vê. No momento em que Manu falar: “Não precisa ficar preocupa, viu?”, Laura revirará os olhos.

Laura — (irônica) Ah... mas que beleza, que bonitinhas... vão sair, é?

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Manu — (irônica) Não... que isso? Nada. Nós nos arrumamos assim pra ficar em casa. É. Parece que vai dar um filme maneiríssimo na Tela Quente, é.

Laura — Me poupe. Onde vocês vão?Bruna — Festa, Laura. Festa.Manu — E já falamos com papai, tá? Não precisa ficar

preocupa, viu? Falando no papai. Cadê ele?Laura — Não sei. Ele disse que ia sair e não falou aonde ia.Manu — Ótimo. Vamos embora também, Bruna. Aqui não

está nada agradável.Laura — Realmente com a presença de vocês aqui está

desagradável, mesmo.Bruna — Vambora, Manu!Laura — Pena que não pra sempre. Porque eu tenho certeza

de que vocês vão me dar esse desprazer de voltar.Manu — Ô, Laura, vai tomar onde o sol não bate! Vai!Laura — Olha essa língua...Manu — É...? E quê que tu vai fazer?Bruna — Manu. Manu! Festa, lembra? Hum? Não dá bola pra

ela. Vamos de uma vez. Elas saem. Laura sorri.Corta para:

CENA 52. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. NOITEPM dando tiros de borracha, em alguns caras que estão jogando pedra e madeira contra eles. Corte contínuo: Tonico aparece correndo. Entra dentro de um taxi, e apavorado dá a ordem ao motorista.

Tonico — Me tira daqui!O taxi arranca, Tonico olha a confusão de longe. Ainda nervoso. O taxista pergunta:

Taxista — Vai pra onde?Tonico — Petrópolis. Por favor.

Tonico ainda respira nervoso.Corta para:

CENA 53. AP. EVA E ANTOINE. SALA. INTERIOR. NOITE.

Bendito Destino Capítulo 1 Pág.: 40

Eva andando de um lado para outro. Nervosa. Rói a unha. Antoine para de olhar TV, e fica olhando-a.

Antoine — Daqui a pouco tu abre um buraco no chão e vai parar na casa do vizinho ai de baixo. Para com isso mulher.

Eva — Já era pra ele estar aí, Antoine!Antoine — Calma. Não aconteceu nada. Eva — (nervosa) Como é que tu pode saber, Antoine? Tu

tens uma bola de cristal? Tu vê o futuro nas cartas? Tu lestes a mão dele antes de sair de casa?

Antoine — (gritando) Cala boca!Eva — (susto)Antoine — Presta atenção! Nada aconteceu com o Tonico! E

põe isso nessa sua cabeça dura!Eva — Tu gritou comigo?Antoine — Ninguém merece..Eva — Não, tu gritou comigo!Antoine — Vai começar?Eva — Escuta uma coisa aqui.../

É interrompida pela campainha. Eva sai gritando o nome do filho.Eva — Tonico! Tonico! Tonico!

A empregada vai para abrir a porta, Eva empurra-a.Eva — (empurrando) Sai daqui!

Eva abre a porta. É Tonico. Eva abraça, beija...Eva — Filho, filho, filho... (abraço) Demorou tanto sua

peste! (beijo) Hum, hum... e porque tu não atende esse maldito celular, Tonico? Mas nunca mais tu sai assim com essas, com essas torcidas organizadas. Nunca mais! Me deixando em casa, me matando de tanta preocupação. Meu coração já ia sair pela boca se tu demorasse mais um pouco.

Tonico — Tô bem, mãe. Me deixa em paz.Tonico sai, vai indo em direção ao seu quarto. Eva se indigna.

Eva — Olha aí! Olha, aí! Tu estas vendo? Olha só como anda o teu filho! É graças a ti que ele anda desse jeito! Graças a ti!

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Antoine — Ah... agora a culpa é minha. Tu sempre dá um jeito de por a culpa em mim, Eva! É impressionante!

Eva — Claro que é! Eu sempre tenho razão quando se diz respeito ao Tonico. Ele está se rebelando, Antoine, e tu não percebes isso! Vai deixar o teu filho se afundar na lama! Isso se não fizer nada agora, né?! Mas e te digo uma coisa: teu tempo tá acabando. Tá acabando. Se bobear... é capaz dele parar nas drogas.

Antoine — Me faz um favor? Para de falar merda! Pelo menos por hoje. Chega, né?! (saindo) Eu acho que tu já terminou o que tinha pra dizer.

Reação, Eva fica na sala sozinha.Corta para:

4º INTERVALO COMERCIAL

CENA 54. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. NOITE.Imagens da cidade de Porto Alegre de cima. Lindas paisagens da cidade.Corta para:

CENA 55. SHOPPING. PRAÇA ALIMENTAÇÃO. INTERIOR. NOITE. Clima quente. Fundo musical de suspense. Wesley está descobrindo tudo sobre Laura, algumas de suas maldades e crimes. Está horrorizado com as barbaridades que está ouvindo sobre a mulher.

Wesley — (pasmo) Eu... eu não... eu não sei como eu pude ficar casado com um... com bicho daqueles.

Thiago — O que eu te contei foi só o passado dela. Agora... olha só.

Thiago entrega um envelope com fotos comprometedoras de Laura. Wesley pega, abre, e começa a ver as fotos. As primeiras de Laura de mãos dadas com um cara na rua; ela beijando outro cara; entrando no motel com outro.

Wesley — vagabunda... (com ódio) Vagabunda. Hoje você vai ter o que merece, Laura. Eu vou acabar contigo!

Thiago — Tu tens que entregá-la a polícia, tu sabes disso, não sabe?

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Wesley — Vou. Claro! Um mostro desse tem que estar preso. Mas antes, ela vai me ouvir... e vai sentir na pele o ódio que eu estou sentindo daquela assassina invertebrada.

Thiago — Melhor entregar ela pra polícia. Wesley — Não sem antes eu dar o corretivo que ela merece.

Reação. Thiago fica meio apreensivo com a decisão de Wesley.Corta para:

CENA 56. PORTO ALEGRE. RUAS. INTERIOR. NOITE.Mostrar alguns takes da cidade; centro da cidade, clima ainda tenso como o da última cena. Corta para:

CENA 57. CASA PICCOLI. SALA. INTERIOR. NOITE.Todos estão na sala já prontos: Odair, Glória, Cristina, Nilmar, Kamilla, Newton, Nise e junto também está a empregada Ritinha à espera deles saírem.

Odair — Bom, já estão todos pronto, não é?! Então, podemos ir. Já está quase começando a chover.

Cristina — Peraí, peraí!Começa o falatório entre eles, um atropelando o outro.

Odair — Ai, ai...Nilmar — o que foi agora?Kamilla — Tinha que ser!Newton — O que foi?Glória — O que foi, minha filha?Cristina — Calma, gente... só queria avisar que todo mundo não

vai caber em um carro só. Eu só estou propondo que eu posso levar alguns de vocês no meu carro. Calma. Só isso.

Todos falando ao mesmo tempo.Newton — Hum...Nilmar — Tá vamos com a Cris, Kamilla.Kamilla — Tinha pensado que ela ia ficar aí.Nise — Nós vamos com quem, amor?

Odair agora tenta acalmar a todos.Odair — Podem ficar quietos?!

O burburinho continua.

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Odair — Eu só quero um pouco de silêncio.Ninguém o houve.

Odair — (gritando longo) Silêncio....! (normal) Só eu falo aqui. Nise e Newton veem no meu carro junto com a mãe de vocês, Nilmar e Kamilla vão com a Cristina. Tá bom? E vamos rápido que vai começar a chover. Tô ouvindo os relâmpagos.

O burburinho continua...Nilmar — É, era o que eu tinha falado.Kamilla — Tanto faz, chegando lá.Nise — Já estou ficando com fome.Newton — Cuidado, não vai cair aí na porta.Glória — Não fiquem enrolando. Vamos saindo, gente.

Cristina antes de sair chama a mãe para conversar.Cristina — Tá mãe, eu preciso saber aonde vamos.Glória — Ah, é! É no restaurante do Taish-Ohmi. Um belo

restaurante japonês perto da Av. Ipiranga. Segue a gente.

Corta para:

CENA 58. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. NOITE.Com o fundo musical tenso. Prédios, close em janela de alguns prédios do centro. Começa a chover. Chove forte. Mostrar a Usina do Gasômetro e por último a fachada da casa de Laura.Corta para:

CENA 59. CASA LAURA. SALA/COZINHA. INTERIOR. NOITE.Ainda com aquele clima tenso, de suspense. A sala está vazia. Entrar pela porta da frente Wesley molhado. Fecha a porta. Dá alguns passos para frente. Desolado. Ele começa a andar novamente dessa vez em direção aos porta-retratos. Pega uma foto de Manu. Olha, sorri. Olha para outra foto, uma de Laura. Faz uma cara séria e de ódio.

Wesley — Maldita... assassina. Você vai ter o que merece.Ele olha em volta e acha num canto, perto do sofá um pedaço de um porta-retratos. Wesley se abaixa e puxa todo resto e vê a foto de Manu e Bruna.

Wesley — Quê que isso tá fazendo aqui?

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Deduz que alguém pegou e quebrou o porta-retratos. Ele ouve um barulho vindo da cozinha. Ele levanta-se, põe o porta-retratos quebrado no sofá e vai para cozinha.Corte continuo para:

CENA 60. CASA LAURA. COZINHA. INTERIOR. NOITE.Close de uma faca cortando uma cenoura. Vai abrindo, e aparece Laura cozinhando. Wesley aparece na cozinha.

Laura — (susto) Ah! Ai, que susto amor! Chegou de fininho. Ai, nossa... não faz isso de novo que é capaz de você me matar. Bom, olha só... estou fazendo um comidinha aqui só pra nós já que a meninas saíram, não sei pra onde, elas me disseram que tu sabias onde eles iam, então.... deixei. Tu andas tão liberal com essas gurias que nem me importo mais.

Wesley — É bom que elas não estejam aqui nesse momento.Laura — (entende errado) hum... safadinho. Eu já estou

terminando aqui. Ai, peguei a coisa mais simples pra mim fazer, e, ai, tá complicado demais. Não nasci pra cozinhar...

Wesley — vagabunda.Laura — (não ouviu) Mas eu tenho certeza que com jeito

tudo se resolve...Wesley — Assassina.Laura — Ainda mais se eu praticar todos os dias agora com a

nossa empregada... que foi que tu falou?Wesley — Assassina. (tom médio) Assassina! (tom alto)

Assassina! (gritando) Assassina!Clima pesou! Laura arregala os olhos, não entende. Wesley está encarando-a.Corta para:

CENA 61. PORTO ALEGRE. RUAS. EXTERIOR. NOITE.Imagens da cidade. Grande Porto Alegre. Noite chuvosa. Imagens aéreas do centro. Palácio da Policia; Prefeitura de POA; Fonte da praça da Ce; trânsito da Sertório; etc.Corta para:

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CENA 62. RESTAURANTE TAISH-OHMI. RECEPÇÃO. INT. NOITE.Chegando a recepção: Odair, Glória, os gêmeos e suas namoradas. A atendente que está falando com eles comunica-os de que a mesa que está reservada está quase pronta. Eles entram num burburinho só.

Odair — Vamos lá, vamos lá! Vamos entrando.Falando todos juntos:

Newton — Entra. Entra ai. Nise — Que bonito aqui.Nilmar — Que fome do cassete!Glória — Dá pra parar de falar palavrão!Nilmar — cassete não é palavrão.Glória — Fica quieto.Kamilla — Não, não é palavrão.Nilmar — Eu disse que não era palavrão.

A atendente lhes dá o cumprimento:Atendente — Boa noite! Odair — É, é. Boa noite! Nossa mesa.Atendente — Nomes?Odair — Família Piccoli!Atendente — (gentil) Ah, ótimo. A sua mesa estará pronta em

instantes.Odair — Ué! Mas não está pronta ainda?Atendente — Ainda não. É que houve um probleminha com.../Odair — Moça, moça, moça... escuta! (grosso) Eu não quero

saber dos teus probleminhas eu só quero minha mesa. E se tu arrumares uma mesa pra gente eu e agradeceria muito. E não teria que me preocupar falando com o gerente desse lugar, não é o que tu achas? Hein, moça, o que tu achas?

Glória — Querido, querido...Odair — (continua) Não, não. Eu quero saber o que ela acha.

Vamos, o quê que tu achas?Glória — Querido, querido, calma! Fica calmo tá. Eu tenho

certeza que ela vai lá dentro arrumar outra mesa pra nós. Uma que esteja pronta não é verdade, meu amor?

Atendente — Tudo bem.A atendente sai.

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Odair — Pô, cheguei atrasado aqui e a minha mesa ainda não está pronta. Que isso! Droga de lugar oriental!

Glória — Calma.Odair — Por isso que não dá pra vir nesse negócios orientais,

Glória. Droga de chineses!Glória — Calma, Odair! Primeiro: é japonês, não chinês!

Segundo: Lembre-se de que nós resolvemos sair para nos divertirmos. Pra esquecer o que aconteceu. Não para brigar com a atendente do restaurante.

Corta para:

CENA 63. RESTAURANTE TAISHI-HOMI. MESAS. INT. NOITE.A atendente está levando a família Piccoli para os seus lugares.

Atendente — Nós conseguimos a única mesa disponível para vocês. Vocês iram sentar com outra família.

Odair — É. É melhor do que ficar esperando.Eles vão sentando sem ver a família do lado. Odair olha para o lado e se dá de cara com Antero. Os dois levam um susto. A CAM revela a família Schneider na mesma mesa dos Piccoli.

Piccoli’s — Schneider!Schneider’s — Piccoli!

Mostra close de todos espantados e surpresos. Corta.

FIM