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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Departamento de Sociologia Sociologia no Ensino Médio Teoria e prática Disciplina: HUM 04022 Período Letivo: 2013/1 Professora: Luiza Helena Pereira Nome do aluno: Ricardo Gausmann Pfitscher 00046266 Com base na leitura realizada elabore um exercício de imaginação sociológica para desenvolver com seus alunos. Um exercício de IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA: “Por trás do gênero e do sexo”. Para construir um exercício de imaginação sociológica é importante levar em conta duas dimensões presentes: o saber acumulado da sociologia e a realidade da juventude (a escola, a família e os meios complexos pelos quais a juventude está em movimento). A partir do saber acumulado, definimos os princípios lógicos do raciocínio e da imaginação sociológica. A partir da realidade do aluno, definimos o comoensinar, a partir de quais vivências e experiências ensinar, criando vínculos então entre a sociologia científicae a sociologia espontâneados alunos. Os principais pensadores e criadores das teorias sociais, tais como Marx, Durkheim, Mauss, Spencer, Weber, entre outros, se debruçaram sobre a relação individuo e sociedade, sobre a dialética, a contradição, os nexos, a interdependência, enfim, sobre como os indivíduos criam as estruturas sociais e são criados por elas. Dessa forma, por que não iniciarmos um curso de sociologia tratando desse tópico? Por que não criarmos metodologias de ensino que tratem das biografias dos alunos como ponto de partida para a compreensão da sociedade? (SILVA, p. 03)

06 - ATIVIDADE - Oficina de imaginação Sociológica [concluído]

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de Sociologia

Sociologia no Ensino Médio – Teoria e prática

Disciplina: HUM 04022 Período Letivo: 2013/1

Professora: Luiza Helena Pereira

Nome do aluno: Ricardo Gausmann Pfitscher – 00046266

Com base na leitura realizada elabore um exercício de imaginação sociológica para

desenvolver com seus alunos.

Um exercício de IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA:

“Por trás do gênero e do sexo”.

Para construir um exercício de imaginação sociológica é importante levar em conta duas

dimensões presentes: o saber acumulado da sociologia e a realidade da juventude (a

escola, a família e os meios complexos pelos quais a juventude está em movimento). A

partir do saber acumulado, definimos os princípios lógicos do raciocínio e da

imaginação sociológica. A partir da realidade do aluno, definimos o “como” ensinar, a

partir de quais vivências e experiências ensinar, criando vínculos então entre a

sociologia “científica” e a sociologia “espontânea” dos alunos.

Os principais pensadores e criadores das teorias sociais, tais como

Marx, Durkheim, Mauss, Spencer, Weber, entre outros, se

debruçaram sobre a relação individuo e sociedade, sobre a

dialética, a contradição, os nexos, a interdependência, enfim,

sobre como os indivíduos criam as estruturas sociais e são criados

por elas. Dessa forma, por que não iniciarmos um curso de

sociologia tratando desse tópico? Por que não criarmos

metodologias de ensino que tratem das biografias dos alunos como

ponto de partida para a compreensão da sociedade? (SILVA, p. 03)

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a) PRIMEIRO MOMENTO

Vamos construir um texto imaginando que recebemos a notícia de que seremos

pais/mães daqui a 5 meses e que agora somos incumbidos de fazer todos os

preparativos, desde compra de roupinhas, reforma do quarto, kits para bebês e

aquisição de brinquedos, antes do nascimento. Comente em detalhes, como e quais

são as suas escolhas para realizar esta tarefa e o que o levou a tomar cada decisão.

Você pode perguntar para seus pais como isto aconteceu com o evento de seu

nascimento.

O próprio texto nos permite diagnosticar o domínio sobre a língua

portuguesa, as formas de expressão, ou seja, o estágio de

elaboração abstrata em que o aluno é capaz ou não de se

expressar. A dinâmica proposta também possibilita esse

diagnóstico da fase de desenvolvimento do aluno em relação aos

saberes escolares. (SILVA, p. 06).

b) SEGUNDO MOMENTO

Então, refletir/discutir conjuntamente:

“A naturalização” de Rituais, Comportamentos, Atitudes, Concepções...

Identificar as regularidades do conjunto (todas as narrativas) de relatos.

Quais as diferenças entre as expectativas e sonhos que envolvem o nascimento

de crianças de sexos diferentes em uma família?

Quais as diferenças das transações materiais (desde tipos de brinquedos, tipos de

roupinhas, cor de quarto) que envolvem o nascimento de crianças de sexos

diferentes?

Quais são as expectativas do futuro destas crianças a partir de dados atuais,

existem diferenças sociais, também, entre as pessoas adultas de sexos diferentes?

(Ver Dados do IBGE/Políticas Públicas).

Quais são “as regras e valores” explícitos ou implícitos, que muitas vezes se

contrapõem e se contrariam, mas que nos orientam em nosso desenvolvimento e em

nossa “construção”, desde que nascemos até nos tronarmos adultos?

Religião/Dogmas/crenças

Estado/Legislação

Família/Tradição/folclore

Ideologias/Utopias/Partidarismos

Mídia/Moda/Espetáculo

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Campo Científico/Campo da Informação (Revistas não científicas, porém

consagradas pela opinião pública)/Velhas e novas concepções

Neste segundo momento, torna-se necessário fazer a crítica ao senso comum, às noções

estereotipadas e aos “esquematismos” que acabam por naturalizar os fatos. Pois, para a

sociologia espontânea o mundo apresenta-se de forma “única”, “natural” e universal,

dando-lhe aparência de pronto, acabado e certo, em oposição ao desviante, ao anormal e

ao incerto.

Não é verdade que a sociedade está dada, pronta e definitiva. Para

alguns interessa que ela se mantenha como está e, para outros,

que se modifique. Portanto, a sociedade é uma criação coletiva,

que está sendo recriada continuamente e organiza-se de diferentes

formas e modalidades. Há épocas da história da sociedade em que

se abrem vários graus de liberdade, várias possibilidades de

transformação, e há outras épocas em que quase não aparecem

perspectivas, porque a sociedade caminha numa direção

autoritária .(IANNI, p.337).

c) TERCEIRO MOMENTO

Materiais e tarefas auxiliares

Vários recursos serão necessários, tais como, textos sociológicos,

recortes de jornais e revistas, filmes, charges, fotos, enfim tudo que

for possível encontrar e que esteja vinculada ao conteúdo

selecionado, realização de pesquisas exploratórias pelos alunos no

bairro, na escola, no município, no trabalho, no lazer, na igreja,

entre outros espaços sociais poderá auxiliar na construção do

raciocínio e da imaginação sociológica. (SILVA, p. 07).

Neste momento, torna-se interessante que professor e alunos pesquisem, em variados

meios (internet, enciclopédias, artigos), “as regras e valores” explícitos ou implícitos

que nos orientam em nosso desenvolvimento e em nossa “construção”, desde que

nascemos até nos tronarmos adultos:

Podendo então formar grupos de 05 integrantes para cada subtema:

Religião/Dogmas/crenças

Estado/Legislação

Família/Tradição/folclore

Ideologias/Utopias/Partidarismos

Mídia/Moda/Espetáculo

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Campo Científico/Campo da Informação (Revistas não científicas, porém

consagradas pela opinião pública)/Velhas e novas concepções

PERGUNTAS ORIENTADORAS (Para cada subtema):

Como é aqui em nossa cidade, estado e país? Em todos os lugares acontece

desta maneira?

Existem outras concepções de gênero e sexualidade que sejam diferentes das

que existem em seu bairro ou sua família?

Estamos percebendo que por trás das leis, normas, crenças e tradições, são as relações

sociais que constituem o ser social em qualquer contexto. O homem, em última análise,

é relação social. Podemos afirmar então, que as relações sociais é que criam as coisas e

nos criam a nós mesmos. Então, os fatos sociais são as relações sociais.

Dessa forma, trabalhar os fatos sociais, no sentido lato, como

movimento, é uma maneira de recuperar a historicidade do social,

evitando-se a “naturalização”. E isto é fundamental em todas as

Ciências Sociais. O que ocorre com as noções de senso comum é

que elas são clichês, estereótipos, que levam de contrabando a

ideia de que os fatos são “naturais” e que as coisas acontecem

inevitavelmente, por razões totalmente alheias ao campo social.

Portanto, uma maneira de evitar a “naturalização” do social é

reconhecer que o social é movimento. (IANNI, p.332).

d) QUARTO MOMENTO

AS TEORIAS – dos clássicos aos contemporâneos...

Teóricos e pensadores que já analisaram o tema em face da sociologia.

COMPARAÇÃO entre as teorias.

Vários pontos de vista sobre o tema, visão não estanque e anti-essencialista.

Exercitar as relações entre teorias e pontos de vista.

Vamos “Desvendar” com outras lupas e ver o que foi, até então, descoberto?

A partir de teorias clássicas:

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Marx/ Trajetórias individuais a partir dos contexto de produção material e

espiritual da vida./O homem é sujeito da elaboração do mundo social, fazendo a

sua história./Cria as ideologias, os valores e a maneira de compreender o mundo.

Durkheim /Formação da consciência coletiva e internalização das regras e

valores que o indivíduo já encontrou pronta quando nasceu./Coerção e educação.

Weber/ Sociedade em “rede”/ Indivíduo se compõe em diversas esferas da

sociedade./A realidade social é o encontro entre os valores e os homens./ Os

indivíduos agem segundo uma infinidade de valores, sentimentos e orientações

constantemente reelaborados.

A partir de teorias contemporâneas:

Giddens/ Gênero/Sexo/Sexualidade.

Bourdieu/ A dominação masculina/ Gênero e Sexo.

Teorias Feministas/ “Dualismos”/ Performatividade sexual/Gênero, sexo e

sexualidade.

Teorias Queer/Sexo em construção e desconstrução/Borramento de fronteiras.

Acredito que essa perspectiva leva o professor (nos vários campos

das Ciências Sociais) a trabalhar conceitos, noções, interpretações

e categorias conforme uma abordagem teórica, construindo essas

categorias a partir dos dados da realidade que está em

questão.(IANNI, p.332).

“O pulo do gato”

Assim, continua-se a interação com as experiências dos alunos, mas agora é preciso que

eles se afastem cada vez mais dos pensamentos já estabelecidos sobre sua biografia e

sua vida cotidiana. Vamos levá-los para olhares mais amplo no tempo e no espaço, nas

regularidades e nas novidades dos fenômenos sociais e culturais.

e) QUINTO MOMENTO

Proposta de filme ou documentário que trate da temática.

Assistir a um filme ou documentário possibilita que haja uma sensibilização, revisitação

e nova contextualização das reflexões obtidas nas etapas anteriores. É um momento

lúdico e subjetivo que pode ser externalizado após a sessão com uma discussão das

impressões e sensações.

Indicações:

TomBoy;

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Delicada atração;

XXY;

Minha vida em cor-de-rosa.

BIBLIOGRAFIA

SILVA, Lleizi Fiorelli. A imaginação sociológica: desenvolvendo o raciocínio

sociológico nas aulas com jovens e adolescentes. In. Roteiro apresentado no mini-curso

do Simpósio Estadual de Sociologia, promovido pela Secretaria de Estado de Educação

do Paraná, nos dias 20 a 22 de Junho de 2005, em Curitiba - Pr.

IANNI, Octávio. O ensino das Ciências Sociais no 1º e 2º graus. In. Cad. Cedes,

Campinas, vol. 31, n. 85, p. 327-339, set.-dez. 2011.