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NESTA EDIÇÃO ANO XXIII Nº 260 Fevereiro 2016 Publicação mensal 2.00 Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 44145 Dortmund Tel.: 0231-83 90 289 Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] www. portugalpost.de K 25853 PUB PUB PUB Tel.068 41 - 99 35 719 [email protected] Mobil: 0176 - 36929064 Termine u. Vereinbarung www.fimoba-hyp.de n COMUNIDADES n PROPINAS n ACORDO ORTOGRÁFICO Entrevista exclusiva suponhamos que quer escrever um livro... (veja na página 3) Autores da Diáspora PORTUGAL POST MARCELO GANHA NA ALEMANHA COM 40% E SÓ CONSEGUE O TERCEIRO LUGAR EM BERLIM SAIBA COMO VOTARAM OS PORTUGUESES POR ÁREAS CONSULARES P.11 Cristina Torrão, escritora Cristina Torrão é uma escritora portuguesa que se debruça sobre a história de Portugal e os seus pro- tagonistas e faz deles romances. Foi uma surpresa quando soubemos que ela vivia na Alemanha já há bastante tempo e, ao tomarmos conhecimento, quisemos falar com ela, questioná-la sobre a sua vida e a sua actividade. Págs. 12 e 13 Governo promete modernizar ser- viços consulares e implementar serviços online P.5 Escritora Ana Cristina Silva escreve sobre o acordo ortográfico P.4 Governo quer expandir ensino do português no estrangeiro, mas mantém propinas na Alemanha P.7 Carnaval em Colónia Mer stelle alles op der Kopp P.14 Foto: Lusa

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› NESTA EDIÇÃO

ANO XXIII • Nº 260 • Fevereiro 2016 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] • www. portugalpost.de • K 25853

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Termine u. Vereinbarung

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n COMUNIDADES

n PROPINAS

n ACORDO ORTOGRÁFICO

Entrevista exclusiva

suponhamos que quer escrever um livro...(veja na página 3)

Autores da Diáspora

PORTUGAL POSTMARCELO GANHA NA ALEMANHA COM 40% E SÓ CONSEGUE O TERCEIRO LUGAR EM BERLIMSAIBA COMO VOTARAM OS PORTUGUESES POR ÁREAS CONSULARESP.11

Cristina Torrão, escritoraCristina Torrão é uma escritora portuguesa que sedebruça sobre a história de Portugal e os seus pro-tagonistas e faz deles romances. Foi uma surpresaquando soubemos que ela vivia na Alemanha já hábastante tempo e, ao tomarmos conhecimento,quisemos falar com ela, questioná-la sobre a suavida e a sua actividade. Págs. 12 e 13

Governo promete modernizar ser-viços consulares e implementarserviços online P.5

Escritora Ana CristinaSilva escreve sobre oacordo ortográficoP.4

Governo quer expandir ensino doportuguês no estrangeiro, masmantém propinas na AlemanhaP.7

Carnaval em Colónia

Mer stelle alles op der KoppP.14

Foto: Lusa

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016Comunidade2PORTUGAL POSTAgraciado com a Medalha da Liberdade

e Democracia da Assembleia da RepúblicaFundado em 1993

Director: Mário dos Santos

Redação, Colaboradores e ColunistasAna Cristina Silva: LisboaAntónio Justo: KasselAntónio Horta: GelsenkirchenCarlos Gonçalves: LisboaCristina Dangerfield-Vogt: BerlimCristina Krippahl: BonaFernando A. Ribeiro: EstugardaGlória de Sousa: HamburgoHelena Ferro de Gouveia: BonaJoão Ferreira: SingenJoaquim Nunes: OffenbachJoaquim Peito: HanôverJosé Luís Peixoto: LisboaLuísa Costa Hölzl: MuniqueManuel Campos: FrankfurtMarco Bertolaso: ColóniaMaria do Rosário Loures: NurembergaMiguel Szymanski: FrankfurtPaulo Pisco: LisboaSandra Gonçalves: Groß U(mstadtTeresa Soares: Nuremberga

Direcção portugalpost.de: Eliesa SchulteAssuntos Sociais: Abilio FerreiraConsultório Jurídico:Catarina Tavares, AdvogadaSusana Tão, AdvogadaMichaela Azevedo dos Santos, AdvogadaTraduções: Barbara Böer Alves e Silvia Lima

Impressão: Portugal Post VerlagRedacção, Assinaturas PublicidadeBurgholzstr. 43 • 44145 DortmundTel.: (0231) 83 90 289 • Fax: (0231) 83 90 351www.portugalpost.deEMail: [email protected]/portugalpostverlag

ISSN 0340-3718 Propriedade: Portugal Post VerlagRegisto Comercial: HRA 13654

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SEPA-Lastschriftmandat: Ich ermächtige die Portugal Post, Zahlun-gen von meinem Konto mittels Lastschrift einzuziehen. Zugleichweise ich mein Kreditinstitut an, die von der Portugal Post auf meinKonto gezogenen Lastschriften einzulösen.Hinweis: Ich kann innerhalb von acht Wochen, beginnend mit demBelastungsdatum, die Erstattung des belasteten Betrages verlangen.Es gelten dabei die mit meinem Kreditinstitut vereinbarten Bedin-gungen.

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D E _ _ | _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ____ ______ _____ _IBAN

____________________________________Datum, Ort und

Unterschrift

Die Mandatsreferenz wird separat mitgeteilt.

Adira já!

EditorialPor Mário dos Santos

Director

unca um político, como o pre-sidente agora eleito, coubetão bem num cargo como é ode Presidente da República.

Nunca Marcelo Rebelo deSousa terá sonhado que opovo não lhe concederia essedestino que o animava nas

noites em que ele não dormia, ou dormiapouco.

Nunca um homem, como o professorMarcelo, poderia não aspirar à presidência.

Nunca a presidência terá sido um cargotão bem talhado à imagem da personalidadede alguém na medida em que permite aoprofessor Marcelo ficar acima de tudo e detodos, sem contraditório, no exercício deuma missão em que a palavra conta. E, issosabe-se que não falta ao professor, como nãolhe falta o domínio da comunicação, o co-nhecimento da forma como se faz e pensa acomunicação social.

Marcelo servir-se-á da palavra como pou-cos.

Não será um presidente demagogo, ape-

sar de o apelidarem de fala-barato.Marcelo tem os jornalistas e a opinião pu-

blicada na mão. Não demorará muito queterá o povo na mão porque ele sabe como oconquistar; sabe como se faz intriga e secriam factos políticos; conhece os interessesde quem domina política, cultural e econo-micamente o país. Marcelo sabe colocarestes interesses todos em forma de baralhode cartas baralhadas à sua maneira. Sabefalar (e manipular) com todos. É um distri-buidor nato de beijinhos. Em suma, Marceloestá no lugar certo. Nunca seria bom pri-meiro-ministro, nem bom presidente de câ-mara.

Foi um bom comentador devido à suainata capacidade para o maquiavelismo polí-tico e, muitas e muitas vezes, era encantador.

Não terei dúvidas de que Marcelo queiraser o presidente de todos os portuguesespela simples razão de não querer ficar atrásde Mário Soares quando a história falar dele.Se Mário Soares era “Rei”, Marcelo quereráser imperador. Falta saber se o conseguirá.

Também não terei dúvidas quanto à aten-

ção que o presidente Marcelo dispensará àscomunidades portuguesas. Os emigrantes,ávidos de atenção e de afecto ( já que nadamais esperam de Portugal) terão em Marceloo presidente certo. Não como Cavaco Silva,cuja postura assustava os meninos filhos deemigrantes quando eram obrigados a dar umbeijo no ríspido e pouco simpático rosto doactual presidente.

Marcelo será o presidente ideal para ascomunidades de emigrantes. Será um presi-dente de proximidade muito ao gosto dequem vive fora. Exemplo disso é a anun-ciada intenção de transportar os festejos do10 de Junho para as comunidades e o seudesejo já manifestado em ser a voz, como eledisse, numa recente viagem a França, de mui-tas questões e necessidades das comunida-des junto do governo.

“Quem meu filho beija, minha bocaadoça”. Será assim que Marcelo agirá com ascomunidades, porque sabe que há outroimenso Portugal fora do espaço geográficoda nação

Então, boa sorte, senhor Presidente!

Boa sorte, senhor Presidente!

N

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 CRÓNICA 3

Joaquim Nunes

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Se deseja ver o seu manuscrito publicado poderá enviá-lo para a Oxalá Editora, Autores da Diáspora es-pecializada na publicação de autores lusófonos espalhados pelo mundo.Em 15 dias daremos uma resposta sobre a publicação do seu livro, quer seja romance, poesia, autobio-grafia, contos, etc..

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ara muita gente, aqui naAlemanha como em Por-tugal e muitos outros paí-ses (Brasil !), este tempodo carnaval constitui o

pico, o ponto mais alto do ano. Háquem ande o ano todo à esperadele, alguns mesmo a prepará-lo in-tensamente... Confesso que não é omeu caso. Não sou fã de carnavais.Mas não deixo de respeitar e deapreciar a criatividade, a fantasia e adescontração com que estes dias sefestejam. É sinal de que eles fazemfalta, como interrupção de um quo-tidiano em que o controle social, aobrigação do correcto, a pressão dosistema de rendimento, o stress daacumulação de tarefas numa corridaconstante contra o tempo, não dei-xam nem respirar fundo. Embora ocarnaval seja tempo de máscaras,tenho às vezes a impressão de que

muitas e muitos se sentem coagidospor esta sociedade e por este sistemaa usar máscara o ano todo, e, ao con-trário, é no carnaval que “tiram amáscara”, que mostram o que são,mais iguais a si mesmos, mais autên-ticos...

“Depois de Colónia” (“nachKöln“), isto é, depois de tudo o queaconteceu na noite da passagem deano, em Colónia como em diversasoutras cidades, a sociedade alemã es-taria diferente. É pelo menos o quese escreve nos jornais e se ouve repe-tir vezes sem conta nos “talk shows”das televisões. De um dia para ooutro, passou a euforia da “willkom-menskultur”. Os políticos, mesmo osque habitualmente não se deixamcair nas seduções da demagogia,falam dos refugiados como umgrande “problema” para a segurançainterna do país. Apressam-se a “cozi-nhar” novas leis que permitam res-tringir ou recusar o direito de “asilo”e repatriar a todo o vapor, para tran-quilizar a população. As manifesta-ções tipo “pegida” mobilizam comonunca. As redes sociais parece queestão cheias de imagens e textos ra-cistas e xenófobos (digo “parece”

como quem diz ouço dizer, já quenão tenho vontade de ir ver o quesó me poderia enojar...). É caso paraperguntar: que se passa com esta so-ciedade? A “Willkommenskultur”, asimpatia do acolhimento aos refugia-dos era apenas máscara, e a xenofo-bia que agora se manifesta em forçaé que é o “verdadeiro” rosto?! Ouserá o contrário? Ou uma coisa eoutra, numa sociedade plural, quetem de tudo, de um lado e deoutro?!

O perigo de todas as análises aosacontecimentos de Colónia – cujagravidade não há que desmentirnem retocar cosmeticamente comdesculpas sexistas ou pseudo-cultu-ralistas - é a generalização. Não sesabe ao certo quantas centenas eramesses homens descritos como “jo-vens”, de aspecto norte-africano, quena noite da passagem de ano se jun-taram diante da estação central deColónia, como noutros sítios. Nemse sabe quantos desses foram os queagiram criminosamente, roubandoou ofendendo gravemente a digni-dade das mulheres e a sua integri-dade. Mas, comparado com o maisde um milhão de refugiados que che-

garam à Alemanha no ano passado,o seu número constiturá sempreuma percentagem baixíssima. E maisbaixa ainda se falamos de “migran-tes” no seu conjunto. Por isso, sãoinaceitáveis todas as formas de gene-ralização. As acções cometidas poralguns poucos (mesmo se poucossão sempre demais!) não podem seratribuídas a todos. Não há culpa por“semelhança”. A palavra “refugiado”não pode tornar-se sinónimo de “cri-minoso”. A generalização gera pre-conceitos, e os preconceitosimpedem a comunicação, criam fal-sos rótulos, impedem mesmo de vera realidade como ela é. Preconceitossão máscaras que temos na cabeça ecolocamos no rosto do “outro”, dosdiferentes.

Seria grave se a sociedade multi-cultural em que vivemos retroce-desse, a ponto de se ter medo de sairà rua, de dia ou de noite, para o en-contro, para a festa. Para isso, as au-toridades responsáveis pelasegurança interna têm de desempe-nhar a sua função com bons profis-sionais e a sociedade confiar nele.Mas isso não basta! É preciso conti-nuar a aprofundar a todos os níveis

a cultura de acolhimento, no sen-tido de evitar os preconceitos. Nãose pode aceitar que haja cores dapele sob suspeita generalizada. Nãopodemos “mascarar” o mundo comos nossos fantasmas!

Nem os que cá estavam (alemãese outros) são todos xenófobos, nemos refugiados são todos criminosos.Nem todos os migrantes se compor-tam correctamente, como nemtodos os residentes são pessoas im-pecáveis. O rosto e as máscaras nãosão fáceis de distinguir. Etiquetasnão são fáceis de atribuir, sem correrum alto risco de errar. O que não éhonesto é confundir o todo com aparte e a parte com o todo. O quenão é correcto é etiquetar todo umgrupo, todo um povo, toda uma si-tuação, a partir de experiências pon-tuais, locais ou parciais.

“Nach Köln“ ... Oxalá que depoisda Colónia da passagem de ano,venha aí a Colónia do carnaval,onde, sem máscaras nem preconcei-tos, se venha demonstrar que é pos-sível viver e conviver em mútuorespeito numa sociedade [email protected]

O rosto e as máscaras não são fáceis de distinguir

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PORTUGAL POSTNº 260 • Fevereiro 2016NOTÍCIAS4

Não gosto do novo Acordo Or-tográfico que entrou em vigor comcarácter obrigatório este ano, nempretendo escrever os meus roman-ces segundo a nova ortografia. Tal-vez esteja simplesmente demasiadovelha e não tenha vontade de subs-tituir as imagens ortográficas daspalavras que se instalaram naminha mente na meninice, quando

aprendi a ler, mas a polémica àvolta do acordo ortográfico (AO),está instalada, tendo-se tornadoum tema fracturante da sociedadeportuguesa.

Esta reforma da forma de escre-ver da língua tem sido, de facto(imaginem que escrevia, de fato,estar-me-ia a referir a alguma vesti-menta?) uma enorme fonte de de-sacordos, e apesar de assinado eensinado nas escolas, o acordo or-tográfico continua a não ser, emmuitos contextos, formalmentecumprido. Muitos romancistas, cro-nistas e jornalistas – nomeada-mente o PP – recusam-se a aderirà nova ortografia.

A vertente política deste acordotinha como objectivo consagraruma ortografia universal a todos osfalantes da língua portuguesa e re-forçar os laços da Comunidade Lu-sófona. No entanto, são muitas asvozes que se levantam afirmandoque o acordo ortográfico se apro-xima sobretudo da norma brasi-

leira, e que, consequentemente, osrestantes falantes do português, no-meadamente os da variante euro-peia, são obrigados a adoptar umaortografia que muito desfigura a re-lação entre a grafia e a oralidade.

De facto, em principio as altera-ções introduzidas num dado sis-tema gráfico devem serequacionados em função da rela-ção entre o oral e o escrito, e a lín-gua portuguesa, na varianteeuropeia, apesar de ser uma enti-dade viva e de ter sofrido, natural-mente, evoluções e alterações(basta pensar na linguagem escritade Gil Vicente do século XVI), nãoas fez no sentido do que está con-sagrado no Acordo Ortografico,perdendo-se assim, a forma comoa ortografia captava certas distin-ções fonológicas e de significado(basta novamente pensar no“facto” e no “fato” ou na acta e ata).

Os mais aguerridos militantesanti-acordo sublevam-se ainda con-tra o facto do novo Acordo deixar

cair a etimologia das palavras, a suaorigem grega ou latina, e uma sin-taxe clássica tradicionalmente cor-recta, vendo nas novas disposiçõeslinguísticas uma cedência à popu-larização gramatical brasileira, con-siderando tratar-se, assim, de umaperversão inaceitável da língua por-tuguesa.

Alegam que, por exemplo, a Co-munidade de língua inglesa praticavárias grafias e isso nunca consti-tuiu impedimento para o incre-mento dos laços culturais e para ointercâmbio literário e editorial deautores provenientes dos váriospaíses anglófonos. A política da lín-gua parece, de facto, não depen-der tanto grafia como da vontadepolítica.

Apesar de não ser uma entu-siasta do Acordo Ortográfico, reco-nheço, no entanto, que vinte ecinco anos após a sua assinatura, areversão do processo coloca ques-tões complexas. Em primeiro lugar,porque este sistema ortográfico é

aquele que está a ensinada às crian-ças desde há vários anos na escola,e, portanto, mudanças para ascrianças que estão a aprender destamaneira traria acrescidas dificulda-des ao processo de aprendizagem,Outra dimensão importante é aeconómica, tendo em conta que omercado editorial português, no-meadamente ao nível de manuaisescolares, imprime há vários anosos livros com o novo sistema grá-fico.

Os defensores do acordo orto-gráfico referem a corrente que selhe opõe como se fossem velhos doRestelo que resistem à natural evo-lução dos sistemas linguísticos.Apesar do amplo debate e acesasdiscussões que o assunto tem le-vantado, quase todos estarão deacordo que as alterações na formacomo se usa a língua escrita não sefaz por mero decreto ministerial eque durante muito tempo irão,sem dúvida, coexistir as duas gra-fias.

Sobre o acordo ortográfico

Ana Cristina Silva

Apesar de não ser uma entu-siasta do Acordo Ortográfico,reconheço, no entanto, quevinte e cinco anos após a suaassinatura, a reversão do pro-cesso coloca questões comple-xas.

Apresentado no dia 20 de Ja-neiro, no Fórum Económico Mun-dial, em Davos, um estudo tentareflectir como as nações são per-cepcionadas em todo o mundo,tendo sido consultadas 16 mil pes-soas. A Alemanha é considerada omelhor país do mundo, segundoum ranking elaborado pela revistaamericana U.S. News & World Re-port, pela consultoria BAV Consul-ting e pela Wharton School, afaculdade de economia da Univer-sidade da Pensilvânia. O Canadá eo Reino Unido ocupam a segundae a terceira posições respectiva-mente, seguidos dos Estados Uni-dos e da Suécia. São, na verdade,24 rankings, sendo que a Alema-nha lidera o ranking geral. Os ran-kings avaliam 60 nações em 24categorias e levam em conta 65atributos que podem ser associa-dos a um país, como sustentabili-dade, influência económica,qualidade de vida, respeito aos di-reitos humanos e qualidade da co-mida, entre vários outros.

Segundo uma sondagem divul-gada pelo canal de TV ZDF a maio-ria dos alemães acredita que o paísnão conseguirá lidar com o grandeafluxo de refugiados. A pesquisatambém acusa um aumento dapreocupação com a criminalidadee uma queda da confiança em rela-ção ao trabalho da chanceler fede-ral Angela Merkel na gestão da crisedos refugiados.

Pela primeira vez, a maior partedos alemães acredita que o paísnão conseguirá gerir o afluxo de re-querentes de asilo. De acordo coma sondagem, 60% são dessa opi-nião – em comparação com 46%em Dezembro último –, enquantoapenas 37% dos alemães acreditaque a crise possa ser contornada.

No entanto, uma maioria de57% não acredita que a propostada União Social Cristã (CSU) paradeterminar um limite de 200 mil re-fugiados a serem acolhidos seja so-lução para o problema.

O aumento dos receios é tido,em parte, como uma consequência

dos ataques sexuais contra cente-nas de mulheres ocorridos nanoite da passagem de ano em Co-lónia, alegadamente praticadospor homens de aparência norte-africana e árabe.

Quase um terço dos entrevista-dos admitiu que os ataques tive-ram impacto sobre a sua opiniãoquanto aos refugiados. Umagrande maioria – 70% dos entrevis-tados – teme um aumento da cri-minalidade em consequência dogrande número de refugiados quechegam. Em Outubro, 62% haviaexpressado este receio. Apenas27% não espera um aumento da

criminalidade.Enquanto isso, 73% acredita

que as leis e os procedimentospara deportação de requerentes deasilo que cometem crimes devemser reforçados e agilizados, deno-tando aprovação sobre as decisõesnesse sentido tomadas recente-mente pelo governo alemão.

Além disso, 42% acredita queos refugiados representam umaameaça para a cultura e os valoressociais alemães – em Outubro,33% tinha essa opinião –, en-quanto 52% dos entrevistados nãoconsidera os refugiados como umaameaça.

O crescimento do cepticismoem relação aos refugiados tambémse repercute na confiança dos elei-tores quanto à competência deMerkel para lidar com a crise. Anão aprovação da gestão da crisepor parte do governo caiu setepontos percentuais.

Enquanto em Dezembro 49%,dos entrevistados dizia que nãoacreditava que Merkel administra-se bem a crise de refugiados,agora, 56% têm essa opinião.

A pesquisa foi realizada com1.203 pessoas por telefone, entre12 e 14 de janeiro.PP com agências

Aumenta a preocupação dos alemães com migrantes

Alemanha é omelhor país domundo no novoranking

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 NOTÍCIAS 5

O Governo pretende moderni-zar os serviços consulares com acriação de um sistema integradode gestão consular, assim comoum conjunto de serviços online, re-velou o secretário de Estado dasComunidades, José Luís Carneiro.

“O esforço de modernizaçãodos serviços consulares, que vaipassar pela criação de um sistemaintegrado de gestão consular, vaicriar um conjunto de serviços on-line, evoluindo no sentido do e-balcão”, declarou à Lusa o novosecretário de Estado das Comuni-dades, afirmando esta ser umaaposta do novo Governo do Par-tido Socialista.

Carneiro disse ainda que com“a desmaterialização de muitosactos consulares, muitos dos emi-grantes poderão a partir das suascasas”, pensando também nasnovas gerações, ver “minorados oacesso a tais serviços em termos detempo e custo”, além da mobili-dade. Alguns dos serviços que po-derão, no futuro, ser obtidoson-line são o cartão do cidadão edo passaporte, mas somente apóshaver garantias em relação a todasas questões de segurança e fiabili-dade de dados que envolve o pro-cesso, adiantou o secretário deEstado.

José Luís Carneiro lembrouque muitos dos emigrantes tem di-ficuldades em ir até ao consuladoda sua área de residência.

Em 2011, houve uma reorgani-zação e redução no número de em-

baixadas, consulados e missões di-plomáticas portuguesas, cerca deuma dezena, mas em 2015 houveo anúncio da abertura de seisnovas embaixadas e missões diplo-máticas.

“As políticas de ajustamentoconduzidas sob a assistência finan-ceira em nosso país tiveram conse-quências muito graves nascondições de vida dos portuguesescá e nas comunidades dispersas emtodo o mundo”, disse Carneiro.

O secretário de Estado disseque constitui “objectivo político doGoverno, paulatinamente, tentar irrecuperando, na medida das possi-

bilidades orçamentais e das condi-ções económicas do país, a quali-dade dos serviços públicos e ofertade bens e serviços públicos essen-ciais aos nossos concidadãos, este-jam eles no país ou noestrangeiro”.

“Todavia, o que queria garantiré que a manutenção das permanên-cias consulares e também a avalia-ção e o aperfeiçoamento dealgumas experiências pilotos dasantenas consulares” terão continui-dade e esforços serão feitos paraserem melhorados, sublinhou.

O Governo também tem umobjectivo, não a curto prazo, de

avançar para o voto electrónico,mas depois de ver garantidas todasas questões de segurança e fiabili-dade, adiantou ainda o secretáriode Estado.

“Neste universo (dos cerca decinco milhões de emigrantes),temos mais de 300 mil (emigrantesrecenseados) para as eleições pre-sidenciais e os dados da última par-ticipação (nas legislativas de 2015)rondaram os cinco por cento”, in-dicou, sublinhado os baixos núme-ros na participação eleitoral.

“Há um esforço imediato pararemover um conjunto de peque-nos obstáculos para tentar aumen-tar a participação eleitoral dosportugueses” no estrangeiro, disse,nomeadamente realizando esfor-ços para aumentar o recensea-mento e condições para oexercício do voto.

Nesse sentido, o Governo pe-dirá a ajuda dos conselheiros doConselho das Comunidades Portu-guesas (CCP) assim como a das as-sociações e federaçõesportuguesas na diáspora.

José Luís Carneiro também re-feriu que programas de ajuda so-cial, nomeadamente o Apoio Sociala Idosos Carenciados (ASIC) e oApoio Social a Emigrantes Caren-ciados (ASEC), serão mantidos, de-monstrando também uma especialpreocupação com os jovens emi-grantes e também em relação àque-les que pretendem emigrar devidoà situação que atravessa o país.Lusa Com PORTUGAL POST

Governo promete modernizar serviços consulares e implementar serviços online

A versão portuguesa de “MeinKampf ”, de Adolf Hitler, vai teruma reimpressão de 500 exempla-res, pedida por livreiros, disse o

editor Hugo Xavier, da E-Primatur,que lançou o livro “maldito” deAdolf Hitler, no final de 2015.

“Estamos a chegar aos 1500exemplares, em menos de um mêsde mercado”, resumiu o editor, res-salvando que não se trata ainda dototal de vendas, mas de livros dis-poníveis nas livrarias portuguesas.

Para já, no total, desde o finalde 2015, estarão impressos 1500exemplares, com o panfleto mais

conhecido do nazismo.“Quando dois grandes grupos

livreiros, como a Bertrand e aFNAC, nos pedem a reimpressãodo livro, acreditamos que é umaedição que vai vender”, acrescen-tou Hugo Xavier.

“Mein Kampf ” (“A Minha Luta”),escrito por Hitler em 1925, teveuma primeira versão portuguesaem 1975, lançada pela Afrodite/Edi-ções Fernando Ribeiro de Mello.

Em 2015, a obra voltou a ser pu-blicada em língua portuguesa,agora pela E-Primatur, que reclamatratar-se da primeira versão integraldo texto.

“Mein Kampf ”, que tem prefá-cio do historiador e cientista polí-tico António Costa Pinto, retoma aversão brasileira de Jaime de Carva-lho, originalmente publicada pelaGlobo, agora, segundo a editora,“revista e cotejada com o original”.

“Mein Kampf” aumenta tiragempara os 1500 exemplares

Os sírios e os afegãos são osmaiores grupos de migrantes queentraram no país. Pedidos de asiloregistados em 2015 quintuplica-ram face a 2014 e estabeleceramum novo recorde no pós-guerra.

A Alemanha recebeu 1,1 mi-lhões de refugiados em busca deasilo em 2015, mostram dados ofi-ciais divulgados no passado 6 de Ja-neiro.

Desses, as autoridades alemãsregistaram menos de metade, ouseja cerca de 476 mil, devido a atra-sos burocráticos.

Este número de pedidos deasilo “foi o mais alto alguma vez re-gistado na Alemanha”, disse o Mi-nistro do Interior, Thomas deMaiziere.

“Este enorme fluxo de refugia-dos trouxe-nos um desafio queainda não tínhamos visto no pós-guerra”, acrescentou.

Do total de requerentes, quequintuplicou face a 2014, os sírios,em fuga devido à guerra civil noseu país, representam quase 40%dos refugiados que chegaram à Ale-manha. Os afegãos constituem osegundo grupo mais numeroso:154.046.

O governo de Angela Merkel jáindicou, no entanto, que este anopretende reduzir o número de mi-grantes que entram no país.

Alemanha recebeu1,1 milhões de pedidos de asilo em2015

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016OPINIÃO6

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Malas FeitasMiguel Syzmanski

A solução 3+3+3

sempre fácil apontardefeitos. Mais difícil éapresentar soluções.A União Europeia, talcomo a conhecemos,está por um fio. As

forças centrífugas de países perifé-ricos a leste, a oeste e a Sul e a ri-gidez dos países nórdicos, a perdade autoridade e a deterioração dogrande poder do centro (Berlim)ameaçam destruir a Europa comoa conhecemos. Muitos são os eco-nomistas que já se preparam parao cenário pós-Euro, por considera-rem que a actual geringonça estácondenada a desmembrar-se.

Soluções precisam-se. Ao lon-gos das últimas semanas tenhocontactado com colegas e amigosnas redes sociais para começar a“fazer acontecer” coisas. Esta refle-xão amadurecida na comunicaçãoem rede resulta da minha experiên-cia. Depois de dois anos na Alema-nha voltei para Portugal por causado mar e das praias (a família émuito importante, mas tenho-a nu-merosa em ambos os países). Infe-lizmente, tudo o resto em Portugalcontinua a ser uma miséria: a bu-rocracia, a sujidade nas ruas, aclasse política, a imprensa, o caosurbanístico, a pobreza e a desorga-nização crónicas. Mas o mais cho-cante é a forma como o mérito daspessoas é ignorado e o seu poten-cial desperdiçado. As pessoas, po-líticos e cidadãos, em Portugalcontinuam a falar muito, a planearpouco e a fazer quase nada.

Claro que na Alemanha tam-bém há burocracia, inércia e obstá-culos, mas onde na Alemanha seperde uma hora, em Portugalperde-se um dia ou uma semana.Onde na Alemanha se vê um mise-rável em português vê-se logo doisou três. E nas quatro cidades ale-mãs onde vivi, o caos e a degrada-ção ocupavam uma rua ou umbairro e cabiam numa mala de

porão. Em Portugal chegam paracarregar navios e exportar para omundo inteiro. Quanto ao méritoe à competência na Alemanha sãodistinguidos tão depressa que atéchateia. Talvez porque na Alema-nha as pessoas entendem que alongo prazo o bom trabalho dosoutros rende mais do que a nossamaldade e inveja.

Por isso Portugal precisa depensar como sair da crise em queestá. Com a sua invejável capaci-dade de tirar projectos do papel ede os pôr em prática e em palcos,Fernando Alvim organizou no pas-sado mês de Janeiro a terceira ma-ratona de ideias para Portugal,“Portugal 2036”, no Pavilhão do Co-nhecimento em Lisboa. O objec-tivo: reunir ideias para tirar o paísda crise profunda em que se encon-tra e tornar Portugal um país me-lhor.

À semelhança das edições ante-riores, também lá fui apresentaruma proposta para os próximos 20anos. É uma proposta ousada. Masa situação da Europa é desastrosa,o projecto UE e a moeda únicaameaçam ruir e nenhuma soluçãode transferir fundos do centro enorte para o sul, nenhuma “Trans-ferunion” tem apoio político.Numa situação destas é necessáriopensar de forma criativa.

Foi assim que cheguei à fór-

mula 3+3+3. Uma fórmula sim-ples para começar a operação desalvamento da Europa. Chegou aaltura para um verdadeiro pacotede ajuda para os países do sul, aocontrário dos “Rettungspakete”, onome em si uma embalagem enga-nosa, que nos últimos cinco anossó serviram para pagar as facturasde bancos e banqueiros crimino-sos, os BPP, BPN, BES, BANIF etc.

A fórmula 3+3+3 traduz-sepor deslocar 3% dos postos de tra-balho da Alemanha três meses porano para os três países em criseaguda (Espanha, Grécia, Portugal).Na prática, estes empregados dosector privado ou público na Ale-manha iriam para o Sul continuaro mesmo trabalho que fazem todosos dias em Berlim, Hamburgo, Düs-seldorf ou Munique, só que, sazo-nalmente, a partir do Sul. Seriamturistas que não vêm passar férias,mas trabalhar, a estes “turistas naprofissão”, podíamos chamar pró-Turistas.

Na verdade, algumas empresasinovadoras já oferecem aus seusfuncionários a oportunidade dedeslocar os seus postos de trabalhoalguns meses por ano para outropaís. Não se trata de um “time out”mas de fazer exactamente omesmo trabalho, com a mesmaprodutividade, a partir de um localmais aprazível do que uma cidade

nórdica no Inverno. Ao ritmo da emigração dos últi-

mos cinco anos, os problemas dePortugal correm o risco de desapa-recerem com a população. Paracompensar a saída de pessoas e amais baixa taxa de natalidade da Eu-ropa esta é a única solução paraPortugal: fazer entrar pessoas.

Depois de três grandes vagas deenriquecimento do país (especia-rias das Índias, metais do Brasil esubsídios de Bruxelas), Portugalprecisa de uma nova vaga e há si-nais que já a anunciam: jovens ale-mães, austríacos, franceses têmvindo nos últimos anos viver paraPortugal. O que distingue estaquarta vaga das anteriores é que,atraídas pelo país, estas pessoas en-tram em Portugal carregadas deideias e trazem voluntariamente assuas poupanças. Não se trata de au-mentar o turismo, mas de fixarnovas populações, começando porocupar os hotéis e apartamentos va-zios durante os meses de Inverno.

A fórmula 3+3+3 permite dis-tribuir a riqueza alemã e do norteda Europa (se isso não acontecer,de uma forma ou de outra, a UE vaiacabar por se desmembrar) semdoer aos bolsos dos alemães.

E deslocar 3% dos postos de tra-balho da Alemanha três meses porano para os três países do sul emcrise seria um começo. Todos osalemães que eu conheço aceitariamtrocar o seu escritório na Alemanhadurante três meses por ano por umquarto de hotel ou apartamentoem Lisboa ou no Algarve. As auto-estradas digitais para tornar issopossível já existem e ao longo daspróximas décadas 10% dos postosde trabalho na Alemanha e na Ho-landa, entre outros países, pode-riam ser deslocados para o sul daEuropa, com benefícios para todos.Sonho que Portugal será em 2036um país próspero e o escritório daEuropa à beira-mar.

É sempre fácil apontar defeitos Infelizmente, tudo oresto em Portugalcontinua a ser umamiséria: a burocra-cia, a sujidade nasruas, a classe polí-tica, a imprensa, ocaos urbanístico, apobreza e a desor-ganização crónicas.Mas o mais cho-cante é a formacomo o mérito daspessoas é ignoradoe o seu potencialdesperdiçado. Aspessoas, políticos ecidadãos, em Portu-gal continuam a falarmuito, a planearpouco e a fazerquase nada.

É

“Ao ritmo da emigração dos últimoscinco anos, os problemas de Portugalcorrem o risco de desaparecerem coma população. Para compensar a saída depessoas e a mais baixa taxa de natali-dade da Europa esta é a única soluçãopara Portugal: fazer entrar pessoas.”

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 NOTÍCIAS 7

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O Governo considera que épreciso expandir o ensino do por-tuguês no estrangeiro (EPE), no-meadamente para alunos de outrasnacionalidades além dos luso-des-cendentes, mas pretende manter aspropinas neste modelo educativo.

Em entrevista à Lusa, o secretá-rio de Estado das ComunidadesPortuguesas, José Luís Carneiro,diz que “uma das preocupaçõesque há muito constitui motivo deatenção política tem a ver com ofacto do modelo de ensino, nomea-damente o ensino da língua e cul-tura de origem, estar muitovocacionado para grupos étnico-culturais específicos e definidos”.

De acordo com o secretário deEstado, “isso leva a que haja umcondicionamento no objectivo deexpansão da língua, nomeada-mente quanto à introdução da lín-gua na estrutura curricular e naestrutura pedagógica do própriosistema de ensino dos países deacolhimento, nomeadamente emFrança”..

Para Carneiro, é preciso “garan-tir que a língua portuguesa tenhacondições para se expandir, o quesignifica abri-la a outros cidadãos,a outros estudantes provenientesde outras culturas de origem e, por-tanto, fazer ver a todos que se tratade uma das mais importantes lín-guas em termos mundiais, faladapor mais de 200 milhões de pes-soas”.

“Como tem vindo a ser afir-mado pelo senhor ministro dos Ne-gócios Estrangeiros (AugustoSantos Silva) e também pelo se-nhor primeiro-ministro (AntónioCosta), a língua constituiu o nossoprimeiro activo da política externa

portuguesa e da inserção de Portu-gal no mundo”, sublinhou o secre-tário de Estado.

O secretário de Estado referiuque o português “é de uma línguade primeira importância”, pelo queé necessário criar “condições mate-riais e logísticas” para “firmar o ca-rácter universal da línguaportuguesa e o seu carácter estra-tégico no âmbito da política ex-terna do Estado português”.

“Ao mesmo tempo, [o portu-guês torna-se] um instrumento útilpara muitos milhares de cidadãosque por todo o mundo veem eperspectivam a língua portuguesacomo um canal de diálogo com o

mundo”, avaliou Carneiro.Sobre as propinas do EPE, in-

troduzidas efectivamente em 2013pela Governo do PSD, José LuísCarneiro disse que esta questão“não constitui um compromissodeste Governo” pelo que será feitauma tentativa “minorar este senti-mento de relativa injustiça que al-gumas comunidades, que algunspais, algumas famílias vão sen-tindo” em relação à aplicação da-quelas taxas (que podem variarentre 20 e 100 euros), disse.

A cobrança de propinas é feita

Governo quer expandir ensino do português no estrangeiro, mas mantém propinas na Alemanha

somente nalguns países, como aAlemanha e parte do Luxemburgo,em cursos associativos e paralelos.

Carneiro sublinhou entretantoque “é por força dessa taxa de ins-crição que é possível certificar aqualidade do ensino, que é possí-vel proporcionar manuais escola-res gratuitos e que também épossível proporcionar actividadesculturais que, de outra forma,terão que ser suspensas porquenão haverá condições financeiraspara as continuar a apoiar”.Lusa com PORTUGAL POST

O actual Secretário de Estado das Comunidades, José Luís Car-neiro, ao dizer que manterá a aplicação da propina aos jovens alunosque frequentam os cursos de Língua e Cultura portuguesas vem afir-mar o contrário do que os candidatos do PS disseram durante a cam-panha eleitoral.

Na edição de Setembro do PORTUGAL POST, o candidato do PSCarlos Pereira escrevia no nosso jornal que um dos objectivos do par-tido seria “reforçar e valorizar o ensino do Português no estrangeiro,oferecido “em circunstâncias iguais para todos os alunos e ser enca-rado como um dever do Estado”.

Lidas estas afirmações de um candidato do PS – que não foi oúnico a afirmar que o PS eliminaria a propina – e confrontar com oque o Secretário der Estado das Comunidades declarou à agencia denotícias Lusa há qualquer que não está bem entre o que se prometeue o que se faz.

Foi por isto que pedimos ao Secretário de Estado uma explicaçãosobre esta contradição, e que aqui transcrevemos na íntegra

“O nosso compromisso fundamental resulta do que está escritono programa de governo. Este, por sua vez, incorpora os elementosconstantes do programa eleitoral e o fim da propina não integra essescompromissos. Sabemos, contudo, que há deputados que, com razõesfundamentadas, sempre se bateram pelo fim das propinas e que háum sentimento de injustiça na aplicação da mesma. E que continuarãoa defender esse objectivo. É legítimo. Há uma informação que é rele-vante e deve ser do conhecimento de todos. A utilização das receitasvindas da cobrança de propinas tem a sua aplicação na aquisição demanuais escolares, bibliotecas, acções de formação de professores,certificação das aprendizagens e actividades culturais. O valor médiopago pelos alunos em cada país, tendo em conta as reduções por con-dições especiais é de 79,58 , o que representa uma redução média demais de 20% face aos 100 previstos para a propina. É uma forma deapoiar aqueles que mais necessitam. Estamos a trabalhar para ver seé possível garantir um equilíbrio entre uma e outra perspectiva.”, disseo governante num email enviado à redacção do PPRedacçã[email protected]

PS faz o contrário doque disse na campanha eleitoral

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016COMUNIDADE8

A agremiação recreativa dosportugueses em Gelsenkirchennão resistiu aos problemas comque se defrontava, acabando poranunciar, a 6 de Janeiro, o seu en-cerramento para tristeza da comu-nidade local.

Lutando há mais de duas déca-das contra ventos e marés, o Cen-tro Português Unidos aGelsenkirchen acabou por encer-rar, terminando uma vida de 42anos daquela que foi uma das asso-ciações portuguesas mais antigas euma das mais carismáticas no Es-tado da Renânia do Norte e Veste-fália .

A comunidade portuguesa naAlemanha perde assim uma agre-miação que nos habituou a umameritória actividade com a realiza-ção de grandes eventos: lembra-mos o ano de 2006 em queassociação acolheu nas suas insta-lações milhares de adeptos da se-lecção portuguesa de futebol, semesquecer os adeptos de vários clu-bes portugueses que disputaramjogos e finais na cidade de Gelsen-kirchen.

Das actividades do centro, des-taque-se as duas equipas de futebolfederadas, um rancho de folclore,um grupo de dança, a maior disco-teca portuguesa onde semanal-mente se encontrava a juventudeportuguesa de várias cidades deste

estado; noites de fado e outroseventos lá se realizaram. Muitos ar-tistas passaram também pelo palcoda colectividade: Marco Paulo,Emanuel, Fernando Farinha, FreiHermano da Câmara, Tonicha,Maria da Fé e tantos outros grandes

O fim inglório do “Centro Português Unidos a Gelsenkirchen” ao fim de 42 anos

nomes da música ligeira portu-guesa.

Os motivos que levaram ao en-cerramento do centro são os mes-mos que contribuíram para oencerramento de muitas outras as-sociações, idênticos àqueles com

que muitas colectividades hoje seconfrontam: falta de pessoas e deassociados que deixaram de aderirao associativismo; inexistência decapacidade profissional na gestãodas colectividades num tempo emque é preciso corresponder aosnovos interesses das pessoas.

Este tem sido, aliás, um pro-blema das associações fundadasnos primeiros anos da chegada deportugueses à Alemanha.

O encerramento do Centro Por-tuguês Unidos a Gelsenkirchen éum sinal de que o movimento asso-ciativo na Alemanha vem, desde hátempos para cá, enfrentando sériasdificuldades de existência e queurge uma reflexão de todos os inte-ressados e de uma resposta das en-tidades oficiais portuguesas.

Dói assistir à morte do movi-mento associativo e nem as boas re-lações com as entidades locaisconseguem solucionar os proble-mas que vão marcando um movi-mento que acaba sem glória nemreconhecimentoAntonio Horta, Gelsenkirchen

Em 2004, o Centro português Unidos a Gelsenkirchen recebeu do Embaixador de Portugal em Berlim João Valera a Placa de Mérito das Co-munidades Portuguesas

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O embaixador de Portugal,João Mira Gomes, reuniu-se comos recém-eleitos conselheirospela Alemanha num encontrorealizado na Residência de Portu-gal em Berlim.

A reunião, que teve lugar nopassado dia 16 de Janeiro, foi oprimeiro encontro dos Conse-lheiros das Comunidades Portu-guesas eleitos na Alemanha -pelo círculo eleitoral de Düssel-dorf, Hamburgo e Berlim, Al-fredo Stoffel e Manuel Machadoe pelo círculo eleitoral de Estu-garda, José Loureiro e NelsonCampos.

Presentes no encontro estive-ram também a Ministra-Conse-lheira Mónica de Sales Lisboa, osCônsules-Gerais de Portugal,Luísa Pais Lowe (Hamburgo),José Manuel Carneiro Mendes(Düsseldorf ) e José Carlos Reis

Arsénio (Estugarda), assim comoa coordenadora do Ensino Portu-guês na Alemanha, Carla SofiaAmado, e a responsável pelo De-partamento Social da Embaixada,Anália Gonçalves Chilenge.

Apesar do contacto que fize-mos junto da embaixada, nãonos foi possível ter acesso à infor-mações sobre os assuntos discu-tidos, certamente do interessesda comunidade.

Contrariamente ao que foihabitual no passado, não houvecomunicado conjunto dos qua-tro conselheiros por algunsdeles não sentirem a sua necessi-dade.

Nas redes sociais, a embai-xada escreveu que “durante o en-contro teve lugar uma conversafranca e aberta sobre vários as-pectos relevantes para a Comuni-dade Portuguesa na Alemanha”.

Embaixador encontra-se com osconselheiros do CCP

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 COMUNIDADE 9

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O Departamento de CulturaEmbaixada, que tem como respon-sável Patrícia Severino, fez um ba-lanço da sua actividade durante oano de 2015.

É a primeira vez que um depar-tamento da Embaixada envia à re-dacção do PP uma nota em formade balanço da sua actividade.

A referida nota lembra um en-contro dos responsáveis dos doisgovernos pela pasta da cultura,aqui em Berlim, na Chancelaria Fe-deral, logo no início do ano. O en-contro teve como objectivo “adiscussão de projectos por nós pro-postos e que visam a intensificaçãodo trabalho bilateral nesta área”, re-fere a nota.

Um desses projectos – e quefoi concretizado - aconteceu emMaio de 2015 e teve a ver com a ac-tualização do Acordo de Co-produ-ção Cinematográfica - anunciada

durante a visita do Ministro Stein-meier a Portugal.

“Além dos aspectos económicosenvolvidos, salientamos aqui queeste mecanismo promove o conhe-cimento da cultura portuguesa naAlemanha, a cooperação entre osdois países e garante o princípio dadiversidade cultural pelo acessodos cidadãos a expressões culturaisdiversas. A Alemanha só tem Acor-

dos de Co-produção com as per-centagens agora definidas com paí-ses de língua alemã, com aHolanda, país vizinho e agora comPortugal”, lê-se na nota enviada.

O Departamento de Culturada Embaixada, informa tambémque manteve “presenças regularesem festivais e mercados como oFestival Internacional de Berlim ea Feira do Livro de Frankfurt e mar-cámos presença no Festival de Poe-sia, no Festival Internacional deLiteratura, no Cinema Arsenal, noTheaterformen em Hannover como Teatro Nacional D. Maria II, noInstituto de Arte Contemporâneaem Berlim e retomámos a colabo-ração com o Instituto Ibero-ameri-cano”.

No que diz respeito a outras ini-ciativas, o Departamento de Cul-tura lembras as visitas de MatildeCampilho, de Pedro Costa, de

Afonso Cruz, de Filipe Melo, deJoão Tordo, do Miguel Gomes, doAlexandre Farto (VHILS) a Berlim.

A programação cultural nas es-colas do projecto bilingue de Ber-lim em colaboração com aCoordenação de Ensino de Portu-guês no Estrangeiro, a promoçãode uma maior articulação com redede leitorados e consulados; o apoioa projectos culturais dinamizadospela comunidade portuguesa, sãooutras actividades enunciadas nobalanço.

O Departamento Cultural daembaixada refere ainda a cataloga-ção de 4200 títulos que estarão dis-poníveis para consulta e onde opedido de empréstimo poderá serfeito online através de um novo siteque será a plataforma base de umanova estratégia de comunicação eque estará disponível a partir da Pri-mavera.

Departamento de Cultura da Embaixada faz balanço

Ana Patrícia Severino, Conselheira Cultu-ral da Embaixada de Portugal em Berlim

Os membros do Conselho das Co-munidades Portuguesas, eleitospela Área Consular de Stuttgart,José Loureiro e Nelson Campos, fe-licitam o novo SECP, Dr. José LuísCarneiro, pela sua nomeação. Dentro das suas funções, o que seesperamos do novo SECP, Dr. JoséLuís Carneiro, é que:1. Respeite, fortaleça e colaborecom o CCP, dentro das suas com-petências, apoiando a ComunidadePortuguesa em três grandes objeti-vos:a. promover e dinamizar os Assun-tos Sociais, Económicos e os FluxosMigratórios;b. promover e dinamizar o Associa-tivismo, o Ensino da Língua e daCultura Portuguesas;c. Questões Consulares, Cívicas ePolíticas.2. Corrija e desenvolva a proximi-dade entre os consulados e as po-pulações, reforçando o quadro depessoal; e3. altere e simplifique o sistemaeleitoral com a inclusão do recen-seamento automático e do voto ele-trónico.

Conselheiros NelsonCampos e José Loureiro felicitam Secretário deEstado e deixam recados

José Loureiro

Nelson Campos

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016COMUNIDADE10

Desejo um País justo que saiba acolher os seus filhos, re-sidentes e não residentes, que não os trate como se per-tencessem a classes diferentes, mas na igualdade dedireitos e de obrigações.Desejo mais participação cívica e política dos portugue-ses residentes no estrangeiro, é necessário um trabalhojunto das pessoas e tentar fazer entender que participaré ajudar a decidir e não deixar na mão dos outros o meufuturo, dos nossos filhos e das futuras gerações.

Assim se exprime Artur Amorim, presidente do PSD-Alema-nha, quando convidado a descrever as razões pelas quais sedecidiu dar o seu contributo político através da adesão a umpartido político – o Partido Social Democrata (PSD). A vida deste português, filho de emigrantes, nascido emDarmstadt, é feita de um percurso que o deixa de bem con-sigo próprio. Para além da sua actividade profissional, Artur Amorim, 42anos de idade, casado e pai de uma filha, não deixa o seu des-tino nas mãos dos outros e participa civicamente na constru-ção de uma sociedade em que ele acredita ser a melhor parasi e para as pessoas

Entendo que política é servir, e não servir-se dela paraproveito próprio, acreditar que é possível fazer algumacoisa de bom para as pessoas, para a comunidade, paraum País. Cruzar os braços e deixar andar esperando queos outros é que têm obrigações de fazer é a pior maneirade nos alhearmos da responsabilidade em construir umasociedade mais justa e participativa.

A sua militância politica dá-lhe acesso a contactos ao mais altonível. Sendo o único português emigrante na Alemanha per-tencente a um alto órgão de um partido, Artur Amorim apro-veita o seu cargo no Conselho Nacional do PSD para fazerlóbi pela comunidade lusa na Alemanha. O que é meritório.Os emigrantes precisam de fazer lóbi pelos seus interessesem todos os centros de decisão, como são os partidos, aquem cabe a construção do poder político executivo.

No Conselho Nacional do PSD, tenho uma grande relaçãode amizade quer com o Secretário-Geral quer com o Pre-sidente do Partido, assim como com muitos membros derelevo do Partido. Somos um Partido que tem uma liber-dade de ligação entre todos os membros. É por isso quesomos o único Partido que tem um representante da Ale-manha com assento directo na Comissão Política Nacio-nal.

Mas a vida é também trabalho, desempenho profissional eentrega total a uma actividade quando se gosta. Artur Amorimgosta do que faz. É consultor /promotor externo de uma ins-tituição bancária alemã.

Neste momento exerço o cargo de Director Financeiro naBausparkasse Mainz AG (BKM), sendo responsável poruma área de jurisdição bastante grande que abrangetrês Estados federados: Baden Württemberg, RheinlandPfalz e Saarland. A BKM é um Banco que trabalha comprodutos Financeiros.

Esta actividade proporciona-lhe uma intenso contacto hu-mano; serve-lhe para contactos de grande proximidade coma comunidade portuguesa onde, para além dos serviços pro-

fissionais que presta, semeia relações que lhe trazem amiza-des e um profundo conhecimento da comunidade.

Gosto muito do que faço, pois é assim que me sinto reali-zado e me proporciona também muitos contactos com osPortugueses e com outras pessoas de outras nacionali-dades. É essa uma das minhas maneiras de estar na vidaem comunidade.

Da sua actividade social, Artur Amorim arranja forma de con-tribuir para a coesão da comunidade lusa através da sua par-ticipação em actividades sócio culturais. É sócio e membro fundador do Centro Português de Fell-bach. Esta actividade de membro de uma colectividade com-pleta a sua actividade político-partidária e concede-lhe umconhecimento das preocupações e interesses dos portugue-ses idêntico à de todos que colaboram em prol do colectivono movimento associativo.Artur Amorim tem um trajecto de vida semelhante à de tantosoutros emigrantes. É uma pessoa simples, mas que acreditaque participar na vida colectiva; intervir nos assuntos que a

todos dizem respeito confere-lhe a autoridade de um indivi-duo responsável devido à sua intervenção na sociedade.

Quando andava na escola tive sempre a intuição de um diafazer algo em que estivesse ligado à sociedade através daintervenção cívica.

E fala um pouco de si, das suas raízes...Sou natural de Darmstadt, e foi nessa cidade que nascia 17 de Março de 1970. O meu pai chegou à Alemanhaem 1964 e minha mãe no ano seguinte, em 1965, tambémpara a bela cidade de Darmstadt.Fiz escola em Portugal onde concluí o liceu e, com 18anos, voltei a emigrar para os Pirenéus, neste caso An-dorra, onde estive até regressar a Portugal para fazer o

Serviço Militar. Antes de iniciar o meu trabalho na Bausparkasse MainzAG, fui trabalhador assalariado na Mahle, empresa me-talúrgica que produz pistões para o ramo automóvel.

Presidente do PSD-Alemanha desde 2008, Artur Amorim faladas razões que o levou a entregar-se à causa do PSD.

Comecei muito cedo a participar na política, desde muitojovem já participava nas campanhas políticas derivado aorespeito pelo próximo e pelos direitos das pessoas. Tinhauma ideia da ideologia política que queria abraçar. Na Alemanha, havia a necessidade de reestruturar o PSD.Era urgente dar-lhe um novo impulso e levá-lo ao lugarque em tempos já tinha ocupado. Fui contactado pelosdeputados do PSD, Dr. Carlos Gonçalves e Dr. José Cesário,e, através de um processo eleitoral no interior do partido,demos início à sua recuperação.

A Alemanha é para Artur Amorim o país em que gosta deviver, de trabalhar e ao qual ficará para sempre ligado.

Na Alemanha, o que mais me admira é a forma de viver,a ordem, a responsabilidade, o rigor na pontualidade eo respeito pelos outros.

Mas não esquece Portugal onde vai frequentementeNormalmente vou por regra duas vezes por ano a Portu-gal de férias, mas derivado à minha vida profissional eà minha actividade política, vou com mais frequência.Portugal um país muito acolhedor e tenho um gosto es-pecial pela capital. Lisboa, é sem dúvida uma das cida-des mais bonitas do mundo. A nossa cultura é muito rica e muito respeitada nomundo inteiro, não esquecendo a nossa gastronomia quemuito aprecio o que faz de mim um bom garfo.

Artur Amorim, Presidente do PSD Alemanha

Um homem que se dedica às causas cívicas

ArturAmorim

PR

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 COMUNIDADE 11

Marcelo Rebelo de Sousa 40,88% (306 votos 20,92% (41 votos) 39,31% (68 votos) 54,70% (128 votos) 42,59% (69 votos)

Sampaio da Nóvoa 25,75% (197 votos) 29,08% (57 votos) 23,12% (40 votos) 23,93% (56 votos) 27,16% (44 votos)

Marisa Matias 14,38% (110 votos) 32,65% (64 votos) 10,98% (19 votos) 6,41% (15 votos) 7,41% (12 votos)

Edgar Silva 7,32% (56 votos) 4,08 % (8 votos) 13,29% (23 votos) 5,98% (14 votos) 6,79% (11 votos)

Maria de Belém 4,97 % (38 votos) 2,55 % (5 votos) 8,67% (15 votos) 3,85% (9 votos) 5,56% (9 votos)

Paulo de Morais 3,53% (27 votos) 3,57% (7 votos) 1,16% (2 votos) 1,71% (4 votos) 8,64% (14 votos)

Henrique Neto 1,83% (14 votos) 3,06% (6 votos 1,73%3 (votos) 1,28% (3 votos) 1,23% (2 votos)

Vitorino Silva 1,31% (10 votos) 3,57% (7 votos) 0,00% (0 votos) 1,28% (3 votos) 0,00% (0 votos)

Jorge Sequeira 0,52% (4 votos 0,00% (0 votos) 0,58% (1 votos) 0,85% (2 votos) 0,62% (1 voto)s

Cândido Ferreira 0,39% (3 votos) 0,51% (1 voto) 1,16% (2 votos) 0,00% (0 votos) 0,00% (0 votos)

Em branco 078% (6 votos) 0,00% 0,57% (1 votos) 1,27% (3 votos) 1,22% (2 votos)

Nulos 0,13% (1 voto) 0,00% 0,57% (1 votos) 0,00% (0 votos( 1,22% (2 votos)

Votantes 4,49% (772 votantes) 40,16% (196 votantes) 3,76% (175 votantes) 5,25% (237 votantes) 2,17% (164 votantes)

Inscritos 17.208 488 4657 4510 7553

Fonte: Ministério da Administração Interna

CANDIDATOS TOTAL ALEMANHA BERLIM DÜSSELDORF ESTUGARDA HAMBURGO

Resultados eleitorais na Alemanha

A participação eleitoral da comu-nidade na Alemanha nas eleiçõespresidenciais não difere muito da-quilo que aconteceu na emigraçãoem geral, ou seja, registou-se uma es-trondosa abstenção.

Dos 15.573 de cidadãos inscritosnos cadernos eleitorais pela Alema-nha apenas 772 (4,39%) se desloca-ram aos consulados da área onderesidem para participar na escolhado Presidente da República.

A fraca participação dos eleitoresemigrantes sempre que há eleiçõestem sido motivo de comentários einterrogações sobre o que leva oseleitores não aderir aos actos eleito-rais. O comportamento dos eleitoresemigrados na Alemanha tambémnão escapa a esta polémica e tam-bém aqui se procura descobrir emtudo e em todos as causas que levamao completo desinteresse por parteda comunidade em relação às elei-ções.

Porque é que mais de 95 % dosinscritos se alhearam da eleição domais alto magistrado na Nação?

Esta pergunta pode ter muitasrespostas, mas, encontre-se as res-postas que se encontrarem, a ver-dade é que há um enorme divórcioentre os portugueses emigrados na

Alemanha e os processos eleitorais.Alfredo Stoffel, recém-eleito para

o Conselho das Comunidades Portu-guesas (CCP), encontra como umadas causas para a abstenção “a distân-cia entre as assembleias de voto e ocidadão. Muitas pessoas vivem longedos consulados e as deslocaçõesestão sempre ligadas a elevados cus-tos”. Esta explicação pode fazer sen-tido. Há eleitores que têm de fazercentenas de quilómetros para exer-cer o seu direito de voto. Por maisque se queira participar e cumprir odever cívico, a verdade é que a dis-tância não deixa de ser um entrave.

A falta de informação e o factode existirem apenas quatro assem-bleias de voto em toda a Alemanha(Berlim, Hamburgo, Düsseldorf, Es-tugarda e um desdobramento em Of-fenbach) contribui, nas palavras deA. Stoffel, para o alheamento doseleitores. É por isto que o conse-lheiro vê com bons olhos a imple-mentação do voto electrónico.

Também o conselheiro do CCP,José Loureiro reflecte sobre os nú-meros de abstenção e propõe “umdesdobramento das mesas de votocomo uma das soluções. Em decla-rações ao PP, José Loureiro respon-

sabiliza “as entidades governamen-tais e diplomáticas” pela elevada abs-tenção.

“Como Conselheiro das Comuni-dades Portuguesas, eleito pela áreaConsular de Estugarda, estou dispo-nível para colaborar junto com osmeus colegas conselheiros e as enti-dades diplomáticas e governamen-tais na resolução dos problemas queafectam a comunidade”, diz JoséLoureiro ao PP.

Para a jornalista, e assumida de-fensora de Marcelo Rebelo de Sousa,Helena Ferro de Gouveia, a absten-ção pode na sua opinião explicar-se

por três factores. “Em primeiro lugara obrigatoriedade do voto presencial,que obriga a que muitos eleitores te-nham de se deslocar a centenas dequilómetros até ao consulado maispróximo. O segundo factor é o desin-teresse da política portuguesa face àcomunidade emigrante. Os emigran-tes continuam a ser uma espécie de“idiotas úteis”, isto é, apenas são im-portantes pelo peso que as remessasainda têm na economia. O terceirofactor é, na minha perspectiva, o de-sencanto. Portugal viveu um longo econturbado período eleitoral e mui-tos eleitores não têm, e com algumarazão, a menor confiança nos políti-cos. Não acreditam que seu votopossa a fazer a diferença”.

Mas será que o voto electrónicoe o alargamento de mais assembleiasde voto poderiam alterar os númerosde abstenção?

Nas eleições legislativas, em quea participação eleitoral é por corres-pondência, ou seja, com o envio devoto por carta, a abstenção na Alema-nha situou-se no 83,93 %, e aqui nãohavia desculpa da distância. A distân-cia aqui é outra: entre eleitos e elei-tores e também talvez a inexistênciade campanhas dos partidos juntodos eleitores.

No que diz aos vencedores e ven-cidos na Alemanha, há a retirar a se-guinte conclusão: se os eleitores emPortugal tivessem o mesmo compor-tamento que os da Alemanha, Mar-celo Rebelo de Sousa teria dedisputar uma segunda volta. Nestepaís, o presidente eleito arrecadouuns parcos 40% do votos, vencendoem três das quatro assembleias devotos com margens bastante abaixodo 50 %. Apenas em Estugarda, umaespécie de cavaquistão da comuni-dade, Marcelo supera os 50%, dei-xando muito para trás os seus maisdirectos concorrentes.

A surpresa veio de Berlim com oProfessor Marcelo a ficar-se pelo ter-ceiro lugar com uns magros 20%,atrás de Marisa Matias e de Sampaioda Nóvoa. Marisa Matias ganha emBerlim com uns surpreendentes 32%

No total da Alemanha, Sampaioda Nóvoa alcança o segundo lugar aoconseguir um pouco mais de 25 %.Marisa Matias foi a terceira candidatapreferida pelos eleitores portuguesesneste país.

Uma outra conclusão: os eleito-res na Alemanha continuam a votarà esquerda. S. Nóvoa, M. Matias, M.Belém e Edgar Silva perfazem 52,5%contra 40% dos votos obtidos pelocandidato da direita. MS

Como explicar que apenas 4,37% dos portugueses inscritos como eleitores na Alemanha tenham votado nestaseleições? Porque é que mais de 95% dos inscritos (e falo dos inscritos – nem sequer falo do total de eleitores) nãofoi votar? Morreram, estão muito doentes, mudaram de região e não se registaram? Sentem-se alheios à Democraciado seu país? Já se esqueceram todos da alegria e da esperança das primeiras eleições, da sensação de que o futurodo país estava nas nossas mãos? O que correu mal para justificar este desinteresse? A Democracia portuguesaprecisa de todos. Para além de votar, cada um de nós pode participar numa associação de interesse público ounuma ONG, ou entrar para um partido, etc. Como emigrantes, podemos organizar debates para procurar soluçõespara os nossos problemas concretos. O que não podemos é desistir e cruzar os braços. Isso é contribuir activamentepara um esvaziamento crescente do nosso sistema democrático, deixando como herança aos nossos filhos umaDemocracia mais frágil no nosso país. Além disso, ao ficar indiferentes às eleições portuguesas, fazemo-nos co-res-ponsáveis pelo esquecimento crescente a que os emigrantes são votados. Se nem sequer nos damos ao trabalhode votar, como queremos que nos levem a sério?

Helena Araújo, Berlim

Eleições Presidenciais

Marcelo ganha e abstenção impera

COMENTÁRIO

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016ENTREVISTA12

Cristina Torrão, escritora

Não é todos os dias que somosconfrontados com a existênciade escritoras/es entre a comuni-dade de portugueses na Alema-nha. Que destino a trouxe aquie qual é a sua relação com a co-munidade lusa na Alemanha?A razão por que aqui estou é

pura e simplesmente ter casadocom um alemão. Vim em Setembrode 1992, com vinte e sete anos, porser financeiramente mais favorável,ou seja, podermos viver com ape-nas um ordenado, neste caso, o domeu marido. Por acaso, conseguilogo começar a dar aulas de Portu-guês em escolas de línguas deHamburgo, mas não era um traba-lho muito bem pago, nem erammuitas horas. Como suplementosalarial, no entanto, era aceitável.Mais tarde, surgiu-me a oportuni-dade de dar aulas aos filhos dosportugueses residentes em Ham-burgo, com um contrato temporá-rio, o qual aliás não fiz grandequestão de prolongar quando memudei para Stade, uma pequena ci-dade na margem esquerda do rioElba, a cerca de 60 Km de Ham-burgo. Enquanto dei aulas às crian-ças portuguesas, tive algumcontacto com a comunidade lusalocal, situação que se modificounessa mudança. O meu único con-tacto com portugueses, neste mo-mento, é através da internet.

Para além da sua actividade deescritora, exerce alguma outraactividade?Não. Foi precisamente em

Stade que comecei a escrever e,como se sabe, esta é uma activi-dade bastante solitária. Mas talvez

só aparentemente, pois, na ver-dade, um escritor nunca se sentesozinho. Deparei, há pouco tempo,com uma citação de José Rentes deCarvalho (por acaso, também umescritor português radicado no es-trangeiro), que exprime bem esta“solidão não solitária”: «Que isto émeio caminho andado para soli-dão, sei-o de há muito. Mas tantoquanto dela tenho experiência,também aprendi que os males dasolidão são relativos, pois com li-vros e fantasia é que se criam mun-dos à medida do nosso sonho» (doseu livro Pó, Cinza e Recorda-ções). De qualquer maneira, nãonos iludamos: esta actividadeafasta-nos de facto de relações so-ciais, pois, quando se é escritor, é-se até ao tutano, ou seja,tornamo-nos bastante obsessivos.Chegamos mesmo a criar senti-mento de culpa, quando prescindi-mos do tempo que podíamospassar a escrever, optando por ou-tras actividades, o que inclui oscontactos sociais. Esta é uma dasrazões por não ter relações com acomunidade lusa; a outra é por sercasada com um alemão, o que fazcom que cerca de metade daminha família seja alemã. Alémdisso, também os amigos e vizi-nhos são alemães.

Como se dá na Alemanha? Ounão sofre do sentimento queafecta todos os portugueses, asaudade?Claro que também sofro de

saudade e é em Portugal que mesinto verdadeiramente em casa.Mas penso não ser tão saudosistacomo a maior parte dos meus com-patriotas. Logo no início, gostei decertas diferenças, aprecio o rigoralemão em certos aspectos, quenos facilita a vida. Por exemplo: émuito agradável saber que o auto-carro chega a horas, quando esta-mos na paragem, ou que, apesarde também haver muita burocraciana Alemanha, ter a certeza de queas coisas andam, quando reunimos

todos os papéis necessários. EmPortugal, há sempre qualquer coisaque os funcionários esquecem.Quando pensamos que já reuni-mos tudo, chega-se à repartição pú-blica e falta sempre algo…Também aprecio muito a fran-queza alemã, mesmo que, porvezes, nos soe brusca. Mas não souuma portuguesa típica, não apre-cio salamaleques e “rodriguinhos”,aquela coisa de andar à volta dostemas e não ir ao fundo da questão.E também me adaptei muito bemà alimentação alemã, reservando odegustar de iguarias portuguesaspara quando estou em Portugal.Falei há uns anos com um inglês,também casado com uma portu-guesa, que ficou abismado,

quando lhe disse que não levavabacalhau na bagagem, depois deuma estadia em Portugal. Segundoele, eu era a primeira pessoa por-tuguesa com quem ele falava quenão o fazia!

Como faz para ultrapassar assaudades do país, da terra natal,dos amigos e família; do sol, domar...Como já disse, adaptei-me

muito bem. Mas já que fala em mar,aproveito para dizer que, mais doque a família, os amigos ou o sol,no início, tinha a sensação de queo que mais me custava era viversem mar! Nasci em Castelo dePaiva, mas vivi sempre perto dapraia, fui para Vila Nova de Gaia em1969, com apenas quatro anos. E,apesar de Stade não ficar longe doMar do Norte, não é a mesma coisa.Não se pode comparar o Mar doNorte ao Atlântico!

Passemos à sua actividade de es-critora. Tanto quanto pude en-tender a Cristina escreve aquiloque se designa de “romance his-tórico” sempre com pano defundo aspectos e personagensda história de Portugal. Comodescobriu o gosto pela escrita epela ficção à volta da nossa his-tória?Pensando bem, talvez seja tam-

bém uma estratégia para lidar comas saudades do meu país. Sempretive um certo fascínio pela IdadeMédia. No fundo, a época medievalé a base da nossa civilização euro-peia. Por outro lado, sempre tive asensação que um qualquer local re-côndito do meu cérebro puxavapara a escrita. Por motivos que nãosei bem explicar, custou-me a daro primeiro passo, a atrever-me apassar à acção. Quando vim para aAlemanha, comecei a ler romanceshistóricos em língua inglesa, a fimde permanecer em contacto comeste idioma. Deparei com uma es-critora que me encantou, SharonKay Penman, e, de repente, soube

o que devia fazer: escrever ficção,tendo por base a nossa História. Edei-me conta de quão pouco sabiasobre o assunto! Quando penseiem escrever sobre Afonso Henri-ques, constatei que não sabia pra-ticamente nada sobre ele. Foi oponto de partida para iniciar umaactividade que me preenche e queme mantém em contacto com onosso país, com as suas raízes.

Iniciou aqui a sua actividade es-critora e como aconteceu?Comecei a escrever por volta

do ano 2000, ou melhor, comeceia pesquisar sobre a vida de D.Afonso Henriques por essa altura.Foi muito difícil reunir informa-ções, ainda sem internet e sem pos-sibilidades de frequentar asbibliotecas portuguesas regular-mente, mas também foi assim quedescobri que estava profunda-mente apaixonada por esta activi-dade.

Quantos livros (e quais) escre-veu?O meu primeiro livro, A

Moura e o Cruzado, foi publicadoem Dezembro de 2007, depois deter ganho um concurso literário. Éum livro sobre a conquista de Lis-boa, a ideia surgiu-me quando an-dava ainda às voltas com AfonsoHenriques. Em 2008, encontrei fi-nalmente uma editora para o ro-mance, que já tinha pronto, sobreo nosso primeiro rei: Afonso Hen-riques - o Homem. Essa mesmaeditora, a Ésquilo, propôs-me es-crever sobre D. Dinis e assim nas-ceu D. Dinis - a quem chamaram

Cristina Torrão é uma escritora portuguesa que se debruça sobre a história de Portugal e os seus protagonistas e faz deles romances. Foi uma surpresaquando soubemos que ela vivia na Alemanha já há bastante tempo e, ao tomarmos conhecimento, quisemos falar com ela, questioná-la sobre a sua vida e asua actividade. Cristina Torrão nasceu a 16 de Julho de 1965, em Castelo de Paiva. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Ingleses e Ale-mães) pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

“Quando pensei em escrever sobre Afonso Henriquesnão sabia praticamente nada sobre ele”

Claro que também sofrode saudade e é em Por-tugal que me sinto verda-deiramente em casa. Maspenso não ser tão sau-dosista como a maiorparte dos meus compa-triotas. Logo no início,gostei de certas diferen-ças, aprecio o rigor ale-mão em certos aspectos,que nos facilita a vida.Por exemplo: é muitoagradável saber que oautocarro chega a horas,quando estamos na para-gem, ou que, apesar detambém haver muita bu-rocracia na Alemanha, tera certeza de que as coi-sas andam, quando reu-nimos todos os papéisnecessários.

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 ENTREVISTA 13

o Lavrador, editado em 2010. Poracaso, estou a preparar uma reedi-ção em ebook, depois de ter re-visto todo o texto. A Ésquilopropôs ainda em 2009 uma reedi-ção de A Moura e o Cruzado, masexigindo modificar o título para ACruz de Esmeraldas. Na alturaaceitei, embora contrariada, erapouco experiente. Hoje não ofaria! Em 2014, publiquei, na Poé-tica Edições, Os Segredos de Ja-cinta, o percurso de uma jovemno século XII português, entre1138 e 1147, ou seja, no períodoentre a Batalha de Ourique e a con-quista de Lisboa, a época em quePortugal começou a existir comoreino. É um romance sobre os pri-meiros portugueses da história.

No processo de escrita dos li-vros que escreveu ligados à his-tória de Portugal quedescobertas fez e que poderiapartilhar com os nossos leito-res?No que respeita à nossa histó-

ria, e por mais incrível que pareçae por mais difícil que nos seja acei-tar, ainda vivemos influenciadospelos mitos e lendas criados du-rante o Estado Novo! Persiste aideia de que D. Afonso Henriques,ao criar Portugal, acreditava estara cumprir uma missão (quase) di-

vina; acreditamos na lenda de EgasMoniz, que terá ido à corte do reide Leão de corda ao pescoço;pensa-se que a nossa independên-cia ficou estabelecida no Tratadode Zamora; julga-se que D. Dinisfundou a Universidade em Coim-bra, quando foi em Lisboa, e quemandou plantar o pinhal de Leiria,a fim de arranjar ma-deira para as nausdos Descobrimen-tos… Tudo isso sãomitos, ou ideias erra-das, que seria bomcorrigir. Além disso,ocupar-se de histó-ria ajuda-nos a co-n h e c e r m o - n o smelhor, tanto comopovo, como sereshumanos. Aproveitopara citar as duas fra-ses, de minha autoria, que servemde mote ao meu blogue AndançasMedievais: «em todos os momen-tos da História, seja na Antiguidade,na Idade Média, ou no nossotempo, são as mesmas paixões e osmesmos desígnios que inspiram oshumanos. Entender a História é en-tender melhor a natureza humana».

De todas as personagens da his-tória de Portugal quem é quedestacaria e que deva ser motivo

de interesse para aqueles queainda desconhecem os factos eas personagens da nossa histó-ria?Bem, se tenho de escolher só

uma, opto por D. Afonso Henri-ques. Além de ser o fundador danação, é também talvez a persona-gem à volta da qual se criaram mais

mitos, os quais, na minha opinião,devem ser esclarecidos (tantoquanto possível).

Acha que a história é bem ensi-nada aos jovens alunos que fre-quentam os cursos dePortuguês no estrangeiro?Não tenho grande experiência,

dei aulas apenas aos alunos da pri-mária e há cerca de quinze anosque não tenho qualquer contactocom o ensino de Português na Ale-

manha. De qualquer maneira,pelos motivos apontados anterior-mente, penso que o ensino da his-tória devia ser revisto ereformulado, também em Portugal.

Já foi convidada pelas escolasonde se ensina Português parafalar sobre os seus livros?

Não, nunca. Comodisse, não tenho con-tactos. Além disso, aminha editora actualnão tem grande podernesse sentido. A ante-rior, por seu lado, nãoprimava por um traba-lho de cooperação eapoio aos seus escrito-res. Pelo menos, assimo experimentei.

Diga-nos um título deum seu livro cuja leitura acon-selharia aos nossos leitores.Os Segredos de Jacinta, por ser

o último. Como sabe, um escritorvai evoluindo e penso que, em cer-tos aspectos, este está mais bemconseguido, embora seja bastantejuvenil. Um outro seria D. Dinis - aquem chamaram o Lavrador, que,como disse, foi revisto e será embreve reeditado sob a forma deebook. Penso que o formato empapel já não está disponível.

Que livros está a escrever nestemomento?

Ando ocupada com a pesquisasobre D. Teresa, a mãe de D.Afonso Henriques, mais uma per-sonagem à volta da qual se criarammuitos mitos e cuja imagem estábastante danificada, por se teroposto ao filho. No entanto, D. Te-resa parece ter sido de facto a pri-meira rainha de Portugal, além deter sido uma mulher que se impôsnum mundo de homens, numa al-tura em que isso estava pratica-mente fora de questão. Tambémtenho uns escritos que nada têmde medieval, são baseados na Re-volução dos Cravos. A certa altura,atingiu-me o pensamento: se es-crevo sobre um período tão lon-gínquo da nossa história, porquenão escrever sobre a história queeu própria vivi? Tinha oito anos,quando se deu o 25 de Abril, epensei que seria interessante escre-ver sobre a Revolução, usando aperspectiva de uma criança. Masainda não sei bem como realizaresse projecto.

Muito obrigado.Eu é que agradeço esta oportu-

nidade que o Portugal Post medeu.

Mário dos Santos

No que respeita à nossa história, epor mais incrível que pareça e pormais difícil que nos seja aceitar,ainda vivemos influenciados pelosmitos e lendas criados durante oEstado Novo!

Cristina Torrão. Foto: particular

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016COMUNIDADE14

ste ano, o Carnaval co-meça mais cedo em Coló-nia. Desta vez, o mote é,segundo o Turismo da Ci-

dade, Pomos tudo de pernas parao ar (uma tradução livre do colo-rido dialecto local Mer stelle allesop der Kopp). As festividades co-meçaram, como é habitual, no dia11 de Novembro às 11H11 minu-tos, com pompa e honra munici-pal, marcando o início da época dedisfarce e fantasia na cidade.

No dia 4 de Fevereiro, será afesta das mulheres ou Weiberfas-tnacht. Iremos ver bandos de mu-lheres disfarçadas de todas asmaneiras e feitios, de tesoura emriste cortando gravatas masculinase coleccionando cotos de gravatas,abandonando-as por entre muros,em cima de secretárias, nas mesasdos escritórios e das cantinas e doskneipen, onde houver espaço, aspequenas gravatas mutiladas porali se ficarão, tristes, despojadasdos respectivos corpos, que essesficarão pendurados nos pescoçosdos homens que se aventuraram asair à rua de fato e gravata. As ruasfervilharão de gente de perucaruiva, preta ou loira, ou mesmosem qualquer peruca, vestida depalhaço rico, pobre ou remediado,de piratas, de dançarina de caba-ret, de cowboy e cowgirl, de Es-trumpfe azul, de Branca de Nevecom e sem anões, de mordomo,de actriz e actor famoso, dehomem-urso, coelho ou tigre à

Calvin & Hobbes, de hippies, dedama da corte, de cortesã, porvezes de objecto, desde carros aaviões, avionetas, comboios, bar-cos, camiões de lixo, possivelmenteiremos também ver candeeiros demetro e noventa, abajours cor-de-rosa velho, bordeau ou verde cami-nhando como se fora gente emdireccção ao tram. No U-Bahn, oespectáculo será o mesmo. Emtodas as ruas principais da cidadeiremos ver, elas e eles, todos cami-nhando em direcção ao trabalho,mas em vez de roupa civil, vão ves-tidos de Carnaval. O mesmo povo

sisudo e compenetrado do dia-a-dia continua sisudo dentro do eléc-trico, sem grandes falas ou gestos,

mas disfarçado, dos pés à cabeça.É uma sensação surreal, de incon-gruência intensa, tudo calado, pa-rece mesmo um dia como outro.Chegas ao escritório e deparas-tecom cenário idêntico. Enquantovais pelos corredores dizendo bomdia, os teus colegas estarão senta-dos ao computador, escrevi-nhando, de chapéus malucos nacabeça, envergando malmequeresgigantescos a saltarem das lapelas,ou vestidos de chulos, de proxene-tas, de DJs das Caraíbas, de Fran-kesteins, dráculas, BelasAdormecidas e Cinderelas também

abundam, uns quantos optam pelopijama às riscas e outros tantos deprisioneiros, tu vais andando, pelo

corredor fora e não há gabineteque não tenha cor e absurdo sen-tado à secretária. A imaginação e onegócio à volta do Carnaval nãotêm limites e alguns diriam mesmonão têm estética, mas claro quegostos não se discutem, muitomenos no que toca ao Carnaval emColónia.

Por volta do meio da manhã, asbebidas circulam livremente, agrande novidade é que não podesandar de garrafas de vidro nas ruas,tem de ser tudo em copo de plásti-cos. Não entendo como é feito ocontrolo, se os supermercados fac-turam tanto nesta época. Colónia écidade amiga da cerveja, quem nãogosta de Kölsch não bate bem dabola e deveria ir viver para Dussel-dorf ou então para Mainz, a rivali-dade entre Carnavais é comovente.No Carnaval, podes beijocar e apal-par quem quiseres que não há pro-blema, o que acontece no Carnaval,fica no Carnaval, até porque a ener-gia colectiva, de euforia ansiosa eembriagada, tem muita força epoder, durante uma semana tens acidade feita em pantanas, rios erios de álcool jorrando pelas gar-gantas de toda a gente, bem cedi-nho para ganhar balanço,entrecortado por cortejos imensosque te impedem de circular livre-mente pelas ruas, a loucura é total,se caíres por entre a multidão, queDeus te ajude, desconheço núme-ros, estatísticas de facturação ou demutilação, o Carnaval é fenómeno

pagão, regista a chegada da Prima-vera, é uma alegoria da condiçãohumana, um festim de criatividadee de soltura, uma licença de portede selvajaria durante uma semanainteira, com beneplácito e fomentoactivo de todas as autoridades e for-ças da sociedade civil.

E a semana vai correndo comopode, por entre os tropeções e res-sacas, passando pelos desfiles bair-ristas no Domingo até ao clímax doGrande Cortejo na Rosenmontag.Na terça-feira, a cidade estará irre-conhecível de despojos, lixo va-riado, vidro partido, genteressacada e cambaleante por todoo lado, até que o fenómeno acalmae chega ao fim na Aschermittwoch.A licenciosidade é proibida a partirdaí e tudo volta ao ritmo habitual.

É Carnaval, ninguém leva amal!

Carnaval em Colónia

Mer stelle alles op der Kopp

CRÓNICAS D’ AGRIPINAPor: de minimis

E

NOTA DA REDACÇÃO:1 - de minimis é o pseudónimo danova cronista do PP que, a partirde agora, assinará crónicas e arti-gos dedicados a assuntos vários.Damos, assim, as boas vindas a deminimis. Estamos certos que estanossa nova cronista, residente emColónia, irá ser uma boa compa-nhia para os leitores do PORTU-GAL POST.2 – Na edição de Janeiro, na pá-gina 4, no texto de opinião intitu-lado “Presidenciais: um momentoimportante”, não é mencionado ocargo de deputado pelo círculoeleitoral da Europa com que oautor Carlos Gonçalves costumaassinar os seus textos. Ao visado eaos leitores, pedimos as nossasdesculpas.3 - Também na página 9 da mesmaedição, o título do texto intitulado“CCP- Conselheiros já dão conse-lhos ao novo Secretário de Es-tado”, assinado pelo conselheiroAlfredo Stoffel, é contestado peloconselheiro José Loureiro que, ememail enviado à nossa redacção,diz não se rever no título porque“Alfredo Stoffel só pode falar emseu nome e não em nome detodos os conselheiros”. Queremosinformar o conselheiro J. Loureiroque o título é da inteira responsa-bilidade do nosso jornal.

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 15

m alemão que se queirainformar sobre Portugalestá dependente ou de li-vros académicos e técni-cos, que só os raros

especialistas leem, ou dos meiosde comunicação social, cuja cober-tura pontual e superficial se re-sume, na maior parte das vezes,aos habituais clichés do fado e dasaudade, a que, recentemente, seveio juntar a crise.

Faz falta uma informação apro-fundada, mas acessível, que reme-deie um pouco a ignorânciareinante neste país sobre um par-ceiro, admitamos que periférico,mas que nem por isso devia ser ne-gligenciado por quem continua aacreditar no projeto europeu.

De modo que a minha expecta-tiva ao abrir um livro que se pro-põe justamente a colmatar estalacuna foi grande. “Pontes porConstruir” (ed. Luísa Coelho,Bairro dos Livros, 2015, 308 pp)reúne uma série de artigos organi-zados em capítulos, que prometemuma apresentação da realidadeportuguesa no século XXI, semdescurar a História que fez o país.

A pergunta, porque é que umlivro destinado a um público ale-mão é editado em português, é res-pondida no prefácio, e só por si jádiz muito sobre o Portugal contem-porâneo: falta de verbas. O quenão se explica é porquê os apoiosde uma instituição bancária e doInstituto Camões não foram priori-tariamente para uma publicaçãoalemã. Inclusive, uma mão cheiade artigos foi originalmente escritaem alemão e teve que ser traduzidapara português para poder ser in-cluída na obra. Receio que 99% dopúblico ao qual o livro manifesta-mente se destina não esteja emcondições de o apreciar.

É uma pena, sobretudo no quetoca os textos cuja leitura é um de-leite. Como o artigo do ex-embai-xador Francisco Seixas da Costa,que inclui uma brevíssima Históriade Portugal, e tem até material paradiscussão controversa, como a afir-mação que Portugal apoiou incon-dicionalmente o alargamento da

UE para o leste. Já mais irritante éa repetição noutros textos demuita informação contida neste. É,aliás, um problema que se perpe-tua, por exemplo, com dois artigosmuito parecidos sobre a cozinhaportuguesa e dois artigos muito pa-recidos sobre o ensino em Portu-gal. Igualmente estranha é a ideiade incluir um artigo com 20 anose não atualizado sobre a olaria por-tuguesa. Fica-se com a impressãode um pot-pourri de temas que pa-recem ter sido escolhidos aleatoria-mente, perdendo de vista oobjetivo prioritário da coletânea. Apluralidade de formas também le-vanta a questão a que leitor alemãose destina a obra: aos académicos,os únicos que terão a paciência deler um ou outro texto mais ma-çudo sobre temas específicos e nãode interesse geral? Aos (poucos)alemães que já conhecem Portugal,e, portanto, estão em condições deentender os artigos mais literários?Os muitos turistas que viajam paraPortugal, mas que, por causa dabarreira linguística, não têm infor-mação adequada, mesmo quandoa procuram? Ou ao leitor que des-conhece o país por completo, e ne-cessita de informação mais básica,mas escrita de forma a interessá-lo?Pelo menos para estes dois últimosgrupos “Pontes por Construir” nãoserá a leitura indicada. O que éuma pena, porque são os que im-porta, sobretudo, alcançar.

Os testemunhos pessoais sãouma forma de atrair este tipo de lei-tor, e muitos daqueles publicadosna coletânea são particularmenteinteressantes. Embora a elevadaidade média dos autores coloquenecessariamente o 25 de Abril nocentro de todos os relatos. Não res-tam dúvidas a ninguém quanto àimportância da Revolução dos Cra-vos na formação do Portugal con-temporâneo. Mas talvez a inclusãode autores mais jovens tivesse pro-duzido uma panorâmica mais vastasobre os momentos chave da His-tória recente, como é o caso daadesão à União Europeia, ou dacrise que se perpetua, e que estálonge de ser apenas económica oufinanceira.

Muito mais grave, no entanto,é aquilo que o livro não revela, aca-

bando por produzir uma imagemdistorcida do país. É em vão que seprocura por capítulos sobre os fe-nómenos mais importantes para o

desenvolvimento de Portugal. A es-cravatura é um deles. Não há comonegar que ela teve um papel funda-mental na formação da nação. Teriasido importante analisar porque éo que o tema continua a ser tabuentre os portugueses.

A emigração é outro. Comocompreender um país onde umterço da população vive no estran-geiro sem dissecar as causas e con-sequências desta situação? Omissão

tanto mais estranha que o livro éorganizado a partir do estrangeiro(Berlim) por pessoas às quais o fe-nómeno, nas suas vertentes histó-

ricas, tradicional, e ainda na versãomais recente, não pode ter passadocompletamente despercebido.

Também a imigração africana,europeia e asiática em Portugal,com toda a riqueza, mas tambémos muitos problemas que trouxeao país, simplesmente parece nãoexistir na visão dos coordenadores.Numa altura em que o tema da imi-gração domina o debate público naEuropa, não se justificaria uma des-

crição dos desafios e das oportuni-dades que ela representa para umdos estados membros mais peque-nos e pobres da UE?

Em vez de odes a Viriato e maisuma discussão do perene sebastia-nismo, coqueluche dos académicosespecializados em assuntos danossa terra, talvez fosse de maiorutilidade para o leitor alemão teruma ideia sobre o que significa sermulher em Portugal. Apenas um ar-tigo – ligeiro e jocoso – sobre asidiossincrasias portuguesas, tocano assunto num pequeno pará-grafo. Este transmite uma imagemextremamente lisonjeira da mulherportuguesa num texto de leituraagradável da autoria de um diplo-mata alemão, óbvio amante de Por-tugal. Infelizmente, é uma opiniãoque pouco ou nada a ver com a rea-lidade pura e dura.

Num livro destinado a alemães,há que ter também o cuidado denão usar erradamente expressõesidiomáticas da língua de Goethe,para evitar embaraços: “Hört sichfür mich Spanisch an“ não significaque algo seja “completamente in-compreensível”, devendo antes sertraduzido pelo equivalente portu-guês “cheira-me a esturro“. Serãopormenores, mas são de molde ainfluenciar de forma decisiva a per-ceção do leitor sobre a qualidadeda informação contida na coletâ-nea.

E em vez de um texto com mui-tas páginas que chega à conclusãopouco surpreendente que os alu-nos portugueses acham a línguaalemã difícil e feia, talvez pudesseter sido incluída uma apreciaçãosobre os resultados para os portu-guesas da política de austeridade,ou da apatia política característicado nosso país, ou dos problemascausados pelo sistema de compa-drio, ou, ou, ou …

Nesta perspetiva, é uma sorteque a versão alemã ainda não tenhaido a prelo.

Há tempo para eliminar as repe-tições, e até um ou outro textomenos elucidativo, para dar uma in-formação mais completa aos ale-mães interessados. E para evitarque o livro se torne mais eloquentepor aquilo que não diz, do que poraquilo que diz.

Uma oportunidade ainda não perdidaLivro "Pontes por construir - Portugal e Alemanha"

Cristina Krippahl

A emigração é outro. Como compreender um país ondeum terço da população vive no estrangeiro sem disse-car as causas e consequências desta situação? Omis-são tanto mais estranha que o livro é organizado apartir do estrangeiro (Berlim) por pessoas às quais ofenómeno, nas suas vertentes históricas, tradicional, eainda na versão mais recente, não pode ter passadocompletamente despercebido.

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 201616

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Cooperacão:Fátima Dias Pinto, PortoSandra Gomes Pinto, Lisboa

Estou a receber prestações dedesemprego em Portugal. Possocontinuar a recebê-las se preten-der ir para a Alemanha à pro-cura de emprego?Sim. Um conjunto de normas

europeias abre a possibilidade desair de Portugal para procurar tra-balho em qualquer outro país daUnião Europeia (UE) e ainda na Is-lândia, Noruega, Suíça e Liechtens-tein.

No entanto, é necessário con-tactar previamente o Centro de Em-prego em Portugal. Aí serãoprestadas as informações sobre odireito e a duração do pagamentoda prestação e emitido o docu-mento U2 (equivalente ao antigoformulário E303), comprovativo dasua situação e que lhe permitirápoder continuar a receber as pres-tações de desemprego durante a es-tadia no estrangeiro.

A autorização é normalmenteválida por um período de 3 meses.Com o acordo da instituição quelhe paga a prestação, esse períodopode ser prolongado até um má-ximo de 6 meses.

Regra geral, antes de pedir a au-torização para se ausentar, deve terestado inscrito, pelo menos, du-rante 4 semanas, no serviço de em-prego no país onde ficoudesempregado, neste caso, em Por-tugal.

Esse formulário tem de ser en-tregue na Agência de Emprego(Agentur für Arbeit) do local de re-sidência na Alemanha. É muito im-portante proceder a estaformalidade dentro do prazo indi-cado no formulário, normalmente,dentro de 7 dias a contar da datade saída de Portugal, país ondeficou desempregado.

Ao inscrever-se, passará a teracesso aos serviços locais de apoioaos candidatos a emprego, comtodas as obrigações daí inerentes,nomeadamente a de se sujeitar aosprocedimentos de controlo organi-zados pelos serviços de emprego,tal como se o seu subsídio de de-semprego fosse pago pelo mesmo.

Além disso, exige-se que sejafeito previamente o registo daresidência (Anmeldung) perante aentidade competente (Einwohner-

meldeamt) para a respetiva zonade residência.

Se não encontrar emprego naAlemanha e pretender manter o di-reito ao subsídio de desempregodurante um período mais longo,terá de regressar a Portugal antesdo fim do prazo previsto na autori-zação.

Vim para a Alemanha à procurade trabalho. Aonde me aconse-lham a recorrer?Existem muitas fontes e formas

de pesquisa de emprego. Para alémdo recurso a familiares ou a conhe-cidos, as mais comuns são eviden-temente o recurso a portais deemprego na internet ou aos jornaissupra-regionais de maior renome(por exemplo, Frankfurter Runds-chau, Frankfurter Allgemeine Zei-tung, Süddeutsche Zeitung e DieZeit).

Na Alemanha, a agência de em-prego competente para a área deresidência é o organismo institucio-nal vocacionado para dar o apoionesta matéria. Para tal, deve dirigir-se ali presencialmente e inscrever-se como candidato a um emprego.Se tiver estudos ou tirado uma for-mação profissional, não se esqueçade levar cópia do documento com-provativo das suas habilitações lite-rárias ou profissionais devidamentetraduzido para alemão.

O portal Jobbörse https://job-boerse.arbeitsagentur.de/ disponi-bilizado pela “Agentur für Arbeit“tem um banco de dados com 994000 ofertas de emprego, divididaspor ramos de atividade, bem comode aproximadamente 300 000 pos-tos vagos de formação profissional(situação reportada a 16-01-2016).O portal não está disponível emportuguês. No entanto, quem não

domina o alemão pode optar pelorecurso a outras línguas, tais como,espanhol, francês ou inglês.

E já sabe, como cidadão comu-nitário não necessita de autoriza-ção de trabalho. A únicaformalidade inicial a cumprir é a dese inscrever no Serviço de Registode Habitantes (Einwohnermel-deamt).

Tenho direito a assistência mé-dica na Alemanha a cargo da se-gurança social portuguesaenquanto estou à procura detrabalho na Alemanha?Antes de sair de Portugal à pro-

cura de emprego na Alemanha ounoutro país da UE, é de toda a con-veniência obter informação acercada assistência médica nesses paísespor conta da segurança social por-tuguesa, bem como sobre os for-mulários que o devemacompanhar, nomeadamente oCartão Europeu de Seguro deDoença (CESD).

Importante:O CESD não constitui uma al-

ternativa a um seguro de viagem,nem abrange as situações em quea pessoa segurada se desloca aoutro Estado com o objetivo de re-ceber tratamento médico.

Não cobre cuidados de saúdeprestados no sistema de saúde pri-vado nem outras despesas, como o

custo do repatriamento ou indem-nizações por bens perdidos ou rou-bados.

Contudo, pode ser utilizadoem unidades de saúde privadas,caso as mesmas estejam abrangidaspelo sistema de segurançasocial/saúde do Estado-Membroonde se encontra temporaria-mente e aceitem o CESD.

Fonte: Portal da Segurança So-cial www.seg-social.pt/pedido-car-tao-europeu-seguro-doenca

Cheguei há algumas semanas àAlemanha e gostaria muito deaprender alemão. Tenho direitoa participar num curso de inte-gração?Antes de mais, convém esclare-

cer que estes cursos não são obri-gatórios para cidadãos oriundos depaíses da UE. Prevalece o direito delivre circulação, independente-mente do grau de conhecimentoda língua do país onde optam resi-dir. Em contrapartida, estes cida-dãos também não têm direito legala exigirem a sua inclusão numcurso de integração disponibili-zado pelo Estado e financiado pordinheiros públicos.

O Serviço Federal de Migraçãoe Refugiados (Bundesamt für Mi-gration und Flüchtlinge, abrev.BAMF) a quem cabe a missão de

p RECEBER O SUBSÍDIO DE DESEMPREGO NO ESTRANGEIRO;p CARTÃO EUROPEU DE SEGURO DE DOENÇA (CESD);p DICAS PARA PROCURAR TRABALHO NA ALEMANHA;p CURSOS DE INTEGRAÇÃO – UMA FORMA ECONÓMICA DE APRENDER ALEMÃO;p SUBSÍDIO DE DESEMPREGO PARA TRABALHADORES TRANSFRONTEIRIÇOS;p RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO E DESEMPREGO – CUIDADOS A TER.

Perguntasfrequentes

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 17

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coordenar a organização dos cur-sos de integração, pode aceitar ainscrição de cidadãos da UE, se osseus conhecimentos de alemãoforem insuficientes, se o curso forconsiderado necessário para a in-tegração (p. ex., beneficiários desubsídio social de desemprego) eexistam lugares ainda disponíveis.Para isso, devem preencher um for-mulário requerendo à competentedelegação regional do BAMF o con-sentimento para serem admitidosnestes cursos.

Encontrei trabalho no Luxem-burgo, mas estou a residir naAlemanha. Caso fique desem-pregado, onde devo pedir osubsídio de desemprego?Trata-se aqui de um caso típico

de trabalhador transfronteiriço: ha-bita num país da UE diferente dopaís onde trabalha e regressa acasa, pelo menos, uma vez por se-mana. É uma situação muito fre-quente em zonas fronteiriças, emque o trabalhador opta por residirno país vizinho do local de traba-lho, normalmente por motivoseconómicos relacionados com ospreços de habitação mais modera-dos.

Se ficar desempregado, deverárequerer o subsídio de desem-prego no país onde reside, ou seja,na Alemanha. O subsídio é atri-buído com base nos períodos detrabalho no Luxemburgo. Para oefeito, deve solicitar o documentoU1 (antigo formulário E 301) noLuxemburgo, país onde trabalhouno período imediatamente ante-rior.

Existem situações em que o tra-balhador transfronteiriço, porquestões de conveniência ou dedistância do local de residênciaopta por regressar ao seu domicíliouma vez por mês, por exemplo.

Neste caso, se ficar desempre-gado, poderá requerer o subsídiode desemprego tanto no país de re-sidência como no país onde traba-lhou ultimamente. Optando porregressar ao seu país de residênciae aí requerer o subsídio de desem-prego, deve solicitar o documentoU1 no país onde trabalhou.

Não apresentando esse docu-mento, o serviço de emprego res-ponsável pelo tratamento dopedido da prestação de desem-prego pode obter diretamente oselementos necessários junto dasentidades dos outros países. Este

procedimento poderá eventual-mente atrasar o processo de atri-buição do subsídio, pelo que érecomendável entregar pessoal-mente o U1.

Foi rescindido o meu contratode trabalho na Alemanha. Quedevo fazer para ter direito àprestação de desemprego? Háprazos a ter em conta?Logo que tenha conhecimento

da rescisão do seu contrato de tra-balho, deve dirigir-se sem demoraà Agência de Emprego competentepara a área de residência na Alema-nha e pedir a sua inscrição comocandidato a emprego (Arbeitssu-

chend), mesmo que o período deaviso prévio ainda esteja a decor-rer. Terminado o período de avisoprévio, deve dirigir-se novamenteà Agência de Emprego e fazer asua inscrição como desempregado(Arbeitslos) e requerer a prestaçãocorrespondente, ou seja, a presta-ção contributiva por desemprego(Arbeitslosengeld I)

Conforme já se referiu noutrasinformações sobre este assunto, sea inscrição não for feita atempada-mente, pode ser aplicado um pe-ríodo de suspensão (Sperrzeit) até3 meses na atribuição da prestaçãode desemprego a que teria direito.

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sentes nesta história, a questão da maternidade é apresentada em múltiplasdimensões, nomeadamente na constatação da importância única que estasocupam na vida dos filhos. O sereno prodígio destas páginas, atravessadopor inúmeros instantes de assombro e de milagre, confere a Em Teu Ventreum lugar que permanecerá na memória dos leitores por muito tempo.

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“Não sei muita coisa acerca demim mesma. Mas se há algoque sei é que a curiosidade memove, torna a vida possível, mepermite dar sentido ao queaparentemente não o tem e ar‐riscar ver o mundo, não apenasolhá‐lo. A curiosidade é comouma fera que temos no peito.Basta às vezes uma pequenacentelha para corrermos atrás.O meu interesse pelo outro im‐pele‐me para a descoberta.Gosto de pessoas como gosto

das viagens. De olhar para elas como mapas, surpreender‐me com os caminham que traçam. Desvendar‐lhes os mis‐térios. Gosto de comover‐me com os afectos, assistir ao risoem estado puro das crianças. Gosto de ler‐lhes a vida nacara, quando o rosto tem uma geografia feita rugas. Faço‐lhes perguntas porque quero saber as respostas. Procuronelas a explicação do mundo. Dispo‐me de preconceitos. Àsvezes indigno‐me ou revolto‐me, mas sobretudo agradeço‐lhes por me ensinarem o que nenhum livro ou professorpode ensinar. Casei com a profissão certa, o jornalismo,aquela quem tem ao leme a curiosidade.”

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016PORTUGAL POST NA ESCOLA18

Página da responsabilidade da CEPE Alemanha - Coordenação do Ensino Português na AlemanhaContactos: [email protected] Consulte ainda o nosso blogue: http://cepealemanha.org/

PORTUGAL POST || Quem lê, sabe mais || PORTUGAL POST ||

Realizou-se em Renningen a 5 de dezembro no Centro Por-tuguês da localidade o convívio de natal. Os alunos e a pro-fessora responsável pelo curso organizaram a festa, tambémcom a preciosa ajuda do Centro. Os alunos envolveram-secom a preparação de diferentes atuações, depois das quaisteve lugar um lanche convívio entre todos e para o qual ospais contribuiram com deliciosas iguarias. A tradicional festa de natal da Comunidade Portuguesa deSindelfingen realizou-se no dia 13 de dezembro. A festa foiorganizada pelo Conselho de Pais e Juvenis de Sindelfingen/Böblingen juntamente com a Comunidade Católica de NossaSenhora de Fátima de Sindelfingen. À tarde, os alunos doscursos de Língua e Cultura Portuguesas de Sindelfingen eMagstadt contribuiram para animar a festa com teatros, mo-mentos musicais e declamação de poemas. Os alunos parti-ciparam de forma muito positiva e empenhada, tendopreparado tudo com muita dedicação. Eu senti um grandeorgulho nos meus alunos, o trabalho e a dedicação com quetodos nós abraçámos o desafio valeu muito a pena. O Con-selho de Pais e Juvenis de Sindelfingen/Böblingen está umavez mais de Parabéns pela organização. Desejamos a todosum feliz 2016, que os vossos sonhos se realizem, que tenhammuita sorte e sem esquecer que a sorte, muitas vezes, dá tra-balho :)Texto escrito em colaboração com a Professora AnaGonçalves

ATIVIDADES NOS CURSOS DE LÍNGUA E CULTURA PORTUGUESASEm Renningen, Magstadt e Sindelfingen:

Nos dias 15, 18 e 21 de dezembro realizaram-se nas localida-des de Wetzlar, Limburg an der Lahn e Wiesbaden respetiva-mente, os convívios de natal do Curso de Português a cargodo professor Luís Alberto Gomes Lopes. O programa foi composto por diversas manifestações desdea canção ao teatro. As canções apresentadas foram: Entrada - "Bom dia!" "Bolachinhas de Natal" - Adaptada (texto de Cristina Arad)"Mariana Albertina" - António VariaçõesLeituras:"Letras Repartidas" - poemas para cada uma das letras de"FELIZ NATAL"

Em Wetzlar, Limburg an der Lahn e Wiesbaden:

O "Portugal de A a Z", livro (...) , foi destavez trabalhado e apresentado pelos alunosque leram os poemas em alta voz e, nalgunscasos, fizeram a exposição mais alargada da"letra" conferida.O livro foi sendo projetado em tela gigante,dando lugar a um vídeo de animação sobreo nosso primeiro Rei e a formação de Portu-gal até ao seu reconhecimento oficial.Após as apresentações e representações,houve lugar a uma troca de presentes entre

os alunos em modo de "Amigo Secreto". De uma forma ani-mada e pondo em prática os conhecimentos de língua por-tuguesa, os alunos, através de pistas que iam sendooralmente fornecidas, tiveram de adivinhar quem seria o seu"Amigo Secreto" para poderem ter direito ao seu presente. O convívio prosseguiu acompanhado com músicas alusivasao natal e as tradicionais iguarias natalícias da gastronomiaportuguesa trazidas pelos encarregados de educação dos nos-sos alunos.Por fim, as usuais despedidas e votos finalizaram os encon-tros festivos de natal do ano de 2015.Texto escrito pelo Professor Luís Gomes Lopes

Este inverno os alunos do Projeto Bilingue Português-Alemãona Escola Primária Rudolf Roß Grundschule em Hamburgotêm levado a cabo muitas atividades interessantes. Fizeramum bonito painel de inverno, coloridos cartões de natal ebolachinhas. Foram escritas e lidas histórias de natal e houveaté um Basar de natal ao qual compareceram pais e alunos. Os alunos encenaram também a História do Nascimento deJesus na Igreja S. Micaelis em Hamburgo e festejaram o Diade Reis com canções e trabalhos manuais.Texto escrito em colaboração com a Professora AnaPaula Larkens

Em Hamburgo

Junto da Escola Europeia Secundária do Projeto Bi-lingue Português-Alemão Kurt-Schwitters em Berlimlevámos a cabo com a Psicóloga Cecília Loureiroduas ações de sensibilização para os alunos de lín-gua portuguesa a frequentar os 8º, 10º e 11º anosde escolaridade. Estão ações foram subordinadasao tema: “Jovens Imigrantes de Língua Portuguesa:Violência de Género e Promoção dos Direitos Hu-manos”. Estes jovens vivenciam múltiplas mudançaspsicosociais e psicológicas no processo migratórioe de adaptação a uma cultura diferente da de ori-gem. Para além disto, estes jovens enfrentam as mu-danças e desafios normais da sua faixa etária:primeiro(s) namoro(s), preconceitos, amizade(s),eventuais dependências. O contexto escolar rapida-mente se transforma num fator de risco. Estas açõesde sensibilização focaram-se essencialmente na vio-lência no namoro e nos direitos humanos. Uma ex-periência que, na opinião de todos os participantes,é para repetir!

ATIVIDADES NO PROJETO BILINGUE

Em Berlim:

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 PORTUGAL POST NA ESCOLA 19

Página da responsabilidade da CEPE Alemanha - Coordenação do Ensino Português na AlemanhaContactos: [email protected] Consulte ainda o nosso blogue: http://cepealemanha.org/

Em Hamburgo:

No passado dia 23 de janeiro o Curso de Língua e CulturaPortuguesas de Wilhelmsburg foi presenteado com a entregade uma Biblioteca por parte do Camões, I.P. ao liceu Hel-mut-Schmidt.A cerimónia oficial de entrega da Biblioteca foi marcada pelapresença da Exma. Senhora Cônsul- Geral, Dr.ª Luísa Pais-Lowe e do Senhor Clasing, Diretor do Helmut-Schmidt-Gym-nasium.Este Curso recebeu também a visita da escritora Iris Verís-simo para uma sessão de leitura e escrita criativa, aberta atodos os pais, encarregados de educação e alunos, onde pre-sentou o livro “ O Quintal da Adriana”, vivendo-se um am-biente de interação e entusiasmo com a respetiva autora e opúblico presente.Também neste dia esteve patente a exposição “ Raízes", tra-balho do pintor Renato Cavallo e da Professora Teresa San-tos.A Biblioteca da Escola Helmut-Schmidt passou agora a teruma secção inteiramente dedicada à Língua Portuguesa.Texto escrito em colaboração com a Professora Te-resa Santos

O CAMÕES, I.P. OFERECEU BIBLIOTECAS…Em Berlim:

Porque Berlim é, que tenhamos conhecimento, a única ci-dade na Alemanha onde existem jardins-de-infância bilinguesde Português-Alemão (e, no caso de um, também juntamentecom a Língua Francesa), pretendeu-se incentivar as criançasdesses jardins para a leitura em Português, oferecendo a estasinstituições Bibliotecas compostas por 13 livros pré-escolares.Trata-se das seguintes Kitas:

Casa Azul – Maison BleuCavalo Marinho

PrimaveraDeslocámo-nos, para isso, pessoalmente a estes jardins-de-infância e conversámos com pais, educadores e crianças sobrea importância da leitura e os desafios da aprendizagem bilin-gue num contexto multicultural como o de Berlim. Falou-setambém sobre as possibilidades de cooperação com o Ca-mões, I.P..

… E NOS NOSSOS CURSOS TEM-SE LIDO MUITO EM PORTUGUÊS!

Com as bibliotecas que foram oferecidas para os seus cursos,a Professora Fátima Silva, área de Düsseldorf, tem realizadoatividades de leitura.A poesia veio à escola e deu-se a conhecer aos alunos maisnovos. Uns ainda não sabem ler, mas isso não impediu quepudessem ouvir um colega mais velho ler um poema. Opoema escolhido foi "O Pastor" de Eugénio de Andrade. Nocurso de Lohmar, o Diogo leu em voz alta o poema. E, apósconversarmos sobre o mesmo e sobre a importância dos ami-gos, todos desenharam o poema que ouviram.

Poesia na aula de português em Lohmar:

A fantasia desceu à aula de português no curso de Gel-senkirchen:Um dia, a aula de português, foi invadida por histórias deencantar. Cada aluno contou aos colegas a história que leue, de repente, apareceram na aula o El-Rei Tadinho e os ani-mais inventados num sonho e transportados para a florestanum comboio. Surgiram, também, o ouriço e a toupeira quevivem na Mata dos Medos e nos lembram que devemos res-peitar a natureza, e, a história da amizade entre o Sirko (ocão) e o Lobo prateado. Conhecemos o Marquês que vivianuma montanha azul, num castelo com quatro torres cheiasde livros e a Inês que se tornou numa contadora de histórias.Por fim, veio o elefante cor de rosa que vivia num planetade fantasia e que decidiu vir viver para o planeta terra emforma de uma história, que nunca morre e nunca será es-quecida.

E, assim, a leitura trouxe à aula deportuguês um pouco de fantasia!A leitura ajuda-nos a conhecer os nos-sos alunos:Todos sabemos que existem pessoasque adoram ler e outras que não. Es-colher um livro para oferecer ou dar aalguém para ler é um risco, quandonão se conhecem os gostos das pes-soas. Mas, esta situação pode funcionarao contrário e, a partir dessa oferta ede um diálogo com essa pessoa, sobreo livro lido, podemos aprender muito.Foi o que aconteceu no curso de Kre-feld com os alunos mais velhos.Quando escolhi o livro para que pudes-sem ler nas férias tentei fazê-lo a partirdo conhecimento que tenho dessesalunos e da leitura do resumo de cadalivro. O Dennis leu Ondjaki (Os da

minha rua), o Tiago leu Luísa Fortes da Cunha (Teodora e omistério do vulcão), o Julian leu Richard Zimler (Ilha Teresa)e a Katharina leu o Principezinho de Antoine de Saint-Exu-péry. Na aula, os alunos surpreenderam-me. Apesar de os li-vros não serem os seus preferidos, as histórias foram lidas ea apresentação oral das mesmas foi muito interessante.Daqui surgiu um diálogo entre professora e alunos sobre osseus gostos pessoais de leitura. Uma boa descoberta e umabonita mensagem, deixada pela aluna Katharina de Oliveira(do livro que leu), ficou deste diálogo: "Nós só podemos verperfeitamente com o coração; o que é essencial é invisívelaos olhos. Os homens têm esquecido esta verdade. Mas vocênão deve esquecê-la".

E se fôssemos ver o que é que há para além da linha dohorizonte? - Krefeld

E, fomos! Primeiro com o Philipp, quecom o seu entusiasmo, nos levou numdragão à procura dessa linha. Atravessa-mos um arco-íris, fomos ter a uma ilhaonde a Júlia ensinou um urso a ler. Viaja-mos de jangada e conhecemos uma baleia.Encontramos uma mensagem de amizadenuma garrafa. Daqui fomos levados até aoFred e a Maria, pelo Jan, que nos tentouexplicar como dois irmãos podem ser tãoopostos e tão diferentes, tal como o orni-torrinco é do caracol. Para terminar, alinha do horizonte levou-nos a Moçambi-que a conhecer o Hugo, o valor das man-gas de Marte e a história do avôcarpinteiro que fazia bonecos de madeirae morreu. E, daqui ficou a mensagem deque devemos ser felizes, mesmo quandoalguém de quem gostamos muito parte.Textos escritos pela Professora Fá-tima Silva

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 201620

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Consulado Geral em DüsseldorfFriedrichstr. 2040217 Dü[email protected](0211) 138780(0211) 323357Horário de atendimento:Segunda-feira 08:00 - 16:30Terça-feira 08:00 - 16:00Quarta-feira 08:00 - 13:30Quinta-feira 08:00 - 13:30Sexta-feira 08:00 - 13:00

Consulado Geral em HamburgoBüschstrasse 7 - I20354 [email protected](040) 3553484(040) 35534860Horário de funcionamento: Segundas a Quartas-feiras: 9h às 14hQuintas-feiras: 9h às 17hSextas-feiras: 9h às 13h

Consulado Geral em EstugardaKönigstr. 2070173 [email protected](0711) 227396(0711) 2273989Horário de atendimento: Segunda, Terça, Quinta e Sexta-feira: 8h30 às 13h30Quarta-feira: 8h30 às 15h30

Secção Consular em BerlimZimmerstr. 56, 1º andar10117 [email protected](030) 2291388 / (030) 2290011(030) 2290012Horário de funcionamento: Segundas a Sextas-feiras: 9h às 12h30 e das 14h às 16h

Endereços de postos e antenas consulares

Antenas ConsularesEndereços e Hor. de funcionamento

Todas as semanas nos seguintes locais:MünsterOs JovensHammerstr 371- 48153 Münster2ªfeira: 08h30-16h30 -3ªfeira: 08h30 -16h00

OsnabrückCentro PortuguêsBünderstr. 6 - 49084 Osnabrück5ªfeira: 08h30 -15h30- 6ªfeira: 08h30-16h00Atendimento só com marcação prévia0211-1387826 ou 0211-1387822

MainzMissão Católica Portuguesa de Mainz, Hintere Bleiche 53 - 55116 Mainz, 2ª,3ª.4ª feira das 8:30 às 13:30 horas

OffenbachMissão Católica Portuguesa de Offenbach,Marienstr. 38 - 63069 Offenbach, 5ª e 6ª feira das 8:30 às 13:30 horasNão é necessária marcação

Já deu por si a dizer «quais-queres que sejam os filmes,de certeza que vou gostar»ou «hades me explicar por-que te fostes embora»? Quehoje está um dia solarengoou que sentiu um mau-estarrepentino? Se não disse, jáouviu alguém dizer, pois

neste livro vai descobrir que estes são alguns dos500 erros mais comuns da Língua Portuguesa, querno registo oral, quer no escrito. A linguista SandraDuarte Tavares, colaboradora dos programas derádio Pontapés na Gramática e Jogo da Língua, deum modo sucinto e objetivo e recorrendo a umalinguagem acessível, para quem não domina a ter-minologia linguística, explica-nos qual a forma cor-reta de utilizar determinada palavra ou expressão,para que, a partir de agora, possa fazer um bom usoda sua língua. Uma obra fundamental para jornalis-tas, editores de texto, estudantes e professores, mastambém para todas as pessoas que são constante-mente assaltadas pelas dúvidas linguísticas mais ele-mentares. Para acabar de vez com os «pontapés» nagramática!de Sandra Duarte TavaresPara acabar de vez com os pontapés na gramática!Páginas: 272Preço: € 22.00

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22 de Fevereiro, Berlim, na Passionskirche, Marheinekeplatz 1, 10961 Berlin. Início: 20h0025 de Fevereiro, Ludwigsburg, na Schlossplatz, Stuttgarter Straße 33, 71638 Ludwigsburg. Início: 20h001 de Março Freiburg, na Jazzhaus Freiburg, Schnewlinstr.1, 79098 Freiburg im Breisgau. Início:20h002 de Março, Mainz Frankfurter Hof, Augustinerstraße 55, 55116 Mainz. Início: 20h003 de Março , Hamburg, Kleine Laeiszhalle, Dammtorwall 46, 20355 Hamburg. Início: 20h00 5 de Março, Reutlingen, na Franz.K, Unter den Linden 23, 72762 Reutlingen. Início: 20hh

"Konzert im Dunkel" com Dona Rosa & Ensemble

18 de Fevereiro- Lich - Kino Traumstern, Gießener Straße 15, 20h00 19 de Fevereiro- Hamburgo - MS Stubnitz, Kirchenpauerkai 1, 20h00 20 de Fevereiro- Worpswede - Music Hall ,Findorffstraße 21, 20h00 21 de Fevereiro- Kiel - Kulturforum, Andreas Gayk Str. 31, 20h00 23 de Fevereiro- Bad Honnef - Feuerschlösschen, Rommersdorfer Str.78, 20h00 24 de Fevereiro- Neustadt/Weinstrasse - Westpennest, Friedrichstraße36, 20h00 25 de Fevereiro- Tübingen - Südhaus, Hechinger Straße 203, 20h00

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Permanências consulares em Cuxhaven e em BremerhavenO Consulado Geral de Portugal em Hamburgo transmite aos seus uten-tes a informação corrigida sobre as seguintes Permanências Consularesem Cuxhaven e em Bremerhaven, no mês de Fevereiro de 2016:Cuxhaven - segunda-feira, 8 de Fevereiro de 2016, entre as 10:00 e as16:00, no Centro Cultural Português de Cuxhaven, Präsident-Herwig-Strasse 33-34.Bremerhaven - terça-feira, 9 de Fevereiro de 2016, entre as 10:30 e as16:30, no Moliceiro Grill, Neumarktstrasse 12.Como habitualmente, os utentes deverão fazer a sua marcação pelo te-lefone 040-355348-58 ou pelo email [email protected] .

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 VIDAS 21

Palavras cruzadas ||| Por: Paulo Freixinhor

Pensei muito e perguntei-me amim mesmo se valeria a pena relatar-vos um episódio que nunca penseique pudesse ser possível entre ca-sais.

Cheguei há cerca de 15 anos àAlemanha. Vim com um contrato detrabalho para uma conhecida em-presa alemã que tem representaçãoem Portugal, onde, de resto, já traba-lhava.

A opção de vir trabalhar para aAlemanha teve um lado bom e outrolado assim-assim. O lado bom dizrespeito às questões materiais: o or-denado, que não se compara ao dePortugal, e os direitos laborais e so-ciais aqui são excelentes. O ladomau tem a ver com a adaptação aoscostumes, aos hábitos e ao clima,que neste país é uma miséria. Masaparte disso, a Alemanha oferececondições óptimas para se viver e tra-balhar. Gosto de estar aqui, mas nacondição de ter tempo e possibili-

dade de daqui sair de vez emquando e ir passar uns dias ondehaja sol.

Quando cheguei à Alemanha erasolteira, tinha 29 anos e não pensavacasar. A minha ideia era fazer umatemporada aqui, ganhar experiênciae depois voltar para Portugal e lá as-sentar, ou melhor, construir uma fa-mília.

Entretanto fui ficando. O tempopassava veloz e eu não via maneirade voltar até que encontrei um na-morado que durou mais do que ohabitual.

Ele era, e é, alemão. Muito sim-pático, bem-parecido e uma pessoabem- humorada. Esse namorado,que tempos depois se tornou meumarido, tinha o mundo a seus pés:uma boa profissão que lhe dava umsalário elevado: uma boa figura dehomem que todas as mulheres dese-jam; educado e de boas maneiras,muito senhor de si e um sentido de

humor muito apurado. De narcisistanada tinha, pelo contrário, não pre-cisava de ser vaidoso ou de ter ma-nifestações de vaidade porque só asua presença cativava e chamava aatenção de todos, fundamental-mente das mulheres que ele poderiater às carradas, se o quisesse.

Conhecemo-nos e a químicaentre nós funcionou. Como eletinha bom gosto, elogiou-me de altoa baixo com palavras que todas asmulheres gostam de ouvir e eu,claro, fiquei babada e presa pelo bei-cinho. Na sua presença eu era umadébil mulherzinha que tremia dealto a baixo com desejos de des-maiar nos braços dele...

Namorámos durante bastantetempo e, um dia, pediu-me em casa-mento. Nesse momento, o meu co-ração saltou e pulou de tanta eincontida alegria. O meu sonhotinha-se concretizado: casar com umhomem que tinha tudo o que uma

mulher deseja.Casámo-nos e a nossa vida era

como um filme lindo. Andava feliz,muito feliz. Ele também. Mas, nofundo, éramos e, ainda somos, umcasal normal. Trabalhamos e ganha-mos muito bem. Temos carros dealta gama; uma casa compradanuma zona muito chique; aos fins-de- semana, quando temos vontade,vamos a Paris ou a Nova Iorque,enfim, temos uma vida sem preocu-pações e com uma actividade profis-sional de que gostamos.

Fazemos tudo, mas tudo, paraque o nosso dia-a-dia não seja abor-recido. Quando o quotidiano correo risco de entrar na rotina - o que éperfeitamente normal - nesses mo-mentos, um e outro tenta encontrarformas de ultrapassar a monotoniaque tão mal faz às relações. No meupensamento a nossa vida matrimo-nial corria e corre muito bem. Havia,porém, uma questão ligada à nossavida social que beliscou esta harmo-nia.

Como a nossa a casa é bastantegrande e o meu marido gosta muitode receber, não há mês que não con-videmos amigos para jantar ou pas-sar o fim-de-semana em nossa casa.Alguns dos seus amigos eu conhecia,outros nem tanto. Todos são casa-dos, de modo que, em algumas oca-siões, juntam-se em nossa casaquatro a cinco casais. Como temosquatro quartos de dormir e um es-critório as coisas ajustavam-se perfei-tamente e podemos conversar, fazerjogos ou simplesmente dançar semconstrangimento de horário ou deoutras limitações.

Em várias dessas ocasiões fui tes-temunha de situações que, quandoconfrontadas com elas, não queriaacreditar. Sabia que dois dos casaisque frequentavam a nossa casa aosfins-de-semana tinham acertado tro-car de parceiro, ou seja, a mulher deum ficava durante a noite com ooutro e vice-versa. Inicialmente pen-sei que se tinha tratado de umamera brincadeira, mas, quando ascoisas voltaram a repetir-se não du-videi de que tinha havido uma situa-ção para mim inimaginável. Abordeio meu marido convencida de queele nada sabia, mas qual foi o meuespanto quando me disse que issoera absolutamente normal e quenão punha em causa a harmonia e ocasamento daqueles que se envol-viam nessas trocas. Fiquei sem pala-vras com a opinião do meu maridosobre essa balbúrdia.

O que mais me impressionavaera que, durante o dia, os casais en-volvidos nessas trocas tinham umcomportamento absolutamente nor-mal, como se nada tivesse aconte-cido. Trocavam mimos, dirigindo-seum ao outro “querido isto”, “amoraquilo” e eu não queria acreditar na-quilo que ouvia...

Desde que me apercebi dessesenlaces andei durante algum tempoalgo chocada e não me saía da ca-beça a forma tão... como direi, tão àvontade como os casais faziamaquilo.

Por um lado, repudiava essecomportamento, mas por outro pen-sava que poderia haver até qualquercoisa de interessante numa troca mo-mentânea e sem compromisso. Co-meçava a pensar na situação comoquem pensa num fruto proibido,mas uma parte de mim, a mais forte,sentia repulsa e expulsava paralonge tais pensamentos. Dizia paramim mesmo: Nãooo e não - milvezes não!

O que mais me incomodava eraa facilidade com que aqueles casaisaceitavam fazer a troca de noite e de-pois, durante o dia, tinham um com-portamento como se nada tivesseacontecido. Como poderia uma mu-lher (ou um homem) estar com umoutro durante a noite, sabendo queo marido sabia e que, ainda porcima, estava com a mulher dessecom quem estava agora na cama?Atormentava-me esta questão.

Disse ao meu marido, após umalonga discussão, que isso não eranormal e que não poderia haveramor entre os casais. Era impossívele impensável! Tal procedimentoferia os meus valores e princípios!

A sua atitude foi de aceitação daminha exigência em não deixar maispernoitar os casais que tinham tidoaquele comportamento. “Podiamfazer o que muito bem entendessem,mas não em minha casa”, disse-lheeu.

Nunca mais houve repetição detais casos, pelo menos em minhacasa. O meu marido, liberal e des-comprometido, tanto lhe fazia queos casais trocassem de parceiro ounão. Dizia ele que não se metia navida de ninguém e que cada um as-sumia a responsabilidade da sua li-berdade. Mas que, por amor a mime respeito às minhas convicções e va-lores não mais permitiu que aconte-cesse troca de casais pela calada danoite em nossa casa.Leitora identificada

Pela calada da noite

HORIZONTAIS: 1 – (...) Rebelo deSousa, novo Presidente de Portugal.Senão. 2 - Aquele que elege. Época.3 - A totalidade. Atrair por captação.4 - Nome da letra N. Cornada. 5 -Rádio (s.q.). Miserável. Cheiro. 6 -Óxido de cálcio. Eu te saúdo! (in-terj.). 7 - Ponteiro que indica o equi-líbrio da balança. Redução de para.Computador Pessoal. 8 - Calafrio.Lista. 9 - Grande medo. Destino. 10- Nome feminino. Arrancar ou fazercair o pelo ou o cabelo de. 11 - Umprazer de quem gosta de livros. Es-tampido.

VERTICAIS: 1 - Introduzir. Inevitá-vel. 2 - Discípula. Nome feminino. 3- Tecido de arame. Fechar. 4 - Apetitesexual dos animais, nas épocas pró-prias da reprodução. Significar. 5 -Extraterrestre. Dez vezes cem. É pos-sível. 6 - Relativo a determinadolugar. Pratinho sobre que se colocaa chávena. 7 - Discursar. Argola. Pla-tina (s.q.). 8 - Demonstração. Linha.9 - Cada uma das duas partes iguaisem que se divide uma unidade. Mo-dalidade de desporto automobilís-tico. 10 - Charrua. Limpar ou cortaros ramos inúteis das árvores. 11 -Curar. Elemento químico gasoso quese localiza no grupo 17 da tabela pe-riódica.SOLUÇÃO:

HORIZONTAIS: 1 - Marcelo. Mas. 2 - Eleitor. Era. 3 - Tudo. Captar. 4 - Ene. Mar-rada. 5 - Ra. Vil. Odor. 6 - Cal. Ave. 7 - Fiel. Pra. PC. 8 - Arrepio. Rol. 9 - Terror.Fado. 10 - Ana. Depilar. 11 - Ler. Estoiro.VERTICAIS: 1 - Meter. Fatal. 2 - Aluna. Irene. 3 - Rede. Cerrar. 4 - Cio. Valer. 5 -ET. Mil. Pode. 6 - Local. Pires. 7 - Orar. Aro. Pt. 8 - Prova. Fio. 9 - Metade. Rali. 10- Arado. Podar. 11 - Sarar. Cloro.

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você cede ao stress, você não está ser você mesmo. Quando vocêcede ao stress, você passa ao lado da vida, da sua vida. Você viveem permanente sobrevivência. E quem sobrevive, sofre. E quemsofre, vive em stress.

CavalheiroCom idade de 50 anos, residente emOrtenaukreis (B W), Floresta Negra,Deseja conhecer senhora mais oumenos da mesma idade Para construirfuturo a dois. Caso sério .Resposta a este jornal com foto. Refª 0116

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PORTUGAL POST Nº 260 • Fevereiro 2016 REMESSAS 23

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As remessas dos emigrantesportugueses subiram 18,02% emNovembro de 2015 em relação aidêntico mês de 2014, aumen-tando de 237,77 milhões de euros(ME) para 280,55 ME, indica o Bo-letim Estatístico do Banco de Por-tugal (BdP).

Segundo o relatório, em sen-tido oposto, as remessas dos imi-grantes residentes em Portugalpara os países de origem desceram6,91%, baixando de 40,92 ME para38 ME.

Em relação aos países lusófo-nos, só existem dados da variaçãohomóloga sobre Angola e Brasil,deixando de fora Cabo Verde,Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,Moçambique, São Tomé e Príncipee Timor-Leste, bem como a regiãode Macau.

No entanto, o BdP avança comos dados totais das remessas nosPaíses Africanos de Língua Oficial

Portuguesa (PALOP - Angola, CaboVerde, Guiné-Bissau, Moçambiquee São Tomé e Príncipe), que dãoconta que os emigrantes portugue-ses enviaram em novembro de2015 para Portugal 20,83 ME, mais6,33% do que em idêntico mês de2014 (19,59 ME).

De Angola, e no mês em refe-rência, os emigrantes portuguesesenviaram 20,01 ME para Portugal,mais 6,44% do que os 18,8 ME re-metidos em Novembro de 2014.

Em sentido inverso, os angola-nos residentes em Portugal envia-ram um montante de 1,67 ME paraAngola, valor que desceu 10,22%em relação aos 1,86 ME no mesmomês do ano anterior.

Do Brasil, e também em No-vembro de 2015, chegaram a Por-tugal 1,6 ME, menos 3,3% do queidêntico mês de 2014, quandoforam remetidos 1,65 ME.

De Portugal para o Brasil segui-

ram 14,96 ME, valor inferior em21,51% quando comparado comos 19,06 ME enviados em 2014.

Fora do âmbito lusófono, etendo sempre em conta a variaçãohomóloga de Novembro de 2014 eidêntico mês de 2015, o maior des-taque vai para os emigrantes portu-gueses nos Estados Unidos que,

apesar de não serem os que maisdinheiro enviaram para Portugal,foram os que mais subiram empercentagem, com 78,45%.

Subindo de 12,02 ME em 2014para 21,45 ME, as remessas dosemigrantes portugueses nos Esta-dos Unidos surgem atrás das dosque residem em França (83,8 ME -mais 30,31% do que em Novem-bro de 2014), Suíça (69,27 ME -7,73%) e Reino Unido (24,65 ME -52,82%).

Em quinto lugar surge as re-messas dos emigrantes na Alema-nha (20,81%, menos 2,8% do queem Novembro de 2019), Luxem-burgo (9,56%, mais 34,84%) e Itá-lia (330 mil euros, menos 13,16%).

Em sentido contrário, e tam-bém fora do âmbito lusófono, osimigrantes franceses e espanhóisa residir em Portugal foram os úni-cos a enviar remessas em valor su-perior a um milhão de euros,

embora os montantes tenham di-minuído, respectivamente, 2,4% e3,74%.

As remessas para França desce-ram de 1,67 ME para 1,63 ME, en-quanto as para Espanha baixaramde 1,07 ME para 1,03 ME, à frentedas enviadas para os Estados Uni-dos, que subiram 9,09% no pe-ríodo em análise, aumentando de660 mil euros para 720 mil euros.

Para o Reino Unido seguiram510 mil euros (menos 35,44% doque os 790 mil euros registadosem Novembro de 2014), para a Ale-manha 390 mil euros (2,63% - 380mil euros) e para a Suíça 320 mileuros (menos 27,27% - 440 mileuros).

Itália e Luxemburgo mantive-ram a mesma percentagem de umano para o outro (0%), com os ita-lianos a enviarem 140 mil euros eos luxemburgueses quatro mileuros.

Remessas de emigrantes subiram 18,02% em Novembrode 2015 face a mesmo mês de 2014

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Última Nº 260 • Fevereiro 2016

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enho saudades daminha madrinha aqueixar-se de algumacoisa enquanto la-vava a loiça num al-

guidar. Não se queixava da loiça,apesar do muito que lhe custavamanter-se de pé, queixava-se doinverno, maldito inverno, ouqueixava-se da morte, esta vidanão presta para nada, porquetinha morrido algum homem,que era tão novo, pouco mais deoitenta anos. Tenho saudadesdo toque de finados da igreja daminha terra. Ecoavam no adro,espalhavam-se por cima detodos os telhados e chegavamaté ao campo, onde se dissol-viam na aragem.

Tenho saudades do meu pa-drinho a carregar bolsos cheiosde moedas de cinco escudos,que trocava por copos de vinho

tinto nas tabernas. Até a dizerbom dia ou quaisquer palavrassimples, era capaz de escolherexpressões que acrescentavamhumor e que nunca agrediam.As portas das tabernas eramsempre um buraco de sombrana cal. O cheiro do vinho estavaentranhado nas paredes. Tenhosaudades do barulho que fazia ovidro grosso dos copos vazios abater no mármore. Às vezes,quando se chegava a essas ven-das, não estava ninguém. Então,era preciso bater com a palmada mão no balcão e chamar.

Tenho saudades de ver aminha madrinha a pentear os ca-belos fracos ao espelho do lava-tório. Molhava os dentes dopente na água da bacia. Tenhosaudades de caminhar ao ladodo meu padrinho nas manhãsde verão, ao rés da parede, os

dois cobertos pela sombra.Fazia-me perguntas engraçadasacerca das hortas onde eu e osoutros rapazes sabíamos quehavia boa fruta para roubar.

Através da distância dotempo, sou ainda capaz deouvir as suas vozes. Enquantoescrevo estas palavras, ouço-os

a repetirem frases que me disse-ram antes, quando estávamosno mesmo lugar, talvez sem en-tendermos completamente oenorme valor de estarmos jun-tos. Ouço o meu nome ditopelas suas vozes, pela maneiraespecial como cada um deles odizia. Essa lembrança aumentaainda mais as saudades. E, noentanto, espero que o futuronunca me tire essa memória.Prefiro esquecer episódios, his-tórias, dias inteiros de cismas,do que deixar de ser capaz deouvir a voz dos meus padrinhos.A minha madrinha a chamar-me,o meu padrinho a chamar-me.

Hoje, ter saudades dessetempo é espécie de uma felici-dade enorme por tê-lo vivido,por saber como foi. Sinto faltados meus padrinhos porque ostive, foram meus e, através das

saudades que sinto em diascomo hoje, continuam a sermeus padrinhos, mesmo que ossinos da minha terra já tenhamtocado por eles há tantos anos.

Mesmo que fosse possível,nunca quereria deixar de sentirsaudades dos meus padrinhos,esses velhos que me encherama vida inteira com as suas certe-zas, com as suas dúvidas tam-bém, com a sabedoria e com oserros que fui capaz de aprender.

A saudade não é tristeza, écomoção.

A saudade é o que fica doamor quando perdemos todo oseu lado físico, deixámos deestar, deixámos de tocar, háuma barreira inultrapassável deespaço ou de tempo, mas oamor continua, permanece. Asaudade é esse tipo de amor.

A saudade é o amor.

Crónica

José Luís Peixoto

Tenho saudades dos meus padrinhos

T

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BACALHAU COM BATATAS... E OUTRAS 200 RECEITASCapa: Dura‐ Nº de Páginas: 280Preço: 30,90 € (despacho incluído)

Denomina‐se de bacalhau para ospovos de língua portuguesa; Stock‐fish para os anglo‐saxónicos; Torskpara os dinamarqueses; Baccalàpara os italianos; Bacalao para os es‐panhóis; Morue, Cabillaud para osfranceses e Codfish para os ingleses.CFolheie página a página e aventure‐se em entradas e acepipes, clássicospara todos os dias, receitas originais,todas elas confeccionadas com o

mais requintado dos peixes.

Ofereça

LivrosConhecido por “fiel amigo”, o bacalhau tem umatradição muito particular e original na gastro‐nomia portuguesa. Neste livro pode ficar a co‐nhecer as origens da pesca deste peixe, as suasprincipais características, a melhor forma de oarranjar e outros aspectos importantes, comoa melhor forma de o escolher, conservar e ama‐nhar. Deleite‐se com as nossas receitas e expe‐rimente‐as todas. Fique ainda a conhecer astradições deste peixe noutros países do mundo.

O GRANDE LIVRO DAS RECEITAS DE BACALHAUCapa: Dura Nº de Páginas: 176Preço 35.00 € (despacho incluído)

«Mãe, atravessas a vida e a mortecomo a verdade atravessa otempo, como os nomes atraves-sam aquilo que nomeiam.» Numaperspetiva inteiramente nova, EmTeu Ventre apresenta o retrato deum dos episódios mais marcantesdo século XX português: as apari-ções de Nossa Senhora a trêscrianças, entre maio e outubro de1917. Através de uma narrativaque cruza a rigorosa dimensãohistórica com a riqueza de perso-nagens surpreendentes, esta étambém uma reflexão acerca dePortugal e de alguns dos seus tra-ços mais subtis e profundos. A

partir das mães presentes nesta história, a questão da maternidade é apre-sentada em múltiplas dimensões, nomeadamente na constatação da im-portância única que estas ocupam na vida dos filhos. O sereno prodígiodestas páginas, atravessado por inúmeros instantes de assombro e de mi-lagre, confere a Em Teu Ventre um lugar que permanecerá na memóriados leitores por muito tempo.

EM TEU VENTREde José Luís PeixotoPáginas: 168Preço: € 20.00

Aprenda a Viver Sem StressFormato: 15,5 X 23 cm.

Páginas: 100 Preço: € 15.00

Quanto mais tempo da sua vida é que está disposto a desperdiçar? Quantomais tempo da sua vida está disposto a continuar a sofrer? Quanto da suavida está disposto a finalmente reivindicar hoje? Quanto mais tempo vai dei-xar que os outros mandem nas suas escolhas? E, se reivindicar a sua vida,acha que fica a dever alguma coisa aos outros?Quando você cede ao stress, você não está ser você mesmo. Quando vocêcede ao stress, você passa ao lado da vida, da sua vida. Você vive em perma-nente sobrevivência. E quem sobrevive, sofre. E quem sofre, vive em stress.

“Não sei muita coisa acerca demim mesma. Mas se há algoque sei é que a curiosidade memove, torna a vida possível, mepermite dar sentido ao queaparentemente não o tem e ar‐riscar ver o mundo, não apenasolhá‐lo. A curiosidade é comouma fera que temos no peito.Basta às vezes uma pequenacentelha para corrermos atrás.O meu interesse pelo outro im‐pele‐me para a descoberta.Gosto de pessoas como gosto

das viagens. De olhar para elas como mapas, surpreender‐me com os caminham que traçam. Desvendar‐lhes os mis‐térios. Gosto de comover‐me com os afectos, assistir ao risoem estado puro das crianças. Gosto de ler‐lhes a vida nacara, quando o rosto tem uma geografia feita rugas. Faço‐lhes perguntas porque quero saber as respostas. Procuronelas a explicação do mundo. Dispo‐me de preconceitos. Àsvezes indigno‐me ou revolto‐me, mas sobretudo agradeço‐lhes por me ensinarem o que nenhum livro ou professorpode ensinar. Casei com a profissão certa, o jornalismo,aquela quem tem ao leme a curiosidade.”

Domadora de CamaleõesLivro de CrónicasHelena Ferro de GouveiaPreço: € 12,50