013 - Sergio Rogerio Azevedo Junqueira e Edile Maria Fracaro

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

    HISTRIA DA FORMAO DO PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO

    NO CONTEXTO BRASILEIRO

    Srgio Rogrio Azevedo Junqueira1PUCPR

    [email protected]

    Edile Maria Fracaro2FACINTER

    [email protected]

    Resumo: A histria da formao de professores do Ensino Religioso uma pesquisa deabordagem qualitativa organizada visando compreender as diferentes propostas para formaoinicial e continuada para profissionalizao docente de profissionais que atuam nesta rea doconhecimento. Como fonte de pesquisa foram utilizados documentos do Ministrio daEducao, Frum Nacional Permanente do Ensino Religioso e folderes impressos e on linedecursos ofertados pelas Instituies de Ensino Superior no perodo de 1995 a 2010.Procuramos explicitar os referenciais tericos que sustentaram os cursos e simultaneamente aidentidade desta rea do conhecimento e seu encaminhamento para assumir o perfil de umaformao a partir das Cincias da Religio no contexto dos sistemas de educao adequado legislao dos diferentes estados da federao.

    Antes da dcada de 1990, a formao dos professores de Ensino Religioso era

    organizada em sua quase totalidade pelas instituies religiosas crists. Algumas experincias

    em parceria com os sistemas de ensino, em decorrncia da proposta confessional ou

    interconfessional, foram adotadas por esta disciplina. Eram cursos denominados de Teologia,

    Cincias Religiosas, Catequese, Educao Crist e outros similares. Tais propostas ocorriam

    por parte das Igrejas, ficando condicionadas ajuda financeira do exterior e/ou a recursos do

    prprio professor. Entre as propostas destacam-se as experincias do Curso Superior em

    Ensino Religioso do Par, de Pedagogia Religiosa do Paran e de Aprofundamento para

    Professores de Ensino Religioso em Santa Catarina.

    Essas propostas no graduavam os professores em conformidade com os profissionais

    da educao de outras disciplinas, gerando impasses e dificuldades na vida funcional dos

    mesmos. Os professores das outras disciplinas tinham suas graduaes reconhecidas pelo

    MEC, dando-lhes direito ao ingresso por concurso pblico e, em consequncia, de seguir

    plano de carreira funcional. Os professores de Ensino Religioso, embora muitas vezesformados por cursos de carter teolgico, no tinham reconhecimento por parte do MEC. Por

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    imperativo da legislao, eram-lhes negados os acessos funcionais na rea do magistrio,

    sendo apenas permitida a contratao de seus servios em carter temporrio.

    Em decorrncia, possvel localizar professores, que apesar de atuarem na disciplina

    de Ensino Religioso durante mais de 30 anos consecutivos, sem acesso aos direitos legais

    trabalhistas tais como: plano previdencirio de sade, dcimo terceiro salrio, contratao nos

    mesmos parmetros aos demais profissionais da rea da educao, plano de carreira,

    aposentadoria por tempo de servios prestados, entre outros, pois no tinham acesso ao direito

    de concurso pblico na disciplina de sua atuao.

    Isso se deve ao fato de ainda no existir polticas nacionais para a formao de

    docentes nesta rea do conhecimento e no estarem institudas as Diretrizes Nacionais para a

    Licenciatura de Graduao Plena em Ensino Religioso, abrindo-se desta feita, lacunas para

    tais procedimentos.

    1. A PROFISSIONALIZAO DO PROFESSOR DE ENSINO RELIGIOSO

    Desde a dcada de 1970, percebem-se tentativas de estabelecer a profissionalizao

    desta rea do conhecimento por meio da formao especfica do professor para atuar no

    Ensino Religioso. Mas a partir da segunda metade dos anos noventa o cenrio foi alterado

    com a elaborao final da Lei de Diretrizes que culminou com a sua homologao, a

    organizao do FONAPER, a alterao do Artigo 33 da LDBEN 9394/96 (BRASIL, 1997)3, a

    busca de uma disciplina que assumisse o perfil da escola implementou a discusso da

    profissionalizao docente. Por exemplo, os esforos j desenvolvidos por Santa Catarina

    foram efetivados com a implantao do Curso de Licenciatura em Cincias da Religio

    habilitao do Ensino Religioso em 1996.

    Para compreendermos essa implantao importante rever o percurso construdo apartir de 1995, conforme relatado em documentos do FONAPER (2004, sp.)4:

    discusses, estudos e reflexes nacionais envolvendo as questes pertinentesa formao de professores (MEC, CNE, ANPED, ENDIPE, FONAPER entreoutros); organizao do histrico de estudos e reflexes envolvendo a formao de

    professores para o Ensino Religioso como rea de conhecimento, coordenada peloFONAPER; seminrios nacionais para capacitao de docentes para o Ensino Religiosocomo rea de conhecimento nas IES promovidos pela Comisso de FormaoDocente do FONAPER;

    construo da proposta para as Diretrizes Curriculares dos Cursos Superioresna rea do Ensino Religioso encaminhadas ao MEC aos quinze de junho de 1998;

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    acompanhamento pelo FONAPER dos Projetos de Curso de Licenciatura deGraduao Plena em Ensino Religioso (autorizados e/ou reconhecidos) oriundos dosdiferentes Estados da Federao; Pesquisa sobre o Ensino Religioso desenvolvida

    pelo FONAPER em Estados brasileiros no ano de 2001 e 2002;

    reunies nacionais das Universidades Brasileiras envolvidas com a formaocontinuada de professores de Ensino Religioso e particularmente com asLicenciaturas de Graduao Plena em Ensino Religioso com o FONAPER; reunio com o Presidente em Exerccio do Conselho Nacional de Educao,Prof. Francisco Aparecido Cordo em abril de 2004 na cidade de So Paulo; elaborao de um Dossi sobre a formao de Professores no Brasil em 2004encaminhado para Conselho Nacional de Educao; discusso de uma nova verso para as Diretrizes de Formao de Professores

    para o Ensino Religioso iniciado em 2008 no X Seminrios Nacional de Formaode Professores realizado na Universidade Catlica de Braslia, rediscusso do textoem 2009 no V Congresso Nacional de Ensino Religioso com o tema Docncia em

    formao e ensino religioso: contextos e prticas na Pontifcia Universidade

    Catlica de Goinia (texto encaminhado ao Conselho Nacional de Educao).

    Assim, todo esse percurso ocorreu a partir da demanda de profissionais habilitados

    para ministrar o Ensino Religioso e despontou iniciativas de criao de cursos de licenciatura,

    de graduao plena, em diferentes Estados da Federao. Santa Catarina foi o primeiro a

    elaborar e autorizar, em 1996, o Curso de Graduao em Cincias da Religio-Licenciatura

    em Ensino Religioso, seguido, no decorrer dos anos, por outros Estados, a saber: Par,

    Maranho, Paraba, Minas Gerais e Rio Grande do Norte.

    Nesses Estados, pela primeira vez na histria brasileira, a formao de docentes para oEnsino Religioso trilharia os mesmos passos e seguiria os mesmos trmites previstos para a

    formao de profissionais das demais reas de conhecimento, assegurando aos seus egressos o

    acesso carreira do Magistrio e disponibilizando sociedade brasileira, por meio do estudo

    do fenmeno religioso na diversidade cultural, o pleno desenvolvimento de seus educandos.

    Atualmente, o envolvimento de Universidades, Secretarias de Educao, FONAPER,

    grupos educacionais civis e religiosos comprometidos com uma educao de qualidade, no

    se limita s questes da formao inicial de docentes para o Ensino Religioso, mas as tmampliado e complementado com propostas e aes na perspectiva de formao continuada,

    bem como por meio do desenvolvimento de pesquisas nesta rea do conhecimento.

    Retomando a experincia de Santa Catarina sobre a profissionalizao docente,

    importante fazer memria de sua histria iniciada com a portaria 37/96 emitida pelo reitor da

    FURB, datada de 22 de maro de 1996, designou a Comisso Especial de Estudos, destinada

    montagem do projeto de viabilidade do Curso de Cincias Religiosas, nomeada pela portaria

    35/96, de 20/03/96. Estavam dados os primeiros passos para a criao do atual Curso de

    Cincias da ReligioLicenciatura Plena em Ensino Religioso no Estado de Santa Catarina.

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    Ainda no decorrer do ano de 1996, duas outras Universidades do Estado, a

    Universidade da Regio de Joinville (UNIVILLE) e a Universidade do Sul de Santa Catarina

    (UNISUL), tambm empreenderam processo similar no que concerne criao de curso de

    formao docente para esta rea do conhecimento (conforme ata da assemblia do CIER

    realizada na cidade de Rodeio (SC), datada de 17/09/1996).

    No ms de novembro do mesmo ano, as primeiras duzentos e cinquenta (250) vagas,

    distribudas nas trs Universidades, foram disponibilizadas via Concurso Vestibular aos

    professores de Ensino Religioso das Redes Municipal e Estadual do Estado catarinense, por

    meio do Convnio Projeto Magister um programa de incentivo formao docente em

    nvel superior, que entre suas seis aes bsicas, contou com a oferta de cursos de graduao

    plena e formao em carter emergencial nas reas do conhecimento mais carentes de

    professores habilitados para o Estado de Santa Catarina (Parecer SED/SC n. 141/9)5.

    Portanto, a situao da formao de profissionais para o Ensino Religioso,

    especialmente a partir de meados da dcada de noventa, mobilizou um significativo processo

    de organizao de diversos cursos, como ficou constatado no relatrio apresentado na 36.

    Assemblia Geral da CNBB organizado pelo GRERE em 1998.

    2. A FORMAO DOCENTE PARA O ENSINO RELIGIOSO

    A identidade dos docentes marcada por mltiplos fatores que se integram ao

    processo de formao de professores e construo da profisso docente. Para possibilitar a

    criao de um espao educativo que ser o lugar de construo dos saberes preciso refletir

    pedagogicamente sobre um homem dotado de razo, afetividade, inteligncia, corpo e desejo.

    O desafio, portanto, est numa formao de professores de Ensino Religioso pautada

    nos diversos aspectos da condio humana e de suas potencialidades e que consideredialeticamente a realizao pessoal do sujeito e de seu contexto social. Umaformao construda, avaliada e reconstruda para articular no espao escolar o

    processo de educao que promova o reencontro da razo com a vida, e queconsidere as necessidades vitais, as aspiraes e os conhecimentos de todos ossujeitos envolvidos nesse processo de educao (RODRIGUES, 2008, 64)6.

    Assim, destaca-se a necessidade uma leitura crtica das realidades sociais para se

    buscar os referenciais para a organizao e redirecionamento da formao do profissional da

    educao.

    A formao de docentes para o Ensino Religioso assumiu os mesmos passos e os

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    trmites previstos em legislao para a formao de profissionais das demais reas de

    conhecimento, assegurando aos seus egressos os direitos concernentes aos profissionais da

    educao e disponibilizando a sociedade brasileira uma formao para a cidadania que integra

    o estudo do fenmeno religioso na pluralidade cultural, buscando o pleno desenvolvimento de

    seus educandos. O envolvimento de Universidades, Secretarias de Educao, do FONAPER,

    de Grupos Educacionais e Religiosos comprometidos com uma educao de efetiva

    participao no desenvolvimento da sociedade brasileira, no tem se limitado s questes

    relativas formao inicial de professores para o Ensino Religioso, mas se ampliam e

    completam com propostas e aes de formao continuada e com pesquisas para esta rea do

    conhecimento.

    A alterao na concepo do componente curricular interferiu na reorganizao dos

    cursos de capacitao docente, por orientar assumir este profissional como integrante do

    sistema escolar e portador de conhecimentos e habilidades apropriadas para a realizao dos

    objetivos do mesmo, aponta para a necessidade de uma formao especfica, em nvel

    superior, em cursos de licenciatura de graduao plena.

    Essa habilitao se estrutura em dois pressupostos: um epistemolgico, cuja base o

    conjunto de saberes das Cincias da Religio, e outro pedaggico, constitudo por

    conhecimentos necessrios educao para a cidadania.

    Foi por esse motivo que gradativamente a identidade dos cursos assumiu o de Curso

    de Graduao em Cincias da Religio-Licenciatura em Ensino Religioso, objetivando

    atender e cumprir a responsabilidade social que tal ensino demanda, evitando o proselitismo,

    a doutrinao e garantindo a democracia e reconhecimento da diversidade cultural.

    Esses cursos no esto vinculados a uma religio ou religies ou a uma Teologia, mas

    s Cincias da Religio, enquanto aporte terico que lhe oferece possibilidade de investigao

    das diversas manifestaes do fenmeno religioso na histria e nas sociedades, ao mesmotempo em que regido por princpios e fundamentos da Cincia da Educao, enquanto rea

    de conhecimento, levando em conta todas as reas, subreas e especialidades.

    O Ensino Religioso, na perspectiva e princpios de uma educao para a cidadania

    plena, sustentada em pressupostos educacionais e no sobre argumentaes religiosas, ainda

    que essas sejam legtimas e importantes para o ser humano, a partir das diferentes reas de

    conhecimento, integradas s Cincias da Religio, contribui na definio dos contedos

    especficos, considerando que a interlocuo entre as mesmas fundamental para a

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    construo e articulao da disciplinaridade e interdisciplinaridade.

    Para tal, o Ensino Religioso tem necessidade de observar os aspectos das Cincias da

    Religio, pois objetiva compreender o fenmeno religioso em todas as situaes da existncia

    humana.

    Em 1997 (04 de setembro), o FONAPER divulgou as seguintes normas para

    habilitao e admisso de professores para esta rea:

    1. Fazer parte do quadro permanente do magistrio federal/estadual ou municipal2. Ser portador de diploma de licenciatura em Ensino Religioso. Caso noexistam profissionais devidamente licenciados, o sistema de ensino poder

    preencher os cargos de professores com profissionais.* Portadores de diploma de especialista em Ensino religioso (mnimo de 360h/a), desde que seja portador de diploma de outra licenciatura.

    * Bacharis na rea da religiosidade, com complementao exigida no DEC,desde que tenha cursado disciplina na rea temtica de Teologia Comparada, nototal de 120 h/aula.3. Demonstrar capacidade de atender a pluralidade cultural e religiosa brasileira,sem proselitismo.4. Comprometer-se com os princpios bsicos de convivncia social e cidadania,vivenciando a tica prpria aos profissionais da educao.5. Apresentar domnio dos Parmetros Curriculares Nacionais do EnsinoReligioso (...).7

    Dessa forma, as Cincias da Religio ao se constiturem como uma das bases

    epistemolgicas para o Ensino Religioso contriburam para a compreenso do humano,

    enquanto ser, aberto transcendncia e histrico-culturalmente situado dentro de referncias

    religiosas, influenciadas por elas de mltiplas maneiras e, muitas vezes, agindo a partir delas.

    Nesse sentido, o estudo do fenmeno religioso num Estado laico, a partir de

    pressupostos cientficos, visa a formao de cidados crticos e responsveis, capazes de

    discernir a dinmica dos fenmenos religiosos, que perpassam a vida em mbito pessoal, local

    e mundial.

    o pressuposto pedaggico que sustenta a proposta do Ensino Religioso na escola,

    com as diferentes crenas, grupos e tradies religiosas e/ou ausncia deles. Esses soaspectos da realidade que no devem ser meramente classificados como negativos ou

    positivos, mas sim como dados antropolgicos e socioculturais capazes de fundamentar e

    interpretar as aes humanas.

    A formao especfica em nvel superior, em cursos de Graduao em Cincias da

    Religio-Licenciatura em Ensino Religioso, integra os pressupostos das Cincias da Religio

    e da rea da Educao, a fim de que o licenciado possa trabalhar pedagogicamente numa

    perspectiva plurirreligiosa enfocando o fenmeno religioso como construo scio-histrico-

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    cultural.

    Justifica-se dessa forma, a emisso de Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso

    de Graduao em Cincias da Religio-Licenciatura em Ensino Religioso, para qualificar

    futuros educadores com competncia para interagirem nos processos educacionais de forma

    interdisciplinar, com habilidades exigidas pela complexidade sociocultural da questo

    religiosa e pelas especificidades pedaggicas deste componente curricular.

    A pesquisa realizada no perodo de 1995 a 2010 apontou um total de 106 cursos

    distribudos pelas cinco regies do pas. Os cursos esto localizados em setenta e duas cidades

    dos 18 Estados da Federao e assim distribudos conforme o quadro a seguir.

    ESTADO CIDADES ESTADO CIDADES

    1. Alagoas Macei 10. Par Belm e Santarm2. Amap Macap 11. Paraba Joo Pessoa3. Bahia Salvador e Barreiras 12. Paran Curitiba, Maring, Umuarama4. Cear Fortaleza e Sobral 13.

    PernambucoRecife e Igarassu

    5. DistritoFederal

    Braslia e Taguatinga 14. Rio deJaneiro

    Rio de Janeiro, Nova Iguau e Itaperuna

    6. EspritoSanto

    Vitria, Cachoeira doItapemirim, Colatina,Guarapari e Vila Velha

    15. RioGrande do

    Norte

    Natal

    7. Gois Goinia e Itumbiar 16. RioGrande do Sul Porto Alegre, Bag, Cachoeirinha,Canoas, Caxias do Sul, Erechim, Osrio,Passo Fundo, Santa Cruz do Sul, SantaMaria, So Leopoldo, Trs Maria eVeranpolis

    8. Maranho So Luis, Caxias e Vitria doMearim

    17. SantaCatarina

    Florianpolis, Blumenau, Chapec,Itaja, Joinvile e So Jos

    9. MinasGerais

    Belo Horizonte, Diamantina,Tefilo Otoni, Caratinga,Divinpolis, GovernadorValadares, Juiz de Fora, Luz,Montes Claros, Passos,Reduto, Sete Lagoas, Cel.

    Fabriciano, Manhua, TrsCoraes e Uberlndia

    18. So Paulo So Paulo, Batatais, Campinas,Engenheiro Coelho, Piracicaba, So Josdo Rio Preto e Taubat

    Quadro 1Localizao dos cursos

    Nesse cenrio, foram pesquisados propostas de cursos nas modalidades do Ensino

    Mdio, Graduao, Extenso e Especializao, sendo que 90 so da modalidade presencial e

    16 na modalidade da Educao a Distncia (EAD) e/ou Semi-Presencial conforme a

    apresentao do Quadro 2.

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    NVEL MODALIDADE NMERO DE CURSOS TOTAL

    Ensino Mdio EAD 01 01

    Graduao Presencial 07 bacharelados e 12 licenciaturas 21EAD 02 licenciaturas

    Extenso Presencial 09 14EAD 05

    Especializao Presencial 62 70EAD 08

    Quadro 2Cursos pesquisados

    As fontes utilizadas para a pesquisa foram o dossi apresentado pelo FONAPER ao

    Conselho Nacional de Educao no segundo semestre de 2004, os dossis apresentados pelo

    GPER ao Conselho Nacional de Educao no segundo semestre de 2006 e no mesmo perodoem 2008.

    Esse levantamento de ofertas de cursos visa compreender a intensidade e preocupao

    com a formao. Verifica-se que a partir da institucionalizao por parte das diferentes

    Instituies de Ensino Superior em todo o Brasil ocorreu uma nova configurao para a

    formao de professores.

    3. PROPOSTAS DE FORMAO

    Foram identificadas propostas de formao nas cinco regies do pas, alm daqueles

    cursos cuja anlise no foi possvel por informaes incompletas. Desta forma organizamos

    os cursos a partir dos seguintes modelos:

    1) Ensino Religioso, Educao Religiosa, Cultura Religiosa;

    2) Cincias das Religies, Cincias da Religio, Cincia da Religio;

    3) Teologia.

    3.1 Ensino Religioso, Educao Religiosa, Cultura Religiosa

    Os cursos retomam as origens j discutidas de uma rea autnoma, que possui sua

    origem e desenvolvimento no modelo de Ensino Religioso como fenomelgico, apresentado

    pelo Parmetro Curricular, propondo que o estudo deste componente curricular o Fenmeno

    Religioso assumindo como compreenso da conceituao de Religio (lat.) RELIGIO como

    (lat.) RELEGERE (port.) RELER, organizado por Ccero. Compreende que muitas vezes

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    por meio da religio que o homem se define no mundo e para com seus semelhantes.

    a religio que empresta um sentido e constitui para seus fiis uma fonte real de

    informaes. Ela funciona como um modelo para o mundo, pois para os crentes a religio

    orienta as aes e apresenta explicaes a questes vitais como: De onde vim? Para onde vou?

    Qual o sentido da existncia? a religio que fornece respostas tambm s trs ameaas que

    pesam sobre toda a vida humana: o sofrimento, a ignorncia e a injustia. Pois, a religio pode

    ser considerada como um comportamento instintivo, caracterstico do homem, cujas

    manifestaes so observadas atravs dos tempos, em todas as diversas culturas, a partir da

    busca da compreenso de si mesmo e do mundo, da considerao em relao aos fatos

    inconsolveis e desconhecidos (JUNQUEIRA 2008, 81-83)8.

    O ser humano, nos mais diversos cantos do planeta, estruturou a religio e

    consequentemente indicou significados ao seu caminhar e estabeleceu histrias, ritos e outras

    formas para retomar o que estaria rompido.

    A referncia das religies ao sagrado apresenta uma impressionante variedade de

    concretizaes e mediaes. No existe nenhum acontecimento natural ou vital que no tenha

    sido sacralizado por alguma cultura. A experincia, o fato, o fenmeno ou o objeto pode ser

    hirofnico, isto , revelador do divino para os seres humanos em sua busca de transcendncia.

    Portanto o mistrio no pode ser explicado, mas apenas tangenciado. As religies e

    hierofanias o revelam e ocultam a um s tempo.

    Dessa forma, os smbolos religiosos so mediaes que nunca conduzem plenamente

    ao TODO, apenas o sinalizam. Podemos dizer que a maneira como as religies olham para

    o sagrado e dela se avizinham atravessada, assim, por uma ambiguidade intrnseca pela

    experincia religiosa.

    Compreende-se que Ensino Religioso poder despertar o aluno para os aspectos

    transcendentes da existncia como: a busca do sentido radical da vida, a descoberta de seucompromisso com o social e a conscientizao de ser parte de um todo. Esse processo de

    despertar e descobrir, que pode conduzir naturalmente ao encontro pessoal de Deus,

    permeado de aes, gestos e palavras, smbolos e valores que s adquirem significao na

    vivncia, na participao e na partilha. Mesmo quando ainda impossvel para o educando

    compreender conceitos abstratos como a justia, a fraternidade, o perdo, ele j capaz de

    perceber se uma atitude justa, de acolher um gesto fraterno, de sentir-se perdoado por uma

    falta (JUNQUEIRA, 2008, 96-98).

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    Dentro desse quadro estabelecido, foi proposto nos Parmetros Curriculares Nacionais

    (FONAPER, 2009, p. 46-47)9o seguinte objetivo para o Ensino Religioso:

    - valorizar o pluralismo e a diversidade cultural presente na sociedade brasileira,

    facilitando a compreenso das formas que exprimem o Transcendente na superaoda finitude humana e que determinam subjacente, o processo histrico dahumanidade. Por isso necessita:- propiciar o conhecimento dos elementos bsicos que compem o fenmenoreligioso, a partir das experincias religiosas percebidas no contexto do educando;- subsidiar o educando na formulao do questionamento existencial, em

    profundidade, para dar sua resposta devidamente informada;- analisar o papel das tradies religiosas na estruturao e manuteno dasdiferentes culturas e manifestaes scio-culturais;- facilitar a compreenso do significado das afirmaes e verdades de f dastradies religiosas;- refletir o sentido da atitude moral, como conseqncia do fenmeno religioso eexpresso da conscincia e da resposta pessoal e comunitria do ser humano;- possibilitar esclarecimentos sobre o direito diferena na construo de estruturasreligiosas que tm na liberdade o seu valor inalienvel.

    Diante desses elementos notrio que os objetivos e o objeto proposto so

    consequncia da reflexo, da compreenso e da inteno da disciplina. Os cursos pesquisados

    foram sua maioria, so os seguintes:

    a) Ensino Religioso: com a nomenclatura de Ensino Religioso e algumas

    variantes temos registro das seguintes propostas:

    NVEL DEENSINO

    INSTITUIO

    Ensino Mdio (namodalidade EAD

    /RJ)

    Ordem dos Ministros Evanglicos do Brasil (OMEB)

    Graduao/Bacharel Escola Superior de Teologia e Filosofia do BrasilESTEFIB (Braslia/DF)Extenso Presencial Arquidiocese de BrasliaCurso Superior de Teologia (Braslia (DF); Faculdade

    de Direito de Cachoeiro do Itapemerim (Cachoeira do Itapemerim/ES);Faculdade de Turismo de Guarapar (Guarapari/ES); Faculdade Estcio de S(Vitria/ES); Centro Universitrio Franciscano UNIFAE (Curitiba/PR);

    Paulinas (Porto Alegre/RS); Faculdade Dehoniana (Taubat/SP); CentroUniversitrio Salesiano de So Paulo - UNISAL / Instituto Pio XI (So Paulo)

    Extenso Eadou

    Semi-Presencial

    Universidade Estadual da Bahia UNEB (Barreira/BA); Frum NacionalPermanente do Ensino Religioso/Universidade So Francisco (Curitiba/PR);Faculdades EST (So Leopoldo/RS); Pontifcia Universidade Catlica do RioGrande do SulPUCRS / Rede Marista (Porto Alegre/RS)

    Especializao Universidade Federal de Alagoas (Macei/AL); Instituto Brasileiro de Ps-Graduao e Extenso Sede em Curitiba (Macap/AM); Faculdade FAIFA(Goinia/GO); Instituto de Estudos Superiores do Maranho IESMA (SoLus/MA); Universidade Estadual do Maranho UEMA (So Luis/ MA);Universidade Estcio de S (Belo Horizonte / Diamantina/ Cel. Fabriciano/Tefilo Otoni/ Caratinga/ Juiz de Fora /MG); Centro Universitrio Newton Paiva(Belo Horizonte/ Sete Lagoas/ Cel. Fabriciano/ Manhua/MG); Fundao

    Educacional de Caratinga (Caratinga/MG); Fundao Educacional deDivinpolis filiado Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    (Divinpolis/MG); Universidade do Vale do Rio DoceUNIVALE (GovernadorValadares/MG); Universidade do Estado de Minas Gerais (Passos/MG);Faculdade de Direito e Cincias Sociais do Leste de Minas (Reduto/MG);Universidade Castelo Branco (Tefilo Otoni/MG); Universidade Vale do Rio

    Verde (Trs Coraes/MG); Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais -PUCMG (Belo Horizonte/MG); Faculdade de Filosofia, Cincias de Letras doAlto So Francisco (Luz/MG); Faculdade Teolgica Batista (Curitiba/PR);Pontifcia Universidade Catlica do Paran - PUCPR /AECPR (Curitiba/PR);Faculdades OPET (Curitiba/PR); Faculdade das Igrejas Assemblia de Deus FACEL (Curitiba/PR); Faculdade Bagozzi (Curitiba/PR); Faculdade Itecne(Curitiba/PR); Faculdade Bagozzi/AECPR (Curitiba/PR); Universidade Tuiuti doParan (Curitiba/PR); Universidade Catlica de Pernambuco (Recife/PE);Universidade Catlica de Pernambuco/AECPE (Recife/PE); Instituto de Filosofiae Teologia Paulo VI (Nova Iguau/ RJ); Faculdade Redentor (Itaperuna/RJ);Universidade da Regio da Campanha (Bag/RS); Complexo de Ensino Superiorde Cachoeirinha CESUCA (Cachoeirinha?RS); Faculdade Cenecista(Osrio/RS); Instituto de Teologia e Pastoral de Passo Fundo - ITEPA (Passo

    Fundo/RS); Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS(Porto Alegre/RS); Universidade Santa Cruz do Sul UNISC (Santa Cruz/RS);Faculdade Palotina FAPAS (Santa Maria/RS); Faculdades EST (SoLeopoldo/RS); Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS (SoLeopoldo/RS); Sociedade Trs de Maio SETREM (Trs de Maio/RS);Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Misses URI(Erechim/RS); Universidade de Caxias do Sul (Caxias do Sul/RS); InstitutoTeolgico de Santa Catarina ITESC (Florianpolis/SC); Universidade daRegio de JoinvileUNIVILLE (Joinville/SC); Pontifcia Universidade Catlicade Campinas - PUC-Campinas (Campinas/SP); Pontifcia Universidade Catlicade So Paulo/AECSP (So Paulo/SP); Universidade Catlica de Santos(Santos/SP); Faculdade de Teologia Metodista Livre (So Paulo/SP); CentroUniversitrio Assuno (So Paulo/SP); Instituto Superior de Filosofia e Cincias

    Religiosas So Boaventura parceria com as faculdades Associadas Ipiranga FAI (So Paulo/SP); Colgio Luiza de Marillac parceria com FaculdadesAssociadas IpirangaFAI (So Paulo/SP); Universidade Metodista de So Paulo(So Paulo/SP); Faculdade Dehoniana (Taubat/SP); Centro UniversitrioSalesiano - UNISAL / Instituto Pio XI (So Paulo/SP)

    EspecializaoEAD ou

    Semi-Presencial

    Grupo Uninter (Curitiba/PR); EADECON (Curitiba/PR); Pontifcia UniversidadeCatlica do ParanPUCPR (Curitiba/PR); Universidade Catlica de Braslia UCB (Taguatinga/DF); UNIFASS (So Jos do Rio Preto/SP); CentroUniversitrio ClaretianoCEUCLAR (Batatais/SP)

    Quadro 3Cursos com a nomenclatura de Ensino Religioso e algumas variantes

    b) Educao Religiosa; Cincias Religiosas e outras denominaes: temos algumas

    variantes que podero estar compreendidas sobre a discusso do fenmeno religioso como os

    seguintes cursos ofertados:

    NVEL DEENSINO

    INSTITUIO

    Bacharelado Cincias Religiosas - Instituto Superior do Maranho (So Luis/MA) e EducaoReligiosa - Seminrio Teolgico Batista Equatorial (Belm/PA)

    Licenciatura(Pedagogia comnfase no ER)

    Pontifcia Universidade Catlica de Minas GeraisPUCMG (Belo Horizonte/MG)

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    EspecializaoPresencial:

    Docncia em Educao Religiosa pelo Centro Universitrio Adventista- UNASPEngenheiro Coelho / SP); dois cursos so propostos como Educao Religiosa naFaculdade Integrada TiradentesFits (Macei/AL) e Fundao Educacional CasteloBranco (Colatina/ES)

    Quadro 4Cursos com a nomenclatura de Educao Religiosa; Cincias Religiosas

    Temos ainda as seguintes propostas: Estudos da Religio e suas interfaces com a

    educao pela Faculdade Messinica (So Paulo/SP); Filosofia da Religio pela Universidade

    Federal do Esprito Santo (Vitria/ES); Histria das Religies: fundamentos para a pesquisa e

    o ensino pela Universidade Estadual de Maring UEM (Maring/PR); Religio e

    religiosidade: fundamentos para o ensino religioso pela Unio Educacional do Mdio Oeste

    Paranaense (Umuarama/PR). Na modalidade EAD o Centro Universitrio La Salle

    Unilaselle (Canoas/RS) ofertou o curso Diversidade Cultural e Religio em contextoseducativos.

    3.2 Cincias das Religies, Cincias da Religio, Cincia da Religio

    As trs denominaes encontradas nos cursos refletem a discusso de compreenso

    desta rea. Uma breve releitura da histria da construo do estudo sistemtico das religies

    nos ajudar a compreender esse percurso. Inicialmente, evidente a origem europia da

    institucionalizao acadmica nas universidades da CR, na segunda metade do sculo XIX,

    processo pelo qual o saber sobre religies construiu o statusde um conhecimento digno da

    designao Cincia da Religio (USARSKI, 2006, 15)10.

    Assim como o caminho percorrido por essa disciplina em cada pas onde se

    estabeleceu por demais variado e diferentemente acidentado, de tal forma no possvel

    uma histria genrica. Retornando as origens, a primeira ctedra em Cincia da Religio foi

    instalada no ano 1873, sendo que o modelo normativo para a Cincia da Religio ocorreu em

    1924, quando Joachim Wach publicou na Universidade de Leipzig a obra que enfatizou a

    complementaridade entre o emprico-histrico e o sistemtico na estrutura mesma da Cincia

    da Religio.

    Visando demarcar a distino entre Teologia e Cincia da Religio em suas

    respectivas reas de pesquisa, coube a esta ltima centrar-se ao estudo do fenmeno religioso

    sem qualquer juzo de valor ou resqucio etnocntrico que interfira na conduo do estudo e

    na considerao dos resultados. Tambm no da alada dessa cincia ponderar sobre as

    pretenses de verdade de seus pesquisados. Isso no impede, porm, de acordo com Joachim

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    Wach, que haja

    autores que destacam, de maneira universalista, as constituintes e estruturas comuns

    dareligio como essncia do real mundo religioso em suas manifestaes mltiplas;enquanto outros enfatizam a importncia de um levantamento emprico e histricoem favor de uma reconstruo, a mais detalhada possvel, de cada tradio religiosaem sua singularidade. 11

    Na consolidao da Cincia da Religio destacaram-se os autores Abb Prosper

    Leblanc (1852) e F. Stiefelhagen (1858), que ao que tudo indica, foram os primeiros a usar a

    designao Cincia da Religio. O orientalista alemo Max Muller, indlogo e fillogo da

    Universidade de Oxford, deu ao termo um sentido estrito (1867), como disciplina prpria.

    Para Mller, a Cincia da Religio teria de ser uma disciplina comparativa. Porm, sua

    abordagem mitolgico-natural que via as figuras mitolgicas e religiosas como

    personificaes de objetos e fenmenos naturaisacabou sendo cada vez menos aceita j no

    final do sculo XIX. Restou-nos como seu legado sua insistncia no status prprio dessa

    disciplina e o incentivo que sempre deu ao uso das fontes como base indispensvel do

    trabalho cientfico com as religies.

    Em 1879, o Collge de Franceinaugurou sua ctedra em histria geral da religio. Em

    1886, a Faculdade de Teologia na Sorbonne foi substituda pela Section des Sciences

    Religieuses da cole des Hautes tudes. Sucessivamente, foram surgindo ctedras dessa

    disciplina na Blgica (1884), na Itlia (1886) e a partir de 1924, com statusindependente da

    Teologia, na Sucia (1893), na Inglaterra (1904), na Alemanha (1910), na Dinamarca (1914) e

    Noruega (1925). Ao final do sculo XIX uma srie de peridicos (a partir de 1880) e

    congressos foi organizada para a divulgao dos estudos.

    Mesmo com essa trajetria, encontramos no cenrio brasileiro trs opes que

    retratam uma discusso acerca da definio do seu mtodo (cincia ou cincias) e do seu

    objeto (religio ou religies). Essas definies sero importantes para orientar articulao

    das diretrizes para tranposio didtica visando uma melhor integrao entre a proposio da

    CR e o Ensino Religioso. Apresentamos as trs formas encontradas:

    a) Cincias das Religies

    NVEL DEENSINO

    INSTITUIO

    Graduao/Licenciatura

    Universidade Federal da Paraba (Joo PessoaPB)

    Especializao EADInstituto Educacional Gesto Signorelli, denominado Metodologia e filosofia doEnsino.

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    Extenso EAD Introduo s Cincias das Religies das faculdades EST (So Leopoldo/RS)Quadro 5Cursos com a nomenclatura de Cincias da Religio

    b) Cincia da ReligioNVEL DEENSINO

    INSTITUIO

    Graduao/Licenciatura

    Universidade da Regio de Joinville (UNIVILLE) em Santa Catarina denominado de Cincia da ReligioEnsino Religioso.

    Quadro 6Cursos com a nomenclatura de Cincia da Religio

    c) Cincias da Religio

    NVEL DE

    ENSINO

    INSTITUIO

    Graduao/Bacharelado

    Faculdade Social da Bahia FSBA (Salvador/BA); Instituto Superior Fundao Esperana IESPES (Santarm PA); Faculdades IntegradasClaretianas (So Paulo/SP); Centro Universitrio Claretiano CEUCLAR(Batatais/SP modalidade EAD). Como proposta de cursos degraduao/Licenciatura: Universidade Estadual Vale do Acara UVA(Sobral/CE); Centro Universitrio de Caratinga UNEC (Caratinga/MG);Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTE (Montes Claros/MG);Universidade do Estado do Par UEPA (Belm/PA); Universidade Estadual doRio Grande do NorteUERN (Natal/RN); Universidade Comunitria Regional deChapecUNOCHAPEC (Chapec/SC); Universidade Metodista de Piracicaba(Piracicaba/SP); Universidade Regional de Blumenau FURB (Blumenau/SC);Centro Universitrio de So Jos (So Jos/SC); Universidade Metodista

    UNIMEP (So Paulo/SP); Universidade Estadual do Maranho UEMA(Caxias/MAmodalidade EAD).Quadro 7Cursos com a nomenclatura de Educao Religiosa; Cincias da Religio

    Temos ainda as especializaes que optaram por organizar-se como Cincia da

    Religio: Centro de Estudos Superiores de Macei CESMAC (Macei/AL); Instituto de

    Cincias da Religio ICRE (Fortaleza/CE); Faculdade Unida (Vitria/ES); Faculdade

    Metodista do Esprito Santo (Vila Velha/ES); Pontifcia Universidade Catlica de Gois

    (Goinia/GO); Pontifcia Universidade Catlica de Gois (Itumbiara/GO); Faculdade de

    Teologia Hokemh (Vitria do Mearim/MA); Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF(Juiz de Fora/MG); Fundao Educacional do Vale do Jequitinhonha FEVALE

    (Diamantina/MG); Faculdade Teolgica Batista Equatorial FATEBE (Belm/PA); Instituto

    Esperana de Ensino Superior IESPES (Santarm/PA); Universidade Federal da Paraba

    (Joo Pessoa/PB); Faculdade de Teologia Integrada (Igarassu/PE); Faculdade So Bento (Rio

    de Janeiro/RJ); Universidade do Vale do Itaja UNIVALI (Itaja/SC); Pontifcia

    Universidade Catlica de So PauloPUCSP (So Paulo/SP); Universidade de Santa Cruz do

    SulUNISC (Santa cruz do Sul/RS).

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    Entre as propostas de cursos de Cincias da Religio encontramos alguns que

    explicitam com nfase ou enfoque como: Faculdade Catlica de Uberlndia (Uberlndia/MG)

    com enfoque em Educao Religiosa; Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais

    PUCMG (Poos de Caldas/MG) com nfase no Ensino Religioso; Universidade do Estado do

    Rio Grande do Norte UERN (Natal/RN) para o Ensino Religioso; Faculdades Integradas

    Claretianas (So Paulo/SP) com enfoque em Ensino Religioso; Universidade Regional de

    BlumenauFURB (Blumenau/SC) Fundamentos e Metodologia do Ensino Religioso em

    Cincias da Religio.

    3.3 Teologia

    Segundo o dicionrio crtico de teologia (LACOSTE, 2004, 9)12, teologia o conjunto

    de discursos e doutrinas que o cristianismo organizou sobre Deus e sobre sua experincia de

    Deus, a saber, os frutos de certa aliana entre o logos grego e a reestruturao crist da

    experincia judaica.

    Entre os cursos pesquisados encontramos explicitamente como teologia dois cursos

    ofertados pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro PUCRJ (Rio de

    Janeiro/RJ) denominado de Teologia Crist em Dilogo: Culturas e Religies e da Escola

    Superior Aberta do Brasil denominado de Educao Religiosa Escolar e Teologia Comparada,

    ambos como especializao.

    Na realidade, o telogo estar vinculado a uma leitura de sua perspectiva confessional,

    protegendo e enriquecendo a sua tradio religiosa, possui um vnculo com a revelao de seu

    grupo e aderncia a hierarquia religiosa a que pertence.

    CONSIDERAES FINAIS

    Podemos afirmar, pela experincia e pelos dados apontados, que o Ensino Religioso

    necessita de profissionais com formao adequada ao desempenho de sua ao educativa,

    considerando que o conhecimento religioso para estudo do fenmeno religioso na escola

    situa-se na complexidade da questo religiosa e na pluralidade brasileira.

    O dilogo e a compreenso de outras leituras sero comprometidos, ao menos no que

    tange a proposta para a transposio didtica na educao bsica brasileira, explicitada em

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    ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADES ANPUH -Questes terico-metodolgicas no estudo das religies e religiosidades. IN: RevistaBrasileira de Histria das Religies. Maring (PR) v. III, n.9, jan/2011. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html___________________________________________________________________

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    princpios como liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento,

    a arte e o saber; pluralismo de idias e de concepes pedaggicas; respeito liberdade e

    apreo tolerncia, entre outros. Mas especialmente estes que garantem a liberdade da

    convivncia com o diferente.

    Notas

    1Doutor. Professor do Programa de Ps-Graduao em Teologia.2Mestre. Professora do Curso Metodologia do Ensino ReligiosoPs-Graduao a Distncia3BRASIL. Lei n. 9.475, 22 de julho de 1997.D nova redao ao art. 33 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembrode 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF: 1997.4FONAPER. Dossi: Formao do Professor de Ensino Religioso (2. semestre). Curitiba: Mimeo, 2004, 33p.5SANTA CATARINA. Parecer n 141/96, aprovado em 23/04/96. PROGRAMA MAGISTER. Florianpolis:GOV/SEED/SEA, 1996. (Mimeo)6RODRIGUES, E. F. Em riscos e rabiscos; concepes de Ensino Religioso dos docentes do EnsinoFundamental do Estado do Paran possibilidades para uma formao de professores. Dissertao deMestrado em Educao. Pontifcia Universidade Catlica do Paran. Curitiba, Paran, 2008. Orientador:JUNQUEIRA, Srgio Rogrio de Azevedo.7BRASIL. Lei n. 9.475, 22 de julho de 1997.D nova redao ao art. 33 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembrode 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF: 1997.8JUNQUEIRA, S. Histria, legislao e fundamentos do Ensino Religioso. Curitiba: Ibpex, 2008.9FONAPER. Parmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso. So Paulo: Mundo Mirim, 2009.10USARSKI, F. Constituintes da Cincia da Religio. So Paulo: Paulinas, 2006.11USARSKI, 2006, p. 1712LACOSTE, J-Y. Dicionrio crtico de teologia. So Paulo: Paulinas-Loyola, 2004.