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1 PROPOSTA PROPOSTA PROPOSTA PROPOSTA PEDAGÓGICA PEDAGÓGICA PEDAGÓGICA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO MÉD PARA O ENSINO MÉD PARA O ENSINO MÉD PARA O ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE IO DA REDE ESTADUAL DE IO DA REDE ESTADUAL DE IO DA REDE ESTADUAL DE ENSINO ENSINO ENSINO ENSINO 2011 2011 2011 2011 Considerando: - que o Plano de Governo 2011-2014, no que tange a Política Educacional, estabeleceu como prioridade os seguintes eixos: democratização da gestão, do acesso à escola e do acesso ao conhecimento com qualidade social; acesso e a permanência com aprendizagem; acesso ao patrimônio cultural e, especificamente, acesso e suporte à permanência e qualificação do Ensino Médio e Profissional. - os dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96; - que o Ensino Médio, objeto de tratamento específico em todas as LDBEN, em especial a 9394/96, no que diz respeito à concepção e finalidade ainda não conseguiu, na prática, cumprir efetivamente seu objetivo. Segundo dados do INEP/MEC, estima-se que cerca de 90% dos concluintes do Ensino Fundamental ingressam no Ensino Médio, representando uma taxa de evasão do sistema de 10%, na transição de um nível para outro. Por outro lado as taxas estaduais de evasão e reprovação estão em torno de 30% das matrículas; - que está em tramitação no Conselho Nacional de Educação, uma nova resolução que deve instituir Diretrizes Curriculares para Educação Básica, a partir do previsto na LDBEN nº 9394/96, propondo um diálogo entre as áreas de conhecimentos e o mundo do trabalho para o Ensino Médio. A SEDUC/DP no cumprimento de suas atribuições, atendendo o que preconizam os dispositivos legais, ao plano de governo 2011-2014, no que se refere à qualificação e universalização da oferta do Ensino Médio, e embasada em estudos e análise de dados da realidade do Estado e do País, encaminha o processo de reestruturação curricular do nível de ensino da Educação Básica, e para tanto, elaborou e apresenta sua proposta para o Ensino Médio.

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PROPOSTAPROPOSTAPROPOSTAPROPOSTA PEDAGÓGICAPEDAGÓGICAPEDAGÓGICAPEDAGÓGICA PARA O ENSINO MÉDPARA O ENSINO MÉDPARA O ENSINO MÉDPARA O ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE IO DA REDE ESTADUAL DE IO DA REDE ESTADUAL DE IO DA REDE ESTADUAL DE ENSINO ENSINO ENSINO ENSINO 2011201120112011

Considerando:

- que o Plano de Governo 2011-2014, no que tange a Política Educacional, estabeleceu como prioridade os seguintes eixos: democratização da gestão, do acesso à escola e do acesso ao conhecimento com qualidade social; acesso e a permanência com aprendizagem; acesso ao patrimônio cultural e, especificamente, acesso e suporte à permanência e qualificação do Ensino Médio e Profissional.

- os dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96; - que o Ensino Médio, objeto de tratamento específico em todas as LDBEN,

em especial a 9394/96, no que diz respeito à concepção e finalidade ainda não conseguiu, na prática, cumprir efetivamente seu objetivo. Segundo dados do INEP/MEC, estima-se que cerca de 90% dos concluintes do Ensino Fundamental ingressam no Ensino Médio, representando uma taxa de evasão do sistema de 10%, na transição de um nível para outro. Por outro lado as taxas estaduais de evasão e reprovação estão em torno de 30% das matrículas;

- que está em tramitação no Conselho Nacional de Educação, uma nova resolução que deve instituir Diretrizes Curriculares para Educação Básica, a partir do previsto na LDBEN nº 9394/96, propondo um diálogo entre as áreas de conhecimentos e o mundo do trabalho para o Ensino Médio.

A SEDUC/DP no cumprimento de suas atribuições, atendendo o que preconizam os dispositivos legais, ao plano de governo 2011-2014, no que se refere à qualificação e universalização da oferta do Ensino Médio, e embasada em estudos e análise de dados da realidade do Estado e do País, encaminha o processo de reestruturação curricular do nível de ensino da Educação Básica, e para tanto, elaborou e apresenta sua proposta para o Ensino Médio.

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INTRODUÇÃO

Para além da grave constatação dos altos índices de reprovação e de evasão, e do senso comum de ineficiência e ineficácia de um curso, a problemática do nível de Ensino Médio remete a um emblemático dilema para os gestores e pesquisadores. Se por um lado, o ensino médio não se constitui, por si só, como acesso ao nível de ensino superior, por outro não se consagra, de forma universal, como formação profissional em nível médio e por consequência, degrau para o Ensino Superior Tecnológico.

Enquanto o texto legal possibilita alternativas de terminalidade, na prática

ainda não conseguiu construir um currículo que atenda as necessidades formativas do educando jovem, em suas pretensões pessoais e profissionais, para o exercício pleno de sua cidadania.

Uma das hipóteses é a falta de uma identidade para o ensino médio.

Localizado entre os níveis - fundamental e superior, constata-se a ausência de uma necessária articulação com o ensino fundamental, enquanto sequência de estudos, bem como, não se constitui como etapa indispensável para a construção de projeto de vida do adulto jovem.

Quando a LDBEN – nº 9394/1996 instituiu a Educação Básica englobando os

níveis de educação infantil, ensino fundamental e médio, criou o respaldo para estruturação de um projeto de educação sequencial, que contemplasse na formação, as características de desenvolvimento da criança, do pré-adolescente, do adolescente e do jovem adulto. Ou seja, o Art.22 explicita uma base comum de formação, tanto para o ensino fundamental como para o médio.

“- A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.”

No seguimento, o texto legal direciona o nível do ensino médio para assumir

características de continuidade do ensino fundamental, e o identifica como etapa final da educação básica com os seguintes objetivos:

“I – a consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamentos posteriores;

III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e desenvolvimento da autonomia intelectual e pensamento crítico;

IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando teoria e prática, no ensino de cada disciplina. Art.35 “

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Outras hipóteses tentam explicar a situação do ensino médio nos dias atuais, no entanto, na essência todas enfatizam a necessidade de um olhar mais atento para a discussão e construção de proposta para a educação básica.

“Combater as falhas de aprendizagens no ensino fundamental, talvez seja um primeiro passo para tentar reverter a crise de audiência no ensino médio” Amaury Gremaud –Pesquisador USP, (pesquisa- Relação Entre Abandono Escolar No Ensino Médio E Desempenho Escolar No Ensino Fundamental Brasileiro.) “Mas é importante não cair no erro de creditar a crise de audiência do ensino médio apenas aos problemas do ensino fundamental. O ensino médio precisa se reinventar e buscar uma nova identidade para manter esses jovens nas salas de aula.” Mozart Neves Ramos (CNE).

Portanto, a construção de uma proposta para o ensino médio que contemple as perspectivas, legais, políticas e sociais, passa por:

1. Uma formação geral sólida que advêm de uma integração com o nível de ensino fundamental, numa relação vertical, constituindo-se efetivamente como uma etapa da Educação Básica;

2. Uma parte diversificada vinculada a atividades da vida e do mundo do

trabalho, que se traduz por estreita articulação com as relações do trabalho e setores da produção e suas repercussões na construção da cidadania, com vistas a transformação social, que se concretiza nos meios de produção voltados a um desenvolvimento econômico, social e ambiental, numa sociedade que garanta qualidade de vida para todos.

Dessa forma, tendo por referência a Política Educacional constante do Plano

de Governo, a construção de uma proposta para o Ensino Médio pressupõe não só o acesso e a permanência do educando jovem na escola, oportunizando os meios necessários, tais como, transporte escolar, alimentação, mas também a sua inserção crítica no mundo do trabalho e o exercício da cidadania.

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CONCEPÇÃO

Segundo o que preconiza a LDB, o currículo do ensino médio:

“I- destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; do processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; da língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;” (Item I do Art.36- Lei n.9394/96)

Esta proposta curricular para ensino médio se baseia em concepções e

conceitos que permeiam a afirmação do direito à educação pública de qualidade para todos. A afirmação deste direito representa a universalização do acesso e da permanência com aprendizagem, respaldada por uma educação inclusiva e de qualidade. Nesta perspectiva, os referenciais da Educação Popular, da Interdisciplinaridade e da Avaliação Emancipatória, são os eixos para a construção coletiva de propostas curriculares das escolas da rede pública estadual.

EDUCAÇÃO POPULAR

Em sua vertente, o saber popular encontra em muitas experiências de políticas públicas da educação, formas diferentes de implantação. O Governo do Estado do Rio Grande do Sul fez a opção política pela inclusão social, e a concretiza na medida em que propõe e desenvolve políticas públicas que radicalizam a democracia em todas as suas instâncias. Dessa forma, produzir Políticas Públicas para a Educação, com o objetivo de oferecer acesso a todos e de qualidade social, significa fazer a opção pela inclusão.

Por mais cinco décadas, com inspiração na contribuição de Paulo Freire e

outros autores, vem sendo gestado um movimento de renovação pedagógica tendo por base a Educação Popular. A Educação Popular se explicita, como eixo de concepção pedagógica, ao sinalizar a centralidade das práticas sociais como origem e foco do processo de conhecimento da realidade, no diálogo como mediação de saberes e de conflitos e na transformação da realidade pela ação dos próprios sujeitos.

“Educação Popular - Compreende-se a educação popular, fundamentada no referencial teórico-metodológico freiriano, como uma concepção de educação, realizada por meio de processos contínuos e permanentes de formação, que possui a intencionalidade de transformar a realidade a partir do protagonismo dos sujeitos. (Instituto Paulo Freire)

Uma das características mais expressiva da prática pedagógica referenciada na Educação Popular é a definição do caráter político da educação. Baseada na necessidade intrínseca de uma atitude posicionada e crítica do educador frente à desigualdade e a opressão social e econômica.

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“A educação, se popular, isto é, tendo como ponto de partida a realidade do oprimido, pode se tornar um agente importante nos processos de libertação do indivíduo e da sociedade. Uma educação que arraste consigo procedimentos que incentivem a participação, ou seja, um meio de veiculação e promoção para a busca da cidadania, compreendida em suas dimensões crítica e ativa. Uma educação que contribua ao exercício de cobranças das ações políticas geradas em nome do povo e que também possa incentivar aspectos éticos e utópicos que, para os dias de hoje, se tornam uma exigência social. “ (CARLOS RODRIGUES BRANDÃO).

No campo educacional, a Educação Popular recoloca a práxis pedagógica no espaço mais permanente da sociedade: no espaço das lutas sociais pela emancipação do ser humano.

“Em síntese, EDUCAÇÃO POPULAR é um fenômeno de produção e apropriação dos produtos culturais, expresso por um sistema aberto de ensino e aprendizagem, constituído de uma teoria de conhecimento referenciada na realidade, com metodologias (pedagogia) incentivadoras à participação e ao empoderamento das pessoas, com conteúdos e técnicas de avaliação processuais, permeado por uma base política estimuladora de transformações sociais e orientado por anseios humanos de liberdade, justiça, igualdade e felicidade.” (CARLOS RODRIGUES BRANDÃO)

Fundamentalmente, uma proposta curricular embasada na Educação Popular, está relacionada com o compromisso de construir projetos de vida, individuais e coletivos de sujeitos que se apropriam dos processos de construção de conhecimento e que desencadeiam transformações sociais que resgatam a humanização, baseados na ética, na justiça social e na fraternidade.

INTERDISCIPLINARIDADE

Para introduzir esta temática é necessário partir do conceito de área de conhecimento (disciplina): – uma divisão didática do conhecimento, como uma visão geral sobre um assunto específico. A fragmentação do conhecimento, acompanha o preceito que o todo, dividido em partes, teria como objetivo facilitar a aprendizagem. Esta estratégia tem-se mostrado inadequada, porque além de descaracterizar o todo, desconstitui a possibilidade de construção de vínculo do conhecimento com a realidade de vida. O tratamento disciplinar do conhecimento, quando apriopiados pelos alunos, se apresentam com poucas possibilidades de aplicação na identificação e solução de seus problemas reais e concretos.

O relacionamento das grandes áreas de conhecimento e dos saberes para a resolução de problemas não é propriamente novidade, mas a intencionalidade de ações nessa direção, no que diz respeito ao ensino é recente. Advêm de uma demanda, a partir dos movimentos estudantis da década de sessenta, calcada nas questões sociais, políticas e econômicas do período.

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Através do consenso de que problemas não são resolvidos apenas à luz de uma única disciplina ou área do saber, desmistifica-se a idéia, ainda predominante, da supremacia de uma área de conhecimento sobre outra.

O pressuposto básico da interdisciplinaridade se origina no diálogo das

disciplinas, no qual a comunicação é instrumento de interação com o objetivo de desvelar a realidade.

A Interdisciplinaridade é um processo e como tal, exige uma atitude que

evidencie interesse por conhecer com familiaridade a pesquisa, a opção de compromisso com o aluno e a ousadia para tentar o novo em técnicas e procedimentos.

“Ao buscar um saber mais integrado e livre, a interdisciplinaridade conduz a uma metamorfose que pode alterar completamente o curso dos fatos em educação; pode transformar o sombrio em brilhante e alegre, o tímido em audaz e o arrogante e a esperança em possibilidade.” (Ivani C.A. Fazenda – 2008)

A interdisciplinaridade se apresenta como um meio, eficaz e eficiente, de articulação do estudo da realidade e produção de conhecimento com vistas à transformação. Traduz-se na possibilidade real de solução de problemas, posto que carrega de significado o conhecimento que irá possibilitar a intervenção para a mudança de uma realidade.

AVALIAÇÃO EMANCIPATÓRIA

A avaliação emancipatória como eixo desta proposta curricular reafirma a opção por práticas democráticas em todas as instâncias das políticas educacionais. A escola é o espaço privilegiado para a aprendizagem dessas práticas, uma vez que tem o compromisso com desenvolvimento de capacidades e habilidades humanas para a participação social e cidadã de seus alunos.

Práticas e decisões democráticas se legitimam na participação e se qualificam na reunião de iguais e diferentes, na organização de coletivos, na intermediação e superação de conflitos e na convivência com o contraditório.

Nesta perspectiva, a avaliação emancipatória insere-se no processo

educacional, como o eixo fundamental do processo de aprendizagem, não somente porque parte da realidade, ou porque sinaliza os avanços do aluno em suas aprendizagens, como também aponta no seu processo os meios para superação das dificuldades, mas especialmente, porque se traduz na melhor oportunidade de refletir e rever as práticas na escola.

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“... é possível afirmar que o paradigma da avaliação emancipatória mostra-se extremante adequado na avaliação de programas e políticas quando se tem uma perspectiva critico-transformadora da realidade e se deseja, como processo avaliativo, uma prática democrática.” (SAUL - 1998)

Enquanto conceito e metodologia, a avaliação emancipatória se caracteriza como: “... a consciência crítica da situação e a proposição de alternativas de solução para a mesma, constituindo-se em elementos de luta transformadora para os diferentes participantes da avaliação.” (SAUL -1998)

Nessa perspectiva, os integrantes do sistema educacional devem assumir o

compromisso de incorporar novas práticas avaliativas, abandonando a prática da avaliação como instrumento autoritário do exercício do poder, como função de controle, na explicitação da classificação e da seleção, conceitos estes vinculados a qualidade na produção industrial, na medida em que se propõem a uma mudança de paradigma.

CONCEPÇÃO DE CONHECIMENTO Processo humano, histórico, incessante, de busca de compreensão, de transformação do mundo vivido e sempre provisório, com origem na prática do homem e nos processos de transformação. CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO

Currículo é o conjunto das relações e atividades que se estabelecem na Escola, que se propõe a resgatar o sentido da escola como espaço de desenvolvimento e aprendizagem prazerosa, possível para todos, com sentido para o mundo real, concreto, percebido pelos alunos e alunas. Conteúdos organizados a partir da realidade vivida pelos alunos e alunas e da necessidade de compreensão desta realidade, do entendimento do mundo.

Além dos referenciais da Educação Popular, da Interdisciplinaridade, da Avaliação Emancipatória, e das concepções de conhecimento e currículo, a proposta curricular se constituirá pelas bases epistemológica, filosófica, sócio-antropológica e psicossocial:

� EPISTEMOLÓGICA: desenvolvimento e construção de representações

através de conceitos; movimento interdisciplinar responsável por aprendizagens significativas; construção da autonomia na compreensão da realidade.

� FILOSÓFICA : concepção de escola sobre seus tempos e espaços; currículo organizado para atender as características próprias dos educandos em seus aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores; movimento pedagógico flexível voltado para o sucesso do aluno.

� SOCIO-ANTROPOLÓGICA - compreensão dos significados sócio-culturais de cada prática no conjunto das condições de existência em que ocorrem; fornecem os sistemas simbólicos que se interpõem entre sujeito e objeto.

� SÓCIO-PSICOPEDAGÓGICA - relação entre desenvolvimento e aprendizagem; desenvolvimento intelectual na relação com o mundo; escola como espaço de trabalho cooperativo e coletivo.

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METODOLOGIA

Embasada neste referencial, a proposta estabelece como metodologia:

• Uma profunda articulação entre as áreas de conhecim entos e seus componentes curriculares, com as dimensões Ciência, Cultura, Tecnologia e Trabalho – através do desenvolvimento de ações, atividades e vivências pedagógicas (oficinas, visitas dirigidas e outras práticas) que visam a modificar a relação atual entre trabalho e trabalhador, numa perspectiva em que o trabalhador não fique subordinado, em sua ação cotidiana, à tecnologia, nem alienado da ciência, da economia, da filosofia, da cultura e da política que constroem, nem das forças políticas e econômicas que atuam em cada setor da economia. Isso significa que antes de aprender algum oficio nos seus aspectos práticos e imediatos, é fundamental a mediação política para sua contextualização como fenômeno histórico e suas perspectivas futuras.

• Pesquisa-ação - como metodologia de pesquisa, pedagogicamente estruturada,

possibilita a construção de novos conhecimentos e a formação de sujeitos pesquisadores, críticos e reflexivos. Segundo Thiollent,(2009)...a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. ...é vista como forma de engajamento sócio-político a serviço das causas das classes populares.

...a pesquisa não se limita a uma forma de ação (risco de ativismo): pretende-se aumentar o conhecimento dos pesquisadores e o conhecimento ou ‘ nível de consciência das pessoas e grupos considerados. ’

• O trabalho como princípio educativo – O trabalho como categoria econômica justifica a formação específica para o trabalho. No sentido ontológico, agregado ao histórico, explicita-se como princípio educativo, por que traduz a práxis humana que produz conhecimento e nesse sentido, além de superar o conceito da dualidade teoria prática (intelectual/manual) adquire o caráter de formação politécnica, quando se propõe a ressignificar e construir conhecimentos tecnológicos, das ciências sociais e naturais.

• Trabalho interdisciplinar - através de estudo de temáticas transversalizadas,

aliará teoria a prática tendo sua concretude através de Seminários Integrados. Estes Seminários, no currículo, constituem-se em espaços planejados, integrados por professores e alunos, a serem realizados desde o primeiro ano e em complexidade crescente. Organizam o planejamento, a execução e a avaliação de todo o Projeto Político Pedagógico, de forma coletiva, incentivando a cooperação, a solidariedade e o protagonismo do jovem adulto. Tem como objetivo, numa visão dialética, integrar as áreas de conhecimento e o mundo do trabalho.

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ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Entende-se por formação geral (núcleo comum), um trabalho interdisciplinar com as áreas de conhecimento com o objetivo de articular o conhecimento universal sistematizado e contextualizado com as novas tecnologias, com vistas à apropriação e integração com o mundo do trabalho.

Entende-se por parte diversificada (humana - tecnológica - politécnica), a

articulação das áreas do conhecimento, através de experiências e vivências, com o mundo do trabalho, a qual apresente opções e possibilidades para posterior formação profissional nos diversos setores da economia e do mundo do trabalho. Segundo Gramsci, Politecnia se traduz por “... pensar políticas públicas voltadas para a educação escolar integrada ao trabalho, à ciência, e à cultura que desenvolva as bases científicas, técnicas e tecnológicas necessárias à produção da existência e a consciência dos direitos políticos, sociais e culturais e a capacidade de atingí-los.”

A previsão de realização dos seminários integrados deverá constar na carga horária da parte diversificada, proporcionalmente distribuída do primeiro ao terceiro ano, constituindo-se em espaços de comunicação, socialização, planejamento e avaliação das vivências e práticas do curso. Através dos projetos construídos nos seminários integrados, se dará a interlocução, nos dois sentidos, entre as áreas de conhecimentos e os eixos transversais, oportunizando apropriação e possibilidades do mundo do trabalho.

A coordenação dos seminários integrados estará a cargo de um dos

professores das áreas do conhecimento, sendo esta exercida de forma rotativa, oportunizando que todos os professores se apropriem e compartilhem do processo de construção coletiva da organização curricular.

Além disso, poderá ser destinado um percentual da carga horária dos

professores - um de cada área do conhecimento, para ser utilizado no acompanhamento do desenvolvimento dos projetos produzidos nos seminários integrados

O desenvolvimento das práticas, das visitas, dos estágios e vivências

poderão também ocorrer fora do espaço escolar e do turno que o aluno freqüenta. A organização do Currículo do Curso de Ensino Médio será compreendida por

três anos – 2400h, sendo que, a carga horária no primeiro ano será de 75% de formação geral e 25% de parte diversificada. No segundo ano, 50% para cada formação, e no terceiro ano, 75% para a parte diversificada e 25% para a formação geral. Esta distribuição visa assegurar um processo de ensino e aprendizagem contextualizado e interdisciplinar.

Também pode se considerar a possibilidade de um acréscimo de 600h de

carga horária totalizando o curso em 3000h, não implicando em aumento do número de anos do curso. Este acréscimo, dividido em três anos, será incorporado na parte diversifica e se traduzirá por possibilidades de estágios ou aproveitamento de situações de emprego formal ou informal, desde que seu conteúdo passe a compor

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os projetos desenvolvidos pelos seminários integrados e com isto, venha a fazer parte do currículo do curso.

1° ano 2° ano 3° ano TOTAL Formação geral 600h - 750h 400h - 500h 200h – 250h 1200h 1500h Parte Diversificada 200h - 250h 400h - 500h 600h – 750h 1200h 1500h TOTAL 800h 1000h 800h 1000h 800h 1000h 2400h 3000h

Na perspectiva de garantir a interdisciplinaridade, a distribuição da carga horária da formação geral (base comum nacional) na proporção que lhe cabe em cada ano do curso, contemplará, igualitariamente, os componentes curriculares das áreas do conhecimento.

I - ÁREAS DE CONHECIMENTO: 1-Linguagens e suas Tecnologias;

2-Matemática e suas Tecnologias; 3-Ciências Humanas e suas Tecnologias; 4-Ciências da Natureza e suas Tecnologias.

II - EIXOS TEMÁTICOS TRANSVERSAIS PARA A PARTE DIVERSIFICADA: 1. Acompanhamento pedagógico; 2. Meio Ambiente; 3. Esporte e Lazer; 4. Direitos humanos; 5. Cultura e artes; 6. Cultura digital 7. Prevenção e promoção da saúde; 8. Comunicação e uso de mídias; 9. Investigação no campo das ciências da natureza; 10. Educação econômica (formação para a cidadania).

A operacionalização desta proposta, como Matriz Cur ricular dar-se-á, através de um processo de construção coletiva, que integrar á a SEDUC/CRE/ESCOLAS e COMUNIDADES.

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� Anexo I Anexo I Anexo I Anexo I ---- Mapeamento Geográfico dos SeMapeamento Geográfico dos SeMapeamento Geográfico dos SeMapeamento Geográfico dos Setores da tores da tores da tores da EconomiaEconomiaEconomiaEconomia

� Anexo II Anexo II Anexo II Anexo II ---- Zoneamento COREDESZoneamento COREDESZoneamento COREDESZoneamento COREDES

� Anexo III Anexo III Anexo III Anexo III ---- Referencial Nacional dos Eixos de Cursos Referencial Nacional dos Eixos de Cursos Referencial Nacional dos Eixos de Cursos Referencial Nacional dos Eixos de Cursos

TécnicosTécnicosTécnicosTécnicos

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Anexo - I MAPEAMENTO GEOGRÁFICO DOS SETORES DA ECONOMIA

SETOR PRIMÁRIO : AGROPECUÁRIA

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SETOR SECUNDÁRIO: INDUSTRIA

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SETOR TERCIÁRIO: SERVIÇOS

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ANEXO – II ZONEAMENTOS COREDE(s)

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ANEXO –III

REFERENCIAL NACIONAL DOS EIXOS DE CURSOS TÉCNICOS

� 1- Ambiente, Saúde e Segurança; � 2-Apoio Educacional; � 3-Controle e Processos Industriais; � 4- Gestão e Negócios; � 5- Hospitalidade e Lazer; � 6- Informação e Comunicação; � 7- Infraestrutura; � 8- Produção Alimentícia; � 9- Produção Cultural e Design; � 10- Produção Industrial; � 11- Recursos Naturais.

ELABORAÇÃO: SECRETATRIA DA EDUCAÇÃOSECRETATRIA DA EDUCAÇÃOSECRETATRIA DA EDUCAÇÃOSECRETATRIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO PEDAGÓGICODEPARTAMENTO PEDAGÓGICODEPARTAMENTO PEDAGÓGICODEPARTAMENTO PEDAGÓGICO COORDENAÇÃO DE GESTÃO DA PRENDIZAGEMCOORDENAÇÃO DE GESTÃO DA PRENDIZAGEMCOORDENAÇÃO DE GESTÃO DA PRENDIZAGEMCOORDENAÇÃO DE GESTÃO DA PRENDIZAGEM

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EDUCAÇÃO BÁSICAEDUCAÇÃO BÁSICAEDUCAÇÃO BÁSICAEDUCAÇÃO BÁSICA ASSESSORIA ENSINO MÉDIOASSESSORIA ENSINO MÉDIOASSESSORIA ENSINO MÉDIOASSESSORIA ENSINO MÉDIO

2011201120112011