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ESCATOLOGIA A REUNIÃO do Concílio Universal Cristão em Evanston, Illinois, EUA., no outono de 1954 ajudou aos leitores a considerarem mais familiar a palavra ESCATOLOGIA. Ela era muito conhecida nos círculos teológicos, significando o estudo de vários aspectos das idéias relacionadas com a segunda vinda de Cristo, a ressurreição e o julgamento de toda a humanidade, morta e viva. O termo vem da palavra grega "eschatõs", que quer dizer "o último" ou "o extremo" de tudo – o fim de uma vara ou de uma estrada. Desta maneira, no significado da palavra está incluído todo e qualquer assunto relacionado com o fim do presente estado de coisas no mundo. A parábola do trigo e do joio, como registrada em Mat. cap. 13, tornou este assunto geral familiar aos estudantes da Bíblia. Ao explicar a parábola, Jesus disse: "O campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o semeou é o diabo; a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos"(Mat. 13:38, 39). Ele explicou além disto, que ambos, trigo e joio, ou seja os justos e os maus, terão permissão para "crescer juntos até à colheita"

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ESCATOLOGIA

A REUNIÃO do Concílio Universal Cristão em Evanston, Illinois, EUA., no outono de 1954 ajudou aos leitores a considerarem mais familiar a palavra ESCATOLOGIA. Ela era muito conhecida nos círculos teológicos, significando o estudo de vários aspectos das idéias relacionadas com a segunda vinda de Cristo, a ressurreição e o julgamento de toda a humanidade, morta e viva. O termo vem da palavra grega "eschatõs", que quer dizer "o último" ou "o extremo" de tudo – o fim de uma vara ou de uma estrada. Desta maneira, no significado da palavra está incluído todo e qualquer assunto relacionado com o fim do presente estado de coisas no mundo.

A parábola do trigo e do joio, como registrada em Mat. cap. 13, tornou este assunto geral familiar aos estudantes da Bíblia. Ao explicar a parábola, Jesus disse: "O campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o semeou é o diabo; a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos"(Mat. 13:38, 39). Ele explicou além disto, que ambos, trigo e joio, ou seja os justos e os maus, terão permissão para "crescer juntos até à colheita" (v. 30, pp.). Quando nos lembramos que "a ceifa é o fim do mundo", torna-se claro que não pode haver nenhum período anterior à vinda de Cristo, em que haja uma situação de paz e sem pecados, na qual todos os homens se converterão e voltarão a Deus.

O mestre continua dizendo: "No tempo da colheita direi aos ceifeiros: "Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro" (v. 30, úp.)

A teoria do progresso do mundo em direção a algo semelhante à perfeição moral e social, é frontalmente contrária ao ensino da Bíblia. Nada que se assemelhe a tal teoria pode ser encontrado nas Santas Escrituras. A idéia é inteiramente baseada num pensamento desejoso e numa visão superficial da história do século passada ou de dois séculos

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Escatologiaatrás, ignorando-se ou torcendo-se a história dos milhares de anos precedentes.

As obras eruditas e detalhadas de Arnold Joseph Toynbee não deviam ser necessárias para ensinar ao mundo a falsidade dessa teoria do progresso mundial. Toynbee achou difícil decidir quantos têm sido os ciclos sucessivos daquilo que denominamos civilização, alternando-se com períodos de decadência e barbárie, e o todo compreendendo uma longa série de ataques e contra ataques de forças invisíveis do bem e do mal, entre Jesus e Seu implacável adversário.

Qualquer estudante de grau médio lê a respeito da renascença que precedeu a reforma e lhe preparou o caminho. Esta foi um reviver da literatura e civilização do período clássico de Roma e da Grécia. Porém, a civilização greco-romana, foi ela própria uma renascença. A era precedente de Creta, mil anos antes, havia sido superior aos dias de Sócrates e Augusto no que se refere às artes e habilidades. E ainda mais velha do que a idade de ouro de Creta foi a era dos construtores das pirâmides da Acádia e de Ur.

A vida sofisticada e artificial de cada civilização sucessiva, produz condições que tornam extremamente difícil ao Criador conseguir a atenção e obediência da alma humana. "A verdadeira luz que ilumina a todo homem que vem ao mundo" sofre demasiadamente com a aberração cromática dos preconceitos e falsos ideais gerados por hábitos e costumes tradicionais. Destarte, quando o Administrador do Universo vê na sua sabedoria que os oponentes do seu povo e da Sua verdade estão a ponto de sair do trilho, Ele remove Sua mão protetora e o grande destruidor tem permissão para exterminar aquela específica parte de civilização. Então Ele pode iniciar novas condições de vida, sob as quais após mais alguns séculos há expectativa de melhores resultados.

As descobertas científicas e invenções mecânicas dos últimos dois séculos resultaram em viagens velozes e comunicações quase que instantâneas através do mundo. Isto resultou na perfeição de nossa parte de que a raça humana é agora uma grande comunidade, ainda que

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Escatologiainquieta e irascível. Entretanto esta condição global é um cumprimento admirável da profecia de Daniel, dada há vinte e cinco séculos. Foi dito ao profeta que algumas das partes importantes de sua visão não seriam compreendidas por muito tempo, porém que permaneceriam fechadas e seladas até o tempo do fim.

Mas quando esta fechadura do tempo fosse aberta, foi informado, "muitos correrão de um lado para outro, e o saber será aumentado". (Daniel 12:4) Agora vemos o cumprimento desta predição.

A razão desse plano da divina Providência, de fazer do mundo uma comunidade no tempo do fim, torna-se clara depois de uma cuidadosa reflexão. O tempo corria célere. Por causa da aproximação do fim dos tempos, planos deveriam ser delineados para a conclusão de todos os negócios da história humana, de uma maneira razoável e dignificante, com advertências oportunas e admoestações misericordiosas; porque "certamente o Senhor Deus não fará cousa alguma sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas" (Amós 3:7).

De acordo com este princípio, Jesus declarou: "E será pregado este evangelho do reino [vindouro], por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim" (S. Mat. 24:14).

Então no capítulo 14 de Apocalipse, exatamente antes do relato da ceifa, ou do fim do mundo, que aparece na parte final do capítulo, encontramos um grupo unificado de três mensagens divinas que deverão ser proclamadas a cada nação, tribo, língua e povo. A primeira é uma forma de evangelho, adaptada especialmente ao clima intelectual dos nossos dias, com sua filosofia evolucionista, declarando que a hora do juízo divino veio, chamando nossa geração de evolucionistas panteísticos a adorarem o Criador pessoal, e advertindo contra aqueles que adoram poderes terrenos opostos, que serão arregimentados contra Deus e Seu povo nesses tempos críticos. Este fiel povo de Deus é descrito como "os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus". (Apoc. 14:6-12).

Se olharmos ao redor para vermos se algo acontece em nosso mundo moderno que corresponda a estas mensagens divinas de

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Escatologiaadvertências sobre o fim do mundo, vemos o povo, chamado Adventistas do Sétimo Dia, que, por mais de cem anos pretende estar transmitindo exatamente estas mensagens.

Eles, os adventistas, usam constantemente estes versos do cap. 14 de Apocalipse como sua divisa, a nota tônica de tudo em que crêem e ensinam. E seguem estabelecendo sanatórios, escolas, casas publicadoras e estações missionárias em quase todas as partes habitadas do globo. Certamente eles são sinceros. Seu zelo e suas dádivas, muitas delas significando sacrifício, são um desafio constante para outros. Se eles não estão cumprindo esta profecia divina, quem então?

Vivemos precisamente no próprio fim dos séculos. Justamente tal advertência divina é agora apropriada. Enquanto ninguém mais pretende estar realizando uma obra dessa envergadura, os adventistas o fazem. Porque então cada pessoa inteligente não toma tempo para examinar ao menos sua mensagem e obra, para ver se são divinamente enviados?

O surgimento e queda de civilização sucessivas já foi mencionado. Muitas cidades grandes como Tebas, Nínive e Babilônia; muitas nações poderosas como os hititas e assírios e a velha Roma imperial tiveram o seu dia e chegaram ao fim do seu quinhão de prova e foram extintas pelo Deus do céu a quem seu povo havia olvidado ou continuava desprezando.

Porque então não deverá uma condenação igual sobrevir ao mundo? Porque o Criador, o paciente e bondoso Criador não se cansa da constante tendência para degenerar, da perpétua necessidade de renovar uma civilização que se desintegra? Porque Ele não limpa a inteira massa corrompida e estabelece um universo limpo e feliz, sem a mais leve tendência para o mal?

Algum dia Ele fará exatamente isto. Mas antes o universo inteiro deve tornar-se cabalmente enfermo do pecado em todas as suas formas, as enganosas e as aparentemente atrativas bem como as repulsivas. O universo inteiro expectante, deve tornar-se completamente convencido de que os planos e caminhos de Deus são sempre melhores.

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EscatologiaE esta mudança radical no método divino de lidar com o problema

do pecado e do mal, é o que está incluí do no termo "Escatologia".É irrazoável e mesmo impensável que um Deus sábio e bom

permita que a humanidade pecaminosa continue na sua carreira infiel. Nem a Bíblia nem as experiências registradas na história contam que a natureza humana esteja evidenciando a mais leve tendência de abandonar aquilo que E. A. Hooton de Harvard denominou a "obstinação aborígine do homem" ou o que a Bíblia denomina de "pecado". Ademais, a pequena porcentagem de indivíduos que são curados desta doença através da verdadeira religião não aumenta. Nascem num dia mais pagãos do que são atingidos pelo evangelho em um mês. Uma estimativa recente e de fonte bem informada indica que a população mundial tem um acréscimo de 40 milhões de pessoas por ano e a maioria desta nasce em países onde o cristianismo não é popular. A população mundial quase triplicou desde 1800, enquanto a taxa de mortalidade tem decaído rapidamente. Mesmo em países chamados cristãos, quão reduzido é o número dos que o são de verdade!

A Europa e outras partes do Velho Mundo, bem como o México e o Peru neste hemisfério, são pontilhados com ruínas de impérios mortos e civilizações esquecidas. E assim como cidades e nações uma após outra tiveram o "seu" dia, porque não um mundo?

É isto que a Bíblia nos conta do princípio ao fim. E a advertência misericordiosa de Deus soa através da terra. Aquilo que denominamos de "tempos modernos" ou "nossos dias" as profecias das Sagradas Escrituras repetidamente chamaram de "o tempo do fim".

Porém o fim da história da humanidade é apenas outro capítulo do problema maior do método de Deus tratar com o pecado e o mal no universo como um todo, originado com a revolta de Lúcifer e de seus seguidores. Esta rebelião cósmica iniciou-se na sede do universo muito antes do início da história desta terra. Em Sua sabedoria o Criador não destruiu imediatamente os rebeldes, porém depois de expulsá-los do céu, permitiu-lhes transferirem para esta terra seus esquemas nocivos, onde,

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Escatologiapelo engano, seu líder seduziu os primeiros pais da raça humana. Assim toda a história humana, incluindo a Encarnação, morte e ressurreição de Cristo e Sua reinstalação no céu como o administrador atuante do universo de Deus – é apenas uma parte da história mais ampla e mais importante do grande drama dos séculos.

O período que na profecia é chamado de "o tempo do fim", o século ou dois que denominamos de os tempos modernos é um marco destacado de grande importância; seus característicos serão assunto dos capítulos seguintes.

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