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PÂMELA IGESCA FERREIRA O TELETRABALHO E A REFORMA TRABALHISTA ESCOLA PAULISTA DE DIREITO – EPD Especialização em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho

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PÂMELA IGESCA FERREIRA

O TELETRABALHO E A REFORMA TRABALHISTA

ESCOLA PAULISTA DE DIREITO – EPD

Especialização em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho

SÃO PAULO

2017

PÂMELA IGESCA FERREIRA

O TELETRABALHO E A REFORMA TRABALHISTA

Monografia apresentada ao Curso

de Pós-Graduação Lato Sensu,

Especialização em Direito do Trabalho e

Processual do Trabalho, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Especialista em Direito do Trabalho e

Processual do Trabalho pela Escola

Paulista de Direito (EPD)

SÃO PAULO

2017

Igesca Ferreira, Pâmela, 22/03/1990 Teletrabalho e a Reforma Trabalhista / Pâmela Igesca Ferreira – 2017. f. ; 30 cm

Trabalho de conclusão de curso (pós-graduação) – Escola Paulista de Direito, Curso de Especialização em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho, 2017.

1. Teletrabalho. 2. Reforma Trabalhista. 3. Direito Comparado.I. Escola Paulista de Direito. Curso de Especialização em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho. III. Teletrabalho e a Reforma Trabalhista.

PÂMELA IGESCA FERREIRA

TELETRABALHO E A REFORMA TRABALHISTA

Monografia apresentada à Escola Paulista de Direito (EPD), como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho.

Aprovada com média ______________________.

São Paulo, __________________________________.

Banca Examinadora:

___________________________________________________________Prof. Orientador: ...........................................................................................

___________________________________________________________Prof. Orientador: ...........................................................................................

___________________________________________________________Prof. Orientador: ...........................................................................................

AGRADECIMENTOS

Agradeço a meu pai, Wolnei Tadeu Ferreira, por ter me dado essa

oportunidade de estudo e formação e por ter me auxiliado e me orientado na

conclusão deste trabalho.

Sou grata também a minha mãe, Lourdes Paes Igesca, por todo apoio neste

período de formação, e a minha esposa, Susiane Souza Nascimento, que além de

me apoiar me ajudou muito para a conclusão deste trabalho.

E também a ajuda do meu grande amigo, Wiliam Aparecido Rodrigues, pelo

auxílio e orientação sobre o tema e grande entendimento do assunto.

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a meus familiares, aos

colegas de curso, aos professores e a todos aqueles

que direta ou indiretamente contribuíram para esta

conquista.

RESUMO

A proposta deste trabalho é obter ao final uma visão geral e atual sobre o

tema, quanto a sua implantação, abrangências, efetividade, vantagens e

desvantagens, assim como coletar índices atualizados sobre trabalhadores

contratados nesta categoria e comentar sobre a nova Reforma Trabalhista que trará

um novo meio de regulamentação do tema. Tendo como objetivos específicos da

pesquisa, a análise desta prática de trabalho e seus pressupostos na relação de

emprego, assim como verificar os tipos de emprego que suportam a realização do

teletrabalho e a forma de sua efetivação na praxe, observando as consequências

positivas e negativas deste tipo de atividade empregatícia. Para tal fim, será

empregado na pesquisa o método indutivo, cuja técnica de análise terá como base

pesquisas bibliográficas, com o estudo do posicionamento jurisprudencial e

doutrinário nacional, bem como da legislação, com o escopo de compreender as

abrangências do tema, frente as transformações decorrentes da globalização,

resultado do processo de ampla modernização e avanços tecnológicos.

Palavras-chave: Teletrabalho. Tecnologias. Efetividade. Reforma Trabalhista

ABSTRACT

The purpose of this study is to get to the final and present an overview on the

subject, as its implementation, scopes, effectiveness, advantages and disadvan-

tages, as well as collect updated figures on workers hired in this category and tell

about the new Labor Reform that will bring a new way to regulamentation the theme.

With the specific objectives of the research, the analysis of this work practice and its

assumptions in the employment relationship, as well as check the types of jobs that

support the achievement of telework and the way of its realization in practice, noting

the positive and negative consequences of this type of employment activity. For this

purpose, will be used in research the inductive method, whose technical analysis will

be based on literature searches, to the study of jurisprudence positioning and na-

tional doctrine and legislation, with the aim of understanding the theme of scopes,

compared transformations of globalization, a result of the comprehensive moderniza-

tion and technological advances process.

Keywords: Teleworking. Technologies. Effectiveness. Labor Reform

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................1

2 SURGIMENTO DO TELETRABALHO..........................................................3

2.1 Teletrabalho no Brasil.............................................................................5

3 CONCEITO DE TELETRABALHO................................................................7

3.1 Modalidades de Teletrabalho...............................................................10

4 O TELETRABALHADOR E O CONTRATO DE TRABALHO.....................14

5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO TELETRABALHO........................24

5.1 Vantagens............................................................................................24

5.2 Desvantagens......................................................................................28

6 ÍNDICES SOBRE O TELETRABALHO...................................................32

7 DIREITO COMPARADO: O TELETRABALHO NA AMÉRICA

LATINA..........................................................................................................34

8 A REFORMA TRABALHISTA.....................................................................41

7.1 Antes da Reforma.................................................................................42

7.2 Após a Reforma....................................................................................44

7.3 Jurisprudências sobre o Teletrabalho..................................................50

8 CONCLUSÃO..............................................................................................54

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................57

23

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem por objetivo abordar as abrangências sobre o teletrabalho

e as mudanças feitas pela Reforma Trabalhista sobre o assunto, de modo a

vislumbrar as possibilidades de implantação e efetivação desta modalidade de

trabalho nos diversos tipos de atividades econômicas brasileiras.

Trataremos sobre o conceito do teletrabalho assim como suas modalidades e

tipos de contrato de trabalho disponíveis assim como tipos de teletrabalho, e ao fim

iremos abordar o assunto sobre a Lei 13.467/17.

Assim como far-se-á menção as empresas brasileiras do setor público e

privado que utilizam com sucesso o teletrabalho, assim como os números de

empresas que utilizam o teletrabalho hoje em dia.

Considerando estas experiências bem-sucedidas e a eficácia nos resultados

do trabalho, esta pesquisa procurará contextualizar essas possibilidades, seus

procedimentos de modo a visualizar a importância dessa forma de labor.

As novas formas de trabalho foram surgindo no decorrer da história. Esse

processo diversificou-se com os avanços tecnológicos que ensejaram o surgimento

do teletrabalho, ou seja, o trabalho realizado à distância, longe do estabelecimento

do empregador.

O teletrabalho decorre das inovações tecnológicas e da expansão econômica

mundial, que ocasionaram a descentralização do trabalho, e a propagação e

modernização do trabalho a distância, flexibilizando as jornadas.

Esta modalidade observa entendimentos variados, acerca do teletrabalho,

motivo pelo qual pode-se dizer que estão em formação evolutiva.

O conceito de teletrabalho é um regime de trabalho, cujo lugar de sua

prestação é distante da empresa, na residência ou domicílio do empregado,

implicando no uso de novas tecnologias de informação, como um sistema de

gerenciamento pela empresa.

Muitas empresas têm adotado esta modalidade em razão das evidentes

vantagens, visto que o teletrabalho pode ser considerado como meio de maximizar

os resultados de produtividade e melhorias nas condições de trabalho aos

1

empregados, gerando qualidade de vida, conforme contextualização no decorrer do

trabalho.

O teletrabalho difere na prática tradicional de sua realização, mas não pode

versar diferenças ao trabalhador de acordo com a legislação. Embora a modalidade

esteja amparada pela Lei 12.551/11 que deu nova redação ao art. 6º da CLT

gerando a possibilidade de reconhecimento do trabalho realizado à distância, agora

este tipo de trabalho será ainda mais abordado pela Lei 13.467/17 da Reforma

Trabalhista trazendo diversas novas regulamentações que irão ajudar muito quanto

ao conceito e quanto ao contrato de trabalho no teletrabalho, observa-se que os

aspectos jurídicos do teletrabalho, são desafios, relativamente a falta de legislação

específica que possa conciliar a legislação vigente às suas particularidades,

priorizando as garantias da relação de trabalho com intuito de assegurar proteção

adequada e viabilizar sua efetividade.

Neste estudo serão enumeradas vantagens incontestáveis, e também suas

desvantagens em relação ao regime de teletrabalho.

Este trabalho mostra expressamente as diferenças, assim como as vantagens

e desvantagens que a Reforma Trabalhista vai trazer ao Teletrabalho, e o que isso vai

influenciar nas jurisprudências futuras para que possamos entender melhor essa nova

forma de trabalho assim como seus direitos e deveres.

2

6

2 SURGIMENTO DO TELETRABALHO

Nos últimos anos a tecnologia vem aumentando consideravelmente em

relação a antigamente, e com isso vem uma maior flexibilidade no trabalho. Mas

apesar disto, muitas pessoas dizem que o teletrabalho e o uso de sua tecnologia

para o trabalho não é algo inovador pois há indicadores de seu surgimento nos

Estados Unidos em 1857, usando o telégrafo como meio de controle e

gerenciamento para quem estava a distância.

Apesar disto, o Teletrabalho começou a se acentuar como fenômeno global

no século XX e, principalmente no início do século XXI, tendo em vista o enorme

avanço da tecnologia neste período.

Assim sendo, ao longo do tempo muitas foram as reformulações do trabalho e

o surgimento de novas profissões em razão das “tecnologias de informação e de

comunicação tornaram-se um elemento indissociável do desenvolvimento da atividade

econômica, constituindo-se em fator cada vez mais importante na organização e

estruturação das sociedades modernas” conforme enuncia Fincato (2014, p.108) o

que acarretou mudanças significativas nas relações de trabalho, como a existência

de relacionamentos laborais transnacionais sem deslocamentos físicos.

As constantes transformações emergem para uma relação de trabalho

também diferenciada que não mais apresentam as características de tempo, espaço

e organização, próprias das atividades comuns. Neste novo modelo de trabalho o

esforço físico humano é substituído pela atividade informatizada. A relação

tradicional de trabalho e de emprego, progressivamente cede espaço as inovações e

as novas relações contratuais, permitindo a ausência física do trabalhador.

Ressaltando-se o novo método e o novo ambiente de trabalho, onde a ferramenta

primordial do trabalho é a tecnologia.

O paradigma do teletrabalho, no século XXI, é contextualizado pelo interesse

e utilidade, principalmente o interesse econômico para as empresas. Pois Assim, os

empresários passam a enxergar a economia do conhecimento como fonte de

3

7

produtividade. Sendo assim passam as empresas a adotar uma cultura de trabalho à

distância, de modo flexível, maior produção intelectual, competitividade e inovação.

Assim, o teletrabalho ganha destaque a partir do momento que flexibiliza as

relações de emprego, notoriamente também no contexto brasileiro, como explica

Fincato (2014, p.108):

[...] apreciando se a novel legislação possui o condão de evitar ou

resolver os conflitos resultantes e apresentando, caso necessárias,

alternativas, principalmente à luz do direito comparado europeu e da

experiência negocial coletiva brasileira.

Diante de suas características conforme se evidencia, o teletrabalho gera

muita polêmica e debates sobre seu surgimento, estruturação, organização,

manutenção, aplicação, extinção ou regulamentação, seja no Brasil ou na Europa,

fomenta inúmeras pesquisas.

O teletrabalho é uma modalidade de trabalho que já é utilizada em vários

países, há décadas, principalmente na Europa e América do Norte. No Brasil,

considerando a condição de país em desenvolvimento, esta modalidade de trabalho

tem surgido lentamente, onde há a concretização apenas em alguns segmentos

econômicos e profissões, mas nos últimos anos tem crescido rapidamente ganhando

até legislação específica na Reforma Trabalhista de 2017.

Em face dos pressupostos da globalização e das mudanças no sistema de

produção num sentido geral, pesquisas afirmam que o mercado entrou em crise em

razão da crescente competição internacional, devido aos avanços tecnológicos sem

fronteiras. Diante disso todo o processo foi dinamizado a partir da inevitável quebra

das barreiras nacionais.

O avanço das tecnologias de comunicação se elevaram a tal modo que se faz

confundir com a globalização, sendo convicto dizer também, que a sociedade vive

neste momento, “uma nova mudança no seu sistema de produção” uma verdadeira

Revolução Tecnológica. Esta nova versão de trabalho caracteriza-se pela

centralização do conhecimento da informação e sua aplicação.

4

Considerando a alta competitividade para ingressar e manter-se no mercado

de trabalho, característica comum no mercado atual, entende-se a necessidade das

empresas acompanharem o mercado e agirem em paralelo, com os novos recursos

tecnológicos, ampliando a sua automação. Esta possibilidade de descentralização

do trabalho refletiu sobre um grande número de pessoas que hoje trabalham a

distância, o qual se institucionaliza como teletrabalho.

O teletrabalho surge com espaço ainda reduzido, observa-se carência

conceitual e regulamentação satisfatória, mas já é visto como um modelo laboral

promissor, propagando a tendência de gerar novos empregos.

Portanto, vislumbra-se até o presente momento da dissertação que em muito

se evoluiu o direito do trabalho, tanto no que tange a legislação pertinente, como

pela própria prestação labora.

2.1 Teletrabalho no Brasil

No Brasil o Teletrabalho começou a ser introduzido realmente em 1997

através de um seminário de Home Office/Telecommuting, e após este feito em 1999

foi criado um grupo chamado “Teletrabalho e Novas formas de Trabalho” (CTMC

Convergência Tecnológica e Mobilidade Corporativa), tendo a finalidade de discutir e

estudar as práticas do teletrabalho nas corporativas.

Através deste grupo surgiram diversos livros e palestras sobre o assunto,

além de representações em outros estados e países, apesar disto o primeiro

congresso sobre o assunto (CBT – Congresso Brasileiro de Teletrabalho) foi

realizado em 2006, com o apoio da Sobratt e da ESPM.

Sendo a Sobratt uma Sociedade Brasileira de Teletrabalho que estuda,

organiza e atende várias empresas que gostariam de implementar o teletrabalho em

seu ambiente de trabalho.

No Brasil, conforme a tendência da época, se faz evidente que o trabalho do

homem acompanha o movimento oscilante da economia, e o teletrabalho insurge-se

em face da invenção, do aperfeiçoamento e generalização dos novos mecanismos

5

informatizados e meios comunicacionais, os quais sugestionam concomitantemente

novas fórmulas organizacionais e gerenciais de empresas e instituições, como ajuste

necessário para atender aos objetivos da sociedade.

Com isso o teletrabalho já existe em boa quantidade de empresas no Brasil,

que permitem que seus empregados trabalhem à distância de suas casas ou postos

de trabalho, sendo a maioria destas empresas estrangeiras, sendo que até 2008, o

Serpro era a única empresa na administração pública brasileira praticando o

teletrabalho.

Com toda essa evolução das tecnologias de informação e do teletrabalho

junto as empresas, cada dia mais e mais empresas utilizam o teletrabalho em suas

empresas, e foi este fato que ajudou a Sobratt a levar até o judiciário tal tema, atual

e abrangente, para que pudesse ser normatizado através da Reforma Trabalhista

(Lei 13.467 de 2017), na qual já foi aprovada e entrará em vigor na data de

10/11/2017, contendo alguns artigos que normatizam o teletrabalho e seus

contratos, o que veremos mais pra frente deste trabalho.

6

3 CONCEITO DE TELETRABALHO

A origem do termo teletrabalho, não faz consenso com sua origem e sim com

seu significado, proveniente da palavra grega tele, sugere distância, longe.

A diversas conceituações sobre teletrabalho e que se encontram em processo

de formação evolutiva, não tendo um consenso por parte dos estudiosos do assunto

em relação à utilização ou não de tecnologias de informação e comunicação e até

mesmo sobre a quantidade de horas gastas em atividades que são desenvolvidas

fora do escritório tradicional, ou seja, externas.

Inicialmente, observa-se um período de produção relativamente pequena

sobre teletrabalho, sendo a partir dos anos 90 que cresce o interesse de muitos

países em inserir a nova modalidade de trabalho entre as demais exercidas.

Os termos mais utilizados para este tipo de trabalho é Teletrabalho,

Teleworking, Telecommuting, ou até mesmo trabalho à distância, que acontece

quando os trabalhadores trabalham remotamente, normalmente em suas

residências, podendo trabalhar todos os dias do mês, em apenas alguns dias, ou de

maneira ocasional, sob determinadas circunstâncias estabelecidas pela empresa.

Os empregados nestes casos trabalham com computador equipado com modem e

linha telefônica fazendo parte de uma empresa, mas que não precisam comparecer

às suas instalações físicas para desempenhar suas atividades.

Atualmente o teletrabalho apresenta-se cada vez mais abrangente, refletindo

a realidade social, organizacional, condições tecnológicas, condições econômicas e

os desafios próprios da produção delineados pela contemporaneidade. Sua prática

enfatiza: flexibilização, competição globalizada, trabalho intensivo em conhecimento,

autonomia e qualidade de vida, entre outros. (COSTA, 2004)

Deste modo, pode-se entender que o teletrabalho é uma modalidade especial

de trabalho realizado à distância com o uso de novas tecnologias de informação, fora

do ambiente comum de trabalho e das instalações físicas da empresa, normalmente

no próprio domicílio do empregado que subvertem as relações clássicas de trabalho,

7

apresentando novos tipos de atividade descentralizada, que reúnem informação e

comunicação, versando novas formas de subordinação jurídica.

Essa nova forma de trabalhar transcende os limites territoriais e poderá ser

transregional, transnacional e transcontinental. Permite-se até mesmo atividade em

movimento e seu exercício depende da utilização da informática ou da

telecomunicação, o que exigirá alta ou média qualificação às pessoas que

executarem esse tipo de trabalho. (BARROS, 2008)

Neste sentido, Martins (2014), entende que “a distância é o gênero e entre suas

espécies há o trabalho em domicílio e o teletrabalho. Refere-se a este tipo de

trabalho, como “periférico, à distância e remoto”. Sendo que o teletrabalho não se

confunde com os demais trabalhos da área de informática, como analistas,

programadores ou digitadores. Salienta que nem todo teletrabalho é realizado em

domicílio, podendo ser realizado em um veículo conectando-se com o empregador por

meio de computador, smatphone, iphone etc. Deste modo, todo teletrabalho é

realizado à distância, no entanto, nem todo trabalho à distância pode ser considerado

teletrabalho.”

Além disto, segundo termos doutrinários, o trabalho na residência do

empregado é uma modalidade do trabalho a distância, ao qual há entendimento no

sentido de que é mais frequente em atividades manuais. Não obstante, o

teletrabalho diferencia-se deste em razão da ênfase na utilização de recursos

eletrônicos, de informática e de comunicação, realizado em atividades que exigem

conhecimentos especializados como auditoria, gestão de recursos, tradução,

jornalismo, digitação entre outros.

No entanto, as especificidades desta prática laboral, e peculiaridades inerentes

e inevitáveis a execução do trabalho em domicílio, estas não poderão estender-se aos

trabalhadores à distância, ensejando diferenciações de direitos. Deste modo, convém

observar a igualdade de tratamento entre os teletrabalhadores e demais empregados,

com fundamento no artigo 5º, caput, e 7º, XXXII, da CF/88, que assim coadunam:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no

País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança

e à propriedade, nos termos seguintes:

8

(. ..)

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de

outros que visem à melhoria de sua condição social:

(...)

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e

intelectual ou entre os profissionais respectivos. (BRASIL, 1988)

O artigo 6º da CLT, simultaneamente estabelece que não se diferencia o

trabalho realizado no domicílio do empregado e o executado no estabelecimento do

empregador. Logo, estendem-se as normas jurídicas ao teletrabalho quando

compatíveis, conforme disposição:

Art. 6º - Não se distingue entre o trabalho realizado no

estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o

realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da

relação de emprego. Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados

de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação

jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do

trabalho alheio. (BRASIL, 1943)

Assim sendo considerado possível o teletrabalho, e sendo este considerado de

igual valor e entendimento do trabalho comum realizado na sede da empresa.

O art. 83 da CLT (BRASIL, 1943), paralelamente, define o trabalho em

domicílio como aquele “executado na habitação do empregado ou em oficina de

família, por conta de empregador que o remunere”, além de assegurar ao

empregado o salário mínimo. Tendo em vista a autonomia do tempo que o

empregado tem ao seu dispor com o teletrabalho é eventual e está associada à

flexibilidade do trabalho, pois apesar de trabalhar o mesmo tanto de horas normais

estas horas poderão ser controladas pelo próprio empregado, sendo que esta não

significa liberdade absoluta, pois ainda assim poderá ser controlado pela empresa

também.

O contrato de trabalho não difere dos demais, mas existem “distinções” como

o pagamento de horas extras, sendo este o maior empasse em relação as

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abordagens desta modalidade. Considerando que o empregado tem a liberdade de

administrar o tempo de seu trabalho, resulta a dificuldade de reconhecimento das

horas extras. Deste modo seria similar ao trabalho do empregado que exerce

atividades externas, conforme art. 62, inciso I da CLT:

Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste Capítulo:

I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a

fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na

Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de

empregados; (...) (BRASIL, 1943)

A doutrina esclarece este disposto argumentado que a lei excluiu a partir deste,

o benefício da remuneração das horas extras para algumas categorias profissionais

cuja atividade seja externa, como é o caso do propagandista, do cobrador, jornaleiro

etc, em decorrência das dificuldades de controle do tempo dedicado à empresa.

Sendo assim, o Teletrabalho traz a facilidade e dinamismo na execução do

trabalho, viabilizado pelas novas tecnologias do mundo atual, além de smartphones e

iphones até computadores de última tecnologia, promove-se uma relação de emprego

que oferece melhor qualidade de vida ao trabalhador, além de economia para o

empregado e para o empregador, maior convivência familiar e mais dedicação a

atividade produtiva a ser realizada, tudo pelo fato de ter mais tempo de lazer disponível

e menos tempo perdido com viagens de trânsito até o local de trabalho.

3.1. Modalidades de Teletrabalho

O Teletrabalho tem algumas modalidades diferentes às alternativas de

trabalho flexível, dentre uma prática diferenciada e inovadora que ganha espaço a

partir das dimensões tecnológicas contemporâneas. Sua contextualização

estabelece a execução de atividades laborais à distância provenientes de vínculo

empregatício e subordinação ao empregador.

Em que pese caracterizar o gênero à distância, sendo o teletrabalho e o

trabalho a domicílio espécies deste, condicionam-se ao gênero. Visto que compete

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caracterizar o teletrabalho como modalidade contemporânea preponderante à sua

espécie, estruturada por demais modalidades que à suportam.

Teletrabalho no Domicílio é o trabalho realizado em lugar diferenciado do

ambiente físico da empresa, utilizando tecnologias apropriadas para execução de

atividades passíveis de serem remotamente realizadas, sendo esta modalidade de

teletrabalho realizada na residência do empregado permitindo que seu horário seja

flexível.

Teletrabalho no Centro-Satélite de telesserviços, normalmente é o trabalho

realizado em local diverso do ambiente físico da empresa, em um edifício de

escritórios de propriedade da empresa, ao qual o empregado comparece

regularmente para trabalhar, pois este local é mais próximo a residência do

empregado do que a sede oficial da empresa, possuindo assim apenas flexibilidade

de horário e não de local, como é o caso do teletrabalho em domicílio.

Teletrabalho Internacional é o teletrabalho realizado na residência do

empregado que reside fora do país da sede da empresa, que também utiliza

tecnologias apropriadas para o trabalho a distância e permite flexibilidade de horário.

Teletrabalho móvel é aquele realizado pelo empregado que esta fora do

trabalho e de sua residência, normalmente em viagem e que necessita de um celular

ou notebook para realizar seu serviço, sendo este um trabalho realizado

esporadicamente, mas que designa o teletrabalho como sendo onde quer que a

pessoa esteja trabalhando no momento.

Temos também o Teletrabalho para as centrais de atendimentos, ou famosos

“Call Centers”, seria um trabalho realizado fora do ambiente físico da empresa mas

que utiliza tecnologias próprias para execução da atividade mas que tem que ser

respeitado o horário estabelecido pelo empregador, independendo do local físico em

que o empregado se encontre.

Neste sentido, entende Costa (2004, p. 15):

- Home-office – é o teletrabalho realizado no domicílio do

teletrabalhador; o espaço de trabalho na empresa é mudado para um

escritório na residência do trabalhador.

11

8

- Teletrabalho móvel – o trabalho é realizado por pessoas que estão

constantemente se movimentando, seja em viagens, visitando ou

trabalhando nas instalações de clientes; os teletrabalhadores móveis usam

celulares, laptops, palmtops, por exemplo, para a realização de suas

tarefas; o escritório passa a ser qualquer lugar onde o teletrabalhador

esteja: o carro, o avião, o trem ou o escritório do cliente.

- Escritórios satélites – escritórios pertencentes à própria empresa,

geralmente em áreas fora do centro, em locais de aluguel mais barato e de

acesso mais fácil para os empregados.

- Telecentros – escritórios equipados com os recursos tecnológicos

necessários ao teletrabalho, onde diversas empresas ou pessoas podem

alugar espaço pelo tempo necessário (um dia, uma semana ou o período de

um projeto).

- Telecottages – proposta originária dos países escandinavos, é uma

iniciativa típica das comunidades para atrair empregos, atualizar a mão-de-

obra e criar competitividade para a economia local, especialmente na

Europa. Os telecottages funcionam como locais onde é oferecido

treinamento e disponibilizada infra-estrutura e tecnologia para moradores e

empresas da comunidade, e em praticamente todos os casos recebem ou

receberam subsídios governamentais.

Os termos mais comuns utilizados para o teletrabalho são:

Teletrabalho (Telecommuting): É o processo de levar o trabalho aos

funcionários em vez de levar estes ao trabalho; atividade periódica fora da

empresa um ou mais dias por semana, seja em casa seja em outra área

intermediária de trabalho é a substituição parcial ou total das viagens diárias

do trabalho por tecnologia de telecomunicações, possivelmente com o

auxílio de computadores, e outros recursos de apoio.

Teletrabalho (Telework): Denominação equivalente ao termo

Teletrabalho, utilizado na Europa. É qualquer alternativa para substituir as

viagens ao trabalho por tecnologias de informação como telecomunicações

e computadores.

12

9

Teletrabalhador (Teleworker, Telecommuter): É o funcionário da

empresa que trabalha em casa todos ou em alguns dias da semana,

utilizando os equipamentos necessários para se comunicar com a empresa.

É o agente do processo de teletrabalho.

Trabalho Flexível (Flexible Working): É o conceito que envolve uma

variedade de novas práticas de trabalho, que incluem tanto as horas de

trabalho flexível, os locais flexíveis, como também as formas de contrato de

trabalho. Pode também ter o significado de ter o uso flexível do espaço no

escritório, onde os funcionários não dispõem de suas mesas de trabalho,

que são compartilhadas pelos colegas.

Entende-se em sentido geral que há muitas pessoas trabalhando em casa,

conforme consentimento do empregador, em instituições públicas e privadas. O

trabalhador pode realizar o trabalho em período integral ou em tempo parcial,

podendo ser um trabalhador com contrato por tempo determinado; há pessoas

trabalhando em casa que usam “acidentalmente” seus próprios computadores, como

os arquitetos ou tradutores, sendo que o computador não é seu único instrumento de

trabalho; e há ainda muitas pessoas que executam o trabalho fora de suas casas e

completam o trabalho com o auxílio de fax, celular, laptop e internet tornando possível

trabalhar de quase qualquer lugar, definindo assim uma dinâmica de interações do

teletrabalho.

Apesar disto, estes métodos deviam ser normatizados para que não houvesse

confusão, nem reclamações trabalhistas desnecessárias sobre regulamentos

relacionados a como o empregado trabalharia em sua residência, controle do seu

empregador, pagamento de contas, equipamentos da empresa ou individuais e

diversas outras questões que são comuns de divergência entre magistrados.

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4 O TELETRABALHADOR E O CONTRATO DE TRABALHO

Como já foi dito anteriormente cada vez mais as empresas estão optando

pelo teletrabalho, além da redução de custos que esta empresa terá, os índices de

aumento de produtividade são alarmantes, também tendo uma redução dos índices

de absenteísmos no trabalho.

Támbém são vistos uma melhora no clima organizacional e maior flexibilidade

além de melhorar a qualidade de vida de seus empregados, por isso, cada vez mais

trabalhadores estão optando pelo teletrabalho e as empresas estão apoiando isto.

Algumas pessoas ainda tem entendimentos diversos sobre o vínculo de

emprego e o contrato de trabalho nestes casos, assim, Nascimento (2011 p. 351)

argumenta que o contrato é a grande categoria jurídica que torna clara a ligação e o

vínculo de emprego. Devido ao poder de autodeterminação dos sujeitos, sofre

necessárias limitações legais para que haja equilíbrio entre os mesmos, no entanto,

esse aspecto não altera a natureza jurídica do contrato de trabalho. Sua

especificidade resulta, entre outros, dos seguintes elementos: é um contrato com

pessoa física, a qual empenha-se com seu trabalho, ao contratá-lo, o empregador

pactua o modo como o trabalho será prestado, sendo uma decisão sua e não do

contratado, e este aceita sujeição em troca de direitos e salário. Menciona a

heteronomia retratada pelas relações contratuais trabalhistas que se diferem aos

demais tipos contratuais no ordenamento jurídico. Considerando sua especificidade

como típica ou atípica. Haja visto que, típicos são os contratos previstos em lei,

aqueles em tempo integral e que tem duração indeterminada em suas diferentes

espécies, concomitantemente entende-se que o contrato de teletrabalho insere-se

nesta categoria jurídica.

Sustentam alguns autores que o vínculo empregatício pode configurar-se a

partir de critérios distintos da subordinação jurídica, como a dependência econômica

ou a alteridade. Porém, também há entendimento de “adaptação da subordinação

jurídica” do teletrabalhador em relação ao credor do trabalho, segundo Barros

(2008). Abordando três fatores em relação à subordinação jurídica apresentada no

teletrabalho, entre os quais: o controle é “facilitado pelos aparelhos de vídeo-

14

01

fiscalização” com capacidade de registros diversos e memória privilegiada, sendo

associada a uma “capacidade de síntese inviável”, à humana, e, “métodos mais

discretos” de controle, senão invisíveis.

É fator de caracterização do vínculo empregatício e do contrato de trabalho,

“a atividade profissional e pessoal de pessoa física para outrem, o que abrangerá

não somente as relações de emprego, mas outras relações jurídicas” como os

contratos embora sob outros títulos, conforme explica Nascimento (2011, p. 390).

Com efeito, o contrato de teletrabalho considera-se típico, segundo provisiona

a lei, são os contratos em tempo integral e duração indeterminada em suas

diferentes espécies. E pressupõe não-eventualidade, haja visto que a atividade

normal do empregador depende de sua prática.

A Legislação brasileira permite a livre estipulação contratual entre as partes

desde que estas não contrariem as disposições de proteção ao trabalho, como

estabelece artigo 444 da CLT:

Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de

livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha

às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes

sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. (BRASIL,

1943)

Entretanto a legislação trabalhista brasileira não exige contrato ou aditivo

contratual em relação ao teletrabalho. Mas a SOBRATT apresenta as seguintes

orientações:

[...] recomenda-se sua adoção, contendo cláusulas que regulem a

relação com, no mínimo, a pessoalidade, a responsabilidade técnica, o

controle de jornada, do descanso semanal, intervalos e repousos, o controle

de presença, a definição dos custos envolvidos a serem pagos pela empresa

(espaço, internet, energia etc), os relatórios exigidos, os equipamentos e

instrumentos a serem utilizados, a observância rigorosa das normas legais

de saúde e segurança e o tempo de trabalho (horários de conexão, controle

via sistema etc). Se houver prática indevida, não prevista, inclusive fora de

horários permitidos, deve-se prever advertências e penalidades a fim de

15

evitar adicionais noturnos, horas extras não combinadas, sobreaviso e

outros.

Da mesma forma, deve ser feita a análise apropriada dos cargos

passíveis de manterem-se em supervisão, controle e comando à distância.

Nesse sentido, recomenda-se a redação de um regulamento interno e do

contrato de trabalho, contendo os parâmetros citados acima. Deve-se

salientar que não há previsão legal que obrigue o envolvimento de sindicatos

nas questões afetas ao teletrabalho, mas cada representação sindical pode

envolver-se na elaboração do regulamento. Consideram-se as seguintes

situações, que podem ser reguladas com os sindicatos: informações sobre

os trabalhadores envolvidos, contatos diretos, acidentes de trabalho,

avaliação do local de trabalho e controle de jornadas. SOBRATT (2013, p.

107)

A teoria majoritária entende que a natureza jurídica do Teletrabalho é

contratual, esta, por sua vez não comporta uma resposta unitária. Sendo assim, a

natureza de um contrato está diretamente ligada ao objeto do contrato. E tudo

dependerá da forma como se realiza a prestação de serviços. (SILVA, 2004)

Ainda sobre o contrato de teletrabalho, assim como todo contrato, o contrato do

teletrabalho deve ser bem elaborado para evitar eventuais discussões. Deverá ter

cláusulas bem definidas, que versem sobre responsabilidade das tarefas, bem como:

definição explicita da execução do serviço; assim como auxílio, orientação,

suprimentos, manutenção e etc; devendo também ser objeto de cláusula no contrato, o

horário de trabalho, colocando que não deverão exceder o limite legal; poderá ainda

constar no contrato a previsão da flexibilidade do horário; assim como pode-se definir

dias para o teletrabalhador executar o trabalho dentro da empresa, para interação de

grupo ou efetivação de outro fim; explicitar o espaço físico a ser considerado “local de

trabalho” em caso de acidentes de trabalho; cláusula da necessidade de

confidencialidade e utilização pessoal, o teletrabalhador deve priorizar sigilo dos dados

como se estivesse no escritório, sendo que terceiros não poderão fazer seus trabalhos;

cabe a empresa disponibilizar programas seguros para evitar invasores; estabelecer

também, cláusula de exclusividade de serviços, guarda dos dados e da obrigação de

não concorrência; cláusula especifica de possibilidade de visitas do encarregado da

empresa ao local de trabalho; Da necessidade ou não de aviso prévio para pedir

16

permissão, sendo que a visita estará restrita ao local efetivo de trabalho; outro fator

importante é a troca do sistema normal de trabalho para adoção do modelo de

Teletrabalho, em regime de teste de adaptação, com cláusula de reversibilidade se o

trabalhador não se adaptar, sem prejuízo das partes; cláusula sobre a

obrigatoriedade de comunicação, da quebra de quaisquer dos mecanismos que são

utilizados para o trabalho a distância; e cláusula para considerar a relatividade dos

custos de manutenção, entre outras. (SILVA, 2004)

Barros (2008, p. 327), faz inferência à alteração contratual, “é possível

mediante acordo entre as partes e desde que não acarrete prejuízo para o

trabalhador”, nos moldes do art. 468 da CLT (BRASIL, 1943):

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração

das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde

que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob

pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Existem alguns exemplos tecnológicos de segurança que a empresa poderá

embutir em seus equipamentos para efetivação do trabalho, constando como

cláusula contratual o tipo de método de controle a ser utilizado:

- Autenticação por leitor biométrico, pelo qual é possível realizar a

autenticação de login/logout por leitura biométrica e durante a jornada

possibilitar re-autenticação em tempos randômicos a fim de certificar que o

colaborador em teletrabalho que está acessando as informações da empresa

seja o autorizado pela companhia.

- Autenticação e gestão por webcam, permitindo autenticar por

reconhecimento facial e, durante a jornada, o gestor poderá acioná-lo por

meio de videoconferência.

- Atendimento e reconhecimento por voz pela tecnologia de

softphone, onde é possível que o colaborador em teletrabalho realize o

atendimento receptivo e ativo, bem como prover autenticação no sistema

por reconhecimento de voz. SOBRATT (2013, p. 110)

17

Por fim, vale ressaltar a necessidade de conhecimento do empregado dos

métodos de controle a serem instalados, considerando as opções de mercado e sua

discrição, muitas vezes invisíveis.

O contrato poderá também estabelecer a troca do controle de atividade por

controle de resultado, sendo que esta situação precisa ser aperfeiçoada, de modo a

não resultar em cerceamento de liberdade do trabalhador.

Alguns acreditam que o teletrabalho criou um segundo modelo de contrato de

trabalho, pois se trata de trabalho que ocorre no domicílio do empregado, tendo

diversas regras diferenciadas, como no caso dos equipamentos, pagamento de

contas de luz e etc.

Neste tipo de trabalho, a tecnologia abre espaço para uma nova forma de

subordinação, onde o empregado fica subordinado ao empregador indiretamente,

criando-se assim a telessubordinação. O trabalho geralmente é realizado fora da

fiscalização direta do empregador, comum em atividades com conhecimentos

especializados, podendo ser em domicílio, onde o empregado pode fazer o horário

que desejar, mostrando uma subordinação menos intensa que pode ser entendida

como “subordinação virtual”. Entretanto, o empregador poderá controlar as

atividades do empregado, pelo computador, seja pelo número de toques, produção,

relatórios, e horários de entrega de sua prestação de serviços. (MARTINS, 2014)

O trabalhador ainda poderá estar em conexão direta e permanente com o

centro de dados da empresa, possibilitando receber instruções do empregador, assim

como este poderá controlar a execução do trabalho e comprovar quantidade e

qualidade das tarefas de forma instantânea. Com a internet é possível até aferir o

tempo de conexão do terminal do empregado, bem como é possível saber quando foi

o último acesso no teclado. Estes registros são viabilizados por um software

aplicativo, ao qual a doutrina faz referência. O programa cerceia a livre iniciativa do

empregado, ou seja, em caso de desrespeitar os procedimentos codificados, o

programa bloqueia as atividades. Visto que o controle poderá estar presente ainda

quando a execução do serviço esteja desconectada. (BARROS, 2008)

Em alguns casos, o empregado recebe ordens por e-mails ou fax,

“derrubando até mesmo as barreiras que separam a vida privada da vida laboral”.

18

1

Neste sentido, Barros (2008) faz referência aos tribunais espanhóis que assimilam a

presença física à virtual, realçando que as novas tecnologias não podem servir de

burla à legislação, ou seja, não poderá implicar retrocesso social de modo a

favorecer a precariedade do emprego.

As ferramentas de trabalho do trabalho flexível ou remoto, como também é

denominado o teletrabalho são os tablets (dispositivos pessoais em formato de

prancheta usado para acesso à Internet, organização pessoal, visualização de fotos,

vídeos, leitura de livros, jornais e revistas e entretenimento), smartphones (telefone

inteligente, em tradução livre, que são telefones móveis com funcionalidades

avançadas, entre as quais a capacidade de conexão com redes de dados para

acesso à internet, a sincronização dos dados do organizador com um computador

pessoal, e uma agenda de contatos que pode utilizar toda a memória disponível do

celular) e laptops (computadores portáteis), geralmente fornecidos pelo empregador.

Argumenta Duarte (2005) que, se a prestação de trabalho em domicílio não

assumir a feição de empreendimento autônomo ou “estabelecimento” familiar, não

haverá dúvidas da existência do contrato de emprego, preenchendo os pressupostos

já tradicionais: subordinação, continuidade, fixação de qualidade e quantidade,

entrega do produto acabado em tempo predeterminado, cumprimento de ordens,

possibilidade de punições e a pessoalidade também indispensável, observa-se que

o fato de haver colaboração minoritária de familiares ou terceiros não a desfigura,

tendo em vista as peculiaridades do caso.

O exame dos elementos caracterizadores da subordinação jurídica, deverá

ser feito em conjunto a fim de revelar o vínculo empregatício, podendo assim resultar

significativo conforme orienta Barros (2008, p. 327). Neste sentido, a doutrina aponta

indicadores relevantes:

A submissão do teletrabalhador a um programa informático

confeccionado pela empresa, que lhe permite dirigir e controlar a atividade

do empregado; o fato de o credor do trabalho ter a faculdade de escolher e

substituir o programa operativo específico, com assunção de riscos;

disponibilidade de tempo em favor do empregador, com a obrigação de

assistir a reuniões ou cursos de treinamento, sob pena de sansão

disciplinar. Outro indício consiste em ser a empresa proprietária dos

19

equipamentos de produção (computador, linha telefônica, fax, impressora,

etc); percebimento de importância fixa pelos serviços prestados; assunção

de gastos pelo credor do trabalho com água, luz, aluguel, estacionamento,

manutenção de equipamentos e outros. A esses indícios acrescente-se a

integração do teletrabalhador na organização empresarial, a qual se

manifesta pelo grau elevado de confiança, e participação na vida da

empresa, dispondo de crachá, de autorização para chamadas telefônicas

externas, código para acesso informativo à empresa, figuração nas listas de

distribuição interna de documentos aos diretórios eletrônicos da empresa ou

aparecimento de sua representação virtual na respectiva página, fatos que

não ocorrem com os profissionais que trabalham como sujeito de um

contrato civil ou mercantil.

Deste modo, para definir a natureza do vínculo existente entre o

teletrabalhador e o empregador, serão necessários os elementos tradicionais e os

típicos do teletrabalho. A subordinação jurídica denominada telessubordinação,

poderá manifestar-se durante a execução do trabalho, ou relação ao resultado.

Menciona-se a substituição do controle da atividade pelo controle do resultado.

(BARROS, 2008)

O empregado receberá comandos “trabalhos a serem executados” dentro

deste meio virtual, sendo controlado e supervisionado, assim, como fará a

apresentação dos resultados do seu trabalho pelo mesmo. Muitas vezes tem horário

para iniciar e terminar, embora esteja em qualquer lugar. Em seu entendimento, a lei

nada modifica, pois, o art. 3º da CLT (BRASIL, 1943) já define o trabalho

subordinado, cuja relação de emprego independe da forma que o empregador

comanda o empregado, seja ao vivo ou por meios telemáticos como no teletrabalho.

A contratação para o trabalho em sistema de teletrabalho, considerando suas

peculiaridades e situações próprias, passíveis de construção jurisprudencial, é

prudente estabelecer contrato de acordo com a redação do art. 6º da CLT (BRASIL,

1943), que dá autenticidade oficial à relação de emprego se presentes todos os

elementos de sua caracterização. Como sugestão contratual, pode-se mencionar as

vantagens deste tipo de contratação, que servirão de elemento importante para

análise de ocorrências contratuais inesperadas.

20

Deste modo, elenca-se a economia e a praticidade para ambas as partes,

considerando a desnecessidade de deslocamento à empresa, que em contrapartida

repercute maior organização pessoal, ensejando eficiência e produtividade. Em

relação à estrutura da empresa, torna-se menos onerosa ao empregador. O

trabalhador ampliará a convivência familiar e aumentará sua liberdade laboral de

modo a permitir a multiplicidade de atividades, podendo dedicar-se a outras fontes

de renda compatíveis e não colidentes com o trabalho exercido. (LIMA, 2012)

O teletrabalho também pode ser executado de forma autônoma (por conta

própria e risco do trabalhador), o que afasta a incidência dos direitos trabalhistas

para o prestador de serviços que laborar desta maneira. Por sua vez, é importante

frisar que a relação de emprego entre o teletrabalhador empregado e o empregador,

não obstante suas peculiaridades, fundamenta-se nos mesmos elementos da

concepção clássica da relação de emprego contidos nos arts. 2°, 3°(pessoalidade,

habitualidade, subordinação e onerosidade) combinados com o art. 6° da CLT

(prestação dos serviços fora do estabelecimento do empregador) (PAIVA, 2010;

ESTRADA, 2010).

A subordinação entre o empregado e o empregador no direito do trabalho

possui várias nuances. No contrato de trabalho entre o teletrabalhador empregado e

o empregador ela é mitigada e manifesta-se de forma diferente da sua concepção

clássica porque a atividade do prestador é descentralizada do processo produtivo do

tomador e se desenvolve longe dos seus olhos.

Em referência ao disciplinamento escrito e repousos durante a prestação de

serviço, a recomendação que se destaca, é que o trabalhador não estará sujeito a

cumprimento de jornada, mesmo vinculado a comandos remotos advindos do

empregador, este não será objeto de controle e fiscalização. Observar que não haverá

registro das horas de trabalho efetuadas, atendendo a sua natureza externa, não

passível de fiscalização.

Priorizar a liberdade do trabalhador em repousar e alimentar-se, sendo

necessário o mínimo de onze horas de repouso entre os expedientes de trabalho e em

caso de afastamentos, ficará a critério do trabalhador o tempo necessário, desde que

sejam cumpridas suas obrigações em tempo eficiente para preservar sua saúde e

21

7

higidez física. No entanto, nada impede uma estrutura contratual de teletrabalho que

distribua autonomamente, sem prejuízos, a jornada que eleger mais adequada, para

atendimento dos serviços a serem prestados.

A SOBRATT define que, o perfil do teletrabalhador é muito importante: “o

teletrabalho não é para qualquer um, nem para qualquer chefe”. Assim, entende-se

que o sucesso do trabalho a distância, depende muito da escolha do perfil

psicológico e profissional do teletrabalhador, e de seus supervisores. Seja qual for a

situação, se faz necessário identificar se o profissional tem o perfil adequado para

aderir ao programa. Embora as exigências variem de acordo com a empresa e o

segmento, algumas características básicas são consideradas essenciais para estes

profissionais, como:

Gostar de trabalhar sozinho; autoconhecimento; empreendedorismo

na busca alternativas; instrução e cultura; maturidade profissional e pessoal;

perseverança; disciplina, organização e estilo sistemático; organização,

administração do tempo e capacidade de planejamento; capacidade de agir

de modo autônomo frente a imprevistos; comunicação clara e objetiva;

compromisso e lealdade para com a empresa; ética e confiabilidade já

comprovada em situações passadas; competência; flexibilidade e

capacidade de adaptação; concentração e foco nos resultados; equilíbrio;

automotivação; resiliência; familiaridade com as TICs; não possua histórico

de doenças emocionais como, depressão, síndrome do pânico, transtornos

de humor; capacidade para separar problemas pessoais dos profissionais.

(SOBRATT, 2013)

Costa (2014 apud GAUTHIER e DORIN, 1996, p.32) apresenta os seguintes

critérios de seleção para os teletrabalhadores:

Flexível, confiável, capacidade de adaptação, autodisciplinado,

confiante, bom senso, independente, capaz de trabalhar sem supervisão e

sem pressão hierárquica, boa aptidão para a comunicação, bem organizado,

boa gestão do tempo, eficácia para solucionar problemas, autonomia, saber

trabalhar em equipe, experiência no trabalho, vários anos de experiência na

organização, espaço na residência para o escritório, cuidados convenientes

para as crianças e pessoas idosas, possuir amigos fora do trabalho, família

solidária, desejo e razão para iniciar o teletrabalho.

22

Assim podemos verificar que o teletrabalho não é para qualquer pessoa e que

este teletrabalhador precisa ter um preparo e saber conciliar muito bem o seu

trabalho com as horas com a família e de lazer, para não se confundirem no horário

de trabalho, proporcionando assim maior efetividade em seu trabalho como maior

desempenho também, tanto para a empresa como para o teletrabalhador.

23

9

5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO TELETRABALHO

Assim como todo e qualquer trabalho essa modalidade de trabalho a distância

tem suas vantagens e desvantagens que vamos elencar a seguir neste trabalho.

Há vantagens advindas com o teletrabalho e estas atingem tanto o

empregado quanto o empregador. Evitar os deslocamentos, aumento de

produtividade, redução de custos e formação de novos campos de trabalho. Por

outro lado, como alertam MARTINS(2010), ESTRADA(2011) e FINCATO(2011), há

também desvantagens. Para o empregado, as desvantagens mais apontadas foram

o isolamento social, no qual o ele deixa de ter interação dentro da empresa e de

conviver com os colegas e superiores; bem como as reduzidas oportunidades de

carreira ou até mesmo sua ausência; para os empregadores, são citadas a falta de

lealdade dos teletrabalhadores com a empresa; a falta de legislação; as objeções

feitas pelos sindicatos a esta forma de trabalho e a forte dependência da tecnologia.

Diante disso, a SOBRATT (2013, p. 72), menciona que “o teletrabalho atende às

necessidades e exigências de um mundo empresarial pautado na eficiência e no

lucro”, sem dissociar prioridades como a competividade de mercado e as reduções de

espaço e custos, compartilhando benefícios e contribuindo com a sustentabilidade

econômica, ambiental e social. Atitudes estas consideradas estratégias essenciais na

atualidade, visto o crescimento exacerbado da humanidade e o consumo ilimitado em

meio aos riscos de deficiência das reservas naturais, procurando atender as

necessidades presentes sem comprometer garantias às gerações futuras.

5.1. Vantagens

Para a empresa há redução de custos, pois pode eximir vale transporte,

despesas com as instalações como água, energia, aluguel, telefone, higienização,

móveis, dentre outros; ponto essencial é a produtividade porque quando labora fora

24

do ambiente da empresa, o teletrabalhador exerce suas funções com maior

motivação, pelo fato de não estar no mesmo local que seus chefes.

O teletrabalho recupera e valoriza a melhor parte do artesanato e da indústria,

e que permite retorno às pequenas unidades produtivas ou mesmo ao trabalho em

casa. No artesanato, as oficinas eram separadas umas das outras, ao contrário do

momento atual em que cada unidade produtiva é ligada às outras por via telemática,

pois as matérias-primas não são materiais, mas imateriais.

Segundo a SOBRATT, os benefícios podem ser delineados como financeiros,

econômicos e redutores do absenteísmo e rotatividade de pessoal para as empresas.

É comprovada a melhora da continuidade das operações, redução de custos diversos

e melhores resultados no trabalho. A experiência das empresas demonstra que o

teletrabalho, representa muitas vantagens face a algumas desvantagens. Em

princípio, pode ocorrer redução dos custos tradicionais, tais como aluguéis, consumo

de energia elétrica, gás e água, vales-transporte, auxílio-combustível e

estacionamento. Em contrapartida, influi na redução da quantidade de pessoas

transitando pelas ruas, contribui para a diminuição dos acidentes de trânsito, dos

acidentes de trabalho, colabora com a questão ambiental, entre outros. E um ponto

interessante é o respeito e fidelidade do trabalhador diante da confiança conferida

pela empresa ao lhe proporcionar a oportunidade de trabalhar na segurança e

aconchego do lar, priorizando sua qualidade de vida. (SOBRATT, 2013)

Observa-se que na contratação de um teletrabalhador há flexibilidade, já que

sua admissão pode ocorrer, e não haver contato pessoal do responsável pela

empresa e o empregado. Desta forma, admite-se que empresas internacionais

contratem um teletrabalhador, já que o serviço deve ser realizado através de

equipamento tecnológico fornecido pela empresa.

A produtividade do teletrabalhador se sobressai sobre todas as vantagens,

posto que redobrará seus esforços para atingir determinada meta, pois somente

assim conseguirá obter o seu salário, já que geralmente não labora por hora ou dia,

mas sim por produtividade.

Para o teletrabalhador há diversas vantagens, dentre elas, mais tempo para

dedicar-se à família, tendo em vista que o labor será realizado no próprio domicílio

25

ou em local mais próximo a sua residência; o que aumenta a convivência com seus

filhos, esposo, esposa e outros familiares.

Outro fator importante é a redução dos gastos com deslocamento realizado

diariamente para a empresa, seja por automóvel próprio, ônibus ou metrô. Mesmo

sendo escritório mais próximo da residência do teletrabalhador, há redução de

gastos e tempo e isso faz com que o empregado trabalhe por mais tempo pois

também gastará menos tempo se locomovendo para o trabalho.

É importante destacar os riscos que traz para o teletrabalhador enfrentar

diariamente o trânsito para locomover-se até a empresa. Se o mesmo for trabalhar

com o seu próprio carro, além dos gastos com combustível e manutenção, possui

diversos riscos inerentes como: colisões, furtos, roubos, além do cansaço e estresse

que o trânsito causa para o motorista, além de não correr o risco de sofrer um

acidente de trabalho, o que também é muito bom para a empresa, que não terá

gastos adicionais caso isso ocorra.

Muitos obreiros enfrentam diariamente ônibus ou metrô para conseguirem se

deslocar até o lugar do labor e vivenciam o caos social da superlotação dos meios

públicos de transporte, o que causa maior estresse ao trabalhador depois de um

longo dia de jornada.

A introdução do teletrabalho na prática laborativa da empresa, requer

planejamento, assim como análise das atividades propostas à prática desta

modalidade de modo a efetivar os objetivos organizacionais anteriormente citados.

Estas normatizações em caráter geral, bem como adequações do contrato de

trabalho são medidas que possibilitam base documental que a sustente. O

teletrabalho conforme estabelece o art. 6º da CLT (BRASIL, 1943), não distingue o

trabalho realizado no estabelecimento do empregador do executado no domicílio do

empregado ou o realizado a distância desde que esteja caracterizada a relação de

emprego. Visto que, em relação ao domicílio, entende-se como o local de prestação

do serviço e o vínculo empregatício é caracterizado pela subordinação, em que pese

o parágrafo único do mesmo artigo fazer relação à subordinação jurídica através dos

meios telemáticos e informatizados de comando. Neste sentido, evidencia-se que a

efetivação do teletrabalho é substancialmente concreta, a partir de que há

26

0

argumentos capazes de produzir efeitos, que podem ser positivos ou negativos.

Sendo que efetividade não se confunde com eficiência ou eficácia.

Para tanto são imprescindíveis os cuidados na implantação dessa modalidade

de prestação de serviços, cujas vantagens podem ser enumeradas e incontestáveis,

bem como, acrescentam-se as possíveis desvantagens, cujas acepções serão

elencadas em momento posterior no decorrer da contextualização deste trabalho.

Considerando que certas características do teletrabalho, como a flexibilidade

de horário, a ausência física do empregador, a desconcentração ou o tipo de

trabalho realizado ainda ocasionam confusão com o trabalho autônomo.

Neste contexto, transcreve-se a justificativa apresentada ao Congresso

Nacional por Eduardo Valverde, autor do Projeto de Lei que deu origem a lei

12.551/2011:

A revolução tecnológica e as transformações do mundo do trabalho exigem

permanentes transformações da ordem jurídica com o intuito de apreender a

realidade mutável. O tradicional comando direto entre o empregador ou seu preposto

e o empregado, hoje cede lugar, ao comando à distância, mediante o uso de meios

telemáticos, em que o empregado sequer sabe quem é o emissor da ordem de

comando e controle. O teletrabalho é realidade para muitos trabalhadores, sem que

a distância e o desconhecimento do emissor da ordem de comando e supervisão,

retire ou diminua a subordinação jurídica da relação de trabalho. (PL 3129/2004)

Nessa ótica, Alvarenga (2014, p.9) destaca: “a inovação legislativa teve a

finalidade de atribuir à atividade prestada pelo teletrabalhador o status de legítima

relação de emprego”. Assim, o teletrabalho não se distingue de outras modalidades

se presentes os requisitos da relação empregatícia.

O teletrabalhador possuirá ainda o poder de administração do seu tempo, não

tendo obstrução de registro de horário ou de cartões de pontos, possibilitando maior

flexibilidade entre labor e deveres diários com a família e amigos e lazer.

Outra vantagem social muito relevante é a inclusão de pessoas com

deficiência. O teletrabalho pode ser uma solução para as empresas que atuam com

27

mais de 100 (cem) funcionários, pois estas empresas precisam contratar

determinado percentual de funcionários com necessidades especiais

Considerando que o maior problema deste tipo de contratação é a falta de

acessibilidade às vagas, fator determinante para seu preenchimento. Segundo

informações constantes das empresas, não há candidatos em número suficiente, e

menos ainda para as vagas que exigem algum tipo de qualificação. Concluem as

empresas que não há interesse pelas vagas, mas precisam provar estas alegações.

Em relação às vantagens conexas à empresa, ao trabalhador e a sociedade,

Duarte (2005, p. 2) pontua prioritariamente as seguintes considerações:

“Diminuição do stress; aumento do bem-estar; maior disponibilidade

para a família; diminuição de despesas com vestuário, alimentação,

transporte; controle do próprio ritmo pessoal e de trabalho; aumento da

produtividade; ausência de competição; menor número de interrupções no

trabalho; menor número de afastamento por problemas de saúde; menor

rotatividade de pessoal; maior capacidade de concentração; autodisciplina e

organização pessoal; e maior tempo livre. Geração de empregos virtuais;

diminuição no congestionamento nas cidades; redução da poluição do ar;

redução do consumo de combustível e energia; maior utilização de mão-de-

obra de deficientes físicos; maior utilização de mão-de-obra incapacitada

temporariamente.”

Segundo um estudo da Global EvolvingWorkforce – Força de Trabalho em

Evolução – ouviu-se 5000 profissionais de empresas de 12 países, sendo 10% do

Brasil. O resultado constatou que entre os trabalhadores brasileiros que optam pelo

“home office”, 49% sentem menos estresse, 45% dirigem menos, 33% dormem mais

e 52% conseguem dedicar mais tempo para a família. Os dados estão disponíveis

no site da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (SOBRATT).

5.2. Desvantagens

28

7

O Teletrabalho também apresenta malefícios/desvantagens, tanto para o

empregado como para a empresa, conforme será abordado a seguir.

Caso a empresa resolva fazer a implantação do teletrabalho isso impactará

em todos, tanto na empresa como em seus empregados que terão que se habituar a

nova forma de trabalho imposta pela empresa, o que naturalmente não é uma coisa

fácil. Para uma empresa que conta com a rotina habitual de seus trabalhadores,

chegam diariamente à empresa, registram o ponto, mantém diálogos e trocam

experiências - mudar repentinamente o sistema para o teletrabalho, poderá causar

certa dificuldade no início quanto à adaptação desta forma de gestão. Além de haver

o risco de queda de produção, pois todos colaboradores da empresa precisam

adaptar-se ao novo sistema, onde muitos terão facilidade e outros não.

As empresas encontram grande dificuldade no que tange à legislação que

regulamenta o teletrabalho no Brasil, mas já existem diversos itens que modernizam

o sistema de trabalho, hoje regulado pela CLT.

Outra desvantagem que sempre foi preocupação nesta modalidade é a

vulnerabilidade das informações da empresa, sendo que uma medida de segurança

possível nesse sentido, é permitir acesso a dados sensíveis somente na própria

empresa, para evitar fraudes e roubo de informações por parte de seus próprios

empregados.

Segundo a SOBRATT (2013), o apontamento referencial nas desvantagens

do teletrabalho é a questão dos riscos ocupacionais, vistos como obstáculo, que

precedem a implantação dessa modalidade nas corporações. As discussões

referem-se ao ambiente de realização do trabalho à distância, que não difere em

nada de qualquer outro trabalho, no que se refere a higiene e segurança dos

trabalhadores. As medidas de prevenção e correção de fatores de risco previstas à

empresa são as mesmas ao teletrabalhador.

O teletrabalhador também passa por algumas dificuldades, tais como, o

distanciamento de outros funcionários da empresa, prejudicando o diálogo e a

amizade que fazem parte da convivência humana. O distanciamento faz com que a

troca de experiências entre eles extermine, já que não terão contato físico para

conversarem sobre determinado problema ou dificuldade encontrada no serviço.

29

Isso faz com que muitas empresas adotem um tipo de teletrabalho por apenas

3 a 4 dias na semana, obrigando o teletrabalhador a ir pelo menos um dia da

semana a empresa para que possa fazer essa socialização com seus colegas de

trabalho, para que não ocorra esse tipo de rejeição ou exclusão do ambiente de

trabalho, e caso seja necessário que tenha um acompanhamento psicológico.

A SOBRATT também fala do assunto: Entre as dificuldades percebidas, a

questão da saúde é essencial, pois as consequências negativas poderão refletir nos

resultados do trabalho. Deste modo, o treinamento prévio deverá enfatizar esse

aspecto, fazer alertas e sugerir atividades físicas que no mínimo interfiram no

comodismo e sedentarismo mórbido resultantes da atividade.

Ponto importante é o teletrabalhador saber gerenciar e administrar o seu

tempo, já que muitos estão laborando em seus lares e isto pode dificultar sua

produtividade, cabendo a ele saber o horário correto de iniciar suas atividades

trabalhistas e seus compromissos particulares; outro ponto interessante é a questão

de saber administrar o horário de acordar, intervalos e o término das atividades.

Boa parte das relações trabalhistas de teletrabalho é realizada na casa do

empregado, sendo minoria os outros modos, e assim, dificulta ao teletrabalhador

saber diferenciar o seu ambiente doméstico do seu posto individual de trabalho.

Destaca-se a redução do tempo de contato com o empregador, que se resume em

listar deveres, objetivos e formas de planejamento.

Além da organização e limpeza do local onde a atividade laborativa é

executada, que pressupõem condições seguras e institui prevenções diversas, a

SOBRATT (2013) apresenta recomendações que incluem: eletricidade, e instalações

elétricas da casa em boas condições. Desconectar os equipamentos quando

necessário. Evitar o uso de extensões duvidosas sem aterramento. A fiação deve ser

devidamente organizada e sem riscos. Extintor de emergência para o caso de

incêndio. Projeto ergonômico previsto pela NBR 17 e níveis de iluminação

estabelecidos pela NBR 5413, da ABNT (registradas no INMETRO), preferencialmente

de acordo com os seguintes requisitos:

- Iluminação: 500 Lux

- Níveis de ruído: Máximo 65 DB(A);

30

- Temperatura do ambiente: 20/23ºC;

- Umidade relativa do ar: não inferior a 40%;

- Velocidade do ar não superior à 0,75 m/s;

- Cadeira com características ergonômicas (NR-17);

- Mesa com bordas arredondadas (sem quinas) e dimensões de

profundidade e altura ergonômica;

- Posicionamento do micro-computador de forma ergonômica

Há ainda a questão da energia consumida, manutenção do sistema e

possíveis visitas que o empregador fará à residência do teletrabalhador. Os gastos

com energia ficarão a cargo do teletrabalhador; nos casos de manutenção do

sistema, o teletrabalhador deverá acolher o técnico em sua residência, privando-o da

autonomia e liberdade que possui em seu lar; quanto às visitas à casa do

teletrabalhador, elas serão feitas pelo empregador ou gerente da empresa com o

objetivo de analisar o local de trabalho, verificar se há dúvidas ou problemas a

serem sanados, recaindo na perda de autonomia e liberdade no asilo inviolável do

indivíduo.

A Lei ampliou o alcance do artigo 6º aos trabalhadores à distância,

equiparando os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e

supervisão aos meios pessoais e diretos; configurando aqueles, também, forma de

subordinação. Porém, entende-se que existe uma necessidade de inserção

adequada desta modalidade na legislação, ou seja, deverá especificar diretamente o

teletrabalho, tendo em vista suas inúmeras peculiaridades.

Com tudo que foi explanado sobre as vantagens e desvantagens do

teletrabalho, podemos analisar que suas vantagens são maiores que as

desvantagens, motivo este que diversas empresas já aderiram ao teletrabalho e

mais ainda estão para aderir, principalmente empresas de telemarketing,

obviamente que tendo todos os cuidados necessários para tal implementação e

adequação deste teletrabalhador para realizar seu trabalho em seu domicílio sem

qualquer dificuldade ou problema que possa afetar a ele ou a sua família.

31

5

6 ÍNDICES SOBRE O TELETRABALHO

O Teletrabalho só vem crescendo cada vez mais no Brasil e para isso

podemos verificar alguns números disponíveis no site da SOBRATT que informam

que 68% é o percentual de empresas brasileiras que praticam o teletrabalho, em

suas diferentes modalidades, o que é um número pequeno se compararmos com

outros países como Estados Unidos (85%), Canadá (85%), França e Alemanha

(77%).

É o que mostrou a pesquisa Home Office Brasil edição 2016, feita com 325

empresas de diferentes segmentos e portes, de diversas regiões do país. O

interesse por parte das empresas também aumentou, o que reflete em um

crescimento de 47% no número de participantes, em relação à primeira edição.

Os números apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) mostram que 30 milhões de brasileiros trabalham em casa, consolidando um

movimento que começou com empresas de tecnologia e hoje é condensado por

diferentes profissionais de diversos segmentos da economia. (SILVA, 2013)

Estima-se que entre 150 e 200 milhões de pessoas pratiquem o teletrabalho

ao redor do mundo e que esse número dobre até 2030. (SOBRATT, 2013)

São Paulo é uma cidade composta por 645 municípios, sendo que destas

segundo o último Censo, 1,5 milhão de paulistanos - ou 27% dos que têm emprego -

trabalham no mesmo local onde vivem. Segundo especialistas, esse contingente

ajuda a criar empregos perto de áreas residenciais, o que reduz engarrafamentos e

estimula o comércio local. (AGENCIA ESTADO, 2013)

De acordo com um levantamento apresentado pelo jornal O GLOBO em

novembro de 2014, o número de micro e pequenas empresas mais que dobrou nos

últimos sete anos. (GLOBO, 2014)

32

Cabe mencionar que as Micro e Pequenas empresas correspondem a mais

de 90% das empresas brasileiras, e empregam cerca de 60% das pessoas

economicamente ativas do País. São elementos essenciais para a economia

brasileira, e constantemente são beneficiadas com políticas específicas para facilitar

sua sobrevivência, como, é o caso da Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas,

que criou facilidades tributárias como o Super Simples. (IBGE, 2006)

Outro ponto relevante nesta tendência é que, mesmo com aumento do

número de empresas participantes na segunda edição, a proporcionalidade das

empresas praticantes e não praticantes acompanhou o crescimento, mantendo o

índice de 37% de empresas que adotam a prática da modalidade de Home Office.

Em relação ao empreendedorismo brasileiro, a partir de pesquisas realizadas,

o Sebrae Nacional (2014) demonstra que dos 3,5 milhões de microempreendedores

individuais (MEI), 48,6% trabalham em Home Office, ou seja, 1,7 milhão opta por

manter o empreendimento no domicílio. (BRASIL, 2014)

Além disso, Nascimento (2011, p. 353) conclui que “as microempresas são as

que mais utilizam do teletrabalho. Já são 10,6 milhões de teletrabalhadores no País

– em 2001 eram apenas 500 mil”, ou seja, em 10 anos teve um crescimento

absurdo, hoje em dia esse número está muito maior, não parando de crescer.

Assim, considera-se que independentemente do porte da empresa, a

modalidade de trabalho exige disciplina e assertividade, vez que desmistificada a

prática inovadora, vislumbram-se inúmeras vantagens, como iniciar com baixo custo

de investimento e risco mínimo.

33

7 DIREITO COMPARADO: O TELETRABALHO NA AMÉRICA LATINA

Como foi visto no capítulo anterior, o teletrabalho vem crescendo muito

durante os últimos anos no Brasil, mas devemos analisar também outros países e

como o teletrabalho vem se desenvolvendo no mundo.

Iremos analisar os países da América Latina, e primeiramente podemos

verificar que, segundo a Academia Internacional de Teletrabalho, o país da América

Latina que mais tem Teletrabalhadores é o Brasil, com um número impressionante

de 7,5 milhões, em segundo vem o México, com 2,6 milhões, e em terceiro a

Argentina, com 2 milhões de Teletrabalhadores.

Além destes três, ainda temos alguns outros países com números mais

baixos de Teletrabalhadores, como a Colômbia, a Costa Rica e o Chile.

No caso da Argentina, foi solicitado pela universidade de Buenos Aires, no

ano de 2001 que fosse formada uma Comissão de Teletrabalho com o objetivo de

estudar se era necessária uma regulamentação normativa a respeito dos

teletrabalhadores que não são autônomos, ou seja, dependentes.

Esta comissão acabou sendo criada no ano de 2003, apresentando seu

primeiro projeto de lei de teletrabalho no ano de 2007.

Apesar disto a Argentina não tem uma lei nacional específica sobre

teletrabalho, tendo sido apresentados 7 projetos de lei entre o ano de 2007 e 2014,

já a nível provincial em 2013 foi sancionado a Lei 2861 de Promoção e Difusão do

Teletrabalho, além de ter sido emitidas várias resoluções e ter sido elaborado o

Manual de boas práticas de saúde e segurança no Teletrabalho.

Segundo a Academia Internacional de Teletrabalho, a Bolívia tem um avanço

grande no que tange a proteção do empregado, sendo hoje uma das leis mais

34

protetoras da América Latina, e apesar de todo o estudado não se encontra nenhum

foco referente ao Teletrabalho em sua legislação, isto significa que não tem sido

uma preocupação para eles, por quê na Bolívia a Tecnologia não está tão ampla

como nos outros países, não tendo a possibilidade de chegar a todas as pessoas.

Apesar disto, a lei nº 164 de 2011, lei Geral de Telecomunicações,

tecnologias de informação e comunicação é um passo muito importante para o

avanço do teletrabalho neste país, pois promove o uso das tecnologias de

informação e comunicação para melhorar as condições de vida das pessoas.

No país do Chile existem diversas experiências de implementação do

teletrabalho tanto de organizações públicas como de privadas, o Instituto Nacional

de Propriedad Intelectual (Inapi) foi a primeira instituição do Estado a implementar o

Teletrabalho Público, com o objetivo de aumentar a produtividade e a qualidade dos

serviços, o projeto permite eximir o controle de horário da jornada de trabalho de até

10% da cotação máxima dos empregados.

A implantação do teletrabalho deverá ocorrer nos anos de 2017 e 2018 e

consiste em quatro dias de teletrabalho e um dia de trabalho na instituição Inapi,

sendo que os teletrabalhadores continuam sendo funcionários públicos com os

mesmo direitos e deveres de quem não é teletrabalhador.

A promoção do teletrabalho tem sido mencionada em diversos programas

presidenciais desde 2005 a 2009, de qualquer jeito faz um bom tempo que tem tido

projetos de lei sobre teletrabalho e trabalho a distância.

O reconhecimento do teletrabalho se deu mediante a lei nº 19.759 do ano de

2001, que modificou o Código de Trabalho no que concerne as modalidades de

contratação, modificando o artigo 22 que dispõem que serão excluídos da limitação

de jornada os trabalhadores contratados para prestarem serviços preferencialmente

fora do lugar de funcionamento da empresa, mediante a utilização de meios

informáticos e de telecomunicações, não dizendo expressamente sobre teletrabalho,

mas podendo ser aplicado por se entender que o teletrabalho é o serviço prestado

preferencialmente fora do local da empresa através de meios tecnológicos, como

expresso na lei.

35

Apesar disto a aplicação do teletrabalho é complicada pois tinha que ter uma

regulamentação mais completa, pois tem muito debates doutrinários sobre a

natureza jurídica do teletrabalho e da existência ou não de vínculo de subordinação

e dependência.

Graças a Reforma Trabalhista de 2016 no atual código do trabalho do Chile, o

teletrabalho foi reconhecido, podendo os trabalhadores interessados e desde que

cumpram certos requisitos acordar com seus empregadores a possibilidade de

realizar parte das suas funções fora do lugar habitual de trabalho, permitindo que

tanto os sindicatos como o próprio trabalhador solicite ao seu empregador a

mudança para o teletrabalho.

Apesar disto tudo o Chile tem apenas 500 mil Teletrabalhadores, segundo a

Academia Internacional de Teletrabalho, mas é de se esperar que o teletrabalho

acelere o nível de crescimento no país, permitindo a inclusão no trabalho de

empregadores de diversos tipos.

No caso da Colômbia desde o ano de 2012 o Ministério de Tecnologias da

Informação e das Comunicações e o Ministério do Trabalho se uniram para

promover o Teletrabalho no país.

Segundo a Lei nº 1221 de 2008 (Decreto nº 0884 de 2014) o teletrabalho esta

regulado na Colômbia, como uma forma de organização laboral que consiste no

desempenho de atividades remuneradas que utiliza como suporte as tecnologias da

informação e comunicação para o contato entre trabalhador e empresa sem requerer

a presença física do empregado em lugar específico de trabalho.

Assim foi estabelecido três modalidades de teletrabalho segundo a Academia

Internacional de Teletrabalho:

Teletrabalho Suplementário: são trabalhadores com contrato laboral

que alternam suas tarefas em distintos dias da semana entre a empresa e

um local fora dela usando as Tecnologias da Informação para o seu

cumprimento, efetuando o teletrabalho ao menos 2 dias da semana.

Teletrabalho Autônomo: São trabalhadores independentes ou

empregados que usam a tecnologia da informação para fazer suas tarefas

em qualquer lugar escolhido por ele.

36

Teletrabalho Móvel: Trabalhadores que utilizam dispositivos móveis

para executar suas tarefas, pois seu trabalho permite ausentar-se com

frequência da empresa, não tendo assim um lugar definido para executar

suas tarefas.

A Colômbia se tornou uma referência em teletrabalho na América Latina pelo

seu marco normativo exclusivo sobre teletrabalho e porque desde 2012 vem

realizando a cada dois anos um estudo de penetração e percepção desta

modalidade no país para avaliar o impacto do teletrabalho.

De acordo com este estudo de penetração e percepção realizado em 2016 o

número de teletrabalhadores foi triplicado, passando de 31.553 a 95.439 em 2016.

Já na Costa Rica podemos verificar algumas instituições que surgiram e os

eventos feitos desde 2006, mas apenas em 2012 foi realizado o Congresso

Internacional de Teletrabalho (Telework Costa Rica), organizado pela Academia

Internacional de Teletrabalho (ITA) com participação de pessoas do mundo todo.

Posteriormente em 2017 o Centro Internacional do Teletrabalho (CIDTT)

juntamente com o Ministério do Trabalho e Segurança Social elaborou um informe

do Estado do Teletrabalho na Costa Rica, publicação que integra e analisa uma

série de variáveis desde diferentes perspectivas e a elaboração de política pública

sobre isto.

Quanto a sua legislação em 2008 foi emitido um Decreto nº 34704 com o

propósito de generalizar a prática do teletrabalho a todo setor público com a criação

de uma Comissão Técnica que teve como objetivo orientar e facilitar a

implementação do teletrabalho.

Após isto, em 2013 e 2015 novos decretos foram criados sobre teletrabalho,

que apoiam a modernização do trabalho e a promoção do teletrabalho na sociedade.

O CIDTT com o apoio da Comissão Nacional do Teletrabalho apresentou a

Assembleia Legislativa o projeto de Lei de Teletrabalho nº 18.549, através do direito

comparado de outros países, com o enfoque de favorecer a inclusão no mercado de

trabalho diferentes grupos sociais, incluindo o uso de tecnologias digitais para fins

laborais.

37

Hoje em dia, tem 37 Instituições Públicas que aplicam o teletrabalho no país,

assim como nas empresas privadas, nacionais, como internacionais, tem promovido

a prática do teletrabalho com apoio da OIT e sindicatos de diferentes grupos,

Contando hoje com cerca de 20mil teletrabalhadores no país.

O Teletrabalho no Equador tem revolucionado e vem aumentando desde o

acesso da tecnologia, com o crescimento da conectividade por fibra ótica para cerca

de 90% da população.

Em 2015, desde sua Assembleia Nacional, ocorreram diversas tentativas para

estabelecer uma normativa que permita influenciar os empresários para que

contratem a modalidade de trabalho a distância ou em casa.

Após diversas tentativas, foi estabelecida a Normativa nº 190 que foca

unicamente nas pessoas que já possuem um trabalho e que façam este de maneira

flexível e a distância, mas apesar disto o Equador ainda tem muito o que evoluir em

questão do Teletrabalho, devendo este ser regido por normas mais específicas.

No México, como já visto anteriormente, temos um grande número de

teletrabalhadores no país, ficando somente atrás do Brasil, pois para eles aplicar o

Home Office representou um aumento na produtividade de cerca de 28% para as

empresas, ao diminuir o tempo do translado em até 5 horas.

No interior do país as estratégias de teletrabalho obedecem principalmente a

poder efetuar remotamente negócios administrativos nas oficinas corporativas que

se encontram nas principais zonas metropolitanas do México e em outros países; no

desenvolvimento do software; na gestão de infraestrutura tecnológica; nos

provedores de serviços; nas mesas de suporte a usuários; na educação, saúde e

serviços financeiros e no desenvolvimento tecnológico.

No México, o teletrabalho tem 4 modalidades segundo a Academia

Internacional de Teletrabalho (ITA):

Trabalho Parcial: onde se trabalha menos horas que uma jornada

normal de trabalho.

Trabalho Compartilhado: onde o trabalho projetado para uma pessoa

é compartilhado por duas ou mais pessoas.

38

Trabalho de Casa: neste caso o empregado trabalha fora da

empresa, em sua residência.

Trabalho Comprimido: são comprimidas as horas que compõem a

jornada de trabalho semanal em menos dias.

Em 2015 foi incluído uma Lei Federal do Trabalho aspectos do teletrabalho

onde lá o nome correto seria trabalho em domicílio, que segundo o Título 6, Capítulo

XII da Lei, o seu conceito é versado sobre executar habitualmente para um

empregador um trabalho, em domicílio do empregado ou em local livremente

escolhido por ele, sem vigilância ou direção imediata do seu empregador, no caso

esta atividade será realizada a distância e se utilizarão tecnologias da informação e

comunicação.

É mostrado também na mesma Lei o que se constitui trabalho em domicílio,

sendo este o trabalho no qual o empregador venda matérias primas ou objetos a um

trabalhador para que este os transforme ou confeccione em seu domicílio e

posteriormente, os venda ao mesmo empregador, ou qualquer outro trabalho ou

operação semelhante.

Estipula também que o trabalhador em domicílio é a pessoa que trabalha

pessoalmente ou com a ajuda de membros da família para um empregador, além de

caracterizar, também, o empregador, mostrando que são pessoas que dão o

trabalho a domicílio, administrando os materiais de trabalho a qualquer forma de

remuneração para seus empregados, além de terem que se inscrever previamente

no Registro de Empregadores do Trabalho a Domicílio que fará a inspeção do

trabalho.

As condições de trabalho serão estipuladas por contrato escrito, e cada uma

das partes terá uma cópia deste contrato, e uma cópia deverá ser entregue na

inspeção do trabalho.

Além de que o trabalhador em domicílio não poderá ter salário menor do que

ganham os trabalhadores semelhantes na empresa em que labora, tendo além disto,

o direito a salário de descanso obrigatório, férias anuais, e tudo que a Lei estipula, e

nos contratos coletivos de trabalho também.

39

As empresas que quiserem aderir ao teletrabalho no México deverão

considerar todas as normas estipuladas por eles, incluindo os registros necessários,

apesar disto, o empregador deverá contar com a tecnologia de informação e

comunicação desenvolvida na área do domicílio do seu empregado, uma vez que

nem todas as áreas do México tem alcance tecnológico em sua totalidade.

O México tem um marco normativo relacionado ao teletrabalho, as vezes até

mais específico que o do Brasil, mas que muitas vezes é desconhecido por muitas

das instituições e organizações do país, talvez pelo fato de pensar em perder o

controle sobre seus empregados, ou o investimento nas tecnologias de informação e

comunicação no domicílio do empregado, ou a atualização de seus processos

internos e sua cultura organizacional, são fatores que detém as empresas a adentrar

o teletrabalho.

Por fim, após todo o exposto sobre diversos países e suas legislações e

eventos criados para o teletrabalho, sua evolução tecnológica e de comunicação,

podemos concluir que o Brasil está indo para o caminho certo com a aceitação da

Reforma Trabalhista que vai mudar muito o teletrabalho no país, e fará com que

ajude muitas das empresas neste período econômico difícil em que vivemos no

nosso país, isto fará com que o teletrabalho cresça cada vez mais através dos anos.

40

0

8 A REFORMA TRABALHISTA

A Reforma Trabalhista de 2017 é uma mudança significativa na Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT), na qual foi instrumentalizada pela lei № 13.467 de 2017,

tendo por objetivo combater o desemprego e a crise econômica no país.

O projeto de lei foi proposto e apresentado pelo Presidente da República,

Michel Temer, em 23 de dezembro de 2016 na Câmara dos Deputados.

Assim sendo, seu processo passou por diversas discussões e analises em

sua tramitação no Congresso Nacional, ocasionando emendas ao projeto original,

sendo uma delas, a proposta do fim da obrigatoriedade do imposto sindical de

autoria do então deputado federal Paulo Eduardo Martins que com a Reforma

deixaria de ser obrigatório e passaria a ser opcional para os empregados.

O Projeto de Lei foi aprovado na Câmara dos deputados em 26 de abril de

2017 por 296 votos favoráveis à 177 votos contrários. No Senado Federal, foi

aprovado em 11 de julho de 2017 por 50 votos à 26. Foi sancionado pelo Presidente

da República, Michel Temer, em 13 de julho de 2017 sem vetos. A lei passará a

valer no país a partir de 11 de novembro de 2017 (120 dias após a publicação, em

14 de julho de 2017, no diário oficial)

A reforma trabalhista foi objeto de diversas discussões de diversos setores da

sociedade, pois teve muita repercussão por vários motivos, principalmente pelos

sindicatos, no que tange ao imposto sindical obrigatório.

Tendo em vista o projeto de lei, a SOBRATT se esforçou para que eles

incluíssem uma legislação pertinente ao Teletrabalho, pois até o momento essa

41

modalidade de trabalho não era regulamentada por lei, como já exposto

anteriormente neste trabalho, fazendo com que ocorresse diversas dúvidas sobre o

assunto, sua regulamentação e até sua implantação, que é o trabalho que a

SOBRATT vem fazendo até hoje.

Sendo assim, foi inserido alguns artigos relacionados ao Teletrabalho, seu

conceito e até mesmo contrato de trabalho, tema muito discutido pelas doutrinas por

não ser regulamentado até o momento.

A Reforma Trabalhista traz a regulamentação desta forma de trabalho, e o

texto da lei precisa ser lido com cuidado para a correta adequação das empresas

que optarem por contratar dentro deste contorno.

7.1 Antes da Reforma

É importante saber como era a legislação que regulamentava o Teletrabalho

antes da Reforma Trabalhista, para podermos comparar com o que virá após a

Reforma.

No direito do trabalho brasileiro, o teletrabalho era regido, por analogia, pelo

art.6°, caput, da CLT, cuja redação não tratava do trabalho a distância, mas do

executado em domicilio, onde esclarece que não se distingue entre o trabalho

realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do

empregado, nesta situação o teletrabalho, portanto, poderia ser associado com

aquela modalidade de trabalho, pelo fato de ser igualmente prestado à distância.

A instituição legislativa do teletrabalho no ordenamento jurídico trabalhista

brasileiro se deu por meio da lei 12.551, de 15 de dezembro de 2011, que alterou a

redação do caput do art.6° da CLT, prevendo o trabalho a distância, e inseriu o

parágrafo único, que equipara a submissão aos meios telemáticos e informatizados

de controle do trabalho aos meios pessoais e diretos, para fins de subordinação

jurídica, ou seja, para a caracterização de um contrato de trabalho:

42

Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento

do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de

emprego.

Parágrafo único - Os meios telemáticos e informatizados de

comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação

jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do

trabalho alheio.

Estevão Mallet afirma que o advento da lei 12.551/11 pouco acrescentou à

disciplina do teletrabalho no Brasil, “Dizer, portanto, que “Os meios telemáticos e

informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de

subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e

supervisão do trabalho alheio”, como fez a Lei 12.551, não acrescenta nada. Apenas

explicita algo latente na própria definição de empregador e empregado e na previsão

do art.6° da CLT.” (MALLET, 2012)

O efeito do parágrafo único deste artigo foi de diversas discussões acerca do

assunto pois este advento poderia provocar a revisão da súmula 428 do TST que

disciplina a questão do regime de sobreaviso para o empregado portador de

aparelho de intercomunicação, como telefones celulares e bips diz que “ O uso de

aparelho de intercomunicação, a exemplo de BIP, "pager" ou aparelho celular, pelo

empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso, uma vez que o

empregado não permanece em sua residência aguardando, a qualquer momento,

convocação para o serviço.”

Assim segundo o Ministro João Oreste Dalazen, “a Lei 12.551 afeta

diretamente os casos em que o empregado, depois de encerrada a jornada, fica à

disposição para atender um novo serviço para a empresa. A súmula 428 não

considerava esse tempo de espera como tempo de serviço, mas a lei o conta como

tal. Com isso, a súmula se tornou incompatível e terá de ser reavaliada pelos

ministros.”

43

A lei 12.551/2011 apenas estabelece o trabalho a distância e equipara o

controle e comando do trabalho por meios informatizados ou telemáticos ao controle

pessoal, mas não o regulamenta.

Portanto, o teletrabalhador empregado é possuidor dos mesmos direitos

previstos na ordem jurídica trabalhista brasileira que os demais empregados,

devendo apenas ser analisadas as circunstâncias nas quais o trabalho é

desenvolvido para se aferir quais direitos lhe são aplicáveis, como acontece com os

demais empregados.

Estevão Mallet também discursa sobre este assunto:

“De todo o exposto, se tira que a Lei n° 12.551 não inovou no

ordenamento jurídico. Explicitou o que já se encontrava na legislação

antecedente. Não inseriu no âmbito da relação de emprego trabalhador não

subordinado. Não criou modalidade própria e até então desconhecida de

subordinação. Não tornou exigíveis horas extras que antes não podiam ser

cobradas, nem alargou a aplicação analógica da regra atinente a

sobreaviso.” (MALLET, 2012)

Sendo assim, caso o empregador tenha como fiscalizar o empregado através

de sistema de informação poderá este usufruir de horas extras e descansos

remunerados assim como adicional noturno pelo fato do empregador ter controle

sobre sua jornada de trabalho.

A jurisprudência dos tribunais trabalhistas brasileiros já apreciava questões de

teletrabalho observando os pressupostos da relação de emprego, como exposto

neste trabalho, sem diferença em relação a qualquer outra lide.

O teletrabalho é uma realidade inexorável nas relações trabalhistas e em

muito anterior ao advento da lei 12.551/2011, que apenas o inseriu na CLT, lhe

dando reconhecimento legislativo, não alterando sua situação no direito do trabalho

brasileiro.

Por fim, podemos analisar que apesar do advento da Lei 12.551/11 ter

inserido o trabalho a distância isso não influenciou nem regulamentou muito o

44

Teletrabalho em si, vindo à tona a necessidade de uma melhor regulamentação

acerca do assunto, que é o caso da Reforma Trabalhista, como veremos a seguir.

7.2 Após a Reforma

Como já dito anteriormente a Reforma Trabalhista trouxe diversas mudanças

na CLT, mas principalmente alguns artigos muito importantes sobre o Teletrabalho e

sua regulamentação.

Há diversas semelhanças entre o teletrabalho e outras formas de trabalho que

podem gerar confusão, por isso que agora a CLT traz em seu artigo 75-B a diferença

entre esses trabalhos para não confundirmos trabalho externo com o Teletrabalho,

seja no tocante à autonomia e controle, como nos direitos garantidos a cada um dos

empregados.

A CLT, em seu artigo 75-B, passa a ter uma redação expressa para

caracterizar esta novidade, com o conceito definido e muito claro ao desassociar o

teletrabalho do trabalho externo:

Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de

teletrabalho observará o disposto neste Capítulo.”

“Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços

preponderantemente fora das dependências do empregador, com a

utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua

natureza, não se constituam como trabalho externo.”

Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador

para a realização de atividades específicas que exijam a presença do

empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de

teletrabalho.‟

Por isso, é importante esclarecer que o teletrabalho será realizado

preponderantemente fora das dependências do empregador mesmo que o

empregado compareça eventualmente à empresa, ainda será considerado

teletrabalho e não trabalho externo.

45

Além disto, Alvaro Mello, aborda o tema, esclarecendo que teletrabalho “é o

processo de levar o trabalho aos funcionários em vez de levar estes ao trabalho;

atividade periódica fora da empresa um ou mais dias por semana, seja em casa seja

em outra área intermediária de trabalho. É a substituição parcial ou total das viagens

diárias do trabalho por tecnologia de telecomunicações, possivelmente com o auxílio

de computadores, e outros recursos de apoio” (Teletrabalho (Telework) O trabalho

em qualquer lugar e a qualquer hora…).

Também comenta Manuel Martin Pino Estrada (2014, p. 22) informando que

teletrabalho é “a atividade do trabalhador desenvolvida total ou parcialmente em

locais distantes da sede principal da empresa, de forma telemática. Total ou

parcialmente, porque há teletrabalho exercido em parte na sede da empresa e em

parte em locais dela distantes.”

Assim, estará no regime jurídico do teletrabalho quem exercer, na maior parte

do tempo, suas atividades fora dos limites físicos empresariais, mas, via de regra,

em um local específico, sem a necessidade de se locomover para exercê-las.

Vale lembrar ainda, como já foi falado anteriormente, que é importante para

alguns empregados o comparecimento eventual ao local da empresa para que não

sofra com isolamento e que tenha no mínimo uma manutenção dos seus

relacionamentos sociais, sendo oportuno que essas nuances integrem o contrato de

trabalho.

Por fim, o legislador foi feliz por discriminar essas diferenças tão polêmicas

sobre trabalho externo e teletrabalho, comentando sobre a caracterização do

teletrabalho em razão do comparecimento eventual na empresa.

Além do artigo comentado anteriormente, temos também o artigo 75-C e seus

parágrafos, que dizem:

Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho

deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que

especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado.

§ 1º Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de

teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em

aditivo contratual.

46

§ 2º Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para

o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição

mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual.

Em relação ao artigo 75-C, trata sobre o contrato de trabalho no caso do

teletrabalho e como ele deverá ser, estabelecendo regras claras para a configuração

e execução do teletrabalho, com exigência de que seja objeto de contrato escrito, e

não apenas verbal.

No caso do § 1º o legislador estabeleceu um “mútuo acordo” entre as partes

como condição para a alteração do regime comum de trabalho para o teletrabalho, o

que é muito interessante pois o empregado pode não concordar com a troca do

regime ou não gostar do teletrabalho, havendo assim um desinteresse por parte

deste e não podendo a empresa impor a ele tal regime.

Em seu § 2º porém mostra que é possível a alteração do regime de

teletrabalho para o regime comum caso seja estabelecido pelo empregador e que

este deverá ser realizado através de um aditivo contratual.

Esta Reversibilidade já é usada em alguns países como na Europa, com uma

única diferença de que lá tal reversão pode ser feita por acordo individual ou

coletivo, tal acordo estabelece que a “reversibilidade pode implicar no retorno ao

trabalho nas instalações da empresa a requerimento do trabalhador ou do

empregador”, quando o contrato inicial é presencial e há mudança para teletrabalho

e, posteriormente, há intento de o trabalhador alterar novamente essa condição para

trabalho presencial.

O prazo estipulado de quinze dias é justo pois caso o teletrabalhador volte ao

regime normal de trabalho terá diversas mudanças em sua rotina e em sua vida,

tendo que se adaptar as novas condições de trabalho.

Nestes casos, na jurisprudência, há que se falar em eventual “prejuízo” ao

empregado uma vez que ele irá gastar bem mais tempo para ir ao trabalho, com

deslocamentos diários, cabendo ao Judiciário se posicionar sobre a matéria, sendo

possível a aplicação, por analogia, do artigo 469 da CLT, no sentido de que as

alterações estão dentro do poder diretivo do empregador, além da disposição legal

47

expressa com tal permissivo, ora em comento, o que mitiga a possibilidade de este

entendimento ser prevalente.

A Reforma Trabalhista trouxe também o artigo 75-D que discorre sobre a

responsabilidade dos equipamentos no caso do teletrabalho:

Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição,

manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da

infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem

como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas

em contrato escrito.

Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não

integram a remuneração do empregado.

Isso é um assunto muito importante por ser de grande discussão, sobre quem

arcará com tais despesas e a responsabilidade dos equipamentos e do fornecimento

destes, deverão ser estipulados em contrato escrito para que não haja prejuízo a

nenhuma das partes.

Dispõe sobre quem vai pagar pela aquisição e manutenção dos equipamentos

e despesas do empregado na execução do seu trabalho. Entretanto, também nesse

ponto o Ministério Público do Trabalho já se manifestou contrário à regulamentação,

pois desta forma a empresa estaria transferindo os custos e os riscos inerentes à

atividade econômica ao empregado, sem que, no entanto, o empregado participe do

lucro. Portanto, é bastante provável que este ponto seja questionado judicialmente e

possa ser revisto.

Observa que os equipamentos e o que mais for fornecido é “para” o trabalho,

e não “pelo” trabalho, mitigando discussões que eventualmente poderiam surgir

sobre a natureza salarial desses meios.

Além de todo disposto, temos um último artigo elaborado para a reforma

trabalhista sobre teletrabalho:

Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira

expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar

doenças e acidentes de trabalho.

48

Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de

responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo

empregador.

Neste caso a lei limita a responsabilidade do empregador a apenas instruir os

empregados de maneira expressa e ostensiva para evitar doenças e acidentes de

trabalho mediante assinatura de termo de responsabilidade onde o empregado

compromete-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador.

Também nesse ponto o Ministério Público do Trabalho já se manifestou em

contrário, pois entende que a norma é insuficiente para garantir a saúde e segurança

do empregado, entre outros aspectos, porque o empregado poderá não dispor de

recursos para prover equipamentos e adaptações necessárias para um ambiente de

trabalho seguro e saudável, assim, é possível que também este ponto possa a ser

revisto judicialmente.

Sendo assim, entramos em outra discussão no caso do empregador ter que

adentrar na residência do empregado para verificar a adequação das instalações,

quebrando assim o direito à privacidade deste, apesar disto a lei traz que este tipo

de situação será estipulado em contrato pelas partes seja individual ou negociação

coletiva, cabendo assim, as partes estabelecerem direitos e deveres, assim como

limites também.

Além do artigo 75 por inteiro trazido pela reforma trabalhista, ajudando muito

na regulamentação do Teletrabalho, ela também alterou o artigo 62 da CLT,

trazendo assim um terceiro inciso:

Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:

III - os empregados em regime de teletrabalho.

Com este artigo o legislador quer dizer que os empregados em regime de

teletrabalho não têm direito, em princípio, a jornada normal mínima, nem a

remuneração de outras horas além das normais, nem adicional por trabalho

extraordinário, pois o seu trabalho será sempre flexível quanto as horas trabalhadas,

mas neste caso podemos analisar um contraponto pelo fato de hoje em dia temos

49

diversos tipos de tecnologias que permitem que o empregador controle o tempo de

trabalho do empregado através do sistema, mesmo ele não estando nas

dependências da empresa, conseguindo inclusive estipular tempo de parada

obrigatória de 15 minutos duas vezes por dia, além de horário de almoço e de

descanso, como é o caso dos Call Centers hoje em dia.

Para algumas atividades, como operadores de “Call Center”, a fiel

observância das jornadas de trabalho e pausas podem ser fundamentais para se

evitar problemas de saúde e segurança do trabalho, podendo até mesmo ser de

interesse do empregador a manutenção de controles por meios telemáticos, para

que não tenha problemas no futuro com seus empregados.

Podemos analisar isto melhor se verificarmos a NR-17, Anexo II, que possui

várias disposições sobre controle de horário, intervalos, prorrogação justificada e

várias outras regulamentações sobre Teleatendimento e Telemarketing.

7.3. Jurisprudências sobre o Teletrabalho

Apesar da Reforma Trabalhista ser aceita para resolver diversos tipos de

conflitos e dúvidas sobre o assunto do Teletrabalho, devemos analisar o que nossa

jurisprudência brasileira entende sobre o assunto.

O entendimento jurisprudencial brasileiro em relação aos conflitos que

envolvem teletrabalho tem se mostrado unânime. Observa-se que as reclamações

tratam relativamente a horas extras, sobreaviso, reembolso de despesas e

reconhecimento do vínculo empregatício, mesmo as decisões anteriores a Lei

12.551/2011 (BRASIL, 2011) já convergiam em mesmo sentido.

Informações apresentadas por especialistas em teletrabalho, concluem

segundo levantamento de dados, que as ocorrências de reclamações trabalhistas

relacionadas ao regime de teletrabalho constituem um número bastante reduzido em

relação aos demais regimes, em que pese haver no país um número considerável

de empresas de médio e grande porte que se utilizam do teletrabalho há alguns

anos. (SOBRATT, 2013)

50

Abaixo, relacionam-se respectivamente alguns julgados sobre o tema

teletrabalho até então:

VÍNCULO DE EMPREGO. CONFIGURAÇÃO. SUBORDINAÇÃO

ESTRUTURAL. Sabe-se que para a configuração da relação de emprego é

necessário o preenchimento dos requisitos estabelecidos no artigo 3º da

CLT, quais sejam: pessoalidade, não-eventualidade, onerosidade e

subordinação jurídica. No entanto, no exercício da função de promotor de

vendas, o reclamante exercia atividade essencial para atingir os fins do

empreendimento, que abrange a comercialização de produtos fabricados

pela terceira reclamada. É a chamada subordinação estrutural, defendida

pelo hoje Ministro do colendo Tribunal Superior do Trabalho, Maurício

Godinho Delgado, ou seja, não há necessidade do empregado receber

ordens diretas do tomador para a caracterização do vínculo, basta que o

trabalhador esteja integrado ao processo produtivo e à dinâmica estrutural

da tomadora de serviços, além do que, no caso em apreço, ficou claro que o

autor estava subordinado a supervisores da tomadora dos serviços.

Recurso desprovido. (TRTSP – RO 0000877-29.2012.5.01.0207 - DOERJ

05-06-2013. 8ª Turma. Redator designado: Leonardo Dias Borges).

(BRASIL, 2013)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. HOME

OFFICE: ENQUADRAMENTO E EFEITOS JURÍDICOS. OUTROS TEMAS:

SUBSTITUIÇÃO. ACÚMULO DE FUNÇÕES. HORAS EXTRAS.ADICIONAL

NOTURNO. HORAS DE SOBREAVISO. FÉRIAS INTERROMPIDAS.

DECISÃO DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO.

O teletrabalho e o trabalho em domicílio (home office) tornaram-se

frequentes nas últimas décadas em face da invenção, aperfeiçoamento e

generalização de novos meios comunicacionais, ao lado do advento de novas

fórmulas organizacionais e gerenciais de empresas e instituições. Isso não

elimina, porém, necessariamente, a presença de subordinação na

correspondente relação socioeconômica e jurídica entre o trabalhador e seu

tomador de serviços, desde que ultrapassado o conceito tradicional desse

elemento integrante da relação empregatícia em favor de sua dimensão ser

tidos como subordinados e, desse modo, efetivos empregados. Não

obstante, não se pode negar que, de maneira geral, em princípio, tais

trabalhadores enquadram-se no tipo jurídico excetivo do art. 62 da CLT,

realizando o parâmetro das jornadas não controladas de que fala a ordem

jurídica trabalhista (art. 62, I, CLT). Por outro lado, a possibilidade de

51

indenização empresarial pelos gastos pessoais e residenciais efetivados

pelo empregado no exercício de suas funções empregatícias no interior de

seu home office supõe a precisa comprovação da existência de despesas

adicionais realizadas em estrito benefício do cumprimento do contrato, não

sendo bastante, em princípio, regra geral, a evidência de certa mistura,

concorrência, concomitância e paralelismo entre atos, circunstâncias e

despesas, uma vez que tais peculiaridades são inerentes e inevitáveis ao

labor em domicílio e ao teletrabalho. Finalmente, havendo pagamento pelo empregador ao obreiro de valores realmente dirigidos a subsidiar despesas com telefonemas, gastos com informática e similares, no contexto efetivo do home office, não têm tais pagamentos natureza salarial, mas meramente instrumental e indenizatória. Na mesma linha, o fornecimento pelo empregador, plenamente ou de modo parcial, de equipamentos para a consecução do home office obreiro (telefones, microcomputadores e seus implementos, etc.) não caracteriza, regra geral, em princípio, salário in natura, em face de seus preponderantes objetivos e sentido instrumentais. Agravo de instrumento desprovido.

(Brasília, 07 de abril de 2010. Processo nº TST-AIRR-62141-

19.2003.5.10.0011. Ac. 6ª Turma. Mauricio Godinho Delgado Ministro

Relator). (grifo nosso) (BRASIL, 2010) HOME OFFICE - AUSÊNCIA DE

FISCALIZAÇÃO E CONSEQUENTE CONTROLE DE JORNADA -

INCIDÊNCIA DE EXCEÇÃO LEGAL. O sistema de trabalho conhecido como

home office é juslaboralmente bem aceito e já está até regulamentado, por

meio da Lei 12.551/11, que alterou o artigo 6º/CLT. O atual padrão

normativo visa equiparar os efeitos jurídicos da subordinação exercida por

meios telemáticos e informatizados à exercida por meios pessoais e diretos.

Nessa ordem de ideias, não se distingue entre o trabalho realizado no

estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e

o realizado à distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos

da relação de emprego. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. Demonstrada na vertente

hipótese a ausência de fiscalização da jornada praticada, além de

livremente organizadas pelo trabalhador as atividades externas realizadas,

ou em sistema de home office praticadas, incide a exceção expressa no art.

62, inciso I, da CLT. Executado o labor fora do alcance de controle do

empregador, não faz jus o obreiro às horas extras postuladas. (TRT-3 - RO:

0000727-42.2013.5.03.0018, Relator: Convocado Vitor Salino de Moura

52

67

Eca, Quarta Turma, Data de Publicação: 21/09/2015). (grifo nosso)

(BRASIL, 2015)

RECURSO ORDINÁRIO – INDENIZAÇÃO – "HOME OFFICE" –

DANO MATERIAL NÃO CONFIGURADO – A hipótese em apreço "home

office", não se assemelha à utilização de veículo, ou outro maquinário

específico, que caracterizaria o salário utilidade. O reclamante utilizava as

instalações de sua residência para o trabalho e não pelo trabalho, e esse já

ocupava residencialmente o imóvel quando da contratação pela reclamada,

de maneira que não se pode concluir que a sua utilização, como escritório de

trabalho, demandaria custos extras, como locação. Os custos adicionais de

que cogita o reclamante, como energia elétrica, uso de utensílios, etc., posso

visualizar a pouca relevância jurídica, na medida em que a utilização dos

equipamentos de conexão entre o reclamante e a reclamada, não eram de

uso exclusivo das atividades comerciais da reclamada, que com toda

certeza havia uso para fins pessoais, tanto do reclamante, como de sua

família, mostrando-se impraticável a mensuração e distinção dos gastos

pessoais dos comerciais. (TRT 14ª R. – RO 0073700-71.2008.514.0403 –

2ª T. – Rel. Des. Carlos Augusto Gomes Lôbo – DJe 14.12.2009 – p. 19)

(BRASIL, 2009)

Podemos verificar, portanto, que os tribunais se mantêm unânimes sob uma

visão relativamente conservadora e coerente, mesmo diante da ausência de

especificação da modalidade de teletrabalho na legislação trabalhista até hoje, tendo

em vista a iminente aplicação da Reforma Trabalhista a partir de 11/11/2017, na qual

deverá facilitar alguns julgados pela regulamentação trazida sobre o tema que

abrange principalmente contrato de trabalho e jornada de trabalho nestes casos.

Cabe destacar até o momento que muitas são as vantagens percebidas na

prática do teletrabalho, partindo da flexibilidade relativa a prestação do trabalho e

demais delimitações do tema, assim como a consolidação de entendimentos dos

Tribunais, haja vista a carência de reclamações trabalhistas sobre o tema, e com a

vinda da Reforma Trabalhista poderemos ver o quanto ela irá influenciar a

jurisprudência brasileira e quanto ajudará os trabalhadores e seus empregadores

com a regulamentação correta do tema, e assim fazer com que, cada vez mais

empresas utilizem o Regime de Teletrabalho.

53

0

8 CONCLUSÃO

Por fim, após todo o exposto sobre teletrabalho, conforme entendimento

doutrinário, jurisprudencial e demais disposições legais elencadas, além da Reforma

Trabalhista aprovada percebe-se que o teletrabalho é modalidade de trabalho que

só teve aumento durante os anos e que cada vez mais empresas estão aderindo a

esta forma de trabalho, juntamente com nossas tecnologias que cresceram muito

nas últimas décadas.

O Ministro Caputo Bastos discorre sobre isso, “a tecnologia marcha sem

pausas, à diante. A instantaneidade e a busca pelo novo remodelam a sociedade,

cada vez mais adaptada aos novos paradigmas. No mundo do trabalho não será

diferente. O teletrabalho, sem dúvidas, crescerá”

Assim podemos ver que o Teletrabalho (telework ou telecommuting) é uma

nova forma de ver o tempo e o espaço nas relações de trabalho, cujo gênero é a

distância, que tem sua execução efetuada em lugar diferente do estabelecimento do

empregador, embora participe ativamente da atividade empresarial interligado por

meios tecnológicos, merecendo assim, uma situação que é real no mercado de

54

1

trabalho ser devidamente regulamentada pela lei, como foi o caso da Reforma

Trabalhista.

Como mencionado anteriormente, as constantes transformações emergem

para uma relação de trabalho diferenciada que não mais apresentam as

características de tempo, espaço e organização, próprias das atividades comuns.

Desse modo, pontua-se que sua prática envolve barreiras a serem vencidas,

como uma abordagem mais ampla pela legislação que possibilite suprir suas

especificidades, pois apesar da regulamentação que a Reforma Trabalhista vai

trazer ao assunto, ainda temos alguns pontos que precisam ser melhor explicados

para que não tenha divergência jurisprudencial sobre o assunto.

Bem como maior dinamicidade ao tema, permitindo melhor compreender sua

implantação e os benefícios que esta modalidade de trabalho pode trazer para os

diversos tipos de empresa em que existem condições para sua aplicação, bem como

para os trabalhadores.

Em geral, as disposições atinentes ao teletrabalho previstas no artigo 75 e no

62, são positivas, ao instituir a forma como essa importante forma de labor que, até

então, era objeto de previsão expressa apenas no art. 6º da CLT, deve ocorrer.

Trata-se de modo distinto de subordinação, em que o empregador pode

utilizar-se de diversas formas de controle, como avaliar o teletrabalhador pelos seus

resultados, exigindo assim comprometimento e dedicação do mesmo.

Muitas das relações de teletrabalho transparecem limitação aos profissionais

com maior qualificação. No entanto, a pesquisa comprova que o teletrabalho pode

ser realizado por diferentes empregados, dependendo apenas de ser uma atividade

que

possa ser desenvolvida em meio as condições estabelecidas por esta

modalidade de trabalho que seja viabilizada pelo empregador.

Pode-se constatar que prevalecem ao empregador as responsabilidades

relativas as despesas e manutenção do teletrabalho, mas isto deverá ser estipulado

através do contrato individual firmado pelas partes para que não haja dúvidas.

55

A Lei 12.551, de 15.12.2011, apesar de reconhecer o teletrabalho, não

ensejou alterações de destaque em nosso sistema jurídico, visto que já era

amplamente reconhecida pela doutrina e pela jurisprudência, daí que vem a

necessidade de implementação de um novo projeto que acabou se tornando a Lei

13.467/17, ou seja a Reforma Trabalhista.

Em suma, a atividade poderá ser controlada pelo empregador pelas vias

elencadas, situação em que será devido horas extras ao empregado nos casos em

que sua jornada extrapolar as horas normais de trabalho. Em condição diferenciada

desta, o teletrabalhador terá horário livre de trabalho, mas poderá restar

comprometido se não forem consideradas a organização do ambiente de trabalho e

do tempo, ou seja separação entre trabalho e sua vida particular.

Assim, conclui-se que a empresa precisa dar total suporte ao recrutar o

teletrabalhador, procurando a formalização contratual da atividade, através de

contrato individual, de acordo com o que estabelecem as normas legais impostas

pela Reforma Trabalhista, de modo a viabilizar as garantias, assim como direitos e

deveres entre as partes na relação empregatícia, inibindo assim, futuros conflitos

trabalhistas.

56

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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57

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09/05/2014.

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%2Fsearch%2Fsear ch&_3_keywords=teletrabalho&_3_groupId=0&x=12&y=13>.

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Disponível em: <https://as1.trt3.jus.br/juris/consultaBaseCompleta.

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59

4

- TRT1 - RO - 0010187-62.2014.5.01.0054 - Relatora: Sayonara Grillo

Coutinho Leonardo da Silva, Data de Julgamento: 27/08/2015, Sétima Turma,

Data de Publicação: 28/08/2015. Disponível

em:<http://bd1.trt1.jus.br/xmlui/handle/1001 /658326>

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Relator: MARIA ELIZABETH MOSTARDO NUNES, Data de Julgamento:

11/09/2014, 12ª TURMA, Data de Publicação: 19/09/2014. Disponível em:<http://trt-

2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/145936985/recurso-ordinario-ro-

2703632011502008 9-sp-00027036320115020089-a28>

- TRT-3 - RO: 0000727-42.2013.5.03.0018, Relator: Convocado Vitor Salino

de Moura Eca, Quarta Turma, Data de Publicação: 21/09/2015. Disponível

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trabalhista-ro-727201301803001-0000727-4220135030018/inteiro-teor-2343464>

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