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02 a 05 setembro 2013 Faculdade de Letras UFRJ Rio de Janeiro - Brasil EIXO TEMÁTICO - Ensino e pesquisa de literatura: texto, imagem e mídia;

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02 a 05 setembro 2013

Faculdade de Letras UFRJRio de Janeiro - Brasil

EIXO TEMÁTICO - Ensino e pesquisa de literatura: texto, imagem e mídia;

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Adaptação cinematográfica e ensino: propondo caminhos e práticas Antonia Célia da Silva Cabral;Antonia Mayra de Sousa Oliveira

4 em Ponto: Uma análise das obras de EmilieAutumn e PatriciaDunker Renan Monteiro Marques

INDÍCE DE TRABALHOS(em ordem alfabética)

“Can you feel the beat?” – O indivíduo, a liberdade e os caminhos em On The Road, obra de Jack Kerouac, e a relação imagética entre o livro e sua adaptação cinematográfica Nathalia Soares Pinto

Página 06

Análise das composições de Torquato Neto: uma proposta de interpretação musical com base em estratégias metacognitivas A llana Cunha Batista;Natiele da Conceição Cruz; Priscila Cruz de Sousa

Análise literária da identidade feminina presente na canção rua augusta do rapper Emicida Verônica Vieira de Lima e Érico Monteiro Da Silva

As vozes da Voz Passiva: forma e significado Francisco Pereira da Silva Neto

Página 12

Página 14

Página 16

Página 09

A vaidade de Dorian Gray: análise dialógica entre gêneros Tatiele Novais Silva Página 08

Página 04

A multimodalidade textual nos manuais didáticos de FLE para crianças: um estímulo à leitura literária Maria Rennally Soares da Silva; Josilene Pinheiro-Mariz Página 05

Página 07A representação do Rap em três esferas distintas Nátalie Ferreira Carvalho Silva

Página 10Ana Hatherly: uma poética metalinguística a partir do jogo de palavras-imagens Matthews Carvalho Rocha Cirne

Página 15

As contribuições do pibid para a formação do professor e a inserção da literatura na educação básica Camila Fernandes dos santos; Robevaldo Correia dos Santos

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Edgar Allan Poe e Tim Burton: o Gótico ontem e hoje Jéssika de Oliveira França

O conceito Sartreano de má-fé em a náusea (Sartre) e dançando no escuro (Von Trier) Jennifer Shilds dos Santos

Influências do Programa “Pacto Pela Educação” no Ensino de Literatura Infantil em uma Escola Multisseriada Judite Araújo dos Santos

O leitor prudente: o juízo reflexivo na formação do sujeito Matheus Nascimento Quintão da Costa; Monique Mendes Barcelos; Tania Eliza Rolim da Gama Campos

Reinventando o leitor: Literatura na Literatura João Paulo de Souza Araújo

Literatura e fotografia em Alchimigramme, de Michel Buto Amanda Bruno de Mello

Sobre Literatura e Cinema: da referência literária ao emblemático cinematográfico Alan Martins da Silva

Vidas secas e o quadro dramático do não reconhecimento: um olhar através do conceito de educação sentimental de Rorty Adriana de Oliveira Moreira; Bruna Pimentel de Oliveira;Bruno José da Costa

Página 19

Página 27

Página 31

Página 17

Página 24

Página 23

Página 29

Página 34

Página 35

Página 33

Página 18

Ficção, realidade e ideologia em A hora da estrela, de Clarice Lispector e Suzana Amaral. Ana Carla Costa Castilho e Daysi de Fátima do Carmo

Página 26O escuro da dança de Lars Von Trier Dayane Pereira do Nascimento

Página 30Psicologia, literatura e cinema na obra Alice no país das maravilhas Grécia di Paula Gama Roque

Página 21Letramento literário através das canções de rap Verônica Vieira De Lima

O mal secreto da poesia e sua importância social Deivanira Vasconcelos Soares

Riso e melodrama em “Muito Barulho Por Nada” de William Shakespeare Liziane Karina Menezes da Silva;Elvis Freire da Silva

Linhas e Liras Maria Raimunda Feitosa Almeida Página 22

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There was nowhere to go

but everywhere, so just keep

on rolling under the stars.

(KEROUAC, Jack)

Em meio a uma realidade repressora e um período de restrição de garantias e direitos

individuais visando coibir a disseminação de ideais comunistas, onde a liberdade - um

dos pilares do Estado Democrático de Direito - foi violada inúmeras vezes nasceu um

movimento social, liderado principalmente por jovens, que adotou uma postura de

respeito e defesa a esses direitos essenciais, chamado Geração Beat ou Beat Generation.

Jovens, intelectuais, americanos, cansados da rotina e da idolatria à vida suburbana se uniram visando

subverter a ordem e os bons costumes, na esperança de alcançar a tão almejada liberdade. O jazz,

sexo livre, as drogas, e, literalmente, “ botar o pé na estrada” foram os instrumentos dessa geração

para fazer sua própria revolução cultural, principalmente por meio da Literatura. E assim, nasceu a

Geração Beat, onde o único meio de aprisionar a valiosa liberdade seria através das páginas dos livros.

O trabalho em questão discute a obra On The Road, de Jack Kerouac e sua “prosa espontânea”, tida como

a bíblia ou o “manifesto” da Geração Beat. Narrado por Sal Paradise, alter-ego de Kerouac, que deixa

sua cidade e parte por uma viagem pelos Estados Unidos, decidindo, assim, “pegar a estrada” de carona.

O trabalho discutirá a relação do livro com a adaptação cinematográfica, a relação imagética

entre ambos. O cineasta se utilizou de diferenças de enquadramento, close, ponto de vista

e muitos outros recursos de forma a tornar sua obra o mais próxima possível ao original,

a essa geração tida como uma reunião de boêmios hedonistas, verdadeiros “vagabundos”.

O artigo visa discutir a representação literal e a representação visual do enredo, seus vínculos e significados.

Filme e livro trazem cenários que vão do deserto, às cidades pequenas, plantações, florestas, tudo ligado

à estrada, os caminhos e a busca pela liberdade. A pesquisa visa concatenar e discutir a relação entre

imagens e texto, usados separadamente e em conjunto no decorrer das duas obras. Citando Karl Eric:

“ A diferença sígnia entre a representação literal e a visual é que a primeira

remete à realidade em sua ausência, enquanto a segunda oferece sua presença

“CAN YOU FEEL THE BEAT?” – O INDIVÍDUO, A LIBERDADE E OS CAMINHOS EM ON THE ROAD, OBRA DE JACK KEROUAC, E A RELAÇÃO IMAGÉTICA ENTRE O LIVRO E SUA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA

Nathalia Soares Pinto

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substituta: a palavra significa por diferença e a imagem por semelhança.”

A representação literal engloba a questão de ausência de realidade, o indivíduo se vê enlaçado pelo

fato de alcançar aquilo que não é real. A representação visual se relaciona ao indivíduo devido

à semelhança com a realidade; a imagem torna-se um recurso que toma os sentidos humanos

de tal forma que há uma ilusão de realidade bem maior do que através da representação literal.

Sendo assim, livro e cinema podem ser analisados e contrastados através desses dois âmbitos.

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Este painel visa expor as obras da cantora Emilie Autumn, The Asylum For Wayward Victorian Girls,

e da escritora Patrícia Dunker , Alucinando Foucault, propondo o entrelaçamento e analise da loucura,

suicídio, sexismo e da exclusão social inerente aos mesmos. Será ressaltado ainda a articulação da

primeira obra em livro, música, fotografia e shows, demonstrando sua significância na leitura da

mesma.

The Asylum For Wayward Victorian Girls é um romance de autoria de Emilie Autumn, cantora,

compositora e violinista norte-americana, que foi publicado pela primeira vez em 2009. A obra, que é

classificada como um romance autobiográfico por narrar a experiência da autora em uma clínica de

saúde mental, apresenta também aspectos fantasiosos e ficcionais e se articula de forma audiovisual,

demonstrando-se um trabalho estético, pois além de conter uma narrativa, o livro apresenta um

forte apelo visual que vai desde sua capa às páginas personalizadas e ilustradas por fotos, anotações,

imagens de cartas e diários escritos a mão, desenhos etc.

Propondo novas leituras, sua autora já o estendeu ao campo musical por meio de álbuns e shows e

atualmente trabalha na adaptação de seu trabalho para um musical, o que confirma a afirmação de

Schøllhammer (2007) de que “não é mais possível ler contos ou romances sem considerar a interferência

que têm sobre a leitura dos textos as adaptações das suas histórias para os meios audiovisuais”.

São explícitas as variadas formas midiáticas pelas quais sua leitura se dá e por trás dos vários recursos

midiáticos utilizados em seu interior, The Asylum apresenta um diálogo com a Era Vitoriana, faz

também fortes menções à Ofélia, de Shakespeare, e se relaciona com discursos presentes em outros

trabalhos literários, propondo discussões e reflexões, como por exemplo, o romance Alucinando

Foucaut, que apesar de ainda não ter sido adaptado para outras formas midiáticas, exerce grande

importância na relação e análise temática das obras a partir do momento em que narra a história de

um escritor que há muito estava internado em uma casa de saúde mental e começa a se relacionar com

seu leitor.

4 EM PONTO: UMA ANÁLISE DAS OBRAS DE EMILIE AUTUMN E PATRICIA DUNKER

Renan Monteiro Marques

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Nesta pesquisa, buscamos refletir um pouco a respeito da função dos gêneros textuais multimodais

nos livros didáticos de Francês Língua Estrangeira (FLE) para crianças, indicando-os como um meio

eficaz para o estímulo à leitura literária. Desse modo, temos como principal objetivo verificar se ocorre

a presença de gêneros multimodais nos livros didáticos (manuais) de francês como língua estrangeira,

para crianças, como suporte pedagógico para a leitura literária, a partir da análise de alguns livros

didáticos previamente selecionados e da identificação da presença dos gêneros multimodais nesse

material de suporte ao ensino do FLE.

Essa pesquisa caracteriza-se como uma investigação documental, realizada através de pesquisas

bibliográficas, estando alocada no paradigma das pesquisas qualitativas, uma vez que levaremos

em consideração a natureza do fenômeno investigado, averiguando a multimodalidade dos textos

presentes nos referidos livros didáticos. Faremos algumas reflexões a respeito do ensino de línguas

estrangeiras para crianças, da utilização do livro didático como suporte para esse ensino e, também,

dos gêneros textuais multimodais encontrados nesse material de apoio ao ensino precoce do Francês

como língua estrangeira.

Logo depois, observaremos algumas propriedades da leitura literária e dos seus benefícios para a

aprendizagem de uma língua estrangeira, tendo como suporte os gêneros textuais multimodais presentes

nos livros didáticos e, em seguida, demonstraremos alguns dos resultados parciais constatados a partir

da análise de três livros didáticos constituídos como corpus dessa pesquisa. Em seguida, discutiremos

sobre a importância da leitura literária para a primeira infância, como um caminho para o ensino/

aprendizado do FLE, tendo como suporte a utilização dos gêneros multimodais, presentes no livro

didático. Como resultados obtidos, observamos que a relação da literatura com a imagem (gênero

multimodal pictural) propicia à criança uma mais ampla aproximação do texto literário, inserindo a

criança no papel de construtora de significados.

Palavras-chave: Gêneros multimodais; leitura literária; FLE para crianças; manuais didáticos.

A MULTIMODALIDADE TEXTUAL NOS MANUAIS DIDÁTICOS DE FLE PARA CRIANÇAS: UM ESTÍMULO À LEITURA LITERÁRIA

Maria Rennally Soares da Silva;Josilene Pinheiro-Mariz

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Esta pesquisa é parte integrante do projeto de pesquisa de Paula (2010), denominado A intergenericidade

da canção e se constitui como uma pesquisa de natureza qualitativa com caráter interpretativista

analítico-descritivo. Ela se interessa pela organização dos elementos linguísticos e translinguísticos do

gênero cancioneiro rap - abreviatura em inglês de Rhythm and Poetry – uma das expressões artísticas

do movimento sócio-cultural Hip Hop, que visa induzir os moradores da zona periférica a irem contra

o silenciamento de suas vozes ao alertá-los acerca das injustiças por eles vivenciadas.

Como delimitação da temática estudada, propõe-se para a análise três canções de três compositores

distintos: Racionais MC’s, “Diário de um detento”; Gabriel o pensador, “O resto do mundo”; e Rappin

Hood “Sou negrão”; como exemplos discursivos dialógicos. A pesquisa será realizada em consonância

com os estudos do Círculo de Bakhtin, Medvedev, Volochinov, uma vez que considera o rap como

“arena onde se digladiam as vozes sociais” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992).

O rap possui múltiplos representantes que trabalham de formas distintas, mas já se pode esboçar,

por meio do que foi pesquisado até aqui, que há, ao menos, três propostas e características do rap e

do hip hop brasileiros reinantes na contemporaneidade: A denuncia furiosa e rebelde, o incentivo

à transformação das condições de desigualdade existentes e o pedido de paz e justiça social. O rap

tem, em sua permanência, outras formas de representação, todas visando uma igualdade ampla e,

ao longo dos estudos submetidos a analise para fundamentar essa pesquisa percebeu-se uma súbita

relação do mesmo com a mídia, tanto por seu caráter revolucionário quanto por seu alto número de

jovens e adolescentes que clamam este gênero. Nesse sentido essa pesquisa visa como um movimento

dito resistente e revolucionário ganha novas facetas ao ingressar no mundo midiático. Assim, a

pesquisa propõe apresentar suas dimensões linguística e translinguística dos variados eixos de crítica

do movimento, pois o rap mostra seu pensamento revolucionário ao narrar à desigualdade social

existente no país, possuindo como inspiração o cotidiano da vida precária dos sujeitos periféricos e

tendo como tarefa a denúncia dessas condições e como temática principal, a proposição de algumas

possíveis soluções para alguns problemas que assolam as comunidades brasileiras.

A REPRESENTAÇÃO DO RAP EM TRÊS ESFERAS DISTINTAS

Nátalie Ferreira Carvalho Silva

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Este painel tem por objetivo apresentar o projeto de pesquisa intitulado “A VAIDADE DE DORIAN

GRAY: análise dialógica entre gêneros – o romance e o cinema no centro da cena”, o qual propõe

estudar a questão dos valores ideológicos e como estes influenciam na estética e no estilo constituintes

dos discursos que se manifestam por meio de diferentes gêneros discursivos. Para tanto são analisados

o discurso romanesco de O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde e duas adaptações cinematográficas

de título homônimo da referida obra, sendo uma de 2009, de Oliver Parker; e outra de 1945, de Albert

Lewin. O que norteia a reflexão do presente estudo é a temática vaidade humana, uma vez que ela é

central nos três textos que compõem o corpus da pesquisa. Por meio dela, é possível refletir acerca do

quanto a linguagem é ideológica, e intrínseco a tal está aos valores sociais refletidos e refratados como

representação em sua semiose, figurativizada de maneira diferente em cada obra, decorrente, tanto

do estilo de cada autor-criador quanto da diferença de tempo-espaço (cronotopo) de cada produção,

em especial, ao se levar em consideração que se tratam de gêneros discursivos (literatura – romance;

e cinema – filme) distintos. Tal qual a concepção do circulo o gênero não é uma forma fixa, mas algo

sujeito a alterações as mais diversas, havendo, naturalmente, graus maiores e menores de liberdade do

sujeito, entendido como mediador entre o socialmente possível e o efetivamente realizado, cujo papel

varia conjunturalmente, nos termos de suas circunstâncias específicas. A ênfase no caráter dialógico

das obras permite, então, a diferenciação dos traços estilísticos e típicos a cada uma e ao gênero

discursivo ao qual pertence. A análise dos elementos linguísticos e translinguísticos dos discursos

elencados como corpus da pesquisa são fundamentados nas concepções de diálogo, discurso, sujeito,

cronotopo, signo ideológico e gênero da filosofia dialógica da linguagem do Círculo de Bakhtin,

Medvedev, Volochinov. Acredita-se que o estudo das diferentes formas de representação por meio dos

gêneros romanesco e fílmico justifica-se por possibilitar maior compreensão acerca da forma específica

de realização de atos discursivos estilísticos de cada obra e de suas relações dialógicas, como também

a formação de um gênero a partir de outro.

A VAIDADE DE DORIAN GRAY: ANÁLISE DIALÓGICA ENTRE GÊNEROS

Tatiele Novais Silva

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Essa pesquisa faz parte do Programa Institucional de Bolsa de Extensão – PIBEX - UEMA/CESI

centrada em fazer uma reflexão acerca do uso das adaptações cinematográficas de obras literárias em

sala de aula. O presente trabalho tem por intuito apresentar as etapas do projeto, ainda em andamento.

As adaptações cinematográficas de obras literárias são muito utilizadas durante as aulas de Literatura,

mas ainda são vistas como “secundárias, derivativas, tardias, convencionais ou culturalmente

inferiores.” (HUTCHEON, 2011). A maior parte dos professores que utiliza como recurso didático-

pedagógico a obra fílmica adaptada costuma fazer comparações em que o filme sempre sai em

“desvantagem”, pois ele é considerado como inferior em relação à obra literária. Esses equívocos são

cometidos por docentes que desconhecem a linguagem cinematográfica.

O cinema tem uma linguagem específica que se manifesta por meios audiovisuais diferenteda obra

literária que estimula a imaginação do leitor por meio das palavras. As imagens e os sons reproduzidos

na tela formam outro texto que dialoga com o texto literário.Dessa forma, o filme deve ser visto como

um texto que vai sugerir uma interpretação da obra literária adaptada.

Com base nessas afirmações, o projeto “Adaptação cinematográfica e ensino: propondo caminhos

e práticas” tem como objetivo contribuir para a formação crítica do professor de Literatura do

ensino público, proporcionando a ele recursos metodológicos para a compreensão da linguagem

cinematográfica, a fim de ampliar sua visão para a especificidade das adaptações cinematográficas. O

projeto se baseia nas teorias e estudos contemporâneos sobre adaptação cinematográfica e para tanto,

tem como suporte teórico os trabalhos de Linda Hutcheon, Bakhtin, Robert Stam, Gérard Genette

entre outros. Para consolidar os objetivos propostos, será ministrado um curso sobre adaptação

cinematográfica em que os participantes terão contato direto com obras adaptadas, após as análise e

discussões sobre filmes e obras literárias, os docentes irão escolher um filme adaptado a partir de uma

obra literária para trabalhar em sala de aula.

Pretende-se que ao término do curso, osdocentes possam reconhecer as adaptações cinematográficas

de obras literáriascomo um processo criativo e interpretativo do romance que as gerou.Espera-se que

os professores de Literatura repassem aos alunosos conhecimentos adquiridos durante o curso.

ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA E ENSINO: PROPONDO CAMINHOS E PRÁTICAS

Antonia Célia da Silva Cabral;Antonia Mayra de Sousa Oliveira

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Tendo em vista as palavras de Floriano Martins a respeito da poesia hatherliana que, segundo o

autor, está ilustrada pela ironia, metalinguagem e pelo erotismo, propõe-se neste trabalho, a análise

do aspecto metalinguístico nos poemas de Ana Hatherly, presentes na antologia A idade da escrita

e outros poemas (2005), com a finalidade de averiguar os modos de reinvenção do grafismo dessa

poeta, que é construído de acordo com as bases do concretismo, cujas técnicas fizeram parte de suas

experimentações e onde a palavra enquanto signo linguístico é revalorizada.

A proposta de abordar a metalinguagem no âmbito da poesia portuguesa é necessária para a compreensão

dos novos modos de leitura e pelo caráter subversivo da poesia concreta, que foge às estruturas

tradicionais do poema a partir da década de 60, onde as artes passam a ter caráter experimental, com

os movimentos vanguardistas. Como precursora do movimento de Poesia Experimental em Portugal,

Hatherly, para quem a escrita é sinônimo de imagem, também desenvolveu trabalhos com a pintura,

realizou experimentações com as escritas oriental e ocidental, com o Graffiti e, sendo a principal

estudiosa do Barroco em Portugal e tendo se aprofundado acerca das origens da poesia visual no país,

também utilizou esta ferramenta para ilustrar seus poemas, abrangendo sua poética a outras artes,

reinventando processos de escrita e criando uma linguagem própria.

Esta pesquisa é resultado parcial do projeto intitulado “O grafismo na antologia A idade da escrita

e outros poemas, de Ana Hatherly”, está inserido nas produções do Grupo e Estudos e Pesquisas

em Literaturas de Língua Portuguesa (GEPELIP/UFAM) e está fundamentado principalmente nas

obras Teoria da poesia concreta: textos críticos e manifestos 1950-1960, de Haroldo de Campos, Décio

Pignatari e Augusto de Campos, e A Metalinguagem, de Samira Chalhub.

ANA HATHERLY: UMA POÉTICA METALINGUÍSTICA A PARTIR DO JOGO DE PALAVRAS-IMAGENS

Matthews Carvalho Rocha Cirne

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Em meio à censura imposta pela Ditadura (1964-1988), foi principalmente através das composições

musicais que o sujeito questionou criticamente a situação a que estava submetido. Nesse contexto

estava inserido Torquato Neto, compositor, escritor e também jornalista que, tendo como elemento

fundamental a linguagem, analisada aqui sob o enfoque da música, vem perpassando ideais ao longo

da história. Dessa maneira, o presente trabalho tem por objetivo o estudo do modo como a música,

enquanto meio linguístico, vem influenciando a sociedade da época.

Analisando as composições de Torquato Neto, pretendemos, mais especificamente, verificar os

aspectos da linguagem utilizada pelo poeta para transmitir ideais revolucionários, evidenciando,

ainda, a importância que a arte musical tem num ambiente sócio-histórico-político. E mais, valendo-

nos dessas verificações, aspiramos alvitrar uma análise interpretativa musical no âmbito acadêmico,

respaldada na utilização de estratégias metacognitivas (KATO, 1995).

No presente trabalho, defendemos que o modo como o autor, no caso, Torquato Neto, se apropriava

da linguagem através de suas composições musicais, refletia aquilo que ele pensava a respeito do

contexto repressivo a que estava submetido. A fim de realizar críticas, o letrista se utilizava de alguns

procedimentos, tais como: 1) adaptação à fala do povo; 2) submissão aos imperativos ideológicos

populares; 3) entendimento da linguagem como meio, não como fim. (Napolitano, 2004).

Então, é com base na música enquanto instrumento ideológico que o nosso trabalho se situa. Postulamos

que o ensino musical deve respaldar o âmbito escolar, de modo que o aluno não apenas (de)codifique

a letra da música, mas antes de tudo, compreenda e interprete-a significativamente. Para tal objetivo, a

escola pode-se utilizar, sobretudo, de estratégias metacognitivas, aqui definidas como “Princípios que

regulam a desautomatização consciente das estratégias cognitivas” (Kato, 1995).

O processo da pesquisa envolve as seguintes etapas (1) Coleta de um corpus composto por 10 músicas

do autor piauiense, sendo as principais: Geléia Geral e Marginália II, (2) Sondagem do corpus escolhido,

com base nos procedimentos utilizados pelo autor, acima citados e (3) Argumentações a respeito das

conquistas alcançadas pelo autor através da música no situado contexto da Ditadura Militar, conquistas

essas que ainda são notáveis na contemporaneidade. Ao final da pesquisa pretendemos discorrer

acerca da interpretação musical como elemento primordial no aprendizado de culturas em diferentes

épocas e por sociedades distintas. Sendo essa interpretação imprescindível também no ambiente

ANÁLISE DAS COMPOSIÇÕES DE TORQUATO NETO: UMA PROPOSTA DE INTERPRETAÇÃO MUSICAL COM BASE EM ESTRATÉGIAS METACOGNITIVAS

A llana Cunha Batista;Natiele da Conceição Cruz; Priscila Cruz de Sousa

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escolar. Nosso referencial teórico compreende a música com base numa concepção sóciocognitiva-

interacional, ou seja, como um “lugar de interação entre atores sociais e de construção interacional de

sentidos” (KOCH, 2004).

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Neste trabalho apresentaremos a análise literária da canção de rap Rua Augusta, do MC Emicida, na

qual nos é apresentada a vida cotidiana de uma garota de programa. Além dos aspectos estruturais

(rimas, estrofes, figuras de linguagem etc.) intrínsecos à textualidade das canções de rap, procuramos,

através desta análise, demonstrar que as garotas de programa têm uma vida e uma história somadas à

sua condição profissional. O rap veículo de comunicação, definido como ritmo e poesia, usado a muito

para dar voz a uma minoria (ou maioria) discriminada na sociedade e para construir uma identidade

cultural as comunidades, no caso, do Brasil e uma identidade social, foi nosso objeto de análise por ser

justamente esse meio de denúncia social, através do qual seus autores mostram uma realidade muitas

vezes ignorada pela sociedade em geral.

Demonstraremos, então, uma visão diferenciada das garotas de programa isto porque, de acordo com

as pesquisas realizadas, percebemos que raramente se encontram comentários acerca da realidade das

prostitutas sob a perspectiva das suas outras relações sociais, especialmente a da família e a da mulher

que, muitas vezes, são mães também. Desta forma, enfocaremos como tema central a identidade

feminina e suas nuances que são captadas e problematizadas mais facilmente, mesmo que, por vezes,

de forma ainda um tanto quanto estereotipada na sociedade de modo em geral.

Assim, nos fundamentaremos nas considerações teóricas de Paul Zumthor, Introdução à Poesia oral

(1997); Performance, Recepção, Leitura (2000), nas quais encontramos subsídios para entender as

canções de rap enquanto poéticas da voz e do corpo que circundam o acontecimento fortuito. Então,

perceberemos os elementos subjetivos presentes na sua construção, pois compreendemos que o rap é,

igualmente, um veículo de comunicação usado para dar voz a uma camada considerável da sociedade

menos favorecida e que é discriminada, tornando-se fundamental na configuração das identidades

cultural e a social dos/as artistas e demais moradores/as das periferias do Brasil.

.

ANÁLISE LITERÁRIA DA IDENTIDADE FEMININA PRESENTE NA CANÇÃO RUA AUGUSTA DO RAPPER EMICIDA

Verônica Vieira de Lima e Érico Monteiro Da Silva

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A inexistência da Literatura enquanto disciplina no currículo escolar, na rede básica de ensino,

é uma das principais dificuldades encontrada pelo professor de Língua Portuguesa para realizar

atividades literárias com os alunos em sala de aula. Desprestigiada no espaço escolar e relegada a mero

instrumento metodológico, a Literatura encontra-se em desuso. Assim, tendo em vista a falta de espaço

no currículo da escola, nos deparamos com as seguintes problemáticas: como trabalhar a literatura

enquanto produção humana e cultural? Como formar o profissional para o ensino literário? De que

maneira despertar o interesse dos alunos, no ensino básico, pelo objeto de estudo: o livro? Levanta-se

a hipótese de que a principal dificuldade para o ensino literário na escola básica é a ausência do espaço

da Literatura no currículo escolar, associado ao imediatismo pragmático já “naturalizado” como uma

necessidade humana. A Literatura, em meio a esse panorama, é lecionada muitas vezes a partir dos

esquemas anódinos de biografias de autores, escolas literárias e a comprovação de regras gramaticais,

perdendo de vista o que mais lhe interessa, o objeto de estudo: o livro e seus desdobramentos enquanto

produção cultural. Reconhecer que os elementos feéricos nos circundam desde a tenra infância nos

ajude a melhor perceber o quão importante será trabalhar e enfatizar o uso do imaginário e seus

desdobramentos no plano histórico, já nas aulas de Língua Portuguesa do ensino fundamental. O

objetivo deste estudo é mostrar a importância do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à

Docência – PIBID, no processo de formação docente dos alunos do curso de Letras da Universidade

Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, e as contribuições do Programa para a inserção da Literatura

no ensino fundamental II. A importância da Literatura na formação humana é que justifica e autoriza

as discussões que serão aqui apresentadas. Este trabalho, que tem como principal aporte teórico os

autores Todorov (2009), em seus estudos sobre o desaparecimento da literatura no meio acadêmico,

Compagnon (1999), Perrone-Moisés (2006), apresenta resultados a partir de questionários propostos as

professoras e professores da escola-campo. Assim, o PIBID através do subprojeto em Literatura do curso

de Letras-Libras-Língua Estrangeira da UFRB visa, dentre outros objetivos, promover intervenções em

espaços escolares de ensino fundamental, no município de Amargosa (BA), considerando o resultado

obtido com os questionários supracitados. Assim, este estudo contribui para o conhecimento, por

parte dos estudantes bolsistas, da realidade escolar, ao menos, no que tange o ensino da literatura.

Palavras-chave: Literatura. Ensino. Formação.

AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A INSERÇÃO DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Camila Fernandes dos santos; Robevaldo Correia dos Santos

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A voz constitui uma faceta verbal frequentemente analisada, principalmente do ponto de vista

semântico. Este trabalho trata das vozes verbais e seus efeitos semânticos. Sabe-se que a Gramática

Normativa (essencialmente a escolar) iguala os valores sintático e semântico das duas articulações da

apassivação: sintética e analítica. A grande maioria dos compêndios assume esse posicionamento e

chega a comparar explicitamente as duas estruturas, atribuindo-lhes um mesmo sentido. Esta pesquisa

tem como objetivo analisar os limites dessa aproximação de valor semântico do enunciado em razão

da própria mudança estrutural, haja vista que a língua apresenta situações que vão de encontro a tal

preceito normativo e generalizador. Em O funcionário demitiu-se, por exemplo, há distinções em

relação à forma desenvolvida da voz verbal – O funcionário foi demitido.

A segunda oração, com o verbo na voz passiva analítica, possui uma conotação diferenciada em relação

à primeira; casos que apresentam essa distinção refutam o princípio de igualdade semântica entre

tais estruturas sugerida pela Gramática Normativa. O presente trabalho procura estabelecer a relação

entre estrutura verbal e construção dos significados dos enunciados que se encontram na voz passiva,

observando, também, outros elementos que possam contribuir para a significação desses enunciados.

Para a realização desta pesquisa, serão extraídas ocorrências de enunciados na voz passiva de edições

semanais da revista Época veiculadas durante o primeiro trimestre de 2013.

Após o levantamento dos dados, serão observados e relacionados os enunciados, suas situações

comunicativas e estruturais. Visamos à contribuição para o II Congresso Internacional da Faculdade

de Letras da UFRJ (CIFALE), a partir da exposição e da discussão de novos olhares sobre este eixo

temático dentro das inúmeras possibilidades de se expressar a língua, pois há necessidades prementes

acerca das delimitações de sentido nas estruturas que devem ser analisadas a serviço da prática

comunicativa e de estudos da área em geral.

AS VOZES DA VOZ PASSIVA: FORMA E SIGNIFICADO

Francisco Pereira da Silva Neto

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O conto literário, tal como o conhecemos hoje, é fruto das concepções teóricas de Edgar Allan Poe. No

curta-metragem em stop-motion intitulado Vincent, do cineasta Tim Burton, a narrativa é construída

em forma de um poema, sendo tratada como um poema-conto. A estrutura do curta-metragem remete

verbalmente ao clássico poema “O Corvo”, sendo assim uma releitura irreverente da literatura gótica.

O personagem-título, além de ser um ávido leitor das obras de Poe, se mostra obcecado por suas obras,

chegando a acreditar que faz parte de uma delas.

Assim, o‘burtonesco’, como é definido o estilo de Burton – difundido no século XXI – nos remete

ao romance gótico de Poe – do século XIX. Dessa forma, Burton revela a importância da escrita de

Poe para a sua formação enquanto diretor, tornando o estilo gótico atemporal. Com isso o presente

trabalho aborda os traços em comum entre o autor Edgar Allan Poe e as obras cinematográficas de

Tim Burton, especificamente o curta-metragem, dito autobiográfico, Vincent.

Faz-se necessário, para o desenvolvimento deste trabalho, a leitura e uso de diversos textos teóricos,

literários e históricos, além da interpretação do poema“O Corvo”e do curta-metragemVincent. Assim,

pretende-seanalisar as características do estilo gótico a partir da leitura do eu-lírico do poema e do

personagem-título do filme.

Depois de analisar comparativamente as obras de Poe e Burton, espera-se obter um panorama sobre o

estilo gótico do diretor Tim Burton e do autor Edgar Allan Poe, compreendendo as especificidades de

cada obra; destacar os elementos formadores do conjunto da obra do diretor e do escritor; e comprovar

que Poe contribuiu para a criação da obra de Tim Burton, em específico Vincent.Assim, evidencia-

se a construção do curta-metragem de Burton como narrativa análoga à obra de Poe, reiterando sua

relevância não apenas para os Estudos Literários, mas também em estudos de narrativa e de gênero

no âmbito do Cinema.

EDGAR ALLAN POE E TIM BURTON: O GÓTICO ONTEM E HOJE

Jéssika de Oliveira França

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A Hora da Estrela, romance de Clarice Lispector publicado em 1977, traz um tema que se costuma

denominar de social: a vida de uma imigrante nordestina submetida à exploração em uma grande

cidade. A temática que, a um primeiro olhar, ligaria a obra a uma vertente realista, não se enquadra,

entretanto, nessa tendência. Através de um jogo de identidades entre a autora Clarice Lispector e o

narrador Rodrigo S.M., a obra termina por instaurar um questionamento do que seja a realidade. O

livro nos conta a vida (e a morte) de Macabéa, jovem que deixa o sertão de Alagoas e vai trabalhar no

Rio de Janeiro, em um subemprego, como milhares de outras Macabéas Brasil afora. Ela vive privações

de ordem material, mas a sua maior indigência é existencial: Macabéa jamais se pergunta quem ela

é, apenas vive, sem se dar conta de todas as humilhações por que passa. No entanto, no romance ela

não é retratada apenas como mais uma imigrante nordestina que vai para o Sudeste. Partindo de

um enredo muito simples, aprofunda o questionamento sobre a essência do ser humano. Valendo-se

de uma construção romanesca sui generis, a obra transforma o que nos acostumamos a chamar de

realidade social em uma questão, sem jamais incorrer, da parte do narrador, no apiedamento fácil

que um personagem humilhado poderia ensejar. De fato, no livro não se percebe uma exortação

ideológica, explícita ou subliminar, para que a literatura se torne um instrumento de denúncia ou

tomada de consciência social, como se verificou em grande parte das obras produzidas à época da

ditadura, quando foi escrita A hora da estrela. Rodrigo S.M. mantém uma relação de amor, ódio e até

revolta contra sua personagem, Macabéa, não apenas denuncia sua condição social. O realismo cede

lugar, assim, ao questionamento do sentido da existência e da linguagem romanesca. Em 1985, a obra

foi adaptada para o cinema pela diretora Suzana Amaral. Nessa adaptação, foi suprimida a figura do

narrador Rodrigo S.M., pois o filme apresenta diretamente, sem mediações, o enredo. Um elemento

fundamental do livro, portanto, deixou de existir: o jogo de identidades entre a autora Clarice e o

narrador Rodrigo S.M. Acreditamos que tal supressão terminou por conferir ao filme uma dimensão

mais realista. Teria a escolha feita pela diretora trazido consigo uma dimensão ideológica subliminar

ao filme, algo inexistente no livro? Na presente comunicação, pretendemos comparar a construção da

obra literária e de sua adaptação cinematográfica, de modo verificar como ficção, realidade e ideologia

são nelas apresentadas.

PALAVRAS – CHAVE: Cinema, Diálogo, Literatura, Poética.

FICÇÃO, REALIDADE E IDEOLOGIA EM A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR E SUZANA AMARAL

Ana Carla Costa Castilho e Daysi de Fátima do Carmo

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Este trabalho pretende socializar a pesquisa intitulada “Influências do Programa Pacto pela Educação

no ensino de literatura infantil em uma escola multisseriada no município de Amargosa-Bahia”

O estudo insere-se no âmbito das atividades de iniciação à docência, desenvolvidas no Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal do Recôncavo da

Bahia (UFRB), mais especificamente no Subprojeto “Física Interdisciplinar / Classes Multisseriadas

nas Escolas do Campo”. O locus da pesquisa é uma escola multisseriada, localizada na comunidade do

Tauá no município de Amargosa-Bahia. A escola possui duas turmas multisseriadas, que funcionam

no turno matutino, sendo uma de Educação Infantil ao 2° ano do ensino fundamental; e a outra do 3º

ao 5º ano do ensino fundamental; no entanto, neste trabalho foi considerada apenas a primeira classe

(a turma de Educação infantil ao 2º ano).

Tal estudo consiste em uma pesquisa-ação que objetiva investigar a contribuição do Programa Pacto

pela Educação para formação de crianças-leitoras. Este programa objetiva contribuir para promover a

alfabetização de todas as crianças até os oito anos de idade, e vem sendo desenvolvido na escola desde

2012, através de uma parceria da Secretaria Municipal de Educação de Amargosa com a Secretaria

de Educação do Estado da Bahia, Brasil. Na pesquisa foram empregados os seguintes procedimentos:

análise de portifólios mensais da professora (tanto os específicos do Programa, como também o

portifólio geral); participação em reuniões de formação do Programa; observações participantes

semanal em sala de aula; conversas informais com a professora; e análise documental do kit do

Programa Pacto pela Educação (livro de literatura, cartazes, caderno de atividade do aluno, proposta

didática de orientação para o professor).

Este trabalho apoia-se teoricamente em Maia (2007), Amarilha (2009) e Paiva (2010), que defendem

que a mediação do professor é de fundamental importância para formação de crianças leitoras; e,

também, em Bamberger, que considera importante tanto a ajuda dos pais no processo de formação

da criança-leitora quanto a influência do professor que, em sua opinião, deve dar pequenas doses

“diárias de importância da leitura no encontro com a literatura”. Os dados levantados no período

entre fevereiro e agosto/2012, ocasião em que atuei como aluna-bolsista do PIBID, indicam que, há

uma contribuição do Programa Pacto pela Educação para a formação de crianças-leitoras e, que essa

contribuição dá-se pelos recursos e estratégias disponibilizados pelo Programa e, também, pelo perfil

INFLUÊNCIAS DO PROGRAMA “PACTO PELA EDUCAÇÃO” NO ENSINO DE LITERATURA INFANTIL EM UMA ESCOLA MULTISSERIADA

Judite Araújo dos Santos

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da professora. Percebe-se também, ainda, que houve um avanço nos níveis de aprendizagem dos

alunos, isso comparando o ano de 2011 ainda sem o Programa e 2012 com a existência do mesmo.

Palavras-chave: Literatura Infantil – Escola do Campo – Prática pedagógica.

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O presente trabalho tem como finalidade apresentar o projeto de iniciação a docência intitulado:

Letramento Literário através das canções de rap. Com o objetivo principal de promover o letramento

literário, que segundo COSSON (2006) consiste: “em um processo que se faz via textos literários e

compreende não apenas uma dimensão diferenciada do uso da escrita, mas também e, sobretudo,

uma forma de assegurar seu efetivo domínio”,é importante compreender que o letramento literário é

bem mais do que uma habilidade pronta e acabada de ler textos literários, pois requer do leitor uma

atualização permanente em relação ao universo literário.A principal meta deste plano de trabalho

é investigar como se manifestam as deficiências dos alunos com relação à compreensão, leitura de

textos literários e produção textual, buscando, dessa forma, apresentar possibilidades para sanar o

vácuo apresentado no letramento literário, assim, como desenvolver competências gerais de leitura

e de escrita dos estudantes para que alcancem níveis mais elevados deste letramento, por meio do

desenvolvimento de sequências didáticas que enfocam a produção contextualizada a partir das

canções de rap. Introduzir as canções de rap em sala de aula significa promover o encontro dos alunos

com diversos discursos presentes nas mesmas, sendo assim, os alunos conhecerão diferentes dizeres e

realidades que muitas vezes são ignoradas pela sociedade.

Sendo, assim, a presente proposta de letramento literário se dará através das letras das canções de rap,

nas quais analisaremos o texto (versificação, rimas, refrões e etc), o contexto (temáticas) de produção

e veiculação das canções, e incentivaremos a criticidade dos alunos, já que o rap nos apresenta

o cotidiano de uma minoria (maioria) que sofre preconceito por conta de diversos fatores sociais,

culturais e históricos. Propomos, também, a partir desse projeto apresentar aos alunos o percurso

histórico do rap no Brasil.O presente plano de trabalho está sendo aplicado desde o mês de fevereiro na

Escola Estadual Professora Elisa Coelho, sendo então um projeto que está em seu inicio de execução,

apresentando porém, já pequenos resultados.

LETRAMENTO LITERÁRIO ATRAVÉS DAS CANÇÕES DE RAP

Verônica Vieira De Lima

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Exposição da proposta e de resultados parciais do Projeto “Linhas e Liras”, do Programa Institucional de

Bolsa de Extensão (Pibex/2012), sob a coordenação da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis

da Universidade Estadual do Maranhão (Proexae/Uema), desenvolvido pelo Departamento de Letras

do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz (Cesi/Uema) e aplicado em uma escola pública estadual

da periferia de Imperatriz-Ma. O Projeto “Linhas e Liras” tem como proposta propiciar aos jovens a

fruição do texto literário por meio da audição e análise de poemas-canções do cancioneiro popular

brasileiro fazendo analogias dessas músicas com marcasde movimentos literários. O projeto quer

mostrar os benefícios que a arte tem para a vida do sujeito, que o gosto artístico é uma construção e

não algo nato e também denunciar o perigo a que todos estão expostos, sobretudo a juventude, com

a alienação que a indústria cultural pode propiciar pela exposição massiva de músicas em que falta

uma maior qualidade artística.Numa sociedade marcada pelos ciberespaços e pelas comunicações

em redes sociais, percebe-se uma série de dificuldades em lidar com os múltiplos registros textuais

disponíveis,tornando necessária a atenção para textos que não “envelhecem” de um dia para o outro,

pelo contrário, permanecem como uma luz a denunciar a frivolidade das relações interpessoais na

pós-modernidade, as quais insistem em perder-se constantemente. Baseando-se em autores como

Paulo Freire (2009), Maria Helena ZancanFrantz (2005) e Maria Helena Martins (1995), que ressaltam

a importância da leitura na formação do homem, percebe-se a urgência de medidas que possibilitem a

aproximação dos jovens com o universo literário, fazendo com que o ato de ler deixe de ser encarado

como algo mecânico e desvinculado da realidade e passe a ser realizado de forma crítica e consciente.

Assim, demostrarcomo ocorre o diálogo entre música e literatura é fundamental para que a juventude

possa conhecer os fundamentos de letras de músicas mais elaboradas artisticamente e diferenciá-las

daquelas que, respondendo apenas aos apelos do mercado, esvaziam conteúdos e propostas alienando

ainda mais os que pensam que os fatos sociais se dão gratuitamente e sem interesses.Com isso, o projeto

também pretende desenvolvera competência leitora dos participantes, melhorando sua percepção

estética perante o texto literário e demais expressões artísticas,construindo um olhar crítico que

extrapole as páginas e repercuta no cotidiano.

Palavras-chave: Extensão Universitária. Leitura. Música e Literatura. Expressões Artísticas.

LINHAS E LIRAS

Maria Raimunda Feitosa Almeida

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Michel Butor é um dos escritores contemporâneos mais importantes da língua francesa. É autor de uma

obra vasta e diversa, que vai de romances a vários livros-objeto e colaborações com artistas plásticos.

A literatura, em seus trabalhos, está constantemente ligada às outras artes e, de forma especial, à

pintura. Ainda que sejam menos estudados pela crítica do que seus textos relacionados à pintura, ele

tem, também, alguns textos relacionados à fotografia (tanto teóricos quanto artísticos), muitos dos

quais feitos em parceria com fotógrafos. Durante uma década, o próprio Butor foi, também, fotógrafo,

e afirma que a técnica da fotografia influenciou a sua escrita.

Este trabalho pretende estudar, justamente, a relação entre a literatura e a fotografia em sua obra,

procurando identificar que tipos de relações se estabelecem entre as duas artes e o que há em comum

entre elas na obra de Butor. Em especial, será objeto deste trabalhoAlchimigramme, um desses textos

nos quais a fotografia aparece como objeto da literatura. Ele foi escrito como prefácio para a exposição

do fotógrafo Pierre Cordier em Bruxelas, em 1991, e é uma narrativa poética a respeito da revelação

feita por um anjo a um fotógrafo sobre as técnicas que este último deveria usar.

Trata-se de uma espécie de gênesis do trabalho de Cordier, mas vários trechos podem ser interpretados

como se falassem, de forma geral, do trabalho do artista. Uma leitura crítica deste texto pode ampliar

a visão da relação entre as artes nas obras de Butor e do próprio fazer poético do escritor francês. Para

realizá-la, também serão importantes outros de seus textos, em especial Recordações fotográficas,

que fala sobre a época em que fotografou e sobre o tipo de trabalho que faz com fotógrafos, e A

alquimia e sua linguagem que, embora fale sobre a alquimia, traz diversas considerações que podem

ser extendidas, também, à literature e às outras artes.

LITERATURA E FOTOGRAFIA EM ALCHIMIGRAMME, DE MICHELBUTOR

Amanda Bruno de Mello

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Este trabalho traz uma abordagem acerca da música como o viés estético para analisar a “Má-fé”

presente no personagem Roquentin de A náusea e Selma de Dancer in the Dark. O existencialismo

sartreano é uma filosofia que aborda a questão da liberdade do homem e a sua responsabilidade ao se

escolher no mundo. De acordo com Sartre, o indivíduo, ao se escolher, não escolhe apenas sua estrita

responsabilidade, mas sim a de todos os homens. Dito de outra forma, sua filosofia é uma indagação

sobre a existência e a angústia de se existir no mundo sem uma essência que nos defina. Este trabalho

traçará um possível diálogo entre a sua obra intitulada A náusea e o filme Dancer in the Dark de Trier

que, por sua vez, já vem traçando este caos existencial em alguns de seus filmes.

Desta forma, será analisada a possibilidade de a música (ou a aqui chamada “via estética”) funcionar,

ou não, como “justificativa” para a existência. A existência de Selma no filme de Trier é perpassada

por um componente musical, pois a protagonista conserva uma personalidade meio que infantil e

fantasiosa, onde seu mundo fica bonito com a fuga de sua consciência da realidade. O Existencialismo

de Sartre é uma teoria filosófica que de fato veio influenciando durante anos muitas obras, não só

literárias como também cinematográficas. A arte cinematográfica, por se tratar de uma linguagem

audiovisual, faz com que o espectador visualize melhor o conflito existencial discutido por Sartre em

suas obras.

Em suma, o trabalho foi desenvolvido a partir do cotejo do texto literário com arte cinematográfica, para

que desta forma, pudesse ser explorado com mais evidência a mutualidade de certos procedimentos

entre ambos. O trabalho aborda a justificativa (ou a ausência dela) que Selma dá a sua existência,

posto que a protagonista encontra na música, nos seus flashes fantasiosos, a redenção ou salvação

para os seus problemas cotidianos. O fato de seu filho possuir o mesmo destino congênito que o seu,

faz com que esta se sinta culpada, assim inventando-lhe algo a que se apegar, ou agarrar: o sonho

musical, onde todos dançam em harmonia, conforme o ritmo que Selma tenta conduzir sua vida.

Tal mecanismo existencial pode ser explicado à luz do conceito sartreano de Má-Fé. O filme que foi

analisado com base no pensamento sartreano reflete toda essas questões existenciais e todo o drama

vivido concomitantemente por Selma e Roquentin.

A personagem vive sua liberdade pelo ritmo da música, tentando escapar com uma simples fugida

de consciência da realidade. Além disso, o próprio nome do filme é bem sugestivo, visto que, gera

O CONCEITO SARTREANO DE MÁ-FÉ EM A NÁUSEA (SARTRE) E DANÇANDO NO ESCURO (VON TRIER)

Jennifer Shilds dos Santos

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certa ambiguidade, uma vez que, faz referência tanto à cegueira concreta de Selma quanto à cegueira

abstrata, inconsciente desta, durante as suas desligadas de consciência, posto que dança no meio de

toda a vida turbulenta que leva. Dançando no escuro é a metáfora do ritmo que Selma tenta conduzir

sua vida, enquanto esta se encontra no escuro, na escuridão de sua própria vida.

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É notório que o cinema está cada vez mais granhando seu espaço na área das artes, como uma

multiplicidade de dizeres do mundo contemporâneo. Os sistemas de ensino público e privado já

utilizam desse artifício para contribuir com o processo de ensino/aprendizagem em sala de aula, em

todos os níveis de formação. E entender a linguagem do cinema é fundamental para esse processo

de possíveis leituras que essa arte pode oferecer, e compreender como sua linguagem influencia nas

sensações/percepções que o expectador tem, ao apreciá-la. Este trabalho seguirá a linha de estudos

cinematográficos, na obra fílmica “Dançando no Escuro” (Dancer in the Dark - 2000), de Lars Von

Trier, a partir dos próprios elementos da linguagem cinematográfica: enquadramento/ponto de vista,

plano, movimentos de câmera. Será uma análise reflexiva, acerca da imagem no cinema, no tocante

às características e peculiaridades de sua linguagem, investigando possíveis sentidos e significações.

O diretor Lars Von Trier, com sua notável habilidade para o cinema, consegue explorar de forma

singular elementos significativos que se tornam convincentes, dando ideia de verossimilhança ao

filme “Dançando no Escuro”. A personagem principal “Selma” (Björk) é mãe-solteira, natural de

Czechoslovakia (país comunista), tem uma doença hereditária que a levará à cegueira. Seu filho

“Gene” nasce com o mesmo problema. Isso implica em “Selma”decidir ir morar nos Estados Unidos

da América (país terminantemente capitalista), pois lá existem médicos capacitados para operar

seu filho. Nos EUA, encontra-se como inquilina de “Bill” e “Linda”, que também são seus vizinhos.

Entretanto, “Bill” (ao se encontrar com dificuldades financeiras) rouba o dinheiro que “Selma” estava

economizando para a operação de seu filho, a partir de então ocorre uma série de acontecimentos

trágicos. Por meio dos elementos utilizados pela projeção cinematográfica: o som, a luz/fotografia/

cores, cenografia, música, figurino etc., será feita uma análise de todos esses recursos que denunciam

o porquê de a protagonista, “Selma Jezkova” (Björk), a ter decidido calar-se diante da situação em que

se encontrava.

Palavras-chave: Cinema, leitura, som, imagem.

O ESCURO DA DANÇA DE LARS VON TRIER

Dayane Pereira do Nascimento

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O presente trabalho objetivaefetuar uma análise do romance O Leitor, de Bernhard Scklink, transporto

para o cinema sob a direção de Stephen Daldry. Busca-seestabelecer uma conexão entre literatura,

cinema e direito, de forma a extrair subsídios sobre os grandes dilemas da contemporaneidade,

particularmente após as atrocidades cometidas durante o domínio nazista e suas implicações para a

questão da Justiça e do Direito. Nessa perspectiva, o enredo mostra a trajetória de Hanna Schmitz,que

vai a julgamento sob a acusação de ter servido num campo de concentração e ter levado à morte uma

centena demulheres. O filme mostra o dramavivido pela personagem quedeve tornar públicaa sua

condição de iletradapara ser absolvida.

Entrelaça-se o dilema moral experimentadopelo protagonista Michael Berg, na época do julgamento

um estudante de direito, dilaceradoentre revelar que havia se relacionado com a ré, e conhecedor

de sua condição de analfabeta, oucalar-se sobre essa condição e vê-lacondenada pelos crimes por

ela praticados.A partir dessa apreciação, faz-se uma articulação teórica em Theodor W. Adorno,

especialmente no livro Educação e emancipação,especialmente nos textos Educação após Auschwitz e

A educação contra a barbárie, importantes leituras que nos advertem da ameaça de totalitarismos e da

intolerância.A obra de Adorno aborda a questão da educação crítica como meio de superar a barbárie.

Além disso, busca-seapoio na obra de Richard Rorty, no texto“Direitos Humanos, racionalidade e

sentimentalidade”, do livro Verdade e progresso, principalmente a noção de educação sentimental.

AfirmaRortyque a educação sentimental representa um meio hábil para a formação de um novo

modelo de ser humano: o sentimento como fio condutor para a promoção dos direitos humanos e a

construção de uma sociedade justa, fraterna e igualitária.

Nesse sentido, o conceito dephrónesis, extraído de Aristóteles no Livro VI da Ética a Nicômacoapresenta-

se adequado para a discussão do juízo reflexivo, indispensável para os casos singulares com os quais se

defrontam, sobretudo, os profissionais do direito, destinados para serem os defensores dos direitos do

homem. Tanto a literatura quanto o cinema são capazes de contribuir para a aplicação do Direito no

âmbito social favorecendo a propagação de uma cultura de direitos humanos. A metodologia é teórica,

descritiva e interdisciplinar.

O presente trabalho pretende efetuar uma análise do romance O Leitor, de Bernhard Scklink, transporto

para o cinema sob a direçãode Stephen Daldry. Busca-seestabelecer uma conexão entre literatura,

O LEITOR PRUDENTE: O JUÍZO REFLEXIVO NA FORMAÇÃO DA SUBJETIVIDADE

Matheus Nascimento Quintão da Costa; Monique Mendes Barcelos; Tania Eliza Rolim da Gama Campos

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cinema e direito, de forma a encontrarsubsídios sobre os grandes dilemas da contemporaneidade,

particularmente após as atrocidades cometidas durante o domínio nazista e suas implicações

para a questão da Justiça e do Direito. Nessa perspectiva, o enredo mostra a trajetória de Hanna

Schmitz,levada a julgamento sob a acusação de ter servido num campo de concentração durante o

regime nazista, e de ter provocado a morte uma centena de mulheres. O filme expõe o drama vivido

pela personagem, quedeve declarar a sua condição de analfabetapara ser absolvida. Entrelaça-se o

enredo com o dilema moral experimentadopelo protagonista Michael Berg, estudante de direitona

época do julgamento, dilaceradoentre revelar que havia se relacionado com a ré, conhecendosua

condição de analfabeta, e calar-se ante a monstruosidadedos crimes por ela praticados. A partir

dessa apreciação, faz-se uma articulação teórica com Theodor W. Adorno, especialmente no livro

Educação e emancipação,nos textos Educação após Auschwitz e A educação contra a barbárie, que

nos advertem da ameaça de totalitarismos e da intolerância. A obra de Adorno aborda a questão da

educação crítica como meio de superar a barbárie. Importantes temas sobre o Direito e a Justiça são

enfocados igualmente, tanto na construção literária como na representação cinematográfica, pondo

em cheque a concepção juspositivista do Direito. Aflora a discussão entre Direito e Moral, assim como

a importância do julgamento e da responsabilidade, decorrentesda perplexidade do impacto de um

Direito injusto e arbitrário imposto nas relações sociais, políticas e jurídicas.O conceito de phrónesis,

desenvolvidopor Aristóteles no Livro VI da Ética a Nicômaco, apresenta-se adequado para a formação

do juízo reflexivo, indispensável para os casos singulares com os quais se defrontam, sobretudo,

os profissionais do direito, destinados a serem os defensores dos direitos do homem e de lutarem

contra quaisquer formas de opressão.Nesse sentido, a literatura e o cinema são experiências artísticas

fundamentais para pensar o Direito,favorecendo a propagação de uma cultura de direitos humanos

na cena contemporânea, ainda povoada por graves violações.Utiliza-se uma metodologia teórica,

descritiva e interdisciplinar, com resultados provisórios instigantes para uma reflexão consistente

dofenômeno jurídico na construção de subjetividades autônomas.

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A apresentação consistirá em uma leitura comparada da música Mal Secreto, de Waly Salomão e

Jards Macalé, que foi inspirada em um poema homônimo de Raimundo Correia. Baseando-se nas

teorias de CARVALHAL (2006) e CÂNDIDO (2006) que estabelecem reflexões e análises das artes

e a importância destas na sociedade, pretende-se demonstrar a relação existente entre literatura e

música, abordando a importância da última que, por ser mais facilmente levada a um número maior

de pessoas, torna-se um canal propício ao conhecimento do texto poético.

Nessa relação intertextual, deseja-se apontar também as convergências e divergências entre os textos

em questão, fazendo assim uma comparação entre duas esferas da expressão humana. O trabalho

deseja destacar ainda os benefícios e a importância dos veículos de comunicação que podem ser usados

a favor das artes. Devido à velocidade em que se dá a evolução desses veículos, a arte também deve

ser inserida nesse mundo de comunicação rápida, inclusive por ser uma característica do momento

histórico atual e por ele ser tão almejado e próximo a jovens, principalmente.

Se a arte liberta as pessoas da alienação, denuncia as mazelas sociais e toca a sensibilidade do homem,

quanto mais pessoas tiverem acesso a bons produtos artísticos, melhor será o mundo. Quando se fala

em arte, não se pensa apenas naquela que é conhecida pela elite social e intelectual, mas uma arte que

pode fazer do rádio, por exemplo, um canal para pessoas comuns terem contato com ela. Dessa forma,

não só pode ser estabelecido um diálogo entre as artes, mas ainda incluir a sociedade nesse contato.

Em um estudo Claus Clüver (2006) declara que quanto menos os Estudos Interartes se ocupam de

questões de formas e da estética tradicional, tanto mais insignificantes se tornam essas definições. Essa

reflexão propõe uma arte mais próxima do social, mais passível de ser compreendida e relacionada

com acontecimentos cotidianos sem perder seu teor estético.

Esse estudo não propõe a definição de como um autor deve criar sua arte, por estar preocupado com

a forma que o receptor irá entender, mas uma sociedade que se relaciona com a arte e a compreende

segundo a singularidade de cada autor.

Palavras-chave: Literatura e Música. Raimundo Correia. Waly Salomão. Mal Secreto.

O MAL SECRETO DA POESIA E SUA IMPORTÂNCIA SOCIAL

Deivanira Vasconcelos Soares

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O presente artigo foi feito através de uma pesquisa bibliográfica, sustentando uma análise de caráter

interpretativo do ponto de vista psicológico, equiparando obra literária e projeção cinematográfica do

romance Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll. Alice nos país das maravilhas é um dos livros

mais editados da literatura moderna. O romance de Lewis Carroll (pseudônimo de Charles Lutwidge

Dodson), publicado em 1865, é extremamente intrigante e capaz de mexer muito com a imaginação

de seus leitores. Tendo sua primeira adaptação cinematográfica em 1903 com apenas 12 minutos de

duração, mudo e em preto e branco, dirigido por Cecil Hepworth e Percy Stow. E sua primeira versão

com áudio em 1931 dirigido por Bud Pollard. Daí em diante vieram várias versões do romance inglês

moderno que possui imensa complexidade e sugere interpretações múltiplas, pois apresenta assuntos

diversificados.

Os princípios característicos dos contos de fada; magia, reis e rainhas, animais falantes, personagens

misteriosos, o bem contra o mal, o impossível tornar-se possível e a história acontecer dentro de um

sonho, faz com que tudo seja mais interessante. Com o auxílio do Subprojeto Letras: Arte e Literatura,

pertencente ao Programa Institucional de Iniciação à Docência - PIBID do Instituto Federal de Ciência

e Tecnologia do Pará – IFPA e partindo-se dos referidos pressupostos, seguindo uma das teorias de

Freud sobre a noção de inconsciente, que se faz necessária para compreender os processos psíquicos na

medida em que durante a vida consciente encontramos “grandes lacunas” que a própria consciência

se exime de explicar. Ou seja, para melhor compreender a dinâmica do enredo do romance de Lewis

Carroll, que ocorre em processos psíquicos, segundo Freud, consiste em impulsos carregados de

desejo que não respeitam a realidade, ocorrendo assim os impulsos oriundos, chamados sonhos. A

partir deste ponto, foi desenvolvida uma análise interpretativa da obra buscando compreender um

pouco melhor o seu enredo traçado na expressão de conteúdos inconscientes através dos sonhos,

equiparando a obra literária e as versões cinematográficas.

Palavras-chave: Sonhos, Literatura, Alice no país das maravilhas

PSICOLOGIA, LITERATURA E CINEMA NA OBRA ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Grécia di Paula Gama Roque

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Este trabalho integra a investigação realizada pelo projeto Metaliteratura e suas metáforas, sob

orientação do Prof. Dr. Nilson Pereira de Carvalho (UFRPE), cujo eixo de pesquisa busca uma análise

e aprofundamento teórico e classificatório de fenômenos de autorreferenciação literária. Este trabalho,

em específico, é assinalado pelo estudo complexo do fenômeno metaliterário no tocante ao leitor,

peça intrínseca à Literatura. O plano “Reinventando o leitor: Literatura na Literatura” faz parte do

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), disposto pela Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Universidade Federal Rural de Pernambuco

(UFRPE), e é aplicado numa escola da rede pública estadual pernambucana de ensino, cujo início data

a competência de dezembro de 2012.

Desejamos desenvolver, destarte, a perspectiva na qual a Literatura é protagonista de sua própria

conceituação e base de seu regimento, sob os pilares do letramento literário. Consequentemente,

buscamos situar o leitor numa perspectiva que não anule sua inerente criticidade, pois desejamos

desconstruir o que temos prescrito como leitor ingênuo. Para este propósito, apoiamo-nos nos

pressupostos teóricos de Bernardo (1999) e Aguiar e Silva (1974) quanto ao conceito de Literatura, de

Calvino (1993) acerca da competência textual de falar por si sem intermediários, de Cosson (2006),

Soares (2003) e Antunes (2007) em relação às questões de letramento e ensino, de Mequior (1974) quanto

ao fenômeno Kitsch, de Staiger (1975) com referência a conceituação da poética e, por fim, em Mercado

(2002) e Xavier (2004) no tocante aos estudos de tecnologias e hipertexto relacionados às práticas de

ensino. Assim sendo, intervimos inicialmente por meio de uma sondagem dos conhecimentos tanto

literários como lingüísticos do público alvo, uma turma de 9º ano do segundo ciclo.

A partir disso, e seguindo o direcionamento pré-estabelecido pela temática do trabalho, estão sendo

realizadas atividades de leitura, desenvolvidas e aplicadas conforme os descritores sugeridos por exames

avaliativos e de desempenho do governo. Para tanto, há a inserção da leitura de gêneros literários,

iniciada com narrativas mais curtas, como contos e crônicas jornalísticas, incitando, posteriormente,

a leitura de textos mais longos, englobando outros gêneros. O empenho na programação/realização

de atividades, ao mesmo tempo em que está sendo desenvolvido o letramento literário,insere,

inclusive, suportes tecnológicos mais recentes, desenvolvendo as habilidades de leitura, compreensão

textual e escrita, cuja base também dá consistência aos descritores que são propostos pelo SAEPE -

O LEITOR PRUDENTE: O JUÍZO REFLEXIVO NA FORMAÇÃO DA SUBJETIVIDADE

Matheus Nascimento Quintão da Costa; Monique Mendes Barcelos; Tania Eliza Rolim da Gama Campos

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Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica de Pernambuco. Ao escolher um novo suporte

para o desenvolvimento de trabalhos, é criada a possibilidade de ir além do uso tradicional de outras

ferramentas. Em concordância com o recorrente tema do letramento e baseado neste, subjacente à

ideia de que letrar é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto no qual a escrita e a leitura tenham

sentido e façam parte da vida das pessoas (SOARES, 2003), esse trabalho justifica-se pela necessidade

de se intensificar o ideal de um ser humano holístico, e que se percebe, inclusive, diacrônica e

sincronicamente.

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O presente trabalho pretende analisar as temáticas do Riso, a partir da perspectiva bergsoniana, e

do Melodrama enquanto gênero e estrutura dentro da comédia Muito Barulho por Nada (2008), do

dramaturgo inglês William Shakespeare (1564 – 1616), e sua sobrevivência nas obras da atualidade, na

literatura e no cinema. Dessa forma, como suporte para nosso trabalho, utilizaremos o ensaio de Henri

Bergson sobre a significação do cômico intitulada O Riso (1978), também servirá de embasamento

teórico a obra O Olhar e a cena: melodrama, Hollywood, cinema novo, Nelson Rodrigues do teórico

e crítico de cinema Ismail Xavier, onde se aborda a permanência do gênero na literatura e no cinema

contemporâneo.

Nosso corpus será a própria comédia shakespeariana (encenada a primeira vez em 1598) analisada de

forma concomitante aos estudos do livro intitulado Shakespeare: a invenção do humano, do crítico

americano Harold Bloom acerca de toda a produção artística do bardo inglês e a contribuição desta

para humanidade, levantando assim antigas e novas questões sobre o universo do dramaturgo. Nosso

trabalho se dividirá em quatro partes.

Inicialmente, traremos considerações gerais acerca da vida e da obra de Shakespeare, situando suas

obras dentro do contexto histórico de sua época, fazendo um panorama temporal de suas produções

mais significantes, incluindo a comédia em estudo deste trabalho. Na segunda parte, iremos trabalhar o

Riso na comédia shakespeariana, analisando a teoria bergsoniana do Riso e da comicidade, recorrendo,

quando necessário, ao corpus e fazendo uma análise comparativa com outras obras cômicas do Bardo

Inglês pertencente à sua arte dramática, também abordaremos o mesmo tema no que diz respeito ao

campo cinematográfico. Por fim, traremos o Melodrama para dentro de Muito Barulho por Nada,

considerando os desdobramentos possíveis dessa comédia e do teatro shakespeariano para a ficção

contemporânea.

PALAVRAS-CHAVE: Riso, melodrama, teatro elisabetano, cinema.

RISO E MELODRAMA EM MUITO BARULHO POR NADA DE WILLIAM SHAKESPEARE

Liziane Karina Menezes da Silva;Elvis Freire da Silva

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Este trabalho se propõe a refletir sobre o movimento interarte entreLiteratura e Cinema,tecendo

considerações acerca da influência exercida pela primeira sobre a segunda, dedicando atenção

maior ao processo de adaptação de narrativas literárias para narrativas cinematográficas. Em um

primeiro momento, far-se-á uma breve exposição histórica acerca do início do diálogo entreLiteratura

e Cinema – possivelmente início do século XX (BERNARDET, 1993) – realçando a influência que

a linguagem literária exerceu na formação do cinema enquanto narração de estórias ficcionais.

Ainda neste primeiro tópicose iniciaa reflexão sobre os domínios sígnicos em que cada manifestação

artística se insere, isto é, enquanto o fazer literário se ocupa e se vale, em sua essência, da palavra em

sua forma grafada em papel, o cinema materializa-se por articulação da palavra, não necessariamente

na forma grafada, com elementos imagéticos (locações, cenários, encenações, etc.).

No segundo momento,problematizar-se-á sobre o procedimento de “tradução intersemiótica”

(PLAZA, 2008) efetuado por artistas, aqui especificamente cineastas, ao levar uma narrativa originária

da Literatura para uma obra fílmica, indicando assim, possíveis “choques” interartesocasionados pela

realização de adaptações cinematográficas para obras literárias.

Finalmente, tópico 3 (três), tentar-se-á elucidar a adaptação realizada a partir do romance intitulado

Eu receberia As Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios (2005), de Marçal Aquino, pelos cineastas Beto

Brant e Renato Ciasca no ano de 2011, obra fílmica de título homônimo, buscando identificar com

base na exposição e discussão ao longo do trabalho sobre a relação Literatura/Cinema, elementos da

obra literária que são apenas referidos de forma singela na sua narrativa, mas que no filme ganham

destaque, tornando-se emblemáticos visualmente.

Para este intento, utilizar-se-ão como aporte teórico os estudos de Jean Claude Bernardet (1993), Julio

Plaza (2008), Lucia Santaella (2003), JacquesAumont (2011) e Arnaldo Franco Junior (2003).

SOBRE LITERATURA E CINEMA:DA REFERÊNCIA LITERÁRIA AO EMBLEMÁTICO CINEMATOGRÁFICO

Alan Martins da Silva

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O presente trabalho visa à análise do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, que retrata uma

família nordestina marcada pela seca, fome, miséria, elementos que caracterizam a injustiça social

existente na sociedade brasileira. O artigo terá como principal enfoque a questão dos direitos humanos,

que permeia o romance e o filme em estudo, partindo do pressuposto que a caracterização das

personagens, definida por uma “dramaticidade fria”segundo Affonso Romano de Sant’Ana, conduz

à ideia de homem animalizado, vivendo em condições sub-humanas, num ambiente hostil ao pleno

desenvolvimento da dignidade humana. Observada a ausência de cidadania e de reconhecimento,

mediante a estruturação de uma narrativa assimétrica, propõe-se uma reflexão sobre o capítulo

“Direitos humanos, racionalidade e sentimentalidade”, da obra Verdade e progresso, de Richard

Rorty, como caminho para a compreensão de uma cultura dos Direitos Humanos, construída através

da educação sentimental.

Nessa perspectiva, Rorty avalia que os pressupostos fundacionalistas dos Direitos Humanos não

contribuem para a sensibilização do indivíduo perante o sofrimento alheio. Afirma Rortyque a

educação sentimental representa um meio hábil para a formação de um novo caminho: o sentimento

como fio condutor para a promoção dos direitos humanos e a construção de uma sociedade justa e

fraterna. A partir dos conceitos de cultura de Direitos Humanos e de educação sentimental, o olhar

teórico entrelaça-se com o olhar literário e cinematográfico para acompanhar a pungente trajetória

dos protagonistas de Vidas secas, capaz de criar um clima de sensibilização com a representação de

personagens, que transitam mudas, subalternas, marginalizadas de quaisquer direitos.

A privação de direitos faz com que as personagens não se constituam em sujeitos de direito e, sobretudo,

não desenvolvam a comunicação com outras personagens. O não reconhecimento como sujeitos de

direito transforma-os em cidadãos fragilizados, alvo de depreciações e discriminações sociais. A

proposta de Rorty, com a afirmação da educação sentimental, constitui um relevante instrumento

para a superação das injustiças e consolidação dos direitos humanos.

Convém frisar que a interligação entre cinema e literatura, a partir do aporte teórico da presente

pesquisa, tem como objetivo a transformação da sociedade, fazendo com que grupos colocados

à margem da sociedade, que não se veem como sujeitos históricos, passem a reconhecer-se como

sujeitos proativos no desenvolvimento de sua dignidade. O uso de fontes literárias e filmográficas na

VIDAS SECAS E O QUADRO DRAMÁTICO DO NÃO RECONHECIMENTO: UM OLHAR ATRAVÉS DO CONCEITO DE EDUCAÇÃO SENTIMENTAL DE RORTY

Adriana de Oliveira Moreira; Bruna Pimentel de Oliveira;Bruno José da Costa

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pesquisa corresponde a uma efetiva interação entre a sociedade e os seus meios de comunicação, pelo

relato da história do homem como ser inserido em determinado contexto político-social e na luta pela

sua autodeterminação. Nesse sentido, a interdisciplinariedade entre o Direito e as referidas disciplinas

torna-se imprescíndivel para a melhor compreensão da relação entre os fenômenos jurídicos e a

sociedade. O Direito liberta-se, assim, de suas cátedras, associando-se a outras áreas do conhecimento

para promover o aperfeiçoamento da compreensão das normas jurídicas e da justiça.