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Universidade Federal de Uberlândia – campus Patos de Minas Turma: Engenharia de Alimentos Período: 1º Disciplina: Química Geral e Inorgânica Professor: Dr. Diego Leoni Franco Prática 1: Segurança no laboratório 1.1. Objetivo Apresentação do laboratório, materiais, equipamentos e conhecimento das Normas de Segurança. Avaliar as condições do laboratório de ensino e propor sugestões e melhorias para o mesmo. 1.2. Noções elementares de segurança Ao iniciar o contato com um Laboratório Químico, é importante que você conheça os Procedimentos de Segurança que permitam sua atuação com um mínimo de riscos à sua segurança. Com a finalidade de diminuir a freqüência e a gravidade de acidentes em laboratórios químicos, torna-se imprescindível que durante os trabalhos observe-se uma série de Normas de Segurança: 1.2.1 Localização Os equipamentos de segurança listados abaixo devem estar no alcance de todos os que trabalhem nos laboratórios e o funcionário deve certificar-se de que sabe usá-los: - extintores de incêndios; - chuveiro de emergência; - lavador de olhos; - protetores faciais: máscaras e óculos de segurança; - luvas; - máscaras contra gases. 1.2.2 Segurança de Ordem Pessoal - Siga rigorosamente as instruções do Professor; - Não brinque, fume ou se alimente dentro do laboratório; - Não colocar alimentos nas bancadas, armários e geladeiras dos laboratórios. - Seja, em todo trabalho, metódico, sereno, prudente, delicado e inteligente;

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Universidade Federal de Uberlândia – campus Patos de MinasTurma: Engenharia de Alimentos Período: 1º

Disciplina: Química Geral e InorgânicaProfessor: Dr. Diego Leoni Franco

Prática 1: Segurança no laboratório

1.1. Objetivo

Apresentação do laboratório, materiais, equipamentos e conhecimento das Normas de Segurança. Avaliar as condições do laboratório de ensino e propor sugestões e melhorias para o mesmo.

1.2. Noções elementares de segurança

Ao iniciar o contato com um Laboratório Químico, é importante que você conheça os Procedimentos de Segurança que permitam sua atuação com um mínimo de riscos à sua segurança.

Com a finalidade de diminuir a freqüência e a gravidade de acidentes em laboratórios químicos, torna-se imprescindível que durante os trabalhos observe-se uma série de Normas de Segurança:

1.2.1 Localização

Os equipamentos de segurança listados abaixo devem estar no alcance de todos os que trabalhem nos laboratórios e o funcionário deve certificar-se de que sabe usá-los:

- extintores de incêndios;- chuveiro de emergência;- lavador de olhos;- protetores faciais: máscaras e óculos de segurança;- luvas;- máscaras contra gases.

1.2.2 Segurança de Ordem Pessoal

- Siga rigorosamente as instruções do Professor;- Não brinque, fume ou se alimente dentro do laboratório; - Não colocar alimentos nas bancadas, armários e geladeiras dos laboratórios.- Seja, em todo trabalho, metódico, sereno, prudente, delicado e inteligente;- Leia e siga as instruções que forem fornecidas no roteiro prático; - Planejar sua experiência, procurando conhecer os riscos envolvidos precauções a

serem tomadas e como descartar corretamente os resíduos.- Consultar o professor caso observe algo anormal ou tenha alguma dúvida;- Qualquer acidente, por menor que seja, deve ser imediatamente comunicado ao

professor;- Nunca trabalhar sozinho no laboratório;- É obrigação do aluno ao adentrar no laboratório trajar jaleco de manga longa (sobre a

camiseta e a calça), além do uso de sapatos fechados;- Caso tenha cabelos longos, mantenha-os presos durante a realização dos experimentos;- Não deixar os frascos de reagentes destampados e tenha o cuidado de colocá-los no

lugar de origem imediatamente após o uso;- Nunca abrir frascos reagentes antes de ler o rótulo;

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- Nunca use seu paladar para identificar substâncias;- Quando for recomendado algum teste químico pelo odor, não coloque o frasco

diretamente sob seu nariz. Desloque o odor com o abano da mão na sua direção;- Não dirigir a abertura de tubos de ensaio ou frascos contra si próprio e as outras

pessoas.- As lentes de contato sob vapores corrosivos podem causar lesões aos olhos.- Ao pipetar utilize sempre uma pêra ou pipetado.

1.2.3 Segurança Referente ao Laboratório

- O laboratório deve estar sempre organizado, não deixe sobre as bancadas, materiais estranhos ao trabalho, como bolsa, livro, blusa, etc.

- Não coloque a tampa dos frascos sobre a mesa de trabalho.- Na armação de uma aparelhagem use sempre suportes, garras, aros, tripés e

blocos de madeira. Evite arrumações instáveis;- Antes de executar uma reação desconhecida fazer uma, em menor escala, na

capela.- Nunca introduza objetos (pipetas, bastões...) nos frascos de reagentes para não

contaminá-los. O reagente deve ser transferido para outro recipiente e a alíquota retirada deste último.

- Não devolva reagente não utilizado ao frasco original;- Limpar imediatamente qualquer derramamento de reagentes (no caso de ácidos e

bases fortes, o produto deve ser neutralizado antes de proceder a sua limpeza). Em caso de dúvida sobre a toxidez ou derramado, consultar o professor antes de efetuar a remoção.

- Ao realizar uma experiência informar a todos do laboratório.- Antes de usar qualquer reagente, leia cuidadosamente o rótulo do frasco para

certificar-se de que aquele é o reagente desejado e em qual classe de periculosidade o mesmo é classificado (ver Figura abaixo);

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- Utilize apenas a quantidade exigida de reagentes.- Ao introduzir tubos de vidro em rolhas, umedeça-as convenientemente e enrole a peça

de vidro num pano para proteger as mãos;- Ao se retirar do laboratório verifique-se se não há torneiras (de água ou gás) abertas.

Desligue todos os equipamentos e deixe sempre as vidrarias limpas. Lave sempre suas mãos antes de deixar o laboratório.

1.2.4 Uso de Materiais de Vidro

- Colocar todo o material de vidro no local que deverá ser previamente indicado na área do laboratório.

- Não jogar caco de vidro em recipiente de lixo, mas sim em um recipiente preparado para isto.

- Usar luvas antitérmicas sempre que manusear peças de vidro que estejam quentes.

- Não utilizar materiais de vidro quando trincados.- Usar luvas e óculos de segurança sempre que:

atravessar e remover tubos de vidro ou termômetros em rolhas de borracha ou cortiça;

remover tampas de vidros emperradas; remover cacos de vidro (usar também em pá de lixo e escova); colocar frascos quentes sobre placas antitérmicas; não usar frascos para amostras sem certificar-se de que são adequados ao

serviço executado; não inspecionar o estado das bordas dos frascos de vidro com as mãos

sem antes fazer uma inspeção visual; tomar cuidado ao aquecer recipiente de vidro com chama direta.

1.2.5 Uso de Chamas

- De preferência, usar chama na capela e somente nos laboratórios onde for permitido;

- Ao acender o bico de Bunsen verificar eliminar os seguintes problemas: Vazamentos; Dobra no tubo de gás; Ajuste inadequado entre o tubo de gás e suas conexões; Existência de inflamáveis ao redor; Não acender maçaricos, bico de Bunsen, etc., com válvula de gás combustível muito aberta; Apagar a chama imediatamente após o término do serviço.

- Ao aquecer um tubo de ensaio contendo solução (ou qualquer outra substância), nunca aponte-o para si ou para o colega vizinho. O superaquecimento de soluções pode dar origem à formação brusca de bolhas de vapor com a expulsão do conteúdo de forma violenta e perigosa; - Nunca aquecer reagentes de qualquer espécie em sistemas fechados (frascos hermeticamente fechados). Portanto, deve-se ter certeza que o sistema está aberto para o meio externo antes de iniciar o aquecimento;

1.2.6 Uso de Capelas

- Nunca iniciar um serviço, sem que o sistema de exaustão esteja operando.

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1.2.7 Uso de Equipamentos Elétricos

- Nunca ligar equipamentos elétricos sem antes verificar a voltagem correta;- Só opere equipamentos quando:

Fios, tomadas e plugues estiverem em perfeitas condições; O fio terra estiver ligado; Não operar equipamentos elétricos sobre superfícies úmidas;

- Verificar periodicamente a temperatura do conjunto de plugue-tomada, caso esteja fora do normal, desligar o equipamento e comunicar ao responsável do laboratório;

- Não usar equipamentos elétricos que não tiver identificação de voltagem;- Não confiar completamente no controle automático de equipamentos elétricos,

inspecioná-los quando em operação;- Não deixar equipamentos elétricos ligados no laboratório, fora do expediente;- Remover frascos de inflamáveis das proximidades do local onde serão usados

equipamentos elétricos;- Combater o fogo em equipamentos elétricos somente com extintores de CO2;- Enxugar qualquer líquido derramado no chão antes de operar com equipamentos

elétricos.

1.2.8 Uso de Estufas

- Não deixar a estufa aquecida ou em operação sem o aviso estufa quente”.- Desligar a estufa e não colocar em operação se:

O termômetro deixar de indicar a temperatura; A temperatura ultrapassar a voltagem ajustada.

- Não abra a porta da estufa de modo brusco quando a mesa estiver aquecida.- Não tentar remover ou introduzir cadinhos na estufa sem utilizar:

Pinças adequadas; Protetor facial; Luvas apropriadas; Aventais e protetores de braços, se necessário.

Não evaporar líquidos, nem queimar óleos em estufas;Empregar para calcinação somente cadinhos ou cápsulas de materiais resistentes a altas temperaturas.

O trabalho em laboratório exige concentração. Não converse desnecessariamente, nem distraia seus colegas. Normas de seguranças específicas serão apresentadas na medida em que forem necessárias durante a realização deste curso.

1.3 Equipamentos básicos de laboratório de química

A execução de qualquer experimento em Química envolve, geralmente, a utilização de uma variedade de equipamentos de laboratório com finalidades específicas. A seguir, são apresentados alguns equipamentos básicos e as situações onde estes são utilizados.

1.3.1. Bico de Bunsen

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Dispositivo utilizado para o aquecimento de substâncias não inflamáveis. A Fig. 1 ilustra um Bico de Bunsen (queimador de gás) e as diferentes regiões de uma chama (zona reacional de alta temperatura).

Figura 1: Bico de Bunsen e as diferentes regiões de uma chama

O bico de Bunsen é um queimador semelhante aos existentes nos fogões a gás domésticos. O gás comum de cozinha, usado no bico de Bunsen, consiste de uma mistura de hidrocarbonetos contendo principalmente Propano e Butano que entra em combustão com o oxigênio do ar resultando na liberação de energia térmica:

CnH2n + 2 + (3n+1) O2 nCO2 + (n+1) H2O + calor

Ao abrir a válvula de gás este adentra pela canalização do bico (entrada 1) onde passa posteriormente por um pequeno orifício (giclê). Neste ponto o gás se espalha pela coluna vertical do bico de Bunsen arrastando o ar da vizinhança que penetra nesta coluna pela janela lateral (entrada 2) formando assim a mistura reacional combustível-comburente. Quando um fósforo aceso é aproximado da extremidade superior do bico de Bunsen, o calor

cedido pela chama do fósforo provoca o início da reação de combustão; a partir daí a reação se mantém sozinha, pois o calor que ela mesma gera é suficiente para mantê-la; uma chama é sempre um sistema reacional de não equilíbrio. A ocorrência da combustão completa do gás vai depender da proporção estabelecida para a mistura reacional através da regulagem da entrada de ar (entrada 2).

A temperatura da chama do bico de Bunsen varia com a proporção dos reagentes e com sua posição no interior da chama. A presença de partículas de fuligem deixa a chama incandescente (avermelhada-amarelada) e indica que a proporção entre o comburente (oxigênio) e o combustível (hidrocarbonetos) não está próxima da estequiométrica.

Para que ocorra a combustão completa (evitando a fuligem e obtendo mais calor) é necessário o ajuste do anel de metal que atua como misturador (entrada de ar). Girando esse anel, pode-se abrir e fechar o orifício lateral do bico de Bunsen regulando assim a proporção combustível/comburente até que a chama fique quase totalmente azulada e pouco luminosa, a qual é um indicador da reação ocorrer praticamente estequiométrica. A região mais quente da chama é a região denominada “cone externo: 1560 oC ” que fica localizada acima do extremo superior do “cone” interno. Nestas regiões ocorre a mistura mais ideal entre o comburente e o combustível.

A regulagem do ar deve ser feita de forma que toda a chama fique azul, exceto numa pequena região localizada no topo do “cone” interno que deve ficar levemente amarelada. Neste ponto, se você deixar entrar mais ar pelo anel de ajuste a ponta do cone interno fica azul e começa a ficar irregular, espalhando-se um pouco e oscilando; a chama começa a “soprar” (faz um ruído, como um sopro) e torna-se instável (apaga com facilidade).

Devido o giclê ser um orifício de fina espessura o bico de Bunsen assegura que a chama fique localizada apenas na sua extremidade externa, impedindo assim que o sistema apresente riscos de explosão.

1.3.2. Pipetas

São instrumentos volumétricos (medidores de volume) confeccionados em vidro que requerem cuidados especiais no seu manuseio. Há dois tipos principais de pipetas: (i) volumétricas, que permitem medir apenas um volume pré-determinado de líquido e (ii)

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graduadas, que possuem uma escala (em mL), permitindo assim a medida de volumes num certo intervalo. A princípio seria mais simples usar sempre as pipetas graduadas. No entanto, ocorre que as pipetas volumétricas são mais precisas.

Dentre as pipetas, existem aquelas que são de esgotamento total ou de esgotamento parcial. Os fabricantes freqüentemente usam faixas coloridas na parte superior da pipeta. Uma faixa mais larga é o “código de cor” que indica o volume da pipeta pela cor; outras faixas mais estreitas e da mesma cor da larga (ou de cor diferente em algumas vezes), indicam se a pipeta é de esgotamento parcial (1 faixa estreita, logo acima da faixa de código) ou de esgotamento total (duas faixas estreitas colocadas mais acima).

Não há necessidade de memorizar essa classificação porque um exame direto da pipeta lhe dirá claramente a que tipo ela pertence. Observe a Figura 2, a pipeta volumétrica de 25,00 cm3

(à direita) só pode ser de esgotamento total, pois tem apenas uma marca de calibração e não há marca para indicar onde parar o escoamento. Compare também as duas pipetas graduadas da Figura 2 para ver como fica evidente qual é de esgotamento total e qual é de esgotamento parcial, sem precisar sequer olhar para as faixas coloridas.

Para operar efetivamente uma pipeta, devemos usar um dispositivo sugador de borracha chamado de Pipetador de Griffin (pró-pipeta ou “pêra” – ver Fig.3) que deve ser acoplado a extremidade superior da pipeta sempre que o líquido pipetado não for água pura. Outros líquidos devem sempre ser pipetados com a pró-pipeta para se evitar acidentes. O dispositivo pipetador funciona pelo simples pressionamento simultâneo do bulbo e do tubo(A) de borracha. Posteriormente, este bulbo “amassado” será capaz de atuar como um sistema de sucção. Após a introdução da pipeta no líquido de interesse, pressiona-se a porção do tubo(B) até que o líquido preencha a pipeta na quantidade desejada.

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Figura 2: Pipetas de esgotamento total e parcial. Figura 3: Pipetador de Griffin.

1.3.3. Escoamento de líquidos

O escoamento de líquidos via Pipetas e Buretas exige cuidados para se evitar erros de medida associados à retenção de líquido nas paredes internas da vidraria. Por exemplo, deve-se permitir ao se esvaziar uma pipeta que o líquido escorra numa velocidade moderada onde o deslocamento do menisco seja acompanhado pelo escoamento do filme de líquido aderido às paredes da vidraria.

1.3.4. Medida de volume via menisco

A introdução de um líquido num recipiente (p.ex. vidro) resulta numa diferença de nível de sua superfície entre a porção do liquido que está em contato com o recipiente e o seio (meio) do líquido. Isto se deve a diferença de forças atrativa existentes entre os diferentes materiais. No caso de recipientes transparentes (p.ex. vidro, plástico, quartzo, etc.) este comportamento resulta no aparecimento de uma linha divisória entre o líquido e o ar denominada de Menisco, o qual é comumente utilizado como nível de referência para a leitura do volume. Para a maioria dos líquidos, o menisco apresenta um mínimo na região central do aparelho de medida. Isto ocorre devido à superioridade das forças coesivas atrativas (líquido-vidro P.ex.: água-vidro) em relação às forças coesivas atrativas (líquido-líquido). Nos casos onde as forças coesivas (líquido-líquido) são maiores que as forças coesivas (líquido-recipiente. P.ex.: mercúrio-vidro) o

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menisco apresenta um ponto de máximo, o qual deve ser utilizado como nível de referência para a leitura do volume. Se o líquido for transparente, deve-se utilizar o ponto de mínimo para efetuar a leitura. Se for opaco, utiliza-se a parte superior (em contato com a parede de vidro).

Para se efetuar a leitura do volume de um líquido, procure sempre um posicionamento corporal onde sua linha de visão (nível de referência do observador) fique perpendicular ao frasco volumétrico onde está localizado o Menisco (nível de referência da vidraria) (ver Fig. 4). O uso deste procedimento evita erros relativos de leitura (Erro de Paralaxe) decorrentes do posicionamento inadequado do observador.

A Fig.5 ilustra parte da escala de uma pipeta graduada de 10,00 cm3, cuja menor divisão é 0,1 cm3 e seu menisco está localizado entre 6 e 7 cm3. Pode-se dizer com certeza que o volume está entre 6,4 e 6,5 cm3. No entanto, dizer se o valor verdadeiro do volume é 6,44 ou 6,45 cm 3, por exemplo, não é possível já que neste caso o último algarismo é duvidoso (não existe escala para ele!). A estimativa do algarismo duvidoso com base na subdivisão da escala volumétrica varia de pessoa para pessoa e confere sempre um erro aleatório na medida experimental do volume.

Figura 4: Procedimento correto para a leitura do volume de um líquido num frasco volumétrico.

Figura 5: Visão expandida da leitura do menisco numa pipeta de 10,00 cm3.

1.3.5. Balança analítica

A balança analítica é um instrumento de elevada precisão destinado à medida de massas que é utilizada na maioria dos laboratórios de Química. As balanças analíticas modernas (eletrônicas) permitem a leitura precisa de massas no intervalo de 10 µg a 0,1 mg.

1.3.6. Vidrarias comuns de laboratório

ALMOFARIZ COM PISTILO

Usado na trituração e pulverização de sólidos.

BALÃO DE FUNDO CHATO

Utilizado como recipiente para conter líquidos ou soluções, ou mesmo fazer reações com desprendimento de gases. Pode ser aquecido sobre o conjunto TELA DE AMIANTO/TRIPÉ/BICO DE BUNSEN.

BALÃO DE FUNDO REDONDO

Utilizado principalmente em sistemas de refluxo e na evaporação à vácuo acoplado a um ROTAEVAPORADOR.

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BALÃO VOLUMÉTRICO

Possui volume definido e é utilizado para o preparo de soluções em laboratório.

BÉQUER

É de uso geral em laboratório, servindo para fazer reações, dissolver substâncias sólidas, efetuar reações de precipitação, aquecer líquidos, etc.. Pode ser aquecido sobre a TELA DE AMIANTO.

BURETA

Aparelho de volume fixo ou variável utilizado em análises volumétricas.

CADINHO

Recipiente geralmente feito de porcelana utilizado no aquecimento de substâncias a seco em elevadas temperaturas.

FUNIL DE BÜCHNER

Utilizado em filtrações a vácuo. Pode ser usado com a função de FILTRO em conjunto com o sistema KITASSATO.

KITASSATO

Uma das utilizações do kitasato seria para verificar a presença de umidade em gases. É utilizado juntamente ccom o funil de Büchner para filtrações à vácuo

FUNIL DE SEPARAÇÃO

Utilizado na separação de líquidos não miscíveis e nas extrações líquido/líquido.

DESSECADOR

Usado para guardar substâncias em atmosfera com baixo índice de umidade.

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ERLENMEYER

Utilizado principalmente em titulações, pode ser também utilizado no aquecimento de líquidos, dissolução de substâncias, etc.

CÁPSULA DE PORCELANA

Peça de porcelana usada para evaporar líquidos das soluções.

CONDENSADOR

Utilizado nos sistemas de destilação, tem como finalidade condensar vapores gerados pelo aquecimento de líquidos.

TUBO DE ENSAIO

Empregado para fazer ensaios em pequena escala. Pode ser aquecido com movimentos circulares e com cuidado diretamente sob a chama do BICO DE BUNSEN.

VIDRO DE RELÓGIO

Peça de vidro de forma côncava usada em análises e evaporações. Não pode ser aquecido diretamente em chama.GARRA DE CONDENSADOR (MUFA)

Usada para afixar diferentes tipos de vidrarias à haste do Suporte Universal.

ANEL OU ARGOLA

Usado como suporte do funil de filtração.

ESTANTE PARA TUBOS DE ENSAIO

É usada para o suporte de TUBOS DE ENSAIO.

PINÇA DE MADEIRA

Usada para afxar TUBOS DE ENSAIO durante seu aquecimento.

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PISSETA (FRASCO LAVADOR)

Usada para lavagens de materiais ou recipientes através de jatos de água, álcool ou outros solventes.

SUPORTE UNIVERSAL

Fixação geral de peças. Utilizado em operações envolvendo a Filtração, Titulação, Destilação, etc.

TRIPÉ

Suporte para se efetuar o aquecimento de soluções em vidrarias diversas de laboratório. É utilizado em conjunto com a TELA DE AMIANTO.

TELA DE AMIANTO

Suporte para as peças a serem aquecidas. A função do amianto é distribuir uniformemente o calor recebido pelo BICO DE BUNSEN.

PINÇA METÁLICA

Usada para manipular objetos aquecidos e evitar a contaminação de substâncias pelas mãos do operador.

1.4 Alguns venenos usuais e os sintomas que induzem

Ácidos e álcalis: Queimam e corroem os tecidos com que entram em contato e, em casos extremos, podem fazer um orifício na parede estomacal.

Álcool: Atua como enérgico depressor do sistema nervoso central.

Cianeto: A não ser em doses muito pequenas, provoca o colapso da vítima. A morte é rápida em consequência da paralisia respiratória. Pode ser ingerido ou absorvido por um ferimento ou através da pele. É usado em certos formicidas.

Cianeto e monóxido de carbono: Provoca a morte por asfixia em virtude de combinação com o sistema carreador do oxigênio no sangue, o que impede a transferência do oxigênio para partes vitais do organismo humano.

Sulfeto de hidrogênio: Gás inflamável e venenoso, com cheiro de ovos podres; perceptível na diluição de 0,002 mg/l de ar. Muito perigoso. Pode provocar o colapso, o coma e a morte em alguns segundos depois de apenas uma ou duas inspirações. É insidioso, pois o olfato fica insensível ao seu cheiro depois de exposição prolongada. As concentrações mais baixas provocam irritação das mucosas, dor de cabeça, enjôo e fadiga.

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Chumbo: O envenenamento agudo pelo chumbo pode provocar anorexia, vômitos, mal-estar, convulsões e injúria permanente no cérebro. Os casos crônicos evidenciam-se pela perda de peso, fraqueza e anemia.

Mercúrio: Perigoso por ser razoavelmente volátil (pressão de vapor de 0,002 mmHg a 25ºC) e facilmente assimiláveis pelas vias respiratórias, pela pele e pelo tubo digestivo. O envenenamento agudo pelo metal, ou seus sais, provoca ferimentos na pele e nas mucosas, náusea aguda, vômitos, dores abdominais, diarréia sanguinolenta, lesões nos rins e morte num lapso de dez dias. O envenenamento crônico provoca inflamação da mucosa bucal e das gengivas, salivação abundante, queda dos dentes, lesões nos rins tremores musculares, espasmos, depressão e brutas alterações de personalidade, irritabilidade e nervosismo. Antídoto: dimercaprol (BAL: Britsh anti-lewisite).

Álcool metílico: Tem um efeito especifico de degeneração do nervo óptico que pode provocar lesão permanente e cegueira, mesmo quando a quantidade assimilada tiver sido pequena.

Fenilhidrazina: Provoca a hemólise dos eritrócitos.

Piretrina: Encontrado em certos inseticidas. Provoca hiperexcitabilidade, descoordenação e paralisia dos músculos e das ações respiratórias.

Nitrato de prata: O contato com a pele ou com as mucosas pode ser cáustico e irritante. A ingestão pode causar severa gastrenterite e até a morte.

Na maioria das Universidades existem postos de atendimento de urgência, com ambulância e primeiros socorros.

A maior parte dos reagentes de laboratório é venenosa; é importante ter uma certa compreensão sobre os sintomas provocados pelos venenos (lista acima). Quando se pode determinar o tipo de veneno que a pessoa assimilou, pode-se consultar uma listagem para ver se deve ou não ser provocado o vômito. Na lista abaixo estão relacionados venenos para os quais não se deve provocar o vômito. Nestes casos, o vômito faria com que o veneno corrosivo retornasse mais uma vez através dos delicados tecidos do aparelho digestivo. Nestas circunstâncias devem ser administrados líquidos, para diluir o material venenoso, conforme as instruções da lista abaixo. Na lista seguinte estão os venenos que requerem a indução de ação emética. Em ambos os casos são apresentadas as providências a tomar.

É imprescindível que um médico seja procurado com urgência, em qualquer caso.

1.4.1 Venenos cujo tratamento não deve envolver ações eméticas

NÃO PROVOQUE VÔMITO:

Quando a vitima ingeriu qualquer das substâncias listadas abaixo. Administre leite ou água; 1 a 2 xícaras no caso de crianças de 1 a 5 anos, e até 1 litro para maiores de 5 anos:

Se o envenenamento for causado por:Ácido: dê leite, água com bicarbonato de sódio a 2%, azeite de oliva ou claras de ovo.Soda Cáustica: dê uma mistura de vinagre e suco de limão diluído em água. Em

seguida dê leite, água, azeite de oliva ou claras de ovo.

- Ácidos fortes Fluidos de lavagem a seco- Amônia Gasolina- Benzeno Hipoclorito de sódio (água sanitária)- Cal (óxido de cálcio) Nafta (éter de petróleo)

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- Carbonato de Sódio - Óleo de pinho- Creosoto (creolina, fenóis) - Querosene- Desinfetantes fenólicos - Soda (hidróxido de sódio)- Detergentes - Soda para lavagem (barrilha)- Estriquinina - Cetona- Thiner e removedores de tintas

 1.4.2. Venenos cujo tratamento envolve ação emética.

Provocar o vômito excitando o fundo da garganta.

PROVOQUE VÔMITO...

- Álcool (etílico, isopropílico, desnaturado, metílico)- Bórax- Cânfora- Formaldeído- Repelente de insetos.

1.5 Procedimentos padronizados de primeiros socorros

1.5.1 Ferimentos

Objetivo: Proteger o ferimento de infecções e controlar as hemorragias.

Primeiros socorros: Usar pensos esterilizados e pressionar o ferimento até o término da hemorragia.

1.5.2 Estado de choque

Objetivo: Manter o paciente deitado e em posição confortável.

Sintomas: Pele úmida e pálida, respiração pouca profunda, olhos sem brilho, pulso fraco.

Primeiros socorros: 1. Manter o paciente deitado com os pés elevados quando não houver lesões na cabeça ou no tórax. 2. Cobrir o paciente com cobertores (não provocar transpiração) 3. Administrar água para mitigar a sede.

1.5.3 Respiração artificial

Objetivo: Desobstruir e manter livres as vias respiratórias, provocar o aumento e a diminuição alternados do volume torácico.

Sintomas: Ausência de respiração em virtude de choque elétrico, ou de afogamento ou de envenenamento provocado por gases.

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Primeiros socorros: Empurrar o maxilar inferior para frente e inclinar a cabeça do paciente para trás. Fechar as narinas da vitima. Soprar ar para o interior dos pulmões pela boca da vítima. Afastar a boca e deixar a vítima expirar o ar. Repetir a operação de 15 a 20 vezes por minuto.

1.5.4 Fraturas

Objetivo: Manter imóvel os ossos fraturados e as juntas adjacentes.

Sintomas: Dor, inchaço e deformação.

Primeiros socorros: Use um material rígido, uma almofada ou um cobertor, e entale como estiver.

Transporte da vitima: Se for necessário deslocar a vítima, não curve, nem dobre, nem sacuda o paciente. Arraste a vítima sobre um cobertor, ou um casaco ou um tapete; use uma cadeira, uma maca ou várias pessoas para transportá-la e não provocar outras lesões.

1.5.5 Queimaduras

Objetivo: Mitigar a dor e impedir infecção.

Sintomas: Do 1º grau - vermelhidão; do 2º grau - bolhas; do 3º grau - lesão profunda do tecido.

Primeiros socorros: Cobrir a vítima com uma camada espessa de penso seco e estéril. Queimaduras químicas: lavar com água.

1.5.6 Desmaio

Faça a pessoa deitar supina (de peito para cima) ou então com a cabeça entre os joelhos e respirar profundamente. Use, se for acessível, suavemente, um frasco de amônia como inalador.

1.5.7 Ataque cardíaco

No caso de a pessoa ter medicação própria, administre-a; mantenha a pessoa deitada, respirando com facilidade. Chame o médico.

1.6 Fogo

Todos os laboratórios estão equipados com extintores de combate a incêndios devidamente sinalizados, bem como mantas anti-fogo e recipientes com areia. O extintor é um instrumento simples de manusear, portátil e eficiente. A utilização de cada tipo de extintor depende do tipo de incêndio. Existem quatro classes de fogos – A, B, C e D – com características diferentes, logo com formas de extinção diferentes. O conhecimento do tipo de fogo na maior parte dos casos leva a uma extinção apropriada. A Tabela abaixo apresenta as diferentes classes de fogos.

Tabela: classes de fogos e agente extintor a utilizar consoante a classe do fogoClasse

de fogos

Descrição Exemplo Água em jato

Água em

nevoeiro

Espuma (bolhas e

CO2)

CO2 Pó químic

o (bicarbonato)

A Fogos de Madeira, Eficaz Muito Eficaz Pouco Eficaz

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superfície e profundidade.

Geralmente dão origem a brasa

papel, tecido, carvão, lixo

eficaz eficaz

B Fogos de superfície de

líquidos combustíveis e

sólidos liquidificáveis

Petróleo, gasolina, álcool,

vernizes, ceras,

plásticos, alcatrão, parafina

Não usar

Não usar

Muito eficaz

Eficaz MuitoEficaz

C Equipamentos elétricos

Curto-circuito

Não usar

Não usar

Não usar

Eficaz Eficaz

D Reações de combustão de

metais alcalinos ou

pirofosfóricos

Sódio, alumínio, magnésio,

lítio

Não usar

Não usar

Não usar

Não usar

Eficaz

1.7 Caixa de primeiros-socorros

É conveniente, no laboratório de química, a organização de uma pequena farmácia, quedeve conter:

- Tintura de iodo- Merthiolate- Água oxigenada- Algodão- Esparadrapo- Band-Aid- Comprimidos : AAS, etc.- Antiácidos- Amoníaco- Solução de ácido bórico a 2%.- Copo lava-olhos- Solução saturada de ácido bórico

- Picrato de butesin – pomada- Solução carbonato de sódio- Solução de ácido acético- Colírio.

1.8 Proposta de melhorias do laboratório de ensino

Com os detalhes descritos acima e o conhecimento do laboratório de ensino em que estará sendo ministradas as aulas prática em todo o semestre, redija um relatório descrevendo as atuais condições e possíveis melhorias e sugestões para o mesmo em nível de segurança e infra-estrutura.

BIBLIOGRAFIA:

Baptista, Maria João. Segurança em laboratórios químicos. Lisboa, ed. Universidade Nova de Lisboa, 1979.

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Pereira, Mariette M.; Estronca, Teresa M. Roseiro.; Nunes, Rui Miguel D.R.. Guia de segurança no laboratório de química. Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2ªed. 2006