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1. - Operação de migração para o novo data center da ... · Escola de Atuação Colégio Estadual Elias Abrahão ... planejar uma viagem de férias, ou simplesmente para conhecer

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1. FICHA PARA CATÁLOGO

2. PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

3. Título: A utilização da Cartografia Social na prática pedagógica dos professores de

geografia nas 5ª séries do Ensino Fundamental.

Autor Zenaide Delgado Gussão

Escola de Atuação Colégio Estadual Elias Abrahão

Município da escola Quatro Barras

Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Norte

Orientador Roberto Filizola

Instituição de Ensino Superior UFPR

Disciplina/Área (entrada no PDE) Geografia

Produção Didático-pedagógica Unidade Didática

Público Alvo Professores

Localização Colégio Estadual Elias Abrahão – Rua Angelo Chilante,15 – Jardim Menino Deus – Quatro Barras Pr.

Apresentação: O presente trabalho tem por finalidade orientar professores de 5ª séries ou 6º ano do Ensino Fundamental, na aplicação da chamada Cartografia Social em ambiente escolar. Trata-se de uma proposição metodológica, tendo em vista otimizar o processo de ensino aprendizagem de conceitos correlatos da cartografia. A metodologia a ser empregada, baseia-se na Nova Cartografia Social da Amazônia e faz uso de aula de campo.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Cartografia, metodologia do ensino, geografia escolar

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

ZENAIDE DELGADO GUSSÃO

CURITIBA

2011

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

UNIDADE DIDÁTICA

ZENAIDE DELGADO GUSSÃO

A Produção Didática Pedagógica é uma

Atividade proposta pelo programa PDE –

Programa de Desenvolvimento Educacional.

Orientado pelo Professor Roberto Filizola

da Universidade Federal do Paraná.

Curitiba

2011

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

UNIDADE DIDÁTICA

1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Zenaide Delgado Gussão

Área PDE: Geografia

NRE: Área Metropolitana Norte

Professor Orientador IES: Roberto Filizola

IES vinculada: UFPR

Escola da Implementação: Colégio Estadual Elias Abrahão

Público objeto de intervenção: Professores de 5ª séries ou 6ºs anos do Ensino Fundamental

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2- TEMA DE ESTUDO

Cartografia Social

3- TÍTULO

A utilização da Cartografia Social na prática pedagógica dos professores de geografia nas 5ª séries ou 6ºs anos do Ensino Fundamental.

O que nos levou a trabalhar essa Proposta de Intervenção Pedagógica com a Cartografia Social? O que queremos propor? O que fazer para fugir dessa cartografia que assusta os alunos? Será que a cartografia é importante na vida do aluno? De que forma os conteúdos de cartografia escolar costumam ser estruturados e desenvolvidos em sala de aula?

Afinal, o que é cartografia?

Segundo Castrogiovanni (2003), é o conjunto de estudos e operações lógico-matemáticas, técnicas e artísticas que, a partir de observações diretas e da investigação de documentos e dados, intervém na construção de mapas, cartas, plantas e outras formas de representação, bem como no seu emprego pelo homem. Assim, a cartografia é uma ciência, uma arte e uma técnica.

Dessa forma esta unidade didática foi idealizada para trabalhar com professores de geografia das 5ª séries ou 6ºs anos do Ensino Fundamental, no sentido de apoio metodológico, visando facilitar a compreensão da cartografia pelos alunos.

Queremos com nossa proposição, instigar os professores, com novas formas de ensino da geografia nas escolas, através do uso da cartografia social. Sendo assim, esse trabalho tende a auxiliar professores a realizarem seu trabalho de ensinar, por meio da

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linguagem cartográfica contribuindo para o entendimento do processo de ensino de mapas.

O que é um mapa? Como bem sabemos, mapa é a representação gráfica, em geral disposta numa superfície plana e em determinada escala, que indica acidentes físicos e culturais da superfície da Terra.

Contudo, saber o que é um mapa não significa saber lê-lo, interpretá-lo.

Segundo Almeida e Passini (1991), ler mapas é um processo que começa com a decodificação envolvendo algumas etapas metodológicas que devem ser respeitadas para que a leitura seja eficaz. E preparar o aluno para essa leitura deve passar por preocupações metodológicas tão sérias quanto a de ensinar a ler e escrever, contar e fazer cálculos matemáticos. É dominar a linguagem Cartográfica.

Diante disso, queremos propor a cartografia social como prática pedagógica do professor, para que

este possa facilitar o entendimento do aluno e o conteúdo por sua vez, passe a ter sentido e seja assimilado com mais facilidade.

O trabalho aqui apresentado tem como objetivo compreender a cartografia como linguagem da geografia, iniciando o aluno em sua tarefa de mapear, mostrando caminhos para que este se torne um leitor consciente da linguagem Cartográfica.

Paganelli, (1985) mostra como os passos metodológicos de mapear levam à formação de um bom leitor. Baseada na teoria de Piaget de que a criança na idade do pensamento concreto necessita agir para conseguir construir conceitos e edificar os conhecimentos, ela sugere que se leve o aluno a elaborar mapas para torná-lo um leitor eficaz.

Filizola (2009), coloca que a organização da cartografia na escola se dá de forma pulverizada, fragmentada, sua aprendizagem, via de regra, ocorre mecanicamente. Raramente os alunos são envolvidos na construção ou elaboração de mapas, tampouco os conteúdos da matéria são relacionados ao manuseio de representações cartográficas. Ele destaca também que, em decorrência disso, a maior parte das aulas é tomada para a resolução quase sempre mecânica de problemas com escala.

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Ele ressalta ainda que, os conteúdos e os procedimentos didáticos ficam restritos a isso. Raramente são utilizados para representar ou interpretar criticamente a realidade vivenciada por alunos e professores, e que na perspectiva de ensinar a pensar o espaço, a pensar geograficamente a realidade, o aluno deve ser orientado a utilizar o mapa seguindo um outro enfoque.

É a partir dessa nova orientação que se espera formar alunos, leitores críticos de mapas e mapeadores conscientes.

Dessa forma, o mapa deve ser tomado como um poderoso instrumento para a leitura e a interpretação da realidade, bem como para a formação de conceitos espaciais e geográficos.

Portanto, a intenção que norteia este trabalho está fundada no entendimento de que a apreensão desses espaços é possível, como foi visto, através de sua representação gráfica, a qual envolve uma linguagem própria – a da cartografia-, que a criança deve começar a conhecer. Cabe, pois, ao professor introduzir essa linguagem e através do trabalho pedagógico, levar o aluno a aprofundar cada vez mais na estruturação e extensão do espaço no que diz respeito à sua concepção e representação.

A proposta é de incorporar ao trabalho pedagógico do professor, encaminhamentos metodológicos que promovam a um só tempo, maior autonomia e menor desgaste aos alunos diante da aprendizagem, visando auxiliar e enriquecer as aulas de cartografia.

Portanto, este trabalho pretende, por meio de novos aportes metodológicos, inserir o professor em situações que proporcionem o aluno a pensar o espaço.

É importante assinalar que o presente material deve ser entendido como um recurso pedagógico metodológico, imprescindível ao professor, contudo, como qualquer outro instrumento didático, deve ser adequado à realidade dos alunos e dos professores, ou seja, à realidade escolar em que atuam.

Esperamos que este material possa contribuir com o processo ensino aprendizagem de conteúdos cartográficos, atingindo assim seu objetivo central.

Diante dessa observação o que propor? O que fazer para fugir de fundamentos teóricos metodológicos que não levam o aluno a pensar e a agir? Será que a cartografia é importante no ensino da

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geografia com mapas? Será que a cartografia permite que o aluno assimile o conteúdo, para que este tenha sentido?

Através da cartografia, o professor leva o aluno a pensar e agir no seu próprio meio e em outros. O domínio da linguagem cartográfica é fundamental para aprender geografia na escola. Até porque, para a maioria dos alunos, aprender cartografia na escola, não passa de uma simples memorização, sem referências sócio-espaciais. No sentido de facilitar esse entendimento, buscamos, através desse trabalho, não uma solução, mas maneiras de despertar interesse no aluno sobre conhecimentos geográficos escolares que permitam a aquisição de um pensamento geográfico crítico.

A cartografia está presente no nosso cotidiano, às vezes nem nos damos conta de sua importância, mas hoje sabemos dos grandes problemas que causaria sua ausência.

Os mapas são encontrados em muitos lugares que freqüentamos, nas escolas, bibliotecas, livrarias, repartições públicas, nos noticiários de televisão, em nossas casas. Sempre estamos necessitando consultar um mapa, para achar algum endereço, para planejar uma viagem de férias, ou simplesmente para conhecer a história de um povo, de uma nação.

Para Stefanello, o estudo através das representações espaciais, possibilita uma melhor compreensão de ordenamento espacial, fazendo com que o aluno conheça e domine o espaço geográfico.

Almeida e Passini (2008) colocam que, “o mapa é uma representação codificada de um determinado espaço real”. Portanto ler mapas significa compreender o sistema de sinais e símbolos presentes na linguagem cartográfica.

Assim, para que a leitura cartográfica seja possível, em todos os mapas, os objetivos têm que ser claros e deve haver as generalizações sem, entretanto, perder informações importantes. As autoras reforçam ainda que a formação de conceitos cartográficos não está nas atividades mecanicistas como copiar ou pintar mapas; para que o aluno possa entendê-los, ele precisa construí-los, pois assim acompanhará cada passo metodológico do processo, familiarizando-se com a linguagem cartográfica.

Acrescentam que, mesmo com a dificuldade que o aluno venha a ter em elaborar um sistema de signos de forma ordenada, ele construirá noções profundas de um sistema semiótico, ao passo que precisará generalizar, classificar e selecionar informações que devem

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ser mapeadas, além de usar a escala para reduzir o espaço para a representação, desenvolvendo seu raciocínio lógico.

Sendo assim, ao reduzir o espaço estudado à sua representação, o aluno percebe logo a necessidade da proporcionalidade, pra que não ocorram deformações. É a esta ação-reflexão que se refere Piaget ao mostrar a construção do pensamento na criança pela ação. Ele afirma que todo conhecimento deve ser construído pela criança através de suas ações. Essas ações, em interação com o meio e o conhecimento anterior já organizado na mente, proporcionam a acomodação dos conhecimentos percebidos que passam a ser assimilados. Portanto, para que o aluno consiga dar significado aos significantes deve viver o papel de codificador, antes de ser decodificador.

Argumentamos ainda, com base em Piaget que a criança constrói símbolos através de desenhos como representação gráfica de uma idéia ou objeto. A compreensão desses símbolos interessa para a cartografia, pois é a percepção da criança de seu espaço vivido, na qual há representação e codificação. Assim, antes de ler mapas, deverá agir como mapeadora do espaço que conhece. Revertendo esse processo, estará lendo mapas, primeiramente de seu espaço próximo e, aos poucos, já na idade formal, será capaz de abstrair espaços mais distantes, usando deduções lógico-matemáticas.

Conforme Castrogiovanni e Goulart (2003), “se o trabalho de construção cartográfica não for realizado plenamente no ensino fundamental, o professor terá que propô-lo no ensino médio, considerando como ponto de partida o estágio de desenvolvimento cognitivo de seus alunos”.

Simielli defende que seja trabalhado a alfabetização cartográfica nas séries iniciais do ensino fundamental, pois ao chegar na segunda etapa desse ciclo, ou seja 5ª série ou 6º ano, o professor dará continuidade a essa alfabetização, porém, a partir daí o aluno poderá analisar/localizar e correlacionar ao passo que no ensino médio será capaz de trabalhar com etapas anteriores e ainda, sintetizar.

Com esse trabalho queremos destacar a importância do ensino da cartografia nas aulas de geografia, pois dessa forma o professor abrange conceitos cartográficos básicos, com mapas, cartas, plantas, escala e projeção; e compreendê-los leva o aluno ao entendimento do espaço.

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Ao apropriar-se da linguagem cartográfica, o aluno estará apto a reconhecer representações de realidades mais complexas, que exigem maior grau de abstração. (Diretrizes Curriculares da Educação Básica- Paraná).

Retomando o que expomos anteriormente, e fazendo uso das idéias de Stefanello,(2009), ela considera que o aluno, ao passar por todos esse níveis do ensino cartográfico na educação básica, ao final, ele será um leitor crítico e um mapeador consciente.

Assim, é importante que o professor trabalhe a cartografia com a criança, a fim de desenvolver o pensamento lógico-espacial, e que essas representações espaciais oportunizem o aluno a chegar à abstração reflexiva ou à concepção do espaço e sua organização. E ao trabalhar com a cartografia social, o professor poderá trazer para a sala de aula, maneiras diferentes de estimular o aluno para a compreensão desses conceitos cartográficos.

Diante do exposto, buscamos mostrar um pouco como essa metodologia que deu certo aos povos da floresta, poderia nos auxiliar, trazendo um enfoque diferente de ensinar e compreender o espaço, estimulando o aluno a ser protagonista de seu próprio trabalho.

Nesse contexto, insere-se a proposta do presente estudo, o qual teve por objetivo instigar novas formas de ensino da geografia nas escolas, mais especificadamente no que diz respeito à cartografia, através da cartografia social.

Um pouco sobre a Cartografia Social

A nova Cartografia Social nasceu na Amazônia, mas disseminou-se por outros estados como, por exemplo o Paraná, através de estudos que ocorrem na Universidade Federal do Paraná.

A Amazônia é um lugar que boa parte dos brasileiros só conhece no mapa; em geral, verde, cortada por muitos traços azuis, que ocupa todo o Norte do país. Para muitos, há muito tempo, ela é associada ao vazio demográfico, à natureza selvagem.

Como é conhecida no mundo inteiro, virou marca de uso comercial e político. Mas a realidade da região, de fato, ainda é bastante ignorada pela dita sociedade globalizada, que cada vez mais se preocupa (ou diz se preocupar) com o meio ambiente.

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Quem conhece bem a Amazônia é, paradoxalmente, pouco conhecido. São povos e comunidades tradicionais que lutam contra um processo de invisibilidade social ao qual, historicamente, foram condenados. A legislação existente, principalmente quanto à ocupação da terra não se encaixa com a complexidade da realidade amazônica, gerando uma série de conflitos. As demandas dos grupos sociais e comunidades tradicionais se tornam ainda mais urgentes na medida em que estes não têm visto na prática o direito constitucional do reconhecimento de seus “modos de criar, fazer e viver. Por meio deles, com o apoio do projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, o verdadeiro mapa da maior floresta tropical do planeta está sendo desenhado.

O projeto consiste no levantamento de dados sobre movimentos, conflitos e comunidades existentes na região. A proposta é utilizar o conhecimento dos movimentos sociais para mapear as diferentes situações e visualizar a real situação da Amazônia e oferecer subsídio claro para a elaboração de políticas públicas que visem à resolução de conflitos.

Mulheres quebradeiras de coco babaçu do Piauí, Quilombolas da Ilha do Marajó, Ribeirinhos da região do Zé Açu, no Amazonas, e homossexuais na cidade de Belém. Estes são exemplos dos títulos dos 50 fascículos que o projeto já lançou nos últimos dois anos e meio, desde que seu coordenador, o antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, mudou-se para Manaus, como professor visitante do Programa de Pós Graduação em Sociedade e Cultura da Amazônia, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Nessas localidades, são feitas oficinas de mapeamento participativo, nas quais as fronteiras entre os sujeitos e os objetos de pesquisa se dissolvem. Professores e alunos de graduação e de pós-graduação apóiam o processo no qual membros de um determinado grupo registram quem são, onde e como vivem. Os textos das publicações são quase que exclusivamente depoimentos das pessoas que participam das oficinas. Os fascículos têm sido usados como instrumentos de luta. Eles alcançam grande circulação e fortalecem essas comunidades no encaminhamento de reivindicações.

A experiência teve início em 2005 e aos poucos foi se expandindo no estado do Amazonas, mas a idéia é transformar essa cartografia em um instrumento científico e social para toda a Amazônia.

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O trabalho ganha força dentro do Estado brasileiro, o reconhecimento de que um quarto do território nacional é legitimamente ocupado por cinco milhões de famílias representantes de povos e comunidades tradicionais.

Foi com base na experiência desses povos da floresta, que nos ocorreu a possibilidade de estar aplicando em ambiente escolar os procedimentos de mapeamento empregados na cartografia social.

O que pretendemos ensinar com essa cartografia? Que significado essa nova cartografia terá dentro das nossas escolas? O que devemos entender por Cartografia Social?

A Cartografia Social aplicada na escola possibilita que o aluno seja protagonista do seu mapa, ou seja, o aluno irá criar seu próprio mapa, recorda-se de que um bom leitor de mapas deve se um fazedor de mapas.

Através do presente trabalho, realizamos uma apropriação da Cartografia Social como aporte metodológico nas aulas de cartografia escolar e de geografia em geral. A Cartografia Social tem a proposta de levar o aluno a criar o mapa para que ele defina a legenda a ser utilizada, fazendo uso das convenções.

Como já foi visto, para Piaget todo conhecimento deve ser construído pela criança através de suas ações. Essas ações, em interação com o meio e o conhecimento anterior já organizado na mente, proporcionam a acomodação dos conhecimentos percebidos que passam a ser assimilados.

Portanto, relembrando o que coloca Almeida e Passini (2008), para que o aluno consiga dar significado aos significantes deve viver o papel de codificador, antes de ser decodificador.

Será isso um equívoco, um erro, dar essa liberdade para o aluno?

As pesquisas realizadas mostram que o processo torna-se válido, pois interessa levar o aluno a memorizar algum tipo de convenção, ou seja, essa metodologia o leva a interpretar.

Com essa proposta pretendemos que o aluno tenha conhecimento do real para o abstrato, ou seja, vivenciando através da confecção de mapas e maquetes, para que a superfície plana,

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bidimensional ou tridimensional, o leve a compreender a idéia de legenda e proporção.

Como assegurar esse entendimento? Vejamos nos encaminhamentos a seguir.

4- ENCAMINHAMENTO

Apresentamos nesta unidade, uma metodologia até hoje pouco explorada por professores e pouco representada nos livros didáticos. No entanto é um passo importante para a aprendizagem das noções espaciais, pois cria uma linguagem para expressar as informações de forma sintética e organizada, ou seja, numa codificação. O professor pode elaborar essa linguagem codificada com a participação dos alunos, que devem ter a liberdade de escolher entre os símbolos, àquele que melhor pode expressar as informações a serem mapeadas ou representadas, bem como suas emoções. Essa aprendizagem se dará juntamente com o estudo de questões ou problemas sociais que ocorrem na escola no seu entorno ou em outro espaço.

Portanto, sugerimos um trabalho de campo, que resulte num mapeamento de um determinado espaço, podendo ser dentro da própria escola, em seus vários ambientes, em seu entorno, no bairro onde ela está inserida ou em outro local definido previamente.

Considerando que esta proposta de trabalho está voltada para alunos de 5ªs séries ou 6ºs anos do Ensino Fundamental, que estarão iniciando o entendimento com o mundo dos mapas, e, levando em conta a idade desses alunos, o professor deverá estar cercado de todos os cuidados por se tratar ainda de crianças, ficando atento quanto ao local definido a ser mapeado.

Para o encaminhamento dessa proposta, sugerimos uma seqüência de atividades, onde o professor, se julgar interessante e de bom senso, poderá fazer uso.

1º passo – O professor recorrerá ao Google maps para obter uma imagem aérea do espaço definido para trabalhar. Esta imagem servirá de referência para confrontar a realidade a ser observada para comparações e anotações dos problemas que aparecerão. De posse dessa imagem, o professor auxiliará seus alunos a delimitar o espaço

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a ser usado por cada grupo, evitando assim, repetir o trabalho num mesmo local.

Ex: Obs: inserir uma imagem

2º passo - Antes de sair a campo com os alunos, o professor fará a explanação do objetivo que pretende atingir, chamando sempre à atenção para o conteúdo proposto, bem como dos problemas ou questões que serão estudadas, conforme espaço definido no 1º passo.

O professor deverá levar os sempre à reflexão, que nenhum espaço encontra-se isolado ou solto, mas integrado em espaços mais amplos, com os quais estabelece uma continuidade espacial, mantendo uma inter-relação social, humana e até de ordem natural (rios que nascem e percorrem espaços, o vento, o homem que trabalha e modifica sempre os espaços onde vive...) instigar o aluno a perceber essa continuidade e integração agindo no espaço e mapeando-o.

É recomendável que o professor auxilie os alunos, de como fazer a entrevista, focar em assuntos principais do local a ser mapeado, já observado anteriormente pelo professor.

3º passo - O professor deverá acompanhar as equipes, preferencialmente com o auxílio de outros profissionais da escola, para que todos saiam a campo na mesma aula.

É importante estimular, por meio de questionamentos, a atenção das crianças, que descobrirão um arsenal de assuntos e problemas que servirão de referencias para o professor debater em várias aulas e ir muito além, com novas descobertas.

4º passo - Após as observações, ao retornarem à sala de aula, essas anotações servirão para o diálogo conjunto, debates e reflexões acerca dos problemas levantados.

5º passo – Realizadas as etapas, o trabalho terá prosseguimento com o mapeamento participativo dos alunos, que por serem protagonistas de seus próprios trabalhos, definirão ou pensarão na criação de uma legenda. O professor nesse momento será o mediador, não interferindo na criatividade de seus alunos, que criarão símbolos como melhor julgarem àquele espaço. A emoção e a afetividade podem emergir, transpor barreiras, sendo assim, o professor pode auxiliar, criando condições para serem representadas.

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Como serão representadas essas cenas do cotidiano? Como representar emoções associadas à morte, raiva, relação afetiva com o espaço, barulho... Existem convenções para isso?

Que símbolos as crianças usarão?

Uma cartografia sensorial afetiva pode ser trabalhada conjuntamente com a cartografia social, por meio dela o aluno terá condições de expressar e montar um mapa situacional ou locacional, como ele é visto ou percebido naquele espaço.

Juntamente com a criação da legenda, o professor chamará a atenção para a questão da proporção, fundamental para a compreensão da noção de escala.

O mesmo trabalho poderá ser feito em tamanho maior e ficar exposto para possíveis retomadas com assuntos diversos que poderão ser trabalhados, partindo do ponto de referencia criado pelo aluno.

Vale a pena comentar que em comunidades como as do norte do país, esses mapas criados pelo povo da floresta, com o auxílio de professores e técnicos das universidades locais, servirão de base e são confeccionados cartograficamente com proporções, de escalas exatas e reais, que servirão de documentos legais na defesa do território.

O que importa no nosso caso é que o aluno compreenda ou tenha noção do real e do abstrato, do espaço vivido por ele, colocando ali suas emoções e percebendo-se como parte do espaço que estuda.

5- AVALIAÇÃO

A avaliação dessa unidade didática será diagnóstica e contínua, observando as ações e reações dos alunos através de atividades avaliativas propostas pelo professor.

Este estará analisando e registrando o comportamento de seus alunos, durante as atividades, bem como o nível de conhecimento e o grau de dificuldades que venham a apresentar para realizar as atividades propostas.

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O professor também ao mesmo tempo em que avalia o aluno, se auto-avalia, analisando a metodologia aplicada, com base na avaliação de aprendizagem de seus alunos.

6- REFERENCIA

ALMEIDA, Rosangela Doin de, (Org.). Cartografia Escolar. 2. ed., São Paulo,Ed. Contexto, 2010.

ALMEIDA, Rosangela; PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico: ensino e representação. Coleção Repensando o Ensino. Ed. Contexto, 2008.

CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos, et. al. (Org.). Geografia em Sala de Aula. Práticas e reflexões. 4. Ed. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003.

CAVALCANTI, Lana de Souza, Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos. Campinas , S.P. Papirus, 1998, ( Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico) 16ª Edição – 2010.

FILIZOLA, Roberto. Didática da Geografia: proposições metodológicas e conteúdos entrelaçados com a avaliação. Curitiba: Base Editorial. 2009.

GOULART, Ligia Beatriz, et. al. (Org.). O Ensino da Geografia e suas Composições Curriculares. Porto Alegre: UFRGS, 2011.

KAERCHER, Nestor André. et. al. (Org.). Geografia em Sala de aula. Práticas e Reflexões. 4 Ed. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003.

PAGANELLI, Tomoko Yyda, et. al. – Para Ensinar e Aprender Geografia. Ed. Cortez, 2009.

PARANÁ Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Ensino. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Geografia 2008.

PIAGET, Jean. Formação do Símbolo na Criança, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1974.

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RUA, João. Para Ensinar Geografia. (Access, 2005).

SIMIELLI, Maria Helena Ramos, Cartografia no ensino fundamental e médio. In: Carlos, A. F. A. (Org.) A Geografia na sala de aula. 8. Ed. São Paulo: Contexto, 2007.

STEFANELLO, Ana Clarissa. Didática e Avaliação da Aprendizagem no Ensino de geografi1a – São Paulo, Ed. Saraiva. 2009.

GOOGLE, Lages Lara, Folha do NAEA, acesso em 06/04/2011.

SITE: WWW.novacartografiasocialdaamazônia.com.br