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Autoria O apóstolo João é reconhecidamente, desde os primórdios da Igreja, o autor de 1, 2 e 3 João, assim como do Evangelho que leva seu nome e do livro de Apocalipse. Propósitos O principal objetivo desta segunda carta circular de João às igrejas da Ásia Menor (que o texto parece sugerir figuradamente ao referir-se à “senhora eleita” – 1.1) é encorajar e oferecer subsídios teológicos para que os cristãos andem submissos aos mandamentos de Jesus Cristo e não se dei- xem seduzir pela retórica e prédicas dos precursores do gnosticismo que estavam se infiltrando nas comunidades cristãs da época. Nos dois primeiros séculos da Igreja, a mensagem do Evangelho era levada de cidade em cidade pelos evangelistas cristãos que se sentiam movidos pelo Espírito Santo; eles eram abençoados e enviados por suas lideranças locais com essa missão. Dessa prática, surgiu o costume dos cristãos abrigarem missionários e pregadores itinerantes em suas casas e lhes proporcionarem todo o conforto e suprimento possível em nome do Senhor, haja vista que os verdadeiros cristãos nada cobravam nem solicitavam, apenas recebiam de bom grado o que lhes era ofertado. Entretanto, os doutrinadores gnósticos por se acharem mestres de grande saber e honra, além de estabelecerem um preço para suas jornadas, ainda extorquiam o que podiam dos incautos (3Jo 5). João se preocupa também em encorajar a prática do acolhimento generoso aos missionários da Palavra e com a imediata e clara rejeição aos falsos mestres e às suas heresias. Data da primeira publicação Essa carta foi escrita não muito tempo depois da primeira epístola de João, por volta do ano 90 d.C. Esboço geral de 2 João 1. A Igreja deve andar na verdade e no amor de Cristo (v.1-6) A. Saudação apostólica e ação de graças (v.1-3) B. O verdadeiro discipulado cristão (v.4) C. Encorajamento ao amor e à obediência (v.5,6) 2. Como procedem os falsos discípulos e mestres (v.7-11) A. Os enganadores não vivem segundo Cristo (v.7-9) B. Os falsos crentes pregam falsas doutrinas (v.10,11) 3. Saudações finais dos irmãos em Cristo (v.12,13) INTRODUÇÃO 2 JOÃO 2JO_B.indd 2 10/8/2007, 12:09:50

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Autoria O apóstolo João é reconhecidamente, desde os primórdios da Igreja, o autor de 1, 2 e 3 João,

assim como do Evangelho que leva seu nome e do livro de Apocalipse.

Propósitos O principal objetivo desta segunda carta circular de João às igrejas da Ásia Menor (que o texto

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parece sugerir figuradamente ao referir-se à “senhora eleita” – 1.1) é encorajar e oferecer subsídios teológicos para que os cristãos andem submissos aos mandamentos de Jesus Cristo e não se dei-xem seduzir pela retórica e prédicas dos precursores do gnosticismo que estavam se infiltrando nas comunidades cristãs da época.

Nos dois primeiros séculos da Igreja, a mensagem do Evangelho era levada de cidade em cidade pelos evangelistas cristãos que se sentiam movidos pelo Espírito Santo; eles eram abençoados e enviados por suas lideranças locais com essa missão. Dessa prática, surgiu o costume dos cristãos abrigarem missionários e pregadores itinerantes em suas casas e lhes proporcionarem todo o conforto e suprimento possível em nome do Senhor, haja vista que os verdadeiros cristãos nada cobravam nem solicitavam, apenas recebiam de bom grado o que lhes era ofertado. Entretanto, os doutrinadores gnósticos por se acharem mestres de grande saber e honra, além de estabelecerem um preço para suas jornadas, ainda extorquiam o que podiam dos incautos (3Jo 5). João se preocupa também em encorajar a prática do acolhimento generoso aos missionários da Palavra e com a imediata e clara rejeição aos falsos mestres e às suas heresias.

Data da primeira publicação Essa carta foi escrita não muito tempo depois da primeira epístola de João, por volta do ano 90 d.C.

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Esboço geral de 2 João 1. A Igreja deve andar na verdade e no amor de Cristo (v.1-6)

A. Saudação apostólica e ação de graças (v.1-3) B. O verdadeiro discipulado cristão (v.4)

C. Encorajamento ao amor e à obediência (v.5,6)2. Como procedem os falsos discípulos e mestres (v.7-11)

A. Os enganadores não vivem segundo Cristo (v.7-9)B. Os falsos crentes pregam falsas doutrinas (v.10,11)

3. Saudações finais dos irmãos em Cristo (v.12,13)

INTRODUÇÃO 2 JOÃO

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2 JOÃO

Prefácio e saudação1 O presbítero à senhora eleita e aosseus fi lhos, a quem amo na verdade, enão somente eu, mas também todos osque conhecem a Verdade,1

2 por causa da Verdade que permane-ce em nós e que estará conosco parasempre: 3 graça, misericórdia e paz da parte deDeus Pai e de Jesus Cristo, seu Filho, es-tarão conosco em verdade e em amor.

O amor fraternal dos cristãos4 Alegro-me sobremaneira por haverencontrado alguns de teus fi lhos cami-nhando na Verdade, segundo o manda-mento que recebemos do Pai.2

5 E agora, senhora, rogo-te, não como seescrevesse um novo mandamento, masenfatizando o que recebemos desde oprincípio: que nos amemos uns aosoutros.6 E este é o mandamento do amor: queandemos em obediência às suas orde-nanças. Como tendes ouvido desde o

princípio, o mandamento é este: Queandeis em amor!3

Os falsos mestres e suas heresias7 Entretanto, muitos enganadores têmsaído pelo mundo, os quais não con-fessam que Jesus Cristo veio em carne.Esse é o modo de ser do mentiroso e doanticristo.8 Acautelai-vos, para não destruirdes aobra que realizamos com zelo, mas paraque, pelo contrário, sejais recompensa-dos regiamente.9 Todo aquele que não permanece noensino de Cristo, mas acredita estar indoalém dele, não tem Deus; porquanto,quem permanece na sã doutrina tem oPai e também o Filho.4

10 Se alguém chegar a vós, mas nãotrouxer essa doutrina, não o recebaisnas reuniões em vossas casas, tampoucoo saudeis.11 Porque aquele que lhe dá boas-vin-das, torna-se cúmplice das suas obrasmalignas.5

1 João estava com cerca de 80 anos quando realizava seu ministério de supervisão espiritual das igrejas cristãs de sua re-gião e pastoreava a igreja em Éfeso. O apóstolo Pedro desenvolvia ministério semelhante (1Pe 5.1). João se apresenta como“presbítero”, um título equivalente a “pastor”. A KJ em inglês traz a expressão “elder” que tanto significa “uma pessoa idosa”e, portanto, respeitável quanto alguém em posição de superioridade por conta do acúmulo de experiência e sabedoria. João,provavelmente para proteger sua correspondência da perseguição que se abrutalhava contra os cristãos de sua época, usa umamaneira figurada (senhora) para se referir às igrejas locais da sua região (5,13). Seus filhos são os membros da congregação (4).Cristo é a Verdade (Jo 1.14; 14.6).

2 Nos primeiros séculos da era cristã, a mensagem do Evangelho era levada de um lugar para outro, de forma muito dinâmica,por evangelistas e mestres itinerantes. Era costume, entre os crentes, acolher em suas casas esses missionários, oferecendo-lhes abrigo, alimento e todo tipo de suprimento para o árduo ministério e as longas viagens. Como os doutrinadores hereges(gnósticos primitivos) estavam usando a hospitalidade dos crentes para seus fins escusos, João se preocupa em prevenir oscristãos para não os receberem em suas koinonias (reuniões da igreja nas casas). A Igreja em Éfeso já estava dividida entre osfiéis e aqueles que haviam sido arrastados para as heresias gnósticas.

3 João enfatiza que o crente fiel deve observar o mandamento duplo: andar na verdade doutrinária (teologia bíblica) e a práticado amor fraternal cristão (1Jo 3.23; Jo 5.12,17; Jo 13.34).

4 O apóstolo é severo em seu ataque aos hereges, especialmente aos gnósticos de seu tempo, pois acreditavam haver ultra-passado os ensinos dos apóstolos, particularmente a respeito da doutrina acerca da encarnação de Deus na pessoa humanade Jesus Cristo.

5 Nos primeiros séculos, era costume a igreja se reunir em casas (koinonias) e ser um ponto missionário para repouso,alimentação, compartilhar, encorajamento e instrução bíblica, considerando que os evangelistas e mestres exerciam umministério itinerante. Receber as boas-vindas numa reunião de cristãos, era ter toda a liberdade para trazer a Palavra de Deus aospresentes, e ser abençoado com orações e suprimentos de toda natureza. Os hereges estavam usando estrategicamente essasvisitas aos irmãos incautos para corromper-lhes a fé e a sã doutrina ministrada pelos apóstolos e discípulos fiéis (At 16.15; 17.7;Rm 16.23; 1Jo 2.22).

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Saudações fi nais aos crentes12 Ainda tenho muito que vos dizer, mas não é meu propósito fazê-lo apenas com papel e tinta. Em vez disso, almejo ir visi-

tar-vos e falar convosco face a face, a fi m de que nossa alegria seja completa.6

13 Os filhos da tua irmã eleita te saú-dam.7

6 Na época de João, o papel já era produzido artesanalmente mediante taquaras macias, que floresciam à beira dos rios da Ásia Menor, chamadas papiro. A tinta, palavra que deriva de uma expressão grega que significa “negro”, era obtida a partir deuma mistura de carbono, água e uma espécie de goma oleosa.

7 A “irmã eleita” é a igreja de onde João está escrevendo para seus filhos espirituais em Cristo.7

2 JOÃO

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