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AS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA – “O USO DAS IMAGENS
COMO INTERPRETAÇÃO DO MEIO EM QUE VIVEMOS”.
Arnaldo Wagner Trovo[1]
RESUMO:
O ambiente escolar tem encontrado certa dificuldade em proporcionar aos nossos
alunos meios para que possam desenvolver um censo crítico do mundo ao qual eles
se encontram. A teoria Histórico-crítica possibilita a formação do educando através
do conhecimento da sociedade ao qual ele faz parte e também lhe dá condições de
modificar essa sociedade. As imagens são carregadas de significados que podem
estar claramente apresentados ou que devem ser descobertos por quem as observa.
Este artigo tem por objetivo identificar estratégias que possam ser utilizadas para a
leitura ou criação de imagens que permitam a interpretação do espaço em que os
alunos estão inseridos. Dessa forma atender-se-á as Diretrizes Curriculares do
Estado do Paraná para o ensino médio que indicam um caminho para uma
educação libertadora.
PALAVRAS-CHAVE : Educação. Imagem. Metodologias. Interpretação
ABSTRACT:
The school environment has some difficulty to provide our students ways to develop
a critical census about the world where they live. The Historical-critical theory helps
students to be concerned about the society in which they take part and also gives
conditions to change this society. All images have meanings, that can be clearly
[1] Professor de Geografia do Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual de Ensino/ PR integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional/PR (PDE). E-mail: [email protected]
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presented or have to be discovered by the reader / observer. The aim of this work is
to identify reading strategies or to create images to understand the space in which
students are placed. In this way, will be attending the Curriculum Guidelines of the
State of Paraná to high school that indicates a way for liberty education.
KEY-WORD: Education. Picture. Methodologies. Comprehension
1- INTRODUÇÃO
“A Geografia é uma ciência social. Ao ser estudada, tem de
considerar o aluno e a sociedade em que vive. Não pode ser uma coisa
alheia, distante, desconhecida da realidade. Não pode ser um amontoado
de assuntos, ou lugares (parte do espaço), onde os temas são soltos,
sempre defasados ou de difícil (e muitas vezes inacessível) compreensão
pelos alunos. Não pode ser feita apenas de descrição de lugares distantes
ou de fragmentos do espaço.” (CALLAI, 2003,p. 57)
Fazer uso das imagens para uma interpretação das relações econômicas,
sociais, culturais e ambientais dentro de uma ótica da prática escolar, e ao mesmo
tempo desenvolver meios que facilitem a aprendizagem do aluno e que também
atraiam a atenção desse educando, é uma tarefa que foi desenvolvida nos últimos
dois anos utilizando-se, para tanto, as tecnologias as mais variadas como a
fotografia, a informática e a TV Pendrive[2].
Sempre se faz questionamentos sobre o uso dessas tecnologias na escola,
pois a estamos utilizando em nosso cotidiano. Porém, quando planeja-se uma aula
algumas perguntas são evidenciadas: Como podemos fazer uso dessas
tecnologias ? Quais seriam as tecnologias em que temos mais facil idades de
[2] TV Pendrive – é um projeto que utiliza televisores de 29 polegadas- com entrada para VHS, DVD,
cartão de memória e pen drive e saídas para caixas de som e projeto multimídia – para todas as 22
mil salas de aula da rede estadual de educação.
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manipulação ? Como fazer-se uma leitura de imagem e ao mesmo temp o
interpretar o espaço em que estamos inseridos?
Ao possibilitar a leitura das imagens em sala de aula estamos oportunizando
aos alunos um ambiente rico em discussões, idéias e propício para novas
conclusões. Cabe aos professores encontrarem meios para que esse trabalho possa
ser repleto de conhecimentos e que possa levar novas idéias aos alunos.
Fazer a leitura das imagens não é uma ação assim tão simples. É necessário
ter uma prática da convivência em sociedade, tendo como objetivo o
desvendamento do cotidiano representado pela imagem e buscar o que está por trás
dela, ou seja, aquilo que o autor subjetivamente deixou para que o leitor tire suas
próprias conclusões.
Quando estamos diante de imagens estáticas ou em movimento, quase que
instantaneamente nos posicionamos de maneira critica sobre o que vemos (se
estamos capacitados para tal ação) ou simplesmente apagamos de nossa memória
o que acabamos de visualizar, pois não dispomos dos argumentos os quais
deveriam ter sido adquiridos ao longo de nossa existência sobre o assunto em
questão. Como a Geografia trabalha com a interpretação das relações econômicas,
sociais, culturais e ambientais, seja no contexto local ou global, a prática da leitura e
interpretação das imagens seria como um facilitador da aprendizagem do aluno.
“A Geografia contribui para esta formação, proporcionando ao aluno: -
orientar o seu olhar para os fenômenos ligados ao espaço, reconhecendo-
os não apenas a partir da dicotomia sociedade-natureza, mas tomando-os
como produtos das relações que orientam seu cotidiano, definem seu
“lócus espacial” e o interligam a outros conjuntos espaciais.” ( PCN, 1999)
Nos dias atuais a escola tem encontrado certa dificuldade em proporcionar
aos educando uma interpretação mais crítica do mundo. Com o advento da vida
moderna, com a facilidade de se encontrar quase tudo pronto, os nossos alunos
partem sempre para o pressuposto de que o certo é fazer uso aquilo que já está
definido, sem ter muita preocupação em chegar ao cerne da questão. A
interpretação, a busca pelo desvendamento das questões, o desejo de conhecer
além daquilo que é exposto são fatos que tem ficado em segundo plano.
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As escolas e os educadores estão diante de um grande desafio. De um lado,
concorrer com os aparelhos eletrônicos disponíveis para os nossos alunos em casa
ou em lan house como computadores, internet, Tv. e vídeo games que proporcionam
diversão e passa-tempo. De outro, utilizar as tecnologias como a Tv pendrive, os
computadores, aparelhos de dvd etc. em disponibilidade nas escolas. No primeiro
caso, esses aparelhos estão habituando os nossos alunos a receber quase tudo
pronto, sem fazer muito esforço enquanto que, na escola, o professor utiliza as
mesmas tecnologias como se fosse algo “novo” no processo ensino-aprendizagem.
Para os alunos esses equipamentos são encarados como diversão. Proporcionar
situações de aprendizagem despertando o interesse pelo assunto com essas
metodologias é um avanço que deve ser alcançado conjuntamente por todos os
envolvidos no processo.
Destaque-se, também, a ênfase quem vem sendo dada a vários avanços
tecnológicos ligados à educação no estado do Paraná. Cita-se o Programa Paraná
Digital que proporciona aos professores e aos alunos acesso ao portal Dia-a-dia
Educação, que pode ser acessado através dos laboratórios de informática
disponibilizados aos professores e alunos em, praticamente, todas as escolas
estaduais. A Tv-multimídia é considerada como um avanço das tecnologias no uso
em sala de aula, uma vez que todas as sala contam com esse recurso. Ela pode ser
utilizada de diversas formas, destacando-se o uso de pequenos trechos de vídeos, a
projeção de imagens e outros recursos e ainda, pode ser usada como referência na
busca de conteúdos no próprio portal Dia-a-dia Educação.
Estudos e debates têm se realizados sobre a evolução tecnológica no
ambiente escolar. As novas tecnologias avançaram com uma velocidade sem igual
nos últimos anos e passou a ser um novo desafio para as escolas e para os
professores, como comenta MORAN :
“A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios
pedagógicos para as universidades e escolas. Os professores, em
qualquer curso presencial, precisam aprender a gerenciar vários espaços e
a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é
o de uma nova sala de aula equipada e com atividades diferentes, que se
integra com a ida ao laboratório conectado em rede para desenvolver
atividades de pesquisa e de domínio técnico-pedagógico. Estas atividades
se ampliam a distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem
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conectados à Internet e se complementam com espaços e tempos de
experimentação, de conhecimento da realidade, de inserção em ambientes
profissionais e informais.”
Numa reflexão sobre o assunto que foi enfatizado pelo Programa de
Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação do governo do
Paraná – PDE/SEED, foi desenvolvido um Plano de Trabalho com a finalidade de
registrar as atividades a serem realizadas dentro desse Programa. A partir das
atividades, de grande valor para compreensão do tema, foi elaborada uma proposta
de intervenção na escola e um trabalho em grupo em rede pela internet, o Grupo de
Trabalho em Rede - GTR. A aplicação da Proposta de Implementação ocorreu no
Colégio Estadual João XXIII – Ensino Fundamental e Médio (Maringá/PR) com a
turma do 2º ano do ensino médio. Foi aplicado o “Folhas” que trata-se de um
material didático fundamentado nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do
Estado do Paraná – DCE, com o título “Consumidor consciente ajuda a preservar o
meio ambiente”, tendo como principal objetivo colocar em prática o que havia sido
aprendido pelo professor durante a primeira etapa do PDE. Cabe ainda ressaltar
que o GRT era um grupo de trabalho em rede pela internet onde a aplicação da
Proposta de implementação era socializada com outros 40 professores de várias
cidades do Paraná.
Com base nestes elementos este trabalho visa determinar meios para
proporcionar aos alunos o desenvolvimento de uma visão crítica dos assuntos que
ora os afetam e, também, do espaço em que estão inseridos. Isto deve ser atingido
ao serem propiciadas inúmeras variáveis relacionadas com o conteúdo proposto.
Para tanto, os alunos terão que estar abertos a uma nova visão do conteúdo bem
como querendo buscar novos conhecimentos através de uma nova visão dentro
daquilo que já aprenderam e daquilo que ainda irão aprender.
O estudo da imagem
Quando se vê uma imagem, uma série de relações podem ser feitas com as
mais diferentes informações que graças as experiências de vida que foram se
acumulando na mente. Mas, o que se entende por imagem? Podemos falar das
imagens mentais (sonhos, lembranças) e visuais (com técnicas diversas e registros
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mecânicos) de momentos importantes ou não, dependendo das intenções de quem
as registra. As imagens são utilizadas desde muito tempo atrás, mesmo antes da
escrita, com os registros feitos nas cavernas, em forma de pinturas.
Ao se buscar a etimologia da palavra, ela se apresenta relacionada ao
substantivo latino “imago” que significa figura, imitação, e com o grego “eikon”, que
corresponde a ícone ou retrato. Desta forma podemos dizer que as imagens estão
muito mais relacionas com os ícones ou objetos que as representam. Os ícones são
para nós referências próximas ou não de que há uma relação entre a imagem e o
real.
No momento em que se vê uma imagem, instantaneamente a mente faz
diversas relações com a mesma, porém isso também depende da formação de cada
um. É aí que entra a educação escolar e propriamente a escola, que tem uma
função especificamente educativa, com meios e fins pedagógicos, ligados
diretamente ao conhecimento sistematizado. Ao longo dos últimos anos a escola tem
perdido um pouco da sua função, da sua importância como organizadora do
conhecimento. Afirma-se que não é só através dela que se educa; educa-se através
de muitas outras formas ou até mesmo através de outras instituições como
sindicatos, associações de bairro, associações religiosas, através de relações
informais, da convivência, dos meios de comunicação em massa como o rádio, a
televisão e mais recentemente a Internet. Assim, há muitas formas de educação e
reconhece-se que a escola não é a única. Ela está junta com outras formas de
educar. Segundo essa tendência, a escola não é a única e nem mesmo a principal
forma de educar. Há, quem diga, que a escola é negativa do ponto de vista
educacional. Nessa proposta de desescolarização, defendida por Ivan Illich, a escola
é desnecessária e até prejudicial. É bem verdade que essa visão, nesta forma
extrema de se pensar não tem encontrado muitos adeptos, mas de qualquer
maneira, hoje está se difundindo um sentimento de secundarização da escola,
fazendo dela um meio pelo qual os governantes chegam ao povo na sua forma
assistencialista, com a distribuição de alimentos, entre outros (ZANIRATO, 2005,
P.16).
A escola passa então por uma situação um pouco inusitada. Para alguns
deve aumentar a carga horária das aulas, criando o período integral, não apenas
para melhorar a qualidade do ensino, mas também para se retirar das ruas os
menores que com a ausência dos pais que saíram para o mercado de trabalho,
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deixaram seus filhos a mercê de “outros” educadores. Chegou-se a questionar a
educação pré-escolar não como uma fase anterior a idade propriamente escolar de
um ou dois anos, mas sim desde o zero ano. Podemos perceber que a família, em
lugar de guardar para si a educação desde os primeiros anos de vida dos seus
filhos, questiona a ampliação da jornada escolar. Querem então que as crianças não
fiquem apenas três ou quatro horas por dia na escola mas, sim, seis ou até oito
horas. Enfim querem repassar para as escolas “toda” a obrigação da educação e de
certo modo, colocam a escola como uma forma dominante de educação, enfim, seria
até difícil pensar-se em educação sem a escola.
É necessário que não tomemos visões radicais nem de uma forma nem de
outra. Não podemos pensar na educação como sendo a escola a única forma ou
meio, mas não podemos também admitir que ela esteja superada ou que até seja
algo nocivo para os nossos filhos.
Com essa visão histórica da sociedade moderna podemos nos orientar pela
pedagogia histórico-crítica, que se empenha em defender a especificidade da
escola. Para ela a escola tem uma função especificamente educativa, propriamente
pedagógica, ligada à questão do conhecimento; é preciso resgatar a importância da
escola, do saber sistematizado e do conhecimento onde a escola é o ponto de
partida e o principal meio para se chegar lá. (SAVIANI, 2005, P. 97-98).
Para fazermos uma leitura de imagem
Para fazermos uma leitura de uma imagem precisamos saber em qual
contexto ela está inserida. A imagem possui uma base de formação e para
interpretá-la necessita-se de um conhecimento que em muitos casos nossos
educandos não possuem. Aparecem então as interpretações dúbias ou fora de nexo
com aquilo que o autor do texto ou da mensagem gostaria de passar. Contextos
diferentes sobre o significado de uma imagem, levam a interpretações diferentes.
A imagem é uma mídia que utilizamos para nos comunicarmos. Assim, como
as palavras e os vídeos (seqüência de imagens que nos dão a impressão de
movimento). As imagens possuem um poder muito grande de comunicação, por isso
um dito popular enfatiza: “uma imagem vale mais do que mil palavras”.
As imagens, em especial as fotos, são representações de um objeto real, que
possuem uma opinião de quem as realizam. O autor tem o poder de captar através
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de sua câmera fotográfica aquilo que lhe interessa, podendo então aumentar as
dúvidas daqueles que estão fazendo a leitura de suas fotos. Por isso, além da
análise do contexto (foco no ambiente em que a imagem é criada e usada), devemos
observar atentamente à análise do conteúdo da imagem (o que ela mostra em si).
Com as tecnologias disponíveis atualmente é possível processar as imagens
em programas especiais e inverter ou subtrair a verdade das imagens geradas nas
fotografias. Esses programas têm possibilitado o surgimento de novos atores no
processo de criação das imagens, que são os técnicos em informática, os quais
manipulam as imagens. Isso já era feito há muito tempo, mas com as fotos digitais e
suas ferramentas, não podemos mais confiar no que vemos (RIBEIRO 2008).
Temos que estar atentos para o que vemos e muito mais atentos quando
disponibilizamos para nossos alunos imagens para serem trabalhadas nas salas de
aula, pois em muitos casos essas imagens são inéditas para os alunos e eles
necessitam de um auxílio, que deve vir do professor, para desvendar o que está
sendo passado a eles. “A máquina fotográfica não se apresenta como um remédio
para nossas limitações visuais, mas como um auxiliar para nossa percepção”
(COLLIER Jr, 1973, p. 1). As imagens não poderão por si só responder tudo aquilo
que o autor da fotografia quis eternizar naquele momento, pois elas não servirão
apenas para observar-se os detalhes contidos na foto já que deve-se ir além do que
está se vendo. Devemos buscar sempre novos conhecimentos para sairmos da
idéia de superficialidade do conhecimento. Essa forma de compreender a realidade
dos ícones representados pelas imagens pode ser observada na visão de COLLIER
Jr, (1973, p.3).
A cegueira pessoal que obscurece nossa visão individual está
relacionada com o isolamento que é possível em nossa sociedade urbana
mecanicista. Aprendemos a ver apenas o que praticamente precisamos
ver. Atravessamos nossos dias com viseiras, observando somente uma
fração do que nos rodeia. E quando observamos criticamente, é quase
sempre com o auxilio de alguma tecnologia.
Nos parece que nos dias atuais a percepção da realidade tem se tornado
algo mecânico, repetitivo, uma seqüência de que tudo é “normal”. Só nos damos
conta de certos detalhes quando fazemos uso das tecnologias, hoje cada vez mais
disponibilizadas para muitos da sociedade em que vivemos. É claro que ainda uma
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boa parte dos alunos, oriundos de classes menos favorecidas, não tem acesso a
essas tecnologias, mas com certeza já visualizaram ou tomaram contato com esses
recursos tecnológicos. O simples manuseio ou o folhear de um livro didático já o está
inserindo nesse contexto de se fazer observações com o auxilio das tecnologias. O
uso quase diário do meio televisível também é uma forma de utilização dessa
tecnologia que se não for orientada, trabalhada e desmistificada em nada irá
colaborar com o desenvolvimento do conhecimento dos nossos alunos.
Com a melhora nas condições de vida da sociedade e particularmente dos
alunos percebemos que a tecnologia tem sido implementada no nosso dia-a-dia e
cada vez mais essa mudança pode ser observada no cotidiano das pessoas. A
informação tem chegado em diversas formas para todos. Como cita Milton Santos
sobre a tecnicização e cientificização da paisagem.
Podemos então falar de uma cientificização e de uma tecnicização da
paisagem. Por outro lado, a informação não apenas está presente nas
coisas, nos objetos técnicos, que formam o espaço, como ela é necessária
à ação realizada sobre essas coisas. A informação é o vetor fundamental
do processo social e os territórios são, desse modo, equipados para
facilitar a sua circulação. (SANTOS, 2006, p. 239).
O aumento da informação e o crescimento no conhecimento proporcionará a
qualquer sociedade novos relacionamentos e significados daquilo que as imagens
nos revelam. Esse crescimento cultural não pode estar apenas a cargo das escolas,
pois isso vai muito além. Devemos considerar que existe um conjunto de fatores que
se relacionam entre si para compor o desenvolvimento cultural da sociedade. A
leitura de livros, jornais e revistas, os programas televisivos, teatros, enfim tudo
aquilo que podemos considerar como formadores de opiniões e propagadores do
conhecimento fazem parte desse conjunto de meios que proporcionaram o
desenvolvimento cultural dessa sociedade e devemos estar atentos para fazermos
uso de todos esses elementos através das tecnologias disponíveis e
proporcionarmos uma prática educacional com uma melhor qualidade.
A cultura modifica a percepção e cada imagem é uma espécie de
texto cultural que relaciona a forma de conteúdo e o conteúdo com a
estética e os significados. Ao se deparar com uma imagem o leitor realiza
10
atos de leitura que implicam uma série de competências e habilidades:
sensoriais, históricas, cognitivas, etc. ( ZANIRATO, 2005, p. 19)
Material didático
Terminado o trabalho direcionado para a pesquisa bibliográfica foi iniciada a
produção de um material didático para ser aplicado em sala de aula. Entre as várias
opções foi escolhido o “folhas” que tem como proposta uma produção direcionada
aos alunos com o uso de uma linguagem clara e objetiva, que visa proporcionar ao
aluno uma compreensão mais fácil do assunto e ao mesmo tempo leva o professor a
sair da rotina dos livros didáticos onde o aluno muitas vezes estuda como sendo
apenas um conteúdo a ser decorado pois ele não consegue perceber que ele, aluno,
está dentro daquele conteúdo, ou seja, são conteúdos que não provocam a
curiosidade e nem possibilitam ao aluno a idéia de sentir a importância do que está
sendo trabalhado. Na proposta do “Folha”, o aluno percebe que o que está
estudando tem um sentido, um significado, pois ele pode visualizar o conteúdo
trabalhado como parte do seu cotidiano.
O projeto “folhas” é um projeto de formação continuada para os professores
da rede estadual de ensino do Paraná que abre uma oportunidade ao educador de
repensar sobre os encaminhamentos de sua disciplina e a concepção de ciência, o
que pode interferir diretamente na sua prática docente.
A aplicação do “Folhas” está diretamente relacionadacom a proposta do
PDE, pois busca proporcionar um estudo de caso levando em conta o aluno e o
professor. Desenvolver uma investigação nesse sentido faz parte do saber
geográfico e a importância desse conhecimento na vida das pessoas. Para isso
temos que buscar a compreensão dos estudos de casos que envolvem os dois
seguimentos. Como foi a preocupação de Cavalcanti, 2005, p.168:
“... busquei compreender melhor os processos mentais dos alunos
envolvidos nas situações de ensino e aprendizagem, nas quais os alunos
estariam construindo conhecimentos de Geografia. O que me levou,
portanto, a desenvolver esta investigação foi a preocupação com o ensino
de Geografia e com o professor dessa matéria, tendo em vista que o
ensino, como atividade mediadora da relação cognitiva do aluno com os
11
objetos de conhecimento, precisa basear-se nas peculiaridades do
processo de desenvolvimento mental dos alunos. Ou seja, ensinar a
pensar, ajudar os alunos a potencializar suas habilidades cognitivas, prover
os alunos de instrumentos conceituais para construção do conhecimento
são tarefas que requerem do professor uma compreensão desse processos
de modo a realizar seu trabalho com maior eficácia.”
A escolha do tema – Consumidor consciente ajuda a preservar o meio
ambiente - está relacionada com a importância que o assunto vem sendo tratado
pela mídia, e pela possibilidade de despertar um interesse do conteúdo nos alunos,
uma vez que ele poderá perceber nos seus atos, no seu cotidiano, que suas ações
podem ser trabalhadas como conteúdo em sala de aula. Esse conteúdo, por sua
vez, está relacionado com vários aspectos dos Conteúdos Básicos – da disciplina de
Geografia para o Ensino Médio que encontramos nas Diretrizes Curriculares da
Educação Básica do Estado do Paraná, entre eles “O comércio e as implicações
socioespaciais”. Mas o que é um consumidor consciente? É o ato de consumir
levando em consideração os impactos provocados pelo consumo. Explicando
melhor: o consumidor pode, por meio de suas escolhas, procurar aumentar os
impactos positivos e diminuir os negativos nos seus atos de consumo, e desta forma
contribuir para construir um mundo melhor, sem grandes diferenças entre os mais
ricos e os mais pobres, sem fazer o uso desregrado dos recursos naturais,
possibilitando que o seu uso controlado não trará nenhum desastre para a natureza,
isso é Consumo Consciente. Em outras palavras, é um consumo com consciência de
seu impacto, e do isso vai causar no mundo que está ao seu redor, e voltado a
atender suas necessidades sem prejudicar as futuras gerações que estão por vir, ou
seja, pensando na sustentabilidade.
O consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e
o que isso vai acarretar para o planeta, lembrando que a sustentabilidade implica em
um modelo ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável. O
consumidor consciente reflete sobre os seus atos de consumo e como eles irão
atingir não só sobre si mesmo, mas também sobre as outras pessoas, sobre a
economia e sobre a natureza. O consumidor consciente também busca espalhar
esse conceito e a realização da prática do consumo consciente, influenciando e
contagiando outras pessoas para seguirem o seu gesto, fazendo com que pequenas
ações no simples ato de consumo, realizados por um número muito grande de
12
pessoas promovam grandes transformações para todos os envolvidos.
O consumo consciente pode ser praticado no dia-a-dia, por meio de gestos
simples que levem em conta os impactos da compra, o uso e o descarte de produtos
ou serviços. Tais gestos incluem o uso e descarte de recursos naturais que fazemos
em todo momento na nossa vida. A compra, uso e descarte dos diversos produtos
ou serviços e a escolha das empresas das quais iremos comprar, procurando saber
se essas empresas também se preocupam com a sociedade e com o meio
ambiente, nos tornará consumidores conscientes e essa contribuição voluntária,
cotidiana e solidária terá uma grande importância para garantir a sustentabilidade no
planeta.
O material também levanta alguns questionamentos que tem a intenção de
provocar o aluno para uma conscientização sobre o tema e ainda abre espaço para
uma amplo debate em sala de aula e que extrapola os limites da escola. A presença
de imagens serve como relação entre o ideal e o imaginário, provocando um
repensar de suas ações.
Os debates surgiram naturalmente quando se aplicava o material, uma vez
que a idade dos alunos contribuía muito para o processo, sendo que o mesmo foi
produzido para os alunos do segundo ano do Ensino Médio. Nas aulas em que se
debatia sobre o assunto ou nas produções de textos elaborados individualmente ou
em grupo, podemos observar uma mudança na conscientização do tema pelos
alunos. Creio que somente pela mudança da postura nos debates e nas análises
dos casos-problemas levantados pelos próprios alunos já se configura um grande
avanço no processo ensino/aprendizagem.
Implementando a produção didática
Colocarmos em prática o que foi planejado e estudado foi uma atividade
desafiadora e prazerosa ao mesmo tempo. Desafiadora, pois não sabíamos qual
seria a reação e a participação dos alunos em uma prática em sala de aula onde
eles deveriam elaborar o conhecimento e ser parte ativa de todo o processo.
A intervenção foi realizada com os alunos do segundo ano do Ensino Médio
do Colégio Estadual João XXIII – Ensino Fundamental e Médio de Maringá, no
primeiro semestre de 2009. A escolha dos alunos do segundo ano do Ensino Médio
não foi por acaso uma vez que eles já possuem um nível de criticidade da sociedade
13
em que vivem e por isso podem compreender com maior facilidade as diferentes
formas de linguagem visual.
Ao desenvolver o trabalho, tomando como objeto de investigação as mais
variadas formas de linguagem visual, numa perspectiva de transmissão,
interpretação e análise das mesmas, definimos como opção metodológica a
pesquisa qualitativa. Dentro das possibilidades da pesquisa qualitativa as opções do
desenvolvimento do trabalho foram: conhecimento das origens das imagens,
análises das imagens, interpretação e crítica das imagens, produções e debates.
O objetivo de se trabalhar com a pesquisa qualitativa não é apenas observar
as opiniões dos alunos, mas explorar as diferentes representações sobre o assunto
estudado. Para isso precisamos estar atentos nas formações das idéias elaboradas
pelos alunos, proporcionando a eles um estado de liberdade para opinarem sem a
interferência direta do professor ou mesmo de “grupos” que se formam dentro das
salas de aula que podem influenciar os demais alunos com os seus pensamentos de
forma direta nas suas intervenções ou simplesmente ironizando a fala dos demais.
Procuramos então, proporcionar uma interação entre os alunos, observando as
representações emocionais, o humor, a espontaneidade e a criatividade de cada um
dentro dos grupos.
Como proposta de trabalho inicial, foi solicitada uma produção de texto, para
os alunos para sabermos o nível de entendimento dos mesmos sobre a leitura de
imagens, o conhecimento sobre os equipamentos disponíveis para se fazer as
imagens, sejam elas estáticas como nas fotografias ou em movimentos como nos
filmes e nos teatros. Desta forma obtivemos uma visão, mesmo que geral, dos
saberes já adquiridos pelos alunos ao longo de suas vidas e pudemos então,
constatar se existe uma necessidade do conhecimento geográfico na vida de cada
um deles. Com esses dados em mãos passamos a direcionar a proposta,
relacionando o uso da tecnologia, disponibilizada pela escola, ou seja, a Tv pen
drive, e o laboratório de informática, utilizando o programa BrOffice Impresst[3] com a
[3] BrOffice Impress – é um programa gratuito que faz parte do BrOffice.Org. É um
gerenciador que permite a criação, edição e exibição de apresentações. Esse tipo de arquivo
permite apresentar/informar sobre um determinado tema, serviço ou produto, possibilitando
utilizar arquivos de imagens, sons, textos e vídeos, os quais podem ser animados de diferentes
maneiras.
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leitura das imagens. O objetivo dessa prática realizada pelos alunos é analisar
criticamente todos esses elementos.
As atividades práticas foram desenvolvidas em grupo, já que possibilitam
aprofundar a compreensão do problema, analisando os objetos de estudo e
buscando uma solução para o mesmo, para assim desenvolver valores nesse tipo
de atividade e que, em muitos casos com atividades escritas ou orais na forma
individual não são encontrados.
Durante a parte considerada teórica observamos que os alunos estavam
familiarizados com o modo de trabalho, ou seja, quando estava passando no quadro
negro o conteúdo do projeto, eles acompanhavam sem nenhum problema, pois era
algo que já fazia parte do seu cotidiano escolar. Assim eles faziam a cópia alheios
àquilo que lhes era passado, apenas reproduziam o conteúdo nos seus cadernos.
No primeiro momento em que convidei-os para um debate sobre os
encaminhamentos práticos de como seria o nosso trabalho, pude perceber que a
maioria da sala de aula que é composta por 32 alunos, teve uma certa dificuldade
em se expressar mesmo sendo sem nenhuma obrigação em fazê-lo. Assim
caminhamos por seis aulas (duas semanas), introduzindo o conteúdo e buscando
conscientizá-los de como seria a implementação do projeto.
Depois de passar e debater teoricamente como seria o desenvolvimento do
projeto, levamos os alunos a uma atividade individual de leitura de imagens no
laboratório de informática do colégio. Nessa atividade os alunos deveriam analisar
as fotos do renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Foi passado então o
caminho de como os alunos deveriam fazer para chegar às fotos (na internet –
Google – imagens) e fazer a atividade que consistia em baixar uma foto, salvar a
imagem no computador, escrever um comentário sobre a mesma, de forma livre,
sem a interferência do professor. Depois os alunos deveriam encaminhar a atividade
por e-mail para o professor.
Nessa atividade pude observar que os alunos ficaram impressionados com as
fotos, porém quando chegou a hora de escrever o comentário sobre elas tiveram
grandes dificuldades, uma vez que eu não me pronunciei sobre o que eles deveriam
escrever. Era para ser assim mesmo. Eles teriam liberdade de expressão mas, a
minha grande surpresa foi a facilidade em fazer o trabalho, ou seja, o manuseio do
computador e a pesquisa pela internet, que foi atingido por 95% dos alunos e pude
constatar um grande contraponto, ou seja, a dificuldade da elaboração dos
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comentários, onde 30% não ultrapassaram se quer uma frase de uma linha apenas,
e somente 20% atingiram as expectativas de se fazer uma análise crítica da imagem
escolhida.
O que será que tem podado os nossos alunos em suas criatividades? Será
que eles estão tão habituados a receber as coisas prontas que quando tem que
produzir algo não estão sabendo como fazer? Em sala de aula muitas vezes,
percebemos que eles esperam que nós estejamos a todo o tempo dizendo
exatamente o que eles devem fazer. Inclusive perguntam em qual página, em qual
parágrafo podem encontrar determinada resposta. Esta faltando em muitos de
nossos alunos a autonomia para realizares análises e tirassem suas próprias
conclusões sem um direcionamento prévio por parte do professor, seja em relação a
uma imagem, um filme ou mesmo um texto.
Quando é para trabalhar com as tecnologias a maioria parece que já nasceu
sabendo e estão num patamar até maior de conhecimento do que o nosso, mas
quando foi deixado livre para que eles produzirem, não pareciam que sabiam tanto
assim e que nem eram alunos do 2º ano do ensino médio.
Na atividade seguinte, achei que seria necessário uma apresentação em
grupo para quebrar um pouco as amarras e os medos do trabalho. Desta forma,
propus um trabalho em que eles teriam que pesquisar em revistas de circulação
nacional, fotos referentes a propagandas e publicidades. Separei-os em grupos de
quatro ou cinco alunos e ao encontrarem as referidas fotos (mínimo de quatro), o
grupo deveria analisá-las seguindo algumas recomendações propostas pelo
professor como objetivo da propaganda, público alvo, relação entre a imagem e a
escrita contida na propaganda e outros detalhes que eles mesmos poderiam achar
necessários de serem abordados. Em seguida deveriam colar as imagens em
cartolinas e escreverem as conclusões que o grupo chegou sobre a análise.
Depois de todos terem colado e escrito suas opiniões, eles passaram a
apresentar os cartazes para a sala de aula. Esse trabalho em grupo foi realizado
sem nenhum problema, pois todos participavam até com certo entusiasmo. O
objetivo era que cada um apresentasse uma das imagens, mas pude então perceber
a dificuldade de alguns alunos em se apresentar perante os colegas e ainda mais,
que eles sentem uma “certa” vergonha e até um receio de errar diante dos demais, o
que foi minimizado por mim, porém não surtiu muito efeito para todos e alguns se
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recusaram a apresentar a sua parte, sendo então apresentado pelos demais colegas
do grupo.
Ao fim dessa atividade iniciei o que eu considerava a parte principal do projeto
onde o uso das tecnologias em sala de aula seriam então analisadas. Na minha
concepção somente fazer o uso dessas tecnologias pelo professor talvez não fosse
atraí-los tanto, então passei a direcionar as atividades onde os alunos seriam parte
ativa do projeto.
Como eu tinha que direcioná-los, propus uma atividade inicialmente em sala
de aula para planejarmos o que seria feito. A idéia era a seguinte: os alunos
divididos em seis grupos deveriam tirar fotos do colégio utilizando câmeras digitais.
Depois eles deveriam passar essas fotos para o computador, analisar e escrever
uma crítica sobre o espaço em que eles estão inseridos, ou seja, o ambiente escolar.
Com o roteiro pronto disponibilizei uma aula para eles fotografarem o que quisessem
do colégio. A primeira dúvida dos alunos foi: o que fotografar? Propus então que
eles teriam total liberdade para produzirem as imagens que seriam trabalhadas
posteriormente. Foram produzidas várias fotos, principalmente do espaço físico do
colégio e das condições de conservação do mesmo, uma vez que ele já tem mais de
50 anos e nunca passou por uma reforma. Com as imagens nas mãos, digo nas
máquinas fotográficas digitais, levei-os para o laboratório de informática onde passei
o caminho de como se trabalhar com as imagens, inserir os comentários, salvar no
Pen drive para que então fossem apresentados na sala de aula pela TV Pen drive.
Praticamente deixei tudo por conta deles, apenas tirava as dúvidas que iam
surgindo e o resultado foi muito bom. Todas as equipes concluíram a atividade,
todos participaram e até para a minha surpresa disputavam entre eles quem iria
apresentar primeiro. Esse foi um momento muito especial, observar que eles podem
produzir o conhecimento com o acompanhamento do professor.
Acredito que essa atividade atingiu um dos objetivos que era relacionar o
conhecimento adquirido com o espaço em que os alunos estão inseridos, nesse
caso em questão, o espaço físico do colégio, que foi criticado por muitos, com um
debate sobre a ação dos alunos em destruir o patrimônio público.
O próximo passo foi aplicar na prática o “Folhas”, que vocês já tem
conhecimento, sobre o consumismo e propus a mesma forma de atividade só que
eles deveriam tirar as fotos dos bairros onde moram e as fotos deveriam estar
relacionadas com o consumismo.
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Essa atividade foi proposta para colocar em prática uma das possibilidades de
utilização dos meios tecnológicos na educação. Nela pude testar o uso de várias
tecnologias ao mesmo tempo como as câmeras digitais, o laboratório de informática
e os computadores, o Pen drive e até os mp4 dos alunos que funciona como um Pen
drive e a televisão Pen drive das salas de aula. Assim, depois de receberem o
conteúdo teórico sobre o consumismo, os alunos deveriam transformar esse
conhecimento em uma aula prática e participativa utilizando as tecnologias referidas
acima e no final demonstrar o que aprenderam sobre o assunto para os demais
colegas socializando o conhecimento. Para dar um sentido de ordem na atividade
direcionei os alunos passando para eles como deveriam ocorrer os trabalhos nos
seguintes passos: 1º- dividi a sala em grupos; 2º- cada grupo deveria elaborar um
roteiro que direcionaria as atividades do grupo; 3º - os grupos deveriam obter no
mínimo quatro imagens coletadas por eles no bairro em que residem em uma
atividade extra classe; 4º - com as fotos nas câmeras ou nos Pen drive passamos
para aula no laboratório de informática com montagem e preparação das imagens
pelos alunos bem como seriam as apresentações com o acompanhamento do
professor;
5º- A apresentação das imagens fazendo uso da Tv Pendrive e debate com
questionamentos dos demais alunos em sala de aula.
Foi uma experiência muito boa para mim e acredito que para os alunos
também. Pude aprender muito, não só com as minhas pesquisas para desenvolver o
meu projeto, mas também com os alunos, que em alguns momentos, no que se
refere às tecnologias sabem mais do que nós. O uso dessas ferramentas, que estão
disponíveis para nós, podem ser parceiras muito importante no processo ensino
aprendizagem, que estão aí para nos auxiliar e que em muitos casos não fazemos
uso das mesmas por medo ou receio de não sabermos utilizá-lo ou em outros
momentos se fazemos, fazemos sem a devida preparação ou com um objetivo pré-
estabelecido. Isso talvez explique o comentário que já estava acostumando a ouvir
de meus colegas de trabalho: “- Esses alunos não querem aprender nem utilizando
essas parafernálias modernas”.
A efetivação de uma aula diferente, pouco utilizada no colégio em que
trabalho, motivou os alunos a uma participação poucas vezes vista por mim. Não
quero dizer que não encontrei dificuldades (que relatarei mais a frente), mas,
novamente venho dizer que senti uma motivação em mim que não tinha a algum
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tempo na minha prática rotineira em sala de aula na forma de transmitir
conhecimento. Foi uma satisfação ver as coisas acontecerem sem ter que ficar como
em outras aulas “implorando para eles fazerem” ou sem ter que “ameaçá-los” que
isso vale nota ou coisas do gênero.
Não posso dizer que foi tudo 100%, se não estaria aqui fazendo uma
propaganda enganosa, mas posso afirmar sim que o meu objetivo de analisar e
constatar que é possível envolver os alunos do segundo ano do ensino médio com
uma aula participativa, criativa, com os alunos dando idéias e discutindo como seria
o roteiro, o local das fotos, como trabalhar as fotos no computador, um grupo
ajudando o outro, pode acontecer sim, enfim, fiquei muito satisfeito ao constatar o
que eles estavam sentindo: (relato deles) – “que a escola poderia ser tão gostosa
como o mundo que vivemos lá fora”. Quanto às dificuldades vamos começar dizendo
que o consenso é quase impossível de se conseguir quando estamos trabalhando
com adolescentes, por tanto alguns componentes de alguns grupos discordavam
com o caminho que tracei para as atividades, na verdade eles já queriam trazer tudo
pronto de casa, sem ter que fazer nos computadores da escola que segundo eles
são ruins de mexer. Um outro problema foi a dificuldade que alguns grupos tiveram
ao fazer uso da Tv Pendrive, essas coisas que nós já estamos acostumados, ( “eu
fiz tudo certo e agora não funciona...”), na verdade o erro foi que eles gravaram no
pen drive um formato que a Tv Pendrive não lê e assim tiveram que refazer e
apresentar em outro momento e também uma equipe que não conseguiu apresentar
por não se organizarem com o material completo para o dia da apresentação.
Grupo de Trabalho em Rede – GTR
Através de uma capacitação proporcionada pela Secretaria Estadual de
Educação através da Coordenação Regional de Tecnologia na Educação - CRTE,
os professores do PDE, tiveram uma grande possibilidade de socialização do
conhecimento sistematizado e elaborado juntamente com a troca de experiências
durante a Implementação do projeto. Tudo isso foi possível pela aplicação de um
Grupo de Trabalho em Rede (GTR) pela internet com professores da rede estadual
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de ensino do Paraná. Utilizando a plataforma MOODLE[4] foi possível colocar em
prática mais uma das novas tecnologias disponibilizadas para os professores da
rede. Esse trabalho foi de grande valia para troca de informações com colegas que
puderam vivenciar, mesmo que à distância, em um ambiente virtual, o que estava
sendo aplicado em sala de aula com os alunos onde era aplicado o projeto.
Essa modalidade à distância também pode proporcionar situações
interessantes. Professores que estão a quilômetros de distância podem acompanhar
o que se passa em uma outra realidade diferente da sua, mas pode também
perceber que o que se passa no seu ambiente de trabalho é muito parecido com os
demais. Um dos comentários postado por uma das cursistas reflete essa situação:
Referente a dificuldade dos alunos em relação a ter opinião sobre
determinado assunto ou imagem relacionadas ao tema é bem complexa,
pois eles não estão habituados a fazer este tipo de análise. O que é mais
comum infelizmente, é a cópia. Identifiquei-me com está situação quando
levei os alunos no laboratório de informática para analisar mapas ou
imagem sobre um determinado assunto e eles questionaram: " Mas
professora não tem nada para copiar? É só pra ficar olhando? Dois minutos
depois...Pronto já olhei, posso jogar um joguinho? Ai eu me pergunto: O
que será que estou fazendo de errado??? Deve ter um jeito de fazer estas
"criaturinhas" a agirem melhor. (Rosecleia Andretta Correa; Professora do
Col. Est. Carlos A. Camargo, da Cidade de Capitão Leônidas Marques).
Conclusão
O uso das tecnologias no ambiente escolar é positiva se soubermos
direcionar nossas ações e as ações dos nossos alunos para um propósito em
comum que é o conhecimento. Manusear as tecnologias é apenas uma questão de
interesse e uma superação pelo novo, tanto por parte dos alunos como dos
professores.
As imagens são carregadas de significados que estão bem visíveis ou que
estão à espera de serem descobertas por quem a observa. Identificar estratégias de
[4] Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment – Moodle é um software livre, de apoio à
aprendizagem, executado num ambiente virtual (internet). A expressão designa ainda um Sistema de
gestão da aprendizagem, ou seja, um trabalho colaborativo baseado nesse programa.
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como realizar essa leitura e conduzir os alunos para a busca de novos significados é
função do professor. É importante não esquecermos o papel da Geografia nessa
atividade, pois sabemos que as imagens fazem parte de um espaço e compreender
as relações sociais dos homens que ocupam esse espaço bem como analisar as
relações, econômicas e culturais que ai encontramos é pertinente dessa disciplina.
A internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos
para as escolas. Os professores precisam então aprender e reaprender a gerenciar
os vários espaços que nos são disponibilizados e integra-los de forma aberta, sem
obstruir o que os alunos já trazem do seu conhecimento do cotidiano, ou seja, do
seu censo comum; equilibrada, para não deixarmos que as parafernálias
tecnológicas superem a intervenção didática e metodológicas dos professores e
inovadoras, ao ponto de sempre buscarmos pelo novo sem termos que ficar presos
a práticas que não atraem mais a atenção desses alunos que vivenciam as
tecnologias a todo instante em suas vidas.
Queremos uma escola onde o aprender a pensar possa ser também ser um
meio que auxilie os alunos a utilizar os aparelhos eletrônicos numa visão crítica, para
que sejam capazes de construírem em seus intelectos uma leitura de mundo e de
vida e que isso possa proporcionar a eles o surgimento de uma identidade que o
referencie dentro de um espaço local ou global numa busca pela melhora constante
de sua vida.
REFERÊNCIAS:
CALLAI, Helena Copetti. O ensino de Geografia: Recortes espaciais para
análise . In: Castrogiovanni, Antonio Carlos; Callai, Helena Copetti; Schäffer Neiva
Otero; Kaercher, Nestor André (Org). Geografia em sala de aula – práticas e
reflexões. 4 ed. Porto Alegre, Editora da UFRGS. 2003.
COLLIER, John Jr. A fotografia como método de pesquisa . São Paulo, EPU,
1973.
MORAN, José Manuel. Os novos espaços de atuação do educador com as
tecnologias. Disponível em : www.eca.usp.br/prof/moran/espacos.htm - acesso em
08/11/2009.
MORAN, Jose Manuel. As mídias na educação . Disponível em:
http://www.eca.usp.br/prof/moran/midias_educ.htm - acesso em: 22/7/08.
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, BRASIL: Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN –
Ensino Médio.
RIBEIRO, Antonio Mendes. Representação com imagens
(http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?pub_id=9574 – acessado em
15/06/08).
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo, razão e em oção . 4 ed.
São Paulo, Edusp. 2006
SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-critica: primeiras aproximações . 9. ed.
Campinas, S P: Autores associados, 2005.
ZANIRATO, Silvia Helena. A fotografia de imprensa: Modos de ler . In: Pelegrini,
Sandra de C. A; Zanirato, Silvia H. (Org.). As dimensões da imagem: abordagens
teóricas e metodológicas. Maringá: Eduem, 2005.