1
4 — 0 ESTADO DE S. PAULO 0Í/O -Politica DOMINGO — 14 DE jLiNHqD£_iV£/ Vitória _z "Ganha quem tem voto, não quem berra mais", festejou o deputa- do Roberto Cardoso Alves (PMDB- SP), depois que os constituintes der- rubaram todos os projetos do sena- dor Severo Gomes, relator da Comis- são da Ordem Económica. O primei- ro projeto do relator a ser votado, sobre a reforma agrária, foi substituí- do pelo projeto liberal, de autoria do deputado Jorge Vianna (PMDB-BA). Depois da derrota, a maior parte dos constituintes de esquerda abandona- ram o plenário. — Ganha quem tem votos, não quem berra mais, afirmou na tarde de ontem o deputado Roberto Car- doso Alves (PMDB-8P), ao fim da votação do substitutivo liberal ao projeto de reforma agrária do relator da Comissão da Ordem Económica, senador Severo Gomes. O projeto li- beral, de autoria do deputado Jorge ÍÍ asar a esquerainna ouri h 9? O ambiente já era tenso na madru- gada de ontem, quando os xiitas iniciaram sua es- tratégia para obs- truir os trabalhos da Comissão de Ordem Económi- ca. Primeiro, não obedeceram à de- terminação de José Lins, presidente da Comissão, para que pessoas estra- nhas saíssem do plenário, reservado exclusivamente a deputados e jorna- listas. Sem o menor constrangimen- to, o relator vencido na Subcomissão de Princípios Gerais, Virgildásio de Sennâ (PMDB-BA), apresentou uma reclamação formal de que a porta principal não estava aberta e que o relógio da sala não tinha ponteiros. Os xiitas sabiam que seriam der- rotados, até por um simples cálculo. Os liberais já haviam conseguido o compromisso assinado por 34 dos 64 constituintes da comissão para votar em bloco contra o projeto do relator, senador Severo Gomes (PMDB-SP), e aprovar três substitutivos. Isso eli- minaria na prática toda possibilida- de de aprovação de emendas do gru- po contrário. "Não queremos ganhar, queremos arrasar com essa esquerdi- nha burra e retrógrada", repetia o deputado Roberto Cardoso Alves (PMDB-SP). Juntamente com Ulys- ses Guimarães, ele foi o autor da táti- ca dos substitutivos. Já os deputa- dos Guilherme Afif Domingos (PL- SP) e Delfim Netto (PBS-SP) tenta- ram reeditar a prática do "rolo com- pressor", que deu aos liberais a vitó- ria em quase todos os artigos na Sub- comissão de Princípios Gerais. Para não haver divisão interna, foi adota- da a proposta de Cardoso Alves. A decisão de José Lins, permitin- do a votação dos substitutivos antes ,do projeto do relator (o que, tecnica- mente, eliminaria a possibilidade de emendas, com exceção das supressi- vas), foi seguida de ataques pessoais. Atingido por José Genoíno (PT-SP), o líder do PFL na Câmara, José Lou- renço, o acusou de ter denunciado os antigos companheiros de subversão à polícia. A discussão chegou próxi- ma da troca de tapas. Haroido Lima (PC do B-BA) estimulava os repre- sentantes dos trabalhadores rurais a se manifestarem contra o regimento. Imediatamente o grupo dirigiu-se ao presidente da. comissão, chamando-o de fascista. Às 24 horas, José Lins suspendeu a sessão por cinco minu- tos, depois de quase ser atingido por Na Comunic cascas e restos de laranjas atirados sobre a mesa da presidência. Tentando retomar os trabalhos, o presidente pediu ao deputado Hé- lio Duque (PMDB-PR) que lesse o substitutivo liberal. Um trabalho quase impossível, pois Haroido Lima já havia arrancado um dos microfo- nes da mesa. Duque protestou e de- pois desistiu quando outro microfo- ne foi destruído. Foi designado então o deputado Jalles Fontoura (PFL- GO) para continuar a leitura, no últi- mo microfone funcionando. Mas este também foi inutilizado por uma "tro- pa de choque" comandada por Aldo Arantes e Haroido Lima. O tumulto já era grande quando os xiitas tomaram o substitutivo das mãos do deputado Fontoura. O do- cumento foi rasgado em meio a em- purrões e tapas, que atingiram até mesmo o presidente da comissão, Jo- sé Lins. Certo de que a ordem não seria restabelecida, ele suspendeu a sessão. Cardoso Alves e Aíií Domin- gos apontaram o senador Mário Co- vas (PMDB-SP) como um dos princi- pais responsáveis pela confusão. Se- gundo eles, o líder peemedebista na Constituinte chegou a negar convi- tes para que os liberais distribuíssem a seus simpatizantes. Vianna (PMDB-BA), venceu por 39 votos a 16, com nove abstenções. De- pois disso, a maior parte dos consti- tuintes de esquerda componentes da Comissão abandonou o plenário. Seguiram-se as votações dos cin- co títulos sobre questão urbana e transportes e de princípios gerais, em que os projetos do grupo liberal obtiveram o dobro dos votos da es- querda, derrubando integralmente, desta forma, o projeto do relator. Nas questões urbanas, os liberais vence- ram por 38 a cinco, com uma absten- ção, aprovando substitutivo de José Ulisses. E, nas questões de princípios gerais tía economia, foi aprovado substitutivo de Irapuan Costa Jú- nior, por 35 votos liberais contra sete da esquerda. Embora com seu relató- rio totalmente derrubado pelos subs- titutivos, o senador Severo Gomes permanece como relator da Comis- Duca Lessa Depois do tapa de Arantes (de braços abertos), o tumulto são e, nesta condição, integrante da Comissão de Sistematização. O substitutivo dos princípios ge- rais da economia considera como empresa nacional "a pessoa jurídica constituída e com sede no País, cujo controle de capital esteja, em caráter permanente, exclusivo e incondicio- nal, sob a titularidade de pessoas fí- sicas ou jurídicas domiciliadas no País, ou por entidades de direito pú- blico interno". Tapa, a arma dos xiitas vencidos Pressentindo o derrota de suas. propostas, os xiitas decidiram engros- sar: um tapa do deputado Aldo Aran- tes (PC do B-GO) no presidente da Comissão de Ordem Económica, de- putado José Lins (PFL-CE), na ma- drugada de ontem, suspendeu a rota- ção do projeto do relator, senador Se- vero Gomes (PMDB-SP). Oulro depu- tado do PC do B, Haroido Lima (BA), arrancou o microfone, impedindo que fosse lido o substitutivo dos libe- rais. Sas galerias, 500 proprietários rurais, liderados pelo presidente da União Democrática Ruralista, Ronal- do Caiado, enfrentavam outros 500 trabalhadores rurais, arregimenta- dos por José Francisco da Silva, pre- sidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. "Assassino, assassino", gritaram os trabalhadores quando Caiado entrou nas galerias. "Vagabundo, vagabun- do", respondiam os agricultores. Na manhã de ontem, porém, o Congresso amanheceu calmo com a proibicêodo acesso do público às galerias do plená- rio da Câmara, a pedido do deputado José Lins. Mas nas comissões, conti- nuava o cíinta de tensão. BRASÍLIA AGÊNCIA ESTADO Num clima de muitas vaias e impasse a Comis- são da Família da Educação Esportes Ciência e Tecno logia e tía Comu . W Si "'"b S T"|\ -í tf F i i ) e j j I |, 11 í no- vi) \\w\i \i uuiírií nicação derrubou ontem, "por 37 vo- tos a 26, o relatório do deputado Ar- tur da Tâvola (PMDB-RJ). Inconfor- mada com a derrota, a ala xiita da comissão quer obstruir a votação dos 747 destaques de emendas apresen- tados. Como o prazo para a entrega do relatório será encerrado amanhã, existe o risco de se elaborar um ante- projeto incompleto e esvaziado, as- Lentidão preocupa Domelles A Comissão do Sistema Tributa- / I rio, Orçamento e A ; Finanças apro- . § ' j C G vou na noite dei^*^ I ^ F ^ anteontem emen- \ /•, ' . da do deputado \- J j i / Domingos. Juve- \ li Is / nil (PMDB-PA), v -._. J^y. que proíbe a transferência de pou- pança, de regiões com renda inferior à média nacional para outras de maior desenvolvimento. A votação das emendas e destaques começou às 20h30 de anteontem, pelo capítulo do sistema financeiro, foi interrompi- da à 1 hora da manhã e retomada às 11 horas de ontem. Às 14 horas, os constituintes ti- nham aprovado apenas seis emen- das, rejeitado 21 e retirado ou consi- derado prejudicadas outras 26. A len- tidão da votação preocupava o presi- dente da comissão, Francisco Dor- nelles (PFL-RJ), que ontem já previa ser impossível cumprir o prazo esta- belecido pelo regimento — até a meia-noite de segunda-feira para a entrega dos relatórios finais. Como outras comissões também estão atrasadas, Domelles espera que o presidente da Constituinte, Ulysses Guimarães, conceda uma prorroga- ção dos prazos. As seis emendas aprovadas até ontem não chegam a modificar subs- tancialmente o substitutivo do rela- tor José Serra (PMDB-SP), aprovado previamente anteontem à tarde. O relator da Subcomissão do Sistema Financeiro, Fernando Gasparian (PMDB-SP), conseguiu fazer aprovar emendas que transferem para o Con- gresso Nacional a atribuição de votar os limites e condições da divida mo- biliária e das operações de crédito interno e externo dos Estados e mu- nicípios, além de aprovar a nomea- ção e deliberar sobre a exoneração do presidente e da diretoria do Ban- co Central. Serra atribuía essas fun- ções apenas ao Senado, que repre- senta em igualdade de condições os Estados da Federação. BANCOS ESTRANGEIROS A comissão derrubou outras pro- postas de Gasparian e de outros constituintes, que restabaleciam a proibição do funcionamento de ban- cos de depósitos estrangeiros no Bra- sil e recriavam a comissão mista do sistema financeiro do Congresso, com poderes para sustar medidas do governo nas áreas de política mone- tária, de crédito e de câmbio. Essas propostas tinham sido aprovadas na Subcomissão do Sistema Financeiro. A comissão rejeitou também propos- ta do senador Roberto Campos (PDS-MT), que liberalizava por com- pleto o câmbio, retirando da União a atribuição de administrar as reser- vas cambiais do País. sim como ocorreu na Subcomissão de Reforma Agrária, aprovado com apenas dois artigos. A galeria que acompanhou a vo- tação do substitutivo do deputado Artur da Távola chegou, em determi- nado momento, a jogar dinheiro aos constituintes que votaram contra o relatório. No momento em que se de- finiu a derrubada da proposta do de- putado fluminense, a assistência, em sua maioria partidária da ala xiita, gritava as seguintes frases: "díretas já" e "o povo vai saber da manobra de vocês". Com a impossibilidade de continuidade dos trabalhos, peio cli- ma de confusão crescente, o presi- dente da comissão, senador Marcon- des Gadelha (PFL-PB), optou por suspender a sessão. Cai parecer contrario ao diploma BRASÍLIA AGÊNCIA ESTADO Apelo Por 36 votos con- tra cinco a Co- missão da Sobe- rania e dos Direi- tos e Garantias do Homem e da Mulher rejeitou ontem o disposi- tivo do senador José Paulo Bisol, que dispensava a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. O texto de Bisol atingia todas as pro- fissões vinculadas à expressão direta do pensamento, entre as quais soció- logos, psicólogos, economistas e ar- tistas. A postura inflexível de Bisol provocou protestos veementes dos jornalistas. O presidente da Federa- ção Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Armando Rollemberg, e o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Dis- trito Federal, Carlos Max Torres, alertaram que a aprovação do dispo- sitivo poderia causar verdadeiro caos profissional. Um dos temas mais polémicos, a questão da orientação sexual que segundo o grupo evangélico permiti- ria a liberalização do homossexualis- mo —, foi resolvido pacificamente, mas a expressão orientação sexual foi substituída por "comportamento sexual". A discussão sobre o tema mais controvertido da comissão, o direito de propriedade, foi adiada. O depu- tado Farabulini Júnior — ferrenho opositor de Bisol — disse que não poupará esforços para derrubar o dispositivo do senador. A votação dos destaques começou às 11 horas e o prazo para o encerramento dos tra- balhos é à meia-noite de amanhã. Antes do início da votação, o re- lator da comissão chegou a fazer um apelo ao grupo dos religiosos, inte- grado por 13 parlamentares, para que tomasse cuidado ao votar contra o substitutivo, em função da compo- sição com o chamado "grupo das co- municações", pois havia o risco de perdA de tudo o que foi conquistado no capítulo da Família, do Menor e do Idoso, "pela falta de destaques para esses assuntos". Em outro apelo a parlamentares do PFL, Artur da Távola disse que, "para manter o pri- vilégio na área das comunicações, iriam rejeitar também o pensamento liberal, que é uma bandeira desse partido, nos outros capítulos". iciacie p a r a votar continua sendo 18 anos O mandato do ^ presidente José / ( Samey continua / f fixado em cinco / ,1 anos, conforme o i í que foi decidido \ \ < ontem na Cernis- \ ! ] são de Organiza- \A> ção Eleitoral, Partidária e da Garantia das Insti- tuições. A idade mínima do eleitor brasileiro continua em 18 anos e voto permanece obrigatório — o PT ten- tou transformar o voto em facultati- vo, sem sucesso. Estes itens representam uma derrota dos xiitas para os liberais. Na verdade, os xiitas só saíram vencedo- res na questão relativa à "organiza- ção de órgãos de vigilância, subordi- nados aos prefeios municipais", em municípios com mais de cem mil ha- bitantes. Foram mantidas, no entan- to, as guardas municipais, como op- ção para prefeituras de todo o País, e a possibilidade de o Executivo decla- rar "estado de defesa", expressão que substitui as antigas medidas de emergência, ouvindo apenas o Con- selho Constitucional, um colegiado criado pelo relator Prisco Viana, co- mo paliativo ao Conselho de Segu- rança Nacional. Apesar dos esforços em sentido contrário do PT, PC do B e PDT e de setores xiitas do PMDB, a Polícia Federal continuará responsável pela classificação e controle de diversões públicas. Essa vitória foi obtida com. apenas um voto de diferença (25 a 24) e um dos depoimentos mais contun- dentes foi íeito pelo jornalista e cons- tituinte António Britto, que revelou estar a censura sendo exercida pela Policia Civil. Um dos argumentos usados pela deputada Rita Furtado (PFL-RO), que votou contra o relatório, foi o fato de o deputado Artur da Távola não ter utilizado em seu parecer os pontos aprovados nas subcomissões. Destacou que "os pontos de vista das subcomissões não foram levados em conta e no relatório do Artur encon- tramos algumas emendas que foram derrubadas", referindo-se à do Con- selho Nacional de Comunicação. Após a derrota do substitutivo, o re- lator desabafou: "Atribuo isso ao mi- nistro das Comunicações". Ao fazer a defesa do relatório de Artur da Távola, o deputado Otávio Elísio (PMDB-MG) disse que "temos uma responsabilidade muito grande e seremos cobrados depois pela so- ciedade". No seu entender, na área da educação, o relatório apresentado "respondeu a tudo que desejávamos, pois, com mais de sete milhões de brasileiros fora das saias de aulas, só teremos liberdade de ensino se hou- ver escolas públicas e gratuitas para todos. Além disso, a destinação de verbas públicas apenas para escolas públicas não acaba com o ensino pri- vado". O impasse ocorrido na vota- ção do substitutivo do deputado Ar- tur da Távola foi apenas um exemplo da confusão que se instalou nos tra- balhos da comissão. O início da vota- ção estava previsto para anteontem às 14 horas, e até o começo da tarde de ontem as obstruções não haviam permitido que os trabalhos íossem executados. Já estão garantidos os cinco anos para Sarney Os cinco anos de mandato do pre- sidente Samey e a implantação do regime parlamen-' tarista nos ter- mos propostos pelo senador José F o g a ç a (PMDB-RS) estão garantidos na Co- missão de Organização dos Poderes e Sistema de Governo. O grupo fiel ao presidente dispunha de maioria de cerca de dez votos para aprovar o destaque, cuja votação começou no final da tarde de ontem. Durante a madrugada, os grupos políticos re- presentados na comissão chegaram a um acordo para votar o substituti- vo do relator Egydio Ferreira Lima (PMDB-PE), acrescido de um aditivo com poucas alterações ao texto ante- rior. A proposta do senador Fogaça teve apoio de todos os grupos da co- missão, com poucas alterações em relação ao original. Ficou estabeleci- do que moção de censura será possí- vel apenas em caráter coletivo, atin- gindo todo o Ministério e eliminando o privilégio que antes beneficiava os ministros militares, o chefe do Gabi- nete Civil e o ministro do Interior. Outra alteração aceita foi a elabora- ção de lista dupla, ao invés da trípli- ce, de onde será indicado peia Câma- ra o primeiro-ministro, após duas re- jeições anteriores. O relator Egydio Ferreira Lima reuniu-se no Prodasen até às 5 horas de ontem com os relatoras das subco- missões do Executivo, Legislativo e Judiciário, quando as sugestões do acordo foram aceitas e elaborado o termo aditivo. Durante o dia, o depu- tado Miro Teixeira encontrou-se com outros parlamentares para chegar ao acordo e "evitar disputas estéreis so- bre temas sem importância, garan- tindo-se o fundamental em termos de mudanças". Quanto ao mandato do presidente Samey, Miro reconhe- ceu a minoria do seu grupo e frisou que a fixação dos quatros anos será tentada no plenário, mas tinha como certa a aprovação do destaque na comissão temática restabelecendo cinco anos. No capítulo referente ao Judiciá- rio, Egydio Ferreira Lima aceitou as emendas que estabelecem a Justiça Agrária e altera o Ministério Público criando a figura do promotor público para defender o Executivo. Não hou- ve acordo prévio sobre a oficializa- ção dos cartórios e a eleição dos re- presentantes dos tribunais do tra- balho. Egydio acatou as emendas do re- lator da Subcomissão do Poder Le-, gislativo, José Jorge (PMDB-PE), deixando-o satisfeito. Entre elas es- tão a elaboração de leis por iniciativa popular, manutenção do voto pro- porcional, maioria de dois terços na Câmara ou Senado para emendas constitucionais, aprovação do orça- mento financeiro do Executivo e convocação do primeiro-ministro só pelo plenário. Na Ordem Social? pausa para u A Comissão de Ordem Social suspendeu ontem mais uma vez os trabalhos de vo- tação do subs- titutivo do rela- tor, senador Al- m i r G a b r i e (PMDB-PA), para os partidos majori- tários — o PMDB e o PFL, com 48 dos 64 participantes — chegarem a consenso nas matérias polémicas. Estabilidade no emprego (uma das questões mais difíceis de toda a Constituinte), jornada de trabalho, direito à greve, aposentadoria, fundo de seguridade, proibição de usinas nucleares e direitos das em- pregadas domésticas são os assuntos que levaram o presidente da comissão, deputado Edme Tavares (PFL-PB), a aceitar o adiamento, para evitar "confrontos constrange- dores" como os ocorridos anteontem na Ordem Económica, até com agressões físicas. A Comissão de Ordem Social iniciou seus trabalhos na sexta-feira, às 17 horas, mas os suspendeu uma hora e meia depois, por falta de impressos, com os 764 destaques às emendas apresentadas ao substi- tutivo de Almir Gabriel. A sessão foi reaberta ontem com quase uma hora de atraso — às 9h55 — e nova- mente suspensa às 10h50. Os dois partidos majoritários deveriam reunir-se primeiro separadamente e depois em conjunto para buscar um acordo. Mesmo antes da abertura da ses- são na manhã de ontem, os consti- tuintes de diversos partidos reuni- ram-se na sala do deputado Ronan Tito (PMDB-MG) na tentativa de j chegar ao consenso. A solução de momento: os pontos controvertidos seriam examinados no final, para ga- rantir primeiro a aprovação do rela- tório, rejeitado por apenas sete dos 64 constituintes, os quais votaram "a favor com restrições". Os constituintes da esquerda peemedebista esforçaram-se em que os demais integrantes do partido adotassem por voto o programa par- tidário. A ideia é aprovar na íntegra o texto do relator Almir Gabriel, já que, para concluir a redação do subs- titutivo e garantir os "avanços" na Comissão de Sistematização, o sena- dor paraense se encontrou várias ve- zes com a cúpula do PDM3 e com outros relatores. O acordo pela aprovação inte- gral do texto teria sido íeito, segundo algum parlamentares, nessas reu- niões uma delas, na casa do minis- tro da Previdência Social, Raphael de Almeida Magalhães. Esses consti- tuintes insistem no acordo pois ga- rantiriam a passagem dos itens mais polémicos para a Comissão de Siste- matização. A estabilidade no emprego — considerada "o divisor das águas" poderá ser aprovada com alterações. Segundo o deputado Adilson Mota (PDS-RS), seu partido está disposto a aderir ao consenso, pois essa é "a solução mais civilizada". O PT condiciona sua aprovação da estabilidade no emprego à altera- ção na aposentadoria. Os petistas querem redução do tempo de traba- lho, como constava do texto original de Almir Gabriel. O deputado Pedro Canedo (PFL- GO) foi afastado definitivamente da comissão, em decorrência de despa- cho do presidente da Assembleia Na- cional Constituinte, Ulysses Guima- rães, ao senador Marcondes Gade- lha, destacando que "não é admissí- vel que o membro de uma bancada seja indicado para ocupar a vaga de outro partido na comissão à revelia de seu próprio líder". Como líder do PFL, José Lourenço não aceitou en- trar em acordo com o PC do B (que dispunha da vaga), o deputado do PFL acabou ficando fora da votação. Ao comentar a atitude de Ulysses, o líder do PC do B, Haroido Lima (BA), ressaltou que "a mudança de posição do deputado paulista, em menos de 24 horas, nos deixou perplexos". Organização do Estado, a mais rápida A Comissão de Organização do Estado foi a pri- / meira a encerrar / os trabalhos, às r 3h40 de ontem. \ Embora houvesse indícios de que haveria consenso, o relator, senador José Richa, foi vencido na questão essencial: a cria- ção de cinco novos Estados Tocan- tins, Tapajós, Maranhão do Sul, San- ta Cruz e Triângulo — e a transfor- mação dos Territórios de Amapá e Roraima em Estados. A sessão foi tranquila. A comissão estabeleceu a auto- nomia política, legislativa, adminis- trativa e financeira para o Distrito Federal, deliberando por um gover- nador distrital a ser eleito juntamen- te com o próximo presidente da Re- pública. Ao tratar da competência da União, Estados e municípios, a comissão fez algumas inovações a principal delas é a que dá maiores poderes ao município, com a criação de juizados especiais. As organiza- ções comunitárias terão assegurada a participação no planejamento e no processo decisório municipal. A grande preocupação política da co- missão, contudo, reflete-se no artigo que diz que "todo o poder emana do povo e com ele será exercido, nos termos desta Constituição". , c . José Richa, relator CASAS PRÉ-FABRICADAS CHALÉS Finas Residências CZS 3.500 p m - Madeira Nobre - Garantia de 20 anos - Pronta Entrega qualquer parte do Brasil Av Ipiranga 120 Fo- ne 259-6854 Arq. Caiai

0 ESTADO DE S. PAULO Vitória

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

4 — 0 ESTADO DE S. PAULO

0Í/O -Politica

DOMINGO — 14 DE jLiNHqD£_iV£/

Vitória

_z

"Ganha quem tem voto, não quem berra mais", festejou o deputa­do Roberto Cardoso Alves (PMDB-SP), depois que os constituintes der­rubaram todos os projetos do sena­dor Severo Gomes, relator da Comis­são da Ordem Económica. O primei­ro projeto do relator a ser votado, sobre a reforma agrária, foi substituí­do pelo projeto liberal, de autoria do deputado Jorge Vianna (PMDB-BA). Depois da derrota, a maior parte dos

constituintes de esquerda abandona­ram o plenário.

— Ganha quem tem votos, não quem berra mais, afirmou na tarde de ontem o deputado Roberto Car­doso Alves (PMDB-8P), ao fim da votação do substitutivo liberal ao projeto de reforma agrária do relator da Comissão da Ordem Económica, senador Severo Gomes. O projeto li­beral, de autoria do deputado Jorge

ÍÍ asar a esquerainna ouri h 9?

O ambiente já era tenso na madru­gada de ontem, quando os xiitas iniciaram sua es­tratégia para obs­truir os trabalhos da Comissão de Ordem Económi­ca. Primeiro, não obedeceram à de­terminação de José Lins, presidente da Comissão, para que pessoas estra­nhas saíssem do plenário, reservado exclusivamente a deputados e jorna­listas. Sem o menor constrangimen­to, o relator vencido na Subcomissão de Princípios Gerais, Virgildásio de Sennâ (PMDB-BA), apresentou uma reclamação formal de que a porta principal não estava aberta e que o relógio da sala não tinha ponteiros.

Os xiitas sabiam que seriam der­rotados, até por um simples cálculo. Os liberais já haviam conseguido o compromisso assinado por 34 dos 64 constituintes da comissão para votar em bloco contra o projeto do relator, senador Severo Gomes (PMDB-SP), e aprovar três substitutivos. Isso eli­minaria na prática toda possibilida­de de aprovação de emendas do gru­po contrário. "Não queremos ganhar, queremos arrasar com essa esquerdi-

nha burra e retrógrada", repetia o deputado Roberto Cardoso Alves (PMDB-SP). Juntamente com Ulys-ses Guimarães, ele foi o autor da táti-ca dos substitutivos. Já os deputa­dos Guilherme Afif Domingos (PL-SP) e Delfim Netto (PBS-SP) tenta­ram reeditar a prática do "rolo com­pressor", que deu aos liberais a vitó­ria em quase todos os artigos na Sub­comissão de Princípios Gerais. Para não haver divisão interna, foi adota-da a proposta de Cardoso Alves.

A decisão de José Lins, permitin­do a votação dos substitutivos antes ,do projeto do relator (o que, tecnica­mente, eliminaria a possibilidade de emendas, com exceção das supressi­vas), foi seguida de ataques pessoais. Atingido por José Genoíno (PT-SP), o líder do PFL na Câmara, José Lou­renço, o acusou de ter denunciado os antigos companheiros de subversão à polícia. A discussão chegou próxi­ma da troca de tapas. Haroido Lima (PC do B-BA) estimulava os repre­sentantes dos trabalhadores rurais a se manifestarem contra o regimento. Imediatamente o grupo dirigiu-se ao presidente da. comissão, chamando-o de fascista. Às 24 horas, José Lins suspendeu a sessão por cinco minu­tos, depois de quase ser atingido por

Na Comunic

cascas e restos de laranjas atirados sobre a mesa da presidência.

Tentando retomar os trabalhos, o presidente pediu ao deputado Hé­lio Duque (PMDB-PR) que lesse o substitutivo liberal. Um trabalho quase impossível, pois Haroido Lima já havia arrancado um dos microfo­nes da mesa. Duque protestou e de­pois desistiu quando outro microfo­ne foi destruído. Foi designado então o deputado Jalles Fontoura (PFL-GO) para continuar a leitura, no últi­mo microfone funcionando. Mas este também foi inutilizado por uma "tro­pa de choque" comandada por Aldo Arantes e Haroido Lima.

O tumulto já era grande quando os xiitas tomaram o substitutivo das mãos do deputado Fontoura. O do­cumento foi rasgado em meio a em­purrões e tapas, que atingiram até mesmo o presidente da comissão, Jo­sé Lins. Certo de que a ordem não seria restabelecida, ele suspendeu a sessão. Cardoso Alves e Aíií Domin­gos apontaram o senador Mário Co­vas (PMDB-SP) como um dos princi­pais responsáveis pela confusão. Se­gundo eles, o líder peemedebista na Constituinte chegou a negar convi­tes para que os liberais distribuíssem a seus simpatizantes.

Vianna (PMDB-BA), venceu por 39 votos a 16, com nove abstenções. De­pois disso, a maior parte dos consti­tuintes de esquerda componentes da Comissão abandonou o plenário.

Seguiram-se as votações dos cin­co títulos sobre questão urbana e transportes e de princípios gerais, em que os projetos do grupo liberal obtiveram o dobro dos votos da es­querda, derrubando integralmente,

desta forma, o projeto do relator. Nas questões urbanas, os liberais vence­ram por 38 a cinco, com uma absten­ção, aprovando substitutivo de José Ulisses. E, nas questões de princípios gerais tía economia, foi aprovado substitutivo de Irapuan Costa Jú­nior, por 35 votos liberais contra sete da esquerda. Embora com seu relató­rio totalmente derrubado pelos subs­titutivos, o senador Severo Gomes permanece como relator da Comis-

Duca Lessa

Depois do tapa de Arantes (de braços abertos) , o tumul to

são e, nesta condição, integrante da Comissão de Sistematização.

O substitutivo dos princípios ge­rais da economia considera como empresa nacional "a pessoa jurídica constituída e com sede no País, cujo controle de capital esteja, em caráter permanente, exclusivo e incondicio­nal, sob a titularidade de pessoas fí­sicas ou jurídicas domiciliadas no País, ou por entidades de direito pú­blico interno".

Tapa, a a rma dos xiitas vencidos

Pressentindo o derrota de suas. propostas, os xiitas decidiram engros­sar: um tapa do deputado Aldo Aran­tes (PC do B-GO) no presidente da Comissão de Ordem Económica, de­putado José Lins (PFL-CE), na ma­drugada de ontem, suspendeu a rota­ção do projeto do relator, senador Se­vero Gomes (PMDB-SP). Oulro depu­tado do PC do B, Haroido Lima (BA), arrancou o microfone, impedindo que fosse lido o substitutivo dos libe­rais.

Sas galerias, 500 proprietários rurais, liderados pelo presidente da União Democrática Ruralista, Ronal­do Caiado, enfrentavam outros 500 trabalhadores rurais, arregimenta­dos por José Francisco da Silva, pre­sidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. "Assassino, assassino", gritaram os trabalhadores quando Caiado entrou nas galerias. "Vagabundo, vagabun­do", respondiam os agricultores. Na manhã de ontem, porém, o Congresso amanheceu calmo com a proibicêodo acesso do público às galerias do plená­rio da Câmara, a pedido do deputado José Lins. Mas nas comissões, conti­nuava o cíinta de tensão.

BRASÍLIA AGÊNCIA ESTADO

Num clima de muitas vaias e impasse a Comis­são da Família da Educação E s p o r t e s Ciência e Tecno logia e tía Comu

. W Si "'"b ST"|\

-í tf F i i ) e j j I | , 11 í

no- v i ) \\w\i \i uuiírií

nicação derrubou ontem, "por 37 vo­tos a 26, o relatório do deputado Ar­tur da Tâvola (PMDB-RJ). Inconfor­mada com a derrota, a ala xiita da comissão quer obstruir a votação dos 747 destaques de emendas apresen­tados. Como o prazo para a entrega do relatório será encerrado amanhã, existe o risco de se elaborar um ante-projeto incompleto e esvaziado, as-

Lentidão

preocupa Domelles

A Comissão do Sistema Tributa- / I rio, Orçamento e A ; Finanças apro- . § ' j C G vou na noite de i^*^ I ^ F ^ anteontem emen- \ /•, ' . da do deputado \- J j i / Domingos. Juve- \ li Is / nil (PMDB-PA), v - . _ . J ^ y . que proíbe a transferência de pou­pança, de regiões com renda inferior à média nacional para outras de maior desenvolvimento. A votação das emendas e destaques começou às 20h30 de anteontem, pelo capítulo do sistema financeiro, foi interrompi­da à 1 hora da manhã e retomada às 11 horas de ontem.

Às 14 horas, os constituintes ti­nham aprovado apenas seis emen­das, rejeitado 21 e retirado ou consi­derado prejudicadas outras 26. A len­tidão da votação preocupava o presi­dente da comissão, Francisco Dor-nelles (PFL-RJ), que ontem já previa ser impossível cumprir o prazo esta­belecido pelo regimento — até a meia-noite de segunda-feira — para a entrega dos relatórios finais. Como outras comissões também estão atrasadas, Domelles espera que o presidente da Constituinte, Ulysses Guimarães, conceda uma prorroga­ção dos prazos.

As seis emendas aprovadas até ontem não chegam a modificar subs­tancialmente o substitutivo do rela­tor José Serra (PMDB-SP), aprovado previamente anteontem à tarde. O relator da Subcomissão do Sistema Financeiro, Fernando Gasparian (PMDB-SP), conseguiu fazer aprovar emendas que transferem para o Con­gresso Nacional a atribuição de votar os limites e condições da divida mo­biliária e das operações de crédito interno e externo dos Estados e mu­nicípios, além de aprovar a nomea­ção e deliberar sobre a exoneração do presidente e da diretoria do Ban­co Central. Serra atribuía essas fun­ções apenas ao Senado, que repre­senta em igualdade de condições os Estados da Federação.

BANCOS ESTRANGEIROS

A comissão derrubou outras pro­postas de Gasparian e de outros constituintes, que restabaleciam a proibição do funcionamento de ban­cos de depósitos estrangeiros no Bra­sil e recriavam a comissão mista do sistema financeiro do Congresso, com poderes para sustar medidas do governo nas áreas de política mone­tária, de crédito e de câmbio. Essas propostas tinham sido aprovadas na Subcomissão do Sistema Financeiro. A comissão rejeitou também propos­ta do senador Roberto Campos (PDS-MT), que liberalizava por com­pleto o câmbio, retirando da União a atribuição de administrar as reser­vas cambiais do País.

sim como ocorreu na Subcomissão de Reforma Agrária, aprovado com apenas dois artigos.

A galeria que acompanhou a vo­tação do substitutivo do deputado Artur da Távola chegou, em determi­nado momento, a jogar dinheiro aos constituintes que votaram contra o relatório. No momento em que se de­finiu a derrubada da proposta do de­putado fluminense, a assistência, em sua maioria partidária da ala xiita, gritava as seguintes frases: "díretas já" e "o povo vai saber da manobra de vocês". Com a impossibilidade de continuidade dos trabalhos, peio cli­ma de confusão crescente, o presi­dente da comissão, senador Marcon­des Gadelha (PFL-PB), optou por suspender a sessão.

Cai parecer contrario

ao diploma BRASÍLIA

AGÊNCIA ESTADO

Apelo

Por 36 votos con­tra cinco a Co­missão da Sobe­rania e dos Direi­tos e Garantias do Homem e da Mulher rejeitou ontem o disposi­tivo do senador José Paulo Bisol, que dispensava a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. O texto de Bisol atingia todas as pro­fissões vinculadas à expressão direta do pensamento, entre as quais soció­logos, psicólogos, economistas e ar­tistas. A postura inflexível de Bisol provocou protestos veementes dos jornalistas. O presidente da Federa­ção Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Armando Rollemberg, e o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Dis­trito Federal, Carlos Max Torres, alertaram que a aprovação do dispo­sitivo poderia causar verdadeiro caos profissional.

Um dos temas mais polémicos, a questão da orientação sexual — que segundo o grupo evangélico permiti­ria a liberalização do homossexualis­mo —, foi resolvido pacificamente, mas a expressão orientação sexual foi substituída por "comportamento sexual".

A discussão sobre o tema mais controvertido da comissão, o direito de propriedade, foi adiada. O depu­tado Farabulini Júnior — ferrenho opositor de Bisol — disse que não poupará esforços para derrubar o dispositivo do senador. A votação dos destaques começou às 11 horas e o prazo para o encerramento dos tra­balhos é à meia-noite de amanhã.

Antes do início da votação, o re­lator da comissão chegou a fazer um apelo ao grupo dos religiosos, inte­grado por 13 parlamentares, para que tomasse cuidado ao votar contra o substitutivo, em função da compo­sição com o chamado "grupo das co­municações", pois havia o risco de perdA de tudo o que foi conquistado no capítulo da Família, do Menor e do Idoso, "pela falta de destaques para esses assuntos". Em outro apelo a parlamentares do PFL, Artur da Távola disse que, "para manter o pri­vilégio na área das comunicações, iriam rejeitar também o pensamento liberal, que é uma bandeira desse partido, nos outros capítulos".

iciacie para votar continua sendo 18 anos O mandato do ^ presidente José / ( Samey continua / f fixado em cinco / • ,1 anos, conforme o i í que foi decidido \ \ < ontem na Cernis- \ ! ] são de Organiza- \A> ção E le i to ra l , Partidária e da Garantia das Insti­tuições. A idade mínima do eleitor brasileiro continua em 18 anos e voto permanece obrigatório — o PT ten­tou transformar o voto em facultati­vo, sem sucesso.

Estes itens representam uma derrota dos xiitas para os liberais. Na verdade, os xiitas só saíram vencedo­res na questão relativa à "organiza­ção de órgãos de vigilância, subordi­nados aos prefeios municipais", em municípios com mais de cem mil ha­bitantes. Foram mantidas, no entan­to, as guardas municipais, como op­ção para prefeituras de todo o País, e a possibilidade de o Executivo decla­rar "estado de defesa", expressão que substitui as antigas medidas de emergência, ouvindo apenas o Con­selho Constitucional, um colegiado criado pelo relator Prisco Viana, co­mo paliativo ao Conselho de Segu­rança Nacional.

Apesar dos esforços em sentido contrário do PT, PC do B e PDT e de setores xiitas do PMDB, a Polícia Federal continuará responsável pela classificação e controle de diversões públicas. Essa vitória foi obtida com. apenas um voto de diferença (25 a 24) e um dos depoimentos mais contun­dentes foi íeito pelo jornalista e cons­tituinte António Britto, que revelou estar a censura sendo exercida pela Policia Civil.

Um dos argumentos usados pela deputada Rita Furtado (PFL-RO), que votou contra o relatório, foi o fato de o deputado Artur da Távola não ter utilizado em seu parecer os pontos aprovados nas subcomissões. Destacou que "os pontos de vista das subcomissões não foram levados em conta e no relatório do Artur encon­tramos algumas emendas que foram derrubadas", referindo-se à do Con­selho Nacional de Comunicação. Após a derrota do substitutivo, o re­lator desabafou: "Atribuo isso ao mi­nistro das Comunicações".

Ao fazer a defesa do relatório de Artur da Távola, o deputado Otávio Elísio (PMDB-MG) disse que "temos uma responsabilidade muito grande e seremos cobrados depois pela so­

ciedade". No seu entender, na área da educação, o relatório apresentado "respondeu a tudo que desejávamos, pois, com mais de sete milhões de brasileiros fora das saias de aulas, só teremos liberdade de ensino se hou­ver escolas públicas e gratuitas para todos. Além disso, a destinação de verbas públicas apenas para escolas públicas não acaba com o ensino pri­vado". O impasse ocorrido na vota­ção do substitutivo do deputado Ar­tur da Távola foi apenas um exemplo da confusão que se instalou nos tra­balhos da comissão. O início da vota­ção estava previsto para anteontem às 14 horas, e até o começo da tarde de ontem as obstruções não haviam permitido que os trabalhos íossem executados.

Já estão garantidos os cinco anos para Sarney

Os cinco anos de mandato do pre­sidente Samey e a implantação do regime parlamen-' tarista nos ter­mos propostos pelo senador José F o g a ç a (PMDB-RS) estão garantidos na Co­missão de Organização dos Poderes e Sistema de Governo. O grupo fiel ao presidente dispunha de maioria de cerca de dez votos para aprovar o destaque, cuja votação começou no final da tarde de ontem. Durante a madrugada, os grupos políticos re­presentados na comissão chegaram a um acordo para votar o substituti­vo do relator Egydio Ferreira Lima (PMDB-PE), acrescido de um aditivo com poucas alterações ao texto ante­rior.

A proposta do senador Fogaça teve apoio de todos os grupos da co­missão, com poucas alterações em relação ao original. Ficou estabeleci­do que moção de censura será possí­vel apenas em caráter coletivo, atin­gindo todo o Ministério e eliminando o privilégio que antes beneficiava os ministros militares, o chefe do Gabi­nete Civil e o ministro do Interior. Outra alteração aceita foi a elabora­ção de lista dupla, ao invés da trípli­ce, de onde será indicado peia Câma­ra o primeiro-ministro, após duas re­jeições anteriores.

O relator Egydio Ferreira Lima reuniu-se no Prodasen até às 5 horas

de ontem com os relatoras das subco­missões do Executivo, Legislativo e Judiciário, quando as sugestões do acordo foram aceitas e elaborado o termo aditivo. Durante o dia, o depu­tado Miro Teixeira encontrou-se com outros parlamentares para chegar ao acordo e "evitar disputas estéreis so­bre temas sem importância, garan-tindo-se o fundamental em termos de mudanças". Quanto ao mandato do presidente Samey, Miro reconhe­ceu a minoria do seu grupo e frisou que a fixação dos quatros anos será tentada no plenário, mas tinha como certa a aprovação do destaque na comissão temática restabelecendo cinco anos.

No capítulo referente ao Judiciá­rio, Egydio Ferreira Lima aceitou as emendas que estabelecem a Justiça Agrária e altera o Ministério Público criando a figura do promotor público para defender o Executivo. Não hou­ve acordo prévio sobre a oficializa­ção dos cartórios e a eleição dos re­presentantes dos tribunais do tra­balho.

Egydio acatou as emendas do re­lator da Subcomissão do Poder Le-, gislativo, José Jorge (PMDB-PE), deixando-o satisfeito. Entre elas es­tão a elaboração de leis por iniciativa popular, manutenção do voto pro­porcional, maioria de dois terços na Câmara ou Senado para emendas constitucionais, aprovação do orça­mento financeiro do Executivo e convocação do primeiro-ministro só pelo plenário.

Na Ordem Social? pausa para u A Comissão de Ordem Soc ia l suspendeu ontem mais uma vez os trabalhos de vo­tação do subs­titutivo do rela­tor, senador Al-m i r G a b r i e (PMDB-PA), para os partidos majori­tários — o PMDB e o PFL, com 48 dos 64 participantes — chegarem a consenso nas matérias polémicas. Estabilidade no emprego (uma das questões mais difíceis de toda a Constituinte), jornada de trabalho, direito à greve, aposentadoria, fundo de seguridade, proibição de usinas nucleares e direitos das em­pregadas domésticas são os assuntos que l eva ram o pres idente da comissão, deputado Edme Tavares

(PFL-PB), a aceitar o adiamento, para evitar "confrontos constrange­dores" como os ocorridos anteontem na Ordem Económica, até com agressões físicas.

A Comissão de Ordem Social iniciou seus trabalhos na sexta-feira, às 17 horas, mas os suspendeu uma hora e meia depois, por falta de impressos, com os 764 destaques às emendas apresentadas ao substi­tutivo de Almir Gabriel. A sessão foi reaberta ontem com quase uma hora de atraso — às 9h55 — e nova­mente suspensa às 10h50. Os dois partidos majoritários deveriam reunir-se primeiro separadamente e depois em conjunto para buscar um acordo.

Mesmo antes da abertura da ses­são na manhã de ontem, os consti­tuintes de diversos partidos reuni-

ram-se na sala do deputado Ronan Tito (PMDB-MG) na tentativa de j chegar ao consenso. A solução de momento: os pontos controvertidos seriam examinados no final, para ga­rantir primeiro a aprovação do rela­tório, rejeitado por apenas sete dos 64 constituintes, os quais votaram "a favor com restrições".

Os constituintes da esquerda peemedebista esforçaram-se em que os demais integrantes do partido adotassem por voto o programa par­tidário. A ideia é aprovar na íntegra o texto do relator Almir Gabriel, já que, para concluir a redação do subs­titutivo e garantir os "avanços" na Comissão de Sistematização, o sena­dor paraense se encontrou várias ve­zes com a cúpula do PDM3 e com outros relatores.

O acordo pela aprovação inte­

gral do texto teria sido íeito, segundo algum parlamentares, nessas reu­niões — uma delas, na casa do minis­tro da Previdência Social, Raphael de Almeida Magalhães. Esses consti­tuintes insistem no acordo pois ga­rantiriam a passagem dos itens mais polémicos para a Comissão de Siste­matização.

A estabilidade no emprego — considerada "o divisor das águas" — poderá ser aprovada com alterações. Segundo o deputado Adilson Mota (PDS-RS), seu partido está disposto a aderir ao consenso, pois essa é "a solução mais civilizada".

O PT condiciona sua aprovação da estabilidade no emprego à altera-ção na aposentadoria. Os petistas querem redução do tempo de traba­lho, como constava do texto original de Almir Gabriel.

O deputado Pedro Canedo (PFL-GO) foi afastado definitivamente da comissão, em decorrência de despa­cho do presidente da Assembleia Na­cional Constituinte, Ulysses Guima­rães, ao senador Marcondes Gade­lha, destacando que "não é admissí­vel que o membro de uma bancada seja indicado para ocupar a vaga de outro partido na comissão à revelia de seu próprio líder". Como líder do PFL, José Lourenço não aceitou en­trar em acordo com o PC do B (que dispunha da vaga), o deputado do PFL acabou ficando fora da votação. Ao comentar a atitude de Ulysses, o líder do PC do B, Haroido Lima (BA), ressaltou que "a mudança de posição do deputado paulista, em menos de 24 horas, nos deixou perplexos".

Organização do Estado, a mais rápida

A Comissão de Organização do Estado foi a pri- / meira a encerrar / os trabalhos, às r 3h40 de ontem. \ Embora houvesse indícios de que haveria consenso, o relator, senador José Richa, foi vencido na questão essencial: a cria­ção de cinco novos Estados — Tocan­tins, Tapajós, Maranhão do Sul, San­ta Cruz e Triângulo — e a transfor­mação dos Territórios de Amapá e Roraima em Estados. A sessão foi tranquila.

A comissão estabeleceu a auto­nomia política, legislativa, adminis­trativa e financeira para o Distrito Federal, deliberando por um gover­nador distrital a ser eleito juntamen­te com o próximo presidente da Re­pública. Ao tratar da competência da União, Estados e municípios, a comissão fez algumas inovações — a principal delas é a que dá maiores poderes ao município, com a criação de juizados especiais. As organiza­ções comunitárias terão assegurada a participação no planejamento e no processo decisório municipal. A grande preocupação política da co­missão, contudo, reflete-se no artigo que diz que "todo o poder emana do povo e com ele será exercido, nos termos desta Constituição". , c .

José Richa, relator

CASAS PRÉ-FABRICADAS CHALÉS

Finas Residências CZS 3.500 p m - Madeira Nobre - Garantia de 20 anos - Pronta Entrega qualquer parte do Brasil Av Ipiranga 120 Fo­ne 259-6854 Arq. Caiai