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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES -RECUPERAÇÃO 3º ANO

TEXTOI

Fragmento de Vidas secas Ora daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação meio apalavrada e foi consultar a mulher. Sinha Vitória mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no chão sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de sinha Vitória, como de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve como resposta a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros. Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. (...) O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à-toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia lá puxar questão com gente rica? (...) O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo. (RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 1977, p.99-100.)

1( ) O regionalismo social de 30, é o fator que subordina a personalidade a fatores externos, como a natureza e estes norteiam o comportamento.2( ) A cena da morte da personagem Baleia, revela descompromisso do narrador com a linha temporal e com a constituição das personagens, cujo caráter não se define na vertigem das cenas.3( ) Preocupada com os traços típicos das várias regiões brasileiras, o modernismo de 30 resgata discussões ideológicas das escolas Realistas e Naturalistas criando o que se denominou Neorealismo. 4( ) O destino das personagens, na obra Vidas Secas, está subordinado às condições de raça, meio e momento histórico, características do Determinismo, teoria filosófica do século XIX.5( ) A literatura modernista de meados do século XX é focada na indagação sobre o sentido último da existência humana.

06. (FUVEST- Adaptada) Um escritor classificou Vidas secas como “romance desmontável”, tendo em vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente independentes e sequências parcialmente truncadas. Essas características da composição do livro e o tema da narrativa mos punha em contato com um Brasil pouco conhecido. Considerando o enunciado e a segunda fase modernista, encontre o único item falso.

0( ) Constituem um traço de estilo típico dos romances de Graciliano Ramos e do Regionalismo nordestino.1( ) Indicam que ele pertence à fase inicial de Graciliano Ramos, quando este ainda seguia os ditames do primeiro momento do Modernismo.

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2( ) Diminuem o seu alcance expressivo, na medida em que dificultam uma visão inadequada da realidade sertaneja.3( ) Revelam, nele, a influência da prosa seca e lacônica de Euclides da Cunha, em Os sertões e o seu determinismo social, portanto seu conservadorismo.4( ) Relacionam-se à visão limitada e fragmentária que as próprias personagens têm do mundo.

TEXTO II

A terceira margem do rio

Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. (...) Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa. (...)1 [...] Nossa mãe, vergonhosa, se portou com muita cordura; por isso, todos pensaram de nosso pai a razão em que não queriam falar: doideira. Só uns achavam o entanto de poder também ser pagamento de promessa; ou que, nosso pai, quem sabe, por escrúpulo de estar com alguma feia doença, que seja, a lepra, se desertava para outra sina de existir, perto e longe de sua família dele. [...] A estranheza dessa verdade deu para estarrecer de todo a gente. Aquilo que não havia, acontecia. Os parentes, vizinhos e conhecidos nossos, se reuniram, tomaram juntamente conselho. [...]

Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. (...) Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo – a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa. Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais. A estranheza dessa verdade deu para estarrecer de todo a gente. Aquilo que não havia, acontecia. (...) E nunca falou mais palavra, com pessoa alguma. Nós, também, não falávamos mais nele. Só se pensava. (...) Sou homem de tristes palavras.

(ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.)

11( ) No trecho “nosso pai [...] se desertava para outra sina de existir, perto e longe de sua família dele”, há uma antítese e o emprego de dois pronomes possessivos referindo-se a um único núcleo nominal.

12( ) Nos fragmentos selecionados, a relação entre os personagens pai e filho é construída por Guimarães Rosa a partir da metáfora “rio”, e a referência à ausência do pai, marcada esteticamente pela expressão “e o rio-rio-rio, o rio — pondo perpétuo”, é amenizada pela presença do filho em “e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio” .

13( ) As explicações para a atitude do pai do personagem-narrador dadas pelas pessoas que presenciaram os acontecimentos são as seguintes, por ordem de importância: doideira, pagamento de promessa, lepra.

14( ) A reflexão sobre questões universais que envolvem o ser humano, embora estejam centralizadas no sertanejo, é encontrada facilmente nos fragmentos acima.

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15( ) O motivo determinante da atitude do pai do personagem-narrador de deixar sua família e passar o resto da vida em uma canoa no meio do rio não está expresso literalmente nos fragmentos apresentados.

TEXTO I

E assim se passaram pelo menos seis ou seis anos e meio, direitinho deste jeito, sem tirar nem pôr, sem mentira nenhuma, porque esta aqui é uma estória inventada, e não é um caso acontecido, não senhor.

Guimarães Rosa.

A hora e a vez de Augusto Matraga. In:Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 359.

Texto II

1 Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também 4pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração, pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não 7sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

10 Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Clarice Lispector. Felicidade clandestina. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 11-2.

16. (UnB- Cespe, 2009 - Adaptada) Os textos acima fazem parte da geração literária que se convencionou chamar de pós-moderna ou a terceira fase modernista da literatura brasileira. Considerando o enunciado e as características literárias da escola citada, julgue as afirmações abaixo verdadeiras ou falsas.

0( ) No trecho de Felicidade clandestina, o emprego da palavra “êxtase” (R.10) remete necessariamente a um significado sexual, como comprova a transformação da menina em mulher, referida no último parágrafo.

1( ) Caso o texto II fosse encenado, além da protagonista, dois outros personagens deveriam necessariamente estar em cena: o amante da protagonista e a pessoa que deu o livro a ela.

2( ) Mantêm-se a correção gramatical do texto e as mesmas relações de tempo entre os eventos, ao se substituir a oração “onde guardara o livro” (texto II, L.7) por onde tinha guardado o livro.

3( ) A relação entre literatura e realidade é explorada nos fragmentos de texto de Guimarães Rosa e de Clarice Lispector de forma diferente: no texto I, o narrador reflete sobre o acontecido e o

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inventado, e, no texto II, a realidade é alterada pela relação que a narradora-personagem mantém com a leitura.

4( ) O texto I remete, no que concerne à noção de verdade, ao uso da língua em contexto análogo ao da matemática, uma vez que estórias inventadas e linguagens formais constituem sua própria verdade.

17. (UnB- Cespe, 2009 )Os dois fragmentos de texto apresentam em comum a ideia de que as palavras:

A( ) significam muito mais que a declaração de uma verdade.

B( ) sofrem alterações de significado com o passar do tempo.

C( ) servem tanto para mentir quanto para proporcionar felicidade.

D( ) dificultam imprimir objetividade a histórias narradas.

18.Sobre as estruturas morfossintáticas que constituem os períodos do texto II, julgue as afirmações que seguem.

1( ) No primeiro período do texto, o vocábulo “o” é classificado como artigo definido e exerce função de adjunto adnominal.

2( ) Em “Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão.”; o adjetivo exerce função de predicativo do sujeito.

3( ) Em “Parece que eu já pressentia.”, os verbos são classificados, quanto à predicação, como transitivos diretos.

4( ) No período “Havia orgulho e pudor em mim.”; o verbo haver é dito impessoal e por isso flexionado na 3ª pessoa singular.

5( ) O verbo ser em “...era uma mulher com o seu amante.” não possui sujeito.

19.Considerando o fragmento da obra Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, a diversidade sociocultural e a construção da cidadania, explique a transformação que a leitura opera na personagem-narradora, como sugere o seguinte trecho: “Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.” (texto II, L.11).

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TEXTO III

A terceira margem do rio

Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. (...) Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa. (...) Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. (...) Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo – a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa. Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais. A estranheza dessa verdade deu para estarrecer de todo a gente. Aquilo que não havia, acontecia. (...) E nunca falou mais palavra, com pessoa alguma. Nós, também, não falávamos mais nele. Só se pensava. (...) Sou homem de tristes palavras.

(ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.)

TEXTO IV

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A Terceira Margem do Rio

Caetano Veloso

Oco de pau que diz:

Eu sou madeira, beira

Boa, dá vau, triztriz

Risca certeira

Meio a meio o rio ri

Silencioso, sério

Nosso pai não diz, diz:

Risca terceira

2

Água da palavra

Água calada, pura

Água da palavra

Água de rosa dura

Proa da palavra

Duro silêncio, nosso pai

Margem da palavra

Entre as escuras duas

Margens da palavra

Clareira, luz madura

Rosa da palavra

Puro silêncio, nosso pai

Meio a meio o rio ri

Por entre as árvores da vida

O rio riu, ri

Por sob a risca da canoa

O rio riu, ri

O que ninguém jamais olvida

Ouvi, ouvi, ouvi

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A voz das águas

Asa da palavra

Asa parada agora

Casa da palavra

Onde o silêncio mora

Brasa da palavra

A hora clara, nosso pai

Hora da palavra

Quando não se diz nada

Fora da palavra

Quando mais dentro aflora

Tora da palavra

Rio, pau enorme, nosso pai

Vocabulário:

vau – lugar pouco fundo do rio ou do mar onde se pode transitar a pé ou a cavalo

olvida – esquece

20.Na terceira fase modernista os autores usam recursos estilísticos de expressão que são criados com base na construção sintática dos enunciados e visam à maior expressividade, ou interatividade com o interlocutor. Esses recursos são chamados de figuras de sintaxe e consistem em inversões, supressão de termos, repetição proposital de algumas palavras, entre outros. Considerando os textos acima e o enunciado; julgue os itens abaixo.

0( ) O diálogo entre Caetano e Rosa se dá por meio de um fator de textualidade a que se denomina intertextualidade.

1( ) Em “Água da palavra/Água calada, pura/Água da palavra/Água de rosa dura/Proa da palavra/Duro silêncio, nosso pai”, Caetano cita, explicitamente, Guimarães Rosa. O verso que o compositor utiliza para estabelecer essa relação intertextual explícita é “Água da palavra”.

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2( ) A narrativa de Guimarães Rosa inova a linguagem literária com construções pouco comuns, que provocam estranhamento no processo de leitura, como a quebra de sintaxe.

3( ) O fragmento “a sombra dela por igual, feito um jacaré” é uma sinestesia.

4( ) A figura de linguagem predominante nos versos de Caetano Veloso é a aliteração, repetição de vogais.

21.Segundo o autor Guimarães Rosa, a palavra deve ser usada na literatura “como se ela tivesse acabado de nascer, para limpá-la das impurezas da linguagem cotidiana e reduzi-la a seu sentido original”. Considerando o enunciado e o texto III, explique o projeto estético da terceira fase modernista e as influências na canção de Caetano Veloso.

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Erro de português

Quando o português chegouDebaixo de uma bruta chuva

Vestiu o índioQue pena!

Fosse uma manhã de solO índio tinha despido

O português.

Oswald de Andrade

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22. Sobre o poema de Oswald de Andrade, estão corretas as seguintes proposições:

I. Faz uma crítica contra a colonização portuguesa na Brasil. Essa crítica pode ser confirmada a partir do título do poema, o qual contém uma ambiguidade intencional.

II. Nesse poema, a temática do relacionamento amoroso é abordada de maneira inovadora, distante da idealização romântica proposta pelos ultrarromânticos.

III. O poema utiliza elementos como o humor, a ironia e o sarcasmo para relatar a chegada do português em terras brasileiras.

IV. Apropria-se de uma linguagem simples e prosaica para fazer uma reflexão profunda e complexa.

V. No poema de Oswald nota-se a preocupação com a métrica, a versificação e a rima, embora o conteúdo do poema seja inovador.

a) I, II e IV.

b) II, III e V.

c) I, III e IV.

d) III e IV,

e) II e V.

TEXTO I

Capítulo IX – Baleia

A CACHORRA Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida. Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.

Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer

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muito. Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta: - Vão bulir com a Baleia? Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras. Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas Sinhá Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia. Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia. Escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia. Os meninos começaram a gritar e a espernear. E como Sinhá Vitória tinha relaxado os músculos, deixou escapar o mais

taludo e soltou uma praga: - Capeta excomungado. Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde,

zangou-se de verdade. Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens. Pouco a pouco a cólera diminuiu, e Sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão. Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável. (...) Ouvindo o tiro e os latidos, Sinhá Vitória pegou-se à Virgem Maria e os meninos rolaram na cama, chorando alto. Fabiano recolheu-se. Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera. Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas.

22. Graciliano Ramos deixou marcas profundas na literatura brasileira, assim como outros modernistas, manteve-se fiel na tentativa de criar uma literatura genuinamente nacional que fotografasse os grupos marginalizados no Brasil da Era Vargas. No fragmento acima fica evidenciado várias características dos modernistas da segunda fase. Dê exemplos e os justifique.

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23. A obra “Vidas Secas” pertence a um gênero intermediário entre romance e livro de contos. Possui 13 capítulos até certo ponto autônomos, mas que se ligam pela repetição de alguns motivos e temas, como a paisagem árida, a zoomorfização e antropomorfização das criaturas, os pensamentos fragmentados das personagens e seu consequente problema de linguagem. Considerando os “motivos e temas” exposto no enunciado, esclareça o que cada um representa no fragmento acima.

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24. A oposição entre a estética tradicional e as ideais modernistas ficam evidenciadas sobretudo no campo da Linguagem. Na narrativa de Graciliano Ramos percebemos alguma diferenças, mas também alguma aproximação com outras escolas literárias. Considerando o enunciado e o texto acima, julgue as afirmações abaixo.

0( ) é herdeiro da vertente regionalista dos pré-modernistas.

1( ) Ironiza a idealização da vida rural, tão cantada no século XIX.

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2( ) Substitui a idealização da vida rural por uma visão mais crítica.

3( ) Usa vocabulário simples, de acordo com a proposta do Modernismo.

4( ) O autor está interessado nas questões históricas que norteiam o comportamento.

25. Escritor expressivo do Modernismo brasileiro, Graciliano Ramos, retoma temas tradicionais da história literária brasileira como o regionalismo dos românticos e dos pré-modernistas. Mas, ele apresenta, com um engajamento social, uma realidade brasileira nunca vista antes. Considerando os seus conhecimentos sobre o movimento Modernista, julgue as afirmações abaixo.

0( ) A expressão “Vão bulir” retrata o falar coloquial do brasileiro.

1( )No título do livro, Vidas Secas, admite dupla interpretação, que se mantém na narrativa.

2( ) como é típico da prosa criada por outros ficcionistas da mesma época, Graciliano Ramos usa como ponto de partida elementos regionais para, depois, refletir a respeito do comportamento humano.

3( ) Já ferida, com os demais membros da família chorando e rezando por ela, Baleia espera a morte sonhando com outro tipo de vida: fato que exprime a denúncia social sempre presente nos textos em prosa da segunda fase modernista.

4( ) Desejo de formalismo linguístico e a tendência para transmitir, com os embelezamentos tradicionais do Parnasianismo são características típicas do Modernismo da primeira fase e segunda fase.

26. Todas as alternativas apresentam características dos modernistas, devidamente exemplificadas com passagens de obras, EXCETO:

A( ) Senso de observação, fixando objetivamente as oposições: As pessoas agachadas contorciam-se em longos tenesmos, retardavam-se arfando; limpavam-se em farrapos, lenços, fraldas de camisa, erguiam-se exaustas, e ao cabo de minutos, várias iam de novo contrair-se numa cauda de fila.

b) Franqueza na abordagem crítica de textos alheios: Zanguei-me com José Lins. Por que havia lançado àquilo? O admirável romancista precisava dormir no chão, passar fome, perder as unhas nas sindicâncias. A cadeia não é um brinquedo literário.

c) Rigor em relação aos seus próprios textos: ...e queria endurecer o coração, eliminar o passado, fazer com ele o que faço quando emendo um período, riscar, engrossar os riscos e transformá-los em borrões, suprimir todas as letras, não deixar vestígios de ideias obliteradas.

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d) Introspecção, dificultando o relacionamento com o outro: Falava-lhe nesses intervalos, embaralhava explicações. Descasquei em seguida uma laranja, cuidadosamente. Lancei na água o fruto, e a casca, uma longa fita em espiral, foi enrolada com jeito, afinal se tornou uma esfera oca. No interior pus a folha dobrada.

e) Análise com preocupação em fixar psicologicamente os tipos: O macho oferece ao amigo dedicação exaltada, respeita-lhe os caprichos, defende-o, trabalha com vigor e economiza para satisfazer-lhe as instâncias. Mas exige correspondência, espreita-o sem descontinuar e, dominado por ciúme feroz, não lhe consente expansões duvidosas.

TEXTO 1

“Mulher, Irmã, escuta-me: não ames,

Quando a teus pés um homem terno e curvo

jurar amor, chorar pranto de sangue,

Não creias, não, mulher: ele te engana!

As lágrimas são gotas da mentira

E o juramento manto da perfídia.”

Joaquim Manoel de Macedo

TEXTO 2

“Teresa, se algum sujeito bancar o

sentimental em cima de você

E te jurar uma paixão do tamanho de um

bonde

Se ele chorar

Se ele ajoelhar

Se ele se rasgar todo

Não acredite não Teresa

É lágrima de cinema

É tapeaçãoMentira

CAI FORA”

Manuel Bandeira

27. Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima, SUGEREM que

a) há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.

b) há um tratamento realista da relação homem/mulher.

c) a relação familiar é idealizada.

d) a mulher é superior ao homem.

e) a mulher é igual ao homem.

RESPOSTA: B

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28. O que distingue temática e formalmente os dois textos da questão ANTERIOR é PRINCIPALMENTE

a) o trato do relacionamento amoroso.

b) a caracterização da figura masculina.

c) os conselhos dados à figura feminina.

d) o uso de coloquialismos lingüísticos.

e) a ausência de sinais de pontuação.

RESPOSTA: D

29. A discussão sobre gramática na classe está “quente”. Será que os brasileiros sabem gramática? A professora de Português propõe para debate o seguinte texto:

PRA MIM BRINCAR

Não há nada mais gostoso do que o mim sujeito de verbo no infinito. Pra mim brincar. As cariocas que não sabem gramática falam assim. Todos os brasileiros deviam de querer falar como as cariocas que não sabem gramática.

- As palavras mais feias da língua portuguesa são quiçá, alhures e miúde.

(BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Org: Emanuel de Moraes. 4ª Ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986. p.19.)

Com a orientação da professora e após o debate sobre o texto de Manuel Bandeira, os alunos chegaram à seguinte conclusão:

a) uma das propostas mais ousadas do Modernismo foi a busca da identidade do povo brasileiro e o registro, no texto literário, da diversidade das falas brasileiras.

b) apesar de os modernistas registrarem as falas regionais do Brasil, ainda foram preconceituosos em relação às cariocas.

c) a tradição dos valores portugueses foi a pauta temática do movimento modernista.

d) Manuel Bandeira e os modernistas brasileiros exaltaram em seus textos o primitivismo da nação brasileira.

e) Manuel Bandeira considera a diversidade dos falares brasileiros uma agressão à Língua Portuguesa.

RESPOSTA: A

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Os trechos a seguir são parte do romance A hora da estrela, de Clarice Lispector. No trecho 1, a protagonista Macabéa dialoga com o namorado. No trecho 2, o narrador Rodrigo S.M. descreve a figura personagem principal.

Trecho 1

O rapaz e ela se olharam por entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam.

- Você não é gente? Gente fala de gente.

- Desculpe, mas não acho que sou muito gente.- Mas todo mundo é gente, meu Deus!- É que não me habituei.

Trecho 2

- Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam.

- Ela era subterrânea e nunca tinha tido floração. Minto: ela era capim.

30. Apesar de ter sido publicado em 1977, e, portanto, pertencer à literatura contemporânea, a autora aproxima-se das narrativas de outra época modernista. Assinale a alternativa que completa CORRETAMENTE a afirmativa a seguir:

A caracterização das personagens nos trechos 1 e 2 faz com que o romance A hora da estrela, de Clarice Lispector, tenha pontos de convergência com a 2ª.fase do Modernismo PORQUE ...

a) os excertos reconstroem ironicamente o perfil do tipo popular brasileiro.

b) a autora faz uma releitura irreverente de fatos históricos do Brasil.

c) a região nordestina é apresentada como fornecedora de mão-de-obra para o Sudeste.

d) o regionalismo social, é o fator que subordina a personalidade a fatores externos.

e) a atmosfera criada pelo narrador indica uma especulação sobre o drama dos miseráveis.

RESPOSTA: D

O poema a seguir é um dos mais conhecidos de Carlos Drummond de Andrade.

CIDADEZINHA QUALQUER

Casas entre bananeiras

mulheres entre laranjeiras

pomar amor cantar.

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Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

31. É INCORRETO dizer que o poema

a) é herdeiro da vertente regionalista do Modernismo da década de 30.

b) ironiza a idealização da vida rural, tão cantada no século XIX.

c) substitui a idealização da vida rural por uma visão mais crítica.

d) usa vocabulário simples, de acordo com a proposta do Modernismo.

e) mostra na primeira estrofe um quadro paradisíaco, que é desfeito depois.

RESPOSTA: A

32. Todas as alternativas apresentam características de Graciliano Ramos, devidamente exemplificadas com passagens de Memórias do Cárcere, EXCETO

a) Senso de observação, fixando objetivamente as abjeções: As pessoas agachadas contorciam-se em longos tenesmos, retardavam-se arfando; limpavam-se em farrapos, lenços, fraldas de camisa, erguiam-se exaustas, e ao cabo de minutos várias iam de novo contrair-se numa cauda de fila.

b) Franqueza na abordagem crítica de textos alheios: Zanguei-me com José Lins. Por que havia lançado àquilo? O admirável romancista precisava dormir no chão, passar fome, perder as unhas nas sindicâncias. A cadeia não é um brinquedo literário.

c) Rigor em relação aos seus próprios textos: ...e queria endurecer o coração, eliminar o passado, fazer com ele o que faço quando emendo um período, riscar, engrossar os riscos e transformá-los em borrões, suprimir todas as letras, não deixar vestígios de idéias obliteradas.

d) Introspecção, dificultando o relacionamento com o outro: Falava-lhe nesses intervalos, embaralhava explicações. Descasquei em seguida uma laranja, cuidadosamente. Lancei na água o fruto, e a casca, uma longa fita em espiral, foi enrolada com jeito, afinal se tornou uma esfera oca. No interior pus a folha dobrada.

e) Análise,com preocupação em fixar psicologicamente os tipos: O macho oferece ao amigo dedicação exaltada, respeita-lhe os caprichos, defende-o, trabalha com vigor e economiza para satisfazer-lhe as instâncias. Mas exige correspondência, espreita-o sem descontinuar e, dominado por ciúme feroz, não lhe consente expansões duvidosas.

RESPOSTA: D

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33. Leia os versos de Cassiano Ricardo, transcritos a seguir e, em seguida responda ao que é pedido.

Eu fui buscar maracujás e vi no mato a loura filha do imigrante.

As bananeiras eram pássaros gigantes de asas verdes tatalantes que pousavam pela grota em procissão

e conservavam a asa aberta e o bico rubro em coração a levantar no vôo imenso

qualquer coisa que ficara sobre o chão!

Esses versos de Cassiano Ricardo se inserem no contexto do movimento modernista conhecido como

a) Espiritualismo.

b) Antropofagia.

c) Verde-amarelo.

d) Pau-Brasil.

e) Universalismo.

RESPOSTA: C

34. A respeito do discurso de Clarice Lispector, é CORRETO afirmar que

a) como é típico da prosa criada por outros ficcionistas da mesma época, Clarice Lispector usa como ponto de partida elementos regionais para, depois, refletir a respeito do comportamento humano.

b) a autora privilegia inovações no campo da linguagem e, por isso, cria neologismos e estruturas lingüísticas que sugerem a preocupação dela com o universo feminino.

c) as reflexões metalingüísticas são constantes na obra de Clarice Lispector, o que torna suas narrativas objetivas e centradas na análise objetiva do mundo.

d) a narrativa da escritora possui identidade com a de outros contistas do Modernismo no que se refere à temática e ao comportamento das mulheres na sociedade.

e) a ação, nos textos de Clarice Lispector, é interna e depende, principalmente da experiência subjetiva das personagens, o que justifica o uso do discurso indireto livre nos textos dela.

RESPOSTA: E

35. Os textos que seguem demonstram o quanto, de diferentes modos, a literatura tem tomado posição diante da questão das relações entre língua e realidade cultural.

TEXTO I

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pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro

(Oswald de Andrade)

TEXTO II

........................................................................................................................................................

...................................

O que você chama de acintoso e proposital, ponho a mão na consciência e sei que não é. Apenas é um novo hábito adquirido e que não é mais nem acintoso nem proposital. Manu(1), eu escrevi o Compêndio em menos de um mês e sem abandonar minhas ocupações. Saía o que saía e não corrigi nada. Meus pronomes e brasileirismos, que estão muito diminuídos estes em número e por isso mais repetidos, saem hoje como água que brota sem nenhuma preocupação mais. A não ser a preocupação de escrever desacintosamente. Simplesmente porque já não há mais razão pra forçar a nota. Agora corrigir um pronome colocado errado por inconsciência só pra ficar mais de estilo português isso não faço não. E não faço porque d’aí é que ficava errado e forçado, d’aí é que eu não seguia mais a orientação que queria e continuo querendo seguir e sigo mesmo.

........................................................................................................................................................

...................................

(Mário de Andrade)

(1) Manu = Manuel Bandeira

Oswald de Andrade e Mário de Andrade (Textos I e II) foram autores decisivos na formulação dos rumos estéticos e ideológicos do modernismo brasileiro.

36. CONSIDERANDO que, para os modernistas, a questão da língua fazia parte de um projeto cultural mais amplo, QUAL a posição dos dois autores em relação à norma gramatical?

RESPOSTA:

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Enquanto Oswald de Andrade emprega em “pronominais” o ideal do primeiro momento modernista e, na prática rompe com a sintaxe lusíada no texto literário, Mário de Andrade reflete na carta a Manuel Bandeira sobre a necessidade de a literatura brasileira se aproximar do comportamento lingüístico do brasileiro comum. Os dois artistas mostram na teoria e na prática a polêmica e provocativa atitude de rompimento com a tradição.

37. RETIRE do poema de Oswald de Andrade (Texto I) passagens que indiquem a convergência de posicionamento do autor com os comentários de Mário de Andrade (Texto 2).

a) Agora corrigir um pronome colocado errado por inconsciência só pra ficar mais de estilo português isso não faço não.

b) E não faço porque d’aí é que ficava errado e forçado...

RESPOSTA:

a) Quatro primeiros versos de “pronominais”, de Oswald de Andrade.

b) Versos 5 a 9 do poema “pronominais”, de Oswald de Andrade.

39.

a) REDIJA um texto em padrão culto de linguagem parafraseando as palavras de Mário de Andrade. USE como fundamentação para suas afirmativas palavras, expressões e/ ou versos do poema “pronominais”.

b) JUSTIFIQUE o título do texto I a partir das conclusões alcançadas após estudo da implantação do Modernismo no Brasil, em 1922.

RESPOSTA:

a) Mário de Andrade, ao se referir às reações adversas ao seu comportamento estético inovador, critica a obsessão dos intelectuais conservadores em escrever artificialmente. Ele, Mário de Andrade, obedece à principal regra do movimento de 22: transpor para a literatura a “contribuição milionária de todos os erros”. Oswald de Andrade adota tal procedimento quando menciona o linguajar do “bom negro e do bom branco” brasileiros.

b) “pronominais” – O texto retoma um dos itens gramaticais mais habitualmente transgredidos na linguagem coloquial do homem comum: colocação do pronome oblíquo átono em início de frase. Já que a partir da Semana de Arte Moderna o coloquialismo foi adotado pela literatura, o pronome oblíquo átono deveria sim iniciar enunciados, pois é o que todos praticam no dia-a-dia.