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último livro de Paulo Trigo PereiraPortugal Dívida Pública e Défice Democrático é um alerta os problemasdas finanças públicas em Portugal nãosão conjunturais e têm as suas raízes no

mau funcionamento da democracia O economistanão tem dúvidas de que semmedidas adicionais nãoserá possível cumprir a meta para o défice este anorejeita mais austeridade e analisa os problemas estruturais que levaram o Estado português à bancarrota

Face aos dados já conhecidos da execuçãoorçamental é possível Portugal cumprira meta de 4 5 para o défice público esteano sem recorrer a medidas adicionais

Sem recorrer a medidas adicionais é impossívelAgora há vários tipos de medidas adicionais Hámedidas de austeridade receitas extraordinárias ehá ainda uma terceira hipótese que é dilatar o período de ajustamento das contas públicas aceitandoque não vamos cumprir a meta para o défice É issoque defendo Ou em alternativa recorrer a receitasextraordinárias que não impliquem mais austeridade

Mas a Comissão Europeia considera que a metaorçamental para este ano ainda é concretizávelParece me que não fizeram as contas Fazendo contas conclui se que não é possível alcançar essa metaEu tenho contas que apresento publicamente e digoque não é Aceito que alguém faça contas e cheguea resultados diferentes Mas então apresentem nas

É mais vontade política de que Portugal cumpraHá uma clara vontade política que percebo de mostrar em termos internacionais que Portugal está nobom caminho e a conseguir fazer a consolidação orçamental O meu argumento para dilatar o período deajustamento é de que os pressupostos do memorandode entendimento não se estão a concretizar porque arecessão é mais profunda e o desemprego é mais elevado do que estava previsto E sendo assim o déficenão pode ser o mesmo Espero que o Governo estejaa fazer esse trabalho junto da troika

Qual será o buraco nas contas públicas este anoA minha estimativa é de 2 mil milhões de euros ouseja 1 2 do PIB

É possível adotar mais medidas de austeridadeMais medidas de austeridade são um suicídio eco

nómico e político Subida de impostos ou cortes em

remunerações significam maior contração da procurainterna logo um agravar da recessão e do rácio entrea dívida e o PIB Economicamente não tem qualquersustentabilidade E politicamente também não Já ultrapassámos o limite do sacrifício razoável aliás é issoque diz o acórdão do Tribunal Constitucional que considerou inconstitucional o corte dos subsídios de férias

e de Natal dos funcionários públicos e pensionistasTomar mais medidas de austeridade seria errado e

politicamente explosivo

A execução orçamental revela que a receitafiscal está muito abaixo do previsto PorquêO problema das receitas fiscais deriva de dois fatoresEm primeiro lugar da recessão ser mais profunda doque estava previsto Em novembro de 2011 na iniciativa Budget Watch previmos uma queda do PIB de3 3 Penso que será à volta disso embora dependado comportamento das exportações E segundo derivade uma estratégia errada do Governo que passou umconjunto de bens e serviços para a taxa máxima doIVA Dou o exemplo da restauração Acho que haveriamais receitas fiscais na restauração mantendo a taxaintermédia e com um programa de combate à evasãofiscal obrigando à adoção de máquinas registadorasque tornassem impossível fugir aos impostos nos restaurantes Mas a decisão foi passar o sector para a taxamáxima o que deve ter levado à falência uma série derestaurantes e noutros há evasão fiscal ainda em maior

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dimensão Aprende se no segundo ano do curso deEconomia que a ideia de que se aumenta a receitafiscal aplicando as taxas máximas de imposto não éverdade Tanto pelo efeito do desincentivo ao esforçocom a falência das empresas como pela evasão fiscal

Como viu a declaração de inconstitucionalidade docorte de subsídios de férias e de natal a funcionários

públicos e pensionistasGostei O acórdão está muito equilibrado Primeiroapesar de considerar inconstitucionais as duas normas do Orçamento do Estado que têm que ver com ossubsídios de férias e de Natal diz que isso só se aplicaa partir do próximo ano Penso que é razoável porquese se aplicasse já este ano era o descalabro total dasfinanças públicas Segundo reconhece que há algumadiferenciação entre trabalhadores do público e do privado mas aponta que essa diferença e a desigualdadede tratamento tem limites e que se ultrapassaram esses limites Há uma frase no acórdão que diz que aliberdade do legislador não pode ser ilimitada

E agora Que alternativas restam ao GovernoO acórdão não exclui a possibilidade de algum cortemenor do que este sobre os funcionários públicos eos pensionistas Mas há margem noutros sítios dolado da despesa E prefiro falar sobre isso Por exemplo há margem nos juros da dívida pública Temosde aproveitar as negociações que a Itália e a Espanhaestão a fazer para reduzir os encargos com a nossadívida pública Depois há a reforma do Estado queainda não foi feita Quando se fala em reformar o Estado mexe se nalgumas coisas fundem se outrasmas depois at the end ofthe day isso quase não temimpacto na despesa pública E isso é que nos interessaO Governo tem de apresentar medidas concretas comimpacto na redução da despesa pública

O primeiro ministro tem apontado para medidas deausteridade que abranjam todos os portuguesesTem de ser uma medida universal Uma hipótese éaumentar a tributação sobre o trabalho e o capitalisto é sobre os rendimentos englobados no IRS Assim tocaria a toda a gente Talvez seja a opção maiscorreta No fundo com este acórdão o Governo teráde fazer uma redistribuição da austeridade que estavaconcentrada nos funcionários públicos e pensionistasAcho que é justo porque não foram os funcionáriospúblicos e os pensionistas que criaram o buraco orçamental Mas também acho que a carga fiscal já estámuito elevada Do lado da receita devíamos combater

a evasão fiscal e ser mais inteligentes na aplicação dastaxas do TVA E devíamos fazer o trabalho necessário

do lado da despesa Depois temos ainda a possibilidade de recurso a receitas extraordinárias

Que tipo de receitas extraordináriasO Governo tem de puxar pela imaginação As receitasextraordinárias estão em regra associadas a concessões a novos licenciamentos a projetos hídricos e outros São receitas que não implicammais austeridade

Olhando para este ano como é possível um desviotão grande nas receitas fiscais entre a execuçãoorçamental e os valores inscritos no orçamentoO erro do Governo foi sobretudo no IVA e deve se a

vários fatores Primeiro o Governo foi demasiado otimista e pensou que a subida das taxas de imposto aplicadas aos vários bens e serviços teria grande impactona receita fiscal O segundo foi subestimar a recessãoE o terceiro subestimou o impacto dos cortes nos subsídios de férias e de Natal Esta medida foi tomada à

última hora Como sei como é que as coisas se fazemneste país a minha intuição é de que muitos valoresestimados no orçamento não foram atualizados Secalhar alguns impostos nomeadamente o IVA nãoforam recalculados à luz desse corte de subsídios queiria gerar uma queda do consumo mais acentuada Éo que suspeito ao olhar para os dados

Os desvios face ao orçamento são um problemarecorrente em Portugal Porque é que isto aconteceTenho várias explicações A primeira é que nuncativemos uma instituição independente de análisedas previsões governamentais Neste momento já temos é o Conselho das Finanças Públicas presididopor Teodora Cardoso Mas ainda está longe da velocidade de cruzeiro só agora está a contratar os seustécnicos Espero que o seu trabalho vá para a frente Asegunda causa prende se com a sociedade civil cujasiniciativas são importantes para pôr os holofotes noorçamento Já começaram a ser dados alguns passosestou envolvido em duas iniciativas o Budget Watche a Open Budget Initiative O terceiro fator que talvezseja o mais importante é as oposições em PortugalOs partidos políticos não têm qualquer think tankpor trás portanto não têm gente capacitada paraanalisar o orçamento Quando o Governo apresentao orçamento as bancadas da oposição não têm deputados que por sua vez tenham atrás de si gente queestuda o documento Além disso Portugal tem dosperíodos mais curtos na OCDE de discussão do

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fe orçamento na Assembleia da República É precisotempo e conteúdo na discussão Os partidos políticostêm de investir em recursos humanos que estudemas finanças públicas Hoje toda a gente pelo menosjá percebeu que não temos viabilidade como país senão resolvermos o problema das finanças públicas Ospartidos a meu ver são os principais responsáveis pelasituação a que chegámos A democracia baseia se nospartidos e os partidos fracassaram Em toda a linhaPrecisam de fazer uma autocrítica e reformarem se

Escreveu um livro cujo titulo é PortugalDívida Pública e Défice DemocráticoNão foi só o Estado que foi à bancarrota a democracia também Enquanto não houver renovação dademocracia portuguesa no sentido da sua requaliflcação este país não tem solução Esse é o argumentocentral do livro Isto pode passar por outros partidosou pela renovação dos atuais Se calhar passa pelasduas coisas Agora com este estado de funcionamentodos partidos este país não tem solução Um exemploQuando este Governo chegou ao poder numa decisãopopulista e errada reduziu o número de MinistériosAgora temos megaministérios que são ingovernáveisCritica se muito o ministro da Economia mas gostavade saber qual era a pessoa que conseguia gerir aqueleMinistério O Governo devia reconhecer que temosMinistérios a menos e criar mais Em vez de fazer issocontrata António Borges

Para ser um quase ministroPara fazer as vezes de um Não faz sentido Tem res

ponsabilidades mas não é nomeado

É possível renovar os partidos e as instituiçõesSe houver um número significativo de portuguesesque assumam as suas responsabilidades de cidadania de intervenção cívica de intervenção técnica e departicipação no espaço público haverá renovação Há

outro exemplo de que falo no livro temos de discutiras medidas de política antes de serem aplicadas Sejammedidas legislativas decisões de investimento público ou outras Até ao fim do ano vai sair um pacotede medidas para as autarquias incluindo uma novalei de finanças locais Se isto for feito por comissões àporta fechada sem debate público vão sair más leis

Não há tradição em Portugal de as entidadespúblicas prestarem contas o que torna muito difícilavaliar a sua atuação Como ultrapassar o problemaNo livro uso a expressão data huging State Nestes 30anos o nosso Estado tem abraçado os dados Qualquer governo independentemente da cor política nãoquer divulgar informação porque tem medo do escrutínio publico É algo que temos de alterar Temos demelhorar a responsabilização e a prestação de contastemos de exigir dos poderes públicos que forneçam ainformação Nos Estados Unidos há um site em que épossível ver como votaram todos os membros do Congresso e do Senado nas várias iniciativas legislativasSeria muito importante criar algo assim em Portugalum observatório do Parlamento Iria responsabilizaros deputados e ajudaria a fazer do Parlamento aquiloque devia ser mas não é O funcionamento da democracia também é mau porque o sistema eleitoralé mau Portugal é um dos quatro países entre os 27da União Europeia em que nas eleições os cidadãosapenas colocam uma cruzinha num partido políticoEm todos os outros países é possível votar em nomes de candidatos a deputados Temos de discutir osistema eleitoral

Temos então um duplo problemaExatamente Temos um problema de dívida públicaporque temos um défice democrático Nos últimos 30anos à exceção dos períodos em que vem cá o FundoMonetário Internacional com um chicote e uma cenoura resvalamos sempre nas contas públicas

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