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Na visita feita à Ponta do Leal, nosso grupo teve a oportunidade de entender “Como as pessoas de fora enxergam a comunidade”, através de algumas entrevistas realizadas em pequenos estabelecimentos comerciais. Porém, mais do que isso, também conseguimos entender melhor a relação dessas pessoas com o bairro em que moram ou trabalham e principalmente, as diferenças entre os vínculos formados por cada um com o Estreito. Para cada entrevistado perguntamos: 1) Desenhe o caminho que faz de casa ao trabalho 2) O que faz quando não está trabalhando, nas horas de lazer? 3) Que lugar/marco de Florianópolis acha mais bonito e mostraria para um amigo de fora? 4) Pode indicar no seu desenho onde fica a Ponta do Leal? Com as respostas obtidas, percebemos que as pessoas de fora tendem a ignorar a comunidade da Ponta do Leal. Uma das entrevistadas perguntou “o que” era esse lugar para seu colega de trabalho, que respondeu “É aquele monte de casinhas ali do lado da Casan”. A atitude das pessoas deixa claro que a ponta não é considerada parte do bairro. A segregação – física e social – ali é muito forte, o que por um lado talvez contribua para a união da própria comunidade, mas que também a exclui e impede sua interação com as demais famílias que residem no Estreito. Em relação à segunda pergunta, quando questionados sobre suas horas de lazer, nenhum entrevistado pareceu ter vontade de permanecer em seu bairro e utilizar as áreas públicas: a Beira Mar Continental nem foi citada. Notamos que as pessoas preferem ficar em casa (o Facebook apareceu em algumas respostas) ou viajar para um lugar que não seja o Estreito. O que mais nos surpreendeu, contudo, foi a resposta dos entrevistados para a terceira pergunta: “Que lugar ou marco de Florianópolis você acha mais bonito e mostraria para um amigo de fora?” Apenas uma pessoa respondeu que mostraria a ponte Hercílio Luz. As demais, mesmo tendo uma relação diária com o

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Na visita feita à Ponta do Leal, nosso grupo teve a oportunidade de entender “Como as pessoas de fora enxergam a comunidade”, através de algumas entrevistas realizadas em pequenos estabelecimentos comerciais. Porém, mais do que isso, também conseguimos entender melhor a relação dessas pessoas com o bairro em que moram ou trabalham e principalmente, as diferenças entre os vínculos formados por cada um com o Estreito.

Para cada entrevistado perguntamos:

1) Desenhe o caminho que faz de casa ao trabalho2) O que faz quando não está trabalhando, nas horas de lazer?3) Que lugar/marco de Florianópolis acha mais bonito e mostraria para um amigo de

fora?4) Pode indicar no seu desenho onde fica a Ponta do Leal?

Com as respostas obtidas, percebemos que as pessoas de fora tendem a ignorar a comunidade da Ponta do Leal. Uma das entrevistadas perguntou “o que” era esse lugar para seu colega de trabalho, que respondeu “É aquele monte de casinhas ali do lado da Casan”. A atitude das pessoas deixa claro que a ponta não é considerada parte do bairro. A segregação – física e social – ali é muito forte, o que por um lado talvez contribua para a união da própria comunidade, mas que também a exclui e impede sua interação com as demais famílias que residem no Estreito.

Em relação à segunda pergunta, quando questionados sobre suas horas de lazer, nenhum entrevistado pareceu ter vontade de permanecer em seu bairro e utilizar as áreas públicas: a Beira Mar Continental nem foi citada. Notamos que as pessoas preferem ficar em casa (o Facebook apareceu em algumas respostas) ou viajar para um lugar que não seja o Estreito.

O que mais nos surpreendeu, contudo, foi a resposta dos entrevistados para a terceira pergunta: “Que lugar ou marco de Florianópolis você acha mais bonito e mostraria para um amigo de fora?” Apenas uma pessoa respondeu que mostraria a ponte Hercílio Luz. As demais, mesmo tendo uma relação diária com o Estreito, responderam a pergunta citando lugares localizados sempre na Ilha: a descida da Lagoa ou Sul da Ilha, por exemplo.

A atitude dessas pessoas de fora da comunidade nos mostrou como a Ilha é supervalorizada, em detrimento ao Estreito, que pareceu nem ser considerado como parte de Florianópolis durante as entrevistas. Por outro lado, quando passamos por dentro da comunidade da Ponta do Leal e quando conversamos com seu representante, ficou claro como eles valorizam o lugar em que moram e como defendem o seu direito de permanecer nessa terra que é tão importante para eles.

Encerramos a visita pensando em como a situação presente é paradoxal: As pessoas cujo vínculo com a terra é mais forte, são aquelas que precisam lutar para permanecer onde estão; enquanto aquelas em uma posição estável não parecem dar valor ao lugar.

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Desenhos feitos pelos entrevistados