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1. PROBLEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO Chamada para a problematizaçãodo conteúdo Que ligação pode haver entre a Itália do início do século XX com a atualidade? Por que estudar Gramsci no século XXI? Texto No interior das escolas notamos uma profunda confusão de teorias e negação de teorias que fazem com que os professores (as) de História se percam em meio à um emaranhado de “histórias” que não se relacionam com a totalidade. Esta relação é necessária para a tarefa principal da História que é a de proporcionar ao ser humano a compreensão cientifica da sociedade, a qual ele construiu e da qual ele faz parte. Também muito se tem falado sobre a educação para a transformação social, mas pouco se discute sobre o que significa uma transformação social e qual o real significado da escola neste processo. Os professores (as) de História devem ter a obrigação de pautar esta discussão, principalmente entre nós, mas também com os colegas de outras áreas e com nossos alunos. Uma boa compreensão da teoria socialista é condição necessária para este debate, inclusive para não concordarmos com ela, se for o caso. O que não podemos abrir mão é do conhecimento, sem o qual não teremos possibilidade de intervir na sociedade que vivemos. Trilhando por este caminho é que sentimos a necessidade de aprofundar nosso conhecimento em um dos mais falados teóricos das ciências políticas do século XX, Antônio Gramsci. Sua teoria está colada à sua militância política no Partido Socialista Italiano e posteriormente no Partido Comunista Italiano, desta forma, torna-se impossível falar da teoria política de Gramsci sem falar de sua concepção de partido político. Embora, na visão do senso comum, isto não tenha ligação com a educação e com o ensino de História, no campo da ciência política esta afirmação vai no sentido contrário. Desde o surgimento das teorias socialistas, mais precisamente do socialismo científico de Karl Marx e Friedrich Engels, a compreensão da História passa pelas duas grandes

1. PROBLEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDOteorias econômicas, políticas e sociais: o liberalismo e o marxismo1. A partir destas duas matrizes teóricas é que podemos compreender a complexidade

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Page 1: 1. PROBLEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDOteorias econômicas, políticas e sociais: o liberalismo e o marxismo1. A partir destas duas matrizes teóricas é que podemos compreender a complexidade

1. PROBLEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO

Chamada para a problematizaçãodo conteúdo

Que ligação pode haver entre a Itália do início do século XX com a atualidade? Por que

estudar Gramsci no século XXI?

Texto

No interior das escolas notamos uma profunda confusão de teorias e negação de teorias

que fazem com que os professores (as) de História se percam em meio à um

emaranhado de “histórias” que não se relacionam com a totalidade. Esta relação é

necessária para a tarefa principal da História que é a de proporcionar ao ser humano a

compreensão cientifica da sociedade, a qual ele construiu e da qual ele faz parte.

Também muito se tem falado sobre a educação para a transformação social, mas pouco

se discute sobre o que significa uma transformação social e qual o real significado da

escola neste processo. Os professores (as) de História devem ter a obrigação de pautar

esta discussão, principalmente entre nós, mas também com os colegas de outras áreas e

com nossos alunos. Uma boa compreensão da teoria socialista é condição necessária

para este debate, inclusive para não concordarmos com ela, se for o caso. O que não

podemos abrir mão é do conhecimento, sem o qual não teremos possibilidade de intervir

na sociedade que vivemos.

Trilhando por este caminho é que sentimos a necessidade de aprofundar nosso

conhecimento em um dos mais falados teóricos das ciências políticas do século XX,

Antônio Gramsci. Sua teoria está colada à sua militância política no Partido Socialista

Italiano e posteriormente no Partido Comunista Italiano, desta forma, torna-se

impossível falar da teoria política de Gramsci sem falar de sua concepção de partido

político.

Embora, na visão do senso comum, isto não tenha ligação com a educação e com o

ensino de História, no campo da ciência política esta afirmação vai no sentido contrário.

Desde o surgimento das teorias socialistas, mais precisamente do socialismo científico

de Karl Marx e Friedrich Engels, a compreensão da História passa pelas duas grandes

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teorias econômicas, políticas e sociais: o liberalismo e o marxismo1. A partir destas duas

matrizes teóricas é que podemos compreender a complexidade da sociedade atual, para

então nos posicionarmos perante ela.

Embora os chamados neoliberais teimem em afirmar que se chegou ao “fim da História”

e que, portanto, não existem mais as grandes teorias (marxismo ou liberalismo) para

embasar as práticas de suas respectivas classes (trabalhadores e exploradores),

queremos demonstrar em nosso trabalho o contrario disso, ou seja, que há uma

continuidade da sociedade de classes. Neste aspecto o pensamento de Gramsci,

enquanto um pensamento engajado na luta pela transformação social, muito tem a nos

dizer. Sua concepção de partido de classe, apesar de fazer parte de um contexto

histórico com características próprias, possui um caráter de universalidade que o torna

atual.

Conhecer Gramsci em sua militância política e compreender sua concepção de partido

certamente em muito contribuirá para nossa formação intelectual. A partir de sua

trajetória política e intelectual poderemos lançar luz sobre nossa realidade atual e buscar

resgatar a necessária teoria científica de esquerda que a escola pública vem perdendo

nos últimos tempos. Estudar Gramsci e o PCI é mais uma forma de compreendermos a

luta de classes na atualidade e os desdobramentos que podem acarretar a partir dela. E

nós, enquanto educadores, temos que ter clareza dos pressupostos teóricos que nos são

apresentados e a que tipo de sociedade eles servem, somente assim poderemos assumir

conscientemente nosso lugar nesta luta histórica.

1 DIAS, 2006, em seu livro Política brasileira: embates de projetos hegemônicos, busca demonstrar que o liberalismo e o marxismo são as duas correntes ideológicas maduras da sociedade capitalista, cada uma representando os interesses de uma classe antagônica à outra.

2. INVESTIGAÇÃO DISCIPLINAR

Título: A ATUALIDADE DO PENSAMENTO GRAMSCIANO

Texto

Os chamados neoliberais afirmam que se chegou ao “fim da História” e que, portanto,

as grandes teorias como o marxismo ou positivismo estão esterminadas por não

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conseguirem mais explicar a sociedade. Estariam certos os neoliberais? O capitalismo

realmente venceu e jamais será superado? Devemos então cavar apenas alguns espaços

dentro deste sistema e esquecer a igualdade de fato? Neste aspecto o pensamento de

Gramsci, enquanto um pensamento engajado na luta pela transformação social, muito

tem a nos dizer. Sua concepção de mundo, de partido, de classe, apesar de fazer parte de

um contexto histórico com características próprias, possui um caráter de universalidade

que o torna atual.

Conhecer Gramsci em sua militância política e compreender sua teoria política, em

especial sua concepção de partido, certamente em muito contribuirá para nossa

formação intelectual. A partir de sua trajetória política e intelectual poderemos lançar

luz sobre nossa realidade atual e buscar resgatar a necessária teoria científica

revolucionária que a esquerda de nosso país abandonou nas últimas décadas.

A partir do estudo do pensamento gramsciano podemos indagar sobre a organização do

Estado atual, a atuação da escola pública no interior deste Estado e os limites dados à

escola e aos educadores no que tange à luta por uma sociedade igualitária. Com a

clareza dos pressupostos teóricos que nos são apresentados e a que tipo de sociedade

eles servem, estaremos prontos para indagar e assumnir nosso papel na História.

3. PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

Título: Resgatando o conhecimento científico

Texto

O esvaziamento do conteúdo cientifico tem sido uma constante no interior da escola.

Talvez mais do que no período da Escola Nova, os anos 90, com as chamadas políticas

neoliberais, causaram uma destruição avassaladora das teorias científicas que ainda

restavam nas escolas publicas. Dentro deste contexto a importância do resgate destes

conteúdos torna-se uma atividade essencial para o educador que está comprometido

com a superação da sociedade de classes.

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A camuflagem que a escola faz com as contradições do capitalismo é outra questão que

deve ser combatida incansavelmente. Levando em consideração que a escola está

inserida no contexto de um Estado burguês e é dirigida por este Estado, logo, em sua

essência, esta escola fará a sua defesa. Este é o motivo central que leva muitos

educadores a enxergar nos educandos apenas indivíduos e não classes sociais.

A crença na capacidade individual é uma das mais poderosas armas do capitalismo para

manter a classe trabalhadora desunida e se digladiando entre si. A escola tem sido

bastante eficiente ao capital legitimando esta ideologia entre os estudantes, na medida

em que difunde a idéia do esforço pessoal como prioritário, quando não o único, para

“vencer na vida”. Este “vencer na vida” tem sempre uma conotação econômica de

acumulação de riqueza.

No inicio do século XX, em um momento de auge do movimento comunista na Europa,

o filosofo italiano Antonio Gramsci, com base no pensamento marxista, busca formular

uma teoria pedagógica. Esta teoria buscava dar conta de educar o proletariado para

dirigir a nova sociedade que estava por vir. O que Gramsci propõe, nos parece ser um

modelo de educação de transição do capitalismo para o socialismo.

Assim como Marx e Engels já defenderam, Gramsci também parte de uma visão de

totalidade da educação. A escola que ele propõe foi chamada por ele mesmo de Escola

Unitária. Neste modelo educacional o trabalho é colocado como princípio educativo,

pois para Gramsci o trabalho possui duas dimensões a intelectual e a física e estas são

indissociáveis, ou seja, “(...) em qualquer trabalho físico, mesmo no mais mecânico e

degradado, existe um mínimo de qualificação técnica, isto é, um mínimo de atividade

intelectual criadora”. (GRAMSCI, 2004; p.18).

Outras questões centrais trabalhadas por Gramsci no campo da educação são as

categorias de hegemonia e intelectual orgânico. Segundo Gramsci “Todo grupo social,

nascendo no terreno originário de uma função essencial no mundo da produção

econômica, cria para si, uma ou mais camadas de intelectuais que lhe dão

homogeneidade e consciência da própria função” (GRAMSCI, 2004; P.15). Ocorre que

a sociedade capitalista não vive apenas dos intelectuais orgânicos ao próprio capital, ela

depende também de formar quadros entre os integrantes do proletariado. Isto torna a

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escola dos trabalhadores um espaço de disputa, visto que esta é um espaço privilegiado

para a formação de intelectuais que garantam a reprodução da sociedade capitalista.

A organização da Escola Unitária, segundo o pensamento de Gramsci teria o papel de

fomentar a contra hegemonia, mas instrumentalizada nos fundamentos do conhecimento

científico com objetivo de emancipar o trabalho do jugo do capital. Portanto a defesa da

socialização do conhecimento científico, de todos os campos da ciência se faz presente

todo o tempo nas reflexões de Gramsci e em tempos de negação da ciência o

conhecimento deste autor é imprescindível para todas as disciplinas.

Mas seria possível que a escola publica estatal que temos atualmente no Brasil

desempenhasse esta função? Gramsci falava de uma escola institucional mantida pelo

Estado ou uma escola popular ligada a um partido proletário? Estas questões são de vital

importância para o educador formal que se propõe a guiar suas ações pelo marxismo. O

entendimento de tais questões pode nos levar a uma atuação mais eficaz na defesa da

transformação radical da sociedade e da escola.

4. CONTEXTUALIZAÇÃO

Título: O papel do partido na transformação social

Texto

No início do século XX o socialismo científico, também chamado de marxismo, foi o

carro chefe das lutas, das conquistas e das revoluções sociais promovidas pela classe

trabalhadora. Em 1917, através da organização do proletariado em um grande partido

político, a Rússia mostra ao mundo o resultado concreto da teoria marxista. A revolução

russa fortaleceu os movimentos e partidos revolucionários por todo o mundo,

ameaçando a estabilidade do modelo capitalista na medida em que demonstrava aos

trabalhadores um outro modo de organização econômica e social que garantia a

igualdade de fato e para todos.

Na atualidade, após o desmoronamento do socialismo nos países do leste europeu e a

desintegração da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), se revigorou a

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teoria liberal a qual afirma ser o capitalismo o único modelo de sociedade a garantir a

justiça para todos os indivíduos. Por outro lado anuncia a morte da teoria socialista e sua

impossibilidade de retorno, dado que, para a teoria liberal, o socialismo já demonstrou

historicamente sua impossibilidade. Contudo a realidade concreta em que vivemos hoje

tem nos mostrado o contrário do que os teóricos liberais ou neoliberais vêm afirmando.

A injustiça social é cada vez mais gritante e como conseqüência as mazelas sociais

aumentam a cada dia, em quantidade e em profundidade. Violência física, fome, drogas,

problemas ambientais, conflitos sociais, guerras, etc. denunciam a barbárie em que a

sociedade capitalista inseriu o ser humano e urge a construção de uma outra sociedade.

Com o descrédito em que caíram os partidos políticos, os projetos de sociedade

representados por estes partidos também se perderam. As siglas partidárias pouco ou

quase nada tem a ver com o programa do partido e, menos ainda com a sua prática

quando chega ao poder. Ao estudarmos Gramsci e o Partido Comunista Italiano

poderemos compreender melhor como um projeto de sociedade deve se fazer presente

em um partido e como este partido pode atuar enquanto promotor de um dado modelo

de sociedade, no caso, a sociedade socialista.

Neste aspecto pensamos que o estudo de Gramsci e do PCI terá muito a nos dizer sobre

os limites e possibilidades da disciplina de História e da Escola formal no que tange ao

processo de construção de um novo mundo, justo, fraterno e igualitário. Isto porque o

tipo de Partido defendido por Gramsci para além de um simples programa eleitoral,

chama para si a responsabilidade de construir um projeto de ser humano e de sociedade

que só se efetivará com a organização dos trabalhadores. Por isso estudar Gramsci e sua

concepção de partido é, ao mesmo tempo estudar a sociedade, suas contradições e as

perspectivas de mudanças.

5. SÍTIOS

Título do sítio: acessa.com

Endereço Web: http://www.acessa.com/gramsci/?id=277&page=visualizar

Comentários

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Neste sítio temos a página Gramsci e o Brasil, onde podemos encontrar um amplo

material sobre Gramsci e a história do Partido Comunista Italiano. Nesta página temos

desde biografia, obras comentadas de Gramsci e artigos atuais sobre estudiosos do

pensamento gramsciano do Brasil e do mundo

Título do sítio: Estudos sobre o comunismo

Endereço Web: http://estudossobrecomunismo.weblog.com.pt/arquivo/199223.php

Comentários

Neste sítio encontramos um amplo material para pesquisa e debates sobre o pensamento

e a ação marxista ao longo da história. Além disso também temos biografias, artigos

atuais, indicações bibliográficas e notícias atualizadas sobre o movimento comunista

internacional na atualidade.

6. SONS E VÍDEOS

Categoria: vídeo

Título: Terra e Liberdade

Direção: Ken Loach

Produtora:

Duração:01:30 hs

Local de publicação: EUA

Comentários

O filme retrata a guerra civil espanhola em que o POUM (Partido Obrero de Unificación

Marxista), combatia o exército fascista de Franco. Neste filme podemos trabalhar a

questão das dificuldades internas de um processo revolucionário em que diferentes

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caminhos são apontados dentro de um mesmo grupo. O filme também mostra a

divergência entre os comunistas que estavam no campo da luta armada e os que optaram

pela negociação no campo da legalidade

Texto (comentário sobre o filme): http://www.azul.net/confronto/html/terra.htm

Categoria: Áudio-CD/MP3

Título da música: Uma balada para Gija

Intérprete: Zé Geraldo

Compositor: Zé Geraldo

Título do CD: Zé Geraldo: no meio da área

Número da faixa: 8

Número do CD: 1407004-1

Nome da gravadora: Paradox music

Ano: 1998

Disponível (em endereço Web): http://www.zegeraldo.uol.com.br

Local: São Paulo

Comentário

Esta música, embora fale aparentemente sobre a chegada de uma pessoa, podemos

também interpretá-la como a necessidade da construção de um novo ser humano. A

partir disto podemos propor uma discussão sobre a educação, a parir de uma concepção

gramsciana de formação integral do ser humano. A música serviria para instigar e

despertar para esta discussão.

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Para ouvir a musica basta entrar no endereço web mencionado ir no link vitrola, clicar

em cd No meio da área e clicar na referida musica.

Texto (letra da música)

Uma Balada pra Gija

(Zé Geraldo)

Chegou numa tarde de sol no mês de setembro

Eu me lembro bem

Trazia no olhar a ternura e a esperança que traz

Todo aquele que um dia vem

Foi o dia mais calmo do ano

que o brasileiro viu

Os canteiros brotando do asfalto

De repente se viu

Os garotos saíram às ruas

Gritando as manchetes

"A incerteza acabou"

Meu canário que andava mudo, triste

Neste dia desencantou

Foi o dia mais claro do século

que a humanidade viu

Um riacho cortando o deserto

De repente se viu

Eu tinha deixado a metade da vida

às margens da estrada

Abatido e cansado da luta diária

Porteiras fechadas

Com sua chegada todo o universo se enfeitou

E eu nem sei quem primeiro chorou

Só sei que depois desse dia todo o mundo mudou

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Catedráticos voltaram pra escola

pra reformular os compêndios de vida

Matemáticos buscaram fórmulas

pra calcular a alegria incontida

Todo o povo saiu às ruas

Gritando bem alto "A incerteza acabou"

Eu só sei que depois desse dia todo o mundo mudou

7. IMAGENS

Selecionei 12 imagens sobre problemas econômicos, sociais e ambientais do modo de

produção capitalista.

Comentários

A partir das reflexões feitas através das noticias, imagens, músicas, sitios indicados

neste OAC, selecionei algumas imagens que demonstram as mazelas da sociedade atual.

Cabe chamar a atenção de que estas imagens mostram apenas as consequências de uma

determinada forma de organização econômica (modo de produção capitalista).

A entrevista de Eric Hobsbawn, postada no recurso "sugestões de leituras" deste OAC,

pode ser utilizada para compreender minimamente o funcionamento do capitalismo,

bem como a leitura do sítio indicado no mesmo. A partir destas reflexões será possível

interpretar as imagens com uma reflexão crítica, compreendendo tais situações

(demonstradas nas imagens) como resultado de uma totalidade de um sitema que produz

tais situações.

8. PROPOSTA DE ATIVIDADE

Título: A vida de Antonio Gramsci

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Dividir a sala em grupos para que busquem informações na biblioteca ou na internet

sobre o pensador italiano Antonio Gramsci.

Cada grupo buscará informações sobre uma etapa da vida deste pensador, levando em

consideração sua vida cotidiana sem dissociá-la de sua vida política.

Tais informações deverão ser condensadas em um arquivo para apresentação em slides

(power point).

Ao final cada grupo deverá apresentar para toda a turma o resultado de sua pesquisa.

Esta atividade tem como objetivo mostrar aos estudantes que as teorias científicas e os

grandes pensadores, como Gramsci, por exemplo, não são semi-deuses iluminados, mas

pessoas de carne e osso que, sensíveis aos problemas sociais de seu tempo, se dedicaram

a buscar soluções para tais problemas.

Para avaliar os alunos o professor deverá acompanhar passo a passo sua pesquisa e a

confecção do material para a apresentação. A apresentação oral deverá também fazer

parte da avaliação, haja vista a importância desta para o conjunto da sala.

9. SUGESTÕES DE LEITURAS

NOSELLA, Paolo. A escola de Gramsci. 3ª ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2004.

Para quem quer ter uma visão geral sobre a compreenção de Escola em Gramsci e como

esta desempenha seu papel na sociedade, o livro de Nosella é exelente. A partir dele

pode-se compreender que Escola para Gramsci vai muito além da instituição e possui

um caráter de aprendizagem para além do conteúdo técnico. Por isso podemos observar

em Gramsci a defesa das escolas de partido, cuja finalidade era formar militantes

capazes de se tornarem intelectuais orgânicos do proletariado.

FIORI, Giuseppe. A vida de Antonio Gramsci. Tradução de Sergio Lamarão. Rio de

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Janeiro: Paz e Terra, 1979.

Esta obra bibliográfica é uma ótima leitura para quem quer iniciar um estudo sobre

Gramsci e sua militância política. O autor vai demonstrando desde sua infância, seus

problemas econômicos, físicos e sociais, e como estas questões influenciaram em sua

formação técnica e política. O grande mérito do livro é a capacidade do autor em

associar a vida privada de Gramsci com a vida política do mesmo, sem, contudo, cair no

subjetivismo das histórias da vida privada.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere, volume 2; edição e tradução, Carlos Nelson

Coutinho; co-edição, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. 2ª ed., Rio

de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

Neste volume dos Cadernos estão reunidas as reflexões de Gramsci sobre os

intelectuais, a educação e a cultura. Em especial no texto "Intelectuais e o princípio

educativo" é onde ele desenvolve sua concepção de intelectual e de educação-escolar.

Neste texto podemos ter uma boa noção do que Gramsci entende por intelectual,

intelectual orgânico e intelectual tradicional, além de sua concepção de escola e sua

proposata da escola unitária.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Volume 3; edição e tradução Carlos Nelson

Coutinho; co-edição, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. 3ªed. Rio de

Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

Neste volume dos Cadernos do cárcere, estão reunidas as notas de Gramsci sobre

política, a em especial, sua concepção de partido. No texto Maquiavel: notas sobre o

Estado e a política, Gramsci desenvolve de maneira sistematizada sua concepção de

partido, denominado por ele de "moderno príncipe", em alusão a Maquiavel que, em sua

obra O príncipe desenvolveu um modelo de Estado e governante para este Estado.

Gramci busca interpretar Maquiavel à luz de seu tempo, tomando-o como o grande

pensador que foi capaz de demonstrar a política como ela realmente é, fugindo das

iconcepções religiosas ou româncticas que até então se dizia sobre a política.

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GRAMSCI, Antonio. Escritos políticos, volume 1e 2; organização e tradução, Carlos

Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

Estes dois volumes reunem os escritos políticos-jornalísticos que Gramsci produziu

entre os anos de 1910 e 1926. A partir deles podemos compreender a ligação direta de

Gramsci com os pensadores marxistas, desde o próprio Marx e engels, até Lênin, com

quem dialoga sistematicamente. Também é possível compreender através destes textos a

concepção de partido de Gramsci e sua luta pela construção de um partido

revolucionário para a Itália, haja vista o reformismo no qual havia caído o PSI (Partido

Socialista Italiano), do qual era militante.

10. DESTAQUES

Título: Gramsci, 1926: uma carta inédita sobre a prisão

Fonte: http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=999

Antônio Grasmci foi preso em 1926 quando estava no poder na Itália os fascistas

liderados por Benito Mussolini. Neste período Grasmci era deputado eleito do Partido

Comunista Italiano, portanto possuia a imunidade parlamentar, não podendo ser preso

legalmente. Contudo as leis pouco valiam naquele momento, principalmente para

aqueles que ofereciam perigo ao regime fascista que sustentavao capitalismo na Itália.

Na carta de Tatiana, irmã da esposa de Gramsci, escrita para seus familiares que se

encontravam em Moscou, ela narra como foi o dia da prisão de Gramsci. Ao ler a carta

vemos que, aparentemente, Gramsci, Tatiana e o próprio Partido Comunista não

percebiam a gravidade do que estava ocorrendo na Itália. Acreditavam que era algo

passageiro e que seria possível vencer o fascismo mesmo sem derrubar o capitalismo.

Gramsci não voltará mais para casa, amargará 11 anos de prisão, até sua morte em 1937.

Gramsci, 1926: uma carta inédita sobre a prisão

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Tania Schucht - Novembro 2008

Tradução: A. Veiga Fialho

Dos arquivos familiares dos Schuchts, e por ocasião do lançamento na Itália do livro A

Rússia do meu avô (de Antonio Gramsci Jr.) , ressurge uma carta de Tania (Tatiana), a

cunhada de Gramsci que morava em Roma. Nesta carta, cuja tradução para o

português tenta respeitar as particularidades estilísticas da autora, Tatiana narra pela

primeira vez aos seus familiares em Moscou como foi preso o fundador de L’Unità e do

antigo PCI. Segue-se à carta, que não tem data mas certamente foi escrita “no calor da

hora”, uma pertinente contextualização feita por Giuseppe Vacca, presidente da

Fundação Instituto Gramsci, em Roma.

Meus queridos,

Recebi a carta de mamãe e de Julia [Giulia, mulher de Gramsci e irmã de Tania], e o

cartão de Assia. Ainda bem que por aí as coisas estão melhorando, esperemos que tudo

termine bem e os meninos voltem para casa. Acredito que Julia já tenha recebido a carta

de Nedolia [?], na qual comunicava algumas coisas sobre os acontecimentos políticos

daqui. Por enquanto não se sabe nada sobre a acusação contra os deputados detidos.

Antonio não conseguiu partir [para a Rússia] por um acaso infeliz. Havia viajado à noite

para Milão, no dia do atentado contra Mussolini em Bolonha. Não tínhamos tido notícia

disso, porque o fato aconteceu num domingo, e além do mais os redatores dos jornais de

oposição já há algum tempo tinham sido excluídos da sala de imprensa. Durante o dia

Antonio almoçou comigo, como de costume, já que nos últimos dias o clima não estava

inteiramente tranqüilo e eu não queria que ele andasse pela cidade; depois ainda veio

aqui em casa, como me disse em seguida, por meia hora andou com um companheiro

perto da estação e não ouviu falar do atentado, senão por certo não teria viajado. E

assim, na chegada em Milão, na estação, comunicaram-lhe que devia voltar a Roma ou

apresentar-se à polícia. Fizeram-no voltar a Roma; vocês certamente ouviram falar das

maldades que aconteceram aqui durante vários dias; Antonio não foi a lugar algum

durante oito dias, almoçava e jantava aqui em casa, inclusive no dia em que o

prenderam esteve comigo até as dez e quinze; ao sair, disse a hora. Já o estavam

esperando no apartamento, de modo que foi ver diretamente os amigos. Ficamos

sabendo no dia seguinte de manhã. Naturalmente me preocupei em lhe mandar comida,

e quem levou foi a Marietta. Café, açúcar, frutas, ovos, uma galinha. Desde ontem

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resolvemos comprar o almoço dele no restaurante e mandar no horário de entrega.

Assim será melhor, como precaução. Esperamos que o advogado receba finalmente a

autorização para ver os detidos e então lhe transmitiremos as notícias de casa sobre o

restabelecimento de Delio, etc. Até pode ser que os soltem antes que transcorram os 15

dias exigidos para apresentar a acusação, e talvez quando o advogado tiver o direito de

vê-los. Talvez a prisão deles caiba na definição de “detenção”, prenderam-nos na

véspera da abertura do Parlamento. Acredito que Antonio se sinta forte e vigoroso,

porque compreende perfeitamente bem a situação e tinha previsto a possibilidade de

prisão e busca. Durante toda a semana fez uma “limpeza” e conseguiu despachar as

últimas coisas antes da prisão. Organizaram a ajuda material para todos, que assim não

devem sentir falta de nada. Assim que estiverem livres, informamos a vocês. Por aqui,

por causa do medo generalizado, quase não há trabalho, e me disseram que talvez não

tenha nenhum por algumas semanas. Não me preocupo particularmente porque espero

arrumar alguma coisa, não sei se aqui mesmo ou de algum outro modo. Dizem que para

o posto de plenipotenciário deve vir Kamenev e que sua mulher é uma pessoa muito

interessante, que talvez vá se ocupar da questão do instituto internacional. Naturalmente

ainda tenho dinheiro, só que me permito não lhes mandar nada neste mês, pois, com a

reserva da mamãe, me sinto mais tranqüila e não me agito inutilmente, mas talvez tudo

ainda vá se ajeitar bem. Se Antonio estivesse livre, poderia trabalhar para ele, mas não

tive nem tempo de lhe comunicar minha conversa com os dirigentes, que ocorreu

justamente na manhã do dia em que soubemos da sua prisão. Já tenho o passaporte e por

aqui está tudo tranqüilo, não houve aborrecimentos em casa. Quanto ao dinheiro, peço

que tenham paciência, porque naturalmente tive de gastar muito até mesmo com

Antonio e fazer um depósito na sua conta na prisão, para que tenha a possibilidade de

comprar alguma coisa; repito, o partido se interessa por eles e vai cuidar deles mesmo

depois, no sentido material e de outras maneiras, de modo que talvez vocês se revejam

logo. E assim, se isso não causar muitos problemas, por enquanto vou manter aqui o

dinheiro, em vez de lhes mandar. Como sabem, gasto muito pouco e, se ficar sem

trabalho por algum tempo, isso não me atrapalha muito, pois tenho uma pequena

reserva. Mas naturalmente espero me ajeitar logo e talvez tenha algum trabalho

rapidamente. Então, vou lhes mandar imediatamente o dinheiro. Por aqui, depois da sua

partida, ainda trabalhava a Glebova. Ela já se demitiu, assim como Janson Stefan, e foi

para Moscou. Abram vai partir logo, e também a datilógrafa, daqui a aproximadamente

três meses. Sobre as traduções, só Chusik pode me fazer concorrência. Não sei o que

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farão os dirigentes: dar o trabalho a ele ou a mim? Bem, são tolices, de um modo ou de

outro me arrumo. Uma pena que vocês, meus queridos, em vez de encontrar agora

Antonio em Moscou, tenham de saber notícias não muito alegres, mas isso também vai

passar; preocupam-se com tudo, por exemplo, não vão permitir que seus livros se

extraviem, vão trazê-los para nós de modo que fiquem em segurança. Coragem, Julka,

lembre que mandamos a Antonio a comida de que ele gosta, e eu também resolvi

mandar um remédio, o glicerofosfato, certamente não vai lhe fazer mal. Mas esperemos

também que o soltem a qualquer momento, como já soltaram muitos companheiros que

foram presos no mesmo período.

Deliulka, você já se tornou moscovita? E Juliancik, quem é? Escreva-me se você se

lembra da ricota, agora se pode achá-la e Tatanka comprou algumas vezes. E me conte

também sobre os cachos de cabelo; conte com quem ficaram seus cachinhos louros. E o

que anda fazendo seu cavalinho com as maçãs? E me diga também o que você está

olhando agora e o que não está. Lembra-se dos pombos e dos barquinhos negros? Falou

deles à mamãe Lula? Lembra-se dos mosquitos? Como os pegávamos, e batíamos o

sapato na parede, e acendíamos os pauzinhos que os faziam ficar grogues? Um beijo

grande. T.

Beijo grande para mamãe e papai.

11. NOTÍCIAS

Categoria: Revista 0n-line

Sobrenome:MUSTO

Nome: Marcello

Título da Notícia/artigo: A crise do capitalismo e a importância atual de Marx

Nome da revista: Agência Carta Maior

Disponível em (endereço web): http://www.inesc.org.br/noticias/noticias-

gerais/2008/setembro/a-crise-do-capitalismo-e-a-importanci

Comentários

Em entrevista à Agência Carta Maior, o historiador Eric Hobsbawn faz um balanço

sobre a atualidade da teoria de Marx. Reafirma a necessidade do estudo desta teoria,

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sem a qual, segundo ele, não é possível entender a atualidade do modelo capitalista.

Destaca o momento atual de crise do capitalismo como o elemento central que obriga

intelectuais, inclusive de direita, a retomar os estudos de Marx. Ao mesmo tempo chama

a atenção dos intelectuais de esquerda para que também retomem a teoria de Marx como

caminho para compreender a realidade, pois, "como ele [Marx] mesmo escreveu, o

mundo não pode ser transformado de maneira efetiva se não for entendido".

12. PARANÁ

Título: PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NO ESTADO DO PARANÁ

Texto

As orientações sobre a construção do Projeto Político Pedagógico, vindas da Secretaria

de Estado da Esducação, tem apresentado muito de uma interpretação gramsciana da

educação. Embora não fosse central no pensamento de Gramsci a escola formal,

institucionalizada pelo Estado, muitos educadores brasileiros trasnpuseram seu

pensamento para esta escola. Isto tem sua positividade e sua negatividade, pois, se por

um lado coloca no interior da Escola pública estatal uma teoria que se defronta

radcalmente contra o Estado burgês, que está posto, por outro corre-se o risco de reduzir

o pensamento do autor que é muito mais amplo do que apenas a questão da educação

formal.

Colocamos aqui um documento da SEED orientando as escolas na construção de seu

PPP e, embora não haja citação direta de Grasmci, nas entrelinhas e nas concepções

presentes podemos notar claramente uma visão gramsciana ou gramscista da educação.

A Construção Coletiva do Projeto Político-PedagógicoGOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ – Secretaria de Estado da Educação. Disponível em: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/cadep/projeto_construcao2005.pdf acessado em 29/03/2007

1 - PARA PENSARMOS, ANALISARMOS E CONTRUIRMOS

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1.1- QUE SUJEITOS QUEREMOS FORMAR ? Coordenação de Apoio à Direção e Equipe Pedagógica - CADEP 1.2- QUE SABERES QUEREMOS DISCUTIR ? 1.3– QUE SOCIEDADE QUEREMOS PARA VIVER? 1.4– QUE ESCOLA QUEREMOS? 1.5– QUE EDUCAÇÃO QUEREMOS PRIORIZAR? 1.6– QUE AVALIAÇÃO PRECISAMOS CONSTRUIR? 1.7– QUE CULTURA QUEREMOS VALORIZAR? 1.8– QUE CONHECIMENTO QUEREMOS TRABALHAR? 1.9- QUE RELAÇÕES DE PODER QUEREMOS MANTER ?

2 - Projeto Político-Pedagógico

2.1- O que é?

É a própria organização do trabalho pedagógico escolar como um todo, em suas especificidades, níveis e modalidades: Educação: infantil, especial e de jovens e adultos, Ensino fundamental, médio e educação profissional.

• supõe reflexão e discussão crítica sobre os problemas da sociedade e da educação para encontrar as possibilidades de intervenção na realidade.

• busca a transformação da realidade social, econômica, política ... • exige e articula a participação de todos os sujeitos do processo educativo: professores, funcionários, pais, alunos e outros para construir uma visão global da realidade e dos compromissos coletivos. • alicerça o trabalho pedagógico escolar enquanto processo de construção contínua: nunca é pronto e acabado. • fundamenta as transformações internas da organização escolar e explicita suas relações com as transformações mais amplas (econômica, social, política, educacional e cultural). • é o anúncio do devir, do que foi sonhado coletivamente e que pode passar do sonho à ação.

O ser humano é, naturalmente, um ser da intervenção no mundo à razão de que faz a História. Nela, por isso mesmo, deve deixar suas marcas de sujeito e não pegadas de objeto. Paulo Freire, 1997, p. 119

2.2. O que não é?

• um agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas • algo construído para ser arquivado prova de tarefa burocrática: pronto e acabado para ser encaminhado às autoridades educacionais. • tarefa específica do pedagogo, do coordenador pedagógico ou do Diretor

3 - PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA LDB - LEI 9.394/96 ARTIGO 12 - INCISO I Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

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“I - elaborar e executar sua proposta pedagógica”.

ARTIGO 13 e 14 Definem as incumbências docentes com relação ao projeto pedagógico: Art. 13 “I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino”. Art. 14 “I - participação dos profissionais de educação na elaboração do projeto pedagógico da escola”.

PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO LEI nº 9.394/, art. 3º “I. igualdade de condições para acesso e permanência na escola; II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III. pluralismo de idéias e concepções pedagógicas; IV. respeito a liberdade e apreço a tolerância; V. coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII. valorização do profissional da educação escolar; VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação do sistema de ensino; IX. garantia do padrão de qualidade; X. valorização da experiência extra-curricular; XI. vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”.

4 - Princípios Orientadores

4.1. Igualdade de condições para acesso e permanência no processo educativo pressupõe a aprendizagem de qualidade para todos: vagas e

qualidade político-pedagógica superar privilégios econômicos e sociais e articular as dimensões:

o técnica ou formal: instrumentos, métodos, técnicas... o política:condição imprescindível da participação – envolve fins, valores e

conteúdos. exige reflexão/definição e elaboração coletiva sobre:

4.2- pressupõe uma concepção de: Sociedade: democrática, justa, igualitária... homem/cidadão : crítico, participativo, responsável, criativo... Escola: transformadora,autônoma,emancipadora... Mundo: com igualdade para todos e todas...

4.3- Gestão Democrática: abrange além do princípio constitucional, as dimensões administrativa, pedagógica e financeira • requer o enfrentamento de todas as questões que excluem e marginalizam a criança, o jovem e o adulto construir um projeto comprometido com os interesses e anseios das camadas populares. • pressupõe a ruptura entre:

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- concepção e execução - pensar e fazer - teoria e prática - ciência e cultura

4.4 - Essa superação pressupõe o controle do processo e do produto do trabalho pelos educadores. • articula a socialização do poder e seus pressupostos: • a prática da participação coletiva elimina o individualismo. • a reciprocidade exclui a exploração. • a solidariedade supera a opressão. • a autonomia anula a dependência submissa aos órgãos intermediários. • requer a participação coletiva dos professores, funcionários, pais e alunos na construção, execução e avaliação do Projeto Político-Pedagógico. • assegura a transparência das decisões e legitimidade da participação na construção de instrumentos de gestão democrática:

- eleição de Diretores - constituição de Conselhos: Escolar, FUNDEF, Merenda, Municipal de Educação e outros - Conselho de Classe: redimensionamento de sua função pedagógica

4.5- Liberdade implica a idéia de autonomia

4.5.1- liberdade e autonomia constituem a própria natureza do ato pedagógico

“Somos livres com os outros, não, apesar dos outros.” (RIOS, 1982, p. 77)

- implica em experiência que se constrói na vivência coletiva e relações interpessoais

4.5.2 - a autonomia e a liberdade constituem vivências na relação entre:

- Administradores, - professores, - funcionários, - pais e alunos

4.5.3 - Projeto Político-Pedagógico e o contexto social mais amplo

Numa situação que expressa limites e possibilidades O próprio conceito de liberdade contém a idéia de: regras, reconhecimento e de intervenção recíproca.

“Ninguém pode ser livre se, em volta dele, há os que não o são!” (Heller, 1982, p. 155)

4.6. Valorização dos trabalhadores em educação: • princípio central na busca da qualidade e do sucesso na tarefa educativa de formação de cidadãos capazes de participarem na vida sócio-econômica, cultural e política porque está relacionada diretamente com:

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• formação inicial e continuada. • condições de trabalho: recursos didáticos, físicos, materiais, dedicação integral, número de alunos por turma. • carreira e salário: elementos indispensáveis à profissionalização.

A formação continuada é um direito de todos os trabalhadores em educação, na perspectiva da especificidade de sua função.

6 . A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: DA DISCUSSÃO À ELABORAÇÃO DO TEXTO

6.1. PROJETO

• o termo deriva do latim projectu, particípio passado do verbo projiceri. • que significa lançar para diante. • rumo, direção, opção intencional

6.2. PEDAGÓGICO

“identificação dos elementos naturais e culturais necessários à constituição da humanidade em cada ser humano e à descoberta das formas adequadas ao atingimento desse objetivo”. (SAVIANI, 1992, p. 30)

- forma de organização dos elementos necessários à assimilação do SABER, fazendo a distinção entre o essencial e o acidental, o principal e o secundário, o fundamental e o acessório

- formas adequadas de desenvolvimento do trabalho pedagógico: trata-se da organização dos meios (conteúdos, espaço, tempo e procedimentos) através dos quais, progressivamente cada indivíduo singular realize, na forma de segunda natureza, a humanidade produzida historicamente. - condições que viabilizem o acesso e a apropriação do saber sistematizado. - Requer dosá-lo e seqüenciá-lo de modo que a criança, o adolescente, o jovem e o adulto passe gradativamente do seu não-domínio ao seu domínio é o fim a atingir que determina os métodos e processos de ensino-aprendizagem.

6.3. POLÍTICO

• porque pressupõe a opção e compromisso com a formação do cidadão para um determinado tipo de sociedade.

“A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica”. (SAVIANI, 1982)

• a dimensão pedagógica reside na possibilidade de efetivação da finalidade da educação/escola: formação do cidadão crítico, responsável, criativo e participativo.

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• político e pedagógico são dimensões indissociáveis, porque propicia a vivência democrática necessária à participação de todos os membros da comunidade escolar e o exercício da cidadania

7 - PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA

7.1 - estabelece uma direção, uma intencionalidade.

7.2 - exige uma reflexão acerca da concepção de escola e sua relação com a sociedade.

7.3 - deve contemplar a qualidade do ensino nas dimensões indissociáveis: formal ou técnica e política.

7.4 - implica em esforço coletivo e participativo.

7.5 - define ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.

8 – INDAGAÇÕES 1 - que é que sabemos de estrutura pedagógica? 2 - que tipo de gestão está sendo praticada? 3 - o que queremos e precismos mudar em nossa escola? 4 - qual é o organograma previsto? 5 - quem constitui e qual é a lógica interna? 6 - quais as funções educativas predominantes? 7 - como é vista a constituição e distribuição de poder? 8 - quais os fundamentos regimentais?

“...Se sonhamos com uma sociedade menos agressiva, menos injusta, menos violenta, mais humana, o nosso testemunho deve ser o de quem, dizendo não a qualquer possibilidade em face dos fatos, defende a capacidade do ser humano em avaliar, de compreender, de escolher, de decidir e, finalmente, de intervir no mundo.” (FREIRE, P. 1997, p. 58-59)

9 - QUANTO A ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO, UM PROJETO É DE QUALIDADE QUANDO:

a) - explicita os compromissos do curso com a formação do cidadão e do profissional; b) - nasce da própria realidade, tendo como suporte a explicitação das causas dos problemas e da situação na qual tais problemas aparecem; c) - é exeqüível e prevê as condições necessárias ao seu desenvolvimento e avaliação; d) - implica em ação articulada de todos os envolvidos com a realidade do curso.

10 - ESPECIFICIDADE DO PROJETO 1 - o projeto é uma antecipação, uma vez que o prefixo pro significa antes. Relaciona-se com o tempo a vir. 2 - o projeto tem dimensão utópica, que significa, na verdade, o futuro “a fazer”, um possível a se transformar em real. é a exploração de novas possibilidades.

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3 - por ser uma construção coletiva, o projeto tem efeito mobilizador da atividade dos protagonistas. gera fortes sentimentos de pertenças quando concebido, desenvolvido e avaliado como uma prática social coletiva.

“As crianças precisam crescer no exercício desta capacidade de pensar, indagar-se e de indagar, de duvidar, de experimentar hipóteses de ação, de programar e de não apenas seguir os programas a elas, mais do que propostos, impostos. As crianças precisam de ter assegurado o direito de aprender a decidir, o que se faz decidindo. Se as liberdades não se constituem entregues a si mesmas, mas na sua assunção ética de necessários limites, não se faz sem riscos a serem corridos por elas e pela autoridade ou autoridades com que dialeticamente se relacionam.” FREIRE, P. 1997, p. 58-59

11 - PROCESSO DE DECISÃO DEVE PREVER: - mecanismos que estimulem a participação de todos no processo de tomada de decisão; - uma revisão das articulações específicas e gerais; - a descentralização do processo de decisão e a redistribuição do poder.

12 - A INSTALAÇÃO DE: • processos eletivos de escolha de diretores e alunos representante de turma; • colegiados com representação de alunos e pais; • associação de pais e mestres; • grêmio estudantil; • processo coletivo de avaliação continuada dos serviços escolares;

13 - A PARTICIPAÇÃO ELIMINA • o autoritarismo, a prepotência, a rigidez hierárquica. • a arrogância, a indiferença • o individualismo, o comodismo • as relações clientelistas, os privilégios • a resistência, a forma de pensamento único • a fragmentação, a divisão do trabalho • enfoque apenas nos resultados acusações que buscam “o culpado” • desconfiança, a tristeza, a imobilidade • discriminação, a violência • exclusão, reprovação / repetência • relações competitivas e visões exclusivamente corporativas • rotinas da organização impessoal racionalizada na burocracia

14 - A PARTICIPAÇÃO POSSIBILITA • a reflexão coletiva que favorece o diálogo, o repseito e a auto-crítica • descentralização do poder, criando uma forma de comunicação horizontal que elimina o controle hierárquico e desenvolve a autonomia • enfrentamento das relações de dominação, contribuindo para articulação de práticas emancipatórias fundamentadas na solidariedade, reciprocidade e no trabalho coletivo • instalação de processos eletivos de dirigentes, com base em ações colegiadas com representação de pais, alunos, funcionários, professores, pedagogos

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• construção de prática coletiva de avaliação contínua dos processos de organização do trabalho pedagógico e da aprendizagem • discussão crítica sobre os conflitos, as tensões e as rupturas que precisam ser enfrentadas • defesa radical do compromisso de todos com a qualidade político-pedagógica da organização escolar e da prática coletiva • indagação, face às desigualdades, que exige uma tomada de atitude democrática para transformar a referida situação. • o exercício democrático da liberdade ética, assegurando a aprendizagem para todos enquanto finalidade e obrigação da educação escolar • construção de uma visão orgânica / coesa da realidade, explicitando suas contradições, seus limites e suas possibilidades • entendimento das diferentes visões de mundo e de formas possíveis para criar o novo, a partir do que já existe em termo das condições reais e das práticas dos sujeitos do processo educativo • a necessária organização do trabalho educativo com todos os sujeitos do processo, articulando as especificidades das diferentes funções

15 - AS RELAÇÕES DE TRABALHO CALCADAS NAS ATITUDES DE: • solidariedade • reciprocidade • participação coletiva • dialógica • descentralização do poder • emancipatória • transformadora • ética

16- CURRÍCULO • implica, necessariamente, uma interação entre sujeitos que têm um mesmo objetivo e a opção por um referencial teórico que o sustente. • produção, transmissão e assimilação são processos que compõem uma metodologia de construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currículo propriamente dito. • refere-se à organização do conhecimento escolar/acadêmico. • não é um instrumento neutro. • não pode ser separado do contexto social. • deve buscar novas formas de organização curricular visando a reduzir o isolamento e a fragmentação entre as diferntes disciplinas curriculares, procurando agrupá-las num todo mais amplo.

17 - A AVALIAÇÃO (EDUCADORES): - conhecer a realidade escolar; -buscar e compreender criticamente as causas de existência de problemas; -propor alternativas (criação coletiva).

• tem um compromisso com os resultados da própria organização do trabalho pedagógico. • é um ato dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao projeto político-pedagógico. • imprime uma direção às ações dos educadores e dos educandos.

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• deve ser resultante de um processo coletivo de avaliação diagnóstica.

18 - ASPECTOS RELATIVOS AO PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO

1 - QUANTO À CONCEPÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO a) - é um processo democrático de decisões; b) - preocupa-se em instaurar uma forma de organização de trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições; c) - contém opções explicitas na direção da superação de problemas no decorrer do trabalho educativo voltado a uma realidade específica; d) - é construído continuamente, pois, enquanto produto é, também, processo, incorporando ambos numa interação possível.

19- Processo de Construção e Avaliação do Projeto Político Pedagógico

1. Ato Situacional Como compreendemos a sociedade atual? Como se caracteriza o contexto social onde a escola deverá atuar? Qual o papel da escola? A quem ela serve? Que experiências ela propicia ao aluno?

2 Ato Conceitual Em face da realidade descrita e analisada, que concepções de educação, escola, gestão, currículo, ensino, aprendizagem e avaliação se fazem necessárias para atingir o que pretendemos?

3. Ato Operacional -quais as decisões de operacionalização? -como redimensionar a organização do trabalho pedagógico? -que tipo de gestão?

19.1 Ato Situacional Ponto de partida : a prática social - descreve e situa a escola no atual contexto da realidade brasileira, do estado e do município : explicita os problemas e as necessidades. - apresenta uma análise crítica dos problemas existentes na escola, especialmente aqueles referentes a :

• aprendizagem ( análise dos dados estatísticos da escola) • formação inicial e continuada ( a partir das necessidades específicas de cada segmento de professores e funcionários) • organização do tempo e do espaço • equipamentos físicos e pedagógicos (necessidades e qualificação) • relações de trabalho na escola ( professores- funcionários- pedagogos- alunos– diretor- pais)

• participação dos pais ( descrição e análise com referência à gestão democrática) • contradições e conflitos presentes na prática docente (distância entre o discurso e a prática) • critérios de organização e distribuição de turmas : por turno, por professor. • Organização da hora/atividade : problemas e possibilidades

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19.2 Ato conceitual Ponto de chegada: o projeto político social (prática social transformada)

• pressupõe tais fundamentos e condições para construir ...(explicitar onde se quer chegar)

• busca-se uma resposta, uma utopia, a partir do compromisso coletivo.

Explicita clara e objetivamente os fundamentos teóricos : • Concepção de sociedade, homem, educação, escola, conhecimento, ensino-

aprendizagem, avaliação, cidadão, cidadania, cultura. • Concepção de gestão democrática e redimensionamento dos instrumentos de

gestão democrática : organização e finalidade – participação efetiva de todos. • Concepção Curricular – o papel do currículo na formação humana do aluno, os

limites e as possibilidades da prática docente: o Relações entre conteúdo, método, contexto sócio-cultural e fins da

educação. o Estabelecer relações entre as concepções de homem, sociedade,

mundo, educação, aprendizagem, etc, e a finalidade dos conteúdos. o Respeito à identidade cultural do aluno, na perspectiva da diversidade

cultural. o Articulação desses saberes das áreas de conhecimento, do aluno, do

contexto histórico-social e a função de mediação do professor Relação professor – aluno

• Desenvolvimento de uma prática pedagógica que articule conteúdos e a dinâmica de um processo educativo que empregue recursos didático-pedagógicos facilitadores da aprendizagem.

• Discussão continuada e coletiva da própria prática pedagógica • Intervenção constante do professor no processo de aprendizagem do aluno • Relação entre a formação continuada do professor e a dinâmica de sua prática

em sala de aula.

Gestão Democrática da escola pública: - defesa dos princípios da gestão democrática: participação, autonomia, liberdade; - administração colegiada - participação efetiva de todos os segmentos da escola na construção daconcepção, na execução e avaliação da proposta pedagógica; - organização, redimensionamento e avaliação contínua dos mecanismos de gestão democrática: Conselho Escolar, Conselho de Classe, Eleição do Diretor e do Aluno Representante de Turma, APMF, Grêmio Estudantil e outros.

Formação Continuada: uma das políticas públicas que viabilizam a qualidade da aprendizagem de todos os alunos: níveis e responsabilidade da mantenedora, da escola e do próprio profissional, em sua função específica: - professores, pedagogos, diretores, funcionários, conselheiros, alunos representantes de turma.

- a organização: da hora atividade, reunião pedagógica, Conselho de Classe - espaços privilegiados para discussão e análise das práticas educativas da escola 19.3 - Ato operacional: - delineia a luta esperançosa - as mudanças significativas a serem alcançadas - define as grandes linhas de ação e a reorganização do trabalho pedagógico

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escolar na perspectiva administrativa, pedagógica, financeira e político-educacional - apresenta as grandes linhas de ações em termos de: redimensionamento da gestão democrática: conselho escolar, conselho de classe, grêmio estudantil, eleição de aluno representante de turma, APMF e outros - definição das ações relativas à formação continuada: professores, funcionários, alunos representantes de turma, conselheiros e pais, em termos de atendimentos às especificidade dos níveis e modalidades de ensino - qualificação dos equipamentos pedagógicas: salas, biblioteca, laboratórios, pátios, etc. - especificação das ações que envolvem outras instituições e/ou especificidade curriculares. - delimitação clara das ações relativas à recuperação de estudo dos alunos. - proposição de diretrizes para avaliação geral de desempenho dos docentes, dos pedagogos e dos funcionários. - Organizar o trabalho pedagógico e a prática docente, a partir do currículo enquanto núcleo do Projeto político-pedagógico.

20 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO FINALIDADES: referem-se aos efeitos intencionalmente pretendidos e almejados. 1 - das finalidades estabelecidas na legislação em vigor, o que a escola persegue com maior ou menor ênfase? 2 – como é perseguida a sua finalidade cultural, ou seja, a de preparar culturalmente os indivíduos para uma melhor compreensão da sociedade em que vivem? 3 – como a escola procura atingir sua finalidade política e social ao formar o indivíduo para a participação política que implica os direitos e deveres da cidadania? 4 – como a escola atinge sua finalidade de formação humanística ao procurar promover o desenvolvimento integral da pessoa? 5– como a escola analisa sua finalidade profissional, ou melhor, como ela possibilita a compreensão do papel do trabalho na formação profissional do aluno?

21- ESTRUTURA ORGANIZACIONAL PEDAGÓGICA - determina as ações das administrativas - interações políticas – finalidades - questões de ensino-aprendizagem - questões de currículo

ADMINISTRATIVA: - assegura: locação e gestão de recursos - humanos - físicos – prédio, materiais didáticos, equipamentos. - financeiros.

22 DESAFIOS LANÇADOS 1 – buscar uma nova forma de organização do trabalho pedagógico nos diferentes níveis da esfera administrativa. 2 – adotar e aperfeiçoar práticas coletivas e de gestão democrática. 3– investir e apostar na cultura do sucesso escolar. 4– conceber escola como centro de cidadania.

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23 POSSIBILIDADES DE AVANÇOS NA IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

1 – Sensibilização para o registro do pensado e vivido pelas instituições. 2 – Reconfiguração das instâncias colegiadas e do trabalho coletivo ( APMF, Conselho Escolar, Conselho de Classe, Grêmio Estudantil...). 3 – Implementação de alternativas criativas para viabilizar soluções para os problemas. 4 – Correlação entre as necessidades e os interesses da comunidade às possibilidades de atendimento do projeto pedagógico da rede. 5 – Criação de proposta da auto-avaliação mais consoante ao momento democrático. 6 – Realização de congressos, seminários sobre educação Básica e o Plano Estadual de Educação... 7 – Ampliação do processo de formação continuada centrada na escola. 8 – Democratização do acesso e permanência do aluno.

24 ENTRAVES E RECUOS À CONTINUIDADE DO TRABALHO 1 – Paralisia paradigmática X formação técnico-pedagógica. 2 – Confusões conceituais e imprecisão terminológica. 3 – Limitações no trabalho dos órgãos centrais e intermediários; a rotatividade; e a constante necessidade de recomposição das equipes. 4 – Incoerência entre o discurso veiculado e a prática realizada; não incorporação efetivas das propostas pedagógicas por parte dos diversos grupos. 5 – Resistência, insegurança e pouco envolvimento. 6 – Inexperiência em gestão democrática. 7 – Excesso de atividades burocráticas. 8 – Dificuldade de deflagrar ações, visando corrigir as disfunções detalhadas. 9 – Dificuldade em respeitar os tempos e espaços escolares de cada uma das unidades escolares.