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05 out 2011

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DIÁRIO DO COMÉRCIO - P. 7 - 05.10.2011

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O teMPO - P. 28 - 05.10.2011

A GAzetA – eS – 04.10.2011 - CONAMP

Novo Código Florestal prejudica meio ambiente

Afirmação é do Ministério Público. Projeto foi aprovado em maio na Câmara

Tiago Félix

Apesar do Projeto de Lei do Novo Código Florestal beneficiar os produtores rurais por flexibilizar a legislação ambiental, o novo texto pode causar sérios impactos ao meio ambiente. Como por exemplo, problemas de desabas-tecimento de água, desertificação, deslizamentos de terra, empobrecimento da fauna e da flora. O projeto, aprovado na Câmara em maio, tem previsão de ser votado no Senado até dezembro.

Os problemas do novo Código Florestal atingirão quase a totalidade do Espírito Santo, segundo um estudo técnico do Centro de Apoio de Defesa do Meio Ambiente (Caoa).

A proposta isenta, por exemplo, os pequenos proprietá-rios de manter áreas de Reserva Legal - (área de mata nativa que deve ser protegida dentro da propriedade). No Estado, 92,68% das áreas rurais se enquadram nessa modalidade.

Esse tema foi discutido durante a audiência pública pro-movida pelo Ministério Público do Estado (MPES), nesta segunda-feira. Participaram do evento os senadores capixa-bas Ricardo Ferraço (PMDB) e Ana Rita Esgario (PT).

Segundo a dirigente do Caoa, promotora de Justiça Ní-cia Regina Sampaio, o Ministério não é contra a reformula-ção do Código, mas defende que o texto seja alterado para buscar o desenvolvimento sustentável entre agricultura e meio ambiente.

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Por Marília ScriboniO Ministério Público, ou pelo

menos uma parcela da promoto-ria, quer comandar o licenciamen-to ambiental no país. Ainda que o objetivo seja dos mais nobres possíveis, que é a defesa da lega-lidade, este não é o papel do MP. A constatação é de Fábio Medina Osório, que durante 14 anos atuou no próprio Ministério Público do Rio Grande do Sul e, hoje em dia, comanda escritório de advocacia.

É nos números que o advoga-do deposita sua fé para que sejam identificados os gargalos dos pro-cessos ambientais no Brasil, como forma de impedir que o Ministério Público usurpe a competência do Executivo no assunto. E, mais pre-cisamente, em estudos estatísticos na área, voltados para a atuação dos promotores. Só assim, expli-ca, o órgão vai deixar de assumir um papel rotineiro de controle, que está fora de sua atribuição.

“É preciso estudar o quantita-tivo de licenciamentos ambientais impugnados, as razões dos vícios apontados e em que medida podem ser corrigidos através de proces-sos administrativos internos mais aperfeiçoados ou em que medida há equívocos funcionais de con-troladores externos e invasão de competências”, recomenda.

O caso da hidrelétrica de Belo Monte é emblemático. Liderado pelo procurador da República Fe-lício Pontes Jr., um grupo de pro-curadores do Pará já entrou, nada mais, nada menos, com 11 ações contra usina.

Para o advogado, as atitudes do Ministério Público criam in-segurança jurídica. A acusação também pode ser vislumbrada em uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, quando o colegiado criou indefinição sobre a tramitação de oito processos que questionam a construção da usina do Rio Xingu. No julgamento, a 3ª Seção voltou atrás e decidiu

que a competência para avaliar os casos é da 9ª Vara Federal, em Be-lém. Uma semana antes, os mes-mos desembargadores já haviam decidido que competia à Vara de Altamira analisar as lides.

Resultado do entrave: agora, os processos estão sendo separa-dos entre as duas varas. Ao co-mentar o imbróglio, o Ministério Público Federal atacou, dizendo que a contradição pode impedir, em tempo hábil, o julgamento dos oito casos. As obras já começaram e os processos tratam de violações de direitos indígenas, desobediên-cia de leis ambientais e também de exigências sociais de Belo Monte.

“É lamentável que o TRF-1, em uma semana, altere tanto suas decisões, separando processos que precisam ser julgados por um mesmo juiz. E, agora, não temos ideia de quando serão julgados os processos de Belo Monte que es-tão na primeira instância. Alguns deles tratam de irregularidades graves, que estão tendo consequ-ências, neste exato momento, na vida da população de Altamira sem que o Judiciário se pronun-cie”, observou o procurador-chefe do MPF no Pará, Ubiratan Cazet-ta, em entrevista à Agência Bra-sil.

Medina Osório mesmo pre-fere não tocar no caso da hidrelé-trica, mas conta que “há inúmeros casos concretos espalhados pelo país, que devem ser recolhidos através de um estudo estatístico sério, idôneo e científico, como amostragem para um levantamen-to representativo”.

O advogado diz duvidar que “no plano estatístico, os grandes licenciamentos ambientais, hoje, no Brasil, dificilmente escapem, em sua maioria, do crivo prévio de numerosos membros do Minis-tério Público, seja no âmbito de inquéritos civis, recomendações, termos de ajustamento de conduta

ou ações civis públicas”.De sua experiência pessoal,

conta, ele tem notado que é di-fícil “falar sobre um Ministério Público brasileiro que atue com uniformidade de critérios, na me-dida em que cada membro do Mi-nistério Público atua com absolu-ta independência funcional e tem total liberdade para apresentar seu próprio ponto de vista, sem subor-dinação hierárquica a quem quer que seja”.

Para o advogado, há indí-cios de que “muitos membros do Ministério Público brasileiro ve-nham promovendo uma série de iniciativas, na área ambiental, que resultam altamente controversas do ponto de vista jurídico, em ter-mos de invasão de competências do Poder Executivo”.

Fábio Medina Osório diz que o risco está na própria natureza da matéria ambiental. De acordo com ele, o processo de licenciamento fica “exposto a questionamentos em inquéritos civis, termos de ajustamentos de condutas, reco-mendações do Ministério Público ou ações civis públicas, inclusive em matérias que envolvem as-suntos eventualmente abertos a espaços ocupados por conceitos jurídicos altamente indetermina-dos, cláusulas gerais, princípios constitucionais ou inclusive temas discricionários”. Ou seja, o cam-po fica “nebuloso”.

O advogado aponta o que considera uma inversão na lógica que determina as competências e a separação dos poderes. “Quan-do o agente econômico obtém um licenciamento ambiental”, conta, “não há segurança jurídica, pois, dependendo do porte do empreen-dimento, a sensação é no sentido de que se faz necessário o aval do Ministério Público”.

Marília Scriboni é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 1º de outubro de 2011

CONSultOR JuRíDICO – SP – CONAMP – 03.10.2011

“MP quer comandar o licenciamento ambiental no país”