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REVISÃO ENEM Olá queridas e queridos. Estamos nos preparando para o ENEM e para que possamos fazer desse tempo um momento eficaz e prazeroso, vamos estudar a literatura não pensando nos períodos literários, mas em temas de importância indiscutível. E pra começarmos bem, mas muito bem, falaremos hoje daquele assunto que talvez seja o mais recorrente na nossa disciplina: o amor. Sim, o amor. É ele quem move as nossas vidas. Impulsiona-nos, nos leva a continuar vivendo... Orienta e desorienta as nossas atitudes. Vamos, ao longo dessas primeiras semanas, pensar como a temática amorosa foi trabalhada ao longo do tempo por nossos grandes autores. Nosso curso será completamente prático. E no meio dos exercícios, nos enunciados, refletiremos sobre os principais pontos da Teoria Literária e da História da Literatura. Q 01. A exploração da temática amorosa é tão importante dentro da Literatura em língua portuguesa, que é justamente esse o assunto do primeiro texto que se tem registro, ainda escrito num idioma primitivo chamado de galego-português. Trata-se do poema Cantiga da Ribeirinha (por ser dedicada a Dona Maria Pais Ribeiro, amante de Dom Sancho I, apelidada de Ribeirinha) ou Cantiga da Guarvaia, (=manto escarlate, vestimenta dos nobres) escrito no final do século XII por Paio Soares de Taveirós. Abaixo, você tem o texto original (T1) e uma paráfrase (T2) do mesmo: T1: CANTIGA DA RIBEIRINHA No mundo non me sei parelha, Mentre me for como me vai, Cá já moiro por vós, e - ai! Mia senhor branca e vermelha. Queredes que vos retraia Quando vos eu vi em saia! Mau dia me levantei, Que vos enton non vi fea! E, mia senhor, desd'aquel'di, ai! Me foi a mi mui mal, E vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha D'haver eu por vós guarvaia, T2: PARÁFRASE No mundo não conheço ninguém que se compare a mim em infelicidade, enquanto minha vida continua como vai indo, porque já morro de amor por vós - e ai! Minha senhora vestida de branco e de faces rosadas, quereis que eu vos descreva quando eu vos vi sem manto! Em infeliz dia me Pois eu, mia senhor, d'alfaia Nunca de vós houve nem hei Valia d'ua correa. levantei, pois vos vi bela, e não feia! E, minha senhora, desde aquele dia, ai! Tudo ocorreu muito mal para mim, e vós, filha de Dom Paio Moniz, aparece-vos suficiente e satisfatório, que eu deva receber, por vosso intermédio, uma guarvaia (por pintar vosso retrato); pois eu, minha senhora, na verdade como prova de amor nunca de vós recebi nem receberei nem o simples valor de uma correia. Agora que você leu o texto e a paráfrase, assinale a alternativa INCORRETA: a) T1 foi escrito numa época em que não existia ainda a separação entra música e literatura. Por isso o substantivo “cantiga” no título do poema. b) T1 pertence a um período da história da literatura brasileira chamado de Trovadorismo. Dentro desse contexto, caracteriza-se como uma cantiga de amor, e uma das justificativas para tal classificação é o eu-lírico masculino. c) T2 pode ser chamado de paráfrase da cantiga, pois apresenta as mesmas ideias contidas no texto origiNal, porém, expressas através de outras palavras. d) Ao parafrasear um texto em verso, podemos reconstruí-lo tanto no seu formato original como também em prosa. e) Além das cantigas de amor, são também típicas desse período as cantigas de amigo, escárnio e maldizer. Q 02. Desde o início da nossa literatura existe o fenômeno da não-autoria: textos que são atribuídos a determinados autores, mas que não pertencem a eles. Inicialmente, isso ocorria em virtude da falta de um registro mais completo das obras. Muitos poemas atribuídos a Gregório de Matos Guerra, por exemplo, não são de sua autoria. Outros, realmente escritos pelo poeta, perderam-se com o tempo. Abaixo, você encontra um poema atribuído à escritora Clarice Lispector (T3), que circula pelas páginas da internet, mas que não foi escrito por ela e, sim, por um 1

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REVISÃO ENEMOlá queridas e queridos. Estamos nos preparando

para o ENEM e para que possamos fazer desse tempo um momento eficaz e prazeroso, vamos estudar a literatura não pensando nos períodos literários, mas em temas de importância indiscutível. E pra começarmos bem, mas muito bem, falaremos hoje daquele assunto que talvez seja o mais recorrente na nossa disciplina: o amor.

Sim, o amor. É ele quem move as nossas vidas. Impulsiona-nos, nos leva a continuar vivendo... Orienta e desorienta as nossas atitudes. Vamos, ao longo dessas primeiras semanas, pensar como a temática amorosa foi trabalhada ao longo do tempo por nossos grandes autores.

Nosso curso será completamente prático. E no meio dos exercícios, nos enunciados, refletiremos sobre os principais pontos da Teoria Literária e da História da Literatura.

Q 01. A exploração da temática amorosa é tão importante dentro da Literatura em língua portuguesa, que é justamente esse o assunto do primeiro texto que se tem registro, ainda escrito num idioma primitivo chamado de galego-português. Trata-se do poema Cantiga da Ribeirinha (por ser dedicada a Dona Maria Pais Ribeiro, amante de Dom Sancho I, apelidada de Ribeirinha) ou Cantiga da Guarvaia, (=manto escarlate, vestimenta dos nobres) escrito no final do século XII por Paio Soares de Taveirós. Abaixo, você tem o texto original (T1) e uma paráfrase (T2) do mesmo:

T1: CANTIGA DA RIBEIRINHA

No mundo non me sei parelha,Mentre me for como me vai,Cá já moiro por vós, e - ai!Mia senhor branca e vermelha.Queredes que vos retraiaQuando vos eu vi em saia!Mau dia me levantei,Que vos enton non vi fea!E, mia senhor, desd'aquel'di, ai!Me foi a mi mui mal,E vós, filha de don PaaiMoniz, e bem vos semelhaD'haver eu por vós guarvaia,Pois eu, mia senhor, d'alfaiaNunca de vós houve nem heiValia d'ua correa.

T2: PARÁFRASE

No mundo não conheço ninguém que se compare a mim em infelicidade, enquanto minha vida continua como vai indo, porque já morro de amor por vós - e ai! Minha senhora vestida de branco e de faces rosadas, quereis que eu vos descreva quando eu vos vi sem manto! Em infeliz dia me levantei, pois vos vi bela, e não feia! E, minha senhora, desde aquele dia, ai! Tudo ocorreu muito mal para mim, e vós, filha de Dom Paio Moniz, aparece-vos suficiente e satisfatório, que eu deva receber, por vosso intermédio, uma guarvaia (por pintar vosso retrato); pois eu, minha senhora, na verdade como prova de amor nunca de vós recebi nem receberei nem o simples valor de uma correia.

Agora que você leu o texto e a paráfrase, assinale a alternativa INCORRETA:a) T1 foi escrito numa época em que não existia ainda a separação entra música e literatura. Por isso o substantivo “cantiga” no título do poema.b) T1 pertence a um período da história da literatura brasileira chamado de Trovadorismo. Dentro desse contexto, caracteriza-se como uma cantiga de amor, e uma

das justificativas para tal classificação é o eu-lírico masculino.c) T2 pode ser chamado de paráfrase da cantiga, pois apresenta as mesmas ideias contidas no texto origiNal, porém, expressas através de outras palavras.d) Ao parafrasear um texto em verso, podemos reconstruí-lo tanto no seu formato original como também em prosa.e) Além das cantigas de amor, são também típicas desse período as cantigas de amigo, escárnio e maldizer.Q 02. Desde o início da nossa literatura existe o fenômeno da não-autoria: textos que são atribuídos a determinados autores, mas que não pertencem a eles. Inicialmente, isso ocorria em virtude da falta de um registro mais completo das obras. Muitos poemas atribuídos a Gregório de Matos Guerra, por exemplo, não são de sua autoria. Outros, realmente escritos pelo poeta, perderam-se com o tempo. Abaixo, você encontra um poema atribuído à escritora Clarice Lispector (T3), que circula pelas páginas da internet, mas que não foi escrito por ela e, sim, por um autor desconhecido. Em seguida, um trecho de uma crônica atribuída a Carlos Drummond de Andrade que na verdade foi escrita por Artur da Távola. Leia-os com atenção:T3: NÃO TE AMO MAISNão te amo maisEstarei mentindo dizendo queAinda te quero como sempre quisTenho certeza queNada foi em vãoSinto dentro de mim queVocê não significa nadaNão poderia dizer mais queAlimento um grande amorSinto cada vez mais queJá te esqueci!E jamais usarei a fraseEu te amo!Sinto, mas tenho que dizer a verdadeÉ tarde demais...

Fonte: http://www.revista.agulha.nom.br/cli.html#poemeto (Acessado em 07 de agosto de 2009)

T4: TER OU NÃO TER NAMORADO, EIS A QUESTÃOQuem não tem namorado é alguém que tirou férias

remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro.

Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.

Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.

Fonte: http://www.revista.agulha.nom.br/autoria.html#namorado (Acessado em 07 de agosto de 2009)

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Agora que você se deliciou com os textos, assinale abaixo a alternativa que se encontra INCORRETA.

a) T3 é um texto interessante, pois quando o lemos de baixo pra cima, seu sentido muda, apresentando ideias completamente antagônicas às da leitura normal do poema.b) No trecho “Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo” temos o exemplo de uma figura de linguagem chamada metáfora, que pode ser definida como uma “comparação abreviada”.c) Ao longo do T4, a palavra “namorado” é significa alguém com o qual a mulher (ou o homem, sem preconceitos) se relaciona num período anterior ao noivado ou casamento.d) Os pseudo-autores de T3 e T4 pertencem à mesma escola literária, o Modernismo, que para fins didáticos é dividido em três fases. Drummond e Clarice pertencem, respectivamente, à segunda e à terceira geração moderna.e) Antecedendo as fases modernistas mencionadas e d), temos a primeira geração moderna que teve seu início com a Semana de Arte Moderna de 1922 e que propunha uma verdadeira revisão nos valores apregoados pelo Romantismo do século XIX.

Q 03. Leia, a seguir, o trecho de um poema (T5) de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) e também o trecho de uma carta (T6) que o próprio Pessoa escreveu à sua famosa namorada, dona Ophélia Queiroz.

T5: TODAS AS CARTAS DE AMOR SÃO RIDÍCULASTodas as cartas de amor sãoRidículas.Não seriam cartas de amor se não fossemRidículas.Também escrevi em meu tempo cartas de amor,Como as outras,Ridículas.As cartas de amor, se há amor,Têm de serRidículas.Mas, afinal,Só as criaturas que nunca escreveramCartas de amorÉ que sãoRidículas.

T6: CARTA DE FERNANDO PESSOA A OPHÉLIA QUEIROZ19.2.1920às 4 da madrugada

Meu amorzinho, meu Bebé querido:São cerca de 4 horas da madrugada e acabo, apesar de

ter todo o corpo dorido e a pedir repouso, de desistir definitivamente de dormir.

Há três noites que isto me acontece, mas a noite de hoje, então, foi das mais horríveis que tenho passado em minha vida. Felizmente para ti, amorzinho, não podes imaginar. (...)

Diz-me uma coisa, amorzinho: Porque é que te mostras tão abatida e tão profundamente triste na tua segunda carta - a que mandaste ontem (...)? Compreendo que estivesses também com saudades; mas tu mostras-te de um nervosismo, de uma tristeza, de um abatimento tais, que me doeu imenso ler a tua cartinha e ver o que sofrias. O que te aconteceu, amor, além de estarmos separados? Houve qualquer coisa pior que te acontecesse? Porque falas num tom tão desesperado do meu amor, como que duvidando dele, quando não tens para isso razão nenhuma?

PESSOA, Fernando. Cartas de amor. Rio de Janeiro: Ediouro, 1986.

Assinale a alternativa CORRETA, a respeito da leitura dos dois textos.

a) Em T5 o eu-lírico trata com desdém a postura romântica (quer seja ela relacionada ao romantismo de uma maneira geral, que seja relacionada com o Romantismo, escola literária do século XIX) ao classificar como ridícula a escrita de cartas de amor.b) Existe certa incoerência entre aquilo que afirma Álvaro de Campos com a atitude de Fernando Pessoa, já que os dois são, na verdade, o mesmo ser humano.c) O heterônimo Álvaro de Campos se caracteriza por apresentar certa predileção pelos clássicos greco-latinos a ponto de imitá-los, não somente no que diz respeito a aspectos conteudísticos, mas ainda a características formais.d) O processo da heteronímia é algo marcante dentro da poesia de Fernando Pessoa. Consiste não somente em se assinar o poema com um falso nome, mas dar personalidade a autores fictícios, com características e bi grafia próprias.e) Juntamente com Álvaro de Campos, aparecem dentro da poesia heteronímica de Fernando Pessoa nomes como Alberto Caeiro e Ricardo Reis, além da produção que o poeta assina com o próprio nome.

Q 04. Leia o texto abaixo (T7) e assinale a alternativa INCORRETA.

T7: TERESA (Manuel Bandeira)Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de vocêE te jurar uma paixão do tamanho de um bondeSe ele chorarSe ele ajoelharSe ele se rasgar todoNão acredita não TeresaÉ lágrima de cinemaÉ tapeaçãoÉ mentiraCAI FORA.

T8: TERESA (Manuel Bandeira)A primeira vez que vi TeresaAchei que ela tinha pernas estúpidasAchei também que a cara parecia uma pernaQuando vi Teresa de novoAchei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)Da terceira vez não vi mais nadaOs céus se misturaram com a terraE o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

Fonte: http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira01.html Acessado em 10/08/09.

T9: GÊNESIS 1, 1-2No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era

sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.

Fonte: http://www.bibliaonline.com.br/acf/gn/1, Acessado em 10 de agosto de 2009.

a) O T7 apresenta uma linguagem próxima da comunicação oral, ao lançar mão de termos como “bancar o sentimental”, “tamanho de um bonde”, “lágrima de cinema”, “tapeação”, “cai fora”, entre outros.

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b) Manuel Bandeira tem sua poesia marcada pela exploração da temática cotidiana e T7 pode ser utilizado como exemplo disso, uma vez que nele, o eu-lírico se dirige a uma mulher tecendo conjecturas sobre a temática amorosa e como Teresa deveria proceder em seus relacionamentos.c) Em T8, a imagem de Teresa foge do ideal romântico de idealização, que retratava a mulher quase sempre como uma deusa, um ser perfeitíssimo. O texto moderno corrobora desta forma com o realista, trazendo para a figura feminina características comuns à grande maioria das mulheres.d) Na última estrofe de T8, Bandeira tece uma intertextualidade com a primeira página da Bíblia e o que o eu-lírico afirma nesses versos pode ser interpretado como uma volta ao espaço caótico, anterior à criação do mundo, que foi causada nele pela paixão que sentiu por Teresa da terceira vez em que ele a viu.e) Grande parte dos estudiosos da literatura encontram na obra de Manuel Bandeira informações de caráter auto-biográfico, ou seja, momentos em que ele retratou a sua própria vida nos poemas. Tanto T7 como T8 exemplificam o fato, pois Teresa é, na verdade, irmã de Manuel Bandeira e a ela são dedicados vários poemas desse que pode ser considerado o São João Batista do Modernismo.

Q 05. Abaixo, você tem três versos de T7. Neles, as expressões coloquiais destacadas podem ser substituídas por sinônimas.“... se algum sujeito bancar o sentimental em cima de vocꔓ... uma paixão do tamanho do bonde”“É lágrima de cinema”

Indique que opção equivale, do ponto de vista do sentido, a essas expressões:a) romântico, grande, fingidab) cuidadoso, pequeno, fingidac) romântico, grande, bonitad) romântico, maluca, reale) interessado, grande, real

Q 06. Abaixo, você tem dois textos. O primeiro é a letra da canção Além do horizonte, composta por Roberto e Erasmo Carlos, na segunda metade do século XX. O segundo é o quadro Representação de Arcádia de Friedrich August von Kaulbach. Observe-os atentamente:

T10: ALÉM DO HORIZONTE (Roberto e Erasmo Carlos)Além do horizonte deve terAlgum lugar bonito pra viver em pazOnde eu possa encontrar a naturezaAlegria e felicidade com certezaLá nesse lugar o amanhecer é lindoCom flores festejando mais um dia que vem vindoOnde a gente pode se deitar no campoSe amar na relva escutando o canto dos pássarosAproveitar a tarde sem pensar na vidaAndar despreocupado sem saber a hora de voltarBronzear o corpo todo sem censuraGozar a liberdade de uma vida sem frescuraSe você não vem comigo tudo isso vai ficarNo horizonte esperando por nós doisSe você não vem comigo nada disso tem valorDe que vale o paraíso sem amor [...]

T11: REPRESENTAÇÃO DE ARCÁDIA (Friedrich August von Kaulbach)

Das afirmativas abaixo, assinale a INCORRETA:a) A canção de Roberto e Erasmo relaciona-se com a tela de von Kaulbach, porque em ambos os textos temos a valorização de um ambiente bucólico, campesino, no qual o ideal de uma vida simples se completa quando os habitantes desse espaço têm, a seu lado, a pessoa amada.b) Os movimentos literários inspirados na cultura greco-latina se caracterizam pela busca de originalidade, o desequilíbrio sentimental e a emoção exacerbada.c) A Arcádia era uma província da antiga Grécia, morada de Pã (deus dos bosques, dos campos, dos rebanhos e dos pastores). Com o tempo, se converteu no nome de um país imaginário, criado e descrito por diversos poetas e artistas.d) O movimento árcade do século XVIII inspira-se no ideal de vida dessa região e por isso os poetas utilizavam nomes de pastores ao escreverem os seus poemas.e) Temas clássicos como o carpe diem, tempus fugit, aurea mediocritas, fugere urbem, innutilia truncat e locus amoenus aparecem tanto em textos árcades como na canção de Roberto e Erasmo.

Q 07. Nem sempre o amor foi retratado de “maneira cor-de-rosa” pelos poetas. Alguns exploraram, também, o chamado “lado negro” desse sentimento. Leiamos, prazerosamente, Versos íntimos, de Augusto dos Anjos.

T12: VERSOS ÍNTIMOS (Augusto dos Anjos)Vês?! Ninguém assistiu ao formidávelEnterro de tua última quimera.Somente a Ingratidão - esta pantera -Foi tua companheira inseparável!Acostuma-te à lama que te espera!O homem, que, nesta terra miserável,Mora, entre feras, sente inevitávelNecessidade de também ser fera.Toma um fósforo, acende teu cigarro!O beijo, amigo, é a véspera do escarro,A mão que afaga é a mesma que apedreja.Se alguém causa inda pena a tua chaga,Apedreja esta mão vil que te afaga,Escarra nesta boca que te beija!

Assinale a alternativa INCORRETA:a) No verso 5, “lama” está empregada em seu sentido conotativo.b) Podemos encontrar exemplos de antíteses no primeiro terceto de T12.c) Pode-se afirmar que a Função Poética da linguagem não aparece nas duas últimas estrofes de T12, já que vocábulos como “fósforo”, “cigarro”, “escarro” e “chaga” não podem ser considerados poéticos, pois expressam

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aspectos do cotidiano que não devem ser matéria de poesia.d) As figuras de linguagem presentes no terceiro decassílabo de T12 são a personificação e a metáfora.e) Existe, pelo menos em um momento do primeiro terceto, algo que nos remeta ao que chamamos de Função Apelativa da linguagem, ou seja, aquela que é centrada no destinatário.

Q 08. Observe atentamente o texto a seguir:

T13: AMOR (Oswald de Andrade)Humor.

T14: CARTA DE AMOR DE UM QUÍMICO (Anônimo)Berílio Horizonte, zinco de benzeno de 2000.Querida Valência:Não estou sendo precipitado e nem desejo catalisar

nenhuma reação irresversível entre nós dois, mas sinto que estrôncio perdidamente apaixonado por você. Sabismuto bem que a amo. De antimônio posso lhe assegurar que não sou nenhum érbio e que trabário muito para levar uma vida estável.

Lembro-me de que tudo começou nurârio passado, com um arsênio de mão, quando atravessávamos uma ponte de hidrogênio. Você estava em um carro prata, com rodas de magnésio. Houve uma atração forte entre nós dois, acertamos os nossos coeficientes, compartilhamos nossos elétrons, e a ligação foi inevitável.

Fonte: http://www.humornaciencia.com.br/quimica/cartaqui.htm, acessado em 10/08/ 09.

Assinale a alternativa INCORRETA:a) T13 pertence a primeira geração do Modernismo e pode ser classificado como um poema-pílula, assim como um poema-piada. Essas expressões foram cunhadas pelo próprio autor, Oswald de Andrade.b) A proposta de T13 é justamente subverter a idealização romântica do amor, característica marcante no Romantismo.c) A Semana de Arte Moderna propunha uma revisão total no que diz respeito às artes. Para seus organizadores, tudo que existia no plano estético deveria ser demolido, para dar lugar a uma nova proposta.d) O humor de T14 está justamente no fato dos trocadilhos criados através da utilização de termos próprios da Química dentro de uma carta amorosa.e) Por ser um texto minimalista, não é possível tecer uma comparação entre T13 e T14, seja em aspectos em que eles se aproximam, seja em aspectos em que ambos se afastam.

Q 09. Leia atentamente o texto:T15: ROMANTISMO E CLASSICISMO (Anatol Rosenfeld / J. Guinsburg)

O Romantismo é, antes de tudo, um movimento de oposição violenta ao Classicismo e à época da Ilustração, ou seja, àquele período do século XVIII que é tido, em geral, como o da preponderância de um forte racionalismo.

Fonte: http://www.miniweb.com.br/Literatura/artigos/Rom_Class.pdf

T16:

Fonte: http://br.geocities.com/maluconelbeleza/romantico.jpg, acessado em 10/08/09.

T17: VIA LÁCTEA XIII (Olavo Bilac)"Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquantoA Via Láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e entender estrelas"

Assinale a alternativa CORRETA:a) É possível fazermos a distinção entre o chamado “Romantismo com erre maiúsculo” (retratado em T15) de um “romantismo com erre minúsculo”. O primeiro se refere à temática que sempre existiu nas artes de uma maneira geral e o segundo, mais especificamente, ao movimento literário do século XIX.b) T16 se aproxima dos textos do Romantismo, justamente por retratar o amor idealizado entre o casal de personagens.

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c) O amor de que fala T17 não pode se referir ao sentimento existente entre um homem e uma mulher, uma vez que o Parnasianismo, escola literária de Bilac, tem dentro de suas características a chamada impassibilidade, ou seja, a ausência de paixões.d) A união conjugal retratada em T16 aproxima-se bem mais do que era proposto pelos modernistas em relação ao casamento: o amor até poderia existir, porém, não com a idealização proposta pelo Romantismo.e) Olavo Bilac inicia sua poética dentro da estética naturalista e só depois adere Q10. Leia com atenção os textos que se seguem:

T18: OLHOS DE RESSACA (Machado de Assis)A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns

instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...

As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a tinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.

T19: VÍDEO (Programa Scrap MTV)

T20: SONETO DE FIDELIDADE (Vinícius de Moraes)

De tudo ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.

T18 faz parte do capítulo CXXIII do romance Dom Casmurro de Machado de Assis. Exatamente nesse momento, a tão discutida desconfiança da personagem Bento Santiago de que sua esposa Capitu o traía começa a ganhar corpo. Comparando o trecho de machado com o vídeo do programa Scrap da MTV, assinale a alternativa INCORRETA:a) Os 3 textos se aproximam por tentarem discutir, cada qual a seu jeito, o tema da confiança (ou a falta dela, o que leva à suspeita de traição) dentro de um relacionamento amoroso.b) A ideia do adultério aparece como uma das principais temáticas do Realismo, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Segundo os realistas, o casamento era uma instituição falida, subjugado aos valores econômicos.c) Além da temática amorosa e das canções populares, Vinícius de Moraes também produziu uma poesia de

caráter religioso e também, numa outra fase, dando importância a temas sociais, como em O operário em construção.d) A infidelidade de Capitu pode ser claramente comprovada no romance Dom Casmurro, principalmente pela semelhança entre Ezequiel, filho de Capitu, com Escobar, melhor amigo de Bento.e) Um dos jovens entrevistados pelo programa Scrap afirma que “quem quer, acaba achando alguma coisa”. Partindo do princípio de que essa “coisa” seria um vestígio da infidelidade da pessoa amada, podemos afirmar que Bento Santiago encontra, a cada momento, evidências (pelo menos pra ele), de que sua esposa o traiu ao Parnasianismo, se caracterizava primordialmente pelo culto à forma.

"A palavra é o meu domínio sobre o mundo"(Clarice Lispector)

-- José Ricardo Lima

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