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Teoria Geral do Direito Penal – Profº Ivan Carlos de Araújo A legislação penal se encontra no Código Penal e e na Legislação Penal Especial ou Extravagante, que se encontra fora do Código, não fora codificada. As fontes do Direito Penal são sempre o código e a doutrina. Jurisprudência não é fonte, e a os Costumes são apenas auxiliares nunca utilizados contra o agente. O Código Penal é dividido na Parte Geral, do art 1º ao 120, e na Parte Especial, que contém os tipos penais. Conceito de Direito Penal É o conjunto de normas jurídicas que o Estado estabelece para combater o crime através de penas e medidas de segurança. Normas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica. É o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado. Direito Penal é o ramo do D. Público que define as infrações penais, estabelecendo as penas e as medidas de segurança. É um determinado conjunto de normas jurídicas dentre as quais o Estado proíbe determinadas ações ou omissões sob a amaeaça de características sanções penais. Ao menos em caráter secundário, o Direito Penal tem uma aspiração ética: deseja evitar o cometimento dos crimes que afetam de forma intolerável os bens jurídicos penalmente tutelados. Essa finalidade ética não é, todavia, um fim em si mesma, mas a razão da prevenção penal, da tutela da lei penal penal aos bens jurídicos preeminentes. Assim, a tarefa imediata do direito penal é de natureza eminentemente jurídica e, como tal, primordialmente destinada a proteção dos bens jurídicos. O conceito não contempla a parte geral. Integram também o direito penal os Princípios Gerais e as normas que orientam a aplicação da pena e medida de segurança.

santabruna.files.wordpress.com€¦ · Web viewque fornece as regras de apuração dos crimes, como a instauração de inquérito, perícias, oitivas, relatórios. Estabelece como

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Teoria Geral do Direito Penal – Profº Ivan Carlos de Araújo

A legislação penal se encontra no Código Penal e e na Legislação Penal Especial ou Extravagante, que se encontra fora do Código, não fora codificada.

As fontes do Direito Penal são sempre o código e a doutrina. Jurisprudência não é fonte, e a os Costumes são apenas auxiliares nunca utilizados contra o agente.

O Código Penal é dividido na Parte Geral, do art 1º ao 120, e na Parte Especial, que contém os tipos penais.

Conceito de Direito PenalÉ o conjunto de normas jurídicas que o Estado

estabelece para combater o crime através de penas e medidas de segurança. Normas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica. É o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado.

Direito Penal é o ramo do D. Público que define as infrações penais, estabelecendo as penas e as medidas de segurança.

É um determinado conjunto de normas jurídicas dentre as quais o Estado proíbe determinadas ações ou omissões sob a amaeaça de características sanções penais.

Ao menos em caráter secundário, o Direito Penal tem uma aspiração ética: deseja evitar o cometimento dos crimes que afetam de forma intolerável os bens jurídicos penalmente tutelados. Essa finalidade ética não é, todavia, um fim em si mesma, mas a razão da prevenção penal, da tutela da lei penal penal aos bens jurídicos preeminentes. Assim, a tarefa imediata do direito penal é de natureza eminentemente jurídica e, como tal, primordialmente destinada a proteção dos bens jurídicos.

O conceito não contempla a parte geral. Integram também o direito penal os Princípios Gerais e as normas que orientam a aplicação da pena e medida de segurança.

A Medida de Segurança impede que os imputáveis cometam novos crimes. São elas a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, ou sujeição a tratamento ambulatorial (art 96).

Direito penal objetivo é o conjunto de normas penais. A legislação em vigor, o D.P. positivado. Quando desrespeitado ourtorga o direito do Estado de punir. Matar alguém

Direito Penal subjetivo é o direito de punir do Estado, sendo também chamado de Direito Criminal. Por que matou, motivo.

Direito Penal Comum é o direito dirigido a todos os cidadãos indistintamente.

Direito Penal Incomum ou Especial é dirigido a um grupo especial de pessoas com características específicas. Leva-se em consideração condições e qualidades especiais. É o Direito Penal Militar, por exemplo.

Direito Penal Material é a matéria, expõe os crimes, explica as penas.

Direito Penal Formal, também chamado de Direito Processual penal instrumento que fornece as regras de apuração dos crimes, como a instauração de inquérito, perícias, oitivas, relatórios. Estabelece como ocorre a apuração.

A ação penal pode ser pública ou privada. O promotor representa o Ministério Público. A Petição Inicial no ramo penal é a denúncia. Ao irmos a delegacia, levamos a notitia criminis, originando a ação penal privada, iniciando a ação com o advogado. A queixa origina o processo, é dirigida ao juiz. Todas essas regras estão no Código Processual Penal, estabelecendo o procedimento.

Tutela JurídicaTutelar: protegerÉ a proteção que o Estado utiliza para proteger a

comunidade. O legislador utiliza todos os ramos do Direito para realizar essa tutela, como um exemplo temos o Código de Trânsito, em que o legislador estabeleceu multas e pontos utilizando o Direito Administrativo. É o Estado utilizando diversos ramos do Direito para tutelar a população.

O Direito Penal é o ramos cuja sanção é mais gravosa, implica na perda de bens jurídicos. É chamado de ultima ratio, última alternativa, última opção. Se o Estado tiver como tutelar a população com o direito administrativo, ou direito civil, entre outros, ele certamente o fará, evitando causar a perda dos bens jurídicos.

Não é o juiz que analisa a necessidade de aplicar o direito penal. O legislador é quem escolhe que lei será criada e a qual área pertencerá. É ele quem faz a opção pela ultima ratio.

Fragmentariedade do Direito PenalO legislador, utilizando o Direito Penal, protege certos

bens de certos ataques, mas não todos. O legislador protegerá bens e interesses utilizando o tipo penal, sendo este constituído pelo preceito primário e secundário e pela sanção, que é a parte especial do CP.

O legislador escolhe os bens e os interesses que serão defendidos, podendo eles serem a vida, a integridade física, a honra, a liberdade individual, o patrimônio, etc.

O tipo penal então, instrumento utilizado pelo legislador para proteger a população é constituído pela descrição da ofensa ao bem a ser protegido, como por exemplo: o homicídio ofende a vida, que é o bem que se visa proteger. É o que está tipificado na lei

O objeto jurídico é o bem ou interesse protegido pela norma penal.

Objeto material é a coisa sobre a qual recai a ação do agente, podendo tratar-se tanto de um bem material como de uma pessoa no sentido corporal.

O preceito primário é a descrição da ofensa ao objeto jurídico. A proteção não está ligada ao tamanho do dano.

O Direito Penal é então fragmentário, pois a proteção não é feita a todos os bens de todas as pessoas. A integridade física não é protegida do próprio dono do corpo.

Cometer crime contra si mesmo é atipicidade. Suicídio não é típico, é antijurídico, daí vem o artigo que condena as pessoas que auxiliam este crime.

História do Direito PenalVigoraram no Brasil as Ordenações Afonsinas,

Manuelinas e Filipinas, sendo que as últimas vigoraram até a independência do Brasil. Tais ordenações abrangiam todas as áreas, inclusive o Direito Penal.

Em 1822 inicia-se o Império. A 1ª Carta Magna nasce em 1824, e a primeira codificação infraconstitucional vem em 1830, incorporando as novidades e atualizações europérias: surge então o Primeiro Código Penal. Era bem elaborado e atual, sendo fonte de inspiração para outros países. Chamava-se Código Criminal do Império

Em 1890 nasce o novo CP, após a proclamação da República. Tal código já nasceu antigo, originando diversos movimentos de reforma. A criação de tal código se deu, muito também, por conta do nome do outro código.

A medida em que o tempo foi passando o CP foi sendo alterado por novas leis, entretanto as mesmas não eram compiladas ao Código com frequência. Cansado da falta de organização o Desembargador Piragibe compilou as leis que modificavam os artigos, e criou a Consolidação das Leis Penais de 1932.

Já no governo de Getúlio Vargas o Ministério da Justiça contratou o professor de Medicina Legal Ancântara Machado para elaborar o anteprojeto do Código Penal. O governo montou uma comissão notável de revisores.

O Código fora entregue e alterado pela comissão, sendo posteriormente enviado para todas as secções da OAB para que fosse debatido.

Finalmente o código fora aprovado e promulgado pelo Decreto Lei 2848 de 7/12/1940.

Durante a época do Militarismo no Brasil um novo anteprojeto fora elaborado, porém, após uma vacatio legis de nove anos o código fora revogado.

Já ao final da Ditadura Militar o presidente Figueiredo convidou Francisco Assis de Toledo para elaborar um novo anteprojeto do CP. Ele apresentou a Parte Geral, que deu origem à modificação do Código Penal, promulgada pela lei 7.209, de 1984.

Logo, nosso Código é de 1940, todavia com a Parte Geral de 1984.

Princípio da Legalidade ou Reserva LegalArt 1º do CP, art 5º, XXXIX da CF. Não há crime sem lei

anterior que o defina, não há pena sem prévia cominação legal. Tal princípio divide-se em quatro sub-princípios:

1º Princípio da Lex Praevia Princípio da anterioridade da norma penal. A lei entra

em vigor para qualificar fatos futuros. Ao adotar a lex praevia nós impedimos a retroatividade. Lei posterior ao fato não retroage, salvo para beneficiar o réu (art 5º da CF, XL). A lei nova não se aplica ao caso que já ocorreu. A lei sempre deve ser anterior ao fato.

2º Princípio da Lex ScriptaA lei deve ser escrita, afastando os costumes. Fala-se

então em lei federal. Somente a União Federal pode legislar no Direito Penal (art 62 da CF, § 1º, “b”)

Medida Provisória: em caso de relevância e urgência o Presidente pode adotar medidas provisórias com força de lei. Tais medidas são vedadas quanto a matéria de Direito Penal. Não se admite legislar matéria penal em âmbito estadual ou municipal.

Sendo assim, os costumes servem então para orientar a criação de normas, servem como regra de interpretação.

3º Princípio da Lex StrictaA lei tem que ser estreita, ela tem que encaixar

perfeitamente sobre o crime. O tipo penal tem que encaixar o fato perfeitamente. Este princípio então afasta a analogia. A analogia serve como norma de integração.

Quando há uma lacuna dispositiva, o julgador irá procurar uma norma que se aplique a situação parecida, ele utilizará uma analogia, que neste caso é integrada, evitando a omissão.

O Direito Penal não admite analogia para norma penal incriminadora. A analogia somente pode ser usada em benefício do agente.

4º Principío da Lex CertaPor este princípio a lei deve ser clara, objetiva e

didática, portanto, ao ler a lei deve-se ter a possibilidade de compreendê-la de maneira clara. Se a lei não possuir tais características, ela fere o princípio da legalidade.

Princípio da taxatividade: a lei tem que ser taxativa.

Norma penal em brancoQuando um dispositivo exige complemento normativo,

temos uma norma penal em branco. Falta compressão, falta complemento. Para saber o que ela proíbe ou veda, deve-se ler a legislação complementar especial.

Uma lei entra em vigor até que outra a revogue, com exceção das leis s e excepcionais.

Lei TemporáriaA lei temporária traz em seu corpo seu período de

validez, por isso não carece de outra lei para revogá-la. Sofre a autorrevogação.

Lei excepcionalÉ aquela que entra em vigor para enfrentar situações

anormais, excepcionais. Sua vigência está condicionada a causa que lhe originou. Ela tem validez enquanto dura a causa atípica que a criou, como por exemplo leis originadas por conta de estiagem, fortes chuvas e desabamentos. A partir do momento em que essa situação desaparece, a lei é revogada.

Sucessão de leis penaisA lei penal é irretroativa mas excepcionalmente

retroagirá para beneficiar o réu.

Uma lei penal entra em vigor...Ela continua vigorando até que entra uma segunda lei. Se esta segunda lei é prejudicial ao agente, ela é chamada de novatio legis in pejus. Se é prejudicial ao agente, ela não retroage.

Se um fato ocorre durante a vigência da primeira lei, mesmo após seu revogação, aplica-se a primeira, pois beneficia o réu,

É a extratividade da lei, é um gênero que congrega duas espécies: ultra-atividade e retroatividade benéfica (aplicação da lei revogada ao fato que ocorreu durante sua vigência).

Ex.: Um crime é praticado em 01/01/2010. Na lei de 2008 um crime prescrevia em dois anos, agora prescreve em três.

Um juiz recebe uma queixa em junho de 2009. Hoje, em 22 de agosto de 2011, o juiz vê o código e percebe que ainda não

prescreveu, pois não passaram três anos da queixa. Entretanto, o crime ocorreu em 2009, antes da modificação da lei, na qual o crime prescrevia em 2 anos. Sendo assim, o juiz aplicará a lei anterior, para proteger o agente. A lei posterior era então prejudicial ao agente.

Pensemos em uma lei posterior que é benéfica. Ela entra em vigor para disciplinar fatos futuros. Se ela retroage e tipifica casos anteriores a ela temos um caso de Retroatividade Benéfica, para beneficiar o réu, é a segunda modalidade da extra-atividade.

Ex. 2: surge uma terceira lei, a segunda é benéfica e a

terceira é prejudicial ao agente. A lei benéfica tem extratividade em relação a lei anterior e tem ultra-atividade. Ela faz a retroatividade benéfica. Essa lei terá ultra-atividade em face da lei 1 e retroatividade benéfica em face da terceira lei. A lei 3 não retroage.

A capacidade que a lei possui de retroagir beneficamente e agir com ultra-atividade é a extra-atividade e suas duas modalidades. É a lex intermedia.

Sempre que um fato ocorre durante a vigência de uma lei benéfica é esta lei que será aplicada, independentemente da revogação desta e criação de uma segunda. Este é o princípio da retroatividade benéfica.

Caso o fato ocorra durante a vigência de uma lei, e a segunda lei criada seja pró-réu, ocorrerá a modalidade ultra-atividade.

Como regra a norma penal é irretroativa. Os casos de extra-atividade dividem-se em ultra-atividade e retroatividade benéfica.

Retroatividade BenéficaA lei posterior benéfica retroage. (Art 5º, XL da CF). A

lei penal é irretroativa mas excepcionalmente retroagirá para beneficiar o réu. Artigo 2º do CP, caput: abolitio criminis ou descriminalização do fato. Ninguém será punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.

Se o inquérito se inicia antes da revogação da lei, o inquérito é arquivado pelo juiz. O art 107, III também trata do assunto. Se a sentença penal condenatória já tiver sido promulgada e o processo estiver transitando em julgado. Na vara de execução criminal expede-se ou um contra-mandado de prisão ou um alvará de soltura.

Artigo 2º, parágrafo único: novatio legis in mellius. A lei posterior que favorecer o agente aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Se o do artigo 2º, parágrafo único trabalha com a idéia de que um fato continua a ser crime, mas a lei posterior de alguma maneira beneficia o agente, desde que beneficie o agente, um exemplo seria o das leis que diminuem a pena, que excluam um agravante.

Art 68: fixa pena base(art 59), atenua (65 e 66) ou agrava (61 ou 62), diminui (art 14 § único, art 16, art 21) ou aumenta. São as três fases da condenação de sentença. Sistema trifásico de aplicação de pena.

Art 59, III: o juiz determina como será cumprida a pena, em qual instituição. No inciso IV o juiz deve avaliar a possbilidade de substituição de pena.

Art 44: criou uma novatio legis in mellius, melhorando a condição das pessoas que cometeram crimes cuja pena é de privação de liberdade, para atenuação de restrição de liberdade. O art 54 é de antes de 1998 e pontua que a pena privativa de liberdade somente pode ser substituída por restrição de liberdade em crimes culposos e de condeenação de 1 ano ou menos. O art 44 fora modificado em 98, agindo com retroatividade benéfica ao réu nos crimes cometidos antes da data de sua modificação, pois aumenta os casos em que a pena de privação pode ser substituída pena restrição.

Bibliografia: Cezare Becaria – Dos Delitos e das Penas. Fez a humanização do direito penal. A pena tem que ser justa, compatível com o crime praticado. É pena é para ser cumprida.

Ultra-atividade da leiArt 3º do CP: as leis temporárias e excepcionais têm

ultra-atividade, ou seja, são aplicadas a casos que tenham ocorrido durante sua vigência. Mesmo após cessado o período de sua vigência ela continua a ser aplicada aos casos que ocorrerem durante sua vigência.

O mesmo ocorre com as leis excepcionais. Ex.: uma lei é criada para os municípios que estão em grave estiagem prolongada. A existência da lei está condicionada a existência da causa que a originou.

Situação hipotética: uma lei excepcional é criada em 2009 e modificada em 2010. A lei que modificou retroage ou não?

A exceção que vem a frente sempre afasta o que vem atrás. A lei posterior que mudou uma lei excepcional não produziria retroatividade. A doutrina tem duas posições:

-Majoritária: baseada na doutrina de Grispin. É mais justa e conflita com a lei. Se uma excepcional é modificada por outra excepcional, a retroatividade ou não depende da situação. Ela retroagirá dependendo da natureza da mudança. Se a posterior vem para corrigir defeitos, para torná-la mais justa, ela retroage. A lei não retroage se veio apenas para atualizar uma mudança de cenário.

- Minoritária: a ultra-atividade da lei excepcional ou temporária não é fornecida na CF, somente na lei ordinária. Pode

surgir um conflito entre a lei da CF e a lei ordinária, levando a uma análise vertical na qual a regra constitucional sempre ganha. Logo, essa doutrina vai contra a opinião da maioria.

Conduta ≠ Resultado

Momento do crime A conduta do autor de um crime nem sempre gera

resultado imediato. Em casos de conduta seguida de resultado, não se levantam discussões sobre o momento do crime.

Todavia, se a conduta origina resultado posterior, descute-se em qual momento fora cometido o crime.

Se um cidadão leva um tiro e morre uma semana depois, qual foi o momento do crime?

Há três teorias sobre o momento de um crime:a) Teoria da Atividade: o crime ocorre no momento da conduta, momento da ação ou omissão.b) Teoria do Resultado: o crime ocorre no momento do resultado, no momento da morte.c) Teoria Mista: une as duas teorias acima.

O legislador brasileiro adotou a teoria da atividade, conforme art 4º do CP.

Logo, a resposta da pergunta acima é que o crime se deu no momento do tiro.

Os menores de 18 anos são inimputáveis. Se um menor de idade faz a conduta, e o resultado se dá quando ele já é maior de idade, ele será julgado de acordo com o ECA, será considerado inimputável.

Lei Penal no EspaçoO local de conduta do crime é diferente do local do

resultado.Pela teoria da atividade o crime ocorreu no local da

conduta. Pela teoria do resultado o crime ocorreu no local do resultado, e Teoria da Ubiguidade junta ambas as condições.

De acordo com o caput do art 6º do CP, nós adotamos a teoria da Ubiguidade.

Esse dispositivo se relaciona com a jurisdição do Brasil sobre algum crime cuja conduta tenha se dado no país.

Ao adotar esta teoria, o legislador tentou se afastar do conflito negativo de jurisdição, no qual nenhum dos países envolvidos no crime agem. O Brasil passa então a causar o conflito positivo de jurisdição, na qual o cidadão que cometeu o crime é julgado e punido duas vezes.

Para abrandar então o rigor do art 6º, vem o artigo 8º, dizendo que se a pena for igualmente qualificada (qualificações no art 32) ela é computada, e se ela for diversa, é atenuada.

A atenuação não necessita de igualdade de qualificação exposta no art 32.

Princípios que norteiam a lei penal no espaçoa) Princípio da territorialidade: tomando por base este

princípio, o que importa é o território em que a conduta do crime se deu. Não importa a nacionalidade do agente ou da vítima. Aplica-se a lei do território onde o crime foi praticado.

b) Princípio da nacionalidade ativa ou personalidade: por este princípio leva-se em conta a lei de origem do infrator.

c) Princípio da Defesa / Real / Proteção: considera-se a nacionalidade do bem jurídico, aplicando a lei da nacionalidade do bem jurídico atingido oela ação criminosa.

d) Princípio da justiça universal ou universalidade: por este princípio tem-se que, independentemente de quem cometeu, onde ou qual a nacionalidade do bem jurídico que sofreu o crime, aplica-se a lei brasileira por tratados ou convenções. O Brasil se obriga a punir o crime.

e) Princípio da Representação: até não muito tempo atrás este princípio não estava presente no código, gerando uma lacuna. É o art 7º, II “c”. Os crimes praticados em embarcações ou aeronaves que estão em território estrangeiro mas são brasileiros, com vítima e autor estrangeiros, são julgados pela lei brasileira se em outro lugar não forem julgados.

Caput do artigo 5º: Princípio da territorialidade abrandado

Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido em território nacional.

Alguns conceitos a serem fixados:-Território jurídico: local no qual o país exerce

soberania.-Território fisico: superfície terrestre delimitada por

fronteiras, incluindo o mar territorial, esoaço aéreo, rios, lagos e o limite da camada atmosféricas.

-Território fecto: são considerados territórios por extensão aqueles descritos no § 1º do art 5º

§ 1º: Para os efeitos legais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo, onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem em espaço aéreo correspondente ou em alto mar.

§ 2º: É também aplicável a lei brasileira aos crimes praricados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de

propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente.

No Direito Penal, as embaixadas estrangeiras no Brasil são território brasileiro, bem como as embaixadas brasileiras nos outros países são território alheio.

O artigo 5º cita todos os lugares nos quais se um crime for cometido, a lei brasileira atuará, entretanto, o abrandamento vem com a parte do texto “sem prejuízo de convenções, tratados e regras do direito internacional”. É a imunidade diplomática.

O Brasil, como país acreditado, se compromete a não aplicar sua lei no país que lhe acredita.

Princípio da EXTRATERRITORIALIDADEO artigo 7º do CP prevê a aplicação da lei brasileira a

crimes cometidos no estrangeiro, nas condições referidas em seus parágrafos e incisos. São os casos de extraterritorialidade da lei penal.

Extraterritorialidade incondicionada: são os casos previstos no inciso I, no qual é obrigatória a aplicação da lei brasileira a crime ocorrido fora do território bras.

I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (aqui infere-se de crimes contra a vida os de homícidio e de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio e delitos contra a liberdade individual (arts 146 e 1 54).

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (são os crimes contra o patrimônio (arts 155 a 180) e contra a fé pública (art 289 a 311)

c) contra a administração Pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

Em todas essas hipóteses o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenada no estrangeiro. É o que dispõe o art 7º, § 1º. Isso não significa que serão executadas integralmente as penas aplicadas em dois países, pois a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil quando diversas, ou é nele computada quando idênticas (art 8º).

Extraterritorialidade condicionada

O inciso II prevê três hipóteses de aplicação da lei brasileira a autores de crimes cometidos no estrangeiro, desde que preenchidos com os requisitos previstos no próprio artigo. São casos de extraterritorialidade condicionada, pois dependem dessas condições:

II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (utilizou-se aqui o princípio da justiça ou competência universal para a repressão aos delitos que atingem vários países, como os atos de pirataria, tráfico de mulheres e de entorpecentes, prática de crime a bordo de aeronaves... todos objeto de convenções e tratados aos quais o Brasil aderiu.)

b) praticados por brasileiro; (tendo o país o dever de obrigar seu nacional a cumprir as leis. Usa-se o princípio da nacionalidade ou personalidade ativa.)

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (É o princípio da representação, aplica-se a lei brasileira quando, por qualquer razão, não foram julgados os crimes pelo Estado que deveria fazê-lo).

A aplicação da lei brasileira nestes casos fica suborndinada a todas as condições estabelecidas pelo § 2º do

art 7º. Depende das condições abaixo:

§ 2º - Nos casos do inciso lI, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:

a) entrar o agente no território nacional; (não importa por quanto tempo ou qual a finalidade. A saída do agente não prejudicará o andamento da ação penal instaurada)

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; ( há de se ter um cuidado em virtude da diversidade de códigos. Na hipótese de crime praticado em lugar onde país nenhhum possui jurisdição, é possível a aplicação da lei brasileira)

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (o autor do crime somente pode ser julgado no Brasil quando não tiver sido julgado no exterior ou se tiver sido, não tiver cumprido a pena imposta)

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Caso o agente tenha sido perdoado ou tenham ocorrido outras causas de extinção da punibilidade previstas no art 107 do CP, ou estando o agente no abrigo da lei estrangeira que lhe dê causas extintivas, não é possível a aplicação da lei nacional.

Os casos que originam a extinção da punibilidade estão descritos no artigo 107 do CP:

Extingue-se a punibilidade:I - pela morte do agente;II - pela anistia, graça ou indulto;III - pela retroatividade de lei que não mais considera o

fato como criminoso;IV - pela prescrição, decadência ou perempção;V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão

aceito, nos crimes de ação privada;VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei

a admite;Por prescrição, decadência ou perempção entende-se

a perda do direito de punir em virtude do lapso temporal. Ações penais privadas prescrevem em 6 meses após o conhecimento do autor. Ações penais públicas condicionadas também prescrevem em 6 meses caso a vítima não faça sua representação.

A perempção ocorre em ações penais privada nas quais o autor não dá continuidade ao processo. É chamado de desídio do querelante.

O artigo 7º,§ 3º prevê ainda uma última hipótese de aplicação da lei brasileira: a do crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. É ainda um dispositivo calcado na teoria da proteção, além dos casos de extraterritorialidade incondicionada.

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileira fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Por exceção prevista em lei, tratando-se de crime de tortura, praticado no estrangeiro contra brasileiro, ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira, aplica-se a lei brasileira independentemente de qualquer outra condição.

Pena cumprida no estrangeiroSendo possível a aplicação da lei brasileira a crimes

cometidos em outro país, ocorrerá também a incidência da lei estrangeira.

No artigo 8º dispõe-se como proceder para evitar a dupla punição:

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Assim, cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no estrangeiro, será ela descontada na execução pela lei brasileira quando idênticas (pena privativa de liberdade, p. ex.), responde efetivamente o sentenciado pelo saldo a cumprir se a pena imposta no Brasil for mais severa. Se a pena no estrangeiro for mais severa, não será executada.

No caso de penas diversas, aquela cumprida no estrangeiro atenuará a aplicada no Brasil.

Extradição Segundo o livro Manual de Direito Penal do Mirabete

Entende-se por extradição ato pelo qual uma nação entrega a outra um autor de crime para ser julgado ou punido. Em relação ao Estado que solicita, a extradição é ativa; em relação ao que concede é passiva. Assenta-se ela em tratados e convenções internacionais. Por ser regulado por relações internacionais, é pressuposto que seja requerido pelo Governo estrangeiro, e não por autoridade estrangeira. No Brasil, a lei que regula é a lei 6.815 de 1980.

A extradição poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tratado ou prometer ao Brasil a reciprocidade.

O princípio geral de que toda pessoa pode ser extraditada sofre exceções de ordem Constitucional.

É proibida a extradição de brasileiro nato, e brasileiro naturalizado só pode ser extraditado se praticou crime comum no estrangeiro antes de ser naturalizado ou se foi comprovado o envolvimento com tráfico de entorpecentes.

A legislação brasileira não impede extradição de estrangeiro por estar casado com brasileira ou que tenha filho brasileiro que seja dependente financeiro dele.

Não será concedida a extradição por crime político ou de opinião (art 5º, LII da CF). Quanto aos crimes políticos, eles devem ser considerados crimes políticos puros, para que não se confundam com crimes comuns.

Não são equiparados aos crimes políticos os delitos de guerra contra a paz, e de genocídio.

O fato de um estrangeiro já estar cumprindo pena no Brasil não impede sua extradição quando já decretada sua expulsão do Brasil.

Também é vedada a extradição se o fato que motiva o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; se o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime; se a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão igual ou inferior a um ano, se o extraditando já estiver sendo julgado, condenado ou absolvido pelo Brasil, se extinta a punibilidade pela prescrição.

Cabe ao STF o julgamento do pedido de extradição e o consentimento do extraditando não dispensa o controle do tribunal sobre sua legalidade, entretanto cabe sempre ao Executivo decidir ou não pela extradição, podendo negá-la apesar da decisão favorável do STF.

Contagem de PrazoO dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.

Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. – ARTIGO 10 do CP.

Trata-se no dispositivo de disciplinar a contagem do prazo penal que tem sua relevância especial nos casos de duração da pena, do livramento condicional, do sursis, da decadência, da prescrição, etc.

Ao contrário do que ocorre no direito processual civil, por exemplo, o dia do fato dá origem ao cômputo do prazo, ainda que se trate de fração do dia. Nos casos de serem aplicados dois dispositivos ao fato, um penal e outro civil, aplica-se a regra do Direito Penal, pois possui o tratamento mais favorável ao autor do crime.

Relativo ainda à segunda parte do texto, “Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”, não é contado o número real de dias, e sim de determinado dia à vespera do dia idêntico daquele mês no ano seguinte. Estará cumprida a pena de um mês de detenção, por exemplo, entre os dias 20 de fevereiro e 19 de março.

O PRAZO DO MÊS OU ANO PENAL TEM SEMPRE UM DIA A MENOS QUE O MÊS E O ANO CIVIL.

Os prazos são improrrogáveis.

Frações não computáveis na pena

Artigo 11: Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e na pena de multa, as frações de cruzeiros.

Decorrendo dos cálculos estabelecidos pelo julgador, redução ou aumento de pena que importe na fração do dia será desprezada, reduzindo-se aquela para o número inteiro. Não se aplica, p. ex., a pena de 20 dias e oito horas, mesmo que se diga nas penas restritivas de direitos (prestação de direitos a comunidade). Por analogia, tem-se entendido que deve ser desprezada a fração de dia multa.

Os centavos para penas de multa também devem ser desprezados. Também não se arredonda a moeda para mais.

Legislação EspecialAs regras gerais do CP, ou seja, aquelas previstas na

parte geral e em alguns artigos da parte especial, aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispõe de modo diverso – art 12 do CP. O legislador refere-se então aos códigos especiais, com o Código Penal Militar, lei de tóxicos, entre outros. Assim, se o crime parar na tentativa, conforme disposto no art 14, aplicar-se-á o mesmo, entretando, caso o crime seja consumado, aplicar-se-á a legislação especial.

Princípio da alternatividadeCondutas múltiplas e tipos penais diversos. Quando o

texto de lei trouxer diversos verbos, o crime será respondido por apenas uma das ações, com fundamento no princípio da alternatividade.

Princípio da Consulção-Pós fato impunível: pós fato será impunível quando for

mero exaurimento do crime anterior, quando ocorre logo após o crime. Por exaurimento do crime anterior entende-se que o autor do crime se aproveita dele. Quando o exaurimento não encaixa em tipo penal, ele não responde pelo exaurimento, apenas pela ação inicial.

Ex.: roubar uma televisão é o crime. Assistí-la ou tentar vendê-la como própria é o exaurimento, sendo um pós-fato impunível.

Teoria do Crime

Conceito formal, material e analítico. Comparação com crime formal, material e de mera conduta.

Conceito FormalAção ou omissão humana proibida por lei sob ameaça

da característica sanção penal. É o fato humano contrário a lei, toda ação legalmente punível.

Essas definições alcançam apenas o aspecto mais aparente do crime, que é a contradição do fato a uma norma de direito, não penetrando em sua matéria.

Conceito MaterialTemos de relembrar do conceito de tutela jurídica, o

qual o legislador se serve de tipos penais para proteger bens jurídicos do interesse de todos.

Sendo assim, crime no conceito material é a ofensa aos bens juridicamente tutelados, é um desvalor da vida social.

Crime é a ação ou omissão que, a juízo do legislador, contrasta violentamente com valores ou interesses do corpo social, de modo a exigir seja proibida sob ameaça de pena, ou que se considere afastável somente através de sanção penal.

Comparação entre crime formal e crime materialCrime material é aquele que o legislador descreve uma

conduta e exige um resultado para sua consumação. O tipo exige resultado.

Crime formal é aquele que o legislador descreve a conduta, descreve o resultado, mas não o exige para sua consumação. Basta que tenha a intenção de obter tal fim para sua consideração. Ex.: art 159 sequestro. Crime de consumação antecipada, o resultado é mencionado, porém basta que seja intencionado, não exige resultado.

Crime de mera conduta é aquele em que o legislador descreve só a conduta, não mencionando resultado algum. O crime se consuma apenas com a conduta.

Crime AnalíticoConcepção bipatida: a culpabilidade não se

integra ao conceito de crime.A teoria Naturalista, ou Teoria Clássica postulava que o

fato típico resultava de mera comparação entre a conduta objetivamente realizada e a descrição legal do crime, sem analisar os aspectos subjetivos do crime. Dizia que o dolo e a culpa sediavam-se na culpabilidade e não pertenciam ao tipo.

Para os defensores desta teoria, seria o crime uma conduta típica, antijurídica e culpável, uma vez que, sendo o dolo e a

culpa imprescindíveis para a sua existência, era necessário criar a teoria do crime em cima desta tripartição.

Na Teoria Finalista de Welzel descobriu-se que o dolo e a culpa integravam o fato típico e não a culpabilidade, assim, com esta teoria, a culpabilidade perdeu a única coisa que interessava ao crime, ficando apenas com os elementos valorativos. A culpabilidade tornou-se apenas a reprovação que o estado faz sobre o autor de uma infração, é apenas uma censura.

Escola Moderna Alemã (Bending e Berring): criaram a tipicidade e antijuricidade, caracterizando o crime como conduta típica, antijurídica e não culpavel necessariamente.

Para eles o dolo é normativo, ou seja, não basta só querer, exige-se a potencial consciência da ilicitude – PCI. O querer + PCI é o dolo normativo.

A culpabilidade não pode ser um elemento externo de valoração exercido sobre o autor do crime e, ao mesmo tempo, estar dentro dele. Não existe crime culpado, mas sim autor culpado.

Em nosso código penal há apenas menções à fato típico ou atípico (art 1º do CP) e ilicitude do ato (art 23), porém, quando o código exclui a culpabilidade, o termo empregado é diverso (art 26 caput).

Sendo assim, adotamos a teoria da bipartição: crime é todo fato ilícito e tipificado em lei, não existindo crime sem lei anterior que o defina.

Fato típicoFato material que se amolda aos elementos previstos

na lei penal. São quatro elementos:-Conduta dolosa ou culposa-Resultado (nos crimes materiais)-Nexo causal (também nos crimes materiais)-TipicidadeFato material é aquele que existe independentemente

de se enquadrar ao modelo descritivo legal. A tipicidade é irrelevante para a existência do fato material.

Conduta art 13Por conduta entendemos ação ou omissão humana,

consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. O pensamento, enquanto ainda na consciência, não tendo sido traduzido em ações, não caracteriza a conduta. Onde não houver vontade, não haverá conduta perante o ordenamento jurídico repressivo. Só são condenáveis as condutas que poderiam ser evitadas (princípio geral da evitabilidade). O direito criminal não se preocupa com os resultados decorrentes de casos fortuitos, nem conduta realizada sob coação ou ato reflexo, pois estes não poderiam ser evitados.

A vontade e a consciência, tanto quanto a omissão, são dotadas de voluntariedade objetiva de se atingir um fim.

Conduta dolosa é entendida como a vontade de realizar conduta e finalidade de produzir o resultado – Ex.: uma pessoa está com sede e observa sobre uma mesa um copo de água. Ele, com a finalidade de saciar sua sede, toma a ação de pegar o copo e levar até a boca.

Conduta culposa caracteriza-se pela conduta voluntária e resultado não desejado, provocado por negligência, imperícia ou imprudência – Ex.: a pessoa queria pegar o copo e realmente o fez, porém acabou derrubando a água sobre si.

Em ambas as condutas são inseparáveis a vontade, a finalidade, o dolo ou a culpa. No caso de conduta dolosa a vontade e a finalidade são de produzir um fato típico, enquando na conduta culposa a vontade e a finalidade não buscam um resultado típico, sendo que este ocorre devido a violação do dever de cuidado.

Existem muitas teorias que buscam explicar a conduta, nós utilizamos a teoria constitucional do direito penal, com a colocação do dolo e da culpa no fato típico, tal e qual propõe a doutrina finalista, mas com o controle material dos princípios constitucionais do Direito Penal. São elementos da conduta então: vontade, finalidade, exteriorização da mesma, consciência.

A ausência de voluntariedade acarreta na ausência de conduta. Reflexos não são condutas. A coação moral irresistível não exclui a conduta, porém a vontade é viciada, não sendo eliminada. Sendo assim, esse crime não será culpável. A conduta é voluntária ainda quando a decisão do agente não tenha sido tomada livremente, ou quando este a tome motivado por coação ou circunstâncias extraordinárias, uma vez que isso se resolve no campo da culpabilidade e não no da conduta. Conduta não significa conduta livre (exceção da coação física).

A conduta possui duas formas: ação e omissão. Ação é comportamento positivo (facere), omissão é movimento negativo (non facere). Enquanto as condutas comissivas (ação) desatendem a preceitos proibitivos, nos quais a norma mandava não fazer e o agente a desrespeitou, as condutas omissivas tendem a desatender mandamentos imperativos.

Da conduta omissivaA omissão aparece como uma forma independente de

conduta humana, suscetível de ser regida pela vontade dirigida para um fim.

conduta Tipo Crime

Comissiva - ação

Comissivo: aquele em que a

descrição do tipo é uma ação. Ex:

155

Comissivo

Omissão - O legislador escreve o “não

Omissivo

omissiva fazer”, como no art 135 – deixar

de prestar socorro.

Omissiva Comissivo Omissivo impróprio, impuro, promíscuo ou comissivo por omissão

O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável em crime material. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Se a omissão fosse causa de um resultado, seria imputável como comissivo. A omissão não é causa do resultado, não é naturalista.

No § 2º do art 13 temos as condutas omissivas do tipo penal comissivo – norma de ligação, tipo extensor – A omissão é normativa.

Somente nos três casos descritos no § 2º do art 13 teremos crime omissivo impuro, impróprio, promíscuo ou comissivo por omissão

a) o agente tinha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (parente)

b) de outra forma assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (enfermeira, babá, contrato)

c) com o comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado. (criador da situação de risco).

Antes de entrarmos no art 14, será necessário apenas descrever o § 1º do artigo 13, que dispõe sobre a Teoria da Causalidade Adequada:

Conduta inicial inapta a produzir resultado. Causa superveniente que interrompe a inicial e produz sozinha resultado.

A nova causa é relativamente independente. O resultado não será atribuído ao autor da primeira conduta.

A aplicação do §1º afasta a imputação ao resultado ao agente da ação inicial quando a 2ª causa por si só originar o resultado típico. Somente assim o §1º afasta o caput do art 13.

Se as duas condutas originaram o resultado, voltamos ao caput do artigo.

Ex.: compra da arma e sua posterior utilização para o art 121 do CP. A compra da arma é conduta inicial que nada tem a ver com a conduta final que ocasionou o crime.

Quando o resultado é um mero desdobramento da conduta inicial, continua-se a aplicar o caput do 13.

Artigo 14: Crime consumado: quando nele se reunem todos os elementos de sua definição legal, inclusive o dolo específico de assim estiver tipificado.

O dolo específico ou outro elemento subjetivo do tipo é uma exigência a mais, não afasta o dolo genérico. Para saber se o crime é consumado, tem que ter dolo genérico, e, se for o caso, dolo específico.

Artigo 14 “Iter Criminis” – caminho do crime, composto por:

-cogitação: pensar em delinquir. Parte intelectiva anterior a ação, não é punível.

-atos meramente preparatórios-atos executórios – ataque, agora tem-se o crime,

tentado ou consumido-Resultado – meta optataCrime tentado é crime, bem como o crime consumado.Se a interrupção da execução ocorre logo no início e o

agente ainda não havia feito o que era preciso e suficiente para a execução do crime tem-se a Tentativa Inacabada

Tentativa Acabada / Perfeita ou Crime FalhoFoi feito tudo o que era necessário para consumir o

crime e mesmo assim o crime não foi consumido, por circunstância alheias a vontade do autor.

Ex.: 2 homens atiraram e atropelaram uma mulher propositalmente. A mulher não morreu. Eles fizeram tudo o que estava ao alcance para matar a mulher, porém ela não faleceu por circunstâncias alheias.

A pena do crime tentado é a mesma do crime consumado diminuída de 1 a 2/3. A pena base é aplicada usando os mesmos limites. Conforme vimos, a pena é dada por três momentos: tipificação do crime, art 59. No artigo 68 tem-se a atenuação ou agravação da pena. Em um 3º momento a pena será aumentada ou diminuída, e é aí que entra a diminuição da pena de 1 a 2/3 em função do parágrafo único do artigo 14.

Quanto mais próximo do resultado, menor a diminuição. Quando se fala de homicídio simples a diminuição é máxima.

Crimes culposos não admitem tentativa. Crime material exige resultado, e crime doloso é crime material. Como a tentativa de crime não ocasiona resultado, o crime culposo não admite tal modalidade.

Crime omissivo puro, descrito no art 135, por exemplo. Ao tentar não prestar auxílio o crime já é consumado, não sendo possível também a tentativa.

Crimes habituais, como o descrito no art 282, não podem ser tentados.

Crime PlurisubsistenteA conduta pode ser fracionada em atos. Todo crime em

que a conduta do primeiro ato não gera resultado é crime plurisubsistente. O crime não ocorre obrigatoriamente, admitindo tentativa.

Cabe tentativa em crime formal.Só não é possível a tentativa nos crime

monosubsistentes, que não podem ser fracionados. Ex.; injúria. A realização do primeiro ato implica na consumação obrigatória do delito.

Artigo 16 – Arrependimento posteriorO crime é consumado, ao contrário do artigo 15, no

qual não ocorre consumação e não se responde nem pela tentativa.“Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça

à pessoa, reparando o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

No artigo 16, quando se impede a produção de resultados, só se responde pela restituição da coisa. Trabalha-se com crime consumado, e se responde por ele. Não há desclassificação. O juiz irá diminuir a pena de um a dois terços.

Requisitos:- Reparação do dano ou restituição da coisa nos crimes

sem violência ou grave ameaça. Não ocorre então no roubo. A violência deve ser á pessoa, não à coisa.

-Ato voluntário: basta que não seja compelido. Não pode ser voluntário.

-O arrependimento deve ocorrer antes do despacho do juiz, pode ocorrer após o promotor apresentar a denpuncia. O despacho do juiz é o “aceito a denúncia”.

Se o juiz já recebeu a denúncia não se enquadra no 16, enquadra-se no artigo 65, III, alínea b. Tem que ocorrer antes do julgamento

Artigo 17 – Não se pune tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto é impossível consumar-se o crime.

Ex.: Uma pessoa atira em outra achando que ia matá-la, sendo que a vítima já se encontra morte. Pelo artigo 17, estando o objetov impróprio, ele não será condenado por tentativa de homicídio, poderá ser condenado por outras coisas.

Ineficácia absoluta do meio: pensa-se estar com um revólver carregado, sendo que não se está. É um meio absolutamente ineficaz também ocasionando a não punição por tentativa.

Teoria Objetiva Pura: adotada pelo legislador. Analisa-se objetivamente a situação. A vontade é tida como elemento subjetivo, não possuindo relevância. O dolo não é considerado no

artigo 17, pois adotou-se a tal teoria objetiva pura. Só se leva em conta que não foi possível consumar o crime por meio absolutamente ineficaz e objeto impróprio.

OBS: a ineficácia do meio deve ser absoluta, não relativa. Ex.: arma carregada com munição que falhou. Essa ineficácia é acidental, relativa. Neste caso a tentativa será punida.

Concurso FormalConcurso formal próprio Art 70 e impróprio segunda

parte do 70Próprio é unidade de conduta e multiplicidade de

resultados. Não há desígnios autônomos em relação a cada crime. Pega a pena do crime mais grave e é aumentada de 1/6 a ½. Mistura de dolo com culpa

Impróprio: uma conduta e multiplicidade de resultados com intensão. Dolo puro. A pena é aplicada cumulativamente. Atingir com aquela única ação dois ou mais bens jurídicos.

Artigo 18: Diz-se de crime:Crime dolosoI- doloso, quando o agente quis o resultado ou

assumiu o risco de produzí-lo.Crime culposoII- culposo, quando o agente deu causa ao

resultado por imprudência, negligência ou imperícia.Parágrafo único: Salvo os casos expressos em

lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Crime DolosoConteúdo do dolo: vontade, representação e

assentimento. Pela teoria da vontade, quem pratica a ação consciente e voluntariamente age com dolo. É necessária a consciência da conduta e do resultado. Pela teoria da representação o dolo é a simples previsão do resultado, o que importa é a consciência de que a conduta provocará resultado. Argumenta-se que a simples previsão de resultado, sem a vontade efetivamente exercida na ação, nada representa. Pela teoria do assentimento, faz parte do dolo a previsão do resultado a que o agente adere, não sendo necessário que ele o queira. Sendo assim, existe dolo simplesmente quando o agente consente em causar o resultado – dolo eventual.

A conduta dolosa é um comportamento voluntário e o conteúdo da vontade é o seu fim. A vontade é o componente subjetivo da conduta. Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que se quer e pela decisão de querer realizá-la, ou seja, pela vontade. SÃO ELEMENTOS DO DOLO PORTANTO A CONSCIÊNCIA E A VONTADE.

Dolo no Código PenalReza o art 18, inciso I do CP: Diz-se do crime: doloso,

quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzí-lo. Essa parte abrange o dolo direto, no qual o agente realiza a conduta com o fim de obter o resultado, como no artigo 121. Na segunda parte do inciso, a lei trata do dolo eventual, no qual o agente não pratica conduta voltado para a obtenção do resultado, o que ele quer é algo diverso, mas, prevendo o que possa acontecer, ele assume assim mesmo o risco de causá-lo. A possibilidade não o detém e ele pratica a conduta.

Elementos subjetivos do doloEspécies de elementos subjetivos do tipo. A primeira

se relaciona com a finalidade última do agente, a meta que o a gente deseja obter com a prática da conduta inscrita no núcleo. É o fim especial da conduta. Na doutrina tradicional a vontade de praticar o ato é o dolo genérico e a finalidade especial é o dolo específico.

Espécies de doloDolo direto ou determinado: o agente quer

determinado resultado, como a morte da vítima, p. ex. no homicídio.Dolo indireto ou indeterminado: o conteúdo do dolo

não é preciso, definido. Neste caso poderá existir o dolo alternativo, em que o agente quer, entre dois ou mais resultados, matar ou ferir por exemplo, qualquer um dos dois ou o dolo eventual.

Dolo de dano: agente quer ou assume o risco de causar lesão efetiva.

Dolo de perigo: o autor da conduta quer apenas o perigo.

DOLO GENÉRICO É A VONTADE DE REALIZAR FATO DESCRITO NA LEI, EM SEU NÚCLEO.

DOLO ESPECÍFICO É A VONTADE DE REALIZAR O FATO COM UM FIM ESPECIAL.

DOLO GERAL – CASOS EM QUE O AGENTE, SUPONDO TER CONSEGUIDO O RESULTADO PRETENDIDO, PRATICA NOVA AÇÃO QUE, AÍ SIM, VEM A CONSEGUIR O RESULTADO PRETENDIDO.

Crime culposoCrime culposo se dá quando o agente deu causa ao

resultado por imprudência, negligência ou imperícia. É uma conduta voluntária que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível e excepcionalmente, que podia, com a devida atenção, ser evitado.

São elementos do crime culposo:-conduta-inobservância do dever de cuidado objeto-resultado lesivo involuntário-previsibilidade-tipicidade

A conduta do crime culposo ocupa-se com as consequências anti-sociais que ela vai produzir. O que importa não é o fim do agente (que normalmente é lícito), mas o modo e a forma imprópria com que atua. Os tipos culposos proíbem condutas em decorrência da forma de atuar do agente para um fim proposto e não um fim em si.

A previsibilidade da conduta culposa diz respeito não a uma vontade dirigida à realização do tipo, mas apenas um conhecimento potencial de sua concretização, ou melhor, uma possibilidade de conhecimento de que o resultado lesivo pode ocorrer. Exige-se que, o agente, na circunstância em que se encontrava, pudesse prever o resultado conforme conhecimento dele.

Modalidades de culpa-Imprudência: é uma atitude em que o agente atua

com precipitação, inconsideração, com afoiteza, sem cautelas, não usando de seus poderes inibidores.

-Negligência: inércia psíquica, a indiferença do agente que, podendo tomar as cautelas exigíveis, não o fa por displicência ou preguiça mental.

-Imperícia é a incapacidade, a falta de conhecimentos técnicos no exercício de arte ou profissão, não tomando o agente em consideração o que cabe ou o que sabe. A imperícia pressupõe sempre a qualidade de habilitação legal para a arte ou profissão.

Espécies de culpaCulpa consciente e culpa inconsciente. Culpa

inconsciente existe quando o agente não prevê o resultado que é previsível. Não há no agente conhecimento efetivo do perigo que sua conduta provoca. A culpa consciente ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramemente, que não ocorrerá. Há no agente a representação da possibilidade do resultado, mas ele a afasta por entender que o evitará, que sua habilidade impedirá o evento lesivo que está dentro de sua previsão.

A culpa consciente avizinha-se do dolo eventual, mas não se confunde com ela. Na culpa consciente o agente até prevê o resultado, mas não o aceita como possível; e no dolo eventual o agente prevê o resultado e não se importa que ele venha a ocorrer.

Artigo 19 – Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que houver causado ao menos culposamente – preterdolo.

Erro de TipoPode ser acidental ou essencial.Erro essencial pode ser evitável ou acidental. Este

erro incide quanto à existência ou não de elemento constitutivo do tipo. É inevitável quando mesmo com os cuidados necessários não se pode evitar.

O agente não responde nem por dolo e nem por culpa em casos de erro essencial inevitável.

Erro evitável será punido com a modalidade culposa quando previsto em lei. Responde culposamente pelo evento, pois não se agiu com a cautela necessária.

Erro acidental não exclui o dolo, em regra, não beneficia o agente. Pode ser quanto ao objeto, qualidade, espécie, quantidade. Se a pessoa furta erroneamente algo de valor menor do que o imaginado, ele não deixará de pagar pelo furto doloso, não exclui o dolo, mas não beneficia o autor.

Erro quanto a pessoa é o erro de representação. Leva-se em consideração quem deveria matar ou violentar e não quem de fato foi morto ou agredido. É crime doloso (art 20 § 3º).

Erro na execução ou aberratio ictus não possui erro na representação ou de identidade. É erro na mira, desvio no golpe. Art 73 do CP. Responde como se tivesse atingido a vítima visada.

Se acerta o alvo mais 1 utiliza-se o art 70. Tem-se concurso formal e 2ª parte art 73.

Aberratio delicti art 74Queria quebrar uma vidraça porém erra e acerta em

uma pessoa. Responde pelas lesões corporais culposas.Parte final artigo 74: aplica o art 70 – concurso

formal

Artigo 20 – Erro sobre elementos do tipoO erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de

crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. – tipo incriminador.

Descriminantes putativas§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente

justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se não

existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como culposo.

Neste caso o agente supõe que esteja amparado por descriminantes de ilicitude, por exemplo, supõe-se estar amparado pela legítima defesa. Se a situação fosse verdadeira, ele teria amparo do artigo 23, ele não responderia. Se o erro é justificável e se a situação fosse verdadeira, haveria a isenção de pena. Seria o estado de perigo putativo (não tem o requisito). SE O ERRO DERIVA DE CULPA NÃO TEM ISENÇÃO.

Exercício regular de direito putativo: médico que faz transplante, sendo que era para fazer cirurgia reparadora.

Erro derivado de culpa: mata-se o vizinho achando que era ladrão. Ele agiu pensando em legítima defesa. Responderá por culpa imprópria. Pois ele agiu com dolo, ele tinha a intenção de matar.

O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, não é dolo, não possui o PCI.

Observa-se que no §1º o legislador mescla erro de tipo com erro de proibição (artigo 21), formando uma terceira modalidade de erro. Erra-se mesmo quanto à situação, pois é sabido que a conduta se enquadra no artigo 25, porém ele erra quanto à situação – elemento constitutivo do tipo permissivo.

Erro determinado por terceiro§2º Responde pelo crime o terceiro que determina o

erro.Antes de darmos a explicação deste dispositivo, é

necessário fixar dois conceitos:Autor: teoria extensiva: não tem diferença entre

autores. Todo aquele que contribui para o crime é autor. Teoria restritiva: autor é quem realiza a conduta

descrita no tipo.Partícipe: contribui para o crime, mas não realiza

conduta descrita no tipo.Ex.: o médico entrega à enfermeira o frasco de

vaselina pensando estar entregando soro. Quem realizou a conduta descrita no tipo foi a enfermeira.

Autoria MediataTeoria do domínio do fato: certas situações não dão

lugar às participações. São situações às quais o autor não pratica conduta tipificada, e também não é partícipe. Welzel complementa a teoria Restritiva dizendo que o autor mediato é aquele que possui controle finalístico sobre o resultado.

Aquele que leva outrem a erro de tipo essencial é o autor mediato. No exemplo dado acima, do médico que entrega o frasco errado, tem-se a autoria mediata. Não há concurso de pessoas entre médico e enfermeira.

Exemplo 2: um desafeto do médico chega ao hospital. O médico entrega vaselina à enfermeira, porém não muda o rótulo. O erro é essencial, exclui o dolo, mas gera culpa. Artigo 20 §2º. O médico agiu com dolo.

Neste caso não há o concurso formal, pois temos o Liame Subjetivo: contribuir com consciência. Só há concurso formal com homogeinedade dos elementos subjetivo (dolo)/normativo (culpa – exige valoração). O concurso de pessoas exige dolo+dolo, culpa+culpa. O médico neste caso responderá como autor mediato. Artigo 20 §2º.

Erro sobre a pessoa§ 3º O erro quanto à pessoa contra qual o crime é

praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Excludente de AntijuridicidadeArtigo 22: se o fato é cometido sob coação

irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

Artigo 23: Não há crime quando o agente pratica o fato:

I- em estado de necessidadeII- em legítima defesaIII- em estrito cumprimento do dever legal ou no

exercício regular de direito

Excesso punívelParágrafo único: o agente, em qualquer das

hipóteses desse artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

Para que haja crime, deve haver a conduta. Essa conduta deve ser típica e antijurídica.

Antijuridicidade é a conduta contrária ao ordenamento jurídico.

Legítima defesa exclui a antijuridicidade. O Estado lhe autoriza a agir, mas a conduta ainda é típica.

Podemos ter conduta antijurídica não típica? Sim, o suicídio.

Estado de necessidade é um perigo atual. De acordo com o texto disposto no abrtigo 24, considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

§ 1º: não pode alegar estado de necessida quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

§ 2º: embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser diminuída de um a dois terços.

Legítima defesa ocorre contra uma agressão injusta. Pelo artigo 25 entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repela injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem

Culpabilidade e ExclusãoCulpabilidade: senso de reprovação social que recai

sobre o autor do fato típico e antijurídico. Censura, reprovação – capacidade que se tem de entender a antijurididade de certas condutas, consciência da ilicitude.

Tem a imputabilidade na culpabilidade. Inimputabilidade exclui a culpabilidade.

Inimputabilidade presente nos artigos 26, 27, 28, § 1º.

Inimputabilidade: absoluta incapacidade de entender a juridicidade do ato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Artigo 26: doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado – ao tempo da ação.

Inimputabilidade é relevada se no momento da conduta tiver, por exemplo, doença mental.

A consequência da inimputabilidade é a absolvição, porém imposição de medida de segurança. O artigo 97 determina: se for reclusão, a internação é obrigatória, porém se for detenção pode haver tratamento ambulatorial.

Semi-imputabilidade: parágrafo único do art 26. Não há doença mental, apenas perturbação da saúde mental. A pessoa pode estar perturbada, porém se, ter adquirido uma doença.

O agente tem capacidade parcial de compreensão, ao contrário da inimputabilidade, na qual o não entendimento é absoluto.

O réu não terá absolvição imprópria, haverá absolvição da pena de 1 a 2 terços – redução de culpabilidade.

O artigo 98 deixa claro que a pena pode ser substituída por medida de segurança para tratamento curativo, se necessário.

Em relação à imposição de pena medida de segurançaDuplo-Binário: pena e medida de segurança

cumulativamente. MS com função preventida. Este sistema caiu.

Vicariante: pena somente para o imputável, MS para o inimputável. Para o semi-putável poderá ser aplicada a pena ou a medida de segurança, alternativamente, não cumulativamente.

Artigo 27Menores de 18 anos são penalmente imputáveis e

aplica-se a eles a legislação especial. É esta uma presunção absoluta, não cabe prova em contrário. Ele é inimputável independentemente de sua maturidade, inteligência etc. Emancipação civil não interfere na imputabilidade penal.

Artigo 28Não exclui a immputabilidade;I – emoção e paixão. Emoção é estado, sentimento.

Tem alta intensidade e curta duração. Paixão possui longa duração e baixa intensidade.

A emoção, no § 1º do artigo 121, é usada como privilégio, pode reduzir a pema. Sob domínio de forte emoção, durante ou logo após a provocação – temporalidade.

Artigo 65, III, c: atenuam a pena – violenta emoção provocada por ato injusto da vítima. Não se exige a temporalidade.

Quando se diz de crimes passionais, não se refere à paixão, mas sim à emoção.

II – Embriguez.1) Culposa: fica-se embriagado por descuido, por

imprudência. O agente não percebe o momento de parar.2) Embriaguez voluntária: busca-se esse efeito. Apesar

da não lucidez, não se exclui a culpabilidade.Actio libera in causa: ato livre em sua causa. Teoria

adotada pelo CP. No momento da conduta ele não tem condições de ser imputável, porém a análise de sua capacidade é feita no momento anterior à embriaguez. A análise retrocede. A embriguez culposa e voluntária não são inimputáveis, apesar de no momento de conduta o agente não ter entendimento.

Portugal: Responsabilidade penal objetiva – evento não previsível sob o qual não se responde com dolo e nem com culpa. Pune a conduta que não foi dolosa e nem culposa.

Ao adotar a teoria actio libera in causa, pode-se adotar a responsabilidade penal objetiva – no momento em que a situação podia ser analisada, antes da embriaguez, a situação que levou à conduta não podia ser prevista, sendo então utilizada a resp. penal objetiva. No Brasil, tal adoção é inaceitável, para ter dolo é preciso prever a situação.

3) Embriaguez pré-ordenada: é aquela em que o agente se embriaga para delinquir. Para criar coragem. É voluntária com a finalidade de praticar crimes. Agrava a pena de acordo com o artigo 61, II, L.

4) Embriaguez patológica: reconhecida como doença mental. Embriaguez doentia. Ao ser classificado como doença mental, aplica-se o artigo 25, gerando inimputabilidade. Se esta doença não

impedir totalmente o entendimento, aplica-se o parágrafo único ao agente – semi-imputabilidade.

5) Embriaguez acidentala) Fortuita: embriaguez inesperada, imprevisível. Ou

não se sabe o que está ingerindo, ou há hipersensibilidade. Se levar o agente à absoluta incapacidade de entendimento, tem-se inimputabilidade de acordo com o parágrafo único do artigo 28. Não tem sulpa, não tem censura, leva a absolvição, pois não se agiu com dolo.

b) Por força maior: não é inesperada, nem previsível, porém é inevitável. É uma situação que depende da sua capacidade de entender. Leva a inimputabilidade, causa de exclusão da culpabilidade, não havendo censura. Artigo 28, §1º - embriaguez completa.

No § 2º, tem-se as mesmas modalidades de embriaguez, no entando, não levaram à total incapacidade de entender ou determinar-se. Se há capacidadfe residual, não exclui a culpabilidade, porém reduz a censura. A pena será reduzida de 1 a 2 terços.

Culpabilidade: Potencial Consciência da IlicitudeCulpabilidade exige a possibilidade de adquirir essa

consciência, não a exige em si.“O agente não tinha consciência da ilicitude, pode-se

afirmar culpabilidade?” Não. Um exemplo é a moça iraniana que não falava português e só conhecia uma pessoa que falava a língua dela. Ela cometeu o aborto pensando ser a lei a mesma que vigorava em seu país.

O que afeta o PCI é o erro de proibição, artigo 21.Artigo 20 –erro de tipo exclui o dolo.Artigo 21 – erro de proibição não exclui o dolo. O

agente tem PCI, porém acredita que isso não é crime. O desconhecimeto da lei é inescusável.

Artigo 65 – atenuam a pena, inciso II.Erro sobre a ilicitude pode ocorrer quando se

interpreta erroneamente a lei ou não se conhece, se ignora. O autor pensa que ele está fazendo algo lícito. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência – parágrafo único.

Culpabilidade: composta por imputabilidade, PCI e exigibilidade.

Artigo 22: condutas adversas- Coação física irresistível: exclui a conduta voluntária,

a pessoa não tem controle sobre o movimento. Ausência de voluntariedade – ausência de conduta.

Na coação moral ocorre ausência de culpabilidade por não se exigir uma conduta adversa, outro comportamento. Só responde pelo crime o coator.

Se a coação moral for resistível, responde-se pelo crime, porém com atenuante de acordo com o artigo 65, II.

O coator sempre responde com pena agravada, nos termos do art 65, II.

-Obediência à ordem de nível superior: ordem se senhor hierarquicamente superior ao subordinado. Verticalização da relação de hierarquia. A ordem a ser seguida deveria emanar de um magistrado, sendo manifestamente ilegal. Exclui a culpabilidade a lei que tem a aparência de ser legal. Aquele que dá ordem deve possuir a faculdade de ordem, como um delago, por exemplo.

O executor deve ter a atribuição de obedecer a ordem.Responde quem deu a ordem e quem cumpriu. Tem

que ser revestida pelas formalidades.“Diferencie obediência à norma de nível superior

hierárquico e estrito cumprimento do dever legal putativo”. Os dois cumprem ordem judicial e não possuem culpa. No 1º caso a ordem já é viciada. No estrito cumprimento do dever legal putativo a ordem é lícita, é legal.

Ordem ilícita, viciada ≠ erro no cumprimento.