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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE LETRAS E ARTES FACULDADE DE LETRAS COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS MARIA DE LOURDES DE MELO PINTO Memória de autoria feminina nas primeiras décadas do século XX: a emergência da obra periodística de Chrysanthème. Rio de Janeiro 2006

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1UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE LETRAS E ARTESFACULDADE DE LETRAS

COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

MARIA DE LOURDES DE MELO PINTO

Memória de autoria femininanas primeiras décadas do século XX:

a emergência da obra periodística de Chrysanthème.

Rio de Janeiro

2006

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MARIA DE LOURDES DE MELO PINTO

Memória de autoria femininanas primeiras décadas do século XX:

a emergência da obra periodística de Chrysanthème.

Rio de Janeiro

2o semestre de 2006

Tese de Doutorado apresentada à Coordenação dePós-graduação em Letras, área de concentraçãoem Literatura Comparada, linha de pesquisa emImaginários Culturais e Literatura da Faculdadede Letras da Universidade Federal do Rio deJaneiro como parte dos requisitos necessários àobtenção do título de Doutor em Letras.

Orientadora: Professora Doutora Angélica MariaSantos Soares

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Maria de Lourdes de Melo Pinto

Aprovada em: _____/_____/_____

Memória de autoria feminina nas primeiras décadasdo século XX: a emergência da obra periodística deChrysanthème.

Tese de Doutorado submetida ao corpo docente do Programade Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Riode Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtençãodo título de Doutor em Letras.

Profa. Dra. Angélica Maria Santos Soares (orientadora)Universidade Federal do Rio de Janeiro

Profa. Dra. Rosa Maria de Carvalho GensUniversidade Federal do Rio de Janeiro

Profa. Dra. Nícea Helena de Almeida NogueiraCentro de Ensino Superior de Juiz de Fora

Prof. Dr. João Camillo Barros de Oliveira PennaUniversidade Federal do Rio de Janeiro

Prof. Dr. Alberto Pucheu Neto (suplente)Universidade Federal do Rio de Janeiro

Prof. Dr. Armando Ferreira Gens Filho (suplente)Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Profa. Dra. Helena Gomes Parente CunhaUniversidade Federal do Rio de Janeiro

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Para minha mãe e minha tia Lidia,

que fazem parte das memórias familiares

femininas que me construíram.

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AGRADECIMENTOS

Às Candaces,

Òsún, Yemoja, Ìyásan, Nàná, Obá, Yewà que ancestralmente comprovam a força feminina.

A Maurício,

que entre turras e carinhos constrói uma história ao meu lado.

A minha orientadora,

que apesar dos desaparecimentos da orientanda, sempre soube zelar pela minhalembrança.

Ao meu pai,

o primeiro gauche com que travei contato e que me legou o gosto pelas pesquisas insólitas.

A Arlete e Fernanda,

que mostram diariamente o valor da amizade e das noites insones.

A Ártele,

que percebeu a riqueza de um trabalho árduo.

A Irene,

a quem sempre confiarei memórias e segredos.

A Carlos Otávio,

que, de luneta em punho durante muito tempo, buscou pistas de uma escritora esquecida.

A Paulo Sisto,

que reencontrou o caminho das Letras...

Ao Professor José Ricardo da Silva Rosa,

que, mesmo em sua ausência, lembra-me de que amigos que não se perdem no caminho.

A André Luiz Gomes,

que nos últimos momentos do trabalho tornou possível reunir os papéis avulsos.

Aos velhos amigos da UERJ e da UNESA e aos novos da Faetec,

que me apoiaram ao longo do árduo trabalho do resgate da(s) minha(s) memória(s).

Aos amigos,

que souberam respeitar a minha ausência e suportar a presença de Chrysanthème: Ilza,Marcio, Tula, Rodrigo, Sossô Bombom, Mãe Dora, Claudia Almeida, Elis, Enirce, Simone,Alexandre, Bruna, Erika, Sérgio Ribeiro, Lilian, Irene, Antônio Pereira, Alélia Medina,Alélia Pereira, Alexandre Felippe, Marco Antônio, Ana Lucia, Valérie e todos os meusalunos.

. . . .

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SINOPSE

Mecanismos de construção e articulação dememórias: a individual e a coletiva. Transformaçõessemânticas do vocábulo crônica e estabelecimento dogênero como um espaço de transgressão da mulher.Rememoração de textos e pensamentos de autoriafeminina à época da Primeira República. Aprofissionalização e a presença de Chrysanthème,pseudônimo de Cecilia Moncorvo Bandeira de MelloRebello de Vasconcellos, no panorama literáriobrasileiro, como exemplo da participação feminina nosconteúdos sócio-culturais da época. Resgate damemória de opressão e da resistência feminina nasprimeiras décadas do século XX. Estudo de crônicasescolhidas da autora nos periódicos em que publicounesse período, com o objetivo de dar visibilidade auma produção literária excluída do cânone brasileiro,resgatando, pois, um exemplo da memória de autoriafeminina em nosso país. Catálogo bibliográfico dascrônicas de Chrysanthème publicados em periódicosde 1907 a 1948. Reunião completa de 1.530 crônicasnos meios impresso e digital.

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RESUMO

Esta tese tem por objetivo inventariar toda a produção cronística de

Chrysanthème, pseudônimo de Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello Rebello

de Vasconcellos, publicada em A Imprensa, O Paiz, Correio Paulistano, O Mundo

Literário, Única, Diário de Notícias, O Cruzeiro e Gazeta de Notícias, perfazendo

um total de 1.530 escritos, considerando-se de suma importância, para os

estudos literários, o resgate de obras de autoria feminina, que não tiveram

visibilidade de sua crítica contemporânea.

Apresenta as transformações da crônica dentro do universo literário e

caracteriza o gênero, apontando estratégias que a tornem um possível exercício

para o registro da memória feminina, com base em considerações de alguns

teóricos que se debruçaram sobre a temática da memória. Tece ainda a leitura

de crônicas de Chrysanthème, selecionadas entre o período de 1907 e 1948,

voltadas para espelhos da condição feminina, indicações da crítica de costumes

e imagens de contextos sócio-políticos.

PINTO, Maria de Lourdes de Melo. Memória de autoria femininanas primeiras décadas do século XX: a emergência da obraperiodística de Chrysanthème. Rio de Janeiro: Universidade Federaldo Rio de Janeiro / Centro de Letras e Artes / Faculdade de Letras/ Coordenação de Pós-graduação em Letras, 2006. 3v. e 1 CD-ROM.680 p. [Tese de Doutorado em Literatura Comparada]

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RESUMEN

Esta tesis tiene como el objetivo inventory toda la producción cronística

de Chrysanthème, seudónimo de Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello Rebello

de Vasconcellos, publicado en A Imprensa, O Paiz, Correio Paulistano, O Mundo

Literário, Única, Diário de Notícias, O Cruzeiro y Gazeta de Notícias, perfazendo

al total de 1.530 escrituras, en vista de sí mismo de la importancia extrema,

para los estudios literarios, el rescate de la produción de autoria femenina,

que no habían tenido visibilidad de crítica en la epoca.

Presenta las transformaciones del chronicle dentro del universo literario

y caracteriza la clase, señalando las estrategias que se convierten en él un

ejercicio posible para el registro de la memoria femenina, en base de las

consideraciones de algunos teóricos que si están inclinados encima del temático

de la memoria. Todavía teje la lectura de chronicles de Chrysanthème, textos

seleccionados entre el período de 1907 y 1948, vueltos hacia los espejos de la

condición femenina, indicaciones de la crítica de costumbres et imágenes de

contextos políticos sociales.

PINTO, Maria de Lourdes de Melo. Memória de autoria femininanas primeiras décadas do século XX: a emergência da obraperiodística de Chrysanthème. Rio de Janeiro: Universidade Federaldo Rio de Janeiro / Centro de Letras e Artes / Faculdade de Letras/ Coordenação de Pós-graduação em Letras, 2006. 3v. e 1 CD-ROM.680 p. [Tese de Doutorado em Literatura Comparada]

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RÉSUMÉ

Cette thèse a objectif inventorier toute la production chronistique de

Chrysanthème, pseudonyme de Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello Rebello

de Vasconcellos, publiée dans A Imprensa, O Paiz, Correio Paulistano, O Mundo

Literário, Única, Diário de Notícias, O Cruzeiro et Gazeta de Notícias, en

parfaisant un total de 1.530 écrits, en se considérant de plus grande

importance, pour les études littéraires, le sauvetage d'oeuvres de responsabilité

féminine, qu'ils n'ont pas eu visibilité de critique a l’epoque.

Il présente les transformations de la chronique à l'intérieur de l'univers

littéraire et caractérise le type, en indiquant des stratégies qui la rendent un

possible exercice pour le registre de la mémoire féminine, sur base de

considérations de quelques théoriciens qui se sont penchés sur la thématique

de la mémoire. Il tisse encore la lecture de chroniques de Chrysanthème,

sélectionnées entre la période de 1907 et 1948, tournées pour miroirs de la

condition féminine, indications de la critique d'habitudes et images de

contextes socio-politiques.

PINTO, Maria de Lourdes de Melo. Memória de autoria femininanas primeiras décadas do século XX: a emergência da obraperiodística de Chrysanthème. Rio de Janeiro: Universidade Federaldo Rio de Janeiro / Centro de Letras e Artes / Faculdade de Letras/ Coordenação de Pós-graduação em Letras, 2006. 3v. e 1 CD-ROM.680 p. [Tese de Doutorado em Literatura Comparada]

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Capítulo 3

Ilustração 1: Fotografia de Emília Moncorvo Bandeira de Mello (CarmenDolores). VASCONCELLOS, Eliane (org.). Carmen Dolores: crônicas, 1905-1910. Rio de Janeiro: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, 1998. p.212............................................................................................................. p. 100

Ilustração 2: Fotografia da fachada da Biblioteca Nacional in http://www.almacarioca.com.br/imagens/fotos/rioantigo/fotoa0178.jpeg, acesso em22 out. 2006..................................................................................... ........ p. 106

Ilustração 3: Fotografias da última residência de Cecilia Moncorvo Bandeirade Mello (Chrysanthème), realizadas em 2004 por Fábio Lucena Veloso.... p.108

Ilustração 4: Certidão de Casamento de Horacio Rebello de Vasconcellos comCecilia Moncorvo Bandeira de Mello (Chrysanthème) ................................ p.110

Ilustração 5: Fotografia de Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello (Chrysanthème).O Paiz, Rio de Janeiro, 22 nov. 1927. p. 2................................................ p.111

Ilustração 6: Certidão de Óbito de Cecilia Rebello de Vasconcellos(Chrysanthème)....................................................................................... p.113

Ilustração 7: Certidão de Batismo de Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello............................................................................................................... p. 114

Ilustração 8: Fotografia da sede do jornal O Paiz in http://www.almacarioca.com.br/imagens/fotos/rioantigo/fotoa217.jpeg , acesso em22 out. 2006........................................................................................... p.134

Ilustração 9: Fotografia da Avenida Central (atual Avenida Rio Branco) e dasede do jornal O Paiz in http://www.almacarioca.com.br/imagens/fotos/rioantigo/fotoa071.jpeg , acesso em 22 out. 2006 ................................. p. 135

Ilustração 10: Fotografias de recantos do Rio de Janeiro: CinematographoRio Branco (fotoa145.jpeg) e Cinelândia (fotoa178.jpeg); Largo da Glória(fotoa236.jpeg), Rua da Carioca (fotoa148.jpeg) e Largo de São Francisco(fotoa237.jpeg) in http://www.almacarioca.com.br/imagens/fotos/rioantigo/arquivos entre parênteses ao lado de cada recanto, acesso em 22 out. 2006................................................................................................................. p. 137

Ilustração 11: Fotografia de Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello(Chrysanthème). Correio Paulistano, São Paulo, 7 set. 1922................... p. 138

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Ilustração 12: Palácio Monroe (c. 1930) in http://www.almacarioca.com.br/imagens/fotos/rioantigo/fotoa036.jpeg , acesso em 22 out. 2006......... p. 171

Ilustração 13: Fotografia de bonde elétrico in http://www.almacarioca.com.br/imagens/fotos/rioantigo/foto2113.jpeg , acesso em 22 out. 2006.......... p. 183

Ilustração 14: Fotografia do Passeio Público por Augusto Malta no início doséculo XX. in http://www.almacarioca.com.br/imagens/fotos/rioantigo/foto028.jpeg , acesso em 22 out. 2006.................................................... p. 195

Ilustração 15: Fotografia de Copacabana por Marc Ferrez (1890). in http://www.almacarioca.com.br/imagens/fotos/rioantigo/fotoa211.jpeg , acesso em22 out. 2006............................................................................................. p. 201

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SUMÁRIO

VOLUME 1

INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14

1. PICARDIAS E ARTIMANHAS DE NOSSAS MEMÓRIAS ............................. 29

1.1. Discursos em tempos (i)memoráveis: a linguagem do esquecimento

mítico ............................................................................................29

1.2. Do individual ao coletivo: um breve percurso aos teóricos da memória

..........................................................................................................41

1.3. Diálogos possíveis de memórias: o esquecimento entre o científico e o

literário ................................................................................................ 56

1.4. Memórias e histórias: estilhaços imperfeitos em tempos de

esquecimento..................................................................................65

2. PAPÉIS DISPERSOS PELO TEMPO: A CRÔNICA ...................................... 70

2.1. Reflexões sobre a crônica .................................................................... 70

2.2. Polêmicas geradas pela crônica ........................................................... 80

2.3. Relações entre crônica e jornal impresso, dos oitocentos ao início dos

novecentos ........................................................................................... 86

2.4. A crônica como um espaço de transgressão da mulher... ................... 91

3. CÓDIGO CHRYSANTHÈME: OS RASTROS DE UMA ESCRITORA

INCÓGNITA........................................................................................99

3.1. Decifrando o código Chrysanthème: uma busca por escrever memória(s)

.......................................................................................................99

3.2. Lendo papéis da imprensa nacional: uma seleção de textos

cronísticos.....................................................................................139

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3.2.1. Espelhos da condição feminina .......................................... 140

3.2.2. Indicações da crítica de costumes...................................... 164

3.2.3. Imagens de contextos sócio-políticos .................................. 184

3.3. Encontrando o caminho: referências bibliográficas na imprensa

nacional........................................................................................203

3.3.1. A Imprensa ................................................................................ 204

3.3.2. O Paiz ........................................................................................ 205

3.3.3. Correio Paulistano ..................................................................... 222

3.3.4. O Mundo Literário ..................................................................... 228

3.3.5. Única ......................................................................................... 228

3.3.6. Diário de Notícias ...................................................................... 229

3.3.7 O Cruzeiro .................................................................................. 234

3.3.8. Gazeta de Notícias ..................................................................... 235

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 240

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 246

VOLUME 2

INVENTÁRIO DE CRÔNICAS EM O PAIZ (reprodução impressa)

VOLUME 3

INVENTÁRIO DE CRÔNICAS EM A IMPRENSA, CORREIO PAULISTANO, ÚNICA,DIÁRIO DE NOTÍCIAS E GAZETA DE NOTÍCIAS (reprodução impressa)

INVENTÁRIO DE CRÔNICAS EM O PAIZ, CORREIO PAULISTANO, O MUNDOLITERÁRIO, DIÁRIO DE NOTÍCIAS, O CRUZEIRO E GAZETA DE NOTÍCIAS(reprodução em CD-ROM)

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INTRODUÇÃO

O presente texto insere-se no programa de leituras teóricas, literárias e

periodísticas, que vimos desenvolvendo desde a entrada no Curso de Mestrado,

buscando articular a pesquisa em perspectiva interdisciplinar ao interesse

pela práxis artística tout court. Do campo da literatura em que estamos situados,

começamos a nos aventurar, agora de maneira mais decidida, pelos

cruzamentos entre Teoria da Literatura e História, apoiados no material

empírico que nos é oferecido pela Literatura Comparada: os estudos anti-

canônicos e as propostas revisionistas da historiografia oficial nos permitem

trazer à cena a fala (escrita) dos silenciados, seja dando visibilidade a nomes

esquecidos, seja buscando fontes de difícil acessabilidade.

Nestes tempos em que o cânone já foi apontado como ultrapassado,

encontramos abertura para revisitar questionamentos antigos como a

produção jornalística e mais especificamente a produção jornalística de

mulheres, mapeando o espaço conquistado por elas, naqueles momentos

de forte patriarcado. A possibilidade de interferência do privado no público;

as observações e o olhar a um mundo contaminado pelo preconceito

androcêntrico serão iluminadas neste trabalho. Debruçar-nos-emos sobre

a produção jornalístico-crítico-literária da Sra. Cecilia Moncorvo Bandeira

de Mello Rebello de Vasconcellos, ou, para seus pares e leitores,

Chrysanthème, escritora brasileira do final do século XIX e início do XX.

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Busca-se, também, neste trabalho, perscrutar a noção de que, no

comparatismo, limites disciplinares são ultrapassados, contrastados e

confrontados, trazendo a lume a importância de questões como apropriação,

hibridismo, interpenetração cultural e cruzamentos discursivos numa atitude

crítica interdisciplinar. Essa pesquisa, por inventariar e utilizar material

proveniente de periódicos do início do século, aponta uma discussão sobre

como a fronteira do conhecimento é um espaço móvel a ser sempre refeito,

um local de contatos e interpenetrações possíveis a novas indagações.

Podemos, ainda, apontar como objetivos gerais desta tese, os seguintes

elementos: através da interdisciplinaridade, buscar manancial para a

abordagem do texto literário entre áreas afins; compor um quadro de

referências teóricas a respeito do tema, que instrumentalize a análise crítica

de obras literárias; construir um sistema interpretativo que possibilite a

revisão dos registros canônicos, demonstrando assim suas lacunas e

apontando outras óticas a serem observadas; abrir novos campi de estudos

futuros.

A pesquisa continua estudos iniciados nos tempos de Mestrado, que,

naquele momento e pelo perfil do trabalho, tiveram de se ater à produção

periodística de Chrysanthème no jornal O Paiz. Foram nele inventariadas

448 crônicas publicadas, no período de 1914 a 1937, das quais selecionamos

para o trabalho crítico um corpus de trinta e cinco crônicas estudadas, que

já revelavam a densidade jornalístico-literária da voz feminina à época.

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Escolher para uma tese de doutorado, como tema de pesquisa, a

participação da mulher na vida cultural brasileira, nas primeiras décadas do

século XX, já seria suficientemente laborioso, mas não foi bastante para a

nossa curiosidade: era preciso agravar a dificuldade e transformar a pesquisa

em verdadeira busca proustiana da escritora perdida.

Exigia-se, pois, um esforço para dar visibilidade à produção literária de

mulheres deixada à margem por diversos fatores, levando-nos a um diálogo

entre teóricos da memória e da teoria crítica feminista. Com a discussão dos

estudos de gênero e a revisão da historiografia oficial, a crítica pode, hoje,

enfocar a produção literária de autoria feminina, procurando enfatizar nela os

aspectos que se relacionam com a condição feminina na sociedade patriarcal,

resgatando-se memórias que permitem compor um quadro social menos

centrado na visão canônica.

Estabelecida a linha de raciocínio a seguir, tínhamos a consciência de que

trabalharíamos com o resgate da memória de uma escritora excluída pelo cânone,

sabíamos o período a ser enfocado e o lugar em que procuraríamos o material: os

arquivos ainda cerrados da Biblioteca Nacional. Agora era enfrentar o desafio.

Para ser coerente com a proposta de revisão da historiografia oficial e a

busca por um locus híbrido, simultaneamente jornalístico e literário, não

podíamos admitir utilizar uma das formas da chamada literatura maior; o que

nos encaminhou para as menos célebres: crônicas, registros de viagem,

correspondências ou diários. O que escolher? Se pretendíamos dar voz a quem

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fora calada, deveríamos escolher alguém de reconhecida participação na opinião

pública de seu tempo pela longa permanência nos diversos periódicos em que

publicou.

Poderíamos ter escolhido as correspondências ou os diários, afinal

ninguém mais calada do que aquelas que escondiam seus pertences e suas

cartas nas gavetas; mas, exatamente pelo excesso de cuidados das escritoras,

o material tornara-se eminentemente raro, dificultando em demasia sua

localização. A outra possibilidade seriam os registros de viagem. Mas para

onde iriam nossas jovens escritoras? Que tempo teriam para relatar os passeios,

se maridos e filhos as reclamavam? O passeio, no mínimo, não deveria

ultrapassar as redondezas. Era melhor ganhar a cidade antes de tentar ganhar

o mundo: a crônica pareceu-nos a melhor opção porque permitia não só atender

ao desejo feminino de se fazer ouvir, como também ao de participar ativamente

das transformações do seu tempo.

Contudo, para levar-se a cabo o intento de trabalhos com crônicas, seria

necessário localizá-las nas páginas dos periódicos, o que nos coloca frente a

uma outra faceta do comparativismo – a utilização do jornalismo como fonte

do registro ficcional da realidade – uma ambigüidade discursiva que aponta

estreitas e complexas relações entre o jornalismo e a literatura. Decidimos,

em seguida, aproveitar essa fronteira mal determinada e deter-nos em um

período também nebuloso: as primeiras década do século XX.

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Como em outros países da América Latina, o jornalismo no Brasil surge

entrelaçado com a literatura, até porque dividiam o mesmo espaço, os mesmos

escritores e o mesmo público leitor. De tudo isso resulta que, entre nós,

literatura e jornalismo têm sido comumente pensados como discursos

entrelaçados e, ao apagamento ou ao estabelecimento de linhas e fronteiras

entre os dois discursos se têm ocupado várias pesquisas. Inserida nesse

movimento de alargamento dos territórios de investigação da Literatura

Comparada, incluímos a nossa pesquisa sobre uma produção de valor

incontestável que esperava por ser resgatada criticamente.

À época do Mestrado, começamos as pesquisas pelas bibliotecas dos

Programas de Pós-graduação, vasculhando dissertações e teses que apontassem

para alguma figura desconhecida e que merecesse ser iluminada. Deparamo-

nos com o nome de Carmem Dolores, cronista do início do século no Rio de

Janeiro. Acreditamos então que a descoberta valeria maior aprofundamento e

fomos à cata de informações sobre a escritora, localizando um livro na Biblioteca

Nacional, Ao esvoaçar da idéia, que reunia parte da sua produção cronística.

Havia bastante material que valeria o trabalho com essa escritora, mas

outra informação chegou-nos às mãos: ela tivera uma filha, Cecilia Moncorvo

Bandeira de Mello Rebello de Vasconcellos que, se assinando como

Chrysanthème, também havia sido escritora. Uma idéia fixa se instalou. Será

que a filha também havia escrito crônicas? Onde estaria esta produção? Sua

memória poderia ser reconstruída?

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Como afirmou Machado de Assis: “A minha idéia, depois de tantas

cabriolas, constituíra-se idéia fixa. Deus te livre, leitor, de uma idéia fixa;

antes argueiro, antes um trave no olho”1. Mas Deus não se apiedou e aquela

idéia ficou ali a corroer as entranhas e nada restava-nos a não ser tentar

responder às perguntas que se impunham.

Saímos, à época, em busca de informações, com pesquisadores da área,

contemporâneos da escritora. Após inúmeras investigações, chegou-nos uma

referência: no dicionário de Raimundo de Menezes, citado na bibliografia,

havia um verbete sobre ela. Ingenuamente, acreditamos ter respondido às

perguntas, mas só havíamos começado atribulada busca pelas memórias dessa

cronista; em realidade, nesse primeiro momento, sem ao menos pressentirmos

a enorme quantidade dos escritos legados por Chrysanthème.

Chegamos à Biblioteca Nacional com a lista de livros publicados por ela

e com os nomes dos jornais onde trabalhara. Estávamos certos de que, como

sua mãe, Chysanthème havia reunido a sua possível produção cronística em

livro... ledo engano. Foram consultados todos os títulos de sua autoria

disponíveis no acervo e em nenhum deles encontramos uma única crônica.

Não desistimos, por pura teimosia, e resolvemos partir para a pesquisa em

fontes primárias da produção jornalística disponível em microfilmes.

Como sabemos, o jornal é por excelência o espaço da crônica, então

certamente seria encontrado algum material para o levantamento. De posse

1 ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 12. ed. São Paulo: Ática, 1987. p. 16.

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da lista de jornais e revistas em que ela havia trabalhado, não tínhamos a

menor idéia de por onde começar. Curiosa percepção, tendo em vista o paradoxo

que se avizinhava: buscava a memória no espaço menos apropriado para tal

registro – a crônica – aquela que não se guarda, aquela que embrulha peixe e

se perde no manusear diário. No entanto, foi nessa empreitada que decidimos

atirar-nos.

Decidimos escolher o jornal O Paiz para começar as buscas, porque ele

constava da biografia de Carmem Dolores, como espaço onde havia trabalhado

durante muitos anos. Imaginamos que pudesse ter ajudado a filha nos

primórdios, auxiliando-a no ingresso da profissão de escritora/jornalista. A

informação de que Chrysanthème teria começado a escrever em A Imprensa e

não em O Paiz só nos chegou muito recentemente quando do levantamento

de outros periódicos da mesma época.

Infelizmente, naquele momento, não tínhamos noção de por qual período

começar a busca. Continuamos deduzindo as pistas deixadas pelo caminho,

pois sabíamos, por pesquisas anteriores, que Carmem Dolores havia escrito

para O Paiz até os últimos dias de vida. Então decidimos cobrir tanto o ano de

seu falecimento quanto o anterior, à procura de qualquer alusão sobre a filha.

Estamos falando de um trabalho de pesquisa de vinte meses. Uma tarefa

que nos exigiu os talentos de Hércules e Sísifo combinados. O mais frustrante

foi chegar a agosto e não ter achado uma linha sobre Chrysanthème. No

entanto, como o trabalho árduo normalmente é recompensado, os funcionários

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todos do setor de referências da Biblioteca Nacional também passaram a saber

da existência de uma tal de Chrysanthème. O que no fim das contas salvou a

pesquisa. Ao acaso, buscando outras informações, uma das bibliotecárias

encontrou o nome Chrysanthème assinando uma coluna. O ano era 1917 e

parecia haver uma constância de publicações.

Corremos a verificar os dados e eram verdadeiros: ela escrevera em uma

coluna chamada “Palestra Feminina”. Finalmente a pesquisa tomaria corpo:

bastava ser realizado o inventário das referências e as cópias eletrostáticas,

pois o material estava todo microfilmado.

As anotações foram realizadas partindo das referências mais recentes

para as mais antigas, tentando estabelecer os primórdios da coluna, o que se

deu em 1915. Foram localizados textos avulsos em 1914, publicados na seção

“Conversa Feminina”. Estávamos radiantes, pois, além de ratificar nossas

suspeitas de que ela escrevia crônicas como a mãe, estávamos realizando um

catálogo inédito de todo esse material. Só não tínhamos idéia do montante de

textos publicados.

Após o levantamento dos três primeiros anos, seguimos a busca

cronologicamente: 1918, 1919, 1920, ... 1926, 1927, ... 1930. Acabou! Não, 1933,

... 1937. Apenas em 1937, depois de uma Guerra Mundial, um incêndio, a

mudança social dos entre-guerras, vários conflitos internos, após uma queda de

governo, ela decidiu parar de publicar em O Paiz. Por aqui havia sido concluída a

pesquisa do Mestrado, devido ao tempo expirado para defesa da Dissertação.

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No entanto, havia os outros periódicos que apareceram na referência do

dicionário de Raimundo de Menezes, a saber: Correio Paulistano, Diário de

Notícias, Gazeta de Notícias e Única, que deveriam ser descobertos e catalogados,

projeto levado a cabo no Doutorado. Simultaneamente a esse segundo

inventário, foram solicitadas as cópias das crônicas já catalogadas para ser

elaborada a primeira edição organizada desse material. Mas, apresentado o

orçamento, o projeto quase foi abandonado pelo vulto dos valores. No entanto,

novamente a teimosia se apresentou e decidimos por enfrentar a empreitada.

Após toda a dificuldade para encontrar o material, não seria justo

abandonar um sonho. Sim, porque agora a idéia fixa já se transformara em

sonho de reconstruir todas essas memórias dispersas. Feitas as contas,

calculado o tempo que poderia ser investido na organização do material,

verificamos financeiramente de quanto poderíamos dispor e por onde

enveredaríamos nessa aventura.

Mais um esforço e teríamos o material em mão para examiná-lo com

vagar nesse segundo momento da pesquisa. As cópias foram solicitadas,

mas outro infortúnio ocorreu: a única máquina de cópias da Biblioteca

estava quebrada sem prazo de conserto. Voltamos à sala de referências, um

tanto sem idéias de que caminho tomar. Não havia mais tempo para mudar

o tema e não restavam muitas forças para reclamar. A bibliografia teórica já

havia sido selecionada e estava sendo lida, não cabendo mais um retorno

às origens. Salvou-me Chrysanthème que, no próximo texto encontrado,

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coincidentemente também estava sem idéias e acabou conseguindo escrever

a crônica do dia.

Resolvemos copiar o material à mão, enquanto o maquinário estivesse

sendo consertado, ao longo do texto da tese o problema encontrado e o

adiamento dos prazos, inicialmente estabelecidos no cronograma, seriam

justificados. Entraram em cena os amigos, todos acorreram a ajudar nas cópias.

Era inacreditável: em tempos de informática, a pesquisa necessitava de escribas.

Mesmo assim, todo dia era feita a mesma pergunta: – A máquina já foi

consertada? E todo dia, se ouvia a mesma resposta: – Estão procurando a

peça. Depois de repetirmos a pergunta por quase um ano, finalmente a peça

chegou. O material poderia ser solicitado à reprodução.

Qual o prazo de entrega? Para cada seqüência de referências solicitadas,

quarenta dias. Não havia salvação, agora a burocracia nos vencera. Entretanto,

novamente a teimosia teve seu valor reconhecido e os funcionários do setor de

reprodução da Biblioteca Nacional, em esforço pessoal e burlando as normas

da casa, passaram a fazer as cópias em ritmo acelerado. Devemos um

agradecimento especial a eles...

Enquanto esperávamos o conserto da máquina, íamos prosseguindo ao

levantamento do material periodístico. Nunca poderíamos imaginar que mais

três anos de pesquisa seriam necessários. Após as descobertas das referências

dos jornais citados por Raimundo de Menezes, apareceram novas alusões à

produção de Chrysanthème na crítica da época, a saber: Mundo Literário, O

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Cruzeiro e A Imprensa. “Desesperar? Jamais...”2 Perdido por um, perdido por

cem, fomos à cata de mais essas referências. Afinal, agora era uma questão de

honra, oferecer ao nosso leitor um levantamento minucioso, além de insistirmos

em sermos os primeiros a apresentar ao público uma edição organizada de

toda a publicação periodística desta Autora. De posse do material, em formato

manuscrito, fotocopiado e digital, mergulhamos no universo de Chrysanthème.

O caminho havia sido desgastante e o prazo de entrega se avizinhava. O

que fazer? Uma máxima afirma que há dois caminhos para o aprendizado: a

dor ou o prazer. Escolhemos o segundo, claro. Sem esquecer que se tratava de

uma produção acadêmica, propusemo-nos, em clara atitude de transgressão,

a utilizar um formato de escritura menos formal, mas que não comprometesse

a relevância do trabalho. Ao rever os limiares críticos, tanto pelo viés da crônica

como pelo olhar feminino, a partir do campo do comparatismo, seria coerente

estruturar um texto que metaforicamente, representasse a quebra desses

padrões apontando uma forma de revisitar as memórias. E assim foi feito: ora

coloquial, ora erudito, cada escolha de escritura foi pensada para um

determinado momento, assim como a malha será confeccionada com o vagar e

o apuro, que as datas permitam.

A memória das mulheres não foi documentada como deveria e pouco

ainda se conhece a respeito de sua atuação no espaço público. Diante desse

quadro de largo apagamento, decidimos escrever um primeiro capítulo,

2 LINS, Ivan. Desesperar Jamais. In: Cantando histórias. [S. l.]: EMI, p2004. 1 CD. Faixa 5.

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apresentando discussões teóricas relevantes sobre memória e esquecimento.

Sentimos a necessidade desse tomo, também para dar suporte ao resgate da

memória de Chrysanthème e respectiva obra periodística, a que nos propusemos

realizar.

O capítulo seguinte se fez necessário para estabelecer o caminho da

crônica e suas transformações ao longo da história literária. Como, durante

muito tempo, o discurso canônico expurgou-a para o limbo literário, convinha

trazer à luz maiores informações sobre ela, demonstrando suas implicações

com o meio onde era publicada e as diversas formas em que apareceu, até

chegar à versão de que temos notícia atualmente. De qualquer maneira, ainda

há muito o que ser dito sobre a crônica, principalmente, em um trabalho que

se insere nas pesquisas de natureza comparatista, área que sabemos atua,

também, com gêneros limítrofes.

No quarto capítulo, apresentamos dados biográficos de Chrysanthème e

um trabalho crítico sobre crônicas selecionadas, bem como uma relação de

referências bibliográficas de todas as crônicas encontradas, como contribuição

para futuros pesquisadores. O conteúdo de algumas crônicas surpreendem

pela temática social e política, nas quais investimos prioritariamente,

confirmando a hipótese de que a mulher não estava indiferente aos problemas

de sua época e de que buscava uma forma de atuar nas transformações em

processo, construindo histórias e participando do processo de elaboração da

memória.

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Estamos conscientes de que esmiuçar criticamente a obra periodística

dessa Autora, tamanho o volume de publicações, será tarefa para uma vida e

não competência de um único trabalho acadêmico, mesmo que seja uma Tese

de Doutorado.

Acrescentamos, outrossim, que mantivemos a grafia original tanto nas

citações quanto nas crônicas organizadas, propositalmente. Tendo em vista

que os textos de Chrysanthème em jornal não são folheados há quase setenta

anos, acreditamos ser justificável para com sua memória mostrar as palavras

tais quais foram escritas pela Autora. Afinal, neste processo de visibilidade

das Letras, a própria ortografia é um registro de memória.

As crônicas de diferentes periódicos e distintas épocas estão organizadas,

em sua totalidade, pela primeira vez, em dois volumes desta Tese, assim como

em CD-ROM anexo que compõem o quarto capítulo. Nossa intenção era

apresentar todas as crônicas da autora, mas tanto o volume quanto os prazos

impossibilitaram a execução desse plano, portanto incluímos um CD-ROM

com a parte dos textos que não foram disponibilizados impressos. Acreditamos,

no entanto, que o levantamento de todas as referências periodísticas de

Chrysanthème e a presença dos textos nos formatos impresso e digital sejam

suficientes para garantir o ineditismo do trabalho e o auxílio a futuros

pesquisadores para localizar a obra e construir memórias as mais diversas.

Concorre ainda à escolha pelo tema memorialístico, o pendor, que por

vezes se apresentou nos textos lidos da Cronista, pelo ato de recordar os

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espaços e as gentes de um outro tempo em que ela teria vivido. Sua obra, pelo

que pudemos perceber até o momento, é um manancial fabuloso de registros

da transformação da cidade seja no âmbito urbanístico-estrutural, seja na

esfera comportamental daqueles a quem observava em seus traslados de bonde.

Para Chrysanthème, sorriu-lhe a fortuna (ou foi infortúnio?) em sobreviver

aos seus, ficando por aqui quase oitenta anos a acompanhar o que se passava.

Ao pensarmos sobre os lugares percorridos por essa cronista, decidimos incluir

fotos, ao longo do texto, que ambientassem o leitor nesses sítios desconhecidos

ou esquecidos. Incluímos, também, registros pessoais da Autora, como

documentos e fotos, buscando criar uma identidade que lhe foi subtraída há

tempos.

No entanto, a memória nos trai ou, por outro lado, nos coloca diante de

outras verdades diferentes daquelas as quais quiseram que vivêssemos. Esse

fato, não podemos alijar da compreensão do processo de construção textual e

não o faremos: ressaltamos, pois, na leitura das crônicas selecionadas, a

memória tal qual um espaço em construção, na qual a mulher escritora se

reescreve (inscrevendo-se) como sujeito do discurso, para assim recompor sua

História e, conseqüentemente, sua busca de identidade.

A produção jornalística, seja ela crítica ou ficcional, tem sido objeto de

observação da literatura ao longo de sua historiografia, mas recentes estudos

culturais a têm iluminado com maior interesse, apontando novos caminhos

de leitura. Não mais procura-se excluí-la dos ditos gêneros maiores. A cronista

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/ jornalista não se torna escrava da realidade, sendo antes a crônica uma

representação, um espaço crítico possível da reescritura da história da cidade

e de sua própria Autora, como sujeito marcado pelo gênero. Sendo assim,

preferimos focalizar as várias histórias, a da crônica, a do cânone literário, a

de Chrysanthème e sua produção cronística, voltada para cenários históricos

brasileiros no início do século, como um manancial que constitui um imenso

mosaico, de cuja construção podemos participar.

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1. PICARDIAS E ARTIMANHAS DE NOSSAS MEMÓRIAS

1.1. Discurso em tempos (i)memoráveis: a linguagem do esquecimento

mítico

É importante, antes de tudo, salientar que, pela sua complexidade e

abrangência na experiência humana, a memória é tema de distintas e variadas

ciências, como a neurologia, a psicologia, a antropologia e a filosofia. O presente

estudo não pretende esgotar as referenciações a esses conceitos todos, mas

sim visitar apenas circunstancialmente alguns saberes, em diálogos, entre

outros motivos porque é desse prisma humanista que vemos o fenômeno

inquietante da memória.

Apesar da incerta eficiência das minúcias terminológicas no estudo desse

tema, no qual proliferam vocábulos para dar conta do que parece ser uma

coisa só – reminiscência, evocação, recordação, lembrança, rememoração –,

essa possível distinção é um bom ponto de partida.

Uma consulta ao dicionário Caldas Aulete3 nos mostra a semelhança

entre os vocábulos, assim como suas particularidades semânticas a serem

consideradas. A palavra evocação, por exemplo, aponta no sentido de ver uma

“alma” e relaciona-se a um chamamento. Quem evoca faz a convocação de

3 CALDAS AULETE. Dicionário contemporâneo da língua portuguêsa. 5. ed. Rio de Janeiro:Delta, 1968. 6 v.

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aspectos do passado, e nesse processo subentende-se uma seleção. Mas

também faz sentido cogitar-se que são esses aspectos que chamam o lembrador

e lhe pedem uma resposta. Lembrança, por sua vez, em uma de suas acepções

mais particulares, refere-se, além de a um conteúdo dado, ao que incita (ajuda,

provoca) a rememoração. Se a evocação está ligada a uma atitude do sujeito

que lembra (e chama a memória ou é chamado por ela, interagindo

intencionalmente), a lembrança é muitas vezes um elemento exterior ao sujeito,

por meio do qual ele experimenta a evocação.

Pouca diferença há entre lembrança e recordação. Porém, há na origem

desta última a palavra latina cor, cordis (coração) que pode remeter a um sentido

primordial de afetividade (no caso, memória afetiva) que é mais destacado do que

nos outros termos. Isso persiste mesmo quando se sabe que, diferentemente do

que pensavam os antigos, o coração não só não tem afetos como não os guarda. A

afetividade do coração é hoje uma metáfora aplicável à prevalência do intuitivo

sobre o racionalizado, e todos sabemos que a memória é em muitos sentidos

assim. A afetividade intuitiva do recordar é pouco valorizada (como terminologia)

nos contextos em que se busca esclarecimento para a faculdade cerebral do

lembrar e até para a fisiologia do processo de retenção da informação pelo sistema

nervoso. Nesses casos, é mais conveniente o emprego de memória que é,

precisamente, a capacidade de reter as idéias adquiridas anteriormente, de

conservar a lembrança do passado ou da coisa ausente.

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Acrescente-se a esse rol de termos precários mais um, relacionado à

memória como um dos seus efeitos mais arredios à tradução ou à definição

simplista: a saudade, entendida como ressentimento angustiado da ausência

de uma experiência prévia de alentado contentamento ou idealizada satisfação,

ligada ao que é originário, primordial, fundante, seja um tempo, seja um lugar,

seja uma experiência4.

Assim sendo, somos obrigados a recuperar visões helenísticas para tentar

imprimir significados a essa trama semântica. A divinização da memória e a

elaboração de uma vasta mitologia da reminiscência da Grécia arcaica, revelam

a importância da memória na Antigüidade. Os gregos dessa época fizeram da

memória uma deusa, Mnemosine. O mito de Mnemosine narra como a memória

está presente nas produções artísticas, pois segundo ela, nenhum escritor

está livre das lembranças pessoais e das marcas da cultura a que pertence e/

ou conhece.

Sendo irmã de Cronos e de Okeanós, deuses do tempo e do oceano,

Mnemosine se utiliza da potência que vem das águas para manobrar o presente,

o passado e o futuro. Através das duas ligações fraternas, ela pode viver em um

tempo unitário e nas águas primordiais da natureza e da consciência humana.

Tal genealogia mostra como a rememoração é a substância da qual se serve o

escritor, seja em horizonte pessoal ou coletivo, no momento de seu fazer artístico.

4 ibidem, v. 5, p. 56.

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Sendo eterna, como afirma o poeta grego Hesíodo, porque ela transita

em “tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será”5, a deusa Mnemosine

confere ao seu neto Orfeu o poder de eternizar-se através da arte,

transformando-o no paradigma grego do poeta. Aqui entende-se a palavra

poeta na acepção grega de poiesis, que significa “ato de revelar o oculto das

coisas”6. Segundo a mitologia grega, o poeta é um homem possuído pela

memória e, na visão clássica, não existe possibilidade de produção de memória

fora da fala desse poeta (épico). Nós tentamos agora desconstruir esse

paradigma, outorgando a fala a mais de uma voz.

No entanto, na Grécia antiga, Mnemosine se une a Zeus e com ele gera

nove musas. Essa união coloca em questão a imanência recíproca entre

linguagem e ser, juntamente com uma concepção de tempo que se formula

com base em concomitância e simultaneidades, sem marcas de causa e efeito.

Segundo essa concepção, o tempo apresenta um aspecto qualitativo

diversificado, mas em relação ao aspecto quantitativo, dificilmente se deixa

apreender pelo rigor da medição cronológica.

Assim, as relações de anterioridade e de posterioridade tendem a

desaparecer, e marcações temporais como primeiro ou segundo, presentes

nos versos, não implicam marcas cronológicas. As musas, por força de Memória

5 HESÍODO apud MORAES, Maria da Conceição Guerra. A constituição da memória na escritapoética: a comemoração na poesia de Octavio Paz. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002. p. 18.[Dissertação de Mestrado em Língua Espanhola e Literaturas Hispânicas]

6 ibidem, p. 19.

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onisciente, presentificam o que é, o que foi e o que será; também determinam

o esquecimento, impondo-o quando assim o querem. É assim que essa poesia

oral arcaica funda-se na experiência da realidade, convertida em presença

divina.

Assim, memória e palavra, na mitologia da Grécia arcaica, são

inseparáveis e sacralizadas, apresentando-se intrínsecas à realidade que elas

constituem. Ao observar essa relação entre palavra cantada (palavra poética) e

memória na Antigüidade, percebe-se que a memória, divinizada pelos gregos,

não tem como objetivo a reconstrução do passado dentro de um paradigma

cronológico. Ela se converte em um privilégio destinado a alguns homens,

dentre estes os poetas. Desse modo, possuído por uma memória sacralizada

que lhe possibilita um conhecimento inspirado, diferente do poder de

recordação dos demais indivíduos, o aedo através da memória pode “decifrar o

invisível”7. Por conseguinte, a memória não se resume a uma função psicológica

que possibilita a rememoração. É antes uma força mítica responsável por

conferir ao verbo poético o estatuto de palavra, palavra eficaz com força para

estabelecer por si só um mundo simbólico que se traduz no próprio real.

A palavra poética, através do aedo, apresentava dois tipos de funções,

cada qual configurada em épocas distintas: em uma primeira época, no período

micênico, a função do aedo era litúrgica e consistia basicamente em contar a

7 DETIENNE, Marcel. Os mestres da verdade na Grécia arcaica. Trad. Andréa Daher. Rio deJaneiro: Jorge Zahar, 1985. p. 17.

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história dos deuses, descrever e discutir a ordenação cósmica. Assim,

mergulhado nas cosmogonias e teogonias o poeta participava dos mitos de

soberania. Em uma segunda época, no período arcaico, o aedo celebrava as

façanhas individuais, os feitos dos guerreiros e homens corajosos. Usando

palavras de louvor ou censura, o poeta tinha o poder de conceder ou negar a

memória às pessoas e a seus feitos, pois era aquele em cujas palavras os

homens podiam reconhecer-se8. A palavra poética tem, nesse período, o poder

de livrar o homem do esquecimento e da morte. Pedimos, pois, de empréstimo

esse poder para fazer lembrar a figura de Chrysanthème e livrá-la das águas

de Lethe.

Por sua vez, a teoria platônica do aprendizado pressupõe que existam

outras vidas anteriores à vida presente. Segundo Platão9, todas as almas têm

sede de saber e já a tinham nas vidas anteriores. Acontece que, os deuses,

cruéis em sua sabedoria, não se agradavam que se desse um copo de água

para uma alma sedenta, antes que ela fizesse um sacrifício, ao menos o sacrifício

de espera, pois o conhecimento exige a purificação da paciência. Cremos que

o sacrifício já foi oferecido tanto por Chrysanthème quanto por nós, o que nos

permitiria sermos (re)lembradas.

A água, oferecida pelos deuses, era retirada de um rio chamado Lethe, rio

do esquecimento. Se, levadas pela sede desenfreada, as pessoas bebessem da

8 idem.9 PLATÃO. Diálogos: A república. Trad. Leonel Vallandro. Rio de Janeiro: Ediouro, 1985.

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água do esquecimento, sem fazer a pausa do sacrifício, em lugar de aprender,

cairiam em um estado de letargia, de sonolência e embrutecimento, de

inconsciência. Mas as almas que esperassem e não bebessem rapidamente da

água do Lethe ganhariam o não-esquecimento, o des-ocultamento, a a-letheia, a

aletheia. Alcançariam a verdade, que é lembrança pura e memória libertadora.10

O pensamento grego fornece assim dois grupos de associação: o primeiro,

o grupo representado pela palavra, luz, louvor, aletheia, memória; o segundo,

representado pelo silêncio, pela obscuridade, censura, lethe, esquecimento.

O poeta, neste caso, é o portador da aletheia, da palavra eficaz, presentificadora,

a função da memória não é reconstruir ou anular o tempo, mas fazer cair a

barreira que separa presente, passado e futuro, fincando pontes entre vivos e

mortos, entre o mundo real e o mundo do além. Realiza assim, uma evocação.

Na tradição mitológica que se constitui com o poeta Hesíodo, Mnemosine

não se restringe a uma memória individual, que conserve ou sirva a

singularidades restritas da história de um indivíduo. Encontramos assim, na

Grécia arcaica, dois tipos de memória: a cosmogônica (teogônica e genealógica),

que se refere aos eventos primordiais; e a memória das existências anteriores,

a dos acontecimentos históricos e pessoais. A memória dos eventos primordiais

possibilita ao poeta o acesso ao conhecimento das origens (origem do Cosmo,

dos deuses, dos povos, das dinastias) e de antes das origens (ab origine). São

10 MORAES, Maria da Conceição Guerra, op. cit., p. 20.

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os acontecimentos primordiais, nos quais o escritor não esteve envolvido

pessoalmente, mas que de algum modo o constituiu: o poeta grego é o que é

porque estes eventos se verificaram. Assim, o homem na Grécia arcaica vê-se

constituído através de uma sucessão de eventos considerados primordiais,

fabulosos, relatados nos mitos.11

O homem das sociedades arcaicas e tradicionais encontrava nos mitos

os modelos paradigmáticos estabelecidos por entes sobrenaturais (deuses e

musas), e não a série das experiências pessoais de um ou outro iniciado. Os

mitos asseguravam ao homem que tudo o que ele fazia ou pretendia fazer, já

houvera sido realizado em um tempo primordial, ou seja, em um passado

essencial e fabuloso. Constituíam a memória coletiva e representavam a súmula

do conhecimento útil. Assim, o homem, para garantir uma existência

plenamente responsável e significativa, devia inspirar-se nesse compêndio de

pensamentos formulados e atos já realizados.

Para efeitos desse trabalho, a importância do mito grego arcaico reside,

sobretudo no fato de que a referência mitológica permite-nos afirmar que

desde a Antigüidade, passando pelo Renascimento e pelo Romantismo, até os

dias contemporâneos, foram várias as considerações sobre a memória através

do mito. Entretanto, as concepções da produção literária e sua relação com a

memória são assinalados, por um pensamento originário, que vincula a

11 ibidem, p. 22.

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linguagem conotativa à memória em uma dimensão primordial ou essencial.

Faz-se importante verificar mais especificamente como se constroem essas

relações nas filosofias de Platão e Aristóteles.

Uma memória perfeita, na concepção platônica, é superior à capacidade

de rememorar, pois a recordação implica que houve um esquecimento. Aprender

é lembrar a contemplação direta das Idéias, é rememorar. Contemplação que

a alma provou antes de encarnar, no momento em que usufruiu da fonte de

Lethe (esquecimento) e esqueceu o conhecimento adquirido. O mundo das

Idéias proposto por Platão é constituído por verdades transparentes e eternas,

que compartilham de um conhecimento puro e perfeito que estruturam a

realidade, e não um conjunto de existências pessoais anteriores.

Na concepção platônica, viver, inteligentemente, aprender e compreender

o verdadeiro, o belo e o bom, é primeiramente recordar-se de uma existência

desencarnada, espiritual, beber do conhecimento de sua própria alma. Em

sua filosofia, o esquecimento não tem relação com a morte, mas com a vida,

com a reencarnação.

A teoria das Idéias e da anamnesis (recordação) assemelha-se à posturadas sociedades tradicionais, que encontram nos mitos os modelos eexemplos para todos os atos humanos e não nas experiências pessoais deum ou outro indivíduo.12

Conhecedor das tradições gregas referentes ao esquecimento e à

memória, Platão as reinterpreta para assim poder articulá-las em seu sistema

12 PLATÃO apud MORAES, Maria da Conceição Guerra, op. cit., p. 28.

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filosófico. Deste modo, estabelece uma diferença entre memória (mneme) e

recordação (anamnesis). A primeira, é a memória conhecedora; refere-se à

transmissão do logos através da oralidade. A mneme é comparada com a fala

de um mestre ou de um pai, no momento da transmissão de conhecimentos e

ensinamentos aos discípulos e/ou filhos. Entretanto a anammesis refere-se à

atividade de rememoração desenvolvida pelo indivíduo. Nela o conhecimento

está fundado na reminiscência e portanto lembrar é conhecer e é essa que

nos interessa mais diretamente nesta pesquisa, pois Chrysanthème além de

esquecida, tornou-se desconhecida.

Jacques Derrida13, analisando o diálogo, aponta que, segundo Platão, a

escrita é boa para a rememoração, mas nociva para a memória. O aspecto

negativo da escrita está no fato de que, ao substituir a fala viva pelo signo, a

escritura, sob o pretexto de propiciar a lembrança, faz esquecer ainda mais,

reduzindo o saber, ao invés de ampliá-lo.

A palavra escrita, na concepção platônica, apresentaria um poder ilusório

e enganador, pois ao depositar sua confiança no signo escrito, o homem tem

sua atividade de rememoração condicionada por fatores externos e não graças

à sua própria possibilidade de lembrar, cessando assim de exercer a atividade

de memória que está na alma do indivíduo. Deste modo, a escrita considerada

digna e apoiada por Platão é aquela escrita interior, resultante de uma arte

13 DERRIDA, Jacques. A farmácia de Platão. Trad. Rogério da Costa. São Paulo: Iluminuras,1991. p. 36.

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14 MORAES, Maria da Conceição Guerra, op. cit., p. 35.

dialética entre as almas, o que estamos tentando estabelecer nessa pesquisa:

um diálogo entre a nossa alma e a da cronista pesquisada.

Na época de Platão, embora a poesia fosse eminentemente oral, ela era

mimética, como toda representação artística o era. Os gregos desse tempo

pensavam a arte como uma figuração enraizada na representação, na imitação

da beleza do mundo. A visão arcaica insistia na fidelidade da representação ao

objeto representado. A mimesis possui, nesta época, uma força à qual toda a

filosofia de Platão procurou resistir. Assim, no contexto platônico, o poeta não

é mais aquele que, pela atividade da memória, representa, inscreve, diz a

realidade primordial, já não é um mestre da memória.14

Embora benéfica para a memória, visto que registra o ocorrido, a escritura

pode (como vimos) ser nociva, pois sendo exterior à memória, não possibilita o

conhecimento da realidade, do verdadeiro, mas a opinião de quem escreve a

partir da aparência, da imagem do que é verdadeiro e nessa concepção muitas

aparências foram forjadas.

Aristóteles, por sua vez, reabilita a mimesis, como um modo privilegiado

de aprendizado humano, ressaltando, em oposição a Platão, o ganho trazido por

esse tipo de atividade na arte. Aristóteles não pergunta o que deve ser imitado ou

representado, mas como se imita. Sua poética, como todas as estéticas clássicas,

também é normativa, entretanto a fixação de suas normas é em razão do emprego

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15 ARISTÓTELES. Poética. Trad. Eudoro de Souza. Porto Alegre: Globo, 1966. p. 71.

apropriado das palavras e dos ritmos, e da escolha da trama, visando à beleza da

obra e não à sua fidelidade a um modelo que lhe é externo.

A definição aristotélica de mimesis ressalta a relação entre a imagem e o

objetivo e não o objetivo reproduzido enquanto tal. Exalta o ganho trazido pela

mimesis ao conhecimento, pois o que se torna conhecido através dela é mais a

relação entre o objeto e a imagem, que o reconhecimento do objeto enquanto

tal na imagem. Daí o prazer do leitor ou espectador em ver representados

objetos ou situações que, na realidade, produziriam um sentimento de

repugnância. Vejamos o que nos diz o próprio Aristóteles:

Ao que parece, duas causas, e ambas, geraram a poesia. O imitar écongênito no homem (e nisso difere dos outros viventes, pois, de todos, éele o mais imitador, e, por imitação, aprende as primeiras noções), e oshomens se comprazem no imitado.15

Aristóteles estabelece sua crítica, reagindo à qualificação reiterativa da

memória proposta por Platão. Deste modo, o filósofo confere materialidade à

atividade memorialística, o que possibilita uma interação entre as capacidades

de rememorar e de imaginar, concernentes ao ser humano.

O pensamento contemporâneo, voltado para as ciências humanas,

insere-se primeiramente na tradição aristotélica, no que se refere à memória,

pois na visão do filósofo o esquecimento pode ser uma perda definitiva ou

provisória, dentro da consciência individual e/ou coletiva. Sua concepção de

memória trabalha com rudimentos da psicologia, psicanálise, neurofisiologia,

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16 ROSSI, Paolo. Ricordare e dimenticare. In: ___. Il passato, la memoria, l’oblio: sei saggi distoria delle idee. Bologna: Il Molino, 1991. p. 13-34.

17 BRAGA, Elizabeth dos Santos. A constituição social da memória: uma perspectiva histórico-cultural. Ijuí: Unijuí, 2000. p. 78.

antropologia, sociologia e também do discurso narrativo. Entretanto a tradição

platônica deixou marcas profundas nas reflexões que se fazem a respeito do

caráter da linguagem poética.16

A partir de Platão, alguns autores passaram a conceber a linguagem

poética como linguagem inaugural, no sentido de primordial, porque estabelece

uma relação entre palavra e experiência. Esta, associada às tensões e aos

impulsos das passagens históricas, que ambientam o instante de criação poética.

O usar a palavra requer a memória dessas relações, ainda que se considere

que ao reconstituí-las, a memória as altere, construindo novas associações, as

quais chamaríamos metafóricas.

1.2. Do individual ao coletivo: um breve percurso aos teóricos da memória

“Pensei que escrever acontecesse assim: a gente ia lembrando,

lembrando e escrevendo, em seqüência certa de tempo. Mas não é: a memória

é um dos grandes mistérios”.17 Essas palavras de Sylvia Orthof não nos deixam

esquecer de que a literatura não existe só na dinâmica memorialista e nos

empurra a discussões sobre outros tantos fenômenos que dela são partícipes.

A memória não está somente retratada nos espaços míticos, ou encerrada nos

aspectos do indivíduo clinicamente observado.

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O enfoque da memória como capacidade estritamente individual já

era questionada nas décadas de 20 e 30 por autores como Halbwachs, na

sociologia francesa; Bartlett, na psicologia inglesa; Vygotsky e Leontiev, na

psicologia russa, que lhe atribuíram um caráter sócio-cultural18. Eles

enfatizam uma visão de recordação, memorização e esquecimento como

trabalhos/processos construídos culturalmente, em termos de seu conteúdo

e sua estrutura. Contestando a noção idealista de memória humana como

capacidade mental pré-existente, concebem-na como um processo que se

constitui na dinâmica social. Podemos afirmar que a partir dessas idéias,

as próprias noções de sujeito, indivíduo, ideologia, cultura e identidade

integradora sofrem um abalo profundo e irreversível.

No entanto, antes de tecermos comentários sobre essas rupturas,

devemos fazer uma pausa e recuperar conceitos um pouco anteriores. A

filosofia espiritualista de Bergson, por sua vez, tem sua melhor expressão

na teoria da duração, forma pela qual a reminiscência (ou evocação) alcança

o “em si” do passado, superando a delimitação temporal. Com seu estudo

Matéria e Memória, Bergson seja, talvez, o primeiro teorizador da memória

a considerar o lembrar como fator a relativizar os marcadores temporais.

Seu pensamento cogita a manutenção, sob a forma de virtualidade, de todo

ato ou manifestação do espírito. É sua crença que a memória não consiste

18 Esses teóricos foram apresentados ilustrativamente, com efeito de criar umacontextualização do período, pois, dentre eles, apenas Halbwachs será utilizado na Tese.

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no regresso do presente ao passado e sim no progresso do passado ao

presente. Segundo Bergson:

no passado é que nós nos situamos imediatamente. Partimos de umestado virtual que conduzimos pouco a pouco, através de uma série deplanos de consciência diferente até o término no qual este se materializaem uma percepção atual.19

Admitindo que a memória tem um halo ontológico mais do que biológico

(o que o leva a ver nos bloqueios e apagamentos da informação um problema

da lembrança atual e não da memória pura), o filósofo francês admite a

transcendência e tematiza a espiritualidade do lembrar, vendo-o como revelação.

Talvez nosso primeiro contato com Chrysanthème fosse mais uma materialização

dela em relação a nós, que o contrário. Talvez...

Quando se discute e se escreve sobre o tema da memória, historiadores,

cientistas sociais e literatos, deparam-se com um ponto crucial: a relação entre

o individual e o coletivo. Em termos teóricos, os fundamentos dos estudos da

memória recaem ora na psicologia, ora na sociologia, ora na historiografia.

Envolvido pela expansão nos estudos da memória no campo da filosofia

e da literatura, Henri Bergson publica em 1896, Matéria e memória, no qual

apresenta sua teoria sobre a memória e a percepção na qual a noção de imagem

é considerada central. Para esse estudioso, a memória é uma reserva individual

que cresce a cada momento, harmonizando-se a todo instante com a totalidade

19 BERGSON, Henri. Matéria e memória: ensaios sobre a relação do corpo com o espírito.2. ed. Trad. Paulo Neves da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 196.

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da experiência já adquirida. Sua pesquisa põe em confronto a pura

subjetividade (o espírito) e a exterioridade (a matéria). Aquela é responsável

pela memória e esta, pela percepção. A preocupação central de Bergson está

em entender as relações existentes entre a conservação do passado e a

articulação deste com o presente, a convergência entre memória e percepção.

Bergson opõe, de modo contundente, percepção e lembrança. Em sua

concepção, esses dois universos são constituídos de modos diferentes. A

percepção (idéia) seria todo o presente corporal contínuo. As imagens que

vemos, a matéria, o corpo físico, os corpos das pessoas e as imagens que nós

fazemos deles. A lembrança, por sua vez, pode ser experimentada de dois

modos: como uma memória-hábito, representada pelas situações definidas,

individualizadas: ou como uma memória-pura que se refere a um dado

momento, único e singular da vida, que se atualiza na imagem-lembrança. A

oposição entre o perceber e o lembrar é a base do estudo em Bergson e está

traduzida no próprio título do seu livro: Matéria e memória.

No pano de fundo da percepção bergsoniana, “é o cérebro que faz parte

do mundo material, e não o mundo material que faz parte do cérebro”20. A

memória estabelece na percepção um ponto de contato entre a consciência e

as coisas, entre o espírito e o corpo, possibilitando a sobrevivência de imagens

passadas. Essa percepção distingue-se assim da lembrança imagem e da

20 ibidem, p. 13.

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lembrança pura que, segundo Bergson, são “as próprias imagens”21. Imagens

que se conservam por sua utilidade, pois, a todo instante, completam a

experiência presente, enriquecendo-a com a experiência já adquirida. Esse

processo desenrola-se por meio de sensações, que têm no corpo o seu meio de

atuação. Essas sensações não se referem às imagens percebidas por nós fora

de nosso corpo, mas sim às inclinações situadas em nosso próprio corpo.

O presente, para Bergson, é um estado corporal, sensorial e motor que

atua no homem e o faz atuar através das percepções. O passado, ao contrário, é o

que não tem mais poder de atuação, entretanto pode agir inserindo-se na percepção

do presente. Na concepção bergsoniana, a memória é observada como um processo

cognitivo. Assim, o espírito não equivale ao cérebro e este, por sua vez, não é um

simples reservatório de imagens, mas tem a função de assegurar o funcionamento

da operação de contato entre o passado e o presente.

Bergson relaciona a memória à idéia de tempo, conceituando-o como

sendo um acúmulo, um crescimento, uma “duração”22. Duração é, para ele, o

progresso contínuo do passado que penetra o futuro e que aumenta a sua

quantidade, à medida que o tempo cronológico avança; significa que o passado

dura, que nada dele é inteiramente perdido. O passado se conserva inteiro e

independente na dimensão virtual (no inconsciente) do indivíduo, entretanto

a sua existência se dá de modo inconsciente.

21 ibidem, p. 18.22 ibidem, p. 52.

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Como dissemos, Bergson distingue a partir daí duas formas de memória:

a memória hábito e a memória pura (ou memória propriamente dita). A

memória hábito é que se dá por atenção e repetição deliberada e automática

de atitudes, gestos ou palavras, para a fixação de algo. É superficial, assimilável

através do hábito de se dizer ou fazer algo. Sua ocorrência é importante para

os processos de socialização e adestramento social.

A memória pura por sua vez é a que se dá espontaneamente; é profunda

e pessoal. Dá-se através das imagens que produz na mente do indivíduo23. Tal

movimento é representado por Bergson através da forma de um cone invertido.

Mediante esse movimento as lembranças-puras renascem no cérebro do

indivíduo por estímulos de imagens-lembranças, modificando ou influenciando

sua percepção atual do mundo. Assim é que a memória atualiza uma lembrança

trazendo-a à tona do inconsciente (estado virtual) para a consciência (estado

atual) do indivíduo.

Isso ocorre em um momento ímpar, no qual algum elemento na percepção

do presente assemelha-se àquela lembrança virtual guardada no inconsciente,

chamando-a, evocando-a. De modo que, a lembrança-pura, a imagem-lembrança

e a percepção se modificam reciprocamente. Assim a lembrança que fica latente

nas zonas mais profundas do psiquismo (denominada por Bergson de

inconsciente) depois de despertada, atualiza-se, muitas das vezes no sonho

ou na poesia.23 ibidem, p. 56.

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O princípio central da teoria bergsoniana estabelece a memória como

conservação do passado; um passado que sobrevive, quer chamado por um

dado do presente sob a forma de uma lembrança, quer em si mesmo, no

inconsciente do indivíduo. Concluimos então que no estado desenvolvido por

Bergson defrontam-se o espírito (a subjetividade) e a matéria (a exterioridade);

a primeira está relacionada à memória; a segunda, à percepção. Seu método é

introspectivo, conduzindo a memória sob uma reflexão em si mesma, de

subjetividade livre e pura conservação espiritual do passado, em considerar os

teores sociais ou culturais como fatores condicionantes.

Essa concepção, no entanto, torna ausente os elos interpessoais, pois não

existe nesse estudo a tematização das relações entre os sujeitos e as coisas

lembradas. Sabemos da nossa incapacidade do pleno distanciamento crítico, não

conseguimos, pois, afastar-nos por completo de nossas próprias construções

culturais que se impõem às nossas observações da realidade. Se assim o é, o

ficcional passa a estar, inexoravelmente, comprometido tanto com escritos quanto

com silêncios, ou seja, preso entre os mundos do lembrar e do esquecer e nesse

vácuo surge a pesquisa de Halbwachs24 que destaca a relação entre memória e

história pública, mas antes permitam-nos uma breve digressão a outras searas.

Um narrador está (invariavelmente) atado à sua limitada capacidade de

apreensão da realidade, o que continuamente o obrigará a estabelecer uma

24 HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Trad. Laurent Leon Schaffter. São Paulo:Vértice, 1990.

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leitura, um recorte dessa realidade devidamente contextualizada às suas

construções culturais. Nesse momento, não tratamos mais de memórias

individualizadas, mas de memória social que pode ser manipulada de acordo

com as correlações de forças e interesses das classes de determinados

momentos históricos. Jacques Le Goff, ao refletir sobre a memória coletiva,

torna explícita a relação entre memória e poder:

A memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta dasforças sociais pelo poder. Tornarem-se senhores da memória e doesquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos,dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas e ossilêncios da história são revelados desses mecanismos de manipulaçãoda memória coletiva.25

A defesa ou a condenação de um período histórico, de uma classe ou

uma situação específica constitui um viés ideológico presente nas criações

memorialistas. Ao articularem-se múltiplas representações de uma

determinada atuação, em uma composição de rememorações, possibilita-se o

fornecimento de respostas particulares às exigências do passado rememorado.

Debate reforçado pelas palavras de Le Goff que nos testemunha que

“os fenômenos da memória, tanto nos seus aspectos biológicos como nos

psicológicos, mais não são que os resultados de sistemas dinâmicos de

organização que os mantém ou os reconstitui”26. Em tese, a historiografia

recente, após a crise e as mudanças nas estruturas de produção do

conhecimento, orienta-se na diversidade e pluralidade de sentido, dando

25 LE GOFF, Jacques. História e memória. 4. ed. Trad. Suzana Ferreira Borges, BernardoLeitão, Irene Ferreira. Campinas, SP: UNICAMP, 1996. p. 76.

26 ibidem, p. 12.

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margem ao desenvolvimento de uma compreensão crítica dos impulsos

utópicos das subjetividades. Não seria o esquecimento que se oporia à

memória, mas o esquecimento do esquecimento, que nos dissolve e constitui

a morte. Nessa medida,

O tempo se forma sujeito (...) e, nessa condição, faz com que todo o presentepasse ao esquecimento, mas conserva todo o passado na memória, oesquecimento como impossibilidade de retorno e a memória comonecessidade de recomeçar.27

O memorialista quer compreender, quer recomeçar, nos parece, sua

trajetória pessoal vivida em um certo momento do passado. Embora

memorizada, a narrativa que produz não é exclusivamente sua, pois ao

oferecê-la ao leitor torna-se mais uma representação pessoal dos outros e

do mundo que o cerca, cabível de críticas e contestações. Podemos afirmar

que o rompimento da relação de sucessões temporais como modelo

explicativo catapultou a memória e a narrativa para o centro do debate da

história cultural e a recombinação de temporalidades diferentes numa

mesma narrativa deixou de ser vista como uma deformação ou mesmo como

sinônimo de desordem e assumiu um caráter de constituição de um sistema

lógico que trabalha com sentidos pré-constituídos.

Nesse raciocínio, acreditamos que o tempo possa servir-nos de espaço

desse esquecimento recriado. Tendo em vista que o objeto crônica faz parte

27 DELEUZE, Gilles. Filosofia crítica de Kant. Trad. Geminiano Franco. Lisboa: Edições70, 1986. p. 115.

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das discussões desta pesquisa, acreditamos poder abrir uma digressão no

texto e catapultá-la, por alguns momentos, ao centro do debate também. O

espaço da crônica, a nosso ver, pode ser também encarado como uma tentativa

de recriação de uma realidade, tal qual um texto memorialístico mais extenso,

guardadas as especificidades de seu gênero. Afinal, se a realidade é

parcialmente apreendida pelo enunciador na tensão entre lembrar e esquecer,

quem mais de perto está envolvida com a fragmentação da realidade senão a

crônica?

Ela tem carregado a acusação de ser um gênero menor por não pactuar

com a tentativa de perenidade das informações, o que, na verdade, pode ser lido

inversamente se a acreditarmos um locus possível, à dinâmica da memória. Não

esqueçamos que, em sua própria confecção, já está embutido o valor do

esquecimento, pois tornar-se-á embrulho de peixe amanhã. Ela (a crônica) não

se quer detalhista e lânguida, muito pelo contrário. Seu estilo ligeiro procura

guardar apenas o instantâneo da informação, mantendo seu compromisso com

uma suficiente carga de esquecimento, portanto com a memória.

Toda essa discussão é válida, mas ainda necessitamos voltar à cena dos

embasamentos teóricos sobre memória antes de perscrutar esse mundo

cronístico. Devemos, pois, retornar à memória como um fenômeno dividido

entre o exclusivamente individual e o exercício da construção coletiva, antes

de prosseguirmos com novos debates.

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Encontramos, em contraposição à concepção de memória bergsoniana,

a memória trabalho de M. Halbwachs28 – que prioriza os aspectos sociais no

processo de rememoração – , o que seria, em tese, uma prática

transformadora; a recriação das lembranças envolve também um processo

de reavaliação, buscando uma significação dos acontecimentos que assumem

uma dimensão no presente. Processo que, pelo menos sob o olhar

halbwachiano, não pode ser exercício isolado, como nos testemunha sua

citação, a saber:

nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são lembradas pelosoutros, mesmo que se trate de acontecimentos nos quais só nós estivemosenvolvidos, e com objeto que só nós vimos. É porque na realidade nuncaestamos sós. Não é necessário que outros homens estejam lá, que sedistingam materialmente de nós: porque temos sempre conosco e emnós uma quantidade de pessoas que se confundem.29

Convém ressaltar que a formulação mais completa sobre a memória

humana presente na teoria psicossocial de M. Halbwachs foi herdeira do

pensamento de Émile Durkheim, que primeiro teorizou sobre o assunto

sob um ponto de vista sociológico. Procurava-se, à época, redimensionar a

interferência dos fatores sociais na memória individual. Ao ampliar as

reflexões do colega, M. Halbwachs30 propõe uma memória – reconstituída

que parte de quadros experimentais estabelecidos, e assegurados pelo grupo

a que pertenciam, ou seja, só podemos reconstruir a nossa experiência

28 HALBWACHS, op. cit.29 ibidem, p. 26.30 Idem.

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individual a partir de uma experiência coletiva em que estejamos inseridos.

Com essa concepção concorda Ecléia Bosi31, teórica contemporânea que

relê as obras de Bergson e Halbwachs, em cotejo.

Nos dois autores – Bosi32 e Halbwachs33 –, a lembrança como parte da

operação mnemônica, não é mais compreendida no seu sentido nostálgico,

estático e individual. Lembrar passa a significar uma recriação a partir do

presente, não se importando se é fiel ou não ao passado, pois considera-se

que o presente lhe imprimirá uma marca singular diferente daquela do

acontecimento tal como ocorreu.

A noção de memória histórica e a sua relação com a memória pessoal

expressa o tipo de fonte que constitui um dos objetos desta investigação.

Para situar essa problemática, recorremos novamente ao pensamento de

Maurice Halbwachs34. O teórico entende que a memória histórica é uma

seqüência de acontecimentos dos quais a história conserva a lembrança,

enquanto a memória pessoal é um ponto de vista sobre a memória histórica.

Desse modo, propõe-se a existência de duas memórias: uma interna, pessoal

e a outra, social ou histórica. Como nos testemunha a citação a seguir:

Seria o caso, então, de distinguir duas memórias, que chamaríamosse o quisermos a uma interior ou interna, a outra exterior; ou então auma memória pessoal, a outra memória histórica. A primeira seapoiaria na segunda, pois toda história de nossa vida faz parte da

31 BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. 4. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.32 idem.33 HALBWACHS, op. cit.34 idem.

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história em geral. Mas a segunda seria, naturalmente, bem maisampla do que a primeira. Por outra parte, ela não nos representaria opassado senão sob uma forma resumida e esquemática, enquanto quea memória de nossa vida nos apresentaria um quadro bem maiscontínuo e mais denso.35

A partir dessas considerações, entendemos que os textos que

configuram a memória como matéria de construção constituem objeto

valioso, ao revelarem os diversos matizes da história de um determinado

objeto, contribuindo em mosaico multifacetado, para informar, influenciar

e despertar a memória de parcela significativa de leitores, engendrando

exercício de possível desvelamento de uma memória social. Ao seguir esse

raciocínio, insistimos que não só narrativas mais longas permitam a

construção desse mosaico de representações, mas também que, outro

gênero, dito menor, deva ser considerado como ilustração desses registros

do fugidio: a crônica, que mesmo em sua natureza ligeira consegue fotografar

os fragmentos do social em exercícios de percepção pessoal.

Por mais rápido, então, que possa ser o registro de uma crônica sobre

determinado assunto, ainda configura-se a dialética entre o lembrar e o

esquecer, ou seja, a construção da memória. Perenizada (a crônica), contudo,

pela natureza muito singular de sua estratégia textual, percebemos que

devemos a ela deter-nos sobre suas peculiaridades com certo cuidado para

tentar estabelecer esse paralelo entre a sua ligeireza e a sua necessidade de

registro do vivido.

35 ibidem, p. 55.

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Esse vivido, em feição de memórias, mais que reconstituído é

reconstruído nos planos ideológico e afetivo. Os valores de um tempo morto

nascem na busca de um sentido para o presente que se concretiza em

diversos posicionamentos frente às diferentes perspectivas de transformação

da sociedade. Desse modo, ligada às formas de representação do jornal, a

crônica configura-se, em muitas de suas produções, como um gênero híbrido

entre a notícia e a criação literária, em uma tentativa de atingir tanto as

memórias individuais quanto as coletivas, mas essa é uma discussão que

deixaremos para o devir...

Um dos caminhos possíveis para abordar a memória social é seguir

pelos estudos da linguagem, compreendendo que o interesse em discutir o

entrelaçamento entre memória e linguagem decorre da premente percepção

do fenômeno da fugacidade. O que nos mantém não é a percepção da

perenidade, pois o instante é fugaz. Além dessa percepção, existe uma

outra, antagônica, que é a da perpetuação. A perspectiva que nos move é

sobretudo a de que algo existia antes de nós e, ao mesmo tempo, de que

podemos perpetuar algo mesmo depois de não estarmos mais presentes. A

problemática do instante é percebida, então, em função de sua fugacidade.

Mas se o instante é efêmero, as lembranças nos salvam trazendo aquilo

que precisamos manter e continuar, ao mesmo tempo que o esquecimento

nos ajuda a deixar para trás o que não queremos ou não precisamos.

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A linguagem é uma das principais faculdades humanas e os estudos

relacionados à memória, associados àqueles referentes à própria linguagem,

mostram que a relação entre as duas tem seu papel na nossa manutenção. O

termo manutenção deve ser tomado aqui em sentido amplo: a manutenção do

sujeito social, do grupo e da comunidade como tais, a manutenção do Estado

como entidade identificável para aqueles que nele se referenciam, assim como

as instituições, que acabam por legitimar as relações sociais. Por isso, os estudos

que relacionam expressividade humana e memória apresentam hoje um

caminho nas análises empreendidas na materialidade discursiva, seja escrita,

oral ou imagética.

Hoje, privilegiamos o discurso como possibilidade de abordagem dos

estudos do ser humano relacionados ao ideológico e, conseqüentemente, às

suas representações e ao mundo que constrói e reconstrói para si e para os

outros. Os estudos sobre o discurso não devem deixar de considerar as

transformações que se estabelecem na construção de significado e que são

contingenciadas pelas circunstâncias ideológicas que influenciam tal

construção, quando estão, de certa forma, no âmago do trabalho de produzir

sentidos e expressar as relações de força entre campos de conhecimento.

Mais que isso, devem levar em conta que as conexões e relações possíveis na

elaboração discursiva ocorrem graças – ao mesmo tempo e malgrado – às

relações de força que estruturam as possibilidades de emergência de conceitos,

enunciados, objetos e idéias, entre outros.

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Ao falar de memória, tratamos de um fenômeno que diz respeito às

relações entre os sujeitos no seio de uma comunidade e entre o passado e o

presente. Nesse eixo espácio-temporal, devemos entender como se dão a

construção e a exteriorização da memória. Tendo em vista dois pressupostos

básicos – a reconstituição integral da memória é impossível e a memória é

seletiva –, a memória se manifesta por intermédio da obra humana.

1.3. Diálogos possíveis de memórias: o esquecimento entre o científico e

o literário

Se pedirmos ao intelectual mais profícuo do mundo que nos conte tudo

o que sabe sobre as suas áreas de domínio, pode ser que ele, se propondo à

contenda, passe dias relatando seus conhecimentos. No entanto, por mais

que se esforce, por mais que force seu cérebro, não poderá estender-se muito

além disso, simplesmente porque sem a ajuda de sua biblioteca, seu

computador ou seus colegas, não conseguirá lembrar-se de mais nada a partir

de um determinado ponto. Só conservará os casos mais importantes, quer

pelo aspecto técnico, quer pelo aspecto emocional.

Claramente, muitas lembranças desaparecem; esvaem-se para sempre.

Da imensa maioria delas, não há evidência alguma de que nos sobre sequer

um resto. De muitas outras, só nos ficam fragmentos dos quais, à custa de

muito esforço e com a ajuda de especialistas, podemos, às vezes, extrair algum

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sentido. A prática da psicanálise, lato sensu, se baseia em boa parte nesse

processo.

Ao mesmo tempo, apesar da perda da imensa maioria de nossas

lembranças, todos nós somos seres humanos que funcionam, donos de um

uso no mínimo aceitável da linguagem e de um acervo de conhecimento e

informações graças aos quais conseguimos levar adiante uma vida diária mais

ou menos satisfatória. Apesar de nossas inevitáveis diferenças, todos fizemos

ou fazemos algo na vida que nos possibilita ser alguém; um indivíduo se constrói

porque se lembra de certos detalhes e não de outros.

Cada um de nós é quem é porque tem suas próprias lembranças (ou

fragmentos delas). Somos rigorosamente aquilo que lembramos, parafraseando

o pensador italiano Norberto Bobbio36. Todos levamos uma vida mais ou menos

adaptada à realidade que nos rodeia; todos sobrevivemos de um dia para o

seguinte, até o último; todos, baseados no ato de lembrar, fazemos planos

para o futuro.

No entanto, o ato de lembrar não existe sem o exercício do esquecer.

Isso nos leva a considerar, em viés inverso, que talvez o esquecimento seja o

aspecto mais predominante da construção da memória, pois antes do ato de

recordar, temos obrigatoriamente de ter esquecido. Essa imagem acaba

possibilitando um vínculo entre os discursos mais contemporâneos sobre

36 BOBBIO, Norberto. O tempo da memória: De Senectute e outros escritos autobiográficos.6. ed. Trad. Daniela Beccaccia Versiani. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

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memória e os pensadores originais e a sua aletheia. Conservamos e usamos

suficientes memórias ou fragmentos de memórias para ter um desempenho

ativo, funcional e relativamente satisfatório como pessoas. Lembramos onde

fica nossa casa, nosso trabalho, o nome de nossos familiares e amigos;

lembramos o suficiente sobre nosso ofício ou profissão para cumprir nosso

trabalho e ganhar um salário. Alguns lembram muito, outros menos, mas

todos recordamos, exceto aqueles afetados por patologias, o suficiente e, por

isso, nos damos ao luxo de falar de memórias.

Podemos afirmar, pois, que existe algo de seletivo e proposital em nosso

esquecimento. Nossa mente nos faz perder muitas informações, entre elas

várias que nos são caras e/ou que foram importantes. Entretanto, conservamos

muitas outras, com as quais vivemos e seguimos em frente. Nosso cérebro,

portanto, exerce uma certa arte quando permite o esquecimento de tantas

memórias. Uma arte por momentos lamentável, mas, em seu conjunto, sábia.

O esquecimento arrasa a maior parte dos edifícios de nossas lembranças, mas

respeita nossas quatro paredes e talvez o teto, a caixa d’água, os armazéns, as

farmácias e as igrejas. É mais parecido com o efeito do tempo sobre as cidades:

alguns edifícios caem, outros afundam, outros são substituídos, mas as cidades,

que não foram varridas por catástrofes naturais ou bombardeios, conservam

seu caráter distintivo através dos séculos. Talvez o tempo seja realmente feito

de esquecimento, ou ainda, que este seja matéria-prima daquele...

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Para traçar os descaminhos da memória, sentimos, no entanto, necessidade

de recorrer, também, a fontes não somente literárias ou filosóficas, apesar de

nossa área de atuação. Recorreremos, outrossim, às científicas, pois percebemos

que o diálogo entre as áreas humanas e as técnicas e científicas não deve ser

desprezado; antes, devemos promover mais intensamente uma aproximação. Para

tanto, descobrimos os trabalhos do pesquisador Ivan Izquierdo37, neurocirurgião

de formação e leitor por convicção, ao qual buscamos para um embasamento de

alguns dos recursos científicos ora disponíveis à discussão da memória no campo

médico, tendo em vista que, por excelência, essa discussão é multidisciplinar,

conforme apontado anteriormente. Afinal, a Universidade deveria ser um espaço

de experimentações que pudessem ser aproveitadas por diversos seguimentos.

Não é disso, também, que se tratam os estudos comparatistas que abordam as

áreas limítrofes? Acreditamos que

A Universidade [deveria] transformar-se num local de aprendizagem daatitude transcultural, transreligiosa, transpolítica e transnacional, dodiálogo entre arte e ciência, eixo da reunificação entre cultura científicae a cultura artística. A Universidade renovada será o berço de um novotipo de humanismo (...)38 [grifo nosso]

A construção de modelos com materiais alternativos, de forma lúdica,

poderia ser uma forma de proporcionar à Universidade oportunidades de alcançar

o conhecimento, através de desafios, reflexões, interações e ações. Sendo assim,

atrevemo-nos a recorrer às ciências para falar de Literatura.

37 IZQUIERDO, Ivan. A arte de esquecer: cérebro, memória e esquecimento. Rio de Janeiro:Vieira Lent, 2004.

38 NICOLESCU apud PORTO, Cristina Laclete. Jogos e brincadeiras: desafios e descobertas.TV Escola. Disponível em www.tvebrasil.com.br/salto, acesso em 15 jun. 2006.

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Toda a evidência disponível tem indicado que a maioria das memórias

se perde, surgindo daí algumas perguntas, entre as quais está aquela que

interroga o porquê da presença inexorável do esquecimento no processo de

construção memorialística. Esquecemos, segundo Izquierdo39, em parte porque

os mecanismos que formam e evocam lembranças são saturáveis. Não podemos

fazê-los funcionar constantemente de maneira simultânea para todas as

lembranças possíveis, as existentes e as que adquirimos a cada minuto. Isso

nos obrigaria a perder lembranças preexistentes, por falta de uso, para dar

lugar a outras novas.

Se observamos o fenômeno do esquecimento pelo viés médico40,

relembramos que no cérebro humano há muitos bilhões de neurônios, dentre

os quais os do córtex cerebral recebem entre mil e dez mil conexões (sinapses)

procedentes de outras células nervosas e emitem prolongamentos que fazem

conexão com outros dez mil neurônios. Como se vê, as possibilidades de

intercomunicação entre as células do cérebro são imensas e de cada uma

dessas conexões ou sinapses podem surgir memórias; sem contar o fato de

que cada conexão pode participar de muitas memórias, diferentes. Acreditamos,

pois, que as memórias dependem de alterações na conformação das sinapses.

É, portanto, altamente provável que a capacidade de armazenamento seja

gigantesca, assim como a respectiva necessidade de esquecer.

39 IZQUIERDO, Ivan, op. cit.40 idem.

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Inúmeras evidências recentes apontam que, na hora de sua formação e na

hora de sua evolução, os sistemas cerebrais se encarregam das memórias de

longa duração, o que envolve fundamentalmente uma estrutura do lobo temporal

chamado hipocampo, a principal estrutura do sistema nervoso dos mamíferos

envolvida tanto na formação como na evocação das memórias.

Essa evocação nos leva de volta ao nosso foco de questionamento inicial: o

esquecimento, face constante do exercício do memoriar. Basicamente, segundo

Izquierdo41, existem quatro formas de esquecimento. Duas delas consistem em

tornar as lembranças menos acessíveis, mas, em geral sem perdê-las por completo:

a extinção e a repressão. As outras duas consistem em perdas maiores de

informação: uma delas por bloqueio de sua aquisição e a outra por deterioração, o

esquecimento propriamente dito, associado à deterioração dos neurônios, seja

por questões de idade seja por motivos patológicos. Essa arte de memoriar exige,

pois, as palhetas de lembrar e do esquecer em parcerias indissociáveis.

Há, na medicina contemporânea, no entanto, três tipos de memória

tipificadas, a saber: a memória do trabalho, a de curta duração e a de longa

duração. Como nos esclarece o pesquisador Ivan Izquierdo acerca dessa divisão:

Em primeiro lugar, existe a memória de trabalho, que usamos paraentender a realidade que nos rodeia e poder efetivamente formar ou evocaroutras formas de memória: que denominamos de curta duração e quedura umas poucas horas, o suficiente para que se possa formar a memóriade longa duração (também chamada memória remota), que dura dias,anos, décadas.42

41 idem.42 ibidem, p. 23.

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A memória de trabalho não forma arquivos duradouros: desaparece em

segundos ou, no máximo, minutos. Ela é assim processada para que nenhuma

informação que esteja sendo acessada venha a interferir ou se confunda com

as que ocorreram logo antes ou as que virão logo a seguir. Ela permite, pois,

um bloqueio sensato ao excesso de informações que às vezes nos inunda. A

memória de trabalho depende da atividade elétrica de neurônios do córtex

pré-frontal localizado na frente da área motora e não persiste além disso.

Quando a ativação desses neurônios acaba, a memória de trabalho é finda.

Enquanto o mecanismo da memória de trabalho é posto em jogo em cada

experiência, a informação processada pelo córtex pré-frontal se comunica a

outras regiões do cérebro e faz um intercâmbio de informações com ela.43

Quando ocorre uma falha na memória de trabalho, a realidade passa a

parecer ameaçadora, como algo que pode estabelecer uma situação de paranóia.

A esquizofrenia se caracteriza por falhas grosseiras na memória de trabalho

devido a lesões congênitas no córtex pré-frontal. Por isso, os esquizofrênicos

percebem a realidade como algo alucinatório. Além disso, eles também padecem

de transtornos na formação das memórias de curta e longa duração, devido a

alterações morfológicas nos lobos temporais.

Malgrado o interesse que o desvio (a esquizofrenia) possa nos causar,

devemos seguir o fluxo de pensamento e retomar a apreciação das características

43 idem.

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das memórias que inicialmente apontamos – a de curta e a de longa duração.

O hipocampo e suas conexões são as principais regiões envolvidas tanto na

formação como também na evocação das memórias. Em ambos os processos –

formação e evocação – participam mecanismos bioquímicos hoje bem

individualizados, mas sobre os quais não nos debruçamos pelo teor deste

trabalho não o exigir.

A memória de curta duração, de acordo com Lent44, neurocientista

brasileiro de reconhecida reputação em estudo sobre as funções neurais em

geral, ocorre em poucos segundos ou minutos, a partir da memória de trabalho;

é o instrumento que possuímos para analisar a realidade e o seu

funcionamento é constante. Possui enorme capacidade de processamento,

mas é finita; ao mesmo tempo, é nosso filtro básico de informações, tanto de

origem externa como, interna – nosso administrador dessas informações.

A informação externa consiste naquilo que nossos sentidos percebem; a

interna instaura-se a partir das interações entre memórias e pensamentos. Ela,

contudo, apesar de se formar em minutos, declina de três a seis horas depois,

pois é condicionada a manter a informação disponível para o sujeito durante o

tempo que a memória de longa duração requer para construir-se. Esse tempo de

algumas horas depende de uma constelação seqüencial de fenômenos bioquímicos

do hipocampo e de algumas regiões cerebrais a ele interligadas.

44 LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. Riode Janeiro: Atheneu, 2004

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Essas explorações médicas, pouco afeitas a pesquisas de cunho literário,

foram eleitas para esse texto por comprovarem em termos cientificizantes, tão

caros a nossa era, o que a literatura já sabe há tempos: esquecer e lembrar fazem

parte de uma só arte de forjar memórias. A maior parte dos esquecimentos resulta

da falta de uso das sinapses, ou seja, das conexões entre as células nervosas. O

desuso das sinapses ocasiona sua atrofia e a conseqüente perda de suas funções;

em contrapartida, o uso reiterado das sinapses causa o seu crescimento e sua

melhoria funcional45, ou ainda, quanto mais exercermos o memoriar, mais

capacidade existirá para constituir memórias. Novas associações vão-se construindo

e inéditas histórias passam a surgir a partir de uma matriz resguardada pela

memória da longa duração, seja no discurso científico seja no literário.

Não se sabe ainda com precisão que sinapses se usam para cada memória;

mas, sabemos que um dos estímulos mais eficientes para o exercício das sinapses

é uma atividade muito cara aos humanistas: a leitura. Essa atividade, que requer

a utilização das diversas áreas cerebrais, desperta as memórias verbal, visual e

imagética. No que se refere às vocais, queiramos ou não, quase invariavelmente

são ativadas pela evocação das palavras, ainda que em forma subliminar.46

A melhor recomendação possível, segundo especialistas da

neurocirurgia, para o exercício da prática da memória é ler. É evidente que

podemos mobilizar outros tipos de memória desempenhando atividades

45 ECCLES, John apud IZQUIERDO, Ivan, op. cit., p. 46.46 ibidem, p. 82.

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diversas, mas nenhuma delas convoca tantas variedades de memória como a

leitura. No caso dos deficientes visuais, a audição unida ao tato e ao olfato

consegue atingir semelhante experiência à da leitura a que fizemos alusão.

Jorge Luis Borges foi cego durante anos, mas possuía parentes e amigos que

liam para ele, em voz alta, praticando assim sua memória, o que permitiu a

construção borgiana de imagens e personagens inesquecíveis, como, por

exemplo, Funes, o memorioso47.

Essa narrativa nos apresenta um personagem que, após um acidente,

podia recordar, em detalhes, um dia inteiro de sua vida. Sua extraordinária

capacidade não permitia, no entanto, deter-se por um momento sequer em

uma determinada memória para poder analisá-la ou compará-la a outras. A

extrema exatidão e a abundância de sua memória impediam-no também de

generalizar e, portanto, de pensar. “Para pensar é necessário poder

esquecer...”48 e nós acrescentamos ao seu raciocínio que para pensar é

necessário reconstruir o esquecido, o que buscamos nesta Tese.

1.4. Memórias e histórias: estilhaços imperfeitos em tempos de

esquecimento

Se o esquecer é tão precioso para o pensar, como podemos exercitar

também o esquecimento? Devemos recuperar os fios de uma história que

47 BORGES, Jorge Luis. Obras completas. Trad. Carlos Nejar et al. São Paulo: Globo, 1998.48 ibidem, p. 126.

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começamos a tecer páginas atrás, no começo desta prosa: a arte de esquecer

consiste basicamente na repressão e na extinção, como afirmamos

anteriormente. Se alguma memória determinada nos persegue de maneira

recorrente, por exemplo, a memória de uma humilhação ou uma dor, o certo é

não nos deixarmos levar por essa insistência. Nosso cérebro faz isso, às vezes

automática às vezes deliberadamente, através da repressão. No entanto, tentar

esquecer é uma história; permitir que se formem memórias falsas com o

material a ser esquecido, é outra...49

Ao lançar mão da literatura em novo cotejo com a ciência, recordamos

Gabriel Garcia Márquez que começa a sua autobiografia dizendo “A vida não é

a que a gente viveu, mas a que a gente lembra, e como lembra dela pode

contá-la”50. Esse autor nos brinda também, mais adiante, com a afirmação de

que “até a adolescência, a memória tem mais interesse no futuro do que no

passado de maneira que minhas recordações da cidadezinha natal ainda não

estavam idealizadas pela nostalgia”51. Percebemos, pois, que muitas vezes

criamos memórias falsas a partir de dados reais. Quem nunca ouviu o adágio:

Quem conta um conto aumenta um ponto? Se formos mais longe e pensarmos

na história oficial de nossos países, descobriremos, estupefatos, uma espécie

de Olimpo onde sobram heróis e quase não existem vilões. Essa, no entanto, é

uma matéria da história das mentalidades que não nos cabe discorrer. Apenas

49 IZQUIERDO, Ivan, op. cit.50 MÁRQUEZ, Gabriel García. Vivir para contarla. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2003. p. 6.51 ibidem, p. 15.

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assinalaremos que o passado tem-se transformado, inúmeras vezes, em apenas

um continuum interessante, prática deveras perigosa...

Como outro representante da arte de esquecer, citamos a extinção52

que não chega ao total esquecimento, mas reflete o ato de cancelar respostas

já inúteis para determinados estímulos. É tal a presença do esquecimento,

em suas diversas facetas, em nossos processos cognitivos que compactuamos

com James Mcgaugh, ao apontar que “o fenômeno mais notável da memória é

o esquecimento”53, abrindo lacunas no discurso que possibilitam ao nosso

imaginário um fingimento sem (maiores) culpas.

A palavra memória, por fim, cria todo um mundo na consciência, mas

para que ela se revele é preciso que haja uma percepção anterior, uma

experiência de sentir e viver que é induzida pelo mundo presente (e concreto)

em que o eu está inserido. Desse modo, por força da pluralidade de fontes e

expressões dos estímulos, a memória será cambiante, mutável, variada nas

suas ocorrências e saliências, parceira do esquecimento.

O contato com o que suscita o lembrar é sempre uma virtualidade, um

jogo de substituições. A experiência do estar lembrando fala por si não apenas

na recomposição dos sentimentos de outrora, mas também determinando a

emergência de sentimentos novos, que por vezes trazem luzes críticas ao

passado, o que nos propusemos a criar com essa pesquisa.52 IZQUIERDO, Ivan. Silêncio, por favor. São Leopoldo: Unisinos, 2003. p. 46.53 HARLOW, Harry; Frederick; MCGAUGH, James L.; THOMPSON, Richard F. Psycology. San

Francisco: Albion Publishing Company, 1971. p. 72.

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Essa situação é tratada com mais complexidade quando a ela se

acrescenta a discussão lingüística, com acento sobre a experiência de

rememoração da palavra do outro. No que se refere à lembrança de pessoas do

passado, é por meio do que restou de suas palavras que elas poderão (ou não)

ser revivificadas e, nesse esforço, nos encaminhamos, sabendo, entretanto,

que a rememoração é necessariamente imprecisão.

Indissociável da discussão sobre a memória, a reflexão sobre o tempo

aponta para o fato de que qualquer pensamento sobre o passado, em uma

tentativa de restituição, há de ser marcado pela experiência do presente,

comprometendo, com isso, a matéria e a essência da evocação. Em outro sentido,

esse mesmo raciocínio justifica a inevitável deturpação dos fatos que

acompanha todo o processo de rememoração.

A rigor, ele (o tempo) está, mesmo que indiretamente, observando a

diferença que separa a vivência dos fatos e a sua representação, a posteriori.

Toda memória surge previamente interpretada, e essa interpretação subjacente

induz à ordenação e à causalidade artificiais que o relato do lembrado sempre

tem. É a constatação da onipotência da palavra como núcleo organizador da

vida na consciência individual. Em se tratando da experiência memorialística,

o poder da palavra está presente na ocorrência impreterível da discursividade

do lembrar. Quando lembramos, estamos contando essa lembrança e isso

condiciona, quando não impõe artificialmente, um perfil causal aos fatos, atos,

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afetos e demais experiências evocadas. Ademais, por força do afastamento em

relação ao que se viveu (ou se leu), mesmo que isso seja algo forjado, há a

tendência à compreensão de tudo. À luz dessa compreensão, o modo como se

conta uma lembrança cria narrativas coerentemente possíveis e não

necessariamente verídicas, ao que atentaremos quando nos debruçarmos sobre

a obra de Chrysanthème, mas tendo consciência de que será luta inglória.

Um aspecto importante dessa reconstrução da realidade na memória é

que, a sua narrativa se dá por força do princípio da causalidade, estando

subjacente a isso a idéia de que para cada fato haveria uma razão motriz. Mas

admitir isso seria supor que há ordem e razão de ser nas nossas experiências,

o que sabemos não acontece efetivamente.

Há uma série de vetos à fidedignidade na representação da memória,

porque há um hiato entre o que se vive e o que se lembra/conta, que é marcado

pela compreensão (artificial, forjada) que subjaz a todo processo de

rememoração e que conduz a uma invenção e não, necessariamente, ao seu

registro. No entanto, ousaremos nos lançar à contenda e, para tanto,

começaremos por recuperar as memórias de um gênero deixado de lado por

muito tempo: a crônica.

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2. PAPÉIS DISPERSOS PELO TEMPO: A CRÔNICA

2.1. Reflexões sobre a crônica

A injustiça de muitos teóricos, ao longo da historiografia oficial, quanto

à crônica é de sarapantar. Apontam-lhe marcas de inferioridade perante outros

gêneros narrativos, celebrando estes em detrimento daquela. No entanto, o

rebaixamento da crônica diante dos gêneros canônicos alcança a própria

etimologia do vocábulo e as implicações advindas da sua factualidade histórica.

Ao contrário de outros gêneros narrativos mais tradicionais, ela não se

compromete, pelo menos inicialmente, com a projeção futura ou com a

perenidade existencial de sua matéria. Athayde assim se posicionou: “Se

quisermos dar-lhe desde logo uma definição, poderíamos fazê-lo dizendo que

representa uma aventura do espírito, aparentemente superficial, entre idéias

e fatos”.54 Contudo, em tempos de questionamento sobre a perenidade do

tempo, das histórias e, porque não dizer, das memórias, o que nos impediria

de recorrer a essa matéria fugaz para buscar flashes de diferentes narrativas

e tentar construir um olhar sobre determinado período? “A modalidade desse

episódio é que a crônica pode tornar-se um poderoso agente de correção dos

costumes, ainda quando tenha ares de um passatempo frívolo”.55

54 ATHAYDE, Tristão de. Os três estilos. Letras e problemas universais. Rio de Janeiro: 21ago. 1960. [Suplemento Literário do Diário de Notícias].

55 COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Editorial Sul Americana,1971. v. 6. p. 113.

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56 MOISÉS, Massaud. A criação literária: prosa II - a prosa poética, o ensaio, a crônica, o teatro,outras expressões híbridas, a crítica literária. 16. ed. São Paulo: Cultrix, 1998. p. 126.

57 idem.

Mas afinal onde nasceu o patinho feio? Para responder a tal pergunta é

mister começarmos pela origem dos gêneros ditos maiores até atingirmos

aqueles que foram marginalizados como menores.

Retomando a Grécia como pilar da sociedade ocidental, observamos o

engenho fomentado em nosso imaginário de que todo processo de enunciação

tem uma conseqüência histórica, um ethos que ordena a subjetividade e a

objetividade dos mitos: trágicos, épicos ou dramáticos. Mas existem algumas

formas de enunciação que nascem da relação entre heróis ou homens comuns

com o tempo, como é o caso da crônica.

Na cultura ocidental, o termo crônica guarda, etimologicamente, relações

intrínsecas com a noção de tempo, como demonstra Massaud Moisés:

Do grego Cronikós, relativo a tempo (chrónos) pelo latim chronica, o vocábulo‘crônica’ designava, no início, os acontecimentos ordenados segundo amarcha do tempo, isto é, em seqüência cronológica.56

A significação da palavra crônica está relacionada à idéia de um tempo

cronologicamente determinado. Nos primeiros tempos de utilização do termo,

atrelam-no implacavelmente à simples anunciação de fatos históricos, não lhe

permitindo nenhuma autonomia no tocante a provocar reflexões sobre o curso

dos acontecimentos relatados: “situada entre os anais e a História, limitava-se

a registrar os eventos sem aprofundar-lhes as causas ou tentar interpretá-

los”.57

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58 ARRIGUCCI JÚNIOR, Davi. Fragmentos sobre a crônica. In: ___. Enigma e comentário:ensaios sobre literatura e experiência. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 51.

Em sua origem, a crônica era elaborada apenas como breve relato de

eventos. Um procedimento de organização textual anunciativa e cronológica

dos fatos. Mas, ao correr da pena, os significados da palavra crônica ultrapassam

o ethos inicial. Ao lexema, é atribuída uma multiplicidade semântica diversa,

na qual muitos discursos se manifestarão.

Contudo, à mais antiga noção de crônica estava implicada uma definição

histórico-social do tempo. Dessa forma, a crônica nasce mais como a legitimação

de um processo de anunciação e não de enunciação, pois ainda não havia

uma interpretação dos fatos narrados, mas apenas uma exposição cronológica.

Seguindo essa premissa, quaisquer discursos que relatassem fatos, dentro de

um tempo linear, poderiam ser encarados como crônica. Como testemunho

dessa prática multiforme, citamos Davi Arrigucci Júnior:

São vários os significados da palavra crônica. Todos, porém, implicam anoção de tempo, presente no próprio termo, que procede do grego chronós.Um leitor atual pode não se dar conta desse vínculo de origem que fazdela uma forma de tempo e da memória, um meio de representaçãotemporal dos eventos passados, um registro da vida. Mas a crônica sempretece a continuidade do gesto humano na teia do tempo.58 [grifo nosso]

Atrelar a noção da palavra crônica à idéia de simples relato cronológico

é reducionista e perigoso, tendo em vista que a própria noção de tempo é

díspar através da evolução de sociedades diferentes. Hoje, por exemplo, a

nossa noção de simultaneidade e excessiva rapidez de acontecimentos mais

nos aproxima, acreditamos, da crônica como representante possível das várias

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histórias e memórias que se esbarram. Ainda assim, no ocidente, aquele sentido

de anunciação atravessa a barreira das centúrias e se aproxima dos historiadores

do século XII. Na França, na Inglaterra e na Espanha, assume características

mistas: ora é relato histórico ora é ficção literária, mas guardando o objetivo

de representação das relações da humanidade com o tempo em que vive.

Essa nova acepção da crônica como relato histórico, com matizes

literários, amplia sua prática, instaurando uma fase em que ela não prima

apenas por legitimar a organização cronológica dos fatos, senão pela forma de

relatá-los. O autor pode então tratar os eventos circundantes de acordo com as

normas sociais e as tradições de seu povo. Tal carga significativa acaba por

levar o indivíduo a não se limitar ao discurso denotativo, abraçando o conotativo

como forma de expressão. Surge, a partir dessa prática, no século XII, o conceito

de crônica como uma forma de narrativa.

Mesmo assim, a ambigüidade do termo crônica, entre a ficção literária e

a História, ultrapassa os séculos, avançando até o período renascentista de

onde nos chegam ecos de uma definição mais clara:

A partir da ‘Renascença’, o termo crônica cedeu vez à ‘História’, finalizando,por conseguinte, o seu milenar sincretismo. Não obstante, o vocábuloainda continua a ser utilizado, no sentido histórico, ao longo do séculoXVI.59

Nesse período, a noção de crônica ganha outra carga semântica. Apesar da

distinção estabelecida anteriormente entre crônica e História, ainda não é desta

59 MOISÉS, Massaud, op. cit., p. 245.

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vez que o lexema encontrará pouso e respeito. Surge um terceiro elemento que

cria nova ambigüidade, os Essais ou ensaios, que têm uma particularidade muito

própria: a interpretação dos eventos e suas funções sociais. Buscando resolver

essa confusão, recorremos a Afrânio Coutinho que nos aponta que:

Modernamente é a Montaigne, com os Essais, que se deve a iniciação dogênero, novamente com o sentido etimológico da palavra que indica:tentativa, inacabamento, experiência, dissertação curta e metódica semacabamento sobre assuntos variados em tom íntimo, coloquial, familiar.60

Pelas mãos de Montaigne e de seus contemporâneos, criam-se novas barreiras

à crônica, a partir do momento em que se privilegiam os ensaios em detrimento dela.

A crônica ainda caminhava entre relatos históricos e nuançava-se na ficção literária,

quando os ensaios tomaram fôlego, expurgando-a ao limbo novamente.

O ensaio, à la Montaigne, buscava imiscuir o coloquial na linguagem

escrita, dando ênfase à maneira de expressão de cada indivíduo. O princípio

de ensaio, fomentado nesse período, vai aumentar a dificuldade de conceituação

da crônica, pois sua noção é ampliada de tal maneira que acaba por sobrepujar

a crônica e mesmo por englobá-la, como nos demonstra Afrânio Coutinho:

O ensaio é um breve discurso, compacto, um compêndio de pensamento,experiência e observação. É uma composição em prosa (há exemplos emversos), breve, que tenta (ensaia) ou experimenta interpretar a realidadeàs custas de uma exposição das reações pessoais do artista em face deum ou vários assuntos de sua experiência ou recordações. Pode recorrerà narração, descrição, exposição, argumentação, e usar comoapresentação a carta, o sermão, o monólogo, o diálogo, a crônica jornalística.Não possui forma fixa. Sua forma é interna, estrutural, de conformidadecom o arranjo lógico e as necessidades de expressão.61

60 COUTINHO, Afrânio. Ensaio e crônica. In: ___. A literatura no Brasil. Rio de Janeiro: EditorialSul Americana, 1971. v. 6. p. 110.

61 ibidem, p. 118.

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Diante desse conceito, a crônica não passa de um acessório utilizado

para legitimar o ensaio. Enquanto apenas uma forma de expressão deste, a

crônica se vê em frente a novos questionamentos formais. A sua preocupação

em anunciar os fatos cronologicamente torna-se desnecessária, pois o ensaio

passa a instaurar uma nova fase em que há, além do resgate dos eventos, a

caracterização deles sem as restrições do tempo. Aos temas históricos, somam-

se a ênfase em um estilo próprio e a acentuação na construção do texto,

utilizando ao máximo a linguagem coloquial.

Recusamos, no entanto, a idéia de que a crônica deva passar a ser

apenas uma feição do ensaio. A crônica, por excelência, é um espaço

transgressor. Considerá-la como um modo de representação e de expressão

do ensaio é ocultar sua pluralidade de significados. Algumas vezes, a crônica

assume o caráter de ficção; já o ensaio, mesmo com a grande contribuição de

Montaigne, mantém-se preso à busca de legitimação de códigos entre as

relações sociais.

Chrysanthème também apresenta um texto transgressor do convencional.

Além disso, a mulher escritora privilegia a exploração do seu cotidiano no

tempo, no espaço e na sociedade a que pertence. Uma vez que, em princípio, a

crônica jornalística também privilegia as experiências do dia-a-dia de seu autor,

inicia-se uma interação fértil para os temas a serem desenvolvidos aqui,

tratando-se das crônicas da autoria de uma mulher.

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Ilustrando o que dissemos anteriormente sobre a crônica, se tomarmos

o amor como objeto de estudo, cada um dos gêneros forjava diferentes acepções.

A crônica não se põe a defini-lo, no máximo, empresta-lhe novos significados;

o ensaio busca trabalhar o objeto lingüístico amor e a ele imprimir conceitos

formais, por mais informal que seja sua escritura.

Nesse momento, há uma confusão metodológica que empobrece a relação

conceitual entre crônica e ensaio. Aquela, como possibilidade de recriação da

linguagem; este, embora possa apresentar características literárias, se

estruturará, primordialmente, como tentativa de apreensão e caracterização

do objeto em pauta, atrelado a um determinado tempo sócio-cultural.

A miscelânea conceitual só começa a dissolver-se no século XIX, quando

o termo crônica passa a ser utilizado com outras acepções, como nos afirma

Afrânio Coutinho:

Em português, a partir de certa época, a palavra começou a ter roupagemdiferente. ‘Crônica’ e ‘cronista’ passaram a ser utilizados com o sentidoatualmente generalizado de literatura: refere-se a um gênero literárioespecífico, estritamente ligado ao jornalismo (...) Ao que parece, atransformação operou-se no século XIX, no Brasil ou em Portugal, ligadaao desenvolvimento do jornalismo.62

A crônica está finalmente se desprendendo de sua delimitação histórica

para se revestir de vestes literárias. O cronista do século XIX procura engajar-

se nos ideais do mundo moderno, pois, diante do quadro que se instaura, o

seu texto não se pode mais limitar a reproduzir as regras da retórica nem

62 COUTINHO, Afrânio. Gêneros ensaísticos. In: ___. Notas de Teoria Literária. 2. ed. Rio deJaneiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 80.

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sobrepor o estilo à clareza do enunciado. Acabaram-se os tempos da

anunciação...

A partir desse século, a crônica abandona a fidelidade ao tempo

historicamente determinado e busca novas formas de expressão para o alcance

de uma unidade estética inédita. Passa a enfocar as relações fragmentadas do

mundo moderno, procurando entender a nova ordem imposta pela sociedade

industrializada. Ela mesma reflete o desejo de insatisfação e a fugacidade da

vida das metrópoles, ou ainda, uma face dessa memória fragmentada do mundo

moderno. Tornara-se uma expressão do cosmopolitismo nascedouro e um canal

de questionamento sobre a nova organização social: a burguesia. Perante a

simultaneidade de fatos que as recentes transformações da sociedade

impunham à crônica, ficou evidente que o seu exercício não mais se podia

ater a contar os fatos de maneira ordenada e cronológica. Cabia, então, prestar

reverências à imaginação e contar com a ajuda dela, (re)criando versões e

memórias as mais diversas.

As crônicas produzidas nesse período podem ser lidas como ‘documentos’porque traduzem as muitas faces de um discurso que revela,contraditoriamente, um ‘tempo social’ vivido pelos contemporâneos comoum momento de transformação.63

O advento do Romantismo possibilita maior liberdade à crônica que,

sob ótica literária, é um espaço textual onde se conjugarão várias formas de

63 NEVES, Margarida de Souza. Uma escrita do tempo: memória, ordem e progresso nas crônicascariocas. In: CANDIDO, Antônio et alii. A crônica: o gênero, sua fixação e suastransformações no Brasil. Campinas, SP: UNICAMP; Rio de Janeiro: Fundação Casa de RuiBarbosa, 1992. p. 75-92.

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expressão. Corroboram com nossa afirmação as palavras de Angélica Soares:

(...) Polimórfica, ela [a crônica] se utiliza afetivamente do diálogo, domonólogo, da alegoria, da confissão, da entrevista, do verso, da resenha,de personalidades reais, de personagens ficcionais... afastando-se sempreda mera reprodução de fatos. E enquanto literatura, ela captapoeticamente o instante, perenizando-o.64 [grifos nossos]

Transgressora que é, a crônica não encarnou a definição positivista de

literatura, a qual acreditava que uma série de textos de uma determinada

época seria a representação direta daquele povo que a produziu. Ao assumir

natureza literária, a crônica não só ampliou seu campo semântico, como

também provocou divagações em torno de sua evolução a partir de então.

Muitos crêem que ela derive para o conto ou para a poesia, dependendo apenas

do aspecto que queira ser acentuado, se narrativo ou contemplativo. Visão

redutora daqueles que a querem atrelar a códigos pré-estabelecidos, colocando-

a numa posição de confronto diante dos gêneros maiores.

O cânone a repudia, acusando-a de gênero transitório que precisa

apoiar-se nas diversas formas da linguagem para assumir características

próprias, o que é injusto, se pensarmos nas propostas de leituras

intertextuais contemporâneas ou em formatos mais recentes, como o

hipertexto.

O próprio espaço em que tradicionalmente foi editada – o jornal –

corrobora com sua liberdade lingüística, levando muitos ainda a reconhecerem-

64 SOARES, Angélica. Gêneros literários. 5. ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 64.

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na como uma forma especial: fluida e fugidia em relação a quaisquer

classificações normativas. As colunas do jornal permitem uma proximidade

bastante favorável entre ela e seus vizinhos: pode utilizar, prioritariamente, o

plano da denotação, reelaborando notícias; pode ocupar, predominantemente,

níveis de conotação, aproximando-se da ficção; e pode entrelaçar-se com outras

linguagens: cinematográfica, poemática, radiofônica, entre outras, sem ser

reduzida a exercício de literariedade.

Se nos ativermos à efervescência das primeiras décadas do século XX,

vários fatores vão fazer a crônica ser considerada o gênero compulsório da

época. A respeito, Flora Süssekind destaca:

(...) a profissionalização do jornalismo; a construção, nos parâmetros daépoca de um público de massa; e a incorporação dos meios técnicos naprodução literária, para além da técnica como tema e da incorporação dalinguagem e do estilo das inovações da época à própria escrita literária.65

Esse cronista moderno não se pode ater exclusivamente a uma prática

de memória unívoca, pois o seu mundo se encontra dilacerado e não é mais

possível ordená-lo com uma simples enumeração de fatos. Não mais convém,

neste mundo de novidades, continuar confundindo-a com outros gêneros

literários ou mesmo atribuindo-lhe apenas o rés-do-chão, tendo em vista que

pode figurar como uma possibilidade para representar essa memória de curta

duração da qual a nossa sociedade tem sofrido tanto.

65 SÜSSEKIND, Flora. Cinematógrafo de Letras: literatura, técnica e modernização no Brasil.São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 72.

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2.2. Polêmicas geradas pela crônica

O século XIX nos legou o aparecimento de novas relações sociais de trabalho

e, conseqüentemente, a fragmentação da sociedade; imiscui-se, também, em

reformulações teórico-estilísticas nas artes, dignas de nota. Apesar de todas as

ressalvas, apropriadas, claro, que os críticos possam vir a fazer às amarras dos

estilos literários, não podemos ignorar totalmente as contribuições ou as releituras

de determinadas correntes estético-filosóficas, como é o caso do Romantismo.

Chamemo-lo como melhor nos aprouver, mas é patente a relevância desse período

criativo como motivador de transformações no imaginário Ocidental.

Com o advento do Romantismo, o conceito de crônica passa a sofrer várias

modificações. Convém salientar que, ao contrário de tempos anteriores, a

metamorfose não atinge estéticas, temáticas ou estilos, mas antes a variação

semântica dar-se-á a partir da relação entre os textos produzidos e o espaço para

a sua veiculação: os jornais. Cria-se uma interface entre a crônica e o lugar pré-

determinado para sua difusão, o periódico, que a faz obedecer ao critério primeiro

da publicação: a periodicidade. Nas palavras de Afrânio Coutinho:

É mister insistir na relação da crônica e do jornalismo. (...) Tãocaracterística é a intimidade do gênero com seu veículo natural que muitoscríticos se recusam a ver na crônica, a despeito da voga de que desfruta,em dias atuais, algo curável e permanente, considerando-a uma artemenor.66

Entretanto, outro fato é ainda marcante no caminho da crônica, que,

66 COUTINHO, Afrânio, 1971, op. cit., p. 110.

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se mantendo no pé de página, situa-se em uma posição que parece querer

desvalorizá-la. Mal se pensava que as distinções estavam resolvidas a

contento, mais uma se delineia: crônica versus folhetim.

Originariamente, o jornal destacou o rodapé da página como espaço

para a publicação da crônica, no qual, além dela, se veiculavam textos literários

ou não. Naquele domínio democrático, criava-se nova confusão semântica,

pois vários teóricos e, mesmo, muitos que a exerciam, passam a denominá-la

de folhetim. Tal recurso é, na verdade, uma confusão a partir do espaço

jornalístico, visto as duas práticas – folhetim e crônica – serem publicadas em

rodapé. Podemos verificar a contradição de nomenclaturas nas observações

seguintes:

Assim, a partir do romantismo, a crônica (a princípio folhetim) foi crescendode importância, assumindo a personalidade de gênero literário, com ascaracterísticas próprias e a cor nacional cada vez maior. Foi esta última,aliás, a sua mais típica feição.67

Conforme havíamos demonstrado na seção anterior, a crônica busca

delinear-se como um gênero esteticamente autônomo, cujas características

não querem respaldar-se ou inspirar-se exclusivamente em outros gêneros

literários. O cronista se constitui em uma persona literária que não está

preocupada em reorganizar o mundo através de uma única memória, como o

fizera primitivamente, mas em causar rupturas no seu mundo da linguagem,

exercitando a crônica como uma prática plurissignificativa de lembranças.

67 MOISÉS, Massaud, 1998, op. cit., p. 245.

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Convém, então, propor distinções entre crônica e folhetim, tendo em vista que

a imbricação entre eles foi difícil de ser estabelecida durante anos.

[Para] Esse fenômeno de hibridismo (...) concorreu naturalmente acircunstância de que ambos os gêneros iam convergir nos jornais sob omesmo título geral de folhetim. Folhetim era a crônica, mas também anovela ou romance, quando publicado em jornal. O fator espiritual decomunhão entre os dois gêneros era a poesia, que dominava a literaturaromântica, sendo por isso explicável a influência que o folhetim exerceuparticularmente sobre o mundo do jornal, todos cederam às suas seduçõescom maior ou menor assiduidade.68 [grifo nosso]

A crônica herda do Romantismo o pendor pela liberdade formal, a

capacidade de desconhecimento dos gêneros e o trânsito livre entre prosa e

poesia. Todos os ingredientes atendiam à ruptura dos modelos, característica

daquela nova sociedade.

O folhetim, entretanto, não guardou autonomia estética no espaço

jornalístico do século XX. A princípio, era a denominação para uma seção do

jornal, na qual eram publicadas quaisquer produções, desde a crítica literária até

o ensaio, não sendo determinado um lugar específico. Posteriormente, no entanto,

o termo passa a representar todas as formas discursivas veiculadas no rodapé dos

jornais. Daí a confusão que se estabelece entre o folhetim e a crônica.

Só com o Romantismo, o folhetim adquire o significado mais conhecido:

a representação de uma nova fórmula literária, utilizada pela burguesia nas

suas críticas à cultura aristocrática. A nova classe e os seus postulados morais

e espirituais vão parar nas páginas dos jornais. A imprensa se mostra o espaço

68 COUTINHO, Afrânio, 1971, op. cit., p. 124.

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ideal para exercitar a comercialização dos bens culturais burgueses, como

testemunha Marlyse Meyer, em trecho citado por Wellington José de Oliveira

Pereira:

Com o correr dos tempos... a imprensa foi aumentando a sua autoridade...estendendo a sua influência, assenhorando-se cada vez mais do público.Para este resultado concorreu inegavelmente o folhetim. Acolhendo-ocomo hóspede o jornal tem nele o melhor colaborador da sua propriedade.Gênero em que cabem todas as coisas, as frívolas e as sérias, as que sãoo tema das conversas de um, as que são acontecimentos que interessamà história.69

Tomando essas palavras como premissas, o folhetim pode ser entendido,

em um tempo mais específico, como uma miscelânea de artigos, críticas

literárias ou resenhas que ocupariam uma parte pré-determinada do jornal.

Estamos ainda no período em que os folhetinistas não tinham consciência das

proporções que a prática viria a estabelecer. A atenção dos leitores, o frêmito e

a espera diários, a celebração do escrito só chegariam mais tarde.

O folhetim, conforme o reconhecemos, é uma forma narrativa concebida

pelo Romantismo francês, mas acaba por incorporar as características formais

do jornal da época. O folhetinista, além de literatura, dominava a dimensão

temporal do espaço jornalístico para nele atuar com maior propriedade.

Após os anos trinta do século XIX, o folhetim começa a obter a aceitação

do público leitor, o que passa, posteriormente, a distanciá-lo da noção primeva

de simples seção ou coluna. Nesse momento, possui relativa autonomia

69 PEREIRA, Wellington José de Oliveira. Crônica: arte do útil ou do fútil? João Pessoa: UniversidadeFederal da Paraíba / Faculdade de Letras, 1990. p. 33. [Dissertação de Mestrado em Letras]

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tipográfica dentro do jornal, por ser o espaço que abrigava boa parte da

produção de autores bem-quistos do período. Os folhetins, nessa época,

constituem o espaço transitório para o exercício do romance, ou ainda, o lugar

em que se veiculava a ficção em prosa, seguindo padrões intermitentes. Caso

atingissem sucesso de vendagem, seriam publicados em livro.

A relação do folhetinista com o jornal da época estava alicerçada no

próprio caráter comercial que haveria de beneficiar autores e gazetas. “O jornal

é uma plataforma permanentemente aberta aos jovens, que querem tentar a

carreira literária e experimentar o gênero moderno por excelência que é então

o romance”.70

Exatamente pelo caráter de experimentação narrativa, o folhetim, apesar

dos grandes nomes que a ele aderiram, invocava estruturas fragmentadas e

inacabadas que só se realizavam plenamente na escritura do romance. Não

obstante, há contribuições dos folhetinistas que não podem ser olvidadas,

eles encetaram o suspense e a técnica de gancho na narrativa, estabelecendo

o convívio diário com os leitores; mais do que isso, demonstraram que tudo se

tornou possível aos olhos da modernização.

Nesse período, os escritores começam, em determinados momentos, a

transformar o folhetim em objeto de crítica à forma de organização do mundo

burguês. Observando tal prática, os folhetins passaram a veicular narrativas

70 ibidem, p. 35.

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que mostrassem o ethos da sociedade burguesa do século XIX e todas as

implicações advindas do novo modus vivendi.

As palavras de Walter Benjamin, mesmo referindo-se a outro contexto,

podem ilustrar o que afirmamos sobre a sociedade oitocentista:

As Exposições (...) inauguram uma fantasmagoria a que o homem seabandona para se distrair. No que a indústria do divertimento vem emseu auxílio elevando-o ao nível de mercadoria. Ela o entrega a suasmanipulações ao lhe permitir gozar sua alienação em relação a si mesmoe aos outros.71

Na verdade, concluimos que a prática do folhetim surge de um

planejamento jornalístico, cujo objetivo é aumentar o número de leitores dos

periódicos, atendendo, sem dúvida, a um desejo das elites: a sociedade quer

ler-se nas páginas das gazetas. Tal folhetim nasce mercadoria... O imbricamento

entre ele e o jornal é tão presente desde a origem, que o leva, em última

instância, a ser visto, em sentido lato, como parte integrante dos periódicos.

Como vemos, o folhetim nomeava qualquer manifestação lingüística que

não se inscrevesse dentro das normas do jornalismo praticado no século XIX,

geralmente de cunhos opinativo, noticioso-comercial e doutrinário. No entanto,

não podemos deixar de celebrar a contribuição do folhetim para o aparecimento

da literatura de massa e da dessacralização da leitura.

Contudo, se o folhetim não consegue ser visto independentemente dos

princípios jornalísticos, o mesmo não acontece com a crônica. Apesar de ser

71 BENJAMIN, Walter. Paris, capital do século XIX. In: LIMA, Luís Costa (org.). Teoria da literaturae suas fontes. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983. p. 139-140. v. 2.

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levada de roldão pelo termo genérico folhetim, transgressora que é, consegue

uma brecha para afirmar-se diferente. Ela começa a se ocupar das efemeridades

e se propõe a ultrapassar os limites doutrinários do jornalismo de então.

A crônica, contrariando as conceituações emprestadas do folhetim, nega

o caráter para-jornalístico e passa a ampliar suas relações com o leitor. O

cronista, ao contrário do folhetinista, busca realizar-se no espaço a ele

reservado no jornal. Assim integralizada, sua obra começa e termina naquele

mesmo dia e sabe que, descartável que é, como o jornal, há de embrulhar o

peixe no dia seguinte. No entanto, passados os anos e vislumbrando a sociedade

efêmera em que vivemos, questionamos porque a crônica não poderia ser o

estilo literário que melhor representasse a memória estilhaçada desse tempo

sem tempo. Como nos afirmou anteriormente Afrânio Coutinho, insistimos

que a crônica e o jornal possuem rara intimidade, mas há muito, que nos

perdoe o mestre, não é gênero menor.

2.3. Relações entre crônica e jornal impresso, dos oitocentos ao início

dos novecentos

Descobrimos, na seção anterior, que a crônica não sossegou enquanto

foi confundida com o folhetim, polêmica por excelência. Será que as relações

entre a hóspede crônica e o hospedeiro jornal foram mais tranqüilas?

Procuremos descobrir...

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O jornalismo impresso se institui a partir do século XIX, assumindo,

paulatinamente, o papel de canal entre o Capitalismo nascituro e a burguesia

nascedoura. No Brasil, mais especificamente, o periódico vem à luz sob o

signo do Romantismo, transitando entre os discursos político e literário, pelo

menos até o início dos novecentos, quando o público o leva a outras searas.

Contudo, o jornal do século XIX ainda não estabelecera o formato a que

estamos habituados. Há em suas páginas inter-relações forjadas pela

convivência dos textos de diversos matizes, o que configura um perfil, no

mínimo, pluralista e de difícil definição. O modelo já não correspondia às

formas tradicionais, ligadas diretamente às atividades comerciais, de prestar

informação, mas ainda guarda as amarras ideológicas e estéticas da classe

social a que se dirigia. O jornal vai passando a não vender apenas a informação,

mas também a fantasia e as formas de lazer da nova sociedade. “Duas categorias,

portanto, de texto lingüístico se encontram no jornal: a que cumpre a função

de informar os sucessos do dia e a que não se prende, regra geral, ao vaivém

do cotidiano”.72

O periódico dos oitocentos traz em seu bojo o seu próprio algoz, ou

melhor, começa a veicular textos essencialmente não-informativos que vêm a

causar transformações na imprensa, tanto no sentido estético como no processo

de disposição do informe. Este jornal perdeu a marca da sacralização do saber

72 MOISÉS, Massaud, 1985, op. cit., p. 246.

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da Idade Média e, também, as características de carta comercial do século

XVIII. O texto passa a ser complexo e várias formas de saber se interrelacionam,

havendo, inclusive, a transição entre o discurso político e o literário. Nesse

panorama, encontramos a crônica, exercitando-se, ora no âmbito literário ora

no de opinião.

De qualquer modo, como salientou Eduardo Portela, o fundamental nacrônica é a superação de sua base jornalística e urbana em busca datranscendência, seja constituindo ‘uma vida além da notícia’, sejaenriquecendo a notícia ‘com elementos de tipo psicológico, metafísico’ oucom o humour, seja fazendo ‘o subjetivismo do artista’ sobrepor-se ‘àpreocupação objetiva’.73 [grifo nosso]

A crônica passa, pois, a ocupar uma função intermediária no jornal:

transita entre a capacidade de anunciação de notícias e a reelaboração dos

enunciados, espaço propício à sua participação na interferência e construção

de memórias. Mas será que a convivência é pacífica? Estão a crônica e o jornal

distantes de serem inimigos, mas há uma tensão constante entre eles: de um

lado, a crônica, com a sua liberdade de reescrever gêneros, de criar a

cumplicidade entre leitor e autor; do outro, o jornalismo, rígido e doutrinário.

Diante desse quadro de incertezas, não é de se estranhar que fosse tão

difícil encontrar uma conceituação para a crônica. Se formos partidários das

referências feitas por Alceu de Amoroso Lima, a partir da assertiva de André

Gide, para quem o jornalismo é “o que amanhã interessará menos do que

hoje”74, acreditaremos que tudo o que é publicado em periódico guarda a

73 COUTINHO, Afrânio, 1971, op. cit., p. 123.74 LIMA, Alceu Amoroso. O jornalismo como gênero literário. Rio de Janeiro: Agir, 1969. p. 11.

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efemeridade do jornalismo e perde-se na falta de memória de que somos

acossados. Mas as memórias não se guardam de maneira distinta? Então a

crônica voltaria à carga e guardaria mais que o peixe...

A crônica, no entanto, vai, paulatinamente, demonstrando não se constituir

uma matéria jornalística tradicional e, aos poucos, escapa da necessidade de

opinar sobre algo e doutrinar o leitor. O cronista busca emprestar seu talento a

construir um outro universo de significados, abrindo a possibilidade de leitura

crítica da sociedade. Podemos, a partir desses dados, acreditar que a diferença

básica entre a crônica e o jornalismo está no processo de construção da linguagem

e na própria possibilidade de seu exercício na construção do que será lembrado

ou não. Entretanto, não foi sempre assim, as transformações tanto no jornalismo

quanto na crônica foram lentas ao longo do século XIX.

Nas primeiras décadas dos oitocentos, o jornalismo inicia a incorporação

de novas formas de anunciar os fatos, constitui-se em uma grande empresa

produtora de mercadoria perecível, mas inesgotável: a informação. Para manter

o seu produto atraente, lança mão de todos os recursos disponíveis, apelos

visuais ou bacharelescos, dependendo da situação.

A importância dos cronistas, para os jornais da época, manifesta-se mais

ou menos a partir da necessidade de avalizar as notícias veiculadas. Destarte,

foram poucos os cronistas dessa primeira fase que tentaram fugir à

padronização do discurso jornalístico, ao darem a seus textos uma carga

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predominantemente conotativa. Preferiam privilegiar as polêmicas, cujos

caracteres estavam regidos pela oratória e pelo bacharelato.

Somente após a segunda metade do século XIX, os cronistas conseguem

caminhos independentes, observando o cotidiano e dele retirando a matéria-prima

para seus textos, pois agora é tempo de ir às ruas. Tal imagem é consoante com a

que conhecemos atualmente: a crônica, como uma pequena moleca, burlando a

sisudez de seu primo, o jornal, conta as suas histórias de maneira original e

verossímil, registrando de seu jeito as memórias fugidias de nosso tempo.

Agora devidamente estabelecidos os papéis assumidos por crônica e

jornal, os críticos incansáveis tinham de criar novas tensões como, por exemplo,

tipificações. Apresentaremos, em seguida, a proposta de categorização da

crônica sugerida por Afrânio Coutinho:

a) A crônica narrativa, cujo eixo é uma estória ou episódio, o que a aproximado conto, sobretudo entre os contemporâneos quando o conto se dissolveuperdendo as tradicionais características do começo, meio e fim. O exemplotípico é Fernando Sabino.

b) A crônica metafísica, constituída de reflexões de cunho mais ou menosfilosófico ou meditações sobre os acontecimentos ou sobre os homens. É ocaso de Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, que encontramsempre ocasião e pretexto nos fatos para dissertar ou discretearfilosoficamente.

c) A crônica poema-em-prosa, de conteúdo lírico, mero extravasamento daalma do artista ante o espetáculo da vida, das paisagens ou episódiospara ele carregados de significado. É o caso de Álvaro Moreyra, RubemBraga, Manuel Bandeira, Ledo Ivo, Eneida, Raquel de Queirós.

d) A crônica-informação, mais próxima do sentido etimológico, é a quedivulga fatos, tecendo sobre eles comentários ligeiros. Aproxima-se dotipo anterior, porém é menos pessoal.75

75 COUTINHO, Afrânio, 1971, op. cit., p. 120.

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Cabe aos leitores seguir ou não essa sugestão, mas, no momento,

suspenderemos as categorias em função das possibilidades de transgressão

que a crônica (ainda) pode oferecer.

2.4. A crônica como um espaço de transgressão da mulher

A relação entre crônica e mulher é raramente apontada nos estudos

literários; exatamente por esse motivo, decidimos buscar esclarecimentos sobre

essa matéria. Tendo em vista que os laços existentes entre elas se estabeleceram

há várias gerações, não haveria motivos para um esquecimento tão freqüente

da produção feminina.

Ao pensarmos em crônica no Brasil, a primeira associação que se

configura é com a produção masculina, mas as cronistas mulheres mantiveram-

se presentes, com maior ou menor dificuldade, através dos anos na imprensa

nacional. Além desse dado, convém salientar que mesmo os autores, que

exerciam a prática da crônica, se consolidaram, inicialmente, dirigindo-se

preferencialmente ao público feminino. Ainda que indiretamente, esse fato

marca a relação constante entre mulher e crônica.

Sem cairmos em essencialismos, podemos perceber que o cotidiano, o

coloquial, a cidade, as modas, temas matrizes das crônicas, são assuntos caros

à mulher. Afinal depois de estarmos restritas ao espaço doméstico durante

tantos séculos, queríamos ir às ruas e delas retirarmos tudo quanto fosse

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possível. A crônica, sob este aspecto, parece-nos indelevelmente ligada à

mulher, pois nas duas encontramos elementos marcadamente transgressores.

Salientamos, entretanto, que o caráter de transgressão apresentou-se

como uma dificuldade extra para a mulher no exercício da crônica. Sendo

publicada em jornais, a produção das mulheres estava presa à aceitação de

suas contribuições pelos editores e à saída de casa. No entanto, os entraves

eram imensos para as mulheres que desejassem escrever e, maiores ainda,

àquelas que ousassem retirar da pena os seus sustentos. Eram poucos os

periódicos que as aceitavam com regularidade, o que as restringia à imprensa

feminina, na sua maioria.

Além da restrição sexista, ainda havia o controle temático, pois, segundo

os códigos sociais de época, determinados assuntos não deveriam ser abordados

por senhoras. Diante desse impasse, restava-lhes procurar brechas para

atuação, como, por exemplo, a crônica mundana, uma espécie de coluna social

misturada à crítica de espetáculos e, às vezes, somada a considerações sobre

moda.

Em 1851, o Novellista Brasileiro ou Armazém de Novelas Escolhidas,

revista feminina editada no Rio de Janeiro pela Casa Laemmert, incluía esse

tipo de crônica. Os cronistas, além de descreverem modelos de roupas européias,

acresciam alguns versos e comentavam bailes, peças, concertos, já acontecidos

ou por acontecer.

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Ao contrário do que se possa imaginar, essas manifestações eram

correntes, mesmo em jornais tidos como feministas. É exemplo o Jornal das

Senhoras, lançado no Rio de Janeiro em 1852, editado por Joana Paula Manso

de Noronha e, posteriormente, por D. Violante Atabalipa Ximenes de Bivar e

Vellasco, a qual defendia o direito das mulheres à educação, mas enfatizava os

amores materno e conjugal como baluartes da sociedade.

Felizmente, havia publicações avant-garde que devem ser lembradas

como O Sexo Feminino, jornal editado entre 1873-1877, por D. Francisca

Senhorinha de Mota Diniz, e A Família, periódico publicado de 1888 a 1889,

sob a responsabilidade da Sra. Josephina Álvares de Azevedo, ambas cariocas.

De qualquer forma, seja nos jornais feministas, seja nas publicações mais

amenas, interessa-nos assinalar que a presença da crônica sócio-cultural era

bastante difundida na vida das senhoras da corte, participando do diálogo de

histórias daquele período.

Poderia esperar-se, no entanto, que tal exercício de escritura enfadasse

o público e fosse logo abandonado, mas não foi o que se deu. A crônica de

acontecimentos sociais e artísticos ultrapassou o século XIX na imprensa

feminina e, também, no jornalismo em geral. A moda ocupava as páginas dos

jornais e das revistas ainda sob o formato anterior de crônica, uma prática

importada dos periódicos estrangeiros. Em plena década de vinte, a revista

carioca A Cigarra ainda usava o termo crônica relacionado à acepção de moda.

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Essa caracterização de crônica, largamente utilizada até a década de quarenta,

acabou por cair em desuso, mas o espírito dela permaneceu nas colunas sociais.

Modas à parte, as mulheres iam escrevendo suas crônicas (memórias)

em revistas femininas ou não. Podemos citar, por exemplo, o caso da escritora

Iracema, cronista que assinava uma seção chamada Cartas de Mulher, editada

em São Paulo durante alguns anos, a partir de 1916, na Revista da Semana.

Não temos registro se Iracema é nome verdadeiro ou pseudônimo, este o mais

provável, mas o que importa é que a sua produção jornalística corroborou para

abrir mais um espaço às questões das mulheres. O estilo combativo e atualizado

era mais do que suficiente para assegurar-lhe identidade; os escritos falavam

por si mesmos. Da Primeira Guerra à gripe espanhola, as Cartas de Mulheres

acompanhavam seu tempo.

A coluna de Iracema era publicada logo após o editorial de abertura

da Revista da Semana, o que demonstrava a sua importância naquele

período. Tornara-se referência para o cotidiano da mulher brasileira,

trazendo a público as inquietudes das senhoras de então. Como testemunha

o trecho, a seguir: “As mães brasileiras que neste momento choram a perda

de um filho que lhes arrebatou a epidemia sentem-se no seu infortúnio

mais irmãs das mães européias (09/11/1918)”.76 As Cartas de Mulher

marcaram época, mas também são encontradas crônicas escritas por

76 BUITONI, Dulcília H. Schroeder. Crônica / mulher, mulher / crônica. In: Boletimbibliográfico da biblioteca Mário de Andrade. São Paulo, 1 / 4: Secretaria Municipal deCultura de São Paulo, 1985. v. 46, p. 84.

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mulheres em outros periódicos como em A Cigarra. Na década de trinta,

essa revista publicava em suas páginas trabalhos de Elsie Lessa e Bluette,

nomes também olvidados pelo cânone. Elas se esmeravam em denunciar

as condições de maus-tratos e subserviências impostas às mulheres pela

sociedade patriarcal de então. Memórias encobertas pelo discurso vigente

que as pesquisas revisionistas têm trazido à cena.

Neste breve relato da presença feminina na História da crônica, convém

acrescentar um caso muito peculiar da Imprensa Nacional. Em 1914, surge

em São Paulo a Revista Feminina, fundada por Virgília de Souza Telles e

mantida pela família dela até 1935. Além das seções tradicionalmente voltadas

para as mulheres, a revista se propunha a seguir uma filosofia editorial de

defesa dos direitos femininos.

Seguindo essa proposta, na página de abertura eram publicadas

crônicas, assinadas pela autora Anna Rita Malheiros, entre os anos de

1915 e 1922. Apesar da curiosidade de todos, a autora afirmava não querer

publicidade pessoal, preferindo manter-se afastada do burburinho

cosmopolita. Preferia enviar suas crônicas do interior, onde se mantinha

lecionando.

Anna Rita falava de assuntos que pertenciam ao cotidiano das

mulheres, de preferência com um enfoque conscientizador. Citamos a seguir

trecho de uma crônica em que tratou dos estrangeirismos na nossa cultura:

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Uma das feições mais características acentuadas de nossa vida social éa sua tendência para a introdução de usos e costumes exóticos. (...) Háum tipo novo de brasileiro, de monóculo, pulseiras nos pés e nas mãos, póde arroz no rosto, e incríveis denguices de simiesco ridículo. Paracompensá-lo, criou se um tipo igualmente novo de brasileira. É a mulherque se supõe de alta elegância, que se veste pelos mais desabusadosfigurinos que adotam as mundanas de além-mar, que abandonam seusfilhos à direção atroz de amas inglesas, que se fazem tratar por madame,que pela manhã reclamam seu petit dejeune, que não dispensam o fiveo’clock tea.77 (Revista Feminina, n.o 39, agosto de 1917.)

Em outra oportunidade também não se intimidou em defender o direito

do voto feminino:

Negar nestas condições o voto político às mulheres, sob o falso pretexto desua inaptidão, é fazer desenxabido humorismo, que resistir não pode aomenor exame de bom senso. O que o nosso país precisa justamente nestemomento em que se cogita de regenerá-lo é de que se ponham em jogotodas suas energias benfazejas.78 (agosto de 1918)

Após tantos anos de defesa pelos direitos das mulheres, qual não deve

ter sido a surpresa ao se descobrir que Anna Rita Malheiros se tratava de

Claúdio de Souza. Um caso raro afinal, pois o que acontecia antigamente era a

mulher se travestir de homem para escrever, não o contrário.

Pseudônimos, aliás, fizeram parte da vida de muitas escritoras, ora para

criar identidade ora para escondê-la. Patrícia Galvão seguiu essa tradição e foi

conhecida como Pagu. Mordaz, debochada, não costumava poupar ninguém

em suas crônicas. Por vezes, ela criticava a passividade de suas contemporâneas,

exortando-as a mudanças de postura, como podemos verificar no trecho

transcrito abaixo de sua coluna “A Mulher do Povo”, publicada no jornal O

Homem do Povo:

77 MALHEIROS, Anna Rita apud BUTTONI, Dulcília H. Schroeder, ibidem, p. 85.78 ibidem, p. 86.

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Ignorantes da vida e do nosso tempo! Pobres garotas encurraladas emmatinês oscilantes, semi-aventuras e clubes cretinos (...) Se vocês, emvez dos livros deturpadores que lêem e dos beijos sifilíticos dos meninotesdesclassificados, voltassem um pouco os olhos para a avalancherevolucionária que se forma em todo o mundo...79 (13 de abril de 1931)

Essa crueza estilística, no entanto, não encontrou os ecos desejados,

ou melhor, as vozes mais combativas foram caladas. Muitas foram as que tiveram

ímpetos pela peleja, mas foram poucas aquelas que resistiram ao cânone:

Julia Lopes de Almeida, Raquel de Queiróz e, mais recentemente, Marina

Colassanti são exemplos. No entanto, achamos muito suspeita a falta de outros

nomes relacionados à crônica e fomos à caça deles. Buscando revelar a produção

de mais uma cronista, nos debruçamos (literalmente) sobre a obra de Cecilia

Bandeira de Mello Rebello de Vasconcellos, ou ainda, Chrysanthème, pois,

nas palavras de Tristão de Athayde

Só fazemos verdadeira ciência da literatura, quando, no decorrer dosestudos objetivos sobre os fatos literários, as obras, os movimentos, asescolas, os tipos, os valores, nos recusamos, por princípio, a subordinar aobra da criação à influência necessária de fatores sociais e externos aopróprio gênio.80

Para nossa satisfação ou nosso infortúnio, no entanto, não foi

encontrado nenhum registro de outra tentativa para reunir a obra cronística

dessa escritora, mesmo que em seleta. Diante disso, decidimos por

inventariar em um trabalho de pesquisa de fontes primárias, toda a produção

jornalística dessa autora, nos vários jornais em que atuou seja no Rio de

Janeiro seja em São Paulo. Apresentando um resgate da memória dessa

79 GALVÃO, Patrícia apud BUTTONI, Dulcília H. Schroeder, ibidem, p. 87.80 ATHAYDE, Tristão de apud TELLES, Gilberto Mendonça. Tristão de Athayde: teoria, crítica

e história literária. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; Brasília: INL, 1980. p. 36.

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autora que durante tantos anos atuou na imprensa nacional, registrando

as vozes, as histórias e, claro, as memórias de seu tempo, nos mais diversos

formatos de expressão cronística. Se utilizarmos a categorização proposta

por Afrânio Coutinho, podemos afirmar que ela se exercitou em todas as

suas tipificações, como pode ser atestado pelos textos que constam dos

volumes com as reproduções, assim como do CD-ROM.

No próximo capítulo, apresentaremos, além de alguns dados

biobibliográficos da cronista Chrysanthème, a leitura de algumas crônicas

recolhidas em periódicos publicados entre 1907 e 1948, utilizando a seguinte

divisão: espelhos da condição feminina, indicações da crítica de costumes,

imagens de contextos sócio-políticos, que se nos pareceu conforme pelas

discussões que podem denotar. Trata-se de um esforço para trazer, à luz, uma

personagem tão representativa da intelectualidade carioca, deixando, desde

já, organizado um corpus jornalístico-literário para futuras incursões críticas.

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3. CÓDIGO CHRYSANTHÈME: OS RASTROS DE UMA ESCRITORA

INCÓGNITA

3.1. Decifrando o código Chrysanthème: uma busca por escrever

memória(s)

Em tempos de visibilidades e modificação de limites e fronteiras,

percebemos que muito trabalho ainda há de ser realizado para dar conta

das inúmeras exclusões ocorridas ao longo dos tempos ou das memórias

estilhaçadas por interesses diversos. Muitos rostos ainda não podem ser

reconstruídos, mas podemos tentar recriar alguns cenários e personagens

em adaptações mais contemporâneas. Uma figura por exemplo que nos

legou mais de mil escritos nas páginas dos periódicos de Rio de Janeiro e

São Paulo – Chrysanthème – autora que nos brindou com anos de produção

literária, está pronta para ser relembrada. Mulher sui generis a nossa

escritora: ninguém deu licença, mas ela foi embora mesmo assim. Agora

está escondendo-se de nosso olhar, forçando-nos a buscas por caminhos

tortuosos.

Mas certamente a responsabilidade maior para essa exclusão cabe aocânone comportamental do discurso patriarcalista que demarcava comsevero rigor a distância entre o espaço público e o privado. O mundodoméstico imposto às mulheres, não possuía as características deprodutividade nem dos demais fatores daí decorrentes que davam prestígioe poder ao espaço público dos homens81.

81 CUNHA, Helena Parente. Introduzindo novos, mas antigos desafios. In: ___ (org.). Desafiandoo cânone: ecos de vozes femininas na literatura brasileira do século XIX. Rio de Janeiro:UFRJ / Faculdade de Letras, 2001. p. 23.

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Malgrado o cânone, o nascimento marcou nossa escritora, não apenas

pelo estigma do sexo feminino, como os mais apressados podem imaginar,

mas, principalmente, pelo impacto com a realidade que a aguardava e que

nunca a satisfaria por completo. Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello Rebello

de Vasconcellos, esposa de Horacio Rebello de Vasconcellos, filha de Emilia

Moncorvo Bandeira de Mello (ilustração 1) e Jeronimo Emiliano Bandeira de

Mello, neta do Dr. Carlos Honorio de Figueiredo e D. Emilia Dulce Moncorvo

de Figueiredo, avós maternos, poucos ainda são os dados, ainda que biográficos,

de nossa escritora; então, sigamos à procura de rastros.

Convém lembrar que, mesmo

carregando o sobrenome paterno,

Cecilia acaba aproximando-se muito

mais de sua ascendência materna, por

encontrar na genitora a confluência

de idéias e de posturas de que

necessitava. De qualquer maneira, as

duas já seriam suficientes para se

bastar e para marcar presença na

produção lítero-intelectual carioca e

paulista. A mãe ficou conhecida como

Carmem Dolores, apesar de ter-se utilizado de outros pseudônimos (Júlia de

1 - Emilia Moncorvo Bandeira de Mello (CarmenDolores), mãe de Chrysanthème.

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Castro e Leonel Sampaio, por exemplo), enquanto a filha adotou o nome de

Chrysanthème.82 Ademais os nomes reais ou fictícios, o compromisso familiar,

as convenções sociais, nada as unia com mais força que as letras: havia paixão

em seus escritos, havia mesmo um fio condutor cosendo suas tramas na melhor

tradição da memória feminina.

Um dos primeiros impulsos para todo este trabalho de pesquisa foi a

pergunta: Qual é o lugar do feminino? Fala-se muito em universo feminino,

comportamento feminino, expectativas femininas e outras tantas expressões

semelhantes, mas parece que muito falta desvelar. Conforme podemos

perceber nas palavras do Sr. Tristão de Athayde

Entre os nomes da primeira geração modernista, anterior a 1925, citadopor Graça Aranha ou que aparecem em livros e revistas da época, nãoencontramos um só nome feminino. A razão mais plausível que vejo parao fenômeno é a relativa exigüidade, àquele tempo, da literatura feminina.Só havia, então, a rigor, no pré-modernismo duas figuras femininas deprimeira plana: D. Júlia Lopes de Almeida, na prosa e Maria EugêniaCelso, tão bom poeta em português como em francês, e Gilka Machadoem poesia. (...) Mas, sem dúvida alguma, os grandes parnasianos esimbolistas foram homens. E os primeiros modernistas igualmente.83

Existe, é claro, e todas nós, mulheres, fomos informadas disto, um certo

padrão comportamental para a mulher que estabelece desde a sua posição na

sociedade, até moral e valores – tudo derivado de um conceito (patriarcal)

coletivo estruturado. Contudo vêm-se intensificando, especialmente nas últimas

décadas, trabalhos que se propõem a uma (re)visão do cânone: novos olhares,

82 MENEZES, Raimundo de. Dicionário literário brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicose Científicos, 1978.

83 TELLES, Gilberto Mendonça, 1980, op. cit., p. 559.

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distintos enfoques, propostas de desestruturação dos padrões vigentes povoam

os estudos culturais recentes.

No bojo desta corrente, encontramos as leituras feministas, questionando

aquele lugar até então proibido à mulher, desejando a sua participação nos

lugares públicos e exigindo o retorno sobre os passos daquelas, que foram

pioneiras em ultrapassar o espaço doméstico.

A dificuldade em se tentar caracterizar o feminino, para então lhe

salvaguardar o espaço, só é comparada aos suplícios de Prometeu84 pelo seu

poder de antevisão. O processo parece sempre antever os curiosos e se oculta,

se esfumaça, desaparece na escuridão da noite e silencia seus segredos na

mais misteriosa serenidade. Quanto mais tentamos objetivar, focar, definir,

mais resvala por nossas mãos, de tal maneira que duvidamos se, em algum

momento, esteve realmente lá.

84 Segundo Junito Brandão, no Dicionário Mítico etimológico, a origem do termo remonta àetimologia grega: Προμηϑευs (Prometheús), Prometeu, é formado προ (pró), “antes de, porantecipação” (v. Prômaco) e de *μηϑοs (*mêthos), “ver, observar, pensar, saber”, comacréscimo do sufixo -ευs (-eús), que é freqüente nos antropônimos. De qualquer forma,Prometheús é um derivado de προμηϑηs (promethes), “previdente, precavido”, donde “o quevê, percebe ou pensa antes”. É bem possível que *μηϑοs (*mêthos) esteja ligado à famíliaetimológica do verbo μανϑανειν (manthánein), cujo infinitivo aoristo segundo é μαϑειν(mantheîn), “aprender praticamente, aprender por experiência, aprender a conhecer”.Novamente o benfeitor dos homens entrou em ação: roubou uma centelha do fogo celeste,privilégio de Zeus, ocultou-a na haste de uma férula e a trouxe à terra, “reanimando” osmortais. O Olímpico resolveu punir com mais vigor ainda a humanidade e seu protetor.Contra os homens imaginou perdê-los para sempre por meio de uma mulher, a irresistívelPandora e contra o segundo a punição foi terrível. Consoante a Teogonia, Prometeu foiacorrentado com grilhões inextrincáveis no meio de uma coluna e tinha o fígado roídodurante o dia por uma águia, filha de Équidna e Tifão. Para desespero do “acorrentado”, oórgão se recompunha à noite. Zeus jurou pelas águas do rio Estige que jamais libertaria oprimo daquela prisão fatal. BRANDÃO, Junito de Souza. Dicionário mítico-etimológico damitologia grega. Petrópolis: Vozes, 1991. v. 2. p. 328-329.

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Descobrimos que o problema era mais sério: não fomos iniciadas.

Havíamo-nos esquecido de nossa herança, havíamo-nos afastado do terreno

sagrado. E os mistérios não seriam revelados a olhares descompromissados.

Sermos honradas pelo Sabat85 exigia que enfrentássemos os ritos ancestrais.

Nesta demanda santa, encaminhamos nossas leituras em direção à Eva. Ela

“(...) nasceu de uma costela de Adão, portanto nenhuma mulher pode ser

reta”.86 A afirmação do texto bíblico apenas ilustra a tradição milenar que se

instaurou com o discurso do patriarcado, não sendo, a partir de então,

permitido mais espaço para as vozes dissonantes, principalmente se elas forem

agudas. Convivemos, neste planeta, há milhões de anos, dos quais nossa espécie

passou três quartos dedicada a culturas de coleta e caça de pequenos animais,

sociedades que não exigiam a força física como elemento norteador. A esta

época, as mulheres conheceram um lugar de destaque pela magia criadora

nelas encerrada.

No entanto, com o advento da força física para a sobrevivência do grupo,

a supremacia masculina começou a se instaurar tal qual a verificamos;

entretanto, a mulher ainda detinha a esfera do sagrado, porque não era

conhecida a função masculina na procriação. Neste estágio, cria-se que os

85 No Dicionário de Símbolos, encontramos a referência de que o Sabat teria sido “a festa da luacheia (shabater = parar; a lua pára de crescer); mais tarde, a festa ter-se-ia estendido àsquatro fases do ciclo lunar, unindo-se, assim, à festa do dia. Desta tradição antiga, e não aorelato bíblico do Gênesis, que se liga o Sabat das feiticeiras.” CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT,Alain. Dicionário de símbolos. 9. ed. Trad. Vera da Costa e Silva, Raul de Sá Barbosa, AngelaMelim, Lúcia Melin. Rio de Janeiro: José Olympio, 1995. p. 794.

86 MURARO, Rose Marie. Breve introdução histórica. In: DRAMER, Heinrich; SPRENGER, James.O martelo das feiticeiras. 11. ed. Rio de Janeiro: Record / Rosa dos Tempos, 1995. p. 15.

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deuses haviam privilegiado as mulheres em detrimento dos homens, o que

causava profundo incômodo, como afirma Rose Marie Muraro:

Os homens se sentiam marginalizados nesse processo e invejavam asmulheres. Essa primitiva ‘inveja do útero’ dos homens é a antepassadada moderna ‘inveja do pênis’ que sentem as mulheres nas culturaspatriarcais mais recentes.87

A autora, nesse ensaio, lembra-nos de que as mulheres eram (e são)

seres marcados, estigmatizadas no nascimento pelo sangue que ainda iriam

derramar. Este fato estabelece uma cumplicidade inicial entre mãe e filha

pelos ritos iniciáticos a que são impelidas, poder distinto daquele que os

homens construirão com o avanço tecnológico. À luz de conhecimentos

contemporâneos, a menina não precisa temer a castração. A falta do falo a

poupa de conflitos, permitindo-lhe integração menos traumática com suas

emoções. Ao contrário, o menino precisa inscrever-se na Lei do Pai e abandonar

tragicamente o mundo do amor materno.

Quando em momento posterior foi estabelecido o direito de herança, aí

sim castrou-se rigidamente a sexualidade feminina. A ela cabia ser casta, sair das

mãos do pai – virgem – e guardar-se do adultério, além, claro, de lhe ser vetada a

concepção sem os auspícios do casamento. Restringia-se à própria casa o espaço

permitido ao domínio feminino; as decisões públicas estavam reservadas para o

homem. Tornou-se um imenso ciclo vicioso, pois a restrição do direito à voz

implicou, também, a origem da dependência econômica que se caracterizou como

87 ibidem, p. 5.

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mais uma forma de dominação das consecutivas gerações, posição acolhida, em

outro contexto, pela escritora Virginia Woolf:

(...) Tudo o que poderia fazer seria oferecer-lhes uma opinião acerca deum aspecto insignificante: a mulher precisa ter dinheiro e um teto todoseu se pretende mesmo escrever ficção; e isso, como vocês irão ver, deixasem solução o grande problema da verdadeira natureza da mulher e daverdadeira natureza da ficção.88

Em diálogo com a escritora inglesa, nos textos de Carmen Dolores,

perceberemos os ecos dos futuros combates que a filha travaria ao longo da carreira.

No trecho selecionado do jornal O Paiz, a mãe de Chrysanthème está polemizando

sobre o fato de ter-se tornado jornalista:

(...) se o sou, escrevendo o que escrevo sem a mínima pretensão e jamaisanalisando o meu papel; e não me envergonho porque, quando aadversidade bateu à minha porta, não me perguntou se eu era mulher ouhomem, confreira ou confrade do Sr. Laet: aconselhou-me apenas que euusasse da faculdade que mais viva se encontrava no meu cérebro, paraganhar o meu pão e o da minha família. Que culpa tenho, afinal, se menão educaram pela cartilha dos conventos ou das instituições religiosas,aprendendo a preparar doces e biscoitos, nos primeiros e nas outras afazer bem à reverência nos parloirs amáveis, a recitar fábulas em francêse a conhecer o exato valor da hipocrisia social e da reza nas capelasfloridas, como governo da vida?89

Entretanto, nem a paixão de mãe e filha pelas Letras facilitou nossa

pesquisa, que encontrou inúmeras dificuldades, desde o início do trabalho. Entre

elas, os próprios dados biográficos discrepantes e a quase inexistência de registros

críticos disponíveis sobre a obra de Chrysanthème que além de esquecida, tornou-

se desconhecida. Mas até que ponto os dados biográficos podem nos ajudar na

leitura dos textos? Essa pergunta também foi elaborada por T. S. Eliot em relação

ao estudo sobre o poeta, como testemunha a citação a seguir:

88 WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. 2. ed. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: NovaFronteira, 1985. p. 8.

89 DOLORES, Carmen. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 ago. 1908. p. 25.

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O problema de saber até que ponto a informação sobre o poeta nos ajuda acompreender sua poesia não é tão simples quanto se imagina. Cada leitordeve responder a ele por si mesmo, e deve fazê-lo não de modo genérico,mas em circunstancias particulares, pois isso pode ser mais importantedo caso de determinado poeta e menos importante no caso de outro. É queo prazer que se extrai da poesia pode constituir uma experiência complexaem que diversas formas de fruição se acham misturados, e elas podemestar misturadas em diferentes proporções para diferentes leitores.90

Ainda assim, não resistimos a rastrear uma escritora esquecida. A busca

por registros bibliográficos começou pelo Setor de Referências da Biblioteca

Nacional, ainda nos

tempos de Mestrado, mas

qual não foi nossa

surpresa ao verificar que

havia discrepâncias entre

as fichas catalográficas e os

livros consultados. A

Fundação assumira em

seus registros as datas de 1887 e 1948 como anos de nascimento e morte,

respectivamente; os dados teriam sido aceitos sem maiores questionamentos,

não fosse a descoberta anterior dos registros biográficos da genitora.

Havíamos encontrado, anteriormente, no Dicionário literário brasileiro,

de Raimundo de Menezes91, referências de que a Sra. Emilia Moncorvo Bandeira

de Mello, mãe de Cecilia, teria vivido entre os anos de 1852 e 1911, informação

90 ELIOT, T. S. apud NOGUEIRA, Nícea Helena. Manuscritos de Adélia: a biografia de Felipa.In: Verbo de Minas. Juiz de Fora: Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, 1999. v. 2,n. 3, p. 135.

91 MENEZES, Raimundo de, op. cit.

2 - Biblioteca Nacional (1906)

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ratificada por outras fontes bibliográficas e por entrevista à Sra. Eliane

Vasconcellos, pesquisadora da Casa de Rui Barbosa e compiladora de parte

da obra de Carmen Dolores. Diante daquelas datas, não pudemos aceitar que,

em pleno século XIX, com todos os perigos que se apregoavam sobre uma

gravidez após os trinta anos, essa senhora tivesse dado à luz a uma filha aos

35 anos de idade. Era possível, mas nossa intuição se negava a acreditar que

Cecilia tivesse nascido em 1887, como assumido pela Fundação Biblioteca

Nacional, mas essa retificação só se concretizou recentemente no decorrer da

pesquisa para a Tese, a qual se somaram novos dados.

Antes de seguir em busca do nascimento esquecido, nós nos deparamos

com outros dados familiares dignos de nota: ela não teria sido filha única,

houve outros a quem a mãe faz referência em crônica de O Paiz:

Deu-se, porém, a prematura morte do meu estremecido filho, chefe daminha casa [...]; e de chofre, espavorida, eu me vi sozinha em face darealidade atroz... Escuso insistir nas etapas dolorosas de minha via-sacra...Mas há muito que a minha coragem venceu e tenho hoje o orgulho,permitam a confissão, de sustentar honestamente, dignamente, eu só, omeu lar, toda a minha família, com o exclusivo esforço da minha pena demulher.92

Podemos supor, também, que a família já não gozasse da presença

do genitor, tendo em vista o comentário de que o filho era o chefe da casa,

ou seja, Chrysanthème, em 1907, não possuía a figura paterna, o que nos

leva a crer na possibilidade de que a sua casa fosse um espaço para

lembranças do cotidiano feminino, o que apareceria em alguns de seus

92 DOLORES, Carmen. O Paiz, Rio de Janeiro, 30 jun. 1907.

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textos anos depois, ao relembrar a figura da mãe. Com a referência nesse

fragmento de Carmen Dolores de que sustentava “toda a família”, após o

falecimento do primogênito, imaginamos de quantos familiares estaríamos

tratando e fomos à cata desses dados bibliográficos. Registramos aqui, na

seqüência cronológica de nascimentos, os irmãos de Chrysanthème, a saber:

Gastão Moncorvo Bandeira de Mello, Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello,

Alice Moncorvo Bandeira de Mello, Oscar Moncorvo Bandeira de Mello,

Alfredo Moncorvo Bandeira de Mello, Gustavo Moncorvo Bandeira de Mello

e Dulce Moncorvo Bandeira de Mello.

Contudo, ainda não nos detivemos na figura de Chrysanthème

especificamente, temos de, por alguns momentos, ampliar o nosso foco e

observar o panorama feminino lato sensu. Antes de tentarmos traçar a

biografia de nossa autora, devemos trilhar espaços tão desconhecidos quanto

ela: as lutas femininas, o discurso de autora feminina, por exemplo.

3 - À esquerda, fotografia da casa situada à Rua Assis Bueno, no 146, no bairro de Botafogo (RJ),última residência de Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello Rebello de Vasconcellos (Chrysanthème);à direita, um detalhe da casa.

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Sabemos que, com a normatização da sexualidade, o saber feminino

entra para a clandestinidade ou recebe a marca masculina, sendo,

conseqüentemente, descaracterizado. A caça às bruxas foi tão efetiva, que

introjetou valores patriarcais ao discurso feminino, levando as mulheres a

validarem-no durante gerações. O medo atravessou os séculos e foi

transmitido, (in)voluntariamente, às descendentes, como nos testemunha

a citação a seguir:

A educação das mulheres deve ser sempre relativa àquela dos homens.Para agradar, para ser-nos úteis, para fazer-nos amá-las e estimá-las,para educar-nos quando crianças e para cuidar de nós quando crescemos,para aconselhar, para tornar nossas vidas fáceis e agradáveis. Esses sãoos deveres das mulheres de todos os tempos, e que devem ser-lhesensinado na infância.93

Malgrado a expectativa geral, sempre haverá aquelas que não

aprendem bem ou aprendem bem demais a lição de casa, tornando-se

crianças muito levadas. Graças a essas, temos assunto para discutir e muitos

bastidores a refazer, o que nos propusemos também ao buscar informações

familiares de Chrysanthème.

Infelizmente, não conseguimos maiores informes sobre a existência de

uma família de descendentes diretos de Chrysanthème mais numerosa. Acerca

de sua amorosa, por exemplo, além de um casamento oficial (ilustração 4), só

encontramos referências a uma história rumorosa entre ela e o Sr. Alcindo

Guanabara, Senador da República. Quantas versões não deve ter produzido

93 ROMAGNOLI, Lérida. A relação entre a mulher contemporânea e a mulher personagemna obra de Lya Luft. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica / Faculdade de Letras,1990. [Dissertação de Mestrado em Letras]

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94 BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. 9. ed. Rio de Janeiro: JoséOlympio, 1982. p. 60.

essa história de paixões e traições à época? Essas memórias, no entanto, não

serão por enquanto reconstruídas.

“A vida não me chegava pelos jornais e pelos livros? / Vinha da boca do

povo, na língua errada do povo? / Língua certa do povo.”94 Bandeira estava com a

razão, a verdade – essa entidade, tão fluida, vinha do povo. De um povo que, em

seu discurso, desconhece ou faz desconhecer conceituações sociológicas, tratados

antropológicos... seu

discurso, apenas é:

incompleto, inacabado,

h e t e r o g ê n e o ,

preconceituoso, fabricado,

em construção... A imagem

bandeiriana nos quer

remeter aos atuais

questionamentos teóricos:

identidade e tradição como

engenhos históricos,

revisitados, redescobertos,

recontados ao bel-prazer de

seus narradores. Seguindo

4 - Certidão de Casamento de Horacio Rebello de Vasconcellos comCecilia Moncorvo Bandeira de Mello (Chrysathème).

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essa premissa, observamos que esses discursos não ultrapassam a esfera de

dispositivos estratégicos – (per)correndo águas simbólicas ou políticas.

Diante de tantas perguntas e de tão poucas respostas sobre Chrysanthème,

inquirimos os funcionários da Biblioteca Nacional sobre a posição oficial da

Instituição. Em contra-partida, apesar das novas evidências apresentadas, a postura

da Fundação quanto aos dados biográficos de Cecilia não se alteraram. Informaram-

nos a fonte por eles

consultada — a Delta

Larrousse — e deram por

encerrada a polêmica.

Mantendo nossa

resistência e, porque não

dizer, mesmo diante da

reticência da Instituição,

retornamos a nossa

investigação. Consultamos a

fonte por eles indicada, mas

apresentamos, também, os

registros do Dicionário

literário brasileiro, de

Raimundo de Menezes, que5 - Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello Rebello deVasconcellos (Chrysanthème).

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afirmava, como datas de nascimento e de falecimento, os anos de 1870 e de

1948, respectivamente. Estávamos, então, diante de um impasse.

Como muito insistíssemos junto aos funcionários da Fundação

Biblioteca Nacional, acabaram por aconselhar-nos a procurar uma terceira

referência que confirmasse uma das duas datas. A pesquisa foi árdua, pois,

nas instituições consultadas – Fundação Museu da República, Casa de Rui

Barbosa, Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Biblioteca do Centro Cultural

Banco do Brasil, Associação Brasileira de Imprensa e Arquivo Geral da Cúria

Metropolitana do RJ – ninguém conseguia apresentar documentação

comprobatória de uma das versões.

A ponto de desistir da empreitada, nós nos deparamos com uma

publicação de 1929, da pesquisadora Candida de Brito, Anthologia

feminina: escriptoras e poetizas contemporaneas. A obra apontava para a

data de 1870, esclarecendo finalmente nossas dúvidas com o registro de

uma entrevista da própria Chrysanthème. Posteriormente, encontramos

ainda uma outra evidência em Magalhães Júnior: “Desaparecida em 22 de

agôsto de 1948, quando contava com a avançada idade de setenta e oito

anos, deixou vasta obra”95, o que ratificou sem mais delongas nossa suspeita.

Conforme informado, anteriormente, dados ainda mais contundentes

chegariam às nossas mãos em outro momento – a certidão de óbito

95 MAGALHÃES JÚNIOR, Raimundo. Carmem Dolores. In: ___. O conto feminino. Rio deJaneiro: Civilização Brasileira, 1959. p. 50.

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(ilustração 6) –, o que

encerrava por vez a

d i s c r e p â n c i a ,

provisoriamente. Qual

não foi nossa surpresa ao

descobrir perto do en-

cerramento da redação

do texto da Tese novos

dados, localizados nos

registros de batismo da

Cúria Metropolitana do

Rio de Janeiro. Sem

querermos envelhecer

ainda mais nossa he-

roína, descobrimos em

seu batistério a data de 8 de fevereiro de 1869 como o registro de seu nascimento

(ilustração 7), ou seja, ela se mantém polêmica (e escorregadia) até o último

instante de nosso inventário. Que assim seja...

Não havendo mais fontes a consultar quanto à data de nascimento, partimos

em busca de outras informações sobre a autora, tendo em vista que não fora

localizada nenhuma biografia publicada. Acreditamos que seria de nossa alçada

6 - Certidão de Óbito de Cecilia Rebello de Vasconcellos (Chrysanthème)

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apresentar, por mínimos que fossem, registros para futuras pesquisas, já que nos

lançamos na empreitada de trazer à tona as memórias de Chrysanthème.

Conforme informações do

texto de Magalhães Júnior, an-

teriormente citado, descobrimos

a mais provável genealogia do

pseudônimo adotado pela es-

critora: teria sido o nome de uma

personagem de Pierre Loti, autor

francês em voga no final dos

oitocentos, “que, em 1887,

publicara uma de suas histórias

exóticas com o nome de

‘Madame Chrysanthème’ ”96.

Entretanto, carecíamos de estabelecer a posição da crítica literária em

relação a ela. Para tanto, retornamos a Raimundo de Menezes97 e recolhemos

as fontes que ele havia consultado sobre a escritora, perscrutando-as em

seguida. Lemos obras de Agripino Grieco, Múcio Leão, Alceu de Amoroso Lima

e Humberto de Campos para tentar traçar o perfil da crítica contemporânea à

autora ou sobre seus escritos. Dentre as poucas menções que localizamos,

96 ibidem, p. 49.97 MENEZES, Raimundo de, op. cit.

7 - Certidão de Batismo de Cecilia Moncorvo Bandeira deMello.

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parcas foram as elogiosas. Não seria nada fácil reconstruir a memória daquela

a quem o discurso androcêntrico e biografista daquela época encobriu.

Contudo, antes de prosseguir nossa busca pela escritora esquecida, sentimos

necessidade de reconstituir as pegadas de algumas de suas companheiras

para facilitar nosso rastreio de Chrysanthème ou, pelo menos, para visualizar

mais panoramicamente o mosaico feminino que tentamos construir.

Com a chegada do século XIX, avizinhavam-se os prenúncios da

modernidade e as mulheres sentiam-se na obrigação de participar das

mudanças, corroborando em primeira instância com alterações internas e

ultrapassando os limites impostos ao seu sexo. Precipitava-se o aparecimento

da “ ‘Nova Mulher’, celebrada ou execrada no limite do século, e que obriga os

homens a redefinirem-se”98.

Os homens do século XIX, diante dos avanços de suas companheiras,

se esforçaram com empenho para contê-las, cerrando-as em casa e alijando-

as de certos domínios de atividade – produções lítero-artísticas, participações

industrial e política, entre outros.

Malgrado as tentativas masculinas, as mulheres souberam apropriar-se

dos espaços que lhes eram permitidos para alargar fronteiras. Fomenta-se,

aqui, timidamente, uma “consciência do gênero”99. Começam a conjugar os

98 FRAISSE, Geneviève; PERROT, Michelle. Modernidades; introdução. In: ___ (orgs.). Históriadas mulheres no ocidente: o século XIX. Trad. Maria Helena da Cruz Coelho, Irene MariaVaquinhas, Leontina Ventura e Guilhermina Mota. Porto: Afrontamento, 1991. v. 4. p. 500.

99 ibidem, p. 503.

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bastidores com a cena aberta, ou ainda, principiam a sair fisicamente de seu

claustro e vaguear fora de casa – a rua passa a fazer parte de seu cotidiano,

penetrando em lugares proibidos: cafés, comícios e estradas. Eis alguns desses

passeios. As alamedas do Ocidente e os seus (des)compassos determinarão as

vozes ouvidas (ou caladas) do lado de cá do Equador.

Conforme afirmamos anteriormente, as mulheres matreiramente

alargaram os espaços cunhados como femininos. Os estigmas da docilidade e

do pendor pela caridade foram aproveitados para explorar o mundo: a Grande

Mãe tinha por dever agasalhar em seu seio os pobres, os prisioneiros, os

doentes. E o acelerado crescimento dos problemas sociais no século XIX, assim

como as propostas cientificistas, oferecem um lugar digno de nota a essas

mães. Essas figuras filantrópicas eram permitidas socialmente por

desempenharem no âmbito público uma extensão das tarefas privadas.

Pululavam associações e ligas de todas as espécies: higiene, moralidade, o

que fosse necessário para o bem-viver.

Infelizmente por essa “maternidade social”100 não se poderia desejar

oneração; uma mãe não cobraria pagamento por cuidados aos filhos. Ao

contrário dos homens, que, ao assumirem lugares de filantropos, eram

festejados. Diante do auto-obscurantismo a que elas se lançaram, torna-se

difícil caracterizar, com segurança, os efeitos sociais daquelas práticas.

100 ibidem, p. 504.

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Não obstante a interferência masculina, a experiência externa desses

primeiros movimentos marcaram indiscutivelmente a intervenção feminina

na nova ordem que se instaurava: a burguesia. Ao fluxo das precursoras

aristocráticas, que ocupavam o seu tempo ocioso com as associações, acorreu

um público de classe média, inquieto com as questões da economia doméstica

e dos males à família. Podemos citar de roldão nomes como: Josephine Butler,

Florence Nightingale, Elisabeth Fry, Concepción Arenal, Josephine Maltel e

Octavia Hill, entre tantas mulheres que se imiscuíram nas sacrossantas leis

da sociedade burguesa nascedoura.

No entanto, urgia a transição do trabalho filantrópico e esporádico para

uma contribuição efetiva e assídua, o que se configurou com os settlements –

instituições que acudiam ao bem-estar moral, educacional, social e cultural

daqueles residentes em bairros miseráveis e marginalizados. Cria-se neste

momento um intercâmbio entre as mulheres e os proletários; aquelas passam

a se colocar como mediadoras das questões sociais, exigindo aquiescência

masculina para sua ação. “Em nome dos excluídos, dos fracos, das crianças e

sobretudo das outras mulheres, reivindicam um direito de representação, local

e mesmo nacional.”101

Tornam-se personagens da cidade, questionando saúde, prostituição,

direitos legislativos, proteção ao trabalho, divórcio – cidadãs do Estado em

101 ibidem, p. 510.

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transformação. Se bem que o câmbio entre coadjuvante e protagonista ainda

estivesse distante, porque os homens as queriam para confiná-las a trabalhos

subalternos: enfermagem e assistência social, por exemplo. Começa-se outra

batalha: o direito às formações acadêmica e profissional e à representação

formal. Citamos, por exemplo, o caso das operárias européias urbanas,

duplamente renegadas: em sua feminilidade, pela crueza das funções, e em

sua condição de trabalhadoras, tendo em vista a inferioridade salarial a elas

imposta. São duros os golpes para empurrá-las a casa, até proíbem-lhes, em

alguns segmentos, a entrada nos sindicatos.

Convém salientar, também, outros problemas nos setores cíveis. Poderiam

as mulheres votar? Em quem? Ratificar os homens como representantes da

comunidade? As operárias delegariam poderes às burguesas? Coloca-se em xeque

a própria consciência de gênero e exerce-se um poder repleto de ambigüidades e

conflitos de classe, nos primeiros grandes movimentos feministas.

Sob este ângulo, o Velho Continente começa a tornar-se pequeno para

as incursões femininas. A princípio, por fatores econômicos, as famílias

incentivaram as migrações rurais, das que, exercendo, por exemplo, o

magistério contribuiriam para o orçamento familiar. Essas atividades eram

ainda consideradas domésticas; mas, com o tempo, as moças se tornaram

demasiadamente independentes; o que fez com que houvesse novos

cerceamentos de expansão social da mulher.

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Se essas fronteiras ainda demoravam a cair, que dizer das externas.

Com as investidas masculinas às colônias, chegaria o dia em que mulheres

os seguiriam. Às primeiras, se associou a obrigação: eram as condenadas a

trabalhos forçados que preferiram o ultramar ao presídio, mas foram poucas.

Procurou-se investir, então, em outra frente – o voluntarismo –, aliando-o à

pobreza, ao exotismo, à atração missionária e ao desejo de promoção pessoal.

Diante deste quadro insólito, salvas raríssimas exceções, não se podia

esperar um enorme alargamento do espaço de ação. Não era este o caminho

mais apropriado, pois ainda encontrávamos quem fizesse eco a que

Com dinheiro e com amor, o mundo parece-nos um paraíso, mas só esem vintém, nós, mulheres, vemol-o atravez de um poderoso microscópioe nol-o mostra horrendo e pavoroso. Entretanto que tencionas [e podes]tu fazer?102 [grifo nosso]

Respondendo a Chrysanthème: tencionamos muito e ainda mais. E,

como nós, toda a ebulição feminina e feminista do lado de lá e do lado de

cá dos Trópicos. O Brasil, com o aumento do fluxo de notícias ultramarinas,

tomava ciência de todas as temeridades cometidas por nossas companheiras

européias. Afinal, após o advento da imprensa (ou apesar dele), as

informações nos chegavam, incutindo, nestas cabecinhas aloadas, idéias.

Mesmo a contragosto de importantes figuras masculinas (vide Freud e o

seu “continente negro”103).

102 CHRYSANTHÈME. Gritos femininos. São Paulo: Monteiro Lobato & C., 1922. p. 16.103 PAIXÃO, Sylvia Perlingeiro. A fala-a-menos. Rio de Janeiro: Numen, 1991. p. 14.

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E, se um século foi profícuo em idéias, esse foi o XIX. Imaginação não

faltou a todos, inclusive à sociedade brasileira, que sofreu uma série de

transformações, a saber: a ratificação do capitalismo como modelo econômico

vigente; a ascensão de um novo modus vivendi: a burguesia; o início da transição

entre o modelo rural e a vida urbana; a instituição de um estado nacional; e a

reorganização das relações familiares e dos campi de atuação da mulher são

características dessas transformações em que o país mergulhava.

Abalizada por todo esse quadro social ou a despeito dele, a brasileira

inicia, canhestramente, um processo de emancipação intelectual e social, pois,

chamada a atuar na purificação da sociedade, seria a responsável direta pelo

bem-estar dos seus e pela educação fundamental; desta sorte, se deveriam

educar as mulheres.

À exceção de figuras pontuais ao longo dos séculos XVI e XVII, no Brasil

colônia, a poucas mulheres era permitido o mundo das letras e, por conseguinte,

o âmbito da discussão sobre a res publica. Mal tinham acesso ao controle de

si, quiçá a devaneios externos. Somente os augúrios do século XIX e toda a

movimentação exterior, até o momento demonstrada, começaram a imprimir

novas feições ao comportamento sócio-cultural da mulher brasileira. Presencia-

se aqui no Brasil, como na Europa, um período ambíguo para a construção do

ideário feminino: de um lado, o apelo social e, de outro, os emblemas da boa

reputação.

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(...) As salas de visita e os salões – espaços intermediários entre o lar e arua – eram abertos em tempos para a realização de saraus noturnos,jantares e festas.

Se agora era mais livre – ‘a convivência social dá maior liberalidade àsemoções’ –, não só o marido ou o pai vigiavam seus passos, sua condutaera também submetida aos olhares atentos da sociedade.104

Era um tempo para o cultivo do bem-receber, em que as salas se

abriam para as leituras em voz alta ou para os interlúdios musicais. Se eles

soubessem tudo o que adviria dessas tertúlias, não as teriam incentivado...

Este foi o primeiro espaço possível para a constituição de um público leitor

feminino, primeiramente espectador e posteriormente ator e cada vez mais

expectador. As cabecinhas estouvadas não mais se ocupavam apenas com

os toucadores, agora queriam as redações, os hospitais, as escolas e o que

mais viesse.

Intensifica-se a produção para essa fatia da sociedade, tornando

prioritária a assistência delas para a consolidação do mercado editorial

nascedouro: os autores seduziram-nas, destacando-as nas cenas deles.

Somente, a posteriori, mediante as constantes insistências de algumas, é-

lhes permitido retorquir a este mercado com criações próprias, mesmo que, às

vezes, velando os nomes familiares para não admoestar a parentela (e a si

próprias).

Com vistas a possibilitar a boa educação das jovens, paulatinamente,

presencia-se a corroboração das práticas intelectuais e literárias, descobre-

104 D´INCAO, Maria Ângela. Mulher e família burguesa. In: PRIORE, Mary Del (org.). Históriadas mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto / UNESP, 1997. p. 228.

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se outro filão editorial: as revistas especializadas. A produção literária de

algumas senhoras é veiculada, guardando todos os cuidados necessários, é

claro. “– Minha senhora, nós não podemos publicar obras de desconhecidas.

Estamos com as gavetas cheias de artigos, de contos e de romances. Todos

querem escrever agora!...”105

(...) A Nova Mulher pretendia ser sexualmente independente, criticava ainsistência da sociedade no casamento como única opção de vida. Tendotido maiores oportunidades de estudo e desenvolvimento fora docasamento, privilegiava as carreiras profissionais. Às vésperas do séculoXX, essas idéias estavam difundidas por toda Europa e América do Norte.Na medida em que avançava nas profissões e ocupava espaço significativono mercado de trabalho, a Nova Mulher, educada e sexualmente livre,acordou as vozes da conservação, que se ergueram para gritar em alto ebom som que tais ambições só trariam enfermidades, esterilidade,degeneração da espécie.106

Tal abertura passa a fomentar nos espíritos o lugar (recatado) da

alteridade, porque, apesar de todo o eurocentrismo vigente, sempre há brechas

nos regimes hegemônicos para a contestação, o que esperavam ser mais

acirrado nos tempos vindouros.

Ao relermos as palavras de Carlos Drummond de Andrade: “Quando

nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! Ser

gauche na vida”107, conseguimos perceber, através da citação, os pontos de

atrito (e de contato) entre o fazer poético e o fazer-se pessoa no mundo. O

poeta sintetizou em seus versos o sentimento de todos aqueles que se vêem

105 CHRYSANTHÈME, op. cit., p. 65.106 TELLES, Norma. Escritoras, escritas, escrituras. In: PRIORE, Mary Del (org.). História das

mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto / UNESP, 1997. p. 432.107 ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. 27. ed. Rio de Janeiro: Record,

1991. p. 13.

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fora do contexto, longe do centro das atividades e impossibilitados de

reconhecimento pela ordem vigente.

Tomando de empréstimo o raciocínio do mestre, trazemo-lo à realidade

das conquistas femininas. Nós, mulheres, sempre sentimos o pesar de

sermos vozes à margem, vendo nossa ação, durante muito tempo, ser

ridicularizada e considerada excêntrica diante dos arranjos sociais. Hoje, a

sociedade, ou parte dela, começa a repensar o lugar para as vozes

dissonantes – são várias correntes que perderam o receio de se expor, porque

são muitas as memórias que devem ser reconstruídas.

Ao contrário de cinqüenta anos atrás, atualmente, podemos ler uma

Adélia Prado, utilizando “Com licença poética”, o direito de estar no mundo,

sendo diferente ou não.

Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.Cargo muito pesado pra mulher,esta espécie ainda envergonhada.Aceito os subterfúgios que me cabem,sem precisar mentir.Não sou tão feia que não possa casar,acho o Rio de Janeiro uma beleza eora sim, ora não, creio em parto sem dor.Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.Inauguro linhagens, fundo reinos.– dor não é amarguraMinha tristeza não tem pedigree,já a minha vontade de alegria,sua raiz vai ao meu mil avô.Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.Mulher é desdobrável. Eu sou.108

108 PRADO, Adélia. Poesias reunidas. São Paulo: Siciliano, 1991. p. 11.

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Essa visão de mulher, no entanto, não surge de uma hora para outra

nem à sociedade nem a ela mesma. Durante anos, o patriarcado estigmatizou

qualquer novo comportamento feminino, celebrando-o como achaques de

mulher que seriam arrefecidos pelo casamento e pela maternidade.

Afastadas dos cenários dos primeiros tempos, conseguimos distinguir

aquela excentricidade (pejorativa para muitos) como uma inovadora forma

de olhar as problemáticas que se apresentam. É senso comum que uma

pessoa isenta e distanciada de um determinado problema consegue

vislumbrar soluções moderadas, mais rapidamente, do que os envolvidos

diretamente na questão. A partir dessa premissa, acreditamos que, ao

contrário do imaginado pelos homens, o lugar fora do centro nos permitiu

(e permite) considerar novas formas de abordagem aos questionamentos

sociais e apresentar inusitadas maneiras de diálogo e de interferência nesta

realidade que se apresentasse. As dificuldades impostas às mulheres, ao

longo da História, fortaleceram seus espíritos para a manutenção da guerra

silenciosa e diária, a qual, pela permanência, pode ser ouvida e vivenciada

por nós.

Desta posição, no início do século XXI, podemos desviar nossos olhos

e observar os acontecimentos do período anterior com uma postura mais

distanciada. O século XX marcou-se na História da Humanidade pela rapidez

dos acontecimentos. A avidez por transformações moveu o mundo a galopes

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e as mulheres não poderiam deixar de aproveitar as chances que se

avizinhassem e não o fizeram.

A luta pelos direitos, para muitos, fica restrita aos momentos

emblemáticos. Quem nunca ouviu falar da queima de soutiens nas ruas?

Mas quantos sabem quem foi Pagu? Ou Julia Lopes de Almeida? Ou mesmo

Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello Rebello de Vasconcellos? A grande

maioria de nós desconhece-as e ignora todas as pequenas conquistas diárias

das precursoras. Então cabe-nos apresentar, ao menos, uma delas.

Chrysanthème nasce no Rio de Janeiro, iniciando sua vida lítero-

jornalística, em A Imprensa, no ano de 1907. Transcrevemos a seguir

fragmento de uma das crônicas localizadas em A Imprensa, demonstrando

como Chrysanthème, desde os primórdios, mantém a preocupação com os

sofrimentos humanos:

Meu Deus! Meu Deus! Era a dor humana! A dor Eterna! Eram os soluçosda mãis que perdiam seus filhos naquelle dia. Eram as queixas dos paisque não tinham pão para naquelle radioso dia dar para sua família! Era opranto das crianças pobres que tinham fome e não tinham festas! Era orouco stertor da suicida que sem um olhar para o céo, exhalava o ultimosuspiro, deixando correr uma lagryma que a morte enxugava com seusavidos dedos. Eram enfim... as dores de amor que, por serem passageiras,não ás vezes menos profundas.109

Após esse início na vida cronística, ainda sob a égide do

assistencialismo feminino, passa a escrever colunas regulares, ao longo de

sua vasta carreira, para inúmeros periódicos, o Correio Paulistano, O Paiz,

109 CHRYSANTHÈME. Risos e lágrimas. A Imprensa, Rio de Janeiro, 26 dez. 1907. p. 1.

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o Diário de Notícias, a Gazeta de Notícias, O Mundo Literário, a Ilustração

Brasileira, a Única, o Cruzeiro, além de a A Imprensa já citada.

Além desses periódicos, publica dezesseis títulos; dentre eles, há

contos infantis, romances biográficos, históricos e bufos, peças de teatro e

crítica literária. Consta, também, de nosso inventário, a encenação de uma

de suas peças no Teatro Regina pela Companhia de Eugênia e Álvaro

Moreyra.110 e a sua constante presença como conferencista nos salões da

época.

Para facilitar os futuros pesquisadores da obra de Chrysanthème,

listamos os seus livros na bibliografia e indicamos que pertencem ao acervo

da Biblioteca Nacional. Obra tão profícua e diversificada não merecia ter

sido abandonada como o foi.

Apesar de sua labuta literária e da constante procura pela atualização,

por viver o seu tempo, os seus contemporâneos, pelo menos os críticos,

souberam ser bastante mordazes em seus comentários. Só não sabemos se

o preconceito era por ela ser mulher ou por viver da pena ou pelos dois.

Não podemos esquecer-nos de que a crítica de então primava pelo

biografismo, o que pesava contra nossa escritora pelas escolhas que muitas

vezes fazia. Observemos as palavras de Humberto de Campos sobre ela:

110 MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo, op. cit., p. 50.

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A Sra. Chrysanthème tem passado a sua vida de letras a escrever crônicaspara jornais. O seu estilo, pela continuidade do exercício, afeiçoou-se aesse gênero literário. E é nesse estilo singelo, rápido, sem rebuscamentode frases, às vezes descuidado em demasia, que nos dá o seu romance.111

Crítico tão acre não podia aceitar que a fragmentação e o referido

descuido na linguagem fossem opções conscientes de estilo da própria

escritora. Chrysanthème não se furta a experiências estilísticas ou temáticas,

não se cala diante das situações que presencia e, principalmente, não se

esquece de sua condição de mulher, combatendo sem tréguas o discurso

patriarcal e criando espaços (crônicas) para o registro das cenas e

personagens de seu tempo. Claro está que o cânone não podia perdoar tais

afrontas..., sendo sua memória, convenientemente, apagada dos registros

oficiais. Afinal, produção de mulher em gênero menor não poderia ser bem

recebida pelos registros oficiais

Recolhemos alguns comentários de Humberto de Campos sobre o

romance O que os olhos não vêem, para ilustrar como Chrysanthème

acabava por incomodar a seus pares, fosse pela temática abordada ou como

figura pública.

Antes de examinar a obra como literatura, conviria, talvez estudar o tema,sob o ponto de vista moral. (...) E como o que a crítica procura é a verdadee não a dialética, eu prefiro, no caso, utilizar as minhas reflexões pessoaisisentas, por enquanto fora de suspeição. Na minha opinião, o quedetermina a infelicidade infalível no amor é o modo diverso por que amulher e o homem o interpretam e o lugar que ele ocupa na vida de cadaum.112

111 CAMPOS, Humberto de. Literatura doméstica. In: ___. Crítica: primeira série. Rio de Janeiro:W. M. Jackson, 1951. p. 273.

112 CAMPOS, Humberto de. As mulheres e o amor. In: ___. Crítica: primeira série. Rio deJaneiro: W. M. Jackson, 1951. p. 52.

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O crítico, nesse artigo, insinua certa leviandade e excessivo

partidarismo feminista nos escritos de Chrysanthème, levando-nos a pensar

até que ponto havia em seus escritos a isenção apregoada. Por que será

que a construção de personagens masculinas com características de vilania

o incomodavam tanto? Por que será que a procura pela felicidade fora dos

sacrossantos laços do casamento o irritavam de tal maneira? Será que a

intenção clara de escrever história diferente da oficial e constituir novas

memórias para as gerações futuras seria pecado tão vil? Ouçamo-lo mais

uma vez:

Mais importante do que isso é, evidentemente, a liberdade de expressãoque a Sra. Chrysanthème (...) permite aos seus personagens (...)A Sra. Rosalina Muniz Pereira, não obstante a condição que alardeia, deantiga barôneza, dama dos melhores círculos cariocas, é tão desenvoltanas palavras que muita gente preferiria, talvez, tratar com suacozinheira.113

O crítico não permite a Chrysanthème nem a liberdade vocabular

com que ela brinda as suas personagens. Ele não admite que a proposta de

desconstrução da linguagem seja consciente, como exercício de liberação

das mulheres de sua tão afamada docilidade, mesmo que lexical.

Desgostavam-lhe todos os arroubos da escritora, mas ela não lhe dava

tréguas e a guerra estava declarada:

Espantado com a linguagem dessa bulhenta senhora, eu tive oportunidadede comunicar, verbalmente, á ilustre escritora a minha extranheza. Elateve, porém, a bondade de explicar-me, prontamente: – Pois, não se espantenão. As mulheres que eu descrevo são apanhadas ao vivo.114

113 ibidem, p. 56.114 ibidem, p. 57.

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Aqui a fala de Chrysanthème faz tácita alusão à idéia de construção de

uma memória feminina coletiva que pudesse responder ao discurso

(androcêntrico) vigente. Ela tinha de registrar essas histórias (memórias)

pessoais, buscando a construção de uma imagética comum. Diante de palavras

como as que transcrevemos a seguir, ela não poderia abster-se:

(...) em verdade, eu não sei de nada mais parecido com um livro de mulherdo que outro livro de mulher. A escritora de ficção, por maior que seja seutalento, por mais masculina que se afigure a sua mentalidade, por menosfemininos que lhe nasçam os pensamentos, denuncia, fatalmente àsinteligências menos perspicazes, a sua condição. (...) Em literatura, asmulheres vestem uniformes.115

Convém redargüir o comentário, afirmando que as fardas talvez fossem

representações necessárias desse universo de memórias em processo de

(co)memoração feminina. Chrysanthème, por exemplo, não se negou a prestar

sua contribuição à causa e pagou seu preço: a crítica feroz e, conseqüentemente,

o esquecimento. Ela ousava ser diferente demais para um tempo em que os

quadros sociais116 estavam na ordem do dia:

Depois de escrever lindas histórias para crianças, analogas as dos Srs.Carlos Lerbeis, Alarico Cintra e Carlos Manhães, Mad. Chrysanthèmeentrou a escrever livros meio escandalizantes. Passou a pôr venenosborgianos nas compotas de manga de cajú. Seus heróes dantes faziamapenas orgias domesticas com chá, a tisana elegante dos ricos; hoje,atiram-se á morphina e á cocaína. Mad. Chrysanthème descreve; agorade preferencia o mostruário de homens da Avenida e suas heroínaspraticam uma espécie de donjuanismo feminino.117

A crítica da época não podia admitir que houvesse mais de uma

Chrysanthème, como percebemos hoje que há. Um recrudescimento temático

115 ibidem, p. 55.116 HALBWACHS, Maurice. Les cadres sociaux de la memoire. Paris: Albin Michel, 1994.117 GRIECO, Agripino. Evolução da Prosa Brasileira. Rio de Janeiro: Ariel, 1933. p. 183.

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ou mesmo uma certa franqueza na abordagem das matérias seriam (e foram)

rechaçados pela maioria dos críticos de então, ratificando a idéia de que naquele

período se primava por atar obra literária à biografia do autor e, mais

especificamente, ao gênero. Ilustram essa afirmação, as palavras de Humberto

de Campos:

Traje-se um casal, marido e mulher, ambos de cabelos curtos, de pijamasiguais, tendo um e outro ao rosto a mais discreta das máscaras. E logo, aoprimeiro golpe de vista, o espectador menos prevenido estabelecerá adistinção. As ondulações do corpo, a modelação das curvas, o ritmo doandar – traem imediatamente o mistério. Ninguém sabe quem é amulher, que ali está, mas ninguém dirá que é um homem. Assim na artede escrever. O estilo é nesta o pijama das idéias. No homem, êle é definidoindividual, cada um tem o seu. Na mulher, não: é coletivo, pertence aosexo.118

Diante de pensamentos dessa monta, vislumbramos quão difícil não

seria para uma mulher se imiscuir nesse universo. O que ele não sabia e as

mulheres intuíam é que a memória coletiva é constituída das várias memórias

individuais119 e isso nossa Autora poderia representar pela crônica. No entanto,

ser respeitada intelectualmente seria batalha que não encontraria muitos

aliados.

Cecilia não escapou de ter de utilizar o pseudônimo Chrysanthème,

adotado de personagem de um autor francês, conforme citamos

anteriormente. Houve a necessidade de um novo batismo para que pudesse

atuar nesta ordem patriarcal e cerceadora. Mas o que para ela foi um

esconderijo, para nossa leitura, é uma indicação preciosa, pois assinala

118 CAMPOS, Humberto de, op. cit. p. 55.119 HALBWACHS, Maurice, 1990, op. cit.

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uma educação esmerada, inclusive da língua francesa, e uma consciência

sobre as modas da Europa. Chrysanthème observava o que lhe ia pela frente,

assimilando aquilo que lhe interessasse, sem se render à sedução da

coqueteria:

É preciso, entretanto, que a cultura do espirito acompanhe a belleza,porque, senão, esta seria de uma estatua sem vida e sem fulgor. Quandoconversamos com uma mulher culta, sentimos que a sua seducção éduplicada quando ella trata de um assumpto intelligente que a interessa,porque lhe brilham os olhos, se lhe animam as faces e todo o seu corpodesprende fluidos possantes e suggestivos. Por isso digo que a saude e oespirito são necessarios para o pleno desenvolvimento das graças de umamulher.E a moda de hoje? Como estamos longe della! A moda de hoje é deliciosacomo será a de amanhã, se usada por uma linda mulher.120

Escolhemos esse texto, além da motivação crítica, porque é com ele

que Chrysanthème inaugura sua coluna, chamada “Palestra Feminina”. Há

contribuições anteriores a essa publicação que remontam a 1907, em A

Imprensa, mas, a partir do ingresso em O Paiz, como colaboradora

permanente, ela consegue imiscuir-se no meio jornalístico com regularidade

hebdomadária e garante mais um espaço de participação efetiva feminina

na vida pública. Quase todas as segundas-feiras, lá estavam os textos da

autora em O Paiz, de 1914 a 1939. Agora tinha acesso a um espaço de

maior ação, mas também se colocava à disposição de todos os seus desafetos,

fato que perdurou por décadas em todos os periódicos em que veio a

publicar. Mesmo quando era reconhecido algum valor em suas obras,

acabavam por depreciá-la em seguida:

120 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jun. 1914. p. 2.

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Conhecedora da vida e da sociedade em que respira e se move, a Sra.Chrysanthème poderá fornecer as letras brasileiras excelentes romancesde observação.Basta que se proponha a escrever mais socegadamente, e pondo em cenapersonagens um pouco mais asseiados de língua. O que os outros não vêemfoi escrito, evidentemente, mas para efeito moral do que literário. Teriaconseguido o seu objetivo acendendo nas mulheres o ódio ao homem? Eunão creio. Os homens insistirão em fazer piras de amor, e em perjurar. Eas mulheres continuarão a acreditar, e a sofrer.121

Humberto de Campos acredita no discurso canônico e crê que as posições

nos quadros sociais122 são imutáveis, pois a história é unívoca; ele reproduzia

o ideário do período, portanto, devemos ser indulgentes e absolvê-lo de maiores

críticas. Afinal, ele não vive a nossa era de reconstrução das memórias.

Entretanto era insistente a nossa escritora e, em lugar de esmorecer, com

as duras palavras de seus pares, procurava sempre novas frentes de atuação,

como por exemplo sua campanha pelo ingresso de mulheres na Academia

Brasileira de Letras. Dessa vez, estava em combate com oponente feroz, Lima

Barreto. Segundo Nelson W. Sodré, ele (Lima Barreto) “mostrava as razões sociais

da degradação da mulher e combatia as borra-botas feministas que há por aí e

seus partidos de cavação”123, constantemente. São conhecidas as suas posturas

em relação às ligas feministas em geral e, sendo assim, não se absteria de defender

o Panteão Sagrado das Letras de uma insurreição de mulheres. Cabe a ressalva

de que não apontamos misoginia no caráter de Lima Barreto, mas sua aversão às

discussões feministas burguesas são conhecidas.124

121 CAMPOS, Humberto de, op. cit., p. 58.122 HALBWACHS, Maurice, 1994, op. cit.123 SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. São Paulo: Martins Fontes,

1983. p. 287.124 RESENDE, Beatriz et alii. Cronistas do Rio. Rio de Janeiro: José Olympio / CCBB, 1995.

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A vida de Chrysanthème é quase metonímica em relação à história das mulheres:

avanços e recuos; saídas e retornos à casa; louros e achincalhes. Testemunha a nosso

favor, a freqüente menção ao nome de Alcindo Guanabara como seu protetor,

insinuando que ela só trabalhava na imprensa por receber favores do jornalista e,

claro, por também cedê-los, como atestamos nas citações relacionadas:

Escravizou o coração de Alcindo Guanabara, nos seus últimos anos devida, e escreveu principalmente em jornais em que o grande jornalista epolítico teve grande influência, como ‘A Imprensa’ e ‘O País’.125

Alcindo Guanabara, em período de descrença política e de grande paixão porMme Chrysanthème, pseudônimo de uma filha de Carmen Dolores, ocronista de O País, raramente vinha à redação à noite e numerosas vezesnão mandava o artigo de fundo, esperado todas as manhãs por PinheiroMachado, deputados e senadores e confrades de imprensa – seu reduzidopúblico.126

Não bastassem seus escritos e as lutas em que se metia, Chrysanthème

ainda tinha uma vida particular atribulada. Mantinha uma relação com um

homem público e com família constituída, postura no mínimo inadequada a

uma senhora naquela época. Criticava o que e a quem podia, nenhuma

instituição estava a salvo de sua pena ferina, como vemos em trecho de crônica

sobre o matrimônio:

O casamento sempre foi um circulo vicioso e o moderno, então, umespectaculo curioso para os nubentes, as testemunhas, o juiz e o povo.Actualmente, marcado o acto mezes ou annos antes, não raro deixa decomparecer o noivo ou a victima. E os convidados, nas suas toilettes degala, esperam em vão pela cerimonia ou pela subida da téla, que lhesmostrará os heróes, decididos a supportar juntos a vida cara, o pãomesquinho, o calor e o frio.Aqui, ali e acolá, um ou dois combatentes brilham pela ausencia. Pelafalta de coragem hesitam em carregar a santa cruz do matrimonio.127

125 MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo, op. cit., p. 49.126 SODRÉ, Nelson Werneck, op. cit., p. 349.127 CHRYSANTHÈME. Comicidade dos enlaces. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 out. 1937. p. 2.

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Ao compararmos o período em que Chrysanthème permanece publicando

nas páginas dos periódicos nacionais – de 1907 a 1948 –, com o do falecimento

de Alcindo Guanabara, em 20 de agosto de 1918, comprovamos que não procedem

as acusações de que ela só estaria na imprensa pela interferência dele. Se ela se

manteve durante tantos anos nas redações dos jornais e revistas após o falecimento

dele, cremos que possuísse valor pessoal suficiente para tal. Principalmente, se

observarmos que, ao longo de sua história, ela tenha escrito em várias colunas

diferentes. Começou nos jornais com colaborações em A Imprensa que se

estenderam de 1907 a 1911, em números avulsos; em seguida, encontramos sua

presença em O Paiz (ilustração 8), publicando alguns títulos na coluna de nome

“Conversa Feminina”. Essa

coluna vem a transformar-se,

posteriormente, em “Palestra

Feminina”, nome que surge

na edição do dia 15 de junho

de 1914 e perdura até 1o de

agosto de 1921. Aqui tem a

exclusividade do espaço, o

que não acontecia na coluna

anterior, que dividia com

dezenas de outros

colaboradores. 8 - Sede do jornal O Paiz, localizado na Avenida Central, jornal demaior tiragem da América do Sul na época.

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Depois de 1921, passa a escrever em “A Semana”, coluna de destaque

da folha de abertura desse jornal, espaço onde publicara inclusive Machado

de Assis. Para a crítica da época, deve ter sido um verdadeiro sacrilégio esta

mulher estar utilizando espaço tão nobre! Infelizmente, os anos de notoriedade

da nossa escritora seriam embotados pelo infortúnio que atinge a redação do

jornal sob a forma de incêndio, no ano de 1930. A data dispensa maiores

explicações, mas...

A 24 de outubro, a guarnição do Rio de Janeiro depunha o presidenteWashington Luís: o Diário da Noite abriu a primeira página com amanchete: ‘Viva o Brasil! Viva a República Nova e Redimida!’(...)Grupos de populares começaram a depredar as redações dos jornaisgovernistas. Líderes improvisados e conhecidos políticos aliancistasconcitavam à destruição. Apareceram latas de gasolina que eramderramadas às portas dos edifícios, ateando-se os incêndios. O majestosoedifício de O País, construído com a própria Avenida Central, em suaesquina com a rua 7 de Setembro, converteu-se num imenso fogaréu.Magotes invadiram o prédio, arrancando os móveis, livros e coleções,espatifando tudo e jogando material para a fogueira (...). Pelas ruas,estendiam-se passadeiras brancas de bobinas de papel de jornal. A polícia,impotente, omitia-se.128

Após todas essas alterações, esse periódico ainda demora a se erguer e

a voltar à circulação. Só em 1933, retornará ao seu público. Escreve então,

simultaneamente, nos seguintes periódicos, a

saber: Correio Paulistano – de 1920 a 1934;

Mundo Literário – 1924; Unica – 1925; O Cruzeiro

– 1931; Diário de Notícias – de 1935 a 1944;

Gazeta de Notícias – de 1935 a 1948,

Chrysanthème sabe esperar e estará lá para

9 - Avenida Central e sede do jornal OPaiz.

128 SODRÉ, Nelson Werneck, op. cit., p. 375.

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testemunhar o recomeço de O Paiz e para notificar as mudanças a partir

desse recomeço.

Com a mão tremula, mas tendo o coração a palpitar de jubilo, recomeço aminha Semana, que, devido ao reparecimento de ‘O Paiz’ vem de novo áluz... (...)Durante esses tres annos, em que ‘O Paiz’ se apromptou a resurgir dasproprias cinzas, o Brasil caminhou, a mentalidade nacional evoluiu, aexistencia retomou o seu curso... (...)As mulheres alcançaram o tão almejado direito ao voto e a sua cadeira notribunal do jury. Eleitoras e juradas, ellas votam com a razão e julgamcom o coração.129

Chrysanthème volta a O Paiz, mas, cabe dizer, que ela se manteve ativa

ao longo do período, publicando em todos os periódicos apresentados,

registrando muitas das memórias de seu tempo.

Volta a O Paiz mais combativa do que nunca, reabrindo velhas feridas:

Realizou-se, porém, ha dias, certa festa que fez pensar aquelles quepensam e que mereceu de Humberto de Campos, chronica entrecomovente e sarcastica. Celebravam-se, nas escolas da cidade,homenagens em favor dos primeiros mestres de... algumas escolhidascreaturas e esse illustre academico, lembrando-se dos delle, traçoupalavras... saudosas a respeito da sua primeira professora!...Bemaventurados todos aquelles que tiveram, por mestras, mulheres!Parodiando as palavras do autor da ‘Critica’, eu direi que a formidavel eúnica professora de todos nós, academicos ou não, é a... vida. Esta, comas suas lutas, as suas perplexidades, os seus tormentos, ensina-nosvarias... sciencias praticas, fazendo-nos esquecer outras, e, no gemer eamargurar, ella nos mostra o não valor de coisas, atraz das quaes ahumanidade gasta o melhor do seu tempo e o mais vivo do seu elementovital.(...)Bemaventurados, entretanto, os individuos que, nos regaços das mães,aprenderam a encarar a vida, olhando para o... alto!130

Permanecerá olhando para frente, mesmo depois de sair desta coluna, a

última em O Paiz, em 1937. Deixa “A Semana” e abraça “De Luneta...” os recantos

129 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 out. 1933. p. 3.130 idem.

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de nossa cidade (ilustração 10). Observa e, mesmo, perscruta a sociedade e seus

costumes. Essa nova coluna trata, eminentemente, dos direitos sociais e das

hipocrisias circundantes através de sua lente mágica de aumento. No entanto, só

encontramos registros de publicação até o dia 4 de dezembro de 1937. Após essa

data, não localizamos novas produções de Chrysanthème em O Paiz. Não

conseguimos precisar o início da publicação dessa coluna, pois nas fontes consultadas

– os acervos da Biblioteca Nacional e da Associação Brasileira de Imprensa – havia

uma lacuna entre 1934 e 1937. Não há registros sobre o que teria acontecido com os

microfilmes deste período. Sabemos, entretanto, via Raimundo de Menezes, que ela

escreve até os derradeiros dias, – 1948 – publicando em A Gazeta de Notícias, quando

vem a falecer. O registro consta da listagem apresentada com a cronologia das diversas

publicações periódicas, estabelecida por esta pesquisa.

10 - Recantos do Rio de Janeiro: Cinematographo Rio Branco e Cinelândia (acima da esquerdapara a direita); Largo da Glória, Rua da Carioca e Largo de São Francisco (abaixo da esquerdapara a direita).

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Após todas as páginas de luta e de ironia, Chrysanthème desaparece,

em 22 de agosto de 1948, cheia de dívidas e processada por credores, conforme

dados do Arquivo Nacional. Cabe às nossas leituras refrescar essa flor há tanto

esquecida e mostrar que ela era mais do que jamais deixaram que fosse:

O crisântemo deve sentir-se um imigrante pobre no Ocidente, onde temboa acolhida apenas no outono, graças à escassez de outras flores. Hámais de dois mil anos é cultivado no Extremo Oriente. No Japão é tãoadmirado que o imperador senta-se no trono do crisântemo. O nomeorigina-se das palavras gregas chrysos, ouro, e anthemon, uma flor, pois aespécie cultivada era a amarela. (...) Existem ainda as variedadescultivadas para ser colhidas e arrumadas dentro de casa. Estas últimastêm pesadas flores arredondadas e pétalas onduladas formando uma bola.Parece um milagre da natureza que um caule tão frágil agüente uma flortão pesada.131

Ao considerar o fato de que, até hoje, a obra periodística de nossa cronista

nunca havia sido reunida, este trabalho visa,

também, à publicação fidedigna de todas as

referências encontradas nos periódicos em que

trabalhou, assim como a reprodução realizada dos

textos localizados seja em formato escrito seja em

mídia digital. Organizamos o registro de todos os

escritos periodísticos de Chrysanthème pela

primeira vez. A opção por uma reprodução desse

vulto resulta da intenção de oferecer ao leitor a

possibilidade de uma leitura prazerosa e

estimulante dos textos encontrados.

131 PICKLES, Sheila. Crisântemo. In: ___. A linguagem das flores. 6. ed. São Paulo:Melhoramentos, 1995. p. 21.

11 - Cecilia Moncorvo Bandeira deMello Rebello de Vasconcellos(Chrysanthème) em foto publicadaem 07/09/1922 no Correio Paulistano.

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Acrescentamos, que a título de registro ortográfico e lexical, foi mantida a

grafia de época. Atrevemo-nos, em seguida, a ler criticamente alguns desses

títulos em primeira mão, aproveitando-nos da rara oportunidade de poder

recuperar memórias neles existentes.

3.2. Lendo papéis da imprensa nacional: uma seleção de textos cronísticos

A vida de um escritor começa antes de as primeiras palavras serem

escritas. Começa com um senso de antecipação de que a própria vida deve

achar um jeito de ser contada. Foi exatamente por esse motivo que decidimos

retirar Chrysanthème das brumas onde andava metida: alguém que teve

coragem de viver a vida e conseguiu, além disso, achar um jeito de contá-la,

não pode permanecer esquecida da forma que está.

As palavras borradas, apagadas, carcomidas até, ainda têm a força dos

primeiros tempos; permanecem extremamente atuais e compreensíveis para

nossos olhos. Infelizmente, se pensarmos que as questões levantadas pela

autora já poderiam ter sido resolvidas ou, pelo menos, amenizadas nestas

décadas que nos separam, entristecemo-nos. A miséria, a seca, a má

distribuição da renda per capita, a busca feminina de igualdade de direitos

com os homens, a reforma educacional, as guerras, o desemprego, a fome, a

valorização exacerbada do produto externo em detrimento do nacional, a infra-

estrutura das cidades são apenas alguns dos temas caros a esta senhora do

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início do século XX, que ainda ecoam em nossas vidas do novo milênio. Será que

estamos tão afastadas assim? Será que se tratam de registros de memória? Infelizmente,

nos parece que essa memória está muito presentificada nas histórias atuais.

3.2.1. Espelhos da condição feminina

Chrysanthème não consegue ficar alheia ao sofrimento que a circunda,

busca as campanhas, mesmo quando afirma não fazê-las:

Muitos pais de alumnas da Escola Normal mandaram-me por carta a suaadhesão e o seu applauso ao que elles chamaram a minha campanhacontra a sobrecarga dos programmas dessa escola. Antes de tudo devoaccentuar que não fiz, não faço e não farei campanha. Nem meto isso nomeu temperamento, nem nos moldes desta columna ligeira, onde malregistro os factos que me impressionam e lanço notas á margem dasoccurrencias que nos enchem a vida.132

O trecho escolhido nessa crônica bem ilustra a ligeireza por que era

tomada a crônica, mas, também, aponta subliminarmente que era um espaço

para registros e discussões de uma voz feminina a respeito das opressões

impostas a seus pares. Era lida a nossa escritora e bastante incômodo causava

com suas freqüentes réplicas e perguntas. A coluna citada anteriormente, por

exemplo, dialoga com as das semanas anteriores e faz parte de uma série que

vem a empreender em favor das normalistas, o que nos proporciona memórias

de um momento do nosso processo educacional. Apresenta dados, programas

e questionamentos na busca por melhores condições de estudos para aquelas

que viriam a formar os filhos da nação.

132 CHRYSANTHÈME. Escola Normal. O Paiz, Rio de Janeiro, 28 dez. 1915. p. 2.

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Nossa escritora ainda acreditava neste momento que o professorado era

um dos caminhos mais acertados para a profissionalização da mulher, fruto

da ratificação de uma memória feminina no âmbito da profissionalização. Não

a olhemos criticamente, afinal ela estava em confluência com o discurso

dominante de então: a educação deve ficar a cargo das mulheres, pois é uma

extensão natural do trabalho doméstico.

O período entre guerras é ambíguo por ter ora bloqueado ora acelerado

as evoluções esboçadas na Belle Époque: se as devolviam às famílias, após

todo o esforço delas, o fizeram sem tomar consciência de que algo havia mudado

irrefutavelmente nos ideais femininos e de que brechas foram deixadas. As

mulheres podiam estudar e, paulatinamente, alcançar os cursos superiores,

entre eles as escolas comerciais e as de engenharia.

Esses, no entanto, são os contextos europeu e norte-americano. Mas o

que acontecia no Brasil? Como nosso país estava tratando suas cidadãs? E,

principalmente, como elas estavam se deixando tratar?

A mulher insinuou-se maneirosamente no ensino primário e foi aospoucos afastando o homem. As leis e as praxes a mantiveram arredadapor muito tempo da administração, alegando-se como elementosirremovíveis os excessos de sua afetividade e a insegurança de seutemperamento. Mas a resistência cedeu.133

Essas palavras de Almeida Júnior, proferidas em 1933, demonstram a

morosidade das transformações da condição trabalhista em nosso país no

133 LOURO, Guacira Lopes. Mulheres na sala de aula. In: PRIORE, Mary Del (org.). História dasmulheres no Brasil. São Paulo: Contexto / UNESP, 1997. p. 460.

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tocante às mulheres. Atrevemo-nos a afirmar que muitas foram professoras,

quando, em seu íntimo, gostariam de ter sido médicas, engenheiras ou...

escritoras. Como suas irmãs de além-mar, estavam

em crise de transição entre o movimento do século XIX, o dos direitos damulher, e o feminismo moderno, que, tendo em conta a diversidade, tentaarticular igualdade e diferença, liberdade individual e solidariedade degrupo.134

Observando a articulação das brasileiras (ou a falta dela), percebemos

que estavam em desvantagem em relação àquelas, já que não tiveram, por

aqui, nem o direito aos Anos Loucos, a coqueteria não lhes era permitida

pelo menos na escala que desejaríamos. O mundo (quase) todo neste período

estava doente, deprimido, escapista, desempregado e falido. Diante desse

quadro de turbulências, se as mulheres não reconhecessem o seu dever,

certamente lhes seria lembrado. Às reconstruções nacionais, implica-se,

também, o aumento da natalidade e, para tanto, estabelece-se uma política

familiarista, apoiada pela própria Igreja Católica, que tinha como alvo

privilegiado o trabalho das mulheres e, especialmente, o das casadas. Estas

estariam tomando o lugar próprio do homem, que deveria permanecer como

único provedor da família.

A discussão sobre a mudança de quadros acirrou os ânimos entre os

patrões e as instituições reguladoras oficiais, pois aqueles não queriam

134 THÉBAUD, Françoise. A Grande Guerra; o triunfo da divisão sexual. In: ___ (org.). Históriadas mulheres no ocidente: o século XX. Trad. Alda Maria Durães et al. Porto:Afrontamento, 1991. p. 87. v. 5.

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encarecer seus produtos com a contratação de mão-de-obra masculina (o

salário das mulheres correspondia a 50% do estabelecido para os homens).

Tendo em vista o quadro que se fomentava, a ofensiva dos poderes

legisladores deveria mudar o seu foco e atingir o imaginário feminino,

fazendo com que as trabalhadoras desejassem o retorno ao lar. Os

mecanismos utilizados eram bastante eficientes: as figuras da mãe-

educadora e da dona de casa racional e o novo modelo de economia

doméstica.

Era como se se projetasse no imaginário feminino, uma película em que

as mulheres têm de optar por um personagem, seja protagonista ou

antagonista, da encenação do momento: a moça que escapa à condição de

operária ou camponesa, tornando-se enfermeira, secretária ou empregada de

serviços; a casada que deve redescobrir os prazeres do espaço doméstico; as

casadoiras de classe média que negociam sua boa educação para conseguir

bons partidos; ou as anti-heroínas: as operárias e todas aquelas que caíram

na desgraça de ousar mais. O filme de horror permanece em cartaz muito

mais do que se poderia esperar.

No entanto, quais foram os cenários que Chrysanthème pôde presenciar

ao longo de tantos anos de vida literária? Ela acompanha tantas campanhas e

tantos acontecimentos que por mais que quisesse manter-se alijada, com seu

gênio, não conseguiria.

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A partir da segunda metade do século XIX, o Rio de Janeiro começa a

sofrer grandes transformações – como conseqüência, cai a Monarquia, por

não se enquadrar nesse processo de transformações; é instaurada, então, a

República, modalidade de governo embasada no lema positivista de que ordem

e progresso são compatíveis.

Na primeira República, ou República Velha, que cobre o período de

1889 a 1930, ocorrem várias crises políticas: o Encilhamento; a tentativa de

fechamento do Congresso pelo Marechal Deodoro da Fonseca, repelida pelo

golpe militar que leva ao poder o Marechal Floriano Peixoto; as revoltas da

armada e federalista; a revolta de Canudos; e a Revolta da Vacina.

Nesse período, dois grandes acontecimentos de repercussão mundial

vão influir profundamente na situação socioeconômica e política do Rio de

Janeiro, então capital da República: a primeira guerra mundial e a grande

depressão provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. O sistema

econômico implantado com a República demanda novos hábitos sociais e,

uma vez as finanças internas restabelecidas, o país se abre ao comércio exterior:

“uma verdadeira febre de consumo tomou conta da cidade, toda ela voltada

para a ‘novidade’, a ‘última moda’ e os artigos dernier bateau”135.

A cidade, até então de características coloniais, “insalubre e insegura,

com uma população de gente rude plantada bem no seu âmago, vivendo no

135 SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na PrimeiraRepública. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. p. 28.

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maior desconforto, imundície e promiscuidade”136, precisava sofrer uma

transformação urbana, para apresentar-se coerente com a nova ordem

republicana, além de “alinhar-se com os padrões e o ritmo de desdobramento

da economia européia”137.

Pereira Passos, então prefeito da cidade, entusiasma-se com as mudanças

efetuadas por Hausmann em Paris, e resolve transformar o Rio de Janeiro

numa cidade moderna: uma Paris tropical. Essa remodelação tem por base:

a condenação dos hábitos e costumes ligados pela memória à sociedadetradicional; a negação de todo e qualquer elemento de cultura popularque pudesse macular a imagem civilizada da sociedade dominante; umapolítica rigorosa de expulsão dos grupos populares da área central da cidade,que será isolada para o desfrute exclusivo das camadas aburguesadas; eum cosmopolitismo agressivo, profundamente identificado com a vidaparisiense.138

A cidade, modernamente urbanizada, com largas avenidas e palácios

suntuosos, que, como uma Fênix, renasce dos escombros dos velhos casarões

coloniais, não poderia comportar uma sociedade de hábitos coloniais. A

população humilde que habitava o centro da cidade é levada a se comprimir

nos morros periféricos da cidade, que seriam, posteriormente, também

demolidos, pois que maculavam a beleza da cidade catita em que se

transformara o Rio de Janeiro.

Nesse panorama, a sociedade, assim como a cidade, também deveria

sofrer os efeitos da “regeneração”; nas suas belas avenidas e palácios, seria de

136 ibidem, p. 29.137 idem.138 ibidem, p. 30.

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bom alvitre circular apenas a “concorrência elegante e chic”139, não se

permitindo mais as tradicionais manifestações culturais populares, que até

então aconteciam nas ruas centrais da cidade. Esse cenário chamava a atenção

de nossa cronista, mesmo publicando em um jornal paulista, a saber:

Sem feminismo a dementar-me o cerebro e sem ambições outras senãoas de mulher, bem mulher, observo com piedade e inquietude, sobretudoo modo actual de se educar a nova geração, que se adextra para servir aoBrasil. Nessa malsã atmosphera carioca, palpitante de anceios politicos,de vaidades, não raro, futeis e infantis, de suggestões, quasi sempre,nefastas e contraproducentes, a infancia é a sua maior e indefezavictima.140

Além desse panorama, percebe-se que a pressão exercida pelas

autoridades sobre a população de menor poder aquisitivo era muito grande.

Não podendo arcar com os altos aluguéis dos imóveis, em decorrência da

demolição dos casarões que funcionavam como habitação coletiva, e da

derrubada dos morros, a classe trabalhadora não encontra outra solução senão

se deslocar para os distantes subúrbios. Esse processo, não resta dúvida, não

esconde a intenção das autoridades regeneradoras de “evitar o contato entre

duas sociedades que ninguém admitia mais ver juntas, embora fossem uma e

a mesma”141.

Nas primeiras décadas do século XX, a temática da crônica é,

predominantemente, o saneamento, a modernização da cidade – capital da

República –, e as transformações sociais que acompanham essa remodelação:

139 ibidem, p. 34.140 CHRYSANTHÈME. A atmosphera do Rio. Correio Paulistano, São Paulo, 12 ago. 1934.141 SEVCENKO, Nicolau, op. cit., p. 34.

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suas possibilidades e conseqüências. Ela agrega, ainda, ao seu caráter

informativo, uma pitada de humor e um tanto de ficção.

Acrescente-se, ainda, a esses fatores, o duelo literário provocado pelas

opiniões divergentes dos cronistas cariocas da época, alguns completamente

entusiasmados e envolvidos com o ideal estético da modernidade, e outros

preocupados com as conseqüências reais geradas por esse processo na dinâmica

da cidade. Como resultado, as crônicas do início do século XX revestem-se de

grande importância para a história do Rio de Janeiro: elas registram um

momento histórico de grandes transformações na sociedade e na cidade, que

perdia as características coloniais, até então definidores da sua identidade e

Chrysanthème participa ativamente desse processo, dando visibilidade ao

pensamento de autoria feminina daquele período. Mas lembremos de que não

só de Belle Époque trata a obra de Chrysanthème, ela alcança ainda a Segunda

Grande Guerra.

Declara-se a Segunda Guerra Mundial, mas a Declaração dos Direitos

da Mulher ainda estava sendo escrita na História em pedra lascada, por

exemplo!

A manipulação da maternidade é visível. Nota-se o quanto os diferentespoderes se utilizaram da reprodução feminina, basta lembrar a maneiracomo o período nazista visava doutrinar as jovens para a reprodução,chegando a estimular a liberação das tradições sexuais, deixando de puniro adultério e protegendo a mãe solteira. A mulher era doutrinada aobedecer à ordem dos três k: kinder, kirche, küche (crianças, igrejas ecozinhas).142

142 ROMAGNOLI, Lérida, op. cit., p. 64.

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Entretanto, falando de práticas germânicas no período da Segunda

Grande Guerra, nem nos campos de concentração havia igualdade; até na

morte, privilegiava-se o sexismo: mulheres, à esquerda; homens, à direita.

Nós, mulheres, sempre sinistras. Guerra, apoio feminino, otimismo, destruição,

natalidade, reconstrução nacional – déjà vu. O período posterior à Segunda

Grande Guerra precisa alegrar-se, inclusive no Brasil, e resolve manter-se

ocupado: afinando as silhuetas, dançando com as Big Bands, namorando no

portão e americanizando-se, mas, principalmente, não se atendo a questões

políticas e feministas. Afinal,

[...] há brinquedos básicos que falam o idioma da humanidade inteira, epara estes não há possibilidade de passar da moda nem de época [...] umamenina é uma pequena mãe, e uma boneca sempre terá guarida emseus braços [...] um menino estará sempre por aquilo que reclamam suadestreza desportiva [...] Uma pessoa que vai fazer um presente de umbrinquedo [para uma criança] deve procurar o simples, o que responda aonatural instinto da criança...(Jornal das Moças, 8 de jun. 1953)143

O testemunho anterior demonstra o consenso de que tudo permaneceria

perfeito e dourado para sempre. Ou pelo menos, enquanto os anos 60 não

chegassem, mas esses não foram registrados por Chrysanthéme.

A redefinição da história só se tornará, no entanto, recorrente após a

Segunda Guerra Mundial, que reorganizou o mundo com uma força coerciva

e nos permite recriar memórias há muito desaparecidas. No entanto, partindo

da tese de Maurice Halbwachs144 de que nossas lembranças permanecem

143 BASSANEZI, Carla. Mulheres dos anos dourados. In: PRIORE, Mary Del (org.). História dasmulheres no Brasil. São Paulo: Contexto / UNESP, 1997. p. 609.

144 HALBWACHS, Maurice, op. cit., p. 26.

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coletivas, e elas nos são lembradas pelos outros, podemos afirmar que as

memórias das mulheres são uma construção coletiva, bem como a sua história

e, para esse registro, Chrysanthème muito colaborou. O domínio patriarcal

contribuiu para a permanência de uma memória que mostrasse a mulher

como objeto de uso e abuso de mecanismos opressores.Podemos exemplificar

essa repercussão do discurso androcêntrico em uma crônica de Chrysanthème

sobre as misses, por exemplo:

Não se discute outro assumpto na capital sinão o valor das ‘misses’. Eaté os politicos olvidam as suas luctas naturaes.

O Rio Grande do Sul, a Parahyba, Pernambuco são esquecidos e so abelleza, a graça, o donaire reinam e impressionam nesta cidade onde aintelligencia cedeu o logar à formosura...145

As salas de aula, assim como o assistencialismo, foram as primeiras

portas encontradas pelas precursoras para tentar minimizar as marcas dessa

memória coletiva (de opressão) construída. O raciocínio feminista de primeira

geração no Brasil, em geral, desejava empreender transformações a médio e a

longo prazos; e, estando as mulheres à frente das salas de aula, poder-se-iam

paulatinamente incutir nas cabecinhas dos alunos novas tendências e com

isso modificar as estruturas sociais estagnadas, escrevendo memórias inéditas.

É por isso que, ao contrario de uma corrente que parece, infelizmente,vai vingando, eu sou cada vez mais partidaria intransigente do professoradofeminino nas escolas primarias. Recebendo os meninos em baixa idade,as professoras hão de ser por força um pouco mãis e só isto basta paraexcluir os homens dessa missão. (...) As mestras completam as mãis nosentido de que, com carinho e brandura, corrigem os erros dos espiritosinfantis e os encaminham para o terreno da moral, pela lição de factos epelo exemplo de occasião.146

145 CHRYSANTHÈME. As “misses”. Correio Paulistano, São Paulo, 5 set. 1930. p. 3.146 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 dez. 1915. p. 2.

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O pensamento, podem alguns afirmar, é datado, mas ainda estamos em

1915 e para a época é extremamente audacioso. Mal tínhamos alcançado o

século XX e uma mulher se arrisca a perder seu espaço (no jornal) tocando

em temas polêmicos de forma direta e sem gongorismos. Ela busca reescrever

pouco a pouco os quadros sociais147, como podemos ratificar na citação a seguir,

já em 1925.

Diz um escritor afamado que, quando as senhoras se juntam para prosar,preside sempre a esse encantador e feminino cenaculo, o bello e ardilosoLucifer, de olhos de brasa e dentes em ponta. Silencia, porém o mesmoreferido escriptor a sua opinião, quando se trata de declarar qual opresidente do ‘clan’ daquellas que trabalham. Precisamos, pois, nessahora seria, em que surge ‘A UNICA’, revista somente composta de damas,vibrantes de sincero anceio de acertarem, escolher depressa o santomagnanimo que patrocinará essa prova real de que as mulheres hodiernasnão se limitam a falar, mas tambem a agir. Estavamos deveras fatigadasde revistas e jornaes masculinos, em que o sexo barbado impõe solene eautocraticamente os seus decretos, nem sempre apreciáveis, justos oulogicos.(...)NA UNICA, variadas e fortes mentalidades de senhoras se expandirãolivremente, sem a tutela ou conselhos masculinos...148

Com o passar dos anos, Chrysanthème vai acompanhando as

modificações da sociedade e passa a exprimir novas reflexões sobre a

presença (e a permanência) das mulheres no mercado de trabalho, assim

como vem a sustentar várias vezes a competência feminina para decisões e

discussões em todos os âmbitos. Declarou, às vezes de forma dissimulada,

às vezes de maneira contundente, que não havia tema ao qual a inteligência

das mulheres não pudesse alcançar, antecipando memórias femininas mais

recentes de nós.

147 HALBWACHS, Maurice, 1994, op. cit.148 CHRYSANTHÈME. Chronica. Unica, Rio de Janeiro, 10 jul. 1925.

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Depois de consolidada a República, assiste-se no início deste século a umaceleramento sem precedentes do ritmo de vida da sociedade carioca e àimplementação do projeto modernizador da capital federal. (...) Era precisoconstruir um palco ilusionista para representar os tempos modernos comtodos os seus aparatos (...) o Rio, assim, civilizava-se sob patrocínio do poder,das elites aburguesadas. (...) Acompanhar o progresso significava colocar-se no mesmo paradigma dos padrões e ritmos da economia européia.149

Chrysanthème percebe que se deve mostrar, escondendo-se... Afinal, não

seria habilidoso de sua parte agredir violentamente as estruturas estabelecidas,

tendo em vista que “a percepção e, ainda mais profundamente a consciência,

derivam, para Bergson, de um processo inibidor realizado no centro do sistema;

processo pelo qual o estímulo não conduz à respectiva ação”150. No entanto, nossa

cronista era combativa por demais para manter-se muito tempo no campo da

especulação filosófica, mais adequado seria reaproximá-la das histórias das

(diferentes) mulheres de seu tempo e ampará-la no ideário do coletivo, ou ainda,

em suas palavras: “Recordar é viver, disse poeticamente, certo fazedor de phrases,

que, como é natural, disse-o para o próximo e, nunca, para si mesmo...”151 Ou

ainda no fragmento selecionado nas páginas paulistas:

Não dou o titulo do feminismo à essa natural e necessaria disposição dasdamas modernas, porquanto, os tempos mudando, ellas tiveram que mudarcom elles. Outrôra a mulher, que trabalhava, era uma especie dedesclassificada social. Actualmente, ella apparece como uma heroina,aureolada das nuvens claras da coragem, da valentia e do dever cumprido.A indolencia ancestral, os vicios de uma tradição collocando as mulheresentre os grilhões da escrava e as rendas da boneca, cahiram pelas forçadascircumstancias, imperando no mundo inteiro. E a mulher, presentemente,que só se ocupa de frivolidades e de interesses rasteiros, não merece sercatalogada no mundo dos seres, dignos de existirem.152

149 GOMES, Renato Cordeiro. Gradus ad labyrinthum. In: Todas as cidades, a cidade: Literaturae experiência urbana. Rio de Janeiro: Rocco, 1995. p. 104.

150 BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. 4. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. 44.151 CHRYSANTHÈME. A casa de Apollonio Pinto. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 10 jan. 1937. p. 1.152 CHRYSANTHÈME. O trabalho feminino ou o credo moderno. Correio Paulistano, São Paulo,

24 ago. 1930. p. 3.

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A defesa dos direitos da mulher estaria sempre presente em seus papéis,

mesmo quando sob ótica dissimulada, pois não poderia torná-la

demasiadamente panfletária com o risco de comprometer a credibilidade dos

ideais ou o registro de seu momento. Acreditava que a melhor maneira de

inscrever-se (e as outras) na sociedade era mantendo-se atenta a tudo que

fosse questão do dia153, registrando no breve espaço das suas crônicas as

diversas falas (e memórias) daquelas a quem observava.

Muitos anos antes de serem ouvidas discussões sobre a pós-história,

nossa cronista já expunha suas idéias, bastante contundentes sobre aqueles

que estavam fora da cena principal, os excluídos: no caso, as mulheres.

Entretanto, não só das mulheres se ocupava a memória dessa cronista, como

atesta o fragmento a seguir:

Ninguém me pediu a opinião sobre o hebdomadario ‘D. Casmurro’, mascontemplando o seu feitio diverso dos demais e o esforço... ousado dosmeus illustres collegas, mulher que sou, não pude guardar silêncio. Assim,com os três numeros de ‘D. Casmurro’, deante dos olhos, decido-me atranscrever sobre este papel o que se gravou nas cellulas do meu cerebroao percorrel-os. Primeiro que tudo preciso dizer a minha grande felicidadepelos audaciosos companheiros, que não hesitam em lançar um jornal,numa época em que a política ferve, os animos explodem em palavras, osinteresses se contundem e os homens correm à caça do poder e da ambição.Essa ousadia de planar acima do que actualmente enfebrece os individuos,olvidados da patria e concentrados na idéa pessoal do se aproveitarem domomento e da vaidade humana. Despertou a minha supresa, mescladade prazer.154

Contudo, a entrada no mercado de trabalho, necessidade do coletivo

feminino, devia-lhe ocupar novas páginas. Ela acreditava que a expansão do

153 Expressão utilizada com freqüência como título das crônicas de Chrysanthème.154 CHRYSANTHÈME. Dom Casmurro. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 30 mai. 1937. p. 1.

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mercado às mulheres dependia das transformações no comportamento feminino

brasileiro, que ainda estava muito aquém das conquistas estrangeiras. A partir

desse momento, Chrysanthème percebe que não mais a sala de aula era o

melhor caminho para as mulheres; seu discurso passa a entrar em sintonia

com as transformações de suas companheiras de além-mar, levando-a a uma

mudança de foco no tocante ao trabalho feminino: suas conterrâneas deveriam

educar-se e atualizar-se para os novos tempos. Desde que não sejam tempos

continuados e intactos, sem quaisquer possibilidades de ruptura e

fragmentação, ao que Bergson155 chama de imagem-lembrança. A vida deve

ter um quê de insólito e um tanto de inconstância, como nos atesta esta

passagem a respeito de Gilka Machado:

Toda a creatura profundamente intelligente é uma insatisfeita e umaincomprehendida. O desprezo sorridente que lhe merece a vida, ahumanidade e as coisas, impede-a muitas vezes de dizer o que sente, oque deseja, o que espera. Tem sempre misturado com o sorrisoconvencional que lhe entreabre a curva dos labios ironicos, um gosto demorte, que a faz calar e mal exprimir, quando, por acaso, quer romper oseu silencio. Emquanto os simples, os felizes da vida, anceiam, aspirame luctam continuamente, essas creaturas, um pouco desequilibradas pelagrande dóse de intelligencia que a natureza lhes concedeu, agitam-se,perturbam-se, soffrendo muito, analysando tudo, e não possuindo nada.Gilka deve ter uma alma assim: nada lhe deve ser indifferente em tornodella; deve soffrer quando as coisas lhe agradam e quando ellas lhedesagradam.156

Como estamos acompanhando até agora, a interdição à fala da mulher,

ou pior, a produção pelos homens de um discurso a ser dito, foi a marca

que os longos anos de repressão social e cultural imputaram a elas.

155 BERGSON, Henri, op. cit.156 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 07 fev. 1916. p. 2.

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“Quando intento livrar-me no espaço / as rajadas em tétrico abraço /

me arremessam a frase – mulher...”157 Os versos de Narcisa Amália, poetisa

dos oitocentos teriam perdido a força entre as jovens dos novecentos, se o

resgate da minoria esquecida não tivesse sido preconizado por várias correntes

dos estudos culturais contemporâneos.

A morte da História tem aberto inúmeros esquifes, possibilitando-nos

uma releitura, que há muito se fazia necessária, das diversas áreas do

conhecimento. Neste roldão, coloca-se em xeque-mate o espaço do cânone

literário como entidade metafísica e inexorável. Dessa vez, parece que o direito

de ir e vir, pelas ruas e pelas letras, chegará às mulheres.

Cânone, do grego kanon, tinha originariamente a função de um instrumento

de medida. Paulatinamente, o campo semântico do vocábulo foi sendo estendido

e passou a ser utilizado com o significado de lei ou de regra; modernamente, no

âmbito da literatura, o termo recebeu a acepção de rol dos escritores escolhidos.

Um dos questionamentos da Teoria Literária contemporânea está, exatamente,

na palavra escolhidos, pois, para se estabelecer um critério de seleção, hão de se

criar juízos de valor, o que, por si só, implica problemáticas. Por que este e não

aquele? Por que sempre este e quase nunca esta? As perguntas se avolumam, se

pensarmos em todas as minorias silenciadas e em todas as espécies de escritura

preteridas pelo discurso patriarcal.

157 TELLES, Norma, 1997, op. cit., p. 424.

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O cânone literário se manteve com prestígio durante décadas, mas

estudos culturais, a partir dos anos setenta, têm desconstruído seus pilares

pouco a pouco. Aliás o próprio conceito desconstrutivista é forjado naquele

período. A sociedade, em geral, cansada de ser manipulada, fomenta, na década

de sessenta, os processos de questionamentos que viriam a se evidenciar no

decênio seguinte. Não havia mais volta, pois tinha-se descoberto o conceito de

alteridade, abrindo-se, com ele, grilhões milenares. No âmbito social, as novas

posturas, que se delineavam nos anos setenta, eram incitadas pelos movimentos

anticoloniais, étnicos, feministas, homossexuais e ecológicos, forças políticas

emergentes naquela época.

De outro termo, a academia não podia ficar à margem de todas as

convulsões sociais que se apresentavam. A escola francesa pós-estruturalista

de Foucault, Deleuze, Barthes, Derrida e Kristeva passou a intensificar os

debates sobre “a crise e o descentramento da noção de sujeito”158. Entre os

pensadores citados, Jacques Derrida foi o mais adequado às questões feministas

naquele período. A preocupação dele, em diversos trabalhos, com a situação

da mulher, levou-o a melhor adequar a imagem de outro a ela.

Jacques Derrida (...) estabelece como eixo dessa metafísica ofonocentrismo – o reinado do sujeito ou primado da voz consciência – o,logocentrismo – o primado da palavra como lei – e o falocentrismo – oprimado do falo como árbitro da identidade.159

158 HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Introdução; Feminismo em tempos pós-modernos. In:___ (org.). Tendências e impasses: o feminino como crítica da cultura. Rio de Janeiro:Rocco, 1994. p. 9.

159 idem.

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Cabe acrescentar que esses conceitos foram forjados dentro de uma

ruptura ainda maior: o Desconstrutivismo.

A ‘desconstrução’ é o nome dado à operação crítica através da qual taisoposições podem ser parcialmente enfraquecidas, ou através da qual sepode mostrar que se enfraquecem parcial e mutuamente no processo designificação textual.160

Apesar da aproximação entre o pensamento feminista e as teorias

desconstrutivistas, as mulheres sentiam que ainda havia outras perguntas

que elas deveriam elaborar. Será que já se havia encontrado o sujeito mulher?

Será que ele existe como entidade? O topos buscado por elas ainda era utópico?

Exige-se uma abordagem teórica e metodológica em que a questão do feminino,

com todas as implicações que possam advir do termo, seja explicitada, sem

perspectivas essencialistas ou biologizantes.

Não propondo leituras tão extensas, nos ateremos a repensar a

História Literária através de algumas das teorias feministas em voga

atualmente. A historiografia oficial tem sido escrita e ensinada pelo

modelo patriarcal, naturalizando de forma afrontosa as relações de poder.

Se criarmos uma alegoria, podemos perceber a similitude entre os

procedimentos de sucessão dos heróis guerreiros e os dos escritores

br i lhantes . Nos dois casos, as mulheres só aparecer iam se

ultrapassassem o metron, mas de antemão já sabendo que o excesso

implicaria o castigo.

160 EAGLETON, Terry. O Pós-estruturalismo. In: ___. Teoria da literatura: uma introdução. 2.ed. Trad. Waltensir Dutra. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p. 143.

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Orando para que os deuses estejam ocupados em outras pendengas

a ponto de não nos perceber, atrevemo-nos a apontar que

(...) a reescritura da história da literatura ocidental demanda trêsatividades distintas:1. A desconstrução da história literária tradicional como parte do discursodas ciências humanas.2. A reconstrução das diversas tradições da cultura femininamarginalizadas e/ou silenciadas.3. A construção de uma nova história literária, como produto de diversossistemas sócioculturais inter relacionados, marcados pelas relações degênero.161

Tomando a tríade anterior como postura norteadora, debruçamo-nos

sobre várias correntes teóricas e sobre diversos escritos, buscando repensar

e ajudar a visibilidade de papéis perdidos no tempo.

Dizer que a feminilidade é uma construção cultural e opressiva não

apresenta nenhuma novidade. O que se mostra conveniente é perguntar

se o feminismo deveria desenvolver características inéditas, normatizando,

ainda, a mulher em oposições binárias. Afirmar a força, a integração com a

natureza e a criatividade como feições dessa nova mulher, seria tão rotulador

quanto a etapa anterior, pois restringiria o desejo daquelas, que não

quisessem assumir o papel de Grande Mãe.

Aliada a essa oposição, há ainda a ressalva de acreditar nas experiências

femininas, em sentido lato, como base exclusiva para análise das condições

das mulheres em geral: seria uma prática reducionista e infundada. Afinal,

161 LEMAIRE, Ria. Repensando a História Literária. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de(org.). Tendências e impasses - o feminino como crítica da cultura. Rio de Janeiro:Rocco, 1994. p. 67.

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compartilhar experiências não implica necessariamente posicionamentos

convergentes. Nós, brasileiras, bem o sabemos...

Buscando questionar o impasse do feminismo atual, encontramos Toril

Moi, em “The feminist reader”162. A autora apresenta que a relação dialética

marxista entre teoria e prática pode ser cotejada com a experiência feminina e

as políticas feministas, ou ainda, a escolha de textos de mulheres como alvo

de investigações para as críticas feministas deve ser encarada como uma prática

política, e não como um pressuposto definitivo e excludente. Se assim o fosse,

incorreríamos em outra redução, pois obliteraríamos as contribuições da

tradição feminina que não fossem partidárias desse discurso.

A partir desse raciocínio, somos levadas a iluminar outra vertente

em voga nos estudos feministas atualmente: a observação dos contextos

periféricos como entidades polissêmicas e das cisões advindas dessas

realidades. Esclarecemos que a utilização do conceito de periferia se

deve às propostas recentes de leituras multiculturais, que apresentam

os países um dia colonizados, por exemplo o Brasil, como um espaço

possível para a construção de um novo olhar sobre a sociedade. A

condição pós-colonial viabiliza a apresentação de posicionamentos

renovados e criativos em contraponto às sacralizadas visões das

metrópoles, o dito eurocentrismo.

162 MOI, Toril. Feminist, female, feminine. The feminist reader. London: MacMillan Press,1989. p. 117-132.

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Seguindo essa corrente, deparamo-nos com um texto de Gayatri

Spivak, “Quem reivindica alteridade?”163, o qual discorre que os estudos

feministas devem atentar, se se quiserem relevantes, sobre a cisão entre

as mulheres nos diversos contextos periféricos. A teórica acredita que,

ao observarmos a totalidade social de hoje, não podemos desprezar as

diferenças entre as emancipadas e as subalternas. Afinal, estas se

encontram duplamente deslocadas: por não lhes ser permitida a voz na

sociedade e por ter seus conhecimentos orais desprestigiados como

saber. A falta de oportunidades lhes acaba incutindo valores masculinos

estratificados, o que, conseqüentemente, é reproduzido por elas,

causando a perpetuação das esferas subalternas. Ampliando o

pensamento para um panorama nacional, a postura inferiorizada de

muitas mulheres acaba por corroborar na atrelagem do próprio país às

esferas coloniais, pois, repetindo ad nauseum os mesmos modelos

instituídos outrora pelas metrópoles, junge-se a um gigantesco círculo

vicioso. Ao tornarem-se reprodutoras de antigos códigos eurocêntricos,

estão alicerçando o discurso patriarcal e se condenando à discriminação

completa, seja externa ou entre seus pares.

Encarando a possibilidade de nosso discurso parecer falacioso, ingênuo

ou indevido, acreditamos que refazer a História, seja ela literária ou não, implica

163 SPIVAK, Gayatri. Quem reivindica alteridade? In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.).Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco,1994. p. 198.

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a paulatina e morosa reestruturação dos processos educacionais. Trabalhando

apenas o enunciado, não alcançaremos jamais a enunciação que propõe

(...) o estabelecimento e restabelecimento persistentes, a repetidaconsolidação do não feito, de uma estratégia de educação e pedagogia desala de aula preocupada com soluções provisórias para oposições como asentre-secular e não-secular, nacional e subalterna, nacional einternacional, cultural e sócio política, através de sua cumplicidade.164

O enfoque de pesquisas litero-arqueológicas, por exemplo, não deve

estar apenas em preencher lacunas, senão em trazer à luz nomes encobertos

tendenciosamente. A seleção de textos para revisões historiográficas, assim

como as leituras que desmintam o Iluminismo ocidental, são requisitos mínimos

para uma real emancipação, pois no seu bojo se fomentaria a tão discutida

descolonização.

Vagarosamente, a conjuntura feminina vem ganhando novas tonalidades,

imiscuindo-se na vida intelectual e na artística com grande força e participando

ativamente dos debates estético-teóricos. Mas essa emergência não pode ofuscar

as conquistas sociais que ainda devemos buscar. No âmbito literário, a corrente

de estudos feministas ou a recherche de uma mulher perdida têm sido

aclamadas e, justamente, nessa linha se insere este trabalho, buscando

clarificar as searas até aqui trilhadas e as que ainda hão de ser.

Nomes como Narcisa Amália, Patrícia Galvão, Carmen Dolores já vieram

à luz, mas outros como Chrysanthème, por exemplo, estão quase

164 idem.

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161

integralmente obscurecidos, mesmo nos meios acadêmicos. Quem foi

Chrysanthème? Sua produção tem realmente valor além dos limites do

simples desvelamento? Essas perguntas povoam nossos pensamentos há

anos e parece que, só agora, eles começam a ser organizados.

Conforme Barthes, texto de prazer é “aquele que contenta, enche, dá

euforia, aquele que vem da cultura, não rompe com ela, está ligado a uma

prática confortável da leitura”165. Entretanto, o que interessa para nossa

pesquisa e que entendemos como uma possibilidade para investigação do

universo da autora é o que o autor chama de texto de fruição:

aquele que põe em estado de perda, aquele que desconforta (talvez até umcerto enfado), faz vacilar as bases históricas, culturais, psicológicas doleitor, a consciência de seus gostos, de seus valores e de suas lembranças,faz entrar em crise sua relação com a linguagem.166

É esse desconforto provocado que nos leva a refletir sobre a trajetória

de Chrysanthème, as conseqüências de seu despertar para a realidade que

a cercava e a reação que esse processo provocava no leitor. Chrysanthème

apresentava-se como uma voz tão peculiar em seu tempo que nos obriga,

no mínimo, a importunar o leitor, causando-lhe uma comichão para conhecer

melhor sua expressão lítero-jornalística. Além da questão das normalistas,

a própria profissionalização feminina era tópico constante em seus textos,

como nos atesta a citação a seguir:

165 BARTHES, Roland. O prazer do texto. 3. ed. Trad. Jacó Guinsburg. São Paulo: Perspectiva,1993. p. 20-21.

166 idem.

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162

O trabalho feminino é já, entre nós, um facto, mas o seu resultado éainda por emquanto um problema. Em todas as occasiões em que umamulher é chamada no Rio de Janeiro a mostrar o seu esforço, a suaenergia, o seu talento, a mesma duvida, a mesma ironia e a mesmaexploração a recebem e a diminuem.(...)Deixem que os homens riam (...)Rira bien qui rirá le dernier!167

Entretanto, nem só de exploração viviam os homens. A cronista nos relata

que se fomentava nas novas gerações um processo de valorização da participação

feminina na construção da sociedade brasileira. Sabemos que o movimento ainda

era muito incipiente, mas já era um começo e não podemos deixar de apontar o

registro da existência na época de que alguns estavam abertos a conversações...

Elle [Sr. Borja de Almeida] escreve: ‘Considerando o papel que a mulherrepresenta para o homem como a sua eterna educadora, presidindo aodesenvolvimento da sua infancia, formando o seu caracter, aprestando-opara as lutas e os embates da vida, chegamos á conclusão logica de que oconcurso da mulher em qualquer movimento social, que se esbóce noseio das sociedades organizadas, é mais do que imprescindivel – édecisivo.’168 [grifo nosso]

Como sabemos, em todo movimento há aqueles apaixonados que não

conseguem perceber qualidades em seus adversários e o feminismo não fugiu

a esse procedimento. Algumas militantes mais aguerridas não viam nossa

cronista com bons olhos por essas aproximações com os homens; afinal, além

de ela ouvir o que os homens tinham a dizer, negava-se, como feminista, nos

moldes tradicionais.

Para certos grupos de feministas era altamente desmoralizador que uma

mulher proeminente não se declarasse partidária das propostas da maioria, como

167 CHRYSANTHÈME. O trabalho da mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 set. 1919. p. 4.168 CHRYSANTHÈME. O verdadeiro papel da mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 1º mar. 1920. p. 4.

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o voto, por exemplo. O que não se reconhecia na época era que a prática política,

para a escritora, estava no trabalho continuado e não em discursos inócuos.

Hoje, distanciadas, percebemos que ela estava mais preocupada com o que

determinados poderes fariam do despreparo em que se encontravam suas

contemporâneas, facilmente influenciáveis, mesmo que se declarando

extremamente independentes.

Não ignoro a irritação que desperto em alguns corações femininosdivergindo, como o faço sempre, da opinião corrente que quer empurrar amulher, com demasiada precipitação, para a igualdade dos sexos, para asurnas, quando esta se acha ainda sem preparo, entre leis mal formadaspara ella e sem a protecção de uma personalidade forte. Eu soffro de ummal sem cura e que na nossa terra, de embriaguez constante, causadapela exuberancia da nossa natureza e perfume da nossa atmosphera, setorna imperdoavel. Tenho horror ás palavras bellas e pomposas, pullulantesno nosso cantante idioma, mas tão desprovidas de sentido e de sinceridadeque echoam no ar como vistosos foguetes sem bomba. Não, eu não soufeminista, locução entre irritante e ridicula, se feminismo significa aentrada da mulher na arena politica, arena de cubiça e dedesfallecimentos de caracteres.169

Ao mesmo tempo que Chrysanthème se entrega ao compromisso com os

direitos trabalhistas femininos, não se deixa cair na esparrela de defender qualquer

uma, pelo simples fato de a esse grupo ela pertencer. É a memória individual

aparecendo para questionar os desvarios da coletiva, em alguns pontos. Ninguém

a poderá acusar de falta de critérios. Bater-se-á, mas por aquelas que do trabalho

necessitam e não pelas que dele fazem galhofa ou ocupação momentânea: “Estas

adoptaram sómente essa nova fórma de chiquismo, como acreditadas mais

interessantes e mais lucrativas no seu grande e arduo trabalho de seducção ao

homem”170. Também não compactua com as mulheres que não encontram alegria

169 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 nov. 1921. p. 3.170 CHRYSANTHÈME. O trabalho da mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 set. 1919. p. 4.

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no trabalho realizado, pois invejosamente gostariam de estar no lugar das

privilegiadas que vão aos cinemas e às vitrines. Aquelas são ainda piores do que

estas, pois não honram as lutas pela entrada no mercado e descontam sua

amargura no dia-a-dia, destratando ou infernizando a todos:

Eu sempre prestei uma grande homenagem á creatura do sexo ‘soi disant’fraco, mas que o torna forte pela utilidade do seu viver, pela galhardiacom que maneja a espada contra a ociosidade.Sómente, se esse trabalho é despendido entre flatulencias azedas de mádigestão, entre bocejos de fadiga, resultado de fraqueza physica ou moral,eu julgo a elevação da mulher a esse posto de sacrificio, a verdadeiracalamidade para os que são obrigados a dirigir-se a ellas. Não vamos comtanta sêde ao pote ou o pote se quebrará e nós nos engasgaremos com oscacos ou com a agua.171

3.2.2. Indicações da crítica de costumes

Várias são as temáticas que colhe para registrar, a guerra, por exemplo,

é uma delas, questionando o discurso de que seria feita pelos e para os homens.

Apresenta, inclusive, a inversão do discurso do sofrimento, tratando sob a

ótica inovadora dos que ficam na terra, ou melhor, daquelas que suportam a

dor de ver seus entes queridos partindo e o medo da invasão, outra forma de

apontar a memória coletiva feminina. Ao mesmo tempo, Chrysanthème não se

furta a mostrar a força das mulheres na garantia da sobrevivência da família e

do próprio Estado durante os tempos belicosos:

Sim, as mulheres devem ser ouvidas, porque certamente sendo asprimeiras victimas – e as victimas indefesas da guerra, ellas têm o direitode se pronunciarem, nem que seja sómente para aconselhar aos homensque dellas dependem que esqueçam a exuberancia e a ambição tão

171 CHRYSANTHÈME. Um pequeno inferno. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 jul. 1921. p. 5.

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communs no sexo, que não sei bem porque appelidam de forte, e tenhamcriterio, energia e continuidade nas acções. E depois, a insuspeiçãofeminina é a unica verdadeira e completa, não tendo, como têm oshomens, o objectivo da lucta travada, do orgulho triumphante, do valoracclamado ao som do clarim de guerra. Para a mulher, na guerra, sóexistem o sacrificio, o soffrimento, a dôr. Quer ella fique em casa, querella vá para a Cruz Vermelha, só a dôr a acompanha, só a morte aenvolve.172

Esse trecho selecionado, além de demonstrar seu conhecimento da

situação bélica da Europa, nos apresenta simultaneamente a (re)visão da autora

sobre o comportamento adequado da mulher na sociedade, questionando a

permanência de uma memória que mostra a mulher com atitude infantilizada

e subserviente. Certamente seus textos feriram os ouvidos de muitos, que não

aceitavam que ela se imiscuísse em questões tão delicadamente masculinas.

Por esse motivo, Chrysanthème passa a aperfeiçoar uma técnica de

dissimulação: publicava textos polêmicos, mas sempre encontrando uma

maneira de parecer subserviente, disfarçando suas intenções de desconstruir

a memória coletiva que tinha sido construída.

A história de cada um é face da história do conjunto e no que concerne

ao coletivo não se pode falar em conjunto vazio, muito menos em conjunto

unitário. Halbwachs esclarece:

se a memória individual pode, para confirmar algumas de suaslembranças, para precisá-las, e mesmo para cobrir algumas de suaslacunas, apoiar-se sobre a memória coletiva, deslocar-se dela, confundir-se momentaneamente com ela; nem por isso deixa de seguir seu própriocaminho, e todo esse aporte exterior é assimilado e incorporadoprogressivamente a sua substância. A memória coletiva, por outro lado,envolve as memórias individuais, mas não se confunde com elas. Elaevolui segundo suas leis, e se algumas lembranças individuais penetramalgumas vezes nela, mudam de figura assim que sejam recolocadas numconjunto que não é mais que uma consciência pessoal.173

172 CHRYSANTHÈME. A mulher e a guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 12 nov. 1917. p. 2.173 HALBWACHS, Maurice, 1990, op. cit., p. 54.

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Em muitos escritos, encontramos esse procedimento de dissimulação

frente a distintos assuntos: assume-se como mulher e, portanto, desinformada

e humilde. Apesar de todos os questionamentos que lança, está sempre dizendo

algo como “Livre-me Deus da tentação de penetrar os mysterios e as intrigas

da política”174, indicando uma veia irônica que mais tarde se tornaria ainda

mais mordaz. Não obstante suas palavras, o que ela está em verdade tecendo

não é a sua (nossa) história que faz parte da história geral? “Em 1762, Henry

Home dá uma definição que retoma a de Shakespeare: ‘o verdadeiro humor é

próprio de um autor que aparenta ser grave e sério, mas pinta os objetos de

tal maneira que provoca a alegria e o riso’ ”.175

Nessa direção, esforçava-se por abrir espaços para que as histórias

de cada uma das mulheres por ela representadas pudessem fazer parte da

história geral, ou seja, questionar as necessárias transformações nos

imaginários masculinos e femininos de então. Convinha, por exemplo, para

fortalecer essa quebra de paradigmas, o estabelecimento de condições de

trabalho para as mulheres.

Chrysanthème, como afirmamos anteriormente, escolhia as lutas por

que ia bater-se, mesmo que os direitos das mulheres estivessem envolvidos.

Assim foi com a campanha que empreendeu para a entrada das mulheres

na Academia Brasileira de Letras, enfrentando nomes de monta na época

174 CHRYSANTHÈME. A mulher e a guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 30 abr. 1917. p. 2.175 MINOIS, George. História do riso e do escárnio. Trad. Maria Elena O. Ortiz Assumpção.

São Paulo: UNESP, 2003. p. 424.

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por acreditar na relevância da questão. Esta contenda, citada em outro

momento, valeu-lhe a antipatia de nomes como o de Lima Barreto, além

dos desafetos que já possuía. Escolhemos trechos que comprovam sua

interferência nesta passagem, sempre com a ironia e, por que não dizer,

com o sarcasmo habituais:

Congratulemo-nos, minha senhora, pela interdição decretada peloshomens, que, com ella, nos vedam a entrada á Casa dos immortaes! Quetodos os carrilhões badalem os grossos sinos em regozijo a essa idéa, quenos impede de juntar ás paixões proprias do nosso sexo outras mais tristes,mais complexas, mais sinistras, que formam a mentalidade dos que,anciosamente, gulosamente, num pesadelo, num estertor de desejo agudo,deliram diante da espectativa de envergar o fato verde e as palmasacademicas.(...) Como todos os homens são mortaes, até mesmo os immortaes, disputa-se a cadeira de um qualquer futuro morto, com uma embriaguez, umaousadia e uma coragem... macabras.(...)Confessemos, minhas senhoras, que nunca ousariamos proceder assim.‘Esperar pelos sapatos de defunto’ (...). Asseguro-lhes que estão perdendoa linha e, na Academia de Immortaes, a linha devia ser tudo.176

Não se atingiu o intento de abrir as portas da Casa dos Imortais às

mulheres naquele momento na pessoa da escritora Gilka Machado, mas

Chrysanthème não deixa, ainda assim, de fazer lembrar as palavras de sua

homenageada (Gilka Machado) posteriormente:

Quarta-feira, recordámos e homenageamos os nossos mortos, vencedoresdas lutas e dos delirios do planeta. Julgámos que as nossas floras e asnossas saudades chegaram até elles. E’ preciso, porém, que lhesobedeçamos as ordens, visto que elles mandam e que, para o equilibrio domundo e o nosso proprio, ouçamos e cumpramos os seus avisos. E paraterminar estas linhas, transcrevo o lindo verso de Gilka Machado, no seunovo livro ‘Sublimação’. Lavemo-nos das mascaras / histrioticas tenhamosa coragem de propalar a existencia / eternado sentimento; ponhamostermo a esses / malabarismos de palhaços falsos da modernidade,permanecendo differentes de ante da multidão insensibilizada,enferma.177

176 CHRYSANTHÈME. Molestia da moda. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jun. 1921. p. 5.177 CHRYSANTHÈME. Homenagem aos mortos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 06 nov. 1938. p. 1.

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Malgrado os assuntos que abordava, Chrysanthème mantinha o gosto

pelo riso, conforme demonstramos anteriormente: ria de si e das figuras

que registrava em seus passeios. Utilizava a ancestral técnica de corrosão

das estruturas pela via parodística. Tal procedimento, recorrendo ao

humorístico, de acordo com o apresentado no capítulo referente à crônica,

não é usual na escritura de mulheres, historicamente mais voltada para o

sentimentalismo e para o intimismo. Ela, ao contrário, recorrerá a esta

forma com bastante freqüência, ora se ligando à sátira com o seu tom de

ataque explícito, ora se imiscuindo sutilmente pela ironia, como estratégia

de questionamento dessa memória feminina coletiva que tendia a posturas

carrancudas. Tudo isso testemunha uma necessidade inveterada de zombar,

escarnecer, troçar. Nas palavras de Swift, “... é preciso que eu ria de tudo o

que vi todos os dias de minha vida”178. Ou nas da própria cronista:

No estado de mentalidade, predominando no momento, rimos-nos de tudo,comtanto que não interrompamos a nossa marcha pelo caminho da fuzarcanacional. Tudo nos serve de distracção e, mesmo debaixo de uma abobadade aço azulado, requentada de luz e de calor, precipitamos-nos pelasarterias centraes, surdos, de rostos vultosos, com os motores cardiacosarrebentando de desusada pressão, mas satisfeitos porque estamos a nosdivertir e o vulgo, vê que a farra é o nosso objectivo, mau grado calor,chuva, e successos de todo genero.179

No trecho a seguir, testemunhamos um exemplo de humor paródico,

exercitado sob um viés satírico, comprovando nossa tese de que a autora

tomava o riso como postura denunciatória:

178 SWIFT, Jonathan apud MINOIS, George, op. cit., p. 430.179 CHRYSANTHÈME. A canicula. Correio Paulistano, São Paulo, 10 jan. 1930. p. 3.

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O pierrot (...) – Então, estiveste em Petrópolis, hein, felizardo? Então estamosbem de dinheiro?O leão (vaidoso) – Naturalmente, porque de outra maneira não poderia ira Petrópolis, que se tornou este anno, mais do que nunca, o rendez-vousda nossa aristocracia acalorada.(...)O pierrot (...) – Mas deixa-me dizer-te que és magnifico caloteiro. Vaispara Petropolis, gastas em divertimento e os teus pobres credores choramaqui, emquanto tu te divertes, hein, maroto?(...)O leão (...) – Que queres tu de mim?O pierrot (...) – Queria cem mil réis do conto de réis que me pedisteemprestado e que até agora esqueceste de me dar.180

Ainda tratando da temática do Carnaval nos apresenta a seguinte crônica:

No fundo, a humanidade, sómente nesses dias vermelhos, realiza o seuideal de fraternidade, de igualdade e de... fusão. Sob a mascara e debaixoda influencia do delirio jocoso, a collectividade surge uma só, unida eequalitaria. Terminadas, pois, as separações sociaes, desfeitos os ‘clansgedeonicos’. No Carnaval como na morte, a differença das classes é seamanchada, o tal sangue azul, uma ‘blague’ e a famosa aristocracia, umfantasma...181

Chrysanthème sabe que precisa fazer atraentes os seus escritos, não

pode ser apontada como aquela desvairada ou mal-amada que atinge a tudo e

a todos. Na República das Maledicências, precisa proteger-se o mínimo que

seja, afinal.

(...) ainda nos resta um prazer e a elle nos atiramos com unhas e dentes,como um cão faminto se atira ao unico osso que encontra: – é o prazer damaledicencia. Esse prazer é o nosso regalo, é o nosso unico deleite. (...)Falar dos outros! Que delicioso prazer!182

Faz rir as gentes, faz pensar a outros tantos, mas se preocupa em balouçar

entre críticas acirradas, devaneios açucarados e risos de salão, para não

afugentar quem mais lhe interessa: o público. Percebe-se uma consciência da

autora sobre a importância da presença do leitor para a manutenção de sua

180 CHRYSANTHÈME. Dialogo carnavalesco. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 fev. 1915. p. 3.181 CHRYSANTHÈME. Delirio Collectivo. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 27 fev. 1938. p. 1.182 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 mai. 1915. p. 2.

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produção, seja como consumidor, seja no papel de interlocutor. Confirma,

enfim, com o seu vai-e-vem temático, saber que a profissionalização do escritor

depende do consumo diário do jornal e da repercussão que ele terá nas rodas

de leitura. Para Chrysanthème, assim como Voltaire, isso se torna uma razão

de viver: “Eu sempre me deito com a esperança de zombar do gênero humano

ao acordar. Quando essa faculdade me faltar, será um sinal seguro de que

está na hora de partir”.183

Entretanto, só podemos perceber tal procedimento, quando tomamos

contato com a obra em visão panorâmica, pois descobrimos que a autora

constantemente entremeará suas polêmicas mais exaltadas com textos ditos

leves: breves cenas domésticas, descrições de passeios ou paisagens,

comentários sobre a vida cultural e as personalidades em destaque naquele

momento ou cartas abertas dos leitores.

O riso é, antes de tudo, uma correção. Feito para humilhar, ele deve darà pessoa que o motivou uma impressão penosa. A sociedade se vinga, pormeio dele, das liberdades que tomam com ela. Ele não atingiria suafinalidade se tivesse a marca da simpatia e da bondade.184

A cronista demonstra, no corpo de sua obra, saber defender suas causas

sem enfadar o público cativo, aprendendo, ao longo de sua carreira, a dosar a

pujança dos primeiros tempos. Não a tomem como uma vira-casacas, antes

vejam-na como uma estrategista que tece suas artimanhas nos panos de fundo.

Prática, aliás, velha companheira das estratégias femininas. “Em qualquer

183 MINOIS, George, op. cit., p. 430.184 BERGSON, Henri apud MINOIS, George, ibidem, p. 524.

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disputa é preciso deixarmos de aparentar aquilo que somos. Portanto, a arte

de esconder as próprias intenções é fundamental para qualquer estrategista”185.

Há, no entanto, outra estratégia textual que merece destaque pela

recorrência com que aparece: o uso das reticências. Em grande parte dos seus

textos, utiliza este expediente, quando deseja introduzir uma ironia, porque,

mesmo quando não escolhe o caminho histriônico, não se furta ao humor

fino, afinal a memória se constrói, também, nas lacunas como testemunham

os fragmentos a seguir:

(...) Palavra de ministro é como palavra de rei: não volta atrás. Verdadeseja que os ministros têm... poucas palavras.186

Tudo é perdoado, tudo é encanto na creatura do sexo fraco, que tem comounico objectivo o anhelo desse sultão, que a comprehende mal, quandocogita della, no anceio unico de dominal-a e de... escravizal-a.187

De qualquer maneira, convém

ressaltar que, de uma forma ou de outra,

Chrysanthème vai construindo uma

narrativa coerente, sabe-se que lutará e

para tanto é necessário lançar mão de

diversas abordagens: a equipe de assalto

ou a espiã ditosa. Há momentos para agredir e outros para tecer críticas

favoráveis como o faz na passagem a seguir, a respeito do cinema nacional:

185 SILVA, Carlos Lima. Harmonia no conflito: a arte da estratégia de Sun Tzu. Rio de Janeiro:Qualitymark, 1999. p. 117.

186 CHRYSANTHÈME. O alliado carnavalesco. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 fev. 1918. p 2.187 CHRYSANTHÈME. O trabalho da mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 set. 1919. p. 4.

12 - Palácio Monroe (c.1930)

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O ‘film’ nacional começa a ser um facto... A bonequinha de sêda de OduvaldoVianna tem arte, espirito e ambiente. Alguns detalhes, technicos peccamainda pela falta de experiencia, pelo exagero e pela confusão, mas todosesses erros serão corrigidos certamente pelo tempo. Esta satyra graciosacontra a frivolidade da época, contra a soberania das roupas, e contra amodestia de alguns, vencida e esmagada pela altaneira attitude dos ricos,marca uma data, denuncia a mentalidade da hora. A scena do elevadorem que certa melindrosa barata, mas envergando sedas, merece que oshomens lhe tirem o chapéu enquanto a pobrezinha, mulher tambem,porém mal trajada, não é digna de tal honra surge como uma synthesedos costumes e da péssima educação moderna. É familiar e flagrante emdemasia. A ‘Pechinchinha’ com o seu sorriso sceptico de pobre, habituadaaos achincalhes dos ‘cavalheiros’ actores, arremata bem a scena. Lé-senesse ‘rictus’ doloroso, que será indispensavel vestir sedas e possuirautomovel, para se ser então respeitada, embora o dinheiro, com que secompra umas e outro, nem sempre seja limpo e licito. A sociedade‘parvenue’ de hoje exige como sellos do seu passaporte, para entrada nossalões, ‘toilettes’, futilidade algumas palavras em inglez e gestos de artistade segunda classe.(...)Oduvaldo Vianna foi deveras feliz na elaboração desse ‘film’, caricaturaencetada a ‘bisturi’ sobre a pelle reluzente de cosmeticos da collectividade,futil e imbecil do momento.(...)Na minha humillima opinião, é ‘Bonequinha de Sêda’ o primeiro ‘film’brasileiro que se póde assistir sem crispações de desgosto, sem desanimoe sem melancolia. Faz rir, faz vibrar, faz reflectir... ‘II y a quelque chose ládedans’.188

Fazer-se coquete e dissimular as intenções com posturas humildes

não desprivilegiam a obra, pois a cronista não está fugindo às suas polêmicas,

apenas evitando o confronto constante que poderia gerar o desgaste de

suas palavras. Smart, nossa escritora sabe manter-se em evidência, sem

empenhar sua credibilidade. O público tinha por sua pena o respeito de

saber que não lhe faltaria coragem para combater as injustiças, mesmo

que elas surgissem entre seus pares, como aconteceu em episódio com

Gilberto Amado.

(...) Não ha bella phrase de chronista, nem lyrico pensamento de poeta,que possa dar uma idéa do que sentiu Annibal Theophilo, quando, numrelampago, comprehendeu que sua vida se terminaria ali estupidamentecortada pela bala de um degenerado, (...)

188 CHRYSANTHÈME. A bonequinha de seda. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 28 fev. 1937. p. 1.

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(...)O Sr. Gilberto Amado, no seu confortavel gabinete do quartel de cavallariada brigada, tem naturalmente o coração pesado de remorso e de fundoterror! Não se mata impunemente um homem e não se transgride com osorriso nos labios todas as leis da mais simples humanidade.189

Para os que não sabem, Gilberto Amado era um cronista de renome na

época e sucedeu Carmen Dolores, mãe de Chrysanthème, no comando da

coluna “A Semana”, quando do falecimento da genitora. Mas nenhuma

consideração merecia Gilberto após o ato insano; a ninguém, pelo motivo que

fosse, seria permitido retirar a vida de outrem. A partir do quadro instaurado,

a autora inicia uma série de crônicas, exigindo que a lei fosse cumprida. Não

temos, entretanto, notícias do final desta pendenga.

Aliás, desafetos públicos não faltavam à vida de nossa escritora. Além

deste que acabamos de citar e da desavença cultivada entre ela e Humberto

de Campos, que tivemos a oportunidade de relatar, veio a criar um adversário

poderoso – Rui Barbosa. A ela, não interessava que o famoso senador tivesse

ou não estado em Haia; se aparecia oportunidade, cravava-lhe críticas sobre o

estilo presunçoso, denunciando suas desconfianças sobre a capacidade de o

político vir a sentar na cadeira da presidência.

(...) quando essas peças cascateantes de phrases só versam sobre asqualidades do individuo que as profere, sinto em mim uma alma de gavrocheprompta ás vaias, aos assovios, aos disturbios. Assim o discurso doeminente senador Ruy Barbosa, pronunciado diante da grave e impeccavelassembléa que fórma a Associação Commercial, causou-me um profundodesgosto por não ter eu podido, sempre munida da minha alma de gavroche,lançar na sala silenciosa e cheia, a transbordar de gente virtuosa ecorrecta, aquelles pequenos silvos que denotam irritação ou motejo.190

189 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 28 jun. 1915. p. 3.190 CHRYSANTHÈME. Um gesto desastrado. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 mar. 1919. p. 3.

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Imagine!?! Que audácia!?! Vaiar Ruy Barbosa... Esta senhora não tinha

modos e não conhecia o seu lugar. Na verdade, ela conhecia e por esse motivo,

às vezes, (mais do que se poderia esperar) não conseguia ficar calada. A crônica

em questão foi escrita no período de eleições presidenciais e ratificada na

semana seguinte com outra que versava sobre a hipocrisia dos correligionários,

que declaram o voto de acordo com o interesse ou com o interlocutor. Assim

verificamos no trecho a seguir:

(...) Ao lado dos apaixonados por um ou outro dos apresentados para chefesdo Estado, ha ainda os hesitantes, os dubios, os occasionistas, aquellesque esperam pelo fim das eleições, para então dizerem o seu dernier motsobre o caso. Existem tambem os espertalhaços e os velhacos e são estesos que, apoiando o Ruy diante dos ruystas, afagam o Epitacio diante dosseus adeptos.191

As eleições presidenciais vieram a se mostrar temática recorrente

na obra periodística de Chrysanthème, como nos testemunha o fragmento

a seguir:

Julio Prestes, pela sua acção na Paulicéa, provou que merece ser osubstituto do grande Washington Luis. Relembrando o seu governo atéhoje, até esse instante em que o seu nome cahirá nas urnas como oeleito para esse cargo supremo de magistrado da nação brasileira, (...)(...)Às urnas, cidadãs, às urnas, (...)(...)Tudo, no mundo, é feito pela mulher e para a mulher.192

Entretanto, nem só de inimizades foi a vida da escritora; em alguns

momentos lhe valeu a pena para ser reconhecido o seu valor nas letras. Ninguém

menos que Paulo Barreto, ou ainda, João do Rio lhe sorriu pelos escritos; o

191 CHRYSANTHÈME. Eleição presidencial. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 abr. 1919. p. 4.192 CHRYSANTHÈME. Às urnas... Correio Paulistano, São Paulo, 1o mar. 1930. p. 2.

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célebre retratista das ruas e tipos do Rio de Janeiro mereceu, pelo carinho

demonstrado em várias ocasiões, um réquiem a sua altura composto pela amiga.

João, ao contrário de muitos, soube perceber a sagacidade do olhar de

Chrysanthème, sobre a sua época, talvez por ser ele também um fotógrafo das

esquinas (escuras) do Rio de Janeiro:

(...) Quando montou A Patria, chamou-me logo, pediu-me o meu romanceFlores modernas e diariamente, á medida que o entrecho ia surgindo, elleme elogiava, elle me fazia corar de orgulho com as suas palavras deestimulo e de applauso.193

Os dois autores acompanharam a transição do Brasil Imperial para o

regime republicano e perceberam como foi marcada por uma série de

contradições, característica das mais freqüentes na cultura do nosso país.

A República era um regime que vinha imbuído de modernidade, mas,

paradoxalmente, significava um dos momentos mais autoritários da História

do Brasil, apesar de trazer em seu bojo o ideal da participação popular em

suas decisões. Ao assumir o poder, a liderança militar que havia capitalizado

o movimento republicano tratou logo de afastar quem não se enquadrasse,

desde a primeira hora, no novo regime, fazendo uso de recursos drásticos.

Figueiredo assim retrata este período da história:

Nos primeiros anos de República, evidenciam-se dois mundos de valoresna contradição entre as mentalidades e a elaboração do sonho republicano.De um lado, o mundo dos valores e idéias dos intelectuais, em plenoprocesso de desilusão com o novo regime; do outro, as classes pobres, quenunca haviam sido tocadas pelas promessas dos republicanos. Para ogrosso da população, o ideal republicano traduziu-se em atitudesrepressoras, como prisões, deportações, destruição de cortiços e favelas,

193 CHRYSANTHÈME. Paulo Barreto. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jun. 1921. p. 4.

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para atender aos apelos do progresso e da ciência. Assim a intimidação ea violência justificavam o saudosismo crescente da política imperial, alémde evidenciarem a inconsistência do novo regime.194

Com o novo regime, ascendia uma oligarquia que já havia

amealhado conchavos e identificado interesses mútuos muito antes do

último baile do Império, tornando-os carros-chefes da causa republicana.

Destarte, o projeto de modernização da sociedade brasileira estava

atrelado ao projeto republicano, cujos interesses, por sua vez, eram

extremamente vinculados a uma intelligentsia formada à imagem e

semelhança do estrato cultural europeu. Sevcenko vê assim o Rio de

Janeiro daquela época:

O advento da República proclama sonoramente a vitória do cosmopolitismono Rio de Janeiro. O importante, na área central da cidade, era estar emdia com os menores detalhes do cotidiano do Velho Mundo. E os navioseuropeus, principalmente franceses, não traziam apenas os figurinos, omobiliário e as roupas, mas também as notícias sobre as peças e livrosmais em voga, as escolas filosóficas predominantes, o comportamento, olazer, as estéticas e até as doenças, tudo enfim que fosse consumível poruma sociedade altamente urbanizada e sedenta de modelos de prestígio.195

É neste panorama que se insere o Rio de Janeiro da Primeira República.

Dando curso à mesma importância adquirida com seu status de Corte imperial,

a cidade migrava para o novo formato de capital da República, ao reunir a elite

política e intelectual do país. Daqui emanavam as decisões que iriam impactar

os demais estados, influenciando decididamente até mesmo a cultura dos

mais recônditos rincões do interior brasileiro. Aqui também Sevcenko retrata

este momento com extrema felicidade:

194 FIGUEIREDO, Carmem Lúcia Negreiros de. Lima Barreto e o fim do sonho republicano.Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995. p. 28.

195 SEVCENKO, Nicolau, op. cit., p. 36.

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A situação era realmente excepcional. A cidade do Rio de Janeiro abre oséculo XX defrontando-se com perspectivas extremamente promissoras.Aproveitando de seu papel privilegiado na intermediação dos recursos daeconomia cafeeira e de sua condição de centro político do país, a sociedadecarioca viu acumular-se no seu interior vastos recursos enraizadosprincipalmente no comércio e nas finanças, mas derivando já tambémpara as aplicações industriais.196

Até então, o Rio de Janeiro era uma cidade que crescia de maneira

intuitiva, de que era retrato evidente o centro urbano. Paradoxalmente coerente

com a própria formação desordenada com que sempre se caracterizou a

ocupação da cidade, o centro urbano carioca se construía por palacetes e vilas

de casas pobres, por sobrados suntuosos e casario humilde ao rés do chão,

por bem-freqüentados teatros e escondidos rendez-vous, por confeitarias e

restaurantes chiques e os mais sórdidos botequins e os populares quiosques.

Ferreira registra a impressão causada a quem torcia o nariz para esta situação:

Diante dessa área considerada degradada pelas elites brasileiras, feia,imunda, perigosa, caótica, a identidade urbana do Rio de Janeiro nãopoderia ser construída. A cidade do desejo negava a cidade real, então acidade devia refletir a imagem de uma urbe higiênica, linda, ordenada.Assim, o discurso higienista não hesitou em apontar as formas popularesde moradia localizadas no centro da cidade como a principal fonte dediversas doenças que assolavam o Rio de Janeiro da época. O centro eraum verdadeiro antro de doenças, que inclusive maculavam a imagem dopaís no exterior, e por esse fato é declarada guerra aos cortiços, que passama ser cerceados por diversas regras impossibilitando a construção de novose a restringir a reforma dos antigos.197

Ao padrão estético europeu, aborrecia todo este excesso de democracia

que cheirava a promiscuidade. Num mesmo espaço urbano, reuniam-se

ricos, burgueses remediados e pobres, como se fosse uma gigantesca

província. O francês que sofisticava os salões era conspurcado pela fala

196 ibidem, p. 27.197 FERREIRA, Fábio. O projeto da cidade republicana: Rio de Janeiro da Belle Époque. Disponível

em http://www.revistatemalivre.com/belleepoque04.html, acesso em 11 jan. 2005.

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popular eivada de gírias e baixo calão. Com tal mistura etnográfica, haveria

muitas dificuldades de se promoverem reformas que transformassem o Rio

de Janeiro numa metrópole européia dos trópicos.

Portanto, para a elite governamental, o caminho mais viável para estas

transformações teria de ser invasivo. Um tratamento de choque, em que as

reformas fossem impostas à população, à semelhança de tudo que já vinha

sendo feito manu militari desde os primórdios da República. Diante destes

antecedentes, entende-se o movimento que regeu o ingresso do Rio de

Janeiro na Belle Époque de inspiração européia: a força das picaretas

orientadas pelas pranchetas dos engenheiros do governo. Antes de uma

adesão cultural, essa transformação da capital foi fruto de uma febre

reformista, patrocinada pelo presidente Rodrigues Alves e capitaneada pelo

prefeito Pereira Passos.

A estratégia adotada pela prefeitura carioca foi a mesma

implementada, entre 1853 e 1870, por Georges-Eugène Haussmann,

prefeito de Paris, que havia recebido carta branca do imperador Napoleão II

para tocar a modernização da capital francesa. Haussmann cumpriu sua

missão à custa de muitas casas derrubadas, ruas destruídas, avenidas

abertas e pobres afastados, até que Paris pudesse vir a ser conhecida, em

toda sua plenitude, como a Cidade-Luz. Pereira Passos, que havia

acompanhado o trabalho de Haussmann na metrópole francesa, foi fiel ao

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modelo aprendido e, a partir de 1903, também liderou a campanha

modernizante sob o signo de “O Rio civiliza-se”. A campanha engolfava a

cidade qual um rolo compressor e, sob essa égide venceu, superando todo

e qualquer esboço de resistência.

Figueiredo prospectou, em pesquisa atenta nos jornais e revistas da

época, o verdadeiro tour de force veiculado pelo bombardeio verbal da imprensa

a favor do embelezamento da cidade

Tratada, a partir de então, como um organismo canceroso, a cidade sofrea ação violenta de destruir, desabrigar, cortar, encoberta por um conceitopositivo de afastamento do mal e do seu veículo, a doença, presente dasnoções de ‘velho’, ‘feio’, ‘fechado’, ‘malcheiroso’, ‘estreito’, ‘sujo’, ‘pobre’,‘imoral’ etc. Qualquer que seja o tratamento proposto, os remédiossintetizam-se em expressões como ventilação, iluminação, aeração,limpeza, que a linguagem oficial reduzia a decretos, slogans, normas eparadigmas justificadores de qualquer ação demolidora, além de envolveras decisões em um invólucro de neutralidade técnica.A imprensa comandava o coro de incentivos à encenação do progresso,nas demolições que apenas iniciavam em 1903, na cidade, sob aadministração do prefeito Pereira Passos, e por isso crescia o número detextos elogiosos em jornais e revistas.198

A demolição dos prédios antigos e sua substituição por edifícios

modernos significaram também uma valorização econômica do centro urbano,

muito bem-vinda para os construtores e financistas que apostaram nesse plano

de melhoramento. Logo se percebe que a Belle Époque no Rio de Janeiro não

apenas foi implementada devido a razões estéticas, mas, também, como a

alegria (econômica) da high society carioca. Era uma campanha pela elitização

da cidade, cuja vitória seria mais comemorada pela burguesia do que pelo

povo personagem secundário ou, até certo ponto, figurante daquela apoteose.

198 FIGUEIREDO, Carmem Lúcia Negreiros de, op. cit., p. 69.

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Como contraponto à euforia da elite, Ferreira lembra as tristes conseqüências

do processo de modernização feito à européia:

Vale ressaltar que esta demolição e a conseqüente expulsão das camadaspopulares sem nenhum plano de apoio, seja através de indenizações emdinheiro ou da acomodação destes em habitações populares, por exemplo,acabaram tendo como resultado a incrementação do início do processo defavelização do Rio de Janeiro. Esses moradores que perderam as suasresidências aproveitavam seus destroços e acabaram por construirhabitações a utilizarem as encostas dos morros e, embora perseguidosna área central, tinha a tolerância das autoridades nos bairros da ZonaSul e na então distante Copacabana.199

Os dois autores – João do Rio e Chrysanthéme – viveram intensamente

todo este momento de transformações e polêmicas, o que provavelmente pôde

aproximá-los seja no trato pessoal seja nas temáticas abordadas em suas

crônicas daquele período. Com olhar crítico, acompanharam toda a febre

modernizante, pontuando aqui e ali com observações oportunas e geniais,

desatando veias satíricas para retratar as situações, os protagonistas e as

intrigas daquele cenário do início do século XX.

Como afirmamos, eram raras as vozes que elogiavam Chrysanthème,

mas podemos fazer alusão ao menos a uma motivação freqüente, que a

mantinha na luta: sua mãe. A morte da genitora não foi suficiente para que se

apagassem de sua mente as dificuldades por que ela (Carmen Dolores) passara

para se afirmar no meio literário e abrir espaço para as outras. O desvelo pela

memória de mãe é constante; não há um aniversário de morte da genitora (16

de agosto de 1910) em que a cronista não lhe dedique a coluna, o que,

199 FERREIRA, Fábio. op. cit.

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subliminarmente, nos indica que, se não havia, por parte dos redatores, uma

liberdade total nos escritos de Chrysanthème, ao menos existia o respeito pela

escolha da pauta, permitindo-lhe manter em cena figuras que tendiam ao

esquecimento.

Selecionamos, dentre as várias crônicas em que vela a lembrança da

mãe, um dos trechos que mais nos tocou, por termos descoberto que, após

tantas batalhas, a mãe de Chrysanthème não teve nem o consolo de reter em

suas mãos o resultado de tantos anos de labor:

Nove annos completaram sabbado, dezeseis de agosto, que CarmenDolores, soltando da mão incansavel a penna robusta, exhalou o ultimosuspiro, abraçada ainda á carta que lhe noticiava a proxima apparição doseu livro de chronicas ‘Ao esvoaçar da idéa’.200

A temática da influência materna na obra de Chrysanthème é bastante

recorrente para que a ignoremos. Ao longo dos anos em que escreveu em

diversos periódicos, vez por outra, deixava transparecer que seus escritos

estavam muito aquém da produção materna à qual devia o mínimo pendor

literário, além, é claro, dos exemplos de vida, clara alusão a uma construção

de memórias familiares que nos remetem aos conceitos de Halbwachs201.

A partir do momento em que Chrysanthème passa a escrever na coluna

“A Semana”, onde Carmem Dolores publicara durante tantos anos, parece

que se sente redimida da figura materna, dizendo: – Consegui mãe, fui aceita,

estou escrevendo uma nova história.

200 CHRYSANTHÈME. Carmen Dolores. O Paiz, Rio de Janeiro, 18 ago. 1919. p. 4.201 HALBWACHS, Maurice, 1990, op. cit.

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Ao pegar na penna para escrever esta columna, creada por CarmenDolores, minha mãi, morta, não posso occultar a minha profunda emoçãoe o meu desvanecimento por me ver, modesta e pequena, herdeira dopensamento e do trabalho da grande escriptora. As minhas primeirasphrases resentem-se da saudade triste e piedosa que ella me evoca, e écom uma lagrima a empanar-me a vista, que traço estas palavras queencimam ‘A Semana’.202 [grifo nosso]

O privilégio de publicar na página de abertura do jornal alça-a a um

patamar de regozijo pessoal que a tornará ainda mais combativa. Ela passara

a possuir o respaldo de uma coluna afamada para lançar suas reclamações,

mas dessas falaremos um pouco mais adiante.

A busca no passado por valores e comportamentos perdidos, ao

contrário do que podemos acreditar, não é uma prerrogativa desse início

de milênio. Talvez esteja mais exacerbada, mas o retorno a um tempo

mítico, em que tudo seria perfeito e no qual nós pudéssemos nos livrar

dos problemas da nossa época, sempre existiu. Chrysanthème, por sua

vez, não fugiu ao modelo: por mais contemporânea que se mantivesse,

haveria sempre em seu coração um lugar para lembranças. O próprio

Halbwachs confessa que:

Durante o curso de minha vida, o grupo nacional de que eu fazia parte foio teatro de um certo número de acontecimentos, dos quais digo que melembro, mas que não conheci a não ser pelos jornais ou pelos depoimentosque deles participaram diretamente. Eles ocupam algum lugar namemória da nação. Porém eu mesmo não os assisti. Quando eu os evoco,sou obrigado a confiar inteiramente na memória dos outros, que não vemaqui ou fortalecer a minha, mas que é a única fonte daquilo que eu querorepetir. Muitas vezes não os conheço melhor, nem de outro modo, do queos acontecimentos antigos que ocorreram antes de meu nascimento.Carrego comigo uma bagagem de lembranças históricas, que passo aampliar pela conversação ou pela leitura. Mas é uma memóriaemprestada e que não é a minha. No pensamento nacional, essesacontecimentos deixam um traço profundo, não somente porque as

202 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 ago. 1921. p. 3.

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instituições foram modificadas, mas porque a tradição nelas subsistemuito viva em tal ou qual grupo, partido político, província, classeprofissional ou mesmo em tal ou qual família; e em certos homens quedelas conheceram pessoalmente as testemunhas.203

Não obstante os momentos de

introspecção, Chrysanthème se obrigava ao

contínuo trabalho com a palavra, floreando204

(com) a pena. Como na vez em que, morando

em Petrópolis, se viu diante das péssimas

condições de transporte:

(...) Não ha quem contenha o riso ou a colera diante do espectaculo ridículoou commovente de senhoras idosas que correm a supplicar logares jámarcados por cavalheiros intrepidos, e que são por elles empurradas coma brutalidade natural a luctadores romanos.205

Ou, ainda, denunciando a falta de condições básicas para a população

e a inabilidade dos seus pares na condução da informação.

Assim, não comprehendo bem que a imprensa, com a sua mania guerreirae tonitroante, supporte com calma e paciencia santas, não só a vida caracomo está, mas ainda a podridão dos generos alimenticios, a asquerosidadedos laticinios, a tuberculose do gado, o acido dos feijoes e mais horrores,que a Saude Publica tem obrigação de fiscalizar, mas que lhe passampelas ventas, como se não cheirasse tão mal como o fazem...206

Ou questionando o sucesso das investidas feministas em nosso tempo:

Parece-me a mim que apezar, de tudo, dos direitos ao voto e dasprobabilidades de occupar cargos masculinos, a mulher de hoje é maisinfeliz do que a do hontem. Sobretudo, nesta nossa terra onde osentimentalismo impera, e isso, apezar das saias estreitas e dos chapéosaltos, dos decótes excessivos e dos cabellos á moda do homem.207

13 - Bonde elétrico

203 HALBWACHS, Maurice, 1990, op. cit., p. 86.204 Florear: 1. cobrir ou ornar de flores. 2. enfeitar. 3. manejar com destreza (espada, florete);

brandir. (...) 5. Apresentar-se com elegância; fazer figura; floretear. LUFT, Celso Pedro.Minidicionário Luft. 13 ed. São Paulo: Ática, 1998.

205 CHRYSANTHÈME. A Leopoldina Railway. O Paiz, Rio de Janeiro, 10 mar. 1919. p. 4.206 CHRYSANTHÈME. Alerta!! O Paiz, Rio de Janeiro, 22 set. 1919. p. 3.207 CHRYSANTHÈME. Hontem e hoje. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 1o mai. 1938. p. 1.

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3.2.3. Imagens de contextos sócio-políticos

Chrysanthème, pelo olhar de autoria feminina, estava constantemente

imiscuindo-se em questões públicas e discutindo os cenários sócio-políticos

com os quais se defrontava. Além de encetar a batalha pelos direitos das

mulheres na Academia, distingue-se publicamente pela luta em prol da Lei

do Divórcio, por exemplo, argumentando que não aplaudia a proposta apenas

sob a ótica feminista, pois havia homens que estavam presos a mulheres sem

caráter, os quais mereciam sua liberdade também. Era uma estratégia em

que, distorcendo o foco do discurso, poderia angariar-se número maior de

partidários. A aprovação do divórcio seria de real valor para todos,

indistintamente.

Sim, minhas senhoras, as feministas, a campanha pelo divorcio é aprimeira pedra basica que deve marcar o vosso caminho na senda doprogresso e da força. Emquanto essa lei, que existe em todos os paizes decivilização européa e americana, não existir aqui, a vossa campanhaserá inutil, sem resultados praticos e sem razão de ser. A evoluçãofeminina no Brasil, permittam-me que diga a verdade, só tem tido comoobjectivo fazer com que a mulher trabalhe, receba um salario inferior aodo homem e combata lado a lado, com elle, soffrendo-lhe os desdens, osescarneos e o contacto que a educação ainda não aprimorou.(...)(...) Eu penso, sobretudo, na mulher, pobre ente fraco, abandonada oumaltratada pelo marido, (...). Eu penso tambem no infeliz esposo, que,trabalhador, correcto e bom, tem o seu lar infamado e sujo, porque a mulherleviana, coquette e criminosa, não hesitou em enlamear-lhe o nome.208

Acresce-se a essa citação, testemunho posterior que não poupa, inclusive,

suas pares, demonstrando quão difícil é lutar contra o estabelecido no

imaginário coletivo, em particular, o feminino:

208 CHRYSANTHÈME. Uma campanha que se impos. O Paiz, Rio de Janeiro, 19 jan. 1920. p. 3.

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O Sr. Roberto Lyra, num dos nossos jornaes vespertinos, escreve a historiamelancolica de certa rapariguinha, meiga e confiante, que, levada peloamor ou... pelo habito, ligou-se a um cidadão de idade... incerta e com oqual não se póde casar, visto que este é simplesmente desquitado daesposa n. 1. Dessa união clandestina e portanto fóra da lei e da suaburocracia papeluria, vae nascer uma criança bastarda, illegitima, semdireitos e sem registro cível normal. Ora, casos como este succedemdiariamente entre nós, imaculando a nossa tão citada evolução de umagrave tára que será sempre a falta do divorcio na sua legislação.Ha muitos annos, Eric Coelho bateu-se ardentemente no Congresso, paraque essa medida indispensavel fosse votada, e nada conseguiu. E ointeressante foi contemplar-se nessa hora a lista dos nomes das suasadversarias que eram as mulheres! Em seguida, surgiram nos jornaes,escriptores de fama tentando arrumar o máo effeito dessa lista nos centros,dos quaes a implantação do divorcio dependia. Até hoje, porém e máogrado a nossa ‘alta’ civilização, o triumpho do feminismo, os caminhoshavidos até o nosso Codigo Penal, o casamento continua irrevogavel e,para todos os effeitos, como uma condemnação á perpetuidade.209

Não viu, como sabemos, a maior parte dos louros de suas lutas, pois

longe ainda estava o dia em que as mulheres disputariam o mercado com os

homens ou teriam direitos cíveis garantidos pela Constituição. De qualquer

maneira, a cronista soube contribuir para a escritura de (novas) memórias

para as gerações mais recentes, tentando manter acesa algumas histórias

individuais dignas de notas, como no fragmento assinalado:

Restava-me, porém, visitar Cinira Polonio, a graciosa ‘divette’, queencantava o seu publico com o seu ‘charme’ de brasileira parisiense. Atravesse novamente laranjeiras pesadas de frutas, arvores copadas,margaridas sylvestres. E, ainda uma vez, reconheci que as physionomiasdos arvoredos, cercando estes antros de desgraçados, esses centros devida e de morte, são diferentes das dos parques alegres, dos ‘squares’onde se agita a alegria de existir. Vi então Cinira, a encantadora Cinira,reduzida a um esqueleto de lindos cabellos brancos! Que ruins, Deus meu!Que destroço! Todavia á Providencia teve, tambem, piedade desta eembaraçou-lhe a razão. Cinira conserva entretanto a graça passada, aelegância das attitudes que eram os seus distinctivos de outrora. Mas...de subito fala de si, como de uma morta.– Cinira foi muito querida, muito admirada, mas, hoje, que vale ella?Adora conversar, mas não tem com quem o fazer. Cinira acha os dias tãolongos, tão tristonhos! Ela quizera um piano, para tocar, mas ninguemlembra de lhe dar um! Cantar a pobre não o pode mais mas correr osdedos pelas teclas resuscitando as cançonetas antigas ella se sente capazde o conseguir.

209 CHRYSANTHÈME. A necessidade do divorcio. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 13 nov.1938. p. 1.

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E limpando os olhos já compazidos, a ex-deliciosa artista suspiralancinantemente. A infeliz olvidou tudo, mas não olvidou o meu nome e,quando o sr. Taveira, um outro hospede do Retiro dos Artistas, muitoamavel e sympathico, me declara que ella já esqueceu quem sou, Ciniratriumphante com o resultado da sua memória, grita:– Ela é Chrysanthème, a minha amiga do passado!E pensativa tenta evocar os dias que já passaram e nunca mais voltarão.210

[grifo nosso]

Em seu tempo, restava a Chrysanthème não esmorecer diante das

situações a registrar (ou contestar) que se apresentassem fossem sobre

mulheres ou não. Como, por exemplo, a Primeira Guerra Mundial, sobre a

qual escreve várias crônicas, tentando alertar os brasileiros contra a insana

decisão de entrada na contenda. Escolhe não só o tom angustiado e

sentimental, esperado nesta situação, mas outra forma de abordagem: o

cômico.

Pode-se dizer que o risível, a essência e a qualidade daquilo que faz rir,assim como as tentativas por parte do pensamento ocidental de elucidaro enigmático mecanismo que rege o riso, esteve presente em váriosperíodos da humanidade desde a sua constituição como civilização.211

Tal procedimento, também, é muito caro a Chrysanthème e, como

temos demonstrado, retorna em maior ou menor grau, tratando de diversas

temáticas. Observemos um exercício de desconstrução que tece no tocante

à Primeira Guerra:

– Isso é estupidez do governo. Não se despe um santo para vestir outro.Primeiro Matheus os teus! Não se deixa as nossas costas sem protecçãopara ir defender as dos outros! Tambem se esse pessoal vai é porquequer! Se elle grimpar, não parte!212

210 CHRYSANTHÈME. O retiro dos artistas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 28 mai. 1937. p. 1.211 PASCOALETO, Maurício Cezar. O encontro entre Laverno e Robert Macaire: os primórdios

de uma tipologia de caricatura brasileira oitocentista. Rio de Janeiro: Universidade Federaldo Rio de Janeiro / Centro de Letras e Artes / Escola de Belas Artes / Programa de Pós-graduação em Artes Visuais, 2006. p. 19-20. [Dissertação de Mestrado em Estudos da Imageme Representações Culturais]

212 CHRYSANTHÈME. O Paiz, 11 de fevereiro de 1918.

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Segundo os trabalhos de Gail Braybon e Deborah Thom213, a tese da

guerra emancipadora para as mulheres não se sustenta, pelo menos, se

pensarmos em âmbito global. Podemos observá-la como parênteses antes do

retorno à normalidade, havendo, sem ser patente às contemporâneas daquele

período, um caráter provisório e superficial nos avanços conseguidos por elas.

Reviver-se-ia um novo retorno às esferas domésticas, tão logo a paz fosse

decretada.

A guerra bloqueara o movimento de emancipação, em progresso, que se

estava desenhando entre a transição do século XIX para o XX, ofuscando a

imagem da mulher econômica e sexualmente independente que se criava. O

movimento feminista ficou encurralado diante deste contexto beligerante e

viu a imagem masculina ser ratificada como modelo viril e protetor da sociedade.

Quem poderia preocupar-se com reivindicações feministas, quando vidas eram

expostas ao perigo? A Primeira Guerra Mundial novamente convocou as

mulheres aos seus postos de mães e esposas zelosas.

Era verão de 1914 e ninguém suspeitava do perigo; as feministas partem

de férias após a Grande Manifestação Sufragista de 5 de julho. Prepara-se o

congresso de outono e pouca atenção se dá ao assassinato do arquiduque

herdeiro do trono da Áustria. Mas, entre os poucos dias de 28 de julho a 4 de

agosto, a Europa arma-se, diante de ares estupefatos, resignados ou entusiastas

213 THÉBAUD, Françoise, op. cit., p. 34.

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do mundo. Às mulheres, cabe novamente a elas o conforto a todos os

desamparados sociais, tomando para si os deveres de suas ancestrais.

Mulheres, o vosso país precisa de vós, sejamos dignas de ser cidadãs,quer o nosso objetivo [o direito do voto] seja reconhecido ou não. (...)Enquanto durar a provação que faz sofrer o nosso país, não será permitidoa ninguém falar aqui dos seus direitos; agora só temos, para com eles,deveres.214 [grifo nosso]

Deveres de espera resignada e de auxílio, nunca de ladeamento para

com os homens. Eles desprezam tudo o que, proveniente das mulheres, não

seja serviço doméstico, incluindo as ofertas de alistamento feminino. O papel,

a elas delegado, era de exército auxiliar para administração da assistência e

do abastecimento. Mas quem as aprovisionaria e a seus filhos, se a miséria

alcançava a todos? Existiam, claro, os subsídios, porém parcos e lentos diante

do quadro de penúria reinante: unia-se, ao desamparo sentimental, uma

catástrofe econômica.

Com o perdurar da guerra, a carência de mão-de-obra e a pobreza dos

Estados beligerantes impulsionam a demanda, paulatina, pela força de trabalho

feminina. Eram empregadas de finanças, ferroviárias, revisoras do

metropolitano, distribuidoras de cartas, cobradoras ou condutoras de elétricos.

Apenas as fábricas de material bélico prescindiam da presença delas. Pelo

menos, até o outono de 1915, quando apareceram as primeiras circulares

ministeriais, incitando os industriais a empregá-las.

214 ibidem, p. 36.

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Curioso, no entanto, é ter ciência de que, por exemplo na França,

ao contrário do que se acreditava, não houve um aumento maciço do

quantitat ivo feminino no mercado de trabalho. Houve, s im, a

redistribuição das tarefas ditas masculinas para uma mão-de-obra já

existente antes do início da guerra, empregada em funções menos

prestigiadas. As mulheres atingem, em 1916, o mesmo patamar

alcançado antes do início do conflito; e, nos finais de 1917, o apogeu do

emprego da mulher, ultrapassava aquele nível em 20% apenas. Percebe-

se, então, que elas constituem apenas 40% da mão-de-obra contra os

32% já atingidos antes da guerra. Houve realmente mudanças tão

significativas no tocante ao quadro econômico? Ou ainda continuavam

precisando de um teto todo delas? Haveria espaço para todas depois que

os ânimos viessem a se arrefecer?

Aqui no Brasil, nos chegam os ecos dos canhões europeus e, não

são poucos, aqueles entusiastas que acreditaram na necessidade da

entrada de nosso país na contenda. Os jornais nos traziam notícias de

uma Europa triste e desfigurada que desmentia todas as imagens

douradas de afrancesamento, modelos de nossa terra. Urgia salvá-las e,

como doidivanas, muitos entre nós, se lançavam à propaganda inflamada

pela participação brasileira na luta da democracia internacional. Na

contramão de seus pares da imprensa carioca, Chrysanthème levanta a

voz, chamando todos à razão.

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(...) Se o que os jornaes publicam tem alguma expressão, de tudo isso oque se conclue é que os que os redigem querem a guerra e os que nellescollaboram, com interviews e manifestações de opiniões solicitadas,pensam, ao contrario, que a guerra é uma calamidade tão grande, quetudo se deve fazer por evital-a sem deshonra.215

Não obstante o perigo das réplicas, a cronista utiliza seu espaço no

jornal para ratificar constantemente suas opiniões, mesmo a contragosto de

muitos:

Outro dia estranharam que nestas simples chronicas, eu me tenhaoccupado deste assumpto. Uma mulher, disse-me gentilmente umcavalheiro, não tem nada que tratar disso: a guerra é do compartimentodos homens. Peço perdão de discordar radicalmente e declarar, ao contrario,alto e bom som, que, em se tratando de guerra, a mulher é a maisinteressada, primeiro, porque é a mãi dos que nella vão morrer; segundo,porque é em toda a parte a victima inerme das affrontas mais crueis edos attentados mais brutaes.216

Como podemos ver, não era uma voz embargada, mas a de alguém que

ante-via (lembram-se de Prometeu?) as prováveis agruras daquela insensata

decisão. Mas... quem a ouviria diante da necessidade viril de reafirmação

masculina? O Brasil era aliado da Entente. Embarquemos para a Europa,

porque do lado de cá tudo estava muito mal parado (e não estamos falando só

das mulheres, mas essa já é outra história).

No antigo continente, as trabalhadoras estavam sob cerrada vigilância,

pois temia-se que se desvirtuassem e se masculinizassem. “Quando observamos

hoje em dia as mulheres que trabalham nas tarefas mais duras, temos, por

vezes, de observar bem para ver se temos perante nós uma mulher ou um

homem.”217 A guerra evocava, simbolicamente, os mitos da mulher salvadora e

215 CHRYSANTHÈME. A mulher e a guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 30 abr. 1917. p. 2.216 idem.217 THÉBAUD, Françoise, op. cit., p. 44.

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consoladora e, não fosse pelo esforço das feministas, aquelas que se

mobilizaram no mercado de trabalho seriam completamente esquecidas. Ao

contrário, o achincalhe público não as olvidava, tratando-as por oportunistas

e coveiras, pois cada mulher que trabalhasse era um homem que iria para a

frente de batalha. A morte as espreitava duplamente: física e socialmente e a

experiência da liberdade se mostrava excessivamente cara.

Devido à sua intervenção tardia na guerra (1917), o Brasil não atravessou

apuros tão grandiosos quanto os seus contemporâneos europeus e, por

conseguinte, as questões que movimentavam os espíritos por aqui ainda eram

sorvidas entre largos goles de café e acompanhadas por sequilhos. As vozes

femininas, em sua maioria, ainda ensaiavam suas primeiras intervenções e

poucas iam a público expor seus pensamentos, como foram os casos das já

citadas Julia Lopes de Almeida e Chrysanthème, referindo-nos apenas às mais

conhecidas da imprensa neste período em nosso país. Elas resistiram à guerra.

E os demais? Em que situação se encontravam?

Quando dobraram os sinos do armistício e a pólvora se dissipou, pôde

ver-se a herança dos quatro anos de guerra: nove milhões de homens mortos,

um número sem par de mutilados, famintos e perdidos, entre as vidas militar

e civil, povoavam por toda a Europa. As mulheres, aduladas durante os tempos

belicosos, pela necessidade de assistencialismo, são convidadas a regressar

ao lar e às tarefas domésticas, em função de amparo aos antigos combatentes,

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da reconstrução nacional e da defesa da raça. A caça às bruxas não utiliza

mais a fogueira, troca-a pela desmobilização trabalhista, o que impossibilitava

a manutenção de um teto todo delas.

Ao largo da desmobilização das mulheres, fomentavam-se críticas rancorosas

àquelas emancipadas e ao próprio movimento feminista. A figura da rainha do lar

era suscitada com fervor por todos eles; o esteio familiar dependia novamente das

mãos delas – neste ponto, as brasileiras não estavam tão distantes de suas

companheiras européias e norte-americanas. A família burguesa retornava com

todos os louros do século XIX. Havia restado às mulheres os direitos de ser

procriadora e de repovoamento dos Estados em reconstrução.

Como exemplificamos anteriormente, existia em Chrysanthème a

consciência de que o Brasil não deveria ter entrado na guerra, fruto de um senso

de nacionalismo, talvez. Ela não compreendia por que os brasileiros deveriam

sacrificar os seus por uma disputa tão distante. A leitura dela sobre a situação do

país é muito coerente, pois percebe com clareza o olhar inebriado do Brasil em

relação a Paris. Nosso país não estava a favor da liberdade e da democracia, como

apregoavam alguns; queria, sim, salvar o Sena às custas do Danúbio. Mas quem

ouviria suas reclamações nacionalistas em um tempo de extrema valorização do

estrangeiro? Os estudos que questionam o eurocentrismo estão em voga

atualmente; naquela época, qualquer descompasso em relação à Europa,

especificamente a Paris, não seria visto com bons olhos.

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Hoje, conhecemos palavras como as de Edward Said que questionam a

cultura e o imperialismo, mas, na época de Chrysanthème e para os seus

pares, era apenas uma mulher tresloucada a escrever tonterias. No entanto,

Chrysanthème perdeu a batalha contra a participação brasileira no conflito e

resolveu mudar o foco, trazendo à luz questionamentos sobre o porquê da

opção de nosso país por ajudar os aliados em detrimento dos alemães, que no

final das contas também estavam sofrendo. O trecho de Edward Said, a seguir,

talvez a faça justiça após todos esses anos:

(...) graças ao processo globalizado desencadeado pelo imperialismomoderno; ignorar ou minimizar a experiência sobreposta de ocidentais eorientais, a interdependência de terrenos culturais onde colonizador ecolonizado coexistiram e combateram um ao outro por meio de projeções,assim como de geografias, narrativas e histórias rivais, é perder de vistao que há de essencial no mundo dos últimos cem anos.218

Levanta, também, a questão da nossa própria falta de recursos: como

enviar auxílio para outros, quando nosso povo passa fome e sede nas províncias?

A partir de outro contexto, mas em possível diálogo, selecionamos as palavras

de Penna para ilustrar a necessidade de vozes dissonantes como a de

Chrysanthème na imprensa nacional:

Não resta dúvida de que cabe à mídia, enquanto elemento constitutivodas mediações do espaço público, o papel essencialmente iluminista (i.e., crítico) de tornar visível (‘desencadear’, desvelar) a verdade, e destaforma acionar as instâncias governamentais, que eventualmente podem-se transformar em políticas públicas (as ‘providências’).219

218 SAID. Edward W. Cultura e imperialismo. Trad. Denise Bottman. São Paulo: Companhiadas Letras, 1995. p. 22.

219 PENNA, João Camillo. Marcinho VP - um estudo sobre a construção do personagem. In:DIAS, Angela Maria, GLENADEL, Paula (orgs.). Estéticas da crueldade. Rio de Janeiro:Atlântica, 2004. p. 83.

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Ela se rebelava contra a posição dos brasileiros diante da situação da

Europa durante a I Grande Guerra, tendo em vista que a miséria em nosso

país exigia muito mais atenção do que a demanda externa; ela queria novos

rumos para as políticas públicas. Assim o testemunha o trecho a seguir:

São de irritar essas tombolas, essas festas em favor dos alliados, quandodeixamos em silencio os atróses padeceres dos desgraçados do norte,nossos patricios, que, sem honra e sem gloria, arrebentam de sêde nossolos crestados das suas provincias. (...) Para que essa loucura caridosaem favor da França, que tanto nos achincalha nas suas peças de theatro,nos seus romances e nos seus jornaes?220

Chrysanthème desafiava seus pares, aproveitando cada oportunidade

para fazer ver aos nossos patrícios que mais prementes eram os problemas

daqui. Pessoas estavam morrendo de fome nas ruas; crianças órfãs esmolavam

ou cometiam pequenos furtos; alguns, sem destino, fugiam da seca; outros

tantos viviam nos esgotos da cidade; sem falar da onda de suicídios e

assassinatos, sintomas da agressividade generalizada. Este era o Brasil que

todos se negavam a ver e o qual a cronista insistia em retratar com as cores

(fortes) que achava necessárias. Registrando, muito antes de se discutirem

esses assuntos, as memórias dos aleijados, as memórias dos marginalizados,

afetada pelas representações coletivas.

Como é notório, segundo Halbwachs221, seria inconcebível a existência

do indivíduo isolado em si mesmo, pois seu direito, sua estética, sua ciência,

sua língua, tudo isso ele recebe da sociedade, do grupo do qual faz parte. É a

220 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 ago. 1915. p. 2.221 HALBWACHS, Maurice, 1990, op. cit.

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partir desses relacionamentos que se forma a realidade mental do indivíduo.

Esta termina por ser uma construção que se dá a partir de representações

coletivas222. A noção de massa social que envolve e penetra no indivíduo,

Halbwachs tomou de Émile Durkheim. Para o sociólogo:

A sociedade não pode se constituir senão na medida em que penetre asconsciências individuais e que as molde à sua imagem e semelhança.As representações, as emoções, as tendências coletivas não têm comocausas geradoras certos estados de consciência individual, mas ascondições em que se encontra o corpo social em seu conjunto.223

Ela não conseguia levar sua

pena somente a caminhadas pelo

Boulevard ou pelo Passeio Público.

Andava pela cidade, como manda a

legítima tradição do flaneur, do

cronista, mas buscava os tipos mais

excêntricos como modelos de sua descrição: aqueles que, de alguma maneira,

tivessem sido colocados à margem, percebendo-se como parte de uma

construção maior que ela mesma. Como os alemães que residiam no Brasil,

por exemplo, e que passaram a não ser benquistos graças à Guerra.

Antes de a História passar a revelar o outro lado dos relatos oficiais, a

voz dos vencidos, Chrysanthème já fazia afirmações muito equilibradas sobre

a guerra e seus diferentes pontos de vista:

222 HALBWACHS, Maurice. Classes sociales et morfologie. Paris: Les Éditions de Minuit,1972. p. 152-153.

223 DURKHEIM, Émile apud CASTRO, Anna Maria de; DIAS, Edmundo Fernandes. Introduçãoao pensamento sociológico. Rio de Janeiro: Eldorado, 1974. p. 70.

14 - Passeio Público (início do século XX)

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Todas as nações em guerra commettem as mesmas atrocidades impostaspela embriaguez das batalhas e pela enervação que se apodera dos soldados,frente á frente á morte, durante longas horas. Os alliados as têmcommettido, assim como os allemães. Não ficam devendo nada uns aosoutros.224

Entretanto, tais palavras não encontravam ecos entre nós. Ainda não era o

tempo em que se ouviriam as memórias estilhaçadas das diferentes facções. À

autora, restava-lhe insistir em suas posições e manter-se combativa, mesmo não

sendo considerada sua conduta smart. Criticar a hipocrisia dos brasileiros que

negavam auxílio aos seus, mas se consumiam em festas beneficentes em prol dos

aliados não era comportamento para uma senhora...

Para as classes mais abastadas, não era chic lembrar que viviam em um

país onde ainda se morria de febre amarela; em que havia regiões completamente

desconhecidas, de onde se tinham notícias apenas de tribos indígenas e,

principalmente, em que a desigualdade social consumia mãos, vozes e espíritos.

O país chafurdava em lama; a República não respondia condignamente às

aspirações nela depositadas; poucos eram aqueles que podiam veranear nas

cidades serranas, escapando dos calores (e maus cheiros) da capital.

A modernização de Pereira Passos, conforme apontamos anteriormente,

quis transformar a arquitetura e marcar a mudança da paisagem do Rio de

Janeiro no início do século XX, repercutindo o que de novo acontecia no

mundo civilizado. A cidade que abrigara o império, com ruas tortas e estreitas,

se transformaria em uma cidade moderna. Com o objetivo de sanear os espaços

224 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 ago. 1915. p. 2.

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onde anteriormente existiam áreas pantanosas, focos de doenças que

proliferavam pela cidade, ruas amplas e avenidas eram construídas, criando-

se uma nova mentalidade de progresso.

Assim, modernizando-se a cidade, higienizava-se esse espaço que fugia

à cena da cidade moderna. Retirava-se das ruas a população pobre formada

por marginais, malandros e prostitutas, que aos poucos foi sendo expulsa do

ambiente metropolitano, dando lugar ao novo centro urbano que se organizava.

Nessa cidade modernizada, não havia mais espaços para a população de

miseráveis e suas construções ultrapassadas: “esta cidade real, por onde

circulava uma rica tradição popular, não cabia na visão de ‘ordem’. Era vista

como obscena, ou seja, fora de cena, para não manchar o cenário...”225

Diante desse quadro de miséria, Chrysanthème não se alijou de registrar

os problemas que presenciava... e eram muitos. Se não fosse a sua afecção e a

de outros tantos ao entorno, talvez não houvesse memória sobre determinados

panoramas e conflitos das primeiras décadas do século passado. A República

atravessava uma fase bastante difícil: além das questões externas, ainda havia

as insurreições internas, como Canudos e Contentado. Do primeiro, não

carecemos de maiores informações, mas, quanto ao segundo, convém tecer

alguns comentários, tendo em vista que a maior parte da sociedade desconhece

essa passagem histórica e sangrenta.

225 GOMES, Renato Cordeiro, op. cit., p. 107.

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Durante quatro longos anos de fogo e morte, 1912 a 1916, a Guerra do

Contestado abalou o Norte Catarinense. Houve uma rebelião cabocla nessa

região, envolvendo questões de limites entre Paraná e Santa Catarina, mas os

reais estopins do conflito foram a construção de uma ferrovia e a cessão pelo

governo de quinze quilômetros de terras cobertas de pinheirais de cada lado

dos trilhos à Lumber Co., a maior serraria do mundo na época e de capital

norte-americano. O desemprego, a desapropriação da terra, a devastação

ecológica e a desilusão com a República levaram os desafortunados da área a

empreenderem uma Guerra Santa.226

De chofre, há semelhanças com o ocorrido em Canudos, mas, observando

com maior atenção, verificamos peculiaridades que merecem nota. Ao contrário

do conflito baiano, o movimento no Sul não se manteve sempre sob uma

única liderança, assim como não se restringiu a uma só cidade, tendo em

vista que apareciam levantes em diversas localidades do estado.

Devido a uma estratégia governista, que cedeu terras ao capital

estrangeiro, milhares de caboclos perderam seus haveres da noite para o dia,

criando um clima de alta tensão social. Todos eles, de repente, se transformaram

em sem-terras. A situação insustentável da região veio a piorar com o surgimento

de “são” João Maria227 milagreiro que se arvorou do título de líder local,

insuflando os sertanejos à luta pelos seus direitos. Tal posição não teria sido

226 FERREIRA, Olavo Leonel. História do Brasil. São Paulo: Ática, 1986.227 DERENGOSKI, Paulo Ramos. Fogo e sangue no sertão das araucárias. In: Palavra. Belo

Horizonte: Editora da Palavra, 1999. n. 7, p. 102.

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um equívoco, não fosse por um dos seus discípulos, Josémaria, que decidiu

proclamar a monarquia nos sertões de Taquarassu. O Estado do Paraná,

cobiçoso da região, enviou uma expedição militar com ordens de dispersar os

fanáticos.

Houve, no entanto, uma escaramuça entre soldados e sertanejos na

qual estes encurralaram aqueles. Os jagunços, acostumados a armas brancas,

tomaram de assalto as tropas que, não conhecendo as nuanças da região,

viram-se sem escapatória. Após esta passagem, o incêndio havia começado:

Caragoatá, Croatá, Graguatá, Gravatá, Tamanduá, Poço Preto, Raiz da Serra,

Da Traição, Aleixo, Tapera, Perdizes, Butiá, Santa Maria são nomes que não

sairão da memória das gentes do lugar. O sangue corria de todos os lados e foi

preciso deslocar um terço do exército brasileiro de então para controlar os

focos belicosos.

Esse contingente militar nacional, de moral baixo e enfraquecido por

constantes batalhas internas, poderia ceder homens para os flancos

estrangeiros? O brasileiro estropiado e mal-nutrido poderia abandonar sua

terra e se lançar a lutas estranhas? Essas deveriam ser algumas das perguntas

que Chrysanthème se fazia, acompanhando toda a movimentação “pró Grande

Guerra”. Assim podemos induzir deste trecho selecionado:

Por isso, dizia eu ha dias nesta mesma columna que, fosse o que fosse, ohomem sublevado do Contestado – bandido, fanatico ou agente de politicos– os responsaveis por essa calamidade que o nosso heroico exercito acabade supportar com tanta elevação e dignidade quanta indifferença, por partedo publico, eram as classes dirigentes do paiz. Essa responsabilidade

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decorre manifestadamente da indifferença com que ellas vêem a situaçãoque acabei de mal esboçar e de que ellas têm plena consciencia. Dinheirotem o paiz gasto em quantidades formidaveis para ir buscar ao estrangeiroelementos nem sempre superiores para trabalharem na nossa terra;nunca, porém, se quiz gastar um real para melhorar a existencia dobrazileiro, que teve o infortunio de nascer no sertão, para lhe dar umaescola, para lhe abrir uma estrada, para lhe vender a prazo um lote deterra, para lhe illuminar a intelligencia, a razão e a fé, libertando-o dainfluencia dos ‘monges’ e dos ‘conselheiros’.228

Contudo, nem só cenários distantes eram utilizados como panoramas

de suas discrepâncias lítero-jornalísticas. Quando tinha de discordar de alguém

sobre questões sócio políticas, não poupava nem os mais próximos. Alcindo

Guanabara, por exemplo. As histórias foram tantas, os rumores tão demasiados,

que preferimos escolher uma passagem da própria Chrysanthème para ilustrar

esse encontro (amoroso). Verificamos, por fim, que o senso crítico dela atingia

inclusive o próprio amante:

(...) Realmente, surprehendeu-me o gesto do senador carioca: estava tãoacostumada a vel-o ponderado, prudente, sereno, agindo com meditaçãoe falando com criterio, que fiquei sem saber o que pensar ao ler [o] queelle pretendia, (...) [estando em guerra] algum sacrificio devia fazer (...) oBrasil, convinha verificar qual sacrificio seria mais vantajoso e mais utilno fim que temos em vista, nós e os nossos alliados.229 [grifos nossos]

De qualquer maneira, convém ressaltar que, de uma forma ou de

outra, Chrysanthème vai construindo uma narrativa coerente, sabe-se

que lutará e para tanto é necessário lançar mão de diversas abordagens:

há momentos para agredir e outros para se refastelar nos arrabaldes.

Até os mais valorosos combatentes podem utilizar o enlevo como

estratégia de atuação.

228 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 26 abr. 1915. p. 2.229 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 dez. 1917. p. 2.

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Haverá nada mais lindo do que as tardes de verão em Copacabana? O céoe o mar parecem em festa e a praia reluzente e dourada parece conterem seu seio um sem numero de pepitas de ouro. O horizonte alarga-seamplo, ligeiramente velado e de um azul roxo que attrae e prende o olharno mysterio insondavel do longinquo. A brisa leve e ligeiramente salgadaacaricia a face e a refresca e nos traz o aroma doce das flores proximas eo perfume estranho das algas marinhas.230

Tratou de políticos ou da falta

deles, das Saúde e Limpeza Públicas,

pelas mulheres ou contra elas, das

injustiças sociais, do divórcio, do voto,

do Carnaval, da cidade, da guerra, dos

avanços e retrocessos das doenças

mas, principalmente, dos outros, ou

melhor, do coletivo, buscando

participar da construção do tão

afamado mosaico da memória; esforçou-se, enfim, por não ser apenas um

móbile.

Tudo ia mal na Bruzundanga231 e, sendo Chrysanthème a intrometida,

persistente que era, perscrutava tudo o que lhe caísse pela frente. Ora

gozadora ora a toda a brida, atropelava quem passasse em seu caminho.

Mas nada a deixava mais furiosa do que a zombaria de um estrangeiro em

relação às nossas questões nacionais.

230 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 jan. 1915. p. 2.231 Bruzundanga: referência ao livro de Lima Barreto, Os bruzundangas, onde se reuniram

crônicas publicadas, originalmente, em diversos periódicos sobre questões da RepúblicaVelha, que incomodaram o escritor.

15 - Copacabana (1890)

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Para representá-lo, escolhe a figura do norte-americano Willie Kent,

com quem mantém passeios, conversas e arrufos sobre a sociedade brasileira

de então. Não conseguimos estabelecer se este personagem era real ou fictício,

mas assinalamos que aparece em inúmeras crônicas como interlocutor da

escritora, posicionando-se de maneira por demais franca.

Se pessoa ou persona não mais importa no momento, convém, no entanto,

indicar que esta figura surge, quando a autora deseja um olhar mais afastado do

que se passava no Brasil. Ela se colocava, normalmente, em posição de defesa da

pátria, mas o constrangimento e, por que não dizer, a revolta sempre se delineavam

em suas falas ou pensamentos. Assim como no trecho destacado:

(...) Não somos menos do que os senhores, master Kent.– Sim, sim, replicou-me o yankee pachorrentamente. Mas nós lá somos

uma multidão, porque temos tambem os estrangeiros que vão e vêmcontinuamente.

Aqui não ha disso. É simples parvoice!É very comic!Senti que o rubor me subia ás faces, mas pude conter a minha colera,

desviando a attenção para outro lado.232

Havia uma dubiedade nos textos de Chrysanthème, quando o tema

envolvia o olhar do outro em nossa direção. Equilibrava-se em uma posição

delicada, pois se a um tempo queria defender os seus, como de praxe,

simultaneamente, o seu agudo senso crítico não permitia que negasse a verdade

das palavras dos estrangeiros. Era apaixonada a nossa cronista e, como todos

sabem, a paixão nos entorpece, inebria e por ela somos capazes de quixotescas

232 CHRYSANTHÈME. Se os governos quizessem... O Paiz, Rio de Janeiro, 28 abr. 1919. p. 3.

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aventuras. Se alguém tinha de falar mal de nosso país, que fosse ela e não

alguém vindo de... sabe Deus onde.

Mas até alguém tão falante tem o seu dia de silêncio e, como não é hora

de falar em mortes, preferimos escolher o silêncio da falta de assunto para

suspender (pelo menos por enquanto) a prosa:

O grande Eça de Queiros já escreveu sobre a dificuldade que ha muitasvezes para o chronista em traçar uma chronica quando uma lassidãophysica e um entorpecimento cerebral o atacam. A vista das folhas depapel impertinentemente estiradas sobre a mesa de trabalho e do tinteiroboquiaberto como um abysmo negro, causa taes irritações ao pobreescriptor, que os cabellos se lhe eriçam na cabeça e as mãos lhe trememna neurasthenia concentrada. Eu estou num desses dias que omaravilhoso autor dos Maias descreveu (...) Ah! Meus senhores e senhoras!Le Monde marche! E eu terminei a chronica...233

3.3. Encontrando o caminho: referências bibliográficas na imprensa

nacional

Nada foi mais difícil nesta empreitada do que encontrar os textos de

Chrysanthème, pela primeira vez, em meio a quilômetros de rolos de microfilme

e não gostaríamos que mais ninguém tivesse de enfrentar essa situação.

Pensando nestes possíveis pesquisadores e críticos do futuro, e na merecida

releitura da produção cronista, nós nos propusemos a organizar um catálogo

bibliográfico para a consulta das obras publicadas.

A listagem segue ordem cronológica de aparecimento, tendo sido

anteriormente esclarecidos os motivos de ausências entre elas. Foram listadas

233 CHRYSANTHÈME. Sem título. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 dez. 1921.

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todas as colunas encontradas nos acervos da Biblioteca Nacional e da Associação

Brasileira de Imprensa. Segue o inventário elaborado por esta pesquisa, pela

primeira vez, em que constam 1.530 aparições no total da obra periodística de

Chrysanthème:

3.3.1. A Imprensa

1) Risos e Lágrimas. A Imprensa. Rio de Janeiro, 25 dez. 1907 ano IV, nº 16, p. 1.

2) O Anno Novo. A Imprensa, Rio de Janeiro, 01 jan. 1908, ano V, nº 23, p. 1.

3) Marcio, o incostatante. A Imprensa, Rio de Janeiro, 03 mar. 1908, ano V, nº 107, p. 3.

4) Vencido! A Imprensa, Rio de Janeiro, 03 mai. 1908, ano V, nº 146, p. 3.

5) A Princesa Perola. A Imprensa, Rio de Janeiro, 07 jun. 1908, ano V, nº 181, p. 5.

6) Mario. A Imprensa, Rio de Janeiro, 22 nov. 1908, ano V, nº 348, p. 1.

7) Diário de um Colegial VII: a cruz de pão. A Imprensa, Rio de Janeiro, 25 mar. 1909, ano V, p. 6.

8) Diário de um Colegial IX: as flores. A Imprensa, Rio de Janeiro, 11 jul. 1909, ano V, p. 6.

9) Diário de um Colegial?: a pequena polegar. A Imprensa, Rio de Janeiro, 16 out. 1909, ano VI, nº 666, p. 5.

10) Chronica Feminina. A Imprensa, Rio de Janeiro, 22 mar. 1911, ano VIII, nº 1186, p. 2

11) A Rosa e a Lagarta (conto para crianças). A Imprensa, Rio de Janeiro, 16 jul. 1911, ano VIII, nº 1302. p. 9.

12) A Princeza Choramingosa. A Imprensa, Rio de Janeiro, 23 jul. 1911, ano VIII, nº 1309, p. 15.

13) Lays ou o Afogado. A Imprensa, Rio de Janeiro, 30 jul. 1911. ano VIII, nº 1316, p. 7.

14) A amaldiçoada (conto para crianças). A Imprensa, Rio de Janeiro, 06 ago.1911, ano VIII, nº 1323, p.7.

15) Lagrimas!. A Imprensa, Rio de Janeiro, 13 ago. 1911, ano VIII, nº 1330, p. 7.

16) A Campanula Azul (a minha filha S.V.). A Imprensa, Rio de Janeiro, 23 ago.1911, ano VIII, nº 1337, p. 7.

17) Os Náufragos. A Imprensa, Rio de Janeiro, ano VIII, nº 1344, p. 7.

18) Almas Femininas (cap. I) No Chá Municipal. A Imprensa, Rio de Janeiro, 27 ago. 1911, ano VIII, nº 1380, p. 5.

19) O Sonho de Mirthis. A Imprensa, Rio de Janeiro, 01 out. 1911, ano VIII, nº 1379, p. 7.

20) Almas Femininas (cap.III) O Monstro de Olhos Verdes. A Imprensa, Rio de Janeiro, 03 out.1911, ano VIII,nº 1381, p. 5.

21) Almas Femininas (cap. IV) Nada de Irremediável. A Imprensa, Rio de Janeiro, 04 out. 1911, ano VIII, nº1382, p. 5.

22) Almas Femininas (cap. V) Tormento. A Imprensa, Rio de Janeiro, 05 out. 1911, ano VIII, nº 1383, p. 6.

23) Almas Femininas (cap. VI) Trinar de Canário. A Imprensa, Rio de Janeiro, 06 out. 1911, ano VIII, nº1384, p. 5.

24) Almas Femininas (cap. VII) A Vida! A Vida!. A Imprensa, Rio de Janeiro, 07 out. 1911, ano VIII, nº 1385, p. 5.

25) Almas Femininas (cap. VIII) Que Bello Sonho!. A Imprensa, Rio de Janeiro, 08 out. 1911, ano VIII, nº1386, p. 5.

26) Almas Femininas (cap. IX) Numa Volta do Caminho. A Imprensa, Rio de Janeiro, 09 out. 1911, ano VIII,nº 1387, p. 4.

27) O Coração de Lily. A Imprensa, Rio de Janeiro, 09 out. 1911, ano VIII, nº 1387, p. 5.

28) Almas Femininas (cap. X) Do que um Marido Entende. A Imprensa, Rio de Janeiro, 10 out. 1911, ano VIII,nº 1388, p. 5.

29) Almas Femininas (cap. XI) Intermezzo. A Imprensa, Rio de Janeiro, 11 out.1911, ano VIII, nº 1389, p.5.

30) Almas Femininas (cap. XII) A Complicações de uma Vida Brilhante. A Imprensa, Rio de Janeiro, 12 out.1911, ano VIII, nº 1390, p. 5.

31) Almas Femininas (cap. XIII) Amor!. A Imprensa, Rio de Janeiro, 13 out. 1911, ano VIII, nº 1391, p. 5.

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32) Almas Femininas (cap. XIV) Males Secretos. A Imprensa, Rio de Janeiro, 14 out. 1911, ano VIII, nº 1392, p. 5.

33) Almas Femininas (cap. XV) Onde se Fundem uns olhos de Topázio. A Imprensa, Rio de Janeiro, ano VIII,nº 1393, p. 5.

34) Almas Femininas (cap. XVI) Duello. A Imprensa, Rio de Janeiro, 16 out. 1911, ano VIII, nº 1394, p. 5.

35) Almas Femininas (cap. XVII) Mãe por um Minuto!. A Imprensa, Rio de Janeiro, ano VIII, nº 1395, p. 5.

36) Almas Femininas (cap. XVIII) Sem Amor ou Sem Dinheiro. A Imprensa, Rio de Janeiro, 18 out. 1911, anoVIII, nº 1396, p. 5.

37) Almas Femininas (cap. XIX) Mais fácil escrever, que falar. A Imprensa, Rio de Janeiro, 19 out. 1911, anoVIII, nº 1397, p. 5.

38) Almas Femininas (cap. XXI) Negro Pasadello. A Imprensa, Rio de Janeiro, 20 out. 1911, ano VIII, nº1398, p. 5.

39) Almas Femininas (cap. XXII) “Flirts de estação. A Imprensa, Rio de Janeiro, 21 out. 1911, ano VIII, nº1399, p. 5.

3.3.2. O Paiz

1) Devaneios. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 mar. 1914. c. 1, p. 2.

2) O Velho Sigismundo. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 mai. 1914. c. 4 e 5, p. 2.

3) O Rei da Montanha de Ferro. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 mai. 1914. c. 6 e 7, p. 2.

4) A Noviça. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 mai. 1914. c. 1 e 2, p. 2.

5) O Amor!. O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º jun. 1914. c. 1 e 2, p. 2.

6) A Musica Divina. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jun. 1914. c. 1, p. 2.

7) Palestra Feminina. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jun. 1914. c. 2 e 3, p. 2.

8) Cleopatra’, de J. Cantel. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 jun. 1914. c. 1, p. 2.

9) Pelo Telephone. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 jul. 1914. c. 2, p. 2.

10) História de uma Pastorinha (Conto de Natal). O Paiz, Rio de Janeiro, 13 jul. 1914. c. 2 e 3, p. 2.

11) A Epidemia da Moda. O Paiz, Rio de Janeiro, 20 jul. 1914. c. 7, p. 2.

12) Conversas de Bond. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jul. 1914. c. 1 e 2, p. 2.

13) A Mãi d’Agua (Conto para Crianças). O Paiz, Rio de Janeiro, 3 ago. 1914. c. 5 e 6, p. 5.

14) O Banho de Maria. O Paiz, Rio de Janeiro, 10 ago. 1914. c. 6 e 7, p. 2.

15) História do Príncipe Horrendo. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 ago. 1914. c. 5 e 6, p. 2.

16) Pobre Paris!. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 ago. 1914. c. 3, p. 2.

17) Uma Verdade Dolorosa. O Paiz, Rio de Janeiro, 31 ago. 1914. c. 7, p. 2.

18) Conversa Feminina. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 nov. 1914. c. 7, p. 2.

19) Canto de Outono. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 nov. 1914. c. 4, p. 2.

20) História do Passaro Azul. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 nov. 1914. c. 1 e 2, p. 4.

21) Conversa Feminina. O Paiz, Rio de Janeiro, 23 nov. 1914. c. 1, p. 2.

22) Soror Beatriz. O Paiz, Rio de Janeiro, 14 dez. 1914. c. 1 e 2, p. 2.

23) Interrogação!. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 dez. 1914.c. 7, p. 2.

24) O Caminho da Vida. O Paiz, Rio de Janeiro, 28 dez. 1914. c. 1, p. 2.

25) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 jan. 1915. c. 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

26) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 jan. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

27) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 jan. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

28) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 jan. 1915. c. 4, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

29) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º fev. 1915. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

30) Dialogo Carnavalesco. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 fev. 1915. c. 7, p.3.

31) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 fev. 1915. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

32) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 fev. 1915. c. 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

33) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 mar. 1915. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

34) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 mar. 1915. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

35) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 abr. 1915. c. 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

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36) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 abr. 1915. c. 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

37) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 abr. 1915. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

38) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 abr. 1915. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

39) Um Chá Feminino. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 mai. 1915. c. 1, p. 2.

40) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 mai. 1915. c. 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

41) Carta Triste. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 mai. 1915. c. 4, p. 2.

42) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 mai. 1915. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

43) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 mai. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

44) Perfis. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 jun. 1915. c. 5 e 6, p. 3.

45) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 jun. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

46) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 jun. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

47) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 jun. 1915. c. 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

48) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 jul. 1915. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

49) Neurasthenia?. O Paiz, Rio de Janeiro, 12 jul. 1915. c. 1 e 2, p. 2.

50) Distancias. O Paiz, Rio de Janeiro, 19 jul. 1915. c. 1 e 2, p. 2.

51) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 jul. 1915. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

52) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 ago. 1915. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

53) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 ago. 1915. c. 4 e 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

54) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 ago. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

55) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 ago. 1915. c. 3 e 4, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

56) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 ago. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

57) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 set. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

58) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 set. 1915. c. 6 e 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

59) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 set. 1915. c. 3 e 4, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

60) Solidão. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 set. 1915. c. 5 e 6, p. 2.

61) Só!. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 out. 1915. c. 2, 3 e 4, p. 2.

62) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 out. 1915. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

63) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 out. 1915. c. 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

64) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 out. 1915. c. 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

65) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º nov. 1915. c. 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

66) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 nov. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

67) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 nov. 1915. c. 4, 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

68) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 nov. 1915. c. 3 e 4, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

69) A Obsessão. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 nov. 1915. c. 4 e 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

70) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 dez. 1915. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

71) Abdicação?. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 dez. 1915. c. 3 e 4, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

72) A Escola Normal. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 dez. 1915. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

73) (Escola Normal). O Paiz, Rio de Janeiro, 28 dez. 1915. c. 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

74) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 jan. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

75) (Escola Normal). O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jan. 1916. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

76) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 jan. 1916. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

77) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 jan. 1916. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

78) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 fev. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

79) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 fev. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

80) (Decepção). O Paiz, Rio de Janeiro, 21 fev. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

81) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 fev. 1916. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

82) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 mar. 1916. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

83) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 mar. 1916. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

84) Uma Família Carnavalesca. O Paiz, Rio de Janeiro, 20 mar. 1916. c. 2 e 3, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

85) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 mar. 1916. c. 3 e 4, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

86) Uma Noite Distraída. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 abr. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

87) A Pobreza do Rio. O Paiz, Rio de Janeiro, 10 abr. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

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88) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 abr. 1916. c. 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

89) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 abr. 1916. c. 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

90) (Canto de Inverno). O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º mai. 1916. c. 6 e 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

91) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 mai. 1916. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

92) (Duelo). O Paiz, Rio de Janeiro, 15 mai. 1916. c. 3 e 4, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

93) (Escola de Bellas Artes). O Paiz, Rio de Janeiro, 22 mai.1916. c. 4 e 5, p. 2.[Coluna Palestra Feminina]

94) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 mai. 1916. c. 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

95) (Revolta!). O Paiz, Rio de Janeiro, 5 jun. 1916. c. 4 e 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

96) (Pelos addidos). O Paiz, Rio de Janeiro, 12 jun. 1916. c. 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

97) (Pelos addidos). O Paiz, Rio de Janeiro, 19 jun. 1916. c. 2, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

98) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 jun. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

99) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jul. 1916. c. 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

100) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 jul. 1916. c. 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

101) (Os Pombos). O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jul. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

102) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 jul. 1916. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

103) (Decepção). O Paiz, Rio de Janeiro, 31 jul. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

104) Modernismo. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 ago. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

105) Capricho. O Paiz, Rio de Janeiro, 14 ago. 1916. c. 5, 6 e 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

106) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 ago. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

107) Modernismo. O Paiz, Rio de Janeiro, 28 ago. 1916. c. 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

108) A Árvore. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 set. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

109) 7 de set. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 set. 1916. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

110) Apaziguamento. O Paiz, Rio de Janeiro, 18 set. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

111) O Retiro dos Jornalistas. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 set. 1916. c. 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

112) Academia de Letras. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 out. 1916. c. 1 e 2, p. 2 [Coluna Palestra Feminina]

113) Flirt. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 out. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

114) O pessoal do ‘Paiz’. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 out. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

115) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 out. 1916. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

116) Lógica Masculina. O Paiz, Rio de Janeiro, 30 out. 1916. c. 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

117) Fim de Estação. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 nov. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

118) Hesitação. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 nov. 1916. c. 2 e 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

119) Sentimento Que Morre... O Paiz, Rio de Janeiro, 20 nov. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

120) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 dez. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

121) Lendo um Romance. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 dez. 1916. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

122) A Primeira Covardia do Homem. O Paiz, Rio de Janeiro, 18 dez. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

123) O Descontente Pinheirinho. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 dez. 1916. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

124) Petropolis. O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º jan. 1917 c. 4, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

125) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jan. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

126) Lassidão. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jan. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

127) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 jan. 1917. c. 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

128) (Crepusculo). O Paiz, Rio de Janeiro, 29 jan. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

129) (Visões Metropolitanas). O Paiz, Rio de Janeiro, 5 fev. 1917. c. 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

130) (Um Enterro de Criança). O Paiz, Rio de Janeiro, 12 fev. 1917. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

131) (Uma História Carnavalesca). O Paiz, Rio de Janeiro, 19 fev. 1917. c. 6 e 7, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

132) Carnaval Metropolitano. O Paiz, Rio de Janeiro, 26 fev. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

133) Psychologia Dolorosa — (Versão de um Conto de Binet Valmer). O Paiz, Rio de Janeiro, 5 mar. 1917. c.1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

134) Conversas de Trem. O Paiz, Rio de Janeiro, 12 mar. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

135) Um Chá Curioso. O Paiz, Rio de Janeiro, 19 mar. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

136) Domingo de Ramos. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 abr. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

137) A Questão do Dia. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 abr. 1917. c. 1, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

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138) Ainda a Questão do Dia. O Paiz, Rio de Janeiro, 23 abr. 1917. c. 1, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

139) A Mulher e a Guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 30 abr. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

140) Deus Não Quer a Guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 mai. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

141) Visão Tremenda. O Paiz, Rio de Janeiro, 14 mai. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

142) O Sr. Macario. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 mai. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

143) A Guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 jun. 1917. c. 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

144) A Divina Canção. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 jun. 1917. c. 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

145) O Voto da Mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 18 jun. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

146) O Cenaculo dos Animaes. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 jun. 1917. c. 7, p. 1; c. 2, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

147) Doce Scepticismo. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 jul. 1917. c. 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

148) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 jul. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

149) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 jul. 1917. c. 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

150) O Incendio do ‘Paiz’. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 ago. 1917. c. 1. p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

151) A Carestia da Vida. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 ago. 1917. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

152) A Exposição de Bellas Artes. O Paiz, Rio de Janeiro, 20 ago. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

153) A Infancia Abandonada. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 ago. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

154) André Bulé. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 set. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

155) Theatro Municipal. O Paiz, Rio de Janeiro, 10 set. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

156) Uma Impressão Triste. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 set. 1917. c. 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

157) Ao Som da Música. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 set. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

158) A Festa da Criança. O Paiz, Rio de Janeiro, 1 out. 1917. c. 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

159) Viva a paz!. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 out. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

160) Ciúmes Diversos. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 out. 1917. c. 7, p. 1; c. 1 e 2, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

161) A Vagabundagem Infantil. O Paiz, Rio de Janeiro, 22 out. 1917. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

162) O Patriotismo e a Guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 nov. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

163) A Mulher e a guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 12 nov. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

164) O Brasil é Protegido por Deus. O Paiz, Rio de Janeiro, 19 nov. 1917. c. 4 e 5, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

165) Um Chá Elegante. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 nov. 1917. c. 7, p. 1; c. 1 e 2, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

166) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 dez. 1917. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

167) Uma Luminosa Esperança. O Paiz, Rio de Janeiro, 10 dez. 1917. c. 2 e 3, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

168) Carnaval Nunca!. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 dez. 1917. c. 4, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

169) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 dez. 1917. c. 4 e 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

170) O Povo e a Guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 jan. 1918. c. 7, p. 1; c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

171) Cansaço Mortal. O Paiz, Rio de Janeiro, 14 jan. 1918. c. 5 e 6, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

172) Carnaval e Guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 jan. 1918. c. 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

173) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 jan. 1918. c. 7, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

174) Situação de ‘Grand Guignol’. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 fev. 1918. c. 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

175) O Alliado Carnavalesco. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 fev. 1918. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

176) Vaidade de Mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 18 fev. 1918. c. 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

177) Uma Resposta. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 fev. 1918. c. 2 e 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

178) Uma Lição Desnecessaria. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 mar. 1918. c. 2 e 3, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

179) Não Matarás. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 mar. 1918. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

180) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º abr. 1918. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

181) Aos Marinheiros. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 abr. 1918. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

182) A Mulher e a Guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 abr. 1918. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

183) Crianças Abandonadas. O Paiz, Rio de Janeiro, 22 abr. 1918. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

184) O Verdadeiro Patriotismo. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 abr. 1918. c. 4 e 5, p. 2. [Coluna PalestraFeminina]

185) A Cura do Brasil. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 mai. 1918. c. 2 e 3, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

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186) Os Nossos Heroes. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 mai. 1918. c. 4 e 5, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

187) O Vestuario Masculino. O Paiz, Rio de Janeiro, 22 mai. 1918. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

188) Ataulpho de Paiva. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 mai. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

189) O Bezerro de Ouro. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jun. 1918. c. 6 e 7, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

190) Por um Domingo Radioso... O Paiz, Rio de Janeiro, 11 jun. 1918. c. 1, 2 e 3, p. 6. [Coluna PalestraFeminina]

191) A Carestia da Vida. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jun. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

192) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 jun. 1918. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

193) Os Homens do Brasil. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jul. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

194) O Gesto de Wilson. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jul. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

195) Psychologia Curiosa. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jul. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

196) A Mobilização. O Paiz, Rio de Janeiro, 22 jul. 1918. c. 5 e 6, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

197) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 jul. 1918. c. 4 e 5, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

198) O Divorcio. O Paiz, Rio de Janeiro, 5 ago. 1918. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

199) O Fluminense F.C. O Paiz, Rio de Janeiro, 12 ago. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

200) Para uma Desgraçadinha!. O Paiz, Rio de Janeiro, 19 ago. 1918. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

201) Alcindo Guanabara. O Paiz, Rio de Janeiro, 26 ago. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

202) Os Imprevistos da Guerra. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 set. 1918. c. 1, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

203) O Grande Silencio. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 set. 1918. c. 1. p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

204) Viva a Argentina Amiga. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 set. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

205) Direito a Felicidade. O Paiz, Rio de Janeiro, 30 set. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

206) Leal de Souza — Ruy Guimarães. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 out. 1918. c. 1, 2 e 3, p. 5. [Coluna PalestraFeminina]

207) A Paz Bendicta. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 out. 1918. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

208) Guerra, Fome e Peste!. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 out. 1918. c. 3, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

209) A Fome. O Paiz, Rio de Janeiro, 28 out. 1918. c. 7. p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

210) Pelos Estudantes. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 nov. 1918. c. 6 e 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

211) Ainda Pelos Estudantes. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 nov. 1918. c. 5, 6 e 7, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

212) Uma Decisão Obrigatoria. O Paiz, Rio de Janeiro, 18 nov. 1918. c. 7, p. 3; c. 1. p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

213) Causas Justas. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 nov. 1918. c. 6 e 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

214) A Camara e os Exames. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 dez. 1918. c. 6 e 7, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

215) A Mulher Norte-americana. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 dez. 1918. c. 5 e 6, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

216) ’Sapho’ no Cinema. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 dez. 1918. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

217) A Vinda de Jesus. O Paiz, Rio de Janeiro, 23 dez. 1918. c. 6 e 7, p. 3; p. 4,c. 1. [Coluna PalestraFeminina]

218) A Victoria do Feminismo. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 jan. 1919. c. 1, p. 2. [Coluna Palestra Feminina]

219) Futilidades I. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 jan. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

220) Opiniões. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 jan. 1919. c. 7, p. 3; c. 1. p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

221) O Novo Prefeito. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jan. 1919. c. 4, p. 4. [Coluna de O Paiz]

222) Pelo Exército. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 fev. 1919. c. 5 e 6, p. 3. [Coluna Palestra Feminina223)

223) Divagações. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 fev. 1919. c. 5, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

224) Bem-vindo Sejas Tu, oh Momo!. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 mar. 1919. c. 4 e 5, p. 3. [Coluna PalestraFeminina]

225) A Leopoldina Railway. O Paiz, Rio de Janeiro, 10 mar. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

226) Um Gesto Desastrado. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 mar. 1919. c. 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

227) Os Responsaveis. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 mar. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

228) O Recolhimento dos Desvalidos de Petrópolis. O Paiz, Rio de Janeiro, 31 mar. 1919. c. 2 e 3, p. 4.[Coluna Palestra Feminina]

229) A Conferencia da Paz. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 abr. 1919. c. 7, p. 3; c. 1. p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

230) Eleição Presidencial. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 abr. 1919. c. 3 e 4, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

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231) Domingo da Ressurreição. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 abr. 1919. c. 5, 6 e 7, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

232) Se os Governos Quizessem... O Paiz, Rio de Janeiro, 28 abr. 1919. c. 7, p. 3; c. 1, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

233) Um Gesto Formoso. O Paiz, Rio de Janeiro, 5 mai. 1919. c. 7, p. 3; c. 1. p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

234) Campeonato Sul-americano. O Paiz, Rio de Janeiro, 12 mai. 1919. c. 2 e 3, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

235) Basta!. O Paiz, Rio de Janeiro, 20 mai. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

236) Basta! (II). O Paiz, Rio de Janeiro, 26 mai. 1919. c. 6 e 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

237) Um Maravilhoso Discurso. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 jun. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

238) Sonho Desfeito. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 jun. 1919. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

239) Novo Perigo e Triste Profanação. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 jun. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

240) A Mortalidade Infantil. O Paiz, Rio de Janeiro, 23 jun. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

241) A Paz. O Paiz, Rio de Janeiro, 30 jun. 1919. c. 3 e 4, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

242) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 jul. 1919. c. 7. p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

243) Duas Obras Primas. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 jul. 1919. c. 2 e 3, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

244) Os Estados Unidos. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 ago. 1919. c. 4 e 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

245) Melancolias e Injustiças. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 ago. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

246) Carmen Dolores. O Paiz, Rio de Janeiro, 18 ago. 1919. c. 1. p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

247) Elegancia. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 ago. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

248) O Violinista Barrios. O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º set. 1919. c. 7, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

249) A Mensagem Presidencial. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 set. 1919. c. 7. p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

250) O Que se Vê da Alta Montanha. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 set. 1919. c. 4 e 5, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

251) Alerta!!. O Paiz, Rio de Janeiro, 22 set. 1919. c. 7, p. 3; c. 1. p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

252) O Trabalho da Mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 set. 1919. c. 2 e 3, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

253) Pela Saúde!. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 out. 1919. c. 7, p. 3; c. 1. p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

254) Pedimos Garantias!. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 out. 1919. p. 4, c. 2 e 3. [Coluna Palestra Feminina]

255) Léa Bach. O Paiz, Rio de Janeiro, 20 out. 1919. c. 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

256) O Livro de João do Rio. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 out. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

257) Os Mortos. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 nov. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

258) Uma Visita á Casa da Correcção. O Paiz, Rio de Janeiro, 10 nov. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

259) Um Pouco de Energia e de Piedade!. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 nov. 1919. c. 7, p. 3; c. 1. p. 4. [ColunaPalestra Feminina]

260) A Lucta das Que Trabalham. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 nov. 1919. c. 6 e 7, p. 3; c. 1. p. 4. [ColunaPalestra Feminina]

261) A Alimentação Publica. O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º dez. 1919. c. 6 e 7, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

262) Capítulo IV — Educação Moderna. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 dez. 1919. c. 4, 5 e 6, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

263) Um Confeiteiro Intelligente. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 dez. 1919. c. 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

264) Verão. O Paiz, Rio de Janeiro, 22 dez. 1919. c. 1. p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

265) A Eterna Mocidade. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 dez. 1919. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

266) Liberdade e Responsabilidade. O Paiz, Rio de Janeiro, 5 jan. 1920. c. 3, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

267) Guerra aos Envenenadores. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 jan. 1920. c. 7. p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

268) Uma Campanha Que se Impõe. O Paiz, Rio de Janeiro, 19 jan. 1920. c. 6 e 7, p. 3. [Coluna PalestraFeminina]

269) Um Salão Moderníssimo. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jan. 1920. c. 7, p. 3; c. 1 e 2, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

270) Os Navios Ex-allemães. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 fev. 1920. c. 4, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

271) A Polícia e a Donzela. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 fev. 1920. c. 5, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

272) Uma Carta Carnavalesca. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 fev. 1920. c. 6, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

273) Um Conto da ... Quaresma. O Paiz, Rio de Janeiro, 23 fev. 1920. c. 4 e 5, p. 3. [Coluna PalestraFeminina]

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274) O Verdadeiro Papel da Mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º mar. 1920. c. 1, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

275) O Problema da Habitação. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 mar. 1920. c. 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

276) A União Luso-Brasileira. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 mar. 1920. c. 6 e 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

277) Almas Diversas. O Paiz, Rio de Janeiro, 22 mar. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

278) Justiça. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 mar. 1920. c. 4 e 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

279) Eugénie Buffet. O Paiz, Rio de Janeiro, 5 abr. 1920. c. 1. p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

280) O Patriotismo Brasileiro. O Paiz, Rio de Janeiro, 12 abr. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

281) Um Esmola, Pelo Amor de Deus!. O Paiz, Rio de Janeiro, 19 abr. 1920. c. 1, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

282) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 abr. 1920. c. 4, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

283) Engrossamento!. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 mai. 1920. c. 1, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

284) A Grande Virtude. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 mai. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

285) Gesto Grosseiro. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 mai. 1920. c. 4 e 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

286) O Último Discurso da Academia. O Paiz, Rio de Janeiro, 31 mai. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

287) Livro da ‘Saudade’. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 jun. 1920. c. 5 e 6, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

288) Novas Esperanças. O Paiz, Rio de Janeiro, 14 jun. 1920. c. 1. p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

289) As Mais Modernas. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 jun. 1920. c. 5 e 6, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

290) Reinado da Crinolina. O Paiz, Rio de Janeiro, 28 jun. 1920. c. 4 e 5, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

291) Uma Necessidade Inadiável. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 jul. 1920. c. 7, p. 3; c. 1. p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

292) Decreto Tardio. O Paiz, Rio de Janeiro, 12 jul. 1920. c. 5, 6 e 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

293) A Mensagem de Washington Luiz. O Paiz, Rio de Janeiro, 19 jul. 1920. c. 6 e 7, p. 3. [Coluna PalestraFeminina].

294) O Petit Guignol da Avenida. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jul. 1920. c. 4 e 5, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

295) O Segredo das Beatitudes. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 ago. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

296) Um Acto Monstruoso. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 ago. 1920. c. 5 e 6, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

297) Ligeiros Commentarios. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 ago. 1920. c. 7, p. 3; c. 1, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

298) Contra o Voto ás Mulheres. O Paiz, Rio de Janeiro, 30 ago. 1920. c. 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

299) Por Que Estamos Atrazados?. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 set. 1920. c. 4 e 5, p. 3. [Coluna PalestraFeminina]

300) A Legião da Mulher Brasileira. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 set. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

301) Por uma Humilde Victima!. O Paiz, Rio de Janeiro, 30 set. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

302) Excessos, Sempre Excessos!. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 out. 1920. c. 1, 2 e 3, p. 5. [Coluna PalestraFeminina]

303) A Avenida Niemeyer. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 out. 1920. p. 4, c. 2. [Coluna Palestra Feminina]

304) Carta Aberta. O Paiz, Rio de Janeiro, 19 out. 1920. c. 1, 2 e 3, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

305) Uma Resposta. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 out. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

306) Uma Heroina de Amor. O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º nov. 1920. c. 4 e 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

307) Uma Pergunta ás Mulheres Brasileiras. O Paiz, Rio de Janeiro, 8 nov. 1920. c. 3, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

308) Pela Justiça e Pela Eqüidade. O Paiz, Rio de Janeiro, 15 nov. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

309) Pela Minha Bandeira!. O Paiz, Rio de Janeiro, 22 nov. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

310) A Fábula do Lobo. O Paiz, Rio de Janeiro, 29 nov. 1920. c. 7, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

311) Evolução Perniciosa. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 dez. 1920. c. 1, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

312) Carta Aberta. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 dez. 1920. c. 4 e 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

313) Natal Principesco. O Paiz, Rio de Janeiro, 20 dez. 1920. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

314) Decepção (Conto de Natal). O Paiz, Rio de Janeiro, 27 dez. 1920. c. 6 e 7, p. 3; c. 1, p. 4. [ColunaPalestra Feminina]

315) A Pedra Que Rola. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jan. 1921. c. 6, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

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316) O Passado e o Presente. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 jan. 1921. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

317) Tremendo Gesto de Amor. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jan. 1921. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna PalestraFeminina]

318) Verão. O Paiz, Rio de Janeiro, 31 jan. 1921. c. 7, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

319) O Carnaval Petropolitano. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 fev. 1921. c. 4, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

320) As Creaturas e os Automoveis. O Paiz, Rio de Janeiro, 14 fev. 1921. c. 5 e 6, p. 3. [Coluna PalestraFeminina]

321) O Novo Instictuto Brasileiro de Architetos. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 fev. 1921. c. 4, p. 4. [ColunaPalestra Feminina]

322) A Eterna Illusão. O Paiz, Rio de Janeiro, 28 fev. 1921. c. 4, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

323) Os Nossos Navios. O Paiz, Rio de Janeiro, 7 mar. 1921. c. 1, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

324) Os Abusos Tragicos de Petropolis. O Paiz, Rio de Janeiro, 14 mar. 1921. c. 5, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

325) Incoherencia. O Paiz, Rio de Janeiro, 21 mar. 1921. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

326) Em Vão Jesus Morreu. O Paiz, Rio de Janeiro, 28 mar. 1921. c. 1, 2 e 3, p. 4. [Coluna PalestraFeminina]

327) Decadencia da Familia. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 abr. 1921. c. 1, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

328) Falsas e Perigosas Sensibilidades. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 abr. 1921. c. 7, p. 3. [Coluna PalestraFeminina]

329) Onde Está o Dinheiro?. O Paiz, Rio de Janeiro, 18 abr. 1921. c. 7, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

330) Os Jécas da Capital. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 abr. 1921. c. 4 e 5, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

331) O Primeiro Brasileiro de Proteção á Infancia. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 mai. 1921. c. 1 e 2, p. 4. [ColunaPalestra Feminina]

332) Ás mulheres Que Trabalham. O Paiz, Rio de Janeiro, 9 mai. 1921. c. 2, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

333) O Nosso Exército. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 mai. 1921. c. 4, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

334) Os Contrastes do Outono. O Paiz, Rio de Janeiro, 23 mai. 1921. c. 7, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

335) Molestia da Moda. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jun. 1921. c. 1, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

336) O Direito da Mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 6 jun. 1921. c. 3, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

337) O Voto da Mulher. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 jun. 1921. c. 5 e 6, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

338) Christo na Montanha. O Paiz, Rio de Janeiro, 20 jun. 1921. c. 4 e 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

339) Paulo Barreto. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jun. 1921. c. 4 e 5, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

340) Sobre a Terra Fofa. O Paiz, Rio de Janeiro, 4 jul. 1921. c. 3 e 4, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

341) Um Pequeno Inferno. O Paiz, Rio de Janeiro, 11 jul. 1921. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna Palestra Feminina]

342) Hysterismos e Jacobinados. O Paiz, Rio de Janeiro, 18 jul. 1921. c. 6 e 7, p. 3. [Coluna PalestraFeminina]

343) Arte e Nacionalismo. O Paiz, Rio de Janeiro, 25 jul. 1921. c. 7, p. 3. [Coluna Palestra Feminina]

344) Vinganças Inuteis. O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º ago. 1921. c. 1 e 2, p. 4. [Coluna Palestra Feminina]

345) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 ago. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

346) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 ago. 1921.c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

347) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 ago. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

348) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 ago. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

349) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 set. 1921. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

350) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 set. 1921..c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

351) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 set. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

352) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 set. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

353) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 out. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

354) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 out. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

355) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 out. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

356) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 out. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

357) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 nov. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

358) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 nov. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

359) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 nov. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

360) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 nov. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

361) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 dez. 1921. c. 1 e 2, p. 3 [Coluna A Semana]

362) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 dez. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

Page 213: 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · considérations de quelques théoriciens qui se sont penchés sur la thématique de la mémoire. Il tisse encore la lecture

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363) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 dez. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

364) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 dez. 1921. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

365) O Paiz, Rio de Janeiro, 1 jan. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

366) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jan. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

367) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jan. 1922. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

368) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 jan. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

369) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 jan. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

370) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 fev. 1922. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

371) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 fev. 1922. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

372) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 fev. 1922. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna A Semana]

373) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 fev. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

374) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 mar. 1922. c. 1, 2 e 3, p. 2. [Coluna A Semana]

375) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 mar. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

376) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 mar. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

377) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 mar. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

378) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 abr. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

379) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 abr. 1922. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

380) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 abr. 1922. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

381) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 abr. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

382) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 abr. 1922. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

383) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 mai. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

384) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 mai. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

385) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 mai. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

386) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 mai. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

387) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 jun. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

388) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 jun. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

389) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 jun. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

390) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 jul. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

391) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 jul. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

392) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 jul. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

393) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 jul. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

394) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 jul. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

395) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 ago. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

396) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 ago. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

397) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 ago. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

398) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 ago. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

399) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 set. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

400) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 set. 1922. c. 5 e 6, p. 3. [Coluna A Semana]

401) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 set. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

402) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 set. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

403) O Paiz, Rio de Janeiro, 1 out. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

404) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 out. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

405) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 out. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

406) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 out. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

407) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 out. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

408) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 nov. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

409) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 nov. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

410) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 nov. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

411) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 dez. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

412) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 dez. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

413) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 dez. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

414) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 dez. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

415) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 dez. 1922. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

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416) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 jan. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

417) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 jan. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

418) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 jan. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

419) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 jan. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

420) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 fev. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

421) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 fev. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

422) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 fev. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

423) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 mar. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

424) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 mar. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

425) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 mar. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

426) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 mar. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

427) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º abr. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

428) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 abr. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

429) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 abr. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

430) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 abr. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

431) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 mai. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

432) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 mai. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

433) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 mai. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

434) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 mai. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

435) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jun. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

436) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 jun. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

437) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jun. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

438) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 jun. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

439) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º jul. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

440) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jul. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

441) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jul. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

442) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 jul. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

443) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 jul. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

444) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 ago. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

445) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 ago. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

446) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 ago. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

447) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 ago. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

448) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 set. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

449) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 set. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

450) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 set. 1923. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

451) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 set. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

452) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 set. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

453) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 out. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

454) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 out. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

455) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 out. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

456) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 out. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

457) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 nov. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

458) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 nov. 1923. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

459) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 nov. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

460) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 nov. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

461) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 dez. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

462) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 dez. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

463) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 dez. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

464) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 dez. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

465) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 dez. 1923. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

466) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 jan. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

467) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 jan. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

468) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 jan. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

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469) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jan. 1924. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

470) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 fev. 1924. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

471) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 fev. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

472) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 fev. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

473) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 fev. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

474) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 mar. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

475) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 mar. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

476) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 mar. 1924. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

477) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 mar. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

478) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 mar. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

479) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 abr. 1924. c. 1, p. 3. [Coluna A Semana]

480) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 abr. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

481) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 abr. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

482) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 abr. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

483) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 mai. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

484) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 mai. 1924. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

485) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 mai. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

486) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 mai. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

487) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º jun. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

488) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jun. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

489) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jun. 1924. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

490) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 jun. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

491) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 jun. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

492) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 jul. 1924. c. 1, 2 e 3, p. 3. [Coluna A Semana]

493) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 jul. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

494) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 jul. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

495) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jul. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

496) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 ago. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

497) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 ago. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

498) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 ago. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

499) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 ago. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

500) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 ago. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

501) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 set. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

502) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 set. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

503) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 set. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

504) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 set. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

505) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 out. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

506) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 out. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

507) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 out. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

508) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 nov. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

509) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 nov. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

510) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 nov. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

511) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 nov. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

512) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 nov. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

513) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 dez. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

514) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 dez. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

515) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 dez. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

516) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 dez. 1924. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

517) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 jan. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

518) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 jan. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

519) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 jan. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

520) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 jan. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

521) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º fev. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

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522) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 fev. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

523) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 fev. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

524) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.° mar. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

525) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 mar. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

526) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 mar. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

527) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 mar. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

528) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 mar. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

529) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 abr. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

530) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 abr. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

531) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 abr. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

532) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 abr. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

533) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 mai. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

534) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 mai. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

535) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 mai. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

536) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 mai. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

537) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 mai. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

538) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 jun. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

539) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 jun. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

540) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 jun. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

541) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 jul. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

542) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 jul. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

543) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 jul. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

544) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 jul. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

545) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 ago. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

546) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 ago. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

547) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 ago. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

548) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 ago. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

549) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 ago. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

550) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 set. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

551) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 set. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

552) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 set. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

553) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 set. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

554) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 out. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

555) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 out. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

556) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 out. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

557) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 out. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

558) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º nov. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

559) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 nov. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

560) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 nov. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

561) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 nov. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

562) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 nov. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

563) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 dez. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

564) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 dez. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

565) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 dez. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

566) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 dez. 1925. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

567) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jan. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

568) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 jan. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

569) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jan. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

570) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 jan. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

571) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 jan. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

572) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 fev. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

573) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 fev. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

574) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 fev. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

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575) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 fev. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

576) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 mar. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

577) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 mar. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

578) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 mar. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

579) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 mar. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

580) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 abr. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

581) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 abr. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

582) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 abr. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

583) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 abr. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

584) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 mai. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

585) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 mai. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

586) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 mai. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

587) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 mai. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

588) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 mai. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

589) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 jun. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

590) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 jun. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

591) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 jun. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

592) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jun. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

593) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 jul. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

594) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 jul. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

595) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 jul. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

596) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 jul. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

597) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º ago. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

598) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 ago. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

599) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 ago. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

600) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 ago. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

601) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 ago. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

602) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 set. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

603) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 set. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

604) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 set. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

605) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 set. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

606) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 out. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

607) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 out. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

608) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 out. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

609) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 out. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

610) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 out. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

611) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 nov. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

612) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 nov. 1926. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

613) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 nov. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

614) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 nov. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

615) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 dez. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

616) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 dez. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

617) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 dez. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

618) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 dez. 1926. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

619) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 jan. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

620) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 jan. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

621) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 jan. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

622) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 jan. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

623) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 jan. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

624) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 fev.1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

625) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 fev. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

626) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 fev. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

627) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 fev. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

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628) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 mar. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

629) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 mar. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

630) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 mar. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

631) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 mar. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

632) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 abr. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

633) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 abr. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

634) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 abr. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

635) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 abr. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

636) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º mai. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

637) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 mai. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

638) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 mai. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

639) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 mai. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

640) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 mai. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

641) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 jun. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

642) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 jun. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

643) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 jun. 1927. c. 1, p. 3. [Coluna A Semana]

644) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 jun. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

645) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jul. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

646) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 jul. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

647) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jul. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

648) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 jul. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

649) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 jul. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

650) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 ago. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

651) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 ago. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

652) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 ago. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

653) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 ago. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

654) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 set. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

655) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 set. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

656) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 set. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

657) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 set. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

658) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 out. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

659) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 out. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

660) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 out. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

661) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 out. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

662) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 out. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

663) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 nov. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

664) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 dez. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

665) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 dez. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

666) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 dez. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

667) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 dez. 1927. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

668) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º jan. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

669) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jan. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

670) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jan. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

671) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 jan. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

672) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 jan. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

673) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 fev. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

674) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 fev. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

675) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 fev. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

676) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 fev. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

677) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 mar. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

678) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 mar. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

679) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 mar. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

680) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 mar. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

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681) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º abr. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

682) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 abr. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

683) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 abr. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

684) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 abr. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

685) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 abr. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

686) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 mai. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

687) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 mai. 1928. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

688) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 mai. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

689) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 mai. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

690) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jun. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

691) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 jun. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

692) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jun. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

693) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 jun. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

694) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º jul. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

695) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jul. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

696) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jul. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

697) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 jul. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

698) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 jul. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

699) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 ago. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

700) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 ago. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

701) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 ago. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

702) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 ago. 1928. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

703) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 set. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

704) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 set. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

705) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 set. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

706) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 set. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

707) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 set. 1928. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

708) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 out. 1928. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

709) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 out. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

710) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 out. 1928. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

711) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 out. 1928. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

712) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 nov. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

713) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 nov. 1928. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

714) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 nov. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

715) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 nov. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

716) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 dez. 1928. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

717) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 dez. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

718) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 dez. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

719) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 dez. 1928. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

720) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 dez. 1928. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

721) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 jan. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

722) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 jan. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

723) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 jan. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

724) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jan. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

725) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 fev. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

726) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 fev. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

727) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 fev. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

728) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 fev. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

729) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 mar. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

730) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 mar. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

731) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 mar. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

732) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 mar. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

733) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 mar. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

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734) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 abr. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

735) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 abr. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

736) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 abr. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

737) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 abr. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

738) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 mai. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

739) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 mai. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

740) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 mai. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

741) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 mai. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

742) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 jun. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

743) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 jun. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

744) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 jun. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

745) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 jun. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

746) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 jun. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

747) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 jul. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

748) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 jul. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

749) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 jul. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

750) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 jul. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

751) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 ago. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

752) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 ago. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

753) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 ago. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

754) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 ago. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

755) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 set. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

756) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 set. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

757) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 set. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

758) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 set. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

759) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 out. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

760) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 out. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

761) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 out. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

762) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 out. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

763) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 nov. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

764) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 nov. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

765) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 nov. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

766) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 nov. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

767) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º dez. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

768) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 dez. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

769) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 dez. 1929. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

770) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 dez. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

771) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 dez. 1929. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

772) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 jan. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

773) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 jan. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

774) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 jan. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

775) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 jan. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

776) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 fev. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

777) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 fev. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

778) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 fev. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

779) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 fev. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

780) O Paiz, Rio de Janeiro, 2 mar. 1930. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

781) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 mar. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

782) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 mar. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

783) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 mar. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

784) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 mar. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

785) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 abr. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

786) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 abr. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

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787) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 abr. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

788) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 abr. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

789) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 mai. 1930. c. 1 e 2, p. 7. [Coluna A Semana]

790) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 mai. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

791) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 mai. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

792) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 mai. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

793) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º jun. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

794) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jun. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

795) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jun. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

796) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 jun. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

797) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 jun. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

798) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 jul. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

799) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 jul. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

800) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 jul. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

801) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 jul. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

802) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 ago. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

803) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 ago. 1930. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

804) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 ago. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

805) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 ago. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

806) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 ago. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

807) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 set. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

808) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 set. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

809) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 set. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

810) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 set. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

811) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 out. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

812) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 out. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

813) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 out. 1930. c. 1 e 2, p. 5. [Coluna A Semana]

814) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 out. 1930. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

815) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 out. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

816) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 nov. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

817) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 nov. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

818) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 nov. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

819) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 nov. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

820) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 dez. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

821) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 dez. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

822) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 dez. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

823) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 dez. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

824) O Paiz, Rio de Janeiro, 31 dez. 1933. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

825) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 jan. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

826) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 jan.1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

827) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 jan. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

828) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 jan. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

829) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 fev. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

830) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 fev. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

831) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 fev. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

832) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 fev. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

833) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 mar. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

834) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 mar. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

835) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 mar. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

836) O Paiz, Rio de Janeiro, 25 mar. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

837) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º abr. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

838) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 abr. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

839) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 abr. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

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840) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 abr. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

841) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 abr. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

842) O Paiz, Rio de Janeiro, 6 mai. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

843) O Paiz, Rio de Janeiro, 13 mai. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

844) O Paiz, Rio de Janeiro, 20 mai. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

845) O Paiz, Rio de Janeiro, 27 mai. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

846) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 jun. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

847) O Paiz, Rio de Janeiro, 10 jun. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

848) O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jun. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

849) O Paiz, Rio de Janeiro, 24 jun. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

850) O Paiz, Rio de Janeiro, 1.º jul. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

851) O Paiz, Rio de Janeiro, 8 jul. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

852) O Paiz, Rio de Janeiro, 15 jul. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

853) O Paiz, Rio de Janeiro, 22 jul. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

854) O Paiz, Rio de Janeiro, 29 jul. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

855) O Paiz, Rio de Janeiro, 5 ago. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

856) O Paiz, Rio de Janeiro, 12 ago. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

857) O Paiz, Rio de Janeiro, 19 ago. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

858) O Paiz, Rio de Janeiro, 26 ago. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

859) O Paiz, Rio de Janeiro, 3 set. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

860) O Paiz, Rio de Janeiro, 9 set. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

861) O Paiz, Rio de Janeiro, 16 set. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

862) O Paiz, Rio de Janeiro, 23 set. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

863) O Paiz, Rio de Janeiro, 30 set. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

864) O Paiz, Rio de Janeiro, 7 out. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

865) O Paiz, Rio de Janeiro, 14 out. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

866) O Paiz, Rio de Janeiro, 21 out. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

867) O Paiz, Rio de Janeiro, 28 out. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

868) O Paiz, Rio de Janeiro, 4 nov. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

869) O Paiz, Rio de Janeiro, 11 nov. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

870) O Paiz, Rio de Janeiro, 18 nov. 1934. c. 1 e 2, p. 3. [Coluna A Semana]

871) Cidade de Menores. O Paiz, Rio de Janeiro, 3 out. 1937. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna De Luneta...]

872) O Morro de Santo Antonio. O Paiz, Rio de Janeiro, 13 out. 1937. c. 7 e 8, p. 3. [Coluna De Luneta...]

873) Comicidade dos Enlaces. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 out. 1937. c. 7 e 8, p. 2. [Coluna De Luneta...]

874) Talento e Miseria. O Paiz, Rio de Janeiro, 24 out. 1937. c. 7 e 8, p. 2. [Coluna De Luneta...]

875) Aos Viajantes do Além. O Paiz, Rio de Janeiro, 2 nov. 1937. c. 1 e 2, p. 2. [Coluna De Luneta...]

876) Um Marido Passadista. O Paiz, Rio de Janeiro, 16 nov. 1937. c. 7 e 8, p. 2. [Coluna De Luneta...]

877) A Voz das Bandeiras. O Paiz, Rio de Janeiro, 27 nov. 1937. c. 7 e 8, p. 2. [Coluna De Luneta...]

878) Porque a mulher se mata... O Paiz, Rio de Janeiro, 4 dez. 1937. c. 7 e 8, p. 3. [Coluna De Luneta...]

3.3.3. Correio Paulistano

1) Os Jogos Olímpicos. Correio Paulistano, São Paulo, 11 jan. 1920. p. 1.

2) Preocupações anciãs. Correio Paulistano, São Paulo, 18 jan. 1920. p. 1.

3) Desequilíbrio social. Correio Paulistano, São Paulo, 25 jan. 1920. p. 1.

4) Um programa sincero. Correio Paulistano, São Paulo, 1 fev. 1920. p. 1.

5) As festas das hortencias. Correio Paulistano, São Paulo, 8 fev. 1920. p. 1.

6) Nizia Floresta. Correio Paulistano, São Paulo, 15 fev. 1920. p. 1.

7) O estado de espírito carnavalesco. Correio Paulistano, São Paulo, 22 fev. 1920. p. 1.

8) A Cruzada de Trinta. Correio Paulistano, São Paulo, 1 mar. 1920. p. 1.

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9) Mães!. Correio Paulistano, São Paulo, 7 mar. 1920. p. 1.

10) A dança como hygiene. Correio Paulistano, São Paulo, 14 mar. 1920. p. 1.

11) A crise dos transportes. Correio Paulistano, São Paulo, 21 mar. 1920. p. 1.

12) Amor e odio. Correio Paulistano, São Paulo, 28 mar. 1920. p. 1.

13) Manhã da ressureição. Correio Paulistano, São Paulo, 5 abr. 1920. p. 1.

14) Nacionalismo injusto. Correio Paulistano, São Paulo, 11 abr. 1920. p. 1.

15) Fim de amor. Correio Paulistano, São Paulo, 18 abr. 1920. p. 1.

16) A necessidade dos patronatos para as nossas penitenciárias. Correio Paulistano, São Paulo, 25 abr. 1920. p. 1.

17) Contrastes. Correio Paulistano, São Paulo, 9 mai. 1920. p. 1.

18) Uma vista real. Correio Paulistano, São Paulo, 16 mai. 1920. p. 1.

19) O nosso centenário. Correio Paulistano, São Paulo, 23 mai. 1920. p. 1.

20) Ao luar. Correio Paulistano, São Paulo, 6 jun. 1920. p. 1.

21) O livro de Moebius. Correio Paulistano, São Paulo, 13 jun. 1920. p. 1.

22) Um fim de festa. Correio Paulistano, São Paulo, 20 jun. 1920. p. 1.

23) O Inferno. Correio Paulistano, São Paulo, 27 jun. 1920. p. 1.

24) Carta aberta. Correio Paulistano, São Paulo, 4 jul. 1920. p. 1.

25) A educação popular. Correio Paulistano, São Paulo, 11 jul. 1920. p. 1.

26) A beleza feminina. Correio Paulistano, São Paulo, 18 jul. 1920. p. 1.

27) O dever social. Correio Paulistano, São Paulo, 25 jul. 1920. p. 1.

28) Lírios. Correio Paulistano, São Paulo, 8 ago. 1920. p. 1.

29) Almas. Correio Paulistano, São Paulo, 15 ago. 1920. p. 1.

30) A sciencia da vida. Correio Paulistano, São Paulo, 22 ago. 1920. p. 1.

31) Pelos jornalistas. Correio Paulistano, São Paulo, 29 ago. 1920. p. 1.

32) Um vulto tragico. Correio Paulistano, São Paulo, 5 set. 1920. p. 1.

33) O amor no Brasil. Correio Paulistano, São Paulo, 12 set. 1920. p. 1.

34) Um espetaculo simbolyco. Correio Paulistano, São Paulo, 26 set. 1920. p. 1.

35) Reflexões. Correio Paulistano, São Paulo, 3 out. 1920. p. 1.

36) A cortezia paulista. Correio Paulistano, São Paulo, 10 out. 1920. p. 1.

37) Não queiramos ser homens. Correio Paulistano, São Paulo, 17 out. 1920. p. 1.

38) Uma escola modelo. Correio Paulistano, São Paulo, 24 out. 1920. p. 1.

39) “A fada nua” de Goffredo. Correio Paulistano, São Paulo, 31 out. 1920. p. 1.

40) Psychologia. Correio Paulistano, São Paulo, 7 nov. 1920. p. 1.

41) Uma questão feminina. Correio Paulistano, São Paulo, 14 nov. 1920. p. 1.

42) A nossa bandeira. Correio Paulistano, São Paulo, 21 nov. 1920. p. 1.

43) Noite de luar. Correio Paulistano, São Paulo, 28 nov. 1920. p. 1.

44) A terrivel hospede. Correio Paulistano, São Paulo, 5 dez. 1920. p. 1.

45) Flôres modernas. Correio Paulistano, São Paulo, 12 dez. 1920. p. 1.

46) O Natal da velhinha. Correio Paulistano, São Paulo, 19 dez. 1920. p. 1.

47) Sursum corda! Correio Paulistano, São Paulo, 2 jan. 1921. p. 1.

48) Cidade de verão! Correio Paulistano, São Paulo, 20 fev. 1921. p. 1.

49) As crianças modernas. Correio Paulistano, São Paulo, 27 fev. 1921. p. 1.

50) A melindrosa. Correio Paulistano, São Paulo, 6 mar. 1921. p. 1.

51) Basta de anjos. Correio Paulistano, São Paulo, 13 mar. 1921. p. 1.

52) O egoísmo, base da sociedade. Correio Paulistano, São Paulo: 20 mar. 1921 p. 1.

53) Silas paphuncio. Correio Paulistano, São Paulo, 3 abr. 1921 p. 1.

54) Um livro de mulher. Correio Paulistano, São Paulo, 11 abr. 1921. p. 1.

55) Mundanismo artificial. Correio Paulistano, São Paulo, 17 abr. 1921. p. 1.

56) Os condenados á morte. Correio Paulistano, São Paulo, 24 abr. 1921. p. 1.

57) Conversas. Correio Paulistano, São Paulo, 1 mai. 1921. p. 3.

58) O conselho do crepusculo. Correio Paulistano, São Paulo, 8 mai. 1921. p. 1.

59) Modas e votos. Correio Paulistano, São Paulo, 15 mai. 1921. p. 1.

60) O museu da criança. Correio Paulistano, São Paulo, 22 mai. 1921. p. 1.

61) “Uma obra de sensibilidade”. Correio Paulistano, São Paulo, 5 jun. 1921. p. 1.

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224

62) O escripto da dor. Correio Paulistano, São Paulo, 12 jun. 1921. p. 1.

63) Rosas vermelhas. Correio Paulistano, São Paulo, 3 jul. 1921. p. 3.

64) Aula de dança. Correio Paulistano, São Paulo, 10 jul. 1921. p. 3.

65) Uma história aula. Correio Paulistano, São Paulo, 17 jul. 1921. p. 3.

66) A cartomante. Correio Paulistano, São Paulo, 31 jul. 1921. p. 3.

67) Auto-psychologia. Correio Paulistano, São Paulo, 14 ago. 1921. p. 3.

68) Responsabilidade humana. Correio Paulistano, São Paulo, 21 ago. 1921. p. 5.

69) O salon e os cinemas. Correio Paulistano, São Paulo, 28 ago. 1921. p. 3.

70) As furias do oceano. Correio Paulistano, São Paulo, 4 set. 1921. p. 3.

71) Um crime passional. Correio Paulistano, São Paulo, 3 out. 1921. p. 3.

72) Uma obra interessante. Correio Paulistano, São Paulo, 10 out. 1921. p. 3.

73) Uma lenda brasileira. Correio Paulistano, São Paulo, 17 out. 1921. p. 3.

74) Modas. Correio Paulistano, São Paulo, 23 out. 1921. p. 3.

75) Almas femininas. Correio Paulistano, São Paulo, 31 out. 1921. p. 3.

76) Dialogo pitoresco. Correio Paulistano, São Paulo, 6 nov. 1921. p. 3.

77) A paz e a mulher. Correio Paulistano, São Paulo, 14 nov. 1921. p. 3.

78) A Princesa Isabel. Correio Paulistano, São Paulo, 21 nov. 1921. p. 3.

79) Um crime de amor. Correio Paulistano, São Paulo, 27 nov. 1921. p. 3.

80) Uma resposta. Correio Paulistano, São Paulo, 4 dez. 1921. p. 3.

81) Flirt moderno. Correio Paulistano, São Paulo, 12 dez. 1921. p. 3.

82) A vinda de Jesus. Correio Paulistano, São Paulo, 27 dez. 1921. p. 5.

83) Hontem e hoje. Correio Paulistano, São Paulo, 8 jan. 1922, p. 3.

84) Fructo da epocha. Correio Paulistano, São Paulo, 30 jan. 1922. p. 3.

85) Homenagem merecida. Correio Paulistano, São Paulo, 16 fev. 1922. p. 3.

86) Fusão carnavalesca. Correio Paulistano, São Paulo, 28 fev. 1922. p. 3.

87) Reacção. Correio Paulistano, São Paulo, 21 mar. 1922. p. 3.

88) A musica brasileira. Correio Paulistano, São Paulo, 29 mar. 1922. p. 3.

89) O coração (conto de paschoa). Correio Paulistano, São Paulo, 24 abr. 1922. p. 3.

90) Novenas. Correio Paulistano, São Paulo, 13 mai. 1922. p. 3.

91) Ilogismo. Correio Paulistano, São Paulo, 4 jun. 1922. p. 3.

92) A tentação. Correio Paulistano, São Paulo, 25 jun. 1922. p. 3.

93) Chapéosinhos Vermelhos. Correio Paulistano, São Paulo, 27 jul. 1922. p. 3.

94) O sacudir das cadeias. Correio Paulistano, São Paulo, 7 set. 1922. p. 3.

95) Na nossa exposição. Correio Paulistano, São Paulo, 6 out. 1922. p. 3.

96) Congresso eucharistico feminino. Correio Paulistano, São Paulo, 3 nov. 1922. p. 3.

97) O espelho (conto de Natal). Correio Paulistano, São Paulo, 23 dez. 1922. p. 3.

98) Verão!. Correio Paulistano, São Paulo, 27 jan. 1923. p. 3.

99) Flores da quaresma. Correio Paulistano, São Paulo, 27 mar. 1923. p. 3.

100) Cruzes. Correio Paulistano, São Paulo, 30 abr. 1923. p. 1.

101) As leis de Mussolini. Correio Paulistano, São Paulo, 23 mai. 1923. p. 3.

102) Uma impressão de arte. Correio Paulistano, São Paulo, 22 jul. 1923. p. 3.

103) Onde está a verdade? Correio Paulistano, São Paulo, 23 ago. 1923. p. 3.

104) As escolas de silencio. Correio Paulistano, São Paulo, 28 out. 1923. p. 3.

105) A dança e a palestra. Correio Paulistano, São Paulo, 9 dez. 1923. p. 3.

106) O boneco imprevisto (conto de Natal). Correio Paulistano, São Paulo, 2 jan. 1924. p. 3.

107) Cabelos curtos. Correio Paulistano, São Paulo, 24 fev. 1924. p. 3.

108) As lagrimas de Jesus. Correio Paulistano, São Paulo, 26 mar. 1924. p. 3.

109) Outono. Correio Paulistano, São Paulo, 7 mai. 1924. p. 3.

110) A semana. Correio Paulistano, São Paulo, 14 mai. 1924. p. 3.

111) Falta de religiao ou excesso de luxo? Correio Paulistano, São Paulo, 22 jun. 1924. p. 3.

112) Um homem. Correio Paulistano, São Paulo, 13 set. 1924. p. 2.

113) A escola nova. Correio Paulistano, São Paulo, 10 nov. 1924. p. 3.

114) Frumentaria. Correio Paulistano, São Paulo, 23 nov. 1924. p. 3.

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115) Um luminoso perfil. Correio Paulistano, São Paulo, 8 dez. 1924. p. 3.

116) O sonho de Maria (conto de Natal). Correio Paulistano, São Paulo, 30 dez. 1924. p. 3.

117) A mulher versus vida. Correio Paulistano, São Paulo, 18 jan. 1925. p. 3.

118) A dôr na humanidade. Correio Paulistano, São Paulo, 25 jan. 1925. p. 3.

119) De parabens. Correio Paulistano, São Paulo, 13 fev. 1925. p. 3.

120) Psichologia do confetti. Correio Paulistano, São Paulo, 22 fev. 1925. p. 3.

121) Ebert, o formidavel. Correio Paulistano, São Paulo, 8 mar. 1925. p. 3.

122) O direito de matar. Correio Paulistano, São Paulo, 29 mar. 1925. p. 3.

123) O Beijo de Judas. Correio Paulistano, São Paulo, 9 abr. 1925. p. 3.

124) A edade melancolica. Correio Paulistano, São Paulo, 20 abr. 1925. p. 3.

125) Moralidade e civismo. Correio Paulistano, São Paulo, 11 mai. 1925. p. 3.

126) Dias de maio. Correio Paulistano, São Paulo, 24 mai. 1925. p. 3.

127) Um escriptor e um editor. Correio Paulistano, São Paulo, 17 jun. 1925. p. 3.

128) O reverso das corôas. Correio Paulistano, São Paulo, 27 jun. 1925. p. 3.

129) A horrível cocaina. Correio Paulistano, São Paulo, 17 jul. 1925. p. 3.

130) Uma bella propaganda. Correio Paulistano, São Paulo, 15 ago. 1925. p. 3.

131) Ensino profissional. Correio Paulistano, São Paulo, 22 ago. 1925. p. 5.

132) Mulheres artistas. Correio Paulistano, São Paulo, 10 set. 1925. p. 3, c. 2, 3.

133) Religião e civismo. Correio Paulistano, São Paulo, 20 set. 1925. p. 3.

134) Um facto curioso. Correio Paulistano, São Paulo, 25 out. 1925. p. 3.

135) Patriotismo. Correio Paulistano, São Paulo, 21 nov. 1925. p. 3.

136) A tragedia de um comico. Correio Paulistano, São Paulo, 20 dez. 1925. p. 3.

137) O vestido côr de rosa (conto de Natal). Correio Paulistano, São Paulo, 28 dez. 1925. p. 2.

138) Sem defesa. Correio Paulistano, São Paulo, 15 jan. 1926. p. 3.

139) O universo e as creaturas. Correio Paulistano, São Paulo, 25 jan. 1926. p. 3.

140) Estamos na hora! Correio Paulistano, São Paulo, 13 fev. 1926. p. 3.

141) Justiça! Somente justiça! Correio Paulistano, São Paulo, 25 fev. 1926. p. 3.

142) Um perigo social. Correio Paulistano, São Paulo, 13 mar. 1926. p. 3.

143) Clubs femininos. Correio Paulistano, São Paulo, 28 mar. 1926. p. 3.

144) Influência dos cinemas. Correio Paulistano, São Paulo, 18 abr. 1926. p. 3.

145) Conhece-te! Correio Paulistano, São Paulo, 29 abr. 1926. p. 3.

146) O novo imposto. Correio Paulistano, São Paulo, 19 mai. 1926. p. 3.

147) Gratidão ao futurismo. Correio Paulistano, São Paulo, 28 mai. 1926. p. 3.

148) Um poeta e um pensador. Correio Paulistano, São Paulo, 16 jun. 1926. p. 3.

149) Si os nossos avós voltassem. Correio Paulistano, São Paulo, 25 jun. 1926. p. 3.

150) Religião e amor. Correio Paulistano, São Paulo, 3 jul. 1926. p. 3.

151) Chimera. Correio Paulistano, São Paulo, 9 jul. 1926. p. 3.

152) A moda e as modernas. Correio Paulistano, São Paulo, 30 jul. 1926. p. 3.

153) Combate lamentavel. Correio Paulistano, São Paulo, 7 ago. 1926. p. 3.

154) Um delicioso livro. Correio Paulistano, São Paulo, 1 set. 1926. p. 3.

155) Um delicioso livro. Correio Paulistano, São Paulo, 11 set. 1926. p. 3.

156) Desaccôrdo artistico. Correio Paulistano, São Paulo, 17 set. 1926. p. 3.

157) Fraternidade brasileira. Correio Paulistano, São Paulo, 24 set. 1926. p. 3.

158) Phrenesi americano. Correio Paulistano, São Paulo, 9 out. 1926. p. 3.

159) Santa dica. Correio Paulistano, São Paulo, 16 out. 1926. p. 3.

160) Escola de jornalistas. Correio Paulistano, São Paulo, 23 out. 1926. p. 3.

161) Ah! Se os mortos falassem! Correio Paulistano, São Paulo, 7 nov. 1926. p. 3.

162) Hygiene, claridade dos povos! Correio Paulistano, São Paulo, 13 nov. 1926. p. 3.

163) A sciencia da felicidade. Correio Paulistano, São Paulo, 27 nov. 1926. p. 3.

164) Uma fórma de patriostismo. Correio Paulistano, São Paulo, 3 dez. 1926. p. 3.

165) A instrucção e o papel. Correio Paulistano, São Paulo, 22 dez. 1926. p. 3.

166) Porque pagar o mal com outro mal? Correio Paulistano, São Paulo, 4 jan. 1927. p. 3.

167) Ideias são mundos. Correio Paulistano, São Paulo, 15 jan. 1927. p. 3.

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168) Um choque de imagens. Correio Paulistano, São Paulo, 25 jan. 1927. p. 3.

169) Cartas a uma paulista. Correio Paulistano, São Paulo, 9 fev. 1927. p. 3.

170) Palavras consoladoras. Correio Paulistano, São Paulo, 14 fev. 1927. p. 3.

171) Dias rubros. Correio Paulistano, São Paulo, 26 fev. 1927. p. 3.

172) A angustia humana. Correio Paulistano, São Paulo, 11 mar. 1927. p. 3.

173) Peste, miseria e guerra. Correio Paulistano, São Paulo, 16 mar. 1927. p. 3.

174) Um homem original. Correio Paulistano, São Paulo, 30 mar. 1927. p. 3.

175) Molestias e remedios. Correio Paulistano, São Paulo, 8 abr. 1927. p. 3.

176) Luz e trevas. Correio Paulistano, São Paulo, 19 abr. 1927. p. 3.

177) Sacrificio e heroismo. Correio Paulistano, São Paulo, 8 mai. 1927. p. 3.

178) Ah! mulheres! mulheres! Correio Paulistano, São Paulo, 20 mai. 1927. p. 3.

179) Casos Pathologicos. Correio Paulistano, São Paulo, 31 mai. 1927. p. 3.

180) A casa do estudante pobre. Correio Paulistano, São Paulo, 8 jun. 1927. p. 3.

181) Santo Antonio. Correio Paulistano, São Paulo, 17 jun. 1927. p. 3.

182) Modas e modos. Correio Paulistano, São Paulo, 25 jun. 1927. p. 3.

183) As duas raças. Correio Paulistano, São Paulo, 8 jul. 1927. p. 3.

184) Direitos e deveres das mulheres. Correio Paulistano, São Paulo, 16 jul. 1927. p. 3.

185) Derradeiras conversas de Anatole France. Correio Paulistano, São Paulo, 22 jul. 1927. p. 3.

186) Influencias cinemáticas. Correio Paulistano, São Paulo, 2 ago. 1927. p. 3.

187) Um caso interessante. Correio Paulistano, São Paulo, 10 ago. 1927. p. 3.

188) Jimenez Asua. Correio Paulistano, São Paulo, 13 ago. 1927. p. 3.

189) Silencio oh! musas. Correio Paulistano, São Paulo, 1 set. 1927. p. 3.

190) Uma audiência publica. Correio Paulistano, São Paulo, 7 set. 1927. p. 3.

191) O theatro de Pirandello. Correio Paulistano, São Paulo, 13 set. 1927. p. 3.

192) Um estrangeiro e eu. Correio Paulistano, São Paulo, 24 set., 1927. p. 3.

193) As rosas de Therezinha de Jesus. Correio Paulistano, São Paulo, 4 out. 1927. p. 3.

194) O novo hospital da Beneficiencia Portugueza (para a “Gazeta” e para o “Correio Paulistano”). CorreioPaulistano, São Paulo, 12 out. 1927. p. 3.

195) A creança e seu dia. Correio Paulistano, São Paulo, 19 out. 1927. p. 3.

196) A pequena rainha do commercio. Correio Paulistano, São Paulo, 29 out. 1927. p. 3.

197) Brasil-Argentina. Correio Paulistano, São Paulo, 29 nov. 1927. p. 3.

198) Minhas impressões sinceras. Correio Paulistano, São Paulo, 3 dez. 1927. p. 3.

199) O voto feminino. Correio Paulistano, São Paulo, 17 dez. 1927. p. 3.

200) A virgem de Lisieux. Correio Paulistano, São Paulo, 28 dez. 1927. p. 3.

201) Prophylaxia do crime e da dôr. Correio Paulistano, São Paulo, 11 jan. 1928. p. 3.

202) A illusão é um bem ou mal. Correio Paulistano, São Paulo, 19 jan. 1928. p. 3.

203) Verão e Carnaval. Correio Paulistano, São Paulo, 26 jan. 1928. p. 3.

204) Blasco Ibañez. Correio Paulistano, São Paulo, 8 fev. 1928. p. 3, c. 7-8.

205) Lembra-te que és mortal! Correio Paulistano, São Paulo, 29 fev. 1928. p. 3.

206) Moysés. Correio Paulistano, São Paulo, 9 mar. 1928. p. 3.

207) O divino e o profano. Correio Paulistano, São Paulo, 24 mar. 1928. p. 3.

208) Contra a maré. Correio Paulistano, São Paulo, 6 abr. 1928. p. 3.

209) Christo. Correio Paulistano, São Paulo, 14 abr. 1928. p. 3.

210) A responsabilidade dos escriptores. Correio Paulistano, São Paulo, 1 mai. 1928. p. 3.

211) Justiça para os pequenos! Correio Paulistano, São Paulo, 15 mai. 1928. p. 3.

212) Periodo extranho. Correio Paulistano, São Paulo, 26 mai. 1928. p. 3.

213) Curioso caso medico. Correio Paulistano, São Paulo, 22 jun. 1928. p. 3.

214) As lagrimas de Pedro, base da Egreja. Correio Paulistano, São Paulo, 29 jun. 1928. p. 3.

215) Os altos e baixos das alturas. Correio Paulistano, São Paulo, 13 jul., 1928. p. 3.

216) A belleza é um sceptro. Correio Paulistano, São Paulo, 13 jul. 1928. p. 3.

217) Torturas de uma jornalista. Correio Paulistano, São Paulo, 4 ago. 1928. p. 3.

218) A gloriosa. Correio Paulistano, São Paulo, 18 ago. 1928. p. 3.

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219) Um ensinamento christão. Correio Paulistano, São Paulo, 24 ago. 1928. p. 3.

220) Paz e progresso. Correio Paulistano, São Paulo, 1 set. 1928. p. 3.

221) Bom senso e dignidade. Correio Paulistano, São Paulo, 13 set. 1928. p. 3.

222) Um acto selvagem e feio. Correio Paulistano, São Paulo, 22 set. 1928. p. 3.

223) Ciume que mata. Correio Paulistano, São Paulo, 29 set. 1928. p. 3.

224) Conversa com uma supermentalista. Correio Paulistano, São Paulo, 5 out. 1928. p. 3.

225) Recriminações femininas. Correio Paulistano, São Paulo, 12 out. 1928. p. 3.

226) Metafophoses naturaes. Correio Paulistano, São Paulo, 19 out. 1928. p. 3.

227) Folhas Mortas. Correio Paulistano, São Paulo, 6 nov. 1928. p. 3.

228) Mentalidade femenina de escól. Correio Paulistano, São Paulo, 13 nov. 1928. p. 3.

229) Viva a Republica. Correio Paulistano, São Paulo, 22 nov. 1928. p. 3.

230) Alcoolismo infantil. Correio Paulistano, São Paulo, 4 dez. 1928. p. 3.

231) As obras historicas. Correio Paulistano, São Paulo, 11 dez. 1928. p. 3.

232) Choque de mascaras. Correio Paulistano, São Paulo, 19 dez. 1928. p. 3.

233) Ilusões, regalos, do novo anno! Correio Paulistano, São Paulo, 4 jan. 1929. p. 3.

234) O “soi disant” perigos do feminismo na Inglaterra e alhures. Correio Paulistano, São Paulo, 11 jan. 1929.p. 3.

235) A verdadeira democracia. Correio Paulistano, São Paulo, 18 jan. 1929. p. 3.

236) Caso extranho! Correio Paulistano, São Paulo, 26 jan. 1929. p. 3.

237) Um livro de ironia e de observação. Correio Paulistano, São Paulo, 8 fev. 1929. p. 3.

238) Confetti e cinza. Correio Paulistano, São Paulo, 14 fev. 1929. p. 3.

239) As flores da quaresma. Correio Paulistano, São Paulo, 27 fev. 1929. p. 3.

240) Palestras femininas. Correio Paulistano, São Paulo, 7 mar. 1929. p. 3.

241) Influencia no trajar? Correio Paulistano, São Paulo, 14 mar. 1929. p. 3.

242) O symbolo negro. Correio Paulistano, São Paulo, 27 mar. 1929. p. 3.

243) O que dizem os sinos no sabbado d’Alleluia. Correio Paulistano, São Paulo, 4 abr. 1929. p. 3.

244) Livros para a infancia. Correio Paulistano, São Paulo, 10 abr. 1929. p. 3.

245) Noite de insomnia. Correio Paulistano, São Paulo, 17 abr. 1929. p. 3.

246) Como na Grecia Antiga... Correio Paulistano, São Paulo, 25 abr. 1929. p. 3.

247) O pintor do antigo Brasil. Correio Paulistano, São Paulo, 8 mai. 1929. p. 3.

248) O mez dos sinos. Correio Paulistano, São Paulo, 16 mai. 1929. p. 3.

249) A companhia theatral portuguesa. Correio Paulistano, São Paulo, 24 mai. 1929. p. 3.

250) Palavras de S. S. Pio XI. Correio Paulistano, São Paulo, 1 jun. 1929. p. 3.

251) As duas portas. Correio Paulistano, São Paulo, 7 jun. 1929. p. 3.

252) Onze de junho. Correio Paulistano, São Paulo, 14 jun. 1929. p. 3.

253) A energia é uma força. Correio Paulistano, São Paulo, 21 jun. 1929. p. 2.

254) O Rio através da chuva. Correio Paulistano, São Paulo, 10 jul. 1929. p. 3.

255) O “tempo do fim”. Correio Paulistano, São Paulo, 27 jul. 1929. p. 3.

256) Opinião feminina sobre a successão presidencial. Correio Paulistano, São Paulo, 21 ago. 1929. p. 6.

257) O povo e o governo. Correio Paulistano, São Paulo, 28 ago. 1929. p. 5.

258) A Hollanda vista por um academico. Correio Paulistano, São Paulo, 26 set. 1929. p. 7.

259) A virgem das rosas brancas. Correio Paulistano, São Paulo, 12 out. 1929. p. 6.

260) Aquelle que tudo vê. Correio Paulistano, São Paulo, 18 out. 1929. p. 7.

261) Pelos filhos dos lazaros. Correio Paulistano, São Paulo, 25 out. 1929. p. 3.

262) Praias e modas. Correio Paulistano, São Paulo, 2 nov. 1929. p. 3.

263) A ceia dos bachareis. Correio Paulistano, São Paulo, 22 nov. 1929. p. 5.

264) Mães modernas. Correio Paulistano, São Paulo, 12 dez. 1929. p. 3.

265) Fim de anno. Correio Paulistano, São Paulo, 25 dez. 1929. p. 2.

266) 1930. Correio Paulistano, São Paulo, 2 jan. 1930. p. 3.

267) A canícula. Correio Paulistano, São Paulo, 10 jan. 1930. p. 3.

268) Camille Mauclair e o livro allemão. Correio Paulistano, São Paulo, 13 fev. 1930. p. 3.

269) Opinião de mulher. Correio Paulistano, São Paulo, 19 fev. 1930. p. 2.

270) Ás urnas... Correio Paulistano, São Paulo, 1 mar. 1930. p. 2.

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271) Ainda e sempre os concursos de belleza. Correio Paulistano, São Paulo, 13 mar. 1930. p. 4.

272) Licção de civismo. Correio Paulistano, São Paulo, 21 mar. 1930. p. 3.

273) Equilibremo-nos!... Correio Paulistano, São Paulo, 29 mar. 1930. p. 3.

274) Ah! as mulheres! Correio Paulistano, São Paulo, 11 abr. 1930. p. 3.

275) Dias de dôr e de meditação. Correio Paulistano, São Paulo, 22 abr. 1930. p. 3.

276) Fé consoladora. Correio Paulistano, São Paulo, 8 mai. 1930. p. 2.

277) A mulher brasileira e a mensagem. Correio Paulistano, São Paulo, 17 mai. 1930. p. 2.

278) A educação da mulher moderna. Correio Paulistano, São Paulo, 6 jun. 1930. p. 3.

279) Retiro dos artistas. Correio Paulistano, São Paulo, 20 jun. 1930. p. 3.

280) O primeiro chefe da Egreja. Correio Paulistano, São Paulo, 27 jun. 1930. p. 3.

281) Hygiene mental. Correio Paulistano, São Paulo, 4 jul. 1930. p. 3.

282) Um espirito curioso. Correio Paulistano, São Paulo, 13 jul. 1930. p. 2.

283) O trabalho feminino ou o credo moderno. Correio Paulistano, São Paulo, 24 jul. 1930. p. 3.

284) As mentiras do mundo. Correio Paulistano, São Paulo, 2 ago. 1930. p. 3.

285) Luz e força. Correio Paulistano, São Paulo, 16 ago. 1930. p. 3.

286) Os modos de amar da nova geração. Correio Paulistano, São Paulo, 29 ago. 1930. p. 2.

287) As “misses”. Correio Paulistano, São Paulo, 5 set. 1930. p. 3.

288) Abner Mourão. Correio Paulistano, São Paulo, 13 set. 1930. p. 3.

289) A dor e a ternura. Correio Paulistano, São Paulo, 26 set. 1930. p. 3.

290) Therezinha, a eleita! Correio Paulistano, São Paulo, 3 out. 1930. p. 3.

291) A atmosphera do Rio. Correio Paulistano, São Paulo, 12 ago. 1934. p. 5.

292) Festas, festins e o El-Dorado. Correio Paulistano, São Paulo, 29 ago. 1934. p. 5.

293) Boatos e boateiros. Correio Paulistano, São Paulo, 18 set. 1934. p. 5.

294) A arte no theatro. Correio Paulistano, São Paulo, 6 out. 1934. p. 5.

295) A mulher e a política. Correio Paulistano, São Paulo, 18 dez. 1934. p. 5.

3.3.4. O Mundo Literário

1) Mãe. O Mundo Literário: mensário de literatura e estrangeira, n.° 22, vol. 7, Rio de Janeiro, A GrandeLivraria Leite Ribeiro, 5 fev. 1924. p. 22-25.

3.3.5. ÚNICA

1) Chronica. Única: revista feminina: literatura, arte, elegância, sociologia, Rio de Janeiro, ano I, n.º 1, p. 10jul. 1925.

2) Chronica. Única: revista feminina: literatura, arte, elegância, sociologia, Rio de Janeiro, ano I, n.º 2, p.10, ago. 1925.

3) As Nossas Avós. Única: revista feminina: literatura, arte, elegância, sociologia, Rio de Janeiro, ano I, n.º3, p. 10, set. 1925.

4) O Direito à Felicidade. Única: revista feminina: literatura, arte, elegância, sociologia, Rio de Janeiro, anoI, n.º 4, p. 10, out. 1925.

5) A Mulher e a Patria. Única: revista feminina: literatura, arte, elegância, sociologia, Rio de Janeiro, ano I,n.º 5-6, p. 14-15, dez. 1925.

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3.3.6. Diário de Notícias

1) Triste Fim de Anno! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, n.º 5 779, 22 dez. 1936. Segundo Suplemento:notas femininas e chronica cinematografica. Bilhete Azul

2) O Pintor Rafael Angelés. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, n.º 5 779, 5 jan. 1936. PrimeiroSuplemento: artes, letras variedades, notas femininas e cinematografia. Bilhete Azul.

3) A Verdadeira [Academia] de Belleza. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, n.º 5 785, 12 jan.1936.Primeiro Suplemento: artes, letras variedades, notas femininas e cinematografia. Bilhete Azul.

4) A Expansão Carioca. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, n.º 5 791, 12 jan. 1936. PrimeiroSuplemento: artes, letras variedades, notas femininas e cinematografia. Bilhete Azul.

5) Era uma Vez… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, n.º 5 793, 26 jan. 1936. Primeiro Suplemento:artes, letras variedades, notas femininas e cinematografia. Bilhete Azul.

6) Mães… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, n.º 5 803, 2 fev. 1936. Primeiro Suplemento: artes,letras variedades, notas femininas e cinematografia. Bilhete Azul.

7) A Morta Viva. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, n.º 5 809, 9 fev. 1936. Primeiro Suplemento:artes, letras variedades, notas femininas e cinematografia. Bilhete Azul.

8) Ironias… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, n.º 5 815, 16 fev. 1936. Primeiro Suplemento: artes,letras variedades, notas femininas e cinematografia. Bilhete Azul.

9) Sylvia Seraphim. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, n.º 2 886 [!?!], 3 mai. 1936. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

10) Pobres Mulheres! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 10 mai. 1936. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

11) Futilidades… Importantes. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 17 mai. 1936. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

12) Cousas e Lousas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 24 mai. 1936. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

13) Gesto Irritante. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 31 mai. 1936. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

14) Festa Sinistra. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 7 jun. 1936. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

15) Elegancias… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 14 jun. 1936. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

16) Os Três Santos do Mez. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 21 jun. 1936. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

17) Um Livro Essencialmente Lusitano. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 19 jul. 1936. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

18) Se Mocidade Soubesse e a Velhisse Pudesse! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 26 jul.1936.Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

19) Semana de Luz e de Resplendor. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 6 set. 1936. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

20) Uma Grande Esperança. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 27 set. 1936. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

21) Precisa-se de um Bastão e de um Apito. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 11 out.1936 SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

22) Política… Feminina. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 8 nov. 1936. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

23) Data Inesquecível. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 22 nov. 1936. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

24) A Aventureira Helle Nice. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 29 nov.1936. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

25) O Centro Galego. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 6 dez. 1936. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

26) A Polícia e as Praias. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 13 dez. 1936. Suplemento ModaFeminina.Bilhete Azul.

27) Cartas de Amor. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 20 dez. 1936. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

28) Natal! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VII, 6 dez. 1936. Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

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29) Dias que Passam… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.081, 3 jan. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

30) A Casa de Apollonio Pinto. Diário deNotícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.087, 10 jan.1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

31) Logro de Amor! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.092, 17 jan. 1938. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

32) Vila-Nova Santos Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.098, 24 jan. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

33) Ella Matou! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.104, 31 jan. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

34) Voluntarios da Morte. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.121, 21 fev. 1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

35) A Bonequinha de Seda. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.127, 28 fev. 1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

36) Arte e Literatura. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.145, 7 mar. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

37) Analphabetismo e Falta de Fé. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.145, 21 mar.1937.Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

38) Menores Abandonados. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.156, 4 abr. 1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

39) Exposição de Modas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.162, 11 abr. 1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

40) Justiça. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.174, 25 abr. 1937. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

41) Fera Humana. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.185, 9 mai. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

42) O Benemerito Ignácio Bittencourt. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.192, 1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

43) O Retiro dos Artistas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.198, 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

44) Dom Casmurro. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.204, 30 mai. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul. [Vale a pena, penso, transcrevê-lo. Crítica ao “hebdomadário” Dom Casmurro]

45) Um Caso Negro. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.216, 12 jun.1937.Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

46) Modernismo. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.222, 20 jun.1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

47) Modas e Modos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.228, 27 jun.1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul. *** [Ver. ref. n.º 41, 19 dez. ’37]

48) A Nova Geração. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.234, 4 jul.1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

49) Um Livro Curioso. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.240, 11 jul.1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

50) O Novo Planeta. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.246, 18 jul.1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

51) Uma Entrevista Moderníssima. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.252, 25 jul. 1937.Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

52) Propaganda do Brasil pela Pintura. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.258, 1.º ago.1937.Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

53) “A. Infanta Carlota Joaquina”. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.264, 8 ago. 1937Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

54) Elegância e… Amor. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.276, 22 ago.1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

55) Theatros e Artistas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.288, 5 set..1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

56) Inintelligente Propaganda e Miséria Injusta. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.300, 19set..1937. Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

57) Homenagem aos que Souberam Morrer! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.306, 26 set..1937.Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

58) Comediantes. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.312, 3 out. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

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59) A Infancia Moderna. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.318, 10 out.1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

60) A Feldade Peor que a Morte! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.394, 17 out. 1937.Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

61) Menor Criminoso. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.400, 24 out.1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

62) Bolsas Feminas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.406, 31 out.1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

63) Beijos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.412, 7 nov.1937. Suplemento Moda Feminina.Bilhete Azul.

64) Cortesia, Polidez, etc etc. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.418, 14 nov.1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

65) Pobres Crianças e Pobres Professoras! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.424, 21 nov.1937. Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

66) Palavras de Mulher. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.430, 128 nov.1937. SuplementoModa Feminina. Bilhete Azul.

67) Commemoração da Independência da Finlandia. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.436, 5dez. 1937. Suplemento Moda Feminina. Bilhete Azul.

68) O Dia da Justiça. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.442, 12 dez. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

69) Modas e Modos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.448, 19 dez. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul.

70) Festas e Festas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano VIII, n.º 3.454, 25 dez. 1937. Suplemento ModaFeminina. Bilhete Azul, p. 1.

71) Amor e Ortographia. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.275, 7 jan. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 1-3.

72) Conciliábulos Femininos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.281, 14 jan. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 4-7.

73) O Calor sobre as Mulheres. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.287, 21 jan. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 4-7.

74) Vibrações… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.293, 28 jan. 1940. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 3-6.

75) Cinzas… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.304, 11 fev. 1940. Seção Feminina, Bilhete Azul,p. 1, c. 4-5.

76) Cirurgia da Felicidade. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.310, 18 fev. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-5.

77) Photographias… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.316, 25 fev. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 5-7.

78) Ah! Mulheres! Mulheres! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.322, 3 mar. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

79) A Cruz Vermelha Brasileira. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.328, 10 mar. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-5.

80) Livros… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.334, 17 mar. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul,p. 1, c. 6-8.

81) Paschoa. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.339, 24 mar. 1940. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 4-8.

82) As Senhoras e os Omnibus. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.345, 31 mar. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 4.

83) Paris, Como Victima! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.351, 7 abr. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 5-7.

84) Films. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.357, 14 abr. 1940. Seção Feminina, Bilhete Azul,p. 1, c. 5.

85) Crimes Moraes. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.363, 21 abr. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

86) Ciúmes Femininos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.369, 28 abr. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

87) Consultórios Médicos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.375, 5 mai. 1940. SeçãoFeminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

88) Opinião Sensata. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.379, 12 mai. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

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89) Institutos de Beleza. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.385, 19 mai. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 5-8.

90) O Dia da Imprensa. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.392, 26 mai. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

91) Mentalidade Feminina. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.398, 2 jun. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

92) Paris. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano X, n.º 5.404, 9 jun. 1940. Seção Feminina, Bilhete Azul, p.1, c. 6-8.

93) O Jogo da Elegancia. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.410, 16 jun. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 5-7.

94) Talento, Formosura, Dinheiro. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.416, 23 jun. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 2-3.

95) Como se Vestia uma Dama no Século VII, antes de J.C. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º5.422, 30 jun. 1940. Seção Feminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

96) Progresso e Retrocesso. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.428, 7 jul. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

97) Desequilíbrio. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.434, 14 jul. 1940. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 4-5.

98) O Remédio Infalível. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.440, 21 jul. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 5-6.

99) Melancolia. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.446, 28 jul. 1940. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 4-6.

100) Ás Crianças. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.452, 4 ago. 1940. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 4-5.

101) Galanteria. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.458, 11 ago. 1940. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 2-5.

102) A Alma da Mulher. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.464, 18 ago.1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 6-8.

103) Pudor Feminino. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.470, 25 ago. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 1-2.

104) A Influência dos Astros. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.476, 1.º set. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-5.

105) O Calcanhar… de Venus. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.488, 15 set. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 6-8.

106) A Idade da Gratidão. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.494, 22 set. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 6-8.

107) A Planta do Sonho. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.500, 29 set. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-4.

108) Renúncias Femininas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.506, 6 out. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. .

109) Influência dos Coloridos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.512, 13 out. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 6-8.

110) Caridade Risonha. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.518, 20 out. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

111) A Mentira do Mundo. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.524, 27 out. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 5-8.

112) Uma História de Amor. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.535, 10 nov. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

113) Rivalidades. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.541, 17 nov. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 6-8.

114) A Nossa Bandeira. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.547, 24 nov. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 6-8.

115) Maternidade. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.553, 1.º dez. 1940. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

116) Cartas! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.559, 8 dez. 1940. Seção Feminina, Bilhete Azul,p. 1, c. 3-4.

117) A Virtude de George Sand. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.565, 15 dez. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 2-3.

118) No País das Cerejeiras. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.571, 22 dez. 1940. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 1-5.

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119) Natal. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.576, 29 dez. 1940. Seção Feminina, Bilhete Azul,p. 1, c. 4-5.

120) O Dia da Ilusão. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.581, 5 jan. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 1-3.

121) Jacarepaguá. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.593, 19 jan. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 1-5.

122) O Tormento da Esperança. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.605, 2 fev. 1941. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-5.

123) O “It” Feminino. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.617, 9 fev. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 1-3.

124) Cinzas… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.628, 2 mar. 1941. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 3-4.

125) Quaresma. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.640, 16 mar. 1941. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 7-8.

126) Masculinização. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.658, 6 abr. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

127) Perfumes. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.669, 20 abr. 1941. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 6.

128) Caprichos… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.680, 4 mai. 1941. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 3-8.

129) Por Piedade! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XI, n.º 5.698, 25 mai. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

130) Ontem e Hoje. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.722, 22 jun. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-8.

131) Apertos de Mão. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.734, 6 jul. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 5-6.

132) Originalidade e Bom Senso. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.746, 20 jul. 1941. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 6-8.

133) O Homem Novo. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.758, 3 ago. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

134) Mulheres de Espírito. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.770, 17 ago. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

135) A Paz do Campos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.778, 7 set. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

136) Aves sem Ninho. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.800, 21 set. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

137) A Vida… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.812, 5 out. 1941. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 2-5.

138) Apelo ao Sobrenatural. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.823, 19 out. 1941. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-4.

139) Os Vencedores. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.836, 2 nov. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

140) Locução Usual e Vã. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.854, 23 nov. 1941. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

141) Calar e Falar. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.866, 7 dez. 1941. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 4-6.

142) Viva a Marinha Brasileira! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.878, 21 dez. 1941. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

143) Sursum Corda! Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.888, 4 jan. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

144) Escritora sem Pose. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.900, 18 jan. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-5.

145) As Mulheres Sabem Guardar Segredos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.912, 1.º fev.1942. Seção Feminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 4-7.

146) A Mulher que Assassinou. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.935, 1.º mar. 1942. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

147) Tudo se Paga… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.947, 15 mar. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-8.

148) Por que? (sic) Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.959, 29 mar. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

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149) Estados Dalma. (sic) Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.970, 12 abr. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 1-8.

150) O Mártir Tiradentes. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.982, 26 abr. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

151) Corações Inquietos. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 5.993, 10 mai. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 2-5.

152) Fatalismo e Fanatismo. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 6.005, 24 mai. 1942. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 6-7.

153) Eutanasia ou as 4 Enfermeiras. (sic) Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XII, n.º 6.017, 7 jun.1942.Seção Feminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 5-6.

154) O Vício Negro. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.029, 21 jun. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-8.

155) Pelos Jornalistas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.041, 3 jul. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-5.

156) O Riso e o Ilogismo. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.053, 19 jul. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

157) Conversas… Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.077, 16 ago. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 5-7.

158) A Nossa Tragédia. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.089, 30 ago. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-5.

159) Luz e Serenidade. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.101, 13 set. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

160) Patriotismo Infantil. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.119, 4 out. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

161) Como Devemos Viver. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.131, 18 out. 1942. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 1-4.

162) Opinião Abalizada. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.143, 1.º nov. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

163) Educação, Cortesia. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.151, 15 nov. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 1-4.

164) A Missão da Mulher. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.066, 29 nov. 1942. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-7.

165) A Beleza Feminina. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.178, 13 dez. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 1-5.

166) A Grande Data. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.189, 27 nov. 1942. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 1-6.

167) O Novo Ano e o Carnaval. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.200, 10 jan. 1943. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

168) A Garota Contundente. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.212, 24 jan. 1943. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

169) Fatalismo. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.221, 7 fev. 1943. Seção Feminina, BilheteAzul, p. 1, c. 4-5.

170) Mães Modernistas. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.236, 21 fev. 1943. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 3-6.

171) A História do Brasil. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.258, 21 mar. 1943. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

172) Pelos Menores. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.270, 4 abr. 1943. Seção Feminina,Bilhete Azul, p. 1, c. 4-5.

173) A Academia Feminina. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.282, 18 abr. 1943. SeçãoFeminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 3-5.

174) Classe Graciosamente… Desunida. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, ano XIII, n.º 6.293, 2 mai. 1943.Seção Feminina, Bilhete Azul, p. 1, c. 4-6.

3.3.7. O Cruzeiro

1) Uma aventura de Santo Antônio. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 27 jun. 1931, ano III, n.º 34. p.31-32.

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3.3.8. Gazeta de Notícias

1) Ciumes Femininos.Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 19, Rio de Janeiro, 23 jan. 1938. Vida Feminina, p.11, c. 6.

2) O Mar e o Amor. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 43, p. 9, c. 1-2, Rio de Janeiro, 20 jan. 1938. [Comdesenhos.]

3) O Dominó Azul (conto carnavalesco). Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 49, p. 8, c. 1-5; p. 9, c. 1, Rio deJaneiro, 27 jan. 1938. [ Desenho grande ao centro.]

4) D’Annunzio e as Mulheres. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 52, p. 9, c. 1-2; p. 10, c. 2, Rio de Janeiro, 6mar. 1938. [p. 10, c. 2: fot. de “Eleonora Duse, a grande paixão de D’Annunzio”.]

5) Fumando, Esperavava-os! Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 77, p. 10, c. -24, 27 Rio de Janeiro, jan. 1938.

6) Soror Maria da Cruz. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 137, p. 10, c. 5-7, Rio de Janeiro, 12 jun. 1938.

7) Fim de um Berguim. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 173, Rio de Janeiro, 24 jun. 1938. Suplemento Gazetade Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c. 3-6.

8) Os Dois Cães (fábula moderna). Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 209, Rio de Janeiro, 4 set.1938. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c. 3-6, p. 18, c. 4.

9) A Macacada (fábula moderna). Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 215, Rio de Janeiro, 11 jun.1938. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c. 2-5, p. 18, c. 6.

10) A Ovelha Trahida e Tragada. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 227, Rio de Janeiro, 25 set.1938. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c. 1-2, p. 20, c. 5-6.

11) Os Dois Velhos. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 233, Rio de Janeiro, 2 out. 1938. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c. 1-4, p. 18, c. 2-4.

12) A Intelectualidade no Brasil. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 239, Rio de Janeiro, 9 out. 1938. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c. 3-6, p. 18, c. 1.

13) Um Vendedor Excêntrico. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 245, Rio de Janeiro, 16 out. 1938. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c. 1-3.

14) O Feminismo Observado por uma Não Feminista. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 251, Rio de Janeiro, 23out. 1938. Suplemento Gazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c.3-6, p. 2, c. 6.

15) Talento e... Pobreza. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 262, Rio de Janeiro, 6 nov. 1938. Suplemento Gazetade Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 3-6, p. 10, c. 3-4.

16) Oração… Angelical. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 268, Rio de Janeiro, 13 nov. 1938. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 2-5, p. 10, c. 1-2.

17) Yayá Boneca. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 274, Rio de Janeiro, 20 nov. 1938. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-2, p. 10, c. 3-4.

18) Uma Grande Esculptora. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 280, Rio de Janeiro, 27 nov. 1938. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 3-6.

19) Um Capitulo do Romance Inedito “Torpezas”. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 286, Rio de Janeiro, 4 dez.1938. Suplemento Gazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-3, p.10, c. 3-6.

20) Linhas Cruzadas. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 292, Rio de Janeiro,11 dez. 1938. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-3, p. 10, c. 6.

21) A Velhice… Moderna. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 298, Rio de Janeiro,18 dez. 1938. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-3, p. 10, c. 5-6.

22) Natal Modernista. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 304, Rio de Janeiro, 25 dez. 1938. Suplemento Gazetade Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 1, c. 4-6, p. 2, c. 5-6.

23) O Turismo entre Nós. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 322, Rio de Janeiro,15 jan.1939. Segunda Secção,Suplemento Gazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 1, c. 3-6; p. 2, c. 5.

24) A Cidade Maravilhosa! Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 328, Rio de Janeiro, 22 jan.1939. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 1, c. 3-6.

25) Dorme, Criatura, Dorme! Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 334, Rio de Janeiro, 29 jan. 1939. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 1, c. 1-3; p. 2, c. 6.

26) Os Crimes Moraes. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 340, Rio de Janeiro, 5 fev.1939. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 1, c. 3-6; p. 2, c. 2.

27) Sem Título. Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 346, Rio de Janeiro, 12 fev.1939. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 1, c. 3-6; p. 2, c. 5-6.

28) Ellas! Gazeta de Notícias, ano 64, n.º 357, Rio de Janeiro, 27 fev. 1939. Suplemento Gazeta de Notícias:

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conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 1, c. 1-2; p. 2, c. 4.

29) Calor e Barulho. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 62, Rio de Janeiro, 12 mar. 1939. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 1, c. 3-6; p. 2, c. 2.

30) O Syndicato dos Jornalistas Profissionaes. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 74, p. 1, c. 3-6; p. 2, c. 4-5,Rio de Janeiro, 26 mar. 1939.

31) A Nossa Instrucção Infantil. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 80, Rio de Janeiro, 2 abr. 1939. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 1, c. 2-4; p. 6, c. 3.

32) Jesus. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 91, Rio de Janeiro,16 abr. 1939. Suplemento Gazeta de Notícias:conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-3; p. 10, c. 4.

33) As Dolorosas. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 97, Rio de Janeiro, 23 abr. 1939. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-2; p. 10, c. 2.

34) Tentações do Capital. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 103, Rio de Janeiro, 30 abr. 1939. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-2; p. 14, c. 3-6.

35) Blagues Perniciosas. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 108, Rio de Janeiro, 7 mai. 1939. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 3-6; p. 10, c. 6.

36) Beijos... Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 114, Rio de Janeiro, 14 mai. 1939. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 3-6; p. 10, c. 6.

37) Cyclone. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 120, Rio de Janeiro, 21 mai. 1939. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-3; p. 10, c. 6.

38) Tragédia Collectiva! Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 126, Rio de Janeiro, 28 mai. 1939. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 3-6; p. 11, c. 4-5.

39) Perfil da Senhorita L.C. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 132, Rio de Janeiro, 4 jun. 1939. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-3; p. 10, c. 1-2.

40) Calumnias... Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 138, Rio de Janeiro, 11 jun. 1939. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 2-4; p. 10, c. 3-4.

41) Carlota Joaquina. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 144, Rio de Janeiro, 18 jun. 1939. Suplemento Gazetade Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c. 2-4; p. 18, c. 2-3.

42) Nós, Escriptores... Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 150, Rio de Janeiro, 25 jun. 1939. Suplemento Gazetade Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 2-4; p. 10, c. 4-5.

43) Notas á Margem da Discussão: Medicina sobre a Turbeculose. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 156, Rio deJaneiro, 2 jul. 1939. Suplemento Gazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades,p. 9, c. 2-4; p. 10, c. 4.

44) Evaristo de Moraes. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 162, 9 jul. 1939. Suplemento Gazeta de Notícias:conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 17, c. 3-5; p. 18, c. 3.

45) O Asylo de São Luiz. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 168, Rio de Janeiro, 16 jul. 1939. Suplemento Gazetade Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-3.

46) A Espera (conto moderno). Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 174, Rio de Janeiro, 23 jul. 1939. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 2-4.

47) Tia Joaninha. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 180, Rio de Janeiro, 30 jul. 1939. Suplemento Gazeta deNotícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-2.

48) Ajudai, Em Meu Nome, Os Pequeninos. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 192, Rio de Janeiro, 13 ago. 1939.Suplemento Gazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-3.

49) Carmem Dolores. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 198, Rio de Janeiro, 20 ago. 1939. Suplemento Gazetade Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-2, p. 10, c. 1.

50) Psichologia Feminina. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 204, Rio de Janeiro, 27 ago. 1939. SuplementoGazeta de Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-3.

51) Egrejas e Hospitais. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 210, Rio de Janeiro, 3 set. 1939. Suplemento Gazetade Notícias: conhecimentos úteis, literatura, modas, variedades, p. 9, c. 1-2.

52) ? Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 227, Rio de Janeiro, 24 set. 1939. Literatura, p. 7, c. 1-2.

53) Preoccupação... sentimental. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 233, Rio de Janeiro, 1.º out. 1939. Literatura,p. 7, c. 1-2.

54) Patriotismo Real. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 239, Rio de Janeiro, 8 out. 1939. Literatura, p. 7, c. 1-2.

55) Escola Para Mães. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 245, Rio de Janeiro, 15 out. 1939. Literatura, p. 7, c. 1-2.

56) O Despertar de um Espirito! Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 251, Rio de Janeiro, 22 out. 1939. Literatura,p. 7, c. 3-4.

57) Sem Assumpto... Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 262, Rio de Janeiro, 5 nov. 1939. Variedades, p. 8, c. 1-2.

58) Definições do Amor, Segundo Eusébio Blasco. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 274, Rio de Janeiro, 19nov. 1939. Variedades, p. 7, c. 1-2.

59) As Forças Moraes. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 298, Rio de Janeiro, 17 dez. 1939. Variedades, p. 7, c. 1-2.

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60) Fim de Anno. Gazeta de Notícias, ano 65, n.º 309, Rio de Janeiro, 31 dez. 1939. Variedades, p. 7, c. 1-3.

61) Pobres Mulheres. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 5, Rio de Janeiro, 7 jan. 1940. Variedades, p. 7, c. 2-4.

62) A Mais Poderosa das Sugestões. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 11, Rio de Janeiro, 14 jan.1940. Variedades,p. 7, c. 3-4.

63) A Alma Carioca. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 23, Rio de Janeiro, 28 jan. 1940. Variedades, p. 7, c. 3-5.

64) E o Vento Levou... Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 40, p. 7, c. 2-3, Rio de Janeiro, 18 fev. 1940.

65) Cartas de Amor. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 52, p. 7, c. 5-6, Rio de Janeiro, 3 mar. 1940.

66) Alegrias a Beira-Mar. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 58, p. 8, c. 4-5, 10 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,mar. 1940.

67) A Desgraça dos… Outros. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 64, p. 8, c. 5-6, 17 Rio de Janeiro, mar. 1940.

68) O Hospital dos Cães. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 69, p. 9, c. 5-6, Rio de Janeiro, 24 mar. 1940.

69) A Bahia Maravilhosa. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 81, p. 7, c. 3-4, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 7abr. 1940.

70) O Sol dos Mortos. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 87, p. 10, c. 3-4, Rio de Janeiro, 14 abr. 1940.

71) Illogismo e Crueldade. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 93, p. 18, c. 3-4, Rio de Janeiro, 21 abr. 1940.

72) Resposta a uma Jovem. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 116, p. 8, c. 5-6, Rio de Janeiro, 14 abr. 1940.

73) A Nossa Cidade. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 122, p. 10, c. 4-5, Rio de Janeiro, 26 mai. 1940.

74) Transformação. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 128, p. 7, c. 3-4, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2 jun. 1940.

75) Que Escrever? Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 134, p. 8, c. 5-6, Rio de Janeiro, 9 jun. 1940.

76) Prova Collectiva.... Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 140, p. 7, c. 1-2, Rio de Janeiro, 16 jun. 1940.

77) Interrogações... Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 146, p. 9, c. 1-3, Rio de Janeiro, 23 jun. 1940.

78) O Grand-Guignol do Universo. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 152, p. 7, c. 1-2, Rio de Janeiro, 30 jun. 1940.

79) Asylo João Evangelista. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 164, Rio de Janeiro, 14 jul. 1940. Variedades, p.7, c. 5-6.

80) Viuvas Famosas. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 170, Rio de Janeiro, 21 jul. 1940. Variedades, p. 9, c. 3-4.

81) Os Irresponsáveis. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 176, Rio de Janeiro, 28 jul. 1940. Variedades, p. 7, c.1-2.

82) Exposição Iveta Ribeiro. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 181, Rio de Janeiro, 4 ago. 1940. Variedades, p.16, c. 3-5.

83) A Velha Exploração. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 187, Rio de Janeiro, 11 ago. 1940. Variedades, p. 9,c. 5-6.

84) Acção e Reacção. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 192, Rio de Janeiro, 18 ago. 1940. Variedades, p. 9, c. 5-6.

85) Pelo Radio... Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 204, Rio de Janeiro, 1.º set. 1940. Variedades, p. 9, c. 5-6.

86) Vidas Úteis... e Vidas Inuteis. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 222, Rio de Janeiro, 22 set. 1940. Variedades,p. 7, c. 1-3.

87) Um Bello Livro de Mulher. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 235, Rio de Janeiro, 8 out. 1940. Colaborações,p. 2, c. 2-5.

88) Abstinência de Vigilância. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 240, Rio de Janeiro, 13 out. 1940. SuplementoGazeta de Notícias, p. 4, c. 1-2.

89) Syndicato dos Jornalistas Profissionaes. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 246, Rio de Janeiro, 20 out.1940. Suplemento Gazeta de Notícias, p. 2, c. 1-2.

90) O Marido Ideal. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 252, Rio de Janeiro, 27 out. 1940. Suplemento Gazeta deNotícias, p. 4, c. 3-4.

91) O Dia da Saudade. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 257, Rio de Janeiro, 2 nov. 1940. Suplemento Gazetade Notícias, p. 4, c. 1-2.

92) Tudo Isto é o Céu Tambem. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 263, Rio de Janeiro, 10 nov. 1940. SuplementoGazeta de Notícias, p. 5, c. 3-5.

93) Pongetti Irmãos. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 269, Rio de Janeiro, 17 nov. 1940. Suplemento Gazeta deNotícias, p. 4, c. 5-6.

94) Se a Moda Pega... Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 275, Rio de Janeiro, 24 nov. 1940. Suplemento Gazetade Notícias, p. 5, c. 5-6.

95) Hygiene Mental. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 281, Rio de Janeiro, 1.º dez. 1940. Suplemento Gazeta deNotícias, p. 4, c. 5-6.

96) Dulcina, Odilon, Fornari. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 287, Rio de Janeiro, 8 dez. 1940. SuplementoGazeta de Notícias, p. 4, c. 1-6.

97) Fim de Ano, Renovação de Esperanças. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 293, Rio de Janeiro, 15 dez. 1940.Suplemento Gazeta de Notícias, p. 3, c. 1-6.

98) Carta de um Marido... Medroso. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 299, Rio de Janeiro, 22 dez. 1940.

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Suplemento Gazeta de Notícias, p. 4, c. 1-6.

99) Natal e Carnaval. Gazeta de Notícias, ano 66, n.º 304, Rio de Janeiro, 29 dez. 1940. Suplemento Gazetade Notícias, p. 5, c. 1-6.

100) Antonio Adverse. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 4, Rio de Janeiro, 5 jan. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

101) Instrucção e Educação. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 10, Rio de Janeiro, 12 jan. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 5, c. 1- 6.

102) A Saúde Moral. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 16, Rio de Janeiro,19 jan. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

103) A Casa do Bem. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 28, Rio de Janeiro,2 fev. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 5, c. 1- 6.

104) Petrópolis. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 34, Rio de Janeiro, 9 fev. 1941. Segunda Secção, Suplemento,p. 4, c. 1- 6.

105) Lógica Humana ou Bárbaro Ilogismo! Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 46, 23 Rio de Janeiro, fev. 1941.Segunda Secção, Suplemento, p. 4, c. 1-6.

106) O Ideal Humano. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 50, Rio de Janeiro, 2 mar. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

107) Um Aparelho Indiscreto. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 56, Rio de Janeiro, 9 mar. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

108) O Rei Cavalheiro. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 62, Rio de Janeiro, 16 mar. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

109) Os Crimes Morais. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 68, Rio de Janeiro, 23 mar. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

110) Contra as Máximas do Cristo. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 79, Rio de Janeiro, 6 abr. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

111) Amôr e Morte. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 84, Rio de Janeiro, 13 abr. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

112) As Mentiras do Mundo. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 89, Rio de Janeiro, 20 abr. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 3, c. 1- 6.

113) Tortura Entre Dois Mundos. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 95, Rio de Janeiro, 27 abr. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 3, c. 1- 6.

114) Fumando, Esperou-o... Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 100, Rio de Janeiro, 4 mai. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

115) Os Sentenciados. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 106, Rio de Janeiro, 11 mai. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

116) As Mulheres Atuais. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 124, Rio de Janeiro, 1º. jun. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 5, c. 1- 6.

117) A Imagem de Bronze. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 142, Rio de Janeiro, 22 jun. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

118) Canto da Mocidade. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 160, Rio de Janeiro, 13 jul. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

119) A Lamparina (conto moderno). Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 166, Rio de Janeiro, 20 jul. 1941.Segunda Secção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

120) A Parada. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 178, Rio de Janeiro, 3 ago. 1941. Segunda Secção, Suplemento,p. 4, c. 1- 6.

121) O Jardineiro e as Rosas do Brasil. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 184, Rio de Janeiro, 10 ago. 1941.Segunda Secção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

122) A Partida da Embaixada. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 190, Rio de Janeiro, 17 ago. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

123) Ciumes... Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 196, Rio de Janeiro, 24 ago. 1941. Segunda Secção, Suplemento,p. 5, c. 1- 6.

124) Preventório D.ª Amélia. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 208, Rio de Janeiro, 7 set. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 5, c. 1- 6.

125) Como se Deve Curar. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 214, Rio de Janeiro, 14 set. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

126) Carta Aberta. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 220, Rio de Janeiro, 21 set. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

127) Institutos de Beleza. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 238, Rio de Janeiro, 12 out. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

128) O Maior dos Sentimentos. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 244, Rio de Janeiro, 19 out. 1941. Segunda

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239

Secção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

129) O Destino do Espírito. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 250, Rio de Janeiro, 26 out. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

130) Um Juiz... Investigador. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 256, Rio de Janeiro, 2 nov. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

131) Ah! Mulheres! Mulheres! Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 262, Rio de Janeiro, 9 nov. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

132) A Glória. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 268, Rio de Janeiro, 16 nov. 1941. Segunda Secção, Suplemento,p. 4, c. 1- 6.

133) Corações Humanos. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 274, Rio de Janeiro, 23 nov. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

134) Entre e Amor e o Dinheiro. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 280, Rio de Janeiro, 30 nov. 1941. SegundaSecção, Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

135) O Prazer da Dor. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 286, Rio de Janeiro, 7 dez. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

136) Pelos Intelectuais! Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 292, Rio de Janeiro, 14 dez. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

137) Anti-Tóxicos. Gazeta de Notícias, ano 67, n.º 297, Rio de Janeiro, 21 dez. 1941. Segunda Secção,Suplemento, p. 4, c. 1- 6.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A falta de produção de autoria feminina durante quase todo o período

escolar e o acadêmico nos estudos literários foi o ponto de partida que nos

instigou a indagar os motivos desse silêncio sobre elas, o que nos levou a

querer participar do processo de revisão da História Literária no Brasil, e das

estratégias empregadas na construção das imagens da mulher dentro dessa

historiografia original.

Seria possível que, após vários séculos, as mulheres se tivessem mantido

à margem de todos os processos sociais e culturais e relegadas a uma existência

exclusivamente doméstica? Para responder a esses questionamentos,

desenvolvemos uma pesquisa histórica apurada em busca de lutas femininas

antepassadas e comprovamos que, ao contrário do que fora apregoado pelo

discurso androcêntrico, as mulheres sempre estiveram presentes e atuantes

na vida pública, compactuando ou rechaçando os cenários sócio-políticos que

lhes eram apresentados.

Na área da literatura, especificamente, essas precursoras tiveram de

defender seus interesses contra as imagens pré-determinadas pela sociedade

patriarcal para as mulheres: de um lado as personagens histéricas, pecadoras

ou dissimuladas, que deveriam ser redimidas pelo casamento, pela maternidade

ou pela morte; e do outro, em várias obras de autoria feminina, a visão da

vitoriosa, mas através do sentimentalismo, entre lágrimas, dores e perdas.

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Essas foram as memórias que de início foram localizadas, mas os

questionamentos, em lugar de arrefecerem-se, recrudesceram, querendo

buscar outras expressões artístico-literárias da autoria feminina.

Percebemos que as primeiras escritoras mais aguerridas tiveram de

ratificar suas posições mesmo contra as próprias companheiras, suportando

um estigma a mais: o de mulheres mal-amadas e desassossegadas. Para essas,

o peso do gênero era um fardo ainda maior, pois não se conformavam e

questionavam sua função no mundo e como deveria ser sua participação nesse

registro das memórias antepassadas e em seu próprio tempo.

Habitualmente, o uso de pseudônimos masculinos é tomado como uma

ratificação da ordem vigente, mas nós passamos a encará-lo, após tantas

leituras, como uma estratégia de luta. Se, em um primeiro momento, era

praticamente impossível o reconhecimento público pelo simples fato de serem

mulheres, a utilização dos nomes de homens foi um ardil bem elaborado, que

veio a possibilitar a abertura de espaços para as descendentes. Estas, graças

àquelas, foram iniciando, paulatinamente, um processo de profissionalização

que nos possibilitou chegarmos ao patamar de emancipação em que nos

encontramos no início do século XXI.

Por sua vez, ao contrário de outros contextos históricos emancipatórios,

o século XX encerrou o capítulo do aprisionamento feminino às esferas

domésticas. Localizamos, também, o início desse século como sendo o período

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242

de transição e de afirmação das mulheres diante dos quadros social e intelectual

que se apresentavam. Estabelecemos que a inserção mais freqüente e, por

vezes, radical das mulheres nos setores públicos, nas primeiras décadas do

século XX, foi determinante e necessária para o desfecho que presenciamos e

para a possibilidade de (re)construção das memórias da qual participamos

hoje.

No Brasil, os processos de profissionalização e emancipação das mulheres

só vêm a crescer ao longo do século passado, mas houve algumas figuras que

se destacaram ainda nos fins do século XIX e no início do século XX, mas o

cânone as expurgou. Nosso trabalho não iluminou a todas, claro, mas apontou

alguns nomes que ficaram esquecidos.

Focalizamos, acima de tudo, a produção cronística de escritoras

esquecidas, comprovando que o cânone deixou de registrar também a existência

dessas autoras. Quando se pensa em escritura de crônicas no Brasil, remete-

se imediatamente à produção masculina ou, no máximo, à recente feminina.

Entretanto, negando essa premissa, demonstramos que há muito tempo a

mulher estava nas ruas, não só para olhar as vitrines, mas também para retratar

e criticar aquilo que via, acompanhando o que se passava em seu tempo.

Participamos, então, da própria dinâmica de resgate dessas histórias,

possibilitando a abertura de uma discussão sobre as memórias individuais e

coletivas daquele período.

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243

Além da relevante produção cronística de mulheres localizada, a

revalorização de gêneros até bem pouco tempo considerados de menor

importância, feita pela crítica dos estudos culturais, e a necessidade de uma

caracterização mais eficiente do gênero crônica tranqüilizaram-nos quanto à

escolha desse tema como foco da pesquisa. O segundo capítulo acompanhou

as transformações do gênero crônica, apontando o porquê de suas

características tão híbridas. Verificamos que a própria localização tipográfica

dentro do jornal foi preponderante para a sua forma atual, tendo em vista que

a crônica conviveu durante anos com inúmeras outras formas de expressão,

tomando-lhes de empréstimo distintas qualidades e caracterizando-o como

uma expressão limítrofe tão cara aos estudos comparatistas contemporâneos.

Como seria impossível estabelecer leituras das várias cronistas apontadas,

escolhemos um nome que fora injustamente relegado ao esquecimento, uma

obra vasta que merecia vir à tona: a produção jornalística de Chrysanthème,

pseudônimo de Cecilia Moncorvo Bandeira de Mello Rebello de Vasconcellos.

Através do levantamento do discurso da crítica relacionado a essa

produção e de alguns teóricos da memória e da crítica feminista, observou-se

que, muitas vezes, os juízos de valor referentes a uma obra são estabelecidos e

repetidos ao infinito, sem que novos dados sejam adicionados. Verificamos,

também, a tendência da crítica canônica de aproximar-se da obra através de

critérios que postulam categorias binárias, transitando entre literatura séria e

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produção de entretenimento, ou pior, apoiando seu julgamento sobre a figura

pública do escritor.

Na obra de Chrysanthème, por exemplo, é transparente o desejo de

conscientizar a mulher moderna do seu papel na sociedade: o de tornar-se

capaz de transformar e de romper com os valores tradicionais, mas tal proposta

passou ao largo da crítica de seus contemporâneos. Percebemos que, de forma

inovadora, a cronista exercita o humor na literatura feminina no Brasil, um

dos aspectos mais raros, se observarmos a produção literária da mulher, mesmo

atualmente. Suas crônicas atingem, em muitos momentos, um alto índice de

literariedade, graças, também, ao humor e aos procedimentos parodísticos

que utiliza; e em como outros, tecem espaços para os registros memorialísticos

de seu tempo.

Considerando a leitura das crônicas das primeiras décadas do século

como espelho de uma época, constatamos que os escritos de Chrysanthème

ora dialogam, ora se opõem às transformações vividas naquele período, mas

sempre registrando suas histórias em clara atitude de manter a memória dos

seus.

Havia em Chrysanthème, também, a consciência da profissionalização

do escritor e da elaboração do texto: não era uma pena controlada pelos

humores das musas, ainda que Mnemosine o quisesse. Ela descobriu que

manter-se em evidência garantiria o que mais queria e precisava fazer: estar

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na imprensa e dialogar com o leitor. Conseguiu até mais: alcançou curiosas

de tempos futuros, empenhadas no resgate da memória de autoria feminina

nas primeiras décadas do século XX, inventariando 1.530 crônicas, pela

primeira vez reunidas em meios impresso e digital.

Chegamos ao fim do nosso trabalho, e agora revendo a trajetória

percorrida entre bibliotecas e centros de pesquisa, na busca de material raro

e nem sempre disponível, papéis borrados ou mutilados, perguntamo-nos se

valeu a pena todo esse envolvimento com o passado e concluímos, entre

aliviados, tristes, alegres e cansados, que “começaríamos tudo outra vez”234,

pois ainda faltam muitos pedaços nesta reconstituição de memórias.

A sensação de cumplicidade que estabelecemos com Chrysanthème e

com todas as outras mulheres do passado a que tivemos acesso nos lançou em

um caminho sem-volta, o da busca contínua. Descobrimos, graças a todas

essas memorialistas diretas ou indiretas, e mais especificamente a Cecília

Vasconcellos, uma inclinação pelo contar histórias, da qual não conseguimos

desvencilhar-nos. Provavelmente, outras memórias hão de ser encontradas...

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