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AMANDA BARBOZA AMANDA JURASKI CARLOS FELLIP EDUARDO PAPAI FLAVIA RODRIGUES ATIVIDADE: SISTEMA ENDÓCRINO Revisão de bibliografia para disciplina Bases Biológicas para Engenharia I (EN2319) Santo André SP 3º quadrimestre de 2014

01. Sistema Endócrino

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Breve introdução sobre o sistema endócrino

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  • AMANDA BARBOZA

    AMANDA JURASKI

    CARLOS FELLIP

    EDUARDO PAPAI

    FLAVIA RODRIGUES

    ATIVIDADE:

    SISTEMA ENDCRINO

    Reviso de bibliografia para disciplina

    Bases Biolgicas para Engenharia I (EN2319)

    Santo Andr SP

    3 quadrimestre de 2014

  • AMANDA BARBOZA

    AMANDA JURASKI

    CARLOS FELLIP

    EDUARDO PAPAI

    FLAVIA RODRIGUES

    ATIVIDADE 1:

    SISTEMA ENDCRINO

    Relatrio apresentado como pr-requisito parcial para concluso da disciplina Bases Biolgicas para Engenharia I (EN2319) da Universidade Federal do ABC. Orientador Prof. Dr. Ilka Tiemy Kato Prof. Dr. Patrcia da Ana Prof. Dr. Reginaldo Kisho Fukuchi Centro de Engenharia, Modelagem e Cincias Sociais Aplicadas Universidade Federal do ABC

    Santo Andr SP 3 quadrimestre de 2014

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ......................................................................................................... 4

    2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 5

    3. METODOLOGIA ...................................................................................................... 5

    4. SISTEMA ENDCRINO: FUNCIONAMENTO NORMAL ..................................................... 5

    5. SISTEMA ENDCRINO: PATOLOGIAS ....................................................................... 12

    5.1. Patologias da Tireoide .......................................................................................... 12

    5.1.1. Hipertireoidismo ............................................................................................. 12

    5.1.2. Hipotireoidismo ............................................................................................... 14

    5.2. Patologias da Hipfise .......................................................................................... 15

    5.2.1. Distrbios do Crescimento ........................................................................... 15

    5.2.2. Pan-hipopituitarismo ...................................................................................... 16

    5.2.3. Nanismo .......................................................................................................... 17

    5.2.4. Gigantismo ...................................................................................................... 18

    6. CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 19

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................ 20

  • 4

    1. INTRODUO

    Os sistemas nervoso e endcrino atuam juntos para coordenar as funes de

    todos os sistemas do corpo. Nas sinapses, os impulsos nervosos desencadeam a

    liberao de molculas mediadoras (mensageiras) chamadas de neurotransmisores.

    O sistema endcrino tambm controla atividades corporais, liberando molculas

    mediadoras chamadas de hormnios. Seus principais orgos so as glndulas

    endcrinas(TORTORA, G. J. e DERRICKSON, B.; 2009): hipfise, tireide,

    paratiride, suprarrenal e pineal. Alm disso existem orgos e tecidos que no so

    exclusivamente classificados como glndulas endcrinas, mas contm clulas que

    secretam hormnios, participando tambm deste sistema so eles: hipotlamo, timo,

    pncreas, ovrios, testculos, rins, estmago, fgado, intestino delgado, pele,

    corao tecido adiposo e placenta. A figura 1. Mostra as principais glndulas e

    rgos com clulas secretoras do sistema endcrino.

    Figura 1. Localizao das glndulas e orgos com funo endcrina. (TORTORA, G. J. e

    DERRICKSON, B.; 2009).

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    Quimicamente um hormnio uma molcula mediadora, liberada em uma parte

    do corpo sendo responsvel por regular a atividade de clulas em outras partes

    (hormnios circulantes) ou na mesma parte do corpo (hormnios locais). Os

    hormnios locais ou circulantes do sistema endcrino contribuem para a

    homeostasia, regulando o metabolismo e a atividade de clulas-alvo em todo o

    organismo.

    2. OBJETIVOS

    O objetivo deste trabalho realizar uma reviso bibliogrfica cerca do

    funcionamento regular do Sistema Endcrino e sobre algumas das principais

    patologias associadas este sistema.

    3. METODOLOGIA

    Atravs de pesquisas em livros didticos de fisiologia mdica e artigos cientficos

    da rea, elaborou-se a reviso bibliogrfica apresentada abaixo, contendo

    informaes sobre o funcionamento regular do sistema, as principais patologias e

    seus mtodos de diagnstico, monitoramento e teraputica.

    4. SISTEMA ENDCRINO: FUNCIONAMENTO NORMAL

    O Sistema Endcrino formando por glndulas endcrinas e tecidos secretores

    responsveis pela secreo dos hormnios, que por sua vez iro atuar em tecidos

    alvos atravs de ligaes com receptores especficos. Os hormnios percorrem por

    toda via sangunea e possuem diferentes atuaes, como crescimento,

    funcionamento e regulao de atividade orgnica, determinao de caractersticas

    morfolgica, regulao do comportamento e outros. Devido vasta gama de

    importantes atuaes, os hormnios so os responsveis pela homeostase, ou seja,

    so responsveis pela manuteno do equilbrio funcionamento timo do organismo

    animal. (GUYTON, A e HALL, J, 2006)

    A atividade normal do Sistema Endcrino regulada atravs do mecanismo de

    feedback ou retro-controle. O feedback pode ser negativo - onde a concentrao

    do hormnio secretado por uma determinada glndula atinge nveis mximos que

    culminam na interrupo da secreo do hormnio - ou positivo - onde a secreo

    do hormnio atinge nveis baixos que estimulam o aumento da secreo do

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    hormnio para permitir o desenvolvimento de uma dada atividade

    fisiolgica.(GUYTON, A e HALL, J, 2006)

    Existem 3 tipos de hormnios: os de origem proteica so secretados pela

    hipfise posterior e anterior, pelo pncreas (como o caso da insulina e do

    glucagon) e pela paratireoide. Esses hormnios so produzidos e armazenados em

    vesculas at que a sua secreo seja necessria. Uma vez que o mecanismo de

    feedback incita a liberao do hormnio, a secreo ocorre por exocitose, ou seja, a

    vescula secretora se funde na membrana celular e libera o seu contedo

    diretamente no liquido intersticial ou diretamente na corrente sangunea. Na classe

    dos esteroides encontram-se os hormnios secretados pelo crtex adrenal (cortisol e

    aldosterona) e a maioria dos hormnios sexuais (estrognio, progesterona e

    testosterona). Esses hormnios geralmente so produzidos a partir do colesterol e

    no necessitam de armazenamento, pois uma vez estimulada, a sua produo

    rpida.

    Como so altamente lipossolveis, eles no dependem de vesculas excretoras,

    pois facilmente conseguem se difundir na membrana plasmtica das clulas, sendo

    liberados no liquido intersticial e posteriormente na corrente sangunea. Os

    hormnios derivados de tirosina, como a tiroxina, so secretados pela tireoide e pela

    medula adrenal, como o caso dos hormnios epinefrina e noraepinefrina. Esses

    hormnios so formados atravs da ao de enzimas presentes no citoplasma de

    clulas glandulares. Os hormnios da tireoide so produzidos e armazenados na

    mesma glandula, e incorporados macromolculas de da protena tireoglobulina. A

    sua secreo ocorre quando aminas da tireoglobulina no removidas, o que libera o

    hormnio para a sua emisso na corrente sangunea. Uma vez na corrente, a

    maioria dos hormnios da tireoide precisa se combinar com protenas plasmticas

    para poder atingir os tecidos-alvo. Os hormnios epinefrina e norepinefrina so

    produzidos na medula adrenal e armazenados em vesculas at serem secretados e

    ento liberados por exocitose, semelhante aos hormnios proteicos. Uma vez na

    circulao podem se manter livres ou conjugar-se com outras substncias.

    (GUYTON, A e HALL, J, 2006)

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    Figura 2. Principais glndulas endcrinas e tecidos endcrinos do organismo humano. Cada glndula responsvel pela produo de um hormnio especfico. Imagem adaptada. (GUYTON, A e HALL, J; 2006)

    A ao dos hormnios sempre muito especfica e com tempo de ao podendo

    variar de segundo at meses. Devido alta especificidade da atuao, as

    concentraes de hormnios encontrados no sangue so muito pequenas, variando

    da ordem dos picogramas at microgramas.(GUYTON, A e HALL, J, 2006)

    Aps liberado na corrente sangunea, o hormnio ir ligar-se ao seu receptor

    especfico, o que ir iniciar uma cascata de reaes dentro da clula, mediada por

    mensageiros e segundo mensageiros, ou seja, molculas intracelulares que

    desencadeiam uma srie de ativaes moleculares para o desenvolvimento de uma

    dada atividade fisiolgica. A Figura 3 exemplifica a ao intracelular de um hormnio

    esteride. Atravs da figura 3 podemos ver que a interao do hormnio com o seu

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    receptor especfico provoca reaes intracelulares que iro alterar a produo de

    novas protenas.

    Figura 3. Esquema da ao hormonal de um esteroide. Devido sua alta hidrofilicidade, os hormnios esteroides no dependem de vesculas para serem liberados no contedo celular. Imagem adaptada da Apostila de Fisiologia do curso de Biologia da USP (THIEMANN, O. 2014).

    As glndulas e tecidos endcrinos so controlados pelo Sistema Nervoso,

    especificamente pelo hipotlamo ou por outras glndulas endcrinas, gerando uma

    comunicao neuroendcrina. Alm da regulao neuroendcrina, o hipotlamo

    tambm responsvel pela produo da oxitocina e do ADH (hormnio

    antidiurtico). O quadro 1 abaixo apresenta as principais glndulas endcrinas, os

    hormnios secretados, os tecidos alvos e as aes incitadas.

    Quadro de glndulas endcrinas, hormnios produzidos, local de atuao e ao Tabela 1.desencadeada, Baseada na tabela presente na Apostila de Fisiologia do curso de Biologia da USP (THIEMANN, O. 2014).

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    Neste trabalho iremos focar nas caractersticas da hipfise e da tireoide, devido

    alta incidncia dos distrbios associados ao mau funcionamento dessas duas

    glndulas.

    A hipfise, tambm conhecida como pituitria, uma pequena glndula com

    dimenses prximas de 1 cm e peso variando entre 0,5 e 1g. Encontra-se na sela

    trcica, uma cavidade ssea situada na base do crebro, e se liga ao hipotlamo

    atravs do pednculo hipofisrio. A hipfise possui duas pores com funes

    fisiolgicas distintas; a hipfise anterior (denominada adenohipfise) e a hipfise

    posterior (neuro-hipfise). Na hipfise anterior existe um tipo celular para cada

    hormnio produzido e liberado nessa poro (hGH, ACTH, TSH, FSH, LH,

    Prolactina). J os hormnios da hipfise posterior so produzidos no hipotlamo, em

    neurnios grandes chamados neurnios magnocelulares. Esses hormnios so

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    ento transportados at a hipfise posterior para a secreo. Na prxima seo

    iremos explicar o distrbio de crescimento associado disfunes no hormnio de

    crescimento, GH.(GUYTON, A e HALL, J, 2006)

    A maior parte da atividade hormonal da hipfise controlada pelo hipotlamo, e a

    partir da hipfise ocorre a secreo de hormnios que iro atuar em diversas outras

    regies, como mostrado na figura 4 abaixo.

    Figura 4. Esquema de atuao Hipotlamo Hipfise Tecidos alvo. Alguns

    hormnios da hipfise so produzidos nela mesma e outros produzidos pelo hipotlamo

    e secretados pela hipfise, mas toda atividade fisiolgica da hipfise regulada pelo

    hipotlamo. Imagem adaptada da Apostila de Fisiologia do curso de Biologia II da

    USP.(THIEMANN, O., 2014)

    A tireoide se localiza logo abaixo da laringe e prxima traqueia. uma glndula

    grande, pesando entre 15 e 20 g em adultos. responsvel pela secreo dos

    hormnios T4 (tiroxina) e T3 (triiodotironina), responsveis por controlar a velocidade

    metablica do organismo, logo, distrbios na secreo de T3 e T4 podem aumentar

    ou diminuir a taxa metablica basal. A secreo tireoidiana mediada pela ao do

    TSH, secretado pela hipfise. A tireoide tambm responsvel pela secreo da

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    calcitonina, um hormnio importante no metabolismo de clcio.(GUYTON, A E HALL,

    J, 2006)

    Os hormnios T3 e T4 so responsveis por orientar o consumo de oxignio das

    clulas, o metabolismo de carboidratos e lipdeos e tambm atuam no crescimento e

    maturao do organismo humano. A tireoide no essencial para a vida, mas a sua

    ausncia causa severos prejuzos ao indivduo, como menor resistncia ao frio,

    lentido fsica e mental, retardamento mental, e nanismo. Da mesma forma, o

    excesso de secreo de T3 e T4 causam desgaste corporal, taquicardias, tremores,

    calor excessivo. Isso mostra a importncia de uma fina regulao da atividade

    hormonal da tireoide, e os danos associados sua disfuno. Abaixo explicaremos

    com mais detalhes os principais distrbios associados ao mau funcionamento da

    tireoide, o Hipertireoidismo - ou seja, produo excessiva de T3 e T4 - e o

    Hipotireoidismo, produo insuficiente de T3 e T4 (GUYTON, A E HALL, J, 2006) A

    figura 5 abaixo sumariza as interaes de feedback entre as principais estruturas do

    sistema endcrino:

    Figura 5. Interaes de feedback entre as principais glndulas do Sistema Endcrino: Hipotlamo, Hipfise e Tireide. A atuao de hormnio de uma estrutura em outra regula a liberao hormonal no organismo.(GUYTON, A E HALL, J, 2006)

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    5. SISTEMA ENDCRINO: PATOLOGIAS

    5.1. Patologias da Tireoide

    As doenas ou distrbios tireoidianos so atualmente bem conhecidos e o

    diagnstico dessas patologias tem se tornado cada vez mais eficaz, assim como seu

    tratamento. A secreo deficiente dos hormnios tireoidianos (tiroxina e tri-

    iodotironina) previamente mencionados gera efeitos fisiolgicos marcantes no

    organismo, que sero aqui discutidos em mais detalhes, como nos caso do

    hipotireoidismo e do hipertireoidismo. As causas para tais disfunes esto

    relacionadas a vrios fatores, como substncias que suprimem a secreo

    hormonal, as quais esto presentes em frmacos (como o tiocianato, o propiltiouracil

    e iodetos inorgnicos), estimulando a produo de TSH pela hipfise anterior e

    acarretando no aumento da glndula tireoide (bcio), por exemplo (GUYTON, A e

    HALL, J, 2011).

    5.1.1. Hipertireoidismo

    O hipertireoidismo mais bem descrito pelos efeitos fisiolgicos provocados e

    que, portanto caracterizam a disfuno na qual se observa a hiperatividade da

    glndula tireoide. No hipertireoidismo, a glndula aumenta de tamanho at trs

    vezes acima do considerado normal j que h um aumento considervel na

    populao celular e consequentemente da quantidade de hormnios secretados (de

    5 a 15 vezes maiores). Doenas autoimunes como a de Graves so comuns causas

    desta condio, onde a recepo de TSH pela tireoide impedida por anticorpos

    estimulantes (TSIs), os quais hiperativam a glndula por si s, podendo suprimir

    inclusive a produo de TSH pela hipfise. Tumores tambm podem causar o

    hipertireoidismo (adenomas), ocasionando na secreo excessiva dos hormnios

    tiroidianos (GUYTON e HALL, 2011).

    O diagnstico desta condio feito com base nos sintomas apresentados,

    os quais alguns so mais gerais e outros bastante especficos, sempre com base no

    monitoramento dos nveis dos hormnios relacionados glndula no organismo

    humano, ou seja, o diagnstico em si consiste da medida da concentrao de

    tiroxina (geralmente elevada) no plasma, podendo incluir a quantificao do

    metabolismo basal, da concentrao de TSH e tambm de TSIs no plasma. Dentre

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    outros fatores, o paciente com hipertireoidismo apresenta excitabilidade elevada,

    reduo de sudorese, intolerncia ao calor, perda de peso que pode ser extrema,

    fraqueza muscular, diarreia, transtornos psquicos e nervosismos, bem como fadiga,

    insnia e tremores, em especial nas mos. Uma caracterstica mais chamativa no

    hipertireoidismo a ocorrncia de exoftalmia, isto , algum grau de protuso dos

    globos oculares, causada por edemas oculares e degeneraes musculares, a qual

    severa em cerca de um tero dos diagnosticados, podendo causar inclusive danos

    viso devidos ao estiramento do nervo ptico (GUYTON e HALL, 2011) e ao no

    fechamento por completo das plpebras que causa ressecamentos, irritaes e at

    infeces. A figura 6 ilustra um dos sinais apresentados quando o hipertireoidismo

    afeta os globos oculares.

    Figura 6. Protuso ocular assimtrica observada em paciente com hipertireoidismo. A doena de Graves s diagnosticada aps a excluso da hioptese de um tumor ocular unilateral. (TOPLISS; EASTMAN, 2004)

    O tratamento envolve principalmente a tireoidectomia parcial ou total, ou seja, a

    remoo cirrgica da glndula, precedida de um preparo pr-operatrio de equilbrio

    do metabolismo basal por meio de frmacos como o propiltiouracil (GUYTON e

    HALL, 2011). A reposio hormonal deve ocorrer aps a operao, de maneira

    constante na vida do paciente, e os nveis de hormnios tireoidianos devem se

    cuidadosamente monitorados para que se possa determinar a dosagem hormonal

    adequada ao paciente. Tambm pode-se optar pelo tratamento com iodo radioativo,

    que visa destruir as clulas secretrias em excesso e retomar a aividade normal da

    glndula.

  • 14

    5.1.2. Hipotireoidismo

    Os efeitos causados pelo hipotireoidismo so geralmente opostos ao do

    hipertireoidismo mencionados anteriormente, ao passo que a glndula tireoide

    apresentar atividade de secreo reduzida dos hormnios envolvidos.

    A autoimunidade tambm causadora deste distrbio atravs da doena de

    Hashimoto, porm agora, esta destri a glndula ao invs de estimul-la,

    ocasionando uma inflamao facilmente diagnosticvel (tireoidite), que resulta em

    diminuio ou at bloqueio da secreo dos hormnios tireoidianos. O aumento da

    glndula tambm observado (bcio endmico) e ocasionado pela deficincia nos

    nveis de iodo ingeridos pelo paciente, geralmente inferiores ao necessrio. A falta

    de iodo impede a produo dos hormnios T3 e T4, sendo que TSH

    consequentemente excretado em excesso pela hipfise, ocasionando o aumento

    dos folculos da glndula. No entanto, o bcio tambm ocorre em pessoas que no

    tm deficincia de iodo (GUYTON e HALL, 2011). O hipotireoidismo tambm

    causado pela destruio da glndula por radiao e por tireoidectomia.

    Alm dos nveis de baixos tiroxina no plasma, sintomas que permitem o

    diagnstico do hipotireoidismo incluem sonolncia e fadiga extremas, lentido

    muscular, redues no volume sanguneo, dbito e frequncia cardacos, bem como

    o aumento de peso e mixedema, que majoritariamente caracterizado por flacidez

    cutnea e inchao generalizados pelo corpo.

  • 15

    Figura 7. Face caracterstica de paciente com hipotireoidismo e mixedema, caracterizada por traos marcantes, lbios grossos, pele seca, expresso melanclica e cabelo grosso. (VILLANUEVA, 2001)

    A arterosclerose tambm pode ocorrer, j que a ausncia do hormnio tireoidiano

    ocasiona o aumento na concentrao de colesterol nos vasos sanguneos por

    alteraes metablicas importantes, podendo reduzir potencialmente a expectativa

    de vida do paciente (GUYTON e HALL, 2011). Em fetos, bebs e crianas, o

    hipotireoidismo extremo causa o cretinismo, que leva deficincia no crescimento

    corporal e ao retardo mental. O tratamento do hipotireoidismo envolve a ingesto por

    via oral de comprimidos contendo tiroxina, trazendo os pacientes de volta

    normalidade. O tratamento bastante eficaz e tem mostrado sucesso por ser

    contnuo e duradouro.

    5.2. Patologias da Hipfise

    5.2.1. Distrbios do Crescimento

    Os distrbios do crescimento provm de alteraes fsicas e/ou fisiolgicas que

    possam vir a alterar a secreo do hormnio do crescimento humano hGH

    (somatotropina) no organismo por clulas somatotrpicas na glndula hipfise, ou

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    pituitria, em sua poro anterior (adeno-hipfise). Tal hormnio (cuja liberao

    controlada por hormnios vindos do hipotlamo - GHRH), entre outras funes,

    promove o crescimento de todo o organismo, e portanto deficincias na secreo do

    mesmo podem afetar a formao proteica, a multiplicao e tambm a

    diferenciao celular como um todo. (GUYTON e HALL, 2011). Discutir-se-

    portanto, alguns dos distrbios do crescimento, seus mecanismos de diagnstico,

    monitoramento e tratamento a seguir.

    5.2.2. Pan-hipopituitarismo

    Neste distrbio, que tem origem congnita ou at mesmo sbita ou lenta, ocorre

    basicamente a secreo em concentraes reduzidas de todos os hormnios da

    hipfise anterior, incluindo-se o hGH, o que leva, na maioria dos casos, formao

    de tumores hipofisirios, que tm o potencial de destruio da glndula.

    O distrbio pode tambm se apresentar no incio da vida adulta sendo

    consequencia de compresses tumorais ou de uma eventual trombose dos vasos

    sanguneos hipofisirios ocorrida no nascimento. O hipopituitarismo ocasiona efeitos

    gerais como a perda de certas funes sexuais, a diminuio da produo de

    glicocorticoides nas glndulas adrenais e ainda o hipotireoidismo (GUYTON e HALL,

    2011), j discutido anteriormente.

    O diagnstico dessa patologia dado atravs da presena de um quadro clnico

    especfico de deficincia de hGH, onde h ausncia de hormnios tireoidianos,

    aumento de peso (j que no ocorrem recrutamentos de lipdeos pelos hormnios do

    crescimento e outros), perda de todas as funes sexuais, hipoglicemia e baixa

    estatura. A falta de outros hormnios nesta patologia tambm pode ocasionar

    atrasos na puberdade, metabolismo deficiente e at a morte em casos extremos

    (HOFFMAN, 2013). Pode-se amenizar a condio (exceto as disfunes sexuais,

    tratadas diferentemente) por meio da administrao de hormnios adrenocorticoides

    e tireoidianos (GUYTON e HALL, 2011), com o objetivo de reduzir a morbidade e

    prevenir complicaes maiores, sempre com o acompanhamento de um pediatra

    endocrinologista, o qual geralmente monitora a puberdade e o crescimento, bem como

    os nveis do hormnio tireoidiano T4 e de cortisol, determinando as doses adequadas de

    reposio (HOFFMAN, 2013).

  • 17

    5.2.3. Nanismo

    O nanismo resulta tambm do pan-hipopituitarismo (nanismo pituitrio) na infncia

    e, em geral, todas as partes fsicas do corpo se desenvolvem de maneira

    proporcional, porm reduzida. sendo que o desenvolvimento fsico se torna

    morfologicamente incompatvel com o desenvolvimento esperado para cada faixa

    etria em indivduos saudveis.

    Figura 8. Primeiro indivduo diagnosticado com nanismo pituitrio em sua comunidade em Botswana na frica. O homem tinha 105 cm de estatura, porm seu corpo se mostrava totalmente proporcional. (BEIGHTON, 1972)

    O nanismo, o qual tambm um distrbio do crescimento, se manifesta nos

    primeiros anos de vida ou at antecipadamente, e pode ser identificado por padres

    inferiores visveis de altura e peso. Este faz com que o indivduo no entre na

  • 18

    puberdade ou secrete hormnios gonadotrpicos, impedindo o desenvolvimento de

    funes sexuais. No entanto, em cerca um tero dos casos, ocorre a maturao

    sexual j que s o hGH se encontra em nveis deficientes, possibilitando a

    reproduo do indivduo. H casos ainda em que o hormnio do crescimento

    apresenta nveis normais ou elevados, mas no entanto, ocorre o nanismo

    hereditrio, caracterizado pela incapacidade de produzir somatomedina C, que

    uma etapa chave na promoo do crescimento (GUYTON e HALL, 2011).

    O diagnstico precoce do nanismo pituitrio, caracterizado pela percepo da

    ausncia parcial ou total do hormnio de crescimento, permite tratamento imediato

    cirrgico, se necessrio, ou simplesmente com o hormnio biossinttico (sintetizado

    com o auxlio da bacria Escherichia coli por meio da tecnologia do DNA

    recombinante) e o atingimento de estaturas prximas s consideradas normais para

    cada faixa etria. Porm, o tratamento indicado para casos especficos e o

    acompanhamento deve ser constante, j que este pode no ser eficaz o suficiente e

    portanto deve ser suspenso caso no surta os efeitos desejados (TAMBURRANO e

    GROSSI, 1990).

    5.2.4. Gigantismo

    O gigantismo ocorre quando as clulas responsveis pela produo do hGH na

    hipfise ficam excessivamente ativas, com a ocorrncia ou no de tumores

    acidoflicos (os quais liberam grandes quantidades do hormnio). Assim, os todos os

    tecidos do organismo (como os ossos) crescem muito aceleradamente e o indivduo

    demonstra estatura muito elevada desde as primeiras fases da vida, em alguns

    casos. Se o distrbio ocorre, por exemplo, antes da adolescncia, quando as

    epfises dos ossos ainda no ocorreram, o individuo se torna um gigante com at

    2,43 metros de altura (GUYTON e HALL, 2011).

    No gigantismo, em geral, ocorre a hiperglicemia, o que pode acarretar em

    diabetes mellitus e o tratamento dos tumores acidoflicos deve ser feito

    cirurgicamente ou por radioterapia de acordo com a devida urgncia para evitar o

    crescimento exagerado e controlar o crecimento. O pan-hipopituitarismo pode

    tambm se desenvolver nos gigantes em fase adulta, devido ao crescimento dos

    tumores na hipfise e consequente destruio da mesma, o que geralmente leva

    morte dos gigantes no incio da idade adulta.

  • 19

    Figura 9. Famoso paciente com gigantismo Lewis Wilkins (1874-1902). Um dos primeiros a ser estudado cientificamente com cerca de 2,5 metros de altura. (HERDER, 2008)

    Se, no entanto, os tumores ocorrerem aps a adolescncia, ocorre o que se

    chama de acromegalia, onde o indivduo que no mais pode crescer, tem seus

    ossos intensificando sua espessura e partes moles crescendo desenfreadamente. O

    crescimento dos ossos nas extremidades como mos e ps mais acentuado, bem

    como no crnio, nariz, arcada dentria e ossos da face. H tambm alteraes nas

    vrtebras que levam alteraes posturais (cifose) e rgos como o fgado e a

    lngua se mostram bastante aumentados (GUYTON e HALL, 2011).

    6. CONSIDERAES FINAIS

    Ao final desta reviso bibliogrfica podemos observar a enorme importncia que o

    sistema endcrino tem no funcionamento correto do organismo humano, atravs da

    regulao fina de atividades essenciais para a vida, pela ao conjunta do sistema

    nervoso com o sistema endcrino.

  • 20

    As trs principais glndulas endcrinas do sistema endcrino (hipotlamo,

    hipfise e tireoide) atuam em conjunto na regulao da liberao de hormnios

    atravs do mecanismo de feedback, o que garante uma certa autonomia ao

    sistema. A ao dos hormnios liberados altamente especfica, e portanto

    conseguem executar suas funes mesmo com concentraes bem pequenas. O

    efeito proporcionado pela liberao hormonal no tecido alvo ocorre pela ativao de

    cascata de reaes atravs dos segundos mensageiros.

    altamente importante entender o funcionamento correto do sistema endcrino

    para ento poder compreender as patologias derivadas do seu mau funcionamento.

    Neste trabalho apresentamos as principais patologias associadas disfunes na

    tireoide e na hipfise. Patologias relacionadas ao mau funcionamento do sistema

    endcrino culminam em severos efeitos fisiolgicos que comprometem a qualidade

    de vida dos pacientes, o que mostra a necessidade da atuao da Engenharia

    Biomdica no desenvolvimento de novos mtodos de diagnstico e tratamento para

    essas patologias.

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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  • 21

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