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REFLETINDO: A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR NA APMF E A

GESTÃO DEMOCRÁTICA

Autora: Rosemary de Carvalho Sebastião1

Orientadora: Sandra Suely Soares Bergonsi2

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir o conceito de Gestão Democrática e a importância da participação da comunidade escolar no trabalho da Associação de Pais, Mestres e Funcionários – APMF, com estrutura e funcionamento geridos nos moldes democráticos e participativos. Para tanto foi realizado um estudo de caso, conforme Yin (2005), utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário com questões fechadas e abertas, que foi aplicado a pais, professores e funcionários de uma escola estadual, de Curitiba-Paraná, no ano de 2011. Com o intuito de ampliar as informações, criou-se um grupo de trabalho em rede na plataforma Moodle, promovendo fóruns de discussões com os professores inscritos referentes à temática. A análise dos dados fundamentou-se no referencial teórico de Libâneo (2004), Dourado (2008), Paro (2004) e Claro (2008), que discutem sobre a Gestão Democrática e a participação da comunidade escolar nas decisões. Conclui-se que para a participação da comunidade escolar nas atividades da APMF é necessário que seus membros tenham conhecimento desta instância colegiada, seu estatuto, suas legislações, seus financiamentos. Somente assim seria possível motivar e envolver a comunidade escolar de modo participativo na APMF da escola de seus filhos com vistas à construção da Gestão Democrática. Entende-se, assim, que a APMF pode sim contribuir com a democratização da gestão escolar com a efetiva participação da comunidade escolar, porém deve-se estar atento que a participação é um processo em construção na escola pública. Ainda hoje, como se pode observar neste estudo, a escola está aprendendo a se organizar coletivamente e a se expressar democraticamente.

Palavras-chave : APMF; Comunidade; Participação; Gestão Democrática.

1 Professora PDE da Rede Pública Estadual SEED – [email protected] 2 Professora Doutora, vinculada ao Setor de Psicologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e Professora Orientadora do PDE em 2010 – [email protected]

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1 Introdução

Este artigo tem como objetivo discutir a concepção de gestão escolar

democrática e de APMF (Associações de Pais, Mestres e Funcionários) que

fundamente a reflexão sobre a importância da participação de pais, professores e

funcionários na comunidade escolar.

Ele se desenvolve a partir do problema de pesquisa que traz a seguinte

questão: Em que medida as Associações de Pais, Mestres e Funcionários (APMF)

contribuem para a democratização da gestão escolar, com efetiva participação da

comunidade, no sentido de atender as necessidades do estabelecimento escolar e

da melhoria da qualidade na organização do trabalho pedagógico ou de cumprir os

preceitos da legislação?

Para responder a questão acima foi realizado um trabalho em uma escola

da rede pública estadual do Paraná, em Curitiba, no ano de 2011, que obedeceu a

seguinte sequência:

1. Apresentação do Projeto para os professores durante a semana

pedagógica;

2. Exposição da Proposta para o colegiado escolar;

3. Aplicação dos questionários para os pais, professores e funcionários,

cujo objetivo foi saber o grau de conhecimento da comunidade sobre a

APMF, sua história, estrutura e funcionamento da legislação, além da

tomada de decisão coletiva e prestação de contas;

4. Palestras e oficinas temáticas atendendo aos resultados obtidos na

tabulação dos questionários.

Nessa fase, dos 960 pais, apenas 320 colaboraram com o preenchimento

do questionário; dos 52 professores, somente 17; dos 19 funcionários; 10

colaboraram respondendo as perguntas existentes no questionário.

Independente dos resultados, a experiência acumulada da pesquisadora

com a temática levou a organizar uma palestra educativa para o grupo sobre o

Estatuto da Criança e do Adolescente, que foi coordenada pelo Ministério Público e

3

ministrada por um jurista qualificado.

O Projeto também contemplou a fase de implementação de três fóruns de

discussão na plataforma Moodle, dirigidos aos professores das escolas públicas do

estado do Paraná, interessados em uma maior precisão do conceito de

participação, e que constituem o Grupo de Trabalho em Rede (GTR).

O primeiro fórum teve como objetivo promover a discussão sobre o Projeto

de Intervenção Pedagógica da APMF – Instância Colegiada de Gestão Democrática

ou Unidade Executora.

O segundo fórum teve como tema a reflexão dos professores sobre as

ações que poderiam ser desenvolvidas em suas escolas para atrair a comunidade

escolar, com o objetivo de contribuir com a melhoria do cotidiano.

O terceiro fórum teve como meta levar os professores a vivenciarem a

prática no contexto de suas escolas.

Nessa fase do projeto foram inscritos 15 professores, porém somente 12

iniciaram e concluíram todas as atividades do GTR.

Embora Paro (2004) e Dourado (2008) afirmem que falta uma maior

precisão do conceito de participação, tais autores entendem que Gestão

Democrática escolar diz respeito à partilha do poder de participação na tomada de

decisões. Para reforçar, Libâneo (2004, p. 102) afirma “[...] que a participação é o

principal meio de assegurar a gestão democrática da escola possibilitando o

envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no

funcionamento da organização escolar”.

Partindo dessas concepções sobre Gestão Democrática, a referência para o

estudo e a prática da APMF se fundamenta nos documentos oficiais do MEC e da

SEED (Secretaria de Estado da Educação), tais como: Estatuto da APMF

(ASSOCIAÇÃO DE PAIS, MESTRES E FUNCIONÁRIOS – APMF, 2003), APMF e

Grêmio Estudantil: Leis, medidas provisórias, decretos, portarias, resoluções,

instruções normativas, pareceres, deliberações (PARANÁ, 2007). Subsídios para

elaboração do Estatuto da Associação de Pais, Mestres e Funcionários (PARANÁ,

2009), bem como de estudos teóricos como a Organização do Trabalho Pedagógico

(PARANÁ, 2010).

Para compor este artigo apresenta-se no primeiro item uma discussão

4

sobre Gestão Democrática, em seguida trata-se da história, concepção, estrutura e

funcionamento da APMF. Depois abordam-se os materiais e métodos utilizados na

pesquisa e a intervenção pedagógica na escola. Para finalmente apontarem-se os

resultados e conclusões que se chegou com este estudo.

2 Gestão Democrática

Para que a escola possa ser democrática, é fundamental que haja

participação de todos os segmentos: pais, professores, funcionários e alunos da

escola na tomada de decisões. Para isso, o gestor da instituição escolar deve criar

um ambiente propício para que esses segmentos possam opinar e ter liberdade para

expor suas ideias, discutir seus pontos de vista, conceber projetos e colaborar na

execução das ações coletivamente.

A efetivação da Gestão Democrática na escola é um processo que envolve a

vivência e a experiência cotidiana de participação nas tomadas de decisões.

E o que qualifica a participação da comunidade escolar no processo

decisório é o compromisso com a aprendizagem e com o conhecimento dos

assuntos específicos da escola, por exemplo, a legislação.

Dourado (2008, p. 56) vem reforçar as ideias acima quando diz que

[...] a democratização da gestão escolar implica a superação dos processos centralizados de decisão e a vivência da gestão colegiada, na qual as decisões nasçam das discussões coletivas, envolvendo todo o segmento da escola num processo pedagógico.

Paro (2004) também remete à compreensão de que por Gestão Democrática

subentende-se a participação da comunidade. Porém alerta que este termo deve ser

mais bem conceituado. Ele afirma estar:

5

[...] preocupado, no limite, com a participação nas decisões. Isto não elimina, obviamente, a participação na execução; mas também não a tem como fim e sim como meio, quando necessário para a participação propriamente dita, que é a partilha do poder de participação na tomada de decisões (PARO, 2004, p. 16).

A participação nem sempre ocorre como deveria, porque a escola pública

ainda está aprendendo a se organizar coletivamente e a se expressar

democraticamente. Muitos dos cidadãos envolvidos na comunidade escolar, pais

alunos e funcionários, ainda desconhecem a possibilidade de participar das tomadas

de decisões, na maioria das vezes as atividades escolares são coordenadas por

professores que ocupam cargos centralizando as responsabilidades que deveriam

ser compartilhadas nas instâncias colegiadas. Sobre isso Claro (2008, p. 11) é bem

objetivo:

[...] um processo de vivência e aprendizado, de caráter pedagógico que envolve o conhecimento da legislação, a discussão e a participação do diretor na implantação e consolidação de mecanismos organizacionais. O diretor assume o papel de coordenador das atividades gerais da escola e também acaba assumindo um conjunto de responsabilidades a serem partilhadas com diferentes segmentos da escola.

Portanto o processo democrático pressupõe o envolvimento de todos os

participantes da instituição educacional no contexto social. Esta proposta de inclusão

diz respeito também à representatividade da APMF, pois ela deve ser comprometida

e atuante na gestão escolar.

Libâneo (2004, p. 102) reforça que:

A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. Além disso, proporciona um melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de sua dinâmica das relações da escola com a comunidade, e favorece uma aproximação maior entre professores, alunos e pais.

6

Como o autor assegura acima, a democracia na escola pode ser

compreendida como forma de participação da comunidade escolar, inclusive por

meio da participação qualificada dos distintos segmentos na APMF.

3 APMF Contribuindo para uma Gestão Democrática

APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários) tem caráter de pessoa jurídica de direito privado, é um órgão de representação de pais e profissionais do estabelecimento de ensino, não possui caráter político partidário, religioso e racial: é uma instituição sem fins lucrativos, seus dirigentes e conselheiros não são remunerados: e se constitui por prazo indeterminado (ASSOCIAÇÃO DE PAIS, MESTRES E FUNCIONÁRIOS – APMF, 2003. p. 05).

A APMF se caracteriza pela Gestão Democrática através da participação nas

tomadas de decisões com igualdade da comunidade escolar interna e externa.

É muito vasto o campo de participação da APMF. Dentre os inúmeros

objetivos, o mais complexo é o de gerenciar os recursos financeiros da escola. Além

disso, também possui outras atribuições relevantes, como: acompanhar o

desenvolvimento da Proposta Pedagógica, sugerindo as alterações que julgar

necessárias ao Conselho Escolar; estimular a criação e o desenvolvimento de

atividades para pais, alunos, professores, funcionários, assim como para a

comunidade, após análise do Conselho Escolar; mobilizar a comunidade escolar, na

perspectiva de sua organização enquanto órgão representativo, para que ela

expresse suas expectativas e necessidades (ASSOCIAÇÃO DE PAIS, MESTRES E

FUNCIONÁRIOS – APMF, 2003, p. 6- 8).

Tais objetivos e competências na maioria das vezes não são do

conhecimento e da prática dos membros das APMFs nos estabelecimentos de

ensino. Com isso a maioria das escolas faz uso de algumas estratégias com o

objetivo de ampliar a participação da comunidade escolar em certas atividades que a

escola realiza.

7

A maioria das escolas solicita através da APMF, no ato da matrícula, uma

contribuição voluntária, que se refere à contribuição comunitária que subsidia as

APMFs, amparada legalmente pelo Decreto n.º 1.066/87, de 04 de agosto de 1987,

em seu Art. 1.º. A contribuição comunitária é a importância fixada pela comunidade

como forma de colaboração voluntária e melhoria do atendimento escolar.

Outra forma da APMF suprir as necessidades que a escola apresenta diz

respeito à angariação de recursos financeiros. No entanto, para angariação desses

recursos, é necessário que APMF disponha de pessoal para atendimento de

determinadas necessidades da escola. Como pais, professores e funcionários têm

outros afazeres em horários que a APMF necessita de atendimento, isso inviabiliza

projetos desta natureza – como atender as cantinas escolares3.

Isso significa que o trabalho da APMF é um serviço voluntário, amparado por

lei4, portanto é muito complexo, porque as pessoas que estão dispostas a ajudar, e

têm seus filhos matriculados na rede estadual de ensino do estado do Paraná,

precisam trabalhar para poder manter suas famílias, e não dispõem de tempo para

dar o atendimento às necessidades da escola.

Com intuito de sanar problemas de arrecadação pela falta de verbas,

sempre surge por parte de algum membro do colegiado a sugestão de organização

de rifas, sorteios e similares, porém estes são impedidos pela Lei n.º 15.459/87, de

15 de janeiro de 2007, em seu Art. 1.º5.

Para colaborar nas formas de arrecadação das verbas da APMF acima

descritas, a política governamental tem criado Programas e Projetos que ofertam às

escolas recursos como, por exemplo:

• Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE);

• Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola);

• Programa Mais Educação; Programa da Educação Integral;

3 Conforme a Lei n.º 10.054, de 16/07/92, publicada no Diário Oficial n.º 3.807, de 17/07/92, em seu art. 1.º. “As cantinas comerciais nas escolas de primeiro e segundo graus da rede oficial de ensino funcionarão sob a supervisão da direção do estabelecimento de ensino e responsabilidade da direção e exploração do grêmio estudantil e/ou Associação de Pais, Mestres e Funcionários”. 4 A Lei 9.608/98, de 18/02/98, publicada no Diário Oficial, de 18/02/98, em seu parágrafo único, diz: “O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim”. 5 “Fica proibida a venda de rifas e afins por alunos matriculados nas escolas estaduais do Paraná”.

8

• Programa Escola Aberta e Programa Anjos da Escola.

No entanto esses Programas exigem da comunidade escolar a elaboração

de Projetos para captação de recursos que venham desonerar a comunidade

escolar de financiar as políticas públicas da educação que são responsabilidades do

estado.

3.1 Trajetória e Concepção da AMPF no estado Paraná

As primeiras unidades executoras receberam a denominação de Caixas

Escolares e surgiram ainda no séc. XIX. A primeira experiência ocorreu com alunos

do Distrito Federal, então sediado na cidade do Rio de Janeiro.

A história das associações passou por várias nomenclaturas, a princípio

conhecida por Caixas Escolares, passando para Cooperativa Escolar, Associação de

Pais e Professores, Associação de Pais, Mestres e Professores e, finalmente,

Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF).

Dessa experiência fecundou o decreto n.º 38, de 09 de maio de 1893, que

no art. 64 estabelece não só a criação, mas também as funções das Caixas

Escolares (LUZ FILHO, 1960, p. 140-141), isso no governo de Floriano Peixoto na

chamada 1.ª República (República Velha).

As organizações das comunidades escolares foram criadas no Rio de

Janeiro por Fábio Luz, médico, escritor, pedagogo e fundador da primeira Caixa

Escolar, em 30 de junho de 1895. Com o decorrer do tempo as Caixas e as

Cooperativas Escolares se tornaram expressivas para a organização das

comunidades em associações.

A Caixa Escolar, conforme informação de Parente e Luck (2002, p. 156-162),

nos mostra sua natureza, da mesma forma que se apresenta a APMF no seu

Estatuto:

9

A Caixa Escolar: é uma instituição jurídica, de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como função básica administrar os recursos financeiros da escola, oriundos da União, Estados e Municípios, e aqueles arrecadados pelas unidades escolares, ou seja, são unidades financeiras executoras, na expressão pelo MEC.

Desde 1914 (período do governo de Hermes da Fonseca) foram

encontrados registros de atividades da Caixa Escolar de caráter de caridade e

voluntariado. Como se observa no recorte abaixo, em nota do Colégio Estadual

Dezenove de Dezembro, localizado em Curitiba, uma das primeiras associações,

nomeadas como Caixas Escolares. Tais dados foram publicados em 1923, em uma

nota6 de um jornal da capital.

Figura 1 – Nota do Colégio Estadual Dezenove de Dezembro

Fonte: Livro de Registros do Colégio Estadual Dezenove de Dezembro (1923)

No governo do presidente Washington Luis, último presidente do período da

República Velha, em 1929, foi criada a Caixa Escolar “Princesa Isabel” do Grupo

Escolar Francisco Guimarães, do município de Siqueira Campos, conforme consta

na ata n.º 1, p. 02, de 13/05/1929.

6 Registro sobre “Caixa Escolar” encontrado no Livro de Registros do Colégio Estadual Dezenove de Dezembro – livro n.º 1 – aberto em 1914 – ano provável da publicação da nota 1923, não foi possível identificar o nome do jornal: “Notas e factos: Pela caixa escolar do Grupo 19 de Dezembro, creada annos d. Itacelina Teixeira Bittencourt, há dias fez larga distribuição, de roupas e sapatos aos alunos pobres da referida casa escolar, que actualmente é dirigida pelo professor Nelson Mendes”.

10

Em 1933, teve início a extinção das Caixas Escolares devido ao surgimento

das Cooperativas, porém ainda por um período ambas eram utilizadas. Esse período

foi conhecido como Nova República e tinha como governante o presidente Getúlio

Vargas.

No governo constitucional (1934-1937) de Getúlio Vargas, em 1935, foi

fundada a Cooperativa Pestalozzi, do Grupo Escolar Francisco Guimarães, em

Siqueira Campos, conforme dados informados em ata7. Como aponta a ata já

referenciada acima e outra datada de 22/10/1938, funcionavam paralelamente a

Cooperativa Escolar Pestalozzi e a Caixa Escolar Princesa Escolar. Hoje esta

instituição denomina-se Colégio Estadual Maria Aparecida Chueiri Salcedo e conta

com a APMF Professor Eurides Silva.

No Diário Oficial do Estado do Paraná, n.º 1.887, de 21 de julho de 1938, foi

publicada a portaria 107, que aprova os Estatutos das Cooperativas Escolares.

Figura 2 – Portaria 107 Fonte: Paraná (1938)

Ainda na fase ditatorial do governo Vargas, em 26/06/1941, o Grupo Escolar

Dr. Xavier da Silva, na cidade de Curitiba, implantou a Cooperativa Escolar,

conforme decreto n.º 22.239, de 19/12/1932.

A ideia das Cooperativas Escolares não era nova, ela foi gestada, segundo

Ribeiro (1980), na França, após a 1.ª Guerra Mundial, com a necessidade de

reconstruir o país, atendendo com prioridade os setores mais urgentes, as escolas

7 Ata de 30/07/1938 da Cooperativa Escolar Princesa Isabel.

11

cujos prédios necessitavam de recuperação, porém não havia recursos materiais

para executar tais atividades. O esforço da população francesa para recuperação

das escolas tinha como objetivo levar os jovens a recuperar o seu interesse pelo

estudo e seu preparo para contribuir com a reconstrução do país.

Sendo assim, Profit (apud RIBEIRO, 1980) tomou a iniciativa de motivar os

alunos para se reunir e tentar conseguir, por si próprio, os meios para recuperar a

escola, fazendo surgir a ideia de cooperação escolar, com agrupamentos de alunos,

autorizada por seus pais, em sociedades chamadas cooperativas escolares.

No Brasil, os primeiros estatutos de Cooperativas Escolares foram

elaborados por Fábio Luz Filho. Tais estatutos, denominados também de Caixas

Escolares, como afirma o próprio autor, já davam às Cooperativas Escolares todo

seu inconfundível valor pedagógico e não o de meros armazéns de compra e venda

de material didático.

Nesse contexto, Ribeiro (1980, p. 09) afirma que:

Podemos conceituar cooperativa escolar como uma associação entre alunos, professores, diretores, pessoal administrativo e família, com a finalidade de transformar a escola em um centro de integração de valores, princípios e objetivos da comunidade.

Em 09 de maio de 1953, formalizou-se a Associação de Pais e Professores

(APP) do Colégio Estadual do Paraná8. Período marcado pelo retorno de Getúlio

Vargas à presidência pelo voto direto e que o Paraná era governado por Bento

Munhoz da Rocha Neto.

No período em que Juscelino Kubitschek de Oliveira governava o Brasil e

Moisés Lupion o Paraná, o Instituto de Educação do Paraná fundou a Associação de

Pais e Professores (APP) em 23 de agosto de 1960, conforme Estatuto da

Associação de Pais e Professores, com registro no Cartório de Registro de Pessoas

Jurídicas, livro A, p. 1.666, em 08/10/1965, e no Serviço Social Escolar da Divisão de

8 Único registro encontrado sobre Associação de Pais e Professores na época. Não foram encontrados documentos sobre Caixas Escolares e Cooperativas Escolares nos registros do Colégio Estadual do Paraná.

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Assistência ao Educando da S.E.C, sob n.º 572, em 23 de setembro de 1974.

Documento encontrado na biblioteca da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná.

E em 23 de fevereiro de 1968, o Colégio Estadual Tiradentes, de Curitiba,

fundava a sua Associação de Pais e Professores – APP.

De acordo com Balzer, Ártigas, Sebastião e Fank (2009, apud PARANÁ,

2010), nesse contexto do surgimento e desenvolvimento das Caixas, Cooperativas e

Associações, processualmente manifestam-se dimensões pedagógicas,

econômicas, assistencialistas e filantrópicas. Tais dimensões se legitimam nos

contextos da escola nova, da modernização da educação e da desresponsabilização

do Estado do seu papel frente ao financiamento da Educação. Cabe observar a LDB

n.º 4.024/61, em seus artigos 107 e 115, que estimula a colaboração popular na

responsabilização pela oferta e manutenção da educação pública. Estimulando a

implantação de

[...] associações de pais e professores, ressaltando a responsabilização da família em lugar do poder público, por onde o próprio deveria apenas, e neste sentido, estimular a colaboração popular em favor das fundações e instituições culturais e educativas de qualquer espécie, grau ou nível sem finalidades lucrativas, facultando aos contribuintes do imposto de renda a dedução dos auxílios ou doações comprovadamente feitos a tais entidades (BRASIL, 1961, p. 66).

Embora acima as autoras critiquem, segundo a SEED (ASSOCIAÇÃO DE

PAIS, MESTRES E FUNCIONÁRIOS – APMF, 2003), há uma valorização dessa

finalidade, o que expressa o decreto n.º 10.527/63, art. 55.º, item c, de 09 de janeiro

de 1963: a finalidade da unidade executora instituída foi acrescentada, ao invés de

somente arrecadar fundos para a escola, passou a cooperar com a mesma, “[...]

assegurando ao educando o máximo de desenvolvimento na sua educação,

procurando eliminar causas que impedissem o aproveitamento, o ajustamento e a

13

integração da criança na escola” (ASSOCIAÇÃO DE PAIS, MESTRES E

FUNCIONÁRIOS – APMF, 2003, p. 04).

Todo esse movimento de regulamentação das associações se dá no cenário

da ditadura militar, como se pode perceber.

Dando continuidade ao movimento de 1963, em 1968, foi publicada no Diário

Oficial, n.º 167, de 19/09/68, a portaria n.º 11.124, estipulando “[...] regras de

organização e funcionamento das Cooperativas Escolares e das Associações de

Pais e Mestres” (PARANÁ, 2009, p. 10).

O objetivo era implantar de forma organizada e controlada essas regras nas

APPs existentes e também a criação de Associações de Pais e Professores em

todas as escolas estaduais do estado do Paraná. Assim, em 1969, foi criada a CAE

– Coordenação de Assistência ao Educando.

Na década de 1970, no governo paranaense de Paulo Pimentel Filho, tinha-

se uma política com as intenções reveladas, para formas mais controladas,

(vigiadas), que procuravam implementar ações que progressivamente

responsabilizavam a comunidade escolar (professores, pais e alunos) pela captação

de recursos e manutenção dos estabelecimentos de ensino.

“A criação e funcionamento das Caixas Escolares, Cooperativas Escolares,

Associações de Pais e Professores, de Pais e Mestres, têm servido historicamente a

diversos interesses, do mais progressista ao mais conservador.” (PARANÁ, 2010, p.

72).

Em “[...] 23 de maio de 1974, a resolução n.º 2.135/74 determinou às

Inspetorias Regionais de Ensino do Paraná, que providenciassem, junto às direções

dos estabelecimentos de ensino, a criação e dinamização de Associações de Pais e

Professores.” (ASSOCIAÇÃO DE PAIS, MESTRES E FUNCIONÁRIOS – APMF,

2003, p. 04).

Em 1979, no final do governo militar, estabeleceu-se linhas de ação para a

efetivação de um projeto institucional de organização e dinamização das APMs,

estabelecendo como um dos objetivos do Programa ‘estimular, ativar e avaliar’ o

desenvolvimento das Associações de Pais e Mestres.

Essa ação federal foi acompanhada pelo governo republicano de Ney Braga,

14

que na década de 1980, no Paraná, com a política de redemocratização do Estado

Brasileiro, provocou uma tentativa de reorganização do papel das APMs. Somente

na década de 1990, o ideal da ditadura militar se concretizou nas mãos do governo

de Álvaro Dias, quando da legalização, que resultou no aumento quantitativo das

APMs no Paraná. Como se pode observar na pesquisa realizada por Almeida (2006,

p. 144): “Num processo democrático em 1995 estavam legalizadas no Estado

apenas 500 (quinhentas) APM, enquanto que no ano de 1997, o Estado já possuía

2000 (duas mil) APM legalizadas”.

No Paraná, atualmente, 2.183 escolas são estaduais, destas escolas,

segundo dados da Secretaria de Estado da Educação (SEED), 2.159 possuem

APMFs.

Essa dinâmica de criação da APMF, após ampla discussão, com os

representantes dos segmentos da escola e da comunidade, levou à criação, em

2003, da atual nomenclatura Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF),

que inclusive estimulou a construção de uma nova sugestão de Estatuto, em que foi

contemplado o segmento dos funcionários.

4 Resultados e Discussões

A pesquisa, que teve como base um estudo de caso, foi realizada em uma

escola estadual do município de Curitiba, e utilizou como fonte de evidência principal

o questionário.

Os questionários foram distribuídos para toda a população a ser investigada:

970 (novecentos e setenta) pais, dos quais retornaram 320 (trezentos e vinte)

questionários, 52 (cinquenta e dois) professores, retornaram 15 (quinze)

questionários e 19 (dezenove) funcionários, retornaram 10 (dez) questionários.

Isso significa que do universo de pais que pretendia se investigar somente

32,98% respondeu os questionários, enquanto que o universo de professores foi de

28,30%, e o universo de funcionários foi de 52%. E isso nos leva a inferir a falta de

interesse, por parte de pais, professores e funcionários, pelo trabalho de

15

conscientização sobre a importância de suas participações na APMF.

No que diz respeito ao conhecimento da APMF, 84% dos pais responderam

saber o que é uma APMF, já os professores não foram inquiridos neste

questionamento, e os funcionários, 80% responderam sim, que sabem o que é uma

APMF.

Libâneo (2004) afirma como necessário, para garantir a Gestão Democrática

na escola, a participação da comunidade no processo decisório. Porém, a

participação da comunidade no processo decisório requer o conhecimento dessa

instância decisória.

De forma incoerente, desses pais que afirmam conhecer a APMF, 77%

afirmam desconhecer o seu Estatuto. Cinquenta e um por cento dos pais informam

que são convidados para as reuniões, no entanto 80% dizem que não participam. Os

pais também se negam a contribuir com sugestões para melhorar com o trabalho da

APMF.

Da mesma forma que os pais desconhecem o Estatuto da APMF e não

participam das suas reuniões, os dados referentes às respostas dos professores não

são menos alarmantes: 67% dos professores desconhecem o Estatuto. Embora 60%

dos professores afirmaram terem sido convidados para participar das reuniões, 80%

manifestaram que não participam e que não gostariam de participar das atividades

da APMF.

Reforçando os dados dos pais e dos professores, os funcionários também

responderam que não participam das reuniões e nem das atividades propostas e

afirmam, ainda, que não gostariam de participar das atividades da APMF, mesmo

sendo convidados.

Dessa forma, as respostas dos questionários demonstram que pais,

professores e funcionários desconhecem a estrutura e o funcionamento da APMF, a

sua forma de gestão administrativa e financeira.

Professores e funcionários apontaram nos dados informados nos

questionários que os órgãos colegiados existentes na escola em que trabalham não

são ativos. Em relação aos pais, dos 320 (trezentos e vinte) questionários que

retornaram, 133 (cento e trinta e três) emitiram parecer positivo a respeito da APMF,

contra 50 (cinquenta) questionários com parecer negativo, e 137 (cento e trinta e

16

sete) deixaram de emitir seus pareceres tanto positivo como negativo.

Os pais apontaram como pontos positivos em relação ao trabalho da APMF:

“compromisso da APMF com a escola”; “benfeitorias, reformas, aquisição de

materiais e equipamentos realizados pela APMF na escola”; e “participação atuante

da presidência junto à direção e aos pais”.

Como pontos negativos, os pais apontaram a necessidade da

conscientização sobre a contribuição financeira mensal para a manutenção das

atividades realizadas pela APMF; a baixa frequência da participação dos pais nas

atividades realizadas; e ainda a falta de informação sobre as decisões e a estrutura

e funcionamento da APMF.

Diante disso, como sugestão, os pais apontam a necessidade de maior

divulgação da APMF por meio de jornais informativos (escrito, on-line), para ampliar

o número de pais e professores participantes.

Os professores apontaram como ponto positivo do trabalho da APMF na

escola a organização de eventos, a participação dos pais e a manutenção da escola.

Mas por outro lado apontaram como ponto negativo a pouca participação e a falta de

conhecimento dos pais sobre a APMF, além dos poucos recursos financeiros que

arrecadam para sua manutenção.

Treze (13) professores não emitiram sugestões que contribuam com o

trabalho da APMF na escola, e somente cinco (05) professores apontaram a APMF

como necessária. Estas são algumas sugestões que apareceram: que haja reuniões

e repasses mais frequentes de suas ações, junto ao corpo docente, que o trabalho

da APMF tenha continuidade, visando à integração comunidade e escola, as ações

que a APMF contribui deveriam ser mais divulgadas e ela deveria estar mais

presente junto aos alunos, maior envolvimento por parte dos pais para ações

conscientes e comprometidas com a melhoria da qualidade de ensino.

No que diz respeito aos funcionários, somente 03 (três) deles emitiram

pontos positivos e 02 (dois) emitiram pontos negativos, os demais deixaram a

questão em branco, omitindo um parecer avaliativo. Da mesma forma, somente 01

(um) funcionário contribuiu com sugestões para melhoria do trabalho da APMF na

escola.

A opinião dos funcionários também expressa a falta de democracia nas

17

ações da APMF da escola, quando afirmam que “as decisões não são informadas

para todos”, ou ainda quando reclamam sobre o “repasse de informações”.

Embora nos pontos positivos as respostas afirmem que a APMF “se envolve

com a comunidade”, as sugestões dos funcionários são de que “mais pessoas

deveriam fazer parte da APMF”; que “as decisões devem ser levadas a todos os

envolvidos”; e que ela deve “envolver mais a comunidade através de reuniões,

palestras e atividades para os pais participarem”.

Durante o curso GTR os professores participantes sugeriram que para

melhorar a atuação da APMF, nas escolas, é necessário que pais, professores e

funcionários sejam submetidos a um processo pedagógico que envolve atividades

como seminários:

• grupos de estudos;

• análise dos documentos da escola (Projeto Político Pedagógico –

PPP);

• Proposta Pedagógica Curricular (PPC);

• Regimento Escolar;

• plano de ação da escola e (outros).

Além disso, a escola deve estar preocupada em discutir assuntos

importantes, como a indisciplina, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),

avaliação institucional, formas de controle social.

A escola, segundo sugestões dos professores participantes do GTR, deve

promover também atividades, que valorizem os aspectos positivos dos seus filhos,

para atrair a comunidade escolar – atividades de música, teatro, poesia, coral,

apresentações, concursos –, com orientação dos professores e participação dos

alunos. Outra sugestão dos professores do GTR é que a escola convoque os pais

para reuniões, planejadas de forma breve e objetiva, sendo no máximo três reuniões

por ano, ou uma por bimestre.

Durante as atividades previstas e realizadas no processo de implementação9

9 Reuniões sobre: Estatuto da Criança e do Adolescente; Estatuto da APMF; Legislação e verbas recebidas através da APMF; Oficina: Gestão Democrática e as comparações das associações anteriores até a atual APMF; e apresentação dos resultados obtidos nos questionários respondidos pelos pais, professores e funcionários.

18

na escola, muito embora a pesquisadora tenha convidado 870 pais, para todas as

reuniões realizadas, a participação foi mínima, porque não se efetivou nem em 5%

do total, sendo que gradativamente ainda o percentual foi diminuindo nas reuniões

seguintes.

A participação dos professores nas reuniões foi de apenas 17%, e só 5%

dos funcionários compareceram, portanto as participações deixaram muito a desejar.

Apesar de que os poucos participantes, ao sentirem a relevância das reuniões, se

comprometeram a convidar os que não participaram para comparecerem nas

próximas reuniões.

Na primeira reunião do processo de implementação, com o público acima

descrito, a pesquisadora levou de forma sistematizada os pontos positivos e

negativos apontados pelos participantes, bem como os pontos sugeridos por eles

para contribuir com a melhoria do trabalho da APMF na escola. Assim, com base nos

dados, estabeleceu-se um plano de trabalho que visou atender a expectativa

expressa pelos questionários.

Realizaram-se reuniões abordando o Estatuto da Criança e do Adolescente,

coordenadas por um técnico do Ministério Público, e estudo dirigido aos membros da

APMF, coordenado por uma técnica pedagógica da SEED, sobre Estatuto, legislação

e verbas recebidas pela APMF.

Concluindo a fase de implemetação, foi realizada pela pesquisadora uma

oficina pedagógica, com o objetivo de levar os participantes à compreensão do

conceito de Gestão Democrática, e um estudo histórico das associações até a atual

APMF.

Como resultado da implementação, obteve-se a elaboração de um plano de

trabalho coletivo que sugeria para a direção da instituição um cronograma com

palestras, reuniões e apresentações de diversos assuntos – relacionados na fase de

implementação – com atividades que deveriam ser estendidas aos alunos e

estimuladas visando uma maior participação dos pais, professores e funcionários.

19

5 Conclusão

O trabalho desenvolvido permitiu que se chegasse a alguns pontos que

sustentam a questão central da pesquisa, que diz respeito à contribuição da APMF

na democratização da gestão escolar, com efetiva participação da comunidade, no

sentido de atender as necessidades do estabelecimento escolar e realizar melhoria

da qualidade na organização do trabalho pedagógico ou cumprir os preceitos da

legislação.

Após a implementação do projeto na escola, conclui-se que para a

participação da comunidade escolar nas atividades da APMF era necessário que

seus membros obtivessem conhecimento sobre esta instância colegiada, seu

estatuto, suas legislações, seus financiamentos. Pois somente por meio do

conhecimento sobre o assunto seria possível motivar e envolver a comunidade

escolar de modo participativo na APMF da escola de seus filhos com vistas à

construção da Gestão Democrática. Já que, para Libâneo (2004), é pela

participação, principalmente, de pais, professores e funcionários, no processo

decisório e no funcionamento da organização escolar, que se constitui a Gestão

Democrática em uma escola.

Observou-se também a baixa frequência dos membros da comunidade

escolar nas reuniões da APMF. Mesmo sendo os pais a maioria, percebeu-se que

poucos emitem suas opiniões sobre o processo pedagógico e também sobre os

assuntos que não sejam relacionados ao seu filho.

Com isso observamos que a escola encontra dificuldades para atrair os pais

às reuniões, bem como fazê-los participar, emitindo suas opiniões nas tomadas de

decisões. Isso se dá devido à falta de conhecimento sobre o assunto, o que os

constrange a dar uma opinião.

Cabe ressaltar também que a desinformação não é só dos pais, mas sim de

professores e funcionários, o que também os afasta da participação no processo

decisório.

Embora a participação dos membros da APMF da escola investigada tenha

sido quantitativamente muito baixa, percebeu-se que houve envolvimento efetivo da

20

comunidade escolar nas tomadas de decisões a partir do momento em que o

processo de internalização de conceitos se efetivou durante a fase de

implementação.

A efetiva legitimação da APMF como instância democrática se dá conforme

Dourado (2008) explica: quando o corpo diretivo da instituição abandona o histórico

vício da gestão centralizada e promove o exercício da discussão e da decisão

coletiva.

Porém, a prática da discussão e da decisão coletiva não é tão simples, pois

demanda tempo e aprendizado. Portanto é um projeto pedagógico a ser perseguido

a curto, a médio e a longo prazo pelas administrações que se querem democráticas.

Pois, conforme Monlevade (2005), o Projeto Político-Pedagógico da Escola é fruto

de um trabalho coletivo dos vários segmentos da escola. Este trabalho caracterizará

a identidade da escola, a representação de seus membros. E isso só acontecerá se

a gestão da escola permitir que essa discussão seja coletiva.

Nesse sentido, ainda para Monlevade (2005), uma escola democrática é

aquela cujos membros assumem posturas políticas coletivas; rompem com práticas

autoritárias, hierárquicas e clientelistas; assumem a construção da consciência

coletiva, base para a formação da consciência individual dos sujeitos; estimulam a

participação de todos os segmentos da escola em decisões e nas avaliações das

práticas, o que faz gerar e acumular um novo poder escolar constituído pelos

sujeitos coletivos, que é expressão dos segmentos.

A APMF pode sim contribuir com a democratização da gestão escolar com a

efetiva participação da comunidade escolar, porém deve-se estar atento que a

participação é um processo em construção na escola pública. Pois ainda hoje, como

se pode observar neste estudo, a escola está aprendendo a se organizar

coletivamente e a se expressar democraticamente. E a possibilidade de participação

na tomada de decisões ainda é estranha para a comunidade escolar, já que as

gestões centralizadas e autoritárias ainda são a maioria nos estabelecimentos

escolares.

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