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ALELOPATIA DE PLANTAS DANINHAS SOBRE A MAMONEIRA
Liv Soares Severino, Rosiane de Lourdes Silva de Lima, Robson Cesar Albuquerque, Napoleo Esberad de Macdo Beltro
Embrapa Algodo, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
RESUMO - Alelopatia trata-se do efeito de metablitos liberados pelos vegetais sobre o crescimento e desenvolvimento de outras plantas, liberados a partir das folhas, razes e pela decomposio dos restos vegetais. diferente de competio, pois a competio consiste na disputa por recursos limitados como luz, gua e nutrientes, enquanto a alelopatia trata-se de um efeito txico de substncias produzidas por outras plantas. A mamoneira especialmente sensvel ao das plantas daninhas e este trabalho teve o objetivo de obter indcios da ocorrncia de efeito aleloptico, como um dos fatores prejudiciais dessas ervas sobre a mamoneira. Quatro gentipos de mamoneira foram cultivados em vasos na presena ou ausncia de plantas daninhas, procurando-se minimizar o efeito da competio por gua, luz e nutrientes. Os resultados indicaram forte efeito aleloptico, pois mesmo havendo boa disponibilidade dos trs principais fatores ambientais, a reduo no crescimento da mamoneira foi de 75% na rea foliar, 23% na altura e 74% na matria seca da parte area. Para o manejo cultural, esses resultados indicam que as plantas daninhas prejudicam o crescimento da mamoneira no apenas pela competio por gua, luz e nutrientes, mas tambm por alelopatia.
INTRODUOAlelopatia trata-se do efeito de metablitos liberados pelos vegetais sobre o crescimento e
desenvolvimento de outras plantas; esses metablitos, primrios ou secundrios, podem ser liberados
a partir das folhas, razes e pela decomposio dos restos vegetais (TAIZ e ZEIGER, 2002). Alelopatia
diferente de competio, pois a competio consiste na disputa por recursos limitados como luz,
gua e nutrientes, enquanto a alelopatia trata-se de um efeito txico de substncias produzidas por
outras plantas. A alelopatia, no entanto, pode ser uma estratgia ecolgica de competio, pois atravs
desse mecanismo, uma planta pode interferir no crescimento da outra.
A alelopatia tem sido reconhecida como um importante mecanismo ecolgico que influencia a
dominncia vegetal, a sucesso, a formao de comunidades vegetais e de vegetao clmax, bem
como a produtividade e manejo de culturas.
A mamoneira especialmente sensvel alelopatia provocada pelas plantas daninhas. Weiss
(1983) afirma que a rea cultivvel com mamona por um pequeno produtor limitada pela sua
capacidade de controle das plantas daninhas. Ou seja, o plantio de uma rea extensa, na qual o
controle das ervas no seja adequado resulta em menor produtividade que o plantio de uma rea
pequena, mas onde se mantm as plantas daninhas sob controle.
O efeito das plantas daninhas sobre a mamoneira, pode ser provovado tanto pela competio
pelos fatores ambientais (gua, luz e nutrientes), bem como por efeito aleloptico das plantas
invasoras.
Este trabalho teve o objetivo de quantificar o efeito de plantas daninhas sobre o crescimento
em vaso de mamoneiras de quatro cultivares.
MATERIAL E MTODOSO experimento foi conduzido na Embrapa Algodo, Campina Grande, PB, no perodo de
dezembro a fevereiro de 2005. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado com 4 repeties e 8 tratamentos em distribuio fatorial 4x2, sendo os fatores quatro gentipos (Nordestina, Mirante 10, CSRN 393 e AL Guarany) e ausncia ou presena de plantas daninhas. Cada parcela experimental foi representada por 1 vaso plstico de 32 litros, contendo uma planta em cada. No tratamento com presena de plantas daninhas, permitiu-se o crescimento normal das ervas espontneas, as quais tiveram a parte area podada somente quando ultrapassavam as folhas da mamoneira, para evitar a competio por luz. No tratamento sem presena de plantas daninhas, todas as ervas germinadas eram imediatamente eliminadas.
Utilizou-se solo arenoso, adicionado de 20% de esterco bovino e fertilizado com NPK na dose equivalente a 150-150-150 kg/ha. O nitrognio foi parcelado em 30% no plantio e 70% aos 30 dias aps a emergncia (DAE). As plantas foram irrigadas diariamente em quantidade suficiente para no haver limitao no suprimento de gua. Aos 60 DAE, tomaram-se valores de altura, rea foliar e matria seca da parte area. A rea foliar foi calculada pela frmula S=0,2622 x P2,4248, em que P corresponde ao comprimento da nervura principal. Os dados foram submetidos a anlise de varincia para comprovao do efeito da presena de plantas daninhas. A avaliao da diferena de crescimento entre as cultivares no foi aprofundada, por no ser objetivo do trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSO
Houve efeito significativo da ausncia ou presena de plantas daninhas sobre todas as caractersticas avaliadas e nenhuma interao com o fator cultivares foi detectada. O coeficiente de variao (CV) da rea foliar, altura e matria seca da parte area foi de 21,5; 15,6 e 19,3%, respectivamente. Na Tabela 1 esto apresentados os valores das trs caractersticas estudadas.
O mtodo usado para conduo desse experimento consistiu na disponibilizao abundante dos trs principais fatores ambientais, pelos quais a mamoneira poderia competir com as plantas daninhas: gua, luz e nutrientes. Quanto gua, houve irrigao diria deixando-se o solo prximo capacidade de campo. Quanto luz, os vasos ficaram expostos diretamente radiao solar e no se permitiu que as plantas daninhas crescessem acima das folhas da mamoneira, condio que reduziria a incidncia de luz sobre esta. Quanto aos nutrientes, alm da adio de 20% de esterco ao solo, fez-se adubao mineral em dose muito superior recomendao tradicional para essa cultura que seria em torno de 50-50-50 kg/ha de NPK. No se pode afirmar que no houve competio da mamoneira com as plantas daninhas, mas considera-se que houve pouca limitao dos recursos ambientais e que a diferena no crescimento entre as mamoneiras nas duas condies foi provocado em grande parte pela alelopatia com as plantas daninhas.
O efeito aleloptico pode ser facilmente percebido na observao de qualquer das caractersticas estudadas. Na mdia, a rea foliar diminui de 3.452,3 para 853,6 cm2, a altura de 42,7 para 32,7cm e a matria seca da parte area de 48,4 para 12,8g. Esses valores equivalem reduo de 75% da rea foliar, 23% da altura e 74% da matria seca da parte area. Na Figura 1, apresentam-se comparativamente as plantas crescidas nas duas condies estudadas. Alm da reduo no crescimento, tambm se observa amarelecimento da mamoneira.
Este resultado tem grande implicao sobre o manejo de plantas daninhas na cultura da mamona, pois tradicionalmente se imagina que as plantas daninhas s causam danos cultura quando esto presentes em grande quantidade. Os resultados apresentados so um indcio de que mesmo em menor volume, as plantas daninhas podem trazer prejuzo ao crescimento normal da mamoneira e conseqentemente sobre sua produtividade atravs da alelopatia.
Neste estudo no se registrou a espcie das plantas daninhas presentes no vaso, mas sabe-se que h grande diferena no potencial aleloptico de diferentes espcies. Um estudo mais aprofundado poderia mensurar o efeito aleloptico de algumas espcies isoladamente.
CONCLUSES
Os quatro gentipos de mamoneira estudados apresentaram reduo na rea foliar, altura e matria seca da parte area devido ao efeito aleloptico provocado pelas plantas daninhas.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICASTAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002. 319p.WEISS, E.A. Oilseed crops. London: Longman, 1983. 660p.
Tabela 1. Valores de rea foliar, altura e matria seca da parte area de mamoneira de quatro gentipos cultivadas na ausncia ou presena de plantas daninhas. Campina Grande, 2005.
Caracterstica Plantas daninhas Nordestina Mirante 10 CSRN 393 AL Guarany Mdia
rea foliar (cm2)ausncia 3.691,1 3.253,0 3.337,0 3.528,3 3.452,3presena 1.284,9 897,3 721,6 546,2 853,6
Altura da planta (cm)
ausncia 41,3 45,0 51,5 33,0 42,7presena 29,3 39,5 38,5 23,5 32,7
Matria seca da parte area (g)
ausncia 49,21 47,43 52,83 44,11 48,4presena 17,73 18,04 12,38 3,23 12,8
Figura 1. Comparao no crescimento da mamoneira da cultivar AL Guarany (A), BRS Nordestina (B), Mirante 10 (C) e CSRN 393 (D) na ausncia ( esquerda) ou presena ( direita) de plantas daninhas. Campina Grande, 2005.
INTRODUOTAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002. 319p.WEISS, E.A. Oilseed crops. London: Longman, 1983. 660p.