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-Texto: Convite à Filosofia de Marilena Chauí – Unidade 1 Neste texto abordaremos a origem da filosofia. A palavra filosofia Filosofia significa amor ao saber, amizade pela sabedoria, logo, filósofo é aquele que ama a sabedoria. Pitágoras foi quem inventou o termo, afirmando que a sabedoria plena pertencia aos deuses, porém que os homens podem desejá-la ou amá-la. O filósofo é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações, a vida. A verdade não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que está diante de nós para ser contemplada e vista. A filosofia é grega Filosofia é entendida como a aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e de suas transformações, da origem a causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego. Pitágoras diz que a natureza é feita de um sistema de relações ou de proporções matemáticas produzidas a partir da oposição entre os números pares e ímpares. Essas proporções e combinações aparecem para os nossos órgãos sob as formas de qualidades contrárias: seco-úmido, quente-frio, claro-escuro... Para Pitágoras o pensamento alcança a realidade em sua estrutura matemática, enquanto nossos sentidos alcançam o modo como a estrutura matemática da Natureza aparece para nós, sob a forma de realidades opostas. Através da filosofia os gregos trouxeram para o Ocidente europeu as bases da razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte. Legado da Filosofia Grega para o Ocidente europeu A idéia de que a natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais, isto é, os mesmos em toda a parte e todos os tempos. A idéia de que as leis necessárias e universais da natureza podem ser plenamente conhecidas pelo nosso

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-Texto: Convite à Filosofia de Marilena Chauí – Unidade 1

Neste texto abordaremos a origem da filosofia.A palavra filosofiaFilosofia significa amor ao saber, amizade pela sabedoria, logo,

filósofo é aquele que ama a sabedoria. Pitágoras foi quem inventou o termo, afirmando que a sabedoria plena pertencia aos deuses, porém que os homens podem desejá-la ou amá-la. O filósofo é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações, a vida. A verdade não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que está diante de nós para ser contemplada e vista.

A filosofia é gregaFilosofia é entendida como a aspiração ao conhecimento

racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e de suas transformações, da origem a causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego.

Pitágoras diz que a natureza é feita de um sistema de relações ou de proporções matemáticas produzidas a partir da oposição entre os números pares e ímpares. Essas proporções e combinações aparecem para os nossos órgãos sob as formas de qualidades contrárias: seco-úmido, quente-frio, claro-escuro... Para Pitágoras o pensamento alcança a realidade em sua estrutura matemática, enquanto nossos sentidos alcançam o modo como a estrutura matemática da Natureza aparece para nós, sob a forma de realidades opostas.

Através da filosofia os gregos trouxeram para o Ocidente europeu as bases da razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte.

Legado da Filosofia Grega para o Ocidente europeuA idéia de que a natureza opera obedecendo a leis e princípios

necessários e universais, isto é, os mesmos em toda a parte e todos os tempos.

A idéia de que as leis necessárias e universais da natureza podem ser plenamente conhecidas pelo nosso pensamento, a natureza NÃO é um conhecimento misterioso e secreto, é um conhecimento que o pensamento humano, por sua força e capacidade, pode alcançar.

A idéia de que nosso pensamento também obedece leis, regras e normas universais e necessárias, segundo as quais podemos distinguir o verdadeiro do falso. Deu-nos a idéia de que o pensamento é lógico.

A idéia de que as práticas humanas, ação moral, política, técnicas, artes, dependem da vontade livre, discussão e deliberação, da nossa escolha racional ou passional, segundo valores estabelecidos por nós mesmos.

A idéia de que os acontecimentos naturais e humanos são necessários, porque obedecem a leis naturais, mas também podem ser contigentes ou acidentaism quando dependem das escolhar dos homens em condições determinadas.

A filosofia surge quando se descobriu que a verdade do mundo e dos humanos não era algo secreto e misterioso, que precisasse ser revelado por divindades a alguns escolhidos, mas que podia ser conhecida por todos através da razão, quando se descobriu que tal conhecimento depende do uso

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correto da razão ou do pensamento, e que, além da verdade poder ser reconhecida por todos, podia ser também transmitida, ensinada a todos.

O Nascimento da FilosofiaO Primeiro filósofo foi Thales de Mileto. O conteúdo preciso da

filosofia ao nascer é uma cosmologia, que etimologicamente quer dizer conhecimento racional da ordem do mundo ou na Natureza.

Nem oriental, nem milagreAs viagens dos gregos ao oriente trouxe inúmeros

conhecimentos, pois é comprovado que os chineces, egípcios, hebreus e outros tivessem seus conhecimentos também. Mitos, cultos religiosos, instrumentos musicais, dança, música, poesia, utensílios domésticos e formas de organização tribal dos gregos foram resultado de contatos profundos com as culturas mais avançadas do oriente. Os gregos imprimiram mudanças profundas no que receberam do Orientes, tais como:

Mito: Homero e Hesíodo retiraram os aspectos apavorantes e monstruosos dos deuses, humanizaram-nos, divinizaram-nos e deram racionalidade a narrativas sobre as origens das coisas.

Conhecimentos: os gregos transformaram em conhecimento racional aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática, matemática, astronomia.

Organização social: a política em si foi criada. As decisões passaram a ser tomadas a partir de discussões e debates públicos. A idéia de lei e justiça surgiram como expressões da vontade coletiva pública e não com imposição da vontade de um homem só.

Mito e filosofiaMito é uma narrativa sobre a origem de algo. Para os gregos

mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeiras as afirmações. É uma narrativa feita em público pelo poeta-rapsodo. Este é um escolhido pelos deuses, que lhe mostram acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmití-la aos ouvintes.

O mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens. Como os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são cosmogonias (geração a partir da concepção sexual) e teogonias (narrativa da origem dos deuses a partir de seus pais e antepassados).

A filosofia, percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa explicação totalmente diferente. A filosofia preocupa-se em explicar como as coisas são, explica o surgimento da terra pela combinação e separação dos quatro elementos (água, fogo, ar e terra). Ela não admite contradições, fabulações e coisas incompreensíveis.

Principais características da filosofia nascenteTendência a racionalidade, razão e somente razão é o princípio

para explicar algo.Tendência a oferecer respostas conclusivas para os problemas.

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Exigência de que o pensamento apresente suas regras de funcionamento, isto é, o filósofo é aquele que justifica suas idéias provando que segue regras universais.

Recusa das explicações preestabelecidas e exigência de que, para cada problema, seja encontrada uma causa e uma solução.

Tendência a generalização, mostrar que uma explicação tem validade para muitas coisas diferentes porque, sob a variação percebida pelos nossos sentidos, o pensamento descobre semelhanças e identidades.

A história da grécia antiga também é conhecida como Hélade, e foi dividida em quatro períodos que ocorreram aproximadamente entre 2000 a.C., até 338 a.C. 

• Período pré-homérico: séculos XX a XII a.C. • período homérico: séculos XII a VII a.C. • Período arcaico: séculos VIII a VI a.C. • Período Clássico: séculos V e IV a.C.

O período homérico é mitológico, este e o período arcaico são da metafísica do artista, e o período cl´[assico é a metafísica racional.

Período HoméricoEste é um período das sociedades primitivas (clãs e tribos) cuja

produção de vida material era organizada de forma a garantir apenas o consumo necessário a sobrevivência do grego (valor de uso), sem a produção de excedentes. O trabalho era organizado coletivamente e envolvia todos os membros do grupo na produção, ocorrendo uma divisão “natural” (por sexo e idade) do trabalho. O produto deste trabalho também era coletivo, sendo dividido por todo o grupo. A propriedade da terra era igualmente coletiva.

As sociedades primitivas estruturavam-se em torno da produção e do rito mágico, que organizavam num certo sentido, a próprian vida econômica. A relação magia e trabalho foi gradativamente distinguindo-se um do outro. Tal distinção implica o reconhecimento da objetividade dos processos técnicos.

O desenvolvimento dos técnicos e utensílios e sua utilização levaram a uma produção de excedentes, uma produção que ultrapassava as necessidas mediatas do grupo. Isto foi acompanhado por uma nova divisão do trabalho, por novas relações entre os homens para produzir. Como especialização e produção torna-se casa vez menos coletiva, assim como o consumo. A apropriação dos produtos tornou-se cada vez mais individual, baseada na propriedade privada.

O direito sacral (mágico) passou pelo processo racionalização, secularização e desencantamento, passando ao direito moderno (racional).

Todo o pensamento pertinente a uma época é relacionado à situação econômico.

No período homérico a consciência coletiva era forte, com pouca divisão do trabalho, pouca especialização, produção de consumo somente, não havendo necessidade de exploração da natureza. Os mitos e deuses são extremamente ligados às narrativas, oralidade. Quando a

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coletividade é forte, a oralidade funciona muito bem. Homero foi o grande narrador da época.

Diante de uma natureza feroz, os mitos foram inventados para enfrentá-la. A pólis grega surge no período arcaico, originando um novo convívio social, urbano, com novas técnicas, divisão do trabalho, cada vez mais o homem precisa explorar a natureza. O homem suportava a realidade simples no período homperico com os mitos, com os deuses.

O Direito surgiu Sacral no período homérico. A figura do mago era o mais velho, reconhecidamente o mais forte, o mais sábio. O mago sonhava com uma lei e era era válida para a sociedade.

Com a vinda dos sacerdotes criam-se institutos, estatutos. Há uma racionalização maior, secularização e desencantamento do mundo.

Esse processo culminou no direito contemporâneo racional e mutável.

Foi-se perdendo o poder de narração quando surge a razão. A filosofia aparece, racional, tornando-se ciência.

O homem vive no nielismo, no nada. Para Tales a verdade está na natureza, está nas instituições. A partir de Sócrates devemos desconfiar de nós, do nosso corpo. Platão cria o mundo da idéia ( O Mito da Caverna). O homem vai se dedicando mais à consciência do intelecto, se afastando da natureza.

Texto “Os Pré-Socráticos: o pensamento que se distancia do mito”

A filosofia nasceu na Grécia no século VI a.C., quando surgiu um modo de pensar buscava entender a origem do mundo, relacionando aquilo que se observa com o que se pode deduzir pela razão. Ela nasceu em meio da um mundo de deuses e mitos, que eram descritos como forças poderosas que atuavam sobre o mundo.

Até então os conhecimentos eram transmitidos oralmente. O surgimento da escrita foi tão importante para os filósofos gregos que o nome atribuído à palavra, lógos, é o mesmo atribuído ao pensamento, pois as palavras são portadoras do pensamento. A partir da ligação entre pensamento lógico e palavra escrita, surgiu o impulso de pensar para explicar racionalmente o mundo, a linguagem virou uma ferramenta para documentar tudo o que era observado na natureza, usando para isso a razão. Até então o mundo era visto como um cenário movido por deuses sem qualquer interferência da razão humana.

Filósofos pré-socráticos:-Tales de Mileto: o princípio primordial deve ser identificado na

água.-Anaximandro: discípulo de Tales, o princípio primordial é o

ilimitado, o infinito.-Anaxímenes: o princípio primordial é o ar.-Heráclito: a lei que governa o mundo, e portanto, a mente do

homem é o lógos.-Pánta Rhei em grego significa tudo flui. Não nos banhamos

duas vezes no mesmo rio.-Pitágoras: o número é o princípio de todas as coisas.

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-Parmênides e Zenão: primeiro a sustentar a interpretação racional do mundo e negar a veracidade da percepção sensível. Erra quem se deixa enganar pelos sentidos.

-Demócrito: alma também é feita de almas.-Sofistas: Protágoras e Górgias. Fizeram do saber uma

profissão, oferecendo aulas de retórica e de eloquência aos jovens de classes mais abastadas.

Tales de Mileto

Texto: O Princípio é a Água – Sócrates Falando de Tales de Mileto

A maior parte daqueles que filosofaram pioneiramente achava que o princípio de todas das coisas era material. Acreditavam que nada era gerado ou destruído, posto que uma tal realidade se conserva sempre. Não se corrompe em sentido absoluto, nenhuma das outras coisas: efetivamente, deve haver alguma realidade natural da qual derivam todas as outras coisas, enquanto ela continua a existir, imutável.

Tales diz que este princípio é água, extraindo sem dúvida essa convicção da constatação de que o alimento de todas as coisas é úmido, até mesmo o quente é gerado do úmido e vive no úmido.

O período homérico foi de multiplicidade de deuses e cada um representava algo. Neste período não se tinha linguagem escrita, era sociedade de subsistência, clãs e tribos. Economia e divisão do trabalho rudmentares. O rito mágico estava presente na produção.

Pólis grega, cidade estável, moeda, mercantilização, especialização do trabalho – deslocamento do sagrado para o mundo da natureza. Ainda não há intensão de dominar a natureza, apenas a convivência harmoniosa.

É uma forma de sintetizar a multiplicidade de forças – tudo é um. É assim que a filosofia surge racional, com uma força unificadora.

Texto: A Água e a Vida de José Carlos BruniA expressão “tudo é água”, por intermédio de longa tradição

aristotélica passou a ser considerada a primeira frase filosófica do Ocidente. Falta um pouco de sentido nessa afirmação, ainda mais que os possíveis argumentos para sustentá-la não foram registrados. Para Tales, a physis seria a água e todos os seres existentes seriam, essencialmente, produtos da tranformação da água ou a água transformada.

Há nessa frase algo inquietante e sugestivo.Hegel celebra em Tales a descoberta da unidade do ser e a

unidade do pensamento. Ele lê na frase de Tales o significado de “tudo é um”, por isso a frase é filosófica, progresso em relação à dispersão do pensamento mítico ou da percepção sensível que vêem o mundo como uma multidão de coisas diferentes. Tales não teria razão em escolher a água como universal, uma vez que ela é evidentemente uma coisa singular.

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Nietzsche já enxerga como uma solução última das coisas.As pessoas se apegam ao “tudo é”, porém o desafio da frase

consiste em seu predicado. Por que a água é a origem e matriz de todas as coisas?

Para tentarmos entender procuremos observar o que ocorre de mais simples sob nossos olhos. Por mais superficial que seja uma descrição das nossas atividades diárias, é impossível deixar de notar a presença constante do elemento água. A água que nos higieniza também nos conforta, nos reconforta.

Fazendo uma rápida inspeção do nosso cotidiano temos suficiente para pensarmos as dificuldades inerentes à qualificação da água como mera forma unilateral ou como metáfora. A água faz parte da nossa vida de maneira muito mais profunda do que à primeira vista poderia parecer. É elemento fundamental para a garantia da nossa vida biológica, de nossa natureza exterior.

Os pré-socráticos partem da physis, que é a natureza, é a matéria. Segundo Bruni, para Tales a água explica o movimento do universo. Antes deste pensamento só havia dispersão, fragmentariedade.

Hegel celebra esta afirmação, pois é o início do sistema que constrói princípios e conceitos.

Essa filosofia representa um filósofo num caminho pantanoso, sem uma base sólida. O filósofo pula de um lugar para outro. Acredita no enigma da vida, da natureza. Ele não está ancorado em um alicerce sem fissuras. A vida para ele ainda é um risco.

A partir de Sócrates surge um filósofo que precisa de um alicerce firme, segurança. Nietzsche gostava dos pré-socráticos, de sua ligação com a natureza.

Neste momento o mito ainda é muito forte, porém o homem observa a natureza com uma certa necessidade.

Texto Crítica Moderna de Georg W. F. HegelA proposição de Tales de que tudo é água (tudo é um princípio)

é filosófica e dá início a filosofia, pois com esta afirmação chegamos à conclusão de que o um é a essencia, o verdadeiro, o único. Começamos a nos afastar de um ente imediato. Os gregos personificavam o sol, as montanhas, como forças autônomas, gerando em nós a representação da criação pela pura fantasia. Com a proposição de Tales de Mileto nos dissociamos de uma série de princípios, e nos associamos a idéia de um objeto singular que verdadeiramente subsiste para si, fica posto que só há um universal, simples e sem fantasia.

A existência singular não possui autonomia nenhuma, a verdade é que do um emerge todo o resto, no um permanece a substância de todo o resto. Também depreende-se que a situação de toda existência singular é passageira, isto é, perde a forma do singular e torna-se novamente universal, torna-se novamente água. O ponto de vista filosófico é que somente o um é a realidade verdadeiramente efetiva, é o real.

O princípio, para os antigos gregos possui uma forma física determinada. Vê-se que a água é um elemento, um momento no todo em geral, uma força física universal, mas outra coisa é que a água seja uma existência

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singular como todas as outras coisas naturais. Temos a consciência de reconhecer algo universal para as coisas singulares, mas a água é também uma coisa singular. Aqui está a falha: aquilo que deve ser verdadeiro princípio não precisa ter uma forma unilateral e singular, mas a diferença mesma deve ser de natureza universal. A passagem do universal para o singular é um ponto essencial e ele entra na determinação da atividade, para isto então existe a necessidade.

Friedrich Nietzsche falando de TalesA filosofia grega parece começar com uma idéia absurda,

porém devemos deter-nos nela por três razões: em primeiro lugar essa razão enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, ela o faz sem imagens e fabulações; em terceiro lugar, mesmo em estado de crisálida, está contido o pensamento “tudo é um”. Tales foi além do científico, ele não superou o estágio inferior das noções físicas da época, mas saltou sobre ele

Nos nossos tempos já não há chispa do vôo dos conceitos nem dos êxtases do entender. Somos esclarecidos, ilustrados pelo iluminismo, somos apáticos. Já não se fala de amor à sabedoria. Já não há saber de que alguém possa ser seu amigo (philos). Não nos vem a cabeça amor, aquilo que sabemos antes perguntamos a nós próprios como conseguimos viver com o que sabemos sem nos petrificarmos. Sloterdjick.

RESUMIDAMENTE, OS PRÉ-SOCRÁTICOS:Os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e

nas suas colônias. Assim são chamados pois são os que vieram antes de Sócrates, considerado um divisor de águas na filosofia. Muito pouco de suas obras está disponível, restando apenas fragmentos. O primeiro filósofo em que temos uma obra sistemática e com livros completos é Platão, depois Aristóteles. São chamados de filósofos da natureza, pois investigaram questões pertinentes a esta, como de que é feito o mundo. Romperam com a visão mítica e religiosa da natureza que prevalecia na época, adotando uma forma científica de pensar. Alguns se propuseram a explicar as transformações da natureza. Tinham preocupação cosmológica. A maior parte do que sabemos desses filósofos é encontrada na doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de Diógenes Laércio (século III d. C), Vida e obra dos filósofos ilustres. A partir do século VII a.C., há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a ela inovações científicas. Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais racional. Os pré-socráticos inspiraram a interpretação de filósofos contemporâneos como Nietzsche, que nos iluminou com a sua obra A filosofia na época trágica dos Gregos e Hegel, que aplicou seu sistema na história da filosofia.

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Os mais Importantes:

AnaximandroAfirmou que a origem de todas as coisas seria o apeíron, o

infinito. O mundo se dissolveria nele também. É apenas um mundo dentre muitos. Ao contrário de Tales não deu à  gênese um caráter material. O apeíron é eterno e indivisível, infinita e indestrutível. O princípio é o fundamento da geração de todas as coisas, a ordem do mundo evoluiu do caos em virtude deste princípio. Teve como  discípulo Anaxímenes.

AnaximenesTem  como característica básica explicar a origem do universo

ou arché a partir de  uma substância única fundamental. Refutando a teoria da água de Tales, e do ápeiron de Anaximandro, Anaxímenes ensinava que essa substância era o ar infinito, pneuma ápeiron. O universo resultaria das transformações do ar, da sua rarefação, o fogo, ou condensação, o vento, a nuvem, a água e a terra e por último pedra. Esse era o processo por qual passava uma substância primordial, e resultava na multiplicidade, os quatro elementos. O ar tinha o eterno  elemento. Escreveu uma obra, como Anaximandro: Sobre a natureza.     Dedicou-se à  meteorologia, foi o primeiro a considerar que a lua recebe a luz do  sol. Era companheiro de Anaximandro. Hegel diz que Anaxímenes ensina que nossa alma é ar, e ele nos mantém  unidos, assim um espírito e o ar mantém unido o mundo inteiro. Espírito e ar são a mesma coisa. A substância da origem volta a ser uma coisa determinada como em Tales.  Anaxímenes identificou o ar talvez porque tenha visto seu movimento  incessante, e que a vida e o ar andam juntos, na maioria dos casos. A respiração é um processo vivificante, dependemos dela durante toda a nossa vida. Ele via     que no céu existem nuvens, e que a matéria possui diferentes graus de solidez. Outra frase que consta nos fragmentos é "O sol largo como uma folha".

PitágorasOs órficos (de Orfeu) acreditavam na imortalidade da alma e em

reencarnação (metempsicose), e para se livrar desse ciclo, necessitavam da ajuda de Dioniso, deus libertador. Pitágoras postulou como via de salvação em vez desse deus, a matemática. Acreditava na divindade do número. Os pitagóricos concebem todo o universo como um campo em que se contrapõe o mesmo e o outro. É de Pitágoras o teorema do triângulo retângulo. Fundou uma seita, em que a salvação dependia de um esforço humano subjetivo, e que tinha iniciação secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina, e são a verdade eterna. O número perfeito é o dez, por causa do triângulo místico. Os astros são harmônicos. Foi Pitágoras que inventou a palavra filosofia – (amizade ao saber). Muitos filósofos foram também matemáticos, que atribuem ao universo a lógica dos números e em muitos pontos de sua doutrina buscam a matemática para fundamentar a sua

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lógica. É uma visão mecanicista, que identifica no mundo o raciocínio matemático. Platão exaltava a geometria, por essa ter um caráter abstrato.

Xenófanes de Colofão Atribui-se a ele a fundação da escola de Eléia. Levou vida

errante, passou parte dela em Sicília, tendo fugido de sua terra natal por causa da invasão dos medas. Alguns duvidam de sua ligação com Eléia. Em seus fragmentos defendeu um deus único, supremo, que não tinha a forma de homem. Realçou isso afirmando que os homens atribuem aos deuses características semelhantes a eles mesmos, que mudam de acordo com o povo. Se os animais tivessem mãos para realizarem obras, colocariam nos deuses suas características. Restaram de suas obras alguns fragmentos, sendo que uns satíricos. Foi contra a grande influência de Hesíodo e Homero (historiador e escritor gregos). Zombou dos atletas, preferindo a sua sabedoria aos feitos atléticos, que não enchiam celeiros. O deus segundo Xenófanes está implantado em todas as coisas, o todo é um, e é supra-sensível, imutável, sem começo, meio ou fim. Teve como discípulo Parmênedes.

HeráclitoÉ considerado o mais importante dos pré-socráticos. É dele a

frase de que tudo flui. Não entramos no mesmo rio duas vezes e o sol é novo a cada dia. É o filósofo do devir, a lei do universo, tudo nasce se transforma e se dissolve, e todo o juízo seria falso, ultrapassado. É o primeiro pré-socrático com um número razoável de pensamentos, que são um tanto confusos, e por isso tem o nome de Heráclito, o obscuro. São aforismos. Foi muito crítico.  Chama a atenção, além da pluralidade, para os opostos. Tanto o bem como o mal são necessários  ao todo. Deus se manifesta na natureza, abrange o todo e é crivado de opostos. O logos é o  princípio cósmico, elemento primordial, e a razão do real, a inteligência. A verdade se encontra no devir, não no ser. Com sentidos poderosos, poderíamos vê-lo. O pensamento humano participa e é parte do pensamento universal. O fogo é eterno, um dia tudo se tornará fogo. O sol seria da largura de um pé humano. A felicidade não está nos prazeres do corpo. A morte é tudo que vemos despertos, e tudo o que vemos dormindo é sono. Existe a harmonia visível e a invisível. A alma não tem limites, pois seu logos é profundo e aumenta gradativamente. O pensar é comum a todos. A terra cria tudo, e tudo volta para ela.

ParmênidesEscreveu um poema, cujo preâmbulo tem duas partes, a

primeira trata da verdade, a segunda da opinião. Suas conclusões são contrárias às de Heráclito, seu contemporâneo. Na primeira parte do poema proclama a razão absoluta, que é o discurso de uma deusa. Para se chegar à verdade não podemos confiar nos dados empíricos, temos de recorrer à razão. Desta forma nada pode mudar, só existe o ser, imutável, eterno e único, em oposição ao não ser. Teve como discípulo Zenão, também de Eléia. Segundo Nietzsche, foi em um estado de espírito que Parmênides encontrou a teoria do ser,   considerando o vir a ser. Pensou: algo que não é pode vir a ser?

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Não. – Temos de ignorar os sentidos e examinar as coisas com a força do pensamento. O que está fora do ser não é o ser, é nada, o ser é   um.

Ao colocar como “imperativo categórico” o ser, e com ele a verdade que se chega na razão, Parmênides inaugura uma manifestação humana de conseqüências funestas. A refutação dos dados  empíricos, em favor do que pode ser comprovado com a razão age sobre o resultado final dos  mesmos. Assim, com o possível de ser explicado em primeiro plano, deixamos de lado um aspecto da percepção: a mudança, pois mudar é deixar de ser. O devir, nesses parâmetros é uma ilusão,   o fluxo da natureza também e o que é confiável é aquilo que é assimilado e compreendido. Põe se barreiras na percepção pura, que provêm da mente aberta, para usar um termo de Aldous Huxley.

PLATÃOEm seus diálogos iniciais, chamados de socráticos, supõe-se

que Platão está ainda sob influência direta de seu mestre Sócrates. Na maioria de seus textos há uma disucssão entre Sócrates e personagens da vida ateniense em torno de conceitos éticos como a Amizade, a Virtude, a Coragem e o sentimento religioso. Sócrates levanta as questões éticas fundamentais que a filosofia irá discutir, tais como o entendimento desses conceitos, os critérios para a sua aplicação em situações concretas com que nos defrontamos. Se a ética depende de virtudes inerentes à natureza humana ou se essas podem ser adquiridas ou ensinadas, são alguns dos problemas cruciais encontrados nos diálogos socráticos. O estilo inconclusivo de Platão faz com que não tenhamos uma solução definitiva para esses problemas.

No livro a República, em que ele conta a história dos homens na caverna, a forma do Bem é caracterizada como a “suprema forma”, ou seja, o princípio metafísico mais importante. No Mito da Caverna Platão diz: “Nos últimos limites do mundo inteligível aparece-me a idéia ou forma do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem se concluir que ela é a causa de tudo o que já de reto e de belo”. O sábio, é, portanto, aquele que, tendo atingido o conhecimento do bem pela dialética, isto é, da ascensão de sua alma até o plano mais elevado e mais abstrato do real, é capaz de agir de forma justa, pois ao conhecer o Bem, conhece também a verdade.

O indivíduo que age de modo ético é aquele que é capaz de autocontrole. A capacidade de agir corretamente e de tomar decisões éticas depende do conhecimento do bem, que é obtido pelo indivíduo após longo e lento processo de amadurecimento espiritual.

Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens da realidade inteligível.

Tal concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Ideias ou Teoria das Formas. Para Platão, uma determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra.

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Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Ideia desse objeto.

O problema que Platão propõe-se a resolver é a tensão entre Heraclito e Parmênides: para o primeiro, o ser é a mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é, não pode passar a ser; assim, não há mudança.

Por exemplo, o que faz com que determinada árvore seja ela mesma desde o estágio de semente até morrer, e o que faz com que ela seja tão árvore quanto outra de outra espécie, com características tão diferentes? Há aqui uma mudança, tanto da árvore em relação a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto da árvore em relação a outra. Para Heraclito, a árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para Parmênides, ela nunca muda, é sempre a mesma e sua mudança é uma ilusão .

Platão resolve esse problema com sua Teoria das Ideias. O que há de permanente em um objeto é a Ideia; mais precisamente, a participação desse objeto na sua Ideia correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas uma incompleta representação da Ideia desse objeto. No exemplo da árvore, o que faz com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a despeito de sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de outras árvores de outras espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é a sua participação na Ideia de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida representação da Ideia de Árvore.

Platão também elaborou uma teoria gnosiológica, ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas, ou ainda, uma teoria do conhecimento. Segundo ele, ao ver um objeto repetidas vezes, uma pessoa se lembra, aos poucos, da Ideia daquele objeto que viu no mundo das Ideias. Para explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito (ou uma metáfora) segundo a qual, antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma estrela, onde se localizam as Ideias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é " jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o que viu na estrela. Mas, ao ver um objeto aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma se recorda da Ideia daquele objeto que foi visto na estrela. Tal recordação, em Platão, chama-se anamnesis.

A reminiscênciaUma das condições para a indagação ou investigação acerca

das Ideias é que não estamos em estado de completa ignorância sobre elas. Do contrário, não teríamos nem o desejo nem o poder de procurá-las. Em vista disso, é uma condição necessária, para tal investigação, que tenhamos em nossa alma alguma espécie de conhecimento ou lembrança de nosso contato com as Ideias (contato esse ocorrido antes do nosso próprio nascimento) e nos recordemos das Ideias ao vê-las reproduzidas palidamente nas coisas.

Deste modo, toda a ciência platônica é uma reminiscência. A investigação das Ideias supõe que as almas preexistiram em uma região divina onde contemplavam as Ideias.

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O MITO DA CAVERNAA narrativa expressa dramaticamente a imagem de prisioneiros

que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa, ilumina um palco onde estátuas dos seres como homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à regularidade de aparições destas. Os prisioneiros fazem, inclusive, torneios para se gabarem, se vangloriarem a quem acertar as corretas denominações e regularidades.

Imaginemos agora que um destes prisioneiros é forçado a sair das amarras e vasculhar o interior da caverna. Ele veria que o que permitia a visão era a fogueira e que na verdade, os seres reais eram as estátuas e não as sombras. Perceberia que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. Mas imaginemos ainda que esse mesmo prisioneiro fosse arrastado para fora da caverna. Ao sair, a luz do sol ofuscaria sua visão imediatamente e só depois de muito habituar-se com a nova realidade, poderia voltar a enxergar as maravilhas dos seres fora da caverna. Não demoraria a perceber que aqueles seres tinham mais qualidades do que as sombras e as estátuas, sendo, portanto, mais reais. Significa dizer que ele poderia contemplar a verdadeira realidade, os seres como são em si mesmos. Não teria dificuldades em perceber que o Sol é a fonte da luz que o faz ver o real, bem como é desta fonte que provém toda existência (os ciclos de nascimento, do tempo, o calor que aquece etc.).

Maravilhado com esse novo mundo e com o conhecimento que então passara a ter da realidade, esse ex-prisioneiro lembrar-se-ia de seus antigos amigos no interior da caverna e da vida que lá levavam. Imediatamente, sentiria pena deles, da escuridão em que estavam envoltos e desceria à caverna para lhes contar o novo mundo que descobriu. No entanto, como os ainda prisioneiros não conseguem vislumbrar senão a realidade que presenciam, vão debochar do seu colega liberto, dizendo-lhe que está louco e que se não parasse com suas maluquices acabariam por matá-lo.

Este modo de contar as coisas tem o seu significado: os prisioneiros somos nós que, segundo nossas tradições diferentes, hábitos diferentes, culturas diferentes, estamos acostumados com as noções sem que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas acreditamos e usamos como nos foi transmitido. A caverna é o mundo ao nosso redor, físico, sensível em que as imagens prevalecem sobre os conceitos, formando em nós opiniões por vezes errôneas e equivocadas, (pré-conceitos, pré-juízos). Quando começamos a descobrir a verdade, temos dificuldade para entender e apanhar o real (ofuscamento da visão ao sair da caverna) e para isso, precisamos nos esforçar, estudar, aprender, querer saber. O mundo fora da caverna representa o mundo real, que para Platão é o mundo inteligível por possuir Formas ou Ideias que guardam consigo uma identidade indestrutível e imóvel, garantindo o conhecimento dos seres sensíveis. O inteligível é o reino das matemáticas

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que são o modo como apreendemos o mundo e construímos o saber humano. A descida é a vontade ou a obrigação moral que o homem esclarecido tem de ajudar os seus semelhantes a saírem do mundo da ignorância e do mal para construírem um mundo (Estado) mais justo, com sabedoria. O Sol representa a Ideia suprema de Bem, ente supremo que governa o inteligível, permite ao homem conhecer e de onde deriva toda a realidade (o cristianismo o confundiu com Deus).

Portanto, a alegoria da caverna é um modo de contar imageticamente o que conceitualmente os homens teriam dificuldade para entenderem, já que, pela própria narrativa, o sábio nem sempre se faz ouvir pela maioria ignorante.

SÓCRATESPodemos afirmar que Sócrates fundou o que conhecemos hoje

por filosofia ocidental. Foi influenciado pelo conhecimento de um outro importante filósofo grego: Anaxágoras. Seus primeiros estudos e pensamentos discorrem sobre a essência da natureza  da alma humana.

Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos um dos homens mais sábios e inteligentes. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande de levar o conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de conhecimentos e sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano.

Conhecemos seus pensamentos e ideias através das obras de dois de seus discípulos: Platão e Xenofontes. Infelizmente, Sócrates não deixou por escrito seus pensamentos.

Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois defendia algumas ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou muitos aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos. Ele não fundo uma escola, disseminada seu conhecimento em lugares públicos.

Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência, também colaboraram para o aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas começa a encarar Sócrates como um inimigo público e um agitador em potencial. Foi preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças na religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um veneno chamado cicuta, em 399 AC.

Sócrates aparece declarando que se dedicava àquilo que ele considerava a arte ou ocupação mais importante: maiêutica, o parto das idéias. A maiêutica socrática funcionava a partir de dois momentos essenciais: um primeiro em que Sócrates levava os seus interlocutores a pôr em causa as suas próprias concepções e teorias acerca de algum assunto; e um segundo momento em que conduzia os interlocutores a uma nova perspectiva acerca do tema em abordagem. Daí que a maiêutica consistisse num autêntico parto de

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ideias, pois, mediante o questionamento dos seus interlocutores, Sócrates levava-os a colocar em causa os seus "preconceitos" acerca de determinado assunto, conduzindo-os a novas ideias acerca do tema em discussão, reconhecendo assim a sua ignorância e gerando novas ideias, mais próximas da verdade.Sócrates defendia que deve-se sempre dar mais ênfase à procura do que se não sabe, do que transmitir o que se julga saber, privilegiando a investigação permanente.

Sócrates provocou uma ruptura sem precendentes na história da Filosofia grega, por isso ela passou a considerar os filósofos entre pré-socráticos e pós-socráticos. Enquanto os filósofos pré-Socráticos, chamados de naturalistas, procuravam responder à questões do tipo: "O que é a natureza ou o fundamento último das coisas?" Sócrates, por sua vez, procurava responder à questão: "O que é a natureza ou a realidade última do homem?"

Os sofistas, grupo de filósofos (título negado por Platão) originários de várias cidades, viajavam pelas pólis, onde discursavam em público e ensinavam suas artes, como a retórica, em troca de pagamento. Sócrates se assemelhava exteriormente a eles, exceto no pensamento. Platão afirma que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas. Sua pobreza era prova de que não era um sofista. Para os sofistas tudo deveria ser avaliado segundo os interesses do homem e da forma como este vê a realidade social (subjetividade). Isso significa que, segundo essa corrente de pensamento, as regras morais, as posições políticas e os relacionamentos sociais deveriam ser guiados conforme a conveniência individual. Para este fim qualquer pessoa poderia se valer de um discurso convincente, mesmo que falso ou sem conteúdo.

Sócrates abandonou a preocupação em explicar e se concentrou no problema do homem. No entanto, contrariamente aos sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com estes, pois procurava um fundamento último para as interrogações humanas ("O que é o bem?" "O que é a virtude? "O que é a justiça?); enquanto os sofistas situavam as suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a investigação de uma essência da virtude, da justiça do bem etc., a partir da qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada.

Sócrates contribuiu para que as pessoas se apercebessem da descoberta da evidência que é a manifestação do mestre interior à alma. Conhecer-se a si mesmo seria conhecer Deus em si.

Aquilo que colocou Sócrates em destaque foi o seu método, e não tanto as suas doutrinas. Sócrates baseava-se na argumentação, insistindo que só se descobre a verdade pelo uso da razão. O seu legado reside sobretudo na sua convicção inabalável de que mesmo as questões mais abstratas admitem uma análise racional

Foi moralmente, intelectualmente e filosoficamente diferente de seus contemporâneos atenienses. Quando estava sendo julgado por heresia e por corromper a juventude, usou seu método de elenchos para demonstrar as crenças errôneas de seus julgadores. Sócrates acredita na imortalidade da alma e que teria recebido, em um certo momento de sua vida, uma missão especial do deus Apolo Apologia, a defesa do logos apolíneo "conhece-te a ti mesmo".

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Sócrates também duvidava da ideia sofista de que a arete (virtude) podia ser ensinada para as pessoas. Acreditava que a excelência moral é uma questão de inspiração e não de parentesco, pois pais moralmente perfeitos não tinham filhos semelhantes a eles. Isso talvez tenha sido a causa de não ter se importado muito com o futuro de seus próprios filhos. Sócrates frequentemente diz que suas ideias não são próprias, mas de seus mestres, entre eles Pródico e Anaxágoras de Clazômenas

VirtudeO estudo da virtude se inicia com Sócrates, para quem a virtude

é o fim da atividade humana e se identifica com o bem que convém à natureza humana.

Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material. Convidava outros a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade, pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma população. Suas ações são provas disso: ao fim de sua vida, aceitou sua sentença de morte quando todos acreditavam que fugiria de Atenas, pois acreditava que não podia fugir de sua comunidade. Acreditava que os seres humanos possuíam certas virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. Dizia que a virtude era a mais importante de todas as coisas.

ARISTÓTELES A filosofia aristotélica é, conceptual como a de Platão mas parte

da experiência; é dedutiva, mas o ponto de partida da dedução é tirado - mediante o intelecto da experiência. A filosofia, pois, segundo Aristóteles, dividir-se-ia em teorética, prática e poética, abrangendo, destarte, todo o saber humano, racional. A teorética, por sua vez, divide-se emfísica, matemática e filosofia primeira (metafísica e teologia); a filosofia prática divide-se emética e política; a poética em estética e técnica. Aristóteles é o criador da lógica, como ciência especial, sobre a base socrático-platônica; é denominada por ele analítica e representa a metodologia científica.

Partindo como Platão do mesmo problema acerca do valor objetivo dos conceitos, mas abandonando a solução do mestre, Aristóteles constrói um sistema inteiramente original. Os caracteres desta grande síntese são:

1. Observação fiel da natureza - Platão, idealista, rejeitara a experiência como fonte de conhecimento certo. Aristóteles, mais positivo, toma sempre o fato como ponto de partida de suas teorias, buscando na realidade um apoio sólido às suas mais elevadas especulações metafísicas.

2. Rigor no método - Depois de estudas as leis do pensamento, o processo dedutivo e indutivo aplica-os, com rara habilidade, em todas as suas obras, substituindo à linguagem imaginosa e figurada de Platão, em estilo lapidar e conciso e criando uma terminologia filosófica de precisão admirável. Pode considerar-se como o autor da metodologia e tecnologia científicas. Geralmente, no estudo de uma questão, Aristóteles procede por partes: a) começa a definir-lhe o objeto; b)passa a enumerar-lhes as soluções históricas; c)propõe depois as dúvidas; d) indica, em seguida, a própria solução;e) refuta, por último, as sentenças contrárias.

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3. Unidade do conjunto - Sua vasta obra filosófica constitui um verdadeiro sistema, uma verdadeira síntese. Todas as partes se compõem, se correspondem, se confirmam.

A MoralAristóteles trata da moral em três Éticas, de que se falou

quando das obras dele. Consoante sua doutrina metafísica fundamental, todo ser tende necessariamente à realização da sua natureza, à atualização plena da sua forma: e nisto está o seu fim, o seu bem, a sua felicidade, e, por conseqüência, a sua lei. Visto ser a razão a essência característica do homem, realiza ele a sua natureza vivendo racionalmente e senso disto consciente. E assim consegue ele a felicidade e a virtude, isto é, consegue a felicidade mediante a virtude, que é precisamente uma atividade conforme à razão, isto é, uma atividade que pressupõe o conhecimento racional. Logo, o fim do homem é a felicidade, a que é necessária à virtude, e a esta é necessária a razão. A característica fundamental da moral aristotélica é, portanto, o racionalismo, visto ser a virtude ação consciente segundo a razão, que exige o conhecimento absoluto, metafísico, da natureza e do universo, natureza segundo a qual e na qual o homem deve operar.

As virtudes éticas, morais, não são mera atividade racional, como as virtudes intelectuais, teoréticas; mas implicam, por natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional, que deve ser governado pela razão, e não pode, todavia, ser completamente resolvido na razão. A razão aristotélica governa, domina as paixões, não as aniquila e destrói, como queria o ascetismo platônico. A virtude ética não é, pois, razão pura, mas uma aplicação da razão; não é unicamente ciência, mas uma ação com ciência.

A MetafísicaA metafísica aristotélica é "a ciência do ser como ser, ou dos

princípios e das causas do ser e de seus atributos essenciais". Ela abrange ainda o ser imóvel e incorpóreo, princípio dos movimentos e das formas do mundo, bem como o mundo mutável e material, mas em seus aspectos universais e necessários. Exporemos portanto, antes de tudo, as questões gerais da metafísica, para depois chegarmos àquela que foi chamada, mais tarde, metafísica especial; tem esta como objeto o mundo que vem-a-ser - natureza e homem - e culmina no que não pode vir-a-ser, isto é, Deus. Podem-se reduzir fundamentalmente a quatro as questões gerais da metafísica aristotélica: potência e ato, matéria e forma, particular e universal, movido e motor. A primeira e a última abraçam todo o ser, a segunda e a terceira todo o ser em que está presente a matéria.

EPICURISTASEpicurismo é um sistema filosófico, que prega a procura dos

prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de libertação do medo, com a ausência de sofrimento corporal pelo conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. Já quando os desejos são exacerbados podem ser fonte de perturbações constantes, dificultando o encontro da felicidade que é manter a saúde do corpo e a serenidade do espírito.

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Epicurismo é um sistema da filosofia criado por um filósofo ateniense chamado Epicuro de Samos no século IV a.C. Existem vários fundamentos básicos do Epicurismo, porém, se distingue o desejo para encontrar a felicidade, buscar a saúde da alma, lembrando que o sentido da vida é o prazer, objetivo imediato de cada ação humana considerando sem sentido as angústias em relação à morte, e a preocupação com o destino.

No Epicurismo o prazer deve ser sereno e calmo. Os seguidores do Epicurismo são chamados de epicuristas, e seu seguidor deve procurar evitar a dor e as perturbações, levar uma vida longe das multidões, porém não solitário, dos luxos excessivos, se colocando em harmonia com a natureza e desfrutando da paz. Outro valor defendido pelo Epicurismo e seus defensores é a amizade. A amizade traz uma grande felicidade para as pessoas já que a convivência ocasiona uma troca sempre saudável de pensamentos e opiniões enriquecendo as relações.

Um Epicurista não busca a fama das celebridades, nem o poder, busca sim os prazeres dos sentidos conforme as prioridades de cada indivíduo, por exemplo, comidas especiais se o prazer de comer é indispensável, tirar um sono no horário da tarde pelo simples prazer de dormir, etc. Se os prazeres forem gozados junto dos amigos se tornará mais importante.

Segundo Epicuro, o criador do Epicurismo, as pessoas não podem viver de forma agradável se não forem prudentes, gentis com os outros e justas em suas atitudes e pensamentos sem viver prazerosamente. As virtudes então devem ser praticadas como garantia dos prazeres.

A finalidade da filosofia de Epicuro não era teórica, mas sim bastante prática. Buscava sobretudo encontrar o sossego necessário para uma vida feliz e aprazível, na qual os temores perante o destino, os deuses ou a morte estavam definitivamente eliminados. Para isso fundamentava-se em uma teoria do conhecimento empirista, em uma física atomista e na ética.

ESTOICISMO ROMANOA necessidade de um guia moral na época de transição da

Grécia clássica para a helênica explica por que o estoicismo ganhou rapidamente adeptos no mundo antigo e também porque renasceu todas as vezes em que os valores de uma sociedade entraram em crise profunda.O estoicismo foi criado pelo cipriota Zenão de Cício por volta do ano 300 a.C. O termo tem origem em Stoà poikilé, espécie de pórtico adornado com quadros de várias cores, onde Zenão se reunia com seus discípulos. Cleantes e Crisipo, entre os discípulos oriundos da Anatólia, tiveram papel relevante na escola estóica.

Os estóicos se vangloriavam da coerência de seu sistema filosófico. Afirmavam que o universo pode ser reduzido a uma explicação racional e que ele próprio é uma estrutura racionalmente organizada. A capacidade do homem de pensar, projetar e falar (logos) está plenamente incorporada ao universo. A natureza cósmica -- ou Deus, pois os termos são sinônimos para o estoicismo -- e o homem se relacionam um com o outro, intimamente, como agentes racionais. O homem pode alcançar a sabedoria se

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harmonizar sua racionalidade com a natureza. Lógica e filosofia natural estão, portanto, em íntima e essencial relação. Na história do estoicismo, apontam-se três períodos básicos: antigo, helenístico-romano e imperial romano.

Período antigo. A doutrina ética, como forma de ajudar o indivíduo a aceitar a adversidade, representou o principal apelo do estoicismo nesse período. O homem deve viver de acordo com a razão e ser indiferente a desejos e paixões. A verdadeira felicidade não está no sucesso material, mas na busca da virtude. Alegrias e infortúnios devem ser igualmente aceitos, porque seguem o ritmo natural do universo. Os mais importantes filósofos desse período são Zenão, Cleantes e Crisipo.

Período helenístico-romano. Com assimilação de elementos ecléticos e adaptações adequadas, o estoicismo adquiriu uma nova função, como sistema ético sobre o qual a república romana pretendia assentar-se. Destacaram-se no período Panécio de Rodes, Posidônio de Apaméia e Cícero. O homem político, segundo Cícero, só atinge a virtude suprema se sua atuação estiver voltada para o bem de seu povo.

Período imperial romano. O império oferecia a pax romana, mas, ao mesmo tempo, o fastio e a dissolução dos princípios morais da sociedade. Musônio Rufo, Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio criaram os alicerces teóricos que deveriam dignificar o poder imperial. Alguns preceitos de sua poderosa doutrina moral foram adotados pela igreja cristã.

SANTO AGOSTINHOAgostinho inspira-se em Platão, ou melhor, no neoplatonismo.

Agostinho, pela profundidade do seu sentir e pelo seu gênio compreensivo, fundiu em si mesmo o caráter especulativo da patrística grega com o caráter prático da patrística latina, ainda que os problemas que fundamentalmente o preocupam sejam sempre os problemas práticos e morais: o mal, a liberdade, a graça, a predestinação

Aderiu ao maniqueísmo, que atribuía realidade substancial tanto ao bem como ao mal, julgando achar neste dualismo maniqueu a solução do problema do mal e, por conseqüência, uma justificação da sua vida. Entrementes - depois de maduro exame crítico - abandonara o maniqueísmo, abraçando a filosofia neoplatônica que lhe ensinou a espiritualidade de Deus e a negatividade do mal.

O Neoplatônico buscava conceitos do belo, do bem e do justo. Apresenta um dualismo que remete ao visto no mundo sensível e inteligível de Platão, o que é acrescentado é o elemento religioso que servem para fundamentar suas propostas.

Na Antropologia, o homem está condenado e só é salvo pela Graça Divina. O homem é responsável pelos seus pecados e é o único ser que usa o livre-arbítrio contra sua própria natureza. Para ele existem dois tipos de seres humanos : - os que amam a si mesmos a ponto de desprezar Deus, estes são ambiciosos, orgulhosos, dependentes.. - os que amam a Deus, tanto, até o ponto de desprezarem a si mesmos, são o Conjunto dos Habitantes do Céu, são humildes, pacientes...

Os tipos de Leis : Lei Eterna- reside a razão Divina

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Lei Natural- participação da criatura racional na ordem do Universo.

Lei Humana- baseia-se no Direito.

S. T. AQUINOTomas de Aquino, foi o maior representante da Estagirita

( grande pedagogia formada pelo pensamento platonico e o pensamento de Aristoteles, juntamente com os principios teologicos do cristianismo) sendo uma tentativa de unir duas esferas ( fé e razao).

Ele estabeleceu uma sintese entre Aristoteles e Cristianosmo, fazendo uma leitura cristã da filosofia de Aristoteles introduzindo o elemento da criação divina, ou seja, as essencias foram criadas por Deus, por atos deliberados por sua vontade onipotente.

Segundo Tomas a alma humana é singular, pois os homens apenas conhecem as coisas sensiveis por meio dos sentidos, como os outros animais, mas eles conhecem a essencia inteligivel das coisas atraves do intelecto. O homem sensível esta em constante transformação e o homem inteligível é o eterno imutavel, universal.

DESCARTESPode se afrimar que a sustentação para subjetividade moderna

reside na consciencia ela é produto do distanciamento do homem/ mundo. Ela nasce como uma parte em meio da comunicação entre a interioridade e a exterioridade. A sua função é traduzir as forças da vida que nos são sempre consciente para o mundo dos códigos, das linguagens, a consciencia é um aparelho de conhecimento.

Já a produção do sujeito de conhecimento resulta do exercício da consciencia. É a consciencia como aparelho de conhecimento, que sustenta a crença na segurança e na certeza das categorias da razao. Essa seguramça emerge com a filo de Descartes, termina por produzir um sujeito autonomo capaz de preparar o advento da modernidade cientifica e filosoficas.

É Descartes que funda a crença na sintonia representativa do sujeito. A partir dele a categoria fundada com a ideia de vontade adquire a segurança e a certeza de si. Se a ideia. Se a ideia de vontade resulta da simplificação de diversos estados do querer, dando a ideia de uma unidade eterna, essa unidade ainda diz respeito ao corpo, aos sentimentos, as sensações, ao passo que o sujeito cartesiano é o exercicio do pensamento sobre o pensamento.

Se a metafisica essencial de socrates tem a função de negar os instintos, o sujeito cartesiano é a representação dessa negação, em que a verdade do sujeito cartesiano é o pensamento.

Essa subjetividade nascida do cartesianismo encontra sua realização na modernidade.

Afastamento de Deus o sujeito moderno representa o máximo de autonomia a substâmcia nascida com a idéia da vontade (Aristotéles). A racionalidade moderna é o ápice da crença da profecia socrática de poder consertar o mundo. O sujeito da razão mais de Deus. Ele não quer mais esse Deus absoluto e onipotente e ele é agora a certeza cartesiana.

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Racionalismo cartesiano  é uma doutrina que atribui à Razão humana a capacidade exclusiva de conhecer e de estabelecer a Verdade. Opõe-se ao empirismo, colocando a Razão independente da experiência sensível, ou seja, rejeita toda intervenção de sentimentos, somente a Razão.

Todo homem, segundo Descartes, possuía razão, a capacidade de julgar e de discernir o verdadeiro do falso. O homem deve seguir um método para conduzir bem a sua razão e procurar a verdade nas ciências, afirma que devemos rejeitar como falso tudo aquilo do qual não podemos duvidar, somente devemos aceitar as coisas indubitáveis. Segundo Descartes : “Todo o método consiste na ordem e na disposição das coisas para as quais devemos voltar o olhar do espírito, para descobrir alguma verdade”. O eu, seria uma substância que pensa, duvida, concebe, afirma, nega, que quer, e que não quer, que imagina e que sente.

O CONTRATUALISMOO conceito central do contratualismo é a valorização do

individuo,pois fundado em uma época minimalista atende a dois principios:a legitimidade da auto-preservação e a ilegalidade do dano arbitrário feito dos outros.

Foram três as condições para a consolidação na história do pensamento político das teorias contratualistas,no ambito de um debate mais amplo sobre o fundamento do poder politico:

Transformação da sociedade;Que houvesse uma cultura politica secular disposta a discutir a

origem e os fins do governo;Tornar o contrato acessivel de uma forma analogica