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1. Introdução:
As bactérias são organismos que apresentam grande diversidade na natureza
e que por muito tempo não lhes foi dada devida importância em relação às grandes
transformações que causaram na moldagem e na alteração, no passado e no
presente, da terra como conhecemos hoje (OLSEN et. al, 1994). Cada organismo é
produto de uma história de vida complexa e para entender totalmente suas relações
evolutivas é necessário analisar além das características fenotípicas, as
características filogenéticas de cada espécie (OLSEN et. al, 1994). Segundo Woese
et. al (1990), foi apenas em nível molecular, com as análises das sequências do
16S, que foi possível a visualização da divisão de três grupos primários distintos de
divisão das bactérias (eucaria, bacteria e arquea).
A caracterização desses organismos muitas vezes é dificultada, pois, os
métodos tradicionais, como por exemplo analise da coloração de Gram, testes
bioquímicos e o crescimento em determinados meios de cultura nem sempre
possibilitam a classificação bacteriana correta (MARCHESI et. al, 1997). Além disso
os métodos tradicionais de cultivo limitam as análises da real diversidade dos
ambientes, pois se acredita que apenas 10% desses organismos sejam cultiváveis
(SILVEIRA, 2004), do mesmo modo as características fenotípicas de cada espécie
podem se apresentar de forma muito variável, e com resultados muito próximos e de
difícil analise para espécies intimamente aparentadas (WOO et. al, 2008).
Para melhor analise da diversidade bacteriana são utilizadas técnicas
moleculares, como a hibridação de DNA - DNA. Este tipo de técnica considera uma
mesma espécie quando há acima de 70% de hibridação DNA-DNA, mas por ser
uma técnica trabalhosa poucos laboratórios a utilizam, mas ainda é requerida para
identificação de novas espécies (CAMACHO, 2010). Ainda segundo CAMACHO,
2010, as técnicas mais utilizadas para identificação bacteriana são, Dot Blot que não
utiliza eletroforese, pois a sonda se encontra em um filtro, Southern Blot que é a
hibridização DNA-DNA. Essas técnicas não são mais o “padrão ouro” da
identificação bacteriana, pois estão sendo substituídas por técnicas de
sequenciamento de genes como o rpoB em conjunto com a região 16s (CAMACHO,
2010). Mas ainda são muito utilizadas e aceitas para identificação de novas
espécies.
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Outra forma de avaliação de diversidade é o sequenciamento (total ou parcial)
da região 16S com a utilização da reação de polimerase em cadeia (PCR) com
primers específicos para amplificação dessa região do genoma ribossomal
bacteriano (MARCHESI et. al, 1997). Essa região se apresenta muito conservada ao
longo da evolução no DNA bacteriano, pode ser utilizada como um indicador da
diversidade, e quando somado a analises de outros marcadores moleculares, das
relações filogenéticas dos microorganismos (TOLEDO et. al, 2009). A utilização da
sequência 16S não é restrita para propósitos de pesquisa, mas também é utilizada
na identificação de muitas espécies de bactéria na área da clínica e hospitalar, com
grande importância na identificação de bactérias importantes para a saúde (WOO et.
al, 2008).
Durante a elaboração do projeto de iniciação científica intitulado “Ralstonia
solanacearum: Caracterização bioquímica e molecular de amostras de bactérias
extraídas de solo, agua e tomateiros doentes”, sete isolados bacterianos foram
submetidos a testes para confirmação da presença da R. solanacearum. Esses
isolados foram selecionados devido à suspeita desse patógeno, a ocorrência da
doença nas plantas coletadas e o resultado preliminar por coloração de Gram que
indicou bastonetes gram negativos. Esses testes consistiam da observação de
resultados bioquímicos e de PCR’s de regiões polimórficas do genoma que geraram
dados, que quando comparados a literatura indicavam que de fato tratava-se de R.
solanacearum. Os testes bioquímicos utilizados foram, a coloração de Gram para
identificação da forma e da coloração, teste de catalase, crescimento em meio
suplementado de Asparagina (mínimo) como única fonte de carbono, teste de
tolerância em altas temperaturas que inibiriam o seu crescimento, e por fim teste
com meio 2% NaCl que também restringiria seu crescimento. Todos esses testes
foram utilizados para a confirmação através de características bioquímicas a
presença da R. solanacearum. Dentre todos os testes apenas a observação do
exsudato em agua de uma região da planta acometida foi negativo para todas as
amostras. Em seguida testes de metabolização de álcoois e açucares foram feitos
para separação das amostras em grupos denominados Biovares, separados por
capacidade de metabolização de certos álcoois e açucares.
Duas das amostras investigadas no trabalho anterior, denominadas R1 e GC
foram utilizadas no projeto aqui apresentado. Ambas apresentavam características
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semelhantes a todas as outras analisadas em relação aos testes bioquímicos, mas
são de biovares diferentes.
O presente projeto tem como objetivo a utilização da técnica de
sequenciamento da região rRNA 16S para caracterizar as amostras bacterianas R1
e GC do Laboratório de Virologia e Microbiologia (CCBS, Universidade Presbiteriana
Mackenzie). As informações obtidas nesse trabalho foram importantes para
caracterização destas amostras, e as sequencias obtidas mostraram a possibilidade
de analisar a diversidade das amostras utilizando apenas dados genéticos da região
16S, mostrando também as limitações desta técnica.
2. Material e métodos
2.1 Material biológico
O material biológico utilizado são amostras investigadas em trabalhos
realizados no laboratório de biologia molecular e virologia (LBMV) que inclui,
bactérias isoladas de tomateiros (caule, raiz e ramos) acometidos pela murcha
bacteriana, e bactérias isoladas de amostras de solo e agua de regiões com possível
contaminação. As amostras são R1 e GC. R1 tem sua origem da raiz de um
tomateiro doente, na região mais apical. Já GC tem sua origem de uma mistura de
solo e agua contaminados.
2.2 Extração de DNA bacteriano e eletroforese
A extração do DNA bacteriano foi realizada utilizando o reagente Brazol
(Invitrogen), através das instruções, e procedimentos fornecido pelo fabricante. As
amostras R1 e GC, assim como a amostra de Pseudomonas aeruginosa, usada para
comparação (amostra P1), após crescimento de 48 horas em estufa foram
centrifugadas para a separação das células bacterianas do sobrenadante e em
seguida resuspendida com o reagente Brazol. Em seguida series de resuspensões,
seguidas de centrifugações foram realizadas de acordo com o protocolo a fim de que
o precipitado final seja formado apenas pelo DNA das amostras a serem analisadas.
Ao final da extração as amostras foram submetidas a eletroforese em géis de
agarose 0,8% para estimativa da concentração final de DNA extraído através da
intensidade da banda formada.
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2.3 Reação em cadeia da polimerase ou síntese da região 16S
Foi realizada a reação de PCR para amplificação da região do 16s. Para esse fim foi
feito um “mix” de reagentes para a reação de PCR com volume final de 50µL,
contendo, 1µL do DNA extraído em uma concentração de aproximadamente 20
ng/µL, 1µL de cada primer, 27f e 1387r (quadro 1) de concentração 10µM, 5µL de
tampão PCR reaction buffer MgCl2 10x concentrado, 1µL da enzima Taq Polimerase
na concentração 5U/µL, 40µL de agua ultrapura (mili-Q).
As condições do PCR serão as utilizadas no LBMV como indicado a seguir:
30 ciclos de
Fase de iniciação: 94ºC por 4 minutos
Fase de desnaturação: 94ºC por 45 segundos
Fase de anelamento: 50ºC por 45 segundos
Fase de extensão: 72ºC por 90 segundos
Quadro 1- Sequência de primers
PRIMER Sequência do primer 5’-3’ Referência
27f AGAGTTTGATCMTGGCTC MARCHESI et. al,
(1997)
1387r GGGCGGWGTGTACAAGGC MARCHESI et. al,
(1997)
2.4 Purificação, eletroforese e quantificação
O produto da amplificação foi em seguida purificado utilizando-se o GFX™ PCR
DNA and Gel Band Purification Kit (Ilustra™, GE Healthcare), seguindo-se o
protocolo informado pelo fabricante. Foi feita uma eletroforese em gel de agarose a
0,8% para se confirmar o sucesso da purificação. Após isso, foi feita a quantificação
desse material em aparelho nanodrop 2000c (Thermo scientific)
2.5. Sequenciamento
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Uma vez feitos a purificação e a quantificação dessas amostras amplificadas, foi
realizado o sequenciamento do fragmento do 16S. A reação de sequenciamento foi
feita segundo o protocolo do kit Big Dye Terminator v3.1 sequencing RR - 100 (PE
Applied Biosystems). Foram feitas pelo menos 2 reações para cada amostra. Para
cada reação de 5 µL foram utilizados: 1µL de primer 27f e 1387r (tabela 2) na
concentração de 5pmol, 8 µL do Bigdye e 6µL de água Mili-Q para completar o
volume, com volume total de 20µL de reação. A reação de síntese dos fragmentos
foi feita com o termociclador PTC 100 (BioRad) e o programa utilizado consistia 96ºC
por 1 minuto, 35 ciclos de 96ºC por 15 segundos; 50ºC por 15 segundos; 60ºC por 4
minutos e uma extensão final de 60ºC por 2 minutos (programa JLW10). O produto
da reação de sequenciamento foi então precipitado com isopropanol 75%. Aos 20µL
de reação foram adicionados 80µL de isoproapnol 75% (1,5 ml de isopropanol + 0,5
ml de água mili-Q) em seguida foi vortexado e deixado na geladeira por 15 minutos
protegido da luz. Posteriormente foi centrifugado por 35 minutos a aproximadamente
14500RPM marcando-se a orientação dos tubos, foi então removido
cuidadosamente o sobrenadante e adicionado 200µL de etanol 70%, vortex
rapidamente e em seguida centrifugado a 14500RPM por 10 minutos. Foi então
removido cuidadosamente o sobrenadante e deixado para secar em banho seco a
96°C por 2 minutos.
As amostras então foram levadas ao Instituto de Biociências (IB) da USP no centro
de pesquisas sobre genoma humano e células-tronco para a analise no
equipamento de sequenciamento, no programa de Sequenciamento de produtos de
PCR (Sanger). Link do Programa: http://www.genoma.ib.usp.br/pt-
br/servicos/sequenciamento/sequenciamento-de-produtos-pcr.
2.6. Analise dos resultados do sequenciamento
Os resultados do sequenciamento foram recebidos, e convertidos após montagem
dos contigs no CodonCodes Aligner (CodnCode Corporation) no formato FASTA.
Foi utilizado para análise, verificação de erros, e alinhamento das sequencias
(contigs) o programa CodonCodes. A verificação dos erros é feita a partir de um
gráfico de cores gerado pelo programa que indica qual comprimento de onda (cor)
foi capturado para chegar aquela base (A, C, T ou G), e a partir disso é possível
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descartar, e reduzir ambiguidades geradas por possíveis erros durante o
sequenciamento. Em seguida os dados obtidos foram comparados a sequencias
encontradas no GenBank.
3. Resultados e discussão
3.1 Extração de DNA e PCR da região 16S
Inicialmente os resultados foram analisados observando as bandas formadas após o
processo de extração do DNA total das amostras R1, P1 e GC. Foi observado, já
como esperado na eletroforese, uma banda única na região mais superior do gel que
indica amostras de alto peso molecular. Em seguida as amostras passaram pelo
processo de PCR para amplificação da região 16s com os primers 27f e 1387r. Na
corrida eletroforética foi observado bandas de aproximadamente 1600pb quando
comparadas ao padrão lamdahind como indicado na figura 1, e uma relação 260/280
nm de 1,97 e concentrações médias de 21,36 ng/µL de DNA.
Em seguida foi feita a purificação do material amplificado. Após a purificação foi feita
mais uma corrida eletroforética para avaliação da purificação, e foram observadas
bandas com aproximadamente 1600pb indicando que não ouve perda de material
amplificado durante o processo de purificação.
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Figura 1: padrão de bandas observado após reação de PCR com primers 27f e 1387r para
amplificação da região 16s. 1- DNA padrão (lamda HindIII); 2- amostra R1; 3- amostra P1; 4- amostra
GC.
3.2 Reação de sequenciamento e montagem de contigs
Após a reação de sequenciamento os resultados foram analisados observando-se a
sequência resultante do sequenciamento com o programa CodonCodes que indica a
qualidade dos fragmentos sequenciados e alinha as sequencias. A partir desse
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alinhamento as amostras encontradas foram comparadas entre si para verificar
similaridade entre elas. Ao comparar as amostras R1 (possível Ralstonia extraída da
raiz de um tomateiro doente) e GC (possível Ralstonia) extraída de uma mistura de
terra e agua contaminada) se verificou grande similaridade entre elas, as sequencias
se alinhavam sem formação de ambiguidades, e se complementavam com poucos
erros em regiões com qualidade mais baixa. Podendo indicar que essas amostras
são possivelmente de mesma espécie, e esses erros encontrados podem ser tanto
pela baixa qualidade da região, quanto a polimorfias encontradas nessas bactérias,
uma vez que possuem variante ambientais (Biovares) diferentes. Já ao comparar as
amostras R1 ou GC com a sequência da amostra de Pseudômonas aeruginosa
foram observadas ambiguidades ao longo das sequencias indicando baixa
similaridade entre elas. Indicando amostras diferentes, e possivelmente espécies
diferentes, mas pela identidade observada ter sido de 95% indica que pertencem
com grande certeza ao mesmo gênero.
3.3 Análise das sequências
O passo seguinte foi comparar os alinhamentos (contigs) gerados com o banco de
dados GenBank (BLAST). Nas amostras R1 e GC ao serem comparadas com o
banco de dados foi observado, como mostra a figura 2, uma identidade de 97% com
a amostras de Pseudomonas, uma bactéria muito similar a Ralstonia, que antes do
desenvolvimento de técnicas moleculares mais sensíveis, como estudos de
homologia DNA -rRNA, eram pertencentes ao mesmo gênero (Pseudomonoas)
sendo diferenciadas em dois grupos pela presença ou ausência de fluorescência
(MIORANZA, 2014).
Em seguida foram selecionadas amostras do GenBank seguindo o critério de ser
uma amostra de Ralstonia solanacearum com sequenciamento total da região 16s.
Utilizando o BLAST e as amostras selecionadas com o critério acima, R1 e GC
foram comparadas entre as amostras selecionadas e observou-se uma identidade
de 83% com todas as selecionadas, indicando baixa similaridade com o gênero
Ralstonia como mostra a figura 3.
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Figura 2: resultados observados após o teste com BLAST das amostras R1 e GC, indicando alta similaridade
com amostras do gênero Pseudomonas. Fonte: NCBI BASLT.
Figura 3: resultados observados após teste com BLAST2 comparando as sequencias adquiridas de Ralstonia do
banco de dados com as sequencias de R1 e GC. Fonte: NCBI BLAST2.
Em uma comparação entre Pseudômonas aeruginosa e R1 a identidade observada
das amostras foi de 94%, um alto grau de semelhança entre as amostras. E na
comparação de Pseudômonas aeruginosa com GC a identidade observada foi de
95%, mais uma vez um alto grau de identidade.
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Esses resultados mostraram que as amostras analisadas são muito próximas, mas
de espécies diferentes, confirmando o gênero Pseudomonas.
As observações feitas nas análises acima mostraram que os resultados encontrados
no projeto Ralstonia solanacearum: caracterização bioquímica e molecular foram
interpretadas de forma equivocada, por serem resultados muito próximos em relação
ao gênero pseudômonas e de caráter muito variável, mesmo dentro de uma mesma
espécie. Com isso percebe-se que analises de caráter bioquímico apenas não são
suficientes para caracterização de uma espécie ou, como mostrado, de um gênero
bacteriano.
Além da Ralstonia solanacearum outros gêneros de bactéria já foram observados
como causadores da murcha bacteriana em tomateiros, assim como o gênero
Pseudomonas. Durante esse estudo, como observado nos resultados acima, as
amostras encontradas possuem grande similaridade com o gênero Pseudomonas.
Durante os testes com Blast foi observado que as principais espécies encontradas
são, P. lutea, P. syringae, e P. fluorescens. A partir das comparações com a
literatura se averiguou qual seria a espécie mais provável, uma vez que essas
bactérias foram isoladas de tomateiros doentes apresentando sintomas de murcha
bacteriana comumente causado por Ralstonia solanacearum, e de solo e água
contaminada.
A espécie Pseudomonas syringae, se mostrou uma bactéria importante para a
produção de tomates por causar a murcha bacteriana, e outros sintomas em
tomateiros (MALAVOLTA JUNIOR et. al., 2002). P. fluorescens é comumente
encontrada na região de raiz de diversas plantas e possui capacidade de inibir a
colonização da região por fungos que levam a doenças nas plantas, possui
fluorescência em luz ultra-violeta (HOWELL; STIPANOVIC, 1978). P. lutea é
comumente encontrada em solos na região de raiz de gramíneas principalmente, e
não possui fluorescência (Peix et. al., 2004).
A partir das informações acima sobre as bactérias encontradas pode-se perceber
que as três apresentam características próximas em relação a região em que são
encontradas, a forma de colonização, e algumas o potencial patogênico para as
plantas. Para se ter maior certeza de qual bactéria está sendo observada nas
amostras do trabalho, novas comparações foram feitas analisando cada base não
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igual da sequência a fim de identificar se são erros no sequenciamento ou de fato
diferenças nas amostras.
A avaliação foi feita com a utilização do programa CodonCode e cada região
ambígua foi avaliada quanto à possibilidade de sobreposição de sinais no momento
do sequenciamento, como indicado na figura 4.
1 2 1
Figura 4: A figura acima indica a maneira como são analisadas as sequencias após análise pelo sequenciador
com o programa CodonCodes, as ondas coloridas em vermelho, azul, verde e preto indicam o comprimento de
onda absorvida no momento do sequenciamento. Cada pico (indicado com o número 1) mostra alta qualidade,
podendo ser observado picos bem definidos. Regiões de menor qualidade podem ser observadas pela não
formação de picos (indicado pelo número 2).
Com essa avaliação se chegou à conclusão que a amostra GC é muito próxima
principalmente a Pseudomonas flurescens. E a amostra R1 apesar de ter dado uma
similaridade alta com a P. fluorescens, ao ser avaliada novamente essa
possibilidade foi descartada por grande quantidade de ambiguidades que não eram
erros, e sim diferenças nas sequencias. O mesmo acontece na avaliação dessa
amostra com a P. lutea. Com a P. syringae também foram observadas
ambiguidades, mas poucas, e ao ser comparada com avaliações bioquímicas
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realizadas anteriormente se observaram diferenças no metabolismo de álcoois em
relação ao álcool Sorbitol que quando comparado ao encontrado por Malavolta
Junior et. al. onde havia metabolização do sorbitol se mostra diferente pela não
observação disso na amostra R1. Em seguida a amostra foi mais uma vez
submetida ao teste com Blast e foi observada uma identidade de 99% com a P.
koreenses. Ao se realizar mais uma vez a avaliação pelo CodonCode se observou
poucas ambiguidades, como o observado anteriormente com a P. syringae.
4. Conclusão
Através dos resultados apresentados acima é possível se concluir que a
identificação precisa de espécies de bactéria através, unicamente, do
sequenciamento total da região 16S se torna dificultada pela grande similaridade
dessa região entre as mesmas, e também pela baixa ocorrência de polimorfismos,
uma vez que é uma região muito conservada. Pode-se observar isso nos resultados
de R1 e GC que quando analisadas com banco de dados geraram resultados muito
similares com mais de uma espécie bacteriana, mas sempre no mesmo gênero
Pseudomonas. Indicando que para análise de gêneros essa região é uma ótima
ferramenta por ser de rápida e relativamente simples reprodução.
Para uma análise mais precisa e especifica seria necessário o sequenciamento de
outras regiões do genoma. Adékambi et. al (2008), propõe a utilização do gene rpoB,
que codifica a subunidade β da RNA polimerase, para analises filogenéticas e
estudos de bactérias muito próximas. E juntamente com o 16S o rpoB pode ser
utilizado para determinar novas espécies e refinar a análise de comunidades
bacterianas em nível especifico.
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