Upload
duongkhanh
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Relatório de Inflação Março 2003
11
1 – Nível de atividade
O crescimento do nível da atividade econômica, observado ao longo
de 2002, mostrou arrefecimento ao final do ano e no início de 2003.
Nesse sentido, a indústria e o comércio, após apresentarem resultados
favoráveis ao longo do segundo semestre de 2002, assinalaram recuos
expressivos em dezembro. Em janeiro de 2003 a indústria voltou a
apresentar crescimento, associado, fundamentalmente, ao resultado
da indústria extrativa mineral. O Produto Interno Bruto (PIB)
mostrou ritmo de crescimento menor no quarto trimestre
comparativamente ao observado em trimestres anteriores. Esses
primeiros sinais de perda de dinamismo estão associados à retração
da massa salarial real e do poder de compra dos salários, evidenciando
o recrudescimento da inflação ao final de 2002, e à deterioração das
condições de financiamento ao consumidor. Esses fatores tendem a
restringir o consumo, a despeito da continuidade dos desembolsos
extraordinários do Fundo de Garantida por Tempo de Serviço
(FGTS), que deram sustentação às vendas a partir de agosto de 2002.
Adicionalmente, a presença de incertezas, advindas principalmente
do cenário internacional, com repercussão no comportamento das
taxas de juros e de câmbio, têm impedido a retomada efetiva dos
investimentos. Contrapondo-se parcialmente a esses fatores, a
expansão das exportações e a produção doméstica de bens similares
aos importados permanecem estimulando a produção.
1.1 Vendas no varejo
Os indicadores da atividade varejista encerraram 2002 apontando
reversão do comportamento favorável observado ao longo do
segundo semestre.
Relatório de Inflação Março 2003
12
A Pesquisa Mensal do Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), abrangendo todas as unidades da Federação,
revelou relativa recuperação da atividade no terceiro trimestre,
quando a redução acumulada no ano, comparativamente ao
desempenho em igual período de 2002, atingiu 0,2%. Nos últimos
meses de 2002, o Índice de Volume de Vendas no Varejo registrou
retração mais acentuada, encerrando o ano com queda de 0,7% em
relação ao ano anterior. Ressalte-se que o desempenho da atividade
varejista, ao final de 2001, já havia sido modesto, em decorrência da
crise de energia.
Considerados os segmentos do comércio, assinalem-se as reduções
anuais nas vendas de hipermercados e supermercados, 1,8%, de
demais artigos de uso pessoal e doméstico, 1,4%, e de tecidos,
vestuário e calçados, 1,3%. Em sentido inverso, registrou-se elevação
de 5,6% nas vendas de combustíveis e lubrificantes, único segmento
a apresentar resultado favorável em 2002. No que se refere ao setor
automotivo, que não participa da composição do índice geral, mesmo
mostrando recuperação nos últimos meses, encerrou o ano com queda
nas vendas de 17%.
O indicador referente a janeiro fortalece essa
trajetória, registrando-se contração de 4,8% na
comparação com o patamar de janeiro de 2002.
Dentre os segmentos, o único a registrar evolução
favorável foi o de tecidos, vestuário e calçados,
com crescimento de 0,2%, na comparação com
janeiro de 2002.
Estatísticas da Federação de Comércio do Estado
de São Paulo (Fecomercio SP) ratificaram a
inversão de comportamento da atividade varejista
no final de 2002. Nesse sentido, embora o
resultado anual registrasse aumento de 4,3% do
faturamento real em 2002, a média móvel
trimestral, para dados isentos de influências
sazonais, evidencia trajetória de arrefecimento.
Assim, após assinalar alta de 6% em outubro de
2002, esse indicador passou a apresentar taxas
Índice de Volume de Vendas no Varejo - Brasil
Variação percentual
Discriminação 2002 2003
I Tri II Tri III Tri IV Tri Jan
Sobre igual período do ano anterior
Comércio varejista -0,8 -0,9 0,9 -1,9 -4,8
Combustíveis e lubrificantes 5,3 1,5 9,6 6,1 -4,5
Hipermercados, supermercados 0,0 -1,7 -1,5 -3,7 -6,2
Tecidos, vestuário e calçados -2,5 -5,3 2,9 -0,3 0,2
Móveis e eletrodomésticos -1,4 4,0 0,1 -4,2 -10,4
Demais artigos de uso pessoal -4,6 -0,6 0,9 -1,5 -0,9
Automóveis, motocicletas -23,4 -19,8 -12,0 -11,5 -13,6
Acumulado no ano
Comércio varejista -0,8 -0,8 -0,2 -0,7 -4,8
Combustíveis e lubrificantes 5,3 3,3 5,5 5,6 -4,5
Hipermercados, supermercados 0,0 -0,9 -1,1 -1,8 -6,2
Tecidos, vestuário e calçados -2,5 -4,1 -1,7 -1,3 0,2
Móveis e eletrodomésticos -1,4 1,3 0,9 -0,6 -10,4
Demais artigos de uso pessoal -4,6 -2,6 -1,4 -1,4 -0,9
Automóveis, motocicletas -23,4 -21,6 -18,6 -17,0 -13,6
Fonte: IBGE
Relatório de Inflação Março 2003
13
decrescentes, declinando 2% em janeiro de 2003.
Nessa mesma base de comparação, os únicos
subgrupos que apresentaram taxas positivas no
início deste ano foram bens de consumo não-
duráveis e autopeças e acessórios.
A análise por segmentos do comércio revela que o
índice geral foi influenciado, principalmente, pelos
desempenhos negativos em comércio automotivo e
materiais de construção, setores que refletem, com
maior intensidade, a elevação da taxa de juros e o
maior rigor na concessão de crédito ao consumidor.
Os indicadores da Associação Comercial de São
Paulo (ACSP) ratificaram a desaceleração do
comércio varejista em São Paulo, na medida em
que as consultas ao Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC) e ao Usecheque, apesar de
registrarem discreto crescimento no início de
2003, encontram-se em patamar inferior ao
registrado no segundo semestre de 2002.
Considerando a média móvel trimestral, dados
isentos de efeitos sazonais, o Usecheque,
indicador de transações à vista e de menor valor,
e as consultas ao SPC, indicador de vendas a
prazo, apresentaram taxas negativas a partir de
novembro de 2002. A comparação entre as médias
diárias de fevereiro de 2003 e do ano anterior
revela recuo de 5,7% no SPC e elevação de 0,5%
nas consultas ao Usecheque, sugerindo a
continuidade de mudança de comportamento do
consumidor, que tem direcionado o consumo para
bens de menor valor e optado por transações à
vista em detrimento das compras a prazo.
Os indicadores de inadimplência continuaram
apresentando, ao final de 2002 e início do ano
subseqüente, níveis inferiores aos registrados no
primeiro semestre de 2002.
Faturamento real do comércio varejista na RMSP
Variação percentual
Discriminação 2002 2003
Ago Set Out Nov Dez Jan
No mês1/
Geral 8,7 0,4 -0,7 0,1 -5,0 5,1
Bens de consumo 9,3 0,8 0,1 -1,4 -1,9 3,1
Duráveis 5,1 -1,1 -1,4 -2,9 -1,3 1,1
Semiduráveis 7,0 -0,5 0,7 -7,2 -12,8 -6,4
Não-duráveis 12,2 2,2 1,1 0,6 0,1 3,0
Comércio automotivo 8,3 -1,5 -3,0 0,0 -3,3 0,9
Concess. de veículos 8,1 -1,4 -4,5 -2,8 -2,5 0,3
Autopeças e acessórios 8,1 -1,4 -4,5 -2,8 -2,5 0,3
Material de construção 3,3 6,8 -6,5 3,1 -2,9 -4,0
Trimestre/trimestre anterior1/
Geral 1,8 3,3 6,0 4,3 0,7 -2,0
Bens de consumo 0,3 2,3 6,2 4,8 1,9 -1,4
Duráveis -6,9 -7,7 -3,1 -2,8 -2,9 -4,6
Semiduráveis 4,3 9,0 9,5 3,5 -6,4 -16,6
Não-duráveis 7,1 11,4 13,1 10,4 6,9 3,2
Comércio automotivo -1,0 1,9 5,8 1,3 -2,6 -4,4
Concess. de veículos -1,1 1,7 5,5 -0,6 -5,5 -7,6
Autopeças e acessórios -0,2 3,9 5,4 11,7 12,5 14,9
Material de construção 4,1 7,0 6,6 6,3 -0,2 -2,5
No ano
Geral 1,5 2,8 3,8 4,4 4,3 9,6
Bens de consumo 4,6 5,6 6,6 7,1 6,7 11,1
Duráveis -1,0 -1,2 -1,7 -2,6 -4,1 -9,9
Semiduráveis -18,0 -15,4 -12,8 -10,9 -11,5 -19,3
Não-duráveis 10,1 11,7 13,8 15,3 16,1 31,3
Comércio automotivo -19,3 -17,3 -17,0 -17,1 -16,7 -7,9
Concess. de veículos -22,8 -20,6 -20,3 -20,7 -20,4 -12,6
Autopeças e acessórios -3,0 -3,4 -3,3 -1,0 2,8 22,6
Material de construção -13,9 -10,9 -9,3 -7,5 -5,6 5,3
Fonte: Fecomercio SP
1/ Dados dessazonalizados.
Faturamento real do comércio varejista na RMSPDados dessazonalizados Média móvel trimestral2000=100
90
93
96
99
102
105
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Fonte: Fecomercio SP
Relatório de Inflação Março 2003
14
A relação entre cheques devolvidos por
insuficiência de fundos e o total de cheques
compensados no sistema bancário atingiu 5,3%
em janeiro de 2003, representando aumento de
0,17 p.p. em relação ao registrado no mês
correspondente do ano anterior. Consideradas as
taxas médias relativas a 2001 e 2002, observou-
se declínio de 0,3 p.p. no indicador.
A taxa líquida de inadimplência referente ao SPC,
medida pela ACSP, registrou contração acentuada
em dezembro. Esse movimento sazonal foi
fortalecido, naquele ano, pela incorporação de
recursos liberados pelo FGTS na regularização
de débitos. A taxa média registrada em 2002
alcançou 6,4%, ante 7,5% no ano anterior,
tendência sustentada no primeiro bimestre do ano,
quando o indicador recuou 0,32 p.p., em relação
à media assinalada no mesmo período de 2002.
No mesmo sentido, considerada a mesma base
de comparação, o indicador de inadimplência
divulgado pela Teledata, com abrangência
nacional, revelou contração de 0.3 p.p., para
2,4%, na inadimplência média do primeiro
bimestre do ano.
Assim como outros indicadores da atividade
varejista, o Índice de Intenção do Consumidor
(IIC), divulgado pela Fecomercio SP, apresentou
redução no início de 2003. Nesse sentido, após
crescer 1% em 2002, o índice geral apresentou
contração em janeiro e em fevereiro, de 0,1% e
3,9%, respectivamente. O ajuste na evolução do
otimismo dos consumidores está associado,
principalmente, ao risco de manutenção da
inflação em patamar elevado, segundo a
Fecomercio SP. A acomodação das expectativas
dos consumidores determinou, em fevereiro, a
retração de 4,9% nas intenções futuras, que
Faturamento real de bens de consumoDados dessazonalizadosMédia móvel trimestral - 2000=100
58
68
78
88
98
108
118
128
138
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Duráveis Semiduráveis Não duráveis
Fonte: Fecomercio SP
Indicadores de comércio varejistaDados dessazonalizados1992=100
205
220
235
250
265
Fev2001
Abr Jun Ago Out Dez Fev2002
Abr Jun Ago Out Dez Fev2003
SPC UsechequeFonte: ACSP
Índice das Intenções do Consumidor (IIC)
60
70
80
90
100
110
120
130
Fev2001
Abr Jun Ago Out Dez Fev2002
Abr Jun Ago Out Dez Fev2003
IIC Intenções atuais Intenções futuras
Fonte: Fecomercio SP
Indicadores de inadimplência
Taxa
Discriminação 2002 2003
Ago Set Out Nov Dez Jan Fev
SPC (SP)1/4,7 6,7 4,4 5,7 1,9 6,2 6,8
Cheques devolvidos2/4,3 4,2 4,6 4,6 4,1 5,3 ...
Telecheque (RJ)3/1,6 1,7 1,6 1,4 1,1 2,3 2,4
Telecheque (Nacional)3/ 4/1,7 1,7 1,9 1,5 1,2 2,5 2,3
Fonte: ACSP, Bacen e Teledata
1/ Novos registros (-) registros cancelados/consultas realizadas (t-3).
2/ Cheques devolvidos por insuficiência de fundos/cheques compensados.
3/ Cheques devolvidos/cheques recebidos.
4/ Médias das seguintes cidades: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo
Horizonte, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro.
Relatório de Inflação Março 2003
15
representam 60% da composição do índice geral. As intenções atuais
apresentaram acomodações mais discretas nos dois primeiros meses
de 2003, reduções de 0,1%, em janeiro, e de 1,9%, em fevereiro.
1.2 Produção e Produto Interno Bruto
Produção industrial
Em 2002, a indústria cresceu 2,3%, segundo
Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. A
produção extrativa mineral, com peso
aproximado de 11% no setor, expandiu 10,7%,
enquanto na indústria de transformação a taxa
situou-se em 1,4%. O desempenho da indústria
decorreu da expansão contínua da produção a
partir de junho, movimento associado, em grande
parte, ao aumento das exportações, à substituição
de produtos importados e às vendas destinadas
ao setor agropecuário. Os setores beneficiados
mais intensamente por esses fatores foram as
indústrias de celulose, óleos vegetais, de açúcar,
de abate de animais, de fertilizantes, de
alimentação animal e de máquinas agrícolas.
Apesar da expansão observada em 2002, a
atividade industrial recuou 1,8% em dezembro,
interrompendo série de seis resultados mensais
positivos, considerados dados isentos de
sazonalidade. A expansão de 0,7% assinalada em
janeiro de 2003, sugere perda de dinamismo da
indústria, tendência registrada, adicionalmente,
por outros indicadores setoriais. Considerando a
média da produção do trimestre encerrado em
janeiro, a partir da série ajustada sazonalmente,
a indústria registrou crescimento de 0,6%,
sinalizando trajetória declinante se considerada a
taxa de 2%, relativa ao trimestre anterior,
considerada a mesma base de comparação.
Produção industrialDados dessazonalizados2000=100
95
100
105
110
115
120
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Total Indústria de transformaçãoExtrativa mineral
Fonte: IBGE
Produção industrialVariação percentual
Discriminação 2002 2003
Set Out Nov Dez Jan
Indústria geral
No mês1/ 0,9 1,7 0,3 - 1,8 0,7
Trimestre/trimestre anterior1/ - 0,3 2,2 2,6 2,0 0,6
Mesmo mês do ano anterior 5,4 8,8 4,6 5,2 2,8
Acumulado no ano 1,0 1,9 2,1 2,3 2,8
Acumulado em 12 meses - 0,1 0,9 1,4 2,3 2,7
Indústria de transformação
No mês1/ 1,5 2,0 0,7 - 1,4 - 0,2
Trimestre/trimestre anterior1/ - 0,2 2,6 3,4 2,9 1,1
Mesmo mês do ano anterior 4,7 7,4 4,7 6,6 2,5
Acumulado no ano - 0,2 0,6 0,9 1,4 2,5
Acumulado em 12 meses - 1,1 - 0,2 0,3 1,4 1,7
Extrativa mineral
No mês1/ - 2,7 0,8 - 6,4 - 7,0 13,7
Trimestre/trimestre anterior1/ - 1,0 - 1,3 - 3,1 - 6,1 - 6,5
Mesmo mês do ano anterior 11,4 22,3 4,4 - 4,0 4,2
Acumulado no ano 12,0 13,0 12,2 10,7 4,2
Acumulado em 12 meses 7,6 10,3 10,9 10,7 10,4
Fonte: IBGE
1/ Dados dessazonalizados.
Relatório de Inflação Março 2003
16
Alguns aspectos sugerem que os recentes
resultados da indústria não devem ser
interpretados como um movimento de ajuste de
nível de produção – ainda que em patamar
relativamente elevado, considerada a série
histórica – mas sim como uma interrupção do
movimento expansionista, delineado desde junho
do ano passado. Entre esses aspectos, deve-se
considerar, primeiramente, que os desempenhos
negativos foram generalizados entre os diversos
segmentos do setor nos últimos meses,
registrando-se, em dezembro, contração na
produção em 19 dos 22 gêneros da indústria
considerados pela PIM. Esse comportamento
homogêneo entre os segmentos sugere que os
fatores que determinaram a mudança de tendência
recente advieram do cenário macroeconômico.
Outro aspecto que indica a deterioração das
condições da atividade fabril refere-se à evolução
das vendas do setor. Segundo dados da
Confederação Nacional da Indústria (CNI),
isentos de influência sazonal, as vendas industriais
reais diminuíram 7% em novembro e 1,1% em
dezembro, interrompendo a trajetória ascendente
observada desde o início do segundo semestre. A elevação das taxas
de juros a partir de outubro é apontada pela CNI como principal
determinante desse comportamento. Assinale-se que, no ano, as
vendas industriais reais expandiram 1,9%.
Adicionalmente, o comportamento recente dos estoques industriais
também evidencia a conjuntura mais desfavorável vivenciada pelo
setor. Pesquisa da CNI indica que as indústrias, após acumularem
níveis de estoques não planejados ao término do segundo trimestre
de 2002, passaram por um período de ajuste expressivo, alcançando,
ao final do ano, os menores níveis de estoques dos últimos três anos.
Esse movimento de ajuste foi ainda mais característico se
considerados apenas os produtos finais. O comportamento dos níveis
de estoques reflete o aumento recente dos custos de estocagem,
como decorrência da elevação das taxas de juros, e revela ceticismo
Produção e vendas industriaisDados dessazonalizados2000=100
94
101
108
115
122
129
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Produção (IBGE) Vendas (CNI)
Fonte: IBGE e CNI
Produção industrial - segmentos selecionados
Variação % no ano
Discriminação 2001 2002
Máquinas agrícolas 20,0 18,6
Fertilizantes/adubos -7,5 13,2
Petróleo e gás 4,6 0,2
Indústria do acúçar 19,0 7,3
Alimentação animal 6,0 8,8
Celulose e pasta mecânica 0,0 10,5
Óleos vegetais 3,9 8,3
Mobiliário -1,1 0,5
Aves abatidas 8,2 6,8
Abate de animais 4,8 7,0
Fonte: IBGE
Relatório de Inflação Março 2003
17
dos empresários quanto a expansão do nível de
atividade no curto prazo.
A análise da atividade industrial por categoria de
uso indica que, em 2002, o crescimento industrial
foi impulsionado, fundamentalmente, pelos
segmentos de bens intermediários e de bens de
consumo duráveis, que apresentaram crescimentos
de 3% e 2,8% no ano, respectivamente. O
desempenho da primeira categoria está associado
à expansão das exportações, haja vista que
abrange produtos importantes na pauta de
exportações, como celulose, óleos vegetais e
açúcar, além de petróleo. O desempenho dos
duráveis decorreu, em parte, da base de
comparação deprimida em virtude da crise de
energia em 2001, que afetou as vendas de eletro
eletrônicos. Nas demais categorias, a produção
de bens de consumo semi e não duráveis, que,
historicamente, apresenta oscilações discretas,
cresceu 0,2% no ano. A produção de bens de
capital, mais sensível à evolução dos juros e das
expectativas, retraiu 1,1% em 2002.
A evolução da produção industrial nos últimos
meses mostrou tendência de crescimento, até
novembro, e desaceleração, a partir de dezembro.
Esse movimento ocorreu com maior ênfase na
produção de bens de capital, redução mensal de
8,5%, determinando o menor patamar de produção
do ano. Em janeiro, a produção de bens de capital
expandiu 5,1%, resultado insuficiente, entretanto,
para manter a tendência ascendente apontada pela
média móvel trimestral desde outubro último. A
produção média do trimestre encerrado em janeiro
cresceu 0,7%, comparativamente à registrada no
período imediatamente anterior, ante 1,8% no
trimestre encerrado em dezembro, considerada a
mesma base de comparação.
Estoques na indústria de transformação1/
Discriminação 2001 2002
IV I II III IV
Indústria de transformação
Produtos finais 48,0 50,4 53,1 48,5 46,2
Matérias-primas e intermediários 48,6 47,7 48,2 49,2 47,6
Grandes empresas
Produtos finais 47,8 50,4 53,7 49,9 45,8
Matérias-primas e intermediários 50,5 49,5 50,7 51,2 47,1
Pequenas e médias empresas
Produtos finais 48,2 50,3 52,8 47,7 46,4
Matérias-primas e intermediários 47,5 46,7 46,9 48,1 47,9
Fonte: CNI
1/ Valores acima de 50 significam estoque acima do planejado.
Produção industrial por categoria de usoVariação percentual
Discriminação 2001 2002 2003
Dez Out Nov Dez Jan
No mês1/
Produção industrial 1,1 1,7 0,3 - 1,8 0,7
Bens de capital - 0,7 4,2 2,4 - 8,5 5,1
Bens intermediários 1,2 0,8 0,3 - 0,8 1,5
Bens de consumo 0,7 2,3 - 0,1 - 1,4 - 1,8
Duráveis 5,5 5,4 0,5 - 1,5 - 0,4
Semi e não-duráveis - 0,7 1,1 - 0,1 - 1,4 - 2,2
Trimestre/trimestre anterior1/
Produção industrial - 0,9 2,2 2,6 2,0 0,6
Bens de capital - 5,9 0,3 1,8 1,8 0,7
Bens intermediários - 1,6 1,7 2,4 1,8 1,1
Bens de consumo 1,6 3,1 2,5 1,8 - 0,4
Duráveis 7,2 6,1 8,2 7,3 3,6
Semi e não-duráveis 0,1 2,0 1,0 0,2 - 1,8
No ano
Produção industrial 1,6 1,9 2,1 2,3 2,8
Bens de capital 13,5 - 1,8 - 1,2 - 1,1 2,6
Bens intermediários - 0,1 2,4 2,7 3,0 4,9
Bens de consumo 1,2 0,8 0,6 0,7 - 3,3
Duráveis - 0,6 1,6 2,3 2,8 6,2
Semi e não-duráveis 1,6 0,6 0,2 0,2 - 5,7
Fonte: IBGE
1/ Dados dessazonalizados.
Relatório de Inflação Março 2003
18
A produção de bens de consumo semi e não duráveis, após manter-
se estável em novembro, declinou 1,4% no último mês de 2002,
influenciada, principalmente, pelos desempenhos negativos dos
segmentos de vestuário e calçados, indústria alimentícia, farmacêutica
e perfumaria. Em janeiro, registrou-se recuo de 2,2%, ratificando a
tendência de desaceleração. No período de novembro de 2002 a
janeiro de 2003, a produção de semi e não-duráveis decresceu 1,8%,
em relação à observada no trimestre anterior, considerando dados
dessazonalizados.
A produção de bens intermediários, principal responsável pela
expansão da atividade fabril nos últimos meses, manteve crescimento,
em ritmo menos intenso, ao final de 2002 e início deste ano.
Considerando a série isenta de sazonalidade, a expansão média da
produção de novembro a janeiro últimos, em relação ao trimestre
anterior, atingiu 1,1%, ante 1,8% no trimestre anterior, na mesma
base de comparação. O arrefecimento da atividade esteve associado,
fundamentalmente, à retração de 0,8% assinalada em dezembro,
reflexo de resultados negativos na indústria extrativa mineral,
comprometida por procedimentos para manutenção em campos de
extração de petróleo, no período, e nos setores de borracha, minerais
não metálicos e mecânica. Em janeiro, a produção de bens
intermediários expandiu 1,5%, dados dessazonalizados.
A categoria de bens de consumo duráveis também acompanhou o
movimento de desaceleração ao final de 2002, assinalando taxas de
variação mensal, a partir da série dessazonalizada, bem menos
favoráveis de novembro a janeiro últimos do que as verificadas nos
meses anteriores. Esse comportamento deveu-se, na maior parte, à
evolução da produção de automóveis, refletindo, também, o
arrefecimento da produção dos setores moveleiro e de material
elétrico e de comunicações.
De fato, a produção da indústria automobilística vem sendo afetada
pela recente tendência de contração nas vendas internas de veículos.
Considerando dados dessazonalizados para o trimestre encerrado
em janeiro de 2003, as vendas internas diminuíram 1%,
comparativamente às do trimestre encerrado em outubro, quando
registrara-se elevação de 19,5%, na mesma base de comparação. A
Relatório de Inflação Março 2003
19
redução da produção em janeiro último, de 1,4%,
esteve condicionada à deterioração recente nas
condições de crédito e nos rendimentos reais. A
perspectiva do setor para 2003 é de crescimento
modesto da produção, beneficiado pela tendência
de expansão das exportações.
Produção agropecuária
A produção brasileira total de cereais,
leguminosas e oleaginosas, poderá alcançar 107,4
milhões de toneladas em 2003, 10,6% superior à
de 2002, segundo o primeiro Levantamento
Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do
IBGE, de janeiro de 2003. Ressalve-se que a
estimativa considera simulações para os cultivos
de inverno – trigo, aveia, centeio e cevada – e
para as segunda e terceira safras de amendoim,
feijão e milho, atribuindo, na maior parte, as
mesmas produções registradas na safra anterior,
uma vez que o calendário agrícola não permite
que se realize, no momento, estimativas de
produção para essas culturas. Deve-se salientar
que diferentemente das anteriores, a primeira
previsão do IBGE para a safra do ano não
mostrou alterações significativas em relação à
previsão realizada pela Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), de 107,8 milhões de
toneladas de grãos, em seu segundo
Levantamento de Intenção de Plantio.
É previsto aumento da safra em todas as regiões, atingindo 12% no
Sul; 7,1% no Centro-oeste; 1,7% no Sudeste; 40% no Nordeste; e
3,2% no Norte. As produções estimadas por regiões são,
respectivamente, de 48,2 milhões de toneladas, 33,7 milhões de
toneladas, 14,4 milhões de toneladas, 9 milhões de toneladas e 2,7
milhões de toneladas. As condições climáticas nos principais pólos
produtores de grãos do país apresentaram-se normais nos dois
Indústria automobilística - produção e vendas
Variação percentual
Discriminação 2002 2003
Set Out Nov Dez Jan*
No mês1/
Produção de autoveículos 20,6 9,0 0,9 3,1 -1,4
Vendas totais 11,7 12,8 -7,0 1,0 -1,0
Mercado interno 11,3 20,4 -15,5 3,6 -5,1
Exportações 8,6 11,0 3,2 9,3 21,6
Trimestre/trimestre anterior1/
Produção de autoveículos -1,1 10,3 23,3 23,4 14,9
Vendas totais 8,1 20,4 22,4 18,1 4,5
Mercado interno 7,7 23,8 23,7 19,5 -1,0
Exportações 1,9 6,9 17,7 22,1 29,3
No ano
Produção de autoveículos -9,1 -5,6 -3,9 -2,1 18,1
Vendas totais -6,7 -3,3 -2,6 -1,2 17,1
Mercado interno -7,9 -3,7 -3,5 -2,9 5,3
Exportações -2,5 -1,7 0,3 5,2 87,0
Fonte: Anfavea
1/ Dados dessazonalizados.
* Preliminar.
70
75
80
85
90
95
100
105
110
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Produção de grãos1/
Em milhões de toneladas
Fonte: IBGE
Relatório de Inflação Março 2003
20
Utilização da Capacidade Instalada (UCI)
O crescimento da produção fabril em 2002, e a conseqüente elevação do nível de utilização
do parque industrial, suscitou questionamentos relativos a eventuais restrições à sua
continuidade e a implicações sobre o comportamento futuro dos preços, na hipótese de
recuperação da demanda interna.
De fato, a produção industrial, a despeito das incertezas decorrentes do processo eleitoral,
expandiu 2,3% em 2002, apresentando crescimento contínuo de maio a novembro. Esse
comportamento, no entanto, foi bastante diferenciado entre os seus segmentos. A indústria
extrativa mineral assinalou crescimento expressivo, 10,7%, basicamente devido ao aumento
de 12,4% na extração de petróleo e gás natural, enquanto a indústria de transformação cresceu
1,4%, em decorrência, principalmente, do aumento das exportações de manufaturados, da
substituição de produtos importados e das vendas destinadas ao setor agropecuário.
Considerando a indústria como um todo, a evolução da atividade causou pouca mudança
nos patamares da UCI. Dados da CNI, agregando treze federações industriais, mostraram
crescimento na UCI de apenas 0,4% em 2002, variação igual à verificada para a indústria de
transformação no Estado de São Paulo, segundo pesquisa da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp). Ao final de 2002, em São Paulo, o nível de utilização situou-se
em 78,2%, ante 76,4% em dezembro de 2001.
Dados da FGV, com abrangência nacional, também confirmaram o impacto discreto do
aumento da produção industrial sobre o nível de utilização do parque produtivo. Para a
indústria de transformação como um todo, o nível de UCI atingiu 80,8% em janeiro de 2003,
ante 79,5% em igual mês do ano anterior e 82,1% em janeiro de 2001, quando a indústria
registrara níveis recordes de produção.
Utilização da capacidade instaladaDados dessazonalizadosPercentual médio
78
80
82
84
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
CNI FGV
Relatório de Inflação Março 2003
21
Esses dados indicam que, de modo geral, pressões futuras sobre os preços internos,
advindas do crescimento da demanda vis-à-vis os atuais níveis de UCI, são, na atual conjuntura,
pouco prováveis.
A desagregação das informações para diversos setores da indústria, permite observar que
são poucos os setores em que o nível de UCI se apresenta como potencial fator de entrave à
expansão da produção. Entre os 21 gêneros da indústria de transformação considerados na
pesquisa da FGV, apenas cinco alcançaram, ao final de 2002, níveis próximos ao recordes
registrados após 1990 – metalurgia, química, papel e papelão, indústria alimentícia e têxtil –
e, entre esses, somente três atingiram percentuais acima de 90%. Os demais setores apresentam
níveis de ociosidade relativamente elevados.
Utilização média da capacidade instaladaNível de utilização
Discriminação Nível 2002 2003
máximo Abr Jul Out Jan
após 1990
Indústria de transformação 86,0 79,1 79,0 80,1 80,8
Gêneros industriais
Minerais não-metálicos 88,0 84,7 79,3 79,3 82,2
Metalurgia 93,0 84,8 89,3 90,1 90,6
Mecânica 85,5 78,2 82,1 81,3 82,7
Material elétrico e de com. 84,0 65,9 60,2 60,0 63,8
Material de transporte 92,0 72,9 69,8 74,9 76,8
Madeira 93,0 84,1 79,8 84,8 82,8
Mobiliário 87,0 76,3 74,4 78,8 74,5
Papel e papelão 95,0 93,5 91,6 93,4 94,3
Borracha 95,0 90,9 90,1 90,6 83,9
Couros e peles 89,5 79,2 79,6 79,3 79,8
Química 91,0 81,9 84,3 85,3 84,9
Produtos farmac. e veterinários 87,0 67,6 71,3 66,8 57,0
Perfum. sabões e velas 93,0 78,8 65,8 74,8 72,2
Matérias plásticas 88,0 82,4 81,8 82,6 83,6
Têxtil 91,2 87,4 80,0 85,7 91,2
Vestuário, calçados e art. tecidos 88,4 81,5 84,4 86,6 85,3
Produtos alimentares 84,0 77,9 83,4 79,3 76,2
Bebidas 90,0 70,3 66,0 68,7 71,6
Fumo 98,0 74,0 69,4 52,1 56,8
Editorial e gráfica 91,0 74,8 74,4 73,9 79,4
Diversas 88,7 80,6 78,8 88,7 83,1
Fonte: FGV
1/ O complemento de 100 representa o nível médio de ociosidade.
Relatório de Inflação Março 2003
22
Cabe destacar, contudo, que os poucos setores com elevada utilização da capacidade
instalada apresentaram aumentos expressivos das exportações no ano passado, à exceção da
indústria têxtil, e tiveram importante participação no crescimento de 1,4% da atividade da
transformação em 2002 – conjuntamente contribuíram com 1,2 p.p. desse resultado.
Na metalurgia, com crescimento de 3,3% na produção em 2002, a UCI atingiu 90,6% em
janeiro de 2003, patamar mais alto desde abril de 2001 (91%). A utilização média de capacidade
instalada nesse segmento, na década de 90, atingiu 84,5% e tem se mantido acima desse
patamar desde então. O setor de papel e papelão (crescimento de 2% em 2002) usualmente
trabalha com baixo índice de ociosidade. A UCI atingiu 94,3% em janeiro de 2003, ante
utilização média de 88,5% nos anos 90 e de 93,2% desde o início do ano de 2000. No setor
químico, com crescimento de 1,4%, em 2002, o nível de utilização atingiu 84,9% em janeiro
de 2003. A média a partir de janeiro de 2000 foi 84,7% e da década de 90 atingiu 84,2%. A
indústria de produtos alimentares cresceu 4,2% em 2002, tendo a UCI se situado em 76,2%
em janeiro de 2003, patamar similar ao da média da década de 90 (76,3%) e abaixo do
verificado na década que teve início em 2000 (80,6%). Por fim, a evolução da utilização de
capacidade instalada das indústrias têxteis, que atingiu patamar de 91,2% ao final de 2002
apesar de queda de 0,8% na produção fabril desse setor em 2002, sugere esgotamento da
capacidade produtiva do segmento. Na década de 90 esse patamar era de 82,6%, tendo
passado para 87,3% no período iniciado em janeiro de 2000.
Índice de quantum de exportações - setores selecionadosVariação percentual
Discriminação 1999 2000 2001 2002
Minerais não-metálicos 21,4 24,0 -6,8 16,3
Siderurgia 10,3 3,9 -5,0 19,3
Metalurgia não-ferrosos 16,1 3,0 -12,3 19,5
Outros produtos metalúrgicos -2,1 14,9 15,2 17,1
Celulose, papel e gráfica 10,5 -3,5 9,7 4,7
Elementos químicos 12,6 0,0 -2,6 36,7
Refinados de petróleo e petroquímicos 3,1 18,9 19,3 4,1
Químicos diversos -8,9 12,1 8,2 9,1
Beneficiamento produtos vegetais -13,8 7,2 8,8 1,4
Abate de animais 36,6 18,1 50,8 29,5
Açúcar 43,6 -46,4 72,5 21,2
Óleos vegetais 3,7 -15,4 25,6 12,0
Outros produtos alimentares 27,9 46,1 19,2 2,0
Fonte: Funcex
Relatório de Inflação Março 2003
23
A expansão produtiva e a redução da capacidade ociosa estimulam os gastos de
investimento com intenção de ampliar o parque produtivo. De acordo com levantamento
regularmente efetuado pelo Departamento Econômico do Banco Central do Brasil (Depec),
as intenções divulgadas de investimentos, por parte de empresas industriais que receberão
investimentos externos diretos, alcançam cerca de US$5 bilhões no triênio 2003-2005. Desse
total, 57% se destinam ao setor automobilístico, enquanto mais de 30% deverão ser
direcionados aos setores que apresentaram elevação da UCI mais acentuada, sendo 17,7%
para metalurgia básica, 8,3% para produtos químicos, e 6,1% para papel e celulose.
Das informações analisadas é possível evidenciar que:
a) de modo geral, pressões futuras sobre os preços internos, advindas do crescimento da
demanda vis-à-vis os atuais níveis de UCI, são, na atual conjuntura, pouco factíveis,
haja vista que a grande parte dos setores da indústria não apresenta fatores restritivos
à produção decorrentes da falta de capacidade produtiva;
b) a futura expansão da produção industrial, com ênfase nas exportações, como no ano
passado, irá requerer investimentos visando aumentar a capacidade produtiva dos setores
envolvidos. Informações sobre as intenções de investimentos setoriais nos próximos
anos indicam que estão sendo efetivadas ações que contemplem essa finalidade.
Intenções divulgadas de investimento externo no triênio 2003-2005
Setor US$ milhões Participação
%
Automobilístico 2 847 57,0
Metalurgia básica 884 17,7
Produtos químicos 417 8,3
Papel e celulose 307 6,1
Têxteis 20 0,4
Demais 523 10,5
Total 4 998 100,0
primeiros meses do ano. Em alguns pontos houve excesso de chuvas,
provocando atraso nas primeiras colheitas de soja e milho, mas sem
causar perdas significativas para os produtores.
Em relação às principais culturas, ainda segundo a LSPA, a
produção de soja deverá expandir 16,9%, para 49 milhões de
toneladas, refletindo as condições favoráveis de comercialização,
Relatório de Inflação Março 2003
24
em especial a elevação dos preços, em função
da depreciação da taxa de câmbio em 2002.
Todos os estados deverão apresentar aumento
de produção em 2003, prevendo-se expansão de
39% na Bahia, de 12% no Paraná, de 38% no
Rio Grande do Sul, de 11% no Mato Grosso do
Sul, e de 12% no Mato Grosso e em Goiás. As
previsões para os três estados que mais cultivam
soja no Brasil, indicam produção de 13 milhões
de toneladas no Mato Grosso, de 10,6 milhões
de toneladas no Paraná, e de 7,7 milhões de
toneladas no Rio Grande do Sul.
A estimativa inicial para a produção de milho 1ª safra alcança 32
milhões de toneladas, 9,4% superior à do ano passado. Esse
acréscimo mostra-se bastante oportuno, haja vista que a escassez
do produto vinha prejudicando o abastecimento interno, com
desdobramentos desfavoráveis sobre segmentos em que o produto
constitui insumo importante, como a avicultura e a suinocultura. O
resultado esteve associado, principalmente, à expressiva elevação
de 7,5% da produtividade, na medida em que a área plantada nesta
primeira safra cresceu 1,74%, elevando a produção média nacional
para 3.443 kg/ha.
A produção de arroz deverá alcançar 10,5 milhões de toneladas em
2003, representando crescimento de 0,6%. No Rio Grande do Sul,
onde se concentra aproximadamente metade da produção do país, é
esperada produção de 5,4 milhões de toneladas, enquanto Mato
Grosso e Maranhão, também importantes produtores, deverão
contribuir, respectivamente, com 1,1 milhão de toneladas, declínio
de 12,2%, e 703 mil toneladas, expansão de 11,7%.
No que se refere ao feijão 1ª safra, a estimativa da produção para
2003 aponta aumento de 16,1% em relação à de 2002, refletindo os
níveis de preços relativamente elevados dos últimos meses. Nos
principais estados produtores, nesta época do ano, Bahia, Minas
Gerais, Paraná e Santa Catarina, os crescimentos respectivos de
produção deverão ser de 72%, 5,8%, 0,84% e 8,5%.
Produção agrícolaEm mil toneladas
Discriminação Produção Variação (%)
2002 20031/
Caroço de algodão 2 160 2 234 3,4
Arroz (em casca) 10 472 10 538 0,6
Feijão - 1ª safra 1 624 1 886 16,1
Milho - 1ª safra 29 298 32 050 9,4
Soja 42 020 49 112 16,9
Batata-inglesa - 1ª safra 1 424 2 367 66,2
Cana-de-açúcar 367 496 380 764 3,6
Cebola 1 167 1 095 -6,2
Mandioca 22 990 22 080 -4,0
Fonte: IBGE
1/ Estimativa.
Relatório de Inflação Março 2003
25
A produção de algodão herbáceo em caroço é estimada em 2,2
milhões de toneladas, 3,4% superior à obtida em 2002. A expansão
se deve, principalmente, aos acréscimos significativos na área
plantada, 8,6%, e na produtividade, 36%, assinalados na Bahia.
Pecuária
A produção pecuária seguiu apresentando
resultados positivos, em todos os seus segmentos,
trajetória associada, fundamentalmente, à
continuidade da expansão das vendas externas.
No terceiro trimestre de 2002, o número de
bovinos abatidos aumentou 5% em relação ao
registrado em igual período do ano anterior,
alcançando 5 milhões de animais, e o peso total
das carcaças cresceu 4,3%. Considerando o
resultado acumulado até o terceiro trimestre,
foram abatidos 14,3 milhões de animais, o que representa
crescimento de 5,4% em relação ao número consignado no
período correspondente em 2001.
Em relação à suinocultura, o crescimento do números de abates
atingiu 23,2% no terceiro trimestre de 2002, perfazendo 4 milhões
de animais. O aumento expressivo do abate no terceiro trimestre de
2002 decorreu, em parte, do aumento dos custos de produção da
atividade, associado à crise de abastecimento do milho. Até setembro,
o setor registrou 14,9 milhões de abates, expansão de 4,7% ante o
assinalado em igual período de 2001.
No que se refere à produção avícola, o número de aves abatidas e
o peso total das carcaças cresceram 10,9% no terceiro trimestre
de 2002, em relação ao patamar referente ao mesmo trimestre do
ano anterior. Ressalte-se que, assim como a suinocultura, o setor
ressente-se da elevação dos custos de produção, em especial do
preço da ração, como decorrência da forte restrição da oferta de
milho e da depreciação da taxa de câmbio, que influencia
diretamente o custo desse insumo.
Produção da pecuáriaPeso total das carcaçasVariação acumulada em 12 meses
2
5
8
11
14
17
20
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set
Bovinos Suínos AvesFonte: IBGE
Relatório de Inflação Março 2003
26
1.3 Mercado de trabalho
Emprego
O nível de emprego apresentou decréscimo nos
dois últimos meses de 2002, conforme indicam
os dados do IBGE e do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE). A evolução no ano, adotando-
se como base de comparação o comportamento
assinalado em 2001, indica crescimento do
número de ocupações inferior ao aumento da
população economicamente ativa, traduzido em
elevação das taxas de desemprego, no período.
Na indústria paulista, as demissões superaram as
admissões no final do ano, mantendo
comportamento que caracterizou 2002. Inversamente, nos estados
do Sul, do Nordeste e Minas Gerais ocorreu tendência de alta do
emprego industrial, conforme pesquisa da CNI.
A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, passou por
reformulação metodológica em 2002, tendo sido divulgados dados
referentes à antiga metodologia até dezembro desse ano. Nesse
conceito, o desemprego registrou taxa de 5,2% no último mês do
ano, a mais baixa apurada em dezembro, desde 1998, após assinalar,
em outubro e em novembro, taxas de 7,4% e 7,1%, respectivamente.
Ressalte-se, entretanto, que a redução acentuada ocorrida em
dezembro decorreu, principalmente, da diminuição de 338 mil
pessoas da população economicamente ativa, enquanto o número
de ocupados aumentou em 34 mil unidades. A taxa média de
desemprego, em 2002, alcançou 7,14%, ante 6,23%, em 2001, e
6,18%, considerada a média dos últimos dez anos.
Setorialmente, a indústria de transformação registrou decréscimo
de 83 mil ocupações no último trimestre de 2002. Embora com
alternância de movimentos, também se verificaram saldos negativos
em serviços e na construção civil, no período, de 15,5 mil e 2 mil,
respectivamente. Apenas no comércio registrou-se desempenho
favorável, evidenciado pela criação de 31 mil novas ocupações. Em
relação a 2001, observou-se aumento da ocupação no setor de
Taxa de desemprego aberto%
4
5
6
7
8
9
Mar2000
Jun Set Dez Mar2001
Jun Set Dez Mar2002
Jun Set Dez
Normal DessazonalizadaFonte: IBGE
Relatório de Inflação Março 2003
27
serviços em todos os meses, totalizando 362 mil vagas no ano,
enquanto na construção civil houve retração contínua de postos de
trabalho, atingindo 71 mil no ano. Na indústria de transformação e
no comércio o desempenho anual foi favorável, ainda que tenham
registrado reduções no último mês do ano.
Considerando as categorias de ocupação,
observaram-se aumentos generalizados nos níveis
de emprego. No que se refere a trabalhadores com
e sem carteira assinada, absorveram 105 mil e 93
mil postos, respectivamente, no ano, resultado de
crescimentos mensais contínuos, compara-
tivamente a períodos correspondentes no ano
anterior. As demais categorias alternaram
períodos de crescimento e de redução de postos
de trabalhos, resultando na criação de 49 mil e
32 mil novos postos de trabalho, no ano, para
empregadores e conta-própria, respectivamente.
A evolução do nível de emprego no último
trimestre de 2002 seguiu comportamento distinto,
com empregados com carteira assinada e sem carteira registrando
retração de postos de trabalho de 0,2% e 2,3% respectivamente, e
empregadores e trabalhadores por conta própria, aumentos
respectivos, de 1,3% e 0,9%.
Os resultados apresentados pelo MTE para o
emprego formal em 2002, mantiveram a tendência
crescente delineada a partir de meados de 1999. O
número de novas ocupações, que até outubro havia
ultrapassado 1 milhão de postos, reduziu-se para
762 mil postos até o final do ano, basicamente por
fatores sazonais presentes nos dois últimos meses.
A variação do emprego formal, no ano, atingiu
3,2%, assinalando a maior taxa de crescimento
anual desde 1985. Os setores que mais empregaram
em 2002 foram serviços e comércio, com 286 mil
e 283 mil novas vagas, respectivamente. A indústria
de transformação contribuiu com 161 mil novas
ocupações, enquanto a construção civil apresentou
Evolução do emprego formal
Novos postos de trabalho (em mil)
Discriminação 2002 2003
Out Nov Dez No ano Jan
Total 36,4 -11,8 -249,5 762,4 35,5
Indústria de transformação 16,7 -11,2 -65,6 161,2 26,6
Comércio 37,5 58,3 5,7 283,3 -2,8
Serviços 21,0 9,7 -57,4 285,8 11,5
Construção civil -1,6 -11,2 -43,9 -29,4 -5,7
Serviços ind. de util.pública 0,3 -0,4 -0,3 5,3 1,0
Outros1/-37,6 -57,0 -88,0 56,3 4,9
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego
1/ Inclui extrativa mineral, administração pública, agropecuária e outras.
Ocupação por setores e por categoria ocupacional
Variação % acumulada no ano
Discriminação 2002
Ago Set Out Nov Dez
Total de ocupados 2,6 2,7 2,7 2,7 2,6
Setor
Indústria de transformação 1,3 1,4 1,4 1,4 1,3
Construção civil -6,2 -6,3 -6,0 -6,4 -6,4
Comércio 3,6 3,5 3,5 3,3 2,9
Serviços 3,5 3,6 3,8 3,9 3,9
Categoria ocupacional
Com carteira assinada 2,8 2,8 2,9 3,1 2,9
Sem carteira assinada 5,1 5,1 5,1 4,8 4,5
Por conta própria -0,2 0,0 0,2 0,0 0,0
Empregadores 0,0 0,1 0,3 0,5 1,1
Fonte: IBGE
Relatório de Inflação Março 2003
28
retração de 29 mil vagas. No início do ano, registrou-se ritmo menor
de geração de postos, em relação ao assinalado nos dois últimos anos,
tendo sido geradas, em janeiro, 36 mil novas vagas, ante 44 mil e 49
mil, respectivamente, em igual mês de 2002 e de 2001.
Em relação aos levantamentos referentes ao emprego industrial, a
pesquisa semanal da Fiesp, junto a 47 sindicatos patronais no estado
de São Paulo, evidencia que as demissões superaram as admissões
em praticamente todos os meses do ano, com o número de postos
de trabalho extintos em 2002 ultrapassando 69 mil. Em janeiro de
2003 observou-se estabilidade no emprego industrial paulista,
relativamente a dezembro, e contração de 4% se considerada a
evolução nos últimos doze meses. O desempenho na região
metropolitana de São Paulo mostrou-se semelhante.
Pesquisa da CNI, abrangendo doze estados,
mostrou recuo de 0,1% no nível de emprego
industrial, resultado de movimentos de retração
no primeiro semestre do ano e de recuperação
no segundo. Dentre os estados integrantes da
pesquisa, observou-se redução de empregos
industriais em São Paulo e no Rio de Janeiro,
contrabalançado por contratações líquidas em
Minas Gerais e nos estados do Sul.
Rendimentos
Após discreta recuperação em meados do
primeiro semestre, os rendimentos médios reais
apresentaram trajetória contracionista até o final
do ano. Os rendimentos médios, deflacionados
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC), registraram, até novembro de 2002,
perda de 3,8% do poder aquisitivo, mantendo a
tendência assinalada nos últimos quatro anos. Em
2002, as maiores perdas nos rendimentos reais
concentraram-se ao final do ano, traduzindo o
recrudescimento da inflação, registrando-se,
Emprego industrialDados dessazonalizados1992=100
71
72
73
74
75
76
77
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Fiesp CNI
Rendimentos médios reais1993=100
106
108
110
112
114
116
118
120
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov
Observado Dados dessazonalizadosFonte: IBGE
Relatório de Inflação Março 2003
29
apenas no bimestre outubro/novembro, retração
de 1,7%. Por categorias ocupacionais, os
rendimentos reais de empregadores retraíram
6,7%, até novembro, os relativos a trabalhadores
com e sem carteira assinada experimentaram
recuos de 4,2% e de 0,5%, respectivamente, e os
referentes a trabalhadores por conta-própria,
declínio de 4,4%. Dentre os setores de atividade,
as maiores perdas ocorreram para os empregados
do comércio, 7,9%, e da construção civil, 6,4%,
setores que concentram postos que exigem menor
nível de qualificação. Considerando a evolução
dos rendimentos por regiões metropolitanas
pesquisadas, ressalte-se a contração acentuada
registrada no nível salarial em Porto Alegre,
que apresentava o segundo salário médio mais
alto no país, perdendo a segunda posição para
o Rio de Janeiro.
No setor industrial, a evolução dos rendimentos
mostrou comportamentos diferentes entre os
estados. Nesse sentido, os salários reais na
indústria de transformação paulista, deflacionados
pelo Índice de Preços ao Consumidor da
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(IPC-Fipe), mantiveram, segundo a Fiesp,
tendência de alta nos últimos meses do ano,
registrando crescimento de 0,4% no quarto
trimestre, ante o trimestre anterior, e de 5,7%,
no ano. Em janeiro de 2003, observou-se redução
mensal de 2% no indicador, situando-se no mesmo
patamar de janeiro do ano anterior. O aumento dos
rendimentos em 2002 produziu elevação de 3,2%
na massa salarial real, no ano, ante 6,1%, em 2001.
Considerada a evolução dos salários pagos na
indústria nos doze estados pesquisados pela CNI,
verificou-se declínio de 0,6% do poder aquisitivo
do trabalhador industrial, no ano, sendo utilizado
Massa de salários e rendimentos médios reais
Variação percentual
Discriminação 2001 2002
Set Out Nov
No período1/
Rendimentos médios reais -3,8 -0,4 -1,9 -1,0
Setor
Indústria de transformação -5,1 -1,0 -3,6 2,2
Construção civil -5,2 -0,6 -2,2 7,3
Comércio -5,7 0,7 -6,2 11,9
Serviços -3,4 0,1 -1,3 2,5
Categoria ocupacional
Com carteira assinada -4,8 -1,2 -2,2 -2,2
Sem carteira assinada -2,1 -1,5 -1,6 -2,1
Por conta própria -1,4 -1,2 -0,6 -0,9
Empregadores -2,6 6,2 -2,9 2,4
Massa de salários reais -3,2 -2,0 2,6 0,6
No ano
Rendimentos médios reais -3,8 -3,7 -3,7 -3,8
Setor
Indústria de transformação -5,1 -2,4 -2,7 -2,5
Construção civil -5,2 -8,0 -7,6 -6,4
Comércio -5,7 -9,0 -9,1 -7,9
Serviços -3,4 -4,1 -4,1 -3,7
Categoria ocupacional
Com carteira assinada -4,8 -3,9 -4,1 -4,2
Sem carteira assinada -2,1 0,1 -0,2 -0,5
Por conta própria -1,4 -4,4 -4,3 -4,4
Empregadores -2,6 -7,9 -7,4 -6,7
Massa de salários reais -3,2 -3,6 -2,0 -1,7
Fonte: IBGE
1/ Dados dessazonalizados (refere-se ao período anterior).
Salários médios reais e massa salarial real
na indústria de transformação
Variação % acumulada no ano
Discriminação 2001 2002 2003
Out Nov Dez Jan
CNI
Massa salarial real 3,2 -0,3 -0,3 -0,6 -4,7
Fiesp
Massa salarial real 6,4 3,4 3,4 3,2 -1,1
Salário médio real 6,1 6,1 6,0 5,7 0,1
Fonte: CNI e Fiesp
Relatório de Inflação Março 2003
30
o INPC como deflator. As maiores perdas ocorreram no Rio de
Janeiro, 7,7%, e em Pernambuco, 3,9%. Os estados da Bahia e Goiás
registraram os maiores ganhos, de 9% e 6,8%, respectivamente.
Custo Unitário do Trabalho e Produtividade
A produtividade na indústria de transformação,
calculada a partir da relação entre o índice da
produção física desse setor, divulgado pelo IBGE,
e o indicador de horas pagas na produção,
calculado pela CNI, recuou 0,7% em 2002,
desempenho semelhante ao registrado no ano
anterior, quando a contração atingiu 0,5%. A
análise da série isenta de fatores sazonais
assinalou crescimento contínuo a partir de agosto,
tendo registrado aumento da produtividade de
1,3% no último trimestre do ano, em relação ao
período anterior. Em janeiro ocorreu interrupção
dessa tendência, tendo o indicador assinalado
recuo de 0,5%.
Considerando-se os dez estados pesquisados,
observou-se redução da produtividade industrial
em sete deles, com maior ênfase no Ceará, 15,6%,
e no Paraná, 12,8%. Verificou-se estabilidade em
São Paulo e crescimento no Rio de Janeiro,
10,6%, e no Espírito Santo, 9,6%.
O Custo Unitário do Trabalho (CUT) na
indústria, no conceito nominal, calculado pela
razão entre o total de salários pagos, divulgado
pela CNI, e a produção nominal do setor,
apresentou retração de 5,2% em 2002. Esse
resultado refletiu, em parte, a redução registrada
nos últimos meses do ano, em especial em
dezembro, de 2,7%. No conceito real, que
considera os salários deflacionados pelo INPC
e a produção física, observou-se queda de 1,9%
Indústria de transformação - produção e número de horas trabalhadasDados dessazonalizados2000=100
96
100
104
108
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Produção (IBGE) Horas trabalhadas (CNI)
160
162
164
166
168
170
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Fonte: IBGE, CNI e elaboração do Banco Central do Brasil
ProdutividadeDados dessazonalizados1992=100
75
78
81
84
87
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Fonte: IBGE, CNI e Banco Central do Brasil
Custo unitário do trabalho - conceito realDados dessazonalizados1992=100
Relatório de Inflação Março 2003
31
no indicador, no ano. Em janeiro, compara-
tivamente a dezembro, o indicador registrou
recuos de 2,3% e 1%, considerados os conceitos
nominal e real, respectivamente.
1.4 PIB
O PIB apresentou crescimento de 1,5%, em 2002,
resultado associado, fundamentalmente, ao
desempenho do comércio exterior, com expansão
das exportações, 8,6%, e recuo das importações,
12,2%. O impacto direto do comércio exterior
sobre o PIB representou crescimento de 2,8%.
Em sentido contrário, a redução da demanda
interna, caracterizada pelas retrações de 4,1%
na formação bruta do capital fixo e de 0,7% no
consumo das famílias, impactou
desfavoravelmente o resultado do PIB em 2002.
O consumo do governo aumentou 1%.
Por setores, a agropecuária apresentou a maior
taxa de expansão, 5,8% no ano, explicada, do lado
da demanda, pela evolução favorável das
exportações e, pelo lado da oferta, pelo aumento
de produtividade da lavoura e da agropecuária.
A indústria cresceu 1,5%, desempenho vinculado
ao aumento de 10,4% na produção extrativa
mineral, devido ao aumento de 12,2% na
produção de petróleo, segundo dados da Agência
Nacional de Petróleo (ANP). A construção
constituiu-se no único subsetor da indústria a
apresentar resultado negativo, de 2,5%. Assinale-
se que o desempenho da construção civil vem
sendo inferior ao da indústria geral desde 1999,
evidenciando a contração da massa salarial real e
as condições desfavoráveis de financiamento. O
setor de serviços expandiu 1,5% em 2002, com
destaque para o subsetor de comunicações, com
Produto Interno Bruto
Variação percentual
Discriminação 2001 2002
IV I II III IV
Acumulado no ano 1,42 -0,80 0,10 0,90 1,52
Acumulado em 4 trimestres 1,42 0,26 -0,01 0,49 1,52
Trimestre/igual trimestre
do ano anterior -0,76 -0,80 0,97 2,46 3,44
Trimestre/trimestre anterior
com ajuste sazonal -0,13 0,91 0,83 0,92 0,72
Fonte: IBGE
Produto Interno Bruto
Variação acumulada no ano
Discriminação 2000 2001 2002
I Sem III Tri Ano
Agropecuária 2,1 5,7 6,11 6,46 5,79
Indústria 4,8 -0,3 -1,90 -0,23 1,52
Extrativa mineral 10,4 3,9 12,99 12,24 10,39
Transformação 5,5 1,0 -0,81 0,39 1,93
Construção civil 2,6 -2,6 -7,42 -5,25 -2,52
Serviços ind. de utilidade pública 4,2 -5,6 -6,71 -1,74 1,53
Serviços 3,8 1,9 1,18 1,43 1,49
Comércio 4,5 1,5 -0,97 -0,05 0,16
Transporte 3,1 5,2 0,55 -0,14 -0,92
Comunicações 15,6 9,9 7,40 7,21 7,40
Instituições financeiras 4,1 0,3 0,30 1,59 2,19
Outros serviços 5,6 1,3 0,68 0,65 1,03
Aluguel de imóveis 2,6 2,1 1,76 1,89 1,67
Administração pública 1,5 0,8 1,36 1,42 1,34
Dummy financeiro 4,2 1,3 -1,04 0,76 1,94
Valor adicionado a preços básicos 4,0 1,4 0,56 1,27 1,84
Impostos sobre produtos 7,3 1,8 -3,57 -2,05 -0,98
PIB a preços de mercado 4,4 1,4 0,10 0,90 1,52
Fonte: IBGE
Produto Interno BrutoVariação % acumulada no ano
-5
-3
-1
1
3
5
7
I2001
II III IV I2002
II III IV
Agropecuária Indústria
Serviços PIBFonte: IBGE
Relatório de Inflação Março 2003
32
crescimento de 7,4%. Os resultados relativamente
modestos dos subsetores comércio, crescimento
de 0,2%, e transportes, recuo de 0,9%, deveram-
se, em parte, à retração das importações.
Ressalte-se a expansão de 0,7% do PIB no último
trimestre do ano, em relação ao período anterior,
considerada a série isenta de influências sazonais,
a despeito do arrefecimento do nível de atividade
no último mês do ano, conforme apontado por indicadores setoriais.
Registrou-se crescimento em todos os setores, com destaque para a
indústria, 1,9%. Observe-se que a taxa relativa ao último trimestre
de 2002, embora ligeiramente inferior, mantém a trajetória de
crescimento delineada nos demais trimestres do ano.
Para 2003, estima-se o crescimento do PIB em
2,2%. Esse percentual é inferior ao apresentado
no último Relatório de Inflação, em dezembro de
2002, de 2,8%, basicamente como conseqüência
da deterioração de determinantes da demanda
interna, particularmente das condições de crédito
e das expectativas, estas últimas influenciadas
pelas incertezas advindas do cenário externo.
Considerando os setores produtivos, são mais
sensíveis a esses impactos os desempenhos da
indústria de transformação, da construção civil, do
comércio e dos transportes. Por outro lado, a
produção agropecuária, extrativa mineral, e os
subsetores de serviços de aluguéis e governo são
pouco afetados pelas variações da demanda interna.
Para a indústria de transformação, mesmo com a
perda de dinamismo observada recentemente,
estima-se expansão de 1,5% em 2003, sustentada
principalmente pelas exportações. Para a
construção, estima-se crescimento de 0,8%.
Produto Interno Bruto
Trimestre/trimestre anterior com ajuste sazonal
Discriminação 2001 2002
IV I II III IV
PIB a preços de mercado -0,13 0,91 0,83 0,92 0,72
Agropecuária 4,35 2,12 0,40 0,64 0,33
Indústria -1,56 1,34 1,80 1,69 1,94
Serviços 0,42 0,61 0,16 0,71 0,20
Fonte: IBGE
Produto Interno Bruto
Variação acumulada no ano
Discriminação Pesos 2002 20031/
Agropecuária 8,4 5,79 6,0
Indústria 37,6 1,52 2,1
Extrativa mineral 2,9 10,39 9,5
Transformação 22,6 1,93 1,5
Construção civil 8,5 -2,52 0,8
Serviços ind. de utilidade pública 3,6 1,53 2,7
Serviços 59,1 1,49 1,8
Comércio 7,5 0,16 2,0
Transporte 2,7 -0,92 2,1
Comunicações 3,0 7,40 3,5
Instituições financeiras 6,6 2,19 2,2
Outros serviços 11,2 1,03 1,6
Aluguel de imóveis 12,0 1,67 1,7
Administração pública 16,3 1,34 1,4
Dummy financeiro -5,1 1,94 2,2
Valor adicionado a preços básicos 100,0 1,84 2,2
Impostos sobre produtos 12,7 -0,98 1,7
PIB a preços de mercado 112,7 1,52 2,2
Fonte: IBGE
1/ Estimativa do Banco Central do Brasil
Relatório de Inflação Março 2003
33
A evolução dos setores comércio e transporte,
bem como do volume de impostos sobre
produtos, está associada, de forma intensa, ao
comportamento das impor tações . Dessa
forma, deverão apresen ta r desempenho
consideravelmente melhor em 2003, tendo em
vista a reversão da trajetória das importações
prevista para o ano.
A pequena influência da demanda interna sobre a
agropecuária e a produção extrativa decorre da
possibilidade inerente a esses setores, de exportarem sua produção
ou substituírem importações. Com o câmbio favorável nos últimos
meses, a produção desses setores passou a obedecer limitações de
ordem técnica, assinalando-se que levantamento do IBGE indica
expansão superior a 10% na produção de grãos em 2003, enquanto
indicadores setoriais sinalizam continuidade da expansão da produção
extrativa mineral, basicamente de petróleo.
Para o setor de aluguéis, deve-se esclarecer que o sistema de contas
nacionais considera que todo imóvel rende aluguel ao proprietário,
inclusive o imóvel em que reside. Assim, o crescimento dos serviços
de aluguéis depende da variação do estoque de imóveis, que apresenta
tendência positiva e relativamente estável ao longo dos anos.
1.5 Investimentos
Segundo as Contas Nacionais Trimestrais, divulgadas pelo IBGE,
os investimentos, excluídas as variações de estoques, reduziram
4,1%, em 2002. Esse desempenho vinha sendo apontado pelos
indicadores mensais da formação bruta de capital fixo (FBCF), que
mostraram redução, no ano, da atividade de construção em 2,8%,
da produção de bens de capital, em 1,05% e das importações de
máquinas e equipamentos, em 18,1%.
No último trimestre de 2002 ocorreu, segundo o IBGE, recuperação
dos investimentos, com expansão de 4,2% na FBCF em relação ao
quarto trimestre de 2001 e de 2,2%, em termos dessazonalizados,
Produto Interno Bruto
Variação % acumulada no ano
Ano Valor adicionado a Impostos sobre Importações
preços básicos produtos
1997 2,9 6,0 17,8
1998 0,3 -1,3 -0,3
1999 1,1 -2,2 -15,5
2000 4,0 7,3 11,6
2001 1,4 1,8 1,2
2002 1,8 -1,0 -12,8
Fonte: IBGE
Relatório de Inflação Março 2003
34
em relação ao trimestre anterior. Esse movimento
deveu-se ao desempenho positivo da construção
civil, que apresentou, ainda segundo o IBGE,
crescimento de 6,2% em relação ao último
trimestre de 2001. Em termos dessazonalizados,
dados de produção de insumos da construção,
do próprio IBGE, indicaram expansão de 3,9%
em relação ao terceiro trimestre de 2001. Os
investimentos em máquinas e equipamentos não
apresentaram o mesmo desempenho no quarto
trimestre. As importações reduziram-se 34,9% em
relação ao mesmo trimestre de 2001, as
exportações cresceram 19,4% e a produção de
bens de capital expandiu-se 2,8%, sempre na
mesma base de comparação.
Deve-se ressaltar que, apesar do crescimento
verificado no último trimestre de 2002, os
indicadores da formação bruta de capital
evidenciaram, ao final de 2002 e início deste ano,
retração expressiva nos gastos com
investimento. A produção de insumos da
construção civil registrou queda de 2,8% em
dezembro, interrompendo série de cinco meses
de variações positivas, considerados dados
dessazonalizados. Em janeiro de 2003, o
indicador cresceu 0,6%, ante dezembro de 2002.
A importação de máquinas e equipamentos, com
tendência decrescente ao longo de 2002, recuou
23,4% em dezembro, apresentado recuperação
no mês subseqüente, quando expandiu 16,7%, considerada a série
dessazonalizada. Em sentido inverso, a exportação desses bens
cresceu 18,2% em dezembro e recuou 27,7% em janeiro. Por fim,
a produção de bens de capital, em dezembro, contrapondo-se aos
crescimentos nos dois meses anteriores, apresentou forte queda,
de 8,5%, dessazonalizados, parcialmente neutralizada pela
expansão de 5,1% assinalada em janeiro. Nesse contexto, a
absorção de máquinas e equipamentos recuou 7,1% em 2002 e
7,2% em 2003, até janeiro.
Produção de bens de capitalDados dessazonalizadosMédia móvel trimestral
125
130
135
140
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Fonte: IBGE
115
120
125
130
135
Jan2001
Mar Mai Jul Set Nov Jan2002
Mar Mai Jul Set Nov Jan2003
Fonte: IBGE
Produção de insumos para a construção civilDados dessazonalizados1992=100
Indicadores de investimento
Variação % acumulada no ano
Discriminação 2001 2002 2003
I Tri II Tri III Tri Ano Jan
Bens de capital
Absorção1/18,7 -7,7 -5,7 -4,4 -7,1 -7,2
Produção 13,5 -1,8 -0,9 -2,2 -1,1 2,6
Importação 16,0 -19,1 -19,0 -12,5 -18,1 -40,3
Exportação -13,7 -7,7 -15,5 -13,7 -5,9 -40,4
Insumos da construção civil -2,3 -8,7 -7,3 -5,4 -2,8 3,0
Financiamentos do BNDES 9,4 17,8 25,7 45,4 48,4 0,1
Fonte: IBGE, Funcex e BNDES
1/ Produção de bens de capital + importação - exportação.
Relatório de Inflação Março 2003
35
Os dados desagregados da produção de bens de
capital em 2002 mostraram crescimento na
produção de máquinas e equipamentos agrícolas,
18,6% no ano, de equipamentos de transporte,
8,1%, e de máquinas e equipamentos para a
indústria, 5,1%. O aumento da produção de
máquinas e equipamentos agrícolas mantém a
tendência dos últimos anos, acompanhando o
desempenho da produção agropecuária. No que
se refere à produção de equipamentos para o
fornecimento de energia elétrica, apresentou
retração de 27%, explicada pelo arrefecimento
do ciclo de investimentos desencadeado pela crise
de energia elétrica, que incentivou empresas a
investir maciçamente na produção própria de
energia elétrica em 2001.
Os desembolsos do Sistema BNDES – Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Agência Especial de
Financiamento Industrial (Finame) e BNDES
Participações S.A. (BNDESpar) – somaram
R$37,4 bilhões em 2002, incremento nominal de
48,4% e real, deflacionado pelo Índice Geral de
Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), de
30,7%, em relação a 2001. Em janeiro de 2003,
foi desembolsado R$1,8 bilhão, total 0,1%
superior ao relativo a janeiro de 2002.
Por setores de atividade, os financiamentos
concedidos à indústria de transformação
apresentaram expansão real de 18,6% e os
destinados ao comércio e setor de serviços e à
agropecuária, elevações de 46,7% e de 43,8%,
respectivamente. No que se refere à indústria extrativa, registrou-se
retração de 44,4% nos financiamentos, explicada, fundamentalmente,
pela elevada base de comparação, haja vista que em 2001 os
financiamentos para esse setor haviam crescido 228%.
Desembolsos do Sistema BNDES1/
Acumulado no ano (em R$ milhões)
Discriminação 2001 2002 2003
Out Nov Dez Jan
Total 25 217 29 004 32 305 37 419 1 804
Indústria de transformação 12 760 13 962 15 418 17 178 1 236
Comércio e serviços 9 298 11 358 13 106 15 482 400
Agropecuária 2 762 3 475 3 561 4 509 154
Indústria extrativa 396 208 219 250 14
Fonte: BNDES
1/ Compreende o BNDES, Finame e BNDESpar.
Produção de bens de capital
Variação percentual
Discriminação 2001 2002 2003
Dez Out Nov Dez Jan
Trimestre/trimestre anterior1/
Bens de capital -5,9 0,3 1,8 1,8 0,7
Industriais -12,2 5,0 10,0 11,6 11,5
Seriados -15,3 5,9 12,9 14,8 15,8
Não-seriados 3,0 -0,1 0,0 1,5 -3,4
Agrícolas 12,6 24,7 16,9 2,9 -13,4
Peças agrícolas -5,8 4,5 7,1 2,1 0,5
Construção -9,2 -11,8 -11,4 -8,7 -4,5
Energia elétrica -15,5 -27,0 -18,5 -3,9 9,0
Transportes 2,2 1,8 3,1 6,5 11,8
Misto -7,8 -1,4 -1,0 -1,8 -5,1
No ano
Bens de capital 13,5 -1,8 -1,2 -1,1 2,6
Industriais 4,1 1,8 3,2 5,1 18,5
Seriados 3,5 -2,3 -0,4 1,9 26,7
Não-seriados 6,6 20,8 20,1 19,5 -6,7
Agrícolas 20,0 20,1 20,2 18,6 3,8
Peças agrícolas 3,4 -0,2 0,0 0,3 3,5
Construção 18,3 0,3 0,2 0,0 -18,2
Energia elétrica 42,6 -25,7 -26,8 -27,0 -25,2
Transportes 12,2 6,6 7,1 8,1 17,4
Misto 2,8 -2,5 -1,0 -0,9 -2,3
Fonte: IBGE
1/ Dados dessazonalizados.
Relatório de Inflação Março 2003
36
A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), custo básico para os
financiamentos tomados junto ao sistema BNDES, manteve-se
praticamente estável ao longo de 2002. A TJLP passou de 10% a.a.
no primeiro trimestre de 2002, para 9,5% a.a. no segundo trimestre,
retornando a 10% a.a. no terceiro e quarto trimestres de 2002.
1.6 Conclusão
O nível de atividade manteve trajetória de crescimento no último
trimestre de 2002, seguindo tendência observada desde o início do ano,
como demonstraram os resultados trimestrais das contas nacionais.
Sobretudo no segundo semestre, os saldos crescentes da balança
comercial se constituíram na principal sustentação desse comportamento.
Apesar desse desempenho, indicadores revelaram que em dezembro
de 2002 e início deste ano registrou-se recuo da atividade econômica,
a despeito da permanência de resultados favoráveis no comércio
exterior. Essas estatísticas sugerem que o nível de demanda interna,
que registrara redução em 2002, devido às variações negativas tanto
do consumo como do investimento privado, retraiu-se com maior
intensidade nesse período. Entre os fatores que concorrem para esse
comportamento, assinalem-se a perda do poder aquisitivo dos
rendimentos, sobretudo com o recrudescimento da inflação no último
trimestre do ano passado, a elevação das taxas de juros,
principalmente a partir de outubro, e a persistência de incertezas,
em especial as decorrentes do contexto internacional, em cenário de
intensificação das tensões envolvendo o Oriente Médio, que afetam
de forma intensa a evolução das expectativas internas.
Ainda que os impactos desses fatores estejam predominando sobre a
conjuntura econômica, faz-se necessário ressalvar dois aspectos, que,
além da manutenção de resultados favoráveis na balança comercial,
tendem a atenuar tais efeitos. Assim, há que se considerar o desempenho
do setor primário, cujas previsões para 2003, em particular para a safra
de grãos, apontam a manutenção da tendência de crescimento a taxas
elevadas, e, adicionalmente, a continuidade dos desembolsos do FGTS
em 2003, ainda que para segmentos com rendimentos mais elevados e
portanto com propensão a consumir relativamente menor.