29
Liturgia 2 Aulas 1 Doutrina Geral dos Sacramentos Mater Ecclesiae

1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Catolicismo

Citation preview

Page 1: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Liturgia 2 Aulas 1 – Doutrina Geral dos Sacramentos

Mater Ecclesiae

Page 2: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Definição

Toda a vida litúrgica da Igreja gravita em torno do sacrifício eucarístico e dos sacramentos (CIgC 1113).

“Aquilo que era visível em nosso Salvador passou para os seus mistérios” (São Leão Magno).

Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina (CIgC 1131).

Page 3: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Fundamentação Bíblica

Page 4: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Σημείον

... vendo os sinais que Jesus fazia, muitos creram em seu nome.” (Jo 2,23)

10 vezes em Mt

7 vezes em Mc

23 vezes em Lc

24 vezes em Jo

8 vezes em Paulo

1 vez em Hb

Page 5: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Σημείον

O sinal identifica.

• Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas deitado numa manjedoura. (Lc 2,12)

• O traidor dera-lhes um sinal, dizendo: “É aquele que eu beijar. Prendei-o.” (Mt 26,48)

O sinal assinala autoridade.

• Para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal vindo do céu. (Mc 8,11)

O sinal é figura que antecipa.

• Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado a não ser o do profeta Jonas. (Mt 12,39)

O sinal é milagre.

• Os sinais que distinguem o Apóstolo realizam-se entre vós: paciência a toda prova, sinais milagrosos, prodígios e atos portentosos. (2Cor 12,12)

Page 6: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Μυςτήριον

Calar, silenciar

Para os gregos, o rito tornava presente a aventura do herói mítico

No Antigo Testamento, designava os ritos gregos

• “Com seus ritos infanticidas, seus mistérios ocultos ou suas frenéticas orgias de estranho ritual” Sb 14,23.

Nas Epístolas Paulinas, tem significado definido

• É plano eterno de salvação: 1Cor 2,7

• É revelado aos homens pela pregação dos Apóstolos: Ef 3,3ss

• É marca da plenitude dos tempos: Ef 1,9s

Page 7: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Μυςτήριον

Já nos primeiros séculos do Cristianismo, o μυστήριον veio a ser:

• o plano salvífico concebido por Deus desde toda a eternidade

• a ação salvífica de Cristo, que começou a revelar esse plano

• a celebração dessa obra salvífica no culto sagrado

• os símbolos do Antigo Testamento que prefiguravam o Salvador

• as verdades de fé ligadas a essa ação salvífica do Senhor

Page 8: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Sacramentum

Designava o juramento prestado pelos soldados

perante os deuses.

Passou a traduzir o vocábulo μυστήριον nas traduções

latinas da Escritura, mesmo considerando a existência da

palavra mysterium.

“Assume a tua parte de sofrimento como bom

soldado de Cristo.” (2Tm 2,3)

Page 9: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Cristo continua atuando em nós pelos

Sacramentos

“Vós não estais na carne, mas no espírito, se é verdade que o Espírito de Deus habita em vós, pois quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele. Se, porém, Cristo está em vós, o vosso corpo está destinado à morte, pelo pecado, mas o Espírito é vossa vida, pela justiça. E se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos dará vida também a vossos corpos mortais, mediante o seu Espírito que habita em vós.” (Rm 8,9-11)

Page 10: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Ações de Jesus

Jesus poderia nos ter comunicado a graça diretamente, mas ele escolheu fazê-lo por atos e palavras.

• “Ele estendeu a mão e, tocando-o disse: Eu quero, sê purificado. E imediatamente ficou livre da sua lepra.” (Mt 8,3)

• “Logo tocou-lhe a mão e a febre a deixou.” (Mt 8,15a)

• “Depois, pondo-se de pé, conjurou severamente os ventos e o mar. E houve grande bonança.” (Mt 8,26)

• “Tendo dito isso, cuspiu na terra, fez lama com a saliva, aplicou-a sobre os olhos do cego e lhe disse: Vai lavar-te na piscina de Siloé.” (Jo 9,6s)

• “Jesus disse-lhe: Vê de novo; tua fé te salvou.” (Lc 18,42)

Page 11: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Testemunho Patrístico

Page 12: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Compreensão do mistério

Santo Agostinho (séc. V)

• “Tira a palavra e que é a água senão água? Acrescenta a palavra ao elemento e faz-se o sacramento, tão visível como a própria palavra.”

• “O que vedes hoje no altar de Deus, vós o vistes na noite passada. Mas o que seja, o que signifique, quão grande coisa contenha o sacramento, ainda não ouvistes. Pois o que vedes é pão e cálice. É o que vos mostram vossos olhos. Mas o que exige vossa fé, que deve ser instruída, é que o pão é o Corpo de Cristo e o cálice, o sangue de Cristo. Mas podeis agora dizer-me: como o pão é seu corpo? E como o cálice, o que há dentro do cálice, é seu sangue? Pois estas coisas, irmãos, se chamam sacramentos porque uma coisa é o que se vê nelas e outra coisa o que se entende. O que se vê tem aparência corporal; o que se entende tem fruto espiritual.”

Page 13: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Compreensão do mistério

Santo Isidoro de Sevilha (séc. VII)

• “Os sacramentos são assim chamados, porque, sob a coberta das coisas corporais, mais secretamente uma força divina efetua a salvação dos mesmos sacramentos, pelos segredos da força ou pelas realidades sagradas. Tais coisas se realizam frutuosamente na Igreja, porque o Espírito Santo, que nela permanece, Ele mesmo realiza o efeito dos sacramentos.”

Page 14: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Já na Idade Média...

Hugo de São Vitor (séc. XII)

• “No sacramento não há apenas significação, mas também eficácia, de tal maneira que o sacramento, ao mesmo tempo, significa por sua instituição, representa por sua semelhança e confere por sua santificação.”

Page 15: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Já na Idade Média...

Santo Tomás de Aquino (séc. XIII)

• “Os sacramentos da Igreja recebem do Verbo Encarnado sua eficácia.”

• “Assim como na voz sensível, enquanto procede da concepção da mente, existe certa força espiritual para excitar a inteligência do homem, da mesma maneira encontra-se uma força espiritual nos sacramentos enquanto ordenados por Deus para produzir efeitos espirituais.”

• Há três finalidades para os sacramentos: (1) edificar a Igreja; (2) estruturar o culto da Igreja; e (3) santificar os fiéis, livrando-os do pecado e comunicando-lhes a graça sacramental.

Page 16: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Perspectivas Teológicas

Page 17: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

União hipostática

Tudo o que Jesus fez e padeceu atua como instrumento da Divindade para salvação do

homem. (Santo Tomás de Aquino)

Os mistérios de Jesus são a fonte da divina graça, que prolonga em nós seus efeitos, sendo cada um

deles, segundo a sua própria índole, a causa da nossa salvação.

(Papa Pio XII, Mediator Dei)

Do lado de Cristo adormecido na cruz jorraram os sacramentos

com os quais a Igreja foi construída. (Santo Tomás de

Aquino)

Page 18: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Instituição dos sacramentos

Só pode ser autor quem tenha o poder de

comunicar-lhe o vigor necessário para sua

finalidade.

A finalidade dos sacramentos é

transmitir a graça e santificar os fiéis.

Só Deus pode ser autor dos sacramentos.

Jesus instituiu explicitamente: Batismo (Mt 28,18ss); Eucaristia (Lc 22,19); Penitência

(Jo 20,21-23)

Os Evangelhos não relatam tudo o que

Jesus fez; para as novas circunstâncias, Cristo deixou-nos sua Igreja.

O número de sete indica totalidade: os sacramentos cobrem

toda a vida do homem.

Page 19: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Matéria e Forma

Hilemorfismo

• A essência dos corpos resulta da união de dois princípios, ditos “matéria” e “forma”.

• A diferença entre os corpos provém de algum outro princípio que não a matéria.

Pedro Lombardo (séc. XII)

• “São dois os elementos de que consta o sacramento: palavras e coisas. Palavras, como a invocação da Trindade; coisas, como a água, o óleo e similares.”

Santo Tomás de Aquino (séc. XIII)

• “O pleno significado dos sacramentos exige que o sentido das coisas sensíveis seja determinado por algumas palavras. Das palavras e das coisas faz-se nos sacramentos uma só realidade como se fossem matéria e forma; as palavras aperfeiçoam e significado das coisas.”

Page 20: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Matéria e Forma

• “Todos os sacramentos constam de três elementos: coisas, que são a matéria; palavras, que são a forma; e a pessoa do ministro, que confere o sacramento. Caso falte um desses componentes, não há Sacramento.”

Concílio de Florença

(séc. XV)

• “O significado do sacramento, embora deva ser expresso pelo rito essencial, isto é, pela matéria e pela forma, é manifestado principalmente pela forma; a matéria é o elemento não determinado que a forma determina.”

Papa Leão XIII, Carta

“Apostolocae curae” (1896)

Page 21: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Caráter e Graça Sacramental

Caráter significa efígie, marco ou selo

• “Fostes selados pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo.” (Ef 1,13)

• É indelével e apenas produzido pelos três sacramentos consecratórios.

Santo Agostinho (séc. VI)

• O selo funciona como uma marca no escravo. Mesmo que ele se perca, nunca se poderá negar a quem pertence. De forma análoga, quando se afasta de Cristo, o cristão perde a graça santificante, mas guarda o selo ou o caráter.

Santo Tomás de Aquino (séc. XIII)

• O caráter confere a possibilidade de participação no Sacerdócio de Cristo: Batismo e Crisma pelo sacerdócio comum; Ordem pelo sacerdócio ministerial.

Page 22: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Ex opere operato

Por efeito da própria obra realizada

O sacramento é canal da graça por efeito do próprio

rito e não por efeito das virtudes do ministro que aplica ou do sujeito que recebe o sacramento.

Cristo garante a eficácia sacramental, desde que se

utilize matéria e forma corretas.

Essa doutrina não isenta o ministro de uma vida santa,

nem o sujeito de criar as condições para que a graça produza seus frutos nele.

Ex opere operantis sacramentais

Page 23: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Ex opere operato

Um padre celebra a Eucaristia tendo cometido pecado grave, sem confissão. A Eucaristia é

válida? É tão eficaz quanto outra celebrada por um padre em

estado de graça?

Uma pessoa recebe a Eucaristia tendo cometido pecado grave, sem confissão. A Eucaristia é

válida? Ela produziu os mesmos efeitos como em uma pessoa

em estado de graça?

Page 24: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Aspectos Canônicos dos Sacramentos

Page 25: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Validade e Licitude

Sacramento válido é aquele que, na sua confecção ou

na sua recepção, se produziu verdadeiramente; ou seja, houve sacramento.

Sacramento lícito é aquele sacramento válido, que foi, além disso, confeccionado e recebido com todas as condições próprias

dele.

Page 26: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Elementos canônicos dos sacramentos

Matéria Forma Sujeito Ministro

Page 27: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Sujeito

Condições para recepção lícita dos sacramentos

Estado de graça, para os sacramentos de vivos

Fé e arrependimento, para os sacramentos de mortos

Demais requisitos específicos

Condições para recepção válida dos sacramentos

Capacidade específica de cada sacramento

Intenção

Sujeito é a pessoa que recebe o sacramento.

Page 28: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Ministro

Por ministro, entende-se a pessoa que confere o sacramento.

Jesus Cristo é o ministro primário de todos os sacramentos, pois ele, único sacerdote,

ofereceu o sacrifício redentor ao Pai.

• Ministro ordinário ex-officio

• Ministro extraordinário ad usum

O ministro do sacramento faz as vezes

de Cristo e deve ter a intenção de fazer o que

a Igreja faz.

Page 29: 1 Doutrina Geral Dos Sacramentos Aula 1

Bibliografia

Catecismo da Igreja Católica

BETTENCOURT, Estevão. Curso sobre os Sacramentos (EME – CL). mimeo.

SADA, Ricardo; MONROY, Alfonso. Curso de Teologia dos Sacramentos. 2ª. ed. Lisboa: Rei dos Livros, 1998.