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SOCIEDADES “PRIMITIVAS” E DA ANTIGUIDADE O Direito dos povos sem escrita 1. Etimologia Povos sem escrita ou ágrafos: (a = negação + grafos = escrita) 2. História Somente pode ser estudada a partir do advento da escrita, antes disso chamanos de Pré- história. Pré-história: Há dificuldade, por falta da escrita, de se ter acesso a ela. 2.1. Comprovação da existência do direito na Pré-história: O direito já era utilizado nas instituições que dependem muito de conceitos jurídicos, como casamento, poder paternal ou maternal, propriedade, hierarquia no poder público, etc 3. Tempo de existência dos povos agrafos Não há tempo determinado; Existem os homens da caverna de 3.000 a.C.; As tribos da floresta Amazônia que ainda hoje não entraram em contato com o homem branco. Os índios brasileiros até a chegada de Cabral; 4. Características gerais Não têm grande desenvolvimento tecnológico; São, em sua maior parte, caçadores-coletores e como tais seminômades ou nômades; Os povos agrafos que têm agricultura são sedentários; Todos os povos agrafos, sem exceção, baseiam seu dia a dia em religiosidade profunda. 4.1 Características gerais do Direito dos povos agrafos Abstratos: As regras eram decoradas e passadas de pessoa para pessoa da forma mais clara possível; Númerosos: Cada comunidade tinha seu próprio costume e vivia isolada no espaço e, muitas vezes, no tempo; Relativamente Diversificados: A distância (no tempo e no espaço) fazia com que cada comunidade produzisse mais dissemelhanças do que semelhanças em seus direitos; Impregnados de Religiosidade: Como a maior parte dos fenômenos são explicados, por estes povos, através da religião, a regra jurídica não foge a este contexto. 5. Fontes dos Direitos dos Povos Ágrafos Costumes: O que era tradicional no viver e conviver da comunidades torna-se regra a ser seguida; Precedente: As pessoas que julgam (chefes e anciões) tendem a, voluntária ou involuntariamente, aplicar soluções já utilizadas anteriormente. 6. Transmissão das Regras Procedimento: Em intervalos regulares de tempo muitos grupos têm suas regras enunciadas a todos pelo chefe (ou chefes) ou anciões. Provérbios ou Ádagios: Desempenham papel decisivo na tarefa de fazer conhecer as normas da comunidade.

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SOCIEDADES “PRIMITIVAS” E DA ANTIGUIDADE

O Direito dos povos sem escrita

1. Etimologia• Povos sem escrita ou ágrafos:• (a = negação + grafos = escrita)

2. História• Somente pode ser estudada a partir do advento da escrita, antes disso chamanos de Pré-história.• Pré-história: Há dificuldade, por falta da escrita, de se ter acesso a ela.

2.1. Comprovação da existência do direito na Pré-história:

O direito já era utilizado nas instituições que dependem muito de conceitos jurídicos, como casamento, poder paternal ou maternal, propriedade, hierarquia no poder público, etc

3. Tempo de existência dos povos agrafos

• Não há tempo determinado;

• Existem os homens da caverna de 3.000 a.C.;

• As tribos da floresta Amazônia que ainda hoje não entraram em contato com o homem branco.

• Os índios brasileiros até a chegada de Cabral;

4. Características gerais

• Não têm grande desenvolvimento tecnológico;

• São, em sua maior parte, caçadores-coletores e como tais seminômades ou nômades;

• Os povos agrafos que têm agricultura são sedentários;

• Todos os povos agrafos, sem exceção, baseiam seu dia a dia em religiosidade profunda.

4.1 Características gerais do Direito dos povos agrafos

• Abstratos: As regras eram decoradas e passadas de pessoa para pessoa da forma mais clara possível;

• Númerosos: Cada comunidade tinha seu próprio costume e vivia isolada no espaço e, muitas vezes, no tempo;

• Relativamente Diversificados: A distância (no tempo e no espaço) fazia com que cada comunidade produzisse mais dissemelhanças do que semelhanças em seus direitos;

• Impregnados de Religiosidade: Como a maior parte dos fenômenos são explicados, por estes povos, através da religião, a regra jurídica não foge a este contexto.

5. Fontes dos Direitos dos Povos Ágrafos

• Costumes: O que era tradicional no viver e conviver da comunidades torna-se regra a ser seguida;

• Precedente: As pessoas que julgam (chefes e anciões) tendem a, voluntária ou involuntariamente, aplicar soluções já utilizadas anteriormente.

6. Transmissão das Regras

• Procedimento: Em intervalos regulares de tempo muitos grupos têm suas regras enunciadas a todos pelo chefe (ou chefes) ou anciões.

• Provérbios ou Ádagios: Desempenham papel decisivo na tarefa de fazer conhecer as normas da comunidade.

Leitura e Filmes recomendados- Livro:

FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de caverna. Porto Alegre: Fabris,1976.- Série do Fantástico: “No tempo das cavernas”.- Documentário: “Caminhando com o homem das cavernas”.- Filme: Grandes Impérios e Civilizações – A História Visisual do Mundo: A Idade do Ferro. Ed. Del prado.

O DIREITO HEBRAICO

1. Origem dos Hebreus

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Os hebreus eram um povo de origem semita que vivia na mesopotâmia (entre os rios Tigre e Eufrates no Crescente Fértil) no final do segundo milênio a.C.

Por esta época iniciaram um deslocamento que terminou por volta do século XVIII a.C. na região a Palestina

1.1. O reinados

O reino de Israel encontra seu apogeu em Davi (1005-966 a.C.) e Salomão e seu filho (966-926 a.C.).

Após, acontece uma cisão, retornando à anterior divisão em dois reinos: o reino de Israel e o reino de Judá.

O primeiro caiu frente aos assírios em 721 a.C. O último conseguiu resistir até 587 a.C., quando foi dominado, sucessivamente, por persas, macedônios e, por último, pelos romanos que promoveram sua diáspora em 70 d.C.

2. A Sociedade

• Composta por homens livres de igual nível de direitos, organizados em tribos;

• As mulheres, a despeito de relativa inferioridade jurídica em relação aos homens, em especial no tocante aos aspectos de aquisição de propriedade e casamento, por força da condição religiosa do Direito, conseguem exercer atividades influentes como de juízas ou profetisas;

• Os estrangeiros detêm direitos em mesmo nível que os nacionais, à exceção das questões relativas à religião, às quais não tinham acesso a não ser que se convertessem.

• Figura do rei justo: escolhido por Deus pela sua imparcialidade, coragem, capacidade. Fortalece-se como um mito importante. Ele julga e decide os casos passados e ordena para os casos futuros.

• Tradição judaica = justiça como um atributo divino (segundo ela não se desvia o julgamento nem por dinheiro e nem por afeição, nem por temor ao rico e nem por favor ao pobre)

• Justiça da aldeia = regula a disputa entre os iguais.

• A característica distintiva, em relação aos povos de sua época, é a crença em um Deus único.

3. Lei Mosaica

• Base moral pode ser encontrada nos Dez Mandamentos):

- Teria sido escrito “pessoalmente” por Deus no Monte Sinai;

- Escrito como forma de Aliança entre Deus e o Povo Escolhido.

3.1. Divisão da Tora (Pentateuco

• Cinco primeiros livros da Bíblia: Gêneses, Exôdo, Levítico, Números, Deuteronômio.

3.2. Talmud (estudo): (Legislação Hebraica)

• É o verdadeiro corpo da legislação Hebraica;

• Foi uma junção das Guemaras, a Michná e a própria Torá.

4. Aspectos sociais de importância na Aliança

Pessoa ou assunto Descrição Referência

Ser humano Todo o ser humano há de gozar de segurança em sua pessoa. Êx. 20:12, 21:16-21; Dt. 5:17, 24:7, 27:14;

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Lv. 19:14

Falso Testemunho Toda pessoa deve estar protegida contra a difamação e o falso testemunha.

Êx. 20:16, 23:1-3; Dt. 5:20, 19:15-21; Lv. 19:16

Mulher Ninguém deve tomar vantagem mulher alguma, principalmente quando esta se encontra em posição de subordinação social.

Êx. 20:16, 23:1-3; Dt. 5:20, 19:15-21; Lv. 19:16

Dignidade A dignidade e o direito de receber o fruto do seu trabalho Êx. 21:2,5-6; Dt. 15:12-18; Lv. 25

Fruto do trabalho Toda pessoa tem o direito de receber o fruto do seu trabalho Dt. 24:14, 25:4; Lv. 19:13

Herança A herança de cada israelita na Terra Prometida deve ser respeitada

Lv. 25; Dt. 25:5-10; Nm. 27:5-7

Lei Ninguém está acima da lei, nem mesmo o rei Dt. 17: 1-20

Bens Os bens de toda pessoa devem estar a salvo Êx. 20:15, 21:33-36, 22:1-15, 23;4-5; Dt. 22:1-4, 23:13-15; Lv. 19:35-36

Fruto da Terra Toda pessoa há de gozar do fruto da terra Êx. 23:10-11; Lv. 19:9-10, 23:22, 25:3-55, Dt. 14:28-29, 24:19-21

Matrimônio O vínculo matrimonial não deve ser profanado Êx. 20:14; Dt. 5:18, 22:13-30; Lv. 18:6-23; 20:10-21;

Julgamento Justo Toda pessoa deve ter livre acesso aos tribunais de justiça e o direito a ser julgado com imparcialidade

Êx. 23:6,8; Dt. 1:17, 10:17-18, 16:18-20, 17:8-13, 19:15-21; Lv. 19:16

Exploração Ninguém, mesmo que esteja Êx. 22:21-27; Dt. 23:19, 24:6,12-15,17; Lv. 27:18

Animais A preocupação pelo bem estar de outras criaturas deve incluir o mundo animal

Êx. 23: 5,11; Dt. 22:4,6-7; 25:4; Lv. 25:7

Castigo O castigo por fazer o mal não deverá chegar ao grau de desumanizar o culpável.

Dt. 25:1-3

Ordem social A posição na ordem social, dada por Deus a cada pessoa, deve ser respeitada.

Êx. 20:12, 21:15,17; 22:28, Dt. 5:17, 17:8-13, 21:15-21, 27:16; Lv. 19:3,32; 20:9

Descanso no Sábado Toda pessoa, incluindo o mais humilde servo e o estrangeiro, há de gozar de descanso semanal do sábado, estabelecido por Deus

Êx. 20:8-11, 23:12; Dt. 5:12-15

5. Algumas Leis do Deuteronômio

a) Justiça: Era rigorosa e exigia a imparcialidade no julgamento;

b) Processo: Não admite julgamento sem investigação, e não admite julgamento por forças naturais ou deuses;

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c) Pena de Talião: Sua aplicação era mais amena que entre outros povos.

d) Individualidade das penas: Minimiza a ação do Princípio da Pena de Talião.

e) Lapidação (morte por apedrejamento): Morriam desta forma os idólatras, os feiticeiros, os filhos rebeldes e as adúlteras;

f) Adultério: Apesar do peso maior esteja sobre a mulher casada, o peso do crime também recai sobre o homem;

g) Cidades de Refúgio (ou asilo): Local onde as pessoas com problemas poderiam se refugiar para que fosse feita a justiça com calma e não no calor de fortes emoções, seu estabelecimento era obrigatório;

h) Homicídio Involuntário e Homicídio: Proibição da penalização de quem cometeu homícidio “sem querer”, não concebia negligência, imperícia ou imprudência como causas de homicídios ou danos;

i) Testemunhas: Não admitia o testemunho de uma única testemunha preceito legal que até hoje pode ser visto), e as penas para o falso testemunho eram pesadas;

j) Matrimônio: Não era de direito religioso ou civil, sendo um assunto puramente particular entre duas famílias;

k) Divórcio: Direito dado somente aos homens (deve haver algo “vergonhoso” a ser alegado), e às mulheres não cabe a iniciativa;

l) Concubinato: É considerado como algo normal.

m) Estupro: Previsão do estupro sem pena para a vítima (caso a mulher tivesse sido violentada em um lugar onde poderia ter gritado sem que ninguém a ouvisse);

n) Herança e Primogenitura: A herança era transmitida somente aos filhos homens (as mulheres tinham direito ao dote), o primogênito era beneficiado em detrimento dos outros filhos;

o) Caridade: É prevista em lei.

p) Escravos: Os prisioneiros de guerra não estrangeiros eram vendidos como escravos, sendo proibida a compra de escravos israelitas por israelitas, embora um israelita pudesse pudesse vender a si mesmo como escravo;

q) Fraude Comercial e Juros: Proíbe a utilização de pesos e medidas diversos; e empréstimos a juros entre israelitas;

r) Governo: Intituído por Deus, segundo a tradição bíblica, o reis eram escolhidos por profetas a seu mando, e não podiam sentir-se muito acima dos demais mortais.

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Formação do Direito nas Sociedades “primitivas”

1. Origem das civilizações

O florescer das civilizações antigas está diretamente ligado à existência de bacias hidrográficas. Ex.: Egito (Nilo); Mesopotâmia (Tigre e Eufrates).

1.1. Egito

1.1.1 Características:

- Solo propício a agricultura, bem como a navegação fluvial;

- Monarquia (unificada) como forma de governo;

- Poder central definido, titularizado pelo faraó (Faraó como autoridade suprema);

- Urbanização dá-se de forma gradual;

- Influência da religião;

- Direito frágil (justo é aquilo que agrada o Faraó);

- Poucas fontes (documentos registrados em pedra ou papiro - o papiro de Berlim, da VI Dinastia, é o mais antigo que se conhece);

- Primeiros textos em hieróglifos;

- Formalismo oral.

- As terras pertenciam ao rei, podendo as castas privilegiadas usufruí-las;

- Nos tribunais, os juízes julgavam em nome do faraó, orientados por um funcionário do Estado;

- A doação de bens móveis a outrem era possível, por ato inter vivos;

- O testamento era desconhecido.

• O direito de propriedade e dos contratos limitavam-se a locações de serviço e a transações com bens móveis;

• Superioridade total do marido no matrimônio;

• As penas eram draconianas:

- Para o homicídio, pena de morte;

- Para o parricídio, morte na fogueira;

- Para o adultério, mutilações e vergastadas.

Ramsés II e o rei hitita Hattusibis III celebraram um tratado de aliança e paz considerado como a pré-história do Direito Internacional.

1.2. Mesopotamia

1.2.1. Características

- Proximidade de bacias hidrográficas;

- Civilização formada em torno do rio Tigre, Eufrates, e Nilo;

- Solo propício a agricultura, bem como a navegação fluvial;

- Primeiras inscrições cuneiformes;

- Monarquia como forma de governo;

- Monarquia representava a luta de uma ordem humana para integrar o universo;

1.3. Impérios

• Organizam-se em torno de cidades que submetem-se, pelo poder militar, as outras cidades e o campo à sua volta.

1.4. Divisão entre cidade e campo

1.4.1. A cidade

É o centro do controle que detém a escrita (memória escrita);

• Faz o censo e cobra os tributos;

• Reservatório de riqueza a que poucos têm acesso (o Rei, os sacerdotes e os escribas, os conselheiros e os generais).

- Função: Arrecadar os tributos e manter a interna e externa.

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1.5. Divisão entre agricultores e pastores

1.5.1. O campo

- As comunidades do campo têm a sua própria justiça, geralmente, presidida por um conselho de anciãos ou alguém escolhido pelos mais respeitados.

• WEBER = Justiça do cadi oriental (justiça da aldeia – trata das regras cotidianas de relações comunitárias), em oposição à justiça pessoal e burocrática.

1.6. Base geradora do Direito

o Encontra-se nos laços de consangüinidade; Nas práticas do convívio familiar de um mesmo grupo social; unidos por crença e tradições;

o Inexistia direitos individuais (o criminoso (respondia junto com sua família);

o A transmissão dos direitos ocorria pelo princípio da oralidade, e o Direito era essencialmente sagrado e religioso;

o Predomínio do juiz sobre o legislador;

o Era utilizada uma forma única de sanção: a pena.

1.7. Evolução do Direito

• O direito, de início, foi casuisticamente estabelecido, na forma de sentença;

• Das sentenças nascem o costume;

• A medida que a sociedade torna-se complexa, as relações jurídicas se multiplicam, tornando incerto os costumes.

• Dos costumes surgem as compilações.

1.8. Características

a) O direito não era legislado, suas regras mantinham-se e conservavam-se pela tradição;

b) Cada organização social possuía um direito único, que não se confundia com os de outras formas de organização;

c) Diversidade de direitos não escritos;

d) Profundamente contaminado pela prática religiosa;

e) Direitos “em nascimento”: não ocorre diferenciação efetiva do que é e do que não é jurídico.

1.9. Fontes

a) Costumes: Fonte mais importante e mais antiga, manifestação que se comprova por ser a expressão direta, cotidiana e habitual dos membros de um dado grupo social;

b) Preceitos verbais: Não escritos proferidos por chefes de tribos ou de clãs, que se impõem pela autoridade e pelo respeito que desfrutam;

c) Decisões por tradição: Decisões reiteradas utilizadas pelos chefes ou anciões das comunidades autóctones para resolver conflitos do mesmo tipo.

1.10. As primeiras Leis escritas

a) Legislação mesopotâmica;

Código de Ur-Namú (fundador da terceira dinastia de Ur);

Código de Hammurabi:

- Coletânea de julgados e hipóteses;

- Não especializado (contém todo o ordenamento jurídico da cidade);

- Regido por sacerdote.

b) O Direito Hebraico;

c) O Código de Manu;

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GRÉCIA ANTIGA

Localização da Grécia Antiga

Bacia do mar Egeu, abrangendo o território europeu ao sul da península balcânica, as ilhas dos mares Egeu e Jônio e acosta ocidental da Ásia menor

Daí se espalhou pelas costas dos mares Negro e Mediterrâneo, atingindo o sul da Itália e da França e a costa da Líbia no norte da áfrica, sendo o mar mediterrâneo sua principal via de comunicação

Povos que formaram a Civilização Grega

- A civilização grega ou helênica começou a existir por volta de 1200 a 1100 a.C., com a chegada dos dórios ao sul da península balcânica, conquistando os aqueus que aí habitavam

- Aqueus, Eólios, Jônios e Dórios - 1ª Diáspora (Ilhas do Mar Egeu e Ásia Menor) formação de colônias

Características gerais da civilização Grega

Desenvolvimento do comércio e navegação

Descentralização política (Cidade-Estado)

Modo de produção escravista

Contribuições nas artes, ciências e filosofia (formadores da CULTURA OCIDENTAL)

Grande desenvolvimento urbano nos séculos VIII e VII a.C.

Desigual entre as cidades, devido ao grande crescimento populacional do período somado a uma retomada do progresso tecnológico, artesanal e comercial.

• Este progresso gerou a queda da monarquia e o início de turbulências sociais, que produziram legislações e famosos legisladores

Divisão Histórica da Grécia

Período Pré-Homérico (2800 –1100 a.C.) : povoamento da Grécia

Período Homérico (336 –146 a.C): decadência da pólis/domínio Macedônico

Período Arcaico (800–500a.C): Formação da pólis (cidade-Estado) Período de grandes transformações

Período Clássico (500–336 a.C): auge da pólis–"Período das Hegemonias", destaque das cidades de Atenas e Esparta

Período Helenístico (336–146a.C): de Alexandre Magno à conquista romana do Mediterrâneo oriental). Longas e prolongadas guerras

Divisão Territorial

ATENAS

A população de Atenas dividia-se em três classes: cidadãos, metecos e escravos

A cidadania era um privilégio que se adquiria pelo nascimento

Somente filhos de pai e mãe atenienses se reservava o direito de serem cidadãos

• Os estrangeiros e seus descendentes, domiciliados em Atenas, formavam a classe dos metecos, excluídos, como os escravos, da vida política

Em Atenas, todos cidadãos tinham direitos políticos, mas nem todos habitantes eram cidadãos

Havia ainda a classe dos aristocratas,os eupátridas (bem nascidos)

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Características da sociedade ateniense

A educação tinha por objetivo a formação completa do cidadão (física, intelectual e artística)

Era voltada para a formação cultural e intelectual de seus indivíduos

A escravidão cresceu com o comércio marítimo e existia a escravidão por dívida (tráfico de escravos)

História: HERÓDOTO (Guerras Médicas), XENOFONTE e TUCÍDIDES (Guerra do Peloponeso)

Poesia: HOMERO (Ilíada e Odisséia), PÍNDARO

Filosofia: TALES, PITÁGORAS, PROTÁGORAS, SÓCRATES ,PLATÃO e ARISTÓTELES

Ciências: TALES e PITÁGORAS (matemática), HIPÓCRATES (medicina)

ESPARTA

Espartanos ou esparciatas: poder político, religioso e militar

- Periecos: povos dos arredores. Estrangeiros, comerciantes e artesãos. Livres mas sem direitos políticos. Submetidos à autoridade dos espartanos

- Hilotas: servos do Estado. Sem direitos políticos e oprimidos pelos espartanos

- Camponeses

Características da sociedade espartana

• Voltada para o militarismo, Visava a fazer de cada indivíduo um soldado

• A criança ao nascer era examinada por um conselho de cidadãos ,que avaliava sua condição física ,caso houvesse alguma deficiência era atirada em um desfiladeiro

• As crianças eram entregues ao estado a parti rdos 07anos ,para prepará-las para a educação militar, garantindo a proteção da cidade e a ordem interna

• Aos 20 anos, o jovem ingressava no exército; Aos 30 trinta, podia casar-se e participar da Ápela

A vida militar só findava quando o homem espartano chegava aos 60 anos de idade

• A cultura intelectual foi quase nula em Esparta limitando-se ao ensino de poesias sagradas, acantos de guerra e a uma eloquência particular que de via expressar muitas coisas em poucas palavras.

• Militarismo chegado as últimas consequencias. Era um militarismo de defesa pois tinha como objetivo proteger seu território e controlar o trabalho servil dos Hilotas. Não era um militarismo expansionista

• Xenofobia: Aversão, desconfiança, temor e antipatia por pessoa estranhas ou de tudo que venha de outro lugar

• Xenelasia: É banimento ou impedimento de estadia de estranho;

• Laconismo: Existe quando se fala somente o mínimo necessário e, mesmo assim, utilizando-se de menor número de palavras possível.

• A sociedade espartana era agrária, patriarcal, aristocrática, estamental (mobilidade social praticamente impossível), eugênico (não se admite defeitos físicos nos cidadãos)

• A mulher espartana é mais valorizada do que a mulher ateniense

Filmes:

300, Alexandre, Tróia.

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O Direito Grego

1. AS PRIMEIRAS LEIS ESCRITAS

- Somente no meio do século VII a.C., estabeleceram os gregos suas primeiras leis codificadas oficiais;- Os gregos tinham clara a distinção entre lei substantiva (o próprio fim que a administração da justiça busca; determina a conduta e as

relações com respeito aos assuntos litigados) e lei processual (trata dos meios e dos instrumentos pelos quais o fim deve ser atingido, regulando a conduta e as relações dos tribunais e dos litigantes com respeito à litigação em si

2. O DIREITO GREGO E SUAS FONTES

- As fontes das leis escritas são encontradas em inserções em pedra, madeiras e bronze, mas não chegaram até nós como os escritos da filosofia, literatura e história porque estes foram constantemente citados, copiados, o que não ocorreu com as leis gregas

- Os gregos não elaboram tratados sobre o direito, limitando-se apenas à tarefa de legislar como forma de solução de controvérsias;- Havia árbitros públicos (visava reduzira carga dos dikastas: o árbitro era designado pelo magistrado e tinha como principal característica a

emissão de um julgamento correspondente à moderna arbitragem, mas que deu origem à jurisdição, tal como em Roma) e- Árbitros privados (meio alternativo mais simples e mais rápido), realizado fora do tribunal, para se resolver um litígio, em que as próprias

partes escolhiam os árbitros entre pessoa de sua confiança. Buscava-se a equidade

- Não diferenciavam o direito civil do penal ou o direito público do privado, havia uma forma de mover uma ação: ação pública (graphé)–por cidadãos que se considerassem prejudicados pelo Estado–e ação privada (diké)–um debate judiciário entre dois litigantes, reivindicando um direito ou apresentando uma defesa, adstrito às partes (exemplos: assassinato, propriedade, assalto, violência sexual, roubo, etc.;

- Cabia à pessoa lesada ou a seu representante legal intentar a ação,fazer a citação,tomar a palavra na audiência, sem auxílio do advogado

- Não havia, também juízes e promotores, apenas dois litigantes dirigindo-se a centenas de jurados (cidadãos comuns, os heliastas, sorteados anualmente), com julgamentos completados em um ou dois dia;

- Os juízes dos demos tinham a responsabilidade da investigação preliminar, facilitando a vida dos cidadãos no campo

2.1. AS INSTITUIÇÕES

Instituições políticas de governo da cidade:

Assembleia do Povo (ekklêsia): composta por todos os cidadãos acima de 20 anos e de posse de seus direitos políticos; se reuniam na praça pública (ágora) ou no grande teatro de Dionísio (quarto século), que delibera, decide, elege e julga. Constituía-se no órgão de maior autoridade;

Conselho dos Quinhentos (boulê): composto de 500 cidadãos (50 para cada tribo), com idade acima de 30 anos e escolhidos por sorteio a partir de candidatura prévia. Eram submetidos a exame moral prévio pelos conselheiros antigos. O papel do Conselho, devido à sua dedicação total à atividade pública, era o de auxiliar da Assembleia. Assim, examinava, preparava as leis e as controlava

Estrategos (501 a.C.): em número de 10 eleitos pela Assembléia, eram eleitos e reeleitos indefinidamente. Tinham que ser cidadãos natos, casados legitimamente (não eram elegíveis os solteiros) e possuir uma propriedade financeira na Ática que assegurassem alguma renda. Sua atividade principal era administrar a guerra, distribuir os impostos e dirigir a polícia de Atenas e a defesa nacional

Magistrados: eram sorteados dentre os candidatos eleitos (não poderiam ser reeleitos). Havia vários tipos de magistraturas, quase sempre agrupadas em colegiado,sendo o grupo mais importante o dos arcontes

Arconte rei (basileu): tinha funções religiosas e presidia os tribunais do Areópago. Seis arcontes, denominados tesmótetas (thesmothétai) eram os presidentes de tribunais e,a partir do quarto século a.C., passaram a revisar e coordenar anualmente as leis. Instruíam os processos, ocupavam-se dos cultos e exerciam as funções municipal.

2.2. Instituições relativas à administração da justiça

Os tribunais (organizados em Justiça Criminal – o Areópago e os Efetas – e Justiça Civil – os árbitros, os heliastas e os juízes dos Tribunais Marítimos)

2.3. LEGISLADORES FAMOSOS

- Papel dos legisladores: Retirar o poder das mãos da aristocracia com leis escritas

Zaleuco de Locros (650a.C):

-Atribuí-se-lhe o primeiro código escrito de lei;

-Primeiro legislador a fixar penas determinadas para cada tipo de crime

Dracon (620a.C)

- era um eupátrida

- ficou conhecido por sua severidade

- forneceu a Atenas seu primeiro código de leis

- responsável pela introdução do princípio do direito penal: a distinção entre os diversos tipos de homicídio:

1) voluntário: julgados pelo Areópago

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2) involuntário e em legítima defesa: julgados pelo Tribunal dos Éfetas composto de 4 tribunais de 51 pessoas com mais de 50 anos e designadas por sorteio. O Areópago enviava a esses tribunais os casos de homicídio involuntário ou desculpável

-reproduziu o direito antigo, ditado por uma religião implacável que via em todo erro uma ofensa às divindades e em toda ofensa às divindades um crime odioso

- quase todos os crimes eram passíveis de pena de morte (o roubo era punido com a morte, porque o roubo era um atentado à religião da propriedade)

- possuía dureza e a rigidez da velha lei não escrita

- estabelecia uma demarcação bem profunda entre as classes

- reconheceu uma existência legal aos cidadãos e indicou o caminho da responsabilidade individual

Sólon(594-593a.C)

- criou um código de leis (alterando o código de Drácon)

- promoveu uma reforma institucional, econômica (reorganizando a agricultura, incentivando aculturada oliveira e da vinha e exportação do azeite) e social (obrigação dos pais a ensinarem um ofício a seus filhos, os quais, caso contrário, ficariam desobrigados de ampará-los na velhice

- eliminou as hipotecas e libertação dos escravos por dívidas

- atraiu, artífices estrangeiros com a promessa de concessão de cidadania

- divisão do patrimônio entre os irmãos (direito ainda não conferido à mulher, mesmo que filha única, a herança fica como agnado mais próximo que detém a sucessão,mas dar à filha única o gozo do patrimônio forçando o herdeiro a desposá-la)

- introduziu o testamento (antes os bens não pertenciam ao indivíduo,mas sim à família), o homem passa a poder dispor de sua fortuna e escolher seu legatário, mas o filho foi conservado como herdeiro necessário

- proibiu o pai de vender a filha [a religião primitiva o permitia, a não ser que ela tivesse cometido um delito grave

- permitiu à mulher que retomasse seu dote

- as leis são as mesmas para todos

- garantiu a liberdade individual

- o direito de demandar em justiça um crime é concedido a todo cidadão, e não mais somente à família da vítima

- estabeleceu um imposto progressivo sobre os rendimentos

- acabou com a divisão da sociedade em classes societárias

- os poderes do governo foram divididos em quatro corpos políticos: o Arcontado, o Bulé, a Eclésia e o Aerópago. Para o primeiro, só podiam ser eleitos os cidadãos da primeira classe, isto é, os mais ricos; o Bulé, era um conselho de 400 cidadãos, eleitos entre os membros das primeiras três classes, a Eclésia, ou assembléia do povo, pertenciam vinte mil cidadãos, incluindo-se os que nada possuíam

- O Aerópago manteve a estrutura anterior

Clístenes

- é eleito por vontade do povo

- considerado o pai da democracia grega- Os gregos chamavam a palavra governo de kratía, e demo – povo, por isso o governo era chamado de democracia (governo do povo)

- atuando como legislador, realizou verdadeira reforma instaurando nova Constituição

- redivisão social em 10 tribos

- Bulé ampliada (50 membros)

- 10 Arcontes – um por tribo

- Eclésia: 6 mil membros, com mais poder

- Ostracismo – afastamento da cidade (10 anos)

- estabilidade social e progresso

- mulheres, metecos (estrangeiros) e escravos: sem direitos

- cidadãos: Homens, adultos, filhos de pai e mãe atenienses, nascidos em Atenas

Licurgo (720–680 a.C)

- legendário legislador militar espartano

-fundador da maior parte das instituições políticas e militares de Esparta, porém provavelmente pode ter sido mais uma figura lendária da cidade-estado erguida pelos dóricos no Peloponeso

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- segundo Heródoto, ele pertencia a uma das duas estirpes que se revezavam no poder e se inspirou nas instituições de Creta para criar as de Esparta.

-segundo Xenofonte, ele implantou as instituições logo após a invasão da Lacônia pelos dóricos

- já Plutarco afirmou ter sido ele o introdutor dos poemas de Homero em Esparta

Características do Direito Grego

Pode-se categorizar as leis gregas em crimes, família, pública e processual. A categoria denominada por crimes, que corresponderia ao nosso direito penal, inclui o homicídio que os gregos, diferenciavam entre voluntário, involuntário e em legítima defesa.

Classificadas como família, encontramos leis sobre casamento, sucessão, herança, adoção, legitimidade de filhos, escravos, cidadania, comportamento das mulheres em público etc.

Como leis públicas tem-se as que regulavam as atividades e deveres políticos dos cidadãos, as atividades religiosas, a economia, finanças, vendas, aluguéis, o processo legislativo, relações entre as cidades, construção de navios, dívidas etc.

Algo notável no direito grego era a clara distinção entre lei substantiva e lei processual. Enquanto a primeira é o próprio fim que a administração da justiça busca, a lei processual trata dos meios e dos instrumentos pelos quais o fim deve ser atingido, regulando a conduta e as relações dos tribunais e dos litigantes com respeito à litigação em si, enquanto que a primeira determina a conduta e as relações com respeito aos assuntos litigados.

Um exemplo significativo de quão evoluído era o direito processual grego é encontrado no estudo dos árbitros públicos e privados. Trata-se aqui de duas práticas que se tornaram comuns, no direito grego, como alternativas a um processo judicial normal: a arbitragem privada e a arbitragem pública. A arbitragem privada era um meio alternativo mais simples e mais rápido, realizado fora do Tribunal, de se resolver um litígio, sendo arranjada pelas partes envolvidas que escolhiam os árbitros entre pessoas conhecidas e de confiança. Nesse caso, o árbitro (ou árbitros) não emitia um julgamento, mas procurava obter um acordo, uma conciliação, entre as partes. A arbitragem privada corresponderia a nossa moderna mediação.

Embora os gregos não estabelecessem diferença explícita entre direito público e direito privado, civil e penal, é no direito processual que se encontra uma diferenciação quanto à forma de mover uma ação: a ação pública e a ação privada. A ação pública podia ser iniciada por qualquer cidadão que se considerasse prejudicado pelo Estado, por exemplo, por ação corrupta de funcionário público. A ação privada era um debate jurídico entre dois ou mais litigantes, reivindicando um direito ou contestando uma ação, e somente as partes envolvidas podiam dar início à ação.

Exemplos de ações privadas: assassinato, perjúrio, propriedade, assalto, ação envolvendo violência sexual, ilegalidade, roubo.

Exemplos de ações públicas: contra oficial que se recusa a prestar contas, por impiedade, contra oficial por aceitar suborno, contra estrangeiro pretendendo ser cidadão, por registro falso etc.

No direito grego não havia magistrado que iniciasse um processo, não havia ministério público que sustentasse a causa da sociedade. Em princípio cabia à pessoa lesada ou a seu representante legal intentar o processo,fazer a citação, tomar a palavra na audiência, sem auxílio de advogado. A lei ateniense era essencialmente retórica. Não havia advogado, juízes, promotores públicos, apenas dois litigantes dirigindo-se a centenas de jurados.

Em Atenas a administração da Justiça foi mantida, tanto quanto possível, nas mãos de amadores, com efeito (e talvez também o objetivo) de permanecer barata e rápida. Todos os julgamentos eram aparentemente completados em um dia, e os casos privados muito mais rápidos do que isto. Não era permitido advogado profissional. O presidente da Corte não era um profissional altamente remunerado, mas um oficial designado por sorteio.

O direito a um julgamento por um júri formado por cidadãos comuns (em vez de pessoas tendo alguma posição especial e conhecimento especializado) é comumente visto nos estados modernos como uma parte fundamental da democracia. Foi uma invenção de Atenas.

O direito grego através de seus Tribunais formado por um júri composto de cidadãos comuns, cujo número chegava a várias centenas, era atividade que fazia parte do dia-a-dia da maioria das cidades gregas.

Os litigantes dirigiam-se diretamente aos jurados através de um discurso, sendo algumas vezes suportados por amigos e parentes que apareciam como testemunhas. O julgamento resumia-se a um exercício de retórica e persuasão. Cabia ao litigante convencer a maior parte de jurados e para isso valia-se de todos os truques possíveis. O mais comum, e que passou a ser uma das grandes características do direito grego, foi o uso de logógrafos, escritores profissionais de discursos forenses. São considerá-los como um dos primeiros advogados da história.

Os gregos antigos não só tiveram um direito evoluído, como influenciaram o direito romano e alguns dos nossos modernos conceitos e práticas jurídicas: o júri popular, a figura do advogado, a diferenciação de homicídio voluntário, involuntário e legítima defesa, a mediação e a arbitragem, a gradação das penas de acordo com a gravidade dos delitos.