6
Tratamento de Fraturas. Princípios: - não ser nocivo; - basear o tratamento em um diagnóstico e prognóstico acurados; - cooperar com as leis da natureza; - selecionar o tratamento com objetivos específicos; - ser realista e prático; - selecionar o tratamento para o paciente como um individuo. (ou seja, não posso pegar todos os tratamentos e colocar para todos os pacientes). Indicação de imobilização -imobilizar provisoriamente uma fratura ainda não reduzida. Ex.: fratura de antebraço que ainda vai se submeter a redução cruenta ou incruenta). - imobilizar uma fratura reduzida; (provisoriamente – tem uma fratura, o paciente vai esperar a redução. E após a redução também, para manter a redução que eu obtive). -imobilizar o seguimento após o trauma. Ex.: entorse no joelho ou cotovelo. - imobilizar o seguimento em um processo infeccioso. Ex.: bio artrite de joelho ou de qualquer outra articulação e dói muito, faz-se o tratamento cirúrgico, imobiliza no pos-operatorio porque qualquer movimento em lugar com infecção dói demais. - manter correções de deformidades. Ex.: deformidade de joelho, bloqueio de extensão ou flexão. Não pode deixar muito tempo imobilizado. - após cirurgia. Ex.: transposição tendinosa, imobiliza ate cicatrizar. (Deformidade no cotovelo, bloqueio de extensão/flexão. Corrijo esse bloqueio e imobilizo por uns dias, não posso deixar muito tempo se não nem a fisioterapia recupera. Tem que ter mobilização precoce. Então, eu corrigi uma deformidade, o paciente tem uma fratura do rádio viciosamente consolidada, eu fui lá corrijo essa deformidade, mantenho essa imobilização. - Após cirurgia: eu operei, fiz uma transposição tendinosa, eu tenho que imobilizar até cicatrizar esse tendão e começar a movimentar. Se eu liberar para movimentar logo, isso vai romper. - Mas tem alguns que eu não posso. Por exemplo, operar o joelho, se ficar imobilizado muito tempo, já era). Tipos de imobilizações Ela tem o nome de onde ela começa e de onde ela termina para evitar aumento de volume, edema, garroteamento. A imobilização tem que incluir uma articulação abaixo e acima da fratura ou do trauma. Ex. quebra o antebraço tem que envolver punho e cotovelo, fazendo uma luva tem que ter movimento de pronosupinação, a exceção é a fratura da clavícula). 1. goteira gessada, calha ou tala gessada: suro-podálica, inguino-podálica. (imobilizações provisórias. Áxilo-palmar. Ou braquio-palmar. Antebráquio-

1 Tratamento de Fraturas (2)

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 1 Tratamento de Fraturas (2)

Tratamento de Fraturas. Princípios:- não ser nocivo;- basear o tratamento em um diagnóstico e prognóstico acurados;- cooperar com as leis da natureza;- selecionar o tratamento com objetivos específicos;- ser realista e prático;- selecionar o tratamento para o paciente como um individuo. (ou seja, não posso pegar todos os tratamentos e colocar para todos os pacientes).

Indicação de imobilização-imobilizar provisoriamente uma fratura ainda não reduzida. Ex.: fratura de antebraço que ainda vai se submeter a redução cruenta ou incruenta).- imobilizar uma fratura reduzida; (provisoriamente – tem uma fratura, o paciente vai esperar a redução. E após a redução também, para manter a redução que eu obtive).-imobilizar o seguimento após o trauma. Ex.: entorse no joelho ou cotovelo.- imobilizar o seguimento em um processo infeccioso. Ex.: bio artrite de joelho ou de qualquer outra articulação e dói muito, faz-se o tratamento cirúrgico, imobiliza no pos-operatorio porque qualquer movimento em lugar com infecção dói demais.- manter correções de deformidades. Ex.: deformidade de joelho, bloqueio de extensão ou flexão. Não pode deixar muito tempo imobilizado.- após cirurgia. Ex.: transposição tendinosa, imobiliza ate cicatrizar.(Deformidade no cotovelo, bloqueio de extensão/flexão. Corrijo esse bloqueio e imobilizo por uns dias, não posso deixar muito tempo se não nem a fisioterapia recupera. Tem que ter mobilização precoce.Então, eu corrigi uma deformidade, o paciente tem uma fratura do rádio viciosamente consolidada, eu fui lá corrijo essa deformidade, mantenho essa imobilização. - Após cirurgia: eu operei, fiz uma transposição tendinosa, eu tenho que imobilizar até cicatrizar esse tendão e começar a movimentar. Se eu liberar para movimentar logo, isso vai romper.- Mas tem alguns que eu não posso. Por exemplo, operar o joelho, se ficar imobilizado muito tempo, já era).

Tipos de imobilizações

Ela tem o nome de onde ela começa e de onde ela termina para evitar aumento de volume, edema, garroteamento. A imobilização tem que incluir uma articulação abaixo e acima da fratura ou do trauma. Ex. quebra o antebraço tem que envolver punho e cotovelo, fazendo uma luva tem que ter movimento de pronosupinação, a exceção é a fratura da clavícula).1. goteira gessada, calha ou tala gessada: suro-podálica, inguino-podálica. (imobilizações provisórias. Áxilo-palmar. Ou braquio-palmar. Antebráquio-palmar. Suro-podálica. Curo-podálica.2. colete ou colar de Schanz: para traumas leves da região cervical e torcicolo. (Você pode improvisar fazendo de algodão e atadura, ou papelão).3. minerva: trauma da coluna cervical e dorsal alta. (essa é a imobilização da coluna cervical. Não dá pra tratar com colar de Schanz). Hoje é pouco utilizada. Trauma grave da coluna cervical e dorsal é cirúrgico. Pode também usar o colar de Filadelfia.4. halogesso: fraturas estáveis ou após estabilização cirúrgica. (para dar mais estabilidade). 5. colete de Putti: traumas da coluna dorsal baixa e lombar. (gessado ou de plástico). Muito utilizado nas fraturas estáveis.6. Velpeau: traumas escapulo-umeral—após redução de luxações, fraturas do colo, clavícula, omoplata e após cirurgias. (paciente teve trauma no ombro, luxação gleno-umeral. Faço a redução e posso colocar o velpeau. Hoje, está aprovado que as partes moles não cicatrizam, sendo desnecessários aqueles 21 dias. Tenho que suturar essas partes moles. Em idoso não pode, porque pode dar ombro congelado. Fraturas da escápula, após cirurgia do ombro). É mais preferível em criança que em adulto. A dipoia canadense é mais indicada no adulto.7. Velpeau com malha: traumas no ombro (entorse, fraturas de clavícula- crianças). (pega uma malha tubular. Para entorses do ombro, fratura de clavícula, colo do úmero em criança. Esse pode ser trocado pela tipóia canadense, faz o mesmo efeito).8. enfaixamento clavicular em 8: fraturas da clavícula. (fratura de clavícula. Ou você coloca uma tipóia tipo canadense ou você opera. Você se limita a não usar muito esse tipo de imobilização, só em fratura de clavícula em adulto, que fica cavalgado. E em criança, só uma tipóia.)

Page 2: 1 Tratamento de Fraturas (2)

9. braquiopalmar ou axilo-palmar: traumas no cotovelo e antebraço. (região do braço até a mão. Qualquer trauma no cotovelo, antebraço. Se for uma fratura do antebraço, tenho que imobilizar uma articulação acima e uma articulação abaixo para evitar pronosupinação. Se eu colocar só um antebráquio-palmar, o paciente faz pronosupinação. E se o paciente teve um trauma, o antebraço vai doer. E se tiver uma fratura, vai perder a redução. Eu tenho que imobilizar SEMPRE uma articulação acima do trauma, e uma abaixo). No adulto é aconselhável tratamento cirúrgico.10. braquiopalmar pendente: traumas do úmero cominutidas e antebraço em crianças. (é um gesso com uma argola que a tipóia passa por dentro dessa argola [SEMPRE DO TERÇO MEDIAL PARA DISTAL]. A finalidade desse gesso, se usava em fratura cominutiva do úmero, o próprio peso do gesso vai alinhar a fratura. Se utilizava em fratura do antebraço em criança. Colocava-se essa argola a nível do foco de fratura para manter o equilíbrio).11. antebraquiopalmar: traumas no punho e ossos do carpo, fraturas do radio distal, fraturas de base do metacarpo. (Quando eu pego esse gesso e incluo o primeiro dedo, eu estou tratando a fratura do escafóide. Então, tem que bloquear o primeiro dedo – abdutor longo e o extensor curto, levam o escafóide ao movimento. Se eu não bloquear, quando ele mexe o dedão, mexe o escafóide e a estrutura não consolida).12. tala digital: trauma nas falanges e lesão do aparelho extensor. (pode ser feita com a parte externa do esparadrapo, aquela capa. Usa no dedo em martelo – lesão do tendão extensor. Você não pode imobilizar o dedo reto. Tem que manter em flexão. Para cicatrizar a parede extensora). Só tem indicação de imobilizar dedo reto, se você levar um corte no dedo nesse sentindo, faz-se uma retração na cicatrização.CINTURA PELVICA (Calção gessado): (fratura do anel pélvico. O tratamento é cirúrgico – na maioria das vezes – ou é conservador – repouso no leito. Quando tiver coragem e não sentir mais dor, pode pisar. Então, hoje não se utiliza mais a cintura pélvica).13. hemipelvicopodálico: patologias das articulações coxo-femoral e fêmur (fraturas)—somente em criança. (fraturas do fêmur na criança, imobilizo com hemipelvicopodálico ou pelvipodálico. O paciente ficava 2 meses na tração, dentro do hospital e depois ficava mais 2

meses com esse gesso. Ou botava o hemipelvico ou o pélvico. Então, a fratura ficava encurtada, o joelho e o quadril duros. Uma atrofia muscular e uma atrofia óssea. Isso não era bom. Então, só utiliza esse gesso na fratura da criança.)14.inguinopodálico: joelho e perna. (hoje só utilizado nas fraturas da tíbia. As fraturas do joelho não! Opera-se + movimentação precoce.)15. inguinomaleolar: trauma no joelho (não se usa mais. Era utilizada pós-trauma de joelho. Hoje, a melhor imobilização para o joelho é um par de muletas. E movimentação a vontade. Se levar conservador, ele vai pisar, e vai pisar em base do platô. Se eu sofri uma entorse de joelho, imobilizo por 5 dias – PRICE – retiro, e vou exercitar. Ou se for atleta de elite com lesão ligamentar, cirúrgico. Se for atleta de final de semana, o ideal é operar no 3º mês, por causa do índice de artrofibrose – que aumenta em torno de 75% quando eu pego o camarada que é atleta de final de semana e opero logo o joelho dele. Só opera logo o atleta de elite. E não se imobiliza mais. O pós-operatório é gelo e mobilização, movimentar logo). 16. suropodálico: patologias do pé e tornozelo. (fraturas do tornozelo e do pé. Vocês vêem que o tem que colocar o gesso em todo o membro. Se você não colocar, vai dar garroteamento da musculatura. Vai dar edema e isso forma um garrote).17. aparelho gessado sarmento: fratura dos ossos da perna. (evita a rotação mas permite flexoextensão. Muito utilizado em fratura dos ossos da perna. Quando se está preocupado com a movimentação precoce do joelho, pode utilizar o sarmento. Evita a rotação do joelho mas ele permite a flexoextensão. Nas fraturas dos ossos da perna estáveis, porque as instáveis são cirúrgicas).18. escama de peixe: fraturas das falanges e interfalanges do pé. (fraturas da falange. Incluindo sempre o dedo vizinho. Se é no 3º dedo, inclui os dois – lateral e medial).

Complicações: (então, o gesso leva a tudo isso, deixa a articulação dura).- atrofia de desuso do músculo e do osso;- trombose venosa local; - úlceras de pressão;- contratura muscular e capsular;- aderências intra-articularesm

Tratamento cirúrgico

Page 3: 1 Tratamento de Fraturas (2)

1. redução Incruenta (manipulador) (faço manipulação, reduzo, boto no lugar. É o famoso “pegador” – ele sabe onde ele está pegando. Lava bem e depois você faz a redução).- corrigir deformidades; - reduzir fraturas;- reduzir luxações;- recuperar movimentos.2. redução Cruenta (com bisturi, incisão) (aquela que é aberta – os objetivos delas são idênticos. Tem que fazer três: 1) qual a via de acesso? 2) opero logo ou posso esperar? Se for uma fratura de tornozelo tenho que operar logo, não posso esperar. As fraturas têm que ser operadas logo, não pode esperar. 3) quando não operar? Risco/beneficio. Existem fraturas do joelho, do platô que pode conservar – dependendo do desvio e do afundamento. Não opera quando não se sabe operar. Quando você não tem material adequado para aquela cirurgia, não vai improvisar). - alivio da dor;- melhorar a função e a capacidade;- prevenir e/ou corrigir deformidades

Métodos cirúrgicos1. Tendões: são lesões espontâneas- tenorrafia (exemplo: lesão no tendão de Aquilles).- enxerto de tendões- tenólise (liberação do tendão. Doença de DEKERVEIN(?) Tenosinovite de dekervein (?) – primeiro túnel extensor, passa o abdutor longo e o extensor curto, então ele fica comprimindo. Muito comum. Pessoal da digitação, na gestação – por alteração hormonal -, após a gestação – aquelas que amamentam a criança no seio -, você vai lá e abre o túnel extensor. Ou o dedo em gatilho. Fecha a mão e engatou o dedo, você libera esse tendão do túnel A3). - tenonotomia (cortar o tendão – utilizado muito em paralisia cerebral).- alongamento (paciente que nasce com encurtamento congênito do tendão de Aquilles, ele não consegue pisar com esse pé, fica na ponta do pé).- transferência de tendão- tenodese (fazer com que o tendão bloqueie uma articulação). 2. Nervos:-neurorrafia sutura do nervo (pode usar cola de fibrina para fazer a rafia desse nervo).- neurólise: liberar o nervo. Na síndrome do túnel do carpo. (passam 4 tendões flexores

superficiais e 4 profundos. O flexor do primeiro dedo e o nervo mediano. Em algumas pessoas, a artéria interóssea – porque ela termina antes do carpo, mas às vezes ela penetra no túnel do carpo. Pessoas que movimentam muito a mão digitando, pessoas com artrite reumatóide. Esse túnel vai comprimir o nervo. Então, você tem que abrir todo o túnel do carpo. Paciente que tem um tumor que está comprimindo o nervo, tira o tumor e descomprime o nervo).- neurectomia: secciona o nervo para ele não funcionar mais (faz-se em paralisia cerebral).- enxerto de nervo- transposição do nervo (utilizado muito em Mal de Hansen, faz transposição do nervo cubital para região anterior para evitar compressão). 3. Articulações: -artrotomia: tira-se pus da articulação. (abertura). Ex.: artrite reumatoide- artrocentese: tira-se sangue (punção. Sai verde, pus, tem uma pioratrite.- artroscopia (olhar), fraturas de pequeno desvio, menisco rompido.- artoplastia: substitui a articulação lesada. (trocar. De joelho. De ombro não dá bom resultado. A prótese de melhor resultado, é a prótese de quadril. Tem a parcial, em que só troca a cabeça do fêmur e a total. Ainda está em estudo a prótese de tornozelo). - artrodese: fundi a articulação (unir, fundir. Fusão de L5 e S1. Também em tornozelo, após uma pioartrite).4. Ossos- tração contínua: a) percutanea: - pós-operatório em amputações; pós-operatória de pioartrite; luxações congênitas; fraturas de fêmur em crianças até 4 anos; - alinhar fratura, corrigir, diminuir; - lesão de partes moles (coloca a tração na pele para ela não retrair e não dificultar o fechamento depois nesse coto). NÃO DÁ PARA FAZER EM CRIANÇA GORDINHA. b) transesquelética - usa de 7 até 10% de peso do corpo. Exemplo: 60kg 6kg. E na criança não pode passar de 3kg senão arranca. Usada para alinhar fratura, corrigir retrações, articulações, diminuir mobilidade do foco, lesão de parte mole dever ser diminuída, pre-operatorio de luxação traumática. - fratura de fêmur - osteotomia (quebrar o osso. Uma fratura que consolidou torta, eu faço uma osteotomia e fixo, e ela vai alinhar. Corrigindo a deformidade.)- osteossíntese: quando vai fixar uma fratura na outra. Ex.: na fratura da tíbia; fratura de todos os metatarsos. Em fratura de fêmur distal com

Page 4: 1 Tratamento de Fraturas (2)

fixação com placa-parafuso. Fratura de fêmur proximal).- enxerto ósseo: o melhor local de retirada é a asa do ilíaco. (o melhor lugar de enxerto é do ilíaco, que é o osso esponjoso. Se for na mulher, tira da parte interna do ilíaco, evita tirar da ponta por causa da cintura, que vai cair, parar deixar a asa do ilíaco). Pode ser retirado também da fíbula, tíbia proximal.- curetagem óssea: quando tem uma infecção ou pseudoartrose com osso dentro do canal.- sequestrectomia: quando o osso ta branco--- retira-se o osso. (tirar o osso morto. Paciente tem uma osteomielite e esse osso está morto, você tira e isso vai sangrar, cureta, sangra, tira o seqüestro).- epifisiodese (criança, teve um trauma grave que danificou a físe. Então, não tem mais. Esse joelho vai crescer torto. Faz-se a fixação da fise para não crescer mais; depois alonga). osteomielite: fura esse osso para drenar essa secreção. Você fura, tira um pedaço, drene a secreção purulenta que tem dentro). - transporte ósseo: quando há retirada de tumor de célula gigante, usa-se a fíbula proximal como enxerto. Isso é um alongamento ósseo com transposição. Quando você corta, não pode danificar o periósteo). - alongamento: quebra um pedaço do osso para onde quer que ele cresça, e se não danifica o periósteo ele tende a crescer. Ex.: fratura exposta com perda óssea.