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JOHN BOWLBY FORMAÇÃO E ROMPIMENTO DOS VÍNCULOS AFETIVOS CAP. 4: Efeitos sobre o comportamento do rompimento de um vínculo

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Efeitos sobre o comportamento do rompimento de um vínculo, segundo John Bowlby

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JOHN BOWLBYFORMAÇÃO E ROMPIMENTO DOS VÍNCULOS AFETIVOS

CAP. 4: Efeitos sobre o comportamento do rompimento de um vínculo

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ROMPIMENTO DE VÍNCULOS E DOENÇA PSIQUIÁTRICA

•Aqueles que sofrem de distúrbios psiquiátricos — psiconeuróticos, sociopáticos ou psicóticos — manifestam sempre deterioração da capacidade para estabelecer ou manter vínculos afetivos, uma deterioração que frequentemente é grave e duradoura;

•Embora, em alguns casos, tal deterioração seja claramente secundária em relação a outras mudanças, em muitos é provavelmente primária e deriva de falhas no desenvolvimento, que terão ocorrido numa infância vivida num ambiente familiar atípico

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•Ao examinarem as causas possíveis de distúrbio psiquiátrico na infância, os psiquiatras infantis perceberam desde cedo que as condições antecedentes de incidência significativamente elevada são a ausência de oportunidade para estabelecer vínculos afetivos ou então as prolongadas e talvez repetidas rupturas de vínculos que foram estabelecidos (Bowlby, 1951; Ainsworth, 1962).

• Foi sistematicamente apurado que duas síndromes psiquiátricas e duas espécies de sintomas associados são precedidos por uma elevada incidência de vínculos afetivos desfeitos durante a infância;

•As síndromes são a personalidade psicopática (ou sociopática) e a depressão; os sintomas persistentes, a delinquência e o suicídio.

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•O psicopata (ou sociopata) é uma pessoa que, embora pão sendo psicótica ou mentalmente subnormal, realiza persistentemente:

1. Atos contra a sociedade - crimes; 2. Atos contra a família - negligência, crueldade, promiscuidade sexual

ou perversão;3. Atos contra a própria pessoa - toxicomania, suicídio ou tentativa de

suicídio, abandono repetido do emprego.

•Em tais pessoas, a capacidade para estabelecer e manter vínculos afetivos é sempre desordenada e, não raro, ausente.

•Frequentemente a infância de tais indivíduos foi seriamente perturbada pela morte, divórcio ou separação dos pais, ou por outros eventos que resultam na ruptura de vínculos afetivos;

•A incidência de tais perturbações é muito mais elevada do que em qualquer outro grupo comparável, quer seja de pessoas da população geral, quer seja de pessoas que apresentem quadros psiquiátricos de outras espécies.

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•Um outro grupo psiquiátrico que mostra uma incidência muito alta de perda na infância é o dos pacientes suicidas – tanto os que tentaram o suicídio como os que o consumaram ;

•Provavelmente as perdas tenham ocorrido durante os primeiros cinco anos de vida e tenham sido causadas não só pela morte de um dos pais, mas também por outras causas permanentes, principalmente a ilegitimidade e o divórcio;

•Outra condição associada a uma incidência significativamente maior de perda na infância é a depressão;

•O tipo de perda experimentada tende a ser de uma espécie diferente da deterioração familiar geral, típica da infância de psicopatas e de indivíduos que tentam o suicídio.

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1) Na infância de depressivos, a perda deve-se mais frequentemente à morte de um dos pais do que à ilegitimidade, divórcio ou separação;

2) Nos depressivos, a incidência de orfandade tende a ser maior durante o segundo quinquênio da infância e, em alguns estudos, também no terceiro.

•Parece certo que, em numerosos grupos de pacientes psiquiátricos, a incidência de rompimento de vínculos afetivos durante a infância é significativamente elevada;

•Para vários tipos de condições, sabe-se agora que as maiores incidências de vínculos afetivos desfeitos incluem tanto os vínculos com os pais como com as mães, e são observados entre os cinco e os catorze anos, tanto quanto nos primeiros cinco anos.

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• Além disso, nas condições mais extremas — sociopatia e tendências suicidas — não só é provável que uma perda inicial tenha ocorrido nos primeiros anos de vida mas também é provável que tenha sido uma perda permanente, seguida da experiência de repetidas mudanças de figuras parentais.

•Embora a maioria dos autores que apresentaram esses dados acredite que a maior incidência de perdas na infância tem uma relação causal com o subsequente distúrbio psiquiátrico, explicações alternativas ainda são possíveis;

•Exemplo: a maior incidência de morte materna e paterna em pacientes psiquiátricos poderia ser resultado do fato de as diferenças entre as idades dos pacientes e de seus pais serem maiores do que a média para a população.

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•Não só a morte de um dos pais ocorreria mais cedo, mas também haveria maior probabilidade de o filho nascer com uma carga genética adversa;

•O que parece ser um determinante ambiental poderia, no fim das contas, ser um determinante genético.

•Não é fácil testar essa possibilidade. Para que ela seja corroborada, é preciso:

1) Verificar se as médias das diferenças entre as idades dos pacientes psiquiátricos e as de suas mães (e/ou pais) são, de fato, superiores às médias para a população total;

2) Poder demonstrar que a idade mais elevada dos pais na época do nascimento dos filhos tem um efeito adverso sobre a dotação genética do filho, de tal modo que aumente a probabilidade de distúrbios psiquiátricos.

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•O primeiro requisito pode ser perfeitamente satisfeito: provas recentes (Dennehy, 1966) sugerem que as médias das diferenças entre as idades dos pacientes psiquiátricos e as dos seus pais podem situar-se acima das médias para a população da qual eles provêm;

• Do segundo requisito, porém, é mais difícil obter provas. Em termos claros, talvez leve ainda algum tempo para que a questão seja resolvida.

•Aqueles que acreditam ser causal a relação entre o rompimento de vínculos afetivos durante a infância e a deterioração da capacidade para manter vínculos afetivos, típica das perturbações da personalidade na vida adolescente e adulta, apontam outras provas que sustentam a hipótese;

•Tais provas envolvem o modo pelo qual jovens primatas humanos e sub-humanos se comportam quando um vínculo afetivo é rompido por separação ou morte.

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