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351 Verinotio Revista on-line de educação e ciências humanas n. 9, Ano V, nov. 2008 – Publicação semestral – ISSN 1981-061X – Edição Especial: J. Chasin Georg Lukács: etapas de seu pensamento estético de Nicolas Tertulian Lúcia Ap. Valadares Sartório * * Graduada em ciências sociais, mestre em filosofia pela PUC-SP, doutoranda em educação pela UFSCar. TERTULIAN, Nicolas. Georg Lukács: etapas de seu pensamento estético. São Paulo: Editora Unesp, 2008. 301 p. Em agosto deste ano a Editora Unesp nos surpreendeu com a publicação de uma obra fundamental para o entendimento da produção teórica de um dos maiores filósofos marxistas do século XX: Georg Lukács – etapas de seu pensamento estético, denso estudo elaborado pelo professor romeno Nicolas Tertulian. Radicado em Paris desde o início da década de 1980, Tertulian se no- tabilizou como diretor de estudos da École des Hautes Études en Sciences Sociales e como estudioso do pensamento estético não apenas de Lukács, mas também de Theodor Adorno, Martin Heidegger e Benedetto Croce, en- tre outros. Mas dedicou-se particularmente à continuidade da sua pesquisa de doutorado As estéticas de Croce e Lukács, na medida em que despendeu esforços e dedicação ao estudo perspicaz da trajetória intelectual de Lukács. Com tradução de Renira Lisboa de Moura Lima e apresentação de Ester Vaisman e Rainer Câmara Patriota, Georg Lukács – etapas de seu pensamento estético, além de possibilitar uma maior aproximação ao pensamento estético do filósofo húngaro, remete-nos aos dilemas e aos grandes enfrentamentos ocorridos no século passado, tanto em decorrência da intensa ação contra- revolucionária burguesa como também pela degenerescência desencadeada no interior do Partido Comunista sob a liderança de Stalin. As crises social e humana que irromperam a partir daí provocaram o esfacelamento das rela- ções sociais e a perda de referenciais teóricos. Curiosamente, o presente estudo de Tertulian é publicado no Brasil com quase três décadas de atraso em relação à sua versão francesa, elaborada por RESENHA

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    Verinotio Revista on-line de educao e cincias humanasn. 9, Ano V, nov. 2008 Publicao semestral ISSN 1981-061X Edio Especial: J. Chasin

    Georg Lukcs: etapas de seu pensamento estticode Nicolas Tertulian

    Lcia Ap. Valadares Sartrio*

    * Graduada em cincias sociais, mestre em filosofia pela PUC-SP, doutoranda em educao pela UFSCar.

    TERTULIAN, Nicolas. Georg Lukcs: etapas de seu pensamento esttico. So Paulo: Editora Unesp, 2008. 301 p.

    Em agosto deste ano a Editora Unesp nos surpreendeu com a publicao

    de uma obra fundamental para o entendimento da produo terica de um dos maiores filsofos marxistas do sculo XX: Georg Lukcs etapas de seu pensamento esttico, denso estudo elaborado pelo professor romeno Nicolas Tertulian.

    Radicado em Paris desde o incio da dcada de 1980, Tertulian se no-tabilizou como diretor de estudos da cole des Hautes tudes en Sciences Sociales e como estudioso do pensamento esttico no apenas de Lukcs, mas tambm de Theodor Adorno, Martin Heidegger e Benedetto Croce, en-tre outros. Mas dedicou-se particularmente continuidade da sua pesquisa de doutorado As estticas de Croce e Lukcs, na medida em que despendeu esforos e dedicao ao estudo perspicaz da trajetria intelectual de Lukcs.

    Com traduo de Renira Lisboa de Moura Lima e apresentao de Ester Vaisman e Rainer Cmara Patriota, Georg Lukcs etapas de seu pensamento esttico, alm de possibilitar uma maior aproximao ao pensamento esttico do filsofo hngaro, remete-nos aos dilemas e aos grandes enfrentamentos ocorridos no sculo passado, tanto em decorrncia da intensa ao contra-revolucionria burguesa como tambm pela degenerescncia desencadeada no interior do Partido Comunista sob a liderana de Stalin. As crises social e humana que irromperam a partir da provocaram o esfacelamento das rela-es sociais e a perda de referenciais tericos.

    Curiosamente, o presente estudo de Tertulian publicado no Brasil com quase trs dcadas de atraso em relao sua verso francesa, elaborada por

    RESENHA

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    Fernand Bloch; entretanto, mesmo com atraso, antecede maioria dos estu-dos estticos do prprio Lukcs: com exceo de sua obra de juventude A teoria do romance, do ensaio O romance como epopia burguesa e dos Prolegmenos a uma esttica marxista, de certa forma j conhecidos pelo pblico brasileiro, ainda continuam inditos estudos expressivos, como A alma e as formas, A esttica de Heidelberg, O romance histrico, Con-tribuies histria da esttica e a grande Esttica o que indica que no apenas os pensamentos filosfico e poltico de Lukcs continuam desconhe-cidos, mas tambm as categorias estticas por ele desenvolvidas.

    De forma magistral, Tertulian procura apresentar no apenas o perfil de Lukcs como um intelectual que buscou apreender o que peculiar s produes artsticas, mas, principalmente, como um homem que buscou aproximar-se integralmente da realidade por meio do seu entendimento e manter com coerncia os seus princpios, num perodo completamente nebuloso, pelos efeitos da guerra fria, no qual tudo parecia perdido. Assim, imbudo de um esforo intelectual fenomenal, mostra Tertulian, o filsofo hngaro procurou, em seus estudos estticos, fortalecer o pensamento de Marx, bem como salvaguardar os ideais do comunismo frente ao lamaal produzido pelo stalinismo.

    Georg Lukcs etapas de seu pensamento esttico est dividido em sete ensaios. No primeiro A evoluo do pensamento de Georg Lukcs Tertulian procura elaborar uma espcie de apresentao geral do pensamento lukacsiano, tecendo breves e precisos comentrios acerca de suas primeiras produes at alcanar o patamar de uma reflexo mais densa e amadurecida no que se refere apreenso do objeto esttico, o que necessariamente levou o pensador hngaro a se deparar com a filosofia de Kant, Hegel, Croce, Schiller e outros.

    Nesse sentido, mostra Tertulian, o desenvolvimento terico de Lukcs se deu por meio das diferentes interlocues com os filsofos com os quais dialogava acerca do significado da arte. E foi exatamente esse o percurso que o levou a Marx: A ortodoxia em matria de marxismo era definida por Lukcs como a convico de que, com o marxismo, tinha sido encontrado o mtodo de pesquisa adequado, mtodo que s podia ser desenvolvido, aper-feioado ou aprofundado no sentido dos seus fundadores (Tertulian, 2008, p. 24). Mas nesse ensaio tambm que Tertulian pe em discusso anlises, em torno do filsofo hngaro, que mostram a tendncia de alguns em valorar suas obras de juventude em detrimento de suas obras de maturidade, ou seja,

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    de incorporarem muito bem Teoria do romance e Histria e conscincia de classe, por exemplo, e rejeitarem a Esttica e a Ontologia, mesmo a despeito da autocrtica de Lukcs sobre o desenvolvimento do seu pensamento.

    Tertulian ressalta que Lukcs, em sua juventude, escreveu A alma e as formas, A teoria do romance e Histria do drama moderno ainda sob in-fluncia de Kant e Simmel, embora o filsofo hngaro j houvesse manifes-tado uma crtica vida artificial da sociedade capitalista, um apontamento sobre a oposio entre o carter orgnico da vida comunitria das pocas pr-capitalistas e o carter mecnico ou abstrato da existncia no quadro da civilizao burguesa (Tertulian, 2008, p. 27). A epopia na Antigidade expressava a harmonia entre a objetividade e a subjetividade, os indivduos estavam inteiramente articulados com as aes da coletividade. O romance desponta num momento em que a sociedade torna-se completamente het-erognea e complexa, o mundo objetivo torna-se frio, convencional, petri-ficado, trivial.

    No ensaio s origens do pensamento esttico de Georg Lukcs Tertu-lian apresenta ao leitor a dedicao do jovem filsofo em compreender a arte e distinguir a grande arte das atividades estticas menos relevantes. A especifi-cidade do drama moderno em relao ao drama construdo no Renascimento ou na Antigidade. A onipotncia do dinheiro a partir da modernidade des-encadeou o desequilbrio entre subjetividade e objetividade, restando ao indi-vduo apenas o papel de simples acessrio, de peo subalterno entre foras impessoais que o envolveriam e o ultrapassariam (Tertulian, 2008, p. 69). Os indivduos passam pela solido mais profunda como resultado da dissoluo entre os membros da sociedade e dos valores morais, processo que criou situaes desfavorveis concretizao do drama na obra de arte e instigou Lukcs a investigar as novas formas sociais.

    Impreterivelmente, ele teve de se deparar com o movimento romntico, com as posies de Novalis, a sua tendncia de sobrepor a individualidade objetividade e transform-la num puro movimento do esprito potico, posio que levou Lukcs a concluir que os romnticos tinham a pretenso de suprimir por uma operao mgica de soberana vontade as asperezas, as contrariedades e os limites da existncia objetiva, e de realizar uma feliz osmose entre a lei do sonho e o movimento real (Tertulian, 2008, p. 72). Os romnticos defendiam a poetizao do destino, no queriam constru-lo nem tampouco transform-lo, pelo contrrio, romanticizaram a morte. Em sua crtica, afirma Tertulian, Lukcs mostrou que os romnticos, ao se pren-

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    derem subjetividade esttica, recusavam os elementos mais profundos da realidade.

    Tertulian busca ressaltar, ainda, que a vida na modernidade sofreu uma mudana radical em relao Antigidade e Idade Mdia: a ciso entre existncia e destino, entre aventura e realizao, entre vida e essn-cia (Tertulian, 2008, p. 91). Os indivduos perderam a imanncia do sentido porque a vida real encontra-se substantivada no vazio. E a se situam prob-lemas da arte na atualidade, pois a forma precisa se remeter a um conte-do, mas, se o mundo emprico tornou-se o caos completo, a alternativa que fica para o artista a produo da forma como produtividade do esprito, posio que culminou no culto da forma.

    No ensaio A teoria do romance, Tertulian procura desenvolver a anlise da obra homnima, na qual Lukcs tratou dos diversos gneros literrios, relacionando histria e filosofia, em meio a turbulncia das vrias demandas de estudos que se colocavam diante dele. Nela, Lukcs exps seu criterioso estudo sobre a literatura de Dostoievski, no qual se envolveu com questes relativas tica metafsica e filosofia da histria.

    Segundo Tertulian,

    A dialtica esttica das formas literrias exposta no estudo de Lukcs a projeo de uma meditao ininterrupta sobre a condio humana em suas diferentes hipteses histricas. O prprio livro nasceu de uma profunda necessidade espiritual. As grandes obras lembra-das, das epopias homricas ao Dom Quixote, de Wilhelm Meister a Educao sentimental e a Guerra e paz, so caracterizadas no somente como realidades estticas autnomas, mas tambm como etapas de um interminvel itinerrio espiritual no qual vemos perfilarem-se os dile-mas e as antinomias do autor (Tertulian, 2008, p. 107).

    A Teoria do romance, afirma Tertulian, precisa ser entendida no apenas na sua proximidade com o pensamento hegeliano, pois ela tambm revela todas as tenses e descobertas de Lukcs no processo de sua elaborao, o seu estado emocional diante da Primeira Guerra Mundial era, de fato, a primei-ra vez que ocorria uma guerra universal, com todas as tendncias negativas sobre a humanidade. O filsofo hngaro prosseguiu, e por certo perodo, mesmo aps a sua adeso ao marxismo, valeu-se dos conceitos hegelianos: no centro de seus estudos estava a busca pelo entendimento da grande literatura pica, do vnculo existente entre tica, filosofia da histria e esttica, mas o seu mtodo era especulativo. Lukcs explicou a dissoluo da epopia e o aparecimento do romance pela modificao transcendental do esprito.

    Na sua brilhante habilidade de relatar as transformaes do pensamento

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    de Lukcs, Nicolas Tertulian prima por destacar a relevncia que a descoberta do manuscrito indito da esttica, escrito na juventude para cobrir arestas, para o entendimento acerca do processo de formao esttica do filsofo hngaro e a sua dedicao para compreender a natureza da arte. Assim, no ensaio A esttica da juventude, Tertulian procura apresentar ao leitor desde suas primeiras anlises, ainda sob influncia do pensamento kantiano, em seguida, sua passagem pelo pensamento de Hegel, at alcanar o pleno de-senvolvimento das categorias do seu pensamento esttico. A questo lanada por Tertulian para discorrer sobre o processo de formao do pensamento esttico lukacsiano a seguinte: teria Lukcs conseguido, em seu sistema esttico final, se libertar dos julgamentos e concepes com que essa heredi-tariedade hbrida o sufocava, e teria chegado a exprimir a natureza original da arte por um conjunto de conceitos homogneo sob o aspecto estritamente filosfico? (Tertulian, 2008, p. 120).

    Em relao obra O romance histrico, Tertulian aponta, em ensaio homn-imo, que ela foi desenvolvida quando as concepes marxistas tomaram for-ma, chamando a ateno para as condies em que ela foi escrita por Lukcs (pois o filsofo hngaro havia superado suas posies sectrias expressas em Histria e conscincia de classe). A ascenso do fascismo e a diviso inter-na no Partido Comunista Hngaro foram fatos que contriburam para que Lukcs tomasse a posio de defender a consolidao de uma ampla frente democrtica e o abandono dos extremismos revolucionrios descolados do concreto. Embora suas teses polticas conhecidas como Teses de Blum tenham sido rechaadas no congresso do Partido Comunista, Lukcs seguiu convicto sobre a importncia das suas concluses.

    A sociedade burguesa assumiu sua forma mais perversa no incio do sculo, com uma postura maligna atravs da represso e do terror: o avano do fascismo procurou aniquilar no apenas os movimentos operrios, mas tambm os valores democrticos burgueses erguidos pelo movimento ilu-minista. Nesse sentido, Lukcs no poderia separar o seu pensamento est-tico das suas convices polticas e ideolgicas, questes que aparecem bem vivas nO romance histrico. Nesta obra Lukcs tambm tratou da natureza da obra literria e evidenciou o modo pelo qual os grandes escritores conseguem apreender a experincia histrica e traz-la para a atividade criadora e figu-rativa, traando um paralelo entre as obras literrias de Stendhal e Balzac e analisano os romances de Flaubert e Conrad Ferdinand Meyer.

    A Esttica se tornou a grande obra no campo da arte e abriu caminhos para o entendimento do pensamento de maturidade de Lukcs, das suas descober-

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    tas em torno da relao sujeito-objeto. A Esttica de Lukcs foi construda valendo-se de algumas categorias que seriam desenvolvidas posteriormente na Ontologia do ser social, e apresenta uma acentuada reflexo no campo da an-tropologia filosfica. Mas, nesse seu percurso, recebeu crticas contundentes de seus contemporneos: Ernst Bloch, por exemplo, imputou a Lukcs uma relativa cegueira a respeito do substrato de natureza utpica de toda obra de arte verdadeira. Lukcs teria permanecido prisioneiro de uma relao de ad-erncia estreita demais entre condicionamento econmico-social e a estrutura da obra de arte, insensvel emergncia de sua dimenso utpica (Tertulian, 2008, p. 191). Sartre tentou provar diversas vezes que Lukcs no considerou as mediaes complexas que ligam a estrutura de certos fenmenos espiri-tuais a seu substrato sociohistrico (Tertulian, 2008, p. 192). Adorno acusa-va Lukcs de negligenciar a funo mediadora especfica da subjetividade esttica, a metamorfose sui generis que sofre a matria emprica no processo de criao artstica (Tertulian, 2008, p. 194).

    Algumas crticas foram acertadas, outras, completamente equivocadas, mas o fato que Lukcs procurou seguir um itinerrio investigativo da arte e no aceitou confundir, em nenhum momento, as esferas da atividade hu-mana, isto , insistiu em evidenciar que arte e cincia so atividades espiri-tuais completamente distintas. O percurso trilhado por Lukcs direcionou-se justamente a compreender o fenmeno esttico, e seguiu essa meta na sua obra escrita em 1957, O particular como categoria esttica; a fez a diviso met-odolgica de seu tratado esttico entre uma parte dominada pelo ponto de vista do materialismo dialtico e uma outra essencialmente sob o domnio do materialismo histrico (a arte como fenmeno sociohistrico) (Tertulian, 2008, p. 196). Lukcs esteve, ainda, envolto num debate com Bertolt Brecht acerca da obra dramtica e da concepo do realismo como o representante da verdadeira obra de arte, capaz de expressar a universalidade em todos os lugares. A questo que se colocava para Lukcs era evidenciar a importncia da atividade esttica para o homem, sem cair no utilitarismo predominante no sculo XX, como importante meio pelo qual o homem pode vir a se recon-hecer e se transformar, a adquirir conscincia de si.

    No ltimo ensaio Notas sobre o ltimo Lukcs Tertulian pro-cura chamar a ateno para a importncia das duas ltimas obras do filsofo hngaro e o papel que elas cumpriram no contexto tanto do Leste Europeu como do stalinismo: Esttica e Ontologia do ser social. A deteriorao dos princ-pios, a corrupo que paulatinamente foi se tornando generalizada, retirava

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    as esperanas da transio para o socialismo, pois o que se mostrava era uma crise profunda dos antigos valores, tanto os do Ocidente capitalista como os do socialismo de caserna Stalin (Tertulian, 2008, p. 294). Mas exatamente por pensar aquela crise como um perodo de transio que Lukcs tentava enxergar em meio quelas circunstncias as possibilidades de transio efetiva para o socialismo. Por isso, em sua crtica ao stalinismo, procurou evitar o fortalecimento da guerra fria ou da derrocada completa dos ideais do comu-nismo.

    Lukcs foi um homem lcido do seu tempo, um homem que, inicial-mente, buscou desenvolver a tica e encontrar sua relao com a esttica, aca-bando por enveredar para o campo da ontologia como resposta s suas inda-gaes. Esta obra de Tertulian traz ao leitor uma riqueza de acontecimentos extremamente esclarecedores sobre um perodo ainda nebuloso, marcado por intrigas, guerras subterrneas, contra-revolues burguesas, aniquilamento da vida. Mas foi nessas condies que um homem como Georg Lukcs produziu um conjunto de obras de grande relevncia no apenas para a compreenso da arte, como tambm para o fortalecimento do pensamento de Marx e do resgate das lutas pela emancipao humana.