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07 – 26 Fevereiro 2013 - Casa da Música · Suite La vita è bella [1997; c.15min.] 1. Buongiorno principessa 2. Foxtrot 3. Valzer 4. La Fuga

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07 – 26 Fevereiro 2013

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INVICTA.MÚSICA.FILMES07 – 26 FEV 2013

O cinema e a música sempre andaram de mãos dadas – nos melho-res casos superlativamente bem dadas. E não sendo neste ciclo a Itália o tema central, não perdemos a oportunidade de evocar alguns momentos extraordinários desse casamento feliz, de que Visconti é talvez um dos mais justamente celebrados.

A cidade do Porto foi pioneira da indústria cinematográfica em Portugal, que ficou marcada pela criação, na primeira década do seculo XX, da Invicta Film Lda. Uma das suas primeiras produções com distribuição internacional foi O Naufrágio do Veronese, a filma-gem épica do naufrágio do navio em Matosinhos, em Janeiro de 1913.

Este é o mote para um ciclo de cine-concertos que inclui: uma sessão de cinema acompanhado ao vivo pela banda berlinense Jazzanova, com a estreia de uma nova banda sonora para o filme Il Deserto Rosso, de Antonioni; uma nova banda sonora para o mítico filme Sunrise, de F. W. Murnau, vencedor de três Óscares da Academia, apresentada pela dupla Nuno Costa e Óscar Graça; dois concertos pela Orquestra Sinfónica e um pelo Coro Casa da Música que evocam a música no cinema, nomeadamente no italiano; a projecção de Paris qui dort de René Clair, com música de Yan Maresz, e Las Siete Vidas de un Gato para Un Chien Andalou de Luis Buñuel, dois clássicos do género a cargo do Remix Ensemble; um espectáculo com música encomen-dada para acompanhar novas obras para cinema de animação, com a parte musical a cargo da Orquestra Factor E!; um espectáculo pela Orquestra Jazz de Matosinhos com músicas encomendadas para acom-panhar O Naufrágio do Veronese e uma série de novas curtas-metra-gens sobre a vida do Porto de Leixões.

7 Fevereiro | Cine ‑ConcertoJAZZANOVA

12 Fevereiro | Cine ‑ConcertoNUNO COSTA e ÓSCAR GRAÇA

14 FevereiroENSAIO DE ORQUESTRAFilme de Federico Fellini

16 FevereiroORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICAChristian Baldini direcção musical

17 FevereiroCORO CASA DA MÚSICAPaul Hillier direcção musical

19 FevereiroREMIX ENSEMBLE CASA DA MÚSICABradley Lubman direcção musical irca m electrónica

22 FevereiroORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICAChristoph König direcção musical

23 Fevereiro | Cine ‑Concerto · Serviço EducativoORQUESTRA FACTOR E!Philippe Martins direcção musical

24 FevereiroORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICAChristoph König direcção musical

26 Fevereiro | Cine ‑ConcertoORQUESTRA JAZZ DE MATOSINHOSPedro Guedes e Carlos Azevedo direcção musical

Biografias e agrupamentos

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07 Fevereiro 201321:00 SALA SUGGIA

JAZZANOVAChristoph Adams tecladosPaul Kleber baixo Arne Jansen guitarraCarl ‑Michael Grabinger bateriaSebastian Borkowski sopros (madeiras)Stefan Ulrich tromboneAxel Reinemer laptop, percussãoStefan Leisering congas

Il Deserto Rossofilme de Michelangelo Antonioni [1964; c.117min.]música de Jazzanova [2013; estreia mundial; encomenda Casa da Música]

No primeiro filme a cores do cineasta italiano Michelangelo Antonioni (1912--2007), de 1964, dominam as intensas paisagens industriais como suporte para as dúvidas existenciais e a alienação da protagonista, interpretada por Monica Vitti. Todo o contexto do filme sugere o seu deslocamento relativamente à reali-dade que a rodeia, uma neurose afundada nos ruídos ensurdecedores e na arquitec-tura impessoal de cenários industriais, espelhada nas cores saturadas da pelí-cula, que o próprio realizador quis abor-dar como uma pintura sobre tela, sem se limitar às cores fotográficas naturais. Anto-

nioni propôs aqui um desafio aos câno-nes estéticos instituídos, encontrando a beleza das construções fabris, do fumo e da poluição e sobrepondo -a aos contornos da natureza que há muito conhecemos e nada acrescentam. A neurose retratada no filme é, segundo o próprio, uma ques-tão de adaptação ao mundo moderno, ou de desajustamento quando há uma exces-siva prisão a modos de vida ultrapassados.

A Casa da Música convidou os alemães Jazzanova para criarem uma nova banda sonora para Il Deserto Rosso, aqui apre-sentada ao vivo em estreia mundial junta-mente com a projecção do filme.

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12 Fevereiro 201319:30 SALA 2cine­‑concerto

NUNO COSTA E ÓSCAR GRAÇA

Nuno Costa guitarra e laptopÓscar Graça piano, teclados e laptop

Sunrise: A Song Of Two Humansfilme de F.W. Murnau [1927; c.95min.]música de Nuno Costa e Óscar Graça [2008]

Figura -chave do cinema expressionista alemão, Friedrich Wilhelm Murnau (1888--1931) realizou quase duas dezenas de filmes mudos na Alemanha a partir de 1919, antes de se mudar para Hollywood em 1926. O mais célebre é Nosferatu, de 1922, adap-tação do romance “Drácula” (já apresen-tada em versão cine -concerto na Casa da Música). O primeiro título filmado nos Esta-dos Unidos foi Aurora, Sunrise no original, e teve por base o conto “Die Reise Nach Tilsit” (“Viagem a Tilsit”) de Hermann Sudermann.

Um camponês de Tilsit tem uma amante oriunda da cidade, e com ela planeia fugir assassinando para isso a sua mulher legí-tima. Esta decisão impulsiva irá provocar uma série de pensamentos contraditórios na mente do camponês, e as suas dúvidas e arrependimentos serão postos em causa pela própria natureza e por acontecimentos inesperados. A narrativa enquadra -se no género alemão Bildungsroman (romance de formação), que trata a formação da personalidade humana e do seu cresci-mento rumo à maturidade, e trouxe ao cinema uma profundidade filosófica inova-dora, cruzando temas relativos ao destino

e à providência num contexto apelativo e acessível. O filme conquistou três Ósca-res da Academia na primeira edição dos prémios, em 1929.

A banda sonora realizada por Nuno Costa e Óscar Graça resultou de um convite da Câmara Municipal de Estremoz, e foi a primeira criada pela dupla com o intuito de ser interpretada ao vivo em conjunto com a projecção do filme.

Segundo os próprios descrevem: «Ao iniciar o processo de composição, tive‑mos em atenção que, por se tratar de um “Filme ‑Concerto”, seria fundamental que a música não atraísse em demasia as aten‑ções, desassociando ‑se das imagens e ofus‑cando o seu fio condutor. Criámos temas para cada uma das personagens centrais, que são por vezes executados com variações, na tentativa de perspectivar a evolução ou estado emocional dos intervenientes no ecrã. Foram ainda compostos outros temas musi‑cais para pontuar os restantes elementos de tensão, drama e até mesmo humorísticos que completam o filme. O jazz, a música elec‑trónica e a própria música para filmes são alguns dos estilos e conceitos presentes na criação e interpretação desta banda sonora. Com a guitarra, o piano, teclados e compu‑tadores como pano de fundo, exploramos os nossos instrumentos e vivências musicais de forma a prestar um sentido tributo a um dos grandes marcos históricos do cinema.»

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14 Fevereiro 201321:00 SALA SUGGIA

ENSAIO DE ORQUESTRAFilme de Federico Fellini [1979; c.70min.]

Michael Fengler, Renzo Rossellini produçãoFederico Fellini, Brunello Rondi argumentoGiuseppe Rotunno fotografiaNino Rota músicaRuggero Mastroianni montagem

«Um sentimento de surpresa e increduli-dade diante do milagre que se realizava debaixo de meus olhos. Eu via chegar ao estúdio indivíduos muito diferentes uns dos outros, carregando os seus instrumen-tos e carregando também os seus proble-mas pessoais, cada um com o seu sentido de humor, a sua doença, o seu rádio para ouvir o futebol. E, maravilhado, observava que desse cenário de confusão e desor-dem, desses colegiais rebeldes, à custa de repetidos ensaios, chegava a fundir-se aquela massa heterogénea numa forma única, abstracta mesmo, que é a música. Essa operação de ordenação da desordem provocava em mim uma grande emoção.»

O mítico filme de Federico Fellini sobre a vida de uma orquestra, projectado no palco de ensaio da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música.

Christian Baldini direcção musical

1ª Parte Nicola PiovaniSuite La vita è bella [1997; c.15min.]

1. Buongiorno principessa2. Foxtrot3. Valzer4. La Fuga –5. Il Carrarmato – Finale

Franco ManninoL’innocente: Adagio para violoncelo e orquestra, op.132 [1975; c.4min.]

Nino RotaIl Gattopardo, suite de danças [1962; c.16min.]

1. Valzer Verdi2. Mazurka3. Balletto4. Polka5. Quadriglia6. Valzer del Commiato7. Galop

2ª ParteNino RotaSuite do bailado La Strada [1965; c.20min.]

Luis BacalovIl Postino [1994; c.12min.]

1. Il Postino2. Beatrice3. In bicicletta

Nino RotaSuite The Godfather [1972/74; c.20min.]

1. Sicilian pastorale –2. The immigrant3. The pickup4. Kay5. Love theme6. A new carpet7. Godfather’s waltz8. End title

16 Fevereiro 201318:00 SALA SUGGIA

ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICA

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o ponto fundamental, a história contada neste filme não se poderia desenrolar sem comédia, e o drama existe no facto de um homem ter de se socorrer dela, nos tempos mais difíceis da sua vida, para proteger o imaginário de uma criança.

O filme inicia -se em 1939, quando Guido Orefice (Benigni) se apaixona por Dora (Nicoletta Braschi) e a tenta conquistar. Os seus encontros são sempre inespera-dos e coloridos pela originalidade, e têm como pano de fundo um dos temas princi-pais da banda sonora: esta suite abre com esse tema e, logo de seguida, apresenta o tema base do filme. A cena do Grand Hotel é um clímax na vertente de comédia do filme: Dora festeja sem grande ânimo o seu noivado com Rodolfo, um burocrata do regime, e Guido, empregado de mesa, encarrega -se de destruir a festa que termina com o “rapto” a cavalo da sua amada. Os andamentos de dança da suite surgem no enquadramento desta cena. La Fuga pertence já à segunda secção do filme, que decorre alguns anos depois, centrada no período trágico do campo de concentra-ção em que Guido procura transformar todo o cenário num jogo aos olhos do filho Giosuè. O prémio, esse, será um tanque de guerra, e este acaba por aparecer no dia em que os soldados americanos libertam o campo. A felicidade de Giosuè é demo-lidora. O andamento final sublinha esse momento e constrói-se sobre a melodia base do filme, na forma de marcha mili-tar, terminando como começou a suite, com tema de Guido e Dora.

A banda sonora de Nicola Piovani mere-ceu um dos três Óscares conquistados pelo filme, em 1999.

FRANCO MANNINOpalermo,­25­de­abril­de­1924

roma,­1­de­fevereiro­de­2005

L’innocente: Adagio para violoncelo e orquestra, op.132

Passado no meio aristocrático italiano da última década do século XIX, L’innocente foi o último filme de Luchino Visconti. Tullio Hermil (Giancarlo Giannini) não tem qualquer pudor em exibir publicamente a amante Teresa Raffo (Jennifer O’Neill), remetendo a sua mulher Giuliana (Laura Antonelli) a uma estranha relação que entende não passar de estima mútua. No entanto, quando esta acaba por se envol-ver também numa relação extra -conjugal, o protagonista volta a sentir -se atraído pela mulher e procura reconquistá -la. A história irá terminar em tragédia, e esse prenúncio marca o tema principal da banda sonora, um Adagio tenso e com contornos circulares que não deixam adivinhar uma conclusão. Ao longo do filme são usadas composições de Chopin, Liszt e Mozart, mas é o Adagio que dá o tom à narrativa, logo na abertura com a viola como solista, e em três variações enquadradas no enredo: uma para orquestra, outra para piano, e aquela que hoje se ouvirá para violoncelo e orquestra. O ponto fulcral em que esta versão surge é a cena em que Tullio seduz Giuliana, já depois do envolvimento desta com o amante mas ainda antes de se saber que daí resultou uma gravidez.

Sendo o violoncelo o instrumento prefe-rido de Visconti, esta instrumentação foi a que mais significado assumiu para o cineasta e o levou a considerar que Mannino

Os seis filmes a que faz referência este programa da Orquestra Sinfónica são marcos da história do cinema e retratam várias Itálias sob o prisma de grandes cineastas. Luchino Visconti recua até ao tempo do Risorgimento e da unificação do país com Il Gattopardo, na Sicília dos idos de 1860, e aborda dramas sentimen-tais numa família aristocrata já no final do século com L’Innocente. Roberto Benigni faz uma arriscada incursão entre a comédia e o drama no período do Fascismo e dos crimes anti -semitas no tempo da Segunda Guerra. La Strada, um dos primeiros filmes de Federico Fellini, lembra os cenários despojados do neo -realismo ao sabor das viagens e das misérias de artistas de rua e de circo em meados do século XX. No mesmo período, o exílio de Pablo Neruda em Itália inspira uma incursão da poesia em terrenos improváveis de uma aldeia de pescadores no célebre O Carteiro de Pablo Neruda, de Michael Radford. Final-mente, O Padrinho de Francis Ford Coppola circula entre a Máfia de origem siciliana que domina o submundo norte -americano, também em meados do século.

NICOLA PIOVANIroma,­26­de­maio­de­1946

Suite La vita è bella

A tentativa de usar a comédia no contexto do Holocausto é talvez dos propósitos mais arriscados da arte narrativa do nosso tempo. O próprio Chaplin afirmou que não teria realizado O Grande Ditador se tivesse consciência do que realmente se estava a passar sob o regime Nazi – embora tenha sido bem sucedido na sua sátira de 1940, que não abordava os horrores dos campos de concentração. Roberto Benigni era conhecido desde os anos 70 como actor e comediante pródigo em provocações, em desafios à moral instituída, mas com A Vida é Bela conseguiu, de facto, juntar comédia a um contexto onde ela parece não poder existir. Mais, e talvez seja esse

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composição inédita de Verdi, às restan-tes mazurca, balletto, polca, quadrilha, valsa e galope.

Il Gattopardo é baseado no romance homónimo de Giuseppe Tomasi di Lampe-dusa.

Suite do bailado La Strada

A relação de Nino Rota com Federico Fellini foi produtiva e longa: começou em 1952 e durou até ao ano da morte do composi-tor. Fellini considerava -o o seu colabora-dor mais precioso, com quem tinha um entendimento perfeito, e todos os seus filmes nesse período de 1952–79 tiveram a banda sonora assinada por Rota.

La Strada (1954) é um retrato das misé-rias de uma dupla de saltimbancos. Gelso-mina (Giulietta Masina) é uma figura ingénua, que é vendida pela mãe esfo-meada a Zampanò (Anthony Quinn), um homem rude que ganha a vida apresen-tando o seu número em que rebenta uma corrente de metal simplesmente com a força dos pulmões. Gelsomina transforma--se na sua assistente e aprende a tocar tambor e trompete – a melodia do trom-pete torna -se o motivo principal da banda sonora, entoada em momentos de melan-colia pela jovem. O casal cruza -se com o acrobata Matto (Richard Basehart), que tem especial prazer em provocar Zampanò e se afeiçoa a Gelsomina. Num desenten-dimento, Zampanò agride Matto e este acaba por morrer. Gelsomina assiste a tudo e fica intensamente perturbada, perdendo o vínculo com a realidade. É

aqui que se assiste a uma transformação no comportamento do seu bruto compa-nheiro que, acometido pelo remorso e impotente perante a loucura de Gelso-mina, a abandona enquanto esta dorme à beira da estrada. Anos mais tarde, ouve alguém cantar a melodia do trompete e procura saber o que é feito de Gelsomina, mas é dominado pela tristeza e solidão ao tomar conhecimento da sua morte.

O bailado La Strada foi produzido em 1966 e tem por base musical os mesmos temas que ilustram o filme. Os vários momentos sucedem -se sem interrupção: “Noite no campo – Chegou Zampanò”; “Os três músicos e ‘Matto’ sobre o arame”; “O Circo (O número de Zampanò) – O mala-barista – O violino de ‘Matto’”; “A raiva de Zampanò”; “Zampanò assassina ‘Matto’ – Gelsomina enlouquece de dor”; “O último espectáculo sobre a neve – ‘Adeus Gelso-mina’ – Intermezzo”; “Solidão e pranto de Zampanò”.

conseguiu aqui traduzir de forma magis-tral a atmosfera decadente do romance original de Gabriele d’Annunzio, no qual se baseou o filme.

NINO ROTAmilão,­3­de­dezembro­de­1911

roma,­10­de­abril­de­1979

Il Gattopardo, suite de danças

O olhar que aqui se lança sobre o cinema de Itália, ou a Itália no cinema, pousa de modo recorrente num nome emblemá-tico – o de Nino Rota. Autor de cerca de 170 bandas sonoras (a que se juntam 9 óperas, 5 bailados e várias dezenas de obras sinfónicas e de câmara), marcou a história do cinema italiano colaborando

com inúmeros cineastas destacados. No filme O Leopardo, de Luchino Visconti, a sua colaboração assume duas vertentes bem diversas, e é uma delas que dá origem à suite de danças.

Na década de 1860, os combates de Gari-baldi pela unificação da Itália chegam à Sicília, onde até então o Príncipe de Salina, D. Fabrizio Corbera (Burt Lancaster), e a sua família gozam de uma posição privile-giada. Alertado pelo seu sobrinho Tancredi (Alain Delon), que se alista nas tropas rebel-des, e percebendo o risco de contrariar a nova corrente e assim se ver deslizar pelo precipício social e financeiro que absor-via a nobreza mais resistente, torna -se um apoiante cínico da bandeira tricolor e arquitecta o casamento de Tancredi com a bela Angelica (Claudia Cardinale), filha de um burguês endinheirado e completa-mente deslocado do meio aristocrata que o acolhe. A cena do baile ocupa pratica-mente o terço final do filme, e aí as famílias celebram a sua união com a apresentação de Angelica à alta sociedade – na verdade, o pai de Angelica celebra a sua ascensão social, enquanto a família Salina respira de alívio com a renovação da sua fortuna. «É preciso que tudo mude, para que tudo fique na mesma.»

O baile é também o momento em que emerge a atracção mútua e contida entre o patriarca D. Fabrizio e a jovem Ange-lica, perante os olhos preocupados de Tancredi. As danças que ilustram esta longa sequência contrastam com as épicas massas sinfónicas que se ouvem noutros momentos do filme, e são características da época e da cena retratada – desde a valsa inicial, orquestrada a partir de uma

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LUIS BACALOVbuenos­aires,­30­de­março­de­1933

Il Postino

O Carteiro de Pablo Neruda foi um projecto caro ao actor italiano Massimo Troisi, que interpretou o protagonista e foi co -au-tor do argumento, baseado no romance Ardiente paciencia de Antonio Skármeta (passado no Chile). Aproveitando o facto de o poeta ter passado uma temporada exilado em Itália, em 1952, a história foi reescrita tendo em vista uma pequena ilha italiana como cenário.

Um carteiro, Mario Ruoppolo, tem como única missão a entrega diária do correio ao poeta chileno, que vive num local belo e isolado numa ilha de pescadores. Quase analfabeto, Mario começa a ler a poesia de Neruda (Philippe Noiret) e a entrar pouco a pouco no seu universo, usando -a para conquistar a amada Beatrice (Maria Grazia Cucinotta). Quem não fica nada satis-feita é a tia que tem a seu cargo a jovem, e a repreende severamente: «Quando um homem começa a tocar com palavras não está longe de tocar com as mãos. Palavras são as piores coisas que existem. Eu prefiro um bêbado no bar a apalpar -te o rabo do que alguém que te diz: “O teu sorriso voa como uma borboleta!”»

A banda sonora é frugal, numa fita em que são as palavras a estabelecer o ritmo. O tema principal vai pontuando o filme em vários momentos e baseia -se numa melodia lírica de bandoneón sobre um fundo de cordas.

NINO ROTA

Suite The Godfather

Na partitura para O Padrinho, filme de Francis Ford Coppola baseado no romance de Mario Puzo, Nino Rota traduz perfeita-mente o ambiente sombrio que paira sobre toda a família Corleone. Trata-se de uma história de luta pelo poder entre várias facções da Máfia, que rapidamente se torna uma luta pela sobrevivência recheada de violência, traições e sangue, com um foco especial nos dramas pessoais das perso-nagens centrais. Vito Corleone (Marlon Brando), o chefe de uma das 5 famílias mais poderosas da Máfia ítalo-americana, recusa o apoio ao negócio da droga, consi-derado o futuro pelos seus pares e colabo-radores mais próximos. Torna-se um alvo a abater, e com o passar dos anos cede o lugar ao filho Michael (Al Pacino), que finalmente elimina os adversários da famí-lia. O tema musical central do filme pode ouvir-se no número 6 desta suite, Godfather Waltz, uma valsa trágica que imprime uma tensão permanente à narrativa. A mesma tensão permanece em Sicilian pastorale e The pickup. Outro tema bem conhecido é Love Theme, uma melodia contagiante que acompanha Michael no período de exílio na Sicília. Este será o momento mais luminoso da banda sonora, numa secção do filme em que as imagens beneficiam também das paisagens bucólicas locais.

No segundo episódio da saga, ficamos a conhecer as origens de Vito (Robert de Niro), chegado à América no início do século,

ainda criança, depois de ver toda a famí-lia assassinada pelo chefe da Máfia da sua terra natal Corleone, na Sicília. Sempre acompanhado pelo Leitmotiv The immi‑grant, constrói mais tarde a sua organi-zação em reacção ao nepotismo do chefe local da Máfia. The new carpet é o tema que marca a sua entrada inadvertida no mundo do crime, com o roubo de um belo tapete numa situação algo cómica que a música sublinha. Kay é a melodia asso-ciada no segundo filme à personagem interpretada por Diane Keaton, a mulher de Michael Corleone. O número final desta suite inicia-se com o tema sempre associado a Michael no filme, e prossegue com um medley composto por excertos de alguns dos andamentos anteriores.

A banda sonora de Nino Rota seria desqualificada dos Óscares da Academia pelo facto de Love Theme ter já sido usado pelo compositor num filme anterior, Fortu‑nella (1958) de Eduardo De Filippo, embora aí tivesse um carácter completamente dife-rente. A banda sonora de O Padrinho II venceria o Óscar, apesar de fazer uso da mesma melodia.

—­fernando­pires­de­lima­(2013)

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17 Fevereiro 201318:00 SALA SUGGIA

CORO CASA DA MÚSICAPaul Hillier direcção musical Luís Filipe Sá piano e órgão

Philip GlassTrês canções para coro a cappella [1984; c.12min.]

1. There are Some Men2. Quand Les Hommes Vivront d’amour3. Pierre de Soleil

Arvo PärtAn den Wassern zu Babel [1976 -1996; c.7min.]

Gustav Mahler/Gérard PessonKein deutscher Himmel, para coro misto, segundo o Adagietto da Sinfonia nº 5 de Mahler [1902; 1997; c.10min.]

Leonard BernsteinWest Side Story (excertos corais) [1957; c.20min.]

. Tonight –

. I Feel Pretty –

. One Hand, One Heart –

. Maria –

. America

Traduções dos textos originais nas páginas seguintes

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PHILIP GLASSbaltimore,­31­de­janeiro­de­1937

Três canções para coro a cappella

Geralmente associamos o nome de Philip Glass a obras de carácter minimalista repetitivo nas quais a música decorre da repetição de padrões rítmicos e melódi-cos nas diferentes vozes, criando efeitos quase hipnóticos. É, pois, uma surpresa ouvir as suas 3 Canções para coro a cappe‑lla, escritas em 1984 para a celebração dos 450 anos da cidade do Quebeque e que recolhem textos de três autores norte--americanos. A razão da surpresa prende -se com o facto de estas canções serem escri-tas na melhor tradição coral, contendo melodias harmonizadas que nos lembram uma assembleia religiosa. Claro que em alguns acompanhamentos Philip Glass

recorre a padrões rítmicos e a texturas onde o seu “ADN” compositivo se declara. Na verdade, isso acontece de uma forma cada vez mais patente, passando de uma sonoridade mais anglicana na primeira canção, sobre texto de Leonard Cohen, e caminhando ao longo do ciclo para uma afirmação mais forte do minimalismo que está mais patente no acompanhamento da última canção. A segunda canção, com texto do poeta Raymond Lévesque, representa um comovente hino à paz e ao amor. Em Pierre de Soleil, a última canção, o acom-panhamento em breves sílabas poderia constituir por si só uma peça minimalista de Glass. No entanto, os baixos revelam na sua entrada uma melodia belíssima que desvenda o texto de Octavio Paz. Muita da expressividade desta terceira canção deve -se à diversidade da textura resultante da distribuição do acompanhamento e melodia pelas diferentes vozes. Estas três canções são a única composição de Glass para coro a cappella.

Há alguns homens (letra de Leonard Cohen)Há alguns homensque deviam ter montanhas que carregassem os seus nomes através dos

temposAs lápides não são suficientemente altasou verdese os filhos vão longe para fugirem ao punhoque a mão de seu pai sempre lhes há ‑de

parecer

Tive um amigo que viveu e morreuem profundo silêncio e com dignidadenão deixou livro, filho ou amante para o chorar.Nem esta é uma canção de pesarmas apenas o nomear desta montanhana qual caminhoperfumada, escura e levemente brancasob a palidez da brumae a esta montanha eu dou o seu nome.

Quando os homens viverem d’amor (letra de Raymont Lévesque)Quando os homens viverem d’amorDeixará de haver misériaE os tempos bons virãoMas nós, nós estaremos mortos irmão

Quando os homens viverem d’amorHaverá a paz na terraOs soldados serão trovadoresMas nós, nós estaremos mortos irmão

Na grande cadeia da vidaOnde tínhamos de passarOnde tínhamos de estarCoube ‑nos a parte ruim

Quando os homens viverem d’amor…

Mas quando os homens viverem d’amorQuando deixar de haver misériaTalvez um dia eles pensemEm nós, nós que estaremos mortos irmão

Nós que nos tempos ruinsPor entre o ódio e depois a guerraProcurámos a paz procurámos o amorQue eles conhecerão então irmão

Na grande cadeia da vidaPara que venham tempos melhoresTem sempre de haver quem percaSob o sol é esse o preço da sageza

Quando os homens viverem d’amor…

Pedra solar (letra de Octavio Paz)Mesmo quando a vida realmente é nossaquando realmente somos o que somosna verdade sós somos sempre só vertigem e vazio

nunca a vida é nossaela é dos outrosa vida não é de ninguémtodos nós somos a vida

pão de solar para os outrostodos os outros que nós somossair de mim buscar ‑me por entreos outrosos outros que se eu não existirnão existem

os outros que me fazem existiros outros que me fazem existir

o eu não existenós sempre somos nós outrosa vida é sempre outros alémalém de ti e de mimsempre horizontepara além de ti e de mimpara além de ti e de mim sempre horizonte mesmo quando a vida realmente é nossaquando realmente somos o que somos

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à cólera numa praia do Lido de Veneza, onde, num delírio mortal, observa o jovem à distância.

Quando em 1971 Luchino Visconti trans-forma Gustav von Aschenbach em compo-sitor, fazendo a versão cinematográfica do livro de Thomas Mann, escolhe para a banda sonora e para essa cena final o Adagietto de Gustav Mahler. Estabeleceu -se, assim, uma associação entre um persona-gem ficcional e um personagem histórico.

Ao fazer o arranjo para coro do Adagietto, intitulado Kein deutscher Himmel, o compo-sitor Gérard Pesson escolheu um texto do poeta alemão August von Platen, texto esse propício a uma colagem sobre Veneza num registo de delírio aparentado com Morte em Veneza. A música de Mahler junta -se uma vez mais ao universo de Mann. Mas o mais interessante é que o próprio percurso de vida de August von Platen, que morre num período de epidemia numa cidade litoral de Itália, Siracusa, nos remete para esse mesmo universo romanceado. Ouvimos este Adagietto como o último suspiro de um alemão em Veneza, devotado ao prazer e ao delírio.

Kein deutscher Himmel (texto de August von Platen)Desembarco, o porto está deserto.(Gôndola! Gôndola!)Nenhum céu alemão, casas de mármore,Bonecas lavadas.Aqui, diante de mim, bateu um coração delicado.

Com asas de bronze vemo ‑lo erguer ‑seNão há forma de me aproximar De tiDe tempos a tempos, um chamamento.

Vós, pintor, conduzi ‑me à vida eternaE os Alpes, como é inimaginável,Que a água de VenezaNão possa ser bebida sem misturar.

À noite juntam ‑se todos os coros,As vielas estreitas, roupa rasgada,A bela costa da escravatura(Costa! Costa!)Aqui não existe a força de Ticiano, nem as suas cores vibrantes(pintadas a têmpera)Apenas o mau gosto sob uma luz mais afortunada.

Forma e rostoPadeceram da humidade.Silêncio, silêncio,A música desvanece. Suave tributo às lágrimasAqui não vedes certamente prados,Ainda com as tonturas do navio na cabeça,Aqui a arte parece voar sobre as nuvens coloridas,E os Alpes (pela última vez).A pintura de Gian Bellini acabou de ser retirada, qual plenitude de formas,

ARVO PÄRT paide,­11­de­setembro­de­1935

An den Wassern zu Babel

O título desta canção alude ao Salmo 137 da Bíblia, “Junto dos rios da Babilónia”, um salmo de súplica que descreve a dor dos exilados da Babilónia, afastados de Jeru-salém e incapazes de manter a alegria de vida que só em Sião fazia sentido. Mas esta obra coral não tem qualquer texto, sendo construída a partir de uma sequência de vogais que, de acordo com o maestro Paul Hillier, têm uma correspondência directa com as palavras do Kyrie da Missa.

É uma das primeiras peças de Pärt asso-ciadas ao estilo tintinnabuli e foi original-mente escrita para vozes solistas e pequeno agrupamento instrumental, com o título In Spe. A actual versão com acompanha-mento de órgão resultou de um pedido de Paul Hillier. No seu início tem um carác-ter quase responsorial, fazendo passar a linha melódica entre diferentes vozes que parecem responder ao estímulo lançado pela anterior.

A obra é dedicada ao realizador de cinema Andrei Tarkovski, o qual partilhava com Pärt a profunda devoção pela Igreja Orto-doxa Russa.

GUSTAV MAHLERk aliste,­7­de­julho­de­1860

viena,­18­de­maio­de­1911

GÉRARD PESSONtorteron,­17­de­janeiro­de­1958

Kein deutscher Himmel, para coro misto,segundo o Adagietto da Sinfonia nº 5 de Mahler

Não deixa de representar uma ironia que depois de a Quinta Sinfonia se ter demar-cado das anteriores sinfonias de Mahler pelo facto de não utilizar a voz humana, e dessa forma não conter um texto, o seu andamento mais célebre tenha sido alvo de um arranjo para coro com um belís-simo texto. E esta transcrição, muito fiel à versão original, demonstra as qualidades vocais da escrita mahleriana. Mas a escolha do texto é também reveladora da própria história do Adagietto de Mahler, porque as obras, depois de escritas, podem fazer, tal qual os homens, um percurso de vida.

Mahler compôs a Quinta Sinfonia nos

Verões de 1901 e 1902 no seu chalet junto a um lago. Quando morreu, em 1911, o escri-tor Thomas Mann estava em Veneza, cidade cenário para um dos seus mais famosos romances, Morte em Veneza (1912). O perso-nagem principal deste livro é um escri-tor, Gustav von Aschenbach, e nas praias de Veneza fica maravilhado com a beleza de um adolescente chamado Tadzio. Este torna -se uma obsessão para o escritor que ignora um surto de cólera para ficar perto do rapaz. O escritor acaba por sucumbir

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E para nós, as estrelas pararão onde estão.HojeOs minutos parecem horas,As horas passam tão devagar,E ainda há luz no céu.Ó lua, brilha ardente,E faz deste dia interminável uma noite interminável!

Sinto ‑me bonita,Oh, tão bonita,Sinto ‑me bonita, espirituosa e animada!E tenho penaDe qualquer rapariga que não seja eu esta noite.

Sinto ‑me charmosa,Oh, tão charmosaÉ assustador o quão charmosa me sinto!E tão bonitaQue quase nem acredito que sou real.

Vejam a rapariga bonita naquele espelho:Quem será aquela rapariga atraente?Tão bonito é o rosto,Tão bonito é o vestido,Tão bonito é o sorriso,Tão bonita sou eu!

Sinto ‑me esplêndidaE encantadora,Apetece ‑me correr e dançar por prazer,Porque sou amadaPor um rapaz maravilhoso!

Que as nossas mãos sejam uma mão,Que os nossos corações sejam um coração,Que os nossos votos sejam um último voto:Só a morte nos pode separar agora.

Que as nossas vidas sejam uma vida,Dia após dia, uma vida.

Agora se inicia, agora começamosUma mão, um coração;Nem a morte nos poderá separar agora.

Maria…O som mais belo que alguma vez ouvi:Maria, Maria, Maria, Maria…Todos os sons belos do mundo numa única palavra.Maria, Maria, Maria, Maria…Maria!Acabo de conhecer uma rapariga chamada Maria,E de repente aquele nomeNunca mais será o mesmoPara mim.Maria!Acabo de beijar uma rapariga chamada Maria,E de repente descobriQuão maravilhoso um somPode ser!Maria!Di ‑lo alto e há música a tocar,Di ‑lo suavemente e é quase como uma oração.

Maria,Nunca vou parar de dizer Maria!

Pois nas áreas silenciosas quase não me incomoda,

De tempos a tempos, um chamamento.

Desembarco, o porto está deserto.Nenhum céu alemão, casas de mármore,Manhã de Outubro, mas mais nenhum artista.Bandeiras flutuam ao vento, pois hoje é Domingo.

Vós, pintor, conduzi ‑me à vida eterna(Levai ‑me! Levai ‑me!)(Um chamamento! Um chamamento!).Não poderia suportar a vossa faltaNem renunciar ao prazer para toda a eternidade.

LEONARD BERNSTEINlawrence,­25­de­abril­de­1918

nova­iorque,­14­de­outubro­de­1990

West Side Story (excertos corais)

O musical West Side Story, de 1957, com música de Leonard Bernstein e letra de Stephen Sondhaim, é um dos mais céle-bres da história da Broadway e deu origem a um filme com o mesmo nome em 1961. O argumento foi adaptado a partir de Romeu e Julieta, relatando a história de um amor proibido entre jovens de famílias rivais. A acção desenrola -se em Nova Iorque, onde Tony (o Romeu), que faz parte do gang dos Jets (brancos), se apaixona por Maria (a Julieta), irmã do líder do gang dos Sharks (porto -riquenhos).

O filme estreou em Outubro de 1961 e foi um estrondoso sucesso de bilheteira, tendo ganho 10 Óscares da Academia, incluindo o de melhor filme. O disco com as músicas foi, na época, o mais vendido de sempre dentro da categoria de bandas sonoras.

O maestro Paul Hillier escolheu uma selecção dos momentos mais célebres do musical reunindo títulos que contrastam humores bem diferentes dentro do musi-cal, tais como Tonight; I Feel Pretty; One Hand, One Heart; Maria; e America.

West Side Story (letra de Stephen Sondheim)

Esta noite, esta noite,Não será uma noite qualquer,Esta noite não haverá estrela da manhã.Esta noite, esta noite, verei o meu amor esta noite.

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19 Fevereiro 201321:00 SALA SUGGIAcine­‑concerto

REMIX ENSEMBLE CASA DA MÚSICABradley Lubman direcção musical Benoit Meudic realização informática musical ircamJérémie Henrot engenheiro de som ircam

1ª ParteThe Life and Death of 9413 – a Hollywood Extra filme de Robert Florey [1928; c.15min.]música de David Sawer [1996]

Un Chien Andalou filme de Luis Buñuel [1929; c.15min.]música de Martin Matalon [1996; rev. 2009]

2ª ParteParis qui dort filme de René Clair [1925 ; c.35min.] música de Yan Maresz [2005]

Gosto de estar na América!O.K. por mim na América!Tudo é de graça na AméricaPor um pequeno preço na América!

Gosto da cidade de San Juan.Sei de um barco no qual se pode ir.Centenas de flores a desabrochar.Centenas de pessoas em cada quarto!

Automóvel na América,Aço cromado na América,Jantes de raios na América,Coisas importantes na América!

Vou conduzir um Buick por San Juan.Se houver uma estrada por onde circular.Vou dar uma boleia aos meus primos.Como vão caber todos lá dentro?

Imigrante vai para a América,Muitos hellos na América;Ninguém sabe na AméricaQue o Porto Rico é na América!

Quando eu regressar a San Juan.Quando é que te calas e desapareces?Vou oferecer ‑lhes uma nova máquina de lavar.O que lá têm para as limpezas?

Gosto da beira ‑mar na América!Temos conforto na América!Maçanetas nas portas na América,Chãos com soalho na América!

Vou levar uma T.V. para San Juan.Se houver corrente para a ligar!Todos lá irão festejar em grande!Todos lá já se terão mudado para cá!

Notas ao programa de Rui Pereira (2013)Traduções dos textos de Joaquim Ferreira (“Há alguns homens”), Carlos N. G. Amador (“Quando os homens viverem d’amor” e “Pedra solar”), Bárbara Ferraz (Kein deuts‑cher Himmel) e Fernando P. Lima (West Side Story)

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The Life and Death of 9413 – a Hollywood Extra é um filme mudo de 1928, escrito e realizado por Robert Florey (1900 -1979), cujo filme mais popular entre os cerca de 50 que realizou foi The Cocoanuts (1929), com os Irmãos Marx. A história é uma parábola do sonho americano e conta a história de um homem que chega a Hollywood com a ideia de se transformar em actor. É -lhe atribuído o nº 9413 para fazer um casting, número que lhe escrevem na testa. Dá -se assim início a um processo de desumani-zação que acompanha este homem até à morte. O filme foi realizado com um orça-mento extremamente reduzido e oferece uma imagem crua e cínica da cidade dos sonhos e do sinuoso e estreito caminho para o sucesso.

A partitura a que o compositor britânico David Sawer (1961) deu o nome de Hollywood Extra data de 1996 e foi escrita em resposta a uma encomenda do Matrix Ensemble, que a estreou no Queen Elizabeth Hall de Londres.

Un Chien Andalou foi o primeiro filme Luis Buñuel (1900 -1983), feito em colaboração com Salvador Dalí (1904 -1989) em 1929. A ideia para o filme surgiu durante um almoço enquanto ambos relataram sonhos que tinham tido recentemente. Buñuel sonhou com uma nuvem que trespassava a lua, tal qual uma navalha cortando um olho a meio. Dalí, por sua vez, sonhou com uma mão que rastejava com formigas. Buñuel achou que estava aí o argumento para o filme. Este não segue uma narra-tiva sequencial, tendo um encadeamento abstracto que em muito contribui para a sua classificação como cinema surrea-lista. Como num sonho, há personagens estranhos que aparecem em cenas dife-rentes sem sentido. Os próprios Buñuel e Dalí participam no filme como actores.

O compositor argentino Martin Mata-lon (1958) compôs uma banda sonora para este filme que recebeu o título em espa-nhol Las siete vidas de un gato. A partitura, para oito instrumentos e electrónica, foi estreada em 1996 como resposta a uma encomenda do Centro de Cultura Contem-porânea de Barcelona, onde o filme foi projectado e acompanhado ao vivo pelo ensemble Barcelona 216 sob a direcção do maestro Ernest Martinez Izquierdo.

Paris Qui Dort é um filme mudo francês de 1925, o primeiro realizado por René Clair (1898 -1981), que pode ser classificado como uma comédia de ficção científica. Conhe-cido igualmente pelo subtítulo “O raio da morte”, conta a história de um cientista louco que utiliza um raio para adormecer e paralisar as pessoas. O guarda da Torre Eiffel acorda e estranha a falta de movi-mento na cidade, a qual observa do topo da torre. Com o passar das horas a sua curiosidade leva -o a percorrer a cidade e a deparar -se com as situações mais bizar-ras. Acaba por encontrar outras pessoas que, entretanto, chegaram de avião a Paris.

O elenco conta com Henri Rollan no papel do guarda Albert e Charles Martinelli

no de cientista, para além de Louis Pré, Albert Préjean, Madeleine Rodrigue, Myla Seller, Antoine Stacquet e Marcel Vallée.

O compositor francês Yan Maresz (Mónaco, 1966) escreveu a banda sonora Paris qui dort, para sete instrumentos e electrónica, em 2005. O trabalho foi levado a cabo no Ircam, em Paris, em resposta a uma encomenda do Auditório do Louvre.

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22 Fevereiro 201321:00 SALA SUGGIA

ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICA

Christoph König direcção musical

“A Música no Cinema de Visconti”

1ª ParteRichard WagnerAbertura e Monte de Vénus de Tannhäuser (versão de Dresden) [1843 -1845; c.21min.]

Gustav MahlerAdagietto da Sinfonia nº 5 [1902; c.8min.]

2ª ParteAnton Bruckner Sinfonia nº 7, em Mi maior [1881 -1883; c.70min.]1. Allegro moderato 2. Adagio. Muito solene e muito lento 3. Scherzo. Muito rápido4. Finale. Animado, mas não rápido

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turas mitológicas, enigmático mas extre-mamente sensual.

O início da ópera desenrola -se no Monte de Vénus. Vénus e Tannhäuser estão abra-çados, jogando sensualmente um com o outro, no meio de sátiros, bacantes e outros casais de amantes entregues a uma orgia selvagem e totalmente depravada. Ao longe ouve -se o canto das Sirenes. O jovem Tannhäuser, exausto de tanto amor e luxú-ria, pretende regressar ao mundo, tentando afastar -se da deusa inebriada que não o deixa escapar do seu lascivo jugo. Prome-tendo cantar a glória de Vénus no mundo terreno, e depois de entoar um hino em sua honra, Tannhäuser, procurando peni-tência, invoca o nome da Virgem Maria. O reino de Vénus entra em colapso, cai num abismo e Tannhäuser encontra -se num pequeno vale tranquilo, onde um pastor

trauteia uma singela melodia exprimindo satisfação pelo regresso da Primavera.

Este é o enredo do início da ópera, a parte que coincide com a Abertura e com o Monte de Vénus (Venusberg). A Abertura é a última introdução sinfónica de uma obra de Wagner a utilizar esta designação, que seria posteriormente substituída por “Prelú-dios”. De acordo com o dualismo central da ópera, ela tem uma estrutura em duas partes, com secções em Andante maestoso e em Allegro, incluindo o coro dos peregri-nos e o tema do bacanal desenfreado. O Monte de Vénus, livre de qualquer conven-ção estilística, revela uma orquestra de grande eficácia expressiva, culminando na visão flamejante do erotismo puro do Monte de Vénus, propondo em música as vibrações físicas dos corpos em transe.

—­paulo­assis­(2012)

O presente programa reúne três obras--primas da música ocidental que fizeram parte de bandas sonoras de filmes de Luchino Visconti (1906 -1976), realizador de 17 filmes e encenador de cerca de 40 peças teatrais e 20 óperas. Visconti nasceu no seio da aristocracia milanesa, estudou violoncelo e desde muito pequeno convi-veu com importantes figuras musicais, tais como o compositor Giacomo Puccini ou o maestro Arturo Toscanini. Em 1960 reve-lou: «Verdi e o melodrama italiano foram o meu primeiro amor.» A afirmação revela a forte associação entre música e drama e filia o compositor numa corrente melo-dramática que caracteriza alguns dos seus filmes mais famosos.

A música da ópera Tannhäuser, de Wagner, faz parte da banda sonora do filme Ludwig (1972) sobre a vida do Rei Ludwig II da Bavaria.

O Adagietto da Quinta Sinfonia de Mahler é o tema musical central do filme Morte em Veneza (1971), baseado no romance homónimo de Thomas Mann escrito em 1912.

Diversos excertos dos dois primeiros andamentos da Sinfonia nº 7 de Bruckner figuram com amplo destaque no filme Senso (1954), baseado no romance homónimo (1882) de Camillo Boito que relata uma história de amor marcada pela ideia do destino, passada na década de 1860 durante a guerra pela unificação e independência italiana contra a Áustria.

RICHARD WAGNER lípsia,­22­de­maio­de­1813

veneza,­13­de­fevereiro­de­1883

Abertura e Monte de Vénus de Tannhäuser (versão de Dresden)

Tannhäuser e o Torneio de Trovadores de Wartburg é o título completo da ópera em três actos de Wagner composta entre 1843 e 1845, e estreada em Dresden em Outubro de 1845. O libreto, da autoria do próprio Wagner, foi escrito em Paris, em 1841 -42, e consiste na fusão de duas lendas medievais distintas. Uma, baseada em dados histó-ricos do século XIII, envolve as tensões dos Minnesänger (os cantores de amor) e passa -se no castelo de Wartburg, próximo da cidade de Eisenach, na Turíngia. A outra é uma lenda popular do século XIV, a lenda de Vénus e Tannhäuser, conhecida de Wagner através dum conto de Tieck e de um pequeno poema de Arnim e Brentano publicado na colectânea da Trompa Mágica do Rapaz. Wagner coloca no centro do enredo a luta eterna entre o amor sagrado e o amor profano, com a redenção final a acontecer através do amor, um tema recor-rente noutras óperas suas. Ao fundir perso-nagens históricas, tais como os trovadores Wolfram von Eschenbach e Walther von der Vogelweide, com seres mitológicos (a deusa do amor Vénus) e com a personali-dade mista (tanto histórica como mito-lógica) de Tannhäuser, Wagner cria um contexto intrincado, que vem a ser situado em dois mundos: no castelo Wartburg, real e concreto, e no mitológico Monte de Vénus, uma montanha habitada por cria-

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GUSTAV MAHLERk aliste,­7­de­julho­de­1860

viena,­18­de­maio­de­1911

Adagietto da Sinfonia nº 5

A Quinta Sinfonia de Mahler foi escrita entre 1901 e 1902. Este foi um período dourado na carreira de Mahler, o qual reforçou a posição de liderança à frente da Orquestra Sinfónica de Viena e comprou uma fabulosa casa de férias nas margens do lago Worther na qual viria a compor as suas sinfonias futuras. Mas é precisa-mente durante o período em que compõe a Quinta Sinfonia que este sucesso profis-sional e monetário é coroado no capítulo do amor, mais propriamente pelo encon-tro, em 1901, com uma jovem artista de sua graça Alma Schindler. Quando Mahler termina a Sinfonia, no Verão de 1902, já o faz na companhia de Alma Schindler--Mahler, que desposou em Março desse ano.

Estas mudanças na sua vida privada terão tido importantes reflexos na música. Na Quinta Sinfonia, Mahler afasta -se dos programas que tinham dominado as suas sinfonias anteriores, omite a presença da voz humana que utilizara nas três precedentes e passa a explorar uma escrita mais contra-pontística e de maior liberdade tonal. Mas há um programa implícito que estrutura a dramaturgia da sinfonia e que reflecte o seu sentimento por Alma, caminhando de um clima sombrio e doloroso para uma atmosfera luminosa e tranquila. No centro dessa transformação tem lugar o célebre Adagietto, o quarto andamento, que repre-senta uma declaração de amor a Alma.

Este andamento, de tema simultanea-mente apaixonado, arrebatador e dila-cerante, com sonoridades intangíveis, é muitas vezes interpretado isoladamente, sendo alvo de diversas transcrições para outras formações. Tornou -se extremamente célebre por constar na banda sonora do filme Morte em Veneza (1971), de Luchino Visconti, segundo o romance homónimo (1912) de Thomas Mann.

­—­rui­pereir a­(2013)

ANTON BRUCKNERansfelden­(áustria),­4­de­setembro­de­1824

viena,­11­de­outubro­de­1896

Sinfonia nº 7, em Mi maior

A linguagem musical de Anton Bruckner alimentou -se de várias fontes, definindo um género sinfónico novo e monumental, uma complexa fusão de elementos tensos e dinâmicos de Beethoven com a fluidez contínua e controlada de Richard Wagner. Bruckner assimilou elementos de Beetho-ven no que concerne à escala, à preparação e ao suspense da dramaturgia, ao mistério e ao conteúdo ético da música; de Schubert captou a cor sonora tipicamente austríaca e o sentido para as mudanças súbitas de harmonia; de Wagner o cromatismo alar-gado e, sobretudo, o sentido para tempos lentos. Mas o que faz o “estilo Bruckner” é a enorme individualidade e originalidade dos seus processos formais, tão inovado-res que foram inicialmente considerados como prova da incompetência do autor,

Gustav Mahler

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que – dizia -se – “queria escrever sinfo-nias no estilo de Wagner”. Uma primeira característica central da música de Bruck-ner é a de ser pensada em grandes blocos sonoros, unidades musicais que podem ter uma duração superior ao dobro das durações de unidades semelhantes nas obras de Beethoven ou Brahms. Na sua vasta concepção do tempo e do seu desen-rolar, Bruckner alcança dimensões musi-cais antes desconhecidas, expressando conteúdos simultaneamente mais elemen-tares e mais metafísicos do que os seus predecessores.

A Sétima Sinfonia de Anton Bruckner, em Mi maior, dedicada ao patrono de Wagner, Luís II da Baviera, foi composta entre 1881 e 1883. Entre todas as sinfonias de Bruck-ner é a mais executada e, provavelmente, a mais admirada, facto que parece dever-

-se ao seu incomparável Adagio – uma sentida homenagem fúnebre a Richard Wagner, que morreu quando Bruckner trabalhava precisamente neste andamento. É a primeira obra de Bruckner a incluir a tuba wagneriana e o autor do Anel do Nibelungo constitui -se numa inquietante presença fantasmagórica, pairando sobre todos os andamentos como um espectro influente.

O primeiro andamento – Allegro mode‑rato – inicia -se com um dos temas mais longos e líricos de Bruckner, uma melo-dia elegíaca entregue à trompa solo e aos violoncelos, que é continuada pelas violetas e concluída pelo clarinete em Lá. O elevado grau de cromatismo deste tema recorda imediatamente a música de Wagner. A uma distância relativamente curta o oboé e o clarinete introduzem o segundo tema (em Si menor), sobre um tapete de tremo‑los feito pelas trompas. As harmonias e as combinações tímbricas remetem uma vez mais para Wagner, seguindo -se um traba-lhado desenvolvimento, no qual o uso do contraponto deixa reconhecer o paren-tesco com a ópera de Wagner Os Mestres Cantores.

Bruckner começou a compor o segundo andamento – Adagio. Sehr feierlich und sehr langsam – poucas semanas antes da morte de Wagner. Numa carta a Felix Mottl escre-veu: «Um dia regressei a casa num estado de grande tristeza, pensando para comigo que o Mestre não viveria muito mais. Nesse instante ocorreu -se -me o tema em Dó suste-nido menor deste Adagio». O tema – Muito solene e muito lento – é entregue às tubas wagnerianas, instrumento construído por

Wagner para o seu Anel do Nibelungo e que Bruckner utiliza aqui pela primeira vez. O quinteto das quatro tubas wagnerianas com a tuba contrabaixo confere à orquestra de Bruckner uma sonoridade mais profunda e calorosa, ao mesmo tempo que a aproxima estilisticamente da concepção tímbrica de Wagner. O tema principal é retomado pelos violinos alargando -o a uma melo-dia extraída do “Non confundar” do Te Deum, obra que Bruckner estava a compor na mesma altura (1881 -1884). Quando o tema principal volta a aparecer no final deste andamento, tocado pelas tubas, é acompanhado por sextinas ascendentes das cordas, uma figuração característica do Tannhäuser. Além disso a própria esco-lha da tonalidade de Dó sustenido menor configura uma homenagem a Wagner, que escreveu detalhadamente sobre esta tona-lidade e sobre o seu uso musical, nomea-damente no Quarteto em Dó sustenido menor, op.131, de Beethoven. A morte efectiva de Wagner, a 13 de Fevereiro de 1883, levou Bruckner a rever a Coda, secção que constitui a essência da música fúne-bre dedicada a Richard Wagner, fazendo deste andamento, a par da Marcha Fúne-bre da Terceira Sinfonia de Beethoven, um dos mais tocantes rituais de exéquias sonoros do século XIX.

Apesar de escrito antes do comovente segundo andamento, o Scherzo, em Lá menor, parece ter sido composto no pres-sentimento de algo perturbador: é um momento demoníaco, com aspectos grotes-cos e obsessivos. O apelo do trompete impõe -se como uma voz ao mesmo tempo lúgubre e vincada, carácter sublinhado pelo

acompanhamento agitado das cordas em pianissimo. O Trio central, em Fá maior (Algo mais lento), revela uma secção lírica, muito cantável e idílica, estabelecendo um acentuado contraste com o Scherzo, que se volta a ouvir Da capo.

O Finale (Bewegt, doch nicht schnell) resolve o problema bruckneriano do último andamento de maneira nova e original, nomeadamente ao relacionar o primeiro tema com o tema inicial do primeiro andamento. Dado que o anda-mento de maior peso desta Sétima Sinfo-nia é o Adagio, Bruckner não sentiu aqui a necessidade de compor um andamento final de cariz culminante ou apoteótico. Trata -se muito mais de estabelecer e reve-lar pontes de contacto com o andamento inicial, criando assim uma unidade global em forma de “moldura”, que se define através das suas relações com o “centro” da sinfonia. Depois de apresentar os três temas, Bruckner opta por uma reexposi-ção em movimento contrário, isto é, os temas regressam na ordem inversa da sua primeira aparição, gerando uma forma simétrica, na qual o primeiro tema se volta a ouvir como último. A Coda inicia -se pelas trompas em piano, preparando um cres-cendo poderoso que concluirá a sinfonia de modo festivo e pomposo. Ao retomar aqui uma vez mais o tema inicial do primeiro andamento, Bruckner insiste na ideia de círculo fechado, coroando esta sua sentida homenagem a Wagner com uma sugestiva unidade musical.

—­paulo­assis­(2009)

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24 Fevereiro 201312:00 SALA SUGGIA

ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICAChristoph König direcção musical Concerto comentado por Rui Pereira

“Sentimento”

Anton Bruckner Sinfonia n.º 7, em Mi maior (excertos) [1881 -1883]

23 Fevereiro 201318:00 SALA 2cine­‑concerto­·­serv iço­educati vo

Orquestra Factor E! Philippe Martins direcção musical

A orquestra Factor E! é constituída pelos elementos que compõem a equipa do Serviço Educativo da Casa da Música e que são responsáveis pela maioria dos workshops, espectáculos e projectos que fazem parte da programação anual do Serviço Educativo. Pela primeira vez estes músicos/formadores apresentam-se ao mesmo tempo em palco num espectáculo dirigido por Philippe Martins.Este espectáculo que marca a estreia da Orquestra Factor E! é construído tendo como base a improvisação e a técnica de Sound Painting, da qual Philippe Martins é um reconhecido especialista.

O parto [1993; c.9min.]Realização: crianças e jovens de Ludote-cas do Porto / Associação de Ludotecas do Porto - anilupaTécnica: marionetas em plasticina

O cais [2001; c.6min.]Realização: jovens e idosos do Centro Social e Associação Cultural de S. Nicolau/ Asso-ciação de Ludotecas do Porto - anilupaTécnicas: marionetas em plasticina e objectos

Reflexos – jogos cinemáticos [2002; c.8min.]Realização: alunos da Escola Secundária Soares dos Reis, esm ae, ese do Porto /

Grupo de teatro trip, eb1 da Torrinha e Colégio do Sardão Associação de Ludote-cas do Porto - anilupaTécnicas: imagem real, pintura, recorte e pixilação

Transformações (versão reduzida) [2005; c.6min.]Realização: crianças, jovens e pais do Insti-tuto Português de Oncologia do Porto – ipo/Associação de Ludotecas do Porto – anilupaTécnica: imagem real

O jardim transparente [2012; c.12min.]Realização: alunos da Escola EB1 da Torri-nha / Associação de Ludotecas do Porto – anilupaTécnicas: desenho, pintura, recorte, objec-tos e pixilação

Oh Que Calma [1985; c.3min.]Realização: Abi FeijóTécnicas: animação e areia, recorte e pintura, desenho directo em película

Voyage au Champ de Tournesols [2010; c.4min.]Realização: Alexandre SiqueiraTécnicas: Desenho sobre papel

Recolha e selecção de filmes: Fernando Saraiva

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26 Fevereiro 201321:00 SALA SUGGIAcine­‑concerto

ORQUESTRA JAZZ DE MATOSINHOSPedro Guedes, Carlos Azevedo direcção musical

Ordem do programa a definir

O Naufrágio do Veronese [1913; c.6min.]Luís Tinoco música**

Dive [2013; c.9min.]Carlos Azevedo música**Sandro Aguilar filme**

Nova obra [2013; c.6min.]Pedro Moreira música**

Tritão [2013; c.8min.]Ohad Talmor música **Francisco Moura filme**

Syzygy [2013; c.7min.]Marco Barroso1 música **

espécie de miragem incompleta [2013; c.7min.]Pedro Guedes música**Tiago Guedes filme**

À bolina [2013; c.8min.]Zé Eduardo música**

Pescaria/Atlas [2001/2013; c.8min.]Bernardo Sassetti música*Margarida Cardoso filme**

taranga‑bale [2013; c.8min.]Paulo Perfeito música**

Cruzeiro [2013; c.8min.]Mário Laginha música**João Canijo filme**

*encomenda da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura/Casa da Música (estreia no âmbito da Porto 2001 pela ojm)**encomendas da Casa da Música, Câmara Municipal de Matosinhos e apdl1 Jovem Compositor em Residência 2013

apoios:Câmara Municipal de Matosinhosapdl

Agr adecimentos:­Cinemateca PortuguesaDocapesca - Portos e Lotas, s.a.tcgl - Terminal de carga geral e de granéis de Leixões, s.a.tcl - Terminal de contentores de Leixões,­s.aMultisub – Serviços de mergulho profissionais

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O NAUFRÁGIO DO VERONESE/COSTA MUDALuís Tinoco música

Os numerosos naufrágios e encalhes ocor-ridos ao longo da faixa costeira compreen-dida entre as barras dos rios Douro e Ave, nomeadamente durante a noite em épocas em que os pontos luminosos eram escas-sos, levaram os mareantes estrangeiros a cognominarem-na, no passado, de Costa Negra ou Costa Muda. Foi também nesta costa, na praia da Boa Nova, que a 16 de Janeiro de 1913 naufragou o paquete Vero‑nese - num trágico acidente que ficou regis-tado no filme que inspirou a partitura que escrevi para a Orquestra Jazz de Matosinhos.

O meu primeiro contacto com este docu-mento, porém, não me permitiu alcançar a verdadeira dimensão da tragédia. As imagens centram-se no navio encalhado e nos esforços da população que se uniu para salvar as vidas dos passageiros do Veronese. Através destas imagens, percebe-mos a forma engenhosa como foram lança-dos foguetões de terra para bordo, com o objectivo de colocar os cabos de vai-vem para transportar os náufragos até à praia. No entanto, o filme não capta todo o sofri-mento que se viveu durante três dias e que só pude perceber quando li relatos sobre (…) uma mãe que, carregando dois filhos, perde um deles arrebatado pela violência das ondas; ou sobre um (...) cabo de vai‑vem que se partiu, deixando um náufrago à deriva, sem forças para lutar pela vida.

Assim, para esta peça, mais do que pretender acompanhar passo a passo as imagens projectadas, procurei escrever

uma música que captasse a tristeza que se viveu atrás da câmara e que não pôde ficar documentada neste belo filme.

DIVE Carlos Azevedo músicaSandro Aguilar filme

Voar, mergulhar, são formas de invadir um espaço que nos foi interditado pela natureza dos nossos corpos. Talvez por isso seja a matéria de muitos dos nossos sonhos, o motivo das nossas ambições e frequentemente a figuração da nossa angústia. Quando se atreve a ultrapassar este limite, e apesar da iminência de um naufrágio, o homem é recompensado por uma espécie de renascimento. De olhos limpos, pode voltar a descobrir um terri-tório virgem, todo um mundo primitivo com a sua própria gravidade, novos peri-gos e revelações. Quando nasce está na fronteira com a morte tal como quando, próximo da morte, experimenta intensa-mente o milagre muito físico de perma-necer vivo. — sandro­aguilar

TRITÃOOhad Talmor música Francisco Moura filme

O céu. O mar. A imensidão do Homem que controla o inelutável.

Quando Golias chega ao Porto não pode entrar à força de peso nem de tamanho. David irá alcançá -lo, contorná -lo, comandá--lo até ao destino. É como se David e Golias se enfrentassem e enquanto David segue em frente, mantendo a rota, Golias sucumbe vítima do próprio tamanho, do próprio peso.

Pela popa, David controla a navegação, vence a opulência e a solidez e reboca Golias até à atracação. Invertem -se os tamanhos pela força da destreza, encontram -se equilí-brios inesperados, hierarquias consentidas. É David quem o recebe, quem o vê chegar, quem o leva a bom porto, é também ele quem o vê partir, quem o devolve ao mar.—­fr ancisco­mour a

SYZYGYMarco Barroso música

Alguém disse certa vez que escrever sobre música é como dançar sobre arquitectura.

Se pensarmos na relação íntima que a música tem com o movimento e com a organização do espaço, talvez possamos dizer que a música é em si mesma uma forma de dançar sobre arquitectura. Parece-me que Syzygy é mais arquitectura coreo-grafada do que dança sobre arquitectura mas na realidade pouca importância tem dizer o que é ou do que se trata ao certo. Sem querer estar a dançar muito sobre estas notas de programa queria apenas agradecer o convite da Casa da Música e da Orquestra Jazz Matosinhos para esta nova encomenda.—­marco­barroso

espécie de miragem incompletaPedro Guedes músicaTiago Guedes filme

Como ponto de partida quis explorar em filme o conceito de improvisação tal como é explorado na música.

Comecei a montar o filme em silêncio, compondo ritmos possíveis com imagens para uma música imaginária. Fui enviando ao Pedro sequências e excertos que ele foi usando como inspiração para ir compondo. À medida que isso acontecia foi -me ele enviando sequências e excertos musi-cais para eu usar como inspiração para ir avançando com a montagem. Este pingue--pongue criativo de imagens e de sons

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fez -nos chegar a uma palavra, a uma ideia, que por sua vez resultou neste filme.

Suspensão: acto ou efeito de suspen-der; estado de algo que está suspenso; enleio, êxtase; incerteza, dúvida; hesitação, pausa; sentido interrompido ou incompleto; sustentação de uma nota musical; sinal de pausa; espécie de miragem incompleta.—­tiago­guedes

À BOLINAZé Eduardo música

Técnica naval que consiste em zigueza-guear contra o vento, o que permite nave-gar por zonas onde este não é favorável. Que se saiba, foi utilizada pela primeira vez pelas caravelas portuguesas no tempo dos Descobrimentos. Nesta composição, o tema marítimo e o seu significado aparece logo de início, com a introdução das madeiras e flautas, transformando -se progressiva-mente ao longo da peça numa interpreta-ção mais jazzística que permite aos solistas expressarem -se então com o vento mais a favor.—­zé­eduardo

PESCARIA/ATLAS Bernardo Sassetti músicaMargarida Cardoso filme

Atlas foi construído para uma peça pré--existente do Bernardo Sassetti. Na verdade foi um exercício semelhante a adaptar um conto ou um romance para cinema, e isso nem sempre é simples... Como materia-lizar – fixar – em imagem finitas o que na música, tal como na literatura, nos é sugerido através de imagens infinitas? Tentei manter o que julguei ser a essên-cia narrativa da música do Bernardo mas servindo -me do meu universo e daquilo que me interessava explorar: o tempo e a memória. Atlas é também uma “pescaria” de matérias visuais com as quais quis criar um mundo irreal e intemporal por onde vagueiam sonhos, fragmentos de memó-rias... e o mar.—­margarida­cardoso

taranga‑balePaulo Perfeito música

Na condição de criar uma obra para orques-tra de jazz que tivesse como inspiração o mar, a organização formal e os conteúdos utilizados na composição de taranga – bale – do sânscrito “poder das ondas” – foram concebidos numa lógica essencialmente programática. Assim, o ponto de partida para esta composição foi um dos motivos (colecção de quatro notas) mais identificá-veis da obra La mer de Debussy. O carácter eminentemente pentatónico deste frag-mento melódico, servindo de Leitmotiv unificador da obra, originou o primeiro grupo temático assim como a progressão harmónica que serve de base ao segundo, cujos contornos melódicos ondeantes são uma metáfora directa do mar. Numa pers-pectiva de coerência, este fragmento foi sugerido como fonte de inspiração aos solistas. De uma forma objectiva, as alego-rias às ondas podem também ser identifica-das nos contrastes e flutuações dinâmicas assim como no contorno global da peça. —­paulo­perfeito

CRUZEIRO Mário Laginha músicaJoão Canijo filme

Um paquete de cruzeiros chega ao porto de Leixões. Os turistas em férias desem-barcam para visitar a cidade, no meio do trabalho do porto que continua como se eles importassem menos que as gaivotas. A vida é patética. Mas será mais patética a vida activa da gente que tenta sobrevi-ver, ou a vida aborrecida dos reformados que se deixam arrebanhar num cruzeiro low ‑cost? O contraste das imagens das atitu-des é visível, mas o invisível da miséria das almas só pode ser imaginado.—­joão­canijo

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BIOGRAFIAS E AGRUPAMENTOS

Brad Lubman direcção musical

O maestro e compositor Brad Lubman conquistou largo reconhecimento ao longo das últimas duas décadas, pela sua versa-tilidade, técnica apurada e interpretações profundas.

Os seus compromissos como maestro convidado levaram -no a dirigir importan-tes orquestras como a Sinfónica da Rádio Sueca, Orquestra de Câmara Holandesa, Filarmónica da Radio France, Orquestra da Rádio Bávara em Munique, Sinfónica swr da Rádio de Estugarda, American Compo-sers Orchestra, New World Symphony e Orquestra de Câmara St. Paul, com um amplo repertório cobrindo obras orques-trais desde o período Clássico até aos nossos dias. Trabalhou também com alguns dos mais importantes agrupamentos de música contemporânea europeus e americanos, incluindo o Klangforum Wien e o asko Ensemble de Amesterdão, bem como o Los Angeles Philharmonic New Music Group, Boston Symphony Chamber Players e Steve Reich and Musicians.

Brad Lubman é Professor Associado de Direcção e Ensembles na Eastman School of Music em Rochester, Nova Iorque, onde dirige o ensemble Musica Nova desde que ingressou na instituição em 1997. É também membro do Bang -on -a -Can Summer Insti-tute.

Na temporada de 2012/13, regressa como convidado à Sinfónica Alemã de Berlim e à rkf, bem como à Tonkünstler--Orchester Niederösterreich (Festival Wien

Modern), e estreia -se com a Sinfónica ndr de Hamburgo. Com a London Sinfonietta, apresenta um programa de Steve Reich em digressão por Inglaterra, incluindo uma estreia mundial. Para assinalar o cente-nário de A Sagração da Primavera de Stra-vinski, dirige a nova -iorquina Orchestra of St. Luke’s na Carolina do Norte.

Carlos Azevedo direcção musical

Carlos Azevedo define -se acima de tudo como compositor, tanto no universo da música clássica como no do jazz, escre-vendo para as mais variadas formações desde o instrumento solista à orquestra – sinfónica ou de jazz. Tem sido um impor-tante protagonista do movimento jazzístico portuense: criou a primeira Licenciatura em Jazz do país, na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (esm ae), em 2001, e partilha com Pedro Guedes, desde 1999, a Direcção Musical da Orquestra Jazz de Matosinhos.

Natural de Vila Real, Carlos Azevedo frequentou os Cursos Superiores de Piano e Composição no Conservatório de Música do Porto. Na Escola Superior de Música do Porto (actual esm ae), concluiu o curso de Composição em 1986. Prosseguiu depois para o Mestrado em Composição na Univer-sidade de Sheffield (1996), sob a orientação de George Nicholson, onde actualmente realiza o Doutoramento.

A fatia maior das suas composições e arranjos no campo do jazz tem sido escrita para a Orquestra Jazz de Matosi-nhos, mas recebe também encomendas

para outras formações. Em 2004 conquis-tou o primeiro prémio no Concurso Inter-nacional de Composição da Brussels Jazz Orchestra. Em 2012 foi estreada a ópera Mumadona, com libreto de Carlos Tê, uma encomenda de Guimarães – Capital Euro-peia da Cultura.

É professor de Análise na esm ae. Inte-grou o júri dos Concursos de Composição Lopes -Graça, Cláudio Carneyro, Póvoa do Varzim e Brussels Jazz Orchestra.

Christian Baldini direcção musical

Christian Baldini é Director Musical da Orquestra Sinfónica da Universidade da Califórnia/Davis desde 2009. É também Director Musical da Orquestra Sinfónica Camellia em Sacramento, Califórnia. Diri-giu orquestras e ensembles internatio-nalmente, incluindo a Sinfónica da bbc, Orquestra da Rádio de Munique, National Symphony Orchestra (Washington d.c.), San Francisco Contemporary Music Players, Filarmónica de Buenos Aires e Sinfónica de São Paulo. Dirigiu ainda ópera no Festi-val de Aldeburgh.

Baldini dirige com o mesmo à -vontade o repertório sinfónico, música de câmara e ópera, e promove a música contemporânea, tendo feito as estreias mundiais de mais de 60 obras. Neste âmbito, colaborou com compositores como Brian Ferneyhough, Steven Stucky, Philippe Hurel, Fabian Pani-sello e Steve Mackey.

Christian Baldini estudou com Peter Eötvös, Martyn Brabbins, Leonard Slatkin e Kurt Masur. É diplomado pela Universidade

Estatal de Nova Iorque em Buffalo (Douto-ramento em Composição), Universidade Estatal da Pensilvânia (Mestrado em Direc-ção) e Universidade Católica da Argentina (Bacharelato em Direcção e Composição).

Como compositor, a sua música tem sido apresentada na Europa, Américas do Norte e do Sul e Ásia, por orquestras e ensembles tais como a Orchestre National de Lorraine, Southbank Sinfonia (Londres), New York New Music Ensemble, Sinfónica de Memphis, Israel Contemporary Players, Orquestra de Câmara Daegu (Coreia do Sul), Orquestra da Rádio de Munique, Chro-nophonie Ensemble (Freiburg) e Ensem-ble Modern (Frankfurt).

Christoph König direcção musical

A profunda musicalidade de Christoph König é marcada por uma abordagem enér-gica e séria, comprometendo -se com uma programação reflectida e estimulante. É Maestro Titular da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música e Maestro Titu-lar e Director Musical dos Solistes Euro-péens Luxembourg.

König é muito requisitado como maes-tro convidado. Apresentou -se recentemente com a Orquestra de Paris, Sinfónica Nacio-nal Dinamarquesa, Filarmónica Holan-desa, Orquestra Nacional de Gales/bbc, Orquestra da Rádio Norueguesa (Oslo), Orquestra Mozarteum de Salzburgo, Sinfónica de Barcelona, Real Filharmonía de Galicia, Orquestra da Rádio (rt v e) de Madrid, Orquestra e Coro da Comunidade de Madrid, Sinfónica da Nova Zelândia,

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Orquestra de Câmara Escocesa e Sinfónica Escocesa da bbc, orquestra que dirigiu numa bem sucedida digressão pela China (Maio de 2008). Desde a sua estreia nos eua em 2010, dirigiu as Orquestras Sinfónicas de Pittsburgh, Toronto, Nova Jérsia, Hous-ton, Indianápolis, Vancouver e Colorado e a Filarmónica de Los Angeles.

Entre os seus compromissos futu-ros incluem -se a Royal Philharmonic Orchestra, Beethoven Orchester de Bona, Filarmónicas de Estugarda, Tampere e Dresden, Orquesta de Euskadi, Sinfónica de St Gallen, Sinfónica Escocesa da bbc e Orquestra Nacional de Gales da bbc. Nos eua, regressa às Sinfónicas de Pitts-burgh, Toronto e Houston, e estreia -se com as Sinfónicas de Calgary, Milwaukee, Oregon e Baltimore.

A sua discografia inclui obras de Gösta Nystroem (bis), Schönberg e Prokofieff (Romeu e Julieta), Saariaho e Sibelius (Sinfo-nia nº 7) com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, Melcer com a Orquestra Sinfónica Escocesa da bbc (Hyperion), Sinfonias de Beethoven com a Orquestra Sinfónica de Malmö (db Productions) e Prokofieff e Mozart com os Solistes Euro-péens Luxembourg (sel Classics).

Nuno Costa guitarra e laptop

Iniciou os estudos musicais na Academia de Amadores de Música em 1998. Poste-riormente, ingressa na escola do Hot Clube de Portugal, tendo em 2002 recebido uma bolsa de estudo para a conclusão dos seus estudos nesta escola. Em 2003, novamente

como bolseiro, prossegue a sua formação no Berklee College of Music, tendo termi-nado o curso de Film Scoring em 2005.

É responsável por diversos projectos de música para imagens, mantendo um papel activo na cena jazzística nacional. Lançou em 2009 o seu primeiro disco (...) “Reticências entre parênteses” para a editora Tone of a Pitch, e em 2012, para a mesma editora, lança All Must Go.

Pertence ao corpo docente da Escola de Jazz Luís Villas -Boas (Hot Clube de Portu-gal) e da Universidade Lusíada em Lisboa.

Óscar Graça piano, teclados e laptop

Óscar Marcelino da Graça, nascido em Aveiro em 1980, começou a estudar música aos seis anos por influência do seu avô materno. É licenciado em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa (2002) e concluiu o curso complementar de piano no Conservatório de Música de Aveiro de Calouste Gulbenkian em 1998. Frequentou aulas de jazz na Escola de Jazz do Porto, Hot Clube de Portugal e Berk-lee College of Music (onde foi bolseiro). É presentemente doutorando em Música na Universidade de Lisboa.

Participou na gravação de CLQ de Carlos López (Free Code Jazz Records, 2006), Last Minute Experience de Carlos López (K Indus-tria, 2009), (...) de Nuno Costa (toap, 2009), Raça de Paula Oliveira (Polydor, 2010), The Golden Fish de Nelson Cascais (toap, 2011), All Must Go de Nuno Costa (toap, 2012), Tributo a Benny Goodman de Paulo Gaspar (Numérica, 2012), Fuse de QuadQuartet

(2012), TOAP Colectivo (toap, 2012) e Low Cost Generation de Last Minute Experience (2012). Editou em 2012 o seu primeiro disco em trio velox pondera (toap, 2012).

Paul Hillier direcção musical

Paul Hillier fundou The Hilliard Ensem-ble em 1973 e o Theatre of Voices em 1990. Especializou -se em música antiga e nova música e tem colaborado com muitos dos principais compositores da actuali-dade, incluindo Steve Reich, Karlheinz Stockhausen, Arvo Pärt, John Adams, David Lang e Pelle Gudmundsen Holmgreen. Os seus mais de 100 discos deram -lhe vários prémios, incluindo dois Grammys. Aprecia também o trabalho com orquestras barro-cas e a interpretação de obras de Bach, Schütz e Beethoven. Para além de dirigir o Coro Casa da Música, é actualmente director artístico e maestro titular do Ars Nova Copenhagen e do National Chamber Choir of Ireland. Vive em Copenhaga e, entre os concertos, procura terminar um livro sobre a história do canto em consort.

Pedro Guedes direcção musical

Na última década e meia, Pedro Guedes teve um papel crucial na transformação do meio jazzístico do Porto. Em 1999, fundou a Orquestra Jazz de Matosinhos, da qual é Director Artístico, Director Musical (em parceria com Carlos Azevedo), composi-tor, arranjador e pianista. Em 2001, junta-mente com Carlos Azevedo, criou a primeira Licenciatura em Jazz do país, que já formou

dezenas de músicos e trouxe um acrés-cimo de qualidade ao meio jazzístico da região. Desde então e até à actualidade, estes são os projectos aos quais se entrega de corpo e alma.

Pedro Guedes diplomou -se na New School for Jazz and Contemporary Music em 1994, estudando com alguns dos mais reputados músicos de jazz. Foi Director Musical da Walt Disney em Portugal, e em 1997 fundou a Héritage Big Band – orques-tra que daria origem à Orquestra Jazz de Matosinhos. Em 1998, concluiu a pós --graduação em Scoring for Motion Picture and Television Na University of Southern California em Los Angeles. Entre 1998 e 2001 foi programador do Festival de Jazz do Porto. Foi ainda coordenador e progra-mador da área do Jazz na Capital Europeia da Cultura – Porto 2001. É professor em regime de exclusividade na Licenciatura em Jazz da esm ae.

Philippe Martins direcção musical

Músico envolvido na Cité de la Musi-que desde há cerca de dez anos, Phili-ppe Martins faz parte da equipa reunida à volta do Gamelão (orquestra de percus-são tradicional da ilha de Java, na Indo-nésia). Além de workshops pedagógicos realizados com diferentes públicos, tem colaborado em espectáculos usando esse instrumentário tanto no contexto tradicio-nal (teatro de sombras, dança…), como num contexto mais contemporâneo, nomeada-mente com a criação de peças compostas para a orquestra.

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Christoph König, Peter Rundel, Paul Hillier, Robin Gritton e Phillip Pickett, a que se juntam em 2013 as estreias de Michail Jurovski e Martin André.

Entre os concertos com orquestra, inter-pretou obras de Beethoven, Bomtempo, Brahms, Mahler, Händel, Charpentier e Bach. Em programas a cappella, destaca -se a presença regular da polifonia renascen-tista portuguesa, mas também da música do século x x. Em 2013 interpreta o Te Deum de António Teixeira, o Requiem de Verdi e a Oratória de Natal de Bach, e estreia uma nova obra de Carlos Caires.

O Coro Casa da Música faz digressões regulares, tendo actuado no Festival de Música Antiga de Úbeda y Baeza (Espanha), no Festival Handel de Londres, no Festi-val de Música Contemporânea de Hudder-sfield e em várias salas portuguesas.

IRCAMinstitut­de­recherche­

et­coordination­acoustique/musique­

O irca m – Instituto de Pesquisa e Coor-denação em Acústica e Música – é um dos maiores centros públicos de investiga-ção dedicados tanto à expressão musical como à pesquisa científica, um local único onde as sensibilidades artísticas se encon-tram com a inovação científica e tecnoló-gica. Juntando 160 pessoas, o instituto é dirigido por Frank Madlener desde 2006.

As três principais actividades do ircam – criação, investigação, transmissão – manifestam -se na temporada parisiense de concertos do instituto, no seu festi-val anual Agora e em produções por toda a França e noutros países. A criação de uma academia multidisciplinar de artes, única em França, combinada com um festival que revela os resultados da acade-mia, está neste momento a ser preparada pelo irca m e terá a sua primeira edição em Junho de 2012.

Pierre Boulez fundou o irca m sob a alçada do Centre Pompidou e do Minis-tério Francês da Cultura e da Comunica-ção. Desde 1995, este Ministério, o ircam e o cnrs juntaram -se para formar o labo-ratório de investigação stms (Ciências e Tecnologias para a Música e Som – umr 9912), a que aderiu a Universidade Pierre et Marie Curie em 2010.

Paralelamente, após ter frequentado um curso de composição no Conservatório de Paris (cnsm) e outro de jazz e músicas improvisadas, participou como pianista em vários projectos e formações (PMTet, Darwinxtet…), apresentando -se em vários palcos em França e no estrangeiro. Entre-tanto, iniciou -se no Sound Painting durante um workshop conduzido por V. Le Quang, em 2006, e participou em várias sessões organizadas por W. Thompson (criador da linguagem) e F. Jeanneau na umj (Union des Musiciens de Jazz) em Paris. Colabora regularmente com músicos do qlo (Quar-tier Libre Orchestra) e outros do spoumj. Além disso, cruzou -se com músicos do jazz francês contemporâneo como F. Merville, J. R. Guédon, G. Orti, O. Sens, Y. Robert, S. Payen, P. Brousseau e V. Peirani.

Rui Pereira

Rui Pereira é Editor de Programação da Casa da Música. Nessa qualidade, é responsável pela edição dos programas de sala, fazendo regularmente palestras pré -concerto e concertos comentados. Actualmente, acumula a função de Adjunto do Direc-tor Artístico e de Educação.

Diplomado em Piano pela Escola Supe-rior de Música e das Artes do Espectáculo do Porto, na classe de Madalena Soveral, realizou o Mestrado em Performance sob a orientação do pianista Benjamin Frith e completou o Doutoramento em Musico-logia, na Universidade de Sheffield, sob a orientação de Peter Hill. Foi bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Foi crítico musical do diário Público entre 2001 e 2005. Colabora com diver-sas instituições culturais e de ensino na qualidade de conferencista e Professor Convidado, escrevendo regularmente para o suplemento Ípsilon do Público. Como investigador, tem vindo a apresentar o seu trabalho em conferências internacionais. É regularmente convidado a integrar o júri de concursos de interpretação musical e painéis consultivos no âmbito do ensino superior. Entre os seus projectos mais recentes contam -se a edição e co -auto-ria dos livros “Casas da Música no Porto”.

CORO CASA DA MÚSICA

Paul Hillier maestro titular

O Coro Casa da Música estreou -se em 2009 sob a direcção do seu maestro titular Paul Hillier, referência incontornável da música coral a nível internacional. É constituído por uma formação regular de 20 canto-res, que se alarga a formação média ou sinfónica em função dos programas apre-sentados. O repertório do Coro estende--se a todos os períodos históricos desde a Renascença até aos nossos dias, incluindo a música a cappella ou com orquestra, neste caso ao lado dos agrupamentos da Casa da Música – Orquestra Barroca, Orques-tra Sinfónica e Remix Ensemble.

Desde a sua fundação, o Coro Casa da Música foi dirigido pelos maestros James Wood, Simon Carrington, Laurence Cummings, Andrew Bisantz, Kaspars Putniņš, Andrew Parrott, Antonio Florio,

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tam os nomes de Midori, Viviane Hagner, Natalia Gutman, Truls Mørk, Steven Isser-lis, Kim Kashkashian, Ana Bela Chaves, Felicity Lott, Christian Lindberg, Antó-nio Meneses, Simon Trpceski, Sequeira Costa, Jean -Efflam Bavouzet, Lise de la Salle, Cyprien Katsaris ou o Quarteto Ardi-tti. Diversos compositores trabalharam também com a orquestra, destacando -se os nomes de Emmanuel Nunes, Jonathan Harvey, Kaija Saariaho, Magnus Lindberg e Pascal Dusapin.

Nas últimas temporadas apresentou -se nas mais prestigiadas salas de concerto de Viena, Estrasburgo, Luxemburgo, Antuér-pia, Roterdão e no Brasil, e é regularmente convidada a tocar em Santiago de Compos-tela e no Auditório Gulbenkian. A interpre-tação da integral das sinfonias de Mahler marcou as temporadas de 2010 e 2011. Em 2013 são editados os concertos para piano de Lopes -Graça pela editora Naxos.

A origem da Orquestra remonta a 1947, ano em que foi constituída a Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto. Actualmente engloba um número permanente de 94 instrumentistas e é parte integrante da Fundação Casa da Música desde Julho de 2006.

REMIX ENSEMBLE CASA DA MÚSICAPeter Rundel maestro titular

Desde a sua formação em 2000, o Remix Ensemble apresentou em estreia abso-luta mais de oitenta obras e foi dirigido pelos maestros Stefan Asbury, Ilan Volkov, Kasper de Roo, Pierre -André Valade, Rolf Gupta, Peter Rundel, Jonathan Stockham-

mer, Jurjen Hempel, Matthias Pintscher, Franck Ollu, Reinbert de Leeuw, Diego Masson, Emilio Pomàrico, Brad Lubman e Paul Hillier, entre outros.

No plano internacional, apresentou--se em Valência, Roterdão, Huddersfield, Barcelona, Estrasburgo, Paris, Orleães, Bourges, Reims, Antuérpia, Madrid, Buda-peste, Norrköping, Viena, Witten, Berlim, Amesterdão e Bruxelas. O projecto The Ring Saga, com música de Richard Wagner adaptada por Jonathan Dove e Graham Vick, levou o Remix Ensemble ao Festival Musica de Estrasburgo, Cité de la Musi-que em Paris, Saint -Quentin -en -Yvelines, Théâtre de Nîmes, Le Théâtre de Caen, Grand Théâtre du Luxembourg e Grand Théâtre de Reims. Em 2012 fez a estreia mundial do concertino para piano Jetzt genau! de Pascal Dusapin no programa de encerramento do Festival Musica de Estrasburgo, apresentou -se na Fundação Gulbenkian em Lisboa e na Filarmónica de Berlim. Entre os projectos para 2013, destacam -se cine -concertos com o acom-panhamento ao vivo de filmes como Paris qui dort, de René Clair, ou Un Chien Anda‑lou, de Luis Buñuel, a ópera Quartett, de Luca Francesconi, com encenação de Nuno Carinhas, e a estreia de encomendas da Casa da Música a Pedro Amaral, Brian Ferneyhough, Luís Antunes Pena, Oscar Bianchi e Wolfgang Mitterer.

O Remix tem nove discos editados com obras de Pauset, Azguime, Côrte -Real, Peixinho, Dillon, Jorgensen, Staud, Nunes, Bernhard Lang, Pinho Vargas, Wolfgang Mitterer e Pascal Dusapin.

JAZZANOVA

Durante mais de 15 anos, este colec-tivo ecléctico de Berlim tem tido grande actividade nos domínios da produção, composição, arranjos, remisturas e DJing, contribuindo para dar forma ao nosso mundo musical – em clubes, rádio, estúdio, concertos ao vivo e através da sua editora Sonar Kollektiv. O seu “mundo musical muito fértil” (Time Out New York) “tem dominado os panoramas Jazzdance e Down-tempo ao longo dos últimos anos, tanto através da sua editora como em inúmeras remisturas” (Phoenix New Times). Divul-gando as suas sonoridades próprias e as suas ideias em DJ sets inspirados, os DJs Alexander Barck, Jürgen von Knoblauch e Claas Brieler estiveram entre os DJs de Berlim mais requisitados em todo o mundo. Fizeram digressões pelos melhores clubes e festivais do mundo e realizaram programas radiofónicos semanais na wdr Funkhaus Europa e Radio 1.

ORQUESTRA JAZZ DE MATOSINHOS

Criada em 1999, a Orquestra Jazz de Mato-sinhos é uma das formações mais dinâ-micas do jazz português actual. Com o apoio da Câmara Municipal de Matosi-nhos, iniciou a sua actividade como uma orquestra de autores, divulgando as compo-sições e arranjos dos seus directores Pedro Guedes e Carlos Azevedo. A participação na Porto 2001 foi um primeiro passo no alargamento da sua base de trabalho, tornando -se cada vez mais um fórum de compositores que tem dado origem a um

repertório nacional específico para este tipo de formação. Mais tarde, o protocolo estabelecido com a Casa da Música veio favorecer o desenvolvimento de projectos diversificados em colaboração com músicos de relevo internacional. O carácter único da ojm revela -se na versatilidade que lhe permite assumir todas estas vocações e desempenhar o papel de uma orquestra nacional de jazz, apresentando repertórios de todas as variantes estéticas e todas as épocas do jazz.

Nos quatro discos já editados, a ojm conta com as participações de grandes solistas com quem tem desenvolvido cola-borações aprofundadas: Chris Cheek, Lee Konitz, Kurt Rosenwinkel e Maria João. Partilhou o palco com agrupamentos liga-dos ao repertório clássico e com solistas, compositores e maestros de prestígio. Para além das presenças regulares nas princi-pais salas do país, tem actuado em Bruxe-las, Milão e Nova Iorque.

ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICAChristoph König maestro titular

A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música tem sido dirigida por repu-tados maestros, de entre os quais se destacam Olari Elts, Michail Jurowski, Andris Nelsons, Vassily Petrenko, Emilio Pomàrico, Jeremie Rohrer, Peter Rundel, Tugan Sokhiev, John Storgårds, Joseph Swensen, Gilbert Varga, Antoni Wit ou Takuo Yuasa. Entre os solistas que colabo-raram recentemente com a orquestra cons-

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CORO CASA DA MÚSICA

SopranosBirgit WegemannElse TorpEva Braga Simões Leonor Barbosa de MeloRita Venda

ContraltosBrígida SilvaGabriela B. SimõesIris OjaJoana ValenteNélia Gonçalves

TenoresChris WatsonLuís Toscano Miguel LeitãoPedro FigueiraVítor Sousa

BaixosJakob BlochJoão Barros SilvaLuiz Filipe MarquesPedro Guedes MarquesRicardo Torres

Maestrina Co‑repetidoraIris Oja

ORQUESTRA JAZZ DE MATOSINHOS

SaxofonesJosé Luís RegoMário SantosJoão Pedro BrandãoJosé Pedro CoelhoRui Teixeira

TrompetesGileno SantanaJavier PereiroSusana Santos SilvaRogério Ribeiro

TrombonesDaniel DiasÁlvaro PintoAndreia SantosGonçalo Dias

Secção rítmicaCarlos Azevedo (piano)André Fernandes (guitarra)Demian Cabaud (contrabaixo)Marcos Cavaleiro (bateria)

ORQUESTRA FACTOR E

Antonio Miguel Teixeira (Tomi)Artur CarvalhoBruno EstimaJoaquim AlvesJorge QueijoJose Alberto GomesMaria MónicaNuno PeixotoPaulo NetoSofia Leandro

ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICA16­de­fevereiro

Violino I Ana Madalena Ribeiro* Radu Ungureanu Vadim Feldblioum Vladimir Grinman Emília Vanguelova Maria Kagan Zoltan Santa Arlindo Silva Tünde Hadady Evandra Gonçalves José Despujols Andras Burai Roumiana Badeva Alan Guimarães

Violino II Jossif Grinman Tatiana Afanasieva Lilit Davtyan Francisco P. de Sousa Pedro Rocha Mariana Costa Germano Santos José Paulo Jesus Vítor Teixeira Paul Almond Domingos Lopes José Sentieiro

Viola Ryszard Wóycicki Anna Gonera Hazel Veitch Jean Loup Lecomte Mateusz Stasto Francisco Moreira Biliana Chamlieva

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Luís Norberto Silva Emília Alves Francisco Moreira Biliana Chamlieva Theo Ellegiers

Violoncelo Vicente Chuaqui Feodor Kolpachnikov Michal Kiska Hrant Yeranosyan Gisela Neves Bruno Cardoso Américo Martins* Vanessa Pires* * *

Contrabaixo Slawomir Marzec Florian Pertzborn Tiago Pinto Ribeiro Jean-Marc Faucher Nadia Choi Altino Carvalho Joel Azevedo Angel Luis Martinez*

Flauta Paulo Barros Ana Maria Ribeiro** Angelina Rodrigues

Oboé Tamás Bartók Eldevina Materula

Clarinete Luís Silva António Rosa

Fagote Gavin Hill Vasily Suprunov

Trompa Abel Pereira Hugo Carneiro Flávio Barbosa* José Bernardo Silva Bohdan Sebestik Hugo Sousa* Eddy Tauber Pedro Fernandes* Dário Ribeiro*

Trompete Sérgio Pacheco Ivan Crespo Luís Granjo

Trombone Severo Martinez Dawid Seidenberg João Martinho* Nuno Martins

Tuba Sérgio Carolino

Tímpanos Jean-François Lézé** Bruno Costa

Percussão Bruno Costa** Paulo Oliveira Nuno Simões André Dias* **Sandro Andrade* **

Harpa Ilaria Vivan

*instrumentistas convidados** só no concerto de 22 de Fevereiro

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Luís Norberto Silva Emília Alves Theo Ellegiers

Violoncelo Vicente Chuaqui Michal Kiska Hrant Yeranosyan Gisela Neves Bruno Cardoso Américo Martins* Vanessa Pires* Miguel Fernandes*

Contrabaixo Slawomir Marzec Florian Pertzborn Nadia Choi Tiago Pinto Ribeiro Altino Carvalho Joel Azevedo

Flauta Paulo Barros Angelina Rodrigues Alexander Auer

Oboé Aldo Salvetti Jean-Michel Garetti Eldevina Materula

Clarinete Carlos Alves António Rosa Gergely Suto

Saxofone Hugo Teixeira*

Fagote Robert Glassburner Pedro Silva

Trompa Bohdan Sebestik José Bernardo Silva Eddy Tauber Hugo Carneiro

Trompete Ivan Crespo José Almeida* Rui Brito

Trombone Dawid Seidenberg Tiago Antunes* Gonçalo Dias*

Tuba Sérgio Carolino

Tímpanos Jean-François Lézé

Percussão Bruno Costa Paulo Oliveira Nuno Simões

Harpa Ilaria Vivan Ana Paula Miranda*

Piano/Celesta/Sintetizador Vítor Pinho* Raquel Cunha*

Acordeão Paulo Jorge Ferreira*

Guitarra Júlio Guerreiro*

Bandolim António Vieira*

*instrumentistas convidados

ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICA22­e­24­de­fevereiro

Violino I Zofia Wóycicka Ana Madalena Ribeiro* Radu Ungureanu Vadim Feldblioum Vladimir Grinman Emília Vanguelova Maria Kagan Zoltan Santa Arlindo Silva Tünde Hadady Ianina Khmelik Evandra Gonçalves José Despujols Andras Burai Roumiana Badeva Alan Guimarães

Violino II Jossif Grinman Nancy Frederick Tatiana Afanasieva Lilit Davtyan Francisco P. de Sousa Pedro Rocha Mariana Costa Germano Santos José Paulo Jesus Vítor Teixeira Paul Almond Domingos Lopes Nikola Vasiljev José Sentieiro

Viola Ryszard Wóycicki Joana Pereira Anna Gonera Hazel Veitch Jean Loup Lecomte Mateusz Stasto Rute Azevedo

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REMIX ENSEMBLE CASA DA MÚSICA

Violino José Pereira

ViolonceloOliver Parr

ContrabaixoAntónio A. Aguiar

FlautaStephanie Wagner

ClarineteVictor J. Pereira

FagoteRoberto Erculiani

TrompeteGary Farr

TromboneRicardo Pereira

AcordeãoPaulo Jorge Ferreira

Percussão Mário TeixeiraManuel Campos

PianoJonathan Ayerst

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