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O Evangelho Segundo MARCOS O Autor Nenhum dos quatro Evangelhos decla- ra seu autor. Juntos. fornecem à Igreja um testemu- nho autorizado e coletivo da pessoa e da obra de Jesus através dos apóstolos - um tema freqüente- mente enfatizado em Marcos (3.14; 4.10; 5.37; 8.32 e notas) Não nada de incoerente no fato dos apóstolos se utilizarem de coo- peradores tais como João Marcos. cujo nome aparece no alto des- te Evangelho. para transformar este testemunho individual e coletivo em texto escrito. Quanto ao relacionamento entre João Marcos e os apóstolos. ver At 12.12,25; 13.5, 13; CI 4.10; 2Tm 4.11; Fm 24. A autoria de Marcos é estabelecida por certas considerações externas. Apesar do título "Segundo Marcos" não ser original, ele aparece em todas as antigas listas canônicas e em muitos manus- critos arcaicos e acredita-se que tenha sido incluído bem no início da história do texto. Em segundo lugar. todos os primeiros pais da Igreja, tais como Papias ( 140 d.C.). Justino Mártir ( 150 d.C.). lrineu (185 d.C.) e Clemente de Alexandria (195 d.C.). afirmam que Mar- cos escreveu o segundo Evangelho. Papias refere-se a Marcos como o "intérprete de Pedro". Outra razão para se aceitar a autenti- cidade da autoria de Marcos é que, no segundo e terceiro séculos da Igreja, livros que falsamente reivindicavam autoria apostólica para si. em geral, atribuíam sua autoria a apóstolos bem conheci- dos em vez de a figuras secundárias como João Marcos. No próprio texto, uma indicação velada da ligação de Marcos com este Evangelho pode ser observada em outra nota aparente- mente irrelevante a respeito de um "certo rapaz" que fugiu quando Jesus foi preso. Alguns intérpretes sugeriram que esta é a forma de Marcos referir-se a si próprio na ocasião (14.51, nota). A possí- vel evidência da posição de Marcos como "intérprete" de Pedro (acima) é a ordem cronológica simplificada dos acontecimentos re- gistrados em Marcos. que reflete a narração dos mesmos fatos por Pedro no Livro de Atos dos Apóstolos (At 3.13-14; 10.36-43) Data e Ocasião Se Marcos foi usado por Mateus e Lucas. ele é o mais antigo dos Evangelhos e não pode ser datado muito depois do ano 70 d.C. Admite-se. geralmente, que os Evangelhos de Mate- us e Lucas foram escritos por volta de 80 a 90 d.C. No entanto. se os livros de Lucas e Atos foram concluídos em torno de 62 d.C .. quando termina a narrativa de Atos, o evangelho de Marcos seria ainda anterior. Além dessas considerações. base para argumen- tar que todos os livros do Novo Testamento foram escritos antes de 70 d.C .. a data da destruição do templo em Jerusalém e. portanto. procedem da primeira geração apostólica. Os pais da Igreja sustentavam que Marcos foi dirigido à igreja de Roma ou. genericamente. à Itália. Esta tese é apoiada pela as- sociação de Marcos com Pedro, que em 1 Pe 5.13 dirige-se aos cristãos na "Babilônia" (uma provável referência a Roma). pela in- fluência do latim no texto grego e pela provável referência aos membros da igreja de Roma (15.21; cf. Rm 16.13). A tradução de termos semíticos (3.17; 5.41; 15.22) e a cuidadosa explicação dos costumes judeus (7.2-4; 15.42) sugere que o autor tinha em mente os leitores gentios. sem. no entanto. excluir gentios convertidos ao judaísmo. . ,1 Características e Temas 1. O Propósito do Evangelho. O primei- , ro propósito de Marcos é apresentar por escrito o testemunho dos apóstolos a respeito dos fatos da vida. morte e ressurreição de Jesus. Marcos não pretende escre- ver uma biografia completa ou mesmo um relato completo do mi- nistério público de Jesus. O registro histórico é simplificado. adaptando-se à estrutura básica da proclamação do Evangelho: o início do ministério de Jesus com João Batista; o ministério públi- co de Jesus na Galiléia e nas regiões circunvizinhas; e sua jornada final a Jerusalém para o sacrifício na cruz. Segundo o Evangelho de João, Jesus fez pelo menos cinco visitas a Jerusalém (Me 1.14. nota). Mateus e Lucas registram mais dos ensinamentos de Jesus do que Marcos, mas o objetivo de Marcos é diferente. Usando detalhes históricos. apresenta uma narrativa ampla do que os apóstolos pregavam a respeito da cruz de Cristo (At 1.21-22; 2.22-24; 1 Co 2.2). 2. Jesus como o Verdadeiro Israelita. Marcos re- trata Jesus como o verdadeiro israelita cuja vida como um todo de- monstra a necessidade de submissão à Palavra escrita de Deus (1.13, nota; 12.35-37). Neste aspecto. e mais genericamente no serviço e no sofrimento (8.34-9.1). Jesus é apresentado e apre- senta a si próprio como o modelo para os seus discípulos. 3. Jesus como o Filho de Deus. Marcos apresenta a divindade de Jesus como Filho de Deus e Filho do Homem (1 .11 ; 2.10,28; 3.11; 5.7; 9.7; 14.62; 15.39) brilhando através do estado ambíguo de humilhação necessário para seu chamado messiânico terreno. Marcos também chama a atenção para o desejo de Jesus de esconder sua verdadeira identidade como Messias e Filho de Deus (o assim chamado "segredo messiânico") daqueles que ine- vitavelmente não o entenderiam (1.34.44; 3.12; 5.43; 7.36-37; 8.26,30; 9.9). 4. O Evangelho como o Poder de Deus. Marcos enfatiza a importância da pregação e do ensino da mensagem do Evangelho não apenas como uma verdade teológica. mas como o "poder de Deus" (12.24; cf. Rm 1.16) sobre o mal e a doença (1.27; cf. 16.15-18). 5. A Missão aos Gentios. Marcos mostra o interesse de Jesus para com os gentios e a validade da missão da Igreja para com eles. Esta ênfase aparece no esboço básico do livro. no l

02. Marcos

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O Evangelho Segundo

MARCOS O Autor Nenhum dos quatro Evangelhos decla­ra seu autor. Juntos. fornecem à Igreja um testemu­nho autorizado e coletivo da pessoa e da obra de Jesus através dos apóstolos - um tema freqüente­

mente enfatizado em Marcos (3.14; 4.10; 5.37; 8.32 e notas) Não há nada de incoerente no fato dos apóstolos se utilizarem de coo­peradores tais como João Marcos. cujo nome aparece no alto des­te Evangelho. para transformar este testemunho individual e coletivo em texto escrito. Quanto ao relacionamento entre João Marcos e os apóstolos. ver At 12.12,25; 13.5, 13; CI 4.10; 2Tm 4.11; Fm 24.

A autoria de Marcos é estabelecida por certas considerações externas. Apesar do título "Segundo Marcos" não ser original, ele aparece em todas as antigas listas canônicas e em muitos manus­critos arcaicos e acredita-se que tenha sido incluído bem no início da história do texto. Em segundo lugar. todos os primeiros pais da Igreja, tais como Papias ( 140 d.C.). Justino Mártir ( 150 d.C.). lrineu (185 d.C.) e Clemente de Alexandria (195 d.C.). afirmam que Mar­cos escreveu o segundo Evangelho. Papias refere-se a Marcos como o "intérprete de Pedro". Outra razão para se aceitar a autenti­cidade da autoria de Marcos é que, no segundo e terceiro séculos da Igreja, livros que falsamente reivindicavam autoria apostólica para si. em geral, atribuíam sua autoria a apóstolos bem conheci­dos em vez de a figuras secundárias como João Marcos.

No próprio texto, uma indicação velada da ligação de Marcos com este Evangelho pode ser observada em outra nota aparente­mente irrelevante a respeito de um "certo rapaz" que fugiu quando Jesus foi preso. Alguns intérpretes sugeriram que esta é a forma de Marcos referir-se a si próprio na ocasião (14.51, nota). A possí­vel evidência da posição de Marcos como "intérprete" de Pedro (acima) é a ordem cronológica simplificada dos acontecimentos re­gistrados em Marcos. que reflete a narração dos mesmos fatos por Pedro no Livro de Atos dos Apóstolos (At 3.13-14; 10.36-43)

~ Data e Ocasião Se Marcos foi usado por Mateus e Lucas. ele é o mais antigo dos Evangelhos e não pode ser datado muito depois do ano 70 d.C.

~"'~- Admite-se. geralmente, que os Evangelhos de Mate­us e Lucas foram escritos por volta de 80 a 90 d.C. No entanto. se os livros de Lucas e Atos foram concluídos em torno de 62 d.C .. quando termina a narrativa de Atos, o evangelho de Marcos seria ainda anterior. Além dessas considerações. há base para argumen­tar que todos os livros do Novo Testamento foram escritos antes de 70 d.C .. a data da destruição do templo em Jerusalém e. portanto. procedem da primeira geração apostólica.

Os pais da Igreja sustentavam que Marcos foi dirigido à igreja de Roma ou. genericamente. à Itália. Esta tese é apoiada pela as­sociação de Marcos com Pedro, que em 1 Pe 5.13 dirige-se aos cristãos na "Babilônia" (uma provável referência a Roma). pela in­fluência do latim no texto grego e pela provável referência aos

membros da igreja de Roma (15.21; cf. Rm 16.13). A tradução de termos semíticos (3.17; 5.41; 15.22) e a cuidadosa explicação dos costumes judeus (7.2-4; 15.42) sugere que o autor tinha em mente os leitores gentios. sem. no entanto. excluir gentios convertidos ao judaísmo.

•. ,1 Características e Temas

1. O Propósito do Evangelho. O primei­, ro propósito de Marcos é apresentar por escrito o

-~ testemunho dos apóstolos a respeito dos fatos da vida. morte e ressurreição de Jesus. Marcos não pretende escre-ver uma biografia completa ou mesmo um relato completo do mi­nistério público de Jesus. O registro histórico é simplificado. adaptando-se à estrutura básica da proclamação do Evangelho: o início do ministério de Jesus com João Batista; o ministério públi­co de Jesus na Galiléia e nas regiões circunvizinhas; e sua jornada final a Jerusalém para o sacrifício na cruz. Segundo o Evangelho de João, Jesus fez pelo menos cinco visitas a Jerusalém (Me 1.14. nota). Mateus e Lucas registram mais dos ensinamentos de Jesus do que Marcos, mas o objetivo de Marcos é diferente. Usando detalhes históricos. apresenta uma narrativa ampla do que os apóstolos pregavam a respeito da cruz de Cristo (At 1.21-22; 2.22-24; 1 Co 2.2).

2. Jesus como o Verdadeiro Israelita. Marcos re­trata Jesus como o verdadeiro israelita cuja vida como um todo de­monstra a necessidade de submissão à Palavra escrita de Deus (1.13, nota; 12.35-37). Neste aspecto. e mais genericamente no serviço e no sofrimento (8.34-9.1). Jesus é apresentado e apre­senta a si próprio como o modelo para os seus discípulos.

3. Jesus como o Filho de Deus. Marcos apresenta a divindade de Jesus como Filho de Deus e Filho do Homem ( 1 .11 ; 2.10,28; 3.11; 5.7; 9.7; 14.62; 15.39) brilhando através do estado ambíguo de humilhação necessário para seu chamado messiânico terreno. Marcos também chama a atenção para o desejo de Jesus de esconder sua verdadeira identidade como Messias e Filho de Deus (o assim chamado "segredo messiânico") daqueles que ine­vitavelmente não o entenderiam (1.34.44; 3.12; 5.43; 7.36-37; 8.26,30; 9.9).

4. O Evangelho como o Poder de Deus. Marcos enfatiza a importância da pregação e do ensino da mensagem do Evangelho não apenas como uma verdade teológica. mas como o "poder de Deus" (12.24; cf. Rm 1.16) sobre o mal e a doença (1.27; cf. 16.15-18).

5. A Missão aos Gentios. Marcos mostra o interesse de Jesus para com os gentios e a validade da missão da Igreja para com eles. Esta ênfase aparece no esboço básico do livro. no

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cuidado tomado para explicar os termos e os costumes judaicos, na declaração de que o templo era uma "casa de oração para todas as nações" (11.17). e na confissão final de Cristo pela boca de um gentio (15.39)

Dificuldades de Interpretação A questão do gênero literário do Evangelho de Marcos tem ocupado estudiosos continuamente, especialmente nos últimos dois séculos. A questão

é importante porque determina o contexto para se interpretar os elementos individuais do Evangelho. Alguns acreditam que os Evangelhos têm um único gênero literário, correspondente à singu­laridade da mensagem Cristã. Outros acham que os Evangelhos deveriam ser comparados às biografias gregas e romanas que combinam em uma obra literária feitos extraordinários e ensina­mentos memoráveis. Os Evangelhos diferem de tais biografias, es­pecialmente na ênfase que colocam nos últimos dias e na morte de Jesus, e no seu silêncio sobre a maior parte de sua vida adulta. Já

Esboço de Marcos 1. Prólogo: o início do ministério de Jesus ( 1.1-13)

A. O testemunho de João Batista a respeito de Jesus (1.1-8)

B. O batismo de Jesus e o testemunho do Pai ( 1.9-11) C. A tentação de Jesus (1.12-13)

li. O ministério público de Jesus na Galiléia (1.14-6.44) A. O ministério inicial (1.14-3.12)

1. A chegada à Galiléia (1.14-15) 2. O chamamento dos primeiros discípulos (1.16-20) 3. Exorcismos e curas em Cafarnaum (1.21-34) 4. Ministério em toda a Galiléia ( 1.35-45) 5. Uma cura em Cafarnaum (2.1-12) 6. O chamamento de Levi (2.13-17) 7. Controvérsias com as autoridades (2.18-3.12)

B. O ministério posterior (3.13-6.44) 1. O chamamento dos doze (3.13-19) 2. Controvérsias em Cafarnaum (3.20-35) 3. As parábolas do reino (4.1-34) 4. A jornada em Decápolis (4.35-5.20) 5. Retorno à Galiléia (5.21-6.6) 6. Missão dos doze na Galiléia (6.7-30) 7. Alimento para cinco mil na Galiléia (6.31-44)

foi dito, e com propriedade, que os Evangelhos são narrativas da Paixão com longas introduções.

Marcos mesmo situa o começo de seu Evangelho no Antigo Testamento (1.1-4, notas). e seu ponto de referência básico deve ser encontrado lá, especialmente no Livro de Êxodo. Êxodo é um documento pactuai cujo enfoque é o registro de como a aliança foi iniciada sob a liderança de Moisés. Este enfoque corresponde, nos Evangelhos, ao significado da morte de Jesus, na qual ele derra­mou o sangue da nova aliança (14.24 e nota). O resto de Êxodo diz respeito à carreira de Moisés, o mediador da aliança; um registro dos sinais que Deus realizou através dele para estabelecer a fé en­tre o povo de Deus no meio de um Egito incrédulo; e um registro da legislação da aliança. Da mesma forma, Jesus chamou para si um novo povo, demonstrando sua autoridade através de milagres e si­nais, e outorgou seu ensinamento como o "novo mandamento" (Jo 13.34) da nova aliança. Como um registro da vida e dos ensina­mentos de Jesus, Marcos assume seu lugar na história da reden­ção como um documento canônico do Novo Testamento.

··--·--·----~

Ili. Ministério às regiões gentias (6.45-9.32) A. Visita a Genesaré (6.45-7.23) B. Ministério em Tiro, Sidom e Decápolis

(7.24-8.9) C. Ministério às regiões de Cesaréia de Felipe

(8.10-9.32) IV. Retorno a Cafarnaum; conclusão do ministério na

Galiléia (9.33-50) V. Viagem final para a Judéia e Jerusalém (cap. 10)

A. Ensinamento a caminho de Jerusalém (10.1-45) B. Uma cura em Jericó (10.46-52)

VI. A paixão (caps. 11-15) A. Entrada triunfal em Jerusalém (11.1-11) B. Purificação do templo (11.12-26) C. Controvérsias no pátio do templo (11.27-12.44) D. Profecias no monte das Oliveiras (cap. 13) E. Ungido em Betânia (14.1-11) F. Refeição pascal em Jerusalém (14.12-31) G. Prisão e julgamento de Jesus ( 14.32-15.20) H. Morte e sepultamento de Jesus (15.21-47)

VII. Aparições de Jesus ressurreto em Jerusalém (cap. 16)

1147 MARCOS 1

O BATISMO DE JESUS Me 1.9

Há continuidade entre o batismo de João para o arrependimento (Me 1.4) e o batismo trirlitário instituído por Jesus (Mt 28. 19l. Ambos eram simbolos de purificação e visavam à remissão de pecados (Me 1.4; At 2.38). Porém não eram idênticos. Os que foram batizados por João necessitavam também do batismo cristão (At 19.5). O batismo cristão é limsiílai de inicia­ção que indica o relacionamento com Cristo, que já veio; o batismo de João foi um rito preparatório, significando preparação para a vinda de Cristo e seu juízo (Mt 3.7-12; Lc 3.7-18; At 19.4).

Jesus insistiu com João, seu primo, que o batizasse, passando por cima dos protestos de João (Mt 3.13-15). Em seu papel de Messias, ·nascido sob a ler (GI 4.4), Jesus tinha de submeter-se a todas as exigências da lei de Deus para Israel e identifi­car-se com aqueles cujos pecados ele tinha vindo carregar. Seu batismo anunciou que ele viera para tomar o lagft 'P8çador sujeito ao juízo de Detis. Nesse sentido é que ele foi batizado por João para "cumprir tode a justiça" (Mt 3;15; cf. Is 53.11 ).

No batismo de Cristo houve uma manifestação da Trindade: o Pai falou do céu, e uma pomba desceu cOmó um sinal da unção do Espírito. A significação da pomba descendo e parrnanecendo não foi que Jesus estava sendo enchido com o Espfrito pela pri­meira vez. porém significava que ele estava sendo marcado como Aquele que tinha o Espírito e que batizaria c0m o Espírito (Jo 1.32-33) e, desse modo, estava inaugurando a era do Espírito, que foi o cumprimento das esperanças de Israel (Lc 4.1, 14, 18-21 ).

} ªPrincípio do evangelho de Jesus Cristo, bfiJho de Deus.

João Batista 2 Conforme está escrito 1 na profecia de Isaías:

e Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho; 3 dvoz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas;

4 e apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento 2 para remissão de pecados. S!Saíam a ter

los de camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.

João dá testemunho de Jesus 7 E pregava, dizendo: h Após mim vem aquele que é mais

poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando­me, desatar-lhe as correias das sandálias. 8 iEu vos tenho ba­tizado com água; ele, porém, vos batizará icom o Espírito Santo.

com ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de O batismo de Jesus Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados 9 'Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por por ele no rio Jordão. ó g As vestes de João eram feitas de pê- João foi batizado no rio Jordão. to mLogo ao sair da água, viu

• CAPITUL01 lªLc3.22bMt14.33 2CM13.1 ITReMnosprofetas Jdls40.3 4eMt3.12Quporcausadoperdão S/Mt3.5 68Mt3.4 7hJ01.27 8iAt1.5;11.16ils44.3 91Mt3.13-17 tomMt3.16

•1.1 Principio. Diferente de Mateus e Lucas. Marcos não contém uma narrativa do nascimento de Jesus. O "princípio" (cf. Gn 1.1; Jo 1.1) é identificado com o mi­nistério de João Batista (cf. At 1.22) e com as profecias do Antigo Testamento, anunciando a vinda de João Batista. evangelho. Um termo de comunicado e correspondência política ou pessoal, que significa "boas novas". Os gregos usavam esta palavra para referir eventos tais como o nascimento de um imperador ou uma grande vitória militar. de Jesus Cristo. Esta frase pode ser entendida ou como "a respeito de Jesus Cristo". ou como "da parte de Jesus Cristo". O evangelho é "a respeito" de Jesus Cristo, mas é também "da parte" dele (Rm 1.9; 1Co 9.12; 2Co 10.14). O Evange­lho de Marcos reivindica autoridade divina e se oferece como a palavra de Cristo através de seus apóstolos, à Igreja (cf. Ap 1.1). Filho de Deus. Marcos apresenta a Jesus. no começo do seu Evangelho, como o divino e eterno Filho. Ver notas em 13.32; 14.36; 15.39; cf. Rm 1.3. •1.2 está escrito. Colocando aqui esta citação do Antigo Testamento. Marcos procura mostrar o progresso orgânico da revelação sob o controle do divino Se­nhor da história. Se o Antigo Testamento é o início e a fonte do evangelho, o evan­gelho revelado através de Jesus Cristo é a interpretação final e inspirada do Antigo Testamento. na profecia. Ver nota textual. A citação é uma cadeia de textos (Êx 23.20; MI 3.1; Is 40.3), referentes a mensageiros que Deus tem enviado como meio de pre­paração. •1.4 João. As citações do Antigo Testamento colocam João Batista na pré-planejada história do trato de Deus com seu povo segundo a aliança. no deserto. A pregação de João, no deserto. lembra a Israel, simbolicamente, as suas origens na aliança celebrada no êxodo (cf. Jr 2.2). O deserto é o lugar tradici­onal de encontro entre Deus e seu povo. batismo de arrependimento. A comunidade de Oumran, com a qual João pode ter tido contato em sua juventude, praticava rituais de purificações e batismos.

Também os convertidos ao judaísmo eram batizados. A inovação de João foi exi­gir um único batismo de israelitas que já estavam na comunidade da aliança. Para ele, o exigir um tal gesto de arrependimento radical é um sinal da chegada da nova aliança. Ver nota em Mt 3.6. para remissão de pecados. João, na verdade, não concede perdão de peca­dos. O perdão definitivo de pecados pertence à aliança (Jr 31.34) que o Messias inaugurará. •1.5 toda ... todos. Isto é uma hipérbole (recurso literário que exagera). indican­do que o povo da aliança foi a João numa grande multidão, sem dúvida como fa­mílias inteiras (4.1; 6.44 e notas). •1.6 pêlos de camelo. As vestimentas e o alimento de João o identificam como um tipo clássico de profeta do Antigo Testamento (2Rs 1.8; Zc 13.4). •1.7 E pregava. A identidade daquele a quem João anuncia e diante de quem ele se sente indigno de ajoelhar-se é evidente nas profecias do Antigo Testamen­to já citadas. É o "Senhor" que, "de repente, virá ao seu templo ... o Anjo da Alian­ça", tendo sido precedido pelo "meu mensageiro" (MI 3.1 ). •1.8 Espírito Santo. A nova aliança traz renovação ao povo de Deus (Jr 31.33-34; Ez 37 .14) através do Filho e do Espírito, que o Filho possui em medida plena (Is 42.1; 61.1 ). •1.9 Naqueles dias. De acordo com Jo 2.20, um dos primeiros atos de Jesus, que se seguiu ao seu batismo. teve lugar quando a reconstrução do templo esta­va no seu quadragésimo sexto ano. Posto que Herodes começou a reconstrução no ano 19 a.e .. Jesus foi batizado por volta de 27 d.C. por João foi batizado. Jesus sabe que isto é parte do plano divino, para "cum­prir toda justiça" (Mt 3.15). pelo qual, em sua humanidade, ele se identifica plena­mente com a condição humana e começa o processo de levar os pecados da humanidade. Ver nota teológica "O Batismo de Jesus". •1.1 O Logo. Esta importante palavra (às vezes traduzida "imediatamente") é

MARCOS 1 1148

os céus rasgarem-se e o Espírito "descendo como pomba so­bre ele. 11 Então, foi ouvida uma voz dos céus: ºTu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.

A tentação de Jesus 12 PE logo o Espírito 3 o impeliu para o deserto, l3 onde

permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, qmas os anjos o serviam.

Jesus volta para a Galiléia 14 'Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia,

5pregando o evangelho 4 de Deus, ts dizendo: 10 tempo está cumprido, e ºo reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.

tamente as redes e o seguiram. 19 Pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes. 20 E logo os chamou. Deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, segui­ram após Jesus.

A cura de um endemoninhado em Cafarnaum 21 ªDepois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábaÜ(),

foi ele bensinar na sinagoga. 22 e Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. 23 Não tardou que aparecesse na sina­goga um homem possesso de d espírito imundo, o qual bra­dou: 24 eoue temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem !sei quem és: 80 Santo de Deus! 2s Mas Je­sus ho repreendeu, dizendo: 5 Cala-te e sai desse homem.

A vocação de discípulos 26 Então, o espírito imundo, iagitando-o violentamente e 16 vcaminhando junto ao mar da Galiléia, viu os irmãos bradando em alta voz, saiu dele. 27 Todos se admiraram, a

Simão e André, que lançavam a rede ao mar, porque eram ponto de perguntarem entre si: 60ue vem a ser isto? Uma pescadores. 17 Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos fa- nova 7 doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos rei xpescadores de homens. 18 Então, zeles deixaram imedia- imundos, e eles lhe obedecem! 28 Então, !correu célere a

• n;t 10; 11 ºMt 31;,1218 12 PMt 4.1-11 3enviou-oparafora ~qM~-;-1-14 'Mt 4. ;;-;Mt 4.23 4Cf. NU; TR e M acres-centam do reino; NU omite 1 S l[GI 4.4] u Mt3.2; 4.17 16 Vlc 5.2-11 17 XMt 13.47-48 18 z [Lc 14.26] 21 ª Lc 4.31-37 bMt 4.23 22 e Mt 7.28-29; 13.54 23 d [Mt 12.43] 24 e Mt 8 28-29/Tg 2.19 g SI 16.10 25 h [Lc 4 39] 5 Lit Amordaça-te 26 i Me 9.20 27 ô Cf. NU; TR e M Oue é isto? Oue nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena 7 ensino 28 /Mt 4.24; 9.31

característica de Marcos !doze vezes no restante do Novo Testamento e quarenta e duas vezes em Marcos). A palavra sugere. talvez, não rapidez, mas a certeza e a inevitabilidade do soberano plano de Deus. recordando os caminhos direitos (a mesma raiz grega) divinamente preparados para a vinda de Jesus e seu ministério. Espírito descendo. A descida do Espírito é um sinal da Messianidade de Jesus lv. 8, nota). No batismo de Jesus. como mais tarde no batismo cristão IMt 28.19). to­das as três pessoas da Trindade estão envolvidas. A iniciativa do Pai, a obra vicária do Filho e glória e o poder capacitador do Espírito estão todos presentes •1.11 Tu és o meu filho amado. O mistério da pessoa de Jesus encontra ex­pressão na divina declaração. Ele. a Segunda Pessoa da Trindade, é, ao mesmo tempo, o representante do crente, o verdadeiro e fiel "filho" de Israel (Êx 4 23). em quem o Pai se compraz e a quem o Pai reconhece como Filho, tanto no sentido pessoal como no sentido oficial (SI 2. 7; Is 42.1 J. Ver nota no v. 1. •1.12 o Espírito o impeliu. O verbo grego traduzido por "impelir" é forte e dá a idéia de necessidade divina e escriturística. O Espírito está impelindo Jesus para o "deserto", exatamente como Israel - chamado "filho" (Êx 4 23) e batizado em Moisés no mar (1Co 10.2; cf. Êx 14.13-31 J - foi conduzido pelo Espírito nas colu­nas de nuvem e fogo (Êx 14 19-20). ao longo do caminho da provação. no deserto. •1.13 quarenta dias. Possivelmente uma referência simbólica aos quarenta anos da experiência de Israel, no deserto IDt 1.3; cf. v. 12. nota). feras. Este detalhe dá ênfase ao fato de que o deserto é um lugar de maldição, onde o diabo manda IMt 12.43; cf. Ef 2.2). Jesus entra neste domínio e amarra o valente !ver nota em 3.23-27). Esta é uma espécie de reconstituição da prova a que Adão foi submetido. Ainda que Adão tenha sido provado num jardim e não te­nha sido ameaçado por feras, ele sucumbiu à tentação de Satanás. No deserto, Jesus, o segundo Adão, começa a derrotar Satanás e inicia sua obra de reden­ção, sendo aprovado no teste de obediência filial. mas os anjos o serviam. An1os acompanharam Israel no deserto (Êx 14.19; 23.20; 32.34; 33.2). A experiência de Jesus no deserto é um tipo da que o cristão tem no mundo, que é experimentada por causa do domínio de Satanás (Ef 6.12). Ver nota em 10.30. •1.14 Depois de João ... para a Galiléia. Alega-se freqüentemente que a cro­nologia dos três Evangelhos Sinóticos é irreconciliável com a de João, por três principais razões:

(ai a purificação do templo é colocada em d~erentes períodos do ministério de Jesus (11.15. nota);

(b) nos Evangelhos Sinóticos. Jesus vai a Jerusalém só uma vez, na última se­mana do seu ministério. enquanto no de João ele esteve Já cinco vezes;

lei em João, Jesus tem o seu primeiro ministério na Judéia ao mesmo tempo que João Batista (Jo 3.22-24). enquanto nos Sinóticos Jesus começa o seu minis­tério na Galiléia. Contudo. ao dizer que um ministério na Galiléia começa só depois que João Batista é preso. Marcos não está negando que houve um ministério ante­rior na Judéia; esse ministério simplesmente não faz parte de sua narrativa. •1.15 O tempo está cumprido. Os tempos passados. especialmente os atos de salvação de Deus em favor de seu povo Israel. atingiram seu clímax no atual tempo de salvação, através de Jesus. o reino de Deus está próximo. O reino de Deus é aquele estado final de acon­tecimentos onde o supremo reinado de Deus é plenamente reconhecido sobre o universo transformado. e nos corações do seu povo redimido e glorificado. Este reino "está próximo" no sentido de que a vinda de Jesus põe em movimento tudo aquilo que contribui para a sua realização. Deus exige arrependimento e crença como respostas a estas novas. Ver nota no v. 4. •1.16 mar da Galiléia. É um lago interior de aproximadamente 21 km de com­primento por treze de largura. É conhecido no Novo Testamento como Lago de Genesaré (Lc 5.1) ou mar de Tiberíades (Jo 5.1). •1.17 Vinde após mim ... pescadores de homens. Marcos, imediatamente. mostra Jesus chamando discípulos para segui-lo e chamarem outros para ele. Este primeiro ministério estabelecido na Igreja nascente tem como seu objetivo principal buscar os perdidos. Esta ênfase sobre a evangelização foi bem percebida por Paulo, que disse "Ai de mim se não pregar o evangelho" (1 Co 9.16) •1.19 Tiago ... João. Note-se que Jesus não recruta seus apóstolos e "pesca­dores de homens" dentre os da cúpula religiosa, mas dentre as pessoas simples. de atividades comuns. •1.20 empregados. Este pormenor sugere um pequeno e próspero negócio. •1.22 como quem tem autoridade. O ensino de Jesus é diferente do ensino dos escribas, porque está ligado à sua pessoa 12.10) e à sua interpretação das Escrituras 112 35-40) Seu conteúdo é novo, anunciando a vinda do reino (v. 15) e a derrota de Satanás (v 27) •1.24 Que temos nós contigo. Esta expressão distancia a pessoa que fala da­quela a quem se dirige. Ocorre em outro lugar no Novo Testamento (Jo 2.4). Nazareno, Nazaré ficava ao ocidente do mar da Galiléia e era a cidade natal de Jesus. Santo de Deus. Jesus é descrito deste modo só neste incidente (Lc 4.34). Os demônios tremem na presença da santidade divina. •1.25 Cala-te. Esta forte expressão dá ênfase ao poder de Jesus para estabele­cer o seu reino em face da presença do mal.

1149 MARCOS 1, 2

fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizi­nhança da Galiléia.

A cura da sogra de Pedro 29 1E, saindo eles da sinagoga, foram, com Tiago e João, di­

retamente para a casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a respeito dela. 31 Então, aproximando-se, tomou-a pela mão; e a febre a deixou, passando ela a servi-los.

Muitas outras curas 32 mA tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os en­

fermos e endemoninhados. 33 Toda a cidade estava reunida à porta. 34 E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfer­midades; também nexpeliu muitos demônios, ºnão lhes per­mitindo que falassem, porque sabiam quem ele era.

Jesus se retira para orar 35 PTendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um

lugar deserto e ali q orava. 36 Procuravam-no diligentemente Simão e os que com ele estavam. 37Tendo-o encontrado, lhe disseram: 'Todos 5 te buscam. 38 Jesus, porém, lhes disse: 1Va­mos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois ªpara isso é que eu vim. 39 vEntão, foi por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e xexpe­lindo os demônios.

Se quiseres, podes purificar-me. 41 Jesus, profundamente ªcompadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo! 42 bNo mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo. 43 Fazendo-lhe, então, veemente advertência, logo o despediu 44 e lhe disse: Oiha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação co que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo. 45 d Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas coisas e a divulgar a noticia, a ponto de não mais poder Jesus entrar publicamente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em lugares ermos; •e de toda parte vinham ter com ele.

A cura de um paralítico em Cajamaum

2 Dias depois, ªentrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. 2 / Muitos afluíram

para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra. 3 Alguns foram ter com ele, conduzindo um bparalítico, levado por quatro homens. 4 E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, des­cobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele es­tava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jaiia o doente. s Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados. 6 Mas alguns dos escribas es­tavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: 7 Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! couem pode per­doar pecados, senão um, que é Deus? 8 E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arraioavam, disse-lhes:

A cura de um leproso Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? 40 z Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joeihos: 9 d Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os

• 29 ILc 4.38-39 32 mMt 8.16-17 34 nMt 9.33; Lc 13.32 ºMe 3.12; Lc 4.41; At 16.17-18 35 Plc 4.42-43 QMt 26.39,44; Me 6.46; Lc 5.16; 6.12; 9.28-29; Hb 5.7 37 r Mt 4.25; Jo 3.26; 12.19 s [Hb 11.6] 38 t Lc 4.43 u [Is 61.1-2; Me 10.45; Jo 16.28; 17.4,8] 39 v SI 22.22; Mt 4.23; 9.35; Me 1.21; 3.1; Lc 4.44 x Me 5.8, 13; 7.29-30 40 ZMt 8.2-4; Lc 5.12-14 41 ª Lc 7.13 42 b Mt 15.28; Me 5.29 44Clv14.1-32 45 dMt 28.15; Lc 5.15 e Me 2.2,13; 3.7; Lc 5.17; Jo 6.2 CAPITULO 2 1 a Mt 9.1 2 1 Cf. NU; TR e M acrescentam imediatamente; NU omite 3 b Mt 4.24; 8.6; At 8.7; 9.33 7 e Jó 14.4; Is 43.25; Dn 9.9 9 dMt 9.5

•1.29 Tiago e João. Ver v. 19. •1.30 A sogra de Simão. Pedro era casado (ver também 1 Co 9.5). mostrando que o casamento é normal entre os líderes cristãos. Ao mesmo tempo, o celibato permanece como uma possibilidade legítima (Mt 19.12; 1Co 7.7-8,32). •1.32 ao cair do sol. Jesus já tinha curado no dia de sábado (v. 25). Nesta oca­sião, o povo esperava ainda o pôr-do-sol, quando o sábado terminava, para levar seus doentes a Jesus. •1.34 muitos demônios. A quantidade de possessão demoníaca na população judaica da Galiléia (v. 32, nota) é surpreendente, ainda que a influência pagã ou gentílica, na Galiléia, não deva ser esquecida. não lhes permitindo que falassem. Este é o primeiro exemplo daquilo que tem sido chamado o "segredo Messiânico" (v. 43; 3.12; 4.10-11; 5.19; 8.30; 9.9). A revelação de Jesus como o Messias tinha de começar discretamente e avançar por estágios, de modo que o plano de Deus, para a morte de seu servo, não fosse comprometido por qualquer excesso de entusiasmo popular. •1.35 lugar deserto. Lit., "lugar desabitado", onde Jesus trava sua luta espiritu­al (v. 12; cf. v. 3) e que é também, como o antigo Israel, um tipo da presente cami­nhada cristã (1Co 10.1-11; Hb 13.12-13). •1.38 para isso é que eu vim. Jesus ~firma seu programa de pregação evan­gelística com firme clareza. Em Lc 19.1 O, ele diz: "porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido". E assim ele se move, percorrendo a Galiléia várias ve­zes (v. 39; 6.6; Lc 8.1 ). •1.40 um leproso. Sob a lei mosaica, certas doenças de pele tornavam a pes­soa cerimonialmente impura, excluindo-a do convívio da sociedade (Lv 13.46). •1.43 veemente advertência. Ver nota no v. 34. O verbo grego expressa pro­funda emoção, como no caso de Jesus diante do túmulo de Lázaro (Jo 11.33,38).

•1.44 servir de testemunho. Jesus respeita a lei mosaica como o grande sumo sacerdote de outra linhagem (Hb 7.11-8.13). mas não está preso e nem limitado por ela. Ainda que tocar um leproso fosse uma violação às leis da pureza ritual (Lv 5.3). Jesus o tocou quando o curou.

•1.45 entrou a propalar muitas coisas. Este não é o tempo para a proclama­ção desenfreada (v. 34, nota), ainda que devesse chegar o tempo, na história da redenção (depois da ressurreição). quando a pregação aberta seria adequada (Mt 10.27; Lc 12 2-3). •2.1 casa. Jesus era de Nazaré, cerca de 32 km de distância, e a casa de Simão Pedro (1.29) podia estar servindo como morada em Cafarnaum, uma cidade mais centralmente localizada e com direto acesso ao mar da Galiléia.

•2.4 descobriram o eirado. As casas tinham o teto plano feito de ramos e bar­ro seco, sustentado por vigas de madeira. •2.5 os teus pecados estão perdoados. A resposta de Jesus é extraordiná­ria por duas razões: primeiro, o homem tinha vindo em busca de cura física, mas Jesus lhe fala a respeito da doença mais profunda do pecado. da qual geral­mente a doença física é conseqüência, e a respeito da cura radical do perdão, da qual esta cura física específica era um sinal. Segundo, Jesus reivindica para si o poder de perdoar pecados que, em toda a Bíblia, é atribuído só a Deus (Êx 34.7; Is 1.18). Os mestres da lei, imediatamente, acusaram a Jesus de "blasfê­mias" (v. 7; 3.29, nota). no que estariam certos se Jesus fosse um mero ho­mem.

•2.9 Oual é mais fácil. Jesus pede aos escribas que reconsiderem o seu julga­mento à luz do seu poder de curar (cf. Jo 5.36; 10.25,38). poder que, em última análise. é poder divino (SI 41.1; Jr 3.22; Os 14.4).

MARCOS 2 1150

teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? to Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra 2 autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: 11 Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. 12 Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o Jeito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem to­dos e e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!

A vocação de Levi 13/De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multi­

dão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava. 14 gOuando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: hSegue-me! Ele se levantou e io seguiu.

Jesus come com pecadores

Do jejum 18 Ora, mos discípulos de João e os fariseus estavam je­

juando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? 19 Respondeu-lhes Jesus: Podem, por­ventura, jejuar os 5 convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presen­te o noivo, não podem jejuar. 20 Dias virão, contudo, em que lhes será ntirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. 21 Nin­guém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotu­ra. 22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrá­rio, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.

15 i Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam jun- Jesus é senhor do sábado tamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e 23 ºOra, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as pecadores; porque estes eram em grande número e também searas, e os discípulos, ao passarem, Pcolhiam espigas. o seguiam. 16 Os escribas 3dos fariseus, vendo-o comer em 24 Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que qnão é companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos dis- lícito aos sábados? 25 Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes 'o cípulos dele: Por que come [e bebe] ele com os publicanos e que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele pecadores? 17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: 10s e os seus companheiros? 26 Como entrou na Casa de Deus, sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim cha- no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da pro­mar justos, e sim pecadores.4 posição, 5 os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e

• 10 ;P~~~r -- 12~~t1531:-[F~--;-11 13fMt ~~ ~~Mt 99-13; Lc-;-27~32 hMt 4 19: 822; 1921, ~-;43; ~226; 21 2;'Lc 1~2~---~ 15 i Mt 9.10 16 3 Cf. NU; TA e Me; NU omite 171Mt912-13; 18.11; Lc 5.31-32; 19.10 4 Cf. NU; TA e M acrescentam para arrependimento, NU omite )B mMt 9.14-17; Lc 5.33-38 19 5Ljt.filhos do quarto nupcial 20 nAt 1.9; 13.2-3; 14.23 23ªMt12.1-8; Lc6.1-5PDt23.25 24QEx20.10;3115 25'1Sm21.1-6 26Slv245-9

•2.10 Filho do Homem. Jesus empregou esta frase regularmente para designar­se a si mesmo, associando-se, no seu ministério, com o "filho do Homem" celes­tial, de Dn 7.13-14 (v 28; 8.31; 9.31; 10.33,45; 13.26). Ver nota em Mt 820. •2.14 Levi. filho de AHeu. Na narrativa paralela de Mt 9.9-13, esta pessoa é chamada Mateus. Uma vez que Mateus aparece na lista de apóstolos de Marcos (3.18) - e não há menção de Levi - parece-nos que Levi tinha por sobrenome Mateus e era por esse nome que foi mais conhecido na Igreja Primitiva. coletoria. As cabinas de coletor ficavam nas estradas, pontes e canais para cobrar tributos e à beira dos lagos para impostos sobre o pescado. Ver nota em Lc 3.12. Ele se levantou. A exigência radical do chamado de Jesus e a incondicional obe­diência daquele que ouve são mostradas de maneira relevante ao leitor. •2.15 estavam juntamente com ele. O contato com os pecadores faria de Je­sus também um pecador, uma vez que os regulamentos rabínicos proibiam espe­cificamente uma tal comunhão à mesa. Por outro lado, os "pecadores" veriam nisto um gesto de amizade e aceitação 114 20, nota) pecadores. Um termo de desdém usado pelos fariseus para todos os judeus que não seguiam suas tradições de pureza legal. •2.16 fariseus. Descendentes teológicos dos Hasidim - um movimento de de­voção, cultura e lealdade à lei de Moisés do século li a.C., contra a influência gre­ga pagã. Nos tempos de Jesus, a estrita observância da lei - especialmente a pureza ritual - era regulada por um conjunto de ensinos éticos conhecidos como "a tradição dos anciãos" (7.3). desenvolvidos pelos rabinos como uma aplicação da lei a situações específicas A dificuldade de conhecimento desta tradição e to­das suas muitas interpretações sutis, criaram uma lacuna social e religiosa entre uma elite hipócrita - "os 1ustos" - e a população geral, os "pecadores". •2.17 respondeu-lhes ... não vim chamar. Notemos a enfática declaração de

prioridade da sua missão (cf. 1.38). Nas palavras de Jesus, há tanto verdade quanto ironia severa. Os publicanos (coletores de impostos). as prostitutas e ou­tros semelhantes são espiritualmente "doentes", mas Jesus não pretende que os fariseus pensem em si mesmos como "sãos" (cf. Lc 18.9-14). Jesus põe abaixo as categorias artificiais de toda religião legalista, baseada na justiça própria. Como o Antigo Testamento (SI 14.1-3), Jesus ensina que todos são pecadores (71-8) e que a justiça é o primeiro e mais importante dom de Deus para os peca­dores arrependidos (SI 51.1-18; Lc 19.9; Rm 3.22)

•2.18 jejuando. A lei Mosaica exigia só um jejum por ano, no Dia da Expiação (Lv 16.29-31; cf. At 27.9, que o chama de "Dia do Jejum"). Não obstante, como um sinal de contrição e penitência e associado à oração, o jejum era uma parte da piedade, no Antigo Testamento, desde o tempo dos juízes (Jz 20.26; 1 As 21.27) e, muitas vezes, tornava-se um ritual vazio (Is 58.3). Os fariseus e seus seguido­res, aparentemente, jejuavam duas vezes por semana (Lc 18.12). Uma vez que a mensagem de João Batista centrava-se no arrependimento (Mt 3.11). o jejum era apropriado para os discípulos dele. Jesus, porém, cuja própria mensagem in­cluía o arrependimento, não insistiu sobre o jejum. •2. 19 Respondeu-lhes Jesus. A razão oferecida por Jesus destaca-o de tudo aquilo que era antes, porque o "noivo"" agora chegou e o "novo" (vs. 21-22) está presente. Ao comparar-se com o "noivo", Jesus afrrma a presença do reino como um tempo de celebração, como as bodas. Jesus come e bebe com publicanos e pecadores, trazendo alegria e salvação a eles (Lc 19 6,9). •2.20 jejuarão. Para Jesus a presente celebração é provisória (v. 19), pois ele tem que sofrer e morrer, e "lhes será tirado o noivo" (ver f\t 13.2; 1413).

•2.21-22 As figuras da veste nova e dos odres velhos continuam a dar ênfase à nova situação criada pela vinda do reino e de seu Rei, e procuram mostrar, através desses símbolos da ação insensata, a impropriedade do jejum nesta nova s·1tuação. •2.23 dia de sábado. O problema com o raciocínio legalista de certos fariseus é ilustrado neste incidente. Os discípulos não estavam furtando nem trabalhando no campo (Ot 23.25). Seus acusadores consideraram mesmo o "'colher espigas" (para alimentar-se) como ceifa, o que era proibido pela lei no dia de sábado (Êx 34.21) •2.25 ele lhes respondeu: Nunca lestes. A pergunta de Jesus sugere uma crítica irônica ao conhecimento que os fariseus tinham das Escrituras (Jo 3.1 O; 5.39,47). Jesus não se justifica deixando as Escrituras de lado, mas revela conhe­cer sua profundidade e sua adequada aplicação às necessidades humanas. Davi. Executando uma missão divina (1 Sm 21.5) como ungido do Senhor, Davi comeu o pão consagrado, normalmente reservado aos sacerdotes. Cristo, como Filho de Davi, permite a seus discípulos satisfazerem suas necessidades físicas, de modo a poderem continuar sua missão de redenção, uma obra que é sempre lícita realizar.

•2.26 Abiatar. De acordo com 1 Sm 21.1-6, foi Aimeleque. pai de Abiatar, que deu

1151 MARCOS 2, 3

deu também aos que estavam com ele? 27 E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do 1sábado; 28 de sorte que "o Filho do Homem é senhor também do sábado.

O homem da mão ressequida

3 De novo, ªentrou Jesus na sinagoga e estava ali um ho­mem que tinha ressequida uma das mãos. 2 E bestavam

observando a Jesus para ver se o e curaria em dia de sábado, a fim de 1 o acusarem. 3 E disse Jesus ao homem da mão resse­quida: 2Vem para o meio! 4 Então, lhes perguntou: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá­la? Mas eles ficaram em silêncio. 5 Olhando-os ao redor, in­dignado e condoído com da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaura­da. 3 6 e Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com / os herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida.

jesus se retira. A cura de muitos à beira-mar 7 Retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do

mendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto um barquinho, por causa da multidão, a fim de não o compri­mirem. 10 Pois curava 'a muitos, de modo que todos os que padeciam de qualquer enfermidade se arrojavam a ele para io

tocar. 11 1Também os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e exclamavam: mTu és o Filho de Deus! 12 Mas nJesus lhes advertia severamente que o não ex­pusessem à publicidade.

A escolha dos doze apóstolos. Os seus nomes 13 ºDepois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo

quis, e vieram para junto dele. 14 Então, designou doze 4 para estarem com ele e para os enviar a pregar 15 e a exercer a 5 au­toridade 6de expelir demônios. 16 7Eis os doze que designou: PSimão, a quem acrescentou o nome de Pedro; 17Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boa­nerges, que quer dizer: filhos do trovão; 18 André, Filipe, Bar­tolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Zelote, 19 e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu.

mar. Seguia-o da Galiléia uma grande multidão. gTambém da A blasfêmia dos escribas Judéia, B de Jerusalém, da Iduméia, dalém do Jordão e dos ar- 20 Então, ele foi para casa. Não obstante, a multidão redores de Tiro e de Sidom uma grande multidão, sabendo afluiu de novo, qde tal modo que nem podiam comer. 21 E, hquantas coisas Jesus fazia, veio ter com ele. 9 Então, reco- quando 'os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o

e~2;1Dt5~- 28UMt128--~-~~~--~ --~- ~~-~- - ~-~-~ ~-~- ~ ~~-~~~ CAPÍTULO 3 1 ªLc 6.6-11 2 bLc 14.1; 20.20 cLc 13.14 ltrazeremacusaç6es contra ele 3 2Lit.Levanta para o meio 5 dZc 7.12 3Cf. NU; TR e M acrescentam são como a outra, NU omite 6 e Me 12.13 /Mt 22.16 7 8Lc 6.17 8 h Me 5.19 10 iLc 7.21iMt9.21; 14.36 11 ILc 4.41 mMt 8.29; 14.33 12 n Me 1.25.34 13 o Lc 9.1 14 4NU acrescenta a quem ele também chamou apóstolos 15 5 poder 6 Cf. NU; TR e M acrescentam para curar enfermidades e, NU omite 16 P Jo 1.42 1 Cf. NU; TR e M omitem Eis os doze que designou 20 qMc 6.31 21'Me6.3

a Davi pão consagrado. Contudo, Abiatar certamente estava vivo e, talvez. pre­sente quando ocorreu o incidente referido. Portanto. "no tempo do sumo sacerdo­te Abiatar" é frase rigorosamente certa. É provável que Jesus tenha referido a Abiatar porque ele era bem conhecido como um dos principais defensores de Davi.

•2.28 senhor ... do sábado. Outra vez (cf. v. 1 O) Jesus declara sua autoridade como Filho do Homem que traz bênçãos, esta vez como Mediador da lei do Anti­go Testamento referente ao sábado. Esta reivindicação é feita contra tradiçõ~s que tinham tornado em peso o quarto mandamento que é estimulador da vida (Ex 20.8-11) Desde que o sábado foi instituído na criação e não apenas sob Moisés, o senhor do sábado é também Senhor da criação.

•3.1 ressequida uma das mãos. Esta não era uma doença de vida ou morte, cuja cura era permitida no dia de sábado, segundo as regras dos fariseus (v. 4, nota). A ação de Jesus pareceria uma provocação deliberada tanto quanto um ato de misericórdia.

•3.2 estavam observando a Jesus. Os fariseus (v. 6) fizeram da ação de Je­sus uma prova, como evidentemente Jesus queria que eles fizessem.

•3.4 É lícito. Jesus antecipa a crítica deles. reiterando o ensino a respeito dosá­bado, ensino que ele começou em 2.25-28. Os fariseus sustentavam que só a ajuda essencial ao doente era lícita no sábado. Jesus mostra que a interpretação deles era contra o espírito do mandamento. que existia para promover o "bem" (2.27). O bem que Jesus faz, trazendo a redenção, é exigido -e não proibido­pela lei divina.

•3.6 herodianos. Um grupo político. não religioso. que apoiava a dinastia de He­rodes. Apoiavam a aliança com Roma e dependiam dela. Ao colaborarem com os herodianos, os fariseus tinham se afastado para bem longe do ideal do Antigo Testamento para o povo de Deus (cf. Dt 17.15). Para mais informações sobre essa conspiração, ver Me 8.15; 12.13.

•3.8 grande multidão. A frase é repetida duas vezes (vs 8-9). O ministério pú­blico de Jesus, apesar da oposição da elite governante, (v. 6). está se tornando um movimento de massa. Jesus é tão pressionado pela multidão que precisa re-

fugiar-se num pequeno barco (v 9). O povo, de toda parte, vem à Galiléia para ouvir a Jesus.

•3.11 quando o viam. Ainda que as multidões sejam constituídas de judeus (cf. 7.26-29). Jesus está se defrontando constantemente com pessoas possuídas por espíritos malignos. Na presença de Jesus, a verdadeira natureza do combate torna-se evidente (Ef 6.12). Os demônios são desmascarados e revelam a verda­deira identidade de Jesus, o Filho de Deus (1.1, 1539. notas).

•3.12 advertia severamente. Ver 1.34,43.

•3.13 os que ele mesmo quis. Marcos dá ênfase ao fato de que a escolha dos apóstolos tem origem no determinado propósito de Jesus.

•3.14 designou doze. Num tal contexto, a significação do número "doze" dificil­mente pode passar despercebida. Jesus estava estabelecendo a constituição do novo Israel (Mt 19 28). Ver "Os Apóstolos", em At 1.26.

para estarem com ele. Um sinal que aponta para a singularidade dos "doze" é o tempo que eles passam com o Jesus terreno, um tempo de preparação.

pregar. Outra vez (1.14, 17) é prioridade da missão a pregação, juntamente com o exorcismo. O tempo de preparação tem um ênfase marcantemente prática.

•3.18 Tadeu. Marcos e Mt 10.2-4 listam nomes idênticos para os doze. A lista paralela de Lc 6.12-16 (cf. At 1.13) tinha "Judas" ao invés de "Tadeu" Uma pos­sível explicação desta diferença é que Tadeu pode ter tido um segundo nome, Judas.

Zelote. Ver nota em Mt 10.4.

•3.19 lscariotes. Alguns crêem que Judas era um revolucionário político, por­que "lscariotes" pode ter sido uma derivação do latim sicarius, "assassinos" Mais provavelmente, no entanto, a palavra deve ter uma origem semítica -ish. que significa "homem (de)" e Queriote. uma cidade, em Israel, perto de Hebrom (Js 15.25).

•3.21 parentes de Jesus. Alguns intérpretes identificam estes como a família de Jesus; outros propõem companheiros ou amigos. Contudo, o grupo está pos­sivelmente identificado no v. 31, como "seus irmãos e sua mãe"

l

MARCOS 3 1152

O PECADO IMPERDOÁVEL Mc3.29

A solene advertência de Jesus a respeito de um pecado que nãO será perdoado, nem neste mundo nem no vindouro, é re­gistrada pelos três Evangelhos Sinóticos (Mt 12.31-32; Me 3.28-30; lc 12.1 O). Especificamente, esse pecado é a "blasfêmia contra o Espírito Santo". Essa blasfêmia é um ato consumado pela palavra, entendida como L!fll'&>fPressão dos penn~os do coração (Mt 12.33-37; cf. Rm 10.9-10). No contexto específico, os opositores de Jesus estavam dizendo que o.Poder que estava operando boas obras entre eles não era Deus, mas o diabo. Jesus faz distinção entre essa blasfêmia e outros pecados, tanto pecados da língua como outros pecados em geral. Como a Bíblia ensina, Deus perdoou pecados de incesto, assassi­natos, mentira e, mesmo, os pecados de Paulo como perseguidor da Igreja, pecados que Paulo cometeu quando respirava "ameaças e morte contra os discípulos do Senhor" (At 9.1 ).

O que toma diferente dos outros o pecado imperdoável é a sua relação com o Espírito Santo. A obra do Espirita Santo é ilu­minar a mente dos pecadores (Ef 1.17-18), revelar e ensinar o evangelho (Jo 14.26), persuadir as almas a arrepender-se e a crer na verdade (cf. At 7.51 ). O Espírito não só explica a Palavra de Deus, mas também abre a mente do modo que ela possa ser entendida (2Co 3.16-17). Quando a influência do Espírito é deliberada e conscientemente recusada, em oposição à luz, en­tão o pecado irreversível pode ser cometido como um ato voluntário e deliberado de malícia. Em resposta a essa atitude, há um endurecimento do coração, vindo da parte de Deus, que impede o arrependimento e a fé (Hb 3.12-13). Nesse caso, Deus permite que a decisão da vontade humana seja permanente. Deus não faz isto levianamente e sem causa, mas em resposta a um ultraje cometido contra seu amor.

Uma pessoa que quer arrepender-se, isto é, que quer desfazer-se dos pecados que tenha cometido, não sofreu esse endu­recimento e não cometeu o profundo ato de ódio que Deus determinou não será perdoado. Qualquer pessoa que nasceu de novo não cometerá esse pecado, porque o Espírito vive nela e Deus não está dividido contra si mesmo (1Jo 3.9).

Os outros versículos que tratam do pecado imperdoável são Hb 6.4-6; 10.26-29; 1 Jo 5.16-17. Esses versículos mostram que a possibilidade de esse pecado ser cometido depende de ter havido iluminação e entendimento específicos da parte de Deus e que isso não é matéria comum de todo dia. Jesus disse que todos os "pecados" e "blasfêmias" serão perdoados, ex­ceto esse um pecado.

prender; 5 porque diziam: Está fora de si. 22 Os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: 1Ele está possesso de Belzebu. E: É pelo "maioral dos demônios que expele os de­mônios. 23 vEntão, convocando-os Jesus, lhes disse, por

rito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno. 30 Isto, porque ªdiziam: Está possesso de um espírito imundo.

meio de parábolas: Como pode Satanás expelir a Satanás? Afamília de jesus 24 Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino 31 bNisto, chegaram sua mãe e seus irmãos e, tendo fica­não pode subsistir; 25 se uma casa estiver dividida contra si do do lado de fora, mandaram chamá-lo. 32 Muita gente es­mesma, tal casa não poderá subsistir. 26 Se, pois, Satanás se tava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, levantou contra si mesmo e está dividido, não pode subsis- teus irmãos 8e irmãs estão lá fora à tua procura. 33 Então, tir, mas perece. 27 xNinguém pode entrar na casa do valente ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus ir­para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então mãos? 34 E, correndo o olhar pelos que estavam assentados lhe saqueará a casa. 28 zEm verdade vos digo que tudo será ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. 35 Portanto, perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias qualquer que fizer ca vontade de Deus, esse é meu irmão, que proferirem. 29 Mas aquele que blasfemar contra o Espf- irmã e mãe .

• SJo?.5;10.20 221Mt9.34;10.25U[Jo12.31;14.30;16.11] 23VMt12.25-29 27X[ls49.24-25] 28Zlc12.10 30•Mt9.34 31 b Mt 12.46-50 32 8 Cf. NU e M; TR omite e (tuas) irmãs 35 e Ef 6.6

Está fora de si. A frase expressa uma atitude de descrença para com Jesus da parte daqueles que, humanamente, estavam mais próximos dele.

•3.22 Belzebu. O termo grego beelzeboul, o deus de Ecrom (2Rs 1.2; Mt 10.25, nota). Os fariseus usam esta palavra como um nome para Satanás e acusam Je­sus de expulsar demônios pelo poder de Satanás.

•3.23-27 parábolas. Ver nota em 4.2. Esta parábola ilustra a declaração de Jesus de que o reino 1á chegou (Mt 12.28), porque um mais forte do que o "va­lente" está presente e é capaz de amarrar Satanás e livrar o povo de seus domí­nios.

•3.29 bl,!lsfemar contra o Espírito Santo. Para várias formas de blasfêmias, ver 2.7; Ex 22.28; Lv 24.10-16; Ez 35.12-13; Jo 10.33-36; At 6.11. A blasfêmia imperdoável especificada aqui é o ato de associar, deliberadamente, o poder e a obra de Jesus - que está cheio do Espírito Santo - com a obra de Satanás. Isto é identificar o bem espiritual supremo com o mal espiritual supremo, endurecen-

do o coração de maneira a tornar o arrependimento - e, portanto. o perdão -impossíveis. Ver nota teológica "O Pecado Imperdoável". •3.31 mãe ... irmãos. Ver v. 21 e nota. Os estudiosos Católicos Romanos. para quem a virgindade eterna de Maria é um dogma, sustentam que "irmãos" pode referir-se a relacionamentos mais amplos de família, apontando para Gn 13.8; 14.16; Lv 10.4; 1 Cr 23.22. Contudo, em Marcos, o termo parece ser sempre usa­do para significar irmãos de sangue dos mesmos pais. Mt 1.25 indica que Maria e José começaram a ter relações conjugais normais, depois do nascimento de Je­sus, acrescentando um sentido adicional à designação de Lc 2.7, onde Jesus é chamado o "primogênito" de Maria. •3.35 qualquer que fizer a vontade de Deus. A chegada do reino de Deus muda os relacionamentos humanos. Os que se opõem ao seu progresso - quer sejam mães ou irmãos - devem ser deixados; os que estão no reino se tomam nossos amigos mais íntimos. mais próximos e mais queridos que quaisquer ou­tros.

1153 MARCOS 4

A parábola do semeador

4 ªVoltou Jesus a ensinar à beira-mar. E reuniu-se numero­sa multidão a ele, de modo que entrou num barco, onde

se assentou, afastando-se da praia. E todo o povo estava à beira­mar, na praia. 2 Assim, lhes ensinava muitas coisas por pará­bolas, no decorrer do seu bdoutrinamento. 3 Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. 4 E, ao semear, uma parte caiu à bei­ra do caminho, e vieram as aves / e a comeram. 5 Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. 6 Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. 7 Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto. 8 Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto, que vin­gou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um. 9 E acrescentou:2 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

A explicação da parábola to couando Jesus ficou só, os que estavam junto dele com

os doze o interrogaram a respeito das parábolas. 11 Ele lhes res­pondeu: A vós outros vos é dado d conhecer o 3 mistério do rei­no de Deus; mas, eaos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas, 12 para que, !vendo, vejam e não percebam; e, ou­vindo, ouçam e não entendam; para que não venham a con­verter-se, e haja perdão para eles. 13 Então, lhes perguntou: Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas? 14 gO semeador semeia a palavra. 15 São estes os da beira do caminho, onde a palavra é semeada; e, enquanto a ou­vem, logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles. 16 Seme­

lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da pala­vra, logo se escandalizam. 18 Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, 19mas hos cuidados do mundo, ; a fascinação da riqueza e as demais ambições, concor­rendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera. 200s que fo­ram semeados em boa terra são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, ifrutificando a trinta, a sessenta e a cem por um.

A parábola da candeia 21 1Também lhes disse: Vem, porventura, a candeia para

ser posta debaixo do alqueire ou da cama? Não vem, antes, para ser colocada no velador? 22 m Pois nada está oculto, se­não para ser manifesto; e nada se faz escondido, senão para ser revelado. 23 nse alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. 24 Então, lhes disse: Atentai no que ouvis. ºCom a medida com que tiverdes medido vos medirão também, e ainda se vos acrescentará. 25 PPois ao que tem se lhe dará; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.

A parábola da semente 26 Disse ainda: qO reino de Deus é assim como se um ho­

mem lançasse a semente à terra; 27 depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e rcres­cesse, não sabendo ele como. 28 A terra por si mesma 5 fruti­fica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. 29 E, quando o fruto já está maduro, logo 1se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.

lhantemente, são estes os semeados em solo rochoso, os quais, A parábola do grão de mostarda ouvindo a palavra, logo a recebem com alegria. 17 Mas eles não 30 Disse mais: "A que assemelharemos o reino de Deus? têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em Ou com que parábola o apresentaremos? 31 É como um grão

• ~~~ÍTULO--; -;-ª ~ 8.4-1O-2 ~e; ;; 4 1 c;-N~ M~~R ~re~~n~do céu, ~U ~~ omit~ ~ 2 a ~-C-e M; TR acr~scenta para eles; NU e M omitem 10 CMt 13.10; Lc 8.9 11 d[Mt 11 25; 1 Co 2 10-16; 2Co 4.6] e [1 Co 5.12-13; CI 4.5; 1Ts 4.12; 1Tm 3.7] 3verdades secretas ou ocultas 12/ls 6.9-10; 43.8; Jr 5.21; Ez 12.2; Mt 13.14; Lc 8.10; Jo 12.40; Rm 11.8 14gMt13.18-23; Lc 8.11-15 19 h Lc 21.34 ipy 23.5; Ec 5.13; Lc 18.24; 1Tm 6.9-10, 17 20 i[Jo 152,5; Rm 7.4] 21 IMt 5.15; Lc 8.16; 11.33 22 mEc 12.14; Mt 10.26-27; Lc 12.3; [1 Co 4 5] 23 n Mt 11.15; 13 9,43; Me 4.9; Lc 8.8; 14.35; Ap 3.6, 13,22; 13.9 24 ° Mt 7.2; Lc 6.38; 2Co 9.6 25 PMt 13.12; 25.29; Lc8.18;19.26 26q[Mt1324-30,36-43];Lc8.1 27T[2Co3.18;2Pe3.18] 28 5 [Jo12.24] 29t[Mc13.30];Ap14.15 30UMt 12 31-32; Lc 13.18-19; [At 241; 4.4; 5.14; 19.20]

•4.2 parábolas. Ver Mt 13.3, nota.

•4.3-8 semeador a semear. Na Palestina do século I, o semear precedia o arar. Nos caminhos feitos pelos aldeães e nas áreas espinhosas, as sementes eram enterradas pelo arado. Lugares rochosos. cobertos por uma fina camada de terra, só se tomavam visíveis depois de arados. •4.9 Quem tem ouvidos. Ver também v. 23; Mt 11.15; 13.9,43; Lc 8.8; 14.35; Ap 2.7; cf. SI 115.6. Esta frase é uma chamada para ficar atento. •4.10 Quando Jesus ficou só. Jesus estava só com os seus discípulos, em particular com os doze (3.14, nota), dando-lhes instruções especiais. Este aspec­to do ministério terreno de Jesus está em todos os Evangelhos.

•4,11 mistério ... parábolas. Ver nota textual. O "mistério" se refere à revelação divina especial (Rm 16.25; Ef 1.9; 3.3,9), a noção do Antigo Testamento de que o profeta. pelo Espírito, está presente no conselho deliberativo de Deus. Aquilo q~e ele ouve torna-se sua mensagem autorizada, divinamente inspirada para o povo (Ex 24. 15-18; Dt 33.2; 1Fls 22 19; Is 6.1-13; Jr23.18; Am 3.7). Tal revelação se cumpre plenamente no evangelho, que Paulo, mais tarde, chamará o "mistério de Cristo" (Ef 3.4; CI 4.3) ou "o mistério do evangelho" (Ef 6.19). Aqui, o mistério do reino é que o reino vem com Jesus, porque ele é o Rei. Esse "mistério" revelado aos discípulos é contrastado com "parábolas" contadas "aos de fora". Para "os de fora", a parábola é um enigma (contrastar Jo 16.29), obscurecendo o seu entendimento, como as Escrituras tinham profetizado (v. 12, citando Is 6 9-10). Para "os de fora", Jesus per­manece um enigma provocativo, como será através de todo o seu ministério.

•4.13 todas as parábolas. Esta explicação a respeito da função das parábolas aplica-se a todas as parábolas. Ver nota em Mt 13.13.

•4.14-20 O "mistério" da parábola não é o seu ensino moral a respeito da dureza dos corações humanos. O "mistério" está no paradoxo que a vinda do reino de Deus deve ser comparada com uma frágil semente. O Filho do Homem, que exer­ce toda autoridade na terra (2.11,27), aparece como Jesus de Nazaré. A vinda do reino não é igualmente visível a cada um, embora seja um reino de poder. Os que estão fora têm corações não receptivos. Para aqueles que têm ouvidos para ouvir, a parábola revela o "mistério" da redenção encoberto na pessoa e obra do próprio Cristo (1.34, nota)

•4.19 fascinação da riqueza. Cf. Ef 4.22.

•4.22 nada está oculto .•• senão para ser revelado. Durante o ministério ter­reno de Cristo, coisas estão encobertas; mas virá o dia, da ressurreição em dian­te, quando tudo será revelado (Mt 10.26-27; Lc 12.2-3).

•4.24 Com a medida com que tiverdes medido. A futura disseminação do mistério do reino será recompensada na medida direta da fidelidade da pessoa à esta obra.

•4.25 ao que tem se lhe dará. Este princípio é ilustrado nas parábolas dos ta­lentos (Mt 2514-30) e das minas (Lc 19.11-27).

•4.30-32. A parábola do grão de mostarda é outra vez relacionada com a presen­te manifestação do reino, na pessoa de Jesus.

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MARCOS 4, 5 1154

de mostarda, que, quando semeado, é a menor de todas as se­mentes sobre a terra; 32 mas, uma vez semeada, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças e deita grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra.

Por que jesus falou por parábolas 33 vE com muitas parábolas semelhantes lhes expunha a

palavra, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes. 34 E sem parábolas não lhes falava; tudo, porém, xexplicava em particular aos seus próprios discípulos.

Jesus acalma uma tempestade 35 zNaquele dia, sendo já tarde, disse-lhes Jesus: Passemos

para a outra margem. 36 E eles, despedindo a multidão, o le­varam assim como estava, no barco; e outros barcos o segui­am. 37 Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já es­tava a encher-se de água. 38 E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertaram e lhe disseram: ªMes­tre, bnão te importa que pereçamos? 39 E ele, despertando, e repreendeu o vento e disse ao mar: d Acalma-te, 4 emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança. 40 Então, lhes disse: Por que sois assim tímidos?! ecomo5 é que não tendes fé? 41 E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos ou­tros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?

A cura do endemoninhado geraseno

5 Entrementes, ªchegaram à outra margem do mar, à terra dos 1 gerasenos. 2 Ao desembarcar, logo veio dos sepul-

cros, ao seu encontro, um homem possesso de bespírito imundo, 3 o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com ca­deias alguém podia 2prendê-lo; 4porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias !oram quebra­das por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo. s Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras. ó Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou, 7 excla­mando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? cconjuro-te3 por Deus que não me atormen­tes! 8 Porque Jesus lhe dissera: dEspírito imundo, sai desse homem! 9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. to E rogou­lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país. 11 Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de epor­cos. 12 E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles. 13 4Je­sus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipi­tou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram. 14 Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cida­de e pelos campos.

Os gerasenos rejeitam a jesus Então, saiu o povo para ver o que sucedera. IS Indo ter com

Jesus, viram/o endemoninhado, o que tivera a legião, gassen­tado, hvestido, em perfeito juízo; e temeram. 16 Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhes o que acontecera ao ende· moninhado e acerca dos porcos. 17 E i entraram a rogar-lhe que

• 33 v Mt 13.34-35; [Jo 16.12] 34 x Lc 24.27.45 35 z Mt 8.18,23-27; Lc 8.22.25 38 a [Mt 23.8-1 O] b SI 44.23 39 e Me 9.25; Lc 4.39 d SI 65.7; 89.9; 93.4; 104.6-7; Mt 8.26; Lc 8.24 4 Lit. Fique qweto 40 e Mt 14.31-32; Lc 8.25 5NUAinda não tendes fé? CAPiTuLO 5 1 ªMt8.28-34; Lc 8.26-37 1 Cf. NU; TR e Mgadarenos 2 bMc 1.23; 7.25; [Ap 16.13-14] 3 2NU acrescenta mais 7 CMt 26.63; Me 1.24; At 19.133fu te exijo 8 d Me 1.25; 9.25; [At 16.18] 11 eLv 11.7-8; Dt 14.8; Lc 15.15-16 13 4NU Ele IS!Mt 4.24; 8.16; Me 1.32 glc 10.39 h [Is 61.10] 17 iMt 8.34; At 16.39

•4.32 avas do céu. Em Dn 4.21, a mesma metáfora se refere ao domínio mundi­al de Nabucodonosor. •4.33-34 Ver vs. 10-12. •4.35 a outra margem. De acordo com 3.7, Jesus está na Galiléia. A "outra margem" do lago é a região dos gadarenos, em Decápolis 15.1, nota). •4.37 grande temporal. O mar da Galiléia fica a cerca de 213 m abaixo do nível do mar, tem cerca de 21 km de comprimento por cerca de 13 km de largura. Na sua extremidade meridional, há um vale profundo cercado por rochas escarpa­das. O vento, afunilando-se através de colinas que o cercam e através deste vale, pode açoitar o lago, provocando repentinas e violentas tempestades. •4.38 donnindo. Jesus tinha estado ensinando o dia todo e, sem dúvida, estava exausto. Marcos, assim como João IJo 4.6; 11.35,38). dá ênfase à plena huma­nidade de Jesus. •4.39 Acalma-te, amudaca. Lit. "seja amordaçada". Jesus tem autoridade sobre a terra para perdoar pecados 12.10), é Senhor do sábado 12.28). tem au­toridade no seu ensino 11.22) e sobre os demônios 11.27) e agora demonstra sua autoridade sobre a natureza. O ato de acalmar a tempestade parece-se com o seu poder de exorcizar: há a expressão demoníaca de violência 11.26; 5.4, 13). a ordem para a natureza aquietar-se 11.25, nota) e a calma resultante 15.15). Jesus amarra "o valente" 13.23-27) e corrige com seu poder a criação fí­sica. •5.1 terra dos garasanos. Gerasa ficava a uns 48 km a sudeste do lago. Gadara estava cerca de 10 km ao sul do lago !Mt 8.28, nota), e ocorre em outros manus­critos gregos. Há também uma aldeia chamada Kersa, à margem oriental, com a mesma espécie de despenhadeiros e sepulcros descritos na história. Jesus entra em Decápolis, uma associação de dez cidades-estados gregas. antecipando a fu-

tura missão da Igreja aos gentios. O caráter gentílico da população se torna claro, uma vez que os judeus não criavam porcos, porque a lei mosaica os considerava animais imundos. •5.2 vaio dos sepulcros. Este homem endemoninhado estava afastado do seu contato humano normal, separado de sua aldeia e de sua família lv. 19). •5.3 nem ... alguém podia prendi-lo. Violência e força física incomum, que o levam a uma lenta autodestruição (v. 5; 9.22). parece freqüentemente caracteri­zar o endemoninhado lv. 13; 1.26; 9.18,20,22,26); porém, ante a força espiritual de Jesus, os demônios se acovardam e fogem. •5. 7 Que tenho au contigo. Ver 1.24. •5.9 Qual é o tau nome. Entendia-se que chamar pelo nome era ganhar poder sobre eles. Os demônios já tinham identificado a Jesus (v. 7; cl. 1.24-34\. mas. por meio desta pergunta, Jesus revela o seu poder superior. Legião. Jesus força o demônio a se desmascarar. Ele não é apenas um, mas mui­tos. Uma legião romana compunha-se de seis mil homens. •5.1 O E rogou-lha. O demônio acovarda-se diante de Jesus. mesmo invocando o nome de Deus como uma forma de proteção (v. 7). e reconhece que Jesus tem poder absoluto sobre ele. •5.13 Jesus o permitiu. Jesus permite que os demônios entrem nos porcos que, então. se precipitam despenhadeiro abaixo. Este exorcismo é uma demons­tração dramática do poder de Jesus sobre o mal (vs. 14, 16) e da presença do rei­no em seu ministério llc 11.20). Ver "Demônios", em Dt 32.17. •5.15 assentado. Em comparação com o seu violento comportamento anterior e com a recente destruição dos porcos, o homem "assentado, vestido, em perfei­to juízo" expressa com eloqüência a paz e a restauração vivificante, que provêem do poder de Jesus 14.39; 9.26-27).

1155 MARCOS 5, 6

se retirasse da terra deles. 18 Ao entrar Jesus no barco, isupli­cava-\he o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. 19 Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti. 20 Então, ele foi e começou 1 a proclamar em 5Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos m se admiravam.

O pedido de ]airo 21 nTendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu

para ele grande multidão; e ele estava junto do mar. 22 ºEis que se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo-o, prostrou-se a seus pés 23 e insistentemente lhe su­plicou: Minha filhinha está à morte; vem, Pimpõe as mãos so­bre ela, para que seja salva, e viverá. 24 Jesus foi com ele.

A cura de uma mulher eriferma Grande multidão o seguia, comprimindo-o. 25 Aconteceu que certa mulher, que, qhavia doze anos, vi­

nha sofrendo de uma hemorragia 26 e muito padecera à mão de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a pior, 27 tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, rtocou-lhe a veste. 28 Porque, dizia: Se eu

33 Então, a mulher, 1atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade. 34 E ele lhe disse: Filha, "a tua fé te salvou; vvai-te em paz e fica livre do teu mal.

A ressurreição da filha de ]airo 35 xFalava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do

chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre? 36 Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, 2 crê somente. 37 Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João. 38 Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o 7alvoroço, os que ªchoravam e os que pranteavam muito. 39 Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas bdorme. 40 E riam-se dele. crendo ele, porém, mandado sair a todos, to­mou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava. 41 Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! 42 Imediata­mente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos dsobremaneira admirados. 43 Mas eJesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que dessem de comer à menina.

apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. 29 E logo se lhe es- jesus prega em Nazaré. É rejeitado pelos seus tancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu Ó ªTendo Jesus partido dali, foi para a sua terra, e os seus ó flagelo. 30 Jesus, reconhecendo imediatamente que 5 dele discípulos o acompanharam. 2 Chegando o sábado, pas-saíra poder, virando-se no meio da multidão, perguntou: sou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, bse maravi-Quem me tocou nas vestes? 31 Responderam-lhe seus discí- lhavam, dizendo: coonde vêm a este estas coisas? Que pulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou? sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais ma-32 Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto. ravilhas por suas mãos? 3 Não é este o carpinteiro, filho de

·~8-~;;;38-39 20~~~ ;~I ~ 1-;mM~ ;;;~3;~Jo~2;7 ;-;t ~ 12; ~~~ s:i-;~~idad-:S -=; 1-:-M~~l~-Lc -;~O~~:~~ 9.18-26; Lc 8.41-56; At 13.15 23 P Mt 8.15; Me 6.5; 7.32; 8 23.25; 16.18; Lc 4.40; At 9.17; 28.8 25 q Lv 15.19,25; Mt 9.20 27 rMt 1435-36; Me 3.1 O; 6.56 29 6 sofrimento 30 s Lc 6.19; 8.46 33 l[SI 89 7] 34 u Mt 9.22; Me 10.52; At 14.9 v 1 Sm 1.17; 20.42; 2Rs 5.19; Lc 7.50; 8.48; At 1636; [Tg 216] 35 Xlc 8.49 36 z[Mc 9.23; Jo 11.40] 38 ªMe 16.10; At 9.39 ?tumulto 39bJo11.4,11 40 e At 9.40 42 d Me 1.27; 7.37 43 e [Mt 8.4; 12.16-19; 17 9]; Me 3.12 CAPÍTULO& lªMt13.54;Lc4.16 2bMt7.28CJo6.42

•5.19 Vai para tua casa. Este homem se torna o primeiro missionário gentio. Jesus geralmente exige silêncio ( 1.34, nota). porém neste caso ele permite a pre­paração para futura missão da Igreja a começar. Jesus. posteriormente. ordenará silêncio com relação a outra cura realizada em Decápolis, mas não obtém resulta­do 17 .31-37) •5.22 principais da sinagoga. Ainda que fosse um leigo, as responsabilidades de um chefe eram social e religiosamente importantes. incluindo não só a conser­vação do edifício. mas, também, a condução própria do serviço e a escolha das leituras da Torá •5.25 uma b~morragia. A condição da mulher era não só fisicamente debilitan­te. mas também a desqualificava tanto para o casamento (Lv 20.18) quanto para a vida religiosa em geral (Lv 15.25-33) •5.29 logo. Ver 1.1 O, nota. •5.30 Quem me tocou nas vestes. Um toque de fé é sentido por Jesus. mes­mo no meio de uma multidão numerosa. onde muitos o estavam tocando. A frase "que dele saíra poder" ocorre somente aqui. •5.32 olhava ao redor. Para uma mulher que tinha sido uma rejeitada social por muitos anos, a cura só se completa quando Jesus a identifica publicamente, elo­giando sua fé. declarando a todos que ela está curada (v. 34) e purificada. •5.37 Pedro ... Tiago e João. Jesus construiu ao redor dele uma hierarquia de intimidade. Há numerosos discípulos 1410). dos quais doze são designados após­tolos (3.13-19) e dentre os doze. alguns (Pedro, Tiago e João e. às vezes, André) desfrutam da mais plena intimidade de Jesus, mais notavelmente na Transfigura­ção 19 2-13) e no Getsêmani 11432-33).

•5.38 pranteavam. Nas culturas do Oriente Médio, prantear era uma expressão habitual de luto e. às vezes, apelava-se para pranteadores profissionais. •5.40 mandado sair a todos. Jesus não está interessado num grande espetá­culo de cura. Ao invés disso, ele está preocupado com o sofrimento da menina, com a fé que tinham os pais dela e com o objetivo último de sua missão (v. 43). •5.41 Talitá cumi. O aramaico era a língua popular falada na Palestina. Marcos dá a tradução para outros termos aramaicos 13.17; 7.11,34; 10.46; 14.36). de modo a tornar sua narrativa mais clara para os que não tinham familiaridade com essa língua. •5.43 ordenou-lhes expressamente. Ver notas no v. 19 e 134. •6.1 foi para a sua terra. Nazaré. cerca de 32 km a sudoeste de Cafarnaum e do mar da Galiléia. seus discípulos. Os Doze (v 7). •6.2 sábado. Ainda que fosse o Senhor do sábado (2.28), Jesus observa sema­nalmente o culto sabático 11 21; 31. Lc 4 16-30). se maravilhavam. Ver 1.22; 737; 10.26; 11.18. •6.3 carpinteiro. Poderia também significar "pedreiro" O trabalho de Jesus. antes de seu ministério. pode explicar o emprego de metáforas sobre constru­ções, especialmente ao descrever seu próprio ministério essencial (1458.15 29; Mt 7.24; 16.18; 21.33; Lc 12.18; 17 28) A observação con­cernente ao trabalho manual talvez não seia depreciativa como tal. pois espe­rava-se que todos os Rabis tivessem uma ocupação. Paulo fora educado como um Rabi e fazia tendas ou toldos (At 183; 22.3; 26.5; Fp 3.5-6) A acusação é

l

MARCOS 6 1156

Maria, dirmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs? E e escandalizavam-se nele. 4 Je­sus, porém, lhes disse: !Não há profeta sem honra, senão na sua terra, entre os seus parentes e na sua casa. 5 gNão pôde fa­zer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. 6 h Admirou-se da incredulidade de­les. ;Contudo, percorria as aldeias circunvizinhas, a ensinar.

As instruções para os doze 7 iChamou Jesus os doze e passou a enviá-los de 1dois a

dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. 8 Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro; 9 que mfos­sem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas. 10 n E recomendou-lhes: Quando entrardes nalguma casa, perma­necei ai até vos retirardes do lugar. 11 °Se 1 nalgum lugar não vos receberem nem vos ouvirem, ao sairdes dali, Psacudi o pó dos pés, em testemunho contra eles. 2 12 Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse; 13 expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, qungindo-os com óleo.

A morte de joão Batista 14 rchegou isto aos ouvidos do rei Herodes, porque o

nome de Jesus já se tornara notório; e alguns diziam: João Ba­tista ressuscitou dentre os mortos, e, por isso, 5 nele operam forças miraculosas. 15 10utros diziam: É Elias; ainda outros: É 3 profeta ucomo um dos profetas. 16 vHerodes, porém, ouvin­do isto, disse: É João, a quem eu mandei decapitar, que ressur­giu. 17 Porque o mesmo Herodes, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe (porquanto Herodes se casara com ela), mandara prender a João e atá-lo no cárcere. 18 Pois João lhe dizia: xNão te é lícito possuir a mulher de teu irmão.

19 E Herodias 4o odiava, querendo matá-lo, e não podia. 20 Porque Herodes ztemia a João, sabendo que era homem justo e santo, e o tinha em segurança. E, 5quando o ouvia, fi­cava perplexo, escutando-o de boa mente. 21 ªE, chegando um dia favorável, em que Herodes bno seu aniversário natalí­cio dera um banquete aos seus dignitários, aos oficiais milita­res e aos principais da Galiléia, 22 entrou a filha de Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos seus convivas. Então, dis­se o rei à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. 23 E jurou-lhe: cse pedires mesmo que seja a metade do meu rei­no, eu ta darei. 24 Saindo ela, perguntou a sua mãe: Que pedi­rei? Esta respondeu: A cabeça de João Batista. 25 No mesmo instante, voltando apressadamente para junto do rei, disse: Quero que, sem demora, me dês num prato a cabeça de João Batista. 26 dEntristeceu-se profundamente o rei; mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não lha quis negar. 27 E, enviando logo o executor, mandou que lhe trouxessem a cabeça de João. Ele foi, e o decapitou no cár­cere, 28 e, trazendo a cabeça num prato, a entregou à jovem, e esta, por sua vez, a sua mãe. 29 Os discípulos de João, logo que souberam disto, vieram, elevaram-lhe o corpo e o deposi­taram no túmulo.

A primeira multiplicação de pães e peixes 30fVoltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relata­

ram tudo quanto haviam feito e ensinado. 31 8E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; por­que eles não tinham tempo nem para comer, visto nserem nu­merosos os que iam e vinham. 32 ;Então, foram sós no barco para um lugar solitário. 33 6 Muitos, porém, os viram partir e, !reconhecendo-os, correram para lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram antes deles. 34 1Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como

e=~ 3dMt12.46e[Mt11.6] 4/Jo4.44 5iGn19.22;32.25 6hls59.16iMt9.35 7iMc3.13-14i[Ec4.9-10] 9m[Ef615J 1onMt 10.11 11 °Mt 10.14PAt13.51; 18.6 1 Cf. NU; TA e Malguém 2Cf. NU; TA e M acrescentam Em verdade vosdigoquehaverámaistolerância no dia do juízo para Sodoma e Gomorra, do que os daquela cidade; NU omite 13 q [T g 5.14] 14 r Lc 9. 7-9 s Lc 19 .3 7 15 t Me 8.28 u Mt 21.11 3 Cf. NU e M; TA o Profeta, ou como um dos profetas 16 Vlc 3.19 18 Xlv 18.16; 20.21 19 4guardava-lhe ódio 20 ZMt 14.5; 21.26 5NUmesmoassimo escutava 21 ªMt 14.6 bGn 40.20 23 cEt 5.3,6; 7.2 26dMt14.9 29e1As 13.29-30; Mt 27.58-61; At 8.2 30/Lc 9.10 31 gMt 14.13 hMc 3.20 32iMt14.13-21; Lc 9.10-17; Jo 6.5-13 33 i[CI 1.6] ô NU e MEies 34 IMt 9.36; 14 14; [Hb 5.2]

que Jesus (que ensina "sabedoria", no v. 2), é um operário comum, sem cre­denciais religiosas ou acadêmicas. filho de Maria. Ver 3.31.

•6.4 na sua casa. Jesus não só é rejeitado pelo povo da cidade e pelo mais am­plo círculo de parentes ali, como também por sua própria família (3.31 ). •6.7 os doze. Tendo já sido designados para estarem com Jesus (3.14, nota), e tendo já recebido instruções especiais concernentes ao mistério da pessoa e do papel de Cristo (4.10-11, notas), aos Doze agora é permitido compartilhar do mi­nistério e da autoridade de Jesus.

enviá-los. O verbo "enviar" tem a mesma raiz do substantivo "apóstolo" e ressal­ta os laços com Jesus, como representantes pessoais dele (3.14, nota).

dois a dois. O princípio bíblico de que o testemunho deveria ser firmado por, pelo menos, duas testemunhas (Nm 35.30; Dt 17.6; 19.15; Mt 18.16; Jo 8.17; 2Co 13.1; 1T m 5.19; Hb 10.28) foi também aplicado na atividade missionária da Igreja Primitiva, nos ministérios de Pedro e João (At 3.1; 4.1), de Paulo e Barnabé (At 13.2) e de Paulo e Silas (At 15.40).

•6.8 nem pão. Mt 1 D. 1 D dá a razão "porque digno é o trabalhador do seu alimento". •6.11 sacudi o pó dos pés. Os judeus rigorosos sacudiam o pó de seus pés de­

pois de atravessarem territórios pagãos. A recusa do evangelho convida à mesma reação.

•6.14 aos ouvidos do rei Herodes. Herodes Antipas, filho de Herodes, o Gran­de, era tetrarca (governador de um estado dependente) da Galiléia e Peréia. •6.15 um dos profetas. Especulação a respeito da identidade de Jesus condu­zirá às narrativas da multiplicação de pães e peixes (vs. 30-44; 8.1-9) e da cami­nhada sobre a água (vs. 47-52), que apontam para a divindade pessoal de Jesus. Porém primeiro Marcos relata as circunstâncias da morte de João Batista, com quem Herodes e outros tinham identificado Jesus. •6.17 mulher de seu irmão Filipe. Herodias era filha de Aristóbulo, um dos fi­lhos de Herodes, o Grande. Outros filhos de Herodes, o Grande, incluíam Herodes Antipas e Herodes Filipe (filhos de diferentes esposas). Depois de casar-se com seu meio-tio Herodes Filipe, Herodias o de'1xou para manter uma relação adúltera com o irmão dele, Herodes Antipas. Tal era o comportamento moral licencioso da dinastia de Herodes, contra o qual João Batista pregava (cf. Lv 18.16,20). •6.31 à parte. Estar sozinhos com Jesus - que então os instruía no mistério do reino (4.10-11) - era parte da preparação deles para o futuro ministério (4.34; 9.2,28; 13.3; cf. Jo 13.1, 16.29). •6.34 e compadeceu-se deles. Jesus faz aquilo que Deus prometeu fazer em Ez 34.11, 14: "Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei ... Apascentá-las-ei de bons pastos". Jesus age como o Pastor do povo de Deus, do mesmo modo que Moisés (Nm 27.15-17; SI 77.20), Davi (SI 78.70-72) ou Deus mesmo (SI 23.1; 74.1; 78 52-53; 80.1; Ez 34.15).

1157 MARCOS 6, 7

movelhas que não têm pastor. E npassou a ensinar-lhes mui­tas coisas. 35 ºEm declinando a tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: É deserto este lugar, e já avançada a hora; 36 despede-os para que, passando pelos campos ao re­dor e pelas aldeias, comprem 7 para si o que comer. 37 Porém ele lhes respondeu: Dai-lhes vós mesmos de comer. Disse­ram-lhe: Piremos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer? 38 E ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver! E, sabendo-o eles, responderam: qCinco pães e dois peixes. 39 Então, Jesus 'lhes ordenou que todos se assentas­sem, em grupos, sobre a relva verde. 40 E o fizeram, repar­tindo-se em grupos de cem em cem e de cinqüenta em cinqüenta. 41 Tomando ele os cinco pães e os dois peixes, 5 er­guendo os olhos ao céu, 1os abençoou; e, partindo os pães, deu-os aos discípulos para que os distribuíssem; e por todos repartiu também os dois peixes. 42 Todos comeram e se farta­ram; 43 e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. 44 Os que comeram dos pães eram 8 cinco mil homens.

da quarta vigi1ia da noite, veio ter com eles, andando por so­bre o mar; e xqueria tomar-lhes a dianteira. 49 Eles, porém, vendo-o andar sobre o mar, pensaram tratar-se de zum fantas­ma e gritaram. 50 Pois todos ficaram aterrados à vista dele. Mas logo lhes falou e disse: ªTende' bom ânimo! Sou eu. bNão temais! 51 E subiu para o barco para estar com eles, e o vento e cessou. Ficaram entre si d atônitos, 52 porque •não ha­viam compreendido o milagre dos pães; antes, f o seu coração estava endurecido.

Jesus em Genesaré 53 &Estando já no outro lado, chegaram a terra, em Gene­

saré, onde aportaram. 54 Saindo eles do barco, logo 2 o povo reconheceu Jesus; 55 e, percorrendo toda aquela região, trazi­am em leitos os enfermos, para onde ouviam que ele estava. 56 Onde quer que ele entrasse nas aldeias, cidades ou campos, punham os enfermos nas praças, rogando-lhe que hos deixasse tocar ao menos ina orla da sua veste; e quantos a tocavam saíam curados.

jesus anda por sobre o mar Jesus e a tradição dos anciãos. 45 "Logo a seguir, 9compeliuJesus os seus discípulos a em O que contamina o homem

barcar e passar adiante para o outro lado, a Betsaida, enquan- 7 Ora, ªreuniram-se a Jesus os fariseus e alguns escribas, to ele despedia a multidão. 46 E, tendo-os despedido, vsubiu vindos de Jerusalém. 2 E, vendo que alguns dos discípu-ao monte para orar. 47 Ao cair da tarde, estava o barco no los dele comiam pão com bas mãos impuras, isto é, por lavar 1

meio do mar, e ele, sozinho em terra. 48 E, vendo-os em difi- 3 (pois os fariseus e todos os judeus, observando ca tradição culdade a remar, porque o vento lhes era contrário, por volta dos anciãos, não comem sem lavar 2 cuidadosamente as

·~~2;; 1;;-2217; 2Cr_1_8~6~c ~2 ~ls4;,-~ 6~1-3]~c9~- 3~º~~415~Lc91;-; 7~~N~TReMpãoparasi,po~~ue ~-não têm que comer 37 PNm 11.13,22; 2Rs 4.43 38 qMt 14.17; Lc 9.13; Jo 6 9 39 'Mt 15.35; Me 8.6 41 5 Jo 11.41-4211Sm 9.13; Mt 15.36; 26.26; Me 8.7; Lc 24.30 44 Bct. NU e M; TR acrescenta cerca de; NU e M omitem 45 u Mt 14.22-32; Jo 6.15-21 9convidou. urgiu veementemente 46 v Me 1.35; Lc 5.16 48 x Lc 24.28 49 z Mt 14.26; Lc 24.37 50 ª Mt 9.2; Jo 16.33 b Is 41.1 O I Tende coragem 51cs1107.29 dMc 1.27; 2.12; 5.42; 7.37 52 eMt 16.9-11; Me 8.17-18/ls 63.17; Me 3.5; 16.14 53gMt 14.34-36; Jo 6.24-25 54 2 Lit eles reconheceram 56 h Mt 9.20; Me 5.27-28; [At 19.12] i Nm 15.38-39 CAPÍTULO 7 1 a Mt 15.1-20 2 b Mt 15.20 I Cf. NU; TR e Meles recriminaram. NU omite 3 e Me 7.5,8-9, 13; GI 1.14; 1 Pe 118 2 Lit com o punho

ovelhas que não têm pastor. O antigo Israel, abandonado pelos líderes infiéis, era também descrito deste modo IJr 50.6; Ez 34.1-10).

•6.40 em grupos de cem em cem e de cinqüenta em cinqüe~ta. Este deta­lhe relembra como Moisés organizava o antigo Israel no deserto (Ex 1821)

•6.42 Todos comeram e se fartaram. Esta história da multiplicação de pães e \)eí~es recorda a provisão miraculosa do maná no deserto, sob Moisés IÊx 16.1-36, especialmente v. 16). Jesus é o novo Moisés, trazendo o novo concerto.

•6.43 e ainda recolheram. Outra referência à provisão do maná, quando nada era para ser deixado até a manhã do dia seguinte IÊx 16 19)

doze cestos cheios. O número lembra as doze tribos do antigo Israel e sugere o importante papel que os Doze desempenhariam na constituição do Novo Israel (3 14, nota) •6.44 cinco mil homens. Marcos não usa a palavra grega que significa "seres humanos", mas um termo que distingue os homens das mulheres, talvez com a idéia de "chefe de família" iMt 14.21 acrescenta "além de mulheres e crianças"). A multidão pode ter sido de quinze a vinte mil pessoas

•6.48 quarta vigília. Uma vez que os romanos dividiam a noite em quatro perío­dos, a quarta vigília seria das três da madrugada até à aurora. •6.49 um fantasma. A palavra grega traduzida aqui por "fantasma" é usada no Novo Testamento só aqui e em Mt 1426. Tem a conotação de imaginação su­persticiosa. •6.50 Sou eu. A frase grega (lit "eu sou") é igual ao termo da Septuaginta !tra­dução grega do Antigo Testamento), que traduz o nome divino "Eu sou" revelado a Moisés (Êx 3.14; Dt 32.39; Is 41.4; 43.1O,13.25; 45.18; 52.6; Os 13.4; JI 2 27) Esta narrativa tem todas as marcas comuns das teofanias bíblicas !vários modos

da visível auto-revelação divina). incluindo o pavor humano, a identificação divina e as palavras de confiança.

•6.52 não haviam compreendido o milagre dos pães. Essa observação su­gere que esse milagre contém o mesmo mistério a respeito de Jesus quanto o seu milagre de andar sobre as águas. Jesus, quanto à sua humanidade, é de fato o novo Moisés. mas ele é também -e ao mesmo tempo - o Deus que supriu o pão do céu (Êx 16.4)

•6.53 Genesaré. Uma aldeia à margem ocidental do mar da Galiléia llc 5.1}.

•6.56 sua veste. Ver nota em 5.30.

•7.1 fariseus. Ver nota em 2.16. escribas. Eram mestres da lei; a maioria deles era constituída de fariseus.

•7.2 impuras. Os discípulos não tinham se lavado conforme mandava a "'tradi­ção dos anciãos" (vs 3-4) e, por isso. foram considerados cerimonia/mente impu­ros. Jesus crítica estas expansões tradicionais da lei cerimonial elaboradas pelos escribas e fariseus, porque eles estenderam suas tradições a ponto de permitir a própria transgressão da lei moral (vs. 9-13). A cruz de Jesus levará. finalmente. ao fim da lei cerimonial.

• 7 .3 tradição dos anciãos. Os tar"1seus acreditavam que, além das palavras es­critas da lei, Moisés recebeu instruções para a sua interpretação e aplicação. Esta lei oral era transmitida pela palavra falada de mestre para mestre. Ao argumentar com eles, Jesus apela constantemente para as Escrituras, procurando sempre voltar ao seu verdadeiro sentido lvs. 6-8)

lavar. Por suas tradições, os fariseus estenderam as ordenanças bíblicas da puri­ficação sacerdotal, no momento do sacrifício no templo IÊx 30.19; 40.12). ao co­mer do pão por todos os judeus.

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MARCOS 7 1158

mãos; 4 quando voltam da praça, não comem sem se aspergi- !Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração rem; e há muitas outras coisas que receberam para observar, está longe de mim. como a lavagem de copos, jarros e vasos de metal [e camas]), 7E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são s dinterpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não an- preceitos de homens. dam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos 8 Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tra-anciãos, mas comem com as mãos por lavar? 6 Respondeu- dição dos homens.3 9 E disse-lhes ainda: Jeitosamente grejei­lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, ehipócritas, tais4 o preceito de Deus para guardardes a vossa própria como está escrito: tradição. 10 Pois Moisés disse:

• 5 dMt 15.2 ó eMt 2313-29/ls 29.13 8 3Cf. NU; TR e M acrescentam como o lavar dos jarros e dos copos, e fareis muitas outras coisas semelhantes a estas, no final deste versículo; NU omite 9 gPv 1.25; Is 24.5; Jr 7.23-24 4colocais de lado

•7 ,5 Por que não andam os teus discípulos. Os fariseus e os escribas não es­tão genuinamente interessados na prática da refeição dos discípulos de Jesus, mas na razão por que Jesus, como Mestre deles, não exige que eles observem "a tradição dos anciãos", de modo geral.

•7,6 Isaías, O objetivo de Jesus é trazer o povo de volta à conformidade com as Escrituras.

As cidades do ministério na Galiléia

Jesus iniciou seu ministério público em Caná, onde honrou uma festa de casamento com a sua presença e transformou água em vinho (Jo 2.1-11 ). Na sinagoga de Nazaré, Jesus anunciou que ele é o cumprimento da profecia do Livro de Isaías (Lc 4.16-22). Mas sua cidade de origem o rejeitou. Por isso, ele foi a Cafarnaum, uma próspera cidade pesqueira situada junto a uma rota comercial internacional. Ali estabeleceu a base do ministério.

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•7,8 Negligenciando o mandamento de Deus. O verbo "negligenciar" pode significar também "cancelar" ou "abandonar" Jesus não é um antinomiano. Como o salmista, ele se consumia por desejar incessantemente a lei de Deus ISI 119.20). que ele cumpre, protege IMt 5.17-20) e detende. Ele não é nem mesmo contra a tradição, mas é contra aquilo que nela anula as Escrituras.

Nezeré.

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Em Cafarnaum, chamou Mateus para ser seu dis­cípulo (Me 2.14) e curou o servo paralítico de um cen­turião (Mt 8.5-13), bem como a sogra de Pedro (Mt 8.14-15). O mar da Galiléia, com sua indústria pes­queira, foi palco de muitos milagres. Em Naim, Jesus ressuscitou misericordiosamente o único filho de uma viúva (Lc 7.11-17).

SAMARIA

Corazim e Betsaida foram cidades que Jesus acusou por causa da incredulidade (Mt 11.21 ). Gera­sa foi provavelmente o local onde Jesus curou os de­moníacos (Mt 8.28-34).

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1159 MARCOS 7, 8

e: hHonra a teu pai e a tua mãe;

;Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte.

11 Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: J Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor, 12 então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe, 13 invali­dando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas seme­lhantes.

14 1Convocando ele, de novo, a multidão, disse-lhes: Ouvi­me, todos, e m entendei. 15 Nada há fora do homem que, en­trando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que no contamina. 16 5 [0 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.] 17 PQuando entrou em casa, deixando a multidão, os seus discípulos o interrogaram acerca da parábola. 18 Então, lhes disse: q Assim vós também não entendeis? Não compre­endeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, 19 porque não lhe entra no coração, mas no ven­tre, e sai para lugar escuso? E, 6assim, considerou ele puros todos os alimentos. 20 E dizia: '0 que sai do homem, isso é o que o contamina. 21 5 Porque de dentro, do coração dos ho­mens, é que 1procedem os maus desígnios, ua prostituição, os furtos, os homicídios, vos adultérios, 22xa avareza, as malíci­as, zo dolo, ªa lascívia, a inveja, ba blasfêmia, ca soberba, a loucura. 23 Ora, todos estes males vêm de dentro e contami­nam o homem.

besse; no entanto, enão pôde ocultar-se, 25 porque uma mu­lher, cuja filhinha estava possessa de espírito imundo, tendo ouvido a respeito dele, veio e /prostrou-se-lhe aos pés. 26 Esta mulher era 8 grega, de origem 9siro-fenícia, e / rogava-lhe que expelisse de sua filha o demônio. 27 Mas Jesus lhe disse: Dei­xa primeiro que se fartem os filhos, porque não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. 28 Ela, porém, lhe respondeu: Sim, Senhor; mas os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças. 29 Então, lhe disse: Por causa desta palavra, podes ir; o demônio já saiu de tua fi­lha. 30 Voltando ela para casa, achou a menina sobre a cama, pois o demônio a deixara.

A cura de um surdo e gago 31 gDe novo, se retirou das terras de Tiro e foi por Sidom

até ao mar da Galiléia, através do território de Decápolis. 32 Então, hJhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele. 33 Jesus, tirando-o da multi­dão, à parte, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua ;com saliva; 34 depois, /erguendo os olhos ao céu, 1suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te! 35 mAbriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou 2 o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente. 36 Mas nJhes ordenou que a ninguém o dissessem; contudo, quanto mais recomendava, tanto mais eles o divulgavam. 37 ° Maravilhavam-se sobremaneira, di­zendo: Tudo ele tem feito esplendidamente bem; Pnão so­mente faz ouvir os surdos, como falar os mudos.

A segunda multiplicação de pães e peixes A mulher siro-fenícia 8 Naqueles dias, quando outra vez se ªreuniu grande mul-

24 dLevantando-se, partiu dali para as terras de Tiro 7 [e Si- tidão, e não tendo eles o que comer, chamou Jesus os dis-dom]. Tendo entrado numa casa, queria que ninguém o sou- cípulos e lhes disse: 2 Tenho bcompaixão desta gente, porque

• 10hÊx20.12;Dt5.16;Mt15.4iÊx21.17;Lv20.9;Pv2020 llfMt15.5;2318 141Mt15.10mMt16.9,11-12 15nls59.3 16ºMt 11.15 5 Conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 17 P Mt 15.15 18 q [Hb 5.11-14] 19 ó Ct. NU; TR e M incluem a frase final como palavras de Jesus assim purificando todos os alimentos? 20 r SI 39.1 21 s Gn 6.5; 8.21 l[GI 5.19-21] u 1Ts 4.3 v 2Pe 2.14 22xlc12.15 zRm 1.28-29 ª1Pe4.3 bAp 2.9 C1Jo 2.16 24dMt15.21 eMc 2.1-2 7Conteúdo dos colchetes conforme TA eM; NU omite 25 /Me 5.22; Jo 11.32; Ap 1.17 26 8 gentia 9 Uma síria da Fenícia / suplicava-lhe 31 gMt 15.29; Me 15.37; Lc 23.46; 24.46; At 10.40; 1Co 15.4 32 h Mt 9.32; Lc 11.14 33 iMc 8.23; Jo 9.6 34/Mc 6.41; Jo 11.41; 17.1 1 Jo 11.33,38 35 m Is 35.5-6 2 Lit. a cadeia 36 nMc 5.43 37 ºMe 6.51; 10.26PMt12.22 CAPITULO 8 1 a Mt 15.32-39; Me 6.34-44; Lc 9.12 2 b Mt 9.36; 14.14; Me 1.41; 6.34

•7.11 Corbã. Uma palavra hebraica e aramaica (que Marcos traduz para os leito­res gentios), e que significa alguma coisa dedicada a um propósito religioso. Por um simples voto, para reservar suas posses como dádiva para Deus. uma pessoa poderia tugir à responsabilidade de sustentar seus pais. • 7 .20 O que sai do homem. Jesus está fazendo uma generalização a respeito do modo constante e natural pelo qual se expressa a natureza humana decaída. e sua lista de vícios (vs. 21-22) visa trazer ao homem autoconhecimento da sua própria imundície interior (cf. Rm 1.24-32; 2.17-24) contamina. Jesus vai à essência do problema - a imundície do coração, da qual a impureza cerimonial é realmente um símbolo. •7.24 Tiro. Jesus se dirige ao norte, a uma região marcadamente gentílica (cf. Mt 11.21-22). à vizinhança de Tiro, uma antiga cidade portuária da Fenícia (no Lí­bano moderno). •7.26 grega. Ela era de origem siro-tenícia, mas talava grego. •7 .27 primeiro. Mesmo em território gentílico. Jesus mantém a prioridade tem­poral de Israel ("os filhos") no plano divino da salvação, como Paulo fará posterior­mente (Rm 1.16; 2.10; ct. At 1.8; 13.46-47). cachorrinhos. O termo. certamente, é pejorativo (Mt 7.6; Fp 3.2; Ap 22.15) ainda que a palavra grega inclua a nuance de "filhotes" ou "cães de estimação"'. Deve ser visto como exemplo da vívida figura do convívio à mesa dada por Jesus para ex-

plicar o plano da salvação. especialmente para dizer que "a salvação vem dos ju­deus" (Jo 4.22). A mulher entende isto deste modo, como indica a sua resposta. • 7 .31 Decápolis. Ver nota em 5.1. Jesus permanece em território gentílico. indo primeiro ao norte, para Sidom e, depois. ao sudeste, para Decápolis. •7.33 pôs-lhe os dedos nos ouvidos. Estas atitudes físicas acompanham o milagre da cura, mas não são a causa dela. •7.34 Efatá. Uma palavra aramaica que Marcos traduz para os leitores de língua grega. •7.35 e falava desembaraçadamente. Para uma pessoa surda, o expres­sar-se claramente em linguagem talada só pode ser aprendido, normalmente, de­pois de um período de tempo. •7.36 que a ninguém o dissessem. Com relação à ordem de sigilo dada por Jesus, ver notas em 1.34 e 5.19. •8.1-10 Uma segunda multiplicação miraculosa de pães. Jesus, depois, indica o profundo significado teológico desses dois milagres (8.18-21 ). •8.2 Tenho compaixão. Posto que esta multiplicação aconteceu, provavelmen­te, em Decápolis (7.31). é evidente que Jesus estende sua compaixão das ove­lhas perdidas da casa de Israel (6.34) aos gentios. quando cura a filha da mulher siro-tenícia (7 .24-30) e quando realiza seu ministério em território gentio (7.31-37). Por suas ações. Jesus anuncia a futura missão mundial da Igreja

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MARCOS 8 1160

há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. 3 Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe. 4 Mas os seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém fartá-los de pão neste deserto? s E e Jesus lhes perguntou: Quantos pães tendes? Responderam eles: Sete. ó Ordenou ao povo que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães, partiu-os, após ter dado graças, e os deu a seus discípulos, para que estes os distribuíssem, repartindo entre o povo. 7Tinham também alguns peixinhos; e, dabençoando-os, mandou que estes igualmente fossem distribuídos. 8 Comeram e se fartaram; e dos pedaços restantes recolheram sete cestos. 9 Eram cerca de quatro mil homens. Então, Jesus os despediu. to e Logo a seguir, tendo embarcado juntamente com seus discípulos, partiu para as regiões de Dalmanuta.

Os fariseus pedem um sinal do céu 11 IE, saindo os fariseus, puseram-se a discutir com ele; e,

tentando-o, pediram-lhe um sinal do céu. 12 Jesus, porém, garrancou do íntimo do seu espírito um gemido e disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que h a esta geração não se lhe dará sinal algum. 13 E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado.

mos pão. 17Jesus, percebendo-o, lhes perguntou: Por que dis­correis sobre o não terdes pão? 1Ainda não considerastes, nem compreendestes? Tendes o coração 2endurecido? 18Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lem­brais 19 de m quando parti os cinco pães para os cinco mil, quan­tos cestos cheios de pedaços recolhestes? Responderam eles: Doze! 20 E de n quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Responderam: Sete! 21 Ao que lhes disse Jesus: ºNão compreendeis ainda?

A cura de um cego em Betsaida 22 Então, chegaram a Betsaida; e lhe trouxeram Pum

cego, rogando-lhe que qo tocasse. 23 Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, raplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa? 24 Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os ho­mens, porque como árvores os vejo, andando. 25 Então, no­vamente lhe pôs as mãos nos olhos, e ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito. 26 E mandou-o Jesus embora para casa, recomen­dando-lhe: 5 Não3 entres na aldeia.

A confissão de Pedro 27 1Então, Jesus e os seus discípulos partiram para as

Ofennento dos fariseus e o de Herodes aldeias de Cesaréia de Filipe; e, no caminho, pergun-14 10ra, aconteceu que / eles se esqueceram de levar pães e, tou-lhes: Quem dizem os homens que sou eu? 28 E respon­

no barco, não tinham consigo senão um só. lSiPreveniu-os Je- deram: "João Batista; outros: vE!ias; mas outros: Algum dos sus, dizendo: Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus e do profetas. 29 Então, lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis fermento de Herodes. ló E eles discorriam entre si: É que não te- que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: xTu és o Cristo .

• 5 CMt ~-34; Mc638; J~-~9 - 7dMt141~; Mc6~ ~O e-;:;t 1539 11fMt12;8; 16-~, Lc 11~; J-;;-21~; 630; 1~ 12;-IU~c-7.34 h Mt 12.39 14 iMt 16.5 1 Cf NU e M; TR os discípulos 1 S iMt 16.6; Lc 12.1 17 IMc 6.52; 16.14 2 Cf NU; TR e M acrescentam ainda; NU omite 19 m Mt 14.20; Me 6.43; Lc 917; Jo 6 13 20 n Mt 15.37 21 o [Me 6 52] 22 PMt 9.27; Jo 9.1 Qlc 18.15 23 rMc 7.33 26 5 Mt 8.4; Me 5.43; 7.36 3 Cf NU; TR e M nem contes a nrnguém na aldeia 27 tMt 16.13-16; Lc 9.18-20 28 u Mt 14.2 V Me 6.14-15; Lc 9.7-8 29 x Jo 141; 4.42; 6.69; 11.27

•8.4 neste deserto. Ver nota em 1 A. A pergunta dos discípulos, diante do que Jesus já tinha feito anteriormente - em circunstâncias semelhantes - justifica a repreensão dada por Jesus nos vs. 17-18.

•8.10 Dalmanuta. Presumivelmente à margem ocidental do mar da Galiléia, embora sua localização exata não seja conhecida. •8.11 fariseus. Ver nota em 2.16.

sinal do céu. Jesus não realiza sinais a pedido, especialmente àqueles que estão "tentando-o" lcf 1 13; Mt 4.1-11) Os fariseus queriam um sinal para confirmar que Jesus era um Messias político, como eles estavam esperando lv. 15, nota).

•8.14 senão um só. Este detalhe da narrativa liga esta passagem aos dois mila­gres das multiplicações de pães •8.15 fermento dos fariseus ... de Herodes. Jesus emprega o assunto coti­diano do pão, como uma metáfora (Lc 12.1, nota) Aquilo que parece um pedido inocente e legítimo de um sinal !quanto ao desejo de Herodes por milagres, ver Lc 23.8) é, na verdade, uma re1eição do seu ministério e de todos os seus sinais an­teriores. Jesus está advertindo seus discípulos contra concepções superficiais de seu papel, e os está preparando para o seu ensino com relação ao verdadeiro sen­tido de sua vinda e de sua cruz (vs. 27,31 ). Tal ensino permaneceu incompreensí­vel para muitos judeus (1 Co 1.22-23) •8.17 o não terdes pão. Os pensamentos dos discípulos são ainda dominados por preocupações de ordem material, preocupações que os deixam cegos para a verdadeira vocação de seu Mestre e abertos para serem tentados pelo "fermen­to" dos fariseus.

•8.21 Não compreendeis ainda. Aqui, o papel de Jesus no ensino e no treina­mento dos Doze está implícito na narrativa (3.14, nota). Sua pergunta a eles é uma censura por deixarem de perceber que o Senhor - que providenciou ali-

menta miraculosamente para cinco mil e para quatro mil homens e suas famílias - é capaz de cuidar das necessidades físicas de doze pessoas. Na verdade, eles deviam saber que Jesus é digno de sua fé total, em tudo aquilo que lhes revelará nos dias futuros. •8.22 Betsaida. Uma cidade pesqueira à margem norte do mar da Galiléia e ter­ra natal de Filipe, André e Pedro •8.23 saliva aos olhos. Ver nota em 7.33. •8.24 como árvores ... andando. A restauração da visão, neste caso, é gradual. •8.26 Não entres na aldeia. Como Jesus tinha levado o cego para fora da cida­de (v. 23), é plausível que a mensagem deste milagre fosse dirigida a seus discí­pulos. Eles devem entender que Jesus está curando gradualmente sua cegueira espiritual. Enquanto no v. 21 eles ainda não tinham entendido quem é Jesus, eles também, como o homem cego lv. 25), estão quase para ver '"claramente" o mis­tério de sua pessoa lvs. 27-30). •8.27 Cesaréia de Filipe. Uma cidade ao sopé do monte Hermom e próxima da nascente do rio Jordão. Herodes, o Grande. construiu ali um templo de mármore a César Augusto e seu filho Filipe mudou o nome da cidade de Paneas para Cesa­réia. Para distingui-la de outra Cesaréia - o bem conhecido porto mediterrâneo - ela foi conhecida como Cesaréia de Filipe. •8.29 Mas vós. quem dizeis que eu sou. Outra vez é enfatizada a preeminên­cia dos Doze, na revelação da pessoa de Jesus (v. 21; 3.14). Jesus desconsidera aquilo que o povo diz (v. 27). mas retém como verdade divinamente revelada a confissão dos Doze (Mt 16.16-17 e notas). Tu és o Cristo. Lit. "o Ungido" 11 Sm 2.10; Mt 1.1 e notas). Esta é a primeira vez, na narrativa de Marcos, que o nome "Cristo" aparece (aparece também no título do seu Evangelho, 1.1). A confissão de Pedro (como aquele que fala pelos Doze) e

1161 MARCOS 8, 9

30 z Advertiu-os Jesus de que a ninguém dissessem tal coi­sa a seu. i;eweito.

jesus prediz a sua morte e ressurreição 31 Então, ªcomeçou ele a ensinar-lhes que era necessário

que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, bfosse rejeita­do pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, cfosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse. 32 E isto ele expunha claramente. Mas Pedro, chamando-o à parte, co­meçou a reprová-lo. 33 Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos, drepreendeu a Pedro e disse: Arreda, Sata­nás! Porque não 4cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.

O discípulo de jesus deve levar a sua cruz 34 Então, convocando a multidão e juntamente os seus

discípulos, disse-lhes: •se alguém quer vir após mim, a si mes­mo se negue, tome a sua cruz e siga-me. 3S!Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por cau­sa de mim e do evangelho salvá-la-á. 3ó Que aproveita ao ho-

mem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? 37 Que da­ria um homem em troca de sua alma? 38 gPorque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, nse envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.

9 Dizia-lhes ainda: ªEm verdade vos afirmo que, dos que aqui se encontram, alguns há que, de maneira nenhuma,

passarão pela morte até que vejam ter chegado bcom poder o reino de Deus.

A transfiguração 2 cseis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e

João e levou-os sós, à parte, a um alto monte. Foi transfigu­rado diante deles; 3 as suas vestes tornaram-se resplande­centes e sobremodo dbrancas, como nenhum lavandeiro na terra as poderia alvejar. 4 Apareceu-lhes Elias com Moisés, e estavam falando com Jesus. s Então, Pedro, tomando a pa­lavra, disse: Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três tendas: uma será tua, outra, para Moisés, e outra, para

e~~~~~~ 30 ZMt 8.4; 16.20 31 a Mt 16.21; 20.19 b Me 10.33 e Me 9.31; 10.34 33 d [Ap 3.19] 4 tens em mente as 34 e Lc 14.27 3Sf Jo 12.25 38 gMt 10.33 h 2Tm 1.8-9; 2.12 CAPÍTULO 9 1 a Lc 9.27 b [Mt 24.30] 2 e Mt 17.1-8 3 d Dn 7.9; Mt 28.3

a Transfiguração que se segue (9.2-13) são o ponto alto na revelação da pessoa de Jesus e uma reviravolta no seu ministério terreno. De agora em diante, o seu ensino se concentrará sobre sua morte iminente, e ele logo começará sua viagem para Jerusalém. •8.30 a ninguém dissessem. Ver notas em 1.34; 5.19; cf. 9.9. Estranhamente, neste ponto alto da revelação vem a ordem para conservá-la em sigilo. Mas, olhando para trás, a razão fica clara. Jesus não permite que noções políticas de sua obra messiânica comprometam sua verdadeira vocação de Messias Sofre­dor, cuja obra essencialmente moral e espiritual da redenção será total. •8.31-10.52 Esta seção conta minuciosamente a convergência do ministério terreno de Jesus em direção ao seu clímax (8.29, nota). Contém três predições da morte e ressurreição de Jesus (8.31; 9.31; 1O33-34); relata o começo de sua viagem a Jerusalém e dá ensino substancial sobre a verdadeira messianidade e discipulado. •8.31 necessário. Por trás desta palavra está todo o peso das profecias bíblicas e da necessidade divinamente ordenada (9.31; Lc 22.37; 24.7,26,44). As predi­ções de Jesus concernentes à sua morte e ressurreição procedem de seu modo de entender as Escrituras do Antigo Testamento.

Filho do Homem. Ver nota em 2.1 O. sofresse muitas coisas. A predição do Messias Sofredor vem particularmente de Is 52.13-53.12. Ver também Zc 9.9; 12.10; 13.7; e todo o Antigo Testamento sobre o tema geral do justo sofredor anciãos. Membros leigos do Sinédrio, a corte que governava os negócios ju­deus. A corte era composta dos anciãos, principais sacerdotes e mestres da lei (os escribas). principais sacerdotes. Jesus prediz que as ricas famílias sumo sacerdotais, que eram aliadas dos saduceus, se envolverão na sua morte. depois de três dias. Ver Os 6.2. Esta é também expressão convencional de um curto período. ressuscitasse. Ver Is 52.13; 53.10; cf. SI 110.1; Dn 7.13-14. •8.32 expunha claramente. Em contraste com o seu ensino público através das parábolas (4.10-11). os Doze recebem privativamente plena instrução (cf. Jo 16.25,29). O claro ensino particular de Jesus se tornará a base da pregação públi­ca de seus discípulos, depois da Páscoa (At 2 29; 4.13,29,31; 28.31 ). Pedro ... começou a reprová-lo. Quando o próprio Pedro, líder entre os Doze, falha em aceitar que o Messias precisa sofrer, pode-se apreciar a sabedoria do segredo de Jesus com relação ao seu ofício messiânico. Note-se a observação de Paulo que, para muitos, ··a palavra da cruz é loucura" (1 Co 1.18; cf. GI 3.13).

•8.33 Arreda, Satanás. Satanás agora está operando até mesmo entre os próprios discípulos de Jesus, não somente em Judas, mas também em Pedro, cuja intervenção teria anulado o plano da redenção e realizado o objetivo de Sa­tanás. •8.34 tome a sua cruz. Prisioneiros condenados eram geralmente obrigados a carregar o madeiro de sua cruz até o lugar de execução (cf. 15.21).

•B.37 em troca de sua alma. A mesma palavra grega é traduzida aqui por "alma" e, no v. 35, por "vida". Nenhum valor monetário ou material pode ser pago por isto (SI 49.7-9, ao qual Jesus talvez se refira). •8.38 na glória de seu Pai. No presente tempo de humilhação, o "Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mt 8.20); no entanto, um dia ele será revelado com esplendor divino como o Filho de Deus (12.6-11; 14.62; cf Dn 713).

•9.1 com poder o reino de Deus. Ver nota textual. A vinda do reino "com po­der" parecia estar associada com a ressurreição de Jesus, uma vez que será tes­temunhada por alguns "dos que aqui se encontram" e é também descrita como uma vinda "com poder" (Rm 1.4). A transfiguração, que se segue a esta expres­são, é um cumprimento intermediário e imediato das palavras de Jesus, já que antecipa a manifestação do poder da ressurreição e da glória divina. Ver nota em Mt 16.28. •9.2 Seis dias depois. Em Êx 24.16, "seis dias" é também o período de prepara­ção para receber a revelação e testemunhar uma visão da glória divina (uma teofa­nia; 6.50, nota). Pedro, Tiago e João. Estes três podem representar os Doze, exatamente como Pedro sozinho pode (8 29; Mt 16.18; At 2.14). a um alto monte. Tanto a Moisés (no Sinai, Êx 24) como a Elias (em Horebe, 1 Rs 19) foi dada a visão da presença teofânica de Deus no alto de montanhas. transfigurado. Lit. "mudou de forma". Este verbo grego é usado por Paulo para descrever a presente obra do Espírito na vida interior do crente (Rm 12.2; 2Co 3.18). Aquela obra será completada quando este mesmo Espírito der vida ao cor­po mortal, como quando ele ressuscitou Jesus dentre os mortos (Rm 8.111 e, como aqui, na momentânea glorificação de Jesus. Ver nota teol6gica "A lrans!1-guração de Jesus".

•9.4 Elias com Moisés. A transfiguração liga a antiga aliança à nova, ligando di­retamente Moisés e Elias, representantes da Lei e dos Profetas, com Jesus e seus apóstolos, mensageiros da completa redenção.

•9.5 façamos três tendas. Pedro talvez deseje capturar e prolongar a glória, de modo a evitar o sofrimento do qual Jesus já tinha falado (8.31-33).

MARCOS 9 1162 --- --- --·----

A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS Mc9.2

Registrada em três Evangelhos (Mt 17 .1-8; Me 9.2-8; Lc 9.28-36) e atestada por Pedro e João (cf. 2Pe 1.16-1 B; Jo 1.14), a Transfiguração foi uma revelação da divindade de Jesus. A transformação na aparência de Jesus, quando ele orava (Lc 9.29), foi uma transição momentânea do ocultamento da sua glória divina, que marcou seus dias sobre a terra, para a manifasta~ã\) da glória que será revelada quando ele voltar.

A resplandecente luz que brilhou de Jesus, quando seu rosto foi transfigurado (Lc 9.29), era a glória intrínseca a ele como o Fi­lho divino, o "resplendor da glória" (Hb 1.3). A voz que veio da nuvem confirmou a identificação que a visão já havia fornecido.

A Transfiguração foi também um acontecimento significativo na revelação do Reino de Deus. Moisés e Elias representaram a Lei e os Profetas dando testemunho de Jesus e sendo suplantados por ele. A "partida" (do grego exodos), a respeito da qual eles e Jesus conversaram (Lc 9.31 ), referia-se à morte, ressurreição e ascensão de Jesus. Esses acontecimentos não eram

\ apenas um modo de deixar este mundo, mas também de redimir seu povo, exatamente como o êxodo do Egito, conduzido por L Moisés, foi a libertação de Israel da escravidão.

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Elias. 6 Pois não sabia o que dizer, por estarem eles aterra­dos. 7 A seguir, veio e uma nuvem que os envolveu; e dela uma voz dizia: Este é f o meu Filho amado; g a ele ouvi. BE, de relance, olhando ao redor, a ninguém mais viram com eles, senão Jesus.

A \linda de Elias 9 h Ao descerem do monte, ordenou-lhes Jesus que não di­

vulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. to Eles guardaram a recomendação, perguntando uns aos outros ique seria ores­suscitar dentre os mortos. 11 E interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas ser necessário ique Elias venha primei­ro? 12 Então, ele lhes disse: Elias, vindo primeiro, restaurará to· das as coisas; 1como, pois, está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e m será aviltado? 13 Eu, porém, vos digo que nEJias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito.

com eles. 15 E logo toda a multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava. 16 Então, ele interpe­lou os escribas: Que é que discutíeis com eles? 17 E Pum, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu fi­lho, possesso de um espírito mudo; 18 e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam. 19 Então, Jesus lhes disse: ó qgeração 1 incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos 2 sofrerei? Trazei-mo. 20 E trouxeram-lho; rquando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e, caindo ele por terra, revolvia-se espumando. 21 Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu; 22 e muitas vezes o tem lança­do no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. 23 Ao que lhe res­pondeu Jesus: 5 Se3 podes! Tudo é possível ao que crê. 24 E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! 1Ajuda-me na minha falta de fé! 25Vendo Jesus

A cura de umjol'em possesso que a multidão concorria, "repreendeu o espírito imundo, 14 ºQuando eles se aproximaram dos discípulos, viram dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste

numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam jovem e nunca mais tornes a ele. 26 E ele, clamando e agi-

0-; eÊx ;034,~Rs~~; At 19; ;p 1; /SI 2~7; [Is 421]; Mt3.17; Me 1.11; Lc 1.35; 322; ;Pe 1.1UAt 3.22 9 h Mt 17.9-13; M~ 16~; Lc 24.6-7,46 10 i Jo 2.19-22 11/MI45; Mt 17.10 12 ISI 22.6; Is 53.3; Dn 9.26 m Lc 23.11; Fp 2.7 13 n MI 45; Mt 11.14; 17.12; Lc 1.17 14°Mt17.14-19;Lc9.37-42 17PMt17.14;Lc9.38 19qJo4.481semfé2suportarei 20TMc1.26 23SJo11.403Cf. NU; TR e M Se tu podes crer, tudo 24 t Lc 17.5 25 u Me 1.25

•9. 7 Este é o meu Filho amado. A declaração celestial é um ponto alto da divi­na revelação concernente à identidade de Jesus. Exatamente como Deus tinha se revelado na teofania do Sinai, como "o SENHOR o.eus compassivo, clemente e longânirno e grande em misericórdia e fidelidade" (Ex 34.6), assim, agora, ele se revela como quem fala através do seu amado Filho (Jo 1.17; 3.16; Hb 1 2). a ele ouvi. Esta frase representa uma repreensão a Pedro bem como uma decla· ração concernente à autoridade do Filho, corno revelador e profeta da nova alian­ça. Estas palavras ecoam Dt 18.15, e identificam Jesus como o grande profeta semelhante a Moisés. •9.9 ordenou-lhes ... que não divulgassem. Ver nota em 1.34 e 8.30. até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. O testemunho público e aberto à glória de Jesus é para ser reservado para depois da plena realização da redenção. •9.1 O que seria o ressuscitar dentre os mortos. A confusão dos discípulos surge da expectação judaica, de uma ressurreição geral, nos últimos dias, mas não de uma ressurreição individual, no meio da história. •9.12 Elias, vindo primeiro. Ainda que João Batista não seja Elias pessoalmen­te ressuscitado dentre os mortos (6 14-16; cf. Jo 1 21), Jesus ensina que Elias

foi, ern verdade, o tipo no Antigo Testamento que prefigurava o ministério de João Batista (cf. Lc 1.17).

•9.13 e fizeram com ele. Exatamente como EY1as so\reu nas mãos de Acabe e Jezabel ( 1Rs 19.1-10), assim João Batista sofreria nas mãos de Herodes e Hero­dias (6.18, nota). Se João-que restaurou todas as coisas por chamar o povo ao arrependimento e à piedade- foi posto à morte, deveria ser surpresa (v. 12) se o Filho do Homem sofresse a mesma sorte?

•9.17 possesso de um espírito mudo. A possessão demoníaca é claramente distinta de uma doença comum (7 .31-37), ainda que em ambos os casos a pes­soa não possa falar. Compare 1.24-25; 5.2-15.

•9.19 Ó geração incrédula. A impaciência de Jesus com a falta de fé nos discí­pulos e a frustração com a cena geral de descrença e incapacidade, quando ele re­torna do monte da Transfiguração, é uma reminiscência da descida de Moisés do Monte Sinai, ao encontrar descrença e infidelidade no arraial dos israelitas (Êx 32).

•9.25 a multidão concorria. A situação é ainda volátil. O cego entusiasmo da multidão coloca Jesus num dilema: quer ministrar compassivamente ao sofri­mento do povo, sem comprometer o plano global da redenção.

1163 MARCOS 9

tando-o muito, saiu, deixando-o como se estivesse morto, a ponto de muitos dizerem: Morreu. 27 Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.

28 vouando entrou em casa, os seus discípulos lhe pergun­taram em particular: Por que não pudemos nós expulsá-lo? 29 Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de xoração 4 [e jejum].

De n01'o Jesus prediz a sua morte e ressurreição 30 E, tendo partido dali, passavam pela Galiléia, e não que­

ria que ninguém o soubesse; 31 zporque ensinava os seus dis­cípulos e lhes dizia: O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, e ªo matarão; mas, btrês dias depois da sua morte, ressuscitará. 32 Eles, contudo, cnão compreendiam isto e temiam interrogá-lo.

O maior no reino dos céus 33 dTendo eles partido para Cafarnaum, estando ele em

casa, interrogou os discípulos: De que é que 5 discorrfeis pelo caminho? 34 Mas eles guardaram silêncio; porque, pelo caminho, e haviam discutido entre si sobre quem era f o maior. 35 E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse: gSe alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de to­dos. 36 hTrazendo uma criança, colocou-a no meio deles e, tomando-a nos braços, disse-lhes: 37 Qualquer que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me rece­be; e iqualquer que a mim me receber, não recebe a mim, mas ao que me enviou.

Jesus ensina a tolerância e a caridade 38/Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que, em teu

nome, expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibi­mos, porque não seguia conosco. 39 Mas Jesus respondeu: Não lho proibais; 'porque ninguém há que faça milagre em meu nome e, logo a seguir, possa falar mal de mim. 40Pois mquem não é contra 6nós é por 7nós. 41 nporquanto, aquele que vos der de beber um copo de água, em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.

Os tropeços 42 ºE quem fizer 8tropeçar a um destes pequeninos cren­

tes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar. 43 E, Pse tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares 9maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o 1 inferno, para o fogo inextinguível 44 2 [onde qnão lhes morre o verme, nem o fogo se apaga]. 45 E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é me­lhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no 3inferno4 46 5 [onde 'não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga]. 47 E, se um dos teus olhos te faz trope­çar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no 6infer­no, 48 onde snão lhes morre o verme, 1nem o fogo se apaga.

Os discípulos, o sal da terra 49 Porque cada um será salgado u com fogo. 7 so vBom é o

~~~~~~~~~~~~ ~ 28 VMt 17.19 29 x [Tg 5.16] 4 Cf. NU; conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 31 z Lc 9.44 ª Mt 16.21; 27.50b1Co 15.4

32 Clc 2.50; 18.34 33dMt18.1-5 5discutíeis 34e[Pv13.10] /Lc 22.24; 23.46; 24.46 35 gLc 22.26-27 36hMc10.13-16 37 IMt 10.40 38iNm11.27-29 3911Co12.3 40m[Mt12.30];Lc11.23óMvós1Mvós 4tnMt10.42 42ºMt18.6;Lc17.1-2;[1Co 8.12] 8 Cair em pecado 43 P [Dt 13.6]; Mt 5.29-30; 18.8-9 9 aleijado 1 Gr. Gehenna 44 q Is 66.24 2 Conteúdo dos colchetes confonme TR e M; NU omite 45 3Gr. Gehenna 4Cf. NU; TR e M acrescentamnofogoquenuncaseapaga, no final deste versículo; NU omite 46 'Is 66.24 5944 Conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 47 óGr. Gehenna 48 s1s 66.24 tJr 7.20; [Ap 21.8] 49 ª[Mt3.11J 7Cf. NU; TR e M acrescentam e cada sacrifício será salgado com sal, no final deste versículo; NU omite 50 v Mt 5.13; Lc 14.34

eu te ordeno. O poder espiritual de Jesus leva o demônio a gritar (v. 26). Ver "De­mônios", em Dt 32.17. •9.28 em particular. Ver nota em 8.32. •9.31 ensinava os seus discípulos. Freqüentemente, Jesus dá prioridade ao treino dos Doze. Jesus repete, visando dar ênfase e por causa da lição ainda não aprendida, aquilo que ele tinha ensinado anteriormente em 8.31. •9.33 em casa. Ver nota em 2.1. •9.34 quem era o maior. Dada a importância de honra naquela sociedade, uma tal preocupação desempenhava um significativo papel na mente do povo (cf. 10.35-45). Jesus está introduzindo uma revolução neste modo de pensar, sem destruir a noção de hierarquia funcional. Ver nota em 5.37. •9.35 chamou os doze. Outra vez. os Doze são chamados à parte (3.14), e a posição de liderança deles é explicitamente reconhecida. Se alguém quer ser o primeiro. Jesus não está atacando a posição de lideran­ça, mas está mostrando o modo de essa liderança ser exercida (isto é, como "úl­timo e servo de todos"). Este princípio é exemplificado pelo próprio Jesus, que "não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por mui­tos" (10.45). A maneira abnegada de Jesus cumprir o seu papel messiânico, que é o primeiro e mais importante no reino, oferece o padrão para seus discípulos em todos aqueles papéis secundários, que eles podem desempenhar no reino de Deus. •9.36 uma criança. Lit. "infante". A dignidade concedida por Deus a todo ser humano é exemplificada pela criança. Este mais fraco dos seres humanos deve ser servido do mesmo modo como são servidos os maiores (9.35, nota). •9.38 o qual não nos segue. Esta frase não nega que o homem fosse um se-

guidor de Jesus; ele estava expulsando demônios em nome de Jesus. Provavel­mente. a frase signifique que esse homem não reconhecia a autoridade dos Doze. Sem tirar a prerrogativa dos Doze, porém e percebendo o orgulho e exclu­sivismo deles (9.35, nota; 10.35-45), Jesus se recusa a condenar aquele de quem os discípulos estão falando. Ao invés disso, ele ensina que o apoio e a co­munhão de todos os que defendem sua causa devem ser gratamente reconhe­cidos.

•9.41 que vos der ... em meu nome. Todos os atos de misericórdia. de cuidado e de cura feitos em nome de Jesus (isto é, com o entendimento, ação e propósito de servi-lo) são eternamente reconhecidos como evidência de verdadeiro disci­pulado.

•9.42 quem fizer tropeçar. "Pequeninos" pode referir-se às crianças (v. 36) ou aos crentes considerados insignificantes (v. 39). Comprometer a confiança da­queles de pequena importância para o mundo, por exemplo, através do uso ego­ísta e inconsiderado de poder (v. 35, nota), exige a mais severa punição (v. 43).

•9.43 corta-a. Esta admoestação deve ser entendida como uma espécie de exagero empregado na linguagem para atingir um objetivo (cf. vs. 45-47). Jesus está falando das difíceis renúncias de hábitos pecaminosos. Ver nota teológica "O Inferno".

•9.44-46 Ver nota textual. Os versículos 44.46 não aparecem em alguns dos mais antigos manuscritos, mas a frase é encontrada também no v. 48.

•9.49 salgado com fogo. O sal é associado com o sacrifício em Lv 2.13; Ez 43.24. O dito pode significar que, em contraste com o fogo da destruição - de que acabara de falar - os crentes perseverarão através do fogo e serão purifica­dos por ele.

MARCOS 10 1164 ----------------

O INFERNO Mc9.43

O Novo Testamento consi~era o inferiío como o lugar de habitação final dos condenados à punição eterna, no Juízo Final (Mt 25.41-46; Ap 20.11-15). E descrito como um lugar de "fogo" e "trevas" (Jd 7,13), de "choro e rangerde dentes" (Mt 8.12; 13.42,50; 22.13; 24.51; 25.30), de "destruição" (2Ts 1.7-9; 2Pe 3.7; 1Ts 5.3), de "tor_mento" (Ap 20.10; Lc 16.23). Esses ter­mos são, provavelmente, simbólicos ao invés de literais, porém, de qualquer modo, a realidade será mais terrível do que o símbolo. O ensino do Novo Testamento a respeito do inferno visa mais a nos alarmar e encher-nos de horror, persuadindo~nos de que, embora o céu será melhor do que podemos sonhar, assim o inferno será pior do que podemos imaginar. Estas são as conseqüências da eternidade que precisam ser realisticamente enfrentadas.

O inferno não é tanto a ausência de Deus, quanto a conseqüência da sua ira e indignação. Deus é um fogo consumidor (Hb 12.29), e a justa condenação daqueles que o desafiam apegando-se aos pecados que ele detesta será experimentada no in­ferno (Rm 2.6,8-9, 12). Segundo as Escrituras, o inferno nunca terá fim (Jd 13; Ap 20.1 O). Não há fundamento bíblico para es­peculações acerca de uma "segunda oportunidade" depois da morte ou da aniquilação dos ímpios em alguma ocasião futura.

Os que estão no inferno compreenderão que se condenaram a si mesmos para estarem ali, porque amaram mais as trevas do que a luz, recusando-se a terem o seu Criador como seu Senhor. Preferiam a autogratificação do pecado ao altruísmo da justiça, rejeitando ao Deus que os criou (Jo 3.18-21; Rm 1.18,24,26,28,32; 2.8; 2Ts 2.9-11 ). A revelação geral coloca cada um diante da incontestável evidência de Deus, e, desse ponto de vista, o inferno tem sua base no respeito de Deus pela escolha humana. Todos recebem o que escolheram, seja estar com Deus para sempre ou estar sem ele. Os que estão no inferno sabe­rão não só que seus feitos mereceram a sua punição, mas também saberão que escolheram isso em seu coração.

O propósito do ensino bíblico sobre o inferno é fazer-nos aceitar com gratidão a graça de Deus em Cristo, que nos salva dele (Mt 5.29-30; 13.48-50). Por essa razão, a advertência de Deus para nós é misericordiosa: Ele não tem prazer "na morte do per­verso, mas em que o perverso se converta do seu mau caminho e viva" (Ez 33.11 ). _J

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sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? xTende sal em vós mesmos e zpaz uns com os ou­tros.

Jesus atravessa o Jordão

1 O ªLevantando-se Jesus, foi dali para o território da Ju­déia, além do Jordão. E outra vez as multidões se reu­

niram junto a ele, e, de novo, ele as ensinava, segundo o seu costume.

A questão do divórcio 2 E, baproxirnando-se alguns fariseus, o experimentaram,

perguntando-lhe: É lícito ao marido repudiar sua mulher? 3 Ele lhes respondeu: Que vos ordenou Moisés? 4 Tornaram eles: cMoisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar. 5 Mas Jesus lhes disse: Por causa da dureza do vosso coração,

·~9~; Cl~.6ZRm 12.18; 1419; 2Co 1311: 1Ts 5.13; Hb 12.14

ele vos deixou escrito esse mandamento; 6 porém, desde o princípio da criação, Deus dos fez homem e mulher. 7 epor isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mu­lher], 8 e, com sua mulher, serão os dois urna só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. 9 Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.

10 Em casa, voltaram os discípulos a interrogá-lo sobre este assunto. 11 E ele lhes disse: /Quem repudiar sua mulher e ca­sar com outra comete adultério contra aquela. 12 E, se ela re­pudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.

Jesus abençoa as crianças 13 gEntão, lhe trouxeram algumas crianças para que as to­

casse, mas os discípulos os repreendiam. 14 Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pe­queninos, não os embaraceis, porque hdos tais é o reino de

CAPITULO!O 1ªMt19.1-9;Jo10.40;11.7 zbMt19.3 4cot24.1-4;Mt5.31,19.7 6dGn127;52 7eGn224;[1Co6.16];Ef 5.31 11/Ex20.14; [Mt 5.32; 19.9];Lc 16.18; [Rm 7.3]; 1 Co 7.10-11 13 gMt 19.13-15; Lc 18.15-17 14 h [1 Co 14.20; 1 Pe 2.2]

•9.50 Tende sal em vós mesmos. A figura do sal descreve o verdadeiro disci­pulado. O sal tem a função de preservar. Jesus está falando aos seus discípulos para usar a humildade e o serviço para preservar a paz da Igreja, ao invés de divi­di-la pelo desejo de ser grande (v. 34).

•10.1 território da Judéia. A província romana da Judéia incluía a maior parte da Palestina Central e tinha Jerusalém como seu centro. Nesta viagem para a Ju­déia começa o processo que levará Jesus à sua morte (Lc 9.51).

•10.2 É lícito ... repudiar sua mulher. A pergunta é vaga, porque Dt 24.1-4 já indica que a resposta depende das circunstâncias. Talvez os fariseus quisessem levar Jesus a um debate a respeito de Herodes Antipas e sua mulher ilegítima (6 17, nota).

•10.6 desde o princípio. Como de costume, Jesus não argumenta com base na "tradição" (7.3-12, notas). mas busca a intenção das Escrituras e suas reais exigências (ver Mt 5.20-22; 27-28.31-32). Tratando do casamento, Jesus mostra que, no tempo da nova aliança - e apesar da presença contínua do pecado -

as condições de vida anteriores à queda serão novamente realizadas de um modo apropriado (Ver Ef 5.22-33)

•10.8 uma só carne. A ordem da criação deve ser mantida. O casamento mo­nogâmico deve ser aceito e estimado.

•10.11 Ouem repudiar. Este é um mandamento básico a respeito da inviolabili­dade do casamento. Contudo. Jesus especifica uma só base válida para o divór­cio - a infidelidade conjugal (Mt 5.32; 19.9). Paulo parece acrescentar outra razão (1Co 7.12-16)

•10.13 crianças. Lit "infantes" (9.36, nota). Eram pequenas o suficiente para serem trazidas por seus pais e serem tomadas nos braços por Jesus.

•10.14 não os embaraceis. Jesus está expressando a noção típica de solida­riedade da aliança do Antigo Testamento. Estas crianças pertencem ao reino, ini­cialmente por causa da fé que seus pais possuem, ainda que devam exercer sua fé pessoalmente, tão logo tenham condições. As crianças servem de modelo aos

1165 MARCOS 10

Deus. ts Em verdade vos digo: 10uem não receber o reino de Deus como uma criança ide maneira nenhuma entrará nele. 16 Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava.

O jovem rico 17 1E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao

seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre,

mque farei para herdar a vida eterna? 18 Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é nDeus. 19 Sabes os mandamentos: ºNão matarás, não adulte­rarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defrau­darás ninguém, honra a teu pai e tua mãe. 20 Então, ele respon­deu: Mestre, tudo isso tenho Pobservado desde a minha ju­ventude. 21 E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, qvende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás

• 15 i Mt 18.3-4; 19.14; Lc 18.17 i Lc 13.28 17 1 Mt 19.16-30; Lc 18.18-30 m Jo 6.28; At 2.37 18 n 1 Sm 2.2 19 ° Êx 20.12-16; Dt 5.16-20 20 P Fp 3.6 21 q [Lc 12.33; 16 9]

verdadeiros crentes, que sabem que nada têm para trazer, mas tudo para receber (v. 15). •10.16 as abençoava. Receber a bênção de Deus significa ser chamado pelo nome de Deus (Gn 48.16; Nm 6.22-27) e ser incluído nas bênçãos da aliança (Gn 22.16-18; Dt 7.13). •10.17 um homem. Este homem tinha grandes riquezas (v. 22); era um homem de posição (Lc 18.18) e era jovem (Mt 19.22). Ele tinha tudo, mas faltava-lhe a coi­sa mais importante - a vida eterna.

que farei para herdar. Os dois verbos "fazer" e "herdar", colocados juntos, a lis­ta de realizações morais e o modo de o jovem entender o que é bom (v. 18, nota) revelam o ponto de vista religioso baseado nas obras de justiça.

• 10.18 Por que me chamas bom. A resposta de Jesus não significa que ele não se considerasse bom. Seu desejo é mostrar ao homem que "ninguém é bom senão um, que é Deus", de modo que o homem possa perceber que todas as suas obras não podem fazê-lo bom, e que ele não é capaz de merecer a vida eterna. •10.21 uma coisa te falta. O amor desse jovem pelas riquezas (v. 22) e a recusa

Mar Mediterrâneo

Nazar•. \ • Monte

Tabor

O evangelho em uma pequena região Em uma pequena região do mundo mediterrâneo,

Jesus anunciou o evangelho do reino. Este anúncio aconteceu no meio de um tumulto político, quando os exércitos e políticos de Roma disputavam posições nos territórios da Judéia e Galiléia recentemente anexados. Acontecimentos nesta parte do mundo despertavam o interesse da cidade imperial de Roma, especialmente se alguém clamava ser o rei dos judeus. Os judeus residentes nos longínquos cantos do Impé­rio Romano certamente acompanhavam as notícias de sua pátria. Apesar de ser apenas uma pequena região, a Judéia e a Galiléia mantinham significado maior do que o seu tamanho territorial.

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MARCOS 10 1166

rum tesouro no céu; então, vem e segue-me. 22 Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades.

O perigo das riquezas 23 5 Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos:

Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm rique­zas! 24 Os discípulos estranharam estas palavras; mas Jesus in­sistiu em dizer-lhes: Filhos, quão difícil é 1 [para os 'que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus! 25 É mais fácil passar um camelo pelo fundo de urna agulha do que entrar ºum rico no reino de Deus. 26 Eles ficaram sobremodo maravi­lhados, dizendo entre si: Então, quem pode ser salvo? 27 Jesus, porém, fitando neles o olhar, disse: Para os homens é impossí­vel; contudo, não vpara Deus, porque para Deus tudo é possí­vel. 28xEntão, Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos. 29TomouJesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, 2 ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, 30 2 que não receba, já no presente, o cên­tuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com ªper­seguições; e, no mundo por vir, a vida eterna. 31 bPorém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros.

doze, passou a revelar-lhes as coisas que lhe deviam sobrevir, dizendo: 33 Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Ho­mem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e o entregarão aos gentios; 34 hão de es­carnecê-lo, cuspir nele, 3 açoitá-lo e matá-lo; mas, depois de três dias, ressuscitará.

O pedido de TÍllgo e joão 35 e Então, se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Ze­

bedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir. 36 E ele lhes perguntou: Que quereis que vos faça? 37 Responderam-lhe: Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda. 38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós be­ber! o cálice que eu bebo ou receber go batismo com que eu sou batizado? 39 Disseram-lhe: Podemos. Tornou-lhes Jesus: h Bebereis o cálice que eu bebo e recebereis o batismo com que eu sou batizado; 40 quanto, porém, ao assentar-se à mi­nha direita ou à minha esquerda, não me compete conce­dê-lo; porque é para aqueles 'a quem está preparado. 41 iüuvindo isto, indignaram-se os dez contra Tiago e João. 42 Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: 1Sa­beis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exer­

fesus ainda outra vez prediz sua morte e ressurreição cem autoridade. 43 mMas entre vós não é assim; pelo contrá-32 cEstavam de caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia rio, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que

adiante dos seus discípulos. Estes se admiravam e o seguiam vos sirva; 44 e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo tomados de apreensões. dE Jesus, tornando a levar à parte os de todos. 45 Pois no próprio Filho do Homem não veio para

• rMt 61;20; 1;;; 23 5 Mt1923; [M~4~9]~182,;-Z4 ;~ó 31;4;;~527;-6210; [Pv 1128; 1Tm ~J I Conteúdo dos colchete~~~ conforme TR e M; NU omite 25 u [Mt 13.22; 19.241 27 v Jó 42.2; Jr 32.17; Mt 19.26; Lc 1.37 28 XMt 19.27; Lc 18.28 29 2Cf. NU; TReMacrescentamoumu/her 30 z2Cr25.9; Lc 18.29-30 ª1Ts 3.3; 2Tm3.12; [1Pe412-13J 31bMt19.30; 20.16; Lc 13.30 32 cMt 20.17-19; Lc 18.31-33 d Me 8.31; 9.31; Lc 9.22; 18.31 343fustigá-lo, usando um açoite romano 35 e [Tg 4.3] 38fMt 26.39-42; Me 14.36; Lc 22.42; Jo 18.11 glc 12.50 39 h Mt 1 O 17-18,21-22; 24 9; Jo 16.33; At 12.2; Ap 1.9 40 i[Mt 25.34; Jo 17.2,6,24; Rm 8.30; Hb 11.16] 41 i Mt 20.24 42 1 Lc 2225 43 m Mt 20.26,28; Me 9.35; Lc 9.48 45 n Lc 22.27; Jo 13.14; [Fp 2 7-8]

dele em distribuí-las e seguir a Jesus mostram que ele quebrou o maior manda­mento de todos: "Amarás. pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força" iDt 6.5; cf. Mt 22.37). Faltando-lhe a total justiça que Deus exige, ele permanece condenado. •10.23 Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas. A dificuldade não é porque as riquezas sejam um mal em si mesmas e desqualifi­quem aqueles que as possuem, mas é porque os ricos são tentados a depender de suas riquezas e podem ser incapazes de admitir que necessitam de Deus. •10.25 camelo ..• fundo de uma agulha. Um excelente exemplo da linguagem proverbial e vívida de Jesus, aqui expressando a idéia de impossibilidade lv. 27). A sugestão de que havia um pequeno portão chamado de "fundo da agulha", atra­vés do qual os camelos podiam passar sem carga, não tem apoio e minimiza a fi­gura usada por Jesus. •10.26 Então, quem pode ser salvo. Os discípulos entenderam o significado do que Jesus disse. Ninguém pode ser salvo por boas obras. •10.27 Para os homens é impossível. A salvação vem do Senhor através da soberana iniciativa divina ISI 3.8; 68.19-20). e não por esforço humano. •10.28 nós tudo deixamos. Enquanto a salvação não pode ser merecida, ela impõe esta radical condição. •10.30 o cêntuplo. A frase "já no presente", com sua contrapartida "e. no mun­do porvir". reflete o ensino dos rabinos a respeito de duas ordens de realidade: a presente era má e a futura era do Messias. A ressurreição de Jesus alterou signi­ficativamente esse conceito. No período entre a ressurreição de Jesus e a de to­dos os crentes, as duas eras existem lado a lado. A velha era está passando e a nova era está presente. mas não em sua plenitude. Daí pode haver tanto o "cên­tuplo" de bênçãos quanto as perseguições. •10.33 o filho do Homem será entregue. Ver nota em 8.31

gentios. O novo elemento nesta terceira predição da Paixão é a menção dos genti­os listo é, os romanos). Os açoites e as zombarias que ele predisse são detalhes de sua morte profetizada nas Escrituras ISI 22). e eram práticas romanas normais.

•10.35 Tiago e João. Ver 1.19; 3.17. Em Mt 20.20, é a mãe deles que faz o pe­dido; assim, aparentemente, toda a família estava envolvida.

•10.37 nos assentemos ... à tua direita. O ensino de Jesus sobre grandeza 19.34-35 e notas) ainda tinha de mudar essas atitudes deles.

•10.38 beber o cálice. Um símbolo do Antigo Testamento para expressar sofri­mento e ira ISI 75.8; Is 51.17-22; Jr 25.15; Ez 23.31-34).

batismo. Aqui, a palavra é uma metáfora para a experiência de ameaça de morte e julgamento. com a esperança de livramento definitivo IRm 6.3-7; 1Co 10.2; CI 2 11-13)

•10.40 não me compete concedê-lo. Jesus reconhece áreas onde só o Pai tem autoridade l 13.32). A concessão de tais lugares é decidida de acordo com o princípio que Jesus estabeleceu concernente a serviço 19.35).

•10.41 indignaram-se. Talvez os outros se tenham indignado não pelo fato de João e Tiago terem falhado em pôr em prática o ensino de Jesus 19.35, nota), mas porque queriam os mesmos lugares de proeminência. Jesus deseja eliminar - nos Doze e, por extensão, em todos os seus discípulos - uma tal noção de poder e autoridade.

•10.45 o próprio Filho do Homem não veio para ser servido. O que. lina\­mente, quebrou os corações de pedra dos discípulos de Jesus é o exemplo que ele mesmo dá. Jesus, o Filho do Homem, que herdará "domínio, e glória, e o rei­no" IDn 7.14). veio como um servo, cumprindo a profecia de Is 52.13-53.12.

1167 MARCOS 10, 11

ser servido, mas para servir e ºdar a sua vida em resgate por muitos.

A cura do cego de Jericó 46 PE foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, junta­

mente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho 47 e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, qFilho de Davi, rtem compaixão de mim! 48 E muitos o repre­endiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais: Fi­lho de Davi, tem misericórdia de mim! 49 Parou Jesus e disse: Chamai-o. Chamaram, então, o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama. 50 Lançando de si a capa, le­vantou-se de um salto e foi ter com Jesus. 51 Perguntou-lhe Je­sus: Que queres que eu te faça? Respondeu o cego: 4Mestre, que eu tome a ver. 52 Então, Jesus lhe disse: Vai, s a tua fé te sai­vou. E imediatamente tomou a ver e seguia a Jesus estrada fora.

A entrada triunfal de jesus emferusalém

11 ªQuando se aproximavam de Jerusalém, de / Betfagé e Betânia, junto ao monte das Oliveiras, enviou Jesus

dois dos seus discípulos 2 e disse-lhes: Ide à aldeia que aí está

4 Então, foram e acharam 2 o jumentinho preso, junto ao por­tão, do lado de fora, na rua, e o desprenderam. 5 Alguns dos que ali estavam reclamaram: Que fazeis, soltando o jumenti­nho? 6 Eles, porém, responderam conforme as instruções de Jesus; então, os deixaram ir. 7 Levaram o jumentinho, sobre o qual puseram as suas vestes, e Jesus o montou. 8 bE muitos estendiam as suas vestes no caminho, e outros, ramos que ha­viam cortado dos campos. 9 Tanto os que iam adiante dele como os que vinham depois clamavam: Hosana! cBendito o que vem em nome do Senhor! 10 Bendito o reino que vem, 3

o reino de Davi, nosso pai! dHosana, nas maiores alturas! 11 e E, quando entrou em Jerusalém, no templo, tendo ob­

servado tudo, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os doze.

A.figueira semfruto 12 fNo dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome.

13 gE, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão folhas; porque não era tempo de figos. 14 Então, lhe disse Jesus: Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto.

diante de vós e, logo ao entrar, achareis preso um jumenti- A purificação do templo nho, 0 qual ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o. 15 hE foram para Jerusalém. Entrando ele no templo, pas-3 Se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? Respondei: O sou a expulsar os que aii vendiam e compravam; derribou as Senhor precisa dele e logo o mandará de volta para aqui. mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam 1pombas .

• o M~20 28; [2Co 5.21; 1Tm 2~-6; Tt 2.14] 46 PMt 2~~~34; Lc 18.35-43 47 q Jr 235; ~t224;~~;3-4; Ap 22.16 'Mt 15.22; Lc 17. 13 S 1 4 Hebr. Rabboni, lit meu grande ou ilustre [senhor, mestre) 52 5 Mt 9.22; Me 534 CAPÍTULO 11 1 a Mt 211-9; Lc 19.29; Jo 2. 13 1 M Betsfagé 4 2 NU e M um 8 b Mt 21.8 9 e SI 118.25-26; Mt 21.9 10 d SI 148.1 3Cf. NU; TR e M acrescentam em o nome do Senhor; NU omite 11 eMt 21.12 12/Mt 21. 18-22 13 gMt 21.19 1 S h MI 3. 1; Mt 21.12-16; Lc 1945-47; Jo 2.13-16iLv14.22

resgate. o preço eago para livrar da sentença o culpado IÊx 21.30), ou os devedo­res de sua dívida !Ex 30. 12; cf. Is 53. 10). muitos. Ver Is 53. 12. Nos escritos do Qumran !Manuscritos do Mar Morto) este é um termo para todos os membros da comunidade. •10.46 Jericó. Cerca de 24 km a nordeste de Jerusalém e aproximadamente duzentos e quarenta metros abaixo do nível do mar Ver nota em Lc 1835. filho de Timeu. A tradução da palavra "Bartimeu" mostra que Marcos está es­crevendo para leitores que não tinham familiaridade com as línguas semíticas 1531, nota). •10.47 Filho de Davi. Um título messiânico popular 111 1 O; 1235) tirado do Antigo Testamento lls 11. 1-3; Jr 23.5-6; Ez 34.23-24). •10.49 Chamai-o. Uma das características do ministério público de Jesus é o tempo que ele dedica aos indivíduos que sofrem no meio das multidões 1530-34) •10.51 Mestre. Em aramaico "Rabboni" [ver nota textual; uma forma aumenta­da de "Rabi", título comum para designar um mestre), ressalta o reconhecimento e a submissão à autoridade de Jesus. •11.1 Quando se aproximavam de Jerusalém. A viagem (1O.1, nota) atinge seu destino e começa a chamada Semana da Paixão. A decisão de Jesus de subir a Jerusalém é claramente determinada pelo seu entendimento do Antigo Testa­mento e suas profecias referentes à sua própria morte 1831, nota). Betfagé. Palavra hebraica que significa "casa de figos verdes", é uma pequena aldeia a leste de Jerusalém. Betânia. No hebraico significa "casa de tristeza", fica a cerca de 3 a 5 km a leste de Jerusalém. monte das Oliveiras. A leste de Jerusalém, cerca de sessenta metros acima da colina do templo, de onde se tem uma visão espetacular de Jerusalém e, especi­almente, do templo. Nos tempos de Jesus, esse monte era coberto de oliveiras.

Porém os romanos - durante o cerco de Jerusalém, no ano 70 d.C. - destruí­ram essas árvores. •11.2 achareis. Esse texto dá testemunho do conhecimento sobrenatural de Jesus lcf Jo 148-50). jumentinho. Uma cria de jumenta IMt 21.2; Jo 12. 15). O Antigo Testamento pro­fetizou as ações de Jesus (Zc 9.9) que, neste caso, o identificam claramente com o Messias. Zacarias profetizou a vinda de um rei justo e humilde, trazendo salvação.

•11.8 suas vestes no caminho. Um reconhecimento da dignidade real de Jesus. ramos. Ver SI 118.27. Este Salmo celebra a procissão do Messias Real. •11.9 Hosana. Um transliteração grega das palavras aramaicas "Qhl Salva-nos, SENHOR" [SI 118.25). A multidão está gritando frases deste salmo. •11.11 saiu para Betânia. Em Mt 21. 12-22, Jesus realiza a purificação do tem­plo logo na sua chegada (a Jerusalém) e amaldiçoa a figueira no dia seguinte. Conforme Marcos, Jesus retoma a Betânia à noite e, na manhã do dia seguinte, amaldiçoa a figueira e, então, purifica o templo. É provável que Mateus trate do assunto tematicamente (nenhuma referência temporal para a purificação do tem­plo é especificada em Mt 21. 12). enquanto Marcos, que coloca histórias dentro de histórias 15.21-43; 6.7-30). trata do assunto cronologicamente. •11.13 não era tempo de figos. Ver nota em Mt 21.18-20.

•11.14 Nunca jamais coma alguém fruto de ti. Jesus amaldiçoa esta árvore por causa de sua aparência enganosa, nào tendo fruto, exatamente ao mesmo modo como ele julgará o templo lvs. 15-17) e predirá sua destruição 113 2). Isto indicaria que a reconstrução do templo, em Jerusalém, não seria mais um alvo da história da redenção. Jeremias usou os figos como um símbolo do juízo sobre Je­rusalém [Jr 24). •11.15 templo. Isto é, o átrio dos gentios, o átrio mais afastado no complexo das estruturas que cercam o templo propriamente dito. Era a única área em que se permitia a presença dos gentios lcf. v. 17).

MARCOS 11, 12 1168

16 Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo; 17 também os ensinava e dizia: Não está escrito:

i A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações?

Vós, porém, a tendes transformado em 1covil de salteadores. 18 E mos principais sacerdotes e escribas ouviam estas coisas e procuravam um modo de lhe tirar a vida; pois o temiam, por­que ntoda a multidão se maravilhava de sua doutrina. 19 Em vindo a tarde, saíram da cidade.

Opoderdafé 20 ºE, passando eles pela manhã, viram que a figueira se­

cara desde a raiz. 21 Então, Pedro, lembrando-se, falou: Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou. 22 Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; 23 porque Pem verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele. 24 Por isso, vos digo que qtudo quanto em oração pedirdes, crede que recebes­tes, e será assim convosco. 25 E, quando estiverdes orando, rse tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. 26 4 [Mas, 5 se não perdoardes, também vosso Pai celestial não vos per­doará as vossas ofensas.]

A autoridade de Jesus e o batismo de João 27Então, regressaram para Jerusalém. 1E, andando ele pelo

templo, vieram ao seu encontro os principais sacerdotes, os es-

cribas e os anciãos 28 e lhe perguntaram: Com que "autoridade fazes estas coisas? Ou quem te deu tal autoridade para as faze­res? 29 Jesus lhes respondeu: Eu vos farei uma pergunta; res­pondei-me, e eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. 30 vo batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei! Jl E eles discorriam entre si: Se dissermos: Do céu, dirá: Então, por que não acreditastes nele? 32 Se, porém, dissermos: dos ho­mens, é de temer o povo. Porque xtodos consideravam a João como profeta. 33 Então, responderam a Jesus: Não sabemos. E Jesus, por sua vez, lhes disse: Nem eu tampouco vos digo com que autoridade faço estas coisas.

A parábola dos lavradores maus

12 Depois, ªentrou Jesus a falar-lhes por parábola: Um homem plantou uma vinha, cercou-a de uma sebe,

construiu um lagar, edificou uma torre, 1 arrendou-a a uns la­vradores e ausentou-se do país. 2 No tempo da colheita, envi­ou um servo aos lavradores para que recebesse deles dos frutos da vinha; J eles, porém, o agarraram, espancaram e o despacharam vazio. 4 De novo, lhes enviou outro servo, 2e eles o esbordoaram na cabeça e o insultaram. 5 Ainda outro lhes mandou, e a este mataram. Muitos outros lhes enviou, dos quais bespancaram uns e mataram outros. 6 Restava-lhe ainda um, seu filho amado; a este lhes enviou, por fim, dizen­do: Respeitarão a meu filho. 7 Mas os tais 3 lavradores disse­ram entre si: Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo, e a herança será nossa. 8 E, agarrando-o, e mataram-no e o atira­ram para fora da vinha. 9 Que fará, pois, o dono da vinha?

.~ 17 ils 56.7 1Jr7.11 18 ms1 2.2; Mt 21.45-46; Lc 19.47 nMt 728; Me 1.22; 6.2; Lc 4.32 20 ºMt 21.19-22 23PMt17.20; 21.21, Lc 17.6 24 q Mt 7.7; Lc 11.9; [Jo 14.13; 15.7; 16.24; Tg 1.5-6] 25 rMt 6.14; 18 23-35; Ef 4.32; [CI 3.13] 26 s Mt 6.15; 18.35 4 Conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 27 t Mt 21.23-27; Lc 20.1-8 28 u Jo 5.27 30 v [Me 1.4-5,8]; Lc 7.29-30 32 x Mt 3.5; 14.5;,Mc 6.20 CAPITULO 12 l ªMt 21.33-46; Lc 20.9-19 1 contratou-a a uns arrendatários 4 2Cf. NU; TR e M acrescentam e atiraram-lhe pedras; NU omite S b 2Cr 36.16 7 3 arrendatários 8 e [At 2.23]

passou a expulsar. Jo 2.12-22 descreve a purificação do templo como tendo ocorrido no começo do ministério de Jesus, enquanto os três Sinóticos registram uma tendo ocorrido no fim. É provável que Jesus tenha purificado o templo duas vezes. A narrativa de João é cuidadosamente datada (Jo 2.20; Me 1.9, nota) e as narrativas não são de modo algum idênticas. Em João, Jesus vem com os seus discípulos e suas ações trazem à memória deles o SI 69.9. Na narrativa dos Sinó­ticos, Jesus vem em triunfal glória messiânica e justifica suas ações citando Is 56.7 e Jr 7 .11. Jesus, sem dúvida, está ciente de que Jeremias amaldiçoou o templo duas vezes (Jr 7.1-14 e 26.2-6). cambistas. Este serviço era necessário porque os impostos e as ofertas do tem­plo tinham de ser pagas em moeda corrente. mas essa prática tinha se tornado tão corrupta que Jesus a descreveu como "covil de salteadores" (v. 17; Lc 19.45-46, nota). Jesus está também julgando as famílias sumo sacerdotais dos saduceus, que não se harmonizavam com o caráter do Pai, de quem era a casa lcf. 12.18-27) •11.16 Não permitia que alguém conduzisse. Não somente o átrio tinha se tornado um mercado, mas estava também sendo usado como atalho pelos mer­cadores de toda espécie. Marcos vê, no gesto de Jesus, a defesa dos direitos dos gentios e, talvez. uma indicação da futura missão aos gentios. •f f. f 8 principais sacerdotes e escribas. Jesus agiu sob os olhares daqueles

que sabia que iriam matá-lo (8.31) se maravilhava de sua doutrina. Ver nota em 1.22. •11.20 secara desde a raiz. Esta frase indica a completa destruição da figueira lv. 14, nota). •11.25 alguma coisa contra alguém. Ver Mt 5.23-24. •11.26 Este versículo não existe em alguns dos mais antigos manuscritos (Ver nota textual). Um dito semelhante é encontrado em Mt 6.14-15.

•11.27 principais sacerdotes. Vernota em 11.18. •11.28 Com que autoridade. As "autoridades" de Jerusalém procuram expor Jesus como um arrogante, sem nenhum status oficial para agir dentro do tem­plo. •11.30 era do céu. A resposta de Jesus silencia os teólogos profissionais de­tentores do poder, cortando pela raiz a pretensão de uma tal autoridade "oficial" absoluta. A autoridade profética, por definição, não pode ter uma fonte humana (GI 1.11-12). Ela é atestada por Deus e exige submissão. Com a resposta de Je­sus constata-se uma última pergunta implícita: "Reconheceis e vos submeteis à minha autoridade?" •12.1 lhes. Este pronome, aparentemente, se refere aos principais sacerdotes e escribas, uma vez que concorda com a terceira pessoa do plural ("eles"), no v. 12 (os que buscavam um meio de prendê-lo). Esta parábola era também uma provo­cação 111.18, nota). parábola. Ver notas em 4.2, 11. Ainda que seja incorreto procurar um sentido simbólico e especial para cada detalhe da parábola, o ponto essencial é claro. vinha. A parábola é baseada no "cântico da vinha" (Is 5.1-5). que descreve Israel e sua infidelidade. •12.2 servo. Freqüentemente, um termo para designar os profetas (Êx 14.31; 2Cr 1.3; Is 20.3; Am 3.7). a quem Jesus vê como os enviados de Deus para cha­mar Israel à fidelidade e que, com freqüência, eram mortos IMt 23.37). lavradores. Para aqueles que tinham autoridade "oficial" sobre o povo de Deus. em particular aqueles para quem a parábola foi contada. •12.6 filho amado. Nos três Evangelhos Sinóticos, o tema de Jesus. como o Fi­lho amado de Deus, é raro (Me 1.11; 9.7; cf. Mt 16.16). mas está inequivocamen­te presente.

1169 MARCOS 12

Virá, exterminará aqueles lavradores e passará a vinha a ou­tros. 10 Ainda não lestes esta Escritura:

d A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; 11 isto procede do Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos?

12 eE procuravam prendê-lo, mas temiam o povo; porque compreenderam que contra eles proferira esta parábola. Então, desistindo, retiraram-se.

A questão do tributo 13/E enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos,

para que o apanhassem em alguma palavra. 14 Chegando, dis­seram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e 4não te im­portas com quem quer que seja, porque não olhas 5 a aparência dos homens; antes, segundo a verdade, ensinas go caminho de Deus; é lícito pagar tributo a César ou não? Deve­mos ou não devemos pagar? 15 Mas Jesus, percebendo-lhes ha hipocrisia, respondeu: Por que me experimentais? Tra­zei-me um denário para que eu o veja. 16 E eles lho trouxe­ram. Perguntou-lhes: De quem é esta efígie e inscrição? Responderam: De César. 17 Disse-lhes, então, Jesus: 6Dai a César o que é de César e ia Deus o que é de Deus. E muito se admiraram dele.

mão de alguém e deixar mulher sem filhos, seu irmão a tome como esposa e suscite descendência a seu irmão. 20Qra, ha­via sete irmãos; o primeiro casou e morreu sem deixar des­cendência; 21 o segundo desposou a viúva e morreu, também sem deixar descendência; e o terceiro, da mesma forma. 22 E, assim, os sete não deixaram descendência. Por fim, depois de todos, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de qual deles será ela a esposa? Porque os sete a desposaram. 24 Respondeu-lhes Jesus: Não provém o vosso 7 erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus? 25 Pois, quando ressuscitarem de entre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento; porém, nsão como os anjos nos céus. 26Quanto ºà ressurreição dos mor­tos, não tendes lido no Livro de Moisés, no trecho referente à sarça, como Deus lhe falou:

P Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de !saque e o Deus de Jacó?

27 Ora, ele não é Deus de mortos, e sim de vivos. Laborais em grande 8erro.

O grande mandamento 28 qChegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão

entre eles, 9vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos? 29 Respondeu Jesus: O principal é:

Os saduceus e a ressurreição rouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!. 18 'Então, os saduceus, 1que dizem não haver ressurrei- 30 s Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu cora-

ção, aproximaram-se dele e lhe perguntaram, dizendo: ção, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de 19 Mestre, m Moisés nos deixou escrito que, se morrer o ir- toda a tua força.'

• 10 dSl~22 2-;- 12 eMt 214546; Me 1118; Jo7 25.30.44 tJ/Mm15~2~ Lc 2020~26~~At 18.26 4Não buscas o favor d~ ---ninguém 5Lit. a face 15 h Lc 12.1 17 i[Ec 54-5] 6 Pagai 18 iLc 20.27-38 / At 23.8 19 m Dt 25.5 24 7Du engano 25 n [1Co 1542,49.52] 26 o [Ap 20.12-13] PÊx 3.6, 15 27 Bou engano 28 qMt 22.34-40 9Cf NU; TR e Mpercebendo 29 rDt 64-5 30 s[Dt 10.12; 30.6] I Cf. NU; TR e M acrescentam Esse é o primeiro mandamento; NU omite

•12.9 e passará a vinha a outros. Mt 2143 lê: "Será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos". sugerindo tanto a comunidade dos discípulos que estavam em torno de Jesus (Lc 2229-30) quanto a missão aos gentios (Mt 8 11-12; Rrn 9.22-26). •12.10 A pedra que os construtores rejeitaram. Jesus cita o SI 118.22-23. Este salmo celebra a vitória que Deus dá a seu Messias, estabelecendo-o em seu trono. Tal é a fé que Jesus tern em seu Pai e nas Escrituras que. em face da morte que ele acaba de predizer para si mesmo l"E. agarrando-o. mataram-no". v. 8). ele pode regozijar-se na vitória prometida. •12.13 fariseus e dos herodianos. A aliança entre os fariseus e os herodianos ressurge (3.6). Esta aliança era possível porque ambos os partidos aceitavam a ocupação romana, aqueles corno punição divina. estes por vantagens políticas. •12.14 tributo a César. Corno acréscimo a numerosos direitos alfandegários. impostos, pedágios e outros encargos 12.14, notai. cada província romana era obrigada a pagar o tributo imperial. A mesma soma ou importância era arrecada­da (ou extorquida) de todos. ricos e pobres igualmente. Esta tributação era muito impopular entre o povo. •12.15 Por que me experimentais. A pergunta de seus opositores. aparente­mente. era uma tentativa para estigmatizar Jesus como um revolucionário político. denário. Numerosas moedas estavam em circulação na Palestina. Jesus pede um denário romano. que valia o salário de um dia de trabalho e que. de um lado, trazia impressa a efígie de César e. de outro, uma cena que glorificava o seu reino. •12.17 Dai a César. Jesus aproveita a ocasião para afirmar que o poder político de Roma é legítimo. como ele declara em seu julgamento que esse poder vem de Deus (Jo 19111 A Igreja Primitiva seguiu este ensino de Jesus (Rm 13.1-7; CI 1.16; 1Tm 2.1-6; Tt 3.1-2; 1Pe 213-17) •12.18 saduceus. As famílias sumo sacerdotais dos tempos de Jesus eram

membros deste grupo. Os saduceus negavam a ressurreição, a existência de anjos e rejeitavam a tradição oral dos fariseus. O nome deles se deriva. provavel­mente. de Zadoque, sumo sacerdote de Davi (2Sm 8.17; 1Cr15.11; 29.22) e es­colhido oficial sobre a linha sacerdotal de Arão 11 Cr 27.17). a quem foi dado o direito exclusivo para ser sumo sacerdote (Ez 4046; 43 19) •12.19 Moisés nos deixou escrito. A história que eles contam a Jesus (vs. 19-23) está baseada na lei do levirato ("parente resgatador") de Dt 25.5-10. lei que estipula que a linha familiar seja perpetuada pelo parente mais próximo. no caso de morte prematura (Rt 2.20, nota) •12.24 poder de Deus. Provavelmente. Jesus se refira às obras contínuas de Deus e suas poderosas manifestações futuras (incluindo a ressurreição). através de seu Messias (Lc 22.69; Rm 1.16; 1 Co 1.18-24). •12.25 nem casarão. A ressurreição final é a transformação do universo físico (Rm 8.21, 1Co15.52-53). e o mandato da criação do casamento e procriação (Gn 1.27-28; 224) não mais será apropriado. •12.26 no trecho referente à sarça. Ver Êx 3.1-6. O Deus que aparece com poder miraculoso na teofania da sarça ardente "não é Deus de mortos. e sim de vivos"; é o Deus daqueles que estão unidos a ele pela eterna aliança da graça. O ensino a respeito da ressurreição - Jesus dá a entender - não está limitado a certos textos-provas do Antigo Testamento (p. ex., Jó 19.25-27; SI 16.9-11; 17.15; 73.24-26; Is 26.19; 53.11; Ez 37.1-14; Dn 12.2; Os 6.2; 13.14). mas está baseado na pessoa do Deus vivo e doador da vida.

•12.27 Laborais em grande erro. Esta frase forte lembra a acusação condena­tória de Jesus contra aqueles cujo pai não é Deus. mas o diabo (Jo 8.42-47) •12.29 Ouve, ó Israel. Outra vez o debate se trava em torno das Escrituras. Jesus c~a Dt 64. conhecido como o "Shema" (do hebraico. que significa "ouve") que é a confissão central da fé monoteísta de Israel.

1 1

MARCOS 12, 13 1170

31 O segundo é: 1 Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Não há outro mandamento maior do que "estes. 32 Disse·lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, ve não há outro senão ele, 33 e que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento 2 e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo xexcede a todos os halo· caustos e sacrifícios. 34 Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. zE já ninguém mais ousava interrogá-lo.

O Cristo, filho de Davi 35 ªJesus, ensinando no templo, perguntou: Como dizem

os escribas que o Cristo é filho de Davi? 36 O próprio Davi fa· Jou, bpelo Espírito Santo:

e Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.

37 O mesmo Davi chama-lhe Senhor; como, pois, é ele dseu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer.

A oferta da \liÚtla pobre 41 IAssentado diante do 1gazofilácio, observava Jesus

como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depo­sitavam grandes quantias. 42 Vindo, porém, uma viúva po­bre, depositou duas pequenas 4 moedas correspondentes a um squadrante. 43 E, chamando os seus discípulos, disse­lhes: Em verdade vos digo que m esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. 44 Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, po­rém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, ntodo o seu sustento.

O se1111Ao profético

A destruição do templo

13 ªAo salr Jesus do templo, disse-lhe um de seus discí­pulos: Mestre! Que pedras, que construções! 2 Mas

Jesus lhe disse: Vês estas grandes construções? bNão ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada.

Jesus censura os escribas O princípio das dores 38 E, eao ensinar, dizia ele: !Guardal-vos dos escribas, que 3 No monte das Oliveiras, defronte do templo, achava-se

gostam de andar com vestes talares e das gsaudações nas pra- Jesus assentado, quando e pedro, dTiago, e João e! André lhe ças; 39 e das hprimeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros perguntaram em particular: 4 gDize-nos quando sucederão lugares nos banquetes; 40 1os quais devoram as casas das viú- estas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem vas e, 3 para o justificar, fazem longas orações; estes sofrerão para cumprir-se. s Então, Jesus passou a dizer-lhes: nvede que juízo muito mais severo. ninguém vos engane. 6 Muitos virão em meu nome, dizendo:

• 31 ILv 19.18U[Rm13.9} 32 V0t4.39 33 ;[Os 66] 2Cf NU, TR e~ acrescentamedetodaaalma; NU omite 3d zMt 22.46 35 •Mt 22.41-46; Lc 20.41-44 36 b2Sm 23.2 cs1110.1 37 d[At 229-31] 38 e Me 4.2ÍMt 23.1-7; Lc 20.45-47 gMt 23.7; Lc 11.43 39 h Lc 14.7 40 iMt 23.14 3porcausa da aparência 41ilc21.1-4 12Rs 12.9 42 4 Gr. /epta, moedas de cobre bem pequenas suma moeda romana 43 m [2Co 8.12} 44 n Dt 24.6; [1 Jo 3.17] CAPÍTUL013 taMt24.1;Lc21.5-36 2blc19.44 3CMt16.18dMc1.19eMc1.19fJo1.40 4gMt24.3 ShEf5.6

•12.31 O segundo. Jesus liga Lv 19.18 a Dt 6.4-5, um texto que Tiago chama a "lei régia" (Tg 2.8]. •12.33 holocaustos. O escriba aprova a resposta de Jesus e acrescenta, ele mesmo. uma prova escriturística (1 Sm 15.22; Os 6.6). •12.34 Não estás longe do reino. Compare o jovem rico de 10.21 ("uma coisa te falta") e Nicodemos (Jo 3.1-21 ). Em cada caso há a necessidade de um novo nascimento para a vida eterna (que é entrar no reino de Deus), o que só é possível pela morte e ressurreição do Filho do Homem (Jo 3.3, 14-15). •12.35 templo. Ver nota em 11.15. Além do átrio dos gentios, havia também o átrio das mulheres e o átrio de Israel, que era reservado só para os homens judeus. •12.36 O próprio Davi. A interpretação de Jesus prende-se à autoria davídica deste salmo. falou, pelo Esplrito Santo. Jesus atribui ao salmo de Davi plena inspiração divi­na, como farão os seus discípulos posteriormente (At 1.16; 4.25). •12.37 O mesmo Davi chama-lhe Senhor. Jesus mostra que, conquanto o Messias descenda de Davi, sua dignidade real e poder sobrepujam os de Davi, porque Davi se dirige a este Rei, chamando-o de "meu Senhor" (SI 11 O 1). Este Rei está singularmente associado com o SENHOR (SI 110.2). Uma tal interpreta­ção clara e fiel das Escrituras é ouvida "alegremente" (cf. Lc 24.32). •12.38 Guardai-vos dos escribas. A superficialidade da doutrina e da exegese dos escribas, a respeito do Messias, leva Jesus a criticar o superficial estilo de vida deles em geral. Advertência semelhante é encontrada em 8.15. •12.40 devoram as casas das viúvas. Era considerado impróprio, para qual­quer um, receber salário para interpretar as Escrituras. Conseqüentemente, eles aproveitavam e, às vezes, tiravam vantagem da hospitalidade das pessoas, den­tre as quais as viúvas eram especialmente vulneráveis. longas orações. Ver Mt 6.5-6, onde há uma condenação semelhante da espiri­tualidade exibicionista e hipócrita.

•12.41 gazofilácio. Os cofres para as ofertas, no templo, eram colocados no átrio das mulheres, que dava acesso a todos.

•12.42 duas pequenas moedas. Esta moeda, de um lepton. era a de menor valor em circulação.

quadrante, Moeda romana que valia uma sexagésima quarta parte de um dená­rio (o denário equivalia ao pagamento do salário de um dia de trabalho). Marcos traduz para o grego, para os leitores gentios (5.41, nota). •13.1-37 Este capítulo é conhecido como o "Pequeno Apocalipse" ou o "Dis­curso do monte das Oliveiras". Faz predições em três áreas: a próxima destrui­ção do templo (vs. 1-4); futuras perseguições (vs. 5-25) e a vinda do Filho do Homem (vs. 26-37).

•13.1 Que pedras, que construções. Herodes, o Grande, começou a recons­truir o templo no ano 19 a.C., usando mármore e ouro como materiais de decora­ção. O átrio exterior media cerca de quatrocentos e cinqüenta e sete metros de comprimento por duzentos e setenta e quatro metros de largura e era cercado por muros de pedras brancas maciças, algumas das quais mediam aproximada­mente cinco metros de comprimento por um metro de altura. Em cima destes muros havia magníficos claustros cobertos ou caminhos com forros de madeira ricamente entalhados. •13.2 Não ficará pedra sobre pedra. Jerusalém foi saqueada e o templo foi queimado e destruído no ano 70 d.C., por Tito, general romano (depois feito impe­rador). O Arco de Tito, comemorando a sua vitória, ainda existe em Roma. •13.3 Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em particular, Marcos nos informa que este ensino é parte da instrução especial dada aos Doze (410-11, 8.29)

•13.4 quando sucederão estas coisas. A pergunta dos discípulos tem em vista a predita destruição do templo. A resposta de Jesus parece incluir tanto este evento específico como o tempo que conduz à vinda do Filho do Homem

1171 MARCOS 13

Sou eu; e enganarão a muitos. 7 Quando, porém, ouvirdes fa· \o.; de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é ne· cessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. 8 Porque se levantará nação contra nação, e ireino, contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. / iEstas coisas são o princípio das 2 dores.

9 1Estai vós de sobreaviso, porque vos entregarão aos tribu· nais e às sinagogas; sereis açoitados, e 3vos farão comparecer à presença de governadores e reis, por minha causa, para lhes servir de testemunho. to Mas mé necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações. tt "Quando, pois, vos levarem e vos entregarem, não vos preocupeis com 4o que haveis de dizer, mas o que vos for concedido naquela hora, isso falai; porque não sois vós os que falais, ºmas o Espírito Santo. 12 PUm irmão entregará à morte outro irmão, e o pai, ao filho; filhos haverá que se levantarão contra os progenitores e os ma· tarão. 13 qSereis odiados de todos por causa do meu nome; raquele, porém, que 5perseverar até ao fim, esse será salvo.

A grande tribulação 14 5Quando, pois, virdes 10 abominável da desolação 6si·

tuado onde não deve estar (quem lê entenda), então, "os que

estiverem na Judéia fujam para os montes; ts quem estiver em cima, no eirado, não desça nem entre para tirar da sua casa alguma coisa; 16 e o que estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa. 17 v Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! ta Orai para que isso não suceda no inverno. 19 xporque aqueles dias serão de ta· manha tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo, que Deus criou, até agora e nunca jamais haverá. 20 Não tivesse o Senhor abreviado aqueles dias, e ninguém se salvaria; mas, por causa dos eleitos que ele escolheu, abrevi· ou tais dias. 21 zEntão, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; 22 pois surgirão falsos cristas e falsos profetas, operando sinais e ªprodígios, para enganar, se possível, os próprios 7 eleitos. 23 bEstai vós de sobreaviso; tudo vos tenho predito.

A vinda do Filho do Homem 24 e Mas, naqueles dias, após a referida tribulação, o soles­

curecerá, a lua não dará a sua claridade, 25 as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão dabalados. 26 e Então, verão o Filho do Homem vir nas nuvens, com grande poder e glória. 27 E ele enviará os anjos e reunirá os

·-8 iAg-;_22jMt2~.c8 1 Cf NU; T-;~ Macresc~nt~metribula~ões 2Lit.doresdeparto 9IMt10.17-18; 24.9 3NU eMestareisna -10 mMt -24.14 11 "Lc 12.11; 21.12-17 °At 2.4; 4.8,31 4Cf. NU; TR e M acrescentam ou premediteis, NU omite 12 PMq 7.6 13 Qlc 21.17 rMt 10.22; 24.13 5suportar pacientemente 14 SMt 24.15 IOn 9.27; 1131, 12.11 Ulc 21.21 6Cf. NU; TR e M acrescentam de que falou o profetaDanie/;NUomite t7Vlc21.23 19X0n9.26;12.1 21Zlc17.23;21.8 22ªAp13.13-141esco/hidos 2Jb/2Pe3.17] 24csf115 25 dls 1310; 34.4 26 e [Dn 713-14]

lv 26; cf. Mt 24.3). Os eventos em torno da destruição do templo parecem ante­cipar e tipificar aqueles momentos associados à segunda vinda. •13.6 Muitos virão. No ano 130 d.C., Bar Kochba-líderde uma rebelião judai­ca contra os romanos - reivindicava ser o Messias e era aceito como tal por seus seguidores, e a lista Ide supostos messias) tem crescido desde então. Sou eu. Esta expressão é também o nome de Deus (Êx 3.14) e é o título escolhi­do por Jesus (Jo 828,58). •13.7 o fim. De acordo com o texto paralelo (Mt 24.3), "o fim" é a "consumação do século" •13.8 dores. Ver nota textual. Os judeus esperavam um período de sofrimento an­tes da vinda do Messias e o descreviam deste modo, como Paulo faz em Rm 8.22. •13.9 sinagogas. Os tribunais da sinagoga tinham o direito de ordenar açoites, limitados a quarenta golpes IDt 25.1-3). Os apóstolos sofreram prisões e açortes !At 4 21; 5 18,40; 2Co 6.9; 11,23-24). •13.1 O pregado a todas as nações. D tempo entre a ressurreição de Cristo e sua segunda vinda não é simplesmente um tempo de sofrimento e perseguição, mas um tempo de graça e evangelização por toda terra, em cumprimento da pro­fecia de Is 49.6. •13.11 com o que haveis de dizer. Esta é uma promessa de assistência espe­cial em tempo de necessidade, mais do que uma referência ao ministério do Espí­rito entre os Doze, ao estabelecer a sua proclamação de Jesus IJo 14.25-26; 15.26-27; 16.12-15). •13.13 perseverar até ao fim. Ver nota no v. 7. Esta afirmação pode também significar o fim da vida de cada pessoa. Uma tal perseverança é, freqüentemente, associada ao sofrimento (Rm 8.18-25; 12.12; Hb 10.32; 12.2; 1Pe 2.20). será salvo. Esta perseverança não é para merecer a salvação, mas é a prova de que a verdadeira salvação, em certo sentido, já aconteceu (Rm 8.24). •13.14 o abominável da desolação. Dn 11.31 prediz a vinda do rei do Norte, que profanará o templo. Esta predição foi primeiro cumprida em 168 a.C., quando Antíoco Epifânio edificou um altar pagão e sacrificou um porco no Santo dos San­tos. Em 70 d.C., o texto do Antigo Testamento foi definitivamente cumprido, quando Tito, general romano !depois imperador) saqueou o templo. quem lê entenda. Esta frase pode ser uma observação de Marcos (indicando que ele sabia que a destruição do templo já havia ocorrido) ou pode expressar o

desejo de Jesus de que seus ouvintes, como leitores do Antigo Testamento, per­cebessem que ele estava citando Dn 9 25-27; 11.31 (cf. 2.25; 12.10,26).

fujam para os montes, Quando os romanos, em sua marcha para Jerusalém, no ano 69 d.C., saquearam Qumran, os membros desta comunidade esconderam seus manuscritos em cavernas, no alto das montanhas, acima do mar Morto. Eu­sébio, historiador da Igreja, no século IV, afirma que os cristãos deixaram Jerusa­lém, naquele tempo, e fundaram a igreja em Pella, a leste do Jordão, cerca de 78 km ao norte de Jerusalém.

•13.19 tribulação como nunca houve. D historiador romano Tácito e o his­toriador judeu Josefa descrevem a destruição do templo como uma catástrofe de dimensões sobrenaturais, com exércitos aparecendo no céu e uma voz so­brenatural. Segundo Josefa, o sofrimento foi sem paralelo.

•13.20 por causa dos eleitos. D povo de Deus (vs. 22,27). abreviou. Esta expressão pode referir-se ao período limitado que durou a destrui­ção do templo, ou a um período semelhante antes da segunda vinda, ou a ambos os períodos \v 4, nota). •13.21 Eis aqui o Cristo, Ver nota no v. 6. •13.22 sinais e prodígios. Jesus associa estes sinais a manifestações messiâ­nicas, mesmo reconhecendo que tais manifestações são fraudulentas.

•13.24 naqueles dias. Uma vez que este é um termo técnico do Antigo Testa­mento para designar os "últimos dias" (Jr 3.16; JI 3.1; Zc 8.23), Jesus pode estar começando a falar do fim (cf. v. 7). Segundo alguns intérpretes, no v. 26 a referên­cia é à segunda vinda. o sol escurecerá. Ainda que esta frase, freqüentemente, se refira ao tempo do julgamento cósmico e final de Deus (Is 13.1 O; 34.4; JI 2.10,31 ), aqui pode signifi­car outro evento tão grave que, depois dele, o mundo não será mais o mesmo. Pedro interpreta JI 2.31 em At 2.16-21 como uma profecia do derramamento do Espírito, no Pentecostes. •13.26 vir nas nuvens. As nuvens, às vezes, significam a presença divina (Êx 19.9; 24.15-18). Se a primeira vinda do Filho do Homem foi caracterizada por so­frimento e humilhação (8.31, nota), sua futura vinda, no fim, será uma declaração aberta de sua glória divina. Essa vinda recorda as manifestações visíveis de Deus (teofanias) no Antigo Testamento (Êx 19.16; 34.5; Ez 1.4; 10.3-4), com a diferen­ça que esta manifestação será universal. Porém os vs. 24-27 podem apontar não

MARCOS 13, 14 1172

seus 8escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra até à extremidade do céu.

A parábola da figueira. Exortação à vigilância 28! Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus

ramos se renovam, e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. 29 Assim, também vós: quando virdes acontecer estas coisas, sabei que 9está próximo, às portas. 30 Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. 31 Passará o céu e a terra, porém gas minhas palavras não pas­sarão. 32 Mas a respeito daquele dia ou da hora hninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão io Pai.

33 iEstai de sobreaviso, vigiai [e oraiJ; porque não sabeis quando será o tempo. 34 1É como um homem que, ausen­tando-se do país, deixa a sua casa, dá m autoridade aos seus ser­vos, a cada um a sua obrigação, e ao porteiro ordena que vigie. 35 nVJgiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã; 36 para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormin­do. 370 que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai!

O plano para tirar a Ilida de Jesus

14 Dali a ªdois dias, era a Páscoa e ba Festa dos Pães Asmos; e os principais sacerdotes e os escribas procu-

ravam como o prenderiam, à traição, e o matariam. 2 Pois di· ziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.

jesus ungido em Betânia 3 cEstando ele em Betânia, reclinado à mesa, em casa de

Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de ala­bastro com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebran­do o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus. 4 Indignaram-se alguns entre si e diziam: Para que este des­perdício de bálsamo? s Porque este perfume poderia ser ven­dido por mais de trezentos d denários e dar-se aos pobres. E emurmuravam 1 contra ela. 6 Mas Jesus disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo. 7 !Por­que os pobres, sempre os tendes convosco e, quando quiser­des, podeis fazer-lhes bem, gmas a mim nem sempre me tendes. 8 Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me para a

• 27 Be/eitos e ;8/Lc 21 29 ;~~-0-;emp~ ou o Filho~o h-a--:n:m 31gls408 32 h Mt 25.13 iAt 1.7 33 i1Ts 5.6 34 IMt 24~~~--25.14 m [Mt 16.19] 35 n Mt 24.42,44 CAPÍTULO 14 1 •Lc 22.1-2 bÊx 12.1-27 3 CM\ 26.6; Lc 7.37; Jo 12.1,3 5 dMt 18 28; Me 12 15 eMt 20.11, Jo 6 61 1 a censuravam 7 !Dt 15.11, Mt 26.11, Jo 128 g [Jo 733; 8.21, 14.2, 12, 16 10, 17,28/

para o aparecimento de Cristo no julgamento universal, mas para o reconheci­mento humano que Jesus está reinando no reino de Deus (Dn 7.13). um reconhe­cimento desencadeado pela queda de Jerusalém (o juízo final de Deus sobre a cidade). Nesse caso, o v. 27 se referiria à disseminação do evangelho no mundo, que se seguirá àquele evento. Os "anjos" seriam os mensageiros do evangelho (angelos é a palavra grega ~ara "mensageiro", quer sejam humanos ou angelica­is). Sob este ponto de vista, a primeira referência de Jesus ao fim (sua segunda vinda) não ocorre senão no v. 32 ("daquele dia") •13.27 dos quatro ventos. Uma forma poética de afirmar a universalidade do novo povo de Deus. •13.28 figueira. Não parece haver qualquer sentido simbólico específico nesta "figueira" (sentido tal como o ressurgimento da nação de Israel), uma vez que a passagem paralela de Lc 21.29 acrescenta "e todas as árvores". Jesus está sim­plesmente dizendo que, exatamente como há sinais daquilo que ocorre no campo natural, assim será no campo espiritual. •13.30 esta geração. Para o evento da destruição do templo, a frase se refere à geração da época do próprio Jesus. •13.31 Passará o céu e a terra. Jesus torna suas palavras iguais às palavras das Escrituras, com valor eterno (cf. Mt 5.18). Ver "O Ensino de Jesus", em Mt 7.28. •13.32 nem o Filho. Jesus tinha consciência de seu relacionamento único com o Pai, como Filho eterno, contudo, havia uma limitação no seu conhecimento, du­rante sua encarnação. Aquilo que o Pai não lhe revelou quanto ao futuro, ele não sabia. Nesse sentido, o homem Jesus (o Filho considerado em sua natureza hu­mana) não era onisciente. •13.35 se à tarde. Ver 6.48, nota. •14.1 Dali a dois dias. Isto é, no "segundo (ou 'próximo') dia"; compare 8.31. Marcos parece colocar a trama dos principais sacerdotes e escribas na quarta­feira da semana da Paixão.

a Páscoa. A Páscoa era uma das mais importantes das festas judaicas, pois ce­lebrava a libertação do povo da escravidão do ,,Egito, quando o anjo da morte "pas­sou por cima" das casas do povo de Israel (Ex 12.1-30). No tempo de Jesus, a Páscoa era celebrada no décimo quinto dia do primeiro mês do calendário judeu (Nisan, que corresponde ao fim de março ou começo de abril). Era observada no último dia antes da primeira lua cheia, depois do equinócio da primavera. Desde aquele dia, quando os cordeiros pascais eram sacrificados e comidos, todo ler -menta (que simbolizava o pecado) era removido da casa e só pão sem fermento (asma) devia ser comido, durante sete dias. Esta observância era conhecida

como "A Festa dos Pães Asmos" (14.12; Êx 1215-20). e estava estreitamente associada com a Páscoa. principais sacerdotes. Ver nota em 8.31. escribas. Ver nota em 7 .1. •14.2 Não durante a festa. Sendo uma das festas de peregrinação dos judeus, a Páscoa levava grande número de pessoas a Jerusalém. Josefa calculou que a população de cinqüenta mil pessoas aumentava para três milhões de pessoas. Ainda que esses números sejam considerados muito exagerados (duzentos e cin­qüenta mil é o número mais provável), havia razão para as autoridades temerem. •14.3 Betânia. Ver nota em 11.1. reclinado. As pessoas se reclinavam ao invés de sentar-se à mesa (Lc 22.14, nota). Simão, o leproso. Sem dúvida, ele não era mais leproso, pois pode ter sido cura­do por Jesus. Ele era claramente um importante membro do círculo mais amplo dos discípulos de Jesus, uma vez que Jesus escolheu visitar sua casa nesta oca­sião. uma mulher. De acordo com Jo 12.3, esta mulher era Maria, irmã de Lázaro e Marta. João também indica que essa refeição ocorreu "seis dias antes da Pás­coa" (Jo 12.1). antes de Jesus ter entrado em Jerusalém. Marcos pode ter colo­cado aqui a narrativa, para associar esta pré-unção com vistas à sepultura (v. 8, nota) com a trama para matar Jesus (v. 1) e foi, subseqüentemente, seguido por Mateus (Mt 263-13). vaso de alabastro. Alabastro é um tipo de gesso em sua forma pura ou translú­cida, encontrado em depósitos de calcário, em cavernas e em saldas de corren­tes de água. Era usado freqüentemente para se fazer vasos de ungüento e era considerado um item de luxo. nardo puro. Um raro perfume feito da raiz de uma planta que cresce rio Himalaia. Seu valor de "trezentos denários" (v. 5) era equivalente aproximadamente ao sa­lário de um ano de trabalho. quebrando o alabastro. Para evitar perdas, uma quantidade adequada para ser aplicada de uma só vez era colocada em frascos, que eram quebrados pelo garga­lo na hora de usar. De acordo com Jo 12.3, o frasco continha aproximadamente trezentos e quarenta gramas de perfume. •14.6 boa ação. Jesus aprova o que outros vêem como desperdício porque, por este gesto, ela mostra o inestimável valor de Jesus, da sua morte (v. 8), e da pro­funda comunhão que seu sacrifício na cruz estabelecerá. Este gesto recorda a preciosa unção ferta sobre Arão, o sumo sacerdote, que o salmista compara com a bênção inestimável da comunhão entre irmãos (SI 133).

1173 MARCOS 14

sepultura. 9 Em verdade vos digo: onde hfor pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua.

O pacto da traição 10 iE Judas lscariotes, um dos doze, foi ter com os princi­

pais sacerdotes, para lhes entregar Jesus. 11 Eles, ouvindo-o, alegraram-se e lhe prometeram dinheiro; nesse meio tempo, buscava ele uma boa ocasião para o entregar.

Os discípulos preparam a Páscoa 12 iE, no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, quando se

fazia o sacrifício do cordeiro pascal, disseram-lhe seus discípu­los: Onde queres que vamos fazer os preparativos para come­res a Páscoa? 13 Então, enviou dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um ho­mem trazendo um cântaro de água; 14 segui-o e dizei ao dono da casa onde ele entrar que o Mestre pergunta: Onde é o meu aposento no qual hei de comer a Páscoa com os meus discípu­los? 15 E ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobilado e pronto; ali fazei os preparativos. 16 Saíram, pois, os discípulos, foram à cidade e, achando tudo como Jesus lhes tinha dito, prepararam a Páscoa.

dentre vós, o que come comigo, me trairá. 19 E eles começa­ram a entristecer-se e a dizer-lhe, um após outro: Porventura, sou eu?2 20 Respondeu-lhes: É um dos doze, o que mete co­migo a mão no prato. 21 Pois no Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito; mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!

A Ceia do Senhor 22 ºE, enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoan­

do-o, o partiu e lhes deu, dizendo: Tomai, 3 isto é o meu Pcor­po. 23 A seguir, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos; e todos beberam dele. 24 Então, lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da 4 [nova] aliança, derra­mado em favor de muitos. 25 Em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira, até àquele dia em que o hei de be­ber, novo, no reino de Deus. 26 qTendo cantado 5um hino, saí­ram para o monte das Oliveiras.

Pedro é avisado 27 'Então, lhes disse Jesus: Todos vós vos escandalizareis,

6 porque está escrito: s Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas.

28 Mas, 1depois da minha ressurreição, irei adiante de vós O traidor é indicado para a Galiléia. 29 "Disse-lhe Pedro: Ainda que todos 7 se escan-

17 IAo cair da tarde, foi com os doze. 18 Quando estavam à dalizem, eu, jamais! 30 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que mum digo que hoje, nesta noite, antes que duas vezes cante o galo,

• 9 h M~ 28 1~20; Mc16.15; Lc ;~7 10 iSl41:;: 55-12-~~; Mt 10-2--4- 12 i~~28; ~2~ 17-19; Lc 22.7-13 17 IMt 2620-24, Lc~ 22 14,21-23 18 ms141.9; Mt 26.46; Me 14.42; Jo 6.70-71; 13.18 19 2Cf. NU; TR e M acrescentam E outro disse. Sou eu?, no final deste versículo; NU omite 21 n Mt 26.24; Lc 22.22; At 1.16-20 22 o Mt 26.26-29; Lc 22.17-20; 1 Co 11.23-25 P [1 Pe 2.24] 3 Ct. NU; TR e M acrescentam comei; NU omite 24 4 Conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 26 q Mt 26.30 5 Ou hinos 27 'Mt 26.31-35; Me 14.50; Jo 16.32 5 [Is 53.5, 1 O]; Zc 13.7 6 Ct. NU; TR e M acrescentam por causa de mim esta noite 28 t Mt 28.16; Me 16.7; Jo 21.1 29 u Mt 26.33-34; Lc 22.33-34; Jo 13.37-38 7 desertem

•14.8 ungir-me para a sepultura. Jesus se refere à unção de cadáveres, com especiarias e perfumes, amplamente praticada na Palestina naqueles dias.

•14.1 O Judas lscariotes. Judas ia receber trinta moedas de prata lnem mes­mo a metade do valor do perfume) para trair Jesus (v. 11 ).

um dos doze. Ver nota em 3.14.

•14.12 Pães Asmos. Esta festa simbolizava a remoção do pecado na vida dos crentes israelitas IÊx 12.14-20) A refeição da Páscoa caía no primeiro dia desta festa (v. 1, nota; Êx 12.14-15). o décimo quarto dia depois do começo do ano ju­daico (Êx 12.6) sacrifício do cordeiro pascal. Jesus morreu na Páscoa, a testa que celebra o modo como o sangue de um cordeiro protegeu os israelitas do juízo de Deus no Egito. A morte de Jesus mostra a profunda continuidade no plano divino da reden­ção ld 1 Co 5. 7) Na ordem destas festas é afirmada a prioridade do ato salvífico de Deus (Páscoa e redenção) contra todas as nossas obras de justiça (testa dos "Pães Asmos" e o abandono dos pecados pelos crentes).

•14.13 homem trazendo um cântaro de água. Eram as mulheres que nor­malmente carregavam os cântaros de água. Para o conhecimento de Jesus ares­peito do futuro e de eventos distantes, ver 11.1-2 e Jo 1.48. Jesus podia exercer e exerceu. na terra, seus poderes divinos de conhecimento (13.32, nota).

•14.17 com os doze. Os Evangelhos registram que os que estavam presentes, nesta época do ministério de Jesus, eram os doze que ele tinha escolhido no co­meço ld 3.14). De acordo com Lc 22.30, neste tempo Jesus anunciou o futuro ministério deles. como juízes do novo povo de Deus. Eles foram testemunhas da inauguração do novo concerto. •14.20 um dos doze. A predição de Jesus a respeito da traição procede de seu íntimo conhecimento de Judas e. também, do seu entendimento das Escrituras (v 21; SI 41 9).

mete comigo a mão no prato. Pão ou carne eram mergulhados numa tigela central cheia de molho. O detalhe dá ênfase à profunda traição pessoal, uma vez que a comunhão à mesa era uma prova de genuína amizade (ct. 2.16). •14.21 como está escrito. Ver 8.31, nota. •14.22 enquanto comiam. A refeição sacramental da nova aliança está intrin­secamente relacionada com a antiga e desenvolve-se a partir dela (notar o para­lelismo com Êx 24.9-11 ). Jesus toma dois elementos da refeição pascal -o pão sem fermento e o vinho - para expressar sua nova obra de redenção. Ver "A Ceia do Senhor", ern 1 Co 11.23. •14.24 meu sangue. Na Páscoa original, o sangue do cordeiro protegeu da mor­te os israelitas (Êx 12 23-30). A frase "sangue da aliança" vem de Êx 24.8 e reco!­da que as alianças bíblicas são seladas com sangue (Gn 15.9-21; 17.9-14; Ex 24.4-8) derramado em favor de muitos. Jesus está aludindo a Is 53.12, onde o Servo do Senhor "derramou a sua alma na morte" e "levou sobre si o pecado de muitos" •14.25 jamais beberei. Jesus está predizendo aqui a iminência de sua morte o hei de beber, novo. Jesus está expressando aqui a sua fé em Deus. que não o abandonará na sua morte. •14.26 Tendo cantado um hino. Esta menção ao cântico é uma referência à li­turgia da Páscoa. Jesus e seus discípulos cantaram os SI 115-118, que era o encerramento tradicional da refeição da Páscoa. •14.28 para a Galiléia. O anjo, no túmulo, lembra esta promessa e alude à ne­gação por parte de Pedro 116.7). •14.30 antes que duas vezes cante o galo. Para outros exemplos de conheci­mento que Jesus tinha de eventos futuros. ver nota no v. 13. A referência aparen­temente específica poderia ser também um modo poético de dizer "antes da aurora".

MARCOS 14 1174

tu me negarás três vezes. 31 Mas ele insistia com mais veemên­cia: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. Assim disseram todos.

Jesus no Getsêma.ni 32 vEntão, foram a um lugar chamado Getsêmani; ali che­

gados, disse Jesus a seus discípulos: Assentai-vos aqui, en­quanto eu vou orar. 33 E, x1evando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia. 34 E lhes disse: z A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai. 35 E, adiantando-se um pouco, pros­trou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse pou­pada aquela hora. 36 E dizia: ªAba, Pai, btudo te é possível; passa de mim este cálice; e contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres. 37 Voltando, achou-os dormindo; edis­se a Pedro: Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora? 38 dVJgiai e orai, para que não entreis em tentação; eo espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 39 Reti­rando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras. 40Vol­tando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. 41 E veio pela terceira vez e disse-lhes: Ainda dormis e repousais! Bas­ta! !Chegou a hora; o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. 42gLevantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.

cribas e anciãos, uma turba com espadas e porretes. 44 Ora, o traidor tinha-lhes dado esta senha: Aquele a quem eu ;beijar, é esse; prendei-o e levai-o com segurança. 45 E, logo que che­gou, aproximando-se, disse-lhe: Mestre! E o beijou. 4ó Então, lhe deitaram as mãos e o prenderam. 47 Nisto, um dos cir­cunstantes, sacando da espada, feriu o servo do sumo sacer­dote e cortou-lhe a orelha. 48 iDisse-lhes Jesus: Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador? 49 Todos os dias eu estava convosco no templo, 1ensinando, e não me prendestes; contudo, mé para que se cumpram as Escrituras. 50 n Então, deixando-o, todos fugiram.

Jesus seguido por um jo11em 51 Seguia-o um jovem, coberto unicamente com um len­

çol, e lançaram-lhe a mão. 52 Mas ele, largando o lençol, fu. giu desnudo.

Jesus perante o Sinédrio 53 ªE levaram Jesus ao sumo sacerdote, e Preuniram-se

todos q os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas. 54 rpedro seguira-o de longe até ao interior do pátio do sumo sacerdote e estava assentado entre os serventuários, aquentando-se ao fogo. 55 5 E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para o condenar à morte e não achavam. 56 Pois muitos testemu-nhavam 1falsamente contra Jesus, mas os depoimentos não

Jesus é preso eram coerentes. 57 E, levantando-se alguns, testificavam fal-43 hE logo, falava ele ainda, quando chegou Judas, um dos sarnente, dizendo: 58 Nós o ouvimos declarar: "Eu destrui­

doze, e com ele, vinda da parte dos principais sacerdotes, es- rei este santuário edificado por mãos humanas e, em três

• 32-V~t26.36-46; L~22.40-46; J~; 33 =-Me 5.37; 9 ;;~;3 3~ Zl~33-4; Mt;638; Jo 12.27 ~-:,-R~815; Gl4.6 b[Hb5;~1s .~ 50.5; Jo 530; 638 38 dLc 21.36 e [Rm 718,21-24; GI 5 17] 41 f Jo 13 1, 17.1 42 gMt 26.46; Me 14.18; Lc 9.44; Jo 13.21; 18.1-2 43 h SI 3.1; Mt 26.47-56; Lc 22.47-53; Jo 18.3-11 44 i[Pv 27 6] 48 iMt 26.55; Lc 22.52 49 IMt 21.23 m SI 22.6; Is 53.7; Lc 2237; 24.44 50 n SI 88.8; Zc 13.7; Mt 26.31; Me 14.27 53 o Mt 26.57-68; Me 10.33; Lc 22.54; Jo 1812-13,19-24 P Me 15.1qMt16.21, 27.12; Lc 9.22; 23.23; Jo 7.32; 183; 19.6 54 r Jo 18.15 55 sMt 26.59 561Ex 20.16; SI 27.12; 35.11; Pv 6.16-19; 19.5 58 ªMt 26.61; Me 15.29; Jo 2.19; [2Co 5 1 J

•14.33 Pedro, Tiago e João. Ver nota em 5.37. tomado de pavor. Esta expressão é única em Marcos e expressa profundo sofri­mento emocional (9.15; 16.5-6). •14.36 Aba. Uma palavra coloquial aramaica para "pai", que expressa o estreito relacionamento de Jesus com Deus, o Pai. Marcos registra a palavra semítica (5.41; 7.34; 11.9; 14.45; 15.22,34). cálice. Ver nota em 10.38. •14.37 uma hora. Apesar das intenções nobres (14.29,31), Pedro é incapaz de uma hora de verdadeiro discipulado. •14.38 Vigiai. Esta exortação recorda a advertência de 13.32-37, de vigiar e não cair no sono antes da vinda do Filho do Homem. "Tentação" é uma armadilha de Satanás para levar o povo de Deus (neste caso, os Doze) à queda e, se possível, levar ao fracasso o plano de redenção. •14.43 uma turba. Provavelmente, uma força enviada pelo Sinédrio. uma vez que são mencionados três categorias de membros dessa entidade (v. 53; 8.31, nota). •14.44 beijar. Um sinal de respeito que os discípulos mostravam para com os mestres. Depois de comer do mesmo prato (v. 20, nota), Judas agora finge sub­missão e respeito.

•14.48 como a um salteador. O termo grego pode significar ou "salteador" ou "insurreicionista"; porém, em vista da acusação feita contra Jesus, em seu julga­mento (Lc 23.2), a tradução "insurreicionista" fica melhor. •14.49 para quase cumpram as Escrituras. Ver nota em 8.31. Em vista dov. 50, a passagem que Jesus tem em mente pode ser Zc 13.7 (ver v. 27). •14.51 um jovem ... lençol. O termo grego traduzido por "lençol" pode também significar "pano de linho" Alguns intérpretes têm sugerido que neste detalhe

enigmático, como na possível menção do pano de linho (um sinal de riqueza), haveria uma referência velada ao próprio Marcos, uma vez que ele era de uma próspera família em Jerusalém (At 12 12).

•14.53-15.15 Esta seção da narrativa refere-se aos julgamentos de Jesus ante os judeus e os romanos. Estes julgamentos foram cheios de erros e irregula­ridades, pois os princípios de justiça estavam subordinados a propósitos huma­nos e políticos. O julgamento diante dos judeus teve três fases: uma audiência diante de Anás (registrada só por Jo 18.12-14, 19-23); um JUigamento diante do Sinédrio, presidido por Caifás, na sua casa (14 53-65) e a sessão de madrugada, levada a efeito pelo Sinédrio (15.1 ). O julgamento romano, foi constituído de três fases igualmente: diante de Pilatos (15.2-5); diante de Herodes Antipas (registra­do só em Lc 23 6-12) e diante de Pilatos outra vez (15.6-15)

•14.54 pátio do sumo sacerdote. Normalmente, o Sinédrio se reunia na área do mercado próxima ao templo. Este julgamento teve lugar na residência do sumo sacerdote. Foi irregular quanto ao tempo (à noite) e ao lugar, bem como pela sua pressa incomum.

•14.57 testificavam falsamente. Dt 19.15-21 exige que a culpa, para seres­tabelecida, seja confirmada pela corroboração de duas ou três testemunhas. O falso testemunho receberia a mesma punição que pesava sobre o acusado. Estes regulamentos não foram observados no caso de Jesus.

•14.58 Eu destruirei este santuário edificado por mãos. Os três Evangelhos Sinóticos não registram este dito de Jesus. Contudo, ele é encontrado na narrati­va de João sobre a purificação do templo (Jo 2.19). Isto nos leva a supm a proba­bilidade de que a purificação do templo, por Jesus, ocorreu duas vezes, e o lapso de três anos ajudaria a explicar a versão deturpada das testemunhas.

1175 MARCOS 14, 15

dias, construirei outro, não por mãos humanas. 59 Nem as· sim o testemunho deles era coerente. 60 vLevantando·se o sumo sacerdote, no meio, perguntou a Jesus: Nada respon­des ao que estes depõem contra ti? 61 xEle, porém, guardou silêncio e nada respondeu. zTornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendi­to? 62 Jesus respondeu: Eu sou, ªe vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nu­vens do céu. 63 Então, o sumo sacerdote rasgou as suas ves­tes e disse: Que mais necessidade temos de testemunhas? 64 Ouvistes ba blasfêmia; que vos parece? E todos o julga­ram réu de cmorte. 65 Puseram-se alguns a d cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto, a dar-lhe murros e a dizer-lhe: Profetiza! E os guardas 80 tomaram a bofetadas.

se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes. E, caindo em si, desatou a chorar.

Jesus perante Pil.atos

15 Logo ªpela manhã, entraram em conselho os princi­pais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o

Sinédrio; e; amarrando a Jesus, levaram-no e bo entregaram a Pilatos. 2 cpilatos o interrogou: És tu o rei dos judeus? Res­pondeu Jesus: Tu o dizes. 3 Então, os principais sacerdotes o acusavam de muitas coisas. 4 dTornou Pilatos a interrogá-lo: Nada respondes? Vê quantas acusações / te fazem! 5 e Jesus, porém, não respondeu palavra, a ponto de Pilatos muito se admirar.

6 Ora, !por ocasião da festa, era costume soltar ao povo Pedro nega a Jesus um dos presos, qualquer que eles pedissem. 7 Havia um, cha-

66 e Estando Pedro embaixo no pátio, veio uma das criadas mado Barrabás, preso com amotinadores, os quais em um tu­do sumo sacerdote 67 e, vendo a Pedro, que se aquentava, fi- multo haviam cometido homicídio. 8 2Vindo a multidão, xou-o e disse: Tu também estavas com !Jesus, o Nazareno. começou a pedir que lhes fizesse como de costume. 9 E Pila-68 Mas ele o negou, dizendo: Não o conheço, nem compre- tos lhes respondeu, dizendo: Quereis que eu vos solte o rei endo o que dizes. E saiu para o alpendre. [E o galo cantou.] dos judeus? 10 Pois ele bem percebia que por inveja os princi-69 gE a criada, vendo-o, tomou a dizer aos circunstantes: Este pais sacerdotes lho haviam entregado. 11 Mas gestes inci­é um deles. 70 Mas ele outra vez o negou. hE, pouco depois, taram a multidão no sentido de que lhes soltasse, de pre­os que ali estavam disseram a Pedro: Verdadeiramente, és um ferência, Barrabás. 12 Mas Pilatos lhes perguntou: Que farei, deles, iporque também tu és galileu. 9 71 Ele, porém, come- então, deste a quem chamais ho rei dos judeus? 13 Eles, po­çou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem rém, clamavam: Crucifica-o! 14 Mas Pilatos lhes disse: iQue falais! 72 E logo icantou o galo pela segunda vez. Então, Pedro mal fez ele? E eles gritavam cada vez mais: Crucifica-o!

a~60-V~t26~2; M~ 1-;;_~ 6-; X~J7;-Jo~~;At~32;P~-;-23] ;L~2~7-7~ ~2 ~c ;;;- ~b~o~0;,36CJo19.7 65 dls 50.6; 52.14 BNU receberam-no com tapas 66 e Jo 18 16-18.25-27 67 /Jo 1.45 69 gMt 26.71 70 h Lc 22.59 iAt 2.7 9Cf NU; TR e M acrescentam e tua fala é semelhante; NU omite 72 i Mt 26.75 CAPÍTUL015 1 as12.2 bAt3.13 2 CMt27.11-14 4dMt27.13 INUdequeelesteacusam 5 e1s53.7 6/Mt27.15-26 82NU Subindo; TR e M Gritando 1tiAt3.14 12 hMq 5.2 14 i1Pe 2.21-23

•14.61 Cristo. Do grego, significando "o Ungido". "Messias" é a palavra hebrai­ca com o mesmo sentido 11 Sm 2 10, nota).

Filho do Deus Bendito. "Bendito" geralmente era usado como um substituto di­reto para a palavra "Deus". usado pelos judeus para evitar o risco de tomar o nome de Deus em vão. O título todo significa "Filho de Deus" e. no contexto. indi­ca a realeza da messianidade mais do que a divindade absoluta.

•14.62 Eu Sou. Ver nota em 6.50; 13.6.

Filho do Homem. Ver nota em 2.1 O. Jesus modifica o título "Messias". nos ter­mos da figura divina de Dn 7.

nuvens. Ver nota em 13.26.

•14.63 rasgou as suas vestes. Um gesto simbólico que expressa grande tris­teza ou horror IGn 37.29; 2Rs 18.37; 19.1; Ed 9.3; Jr 36.24; JI 2.13).

Oue mais necessidade temos de testemunhas. O sumo sacerdote faz todo o Sinédrio testemunhar em favor da acusação de blasfêmia por parte de Jesus.

•14.64 blasfêmia. Jesus é condenado não por insurreição, mas porque reivindi­cou para si a divindade. a essência de sua mensagem. A punição prescrita para a blasfêmia (insulto à honra do nome de Deus) era a morte por apedrejamento (Lv 24.16). porém. nesta época. só um tribunal romano podia ordenar a pena capital. Jesus morreria em conseqüência de uma punição infligida pelos romanos IJo 18.31-32, e notas).

•14.65 cuspir nele. Concordando com a acusação do sumo sacerdote, todos os membros do Sinédrio "o condenaram" (v. 64) e alguns manifestaram sua concor­dância com violência física e pessoal. Cuspir no rosto indicava exclusão do grupo (Nm 12 14-15). como se fosse por impureza ritual. Neste ponto o Sinédrio rom­peu decisivamente com o Messias.

•14.67 o Nazareno. Ver nota em 1.24.

•14.70 galileu. Os judeus da Judéia desprezavam os judeus da Galiléia, pois

eram considerados cultural e religiosamente inferiores. Os modos e o sotaque de Pedro denunciaram-no. especialmente no pátio de um aristocrata saduceu. •15.1 logo pela manhã. Provavelmente ao amanhecer. O propósito da nova re­união era. ao que parece, levantar contra Jesus alguma acusação de natureza ci­vil lcf Lc 23 2). Pilatos. O Credo Apostólico menciona Pilatos como o representante de Roma que se defrontou com Jesus, neste julgamento. Pilatos foi o governador romano da Judéia de 26 a 36 d.C. Como magistrado. só ele tinha o direito legal de pronun­ciar sentenças capitais 114.64, nota). •15.2 rei dos judeus. Este título é ambíguo. No sentido político, os Herodes eram reis. Jesus não. Não obstante. Jesus era rei dos judeus. oferecido a eles como cumprimento de suas esperanças messiânicas. •15.4 Nada respondes. Aparentemente. Pilatos queria levar Jesus a perceber que, diante da lei. o silêncio significava consentimento. •15. 7 Barrabás. Provavelmente. um insurreicionista, que procurava a derrocada militar de Roma. Mt 27.16 lem alguns manuscritos) dá seu primeiro nome como sendo ':Jesus", que era um nome comum naquela época. A escolha que Pilatos propõe à multidão lv. 9) é involuntariamente irônica Jesus Barrabás - que que­ria salvar politicamente a Israel - ou Jesus de Nazaré. o verdadeiro Salvador do mundo. •15.13 Crucifica-o. De origem persa e adotada pelos romanos, esta forma vergo­nhosa e cruel de punição capital era aplicada especialmente contra escravos rebel­des e contra insurreicionistas. Cravos de metal eram cravados nos pulsos ou nas mãos IJo 20.25) e nos calcanhares da vítima. provocando sofrimento atroz. A mor­te, geralmente, ocorria no decorrer de dias, e resultava dos ferimentos, da fome, da desidratação e do abandono ao relento. Quebrar as pernas do condenado IJo 19.33) provocava morte rápida por asfixia, uma vez que as pernas não podiam mais sustentar o ·corpo ajudando a pessoa a respirar. Como Paulo observa, a crucificação de Jesus mostrou-o publicamente sob a maldição de Deus IGI 3.13; cf Ot 21.23).

MARCOS 15 1176

15 iEntão, Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás; e, após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser 1 crucificado.

Jesus entregue aos soldados 16 mEntão, os soldados o levaram para dentro do palácio,

que é o 3pretório, e reuniram todo o destacamento. 17Vesti­ram-no de púrpura e, tecendo uma coroa de espinhos, lha pu­seram na cabeça. lB E o saudavam, dizendo: Salve, rei dos judeus! 19 nDavam-lhe na cabeça com um caniço, cuspiam nele e, pondo-se de joelhos, o adoravam. 20 Depois de o te­rem ªescarnecido, despiram-lhe a púrpura e o vestiram com as suas próprias vestes. Então, conduziram Jesus para fora, com o fim de o crucificarem.

Simão leva a cruz de jesus 21 PE obrigaram a Simão Cireneu, que passava, vindo do

campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-lhe a cruz.

A crocijicação 22 qE levaram Jesus para o Gólgota, que quer dizer Lugar

da Caveira. 23 roeram-lhe a beber vinho com mirra; ele, po­rém, não tomou. 24 Então, o crucificaram e 5 repartiram en­tre si as vestes dele, lançando-lhes sorte, para ver o que

levaria cada um. 25 1Era a hora terceira quando o crucifica­ram. 26 E, por cima, estava, u em epígrafe, 4 a sua acusação: O REI DOS JUDEUS. 27 vcom ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda. 2B 5 [E cumpriu-se a Escritura que diz:

xcom malfeitores foi contado.] 29 zos que iam passando, blasfemavam dele, ªmeneando

a cabeça e dizendo: Ah! bTu que destróis o santuário e, em três dias, o reedificas! 30 Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz! 31 De igual modo, os principais sacerdotes com os escri­bas, cescarnecendo, entre si diziam: Salvou dos outros, a si mesmo não pode salvar-se; 32 desça agora da cruz o C:.!\.,,i_<:1, o rei de Israel, para que vejamos e 6creiamos.

Também eos que com ele foram crucificados o insultavam.

A morte de jesus 33 IChegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra

até a hora nona. 34 À hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, !amá sabactâni? Que quer dizer: gDeus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 35 Alguns dos que ali esta­vam, ouvindo isto, diziam: Vede, chama por Elias! 36 E hum deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta de um caniço, 1deu-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo! 37 iMas Jesus, dando um grande

o~tsi~2;6 ,;53~1 ~~6--;;,~;;7;30o~~a~el-g;ner~o;ver~ado; ~ n[~50-;;;;-1;~3; ;o o7c2263,; 1~ 21 ~~t~ 27.32 22 q Jo 19.17-24 23 r Mt 27.34 24 s SI 22.18 25 t Jo 19.14 26 u Mt 27.37 4 o seu crime 27 v Lc 22.37 28 x Is 53.12 5 Conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 29 zs1 22.6-7; 69.7 a SI 109 25 b Jo 2.19-21 31 e Lc 18.32 d Jo 11.43-44 32eMt27.44ôMcre1amosnele 33/Lc23.44-49 34&Sl22.1 36hJo1929iSl69.21 37iMt27.50

•15.15 açoitar. Segundo o costume romano, o açoite precedia a crucificação. •15.16 pretório. Originalmente, a palavra designava a sede do comando militar ou quartéis, em geral. Nos Evangelhos, refere-se a uma residência oficial (cf At 23.35) todo o destacamento. Lit., "corte" ou a décima parte de uma legião romana, que seriam e11tão seiscentos homens. •15.17 Vestiram-no de púrpura. A púrpura era cara e difícil de produzir e, por esta razão, era indício de alta classe (Et 1.6; Pv 31.22; Lc 16.19; Ap 17.4). especi­almente da realeza (2Cr 2.7, 14; 3.14; Ct 3.1 O). coroa de espinhos. Jesus suportou a maldição divina (v. 13, nota) na terra, que produziu espinhos depois do pecado de Adão (Gn 3.17-18). Os soldados usaram essa coroa para ridicularizar a idéia de que Jesus era um rei. •15.18 Salve. Esta saudação e homenagem prestadas (v. 19) são zombarias do respeito devido à realeza. •15.21 Cireneu. Cirene era uma importante cidade na região da Líbia atual. Ha­via uma grande colonização judaica em Cirene, que remontava a centenas de anos atrás (At 6 9). Alexandre e de Rufo. Os filhos de Simão podiam ter sido membros de uma co­munidade cristã, provavelmente em Roma, à qual Marcos escreveu (Rm 16.13). a carregar-lhe a cruz. Normalmente o condenado devia carregar a cruz, que pesava de treze a vinte quilos Simão, ao tomar a cruz de Jesus, tornou-se um quadro visível do verdadeiro discipulado que Jesus exige (8.34). •15.22 Lugar da Caveira. Um nome sinistro, provavelmente referindo-se à for­ma da colina onde as execuções eram levadas a cabo. •15.23 vinho com mirra. Uma primitiva forma de analgésico. Mirra era uma es­peciaria cara usada como cosmético. Foi oferecida a Jesus por ocasião de seu nascimento, como dádiva para um rei (Mt 2.11) e usada em seu sepultamento por Nicodemos (Jo 19.39-40). •15.24 repartiram ... as vestes dele. Estes eram os espólios reservados ao es­quadrão da execução. Este detalhe, aparentemente sem importância, cumpre o SI 22.18, um salmo que descreve a agonia de uma morte violenta e imerecida (SI 2216)

•15.25 hora terceira. Nove horas da manhã. •15.26 sua acusação. Chamada "titulus", em latim, era uma placa levada dian­te do prisioneiro a caminho da execução, e afixada na cruz sobre sua cabeça. •15.27 dois ladrões. Ainda que a palavra grega signifique freqüentemente "la­drão", pode também significar insurreicíonista (14.48, nota) ou mais geralmente "criminoso" Uma vez que o roubo não era punido com crucificação (v. 13, nota). um dos dois últimos significados é preferível aqui. •15.28 Este versículo está faltando nos mais antigos manuscritos gregos, ainda que conste da vasta maioria dos manuscritos existentes. É possível que os prime­iros copistas tenham inserido a citação de Is 53.12, valendo-se da passagem pa­ralela de Lc 22.37. •15.29 Ver nota em 14.58. •15.30 descendo. Estas palavras são tanto um insulto como uma tentação dia­bólica, semelhante àquela que foi proposta a Jesus no começo do seu ministério (Mt 4.2-6). O diabo está procurando ainda subverter a obra da redenção, exata­mente no momento de sua consumação, quando Jesus está enfrentando sua maior fraqueza física 114.38). •15.33 hora sexta. Meio-dia. trevas. Isto recorda as trevas no Egito, que se estenderam por três dias, antes da morte dos primogênitos (Êx 10.22). Ver também a profecia de Am 8.9-1 O, onde o Senhor promete "entenebrecerei a terra em dia claro", em um tempo "como luto por filho único" hora nona. Cerca de três horas da tarde. •15.34 Eloí... sabactâni. Esse é o primeiro versículo de SI 22 em aramaico. Mesmo nas garras da morte, a vida de Jesus é determinada por aquilo que está nas Escrituras. •15.35 Elias. Alguns entenderam mal a palavra "Eloí", tomando-a por "Elias", talvez porque, em alguns círculos, acreditava-se que Elias voltaria (6.15; 8.28). •15.36 vinagre. Diferente do vinho e mirra oferecidos (v. 23). aqui não há o de­sejo humanitário de abrandar o sofrimento, mas, antes, a intenção cruel de pro­longá-lo, mantendo Jesus vivo, para verem se "Elias" viria ao ser chamado por ele.

1177 MARCOS 15, 16

brado, expirou. 38 E 1o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. 39 mo centurião que estava em frente dele, vendo que 7 assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.

40 nEstavam também ali algumas mulheres, observando ºde longe; entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé; 41 as quais, quando Jesus estava na Galiléia, Po acompanhavam e serviam; e, além destas, muitas outras que haviam subido com ele para Jerusalém.

O sepultamento de Jesus 42 q Ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a

véspera do sábado, 43 vindo José de Arimatéia, ilustre membro do Sinédrio, 'que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44 Mas Pilatos admirou-se de que ele já tivesse morrido. E, tendo chamado o centurião, perguntou-lhe se havia muito que morrera. 45 Após certificar-se, pela informação do comandante, cedeu o corpo a José. 46 5 Este, baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara e o depositou em um túmulo que tinha

sido aberto numa rocha; e rolou uma pedra para a entrada do túmulo. 47 Ora, Maria Madalena e Maria, mãe de José, obser­varam onde ele foi posto.

A ressurreição de Jesus

16 ªPassado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, bcompraram aromas para irem em­

balsamá-lo. 2 E, cmuito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo. 3 Diziam umas às outras: Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo? 4 E, olhan­do, viram que a pedra já estava removida; pois era muito gran­de. s dEntrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de branco, e ficaram surpreendidas e atemmi­zadas. 6 e Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto. 7 Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai 1 adiante de vós para a Ga­liléia; lá o vereis, f como ele vos disse. 8 E, saindo elas, fugiram 2 do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e de assom­bro; ge, de medo, nada disseram a ninguém.

,.,&, - ---=---=----=--=- -- ---== ~=-~--=-==---=------= ~ 38 1 Êx 26.31-33 39 m Lc 23.47 7 NU assim ele expirara 40 n Mt 27.55 o SI 38.11 41 P Lc 8.2-3 42 Q Jo 19.38-42 43 r Lc

2.25,38; 23.51 46 SMt 27.59-60 CAPÍTUL016 t•Jo20.1-8bLc23.56 2Clc24.1 SdJo20.11-12 6eMt28.6 7fMt26.32;28.16-17lafrentede SgMt 28.8 2 Cf. NU e M; TR acrescenta rapidamente; NU e M omitem

•15.37 dando um grande brado. Já havia seis horas que Jesus estava pendu­rado sobre a cruz lvs. 25,34). A crucificação podia estender-se por dois ou três dias lv. 13, nota). •t 5.38 o véu do santuário rasgou-se em duas partes. A morte de Jesus é o sacrifício final e definitivo pelo pecado IHb 7.27). A velha dispensação da aliança da graça é levada a um final decisivo. O sumo sacerdote não mais teria necessi­dade de entrar no Santo dos Santos, atrás do véu, para expiar os pecados do povo IÊx 26.31-33; cf. Hb 9.1-10). Jesus é o novo e eterno Sumo Sacerdote IHb 8.1) e, também, a perfeita vítima sacrificial IHb 9.14), que obtém "eterna redenção" para o seu povo IHb 9.12) •15.39 centurião. Oficial romano responsável por cem homens. Este centurião, aparentemente, era o responsável pelo destacamento encarregado de executar a sentença contra Jesus. Ele estava bem posicionado para observar a morte de Je­sus. filho de Deus. O grego poderia ser traduzido "um filho de Deus". Um romano não veria, neste termo, o Messias do Antigo Testamento, nem o eterno Filho da Trindade, mas a idéia helenística de um humano sendo favorecido pelos deuses. Não obstante, a confissão permanece como o propósito e o clímax do Evangelho de Marcos, completado com o conteúdo da mensagem cristã lcf. 1.1 ). •15.40 Maria Madalena. Isto é, Maria de Magdala, cidade à margem sudoeste do mar da Galiléia lcf. 16.9; Lc 8.2). Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José. Conhecida somente através deste incidente ICf. Mt 27.56). Salomé. Mãe de Tiago e de João IMt 27.56; cf. 20.20-21 ). •15.4 t muitas outras. Todos os homens tinham fugido, exceto o discípulo ama­do IJo 19.26,35) •f 5.42 dia da preparação. O dia anterior ao sábado !sexta feira, Jo 19.14, nota). O alimento era preparado antes de o sol se por, quando o sábado começa­va. José tinha de comprar o linho, tomar as providências para o sepultamento de Jesus e aprontar o túmulo (vs. 43-46) nas três horas que restavam entre a morte de Jesus e o pôr-do-sol. •15.43 José de Arimatéia. Talvez, de Ramá, na Judéia, a aproximadamente trinta e dois km a noroeste de Jerusalém, e cidade do profeta Samuel 11 Sm 1.1 ). Ver nota em Lc 23.50-51. Sinédrio. Ver 8.31, nota. reino de Deus. Ver nota em 1 .15. José, sem dúvida, era um fariseu piedoso, mas, também, um secreto seguidor de Jesus. dirigiu-se resolutamente. Este, aparentemente, é o primeiro ato de fé expres-

sa por José, porém é revelado num momento em que todos os próprios discípu­los de Jesus tinham fugido. José coloca-se em conflito com a decisão do Siné­drio, pondo em risco todo o seu futuro. •15.44 Pilatos admirou-se. A surpresa de Pilatos outra vez confirma o caráter incomum da morte de Jesus lv. 37, nota).

•15.46 túmulo ... aberto numa rocha. De acordo com Mt 27.60, o túmulo per­tencia a José e à sua família. Um tal lugar de sepultamento familiar consistiria de um vestíbulo primorosamente pintado, de onde uma passagem conduziria a ban­cos ou prateleiras individuais cavados na rocha, e onde os corpos eram deitados. O túmulo devia ser selado com uma pesada pedra rolada ao longo de um sulco feito na rocha à sua entrada.

•16.1 Passado o sábado. Ao pôr-do-sol, 16 horas da tarde), no fim do sábado, um horário apropriado para comprar especiarias, mas não para visitar túmulos. embalsamá-lo. Ungir com aromas era um modo de demonstrar afeição 114.8, nota) como hoje, no Ocidente, se envia flores. •16.3 Quem nos removerá a pedra. Elas tinham visto a "pedra ... muito gran­de" lv. 4) que fechava o túmulo 115.46, nota). •16.5 Entrando no túmulo. Elas entraram no vestíbulo da câmara mortuária, no fim da qual estava o nicho (banco ou prateleira) onde tinham deixado o corpo de Jesus 115.46, nota). um jovem. Mt 28.2 diz que as mulheres encontraram um anjo no túmulo.

•16.6 o Nazareno. Ver nota em 1.24. ele ressuscitou. Se o Evangelho de Marcos alcança o seu clímax na confissão de que Jesus é o Filho de Deus 115.39, nota), um segundo clímax é atingido com a declaração de sua ressurreição, a qual confirma que sua pregação sobre a vinda do reino em poder é verdadeira. Ver notas em 1.15 e 9.1; "A Ressurreição de Jesus", em Lc 24.2. • t 6. 7 e a Pedro. Esta expressão faz toda a diferença no enorme papel que Pedro desempenharia na história subseqüente da redenção. Por ela, Marcos indica, quando leva seu Evangelho ao fim 116.9-20, nota), que a obra de Jesus, na prepa­ração dos doze, não se perdeu. ele vai adiante de vós. Ver nota em 14.28. •f 6.8 medo. Se os vs. 9-20 não são originais !ver abaixo), então o Evangelho de Marcos termina com esta frase. Esta seria uma conclusão surpreendente para um documento que se propõe ser um "evangelho", uma "proclamação de boas novas". Uma consideração oposta é que a palavra traduzida por "medo" signifi­ca também "temor reverente", e este mesmo estado mental é produzido nos

MARCOS 16 1178

Jesus aparece a Maria Madalena· 9 3 Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro

dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, hda qual expelira sete demônios. 10 E, ipartindo ela, foi anunciá­lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se acha­vam tristes e choravam.

11 Estes, i ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram.

Jesus aparece a dois de seus discípulos 12 Depois disto, manifestou-se em outra forma 'a dois de·

les que estavam de caminho para o campo. 13 E, indo, eles o anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não de­ram crédito.

A ordem para a evangelização 14 mFinalmente, apareceu Jesus aos onze, quando esta·

vam à mesa, e censurou· lhes a incredulidade e dureza de co· ração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado. 15 nE disse-lhes: Ide por todo o mundo ºe pregai o evangelho a toda criatura. 16 PQuem crer e for batizado será salvo; qquem, porém, não crer será condenado. 17 Estes 'si­nais hão de acompanhar aqueles que 4 crêem: sem meu nome, expelirão demônios; 1falarão novas línguas; 18 "pega­rão5 em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; vse impuserem as mãos sobre enfermos, eles fi­carão curados.

A ascensão de Jesus 19 De fato, o Senhor Jesus, x depois de lhes ter falado, foi

zrecebido no céu e ªassentou-se à destra de Deus. 20 E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor be confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam.

·-- - -~ ~ ~ - -- - -~ ~-~~ - ~ -~ ~ - ~ - -~ ~ - ~-~ ~ ~ ~ ~ ~-~ - -- ~ ~~ ~~ ~ - - - -

9 h Lc 8.2 3 NU traz os vs. 9-20 entre colchetes como não encontrados no texto original. Eles faltam no Codex Sinaiticus e no Codex Vaticanus. embora quase todos os demais mss. de Marcos os contenham 10 i Lc 24.1 O 11 i Lc 24.11,41 12 I Lc 24.13-35 14 m 1 Co 15.5 15 n Mt 28.19 ° [CI 1.23] 16 P [Jo 3.18,36] q [Jo 1248] 17 r At 5.12 s Lc 10.17 l[At 24] 4 creram 18 u At 28.3-6 VTg 5.14 5NU e nas suas mãos eles 19 x At 1.2-3 Zlc 9.51, 24.51 a [SI 110.1] 20 b [Hb 24]

discípulos quando viram a transfiguração de Jesus [9.6). um tipo da futura ressur­reição. Mas o silêncio inicial das mulheres foi, realmente, desobediência (v. 7) •16.9-20 Os estudiosos diferem entre si quando consideram se estes versículos eram originalmente parte deste Evangelho. Alguns importantes manuscritos gre­gos mais antigos não trazem estes versículos; outros manuscritos têm os versí­culos 9-20 (conhecidos como o 'longo Final") e. ainda outros, têm um "Breve Final" (aproximadamente o comprimento de um versículo). Uns poucos manuscri­tos trazem ambos. tanto um Breve Final quanto um Longo Final. Devido a estas di­ferenças alguns estudiosos crêem que os vs. 9-20 foram acrescentados posteriormente e que não foram escritos por Marcos. Por outro lado, esses versí­culos são citados por escritores do final do século li e são encontrados numa es­magadora maioria de manuscritos gregos do Evangelho de Marcos. Para outros estudiosos estes fatos estabelecem a autenticidade da passagem.

•16.9 Maria Madalena. Ver nota em 15.40.

•16.12 dois deles. Compare Lc 24.13-35. •16.15 Ide por todo o mundo. Compare Mt 28.19. •16.16 batizado. Ver "O Batismo Infantil", em Gn 17.11. •16.17 sinais. Todas as coisas preditas aqui (exceto beber veneno mortal) são registradas no Novo Testamento, especialmente em Atos. Ver também Rm 15.19 e Hb 2.3-4. Histórias a respeito de alguns apóstolos sobreviventes que teriam sido forçados a beber veneno são encontradas na literatura cristã primitiva, fora da Bíblia.

•16.19 à destra de Deus. Uma posição que simboliza a autoridade que Jesus compartilha com Deus, o Pai (14 62; Fp 2.9; cf. SI 1101 ).

•16.20 confirmando a palavra por meio de sinais. Ver nota no v. 17.