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0DSXWR GH 'H]HPEUR GH $12 ;; 1 o 3UHoR 0W 0RoDPELTXH · Rei Buyelekhaya Dalindyebo, que é também membro do clã Madiba e sobrinho de Mandela. É ele que deverá liderar os rituais

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  • TEMA DA SEMANA2 Savana 13-12-2013

    Milhares de sul-africa-nos de todos os estra-tos sociais, de todas as raas, de todos os credos religiosos, convergiram, na ltima quarta-feira para os Union Buildings em Pretria, para pres-tarem a sua ltima homenagem a Nelson Mandela.

    O corpo do primeiro Presidente democraticamente eleito da frica do Sul partiu na manh do mesmo dia da casa morturia do Hospital Militar de Pretria, onde se encon-trava depositado desde a sua morte na noite de 5 de Dezembro. sada do Hospital Militar, o cortejo fnebre seguiu uma rota de cerca de quatro quilmetros entrando pela Avenida Trichardt, passando pelas Avenidas Kgosi Mampuru e Madiba, at chegar ao edifcio principal do governo, onde o corpo de Tata, como tambm era conhecido Mandela, deveria estar em cmara ardente at amanh, sbado.O corpo repousa numa tenda de 7,2 metros de altura, 11,2 metros de comprimento e 10,5 metros de largura, erguida especificamente para o evento, e posicionada de-fronte do mesmo anfiteatro do edi-fcio do governo onde em Maio de 1994 Nelson Mandela foi investido no cargo de primeiro Presidente de uma frica do Sul livre, depois de quase trs sculos de ocupao es-trangeira e cinco dcadas de discri-minao racial. O anfiteatro passou a exibir, des-de tera-feira, o nome de Nelson Mandela, de acordo com o anncio feito pelo Presidente Jacob Zuma, durante a cerimnia pblica de homenagem a Mandela, no Soccer City Stadium, onde residentes da cidade de Joanesburgo e arredo-res, na companhia de Presidentes, Primeiros-Ministros, Monarcas, Prncipes e Princesas provenientes

    de 91 pases e representantes de or-ganizaes internacionais tiveram a ocasio de celebrar a vida e obra deste homem sobre quem na fri-ca do Sul se entoa uma cano que diz: no h ningum igual ele. sada do Hospital Militar, e avan-ando a uma velocidade de cerca de 50-60 quilmetros por hora, o cortejo era encabeado por cerca de duas dezenas de motorizadas da polcia, seguidas de vrias viaturas transportando familiares e algumas personalidades polticas locais e estrangeiras. O caixo contendo os restos mortais de Mandela, envol-to na bandeira verde-branca-azul--amarela, seguia num Mercedes Benz kombi, de cor preta. chegada aos Union Buildin-gs, pouco depois das 07:30 horas, seguiu-se a entoao do Hino Na-cional, antes de seis militares repre-sentando os trs ramos das Foras Armadas transportarem a urna para a tenda gigante, seguidos por Mandla Mandela, o seu neto pri-

    mognito, e de um oficial da pol-cia. Enquanto isto, helicpteros da polcia patrulhavam o espao areo da zona do edifcio.Os familiares directos de Mandela, liderados por Graa Machel, foram os primeiros a passarem pelo cor-po, cerca das 10:00 horas, seguidos pelos membros do governo e digni-trios estrangeiros que se fizeram frica do Sul para estarem presen-tes nas exquias. s 12:00 horas, a homenagem foi aberta aos membros do pblico, que em considerveis nmeros, desde as primeiras horas do dia alinha-vam os dois passeios que ladeiam as trs largas avenidas percorridas pelo cortejo. De acordo com dados avanados pelo Protocolo Nacional, a previso de duas mil pessoas a verem o corpo por hora, durante o perodo til de trabalho nos trs dias em que o corpo estar em c-mara ardente. Os cidados interes-sados devero ser transportados de autocarro a partir de vrios pontos

    da cidade de Joanesburgo e arredo-res at ao local, que durante todo este perodo estar interdito cir-culao de viaturas privadas.Durante os trs dias, o fretro ser transportado do Hospital Militar para os Union Buildings, e devol-vido ao fim do dia.

    Um funeral ao rigor da tra-dio XhosaNelson Mandela nasceu a 18 de Ju-lho de 1918 em Mvezo, no antigo Transkei, actualmente a provncia do Cabo Oriental. , portanto, da etnia Xhosa, cujos rituais fnebres no so amplamente conhecidos.Os lderes tradicionais Xhosas tm se esforado em manter alguns dos seus ritos tradicionais, especial-mente os relacionados com morte, em estrito segredo como forma de preservar a intimidade e essncia do seu povo.Mas alguns detalhes comeam a surgir publicamente sobre o que tem estado a acontecer desde a morte de Mandela e o que ir acontecer antes do seu enterro no domingo, em Qunu, aldeia onde ele passou os anos mais avanados da sua infncia, depois de para l os seus pais se terem transferido.O prprio Mandela um lder tra-dicional por linhagem no cl dos

    Madiba, mas nunca exerceu esse poder, tendo o passado para o seu neto Mandla. Fontes tradicionais indicaram que apesar das exquias fnebres de Mandela serem um assunto do Es-tado, devido ao seu estatuto de an-tigo Presidente, elas sero tambm rodeadas de alguns rituais tradicio-nais.O primeiro rito tradicional a evocao do esprito Madiba, logo que se tomou conhecimento da sua morte. Este acto foi realizado pelo principal herdeiro de Mandela na chefia do cl Madiba, o seu neto Mandla. Outro ritual que um dos mem-bros mais velhos da famlia Man-dela ter de informar o esprito Madiba sobre todos os movimen-tos e a localizao exacta do corpo de Mandela desde a morte at sepultura.A crena tradicional de que se este ritual no for observado, o es-prito nunca estar sossegado.De acordo com o General Themba Matanzima, porta-voz da famlia Mandela, citado pelo jornal So-wetan, chegada a Qunu, o cor-po de Mandela ser recebido pelo Rei Buyelekhaya Dalindyebo, que tambm membro do cl Madiba e sobrinho de Mandela. ele que dever liderar os rituais de aceita-o dos restos mortais, falando para os seus espritos e informando-os do regresso definitivo de Mandela a casa.O corpo de Mandela estar sob vi-glia por membros mais velhos do cl Madiba durante toda a noite de sbado, at ao amanhecer no dia do enterro.Segundo informaes avanadas por elementos ligados organiza-o, depois do funeral, no domingo, haver um voto de agradecimento a ser proferido pelo General Bantu Holomisa, antigo lder do bantus-to de Transkei, durante o regime do apartheid. Depois de 1994, Holomisa foi membro do ANC e do governo sul-africano, mas mais tarde segui-ram-se desavenas que o levaram a fundar o Movimento Democrtico Unido (UDM), pelo qual actual-mente membro do parlamento.

    A ltima despedida a MadibaPor Fernando Gonalves, em Joanesburgo Fotos Naita Ussene

    Cerca de 90 mil pessoas estiveram na ltima despedida de Mandela

    Winnie Mandela e Graa Machel protagonizaram um momento histrico no funeral de Mandela com um gesto nico e inesperado

  • TEMA DA SEMANA 3Savana 13-12-2013

    Deve haver vrias formas de dizer adeus queles que nos deixam pela ltima vez, com destino ao seu ltimo descanso.

    Mas mesmo nessa variedade de ritos que a multiculturalidade do planeta nos impe, as exquias f-nebres de Nelson Mandela devem ter sido at hoje as nicas, possivel-mente sem igual para vrias gera-es ainda por vir. Presidentes, Primeiro-Ministros, Monarcas, Prncipes, Princesas e vrias outras personalidades de to-dos os cantos do mundo puseram de lado as suas demasiado preen-chidas, e em alguns casos comple-xas agendas, para se fazerem pre-sentes na despedida final de um homem que dedicou toda a sua vida como adulto luta por uma trans-formao positiva do mundo.E muitos no o fizeram por uma mera formalidade protocolar. Fize-ram-no porque, de uma ou de outra forma, sentiram-se profundamente tocados no seu ntimo pela luta que Mandela travou para transformar a maneira de pensar, de estar e de convivncia com o prximo.O homem que com o seu sorriso magntico e no disfarado, com a sua espontaneidade, dana e sim-plicidade inspirou os sul-africanos e muitos povos oprimidos do mun-do a acreditarem que no h armas sofisticadas e em quantidades sufi-cientes para debelar a determinao de um povo de se libertar das foras da opresso.Como o descreveu a jovem Lebo Sereetsi, de Taung, na provncia de Northwest, que disse que no que-ria dizer muita coisa, se no apenas que Mandela o Jesus de frica. Aqui dizemos, acrescentou, Cia yo ya tshwana le ena (no h ningum igual a ele).Sereetsi diz que tinha apenas trs anos de idade quando Mande-la saiu da priso em Fevereiro de 1990. Mas acredita que devido poltica do apartheid, s pode ter sido graas luta e ao sacrifcio de Mandela que ela hoje pode se or-gulhar de possuir um diploma em assistente de gesto.Ele transformou as nossas vidas para o melhor, sublinha. Nunca a frica do Sul voltar a ser como dantes. Ele sacrificou a sua vida para que jovens pretas como eu, pudssemos ser livres e tivssemos acesso a oportunidades que antes s os brancos que tinham.Uma outra jovem, Rebecca Phaka-thi, empregada de um supermer-cado em Joanesburgo, descreveu Mandela como um lder que pres-tou um grande servio frica do Sul. Se viu todos aqueles lderes que vieram de vrias partes do mundo para o homenagear, ento d para perceber a dimenso deste homem;

    era para ns um pai. Como jovens, servimo-nos dele como a chama que iluminava a nossa luta pela li-bertao do nosso pas, acrescen-tou.E tudo isso podia ser testemunha-do pelo entusiasmo das pessoas que aos milhares desafiaram a chuva para se fazerem presentes na ceri-mnia de Estado em homenagem a Mandela, realizada na tera-feira no Estdio FNB (ou Soccer City), o reduto de uma das mais emble-mticas equipas de futebol da fri-ca do Sul, o Kaizer Chiefs. O FNB foi o mesmo local onde Mandela fez a sua ltima apario pblica em Julho de 2010, durante a final do Campeonato Mundial de Fute-bol. S que desta vez, a cerimnia de homenagem a Mandela foi feita na sua ausncia; o seu corpo encon-trando-se na morgue de um Hos-pital Militar em Pretria, cerca de 70 quilmetros para o norte.Num lugar onde se poderia espe-rar nas pessoas um semblante de desolo, choros e lgrimas, a cano, a dana e todo o tipo de manifes-taes denunciavam um ambiente de festa. No uma festa no sentido literal do termo, mas podia se ver em todos os presentes que o objec-tivo era celebrar a vida e obra do homem que na noite do dia 5 de Dezembro tinha deixado de res-pirar aos 95 anos de idade, depois de meses de uma luta sem trguas contra uma concorrncia de enfer-midades que a idade j no ajuda a debelar com facilidade.A cerimnia de tera-feira deve ter sido a maior concentrao de Che-fes de Estado e de governo jamais vista fora das sesses da Assembleia Geral das Naes em Nova Iorque. Do Brasil, a Presidente Dilma

    Rousseff trouxe no seu avio os seus predecessores Incio Lula da Silva (2003-2010), Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Fernando Collor de Mello (1990-1992), e Jos Sarney (1985-1990).Barack Obama fez-se acompanhar, para alm da sua esposa Michel-le, dos antigos Presidentes Jimmy Carter, George Bush, Bill Clinton e George W. Bush.Como diria a supermodelo britni-ca Naomi Campbell, que uma vez descreveu Mandela como seu pa-drinho honorrio, s ele poderia juntar toda a gente desta forma. Conheci-o durante 20 anos, e uma honra e bno estarei eter-namente grata por isso. Outras personalidades do mundo das artes tambm estiveram pre-sentes, tais como a vecendora de scar Charlize Theron, que na-tural da frica do Sul, bem como o lder dos U2, Bono. Para alm dos discursos, a cerim-nia foi tambm acompanhada por actuaes musicais das cantoras Thandiswa Mazwai e Zahara.Houve tambm actuaes de Yvonne Chaka Chaka, de Sibon-gile Khumalo, que entoou o Hino Nacional Nkosi se Kelele frica (Deus abene frica), e Thandi Klaasen.O cantor de Gospel dos Estados Unidos, Kirk Franklin, agraciou a cerimnia com o seu clssico My Llife Is In Your Hands (A Minha Vida Est Nas Suas Mos). O jornal Sowetan descreveu a mag-nitude do evento, juntando um di-versificado grupo de personalidades de todas as reas, desde polticos, artistas, jornalistas e desportistas, como a demonstrao inequvoca de como Mandela era respeitado em todo o mundo.

    O que se esperava que fosse uma cerimnia solene, em homenagem ao fundador da nao sul-africana, Nelson Mandela, esta tera-feira, foi marcado por momentos pouco dignificantes, quando pelo menos em cinco oca-sies, o Presidente Jacob Zuma foi apupado por dezenas de vozes que se encontravam nas bancadas do Estdio FNB no Soweto, ar-redores de Joanesburgo.Zuma foi alvo de assobios por parte de indivduos que se presume serem membros descontentes do ANC, a quem se juntaram alguns apoiantes do antigo lder da organizao juvenil do ANC, Julius Malema.Os assobios surgiam sempre que os ecrans gigantes montados em torno do estdio mostravam a figura do Presidente, obrigando o Vice-Presidente do ANC, Cyril Ramaphosa, que era o mestre de cerimnias, a intervir para apelar pela observncia da disciplina. Vamos cooperar. Mandela era um quadro disciplinado do nosso movimento. Devemo-nos despedir dele com disciplina, disse Ra-maphosa.Antes da interveno de Zuma, que foi o ponto mais alto das co-memoraes, um dos membros do Comit Executivo Nacional do ANC e antigo Comandante Geral da Polcia, Bheki Cele, deslo-cou-se a um dos locais onde se encontravam os autores dos protes-tos, apelando um por um para que pusessem fim aos seus protestos. Quando faltam ao respeito ao Presidente, vocs esto a faltar res-peito ao ANC, disse Cele.Uma das mulheres que fazia parte do grupo disse que os protestos contra Zuma resultavam da sua incapacidade de manter o legado de Mandela. Ela acrescentou que o Presidente Zuma no deveria estar presente na cerimnia devido aos seus inmeros alegados es-cndalos, incluindo o relacionado com a remodelao da residncia privada do Presidente Zuma na sua aldeia natal de Nkandla, em KwaZulu Natal, onde foram aplicados fundos do errio pblico.O porta-voz do ANC, Jackson Mthembu, citado pelo jornal The Star como tendo dito que os manifestantes contra Zuma eram in-divduos que pretendiam apoderar-se do evento. possvel protestar contra o Presidente em qualquer lugar, in-cluindo nas reunies do ANC. Porque que o tm de fazer quando estamos a homenagear Nelson Mandela, o filho querido do nosso povo?, questionou.A manifestao de desrespeito pela figura do Presidente do ANC e da frica do Sul foi um grande embarao para o governo, numa altura em que participavam nas cerimnias Chefes de Estado e de Governo e personalidades de vrias partes do mundo, os quais pou-co ou nada tm a ver com as questes internas da frica do Sul.Alguns analistas interpretaram tambm as manifestaes contra Zuma como fazendo parte da campanha eleitoral, uma vez que o pas dever realizar eleies em Abril prximo.Em contraste com os apupos a Zuma, os participantes saudaram efusivamente o antigo Presidente Thabo Mbeki, quando este deu entrada no estdio acompanhado da sua esposa Zanele, e sempre que a sua imagem aparecia no ecr gigante.Mas apesar deste embarao, Zuma dirigiu-se aos presentes, e na-quilo que foi interpretado em certos crculos como resposta a ale-gaes feitas por Mbeki, sobre o uso em vo do nome de Mandela para fins polticos, o Presidente Zuma diria: No chamamos Ma-diba de fundador da nao do arco ris meramente por razes de correco poltica e relevncia. Fazemo-lo porque ele estabeleceu as fundaes firmes para a frica do Sul dos nossos sonhos uma frica do Sul unida, no racial, no sexista, democrtica e prspera.

    Nas exquias de Mandela

    Zuma humilhadoA maior concentrao de lderes mundiais fora de Nova Iorque

    Homenagem a Madiba

    Por Fernando Gonalves, em Joanesburgo

    Funeral de Madiba proporcionou um encontro histrico entre Barack Obama e Raul Castro

  • TEMA DA SEMANA4 Savana 13-12-2013TEMA DA SEMANA

    A morte de Nelson Mandela, aos 95 anos de idade, causou comoo entre as mais diversas personalidades da vida po-ltica e artstica. Veja o que eles disseram.Ele agora est em paz, Jacob Zuma, presidente da frica do Sul

    Apagou-se a voz livre e libertadora, a voz de uma figura emblemtica cujos ideais registaram seguidores em todo o mudo, Armando Guebuza, presidente de Moambique.

    No nos vamos concentrar na morte, mas na obra. o cone do amor ao prximo, paz e reconciliao, Fernando Mazanga, porta-voz da Renamo, o principal partido da oposio em Moambique.

    Ele mostrou seu prprio carcter, e inspirou-nos muitas das qualidades de Deus: bondade, compaixo, desejo por justia, paz, perdo e recon-cializao, Desmond Tutu, arcebispo emrito da igreja Anglicana na Ci-dade do Cabo e vencedor do Prmio Nobel da Paz.

    No consigo imaginar minha vida sem o exemplo de Mandela, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.Mandela guiar aqueles que lutam pela justia social, Dilma Rousseff, presidente do Brasil.

    Uma grande chama se apagou com a morte de Mandela, David Came-ron, primeiro-ministro britnico.O exemplo de Nelson Mandela e o seu legado poltico a favor da liber-dade e da no violncia, ngela Merkel, chanceler alem.

    Ele foi um grande homem. Um gigante para a justia e fonte de ins-pirao para a humanidade, Ban Ki-moon, secretrio-geral das Naes Unidas.

    Mandela soube, com sabedoria e perspiccia, elevar os valores univer-sais da liberdade, justia, paz e tolerncia, rei Mohamed VI de Marrocos.

    Um gigante que revelou o melhor do ser humano, presidente do Senegal Macky Sall.

    Todos ns gostaramos de o ter por mais tempo, porque serviu de inspirao e deixou ensinamentos que sero muito teis ao longo dos anos, presidente de transio da Guin-Bissau, Serifo Nhamadjo.

    Estou profundamente entristecido com a morte do senhor Mandela, antigo campeo do mundo de boxe de pesados Muhammad Ali.

    Mandela foi um homem sbio que sabiamente conduziu o processo de transio pacfico para a democracia e a reconciliao nacional sul-afri-cana, pgina de ouro na histria pela libertao do continente africano, Presidente de So Tom e Prncipe, Manuel Pinto da Costa.

    Rezo para que o exemplo [de Mandela] inspire geraes de sul-africa-nos a colocar a justia e o bem comum frente das ambies polticas, Papa Francisco.

    Nelson Mandela sem dvida que acreditava na liberdade e na igual-dade entre os seres humanos, no s no seu pas, mas em todo o globo e nunca hesitou nesta firme crena, presidente do Iro, Hassan Rohani.

    Depois de sacrificar uma grande parte da sua ilustre vida na priso para acabar com a horrenda prtica do apartheid, trouxe nova vida, dignida-de e liberdade ao povo sul-africano e a toda a frica, que conta com a maior representao regional na Commonwealth, presidente em exerc-cio da Commonwealth, Mahinda Rajapaksa, do Sri Lanka.

    A UNESCO est orgulhosa e sente-se honrada por ter podido contar com Nelson Mandela entre os membros da sua famlia, directora-geral da UNESCO, Irina Bokova.

    J no sculo XV quando os navegadores portugueses contornavam o Cabo na costa sul-africano se falava de um gigante batizado de Ada-mastor. Na verdade, s cinco sculos depois, nasceu o verdadeiro Gigan-te, um amor de ser humano, filho de africanos, pai de uma frica onde s existe uma raa no mundo dos racionais, a raa humana, secretrio--geral da FRETILIN.

    Era um homem extraordinrio, inteligente e um estadista de talento. Disse-me muitas vezes que a perestroika na Unio Sovitica fez muito para ajudar o seu pas a livrar-se do apartheid, Mikhail Gorbachov.

    Mandela, tendo passado pelas provaes mais difceis, estava compro-metido at ao fim dos seus dias com os ideais de humanismo e justia, Presidente da Rssia, Vladimir Putin.

    A rainha ficou profundamente triste ao saber da morte de Nelson Mandela na noite passada. Ele trabalhou incansavelmente para o bem do seu pas e o seu legado a paz que hoje vemos na frica do Sul, rainha de Inglaterra, Isabel II.

    Personalidades lamentam morte de Mandela

    Sumarizando a grande festa que foi o servio de despe-dida a Mandela, os desta-ques internacionais vo para a enorme vaia ao actual presidente Jacob Zuma ( JZ), o aperto de mo entre os presidentes Barack Obama dos EUA e Raul Castro de Cuba e o beijo na boca de Winnie Mandela e Graa Machel, as duas ltimas espo-sas de Madiba.Os BRICS estiveram em peso na despedida formal a Nelson Mandela: falou Dilma Roussef, a presidente do Brasil, o presidente da ndia, Pranab Mukherjee e o vice-presidente da R. P da China, Li Yuanchao. Faltou Vladimir Putin da Rssia, um dos grandes aliados do ANC e do Partido Comunista sul-africano.Se inquestionvel a relevncia dada pelo ANC e a frica do Sul demo-crtica a Raul Castro de Cuba, cau-sou grande estranheza, a ausncia da Europa, da Unio Europeia e mesmo da Commonwealth nos discursos formais de despedida a Madiba.Ficou tambm por perceber a rele-vncia dada Nambia como pas que teve direito a discursar no podium. Se o racional fosse o passado de luta, Moambique tem o problema do Acordo de Nkomati, Mugabe teve as suas diferenas com Mandela, Angola no trouxe Jos Eduardo dos Santos e tambm havia o dossier Unita. Entre a Zmbia e Tanznia, o protocolo foi buscar o representante da antiga quinta provncia da frica do Sul.

    Outras ausncias notadas foram as do Primeiro-Ministro de Israel, Ben-jamin Netanyahu, do papa Francisco e do lder espiritual tibetano, Dalai Lama. Da frica Austral s faltou mesmo o gazeto habitual, Jos Eduardo dos Santos. At Kenneth Kaunda veio.Por razes de sade no estiveram presentes a rainha de Inglaterra, Isabel II, o antigo lder cubano Fi-del Castro e o presidente de Israel Shimon Perez. Devido a uma gaffe diplomtica no veio o Primeiro-Mi-nistro da Repblica Checa que numa conversa indiscreta no parlamento disse que era uma chatice viajar para frica. Delegaes de peso as dos Estados Unidos e da Gr-Bretanha. Oba-ma veio com George W. Bush, Bill Clinton e Jimmy Carter, antigos pre-sidentes. O Primeiro-Ministro Brit-nico, David Cameron, veio com Gor-don Brown, Tony Blair e John Major.No foi s Jacob Zuma que foi apu-pado no estdio do Soweto. A sua an-tiga esposa Nkosazana Dlamini-Zu-ma, agora na presidncia executiva da Unio Africana teve de ter a ajuda de Cyril Ramaphosa, o vice-presidente do ANC e mestre de cerimnias, para conseguir falar. No final, para tentar controlar o embarao, com a multi-do a abandonar o estdio quando Zuma falava, o bispo Desmond Tutu apelou disciplina, lembrando como era firme nessa matria o finado.Os comentadores ocidentais, mais uma vez, no esconderam o seu es-

    Notas de um memorial

    panto com a aclamao de que foi alvo Robert Mugabe do Zimbabwe. O velho dspota continua a ter claque em muitos pontos do globo, especial-mente em frica. Tambm F. W. de Klerk, o presidente do apartheid que fez a reconciliao com Mandela, teve direito a fortes aplausos.Para alm da festa popular, den-tro e fora do estdio, na celebrao dos discursos, Barack Obama este-ve imparvel. Para alm da ovao inicial, dos aplausos de p no fim, a sua interveno eloquente foi vrias interrompida pelos aplausos dos sul--africanos.Obama, no final, no dispensou uns segundos num informal com Gra-a Machel. As cmaras mostraram como passou em frente a Winnie sem lhe dirigir palavra. O sinal televisivo das cerimnias era um exclusivo da SABC, o con-troverso servio de rdio e televiso sul-africano. Mesmo com a etiqueta orgulhosamente sul-africano, as tomadas de vista do estdio e dos lu-gares reservados aos VIP ignoraram praticamente a maioria dos chefes de estado africanos, de facto o continen-te que se fez representar em peso nas cerimnias de despedida a Mandela. Ao contrrio do esperado, o Est-dio FNB no Soweto no esgotou os seus 90 mil lugares. Mas a moldura humana foi impressionante, num dia de trabalho normal e perante a chuva que no parou de cair. Como na des-pedida a Samora.

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  • TEMA DA SEMANA 5Savana 13-12-2013 TEMA DA SEMANA

    O The New York Times revelou em 1990 que a CIA desempenhou um importante papel na priso de Mandela em 1962. A agncia, usando um agente in-filtrado no Congresso Nacional Africano (ANC), deu polcia sul-africana informaes precisas sobre as actividades de Mandela. Segundo o dirio norte-ameri-cano, um agente da CIA relatou: Entregamos Mandela seguran-a da frica do Sul. Demos-lhes todos os detalhes, a roupa que ele estaria a usar, o horrio, o exacto local onde ele estaria.

    Thatcher e a terra do faz de contaEm 1987, quando o ento primei-ro-ministro Cavaco Silva alinhou Portugal com a Gr-Bretanha e os Estados Unidos num voto con-tra o fim do apartheid e a liberta-o de Nelson Mandela, a ento primeira-ministra britnica Mar-garet Thatcher dizia: O ANC - Congresso Nacional Africano, partido de Mandela - uma tpica organizao terrorista... Qualquer um que pense que ele v governar a frica do Sul est a viver na ter-ra do faz de conta.Reagan dizia que apartheid era essencial para o mundo livreNos Estados Unidos, a opinio sobre Mandela no era diferen-te: o presidente Ronald Reagan inscreveu o ANC na lista de or-ganizaes terroristas. Em 1981, Reagan disse que o regime sul--africano o regime do apartheid era essencial para o mundo livre. Reagan explicou rede de TV CBS que o seu apoio ao go-verno sul-africano se devia a que um pas que nos apoiou em to-das as guerras em que entrmos, um pas que, estrategicamente, essencial ao mundo livre na sua produo de minerais.Mandela precisava de autorizao especial para entrar nos EUAS em 2008, Mandela e o ANC deixaram a lista americana de organizaes e terroristas em ob-servao. At ento, Mandela pre-cisava de uma permisso especial para viajar para os EUA.Outro pas que se manteve li-gado ao regime segregacionista sul-africano foi Israel. Durante muitos anos, o governo israelita manteve laos econmicos e rela-es estratgicas com o regime do apartheid. Na ltima sexta-feira, o governo israelita lamentou a morte de Mandela afirmando que o mundo perdeu um grande lder que mudou o curso da histria e que ele foi um apaixonado defen-sor da democracia.

    Eu tambm era um terro-rista ontemEm entrevista ao jornalista Larry King da CNN em 2000, o prprio Mandela falou sobre esta mudan-a de tratamento. verdade.

    Ontem, chamavam-me terrorista, mas quando sa da cadeia, muitas pessoas me abraaram, incluindo

    os meus inimigos, e isso que digo habitualmente s outras pes-soas que dizem que os que lutam

    pela libertao dos seus pases so terroristas. Digo-lhes que eu tambm era um terrorista ontem,

    mas, hoje, sou admirado pelas mesmas pessoas que me chama-vam terrorista.

    CIA foi decisiva na priso de Mandela- Agente in ltrado no ongresso Na ional Afri ano AN deu todas as informa es ol ia sul-afri ana, segundo o he Ne or imes

  • 6 Savana 13-12-2013SOCIEDADE

    Enquanto as delegaes do Governo e da Re-namo no retomam as negociaes para colo-carem ponto final tenso po-litico-militar que se vive no pas, a presidente da Liga moam-bicana dos Direitos Humanos (LDH), Alice Mabota, promete mobilizar uma vez mais o povo para uma manifestao pacfica escala nacional, como forma de pressionar as duas partes a resol-ver esta situao de incertezas e que coloca em causa os direitos humanos. A falta de consensos quanto a entrada ou no dos mediadores nas negociaes entre Governo e Renamo est a barrar o reata-mento dos encontros desde a sua paralizao no ms de Outubro. Assim, assiste-se a um novo mo-dus operandi, no qual o Governo faz a sua conferncia de impren-sa no Centro Internacional de Conferncias Joaquim Chissa-no acusando a Renamo de no querer dialogar e o partido de Afonso Dhlakama faz o mesmo na sua sede nacional.Jos Pacheco, chefe da delegao governamental, defendeu esta segunda-feira que assuntos do-msticos tm que ser tratados ao nvel domstico pelos moam-bicanos, pelo que apenas devem intervir observadores nacionais.Por seu turno, Saimone Ma-cuiana, chefe da delegao da Renamo, reiterou que o retorno mesa negocial s poder ser possvel mediante a resposta da carta endereada ao Presidente da Repblica, Armando Gue-buza, na qual exige a presena dos observadores nacionais e fa-cilitadores estrangeiros, como a nica alternativa para o alcance de consenso que foge desde o ar-ranque das negociaes. A Renamo props ainda que fossem realizadas duas rondas semanais de modo que este as-sunto seja ultrapassado para que os moambicanos passem as fes-tas do natal e fim de ano com garantias da paz. Mais uma manifestao

    a aDepois de uma apreciao po-sitiva s manifestaes pacficas que tiveram lugar nas cidades de Maputo, Beira, Quelimane e Nampula como sinal de repdio aos raptos, que culminaram com a morte de um menor na cidade da Beira, a presidente da LDH, Alice Mabota, promete levar a cabo mais uma onda de mani-festaes e desta vez escala na-cional como forma de contestar a maneira como as negociaes entre o Governo e Renamo esto

    a decorrer. Mabota aponta que preciso que o povo pressione as duas partes com aces claras para que levem o dilogo de forma sria para que a paz seja uma re-alidade no pas. Mais ainda, destaca que pre-ciso diferenciar questes polti-cas com as de Estado. A paz e o bem estar dos moambicanos so questes de estado, pelo que o povo estar a exigir ao Presi-dente da Repblica o que tem de direito e pelo facto de ser o mesmo povo que o elegeu. Segundo Mabota, no existe um jogo sem rbitro e nem assisten-tes, o que significa que h neces-sidade de haver mediadores no dilogo e a sociedade civil tam-bm deve ser parte integrante. altura do Governo dizer que a paz interessa aos moambica-nos e abrir um concurso pblico com os respectivos critrios de avaliao para eleio de perso-nalidades da sociedade civil para representar os interesses do povo no dilogo, disse.Governo tem agenda obscuraO presidente do Partido para Paz e Desenvolvimento (PDD), Ral Domingos, que foi um dos principais protagonistas da assi-natura do Acordo Geral de Paz, diz estar indignado com o rumo que o pas est a tomar de retor-no guerra por falta de consen-sos nas negociaes entre o Go-verno e a Renamo.Tenho um encontro agendado para breve com o Presidente da Repblica para discutirmos a manuteno da paz no pas dis-se, tendo acrescentado que em paralelo est a levar a cabo en-contros com outras personalida-des que estiveram envolvidas nas negociaes de Roma, porque o povo no quer retornar ao sofri-mento 21 anos depois.Domingos considera que h fal-ta de vontade poltica para que o dilogo entre as duas delegaes tenha o sucesso desejado.O presidente do PDD avana que isto sinal de que o Gover-no tem uma agenda obscura que no seja paz, reconciliao e de-senvolvimento e que ainda no quer rever. Isto porque desde o incio do dilogo a Renamo j exigia a presena de mediadores, passadas 24 rondas o Governo vem admitir a possibilidade de incluso de mediadores nacio-nais apenas.Acho estranho e ambguo que o Governo no queira media-dores estrangeiros, enquanto ao mesmo tempo h envolvimento de tropas estrangeiras nas ope-

    raes de Gorongosa, disse Do-mingos.Noutra vertente, o presidente do PDD disse que os resultados das

    Liga dos Direitos Humanos ameaa sair ruapara protestar contra o no avano do dilogo entre o Governo e a Renamo

    Por Argunaldo Nhampossa

    eleies autrquicas provaram mais do que nunca a pertinncia da paridade nos rgos eleito-rais.

    Para Domingos, a Renamo agiu bem em no participar nas elei-es autrquicas, pois era fora poltica mais visvel a reclamar falta de transparncia nos pro-cessos eleitorais.

  • 7Savana 13-12-2013 PUBLICIDADE

  • 8 Savana 13-12-2013SOCIEDADE

    1 . A Frelimo adoptou uma atitude comedida na ex-plorao poltica da sua vi-tria nas recentes eleies autrquicas. uma linha recomen-dada pelo Presidente, Armando Emlio Guebuza (AEG), com base em pontos de vista segundo os quais a vitria foi menos importante do que se esperava.Nas anlises polticas sobre as elei-es geralmente enfatizado/valo-rizado o resultado alcanado pelo MDM (Movimento Democrtico de Moambique), apesar de no ter ganho globalmente. So realadas as suas vitrias na Beira, Quelima-ne e Nampula e o elevado score, cerca de 40%, obtido em Maputo e Matola.O principal esforo eleitoral da Fre-limo consistiu em reconquistar a presidncia dos municpios da Beira e Quelimane e conservar Nampu-la o que, de todo, no conseguiu. Alberto Chipande, Jos Pacheco e Vernica Macamo, dirigentes da Frelimo, foram designados para acompanhar individualmente cada um dos trs processos.2 . Uma vitria eleitoral substancial da Frelimo fazia parte dos clculos de AEG e da sua ala no partido, tendo em vista um reforo da sua liderana (AM 797). O propsito era o de suplantar os seus opositores

    internos, de modo a criar ambiente para melhor afeioar ao seu interes-se decises como a escolha do can-didato presidencial.De acordo com informaes no inteiramente verificadas, AEG pre-para-se para convocar ainda para Dezembro uma reunio do CC da Frelimo essencialmente destinada a escolher/designar o candidato s eleies presidenciais de 2014. corrente a ideia de que a magreza da vitria eleitoral o obrigar a fazer concesses na escolha.3 . Em momento imediatamente a seguir s eleies, dignitrios da Frelimo procederam a enaltecimen-tos pblicos daquilo que supunham, com base em rumores e informa-es consideradas selectivas, viria a ser a vitria do partido. Nos referi-dos enaltecimentos era exaltada a liderana de AEG.Pascoal Mocumbi, prestigiado his-trico da Frelimo, ex-PM e geral-mente identificado como um dos opositores internos de AEG, in-terpretou o resultado das eleies como afirmao da possibilidade de em 2014 ocorrer uma rotao no exerccio do poder em Moam-bique.O resultados eleitorais alcanados pelo MDM tambm so valoriza-dos por ilaes segundo as quais o partido, apesar da sua ainda curta

    existncia, conseguiu organizar-se e aplicar-se de modo a fazer face a circunstncias eleitorais adversas, entre as quais o ambiente fraudu-lento (AM 784) associado ao pro-

    cesso.4 . O resultado do MDM excedeu previses anteriores (AM 798) ba-seadas em factores considerados favorveis sua campanha, entre

    os quais serenidade do seu discurso, mais apurada capacidade de organi-zao, mais generosos apoios exter-nos, ausncia da Renamo e impo-pularidade da Frelimo.

    Resultados eleitorais amargos para Frelimo, de conforto para MDM

  • 9Savana 13-12-2013 PUBLICIDADE

  • 10 Savana 13-12-2013PUBLICIDADE

    A Misso dos Estados Unidos da Amrica em Maputo convida a todas as empresas interessados em fornecer servios de jardinagem e manuteno de piscinas emdois edifcios de escritrios e 6Residencias em Maputo a solici-tarem os Termos de Referncia atraves do endereo elec-trnico [email protected].

    Requisito do trabalho: fornecimento de mo de obra, su-perviso e de todosos materias e produtos necessrios `a execuao dos servios.Os locais de trabalho incluem a Chancelaria na Avenida Kenneth Kaunda, o Centro Cul-tural Americano na Avenida Mao Tse Tung, e ainda, 6 resi-dencias.

    Este contrato ser celebrado por um perodo inicial de doze (12) meses de calendrio, com incio em 01 de Fe-vereiro de 2014, podendo ser renovado anualmente de acordo com a qualidade do trabalho realizado.

    Haver uma oportunidade nica para as empresas inter-essadas em apresentar propostas visitarem os locais de trabalho e receberem esclarecimentos, sendo obrigatria a inscrio antecipada para a visita. Para a inscrio, fa-

    vor contactar o Senhor Ben Swanson pelo endereo elec-trnico [email protected], com conhecimento para [email protected] [email protected],fornecendo os dados do representante que a empresa pretende enviar para a visita guiada. O registo limitado a 1 (uma) pessoa por cada empresa interessada.A visita `as instalaes ser realizada na Quarta-feira do dia 18 de Dezembro de 2013, das 8:00 `as 12:00 horas.

    A proposta completa poder ser enviada por e-mail para Benjamin Swanson pelo endereo electrnico [email protected], com conhecimento para Francoise Rena pelo endereo elecronico [email protected] para Raimundo Chadreque pelo endereo [email protected] por carta fechada para o endereo

    dia 27 de Dezembro de 2013:

    Embaixada dos EUAA/C: A/GSO, Benjamin Swanson

    Av . Kenneth Kaunda, 193Maputo, Moambique

    Embaixada dos Estados Unidos da Amrica

    Solicitao de Propostas para o Fornecimento de Servios de Jardinagem e Manuteno de Piscinas

  • 11Savana 13-12-2013 PUBLICIDADE

  • 12 Savana 13-12-2013SOCIEDADE

    Tal como vem sendo hbito, desde que Armando Gue-buza chegou ao poder em 2005, o Governo voltou a alocar para o Oramento de Esta-do 2014 (OE), mais fundos Pre-sidncia da Repblica (PR), Casa Militar, Servio de Informao e Segurana do Estado (SISE), bem como ao Ministrio do Interior e Foras Armadas.

    Para 2014, o Governo programou funcionar com o Oramento de 229.721 milhes de meticais dos quais 152.836 milhes de meticais, o correspondente a 66.5% provir dos recursos internos enquanto que os restantes 70.884 milhes de me-ticais, o equivalente a 33.5% viro de fundos externos, entre donativos e crditos.Comparativamente ao Oramento deste ano, a dependncia externa regista um aumento de oito pontos percentuais. que no Oramento de 2013, os recursos externos con-triburam com 32.8% do Oramen-to total contra 67.2% dos fundos internos.Em relao a 2013, o Oramento do prximo ano regista um aumen-to na ordem dos 54.766 milhes de meticais, o correspondente a 23.9%. No ano passado, o Oramento de Estado foi de 174.955 milhes de meticais.O nebuloso e pouco claro negcio de barcos encomendados pelo Go-verno, em nome da EMATUM, SA (Empresa Moambicana de Atum) na ordem dos 26.520 milhes de meticais, o estatuto dos mdicos bem como o reforo de meios das Foras de Defesa e Segurana que contriburam para o aumento.Dados contidos na proposta da Lei de OE para 2014, apresentado esta quarta-feira pelo Governo indicam que os rgos de represso devero voltar a ver os seus oramentos de funcionamento a aumentar de for-ma exponencial, em detrimento de sectores considerados prioritrios e que concorrem para o combate pobreza, nomeadamente a agricul-tura, investigao, combate cor-rupo entre outros.O SISE, um rgo responsvel pela contra-inteligncia e segurana do Estado e com um peso secundrio no combate pobreza, v o seu or-amento a subir em 15.1% quando comparado com o ano passado.Para 2014, ao SISE ser alocado cerca de 1.378 milhes de meticais contra 1.170 milhes de meticais que recebeu em 2013. Este valor su-pera em mais de oito vezes, o ora-mento destinado ao Ministrio de Agricultura, uma rgo central do Estado responsvel pela direco, planificao e execuo das polticas nos domnios da terra, agricultura, pecuria, florestas, fauna bravia, hi-drulica agrcola, fomento da pro-duo, extenso agrria e assistncia aos produtores, infra-estruturas b-

    sicas e servios de apoio aos produ-tores bem como e a investigao e tecnologia agrria.O sector agrrio foi definido pelo executivo moambicano como a base de desenvolvimento devido ao seu papel fulcral na produo de comida.Para o ano 2014, ao Ministrio de Agricultura foi alocado o valor de 161 milhes de meticais.O Ministrio da Agricultura (nvel central), Secretariado Tcnico de Segurana Alimentar e Nutricio-nal, Instituto Nacional de Irrigao, Instituto de Algodo de Moambi-que, Instituto de Fomento de Caj, Instituto de Investigao Agrria de Moambique, Centro de Promoo Agrcola, Instituto de Formao em Administrao de Terras de Car-tografia e Fundo de Desenvolvi-mento Agrrio, devero receber em conjunto perto de 511 milhes de meticais, menos um milho de me-ticais, que o valor alocado em 2013. O Gabinete Central de Combate Corrupo (GCCC), que nos lti-mos tempos tem estado a queixar--se de falta de meios para combater este fenmeno, dever receber 28.8 milhes de meticais, uma subida na ordem de 14.6% em relao ao valor recebido no ano passado que foi de 24.6 milhes de meticais.O Oramento atribudo ao SISE supera em 47.8 vezes o valor alo-cado ao GCCC.A Procuradoria-geral da Repblica, um rgo responsvel pela defesa da legalidade, fiscalizao do cum-primento das leis entre outras fun-es vai receber, em 2014, cerca de 225 milhes de meticais contra 210 canalizados no presente ano, o que corresponde a um aumento de 15 milhes de meticais.J o Conselho Superior da Ma-gistratura do Ministrio Pblico

    (CSMMP), rgo de disciplina da magistratura do Ministrio Pblico, ter um bolo equivalente a 28.4 de meticais, representando um decrs-cimo de 58%. Neste ano de 2013, o CSMMP funcionou com um ora-mento de 67.6 milhes de meticais.

    Foras ArmadasNuma altura em que o Comandan-te em Chefe das Foras de Defesa e Segurana est engajado na mo-dernizao e potenciao do exrci-to nacional em termos de materiais de guerra, o investimento no sector tambm no pra de aumentar.Apesar do Presidente da Repblica, Armando Guebuza, desaconselhar o recurso fora para resolver dife-rendos entre moambicanos, o Go-verno continua a exportar armas e outros materiais de guerra.H dias, foi anunciada a aquisi-o de oito barcos de patrulha. De fontes no oficiais fala-se ainda da compra de dois avies migs e ou-tro tipo de material blico, suposta-mente, para fazer face s constantes ameaas da Renamo.Assim, para o prximo ano, s For-as Armadas de Defesa de Moam-bique (FADM) ser alocado um or-amento de cerca de 4.107 milhes de meticais contra 3.378 milhes de meticais canalizados para o presen-te ano, significando um crescimento na ordem de 17.8%.A Fora Area de Moambique (FAM) adquiriu, este ano, uma luxuosa e sofisticada aeronave, de marca Beechcraft modelo Hawker 850XP, um bimotor de mdio porte e de alcance intercontinental, com capacidade para transportar luxu-osamente oito ou 10 passageiros, dependendo da configurao adop-tada, fabricada nos Estados Unidos da Amrica (EUA) e avaliada em cerca de USD14 milhes.

    Quem tambm viu o seu Oramen-to a aumentar de forma exponencial foi o Ministrio do Interior. Dos cerca de 5.467 milhes de meticais que a instituio recebeu em 2013, o valor subiu para 7.081 milhes de meticais, o correspondente a 22.8%.A Fora de Interveno Rpida (FIR), uma fora especial da pol-cia da Repblica de Moambique, interpretada como fora opressiva da Frelimo, dever ver o seu ora-mento a sair dos pouco mais de 11 milhes de meticais em 2013 para cerca de 18 milhes de meticais, em 2014, correspondendo um aumento de 38.9%.No Oramento do Estado para 2014, que est a ser debatido nesta sesso da Assembleia da Repblica, o Governo prev canalizar cerca de

    1.132 milhes de meticais Presi-dncia da Repblica, dos quais pou-co mais de 70% vai para a compra de bens e servios. Em 2013, a Pre-sidncia da Repblica teve, oficial-mente, um oramento de cerca de 1.085 milhes de meticais.O consulado de Armando Gue-buza, que j vai terminar o seu se-gundo mandato em 2014 e que por imperativos constitucionais no po-der concorrer ao terceiro, tem sido alvo das mais variadas crticas por alegados gastos excessivos com as presidncias abertas, aliados s exa-geradas e extravagantes actividades da Primeira-Dama.Lembre-se que recentemente, o Conselho de Ministros, liderado por Armando Guebuza, aprovou uma linha crdito de cerca de 72 milhes de dlares americanos, a um banco chins para a edificao de infra-estruturas na presidncia da Repblica. Neste momento, est em fase conclusiva um monstruoso e luxuoso edifcio na presidncia onde consta que servir dos futuros escritrios.A Casa Militar, a fora que garante a proteco do Presidente da Re-pblica, dever receber cerca 692 milhes de meticais. Em relao a 2013, a Casa Militar viu o seu Or-amento aumentar em pouco mais de 78 milhes de meticais, o equi-valente a 11.3%. A chamada Casa do Povo, rgo que aprova o Oramento do Estado, Plano Econmico Social e igual-mente responsvel pela fiscalizao das actividades governamentais, apesar de ter visto o seu oramen-to a ser incrementado em 115 mi-lhes de meticais passando de 670 milhes de meticais em 2013 para 785 milhes de meticais em 2014, superado em quase duas vezes pelo Oramento destinado a presidncia da Repblica.

    Apresentando o seu parecer sobre o OE, o presidente da Comisso do Plano e Oramento, Eneas Comiche, lan-ou alguns recados ao executivo pela forma como foram tratadas algumas rubricas relacionadas com a despesa de Estado.Segundo Comiche, as rubricas e as classificaes oramentais devem ser sincronizadas com o Plano Econmico Social.Diz Eneas Comiche que considerando os esclarecimentos presta-dos pelo Governo na Assembleia da Repblica, nos dias 27 e 28 de Novembro, ficou claro que para financiar as suas actividades, a EMATUM, uma empresa participada pelo Estado, recorreu emis-so de ttulos de dvida comercial no valor de USD850 milhes, cor-respondente a 26.520 milhes de meticais, tendo esta operao sido possvel devido garantia de Estado.Nessa senda, continua Comiche, a Comisso do Plano e Oramento prope incluso do valor angariado em nome da EMATUM, no Oramento de Estado de 2014.Para tal, segundo Comiche, dever se modificar a Lei Oramental, alterando o limite das despesas de investimento do Ministrio da Defesa Nacional.

    Os recados de Comiche

    Oramento robusto para Foras Armadas, PRM, SISE e PresidnciaPor Raul Senda

    Apesar do Governo propalar, nos seus discursos polticos, que pela paz, dilogo e tolerncia, o oramento das Foras de Defesa e Segurana no pra de crescer

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  • 13Savana 13-12-2013 PUBLICIDADE

  • 14 Savana 13 -12-2013Savana 13 -12-2013 15NO CENTRO DO FURACO

    Nelson Mandela: conquistando o inimigoPor John Carlin*

    Nelson Mandela chegou cedo para trabalhar a 11 de Maio de 1994, o dia seguinte sua posse como primeiro presi-dente negro da frica do Sul. Andan-do pelos corredores desertos, decora-dos com aguarelas emolduradas que enalteciam as faanhas dos colonos brancos na poca da Grande Marcha Ber, deteve-se diante de uma porta. Havia escutado um rudo do lado de dentro, por isso bateu. Uma voz res-pondeu: Entre, e Mandela, que era alto, olhou para cima e viu-se diante de um enorme afrikaner chamado John Reinders, chefe do protocolo presi-dencial durante os mandatos do lti-mo presidente branco, F. W. de Klerk, e seu antecessor, P. W. Botha. Bom dia, como vai?, disse Mandela, com um amplo sorriso. Muito bem, senhor presidente, e o senhor?. Muito bem, muuuito bem..., respondeu Mandela. Mas, se me permite perguntar, o que est a fazer? Reinders, que estava a colocar os seus pertences em caixas de papelo, respondeu: Estou a arrumar as minhas coisas, senhor presidente. Vou mudar de trabalho. Ah, muito bem. E para onde vai? Volto ao de-partamento de prises. Trabalhei l como comandante, antes de vir aqui para a Presidncia. Ah, no, sorriu Mandela. Conheo muito bem aque-le departamento. No recomendo que faa isso. Com ar srio, Mandela tentou ento convencer Reinders a ficar. Olhe, ns viemos do campo. No sabemos como administrar um rgo to complexo como a Presidncia da frica do Sul. Precisamos da ajuda de pessoas expe-rientes como voc. Eu lhe peo, por favor, que permanea no seu cargo. Te-nho inteno de no cumprir mais do que um mandato presidencial, e ento, naturalmente, voc ser livre para fazer o que quiser. Reinders, to espantado quanto extasiado, no precisou de mais explicaes. Enquanto balanava a ca-bea, perplexo e admirado, comeou pouco a pouco a esvaziar as caixas. Reinders, cujos olhos se encheram de lgrimas ao recordar a histria algum tempo depois, contou-me que, duran-te os cinco anos que trabalhou com Mandela viajando por todo o mundo com ele, s recebeu demonstraes de cortesia e amabilidade. Mandela tra-tou-o sempre com o mesmo respeito com que tratou o presidente dos Es-tados Unidos, o papa ou a rainha da Inglaterra, que, por sinal, o adorava. O primeiro presidente negro da fri-ca do Sul devia ser a nica pessoa do mundo, talvez com a excepo do du-que de Edimburgo, que sempre a cha-mava de Elizabeth, ou ao menos o nico que podia faz-lo sem ser repre-endido. (Um amigo meu lembrava de que certa noite, jantando com Man-dela na sua casa em Johanesburgo, uma criada apareceu com um telefone sem fio. Era uma ligao da rainha da Inglaterra. Com um amplo sorriso, Mandela aproximou-se do aparelho e exclamou: Ah! Elizabeth! Como vai? Como esto os meninos?)

    Um mestre consumado O que revela a relao de Mandela

    com Reinders? e ela a mesma que tinha com todos os seus colaborado-res, por mais humildes que fossem os seus cargos. o segredo do seu sucesso como lder poltico. Se a poltica con-siste em conquistar as pessoas, Man-dela, como testemunharam numerosos polticos, foi o mestre consumado. Tinha sua disposio um cocktail sedutor e irresistvel composto de um encanto infinito, nascido de uma imensa autoconfiana, alguns princ-pios inflexveis, uma viso estratgica e um pragmatismo absoluto. A sua atitude em relao a Reinders era a mesma que tinha mantido com os seus interlocutores do governo do apartheid quando iniciou as negociaes secre-tas com eles, durante os ltimos cinco anos dos 27 e meio que passou na pri-so: era a mesma que teve com toda a populao branca, a qual acabou sendo quase totalmente convencida de que ele no s no era um terrvel terro-rista, como tinham sido programados para acreditar durante o seu cativeiro, como era o seu presidente legtimo, da mesma forma como era o rei sem co-roa da frica do Sul negra.Ter-lhe-ia custado muito mais con-vencer a frica do Sul branca a aban-donar o apartheid e entregar o poder antes de ele ser preso, em 1962, e mui-to mais ainda 20 anos antes, quando se incorporou na luta pela libertao dos negros. O homem responsvel pelo seu recrutamento foi Walter Sisulu, um astuto activista sindical que, no mo-mento do seu transcendental encontro (Mandela diria posteriormente, com senso de humor, que se teria livrado de muitos problemas se nunca tivesse co-nhecido Sisulu), era um militante com mais de dez anos de experincia no movimento que viria a liderar a liber-tao da frica do Sul, o Congresso Nacional Africano (ANC). A rea rural do Transkei, onde tinha nascido e se criou no meio do que, em comparao misria geral ao seu re-dor, eram privilgios tribais. Embora tambm tivesse recebido uma slida educao secundria, era impossvel disfarar que ali, de p, no escritrio do activista sindical, Mandela era um rude campons diante de um Sisulu urbano e sofisticado. No entanto, foi Sisulu, que estava com 30 anos (Man-dela tinha 24), quem ficou impressio-nado, porque vislumbrou em Mandela a semente de um talento para a polti-ca que levaria muitos anos de luta e sa-crifcios para amadurecer. Ao recordar, 50 anos depois, o que havia pensado daquele jovem altivo no seu escritrio, Sisulu diria: Ele me impressionou mais do que qualquer outra pessoa que eu j tivesse conhecido. O seu ar, a sua simpatia Eu procurava pessoas de ver-dadeiro calibre para ocupar cargos de responsabilidade, e ele foi um presente do cu.

    Mestre do imaginrio pol-tico Demorou pouco para Sisulu conven-cer Mandela, que estudava Direito em Johanesburgo, a aderir sua causa. Mandela triunfou nas duas frentes, e montou um escritrio de advocacia com outro dirigente do ANC, Oliver

    Tambo. Mas onde teve mais sucesso foi na poltica. Ao carisma que Sisu-lu tinha visto nele, Mandela agregava um valor e um mpeto que, durante as dcadas de 1940 e 50, antes de ser encarcerado, provinham tanto do seu indignado senso das injustias a que os sul-africanos negros eram obrigados a submeter-se, quanto do seu carcter inquieto. Ascendeu rapidamente na hierarquia e transformou-se em presi-dente da Liga Juvenil do ANC, car-go que o levou a dirigir uma campa-nha nacional de desafio a um regime, cujas leis do apartheid consagravam na Constituio, as humilhaes e as con-dies de escravido de facto em que viviam os negros, no extremo sul da frica desde a chegada dos primeiros colonos brancos, em 1652. Durante aquela campanha, Mandela revelou ter um talento histrinico (o seu bigrafo oficial, Anthony Sampson, qualificou--o de mestre do imaginrio poltico) que lhe seria til muito tempo depois, quando saiu da priso na era da tele-viso globalizada. Quando lanou a campanha, em 1952, conseguiu garan-tir a presena de um grande nmero de fotgrafos da imprensa ao atear fogo no seu passe, uma caderneta de identificao que era uma ignominia do apartheid, enquanto mostrava um imenso sorriso zombeteiro. A fotogra-fia, publicada por todo o lado, electri-zou a populao negra, e dezenas de milhares de pessoas seguiram o seu exemplo. A autoconfiana do jovem Mandela raiava o descaramento. Numa reunio do comit executivo do ANC, em me-ados dos anos 50, ofendeu os lderes da organizao quando proferiu um discurso no qual previu, com uma cla-rividncia extraordinria, que um dia seria o primeiro presidente negro da frica do Sul. Naquela poca, com uma presena sempre visvel na primeira linha de re-sistncia ao apartheid, vestia-se como um milionrio. Os seus fatos eram fei-tos no mesmo alfaiate do rei do ouro e dos diamantes da frica do Sul, Har-ry Oppenheimer, e nunca deixou de ser o Dom Juan no seu crculo social nas suas incurses na vida nocturna de Johanesburgo. As fotografias dos anos 50 mostram um homem com o ar confiante de uma estrela romntica de Hollywood. As mulheres apaixona-vam-se por ele, entre elas, Winnie Ma-dikizela. E ele, que era casado e com filhos, tambm se apaixonou por ela. Winnie era a Ava Gardner do Soweto, e ele, o Clark Gable. Mandela divor-ciou-se da primeira mulher, Eveline, e se casou com Winnie, com quem teve duas filhas, mas s quais, como se queixariam mais tarde, ele pouco via, sobretudo depois de ter sido nomeado comandante-chefe do novo brao mi-litar do ANC, o Umkhonto we Sizwe (A Lana da Nao), em 1961, e se viu obrigado a ir para a clandestinidade.

    Tomaremos o poder no esti-lo Castro O seu lado vaidoso prejudicou-o. De-terminado a ser um Che Guevara, adoptou um slogan popular na poca, Tomaremos o poder no estilo Cas-

    tro, e insistia, contra as advertncias dos seus amigos, em usar uniformes revolucionrios de cor verde todas as vezes que aparecia em pblico, apesar de a polcia o ter apontado como o ho-mem mais procurado da frica do Sul. A sua incapacidade de manter a discri-o exigida pelas circunstncias foi um dos motivos que levaram sua priso, em 1962: permaneceu 27 anos e meio atrs das grades.A priso moderou-o, ensinou-o a ca-nalizar para objectivos polticos realis-tas o seu talento para o palco e as suas artes de sedutor. Entrou cheio de fria e saiu sbio, mas sempre impulsiona-do pela convico heroica de que a safa que obteve no seu julgamento em 1964, quando o condenaram priso perptua em vez da morte, como se previa, o obrigava a cumprir o seu des-tino como redentor futuro do seu povo. A grande lio que assimilou foi que o inimigo no seria derrotado pelas ar-mas; que teria de convencer um dia os sul-africanos brancos a entregarem o poder voluntariamente, para que eles mesmos acabassem com o apartheid. A priso, a pequena cela em que viveu na ilha de Robben durante 18 anos, foi o seu centro de treino para a grande empreitada que o aguardava l fora. A primeira lio, decidiu, teria de ser conhece o teu inimigo. Para decep-o de alguns outros presos, disps-se a aprender o afrikaner (a lngua dos opressores) e ler livros sobre a histria dos afrikaners. E depois props-se a conquistar os carcereiros, porque pen-sou que seria a forma de conhecer as vaidades, os pontos fortes e fracos dos brancos em geral, para estar mais bem preparado quando chegasse o momen-

    to de tentar que cedessem aos seus desejos. O truque era no perder jamais a sua dignidade nem os seus princpios, ne-gar-se a ser intimidado, e tratar com respeito todos os que o rodeavam, com o respeito normal e corriqueiro que Walter Sisulu disse numa ocasio ser o prmio pelo qual havia lutado du-rante os seus 60 anos de dedicao poltica. Essas qualidades, unidas aos seus modos majestosos, lhe permi-tiriam conquistar os dois primeiros membros do governo branco com quem ele ou qualquer outro dirigen-te negro tiveram contacto. Durante os ltimos cinco anos de priso, realizou mais de 70 reunies secretas com o ministro da Justia, Kobie Coetzee, e o chefe nacional dos servios de inte-ligncia, Niel Barnard. O objectivo das reunies era explorar a possibilidade de um acordo poltico entre negros e brancos. Enquanto ia ganhando a confiana desses dois obscuros per-sonagens (considerados monstros por todo o mundo durante os turbulentos anos 80), consolidou a sua autoridade sobre os demais presos polticos, do mesmo modo como faria depois com a populao negra em geral. Perguntei a Coetzee sobre aqueles encontros e, como Reinders, ele chorou ao se lem-brar de Mandela, a quem definiu como a encarnao das grandes virtudes ro-manas: dignitas, gravitas, honestas. Barnard no foi capaz de chorar, mas esteve a ponto, e durante as sete horas em que conversmos sempre se referiu a Mandela como o velho, como se estivesse a falar do prprio pai. Ao ser libertado, no dia 11 de Feverei-ro de 1990, Mandela empreendeu uma

    marcha triunfal por toda a frica do Sul, para a qual estabeleceu uma men-sagem muito ntida de reconciliao e desafio. No era nenhum Gandhi, e negou-se a pedir o fim da luta ar-mada que havia sido principalmente simblica - enquanto o governo no desse sinais inequvocos de se compro-meter com uma democracia de pleno direito, na qual se aplicasse o princ-pio de uma pessoa, um voto. No teve outra alternativa, porque o presidente F.W. de Klerk, a quem descreveu com elegncia (e astcia) como um ho-mem ntegro, acreditou de incio que se iria safar com alguma frmula sui generis, semidemocrtica, que contem-plasse os direitos da minoria e asse-gurasse e perpetuasse os privilgios dos brancos. As negociaes que se de-senrolaram durante os quatro anos se-guintes foram duras, mas nem de lon-ge to duras quanto aquilo que estava a ocorrer nos bairros negros, sobretudo na periferia de Johanesburgo. Os lti-mos estertores da besta do apartheid manifestavam-se como uma tentativa organizada de atrapalhar a transio, orquestrada por foras obscuras do aparato de segurana, aliadas com a organizao negra conservadora Inka-tha, cujo lder, Mangosuthu Buthelezi, zulu de extrema-direita e beneficirio do sistema de bantustes do apar-theid, tinha tanto medo de um gover-no do ANC quanto qualquer branco. As matanas no Soweto e outras reas chegaram a uma dimenso indita na frica do Sul desde a Guerra dos Be-res, quase 100 anos antes.Mandela clamava em pblico, indig-nava-se contra De Klerk em privado, e os seus colegas do executivo nacional

    do ANC precisavam cont-lo para que no cancelasse as negociaes; para que a sua ira, que s vezes o cegava, no o fizesse recorrer a um enfrentamento aberto. Entretanto, quando chegou a prova definitiva, soube manter a cabe-a fria e deu a sua bno a um acordo transcendental, pelo qual o primeiro governo eleito democraticamente no pas seria uma coligao com os minis-trios repartidos em funo do percen-tual de votos obtido por cada partido.Estendeu a mo a uma frica do Sul branca bastante pacificada, conven-cendo a sua prpria gente a fazer outra concesso num assunto que tocava o corao de todos os sul-africanos.

    Nkosi Sikelele Foi numa reunio do executivo nacio-nal do ANC, quatro meses antes das histricas eleies de Abril de 1994. Sem duvidar nem por um momento que o ANC ganharia as eleies, o tema concreto na agenda era a postura que o novo governo deveria adoptar sobre a delicada questo do hino na-cional. O velho hino era claramente inaceitvel. Die Stem era uma melo-dia sria e marcial, que louvava Deus e exaltava as conquistas de Retief, Pre-torius e os demais vootrekkers (pionei-ros beres) que haviam feito a Grande Marcha para o norte no sculo XIX, esmagando a resistncia dos negros. O hino extraoficial da frica do Sul ne-gra, Nkosi Sikelele, era a emocionante manifestao de um povo sofredor e que ansiava por liberdade.A reunio acabava de comear quan-do entrou um assistente para informar Mandela que um chefe de Estado es-tava ao telefone. Ele saiu da sala e os

    trinta e tantos homens e mulheres do rgo supremo do ANC continuaram a reunio sem ele. Havia um consen-so esmagador a favor de eliminar Die Stem e substitu-lo pelo Nkosi Sike-lele. Tokyo Sexwale, ex-prisioneiro da ilha de Robben e membro relevante do Comit Executivo Nacional, recorda--se muito bem da atmosfera da reu-nio durante a ausncia de Mandela.Estvamos deleitando-nos, contou--me. o fim dessa cano Die Stem, dizamos. O fim. Acabou. Neste pas vamos cantar Nkosi Sikelele e nada mais. Estvamos divertindo-nos! A Mandela voltou. Estvamos todos como crianas de escola primria, dizia Sexwale, um homem grande e forte, com uma bela voz de orador. Ele perguntou como iam as nossas discusses e lhe dissemos que hava-mos tomado uma deciso. Ele disse: Pois sinto muito. No quero ser gros-seiro, mas... Meu Deus, todos quera-mos que o cho nos engolisse. Acho que devo expressar o que penso sobre essa moo. Nunca pensei que pes-soas experientes como vocs fossem tomar uma deciso de tal magnitude sobre um tema to importante sem sequer esperar pelo presidente da sua organizao. E ento, em tom mais severo e de professor de escola, que jamais os seus colegas do ANC o ha-viam visto utilizar, exps o seu ponto de vista. Essa cano que vocs des-cartam com tanta facilidade contm as emoes de muitos daqueles aos quais vocs ainda no representam e, de uma s penada, vocs querem tomar uma deciso que destruiria a prpria base - a nica - sobre a qual estamos a construir o pas: a reconciliao. Os homens e mulheres da comisso exe-cutiva nacional do ANC, muitos deles muito conhecidos na frica do Sul, considerados heris e heronas da luta, encolheram-se de vergonha. Mandela props que, quando fossem celebra-das eleies e para o futuro, a frica do Sul tivesse dois hinos, que seriam tocados um aps o outro em todas as cerimnias oficiais, desde as posses presidenciais at aos jogos de rguebi: o Die Stem e o Nkosi Sikelele. Der-rotados moralmente, esmagados pela lgica do argumento de Mandela, os combatentes da liberdade renderam--se de forma unnime. Sexwale ria s gargalhadas anos depois ao recordar o desconcerto que tinha sentido ao ver como Mandela os havia manipulado. Jacob Zuma, que presidia a reunio, disse: Bom, eu acho... acho... acho que a coisa est clara, camaradas. Acho que a coisa est clara.... Ningum levan-tou um dedo para se opor. Os membros do executivo nacional capitularam por completo frente ira de Mandela, porque compreenderam de imediato que o seu af de vingana sobre a questo do hino branco havia sido pueril, que a resposta poltica com mais viso de futuro ao dilema que es-tavam a debater era a soluo madu-ra e generosa que defendia Mandela. Mas cederam tambm porque, depois das suas actuaes magistrais ao sair da priso, eles haviam aprendido a acei-tar que o velho era muito mais hbil do que qualquer um deles na moderna

    arte do simbolismo poltico. A impor-tncia do hino era a de criar um esp-rito nacional, a possibilidade de exer-cer a persuaso poltica apelando s emoes das pessoas. Essa era, como haviam compreendido os demais di-rigentes do ANC, a essncia do seu talento poltico, a faceta na qual supe-rava de longe todos os outros. O pr-prio Mandela disse-me, durante uma das conversas que tivemos na sua casa, que havia passado um sermo ao co-mit executivo sobre a necessidade de conquistar os afrikaners, de demons-trar respeito pelos seus smbolos, de se esforar para incluir umas quantas palavras em afrikaner ao comear um discurso. Voc no est a falar-lhes ao crebro, disse, est a falar-lhes ao corao.

    Springboks: de smbolo odia-do ao instrumento de unida-de Ele fez o mesmo, com um xito ainda mais espectacular, no ano em que as-sumiu a presidncia, durante o Mun-dial de Rguebi, que pela primeira vez acontecia na frica do Sul. Conseguiu a incrvel proeza de convencer a sua prpria gente a torcer pelos Spring-boks, a seleco sul-africana, fazendo assim com que um dos smbolos mais odiados da opresso do apartheid se transformasse num instrumento de unidade. Embora s houvesse na equi-pa um jogador que no era branco, os negros, conclamados por Mandela, adoptaram os Springboks e comea-ram a consider-los representantes lgicos da nova bandeira nacional. impossvel esquecer como, na final de Johanesburgo, vencida pela fri-ca do Sul, praticamente toda a mul-tido de brancos (os fans do rguebi no tinham estado propriamente na vanguarda progressista das questes raciais durante os anos do apartheid) gritava o seu nome. Nelson! Nelson! Nelson! Quando Mandela entregou a taa ao capito da seleco, Franois Pienaar, um loiro grandalho filho do apartheid, disse-lhe: Obrigado, Franois, pelo que voc fez pelo nosso pas. No senhor presidente, res-pondeu Pienaar, com enorme presena de esprito. Obrigado ao senhor pelo que fez pelo nosso pas. Naquele dia, provavelmente o mais feliz - e, sem dvida, o de maior unidade patritica - da histria da frica do Sul, Man-dela cumpriu a sua misso duplamente impossvel de liderana poltica. Con-venceu todo um povo, o povo com a maior diviso racial da Terra, a mudar de opinio. O objectivo fundamental de Mandela durante os seus cinco anos como pre-sidente foi cimentar as bases da nova democracia e afastar a perspectiva de uma contrarrevoluo terrorista arma-da de extrema-direita. E conseguiu. A frica do Sul, apesar de todos os problemas que tem hoje (problemas que compartilha com dezenas de pa-ses, depois de se ter desfeito da pica e terrvel singularidade que em outros tempos a distinguia do resto do mun-do), uma democracia estvel, muito mais respeitosa com o Estado de Di-reito e da liberdade de expresso do

    que, por exemplo, a Rssia, outro pas que acabou com anos de tirania mais ou menos na mesma poca. J foi dito, e certamente continuar a dizer-se por muito tempo, que Mandela poderia ter feito mais para remediar as injus-tias econmicas do apartheid. Talvez, mas num pas com elevado ndice de natalidade e sem cifras de crescimen-to econmico comparveis, esse era um desafio praticamente impossvel. O melhor que se pode dizer que a presidncia de Mandela viu o apare-cimento de um novo e poderoso fe-nmeno social inimaginvel nos anos do apartheid: uma classe mdia negra florescente. Poderia ter-se promovido toda uma redistribuio da riqueza nacional, mas isso certamente teria provocado o que ele mais temia: uma guerra civil entre raas. A economia que sobrasse depois disso teria sido uma economia de cemitrio. Aquilo por que Mandela lutou a maior parte da sua vida foi a democracia e, uma vez conquistada, a sua prioridade passou a ser a paz.Uma paz como a que pactuou com John Reinders, cujo tratamento por parte de Mandela ilumina a grande lio que ele oferece a todas as pessoas de qualquer lugar, sejam elas lideran-as polticas ou de esferas menos am-biciosas da vida. Sempre foi coerente com o que pregava e o que praticava. Falava de justia e respeito, e tratava todo o mundo, por humilde que fosse a sua condio ou por irrelevante que fosse para os seus objectivos polticos ou pessoais, com a mesma considera-o. Um ano depois de Mandela deixar a presidncia, Reinders, que continuou a trabalhar sob as ordens do seu su-cessor, Thabo Mbeki, recebeu um te-lefonema do seu antigo chefe. Queria saber se ele podia ir comer a sua casa com a famlia no domingo seguinte. Reinders compareceu com a sua espo-sa e seus dois filhos, acreditando que se tratava de uma reunio ampla. Mas no, Mandela havia convidado sim-plesmente a famlia dele. No incio da refeio, Mandela levan-tou a taa e, dirigindo-se mulher e aos filhos de Reinders, lhes pediu per-do por t-los privado por tanto tem-po da companhia do seu pai e marido. Mas ele cumpriu as suas obrigaes de maneira esplndida. Esplndida! Reinders, que voltava a chorar lem-brando a histria, contou-me que, de-pois da refeio, Mandela os acompa-nhou at a rua e ficou acenando com a mo enquanto se afastavam de carro. Em certa ocasio, perguntei ao arce-bispo Desmond Tutu - prmio Nobel da Paz como Mandela, e uma das pes-soas que o conheciam mais de perto se ele poderia definir-me a sua melhor qualidade. Tutu pensou por um mo-mento e ento, com ar vitorioso, pro-nunciou uma palavra: magnanimida-de. Sim, repetiu, da segunda vez em tom mais solene, quase num sussurro: Magnanimidade!. Um sinnimo de magnanimidade poderia ser grandeza. possvel que nunca mais voltemos a ver ningum igual.

    *jornalista e autor do livro Conquistando o Inimigo Nelson Mandela e o Jogo que Uniu

    a frica do Sul.

  • 16 Savana 13-12-2013SOCIEDADE

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    O balano das AutrquicasPor Daviz Simango*

    Uma vez, um sbio homem afirmou: Se queremos pro-gredir, no devemos repetir a histria, mas fazer uma his-tria nova. Nos ltimos tempos, es-tamos a ver uma nova histria nascer em Moambique. Dia-a-dia, passo-a--passo, nosso povo tem mostrado que uma nova era de governao est em curso.

    E, para se mudar a histria, preciso ter coragem: coragem de enfrentar os desafios de um processo eleitoral dif-cil e desigual, com perseverana e uti-lizando as armas pacficas que a nossa Constituio nos garante. Essa sempre foi a bandeira do MDM. E, se algum ainda duvida de que o povo est a despertar, encontrou a resposta no dia 20 de Novembro e nos dias que se seguiram, no dia 1 de Dezembro em Nampula: mesmo tolhidos em seus direitos pela fraude e pela violncia, que feriu e ceifou vi-das, Moambique quer mudana e o MDM a voz dessa mudana, do Ro-vuma ao Maputo. Foram os jovens e os velhos, as mulheres e os homens de todas as religies e de todas as partes do pas que mostraram a sua fora.Esta a altura oportuna para agra-decermos ao sofrido povo moambi-cano pela forma corajosa com que se expressou durante todo o ciclo elei-toral. A despeito de manobras clara-mente identificadas visando limitar o nmero, intimidar, cercear a vontade popular, o povo resistiu, recenseou-se, votou.Sangue inocente foi derramado. For-as policiais cumprindo ordens dos que no so democratas nem con-seguem admitir que o povo ganhou conscincia plena de seus direitos, as-sassinaram barbaramente filhos queri-dos desta terra.Rendemos a nossa homenagem a estes novos heris desta ptria de todos. O seu voluntarismo, os seus sacrifcios jamais sero esquecidos. todo um povo que viu alguns dos seus filhos serem metralhados na defesa de seus justos direitos. O direito de escolha de seus representantes inscrito na lei me vingou e assustou de maneira profun-da os defensores de uma ordem injusta que julgavam perptua.

    Ningum tem mandato para cavalgar o povo Ningum tem o mandato de cavalgar o povo e, nesse sentido, o MDM as-sume de forma clara e inequvoca sua misso de aglutinador da vontade dos moambicanos na luta por um pas de justia, liberdade, cidadania plena, desenvolvimento inclusivo, tolerante e de democrtico.Estamos convictos de que a luta por Moambique para Todos avana

    inexoravelmente. Os obstculos so inmeros mas conforme foi expresso pelo voto dos moambicanos no dia 20 de Novembro de 2013, e agora no primeiro dia de Dezembro, a vitria dos justos anseios dos moambicanos est ao nosso alcance.A esperana de que falamos algo tangvel e havendo engajamento con-tinuado de todos a justia voltar a ser vivida pelos moambicanos.Quem est contra a vontade popular urdiu e executou manobras inconfes-sveis para assegurar uma vitria arti-ficial, ensanguentada, fraudulenta.O MDM na sua luta poltica mostrou que existe e pulsa no seio dos moam-bicanos.Os resultados anunciados pela CPE e STAE so claramente diferentes dos votos expressos pelos cidados votantes. Est clara a interferncia e instrumentalizao de rgos estatais e de soberania em defesa de interes-ses de um grupo de pessoas que tm medo da democracia, da justia, da transparncia e direitos polticos dos moambicanos.A batalha longa e permanente. No somos um partido poltico de chora-minges nem de comodistas. Quando reclamamos fazemo-lo porque nossa obrigao defender o voto depositado pelos cidados. Defraudar as expectativas dos mo-ambicanos o que fazem aqueles falsos democratas que utilizam o jogo sujo e cobarde para derramar o san-gue de seus compatriotas, tudo para se manterem no poder.Temos inmeras provas da actuao desproporcional, orquestrada para vi-ciar os resultados em diversos munic-pios. So prticas que se repetem pelo governo do dia, atravs do uso dos re-cursos que deveriam ser do povo, para se perpetuarem no poder. As provas esto connosco, as cpias dos editais verdadeiros esto em nosso poder, provas audiovisuais e depoimentos de cidados esto em nosso poder, as no-tcias apresentadas pela imprensa so pblicas e demonstram o carcter di-tatorial com que o governo da Frelimo tenta se manter, a qualquer custo.

    Aos militantes, simpatizan-tes e eleitores do MDM Quero, em primeiro lugar, pedir um minuto de silncio pelas vtimas ino-centes, entre jovens e crianas, covar-demente assassinados pela FIR - For-a de Interveno Rpida, na Beira, em Mocuba, no Guru, no Dondo e em Quelimane, enquanto estavam exercendo seus direitos de cidados. Solidarizo-me com os diversos colegas presos duma forma injusta, apontados a dedo pelos carrascos da FRELIMO, de modo a passarem noites e dias nas diversas cadeias do pas sem acusao

    formal, com o objectivo de lhes incu-tir o medo e retirar-lhes as liberdades constitucionais e legais, passando dias nas celas mediante um olhar cmplice das autoridades judiciais amputadas e abstendo-se das suas responsabilida-des profissionais.

    Imprensa Nacional e Internacional preciso reconhecer sempre que, so-mente com imprensa livre e crtica se faz a democracia e muitos de vs, jor-nalistas imparciais e comprometidos com a verdade, foram e so as grandes testemunhas, tanto das festas e da ale-gria pela mudana, quanto da fraude orquestrada pelo partido no poder e pela violncia cometida contra os nos-sos irmos. Em nome do MDM rogo-vos que no se calem nunca, diante das injus-tias e das irregularidades do mundo. Sois a voz daqueles que no tm voz.

    s Organizaes da Sociedade Civil, aos observadores e ao Corpo Diplomtico acreditado em Moambique, Em todos os pases livres do mundo, as Organizaes da Sociedade Civil so importantes instituies que aju-dam a manter o equilbrio social, ac-tuando onde o Estado, muitas vezes, deixa lacunas. Sois vs que podeis re-forar o coro das vozes que denunciam as arbitrariedades cometidas em nosso pas. A diplomacia uma arte que pressu-pe a conduo positiva das relaes entre os pases. Aos pases amigos e parceiros de Moambique, acreditados em nosso pas, apelo para a responsa-

    bilidade de manifestarem-se em prol da verdade e pela manuteno de uma democracia efectiva. Moambique tem apresentado algum crescimento e isso fundamental para as boas re-laes, mas no mundo moderno, cres-cimento sem responsabilidade social, sem garantia do Estado Democrtico de Direito, como a rvore sem razes, que no se mantm no solo primeira tempestade. Rogo-vos que estejam presentes na discusso dos assuntos relativos a este momento to importante na histria de Moambique, manifestando-se pelo apuramento da verdade dos fac-tos que garantiriam a vontade sobera-na do povo, onde comprovadamente houve fraude eleitoral.

    CNE - Comisso Nacional de Eleies, ao STAE - Secretariado Tcnico de Administrao Eleitoral, ao Conselho ConstitucionalOs orgos eleitorais devem garantir os mecanismos necessrios para que o povo expresse sua vontade soberana; jamais deveriam agir de maneira par-cial, independentemente das motiva-es individuais. Na qualidade de um partido legitimamente constitudo, que cumpriu todas as obrigaes de-terminadas pela lei para concorrermos s eleies em todas s 53 autarquias, o partido MDM NO RECONHE-CE os resultados falseados nos mu-nicpios de Maputo Cidade, Guru, Mocuba, Milanje, Alto Molcu, Dondo, Marromeu, Gorongosa e Chi-moio; exigimos que sejam tomadas as providncias no sentido de que sejam observadas as condies em que se re-

    alizaram as eleies nessas autarquias e que se comprove qual era a vontade soberana dos cidados. Tambm exi-gimos que os crimes cometidos contra os cidados inocentes sejam apurados e os culpados, que sejam punidos nos princpios da lei, sem distores da realidade.O nosso corpo jurdico j est a tomar todas as providncias protocolares para, dentro da ordem e na defesa dos seus direitos, cobrar as aces repara-doras ao processo eleitoral. A vs, que antes de serem membros de qualquer instituio so irmos moambicanos, rogo-vos que no manchem ainda mais o nome do nosso pas, compac-tuando com a farsa que se instituiu em diversos lugares. Se o MDM conseguiu lograr vitrias na Beira, Quelimane e em Nampula, foi porque os nmeros que nos deram a vitria eram to distantes do segun-do lugar, que a fraude no conseguiu silenciar. Mesmo sob a violncia da FIR, ao servio de um governo cen-tral, que desferiu as bombas de gs lacrimogneo, granadas, as pancadas e as balas, contra membros, contra nossos irmos que foram feridos e que perderam a vida, ainda assim no conseguiram amedrontar o nosso povo, que j comprovou ser a gesto do MDM uma forma de governao diferente, preocupada com as pessoas e sem o uso da mo forte que ame-dronta, que cobe, que explora.Ao contrrio, em Nampula as autori-dades policiais procuram limpar a n-doa; esperemos que no futuro encon-trem uma postura verdadeiramente ao servio do cidado.s autoridades de justia Ficou um registo cobarde das nossas

  • 17Savana 13-12-2013 SOCIEDADE

    procuradorias no investigarem e agi-rem como deviam, perante diversas provas e denncias de irregularida-des cometidas pelos rgos eleito-rais competentes, desde colocao de membros de mesa de votao que no so eleitores, violando o artigo 10, e alnea a), do n 1, do artigo 90 da Lei n 7/2013 de 22 de Fevereiro; as detenes arbitrrias dos delegados de candidaturas membros do MDM; existncia de boletins extras nos bol-sos dos membros das assembleias de votao j votados e de outros cida-dos estranhos na gesto de material eleitoral, cujos boletins ficavam nas mos dos rgos eleitorais, as inva-lidaes de votos transformando-os em nulos; a instrumentalizao dos MMV para invalidarem editais desfa-vorveis ao partido no poder e troc--los por outros dados; o transporte de cidados no eleitores e a produo de cartes de eleitores a margem da Lei n 5/2013 de 22 de Fevereiro.O olhar cmplice em relao aos membros do MDM presos pelos po-lcias sem mandato judicial; a demora na libertao dos mesmos com jogos de ping-pong procuradoria versus tribunal, a negao de membros do MDM gravemente feridos assistn-cia mdica retendo-os nas celas das esquadras sorte de Deus, violando princpios elementares de direito vida sem responsabilizao dos cati-vantes, enfim, a ausncia de coragem para realizarem o trabalho em tempo til com profissionalismo e indepen-dncia. Gostaramos de encoraj-los a luta-rem para se libertarem das amarras e que pautem por estar do lado justo e faam por cumprir a justia.

    Ao Governo da Frelimo e do Presidente Armando GuebuzaJ tempo de perceber que no h mais lugar no mundo para o mode-lo de governao que se enfeite de democrtico, mas que conduz a sua poltica baseada na opresso de seu povo, sem distribuio de renda, sem polticas pblicas que incluam o cida-do no progresso do pas. Est na hora de perceber que no h mais lugar para dilapidao das riquezas do nos-so pas, em benefcio de um pequeno grupo, enquanto o povo no tem aces-so ao po, aos hospitais, educao, enquanto nossos jovens no tm aces-so s oportunidades de trabalho e nos-sas crianas no tm garantias de um futuro, enquanto a violncia e o crime organizado invadem nossas cidades, deixando a todos expostos e indefesos. Para ser um lder, um grande lder, preciso ter a humildade de reconhecer que o mundo avana, que as pessoas querem mudana. Por isso, fao um apelo ao Sr. Presidente da Repblica, para que termine o seu legado garan-tindo um processo justo e transparen-te, pacfico e que respeite as escolhas do povo. o representante mximo do Executivo Nacional, e como repre-sentante, precisa de honrar o significa-do dessa palavra.

    A todos os concidados do nosso amado MoambiqueO MDM surgiu no cenrio poltico nacional como partido poltico em virtude de uma vontade inabalvel do povo ver restituda a sua dignidade. De modo efectivo e coerente se tem afirmado como partido que quer ul-trapassar slogans, dogmas e demago-gias baratas.Perguntaram-me porque o MDM decidiu candidatar-se mesmo sob a polmica da paridade de membros

    na CNE. Porque no boicotamos as eleies? Primeiramente, porque esta foi uma deciso soberana da maioria dos membros do partido e, se somos um partido que leva a democracia no pr-prio nome, precisamos acima de tudo dar o exemplo. Segundo, porque essas decises fo-ram tomadas com base num princpio muito simples: para se lutar de facto, para se fazer as mudanas de facto, preciso ir guerra com as armas leg-timas. A luta pela garantia das eleies comeou h muito tempo quando, na Assembleia da Repblica, mesmo com uma bancada modesta, nossos grandes Deputados despenderam dias e noites de estudo da lei e horas e horas de discusses no plenrio para lutar por mudanas na Lei Eleitoral. No conseguimos tudo, mas consegui-mos avanos significativos e a questo

    da paridade do nmero de represen-tantes por partido, no era e nunca foi motivo para um boicote s eleies. Como todos comprovaram, mesmo que houvesse o mesmo nmero de representante de cada um dos trs partidos com assentos na bancada, as fraudes e a violncia teriam aconteci-do do mesmo modo, porque o que foi desrespeitado foi a Lei. Em vez de nos abstermos, de lavar-mos as nossas mos sobre o destino do nosso pas, o MDM achou por bem ir em frente, organizar-se e enfrentar o escrutnio nos 53 crculos eleito-rais, enfrentando com coragem essa luta difcil. S assim, chegamos hoje, expondo as manchas de um processo eleitoral viciado. Mas com os avanos da Lei e as provas recolhidas temos os elementos para lutarmos com as ar-mas pacficas da democracia. Continuaremos a lutar para que o

    STAE tenha outra postura, pois ficou provado mais uma vez a partidariza-o das instituies pblicas, e que elas no se conseguem libertar das amarras dos golpistas dos interesses colectivos da nao. Somente participando no processo eleitoral, pudemos dar ao povo a pos-sibilidade de se manifestar, indo s assembleias de voto, dando o seu con-tributo sociedade e mostrando que o povo quer mudanas de facto. Cabe a ns e a toda a oposio res-ponsvel, que se sentiu lograda pelas inmeras confirmaes de fraudes, apelar e exigir processos transparen-tes. Se todos nos recusssemos a par-ticipar das eleies e pegssemos em armas, o que seria do futuro do nosso pas? A nossa luta agora nos tribunais, com as manifestaes populares, com os olhos e ouvidos da imprensa

    de credibilidade, apelando aos orga-nismos da sociedade civil. Incansavel-mente, sem medo vamos continuar a luta!Compatriotas, gostaria de tomar este momento para enderear a nossa so-lidariedade para com as famlias enlu-tadas no acidente de viao do voo da LAM e outros resultantes do conflito poltico-militar, a todos endereamos as nossas sentidas condolncias e que deus d eterno descanso s vtimas.Termino lembrando que o prximo ano ser mais um ano eleitoral, onde seremos chamados a fazermos uma opo, olhando para as futuras gera-es e o caminho que Moambique deve levar. Da e duma forma informal convidamos aos moambicanos a se recensearem no processo que comea no prximo ms de Janeiro de 2014. *Texto editado pelo SAVANA da procla-mao feita em Maputo a 03.12.13

  • 18 Savana 13-12-2013OPINIO

    CartoonEDITORIAL

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    Maputo-Repblica de Moambique

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    Os resultados destas eleies autrquicas abriram uma nova e dourada pgina na histria do pas. O Movi-mento Democrtico de Moam-bique - MDM ganhou as cidades que constituem o eixo e espinha dorsal de desenvolvimento pol-tico, econmico, social e cultural de Moambique. Estamos a falar das cidades da Beira, Quelimane e Nampula. Ganhou tudo, tanto nas presidncias como nas Assembleias Municipais daquelas que so as ca-pitais das provncias onde habita a maioria da populao moam-bicana e onde residem as maiores riquezas do pas.Nas restantes 49 autarquias, o MDM conquistou espao de gran-de relevo nos assentos das Assem-bleias Municipais. Mesmo nas ci-dades de Maputo e Matola onde se supe residir a maioria dos apoian-tes e beneficirios da governao da Frelimo, o MDM foi expressivo. Mais do que uma vitria exclusiva daquele partido surgido h quatro anos , sobretudo, vitria da f dos moambicanos na mudana. sim, possvel operar mudana atravs de uma aco poltica pacfica legiti-mada por voto. Os moambicanos

    podem, sim!Quanto Frelimo sau perdedora. Fez extravagantes investimentos, movimentando recursos materiais e humanos, alguns desses meios de natureza pblica. Gabinetes gover-namentais ao mais alto nvel foram encerrados e os seus quadros mobi-lizados para os municpios para dar mais muscultura s brigadas locais, tambm formadas por quadros e bens do Estado. A Frelimo esqueceu que os recur-sos mobilizados para a propaganda eleitoral so os mesmos que duran-te cinco anos foram usados para afastar o partido do eleitorado. Es-queceu a Frelimo que governar em democracia, um mandato no fim do qual se exige contas que quando mal prestadas so chumbadas nas urnas. o que aconteceu!As Foras de Defesa e Seguran-a que em perodos eleitorais so usadas para criar um ambiente de medo e de ameaa so as mesmas que deviam servir para proteger os cidados no intervalo entre uma e outra eleio, ou seja, durante o mandato de governao. Mas que no o fazem.A tentativa de manipular e falsear os resultados eleitorais s prova que

    durante o mandato de governao, a vida dos moambicanos tem sido jogado em falso. Isso cobrvel e estas eleies autrquicas demons-traram que os moambicanos tm conscincia e capacidade para exi-gir conta certa.Neste cenrio em que a vontade popular pela mudana pacfica est mais que evidente e com as eleies gerais porta o que que ao Gue-buza e Frelimo resta fazer? Conti-nuaro a investir na militarizao do pas, apostando na guerra para solucionar diferendos polticos em detrimento do dilogo inteligente? O resultado destas eleies veio dissipar todas as dvidas:- os mo-ambicanos so amantes da paz e por via do voto podem mudar o sistema. Basta todos conconcorda-mos no caminho pacfico porque se voc no mudar de direco, provvel que acabe no lugar para onde est apontado, vaticina um provrbio chins.De resto, temos a conscincia que a mudana, por si s, no garante necessariamente o progresso, mas o progresso implacavelmente requer mudana, como j dizia o historia-dor norte-americano, Henry Com-mager.

    Conscincia da mudana!Por Fernando Pengapenga

    Cartas de leitores

    Este Domingo, numa remota aldeia chamada Qunu, na pro-vncia sul africana do Cabo Oriental, um caixo contendo os restos mortais de Nelson Mandela descer alguns centmetros debaixo da superfcie da terra, marcando a etapa final de uma vida de 95 anos cheios de episdios de alegria, de tristeza, de privao, de sacrifcio, de lamentaes, mas tambm de muitas vitrias.

    Mandela jamais voltar para o convvio daqueles a quem durante qua-se um sculo tocou os seus coraes das mais diversas formas. Como disse o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no seu elogio fnebre a Nelson Mandela, no fcil homenagear qualquer homem, captar em palavras no s os factos e as datas que fazem uma vida, mas a verdadeira essncia de uma pessoa os seus momentos privados de alegria e de tristeza.No haver um formato especfico de homenagear Mandela, um ho-mem que com o seu pensamento e aco, transformou o mundo de uma forma que aqueles que o antecederam no o reconheceriam hoje.Pelas suas aces, Mandela passou a ser cidado sul africano apenas devido ao bilhete de identidade e do passaporte que o identificavam como tal. Mas na verdade, e na mais ampla dimenso do termo, ele era mais do que isso; um cidado de todo o mundo, sobre quem crianas nas escolas aprendem a distinguir o mal do bem, do que errado do que correcto.Por todas estas razes, h entre muitos a tentao de elevar Mandela ao estatuto de um Santo. Mas para esses, Madiba seria o primeiro a dizer que no um Santo; que ele s fazia aquilo que considerava ser justo para o bem da humanidade. isso que revelou quando do banco dos rus, em 1964, disse ao juiz: sempre defendi o ideal de uma sociedade livre e democrtica, onde todas as pessoas vivem juntas em harmonia e oportunidades iguais. um ideal pelo qual espero viver e alcanar. Mas se for necessrio, um ideal pelo qual estou preparado a dar a minha vida.Levaria 30 anos para que esse ideal se tornasse realidade. Em 1994, fruto do sacrifcio de Mandela e de outros dos seus camaradas como Oliver Tambo, Walter Sisulu, Govan Mbeki, Chris Hani, Joe Slo-vo e muitos annimos de uma longa lista, a frica do Sul saboreava a liberdade e de