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1 DIREITO COMO LIBERDADE: O DIREITO ACHADO NA RUA (Experiências Populares Emancipatórias de Criação de Direito) Projeto de Pesquisa: Prof. José Geraldo de Sousa Junior Pesquisador 1 C, do CNPQ O projeto se enquadra na seguinte linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Direito da UnB: Linha de pesquisa 1 – Pluralismo Jurídico e Direito Achado na Rua Os eventos que desafiam o direito constitucional tradicionalmente centrado no Estado nacional, colocado em xeque tanto no nível internacional, pelos fenômenos da globalização, da ordem mundial da ONU e do advento de novos sujeitos do direito internacional, quanto internamente, com a afirmação do direito público difuso dos novos atores sociais, da sociedade civil organizada, reclamando participação na definição e na implementação das políticas públicas de densificação e concretização dos direitos fundamentais, a requerer não só a reconstrução da teoria do Direito e da democracia bem como o repensar do ensino jurídico, fornecem os elementos de enucleação dos trabalhos desenvolvidos nesta primeira linha. Os seguintes projetos de pesquisa densificam a linha: 1 - Direito Como Liberdade: O Direito Achado na Rua - Experiências Populares de Criação de Direito. O projeto articula nos planos teórico e prático o potencial emancipatório do direito, tomado como expressão da liberdade e da igualdade que são constitutivas da sociedade plural e democrática. O projeto tem como responsável por sua condução o Professor José Geraldo de Souza Júnior, conta com a participação dos Professores Alexandre Bernardino Costa, Cristiano Paixão e Menelick de Carvalho Netto. Fundamentação Mais de vinte anos depois da publicação de “ O Que é Direito ”, texto de Roberto Lyra Filho lançado como nº 62, da Coleção Primeiros Passos, da Editora Brasiliense, ainda permanece como um desafio à interlocução, a virada conceitual indicada pelo autor, em seu pequeno grande livro – usando aqui a expressão de Raymundo Faoro - para designar o Direito 1 . Não mais a descritiva e conformista definição, derivada do consenso positivista, segundo o qual, o direito é o sistema de normas dotado de sanção e coação formalizadas e institucionalizadas, distinto da ética. Em seu lugar, a definição problemática e dialética em seus pressupostos, segundo a qual, o direito é modelo avançado de legítima organização social da liberdade” 2 . Segundo Roberto Lyra Filho, entender o direito como modelo de legítima organização social da liberdade significa que “ o direito se faz no 1 FAORO, Raymundo, Q que é Direito, segundo Roberto Lyra Filho. Direito e Avesso. Boletim da Nova Escola Jurídica Brasileira, Editora Nair, Brasília, ano 1, nº 2, 1982, p. 32 2 LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito, Editora Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, nº 62, São Paulo, 1ª edição, 1982, p. 121

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D I R E I T O C O M O L I B E R D A D E : O D I R E I T O A C H A D O N A R U A (Experiências Populares Emancipatórias de Criação de Direito) Projeto de Pesquisa: Prof. José Geraldo de Sousa Junior Pesquisador 1 C, do CNPQ O projeto se enquadra na seguinte linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Direito da UnB: Linha de pesquisa 1 – Pluralismo Jurídico e Direito Achado na Rua

Os eventos que desafiam o direito constitucional tradicionalmente centrado no Estado nacional, colocado em xeque tanto no nível internacional, pelos fenômenos da globalização, da ordem mundial da ONU e do advento de novos sujeitos do direito internacional, quanto internamente, com a afirmação do direito público difuso dos novos atores sociais, da sociedade civil organizada, reclamando participação na definição e na implementação das políticas públicas de densificação e concretização dos direitos fundamentais, a requerer não só a reconstrução da teoria do Direito e da democracia bem como o repensar do ensino jurídico, fornecem os elementos de enucleação dos trabalhos desenvolvidos nesta primeira linha. Os seguintes projetos de pesquisa densificam a linha:

1 - Direito Como Liberdade: O Direito Achado na Rua - Experiências Populares de Criação de Direito.

O projeto articula nos planos teórico e prático o potencial emancipatório do direito, tomado como expressão da liberdade e da igualdade que são constitutivas da sociedade plural e democrática. O projeto tem como responsável por sua condução o Professor José Geraldo de Souza Júnior, conta com a participação dos Professores Alexandre Bernardino Costa, Cristiano Paixão e Menelick de Carvalho Netto.

Fundamentação M a i s d e v i n t e a n o s d e p o i s d a p u b l i c a ç ã o d e “O Q u e é D i r e i t o” , t ex to de Robe r to Ly ra F i l ho l ançado como n º 62 , da Co leção P r ime i ro s Pa s sos , da Ed i t o r a B ra s i l i en se , a i nda pe rmanece como um desa f i o à i n t e r l ocução , a v i r ada conce i t ua l i nd i cada pe lo au to r , em seu pequeno g rande l i v ro – usando aqu i a exp re s são de Raymundo Fao ro - p a r a de s igna r o D i r e i t o 1. N ã o m a i s a d e s c r i t i v a e c o n f o r m i s t a d e f i n i ç ã o , d e r i v a d a d o c o n s e n s o pos i t i v i s t a , s egundo o qua l , o d i r e i t o é o s i s t ema de no rmas do t ado de s a nção e coação f o rma l i zadas e i n s t i t uc iona l i z adas , d i s t i n to da é t i c a . Em s e u l u g a r , a d e f i n i ç ã o p r o b l e m á t i c a e d i a l é t i c a e m s e u s p r e s s u p o s t o s , s e g u n d o a q u a l , o d i r e i t o é “mode lo avançado de l eg í t ima o rgan i zação s o c i a l d a l i b e r d a d e ” 2. S e g u n d o R o b e r t o L y r a F i l ho , en t ende r o d i r e i t o como mode lo de l eg í t ima o rgan i zação soc i a l da l i be rdade s i gn i f i c a que “ o d i r e i t o s e f a z no 1 FAORO, Raymundo, Q que é Direito, segundo Roberto Lyra Filho. Direito e Avesso. Boletim da Nova Escola Jurídica Brasileira, Editora Nair, Brasília, ano 1, nº 2, 1982, p. 32 2 LYRA FILHO, Roberto. O que é Direito, Editora Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, nº 62, São Paulo, 1ª edição, 1982, p. 121

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proces so h i s t ó r i co de l i be r tação enquan to de svenda p rec i samen te o s imped imen tos da l i be rdade não - l e s i va aos dema i s . Nasce na rua , no c lamor dos e spo l i ados e op r im idos e sua f i l t ragem nas normas cos tume i ras e l ega i s t an to pode ge rar p rodu to s au t ên t i co s ( i s t o é , a t endendo ao pon to a tua l ma i s avançado de consc i en t i zação dos me lhore s padrões de l i be rdade em conv i vênc ia ) , quan to p rodu to s f a l s i f i cad os ( i s t o é , a negação do d i r e i t o do p rópr io ve í cu lo de sua e f e t i vação , que a s s im se t o rna um organ i smo canceroso , como as l e i s que a inda por a í r epre sen tam a chance la da i n iqü idade , a p re t ex to da consagração do d i r e i t o )” 3. Q u a n d o e m 1 9 8 6 , p a r a c o m e m o r a r o 60 º an ive r s á r i o de Robe r to Ly ra F i l h o , o s s e u s a m i g o s p r e p a r a m “ e s t u d o s s o b r e o d i r e i t o ” e m s u a homenagem, o no t áve l pensado r e l abo rou aque l e que s e r i a s eu ú l t imo t ex to , o pos f ác io “Deso rdem e P roces so” que dá t í t u lo ao l i v ro ed i t ado po r Se rg io A n t o n i o F a b r i s , l i v r e i r o , e d i t o r d e t r a b a l h o s p r e c i o s o s d o h o m e n a g e a d o e s o b r e t u d o a m i g o q u e , a s s u m i n d o o r i s c o e d i t o r i a l l a n ç o u a o b r a t r an s f o rmada em e s tudos pós tumos , em r azão do f a l ec imen to do homenageado , en t r e a en t r ega dos o r i g ina i s e a ed i ção do l i v ro , no d i a 11 de j unho . Em no t a que ab re o vo lume des t aca o Ed i t o r : “ A n t i g a a m i z a d e f u n d a d a em rec íp roca e s t ima , au to r d i ve r sas ve ze s por nós ed i t ado , r econhec imen to pe la s suas o r ig ina i s con t r i bu i ções à s l e t ra s j u r íd i cas b ras i l e i ra s , de t e rminaram a con t i nu idade do p ro j e to ed i t o r ia l . A s soc iamo- nos , a s s im , na s e n t i d a h o m e n a g e m , a i n d a q u e p ó s t u m a . O s d i v e r s o s t r a b a l h o s i n s e r i d o s n o vo lume poder iam se r i nd i cados como Es tudos em Memór i a ; porém , cons ide rando o con t eúdo do pos fác io , con t r i bu i ção s i n t e t i zadora das i dé ia s do g rande pensador , man t i v emos , t a l como conceb ido , a denominação de Es tudos em Homenagem , r e spe i t ando , i nc lu s i ve , a da ta de l ançamen to , d ia 13 de ou tubro de 1986 , na ta l í c i o do i ne squec í ve l homenageado” 4. N o t e x t o , L y r a F i l h o r e t o m a a f o r m u l a ç ã o e l a b o r ada em O Que é D i r e i t o e n a p a r t e I I d o P o s f á c i o t r a b a l h a a e x p l i c i t a ç ã o d o D i r e i t o “ co n ceb id o n a v e r t en t e l i b e r t ad o r a” 5, a f i rmando 6: “ A s s i m é q u e o m e u h u m a n i s m o d i a l é t i c o r e c e b e , t r a n s f u n d e e p r o c u r a u l t rapas sar l egados : a ) do i dea l i smo a l emão , na med ida em que vê o D i re i t o como l i be rdade em coex i s t ênc ia , mas rompe o b loque io e s ta ta l , dum órgão p re t ensamen te e xc lu s i vo de sua de t e rminação , o que l i qu idar ia a l i be rd ade , a p re t ex to de d i s c ip l i ná - la , s e ao Es tado f o s se a t r i bu ído o poder i ncon t ra s táve l , abso lu to e de f i n i t i vo de impor o s eu D i re i t o ( nem fo i ou t ra a obs t rução que con ta minou a f i l o so f i a j u r íd i ca i dea l i s t a , de Kan t a Hege l ) ; b ) da obra marx iana , enquan to aprove i t o a v i são c r í t i ca do D i re i t o ‘ pos i t i vo ’ , de senvo l v ida por Marx , não poucas ve ze s com ma i s su t i l e za e m a t i z a m e n t o d o q u e s e u s d i s c í p u l o s ; e , a i n d a e m M a r x , é c o l h i d a i n s p i r a ç ã o para r eence ta r a s t en ta t i va s , ne l e f ru s t radas , de f und i r o D i re i t o s u p r a l e g a l , d e f o r m a ç ã o h i s t ó r i c a , e u m d i r e i t o p o s i t i v o p l u r a l i s t a ( a q u i , s e m a s p a s , j á q u e n ã o s e r e d u z a o e s t a t a l , n e m d e i x a d e r e c o n h e c e r à s l e i s p rogre s s i s t a s a sua impor tan t e f unção no p roces so ) ; c ) da obra de Ehr l i ch

3 Idem. Desordem e Processo: um prefácio explicativo, in LYRA, Doreodó Araújo (org), Desordem e Processo. Estudos sobre o Direito em homenagem a Roberto Lyra Filho, Sergio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1986, p. 312 4 FABRIS EDITOR, Sergio Antonio, Nota do Editor, in LYRA, Doreodó Araújo, op cit p. 5 5 Op cit, p. 303 6 Op cit, p. 305

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(Ehr l i ch , 1913 ; Ehr l i ch , 1925 ) na med ida em que con t raba lança a s s u g e s t õ e s c e n t r í p e t a s d e W e b e r ( W e b e r , 1 9 4 1 ) , t a m b é m c o n s i d e r a d o , sem pre t ender - m e à t e o r i a d e q u a l q u e r d o s d o i s ; d ) d o ‘ m o t o r d i a l é t i c o ’ d e H e g e l , e m b o r a r e j e i t a n d o o s e u i d e a l i s m o a b s o l u t o e a j u s f i l o s o f i a d e núc l eo e s ta ta l : o human i smo d ia l é t i co deve a Hege l sobre tudo o ím pe to nece s sár io para quebrar a s an t i nomias e bu s c a r a e s s ê n c i a d o D i r e i t o n o p rópr io deven i r em que e l e s e r ea l i za e e x - i s t e ; e ) das modernas cor ren t e s da Soc io log ia Cr í t i ca e da Hermenêu t i ca Ma te r ia l (Ly ra F i l ho , 1980 A , 9 - 10 ; L y r a F i l h o , 1 9 8 2 A , 76 - 91 ; Ly ra F i l ho , 1982B , 49 s s ; Ly ra F i l ho , 1984 , 9 -10 ) . Em segu ida , ne s t e t ex to 7, ao a f i rma r que “ a l i be rdade não é um dom; é t a re fa , que s e r ea l i za na H i s tó r ia , porque não nos l i be r tamos i so ladamen te , mas em con jun to” , v a i i nd i ca r a s cond i ções soc i a i s e t eó r i c a s que nos hab i l i t am “a i n t e rv i r na t rama de r e lações que e l e ana l i sa , com o f im de ence ta r o i t i ne rár io de aper f e i çoamen to dos padrões de conv i vênc ia” . D e f a t o , é a s s i m q u e , e m i n t e r p r e t a ç ã o a s e u t r a b a l h o , M a r i l e n a C h a u í põe em r e l evo o s en t i do d i a l é t i co da ap reensão f e i t a po r Robe r to Ly ra F i l ho , mo s t r a n d o q u e e l a permi t e me lhor pe rceber a s con t rad i ções en t r e a s l e i s e a j u s t i ça e abr i r a consc i ênc ia t an to quan to a p rá t i ca para a superação de s sas con t rad i ções , o que s i gn i f i ca abr i r o D i re i t o para a H i s tó r ia e , ne s sa ação , para a po l í t i ca t rans fo rmador a . Não po r a ca so , e l a vê , ne s sa ap reensão , o r e sga t e da “ d i g n i d a d e p o l í t i c a d o d i r e i t o ” 8. Em Lyra F i l ho e s se p roce s so é de sc r i t o do s egu in t e modo : “ O D i r e i t o , em re sumo se apre sen ta como pos i t i vação da l i be rdade consc i en t i zada e conqu i s tada nas l u ta s soc ia i s e f o rmu la o s p r inc íp io s supremos da Jus t i ça Soc ia l que ne la s e de svenda . Por i s so é impor tan t e não con fund i - l o com as normas em que venha a s e r va zada , com nenhuma das s é r i e s con t rad i t ó r ia s das normas que aparecem na d ia l é t i ca soc ia l . E s ta s ú l t imas p re t endem concre t i za r o D i re i t o , r ea l i za r a Jus t i ça , mas ne la s pode e s ta r a opos i ção en t r e a Jus t i ça mesma , a Jus t i ça Soc ia l a tua l i zada na H i s tó r ia , e a ‘ j u s t i ça ’ de c la s se s e g rupos dominadore s , cu ja i l eg i t im idade não de sv i r t ua o ‘d i r e i t o ’ que i nvocam. Tamb ém é um e r ro ve r o D i re i t o como pura r e s t r i ção à l i be rdade , po i s ao con t rá r io , e l e cons t i t u i a a f i rmação da l i be rdade consc i en t i zada e v i áve l , na coex i s t ênc ia soc ia l ; e a s r e s t r i çõe s que impõe à l i be rdade de cada um l eg i t imam -s e a p e n a s n a m e d i d a e m q u e g a ran t em a l i be rdade de t odos . A abso lu ta l i be rdade de t odos , obv iamen te , r edundar ia em l i be rdade de n inguém, po i s t an ta s l i be rdades par t i cu la re s a t rope la r iam a l i be rdade ge ra l” 9.

A i n d a n o P o s f á c i o , L y r a F i l h o r e t o m a M a r x q u a n d o a l u d e à “ e s s ên c i a do D i r e i t o , a f i rmando que e l a “es tá em que e l e e s t abe l ece a med iação coordenadora das l i be rdades em coex i s t ênc ia , a tuando no p roces so de l i be r tação , a f im de que e s t e s e ja a e f e t i vação p rogre s s i va de l i be rdade , e não o a t rope lo de p re t ensões de sgovernadas , que con fund i r i am os d i r e i t o s s u b j e t i v o s c o m o s c a p r i c h o s e g o c ê n t r i c o s e a n á r q u i c o s ” 10.

7 Op cit, p. 307 8 CHAUÍ, Marilena, Roberto Lyra Filho ou da dignidade política do Direito. Direito e Avesso, op cit, págs. 21-30 9 LYRA FILHO, Roberto, O que é Direito, op cit, p. 124 10 Idem, op cit, p. 308

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Em segu ida , d i r e t amen te , va i i nd i ca r em Marx , a f on t e imed i a t a de onde ex t r a i o con t eúdo do D i r e i t o pa r a , en t r e a spa s , a t r i bu i r a Marx o conce i t o de “ o D i r e i t o é a e x i s t ê n c ia pos i t i va da l i be rdade” , a inda que pa r a mos t r a r , pa r a a l ém de Marx , a nece s s idade de novas l i gações , ma i s amp la s , pa r a e s t abe l ece r “ a p o n t e s o c i a l e h i s t ó r i c a e o c o n d i c i o n a m e n t o r e c í p r o c o do D i re i t o Ju s t i ça , i s t o é , a l i be rdade pos i t i vada , e do D i re i t o como norma s o c i a l d a c l a s s e r e g e n t e , i s t o é , a p o s i t i v a ç ã o s e m a q u a l a l i b e r d a d e é u m conce i t o oco e a Jus t i ça uma abs t ração a l i enada . Marx , adema i s , chega a ve r que , no t e r r eno h i s t ó r i co - s o c i a l , e s t á o c a m p o d i a l é t i c o , i m p e d i n d o q u e a s normas s e de sv incu l em da Jus t i ça e o D i re i t o s e t o rne p seudôn imo da o rdem e s tagnada , a s s im como impede que a Jus t i ça s e de sv incu l e das normas , t rans fo rma ndo - s e n u m f a n t a s m a ‘ m e t a f í s i c o ’ ( a s e r c o o p t a d o p e l a o rdem in s t i t u ída , para l eg i t imar o s eu p rópr io padrão )” 11. Libe rdade e l eg i t im idade t o rnam - s e , p o r t a n t o , o s e l e m e n t o s c e n t r a i s pa r a a compreensão de s sa s r e l a ções .

A L i b e r d a d e c o m o P r o b l e m a N o v e r b e t e q u e r e d i g i u p a r a o D i c i o n á r i o d o P e n s a m e n t o S o c i a l d o S é c u l o X X , e d i t a d o p o r W i l l i a m O u t h w a i t e , T o m B o t t o m o r e , E r n e s t Ge l l ne r , Robe r t N i sbe t e A la in Tou ra ine , Tom Bo t tomore 12 pa r t e da d i s t i nção i n i c i a l en t r e uma concepção “ nega t i va” e “ pos i t i va” de l i be rdade i nd iv idua l , mas o r i en t a a sua abo rdagem pa ra a d i s cus são mode rna , s a l i en t ando ne s se a spec to , a ques t ão da l i be rdade p os i t i va a s soc i ada à noção de c idadan i a , “ imp l i cando o e s tabe l ec imen to de um amp lo âmb i to de d i r e i t o s c i v i s , po l í t i co s e soc ia i s” , pa r a su s t en t a r que , sub j acen t e a t a l concepção “ encon t ra - s e o p o n t o d e v i s t a d e q u e , s e a l i b e r d a d e n ã o d e v e s e r m e r a m e n t e u m a noção abs t ra ta e va z ia , en tão devem ex i s t i r cond i ções nas qua i s o s i nd i v íduos pos sam e f e t i vamen te e xe rce r sua l i be rdade a f im de a l cançarem o g rau máx imo de au to - r e a l i z a ç ã o e a u t o c o m a n d o d e q u e f o r e m capaze s” . S u a a n á l i s e , e n t r e t a n t o , n ã o f i c a r e s t r i t a à ques t ão da l i be rdade i nd iv idua l , mas s e o r i en t a pa r a a de s ignação da l i be rdade co l e t i va , f r u to de mob i l i z ações e de mov imen tos que a tuam no s en t i do de busca r ga r an t i r ma io r l i be rdade pa r a ca t ego r i a s i n t e i r a s de pe s soas . S e m p e r d e r d e v i s t a a i n t e r c o n e xão en t r e e s s e p roce s so co l e t i vo e a consecução de ce r t o s t i pos de l i be rdade i nd iv idua l , Bo t t omore a f i rma que “ t a i s f enômenos t o rnam ev iden t e o f a to de que l i be rdade , em seu s en t i do m a i s u n i v e r s a l , d e p e n d e d e u m c o m p l e x o d e i n s t i t u i ç õ e s s o c i a i s , o q u a l cons t i t u i um t i po par t i cu la r de o rdem soc ia l” . P a r a e l e , “os s e re s humanos não ‘nascem l i v r e s ’ ; nascem den t ro de uma rede p reex i s t en t e de r e l a c i o n a m e n t o s s o c i a i s , c o m o s ú d i t o s d e u m i m p é r i o o u m e m b r o s d e u m a t r i bo ou nação , de uma cas ta ou c la s se , de um gênero , de uma comun idade r e l i g i o s a ; e o s l i m i t e s d e s u a l i b e r d a d e s ã o c o n d i c i o n a d o s p o r e s s a s c i r cuns tânc ia s” .

11 Ibidem, p. 308; Karl, meu amigo: diálogo com Marx sobre o Direito, Co-edição Sergio Antonio Fabris Editor e Instituto dos Advogados do RS, Porto Alegre, 1983, p. 80 12 BOTTOMORE, Tom. Liberdade, E d i t o r i a B r a s i l e i r a R e n a t o L e s s a e W a n d e r l e y G u i l h e r m e d o s S a n t o s , R i o d e J a n e i r o : J o r g e Z a h a r E d i t o r , 1 9 9 6 , p á g s . 4 2 4 - 4 2 5

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O a u t o r a s s o c i a a a m p l i a ç ã o s o c i a l d a l i b e r d a d e à d i s p o s i ç ã o e à s cond i ções de l u t a po r d i r e i t o s , mas dá ên f a se aos p roce s sos democ rá t i co s oc iden t a i s do s écu lo XX, nos qua i s a i n t e rvenção e a r egu l ação gove rnamen ta l t i ve r am um pape l l im i t ado r sob re a au tonomia e a i n t eg r idade dos i nd iv íduos . En t r e t an to , e l e conc lu i , “de mane i ra ma i s ge ra l , é e v iden t e que a l i be rdade dos i nd i v íduos ou g rupos s empre imp l i ca , ou t em a p robab i l i dade de imp l i car , a lguma l im i tação da l i be rdade dos ou t ro s” . O f a to é que pa r a e l e , “ a v ida humana é nece s sar iamen te soc ia l , e a l i be rdade pode s e r ma i s bem conceb ida como um equ i l í b r io con t i nuamen te mu táve l en t r e a s p re t ensões r i va i s d e i n d i v í d u o s e g r u p o s d e n t r o d e u m a s o c i e d a d e i nc lu s i va cu ja s f ron t e i ra s podem também se expand i r na med ida em que o s d i r e i t o s humanos s e jam a f i rmados em e sca la g loba l” . Em consequênc i a , e l e a r r ema ta , “ D a í , u m a a n á l i s e c o n c e i t u a l d e l i b e r d a d e n e c e s s i t a s e r r e a l i z a d a den t ro da e s t ru tu ra de t eo r ia s soc ia i s ma i s amp las em que t an to o s en t i do nega t i vo de l i be rdade – p reocupado com as f o rças que r e s t r i ngem os i nd i v íduos de modos e g raus d i f e r en t e s de acordo com sua pos i ção soc ia l - , quan to s e u s en t i do pos i t i vo – das pos s ib i l i dades de au to - r e a l i z a ç ã o e au tocomando , i gua l men t e va r iáve i s de acordo com as c i r cuns tânc ia s soc ia i s - , s e j am examinados c r i t i camen te” .

N o t e - s e , n e s s a a n á l i s e , a p e r s p e c t i v a d e l o c a l i z a ç ã o d o h o m e m e m s i t u a ç ã o q u e r e m e t e , e m c e r t a m e d i d a à t eo r i a da l i be rdade como a de senvo lve Sa r t r e , a pa r t i r da sua d i s t i nção do s e r : o s e r - pa r a - s i ( consc i ênc i a ) e o s e r - em- s i ( f e n ô m e n o ) . N a b a s e d e s s a d i s t i n ç ã o é q u e s e i n s t a l a o h u m a n i s m o e x i s t e n c i a l i s t a de Sa r t r e , po rque , s e o s e r - em- s i , “ é a q u i l o q u e é ” e enquan to t a l é p l eno , i n t e i r amen te p r eench ido po r s i mesmo , a consc i ênc i a , ao con t r á r i o , é cons t i t u ída po r uma descompres são do s e r . Nas no t a s p r epa radas pa r a o vo lume Sa r t r e , da Co l eção Os Pensado re s , da Ed i t o r a Abr i l , ( pág . XI ) , M a r i l e n a C h a u í , r e f e r e - s e à “ consc i ênc ia como pre sença para s i mesma , o que supõe que uma f i s su ra s e i n s ta la den t ro do s e r ” , ope rando um des locamen to , que é “a marca do nada no i n t e r io r da consc i ênc ia” , a t r avé s do qua l , o s e r - pa r a - s i , p o r i m p u l s o d o h o m e m , s e p r o - j e t a ( “ m e d i a n t e o home m é q u e o n a d a i r r o m p e n o m u n d o ”) 13. Conf o rme ano t a Mar i l ena Chau í , “ O s e r - para - s i c o n t e r i a , p o r t a n t o , uma aber tu ra e s e r ia p rec i samen te e s sa aber tu ra a r e sponsáve l pe la f acu ldade do para - s i n o s e n t i d o d e s e m p r e p o d e r u l t r a p a s s a r s e u s p r ó p r i o s l im i t e s . Enquan to o s e r - em - s i p e r m a n e c e r i a f e c h a d o d e n t r o d e s u a s p r ó p r i a s f ron t e i ra s , o s e r - para - s i u l t r a p a s s a r - s e - i a pe rpe tuamen te e e s s e poder de t ranscendênc ia s e r ia expre s so a t ravé s das f o rmas do t empo . Em ou t ro s t e rmos , o s e r - para - s i s e r i a u m s e r p a r a o f u tu ro , s e r ia e spon tane idade c r iadora”

N o e x i s t e n c i a l i s m o s a r t r e a n o , h á , e v i d e n t e m e n t e , u m a l i g a ç ã o nece s sá r i a en t r e consc i ênc i a e mundo , na sua ma i s l im ina r conc re tude q ue é a co rpo re idade , a pon to de a f i rma r Sa r t r e , não s e r pos s íve l ve r na consc i ênc i a a l go d i s t i n to do co rpo : é o co rpo que exp r ime a ime r são no mundo , enquan to ca r ac t e r í s t i c a da ex i s t ênc i a humana : “O corpo é um cen t ro , em re lação ao qua l s e o rdenam as co i sa s do mundo e , por i s so , cons t i t u i uma e s t ru tu ra pe rmanen t e que t o rna pos s í ve l a consc i ênc ia” . M a s 13 O E x i s t e n c i a l i s m o é u m H u m a n i s m o ” , C o l e ç ã o O s P e n s a d o r e s , E d i t o r a A b r i l , S ã o P a u l o , p á g . X I

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S a r t r e v a i m a i s l o n g e , d i z e n d o , s a l i e n t a C h a u í , q u e o c o r p o é a p r ó p r i a cond i ção da l i be rdade : “ Não ex i s t e l i be rdade s em e sco lha e o co rpo é p rec i samen te a nece s s idade de que ha ja e sco lha , i s t o é , de que o homem não s e j a i m e d i a t a m e n t e a t o t a l i dade do s e r . O corpo é , por consegu in t e , t an to a cond i ção da consc i ênc ia como consc i ênc ia do mundo , quan to f undamen to da consc i ênc ia enquan to l i be rdade” .

A p a r t i r d e s s e s p r e s s u p o s t o s , o f u n d a m e n t o d a t e o r i a d a l i be rdade é a pos s ib i l i dade de e sco lha , a t oma da de dec i s ão pa r a a a ção . Em boa s í n t e se d i z Chau í : “ O s e r - para - s i d e f i n e - s e c o m o a ç ã o e a p r i m e i r a cond i ção da ação é a l i be rdade . O que e s tá na base da ex i s t ênc ia humana é a l i v r e e s co lha que cada homem fa z de s i mesmo e de sua mane i ra de s e r . O em - s i , s e n d o s i m p l e s m e n t e a q u i l o q u e é , n ã o p o d e s e r l i v r e . A l i b e r d a d e p rovém do nada que obr iga o homem a f a ze r - s e , e m l u g a r d e a p e n a s s e r . D e s s e p r i n c í p i o d e c o r r e a d o u t r i n a d e S a r t r e , s e g u n d o a q u a l o h o m e m é i n t e i ramen te r e sponsáve l por aqu i l o que é ; não t em s e n t i d o a s p e s s o a s quere rem a t r i bu i r suas f a lhas a f a to re s e x t e rnos , como a he red i t a r i edade ou a ação do me io amb ien t e ou a i n f l uênc ia de ou t ra s pe s soas” 14.

P a r a S a r t r e o h o m e m é l i v r e , o h o m e m é l i b e r d a d e . “O h o m e m e s t á condenado a s e r l i v r e ” , é o que e l e d i z em “O Ex i s t enc i a l i smo é um H u m a n i s m o ” (Co leção Os Pensado re s , Ed i t o r a Abr i l , p ág . 9 ) : “ Condenado porque não s e c r i ou a s i p rópr io ; e , no en tan to , l i v r e porque , uma ve z l ançado no mundo , é r e sponsáve l por t udo quan to f i z e r” . O e x i s t e n c i a l i s m o in sc r i t o ne s sa concepção ge r a uma dou t r i na da ação . D iz Sa r t r e 15: “o homem não é s en ão o s eu p ro j e to , só ex i s t e na med ida em que s e r ea l i za , não é , por tan to , nada ma i s do que o con jun to dos s eus a to s , nada ma i s do que a s u a v i d a ” .

D e f i n i r o h o m e m p e l a a ç ã o i m p l i c a em cons t ru i r uma “ m o r a l d e ação e de compromi s so ” , s em que s e ence r r e “o homem na sua sub j e t i v i dade i nd i v idua l ” , po rque ao pensa r - s e , a o a p r e e n d e r - s e a s i p r ó p r i o , o h o m e m n ã o s e d e s c o b r e s o m e n t e a s i , m a s t a m b é m a o s o u t r o s . D i z S a r t r e : “Ass im , o homem que s e a t i n g e d i r e t a m e n t e p e l o cog i to d e scobre t ambém todos o s ou t ro s , e de scobre - o s como a cond i ção da sua ex i s t ênc ia . Dá- s e c o n t a d e que não pode s e r nada (no s en t i do em que s e d i z que s e é e sp i r i t uoso , ou que s e é pe rve r so , o u c iumen to ) , sa l vo s e o s ou t ro s o r econhecem como ta l . Para ob t e r uma ve rdade qua lquer sobre m im , nece s sár io é que eu pas se pe lo ou t ro . O ou t ro é i nd i spensáve l à m inha ex i s t ênc ia , t a l como , a l i á s , ao conhec imen to que eu t enho de m im . Nes ta s cond i ções , a de scober ta da m i n h a i n t i m i d a d e d es c o b r e - m e a o m e s m o t e m p o o o u t r o c o m o u m a l i b e r d a d e pos ta em face de m im . As s im , de scobr imos imed ia tamen te um mundo a que chamaremos a i n t e r sub j e t i v i dade , e é ne s t e mundo que o homem dec ide s o b r e o q u e e l e é e o q u e s ã o o s o u t r o s 16” .

A f r a s e d e S a r t r e , r e pe t i da pe lo pe r sonagem Garc in em H u i s c l o s – “ O i n f e r n o s ã o o s o u t r o s ” é a med ida de s sa i n t e r sub j e t i v idade . Como mos t r a Bo t tomore , a l i be rdade de i nd iv íduos ou g rupos não s e a l i ena do con f l i t o en t r e a s consc i ênc i a s que s e põem em r e l ação e que t êm que f aze r e s co lha s , é l i be rdade em s i t uação .

14 Idem, p. XI 15 Ibidem, p. 13 16 Ibidem, p. 15

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N o c o n t e x t o q u e S a r t r e d e s i g n a c o m o s i t u a ç ã o h i s t ó r i c a e cond i ção humana , é pos s íve l a t é cons ide r a r - s e u m a u n i v e r s a l i d a d e d o homem, a lgo que é i nde f in idamen te cons t ru ído . Em “O Ex i s t enc i a l i smo é um H u m a n i s m o ” e l e d e s i gna e s se p roce s so 17: “ Eu cons t ruo o un i ve r sa l e s co lhendo - m e ; c o n s t r u o - o compreendendo o p ro j e to de qua lquer ou t ro homem, s e ja qua l f o r a sua época . Es t e abso lu to da e sco lha não supr ime a r e l a t i v i d a d e d e c a d a é p o c a . O q u e o e x i s t e n c i a l i s m o t o m a a p e i t o m o s t r ar é a l i gação do cará t e r abso lu to do compromi s so l i v r e pe lo qua l cada ho mem s e r e a l i z a , r e a l i z a n d o u m t i p o d e h u m a n i d a d e , c o m p r o m i s s o s e m p r e compreens í ve l s e ja em que época e por quem fo r , e a r e la t i v i dade do con jun to cu l t u ra l que pode r e su l t a r de s eme lhan t e e sco lha ; é p rec i so acen tuar ao mesmo t empo a r e la t i v i dade do car t e s ian i smo e o ca rá t e r abso lu to do compromi s so car t e s iano . Nes t e s en t i do podemos d i z e r , s e s e qu i s e r , que cada um de nós r ea l i za o abso lu to r e sp i rando , comendo , dormindo ou ag indo duma mane i ra qua lquer . Não há d i f e r ença en t r e s e r l i v r emen te , s e r como pro j e to , como ex i s t ênc ia que e sco lhe a sua e s sênc ia , e s e r a b s o l u t o ; e n ã o h á d i f e r e n ç a a l g u m a e n t r e s e r u m a b s o l u t o t emporar iamen te l oca l i zado , quer d i z e r , que s e l oca l i zou na h i s t ó r ia , e s e r compreens í ve l un i ve r sa lmen t e” .

Em ú l t ima aná l i s e , pa r a Sa r t r e , con t r a r i amen te à t e s e g ideana do a to g r a tu i t o , que de sconhece a s i t uação e que r eduz a a ção a um s imp le s c ap r i cho , “ o homem encon t ra - s e n u m a s i t u a ç ã o o r g a n i z a d a , e m q u e e l e p rópr io e s tá imp l i cado , imp l i ca pe la sua e sco lha a human idade i n t e i ra , e não pode ev i t a r o e s co lhe r” 18.

T r a t a - s e , a f i n a l , d e i n f e r i r c o n s e q ü ê n c i a s d a t e n s ã o q u e d e r i v a d o p rob l ema da l i be rdade , va l e d i ze r , en t r e a von t ade de ag i r e a s cond i ções que de t e rminam o p ro t agon i smo da ação . Ques t ão f i l o só f i ca c ruc i a l , que de sde Ar s i t ó t e l e s , con t r apõe o s pó lo s de nece s s idade e de con t i ngênc i a , cons ide r ada a p r ime i r a o p l ano onde ope ram a s l e i s c ausa i s ( na tu r eza ) e a s p róp r i a s no rmas - r eg ra s ( cu l t u r a ) , r egendo e de t e rminando o s a con t ec imen tos ; cons ide r ada a s egunda , o p l ano do aca so e da i nc iden t ab i l i dade , c ampo da i nde t e rminação .

É pos s íve l , a pa r t i r de s t a t en são , f a l a r - s e e m l i b e r d a d e c o m o pos s ib i l i dade ob j e t i va?

K a n t e s t a b e l e c e u q u e n o r e i n o d o s f e n ô m e n o s , q u e é o r e i n o d a na tu r eza , há comple to de t e rmin i smo , s endo , po i s , imposs íve l , d e s igna r , den t ro de l e , a l i be rdade . Pa r a Kan t , a l i be rdade apa rece no r e ino do nóumeno , que é , f undamen ta lmen te , o r e i no mora l . Pa r a e l e , a l i be rdade é uma ques t ão mora l . E l a é , e l e i n s i s t e , um pos tu l ado da mora l i dade .

E é ne s t a pe r spec t i va que a ques t ão da l i be rdade s e p ro j e t a pa r a o d i s cu r so dos mode rnos . Em Ben j amin Cons t an t , ne s t e a spec to , depo i s de d i s t i ngu i r do i s t i pos de l i be rdade , a dos an t i gos ( f undada na d iv i s ão do pode r soc i a l en t r e t odos o s c i dadãos ) e a dos mode rnos ( f undada na s e g u r a n ç a d o b e m- es t a r p r i vado ) , é ne s t a ú l t ima cond i ção que s e r e a l i z a a ve rdade i r a l i be rdad e , enquan to l i be rdade i nd iv idua l que t em na l i be rdade po l í t i c a ( s i s t ema r ep re sen t a t i vo ) a sua ga r an t i a . Pa r a Ce r ron i , i n t e rp r e t ando e s sa d i spos i ção , o f undamen to da l i be rdade po l í t i c a só pode s e r a s egu rança de pode r de senvo lve r a l i be rdade c iv i l . Pa r a e l e , a t í p i ca imp lan t ação do 17 Ibidem, p. 17 18 Ibidem, p. 17

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Es tado mode rno é po r t an to cons t i t u ída pe lo s i s t ema r ep re sen t a t i vo , s i s t ema den t ro do qua l é de l im i t ada a noção de sobe ran i a popu l a r .

E é ne s t a pe r spec t i va que e l a s e ap r e sen t a como opo r tun idade de ação , a s sumindo um sen t i do i n s t i t uc iona l , t a l como lhe empre s t a I s a i ah Be r l i n , no qua l s e s i t ua , con f o rme e l e su s t en t a , a pa r t i r da aná l i s e do de senvo lv imen to do conce i t o em Cons t an t e em J . S . Mi l l , “ o d i r e i t o e l i b e r d a d e d e a g i r ” .

É, a s s im , pa r a l embra r Bauman , um p re s supos to de r e l ação soc i a l , d e d i f e r enc i ação soc i a l , d e modo a s e a f i rma r em sua cond i ção po l í t i co - s o c i a l . A l i b e r d a d e p o l í t i c o - s o c i a l , d i r á p o r s u a v ez E rns t B loch , não é an t i - c ausa l , e l a é a impos i ção da von t ade capaz de supe ra r qua lque r ou t r a impos i ção , i nc lu s ive , a de consc i ênc i a de c l a s se da pe s soa . É uma ação que s e r e a l i z a quando “ o t r a b a l h o h u m a n o c r i a d o r d a H i s t ó r i a e n t r a n o g o z o p l e n o d e s e u p r odu to e de s eus d i r e i t o s i na l i enáve i s , no sa l t o da nece s s idade para a l i be rdade , para uma l i be rdade que su rge quando a nece s s idade das r e lações (a l i enação e dominação ) f o i quabran tada , po i s decor re de uma mob i l i zação t ão i n t ensa do f a to r sub j e t i vo do mov im en to e do t raba lho , que j á não há , nem na H i s tó r ia , nem na Soc i edade , uma re lação ob j e t i va que pa i r e sobre a cabeça dos homens” .

A p e r s p e c t i v a q u e p a r t e de “O Di r e i t o Achado na Rua” , a cen tua o ângu lo que ma i s v incu l a a de f i n i ção de D i r e i t o à l i be rdade , a ap rox imação l i t e r á r i a , que ma i s que exp l i c a r a j uda a compreensão da r e l ação que a í s e e s t abe l ece .

Robe r to Ly ra F i l ho cu jo ve io a r t í s t i co l ogo i n tu iu a i n t eg ração de d i f e r en t e s modos de conhece r como cond i ção de i n t e l eg ib i l i dade do r ea l , e smerou - s e n o i n t e r câmb io da s d i f e r en t e s r a c iona l i dades , a t en to à s l i nguagens não exc luden t e s po r me io da s qua i s o r e a l é ap rop r i áve l e exp r imíve l . Na sua expos i ção ace r ca da “ Concepção do Mundo na Obra de Cas t ro A lves” (Ed i t o r Bo r so i , R io de J ane i ro , 1972 ) , r e f e r e - s e a a p r eensão do mundo po r d i f e r en t e s modos e a t i t udes e a pos s ib i l i dade de s e exp r imi r a concepção que de l e s e t em po r l i nguagens d ive r s a s , da f i l o so f i a , da c i ênc i a , da s a r t e s : “ V e r e d i z e r o m u n d o é c o n c e b ê - lo . Todos t êm uma concepção do m u n d o ; e e x p r i m e m e s s a concepção , em l i ngu agens d i ve r sas , ge ra lmen t e , e ao l im i t e , mesc ladas” (pág . 27 ) . F i e l a o p o e t a d e s u a c o n s i d e r a ç ã o , t o m a-lhe , do S u b T e g m i n e F a g i (Cas t ro A lves . Obra Comple t a , R io de J ane i ro , Ed i t o r a Nova Agu i l a r , 1976 ) , o s en t i do ep i s t emo lóg i co p róp r io à s u a concepção de mundo : “ Vem! Do mundo l e r emos o p rob l ema / Nas f o lhas da f l o re s ta , ou do poema , /” ( pág . 102 ) .

E , s e da poes i a é a s s im d i z íve l , enquan to s en t imen to de mundo , a c e l eb ração l i be r t á r i a , como em Cec í l i a Me i r e l e s , de “ Romance i ro da Incon f idênc i a” (F lo r de Poemas , R io de J ane i ro , 4 ª ed i ção , Ed i t o r a Nova F r o n t e i r a ) : “L i b e r d a d e – e s sa pa lav ra / que o sonho humano a l imen ta : / que não há n inguém que exp l i que , / e n inguém que não en t enda ! ) / ” (pág . 218 ) , é t ambém com a l i t e r a tu r a e com a poes i a que s e a s s in a l a o l uga r do acon t ec imen to e da r ea l i z ação do D i r e i t o : a r ua : “ Q u a n d o a b r i r a p o r t a e a s somar à e scada , sabere i que l á emba ixo começa a rua ; não a norm a já ace i t a , não a s ca sas j á conhec idas , não o ho t e l em f r en t e ; a rua , a f l o re s ta v i va onde cada i n s tan t e pode j ogar - s e e m c i m a d e m i m . . . ” ( Ju l i o Co r t aza r , H i s t ó r i a s d e C r o n ó p i o s e d e F a m a s , R i o d e J a n e i r o , C i v i l i z a ç ã o B r a s i l e i r a , 5 ª ed i ção , 1994 , pág . 4 ) . A rua , en f im , da r e iv ind i cação soc i a l , como no poema de Cas s i ano R ica rdo “Sa l a de Espe ra” : “Mas eu p re f i ro é a rua . / A

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r u a e m s e u s e n t i d o u s u a l d e “ l á f o r a ” . / E m s e u o c e a n o q u e é t e r b o c a s e pé s / para ex ig i r e para caminhar . / A rua onde t odos s e r eúnem num só n inguém co l ec t i vo . / Rua do homem como deve s e r : / t ranseun t e , r epub l i cano , un i ve r sa l . / Onde cada um de nós é um pouco ma i s dos ou t ro s / do que de s i m e s m o . / R u a d a p r o c i s s ã o , d o c o m í c i o , / d o d e s a s t r e , d o e n t e r r o . / R u a d a r e i v i n d i c a ç ã o s o c i a l , o n d e m o r a / o A c o n t e c i m e n t o . / A r u a ! U m a a u l a d e e sperança ao a r l i v r e . /” .

A r u a , e m s u m a , e m q u e a l i b e r d a d e s e re a l i z a em sua d imensão r epub l i c ana : “A praça ! A p raça é do povo / Como o céu é do condor / É o an t ro onde a l i be rdade / Cr ia águ ia s em seu ca lo r . / S enhor ! . . . po i s quere i s a p raça? / Desgraçada a popu laça / Só t em a rua de s eu . . . / ” (Cas t ro A lves , “O P o v o a o P o d e r” , op . c i t . p ág . 432 ) .

A L i b e r d a d e c o m o L e g i t i m a ç ã o

A l i b e r d a d e , c o n t u d o , n ã o é a p e n a s n ú c l e o d e f u n d a m e n t a ç ã o d o

D i r e i t o . E l a é , t a m b é m , c o m o a s s e n t a E l i a s D i a z , o va lo r c en t ra l e f undamen ta l para uma t eor ia da l eg i t im idade .

A q u e l a d i m e n s ã o c o n s t i t u t iva do conce i t o de D i r e i t o , em Robe r to Ly ra F i l h o , t e m i g u a l m e n t e , e s s e p r e s s u p o s t o , a o f o c a l i z a r o p r i m a d o d e p r i nc íp io s de uma l eg í t ima o rgan i zação soc ia l da l i be rdade .

Em E l i a s D iaz e em au to r e s con t emporâneos – D w o r k i n , H a b e r m a s – e s se p r e s supos to de r i v a do r e spe i t o à r eg r a p roced imen ta l , à l i v r e dec i s ão , ou s e j a , o r e spe i t o à democ rac i a e à sobe ran i a popu l a r . Ass im , a Cons t i t u i ção pa s sa a s e r a exp re s são da l eg i t im idade democ rá t i c a , en t end ida e s t a em sua man i f e s t ação bá s i ca i n i c i a l , d i z E l i a s D iaz , como l eg i t im idade p roced imen ta l em l i be rdade .

D á-s e , n e s s e p a s s o , o d e s l o c a m e n t o r e t ó r i c o a q u e a l u d e J . J . G o m e s Cano t i l ho , pe lo impu l so do ag i r comun ica t i vo que comple t a a p róp r i a i dé i a de C ons t i t u i ção , enquan to pe rmi t e “acompanhar a s novas l e i t u ras dos p ro b l emas po l í t i co - cons t i t uc iona i s nos quadros do p lu ra l i smo po l í t i co , e conômico e soc ia l” .

N a s c o n d i ç õ e s d e t a l d e s l o c a m e n t o , o p r ó p r i o D i r e i t o C o n s t i t u c i o n a l pa s sa a r e cupe ra r , no d i ze r de Cano t i l ho , o “ i m p u l s o d i a l ó g i c o e c r í t i c o q u e ho j e é f o rnec ido pe la s t eo r ia s po l í t i ca s da j u s t i ça e pe la s t eo r ia s c r í t i ca s da soc i edade” , s o b p e n a d e r e s t a r “ d e f i n i t i v a m e n t e p r i s i o n e i r o d e s u a a r ide z f o r ma l e de s eu con fo rmi smo po l í t i co” .

P o r i s t o q u e , n u m a p e l o à a m p l i a ç ã o d a s p o s s i b i l i d a d e s d e compreensão e de exp l i c ação dos p rob l emas f undamen ta i s do d i r e i t o cons t i t uc iona l , p ropõe o pub l i c i s t a po r tuguês “ o o l h a r v i g i l a n t e d a s ex igênc ia s do d i r e i t o j u s to e amparadas num s i s t ema de domín io po l í t i co -democrá t i co ma te r ia lmen t e l eg i t imado” .

P a r a C a n o t i l h o , h á q u e “ i n c l u i r - s e n o d i r e i t o cons t i t uc iona l ou t ro s m o d o s d e c o m p r e e n d e r a s r e g r a s j u r í d i c a s ” , va l endo aqu i po r em r e l evo , a e s t e r e spe i t o , a r e f e r ênc i a d i r e t a que e l e f a z ao meu t r aba lho e sua ap l i c ação aos ob j e t i vos de s t e p ro j e to : “ Es tamos a r e f e r i r sobre tudo a s p ropos ta s de en t end imen to do d i r e i t o como prá t i ca soc ia l e os compromis sos com formas a l t erna t ivas do d i re i to o f i c i a l como a do chamado d i re i to achado na rua” , compreendendo , ne s t a ú l t ima exp re s são , a c r e scen t a , “um impor tante mov imento t eór i co - p r á t i c o c e n t r a d o n o B r a s i l ” .

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A c o n s i d e r a ç ã o d o p r i n c í p i o d a l e g i t i m i d a d e n ã o p o d e , e n t r e t a n t o , de scu ida r - s e d o p e r i g o d e i n v e r s ã o i d e o l ó g i c a a q u e a l u d e L u i z F e r n a n d o Coe lho , que l eva a f a ze r a ce i t áve l a v io l ênc i a i n s t i t uc iona l i z ada , sob a apa rênc i a de o rdem consen t i da . E l a r eme t e , na obse rvação de s se au to r , no s e n t i d o d e e x e r c i t a r a c r í t i c a p o l í t i c a e t e ó r i c a p a r a n ã o s e d e i x a r e l u d i r pe lo p r i sma da a l i enação . Ass im , a l eg i t im idade de uma o rdem ju r í d i co -po l í t i co - s o c i a l , d i z e l e , “a l eg i t im idade do D i re i t o , en f im , não pode i n s t i t u i r - s e a l h e i a à p r á x i s d a c o m p r e e n s ã o d o s p a p é i s q u e o s a t o r e s s o c i a i s de sempenham no t odo . São nece s sár ia s não somen te pos i ções po l í t i ca s au t ên t i ca s , mas t ambém a par t i c i pação de s eus a to re s num proces so a t i vo de consc i en t i zação h i s t ó r i ca” .

Em seu t r aba lho Robe r to Ly ra F i l ho i den t i f i cou o s d i r e i t o s humanos como o ve to r d i a l é t i co do p roces so de consc i en t i z ação h i s t ó r i c a . Em sua concepção , o s d i r e i t o s humanos emergem como s ín t e se j u r í d i ca e c r i t é r i o de ava l i a ção da s emergênc i a s de no rma t iv idades . E l e s apon t am pa ra uma e s senc i a l i dade ca r ac t e r i z ado ra do p róp r io homem e como med ida de a f e r i ç ão não a l i enan t e da s r e l a ções soc i a i s que e l e e s t abe l ece . E o que é e s s enc i a l no homem, e l e d i z é a sua capac idade de l i be r t a ção : “O p r o c e s s o s o c i a l , a H i s t ó r i a , é u m p r o c e s s o de l i be r tação cons tan t e ( s e não f o s se , e s t ávamos , a t é ho j e , parados , numa só e s t ru tu ra , s em progred i r ) ; mas , é c l a ro , há avanços e r ecuos , quebras do caminho , que não impor tam , po i s o r i o acaba vo l t ando ao l e i t o , s egu indo em f r en t e e rompendo a s r epre sas . D e n t r o d o p roces so h i s t ó r i co , o a spec to j u r íd i co r epre sen ta a a r t i cu lação dos p r inc íp io s bás i cos da Jus t i ça Soc ia l a tua l i zada , s egundo padrões de r e o r g a n i z a ç ã o d a l i b e r d a d e q u e s e d e s e n v o l v e m n a s l u t a s s o c i a i s d o homem”.

O s d i r e i t o s h u m a n o s , c o m o e s t a l ã o , ope ram nos l im i t e s de pa r ad igmas que s e e sgo t am e s e r enovam em con t r apon to à r i queza da expe r i ênc i a s o c i a l , u m v a l o r , l e m b r a B o a v e n t u r a d e S o u s a S a n t o s , q u e n ã o d e v e s e r de spe rd i çado . E é e s t e mesmo au to r , em p l e i t e a r a d imensão emanc ipa tó r i a do D i r e i t o , que va i r e cupe ra r a cond i ção t r an s f o rmadora ope rada pe lo s d i r e i t o s humanos . São e l e s , em ú l t ima aná l i s e , que vão pe rmi t i r , d i z o au to r po r tuguês , que s e d ê con t a que , “ A r e c o n s t r u ç ã o d a t e n s ã o e n t r e r e g u l a ç ã o s o c i a l e e m a n c i p a ç ã o s o c i a l o b r i g o u a s u j e i t a r o d i r e i t o moderno – um dos m a i s i m p o r t a n t e s f a c t o r e s d e d i s s o l u ç ã o d e s s a t e n s ã o – a uma aná l i s e c r í t i ca rad i ca l e mesmo a um despensar . Es t e de spensar , no en tan to , nada t e ve que ve r com o modo de scons t ru t i vo . Pe lo con t rá r io , f o i s eu ob j ec t i vo l i be r ta r o p r a g m a t i s m o d e s i p r ó p r i o , q u e r d i z e r , d a s u a t e n d ê n c i a p a r a s e a t e r a concepções dominan t e s da r ea l i dade . Uma ve z pos ta s de l ado e s sas concepções dominan t e s , t o rna - s e p o s s í v e l i d e n t i f i c a r u m a p a i s a g e m j u r í d i c a m a i s r i c a e a m p l a , u m a r e a l i d a d e q u e e s t á m e s mo à f r en t e dos nos sos o lhos , m a s q u e m u i t a s v e z e s n ã o v e m o s p o r n o s f a l t a r a p e r s p e c t i v a d e l e i t u r a o u o cód igo adequados”

S ã o e l e s , e m s u m a , que vão con f igu ra r a l eg i t im idade d i s t i n t i va do que é emanc ipa tó r i o e do que não é emanc ipa tó r i o na ação dos mov im en tos , da s o rgan i zações e dos g rupos soc i a i s que r eco r r em à no rma t iv idades e a e s t r a t ég i a s r egu l a t ó r i a s “ p a r a l e v a r a s s u a s l u t a s p o r d i a n t e ” .

Liberdade e Projeto de Vida

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Em tempos de globalização, a busca por alternativas para um mundo melhor tem trazido à discussão uma perspectiva interessante que é pensar a reinvenção dos protagonismos sociais como parte de um mais amplo e arrojado arco de solidariedade adequado às novas condições de exclusão social, que acabaram por conferir à ação política um sentido mais solidário, de mensagem integrada e alternativa civilizacional em que ações que reivindicam direitos não podem deixar de fora nada do que afete a vida em geral e que tenham como horizonte contribuir para transformar o mundo num lugar melhor para se vive19r.

Trata-se, de fato, de compreender que protagonismos sociais que conduzem lutas por reconhecimentos de direitos, expressam ações de cidadania que indicam estratégias de organização para defender modos de vida, construir alianças, garantir direitos e projetos de vida20.

Esta matéria chama a atenção para um enunciado que, originado de um carisma religioso-evangelizador, tanto que método para ação pastoral, ganhou relevo psicopedagógico e até motivacional profissional para orientar escolhas e modelos de autorealização: a idéia de projeto de vida.

Com efeito, seja como disciplina em cursos de formação, seja como programa para orientação de jovens, seja como estudos sociais de representações ou até mesmo como eixo orientador da ação de empresas educativas, a noção serve para descrever objetivos motivacionais que, a exemplo do Projeto Axé cujo caráter educativo é bem conhecido, consistem em propiciar a construção de projetos de vida pessoal e social, tendo o trabalho como via essencial de construção da cidadania.

Já nesta última observação nota-se o deslocamento que, desde uma condição claramente subjetiva, começa a abrir um ângulo mais social e coletivo para conceber a idéia de projeto de vida. Já não se trata apenas de um estado emocional, como em Chico Buarque (A Rosa), em frustração de desamor: “Arrasa o meu projeto de vida/ Querida, estrela do meu caminho/ Espinho cravado em minha garganta, garganta/ A santa às vezes troca meu nome, e some/ E some nas altas da madrugada. O que começa a se por em causa agora é, filosoficamente, em que a existência só pode ser compreendida em sua relação com o mundo, relação na qual cria o mundo ao mesmo tempo em que é criada por ele. Como em Sartre, aludindo à questão da existência e da essência do homem para sustentar que durante sua existência o homem vai fazendo escolhas que constituem seu projeto, o qual o define (O Existencialismo é um humanismo).

Referindo-se ao diálogo de culturas, o teólogo, filósofo e indigenista Paulo Suess empresta essa dimensão social ao conceito, referindo-se ao conjunto de práticas que caracterizam o projeto de vida de um povo ou grupo social e pode assim falar de um outro mundo que já existe resgatando das práticas comunitárias Yanomami uma pedagogia exemplar feita projeto de vida pleno de uma solidariedade imediata e pré-institucional. Atrás desta solidariedade, diz ele, “está a experiência de que a vida é vida em rede, onde uns têm necessidade dos outros e todos são necessários”.

Trata-se de uma projeção de aspirações e desejos que se lançam para a realidade histórica por impulso de protagonismos que lhe dão forma, como tão bem mostrou a filosofia da libertação. Mas que alcançam também o mundo do Direito, tal como destacado nesta coluna, em artigo de julho de 2004 (Previdência Social, Dignidade da Pessoa Humana e Projeto de Vida). Ali, comentando uma decisão judicial relativa à previdência social, mencionei a acolhida que vem tendo desde julgados de cortes internacionais de direitos humanos, a tese da inviolabilidade de projetos de vida, vale dizer, dos valores que os constituem, sonhos, liberdade e o direito de cada pessoa ou grupo social poder escolher seu próprio destino.

19 SANTOS, Boaventura de Sousa, Reinventar a Democracia, Fundação Mario Soares/Gradiva Publicações. Lda, Lisboa, 1998, p. 57 20 SOUSA JUNIOR, José Geraldo de, Na rua a construção da cultura de cidadania, Revista do Sindjus, ano XV, nº 35, Brasília, novembro de 2006, p. 4

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O Dire i to Achado na Rua: O Dire i to como L iberdade

N a a p r e s e n t a ç ã o a o l i v r o p o r e l e s o r g a n i z a d o – Soc io log ia & Di r e i t o . T e x t o s B á s i c o s p a r a a D i s c i p l i n a d e S o c i o l o g i a J u r í d i c a ( 1999 ) – , C l áud io S o u t o e J o a q u i m F a l c ã o ( q u e , j u n t a m e n t e c o m F . A . M i r a n d a R o s a , d e t ê m o p ione i r i smo da i n s t i t uc iona l i z ação do campo de e s tudos e pe squ i s a s , e s t r i t o s e n s o , d a S o c i o l o g i a J u r í d i ca no Bra s i l ) r e i v ind i cam pa ra o conhec imen to s o c i o j u r í d i c o u m a d i s t i n ç ã o r e l a t i v a a o c o n h e c i m e n t o j u r í d i c o- dogmá t i co pa r a a t r i bu i r ao p r ime i ro a p r e t ensão de “ f aze r avança r um p roces s o de de s ideo log i zação da r ea l i dade j u r í d i ca” e , a pa r t i r da í , ab r i r c am inhos ep i s t emo lóg i cos pa r a “ o encon t ro de se j áve l do ‘d i r e i t o pos i t i vo ’ com a r ea l i dade” . O s e s t u d o s d e s s e s t r ê s a u t o r e s , c o n t r i b u i n d o p a r a o a d e n s a m e n t o d o conhec imen to soc io j u r í d i co aos poucos i n se r i do no s i s t ema cu r r i cu l a r da s f acu ldades de d i r e i t o a pa r t i r da década de s e t en t a , t i ve r am sempre a p r eocupaç ão de supe ra r “ a c r i s e do d i r e i t o en t end ida como a d i s t ânc i a que t em sepa rado o ‘d i r e i t o pos i t i vo ’ da r ea l i dade , dos f a to s soc i a i s ” . Com o r i go r ep i s t emo lóg i co ca r ac t e r í s t i co de sua s abo rdagens , e s s e s au to r e s f i z e r am ap rox imações r e l evan t e s pa r a o de s envo lv imen to de concepções s o c i o l ó g i c a s d o D i r e i t o , d e s d e a b u s c a d e u m a s u b s t a n t i v a ç ã o c i e n t í f i c a d o campo e de uma o rdenação me todo lóg i ca dos p roced imen tos emp í r i co s de s u a s p e s q u i s a s , a t é a s c l a s s i f i c a ç õ e s dos f enômenos cons t i t u ídos pe lo s p roced imen tos e de sempenhos dos ope rado re s j u r í d i cos que f o rmam a p r áx i s do d i r e i t o t a l como e l e é p r a t i c ado no co t i d i ano da s o rgan i zações e i n s t i t u i ções . Com seus t r aba lhos , e s s e s au to r e s pude ram ind i ca r c a t ego r i a s e i n s t rumen tos pa r a a aná l i s e e a ava l i a ção de “conce i t o s e / ou p ropos i ções s o b r e o s p r o c e s s o s d e c o n s e n s o , c o m p e t i ç ã o e c o n f l i t o e n t r e i n d i v í d u o s , g rupos soc i a i s em pa r t i cu l a r , pos s ib i l i t ando uma co r r e sponden t e exp l i c ação de f undo emp í r i co e h i s t ó r i co e f o rnecendo i n s t rumen ta l conce i t ua l e me todo lóg i co capaz de d i agnos t i c a r e s s a d i s t ânc i a , donde e s t abe l ecem - s e a s ba se s , ou de sua supe ração r ac iona l , ou da pe rmanênc i a i deo lóg i ca da d i s t ânc i a” (Sou to & Fa l cão , 1999 : x i ) . Em uma ou t r a ve r t en t e de e s tudos p ione i ro s pa r a a cons t i t u i ção do campo soc io lóg i co - j u r í d i co e p a r a o co n h ec imen to d a f o r mação d o s o rdenamen tos j u r í d i cos , Robe r to Ly ra F i l ho r e toma a an t í t e s e i deo lóg i ca que i n t e r f e r e e ap ro f unda o d i s t anc i amen to en t r e D i r e i t o e r e a l i dade soc i a l a pa r t i r da apo r i a en t r e o s p r i nc ipa i s mode lo s de i deo log i a j u r í d i ca em que e s sa an t í t e s e s e r ep re sen t a ( i s t o é , da opos i ção en t r e j u sna tu r a l i smo e j u s p o s i t i v i s mo , p a r a s u s t en t a r q u e o imp as s e s ó s e d i s s o lv e r á q u an d o , n o p roce s so h i s t ó r i co - s o c i a l , s e e n c o n t r a r o p a r â m e t r o p a ra a de t e rminação p róp r i a do D i r e i t o ) . P a r a L y r a F i l h o , i n c u m b e à S o c i o l o g i a p r o c u r a r n o p r o c e s s o h i s t ó r i c o-s o c i a l o a s p e c t o p e c u l i a r d a p r á x i s j u r í d i c a : “ n a h i s t o r i c i d a d e n ã o meramen te f ac tua l , po rém com ba l i z amen to c i en t í f i co , s em e squemas ou mode lo s p r e v i amen te de s ignados , pa r a e s t abe l ece r a s conexões nece s sá r i a s en t r e f a t o s r e l evan t e s , s egu indo uma h ipó t e se de t r aba lho e sua s cons t an t e s ve r i f i c ações me tód i ca s ( f enômenos – h ipó t e se de t r aba lho – ve r i f i c ação an t e

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os f enômenos – r ea ju s t e da s h ipó t e se s ) ” . T r a t a - s e , p o i s , d e u m a S o c i o l o g i a H i s t ó r i c a , “ p o r q u e é S o c i o l o g i a a d i s c i p l i n a m e d i a d o r a , q u e c o n s t r ó i , s o b r e o a cúmulo de f a to s h i s t ó r i co s , o s mode lo s , que o s o rgan i zam; enquan to a H i s t ó r i a r e g i s t r a o c o n c r e t o - s i n g u l a r , a S o c i o l o g i a o a b o r d a n a mu l t i p l i c i dade gene ra l i z ada em mode lo s , s egundo t r a ços comuns” , que , ap l i c ada ao D i r e i t o , t o rna r á pos s íve l e squema t i za r o s pon to s de i n t eg ração do f enômeno j u r í d i co na v ida soc i a l , b em como pe rcebe r a sua pecu l i a r i dade d i s t i n t i va , i n t eg r ada a uma e s t ru tu r a de o rdenação . N e s t e p o n t o , L y r a F i l h o o f e r e c e u m a d i s t i n ç ã o s i n g u l a r , u m a v e z q u e t odos o s dema i s au to r e s empregam ind i s t i n t amen te a s exp re s sões “ S o c io lo g i a J u r íd i ca” e “ S o c io lo g i a d o D i r e i t o ” , ex p r e s s õ es q u e , s eg u n d o e l e , r ep r e sen t am duas mane i r a s de ve r a s r e l a ç ões en t r e Soc io log i a e D i r e i t o , c o n s t i t u i n d o , p o r t a n t o , a b o r d a g e n s d i f e r e n t e s , a p e s a r d e i n t e r l i gadas em um in t e r câmb io cons t an t e . Ass im , “ f a l amos em S oc io log i a do D i r e i t o , enquan to s e e s t uda a ba se soc i a l de um d i r e i t o e spec í f i co” e s e f az a aná l i s e , po r exemplo , de como o d i r e i t o pos i t i vo o f i c i a l r e f l e t e a s o c i e d a d e n a q u a l s e a p l i c a ; j á a “S o c i o l o g i a J u r í d i c a , p o r o u t r o l a d o , s e r i a o exame do D i r e i t o em ge ra l , como e l emen to do p roce s so soc io lóg i co , em qua lque r e s t r u tu r a dada” , de t a l so r t e que l he pe r t ence , po r exemplo , o e s tudo do D i r e i t o como in s t rumen to , o r a de con t ro l e , o r a de mudanças s o c i a i s . À b a s e d e s s a d i s t i n ç ã o , L y r a F i l h o t r a z p a r a a S o c i o l o g i a J u r í d i c a a mode l agem in se r i da po r Ra l f Dah rendo r f pa r a de t e rmina r a s sua s pos i ções f undamen ta i s , i de n t i f i c adas nos mode lo s de “e s t ab i l i dade , ha rmon ia e consenso” e de “ mudança , con f l i t o e coaçã o” , e p rocu ra o f e r ece r uma pos i ção de s í n t e se d i a l é t i c a que cap t e o j u r í d i co no p roce s so h i s t ó r i co de “ a tua l i z ação da Ju s t i ç a Soc i a l , s egundo pad rões de r eo rgan i za ção da l i be rdade que s e de senvo lvem nas l u t a s soc i a i s do homem ” . A a n á l i s e d o s o r d e n a m e n t o s j u r í d i c o s à l u z d e s s e s p a d r õ e s , p o r t a n t o , i n se r e a sua p rob l emá t i ca na mesma o rdem de f enômenos j á examinados po r Boaven tu r a de Sousa San to s a pa r t i r de sua cons ide r ação ace r ca do p lu r a l i smo ju r í d i co e dos mode lo s de i n t e r l ega l i dades que ne l e s e f undamen ta . S ous a S an to s , de f a to , de s igna a s po ros idades de d i f e r en t e s o rdens j u r í d i ca s , con t r apondo - s e à v i s ã o d e u n i d a d e d e o r d e n a m e n t o s , q u e ob r igam a cons t an t e s t r an s i ções e t r an sg re s sões r e f e r i da s a p r á t i c a s soc i a i s emanc ipa tó r i a s , na s qua i s a s t r an sg re s sões conc re t a s s ão s empre p rodu to de uma negoc i ação e de um ju í zo po l í t i co . Compreende r , po i s , a e s t r u tu r a de um o rdenamen to como un idade h i e r a rqu i zada de uma o rdem ju r íd i ca su j e i t a a um monopó l io de j u r i sd i ção (ou de s igná - l a a pa r t i r da compe t i t i v idade de pad rões em pe rmanen t e negoc i ação ) r e su l t a , em todo ca so , em opção t eó r i c a e po l í t i c a de r econhec imen to da va l i dade e da l eg i t im idade no rma t iva de s se modo p roduz ida . A o co loca r o p rob l ema do p lu r a l i smo j u r í d i co como a r t i cu l áve l ao p rob l ema do conce i t o de d i r e i t o , Boaven tu r a de Sousa San to s d i r i g iu impor t an t e s i n t e rpe l ações à F i l o so f i a e à Teo r i a do D i r e i t o . Po rém, como e s sa s i n t e rpe l ações p rocedem de uma ques t ão p r év i a q ue l he é p r e s supos t a – a de au t en t i c i dade e de va l i dade , nos p l anos soc i a i s e t eó r i cos , da no rma t iv idade p lu r a l – , t ambém à Soc io log i a Ju r í d i ca coube ab r i r pau t a s ep i s t emo lóg i ca s pa r a a r e so lução de s se p rob l ema o r ig ina l .

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Boa pa r t e da p rodução soc io lóg i co - j u r í d i ca b r a s i l e i r a a p a r t i r d o s an o s o i t en t a , sob a dup l a i n f l uênc i a da c r í t i c a j u r í d i ca e da t omada de pos i ção s o b r e o t e m a d a a l t e r n a t i v i d a d e d o D i r e i t o , d e r i v a d e u m a i n t e r l o c u ç ã o c o m a s p ropos t a s e a s c a t ego r i a s de s se s do i s au to r e s (Robe r to Ly ra F i l ho e Boaven tu r a de Sousa San to s ) . Em um t ex to com ca r ac t e r í s t i c a s de ba l anço , o f e r ec ido a uma co l e t ânea o rgan i zada pe l a Comis são de Ens ino Ju r í d i co do Conse lho Fede ra l da OAB, Lu i s A lbe r to Wara t c i t a o nome de Jo sé Edua rdo Fa r i a pa r a i den t i f i c á - l o como “ o s oc ió logo do D i r e i t o b r a s i l e i r o ma i s impor t an t e da década , de s t acando - s e a s s u a s c o n t r i b u i ç õ e s n a a n á l i s e d a f u n ç ã o s o c i a l d o P o d e r J u d i c i á r i o ( a l é m d e s u a p a r t i c i p a ç ã o n a f o r m a ç ã o d o s f u t u r o s s o c i ó l o g o s d o D i r e i t o b r a s i l e i r o ) ” . N ã o a p e n a s n e s t e c a m p o d e s t aca - s e a c o n t r i b u i ç ã o d e J o s é E d u a r d o F a r i a , a u t o r d e u m a o b r a a l e n t a d a e e x p r e s s i v a . N o p l a n o d a S o c i o l o g i a J u r í d i c a é i m p o r t a n t e p ô r e m r e l e v o , a l é m d e s e u s e s c r i t o s i n d i v i d u a i s a t ua lmen te o r i en t ados pa r a o s e s tudos da complex idade j u r í d i ca g loba l i z ada pe l a med iação de s eu conce i t o de l e x merca to r ia , a bem pos i c ionada con t r i bu i ção em co - au to r i a com Ce l so Fe rnandes Campi longo – A Soc io log ia Jur íd i ca no Bras i l – con f igu rando o campo de e s tudos no Bra s i l a pa r t i r da s con t r i bu i ções de au to r e s e o rgan i zações com p ro t agon i smo po l í t i co , cu j o en f r en t amen to à r e a l i dade de negação dos d i r e i t o s nos anos o i t en t a , numa con j un tu r a au to r i t á r i a , p l e i t e ava a a l t e rna t i v idade j u r í d i ca pe lo s v i e se s da c r í t i c a ao dogma t i smo l ega l o f i c i a l , ao ens ino j u r í d i co a l i enan t e e ao con f o rmi s mo t eó r i co e po l í t i co dos ope rado re s de D i r e i t o . O b a l a n ç o e p i s t e m o l ó g i c o d a s p r i n c i p a i s c o n t r i b u i ç õ e s n e s t e â m b i t o e a con f igu ração dos cen t ro s de i nves t i gação a pa r t i r dos qua i s a s p r i nc ipa i s l i nhas de pe squ i s a f o r am o rgan i zadas , apa r ece t ambém em um t r aba lho que t em a co - au to r i a de João Maur í c io L . Adeoda to e Luc i ano O l ive i r a , embora o s au to r e s conc luam pe l a cons t a t ação de um pano rama “menos de i nex i s t ênc i a do que de de scon t i nu idade ” , suge r indo um ep í l ogo pe s s imi s t a ao f i na l do s écu lo XX pa ra o e s t ado da a r t e e da pe squ i s a soc io j u r í d i ca no Bra s i l . A p e r s p e c t i v a d e a l t e r n a t i v i d a d e , d e t o d a f o r m a , t e m m a n t i d o n o ho r i zon t e c r í t i co – n ão obs t an t e o f o rmidáve l mov imen to i naugu rado pe lo s j u í ze s d o R io G r an d e d o S u l e p e lo s acad êmico s d e S an t a C a t a r i n a , en t r e o s qua i s s e de s t aca o impre s s ionan t e t r aba lho de o rgan i zação , d i f u são e s i s t e m a t i z a ç ã o c o n d u z i d o p e l o I n s t i t u t o d e D i r e i t o A l t e r n a t i v o d i r i g i d o p o r Edmundo L ima de Ar ruda Jun io r – a p r eocupação de p r e se rva r a pa s sagem do d i s cu r so da c r í t i c a pa r a o adensamen to ep i s t emo lóg i co de s eu co rpo t eó r i co .

Cláud io Sou to , que t em dado g r ande con t r i bu i ção à subs t an t i vação do campo , r eve lou e s sa “ p r eocupação t eó r i co - s u b s t a n t i v a” que “ s e s i t u a p a r a a l ém de meros f o rma l i smos e nomina l i smos e s t a t a i s ou g rupa i s : o p r óp r io e exp re s s ivo mov imen to j u sa l t e rna t i vo b r a s i l e i r o , a que s e deve o i ne s t imáve l s e r v i ç o d e , p e l a p r i m e i r a v e z , c o n t e s t a r - s e e n t r e n ó s , c o m e f i c á c i a , o impe r i a l i smo da Dogmá t i ca Ju r í d i ca , e s s e mov imen to mesmo não t em usua lmen te e s capado a um f o rma l i smo g rupa l” . Tra t a - s e , e n t r e t a n t o , d e u m a r e c o m e n d a ç ã o d e s o l i d á r i a a d e s ã o – s e m e l h a n t e à q u e L u c i a n o O l i v e i r a f o r m u l o u e m s u a s n o t a s c r í t i c a s s o b r e o D i r e i t o A l t e r n a t i v o q u e n ã o i g n o r a a i m p o r t â n c i a d a s c o n t r i b u i ç õ e s d o

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movimen to pa r a r ea l ça r a a t ua l i dade e t a r e f a s da Soc io log i a Ju r í d i ca , o exp re s s ivo número de p ropos i ções pa r a r edes igna r a p róp r i a d i s c ip l i na S o c i o l o g i a J u r í d i c a o u S o c i o l o g i a d o D i r e i t o p o r D i r e i t o A l t e r n a t i v o . Ce r t amen te , ne s t e d i apasão , é impor t an t e não pe rde r , como adve r t em Robe r to Ly ra F i l h o e B o a v e n t u r a d e S o u s a S a n t o s , o s e n t i d o a u t o- r e f l ex ivo da cond i ção de a l t e rna t i v idade , po i s , s em t a l cu idado , d i z o p r ime i ro , “ i s t o é , s em r e t i f i c a r a i deo log i a j u r í d i ca que s e rve ao ‘u so comum’ , conse rvado r do D i r e i t o , não s e pode s abe r po r que , nem pa ra que , s e va i a l t e rna r , j u r i d i camen te , i s s o o u aq u i l o , o q u e en v o lv e t amb ém o co mo a l t e r n a r ” . S o u s a S a n t o s , p o r o u t r o l a d o , l e m b r a : “ n ã o b a s t a p e n s a r e m a l t e r n a t i v a s , j á que o pensamen to mode rno de a l t e rna t i va s t em- s e m o s t r a d o e x t r e m a m e n t e vu lne r áve l à i nan i ção , que r po rque a s a l t e rna t i va s s ão i r r e a l i s t a s e c aem no de sc r éd i t o po r u tóp i ca s , que r po rque a s a l t e rna t i va s s ão r ea l i s t a s e s ão , po r e s s a r azão , f a c i lmen t e coop t adas po r aque l e s cu j o s i n t e r e s se s s e r i am nega t i vamen te a f ec t ados po r e l a s , s endo p r ec i so , po i s , um pensamen to a l t e rna t i vo de a l t e rna t i va s ” . E s sa s cons ide r ações s ão d i r e t amen te ap l i c áve i s ao t r aba lho de E l i ane Bo te lho Junque i r a – con t r i bu i ção r i go rosa e r e l evan t e pa r a a de t e rminação do campo de d i s cus são e pa r a a p rob l ema t i zação dos t emas ob j e t i vos que f o rmam o ace rvo s oc io lóg i co a tua l . J á t i v e o p o r t u n i d a d e d e s a l i e n t a r q u e o p o n t o d e p a r t i d a d o t r a b a l h o d e E l i ane Junque i r a é ep i s t emo lóg i co – “ o co meço d e u ma s o c io lo g i a d a s o c i o l o g i a d o d i r e i t o b r a s i l e i r o” – enquan to p r eocupação com uma s oc io log i a do conhec imen to , no que s e de s igna a “ compreensão do l uga r s o c i a l e t e ó r i c o o c u p a d o p e l a S o c i o l o g i a d o D i r e i t o n o B r a s i l” . Mas há t ambém ba l anço c r í t i co , enquan to o rgan i za o r epe r tó r i o de t endênc i a s da c i ênc i a mode rna e s eus r e f l exos na s t eo r i a s j u r í d i ca s e na s expe r i ênc i a s de i n s t i t uc iona l i z ação que ba l i z am o ag i r dos ope rado re s nos p l anos da i nves t i gação e da p r áx i s soc i a l . N a c a r t o g r a f i a d o s t e m a s , a a n á l i s e d a f o r m a ç ã o , n o v i é s d o e n s i n o j u r í d i co , e a an á l i s e o p e r a t i v a , n o v i é s d o ace s s o à j u s t i ç a , o f e r ecem ma te r i a l su f i c i en t e pa r a a compreensão do p roces so de “ r e e l abo ração t eó r i c a dos conce i t o s de j u r i d i c idade e de d i r e i t o” . E s sa ca r t og ra f i a , ao de s igna r l i nhas de a tuação , de pe squ i s a e de ens ino e sua s e spec í f i c a s ma t r i z e s t eó r i c a s , no t adamen te na f o rmu lação c r í t i c a , é ex t r emamen te va l i o sa . Em ce r t a med ida , e l a con t r i bu i pa r a a pe r cepção , t a l como f az Boaven tu r a de S o u s a S a n t o s , d e c o m o s e p r o d u z i r a m c o n d i ç õ e s t e ó r i c a s e c o n d i ç õ e s s o c i a i s pa r a uma t r an s i ção da v i s ão no rma t iv i s t a , subs t an t i v i s t a do d i r e i t o , com un idade de aná l i s e c en t r ada na no rma , pa r a uma concepção p roce s sua l , i n s t i t uc iona l e o rgan i zac iona l , com un idade de aná l i s e c en t r ada no con f l i t o . Em uma pe r spec t i va de t r an s i ção pa r ad igmá t i ca , a abo rdagem de E l i ane Junque i r a a s sume ca r ac t e r í s t i c a s i néd i t a s em seu pecu l i a r modo de conhece r a r e a l i dade soc io lóg i ca : s i nce r i dade , amor pe l a d i s c ip l i na , mas , ao mesmo t empo , g r au máx imo de ob j e t i v idade . A pe rmanênc i a de um u top i smo enga j ado , t enden t e a con f igu ra r o p ro t agon i smo dos p ro f e s so re s d e S o c i o l o g i a J u r í d i c a , a b r e à d i s c i p l i n a u m l a d o p o l í t i c o p a r a f o m e n t a r a de scons t i t u i ção de imagens i ncomple t a s e a t é f a l s a s do f enômeno j u r í d i co e de r i vadas do dogma t i smo de pa r ad igmas t r ad i c iona i s ; mas , s imu l t aneamen te , r e i v ind i ca o de senvo lve r - s e , l i v r emen te , como c i ênc i a soc i a l , ap t a a e l abo ra r c a t ego r i a s p l aus íve i s do que pode s e r cons ide r ado j u r í d i co .

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P o r e s t a r a z ã o , é p o s s í v e l p e r c e b e r n e s t e t r a b a l h o d e E l i a n e J u n q u e i r a , e em ou t ro s t ex to s s eus , a sua p ro j eção a tua l i z ada de ca t ego r i a s e conce i t o s f i rmes pa r a i den t i f i c a r , na s cond i ções soc i a i s de aná l i s e , o e s t udo dos novos mov imen tos soc i a i s , dos novos con f l i t o s e dos novos su j e i t o s de d i r e i t o e , na s cond i ções t eó r i c a s de aná l i s e , o s t emas da r eo r i en t ação do ens ino j u r í d i co e d o p lu r a l i s mo j u r í d i co . Tendo conduz ido t ambém uma c r í t i c a a l t i va a c e r t o s impu l sos a l t e rna t i v i s t a s , o t r aba lho de E l i ane Junque i r a pe rmanece o t im i s t a , ao menos como o “ op t im i smo t r ág i co” de f i n ido po r Boaven tu r a de Sousa San to s , enquan to “ a l t e rna t i va r ea l i s t a ao pe s s imi smo ” pa r a ca r ac t e r i z a r a “ s u b j e t i v id ad e d o c i en t i s t a ” , n a b u s ca d a “ c r i ação d e can a i s p r ó p r io s d e i n t e r l ocução e de i n s t ânc i a s de p rodução de conhec imen to e de l eg i t imação , de conso l i dação e consag ração do d i r e i t o” , s em sucumbi r ao “ desencan t amen to” p r e sen t e no qu e Lu i s A lbe r to Wara t chamou de “ c r e scen t e ma l - e s t a r na cu l t u r a j u r í d i ca ” . Ta lvez o ma i s impor t an t e c ana l abe r to na década de 90 pa r a e s sa i n t e r l ocução t enha s i do o deba t e e o mov imen to de r e f o rma do ens ino j u r í d i co n o B r a s i l q u e , i n i c i ad o co m o p r o t ag o n i s mo da Ordem dos A d v o g a d o s d o B r a s i l , m o b i l i z o u t o d a s a s e n e r g i a s u t ó p i c a s c o n s t i t u í d a s n o p roce s so c r í t i co de r ev i s ão dos pa r ad igmas do D i r e i t o . Nes t e p roce s so , não s ó f o i p o s s í v e l “ a i den t i f i c ação de l i nhas de supe ração da s con t r ad i ções a s s im l evan t adas q ue ape l am à r enovação do j u r i s t a pa r a que venha a cons t i t u i r - s e e m s u j e i t o d o p r o c e s s o d e c o n s t r u ç ã o j u r í d i c a d e n o v a s ca t ego r i a s e de novos con t eúdos emergen t e s do d inami smo soc i a l , l evando a novas f i gu ra s de f u tu ro” , como se e r i g iu a Soc io log i a Ju r í d i ca como campo ap rop r i ado pa r a f aze r a med i ação ap t a à r e a l i z ação de s sa s f i gu ra s no e spaço da r e f o rma , t o rnando- s e , e l a p r ó p r i a , u m a m a t é r i a , e n f i m , p l e n a m e n t e i n s t i t uc iona l i z ada . N o f i n a l d o s a n o s 1 9 6 0 , a c r i s e d e p a r a d i g m a s d e c o n h e c i m e n t o e d e ação huma nas p ro j e t adas no mundo ab r iu , no campo j u r í d i co , o mesmo deba t e c r í t i co que s e t r avava nos dema i s âmb i to s soc i a i s e t eó r i co s . Sob o en f oque da c r í t i c a , po r t an to , e ao impu l so de uma con j un tu r a po l í t i c a complexa em sua adve r s idade , no t adamen te no con t ex to s o c i a l d a r e a l i d a d e l a t i no - amer i cana , o pensamen to j u r í d i co oc iden t a l buscou r eo r i en t a r - s e pa r ad igma t i camen te , r e j e i t ando a ma t r i z pos i t i v i s t a de r edução da complex idade ao f o rma l i smo l ega l i s t a e de de s locamen to dos p r e s supos to s é t i co s que f undam uma no rma t iv idade l eg í t ima . U m p o u c o p o r t o d a p a r t e , n o B r a s i l t a m b é m , o r g a n i z a r a m- s e n ú c l e o s c r í t i co s de pensa r j u r í d i co , com vocação po l í t i c a e t eó r i c a , r eo r i en t ando o s e n t i d o d e s u a r e f l e x ã o . C o m d e n o m i n a ç õ e s c o m u n s – “ cr i t i ca l l ega l s t u d i e s ” , “ c r i t i q u e d u d r o i t” , “uso a l t e rna t i vo de l de recho” , “ d i r e i t o i n su rgen t e ” – es se s mov imen tos convocavam em man i f e s to s a uma r e in se r ção do d i r e i t o na po l í t i c a , impu l s ionados po r um p ro t agon i smo que de r i vava em ge ra l da c r í t i c a ma rx i s t a a uma a t i t ude mi l i t an t e , sob a pe r spec t i va o r a de um “ j u s n a tu r a l i s mo d e co mb a te ” , o r a de um “ pos i t i v i smo é t i co” . A p a r t i r d o s e s t u d o s d e s e n v o l v i d o s e m p e r s p e c t i v a d i a l é t i c a d e s d e o s anos 60 na Un ive r s idade de Bra s í l i a , o j u r i s t a Robe r to Ly ra F i l ho o rgan i zou a s eu t u rno uma so f i s t i c ada r e f l exão c r í t i c a ao pos i t i v i smo j u r í d i co ,

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i n i c i a lmen te i n sc r i t a num man i f e s to l i do na UnB em 1978 – Para um Di re i t o s e m D o g m a s – , no qua l f o rmu lou o s f undamen tos de uma concepção de D i r e i t o l i v r e d o s c o n d i c i o n a m e n t o s i d e o l o g i z a n t e s d o s m o d e l o s a n t i t é t i c o s do j u spo s i t i v i s m o e m p i r i c i s t a e d o j u s n a t u r a l i s m o m e t a f í s i c o . L y r a F i l h o en t ende o D i r e i t o , a s s im , não como a no rma em que s e ex t e r i o r i z e , s enão como “ enunc i ação dos p r i nc íp io s de uma l eg í t ima o rgan i zação soc i a l da l i be rdade ” . S i n t e t i z a d a e s s a p o s i ç ã o e m l i v r o p ub l i c ado em 1982 (O q u e é D i r e i t o ) , enquan to Robe r to Ly ra F i l ho p rocu rava impr imi r à sua r e f l exão uma pe r spec t i va d i a l é t i c a que pe rmi t i s s e r ompe r a apo r i a dos pa r e s i deo lóg i cos j u sna tu r a l i smo e j u spos i t i v i smo , Mar i l ena Chau í t o rna - s e a r e f e r ênc i a f i l o só f i ca pa r a a supe ração do obs t ácu lo ep i s t emo lóg i co : “ Penso que o l i v ro de Robe r to Ly ra F i l ho t r aba lha no s en t i do de supe ra r uma an t i nomia pa r a l i s an t e : a opos i ção abs t r a t a en t r e o pos i t i v i smo j u r í d i co e o i dea l i smo iu sna tu r a l i s t a ” , po i s , “ s e o D i r e i t o d i z r e spe i t o à l i be rdade ga r an t i da e con f i rmada pe l a l e i j u s t a , não há como e squ iva r - s e à s q u e s t õ e s s o c i a i s e p o l í t i c a s o n d e , e n t r e l u t a s e c o n c ó r d i a s , o s h o m e n s f o r m u l a m conc re t amen te a s cond i ções na s qua i s o D i r e i t o , como exp re s são h i s t ó r i c a do j u s to , pode ou não r ea l i z a r - s e ” . A a l t a d e n s i d a d e d o p e q u e n o e s t u d o d e M a r i l e n a C h a u í c o n t i d o n e s s e t ex to i n f l uenc iou dec i s i vamen te o pensamen to j u r í d i co c r í t i co b r a s i l e i r o , cons t i t u t i vo do que j á f o i denominado Nova Esco l a Ju r í d i ca Bra s i l e i r a , s e n d o s i g n i f i c a t i v o r e c o l h e r um a spec t o l evan t ado pe l a no t áve l pensado ra pa r a a compreensão da gênese da p róp r i a j u s t i ç a e do d i r e i t o em sua ap reensão d i a l é t i c a . Nas sua s pa l av ra s , “ a ap r eensão do D i r e i t o no campo da s r e l a ções soc i a i s e po l í t i c a s en t r e c l a s s e s , g rupos e Es t ados d i f e r en t e s pe rmi t e me lho r pe r c ebe r a s con t r ad i ções en t r e a s l e i s e a j u s t i ç a e ab r i r a consc i ênc i a t an to quan to a p r á t i c a pa r a a supe ração de s sa s con t r ad i ções , ou s e j a , a b r i r o D i r e i t o p a r a a H i s t ó r i a e , n e s s a a ç ã o , p a r a a p o l í t i c a t r an s f o rmadora” . Nes t e a spec t o , a l i á s , o s t r aba lhos de Mar i l ena Chau í e s t abe l ece r am um no r t e s egu ro pa r a a i n t e rp r e t ação da ação t r an s f o rmadora conduz ida pe l a med iação do D i r e i t o enquan to p roce s so den t ro do p roces so h i s t ó r i co .

C o n s t r u i n d o N o v a s C a t e g o r i a s e N o v o s C o n c e i t o s : o S u j e i to C o l e t i v o d e D i r e i t o

O D i r e i t o A c h a d o n a R u a – exp re s são c r i ada po r Robe r to Ly ra F i l ho e

t í t u lo que de s igna , a t ua lmen te , uma l i nha de pe squ i s a e um cu r so o rgan i zado na U n ive r s idade de Bra s í l i a i n sc r i t o s na con f igu ração de um p rog rama de S o c i o l o g i a J u r í d i ca – que r , exa t amen te , s e r exp re s são de s t e p ropós i t o de compreensão do p roces so aqu i de sc r i t o , enquan to r e f l exão sob re a a t uação j u r í d i ca d o s n o v o s s u j e i t o s co l e t i v o s e d a s ex p e r i ên c i a s p o r e l e s de senvo lv ida s de c r i a ção de d i r e i t o e , a s s im , como mode lo a tua l i z ado de i nves t i gação : 1 ) de t e rmina r o e spaço po l í t i co no qua l s e de senvo lvem a s p r á t i c a s soc i a i s que enunc i am d i r e i t o s a i nda que con t ra l egem ; 2 ) de f i n i r a na tu r eza j u r í d i ca do su j e i t o co l e t i vo capaz de e l abo ra r um p ro j e to po l í t i co de t r an s f o rmação soc i a l e e l abo ra r a sua r ep re sen t ação t eó r i ca como su j e i t o

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co l e t i vo de d i r e i t o ; 3 ) enquad ra r o s dados de r i vados de s t a s p r á t i c a s soc i a i s c r i ado ra s de d i r e i t o s e e s t abe l ece r novas ca t ego r i a s j u r í d i ca s .

A c a t e g o r i a “ s u j e i t o c o l e t i v o d e d i r e i t o ” , d e d u z i d a d a a n á l i s e d a s expe r i ênc i a s soc i a i s de c r i a ção de d i r e i t o s , i n sc r eve - s e n e s s e p r o g r a m a e é con f igu rada ago ra , como ob j e to de cons t rução t eó r i ca no e s f o r ço de s t e p ro j e to . A p a r t i r d a c o n s t a t a ç ã o d e r i v a d a d o s e s t u d o s a c e r c a d o s c h a m a d o s novos mov imen tos soc i a i s , d e s e n v o l v e u - s e a p e r c e p ç ã o , p r i m e i r a m e n t e e l abo rada pe l a l i t e r a tu r a soc io lóg i ca , de que o con j un to da s f o rmas de mob i l i z ação e o rgan i zação da s c l a s se s popu l a r e s e da s con f igu rações de c l a s se s cons t i t u ída s ne s se s mov imen tos i n s t au rava , e f e t i vamen te , p r á t i c a s po l í t i c a s novas em cond i ções de ab r i r e spaços soc i a i s i néd i t o s e de r eve l a r novos a to r e s na cena po l í t i c a c apazes de c r i a r d i r e i t o s . A n a A m é l i a d a S i l v a , e m s u a t e s e d e d o u t o r a m e n t o , r e f e r i u - s e à “ t r a j e tó r i a q u e imp l i co u u ma co n cep ção r en o v ad a d a p r á t i c a do d i r e i t o , t an to em t e rmos t eó r i cos quan to da c r i a ção de novas i n s t i t uc iona l i dades” . Eder Sade r t r a t a de s se t ema em “ Q u a n d o N o v o s P e r s o n a g e n s E n t r a r a m em Cena” , apon t ando pa r a a d imensão i n s t i t u in t e dos e spaços soc i a i s i n s t au rados pe lo s mov imen tos soc i a i s e a l ud indo à c apac idade de cons t i t u i r d i r e i t o s e m deco r r ênc i a de p roce s sos soc i a i s novos que e l e s pa s sa r am a de senvo lve r . A i r r u p ç ã o d o s m o v i m e n t o s o p e r á r i o s e p o p u l a r e s , s o b r e t u d o a p a r t i r dos anos s e t en t a , r ompendo em ação co l e t i va o i so l amen to de t e rminado po r uma o rdem au to r i t á r i a que r e s t r i ng i a a mob i l i z ação da s o rgan i zações s o c i a i s , f e z e m e r g i r u m a n o v a s o c i a b i l i d a d e , c o m a m a r c a d a a u t o n o m i a q u e pa s sou a c a r ac t e r i z a r a a ção dos su j e i t o s a s s im cons t i t u ídos . Ve ra da S i l va Te l l e s , po r exemplo , r e f e r i u - s e a e s t a e m e r g ê n c i a d i z e n d o : “ho j e , de scob rem- s e o s t r a b a l h a d o r e s c o m o s u j e i t o s a u t ô n o m o s , d o t a d o s d e i m p u l s o p róp r io de mov imen tação , su j e i t o s de p r á t i c a s cu jo s en t i do po l í t i co e d inami smo não s ão de r i vados dos e spaços ced idos pe lo Es t ado e cu j a s r e i v ind i cações não s ão o r e f l exo au tomá t i co e nece s sá r i o da s cond i ções ob j e t i va s , mas pa s sam po r f o rmas de so l i da r i edade e de soc i ab i l i dades co l adas na v ida co t i d i ana ” .

Ca rac t e r i z ados a pa r t i r de sua s a ções soc i a i s , e s t e s novos mov imen tos s o c i a i s , v i s t o s c o m o ind i cado re s da emergênc i a de novas i den t i dades co l e t i va s ( co l e t i v idades po l í t i c a s , su j e i t o s co l e t i vos ) , pude ram e l abo ra r um quad ro de s i gn i f i c aç ões cu l t u r a i s de sua s p róp r i a s expe r i ênc i a s , ou s e j a , do modo como v ivenc i am suas r e l ações , i den t i f i c am in t e r e s se s , e l a b o r a m s u a s i den t i dades e a f i rmam d i r e i t o s .

A a n á l i s e s o c i o l ó g i c a r e s s a l t a q u e a e m e r g ê n c i a d o s u j e i t o c o l e t i v o pode ope ra r um p roces so pe lo qua l a c a r ênc i a soc i a l con t i da na r e iv ind i cação dos mov imen tos é po r e l e s pe r ceb ida como negação de um d i r e i t o , o que p rovoca uma l u t a pa r a conqu i s t á - l o . De aco rdo com Ede r S a d e r , " a c o n s c i ê n c i a d e s e u s d i r e i t o s c o n s i s t e e x a t a m e n t e e m e n c a r a r a s p r i vações da v ida p r i vada como in ju s t i ç a s no l uga r de r epe t i çõe s na tu r a i s do co t i d i ano . E j u s t amen te a r evo lução de expe c t a t i va s p roduz ida s e s t eve na busca de uma va lo r i z ação da d ign idade , não ma i s no e s t r i t o cumpr imen to de s e u s p a p é i s t r a d i c i o n a i s , m a s s i m n a p a r t i c i p a ç ã o c o l e t i v a n u m a l u t a c o n t r a o que cons ide r am a s i n ju s t i ç a s de que e r am v í t imas . E , ao va lo r i z a r em a sua pa r t i c i pação na l u t a po r s eus d i r e i t o s , cons t i t u í r am um mov imen to soc i a l

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con t r apos to ao c l i en t e l i smo ca r ac t e r í s t i co da s r e l ações t r ad i c iona i s en t r e o s agen t e s po l í t i co s e a s c amadas suba l t e rna s " .

A q u e s t ã o q u e s e c o l o c a , a p a r t i r d a e x p e r i ê n c i a d a a ç ã o c o le t i va dos novos su j e i t o s soc i a i s , é a da de s ignação j u r í d i ca de s t a s p r á t i c a s soc i a i s , em con f igu ração de t e rminada pe lo s p roce s sos soc i a i s , e o s d i r e i t o s novos que e l a s enunc i am e é , novamen te , Mar i l ena Chau í quem va i o f e r ece r a f undamen tação f i l o s ó f i ca que pe rmi t e su s t en t a r o s en t i do p ro j e t i vo de s sa nova i den t i dade soc i a l pa r a i nd i ca r o s eu po t enc i a l p ro t agon i smo de su j e i t o i n s t i t u in t e de d i r e i t o s .

Em P re f ác io ao l i v ro de Ede r Sade r , Chau í p ropõe a s egu in t e ques t ão : “ P o r q u e s u j e i t o n o v o ? A n t e s d e m a i s n a d a – e l a p róp r i a r e sponde – po rque c r i ado pe lo s p róp r io s mov imen tos soc i a i s no pe r í odo : sua p r á t i c a o s põe como su j e i t o s s em que t eo r i a s p r év i a s o s houves sem cons t i t u ído ou de s ignado . Em segundo l uga r , po rque s e t r a t a de um su j e i t o co l e t i vo e de scen t r a l i z ado , po r t an to , de spo j ado da s duas ma rca s que ca r ac t e r i z a r am o adven to da concepção bu rguesa da sub j e t i v idade : a i nd iv idua l i dade s o l i p s i s t a o u m o n á d i c a c o m o c e n t r o d e o n d e p a r t e m a ç õ e s l i v r e s e r e sponsáve i s e o su j e i t o como consc i ênc i a i nd iv idua l sobe rana de onde i r r ad i am idé i a s e r ep r e sen t ações , pos t a s como ob j e to , domináve i s pe lo i n t e l ec to . O novo su j e i t o é soc i a l ; s ão o s mov imen tos popu l a r e s em cu j o i n t e r i o r i nd iv íduos , a t é en t ão d i spe r sos e p r i va t i z ados , pa s sam a de f i n i r - s e a c ada e f e i t o r e su l t an t e da s dec i s õ e s e a t i v i d a d e s r e a l i z a d a s . E m t e r c e i r o l uga r , po rque é um su j e i t o que , embora co l e t i vo , não s e ap re sen t a como po r t ado r da un ive r s a l i dade de f i n ida a pa r t i r de uma o rgan i zação de t e rminada que ope ra r i a como cen t ro , ve to r e t e l o s da s a ções sóc io - po l í t i c a s e pa r a a qua l não have r i a p rop r i amen te su j e i t o s , mas ob j e to s ou eng renagens da máqu ina o rgan i zado ra . Re f e r i do à I g r e j a , ao s i nd i ca to e à s e sque rdas o novo s u j e i t o n e l e s n ã o e n c o n t r a o v e l h o c e n t r o , p o i s j á n ã o s ã o c e n t r o s o rgan i zado re s no s en t i do c l á s s i co e s i m ‘ i n s t i t u i ç õ e s e m c r i s e ’ q u e expe r imen tam ‘ a c r i s e sob a f o rma de um des locamen to com seus púb l i cos r e spec t i vos ’ , p r ec i s ando encon t r a r v i a s pa r a r e a t a r r e l a ções com e l e s” . F o r m u l a d a n e s s e s t e r m o s a q u e s t ã o , t o r n o u- s e p o s s í v e l p a r a o pensamen to j u r í d i co c r í t i co ab r i r novas pe r spec t i va s pa r ad igmá t i ca s , de r e l evan t e a l c ance po l í t i co , quando s e cons ide r am os p rob l emas de l eg i t imação em sede de t eo r i a da j u s t i ç a , pa r a pode r pensa r - s e e m u m n o v o s u j e i t o c o l e t i v o q u e s e e m a n c i p e e n q u a n t o s u j e i t o c o l e t i v o d e d i r e i t o , em um novo modo de p rodução do soc i a l , do po l í t i co e do j u r í d i co . N o p a r a d i g m a d a m o d e r n i d a d e , o D i r e i t o c o n s t i t u i u- s e à b a s e d e u m a noção f undamen ta l – a noção de su j e i t o de d i r e i t o – a pa r t i r da qua l a pe s soa humana que l he s e rve de r e f e r ênc i a an t ropo lóg i ca i nd iv idua l i z a - s e e po l a r i z a a e s t r u tu r a ab s t r a t a da r e l a ção j u r í d i ca . N a t r a d i ç ã o f i l o s ó f i c a , o s u j e i t o a í r a d i c a d o r e f l e t e , n a s u a impregnação i l umin i s t a , uma v i s ão de mundo dominada pe l a r a c iona l i dade e a au to t r anspa rênc i a do “ pensa r em s i mesmo” que de se j a “ s e r su j e i t o ” , s e g u n d o K a n t . N e s t a s u a o r i g e m h i s t ó r i c o - f i l o s ó f i ca , o conce i t o co inc ide com a noção a r i s t o t é l i c a de subs t ânc i a ou , como em Desca r t e s , com quem começa a t r ad i ção mode rna do su j e i t o , como “ in í c io” do i nd iv íduo em s i mesmo ( o l eg i s l ado r de s i p róp r io no s en t i do kan t i ano ) . A s r e f e r ê n c i a s t r a z i d a s p o r M a r i l e n a C h a u í e e n t ã o a p r o p r i a d a s p a r a o deba t e do pensam en to j u r í d i co c r í t i co vão pe rmi t i r a s cond i ções de

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i n t e r sub j e t i v idade não subs t anc i a l , mas r e l ac iona l , do f aze r - s e s u j e i t o no p roce s so mesmo no qua l e s t e s e r eve l a e s e r e a l i z a . F r a n z J . H i n k e l a m m e r t , d e s d e u m a p e r s p e c t i v a d e l i b e r t a ç ã o ( 2 0 0 0 ) , s u g e r e q u e o s u j e i t o n ã o é u m a p r io r i do p roce s so , s enão que r e su l t a como s e u a pos t e r io r i . H inke l ammer t supõe , po r t an to , uma i n t enc iona l i dade s o l i d á r i a , n o a g i r p r o t a g o n i s t a d o s n o v o s s u j e i t o s e m a l a r g a m e n t o d a s pos s ib i l i dades i n s t i t uc iona i s e da c r i a ção de e spaços de v ivênc i a da “ s u j e i t i c i d a d e h u m a n a” .

J á m e n c i o n e i c o m o u t r o v i é s , m a s c o m r e s u l t a d o i d ê n t i c o , P a t r i c k P h a r o e s u a noção de " c iv i smo o rd iná r i o " p a r a m e r e f e r i r à s f o r m a s d e s o c i a b i l i d a d e c o n s t i t u í d a s e m r e l a ç õ e s d e r e c i p r o c i d a d e d e u m c o t i d i a n o q u e ades t r a a conv ivênc i a e l eg i t ima pad rões soc i a i s l i v r emen te ace i t o s .

N o e s t u d o q u e t o m a c o m o b a s e a s e s t r a t é g i a s s o c i a i s pa r a a i n s t i t uc iona l i z ação do “ d i r e i t o à morad i a” , t ema an t i go de minhas pe squ i s a s , A n a A m é l i a d a S i l v a r e f e r e - s e à f o r m a ç ã o d e “agendas soc i a i s ” e de “ e spaços púb l i cos ” pa r a a í i n se r i r o que denomina de “ d i r e i t o s de c idadan i a” , r e i v ind i cando ou t r a s l e i t u r a s ap t a s a concebe r “ o ho r i zon t e de p ropos t a s e l u t a s pe lo s d i r e i t o s de c idadan i a como um campo soc i a l em cons t rução” .

Tra t a - s e d e a m p l i a r “o s s en t i dos da democ rac i a” , de modo a pe rmi t i r , como l embra Mar i a Cé l i a Pao l i , “ r e cupe ra r o s d i r e i t o s de uma c idadan i a que , r e i ven t ando a s i p róp r i a pe l a d i s co rdânc i a e pe l a sua p róp r i a r e c r i a ção , pos sa r e iven t a r novos caminhos de cons t rução democ rá t i c a” .

A n o ç ã o d e d e m o c r a c i a c o m o i n v e n ç ã o , q u e M a r i l e n a C h a u í t o m a e m C laude Le f o r t pa r a r ede s igna r a c i dadan i a ( compreend ida como c idadan i a a t i va ) , é ou t r a impor t an t e con t r i bu i ção que pe rmi t i u amp l i f i c a r o s eu d i á logo com o pensamen to j u r í d i co c r í t i co .

P o r o c a s i ã o d e s u a p a r t i c i p a ç ã o n a X I I I ª C o n f e r ê n c i a N a c i o n a l d a O r d e m d o s A d v o g a d o s , r e a l i z a d a e m B e l o H o r i z o n t e , e m 1 9 9 0 , M a r i l e n a Chau í p ropõe : " a c i dadan i a a t i va é a que é c apaz de f aze r o s a l t o do i n t e r e s se ao d i r e i t o , que é c apaz po r t an to de co loca r no soc i a l a ex i s t ênc i a de um su j e i t o novo , de um su j e i t o que s e c a r ac t e r i z a pe l a sua au topos i ção como su j e i t o de d i r e i t o s , q ue c r i a e s s e s d i r e i t o s e no mov imen to da c r i a ção de s se s d i r e i t o s ex ige que e l e s s e j am dec l a r ados , cu j a dec l a r ação ab ra o r e conhec imen to r ec íp roco . O e spaço da c idadan i a a t i va po r t an to , é o da c r i a ção dos d i r e i t o s , da ga r an t i a de s se s d i r e i t o s e da i n t e rvenç ão , da pa r t i c i pação d i r e t a no e spaço da dec i s ão po l í t i c a” .

A n t e c i p a n d o o t e m a q u e r e t o m a r i a d e p o i s n o ú l t i m o c a p í t u l o d e s e u Conv i t e à F i l o so f i a , Mar i l ena Chau í a s soc i a a ques t ão democ rá t i c a ao p roce s so de “c r i a ção de d i r e i t o s ” . D i sco r r endo sob re a “ l i be rd ade como au tonomia ” , Chau í de s igna o s “ s u j e i t o s c a p a z e s d e d a r a s i m e s m o s a l e i ” , s u j e i t o s , p o r t a n t o au to - nomos ( au to , i s t o é , a s i p róp r io s ; nomos , a no rma , a l e i ) , r e f e r i ndo - s e à “pos s ib i l i dade de que no i n t e r i o r da soc i edade c iv i l , p a r a a l ém do p r i vado e dos i n t e r e s se s , s e cons t i t u i uma r eg i ão i n s t au rada pe lo s d i r e i t o s , âmb i to da c idadan i a” . Chau í conc lu i : “ c idadan i a – a c apac idade de co loca r no soc i a l um su j e i t o novo que c r i a d i r e i t o s e pa r t i c i pa da d i r eção da soc i edade e do Es t ado” .

I n s t au r a - s e n e s s a r eg i ão , a “ p r á x i s d e l i b e r t a ç ã o ” a que a lude Dav id S á n c h e z R u b i o , n a q u a l s e d ã o a s c o n d i ç õ e s p a r a q u e s e j a m r e c o n h e c i d o s o s s u j e i t o s v i v o s e a t u a n t e s d e t r a n s f o r m a ç ã o d a r e a l i d a d e . A p a r t i r d e u m a

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pe r spec t i va de p lu r a l i smo ju r í d i co , que e s t e au to r (Fi lo so f i a , Derecho y L i b e r a c i ó n e m A m é r i c a L a t i n a ) cons t a t a dá - s e , h o j e n o B r a s i l , n u m a “ ins tanc ia p rác t i ca conf igurada em e l mov imien to denominado d i r e i t o achado na rua y abanderada por José Gera ldo Souza J r ” , ope ra - s e o r e conhec imen to de su j e i t o s “ i n d i v i d u a i s e co l e t i vo s com poder de ação e dec i são , capaze s de exe rce r em sua margem de a tuação o con t ro l e democrá t i co sobre o e s tado e sobre qua lquer ou t ra f o rma de poder i n s t i t u ído , ap to s a c r ia r d i r e i t o s .

D e t e r m i n a r e s s e s f u n d a m e n t o s e a t r i b u i r s u s t e n t a b i l i d a d e teó r i ca a e s s a s c a t ego r i a s ( no t adamen te à c a t ego r i a s u j e i t o c o l e t i v o d e d i r e i t o ) , a pa r t i r da f o r t una c r í t i c a da expe r i ênc i a de “O D i r e i t o A c h a d o n a R u a ” , t an to em sua d imensão emp í r i c a , quan to em sua d imensão t eó r i ca , e i s o ob j e t i vo de s t e p r o j e t o d e P e s q u i s a , cu j a con t i nu idade p romov ida pe l a s l i nhas de pe squ i s a do p rog rama de pós - g r aduação em Di r e i t o da UnB mob i l i z a r á o s pe squ i s ado re s ag r egados no Grupo de Pesqu i s a (P l a t a f o rma La t t e s ) “O D i r e i t o A c h a d o n a R u a ” , e m s e u s p r o j e t o s r e s p e c t i v o s d e d o u t o r a m e n t o , mes t r ado , i n i c i aç ão c i en t í f i c a , ex t ensão , nos t r aba lhos monográ f i co s do cu r so de g r aduação e nos p ro j e to s e spec i a i s ( ed i t a i s ) , do s qua i s s e ex t r a i r ão t ambém as sua s f on t e s de f i nanc i amen to .

R e f e r ê n c i a s B i b l i o g r á f i c a s A D E O D A T O , J o ã o M a u r i c i o . O P r o b l e m a da Leg i t im idade . No Ras t ro do Pensamen to de Hanna Arend t . Rio de J ane i ro : Fo rense Un ive r s i t á r i a , 1989 . - - - - - - - - - . Ét i ca e Re tó r i ca . Para uma Teor ia da Dogmát i ca Jur íd i ca . S ã o P a u l o : E d i t o r a S a r a i v a , 2 0 0 2 . - - - - - - - - - . Pres supos to s e D i f e renças de um Di re i t o D o g m a t i c a m e n t e O r g a n i z a d o , i n C o n f e r ê n c i a s n a F a c u l d a d e d e D i r e i t o d e C o i m b r a –1999 /2000 Bo l e t im da Facu ldade de D i re i t o , STVDIA IVRIDICA 48 , U n i v e r s i d a d e d e C o i m b r a . Coimbra : Co imbra Ed i t o r a , 2000 . - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - & OLIVEIRA, Luc i ano . O Es t a d o d a A r t e d a Pesqu i sa Jur íd i ca e Sóc io - j u r íd i ca no Bras i l” , B ra s í l i a : OAB, 1996 . AGUIAR, Roberto A R. de, A Crise da Advocacia no Brasil, Editora Alfa e Ômega, São Paulo, 1996. ALFONSIN, Jacques Távora, Assessoria Jurídica Popular. Breves Apontamentos sobre sua Necessidade, Limites e Perspectivas, Revista do SAJU – Para uma Visão Crítica e Interdisciplinar do Direito, vol. 1, Porto Alegre, UFRGS, Faculdade de Direito, dez-1998 A P O S T O L O V A , B i s t r a . “ P e r f i l e H a b i l i d a d e s d o J u r i s t a : R a z ã o e S e n s i b i l i d a d e ” , Not í c ia do D i re i t o Bras i l e i ro , n º 5 , B ra s í l i a , Facu ldade de D i r e i t o d a U n B , 1 º s e m e s t r e d e 1 9 9 8 . - - - - - - - . O Poder Judiciário Brasileiro na Passagem da Modernidade para a Contemporaneidade, in PINHEIRO, Pe. José Ernanne, SOUSA JUNIOR, José Geraldo de, DINIS, Melillo e SAMPAIO, Plínio de Arruda (orgs.), Ética Justiça e Direito. Reflexões sobre a reforma do judiciário, Editora Vozes/CNBB, Petrópolis, 2ª edição, 1996 _____ . “Re f l exões C inesó f i ca s” . Ana i s da 3 ª Semana Nac iona l de C ineso f i a , Cu i abá : Un i rondon /A l m e d , 2 0 0 1 . _____ . “Amnés i a i n j ú r i s ” . 2 Rev i s t a do SAJU – Se rv i ço de As se s sor ia Jur íd i ca Un ive r s i t á r ia , 1999 .

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- - - - - - - . ( o rg ) . I n t rodução Cr í t i ca ao D i re i t o . Sé r i e O D i re i t o Achado na Rua , vo l . 1 . Bras í l i a : Ed i t o r a Un ive r s idade de Bra s í l i a /CEAD- Cen t ro de Educaç ão a D i s t ânc i a , 4 ª ed i ção , 1993 . - - - - - - - . , Assessoria Jurídica Popular: estratégia de extensão, Jornal da UnB, Suplemento de Avaliação, Universidade Transparente, Extensão, 1, 15 de agosto de 1996, ano III, nº 26, - - - - - - - . , Novas sociabilidades, novos conflitos, novos direitos, in Ética, Justiça e Direito. Reflexões sobre a reforma do judiciário, in PINHEIRO, Pe. José Ernanne, SOUSA JUNIOR, José Geraldo de, DINIS, Melillo e SAMPAIO, Plínio de Arruda (orgs.), Ética Justiça e Direito. Reflexões sobre a reforma do judiciário, Editora Vozes/CNBB, Petrópolis, 2ª edição, 1996. ---------- e COSTA, Alexandre Bernardino, Introdução, in MACHADO, Maria Salete Kern, SOUSA, Nair Heloisa Bicalho de, Ceilândia: mapa da cidadania. Em rede na defesa dos direitos humanos e na formação do novo profissional do direito, Brasília, Faculdade de Direito da UnB, Secretaria de Direitos Humanos/MJ, 1998. ---------- e COSTA, Alexandre Bernardino, Introdução, Direito à Memória e à Moradia. Realização de Direitos Humanos pelo Protagonismo Social da Comunidade do Acampamento da Telebrasília, Faculdade de Direito da UnB/Secretaria de Estado de Direitos Humanos-MJ, Brasília, 1998. - - - - - - - . Mov imen tos Soc ia i s e Prá t i ca s I n s t i t u in t e s de D i re i t o : Per spec t i va s para a Pe squ i sa Sóc io - Jur íd i ca no Bras i l . Co imbra : Bo l e t im da Facu ldade de D i r e i t o /STVDIA IVRIDICA 48 / COLLOQUIA – 6 , Un ive r s idade de Co imbra , Con f e r ênc i a s na Facu ldade de D i r e i t o de Co imbra 1999 /2000 . - - - - - - - . Soc io log ia Jur íd i ca : Cond i ções Soc ia i s e Pos s ib i l i dades Teór i cas . P o r t o A l e g r e : S e r g i o A n t o n i o F a b r i s E d i t o r , 2 0 0 2 . - - - - - - - . Mediação popular de conflitos, Revista do Sindjus, Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no DF, ano XVI, nº 41, Brasília, 2007. ----------. Que Judiciário na Democracia?, Revista do Sindjus. Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no DF, ano XI, nº 8, outubro de 2001 ----------. Ensino do Direito e Assessoria Jurídica, in Revista do SAJU. Serviço de Assessoria Jurídica Universitária, Edição Especial nº 5, UFRS, Porto Alegre, 2006. ----------. Ensino do Direito, Núcleos de Prática e de Assessoria Jurídica, Revista Veredas do Direito, Escola Superior dom Helder Câmara, Belo Horizonte, vol. 3, nº 6 – julho/desembro de 2006 ----------. Responsabilidade Social das Instituições de Ensino Superior, in OAB Ensino Jurídico - O Futuro da Universidade e os Cursos de Direito: Novos Caminhos para a Formação Profissional, Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Federal da OAB, Brasília, 2006. ----------. El derecho hallado em la calle: tierra, trabajo, justicia y paz, in RANGEL, Jesús Antonio de la Torre (coordinador), Pluralismo Jurídico. Teoria y Experiências, Cenejus – Centro de Estúdios Jurídicos y Sociales “Padre Enrique Gutiérrez”, San Luis Potosí, México, 2007 -----------, COSTA, Alexandre Bernardino, MAIA FILHO, Mamede Said (orgs). A Prática Jurídica na UnB. Reconhecer para Emancipar, Universidade de Brasília/Faculdade de Direito/Ministério da Educação/Projeto Reconhecer, Brasília, 2007. -----------. Idéias para a Cidadania e para a Justiça, Sergio Antonio Fabris/Editor/Sindjus-Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União do DF, PortoAlegre/Brasília, 2008.

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_____ . Mani f e s to do Sur r e a l i s m o J u r í d i c o . São Pau lo : Acadêmica , 1984 . _____ . “Conf i s sõe s Pedagóg i ca s D ian t e da Cr i s e do Ens ino Ju r í d i co” . I n : O A B E n s i n o J u r í d i c o . D i a g n ó s t i c o , P e r s p e c t i v a s e P r o p o s t a s . B ra s í l i a : Comis são de Ens ino Ju r í d i co do Conse lho Fede ra l da OAB, 1992 . - - - - - - - . T e r r i t ó r i o s D e s c o n h e c i d o s . A P r o c u r a s u r r e a l i s t a p e l o s l u g a r e s d o abandono do s en t i do e da r econs t rução da sub j e t i v i dade . V o l . 1 . F l o r i a n ó p o l i s : F u n d a ç ã o B o i t e u x , 2 0 0 4 ; Epi s t emo log ia e Ens ino do D i re i t o . O s o n h o a c a b o u . V o l . 2 , i d e m ; S u r f a n d o n a P o r or o c a . O O f í c i o d o Med iador . Vo l . 3 , i b idem . WEBER, Max . Economia y Soc i edad . M é x i c o : F o n d o d e C u l t u r a E c o n ó m i c a , 1977 .