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1 Universidade Federal do Rio de Janeiro Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências JHENIFER NASCIMENTO DA SILVA Padrão metabolômico relacionado ao metabolismo de glicose no desenvolvimento embrionário do carrapato Rhipicephalus microplus Macaé RJ /2017

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1

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências

JHENIFER NASCIMENTO DA SILVA

Padrão metabolômico relacionado ao metabolismo de glicose no

desenvolvimento embrionário do carrapato Rhipicephalus microplus

Macaé – RJ /2017

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JHENIFER NASCIMENTO DA SILVA

Padrão metabolômico relacionado ao metabolismo de glicose no

desenvolvimento embrionário do carrapato Rhipicephalus microplus

Macaé – RJ /2017

CRISCILA DE SOUZA CRUZ

Dissertação apresentada à

Universidade Federal do Rio de

Janeiro para obtenção do grau de

mestre em produtos e bioativos e

biociências.

Orientador: Angélica Ribeiro

Co-Orientador: Carlos Logullo

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Padrão metabolômico relacionado ao metabolismo de glicose no

desenvolvimento embrionário do carrapato Rhipicephalus microplus

JHENIFER NASCIMENTO DA SILVA

COMISSÃO EXAMINADORA

________________________________________________________ Prof. Dr. Thiago Barth - UFRJ – Campus Macaé

________________________________________________________ Prof. Dr. José Roberto da Silva –UFRJ - Campus Macaé

______________________________________________________ Prof. Dr. Leonardo Abreu - UFRJ - Campus Macaé

______________________________________________________ Prof.Dr. Carlos Logullo - LQFPP/LBCT/UEA/CBB/ LSA/CCTA/UENF - Campos RJ

(Co-orientador)

________________________________________________________

Prof. Drª Angélica Ribeiro – LIQ / UFRJ – Campus Macaé (Orientador)

Macaé – RJ /2017

Dissertação apresentada à

Universidade Federal do Rio de

Janeiro para obtenção do grau de

mestre em produtos e bioativos e

biociências.

Orientador: Angélica Ribeiro

Co-Orientador: Carlos Logullo

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AGRADECIMENTOS

Aos professores Carlos Logullo e Angélica Ribeiro por me aceitarem como

aluna, por me receberem de braços abertos no grupo, pelo esforço para que o

trabalho fosse realizado e pela confiança depositada a mim e no meu trabalho.

Aos meus grandes amigos e companheiros de trabalho, Adrian, Aline, Camila,

Christiano, Daniel e a Nathália, que de alguma forma contribuíram para a realização

deste trabalho.

Agradeço a todos os alunos do Grupo UEA e do Grupo GPNOA, que hoje são

como familiares para mim, obrigada por toda ajuda, por terem sido meus

companheiros, e pelos agradáveis lanches da tarde.

Agradeço aos meus familiares, por terem me dado à vida e por me ensinar a

vivê-la com dignidade, por todo apoio e incentivo que sempre me deram.

Agradeço ao professor Heitor Duarte, pela contribuição nas análises

estatísticas do meu trabalho.

Agradeço ao professor Leonardo Abreu por ter revisado este documento.

Aos membros da banca de defesa, Professor Thiago Barth, Professor

Leonardo Abreu e Professor José Roberto da Silva por aceitarem o convite para

participar e certamente agregar seus conhecimentos ao meu trabalho.

À coordenação de pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências, pelo

apoio. Às agências de fomento, FAPERJ, CAPES, CNPq e INCT – Entomologia

Molecular, pelo financiamento para este projeto.

E a todos que de forma direta ou indireta, me auxiliaram durante a execução

desse trabalho, meu eterno agradecimento.

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Lista de Figuras ........................................................................................................... 7

LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................ 8

RESUMO..................................................................................................................... 9

ABSTRACT ............................................................................................................... 10

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

1.1 Artrópodes: os carrapatos ................................................................................ 11

1.2 O Carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus .......................................... 12

1.3 Importância econômica e estratégias para o controle do Carrapato

Rhipicephalus microplus ........................................................................................ 14

1.4 Desenvolvimento embrionário do carrapato R. microplus ................................ 16

1.5 Perfil metabólico durante a embriogênese do carrapato R.microplus .............. 17

1.6 Plataformas “ômicas” e a metabolômica .......................................................... 23

2. Justificativa ............................................................................................................ 25

3. Objetivo ................................................................................................................. 26

3.1Objetivos específicos ........................................................................................ 27

4. Material e Métodos ................................................................................................ 27

4.1 Coleta e manutenção dos carrapatos Rhipicephalus microplus ...................... 27

4.2 Preparação dos extratos de embriões do carrapato R. microplus ................... 27

4.3 Preparação dos padrões externos ................................................................... 28

4.4 Preparação das amostras para análise por CG-EM ........................................ 29

4.5 Análise por Cromatografia Gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-

EM) ........................................................................................................................ 30

4.6 Processamentos dos dados ............................................................................. 31

5. Resultados e Discussão ........................................................................................ 31

5.1 Análise dos padrões externos .......................................................................... 32

5.2 Análise do extrato de embriões do carrapato R. microplus e o seu perfil

químico .................................................................................................................. 33

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5.3 Perfil quimico nos diferentes estágios embrionário do carrapato R. microplus.

............................................................................................................................... 38

5.4 Alteração no comportamento metabólico de embriões do carrapato R.

microplus. .............................................................................................................. 47

5.5 Variação metabólica dos aminoácidos glicogênicos ao longo do

desenvolvimento embrionário do carrapato R. microplus. ..................................... 52

5.6 Perfil do metabolismo de nucleosídeos ao longo do desenvolvimento

embrionário do carrapato R. microplus. ................................................................. 58

6. Conclusão ............................................................................................................. 61

7. Referências ........................................................................................................... 61

Anexo - Espectros de massa obtidos para cada uma das substâncias identificadas 70

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Reprentação esquemática do ciclo de vida do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus ............ 13

Figura 2. Diferentes estágios embrionários do carrapato R. microplus.. .............................................................. 17

Figura 3. Esquema proposto para o metabolismo de glicose durante o desenvolvimento embrionário. ............. 19

Figura 4. Correlação entre a manutenção dos níveis de glicose e a concentração de glicogênio ao longo da

embriogênese. ....................................................................................................................................................... 20

Figura 5. Correlação do fluxo da via das pentoses fosfato em relação à glicólise ao longo da embriogênese. .... 21

Figura 6.Correlação da via gliconeogênica com os níveis de glicogênio durante o desenvolvimento embrionári.22

Figura 7.Esquema da reação de derivatização da glicose ..................................................................................... 29

Figura 8. Perfil cromatográfico do Ribitol derivatizado.). ..................................................................................... 32

Figura 9. Cromatograma do extrato de ovos em diferentes dias do desenvolvimento embrionário do R.

microplus obtido por CG-EM. ................................................................................................................................ 34

Figura 10. Cromatograma representativo do extrato de embriões de décimo nono dia de desenvolvimento do R.

microplus obtido por CG/EM. ................................................................................................................................ 35

Figura 11. Correlação entre o perfil químico e os diferentes estágios embrionários do carrapato R microplus -

Gráfico de dispersão da PCA (PC1 x PC2)............................................................................................................... 40

Figura 12. Gráfico de loadings (PCA1-49,9%) da PCA. ........................................................................................... 41

Figura 13. Gráfico de loadings (PCA2-17,4%) da PCA. ........................................................................................... 42

Figura 14.Representação esquemática da lançadeira malato – aspartato. .......................................................... 46

Figura 15. Dinâmica metabólica das substâncias marcadoras da transição metabólica durante o

desenvolvimento embrionário do R microplus. ..................................................................................................... 48

Figura 16. Possíveis caminhos metabólicos do piruvato na mitocôndria. ............................................................. 50

Figura 17. Dinâmica metabólica do succinato e do aspartato ao longo do desenvolvimento embrionário do R

microplus. .............................................................................................................................................................. 51

Figura 18. Coordenação metabólica dos aminoácidos glicogênicos e cetogênicos ao longo do desenvolvimento

embrionário do R microplus. ................................................................................................................................. 53

Figura 19. Perfil da variação dos aminoácidos glicogênicos ao longo da embriogênese do R microplus ............. 55

Figura 20. Perfil da variação do aminoácido alanina.. .......................................................................................... 56

Figura 21. Coordenação mtabólica dos nucleosídeos e da ribose ao longo da embriogênese do carrapato R.

microplus ............................................................................................................................................................... 59

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LISTA DE ABREVIATURAS

CG-EM – cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas

DAO- dia após a oviposição

DNA – ácido desoxirribonucleico

G6PDH – glicose 6-fosfato desidrogenase

HK – hexoquinase

PCA – análise dos componentes principais

PEP - fosfoenolpiruvato

PEPCK – fosforenolpiruvato carboxiquinase

PK – piruvato quinase

tR – tempo de retenção

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RESUMO

O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é um ectoparasita que causa

grandes prejuízos aos hospedeiros bovinos, afetando na produção de leite, na

produção de carne, na depreciação do couro e na transmissão de patógenos. Sendo

assim, um maior entendimento dos processos metabólicos ao longo do seu

desenvolvimento, pode contribuir no entendimento da fisiologia e na busca por

novas estratégias para o controle deste organismo. Recentes trabalhos descrevem a

existência de um perfil metabólico caracterizado por importantes mudanças

relacionadas às fontes energéticas, tais como a glicose, durante o seu

desenvolvimento. Além disso, sugerimos que o embrião passa por uma transição

metabólica em um momento específico da sua embriogênese. Sendo assim, o

objetivo deste trabalho é entender a dinâmica metabólica resultante do metabolismo

de glicose durante a embriogênese do carrapato Rhipicephalus microplus, utilizando

a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM), que é uma

técnica altamente seletiva e sensível em separar, detectar e identificar metabólitos.

Dentro da nossa análise, aminoácidos glicogênicos e intermediários do ciclo de

Krebs e da gliconeogênese puderam ser detectados e identificados. De acordo com

as variações desses metabólitos identificados, podemos reforçar a existência de um

controle metabólico em um momento chave da embriogênese do Rhipicephalus

microplus. Nossos dados corroboram com a hipótese de que, em determinado

período, o embrião assume seu metabolismo e passa a controlá-lo conforme suas

necessidades energéticas. Além disso, esse controle metabólico está coordenado

com os eventos morfológicos do seu desenvolvimento, onde a via gliconeogênica

pode ter uma participação crucial.

Palavras Chaves: Rhipicephalus microplus, Embriogênese, Perfil Metabólico, CG-EM

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ABSTRACT

Rhipicephalus (Boophilus) microplus tick it’s an ectoparasite that causes great

damage bovine hosts, affecting milk production, meat production, leather

depreciation and transmission of pathogens. Thus, a greater understanding of the

metabolic processes throughout it’s development, can contribute in the

understanding of the physiology and the search for strategies of the control this

organism. Recent studies describe the existence of a metabolic profile characterized

by important changes related to energy sources, such as glucose, during it’s

development. In addition, we suggest that the embryo undergoes a metabolic

transition at a specific time of its embryogenesis. Therefore, the propouse of this

work is to understand the metabolic dynamics resulting from glucose metabolism

during the embryogenesis of the Rhipicephalus microplus tick, using gas

chromatography coupled mass spectrometry (GC-MS), which is a highly selective

and sensitive technique in separating, Detecting and identify metabolites. Within our

analysis, glycogenic amino acids and Krebs cycle intermediates and

gluconeogenesis could be detected and identified. According to the variations of

these identified metabolites, we can reinforce the existence of a metabolic control at

a key moment of Rhipicephalus microplus embryogenesis. Our data corroborate the

hypothesis that, in a certain period, the embryo assumes its metabolism and starts to

control it according to its energetic needs. In addition, this metabolic control is

coordinated with the morphological events of its development, where the

gluconeogenic pathway may play a crucial role.

Key Words: Rhipicephalus microplus, Embryogenesis, Metabolic Profile, CG-MS

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Artrópodes: os carrapatos

Os carrapatos são artrópodes ectoparasitas hematófagos subdivididos em

duas grandes famílias: a Argasidae (carrapatos moles) e a Ixodidae (carrapatos

duros) (SONENSHINE; KOCAN; DE LA FUENTE, 2006). Eles são encontrados em

quase todas as regiões do mundo, com predominância em áreas tropicais e

subtropicais, abrangendo regiões com produção de gado de corte e leiteiro na

América, África, Ásia e Austrália(JOHNSTON; KEMP; PEARSON, 1986).

Os carrapatos da família Argasidae e alimentam-se de sangue dos seus

hospedeiros vertebrados, repetidas vezes, abandonando-os em seguida

(SONENSHINE; ROE, 2014). São organismos ovíparos e as fêmeas efetuam várias

posturas de ovos, alternando com a alimentação sanguínea. Cada postura não

ultrapassa 150 ovos, sendo um número pequeno quando comparado a postura dos

carrapatos da família Ixodidae que chega a atingir de 3000 – 4000 ovos. A

alimentação dos carrapatos da família Ixodidae é prolongada, onde é ingerindo

grandes quantidades de sangue do seu hospedeiro vertebrado. Essa grande

ingestão de sangue pode aumentar em até 100 vezes a massa corporal inicial

desses carrapatos (SONENSHINE; ROE, 2014), e é de extrema importância para a

formação de novos indivíduos, pois grande parte do sangue é metabolizada para

produção e armazenamento de reservas energéticas nos ovos. Esses ovos irão

apresentar uma cor amarronzada que é devido à presença de vitelina, que em

carrapatos é classicamente descrita como uma heme-proteína (BOCTOR; KAMEL,

1976; JAMES; OLIVER, 1997; ROSELL; COONS, 1991).

Os carrapatos constituem um dos principais grupos de vetores de doenças

infecciosas, sendo mais dinâmicos que os mosquitos, devido ao fato de poder

transmitir uma maior quantidade de organismos patogênicos tais como vírus, fungos,

bactérias e protozoários durante o processo de alimentação (SONENSHINE; ROE,

2014). Possuem a capacidade de infestar vertebrados terrestres, tais como:

mamíferos, pássaros, répteis e até anfíbios, além de serem capazes de transmitir

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várias doenças também aos seres humanos (SONENSHINE; KOCAN; DE LA

FUENTE, 2006).

1.2 O Carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus

O Rhipicephalus microplus (R. microplus) é uma espécie popularmente

conhecida como carrapato do boi e é classificadano filo Arthropoda, classe

Arachnida, ordem Acarina e família Ixodidae, sendo o gênero Rhipicephalus

(FLECHTMANN, 1985). Esses organismos são caracterizados por apresentarem um

escudo protetor endurecido, característica comum nos Ixodídeos. As ninfas e os

adultos apresentam um aparelho bucal ou capitulum proeminente que se projeta

para frente do corpo do animal para a alimentação sanguínea, em um único

ingurgitamento das fêmeas. Após essa alimentação, as fêmeas se preparam para o

período de postura de um grande número de ovos (FLECHTMANN, 1985).

Em seu ciclo de vida, composto por duas etapas, o carrapato R. microplus se

alimenta de sangue em apenas um hospedeiro para se tornar adulto e, portanto, é

classificado como um parasita monoxeno (SONENSHINE; ROE, 2014). A primeira

etapa é parasitária e dura aproximadamente 21 dias, iniciando com a fase larval,

passando por estágios de metalarva, ninfa e metaninfa, antes de ocorrer o

dimorfismo sexual, que originará o neandro e posteriormente gonandro (macho) e

neógina, paternógena e teleógina (fêmea).A segunda etapa é a fase de vida livre

que ocorre no solo, podendo durar de dois a três meses, dependendo principalmente

das condições climáticas existentes e da presença de hospedeiros (Figura1)

(GONZALES, 1975).

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Na fase parasitária, o carrapato apresenta três variações morfológicas: larva,

ninfa e adulto, a larva apresenta três pares de patas e é muito ativa para que possa

encontrar o hospedeiro para nele se fixar e sobreviver. Fixa-se em locais específicos

do hospedeiro utilizando algumas importantes estruturas, como as quelíceras, as

quais seccionam a pele para a introdução do hipostômio, órgão responsável pela

fixação da larva na pele do hospedeiro (GONZALES, 1975).

Após a fixação, a larva alimenta-se e inicia o processo de desenvolvimento e

crescimento tegumentário. Em seguida, passa por um período de inércia entre o

quarto e quinto dia e atinge a fase de metalarva. Em torno do sexto dia, adquire uma

nova estrutura, outro tegumento, mais um par de patas e uma fileira de dentição do

hipostômio entre outras alterações, para em seguida entrar na fase de ninfa. Esta

fase dura em média de dois a quatro dias. Ao continuar seu desenvolvimento, uma

nova alteração no exoesqueleto se processa, havendo mais um período de

inatividade, denominado de metaninfa, para que ao final do processo, em torno do

décimo dia, surja o indivíduo adulto (GONZALES, 1975).

Ao atingir a fase adulta, inicia-se o processo de diferenciação entre machos e

fêmeas, sendo que em torno do décimo sétimo dia os machos já estão aptos à

cópula. As fêmeas nas últimas horas próximas ao ingurgitamento completo sua

alimentação intensifica-se, a ponto de apresentarem um tamanho cerca de 10 vezes

superior ao tamanho dos machos (GONZALES, 1975).

A fase não parasitária compreende os estágios de fêmea adulta (teleógina),

ovo e larva infestante. A fêmea adulta fecundada e ingurgitada, ao desprender-se do

bovino procura um local no solo para efetuar a postura. Após a queda no solo, em

torno de 3 dias, inicia-se a postura dos ovos. Estes ovos podem durar até 60 dias no

meio ambiente em condições adequadas de temperatura (26-27 ºC) e humidade

(~80 %). Posteriormente à postura, a teleógina, que apresenta uma coloração mais

amarelada, chega à morte. Os ovos podem iniciar a eclosão a partir da terceira

semana, após o início da postura (GONZALES, 1975).

Figura 1. Reprentação esquemática do ciclo de vida do carrapato Rhipicephalus (Boophilus)

microplus. Retirado de (GONZALES, 1975)

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As larvas necessitam de um período de maturação médio de uma semana

para estarem aptas a fixarem-se no hospedeiro e continuarem o desenvolvimento

(GONZALES, 1975). No meio ambiente, este processo pode ser longo, sendo uma

forma estratégica de sobrevivência do parasita frente às adversidades climáticas.

Após esse período, deslocam-se às extremidades da vegetação para alcançarem

mais facilmente o bovino. Nessa fase de larva infestante, elas podem sobreviver por

até 36 semanas (GONZALES, 1975).

1.3 Importância econômica e estratégias para o controle do Carrapato

Rhipicephalus microplus

O R. microplus é o principal ectoparasita bovino de maior importância

econômica e médico-veterinária do hemisfério sul, causando prejuízos econômicos

mundiais devido as perdas na produção de leite e carne (JOHNSTON; KEMP;

PEARSON, 1986; MENDES et al., 2011; SUTHERST et al., 1983), depreciação no

valor do couro do gado por danos causados por reações inflamatórias nos locais de

fixação do carrapato, na transmissão de uma grande variedade de organismos

patogênicos (GONÇALVES; PASSOS; RIBEIRO, 1999; MCCOSKER, 1981;

SONENSHINE; KOCAN; DE LA FUENTE, 2006; SONENSHINE; ROE, 2014;

WILLADSEN, 2006) e custos relacionados à aquisição, manejo e equipamentos

para aplicação dos carrapaticidas nos rebanhos como forma de combate desses

parasitas (CORDOVES CESPEDES, 1997).

O método mais eficaz de controle para populações de carrapato é o uso de

acaricidas, que demanda um alto custo com a aquisição dos produtos químicos,

instalações adequadas e a mão-de-obra para a aplicação dos produtos (MERINO et

al., 2013). Porém, a utilização excessiva deste método químico de controle vem

tornando-se inviável pela seleção de carrapatos resistentes aos pesticidas, além do

crescente aumento dos resíduos químicos encontrados em produtos de origem

animal como a carne e o leite. Outro ponto negativo é a poluição dos solos e dos

rios, que pode gerar a necessidade do uso de técnicas de biorremediação que eleva

ainda mais os custos para os criadores de gado (GHOSH; AZHAHIANAMBI; YADAV,

2007; PARIZI et al., 2012; RODRIGUEZ-VIVAS et al., 2011). Diante desses fatores,

torna-se cada vez mais necessária a criação de novas estratégias para o controle

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adequado dos carrapatos de forma mais eficiente, econômica e de menor impacto

ambiental.

Podemos encontrar alguns trabalhos que tem como objetivo a criação de métodos

alternativos aos métodos químicos utilizados (acaricidas) para o controle do R.

microplus (DA SILVA VAZ et al., 1998; JOHNSTON; KEMP; PEARSON, 1986;

MERINO et al., 2013; PARIZI et al., 2012). Dentre essas alternativas encontra-se o

controle biológico que utiliza microorganismos como a bactéria Bacillus thuringiensis

(FERNÁNDEZ-RUVALCABA et al., 2010; ZHIOUA et al., 1999), e a utilização de

fungos entomopatogênicos como Metarhizium anisopliae (BASSO et al., 2005;

GARCIA et el., 2008). Além disso, outra abordagem utilizada é a identificação de

genes do hospedeiro envolvidos na resistência aos carrapatos, tendo em vista o

melhoramento genético do bovino (GASPARIN et al., 2007). No entanto, a

alternativa que mais se destaca é o desenvolvimento de vacinas para o hospedeiro

(DA SILVA VAZ et al., 1998; PARIZI et al., 2012), sendo considerado o melhor

custo/benefício, oferecendo uma maior segurança ao aplicador quanto para o

consumidor, sem nenhuma contaminação ambiental e nem dos produtos, como a

carne e o leite (DA SILVA VAZ et al., 1998). Entretanto, elas tendem ser espécie-

específicas, o que estabelece um desafio para o desenvolvimento de uma vacina

que proteja contra várias espécies de carrapato e que seja comercialmente viável

(GUERRERO; MILLER; PÉREZ DE LEÓN, 2012). A vacina comercial produzida com

base em uma proteína recombinante, bm86, fornece proteção contra Rhipicephalus

microplus e algumas espécies relacionadas. No entanto, esta proteção varia muito

dependendo da cepa de R. microplus e do estado nutricional do hospedeiro bovino.

Desta forma, a busca por novos alvos de estudo e controle torna-se necessária.

O estudo da embriogênese, por sua vez, pode desempenhar um papel

importante na busca de novos alvos de estudo para o controle populacional dessa

espécie (DA SILVA VAZ et al., 1998; FONSECA, 2012). O nosso grupo de pesquisa

tem dedicado os últimos anos para identificar alvos moleculares, particularmente

durante a fase embrionária do carrapato R. microplus, a fim de compreender

aspectos importantes relacionados ao metabolismo energético e que possam

interferir na proliferação de novos indivíduos.

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1.4 Desenvolvimento embrionário do carrapato R. microplus

Em condições laboratoriais, a embriogênese do carrapato R. microplus dura

cerca de 21 dias, e compreende um período que inicia com a fecundação do zigoto e

termina na eclosão do ovo (FONSECA, 2012).Durante esta fase, o carrapato pode

estar mais vulnerável a mudanças ambientais, pois é a única etapa em que se

encontra imóvel (SONENSHINE; ROE, 2014). Portanto, a embriogênese é um dos

aspectos fisiológicos mais importantes no controle populacional de organismos

ovíparos, pois nesta fase o ovo não consegue se dispersar (FONSECA, 2012).

Nos ovíparos, a embriogênese é caracterizada pela mobilização inicial de

metabólitos de origem materna ao ovo, assim o embrião consegue desenvolver

novos tecidos e órgãos na ausência de nutrientes exógenos (VLECK; HOYT,

1991).Desta forma, esse processo em artrópodes como o carrapato R. microplus

começa com a mobilização principalmente de grânulos de vitelo aos ovócitos

(CAMPOS et al., 2006; FAGOTTO, 1990; SAPPINGTON; RAIKHEL, 1998). O vitelo

é um conjunto de proteínas (como a vitelina) e lipídeos, que nutrem o embrião em

desenvolvimento (SANTOS, J. E; GODINHO, 1994; SAPPINGTON; RAIKHEL, 1998)

e mais especificamente em embriões do R. microplus as proteínas são os

constituintes mais abundantes deste vitelo (LOGULLO et al., 2002). Durante a

maturação dos ovócitos, ocorre uma fase prévia à oviposição caracterizada por um

rápido aumento no tamanho do ovário, onde os ovócitos apresentam rápido

crescimento, acúmulo de RNAs maternos, carboidratos, lipídios e proteínas que irão

satisfazer as necessidades regulatórias e metabólicas do embrião nas fases iniciais

do desenvolvimento (CAMPOS et al., 2006; CHERRY, 1973; CHIPPENDALE, G. M.;

ROCKSTEIN, 1978).

Alguns estudos têm ajudado a compreender o processo da embriogênese do

carrapato R. microplus depois da oviposição a nível bioquímico e celular (CAMPOS

et al., 2006; MORAES et al., 2007; SANTOS et al., 2013; SEIXAS et al., 2012).

Seixas (2012) demonstrou alguns aspectos gerais da morfologia em diferentes

momentos embrionários do carrapato R. microplus, demonstrando que a

embriogênese começa com uma grande divisão de núcleos do zigoto, seguida por

intensa multiplicação celular até a formação do blastoderma sincicial (Figura 2A, B e

C). Logo após, começa a migração destas células para a periferia do ovo e no quinto

dia após a oviposição (DAO) começa o estágio de blastoderma celular (Figura 2D).

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No sétimo dia após a oviposição, começa o estágio de fechamento dorsal (Figura

2E), e no décimo segundo dia após a oviposição (Figura 2F) os embriões atingem o

estágio de organogênese tardia (SEIXAS et al., 2012).

Figura 2. Diferentes estágios embrionários do carrapato R. microplus. Ovos permeabilizados em

diferentes dias após a oviposição foram submetidos a microscopia confocal de varredura a laser. (A)

1º dia após a oviposição (DAO). (B) 3º DAO. (C) 4 º DAO - estágio sincicial. (D) 5º DAO - estágio de

blastoderma celular. (E) 7º DAO - estágio de fechamento dorsal. (F) 12º DAO - fase tardia da

embriogênese (SEIXAS et al., 2012).

Após estabelecer o protocolo de permeabilização dos ovos do R. microplus,

Santos e colaboradores (2013), de uma forma mais detalhada caracterizaram a

embriogênese do carrapato. Por meio de marcação dos núcleos celulares do ovo

com 4,6-diamino-2-fenilindol (DAPI), dividiu a embriogênese do R. microplus em 14

estágios morfológicos e seus resultados estão de acordo com os dados publicados

por Seixas (2012). Já Campos e colaboradores (2006) e Moraes e colaboradores

(2007), descreveram a dinâmica de utilização do aporte energético de origem

materna e o uso de importantes vias metabólicas responsáveis pela produção de

energia durante o desenvolvimento embrionário do R. microplus.

1.5 Perfil metabólico durante a embriogênese do carrapato R.microplus

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Moraes e colaboradores (2007) demonstraram um padrão bioquímico durante

o desenvolvimento embrionário do carrapato R. microplus. Por meio de análises

bioquímicas, a embriogênese deste artrópode foi dividida metabolicamente em duas

fases, com base no balanço de utilização da glicose pelo embrião. A primeira fase é

caracterizada pelo consumo acentuado de glicogênio, e compreende do 1º ao 5º dia

do desenvolvimento que abrange a oviposição até a formação do blastoderma

celular (SANTOS et al., 2013; SEIXAS et al., 2012). A segunda fase compreende do

blastoderma celular até a eclosão das larvas, sendo caracterizada por intensa

gliconeogênese. A figura 3 indica a utilização das vias metabólicas relacionadas ao

metabolismo de glicose durante o desenvolvimento do carrapato, as setas

vermelhas representam o principal fluxo metabólico durante a primeira fase do

desenvolvimento e as setas azuis indicam a preferência metabólica na segunda fase

do desenvolvimento.

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Figura 3. Esquema proposto para o metabolismo de glicose durante o desenvolvimento

embrionário. O esquema baseia-se em atividades enzimáticas e na quantificação de glicogênio

durante a formação embrionária. HK - Hexoquinase, G6PDH -Glucose 6-fosfato desidrogenase, PK-

Piruvato Quinase e PEPCK – fosfoenolpiruvato carboxiquinase. A seta vermelha indica o fluxo

metabólico durante a fase inicial do desenvolvimento. A seta azul indica o fluxo metabólico durante a

fase final do desenvolvimento. Adaptado de (MORAES et al., 2007).

Importantes mudanças metabólicas acontecem durante os primeiros seis dias

do desenvolvimento (primeira fase), entre elas a diminuição acentuada do conteúdo

de lipídeos totais (CAMPOS et al., 2006) e a mobilização do conteúdo de glicogênio

(MORAES et al., 2007). Esses dados (Figura 4) sugerem que as reservas de

glicogênio são preferencialmente mobilizadas para apoiar o processo de consumo

intensivo de energia nesta fase e para a produção de biomoléculas necessárias ao

crescimento. A figura 4 mostra a correlação dos níveis de glicose e glicogênio ao

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longo do desenvolvimento embrionário, o que ajudou na elaboração do esquema

publicado por Moraes (2007) e que estão representados na figura 3.

Figura 4. Correlação entre a manutenção dos níveis de glicose e a concentração de glicogênio

ao longo da embriogênese. (A) O conteúdo de glicose. (B) O conteúdo de glicogênio. Foram

medidos em homogenatos de ovos em diferentes dias de desenvolvimento. Adaptado de (MORAES

et al., 2007).

O aumento da atividade enzimática da glicose 6 fosfato desidrogenase

(G6PDH) (Figura 5B), enzima que catalisa a reação da glicose 6-P em6-P-

gliconolactona, durante a fase inicial (3º ao 6º dia após oviposição) do

desenvolvimento embrionário do carrapato, sugere que preferencialmente a glicose-

6-fosfato está sendo desviada para a via das pentoses-fosfato, que é uma via

alternativa para a oxidação da glicose e que tem como produto final a ribose, além

de produzir NADPH (nicotinamida adenina difosfato). Esta conclusão metabólica

pode ser apoiada nos eventos morfológicos que ocorrem nessa fase, pois durante a

fase inicial da embriogênese ocorre intensa multiplicação celular e a formação de

núcleos, onde é necessário o fornecimento da ribose-5-fosfato para a síntese de

nucleotídeos, e a disponibilidade de NADPH um redutor crucial nos processos

anabólicos, como por exemplo, na biossíntese de fosfolipídios necessários à

celularização (MORAES et al., 2007).

Além do aumento da atividade enzimática da G6PDH (Figura 5A) e do

declínio na concentração de glicogênio (Figura 4B) do primeiro ao sétimo dia do

desenvolvimento, pode-se observar um decaimento da atividade enzimática da

hexoquinase (HK), a primeira enzima da via glicolítica, e um aumento progressivo da

atividade enzimática da piruvato kinase (PK), última enzima da via glicolítica

(MORAES et al., 2007) (Figura 5B) mostrando que as atividades destas enzimas

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coincidem dentro da embriogênese do carrapato R. microplus. Esses dados

corroboram com a ideia de que a utilização do glicogênio estocado durante o

período da ovogênese é então mobilizado para a via das pentoses-fosfato e para a

via glicolítica apoiando energeticamente o desenvolvimento nessa fase inicial

(MORAES et al., 2007).

Figura 5. Correlação do fluxo da via das pentoses fosfato em relação à glicólise ao longo da

embriogênese. (A) A atividade específica da enzima G6PDH. (B) A atividade específica das enzimas

PK (▵ ) e HK (▾ ). Adaptado de (MORAES et al., 2007).

Durante a fase inicial do desenvolvimento do R microplus, Campos e

colaboradores (2006) observaram um aumento abrupto no consumo de oxigênio e

entre o 7º e o 9º dia após a oviposição, foi observado uma consequente redução no

peso seco e um aumento no teor de água dos embriões, sugerindo assim, um

aumento no processo de respiração celular. Além disso, uma grande redução no

conteúdo de carboidratos ocorreu nessa fase, o que pode ser correlacionado com a

alta taxa metabólica durante este período de celularização, formação da banda

germinal e segmentação deste embrião (MORAES et al., 2007).

O aumento na concentração de glicogênio pode ser observado a partir do 9º

dia após a oviposição (segunda fase), onde é observado o aumento da atividade

enzimática da Hexoquinase e Piruvatokinase, as quais são a primeira e a última

enzima da glicólise, respectivamente (Figura 5 B). Além disso, há um aumento na

atividade da enzima fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK) (figura 6 A) que é a

principal enzima reguladora da via gliconeogênica. A gliconeogênese é uma via

capaz de sintetizar glicose a partir de substratos não glicídicos, tais como prolina e

aspartato, os quais são aminoácidos classificados como aminoácidos glicogênicos

(BERG; TYMOCZKO, 2002).

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Junto ao aumento da atividade enzimática da PEPCK, pode ser observado

um acúmulo de glicose, na forma de glicogênio, que poderá ser utilizado na fase

final da embriogênese (figura 6 A e B). Sendo assim, Moraes e colaboradores

sugerem que neste estágio embrionário a via gliconeogênica é preferencialmente

utilizada para a resíntese de glicose, que poderá apoiar energeticamente o embrião

em desenvolvimento até a eclosão da larva. Então podemos dizer que o embrião

passa de um momento metabólico onde é priorizado o consumo da glicose fornecida

pela mãe na oogênese, e passa a assumir o controle do seu metabolismo para

manter o equilíbrio energético e assim, garantir o sucesso do seu desenvolvimento

resintetizando a glicose. Desta forma, podemos sugerir que existe um momento que

chamamos de transição metabólica, o qual este embrião utiliza do seu metabolismo

para sintetizar os metabólitos necessários ao seu desenvolvimento.

Figura 6.Correlação da via gliconeogênica com os níveis de glicogênio durante o

desenvolvimento embrionário. (A) Atividade específica da enzima PEPCK. (B) O conteúdo de

glicogênio, adaptado de (MORAES et al., 2007).

Diante desse perfil metabólico, o metabolismo de carboidratos mostra-se

essencial para o desenvolvimento embrionário. Desta forma, a identificação e a

quantificação de metabólitos oriundos do metabolismo de glicose, formados durante

a embriogênese, podem auxiliar na identificação dos momentos cruciais do controle

metabólico e que pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias racionais de

controle do carrapato.

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1.6 Plataformas “ômicas” e a metabolômica

As plataformas tecnológicas conhecidas como “ômicas” apresentam como objetivo a

identificação do maior número possível de biomoléculas pertencentes a um

determinado organismo ou parte do mesmo (ROBERTSON, 2005; ROCHA et al.,

2006). Dentre essas moléculas figuram o DNA (Ácidos desoxirribonucleicos), que

são o objeto de estudo na genômica, o RNA (Ácidos ribonucleicos), que são o objeto

de estudo na transcriptômica e as proteínas que são estudadas naproteômica. Há

ainda os estudos de prospecção de metabólitos, que estabelecem o perfil químico,

de um organismo, denominados metabolômica. O conjunto destas abordagens

proporcionam grandes progressos na descoberta de mecanismos intracelulares em

diferentes níveis moleculares, os quais podem ser correlacionados com os eventos

fisiológicos dos mais diferentes modelos de estudo (DYAR; ECKEL-MAHAN, 2017;

PETRIZ; FRANCO, 2017). Um exemplo disso é a proteômica, que pode fornecer

informações sobre pontos chave de qualquer processo bioquímico num organismo

(FIEHN et al., 2000), pois gera informações de proteínas expressas em determinado

tempo em um sistema biológico (GALDOS-RIVEROS et al., 2010; SALVATO et al.,

2010).

No entanto, a quantificação de proteínas não é suficiente para entender o

fluxo metabólico de um modelo experimental, pois as células possuem mecanismos

refinados para o controle da atividade das enzimas como controle da expressão

gênica e modificações pós traducionais (LEHNINGER; NELSON; COX, 2009;

NELSON et al., 2014). Um dos mecanismos de regulação pós traducional é

realizado por proteínas quinases, as quais são enzimas que catalisam a adição de

grupamentos fosfato aos seus substratos em resíduos de aminoácidos específicos.

Um exemplo é a Glicogênio Sintase Quinase-3 (GSK3), que é uma proteína quinase

com diversos substratos. Um dos substratos da GSK3 é a enzima Glicogênio Sintase

(GS), que é responsável pela síntese de glicogênio intracelular. Ao ser fosforilada no

aminoácido serina na posição 14 pela GSK3, a GS tem sua atividade inibida e,

portanto, podemos dizer que ela pode ser regulada por um mecanismo pós

traducional (DA ROCHA FERNANDES et al., 2014; DYAR; ECKEL-MAHAN, 2017;

LOGULLO et al., 2002; WARBURG; WIND; NEGELEIN, 1927). Sendo assim, a

metabolômica pode contribuir no estudo dos processos bioquímicos, pois dentro

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desta abordagem é realizada a quantificação dos produtos das reações catalisadas

pelas enzimas e é mais confiável para inferir a respeito do balanço de utilização de

recursos energéticos. Esses recursos abrangem diferentes classes de substâncias,

que podem ser monitoradas simultaneamente, tais como açúcares, aminoácidos e

ácidos graxos que podem desempenhar importantes funções, como o

armazenamento de energia, por exemplo. Além disso, a metabolômica pode

complementar os dados obtidos por outras ferramentas, como a proteômica, por

exemplo, (SCHRIPSEMA, 2010) tendo como objetivo final uma análise ampla e

quantitativa dos metabólitos em um sistema biológico. Desta forma, aproximando a

variação dos metabólitos com a fisiologia do organismo.

O estudo do perfil metabólico é uma das abordagens de análise da

metabolômica e visa à detecção simultânea da totalidade ou de um conjunto de

metabólitos de uma amostra. Para esta finalidade, algumas técnicas analíticas

podem ser usadas como a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector por

Ultravioleta (CLAE-UV), a Eletroforese Capilar acoplada à Espectrometria de Massas

(EC-EM), a Cromatografia em fase Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas

(CG-EM) (SHULAEV, 2006; SUMNER; MENDES; DIXON, 2003). Dentre estas

técnicas a Cromatografia em fase Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas

(CG-EM) é uma das técnicas utilizadas para análises de perfis metabólicos ( ARETZ

2016; ROESSNER et al., 2000; TENNESSEN 2014). Com esta técnica é possível

estabelecer os perfis de centenas de substâncias que pertencem a diferentes

classes químicas, incluindo açúcares, ácidos orgânicos, aminoácidos, ácidos graxos

e outras.

As principais vantagens do uso do CG-EM para metabolômica é a

disponibilidade de bibliotecas espectrais acessíveis ( ARETZ 2016; HALKET et al.,

2005; LUBES et al., 2017) e a alta seletividade e sensibilidade em separar, detectar

e identificar as substâncias, possibilitando assim, a análise de metabólitos em baixa

concentração (CHINCHOLE et al., 2012; GILBERT-LÓPEZ; GARCÍA-REYES;

MOLINA-DÍAZ, 2012; NAKASHIMA, 2005; SILVA et al., 2012; XU et al., 2012).

Diante disso, a utilização do CG-EM se apresenta como uma das técnicas mais

recomendadas para a análise quantitativa dos mais variados metabólitos.

Encontramos diferentes trabalhos que tem usado o CG-EM para uma análise

metabolômica, tendo como foco o perfil químico nas mais variadas amostras

biológicas. Por exemplo, Ye e colaboradores buscaram entender os disturbios

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metabólicos e identificar potenciais biomarcadores associados à toxicidade induzida

por tetrabromobisfenol (H-BPA) em embriões do peixe-zebra (Danio rerio) (YE et al.,

2016). Um outro tabalho publicado por Onjiko e colaboradores (2014), que por meio

da análise do perfil quimico, elucidaram a dinamica metabólica em células

individuais de embriões da rã-de-unhas-africana (Xenopus laevis) visando a

compreensão da fisiologia que regula a embriogênese deste organismo (ONJIKO;

MOODY; NEMES, 2015).

Outros estudos com foco em artrópodes também adotaram a metabolômica,

visando o estudo do perfil quimico das amostras utilizando o CG-EM. Um destes

estudos foi publicado por Hou e colaboradores (2015), que utilizaram a

transcriptômica e o perfil metabólico para entender o envolvimento do hormônio

juvenil (JH) e o hormônio 20-hidroxiecdisona (20E) na coordenação do metabolismo

de carboidrato em fêmeas do mosquido Aedes aegypti (HOU et al., 2015). Um

dostrabalhos que se aproxima do que pretendemos neste estudo e o tamamos como

referência, foi publicado por An (2014) que fez uma análise metabolômica durante o

desenvolvimento embrionário da mosca da fruta (Drosophila melanogaster) (AN et

al., 2014).

Para uma Compreensão mais profunda dos processos metabólicos durante o

desenvolvimento embrionário do carrapato R. microplus, pretende-se utilizar uma

abordagem metabolômica com foco no perfil quimico, e desta forma incorporar

novos dados acerca do metabolismo embrionário correlacionando aos diferentes

momentos embrionários do R. microplus. Este estudo tem um grande potencial para

elevar a compreensão do metabolismo que pode regular a embriogênese.

2. Justificativa

O carrapato R. microplus, é um dos principais transmissores de patógenos

para os bovinos, causando perda econômica para os criadores de gado. Atualmente,

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o seu controle dependem da aplicação tópica de acaricidas químicos, o que implica

na seleção de organismos resistentes, além da contaminação do meio ambiente e

dos produtos provindos do gado, gerando assim, uma crescente preocupação com a

saúde pública. Além disso, o desenvolvimento de vacinas para o hospedeiro tende à

ser espécie-específicas, dificultando a proteção contra diferentes espécies de

carrapato. Desta forma, entende-se que são necessárias estratégias alternativas

para o controle dos carrapatos, e para isso é necessária uma maior compreensão

sobre a biologia desses organismos.

Além de reforçar as observações prévias quanto ao metabolismo durante a

embriogênese deste carrapato, o presente trabalho incorpora novos dados

relacionados ao momento de transição metabólica durante o desenvolvimento do R.

microplus. Desta forma, este trabalho pode abrir novas perspectivas de estudo sobre

o metabolismo energético que não haviam sido observadas anteriormente.

Ademais, a correlação dos resultados apresentados neste documento com os

resultados prévios das análises bioquímicas pode nos esclarecer a dinâmica do

metabolismo de glicose durante o desenvolvimento embrionário. Fornecendo assim,

uma compreensão mais detalhada do metabolismo energético no desenvolvimento

embrionário do carrapato R. microplus, que podem ajudar na elaboração de novas

estratégias para o controle da sua proliferação.

3. Objetivo

Elucidar a dinâmica dos metabólitos envolvidos no metabolismo de glicose

durante a embriogênese do carrapato Rhipicephalus microplus, utilizando

cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas.

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3.1Objetivos específicos

Estabelecer o método de análise para os embriões do carrapato R. microplus

por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas;

Analisar os extratos dos ovos do carrapato Rhipicephalus microplus obtidos

em cada dia do seu desenvolvimento;

Avaliar a dinâmica dos metabólitos relacionados aos estágios embrionários do

carrapato Rhipicephalus microplus.

4. Material e Métodos

4.1 Coleta e manutenção dos carrapatos Rhipicephalus microplus

Os carrapatos da espécie R. microplus foram criados em bovinos na

Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Os organismos se desenvolveram em bovinos isolados em estábulos, livres de

qualquer contato com o campo. Três gerações de fêmeas ingurgitadas foram

coletadas de forma independente com auxílio de peneiras e foram mantidas em uma

estufa com temperatura de 28ºC e umidade de 80% para postura dos ovos. Durante

o período de oviposição, que ocorreu em momentos diferentes para cada geração

de fêmeas, cerca de 2g de massa de ovos de um único dia de postura foram

coletados e mantidos em uma estufa com temperatura de 28ºC e umidade de 80%.

Ao longo do período do desenvolvimento embrionário, cerca de 80mg de ovos foram

coletados diariamente e para que o desenvolvimento embrionário fosse

interrompido, esses 80mg de ovos foram banhados em nitrogênio líquido e

estocados no freezer -80ºC. Esse procedimento foi repetido uma vez por dia durante

21 dias seguidos após a postura dos diferentes conjuntos de fêmeas. Desta forma

obtivemos três amostras biológicas independentes para cada dia do

desenvolvimento embrionário do R. microplus.

4.2 Preparação dos extratos de embriões do carrapato R. microplus

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O preparo dos extratos de embriões do R. microplus foi realizado com base

nos métodos estabelecidos por An e Colaboradores (2014). Inicialmente 80 mg de

ovos em cada dia do estágio embrionário que previamente foram coletados e

estocados em um freezer com temperatura de -80°C, foram liofilizados por 48 horas.

O preparo de cada amostra foi realizado macerando 5 mg dos ovos previamente

liofilizados em frascos de vidro com o auxílio de um micropistilo. Em seguida, foi

adicionado 1ml da mistura de água, clorofórmio e metanol nas proporções 1:1:2.5,

respectivamente. Logo após, 60µl de ribitol (Sigma Aldrich), um álcool derivado do

açúcar D-ribose, na concentração de 0,1mg/ml foi adicionado a cada amostra como

padrão interno para a análise. Todas as amostras foram, então, centrifugadas em

um microtubo de 2 ml à 16.000 x g por 3 minutos em temperatura de 4 ºC, o

sobrenadante (900 µl) de cada amostra foi transferido para um novo microtubo de

2ml contendo 400 µl de água destilada. Cada microtubo foi centrifugado novamente

sob as mesmas condições anteriores e 400 µl da fase polar da amostra foi

transferido para um novo frasco e evaporado a temperatura ambiente. Todas as

amostras foram congeladas e liofilizadas para garantir a retirada completa de

resíduos de água, antes do procedimento de derivatização.

Com o objetivo de determinar o método de análise cromatográfica, a primeira

análise dos extratos de embriões do R. microplus foi realizada com uma mistura de

ovos em diferentes dias do desenvolvimento. O preparo do extrato da mistura de

embriões foi realizado como descrito acima.

4.3 Preparação dos padrões externos

O padrão externo é analisado separadamente da amostra e a identificação da

substância desejada é feita através da comparação do tempo de retenção e de seu

espectro de massas que contém seu perfil de fragmentação. Portanto, para

obtermos um conhecimento prévio do comportamento cromatográfico do padrão

interno da nossa análise, preparamos uma solução aquosa do ribitol (Sigma Aldrich)

na concentração de 2 µg/ml. Essa solução aquosa foi então congelada para o

procedimento de liofilização.

Além disso, realizamos a preparação de padrões comerciais não analíticos de

outras substâncias como a glicose, o piruvato e o isocitrato (Merck), malato, prolina,

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glutamina e glutamato (Sigma Aldrich), sob as mesmas condições realizadas para o

ribitol.

4.4 Preparação das amostras para análise por CG-EM

Os extratos dos ovos que correspondem cada dia do desenvolvimento

embrionário foram derivatizados utilizando uma reação de oximação seguida por

sililação como proposto por An (2014). A derivatização altera as características

químicas das substâncias menos voláteis, tornando-as volatilizáveis e termicamente

estáveis por meio da adição de grupos funcionais, como o grupamento silil. Abaixo

segue uma representação do processo de derivatização da glicose com dois dos

seus possíveis derivados (Figura 7).

Figura 7.Esquema da reação de derivatização da glicose. O processo de metoximação permite a

exposição das hidroxilas presentes na estrutura da glicose e no passo de trimetilsilização são

adicionados grupamentos silil na posição dessas hidroxilas.

Inicialmente, todas as amostras e os padrões externos foram liofilizados para

garantir a retirada completa de resíduos de água antes do procedimento de

derivatização. Em cada amostra foi adicionado 50µL de cloridrato de metoxiamina

solubilizada em piridina (Sigma Aldrich) numa concentração de 10mg/ml. Todos os

vials foram mantidos à 37ºC durante 90 minutos sob agitação. Em seguida, para a

reação de sililação das substâncias, foram adicionados 25µl de N-metil-N-

(trimetilsilil) trifluoroacetamida (MSTFA) + 1% de TMCS (Sigma Aldrich) às amostras.

Os frascos foram novamente mantidos a 37ºC durante 30 min sob agitação em uma

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incubadora de agitação orbital. O conteúdo foi transferido para insert de vidro e

acondicionado em viasl de 1,8ml, e em seguida foram estocados no dessecador até

o momento das análises por CG-EM.

4.5 Análise por Cromatografia Gasosa acoplada a espectrometria de massas

(CG-EM)

A primeira parte do desenvolvimento desse trabalho foi o estabelecimento dos

métodos para o preparo das amostras e as análises por CG-EM. O estabelecimento

das melhores condições cromatográficas dos extratos foi realizado adequando-se o

tipo de coluna e a programação de aquecimento do forno e tempo de análise.

As primeiras análises por CG-EM, que incluiu o extrato da mistura de

embriões em diferentes dias do desenvolvimento e o ribitol, foram realizadas em um

cromatógrafo QP2010 Plus Shimadzu com uma coluna capilar de sílica fundida do

tipo DB5, do fabricante quadrex, modelo 007-5MS (30 m, 0.25mm, 0,25 µm) com um

auto-injetor AOC-20i/s (Shimadzu), no modo ionização eletrônica (70 V). Este

cromatógrafo está localizado no Laboratório de Produtos Bioativos (LPBIO) no

Instituto Macaé de Ciência e Tecnologia (IMMT). As temperaturas do injetor da

interface CG-EM e fonte de íons foram 250 C, 200 C e 260°C, respectivamente. A

temperatura do forno foi ajustada de acordo com a seguinte programação:

temperatura inicial de 80 C por 2 minutos, com rampa de aquecimento de 15 C/min.

até 320 C, que foi mantida por 6 minutos e reduzida até a condição inicial para uma

nova injeção.

As análises subsequentes foram realizadas em um cromatógrafo do mesmo

modelo com uma coluna capilar de sílica fundida DB1 Rtx-1MS (30m, 0.25mm, 0.1

µm) equipado com um auto-injetor AOC-20i/s (Shimadzu), que está alocadono

laboratório integrado de Química (LIQ) localizado no Núcleo em Ecologia e

Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé (NUPEM). As temperaturas do injetor

da interface CG-EM e da fonte de íon foram de 250°, 290ºC e 200ºC,

respectivamente. Além disso, a temperatura do forno foi ajustada de acordo com a

seguinte programação: temperatura inicial de 70 C por 2 minutos, com duas rampas

de aquecimento uma de 15 C/min. até 200 C e a outra de 18 C/min até 290 C,

mantida por 6 minutos. Em todas as análises o gás de arraste utilizado foi o Hélio

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(pureza de 99, 9999%) com um fluxo constante de 1,0 mL min. O volume de injeção

foi de 1µL no modo Split na razão 10:1 (V/V). Os espectros de massas foram

registrados na faixa entre 45 a 600 m/z.

4.6 Processamentos dos dados

Os dados brutos de cada cromatograma foram convertidos em texto (bloco de

notas, *. Txt) usando o pacote de software GC-MS Solution (Shimadzu). Os dados

foram importados para o Excel, onde o valor da média obtida das intensidades de

cada pico foi normalizada com base na intensidade do pico do padrão interno, o

ribitol adicionado em cada amostra. Nesta abordagem, as áreas de cada

cromatograma foram igualadas para aumentar a informação proporcional entre

picos. As tabelas de cada cromatograma gerada no Excel com os dados

normalizados foram importadas para o software Correlation Otimizeid

Warping “COW tool” (http://www2.biocentrum.dtu.dk/mycology/analysis/cow/), onde

foi realizado o alinhamento de base de cada cromatograma e a correção dos desvio

de tempo de retenção dos picos usando COW como descrito em (NIELSEN et al.,

1998). Para a execução do COW foi utilizado o cromatograma com o maior número

de picos.

O alinhamento é necessário devido a desvios mínimos de tempos de

retenção, originados de pequenas oscilações no sistema cromatográfico que

precisam ser removidos para que a análise multivariada se sustente apenas nos

tempos de retenção e intensidade relativa das bandas cromatográficas. A utilização

dos dados não alinhados implicaria, por exemplo, na utilização de mais

componentes principais do que aquelas realmente necessárias, podendolevar a

interpretações equivocadas dos resultados.

Uma matriz de dados composta dos cromatogramas totais alinhados e

normalizados foi submetida à Análise de Componentes Principais (PCA – do

inglês Principal Component Analysis). Esta matriz teve sua média centralizada antes

de executar PCA, que foi feita em linguagem R (www.r-project.org) usando o pacote

"ChemometricsWithR" (WEHRENS, 2011).

5. Resultados e Discussão

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32

5.1 Análise dos padrões externos

Para testar os parâmetros cromatográficos e do espectro de massas, e

conhecer o perfil do ribitol nas análises de CG-EM, a primeira parte do trabalho

consistiu na análise dessa substância comercial utilizando as mesmas condições

cromatográficas que seriam aplicadas aos extratos. Essa análise inicial foi realizada

no cromatógrafo do Laboratório de Produtos Bioativos (LPBIO), que possui uma

colunaDB5 (007-5MS). A identificação das substâncias indicadas nos

cromatogramas foi obtida pela comparação com a biblioteca NIST (versão 2011)

contida no software do CG-EM. A biblioteca Nist contém mais de 100.000 espectros

de massas, constituindo uma ferramenta importante na comparação do perfil de

fragmentação de cada uma das substâncias que compõem as amostras.

A identificação da substância formada a partir da derivatização do ribitol foi

obtida através da comparação com o banco de dados da biblioteca NIST. A

substância Ribitol, 1,2,3,4,5-pentacis-O-(trimetilsilil) é o produto da reação de

derivatização do ribitol e apresenta um (tR) = 11,0 minutos. O eixo Y indica a

intensidade relativa e o eixo X indica o tempo de análise em minutos (Figura 8).

Figura 8. Perfil cromatográfico do Ribitol derivatizado. O pico da substância Ribitol, 1,2,3,4,5-

pentacis-O-(trimetilsilil) está indicado pela seta vermelha Análise realizada em cromatógrafo que

contém uma coluna DB5 (007-5MS).

Ao analisar um padrão comercial pela cromatografia gasosa acoplada a

espectrometria de massas espera-se observar no cromatograma picos referentes ao

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padrão analisado, uma vez que há um grau de pureza dessas substâncias

comerciais. O cromatograma que corresponde à nossa análise do padrão interno

apresentou picos referentes à outras substâncias, o que não interferiu na

identificação da substância alvo, o ribitol. Sabe-se que este dado obtido não é o

ideal para uma análise onde se há o interesse de uma quantificação absoluta, no

entanto dentro de uma análise para o conhecimento do perfil cromatográfico do

ribitol, este dado torna-se satisfatório pois conseguiu-se identificar o tempo de

retenção do ribitol derivatizado. Sendo assim, seu tempo de retenção pode ser

comparado com a análise dos extratos de embriões do R. microplus, e assim

identifica-lo dentre todos os picos presentes no cromatograma referente a esses

extratos.

A análise dos padrões comerciais do piruvato, isocitrato, malato, glicose,

prolina, glutamina, glutamato, não estão aqui representados, pois os picos destas

substâncias não foram identificados nos seus respectivos cromatogramas. Acredita-

se que a identificação destas substâncias não foi possível devido ao grau de

purificação das mesmas, pois entende-se que se padrão comercial não apresenta

um alto grau de pureza, sua concentração pode estar subestimada relação aos

demais componentes deste padrão. Portanto, pretende-se adquirir padrões

analíticos destas e de outras substâncias do nosso interesse, com um maior grau de

pureza e assim, estabelecer o perfil cromatográfico desses metabólitos dentro dos

parâmetros de análise abordados na metodologia.

5.2 Análise do extrato de embriões do carrapato R. microplus e o seu perfil

químico

Com o objetivo de determinar as melhores condições para o preparo dos

extratos do material biológico e obter biomassa suficiente para as primeiras análises

químicas, o extrato da mistura de embriões foi obtido e em seguida analisado por

CG-EM

Após a determinação das condições cromatográficas para análise do ribitol,

as mesmas foram utilizadas para a análise do extrato da mistura de embriões, que

foi realizada no cromatógrafo com uma coluna capilar do tipo DB5, modelo 007-

5MS. A análise do extrato e a comparação dos dados com os tempos de retenção

do ribitol (tR 11,0 min.) e com os dados de espectrometria de massas da biblioteca

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NIST permitiram identificar a glicose, que apresentou três isômeros com tempos de

retenção diferentes (tR 12,2; 12,3 e 12,5 min.), e alguns aminoácidos envolvidos no

metabolismo energético como a prolina (tR 10,0 min.), lisina (tR 12,8 min.), aspartato

(tR 9,7 min.) e tirosina (tR 13,0 min.). Os metabólitos que possuem maior

porcentagem de área de pico no cromatograma, tais como prolina, glicose e tirosina,

estão indicados no cromatograma, figura 9. Observa-se que o aminoácido tirosina (tR

13,0 min.) foi o composto majoritário no extrato.

Figura 9. Cromatograma do extrato de ovos em diferentes dias do desenvolvimento

embrionário do R. microplus obtido por CG-EM. Alguns dos derivados das substâncias

majoritárias estão destacados: O derivado da prolina está destacado em amarelo (tR 10,06 min.), as

três isoformas do derivado da glicose em vermelho (tR 12,26; 12,35 e 12,51 min.) e o derivado da

tirosina em roxo (tR 13,09 min.). O derivado do ribitol está destacado em azul (tR 11,0 min.). Análise

realizada em cromatógrafo QP2010 Plus Shimadzu que contém uma coluna tipo DB5 de modelo 007-

5MS.

Após a determinação das melhores condições para obtenção e análise dos

extratos dos embriões procedeu-se à continuidade de todo o estudo dos metabólitos

envolvidos na embriogênese de R. microplus no cromatógrafo localizado no

Laboratório Integrado de Química, utilizando uma coluna capilar DB1 (Rtx-1MS). As

condições foram readequadas para a análise, como descrito na parte experimental e

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pequenas modificações nos tempos de retenção das substâncias foram observadas,

como o encontrado para o ribitol em tR= 11,0 min, anteriormente identificado em tR=

13,0 min., bem como uma melhor resolução dos sinais nos cromatogramas pode ser

observada. A Figura 10 apresenta o cromatograma do extrato do dia 19,

representativo das substâncias encontradas nas amostras individuais dos embriões

de R. microplus.

Figura 10. Cromatograma representativo do extrato de embriões de décimo nono dia de

desenvolvimento do R. microplus obtido por CG/EM. Cada pico corresponde

a uma substância derivada de cada um dos metabólitos derivatizados e identificados; e os números

acima de cada pico correspondem ao seu tempo médio de retenção na coluna cromatográfica. O

derivado da serina está destacado em preto (tR 6,8 min.), o derivado do malato está destacado em

verde (tR 10,0 min.), o derivado do ribitol está destacado em azul (tR 13,0 min.), o derivado da tirosina

está destacado em roxo (14,0), e as três isoformas do derivado da glicose em vermelho (tR 14,7; 14,8

e 14,9 min.). Análise realizada em cromatógrafo QP2010 Plus Shimadzu que contém uma coluna tipo

DB1 de modelo Rtx-1MS.

A análise dos espectros de massas das substâncias (anexo I) presentes nos

extratos dos embriões de cada dia do desenvolvimento e a identificação das

substâncias foram realizadas com base na comparação dos dados da biblioteca

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NIST. A Tabela 1 apresenta o resumo de todos os metabólitos identificados nos

extratos dos embriões durante a embriogênese do carrapato R. microplus.

Tabela1. Identificação dos metabólitos nos extratos dos embriões obtidos ao longo de todos os dias de desenvolvimento do R. microplus. Os tempos de

retenção médios (tR) e a porcentagem de Similaridade do espectro obtido com a

biblioteca NIST são apresentados.

tR Médio (Min.) Metabólitos

% de Similaridade

com NIST

1 6,3 Valina 90

2 6,5 Urea 93

3 6,8 Serina 96

4 7,0 Fosfato 95

5 7,2 Leucina 92

6 7,3 Glicerol 92

7 7,4 Treonina 97

8 7,6 Succinato 82

9 7,7 Glicina 94

10 8,0 Ácido glicérico 94

8,6 Metionina 92

11 8,8 Aspartato 96

12 9,2 Alanina 82

13 10,0 Malato 93

14 10,2 Prolina 94

15 10,4 GABA 82

17 11,2 Fosfoenolpiruvato 91

18 11,4 Ácido 2-Aminoadípico 91

19 11,6 Glutamato 90

20 12,4 Ribose 93

21 12,8 Ornitina 90

22 13,0 Ribitol 95

23 13,9 Lisina 85

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24 14,0 Tirosina 94

25 14,6 Frutose 91

26 14,8 Glicose 91

27 15,0 Treose 74

28 15,6 Àcido Palmítico 94

29 16,2 D-glicosamina 91

30 16,4 Inositol 95

31 16,7 Triptofano 89

32 16,8 Galactose 89

33 17,0 Àcido Esteárico 95

34 17,6 2-deoxi uridina 94

35 17,8 Timidina 95

36 18,2 Uridina 92

37 18,8 Inosina 90

38 19,4 Alfa-D-Glicopiranosídeo 95

39 19,9 Maltose 92

A análise do perfil químico do extrato de embriões do carrapato R. microplus

obtido por CG/EM nos permitiu identificar 39 substâncias, as quais pertencem ao

metabolismo de glicose e ao metabolismo de aminoácidos, além disso foram

identificados dois ácidos graxos, o ácido palmítico (c16) e o ácido esteárico (c18).

Portanto, a técnica e o método de análise aqui abordados se mostrou eficiente em

detectar metabólitos que se mostram importantes para o metabolismo energético

durante o desenvolvimento embrionário do R. microplus.

Entretanto, podemos identificar trabalhos que por meio de outras técnicas

analíticas, tiveram como foco a dinâmica de metabólitos relacionados às fontes

energéticas durante o desenvolvimento embrionário de outras espécies, tais como a

do caranguejo marinho Charybdis japônica. Para investigar a composição química

deste organismo, Xu (2013) utilizou a técnica de cromatografia líquida de alta

eficiência (HPLC) acoplada a um detetor específico de aminoácidos (LC 98-I AAA

Automatic Amino AcidAnalyzer- BASIC, China) para determinar o teor de

aminoácidos, e a Cromatografia gasosa acoplada a um detector de ionização de

chamas (FID) para quantificar os ácidos graxos (WEHRENS, 2011). Em seu estudo,

os aminoácidos classificados como essenciais predominantes na análise foram

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lisina, leucina, arginina e valina, e os principais aminoácidos não essenciais foram

ácido glutâmico e ácido aspártico. E assim como em minha análise, os ácidos

graxos predominantes foram o ácido palmítico (c16) e o ácido esteárico (c18)

(WEHRENS, 2011).

Isto demonstra que objetivos em comum podem ser alcançados por diferentes

abordagens analíticas, a utilização da CG-EM viabilizou este estudo dentro de um

tempo hábil, levando em consideração a sua principal vantagem que é a

disponibilidade de bibliotecas espectrais. Diante disso, as injeções de padrões

comerciais de cada substância detectada se tornaram dispensável dentro desta

análise inicial. Todavia, se faz necessário a análise individual de cada metabólito

aqui identificado, tendo como foco os metabólitos que mais variaram dentro das

nossas análises. A fim de direcionar nossos estudos às substâncias que mais

variaram dentro dos 21 dias de desenvolvimento embrionário, aplicou-se a Análise

de Componentes Principais.

5.3 Perfil quimico nos diferentes estágios embrionário do carrapato R.

microplus.

Para avaliar as possíveis variações nos perfis químicos das amostras

provenientes dos diferentes dias do desenvolvimento embrionário, as quais foram

analisadas no cromatógrafo gasoso com uma coluna Rtx-1MS tipo DB1, realizou-se

a comparação das amostras utilizando métodos estatísticos que permitissem uma

melhor visualização da dinâmica metabólica entre as amostras.

A Análise de Componentes Principais (Principal ComponentAnalysis-PCA) é

um método multivariado que consiste em transformar um conjunto dimensional de

variáveis originais em outro conjunto de variáveis de menor dimensionalidade

chamadas de Componentes Principais (Principal Component-PC). Cada PC é uma

combinação linear de todas as variáveis originais e são independentes e ortogonais

entre si e estimados com o propósito de reter, em ordem de estimação, o máximo de

informação, em termos da variação total contida nos dados.

A análise agrupa os metabólitos segundo suas variâncias, ou seja, a técnica

agrupa os metabólitos de um conjunto de amostras segundo a variação de suas

características.

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Os valores que representam a variação de cada substância desses

subconjuntos são chamados de fatores de pontuação (Scores factor), os quais

podem ser interpretadas geometricamente nos gráficos de disperção, onde as

amostras podem se agrupar conforme suas similaridades de variância. (ABDI;

WILLIAMS, 2010; RENCHER, 2002).

Além do gráfico de disperção, esta análise nos fornece um gráfico de loading

que nos permite identificar quais foram as substâncias responsáveis pelo

agrupamento ou distânciamento de cada amostra representada no gráfico de

dispersão. Ou seja, informa as variáveis (substâncias) que são compartilhadas por

cada grupo representado no gráfico de scores (ABDI; WILLIAMS, 2010; RENCHER,

2002).

A análise dos nossos dados mostrou que as duas primeiras componentes da

análise de PCA foram responsáveis por explicar juntas 67.3% de toda a variação

dos dados estudados (PC-1 49.9% e PC-2 17.4%) conforme consta no gráfico de

scores. A partir da visualização do gráfico de scores é possível notar que as

amostras se agruparam conforme suas similaridades no perfil químico, e se

distribuíram em torno dos eixos positivos e negativos das PCs 1 e 2 seguindo uma

sequência temporal. Podemos observar três grupos distintos distribuídos no gráfico:

Grupo 1 - círculo vermelho: do 1º ao 5º dia do desenvolvimento – inserido no

quadrante PC1 e PC2 negativo; Grupo 2 – círculo azul: 6º, 7º e 8º dia do

desenvolvimento, variando fortemente no quadrante PC2 positivo, mas ainda no lado

negativo da PC1; e grupo 3 – círculo verde, do 9º ao 21º dia, variando no lado

positivo da PC1 com pouca variação na PC2 (Figura 11).

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Figura 11. Correlação entre o perfil químico e os diferentes estágios embrionários do carrapato

R microplus - Gráfico de dispersão da PCA (PC1 x PC2). Os embriões de cada dia do

desenvolvimento embrionário foram coletados durante 21 dias, cada dia representa uma amostra, ou

seja 21 amostras, que estão indicadas por codigo d1-d21. Todas as amostras foram analisadas em

replicatas. O gráfico de disperção da PCA mostra 3 grupos principais: Grupo1 – em vermelho, Grupo2

– em azul e Grupo3 –em verde.

Ao analisarmos a tendência de agrupamento das amostras no gráfico de

dispersão, percebemos que este agrupamento está de acordo com os processos de

desenvolvimento que ocorrem durante a embriogênese do R.microplus, além de

demonstrar uma correlação entre o perfil metabólico e os estágios do

desenvolvimento embrionário.

O agrupamento das amostras é realizado conforme as similaridades da

variação do perfil das substâncias que compõem os cromatogramas. A principal

substância responsável pelo agrupamento das amostras no quadrante positivo da

PC1 foi o glicerol, cuja concentração aumenta para o lado positivo desta

componente. Opostamente, a principal substância responsável pelo agrupamento

das amostras no quadrante negativo da PC1 foi o malato, cuja concentração

aumenta para o lado negativo desta componente (Figura 12). Evidenciando assim

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que nos primeiros dias de desenvolvimento (d1 a d5) temos maior abundância de

malato, se comparado as amostras presentes no quadrante PC1 positivo. Já nos

demais dias (d9 a d21) o glicerol foi a principal substância com maior importância na

variação metabólica. Pode-se destacar ainda que o d1 é o dia do desenvolvimento

que apresenta menor concentração de glicerol e o d18 menor concentração de ácido

málico, pois estes foram os dias extremos da dispersão ao longo do eixo da PC1 no

gráfico dos scores (Figura 11).

Figura 12. Gráfico de loadings (PCA1-49,9%) da PCA. O eixo Y indica a intensidade relativa e o

eixo X indica o tempo de retenção dentro da análise cromatográfica em minutos. Glicerol (tR

médio7,3), malato (tR médio10,0), fosfoenol piruvato (PEP) (tR médio11,1) e Ribtiol (tR médio13,0)

Em relação aos loadings referente à PC2 (Figura 13), o gráfico indica que as

principais substâncias que são responsáveis pelos agrupamentos das amostras no

gráfico de scores (ou gráfico de dispersão) desta componente, foram o malato e a

glicose, ambas no quadrante positivo da PC2 (Figura 11). Neste quadrante no

gráfico dos scores se encontra predominantemente os dias d6 e d7 do grupo

destacado em azul, ressaltando uma maior concentração desses dois metabolitos

nesses dias.

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Figura 13. Gráfico de loadings (PCA2-17,4%) da PCA. O eixo Y indica a intensidade relativa e o

eixo X indica o tempo de retenção dentro da análise cromatográfica em minutos. Malato (tR médio

10,0), fosfoenol piruvato (PEP) (tR médio11,1) e glicose (tR médio 14,8)

As principais variáveis que estão presente na PC1 e na PC2 e que contribuem

para o agrupamento das amostras no gráfico de scores, estão descriminadas na

tabela abaixo (Tabela 2). As substâncias que estão no lado negativo no gráfico de

loading estão destacadas em vermelho e as que têm um traço (----) não tiveram

envolvimento dentro da PC2.

Tabela 2: Substâncias responsáveis pela distribuição das amostras no gráfico

de pontuações.

componentes principais

(PC1)

componentes principais

(PC2)

tR Médio(Min.) Metabólito tR Médio(Min.) Metabólito

6.3 Valina 6.3 Valina

6.5 Urea 6.5 Urea

6.8 Serina 6.8 Serina

7.1 Fosfato 7.1 Fosfato

7.4 Glicerol 7.4 Glicerol

7.6 Glicina 7.6 Glicina

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8.0 Ácido glicérico 8.0 --------

8.9 Aspartato 8.9 Aspartato

9.2 Alanina 9.2 --------

9.8 Prolina 9.8 Prolina

10.0 Malato 10.0 Malato

10.4 GABA 10.4 --------

11.1 Fosfoenolpiruvato 11.1 Fosfoenolpiruvato

11.4 Ácido 2-Aminoadípico 11.4 Ácido 2-Aminoadípico

12.4 Ribose 12.4 --------

12.8 Ornitina 12.8 Ornitina

13.9 Lisina 13.9 Lisina

14.0 Tirosina 14.0 Tirosina

14.5 Frutose 14.5 --------

14.7 Glicose 14.7 Glicose

15.6 Àcido Palmítico 15.6 --------

16.2 D-glicosamina 16.2 --------

16.4 Inositol 16.4 --------

17.0 Àcido Esteárico 17.0 Àcido Esteárico

17.5 Deoxyuridina 17.5 --------

17.8 Deoxycitidina 17.8 --------

18.2 Uridina 18.2 --------

Na figura 11 (gráfico de scores) o agrupamento das amostras d1 (Dia 1) até

d5 (Dia 5) indica que estas amostras estão correlacionadas entre si, ou seja,

possuem particularidaddes na composição química que os demais grupos não

possuem. Esta fase inicial é caracterizada pelo crescimento e migração das células

e metabolicamente caracterizada como uma fase de consumo de nutrientes de

origem materna (MORAES et al., 2007; SANTOS et al., 2013; SEIXAS et al., 2012).

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Portanto, há uma coesão entre o perfil químico do grupo1 com o momento

embrionário.

A partir do sexto e sétimo dia de desenvolvimento esse conjunto de células

formadas durante os cinco primeiros dias passam a subdividir-se em duas regiões

que futuramente originarão a segmentação do embrião (SANTOS et al., 2013;

SEIXAS et al., 2012), embora este momento embrionário ainda seja de consumo de

nutriente provindos da mãe (MORAES et al., 2007). Dessa forma, sugere-se que o

sexto, o sétimo e o oitavo dia do desenvolvimento sejam um ponto de transição

metabólica que desencadeia uma mudança nas variações morfológicas,

ocasionando o agrupamento do grupo 2. Podemos sugerir que nestes dias

acontecem variações metabólicas proeminentes, o que justifica a grande separação

dos dis 6 e 7 do desenvolvimento dentro do grafico de score. E junto à esta

alteração metabólica acontecem alterações morfológicas com o fechamento dorsal e

o surgimento de patas e (SANTOS et al., 2013; SEIXAS et al., 2012).

Após esta fase de transição metabólica, podemos observar um terceiro

estágio do desenvolvimento embrionário formado pelos dias 9 até o dia 21, grupo 3,

onde ocorre a diferenciação celular e consequentemente alterações morfológicas

importantes para a completa formação deste embrião. É nesta fase que acredita-se

que o embrião já tenha assumido o controle metabólico para sintetizar e degradar

substâncias necessárias ao seu metabolismo e assim, apoiar os processos

morfológicos que acontecem nessa fase.

Este padrão de agrupamento das amostras no gráfico de scores (figura 11)

torna-se muito interessante, pois mostra que a variação metabólica acompanha e se

comporta de acordo com as variações morfológicas do embrião, indicando a íntima

relação entre o metabolismo e o desenvolvimento embrionário. Dados similares

foram publicados por An (2014) que investigou o perfil metabólico durante o

desenvolvimento embrionário da mosca da fruta (Drosophila Melanogaster). Estes

dados demonstram que ao longo da embriogênese desses dois artrópodes existe

uma dinâmica metabólica que acompanha as diferentes fases do desenvolvimento

destes organismos.

As substâncias responsáveis pelo agrupamento destas amostras estão

descritas na tabela 2, onde se pode observar que existem algumas substâncias que

são encontradas em ambas componentes principais, como a glicose, a glicina, a

prolina, o malato e o aspartato, em contrapartida, substâncias como a alanina e a

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frutose estão presentes apenas na PC1. Estes dados ajudam a apoiar a semelhança

do perfil metabólico durante o desenvolvimento embrionário do R. Microplus e da

mosca Drosophila melanogaster, que também teve estas substâncias como

variáveis responsáveis pelo agrupamento no gráfico de scores (AN et al., 2014).

Estas substâncias estão envolvidas no metabolismo da glicose e dos aminoácidos,

sendo fontes energéticas importantes para a célula. Isto demonstra que o

metabolismo energético gera metabólitos essenciais que sustentam o

desenvolvimento embrionário tanto da D. Melanogaster quanto do R. microplus.

O desenvolvimento embrionário do R. microplus foi dividido metabolicamente

em duas fases, a fase inicial, representado como grupo1 no gráfico de dispersão,

que foi caracterizada como um momento de intenso consumo energético o que

implica num aumento da produção de ATP; e a segunda fase, representado como

grupo3 no gráfico de dispersão, sendo caracterizada pela ressintese do glicogênio

por meio da via gliconeogênica (MORAES et al., 2007).

Para um dos processos de produção de ATP, em mamíferos, são necessários

os equivalentes redutores do NADH citossólico, forma reduzida de nicotinamida

adenina dinucleótida (NAD) na cadeia transportadora de elétrons a qual está

localizada na membrana interna da mitocôndria. O NADH, no entanto, é

impermeável à membrana mitocondrial interna, sendo necessário um transportador

para seus equivalentes redutores à cadeia transportadora de elétrons. Um dos

transportadores desses equivalentes redutores é a lançadeira malato-aspartado que

desempenha papéis importantes em diferentes processos biológicos (SHANG et al.,

2017). De modo sucinto, a translocação do equivalente redutor inicia-se no citosol

onde o íon H+ do NADH+ é transferido para o oxaloacetato por meio da atividade da

enzima malato desidrogenase, formando malato. Na membrana interna mitocondrial

tem um transportador de malato - α-cetoglutarato, que leva o malato do citosol para

dentro da mitocôndria e, simultaneamente, transporta um α-cetoglutarato da matriz

mitocondrial para o citosol. Na matriz mitocondrial, o malato é convertido à

oxaloacetato pela ação da enzima malato desidrogenase, que transfere o íon H+do

malato para o NAD+ mitocondrial, formando NADH+. A enzima aspartato-

aminotransferase converte o oxaloacetato à aspartato, que pode sair da mitocôndria

pelo transportador glutamato-aspartato que transfere glutamato do citosol para a

matriz mitocondrial. Este sistema de transporte permite que o NADH gerado no

citoplasma durante a glicólise possam ser usados na cadeia transportadora de

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elétrons da mitocôndria para gerar ATP (Figura 14) (LEHNINGER; NELSON; COX,

2009).

Figura 14.Representação esquemática da lançadeira malato – aspartato. Baseado em Lehninger

- Princípio de Bioquímica 3° edição.

Um exemplo da atuação da lançadeira malato aspartato é na reprodução de

artrópodes, em células foliculares de Dipetalogaster maximus e Triatoma infestans,

que são insetos vetores da doenças de Chagas. Essas células desempenham um

papel importante na síntese de macromoléculas como glicoproteínas, fosfolipídeos e

triacilglicerídeos que compoem o vitelo. Uma das características destas células

foliculares é a abundancia de mitocôndrias, e os dados sugerem que a lançadeira

malato – aspartato estaria mais ativa na transferência de equivalentes redutores

para as mitocôndrias nessas células (SCARAFFIA et al., 2001).

Extrapolando a importância da lançadeira malato-aspartato durante o

desenvolvimento, Tennessen e colaboradores (2011), ao silenciarem um gene

ortólogo ao Receptor Relacionado ao Estrogênio (dERR) em larvas da Drosophila

melanogaster, observaram que os silenciados morreram com baixos níveis de ATP e

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elevados níveis de açúcares circulantes na hemolinfa, demonstrando um papel

crucial do dERR no metabolismo glicolítico (TENNESSEN et al., 2011). As larvas

silenciadas apresentaram uma diminuição na abundância relativa dos intermediários

do ciclo de Krebs, incluindo o malato, e um aumento na abundância relativa de

aspartato. Estes dados podem ser um indicativo de uma diminuição na atividade do

transporte de malato-aspartato devido à baixa disponibilidade de substrato

intracelular, que neste caso é a glicose, justificando desta forma o elevado aumento

do aspartato (TENNESSEN et al., 2011).

No nosso estudo, sugere-se que a baixa abundância do malato nos cinco

primeiros dias do desenvolvimento embrionário do carrapato R. Microplus, se

comparado às amostras do sexto, sétimo e oitavo dia do desenvolvimento, pode ser

explicado pela intensa atividade metabólica durante esta fase inicial, caracterizada

pela intensa multiplicação celular que requer alta demanda energética. E podemos

apoiar esta ideia de alta demanda energética baseando em quatro fatores: pela

intensa multiplicação celular que acontece neste momento inicial (SANTOS et al.,

2013; SEIXAS et al., 2012); O abrupto consumo de oxigênio (CAMPOS et al., 2006);

pelas atividades enzimáticas da hexoquinase e piruvato quinase (MORAES et al.,

2007), que foram descritos na introdução deste documento (Figura 5B); e pela

abundância relativa dos outros metabolitos identificados em nossa análise, tais como

o aspartato e succinato.

5.4 Alteração no comportamento metabólico de embriões do carrapato R.

microplus.

Identificar a dinâmica metabólica ao longo do desenvolvimento embrionário

nos permite entender o controle metabólico do embrião em cada uma de suas fases

embrionárias. De acordo com os dados de Moraes e colaboradores (2007), o

metabolismo da glicose está diretamente relacionado aos processos fisiológicos do

desenvolvimento para a embriogênese do nosso modelo de estudo. Portanto uma

análise quantitativa de cada pico do cromatograma que representa abundância

relativa de cada metabólito detectado na espectometria de massas, nos ajuda a

correlacionar o metabolismo com os diferentes momentos embrionário do carrapato

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R. microplus e, ainda, nos permite definir transições metabólicas sequenciais

durante os diferentes estágios embrionários.

A correlação da variação metabólica entre malato e fosfoenolpiruvato nos

indicou uma mudança no perfil metabólico entre o quinto e o sétimo dia de

desenvolvimento embrionário (Figura 15). Comparando a variação desses dois

metabólitos com os dados da atividade enzimática da hexoquinase (HK), da piruvato

quinase (PK) e da fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK) obtidos por Moraes e

colaboradores (2007), podemos inferir que o embrião ao atingir o quinto dia de

desenvolvimento pode alterar sua dinâmica metabólica ao diminuir o seu fluxo

energético. Atenuando a degradação de glicose no quinto dia de desenvolvimento,

pode interferir na atividade mitocondrial, levando à um aumento da abundância

relativa do malato e do fosfoenolpiruvato (Figura 15).

Figura 15. Dinâmica metabólica das substâncias marcadoras da transição metabólica durante

o desenvolvimento embrionário do R microplus. Metabólitos que são importantes para a via

gliconeogênica. A intensidade de pico de cada substância foi normalizada com base no ribitol e pela

média de sua intensidade durante a embriogênese. DAO – Dias após a oviposição.

O fato de observarmos uma maior abundância do malato (figura 15), também

nos indica que este metabólito pode não estar sendo utilizado pelo metabolismo

neste momento, e correlacionar este dado ao decréscimo da atividade enzimática da

hexoquinase, publicado por Moraes colaboradores (2007) nos permite sugerir um

menor fluxo metabólico entre o quinto e o sétimo dia do desenvolvimento. E isto

pode ser interpretado como um preparo metabólico para a próxima fase do

desenvolvimento embrionário, o qual é caracterizado pela ressíntese de glicose, pela

via gliconeogênica.

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O aumento dos níveis de fosfoenolpiruvato corrobora com a ideia de que

neste período de quinto ao sétimo dia de desenvolvimento é o ponto de partida em

que o embrião assume o controle do seu desenvolvimento por meio do seu

metabolismo. Como foi dito anteriormente, o embrião se desenvolve dentro do ovo

não tendo contato com o meio externo, portanto este embrião não se alimenta de

fontes nutritivas externas ao ovo. Ao perceber o acúmulo de glicogênio entre o

sétimo e o décimo quinto dia do desenvolvimento, nos surgiu o questionamento de

como este embrião poderia ter acesso a uma quantidade considerável de glicose a

ponto de poder estocá-la em sua forma de glicogênio, sem ter uma fonte de nutrição

externa?

O produto final da glicólise, o piruvato, é convertido à oxalacetato na

mitocôndria pela ação da enzima piruvato carboxilase. Esse oxalacetato é então

convertido, a fosfoenolpiruvato (PEP) pela ação da enzima fosfoenol piruvato

carboxiquinase (PEPCK). Em humanos, essas reações acontecem quando há um

aumento dos níveis de ATP e NADH e quando o ciclo de Krebs é inibido (Figura 16).

Com o ciclo de Krebs inibido, o oxalacetato, que não foi detectado nas nossas

análises, é desviado para via gliconeogênica, sendo convertido a PEP que é um dos

principais intermediários desta via (VOET, DONALD.;JUDITH G.; PRATT, 2014).

Portanto, a detecção do aumento nos níveis de PEP (Figura 15) exatamente no

período de quinto ao sétimo dia de desenvolvimento reforça a sugestão de que

neste momento há um preparo metabólico para o start da via gliconeogênica, que

pode estar reabastecendo este embrião com uma substância que ao ser oxidado

fornece energia, a glicose.

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Figura 16. Possíveis caminhos metabólicos do piruvato na mitocôndria. O Piruvato pode ser

convertido a Acetil-CoA e entrar no ciclo de Krebs ou ser convertido à oxalacetato gerando o

substrato para a via gliconeogênica (fosfoenolpiruvato).

Sugere-se aqui, que para o start da via gliconeogênica é necessária uma

preparação metabólica, e que esta preparação pode acontecer a partir do quinto dia

do desenvolvimento embrionário devido ao aumento da abundância relativa de

malato e PEP. Este preparo metabólico acontece concomitantemente ao final da

primeira fase e se prolonga ao início da segunda fase embrionária. Neste intervalo

temporal pode ser observada a divisão da massa celular, que formará a banda

germinal e, por conseguinte, entre o sétimo e oitavo dia começa a diferenciação

destas células (SANTOS et al., 2013; SEIXAS et al., 2012). Ou seja, observa-se uma

alteração no fenótipo do embrião, onde a intensa multiplicação celular é diminuída

para iniciar a diferenciação celular com a formação da banda germinal. Portanto,

sugere-se que essa coordenação metabólica, pode estar relacionada às mudanças

morfológicas no embrião ao longo do seu desenvolvimento.

Vital e colaboradores (2010) ao analisar o metabolismo de glicose ao longo da

formação dos embriões do mosquito Aedes aegypti, sugeriram que assim como no

carrapato R. microplus, existe uma preferência metabólica em momentos distintos da

embriogênese desse mosquito. Curiosamente, demonstraram que após a retração

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da banda germinal, que é um evento morfológico necessário para a completa

formação do embrião, a atividade enzimática da PEPCK dobrou entre 24 e 48 horas

após a postura, permanecendo em níveis elevados até o final da embriogênese,

concomitantemente com uma diminuição significativa no conteúdo de proteína.

Sugerindo uma correlação entre o conteúdo de proteína, a via gliconeogênica e as

modificações morfológicas que ocorrem durante a retração da banda germinal (24

HAE) (VITAL et al., 2010).

Além da abundância de malato e do fosfoenolpiruvato, podemos observar um

leve aumento de succinato no sexto dia de desenvolvimento (Figura 17), um dos

intermediários do ciclo de Krebs, e um aumento do aspartato que é um dos

aminoácidos glicogênicos, podendo ser convertido à oxalacetato nas reações de

desaminação. Estes aumentos nos níveis de succinato e aspartato entre o quinto e o

sétimo dia de desenvolvimento apoia a ideia de que houve uma diminuição na

utilização do ciclo de Krebs durante esta fase de transição metabólica.

Figura 17. Dinâmica metabólica do succinato e do aspartato ao longo do desenvolvimento

embrionário do R microplus. O succinato é um metabólito intermediário do ciclo de Krebs e o

aspartato é um metabólito importante para a via gliconeogênica. A intensidade de pico de cada

substância foi normalizada com base no ribitol e pela média de sua intensidade durante a

embriogênese. DAO – Dias após a oviposição.

A atenuação do fluxo glicolítico e consequente diminuição na atividade do

ciclo de krebs como foi sugerido aqui, foi demonstrado por Tennessen e

colaboradores (2014), que ao explorarem a dinâmica metabólica ao longo da

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embriogênese da mosca Drosophila melanogaster, mostraram a diminuição do ciclo

de Krebs. Isto pode ser sugerido, devido à estabilidade da abundância relativa dos

níveis de citrato, isocitrato, α-cetoglutarato nas primeiras 6 horas de

desenvolvimento e ao aumento da abundância relativa desses intermediários na

fase mais tardia da embriogênese (TENNESSEN et al., 2014). Em nossa análise, o

citrato, isocitrato e α-cetoglutarato não foram detectados, no entanto, o succinato

apresentou um perfil metabólico semelhante aos perfis destes intermediários no

desenvolvimento da Drosophila melanogaster, o que apoia nossa hipótese de que

há uma diminuição do fluxo energético e consequente formação de intermediários

que podem abastecer a via gliconeogênica e assim, iniciar um novo momento

embrionário de diferenciação celular.

Além do malato e do fosfoenolpiruvato, os aminoácidos servem como

precursores à síntese de glicose por meio da gliconeogênese (LEHNINGER;

NELSON; COX, 2009). Moraes e colaboradores (2007) demonstraram que durante a

segunda fase da embriogênese do carrapato R. microplus há um aumento na

concentração de glicogênio, seguido pela degradação de proteínas (MORAES et al.,

2007). Isto pode ser comprovado pela atividade da enzima aspartato

aminotransferase (AAT) e da glutamato desidrogenase (GDH), as quais são

importantes enzimas no catabolismo de aminoácidos. Suas atividades tornam-se

elevadas após a formação das células embrionárias (Dados não publicados). O

conjunto destes dados reforçam nossa teoria de que após a celularização (a partir

do 5º dia do desenvolvimento), existe uma mudança metabólica, caracterizada pela

ressíntese de glicose e estocada na forma de glicogênio pela via gliconeogênica, e

que os aminoácidos podem servir de precursores para esta via a partir da segunda

fase do desenvolvimento embrionário. Desta forma, o metabolismo de aminoácidos

possui um papel essencial no metabolismo energético desse carrapato.

5.5 Variação metabólica dos aminoácidos glicogênicos ao longo do

desenvolvimento embrionário do carrapato R. microplus.

Os aminoácidos são classificados como glicogênicos quando podem ser

convertidos em intermediários da via da glicólise ou a via gliconeogênica. Além de

glicogênicos esses aminoácidos podem ser classificados como cetogênicos, quando

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são convertidos em intermediários do ciclo de Krebs, como por exemplo o acetil-CoA

e oxalacetato, e Ceto-glicogênicos, quando são convertidos à intermediários do ciclo

de Krebs e da via glicolítica (BERG; TYMOCZKO, 2002).

Dentro da classificação dos aminoácidos detectados, cada um deles podem

desempenhar papéis distintos ao longo do desenvolvimento embrionário. Podemos

observar que todos os aminoácidos glicogênicos (Figura 18A) e cetogênicos (Figura

18B) detectados em nossa análise apresentam uma variação similar até o quinto dia

do desenvolvimento embrionário, e uma abundância reltivamente baixa se

comparada aos dias mais tardios da embriogênese. Isto pode ser uma

demonstração da coordenação metabólica no embrião ao utilizar as diferentes

biomoléculas à favor do seu desenvolvimento. Curiosamente, entre o quinto e o

sétimo dia do desenvolvimento há um aumento na detecção desses aminoácidos se

comparado aos dias que precedem o quinto dia de desenvolvimento, o que

corrobora com a nossa sugestão de que há um momento de transição metabólica

nestes embriões a partir do quinto dia do desenvolvimento.

Figura 18. Coordenação metabólica dos aminoácidos glicogênicos e cetogênicos ao longo do

desenvolvimento embrionário do R microplus. No eixo Y está indicada a intensidade relativa e no

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eixo X estão indicados os diferentes dias após a oviposição (DAO). (A) Aminoácidos glicogênicos:

alanina, serina, treonina, glicina, aspartato, isoleucina, metionina, valina e prolina (B)

Aminoácidoscetogênicos: leucina e lisina e Aminoácido não padrão: ornitina. A intensidade de pico de

cada substância foi normalizada com base no ribitol e pela médiad e sua intensidade durante a

embriogênese.

Além de sua participação no metabolismo energético, os aminoácidos são

precursores para a síntese de proteínas. O aporte energético do embrião, chamado

de vitelo, é constituido principalmente por proteínas. Nos embriões do R. microplus,

o conteúdo total de proteínas permanecem inalterados durante a fase inical do

desenvolvimento (CAMPOS et al., 2006). Esta informação em conjunto com a

dinâmica de utilização da glicose apoia os resultados descritos na figura 18, pois

entendemos que se o níveil de degradação proteica na fase inical do

desenvolvimento é baixo, é esperado baixos níveis de aminoácidos livres neste

momento embrionário.

Além disso, nossos dados reforçam os dados publicados por Moraes e

colaboradores (2007) que demonstraram uma intensa degradação de proteínas após

o período de celularização, a partir do quinto dia do desenvolvimento.

Consequentemente, foi observada uma maior disponibilidade de aminoácidos livres

em embriões do carrapato R. microplus a partir do quarto e quinto dia após a

oviposição (Figura 18).

Devido à observação do acúmulo de glicose na forma de glicogênio

(MORAES et al., 2007), nós direcionamos nossa atenção aos aminoácidos

glicogênicos. O perfil metabólico dos aminoácidos e dos outros metabólitos

anteriormente citados nas figuras 15 e 17 nos permitem defender a ideia de que o

embrião possui um controle metabólico que o permite atingir a segunda fase de

desenvolvimento, utilizando a via gliconeogênica para aumentar os seus níveis de

glicose.

O perfil metabólico dos aminoácidos detectados na nossa análise, os quais

são classificados como glicogênicos, que tiveram maior abundância relativa estão

representados na figura 19. Podemos notar que a abundância relativa da serina e da

prolina decaem até o quinto dia do desenvolvimento. Além disso, sua abundância é

relativamente baixa na fase inicial, se comparado aos dias mais tardios da

embriogênese, o que se repete para os demais aminoácidos como a glicina, a

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treonina e o aspartato. Já o aminoácido valina não teve muita alteração em sua

abundância ao longo da embriogênese (Figura 19).

Figura 19. Perfil da variação dos aminoácidos glicogênicos ao longo da embriogênese do R

microplus. Variação dos aminoácidos que são importantes para a via gliconeogênica em diferentes

dias após a oviposição (DAO). A intensidade de pico de cada substância foi normalizada com base

no ribitol e pela média de sua intensidade durante a embriogênese.

De uma forma geral, todos estes aminoácidos apresentaram um leve aumento

entre o quinto e o sétimo dia de desenvolvimento embrionário. O que apoia a

sugestão de que neste momento há uma diminuição no fluxo metabólico neste

embrião, favorecendo assim, o aumento da abundância relativa dos precursores da

via gliconeogênica.

Assim como o malato, a abundância relativa dos aminoácidos glicogênicos é

menor durante os primeiros cinco dias do desenvolvimento embrionário e após este

período, cada metabólito tem a sua dinâmica de utilização particular, o que nos leva

a acreditar que há uma mobilização seletiva destes metabólitos nas diferentes fases

do desenvolvimento embrionário do embrião de R. microplus.

Estas observações estão de acordo com os dados que obtivemos

anteriormente, reforçando a ideia de que na fase inical o comportamento metabólico

do embrião seja caracterizado pelo consumo dos nutrientes como lipídeos e

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carboidratos, previamente depositados nos ovos pelas fêmeas e a partir do sexto dia

de embriogênese, esse embrião passa à assumir metabolicamente o controle do seu

desenvolvimento utilizando precursores como os aminoácidos para a ressintese da

glicose e garantir energeticamente o seu desenvolvimento.

Outro aminoácidos que tem grande importância no metabolismo de glicose é

a alanina, que em nossa análise, apresentou um comportamento diferente dos

demais aminóácidos durante a fase de transição metabólica. No segundo dia de

desenvolvimento apresentou uma maior abundância relativa se comparada ao

período em que chamamos de transição metabólica (entre o quinto e o sétimo dia).

Além disso, a maior abundância relativa da alanina pode ser detectado no oitavo dia

dedesenvolvimento (Figura 20).

Figura 20. Perfil da variação do aminoácido alanina. Variação da alanina ao longo em diferentes

dias após a oviposição (DAO). A intensidade de pico de cada substância foi normalizada com base

no ribitol e pela média de sua intensidade durante a embriogênese.

O produto final da oxidação da glicose é o piruvato, que ao entrar na

mitocôndria é convertido à acetil-Coa. Esse acetil-Coa é convertido à citrato, que é

um dos intermediário do ciclo de Krebs. Quando há uma diminuição do fluxo no

ciclo de krebs, o piruvato provindo da glicólise pode ser convertido em alanina e vice

versa (LODISH, 2000). Esse dado, junto ao perfil do fosfoenolpiruvato, se tornam de

grande importância pois é mais um indicativo de que o período entre o quinto e

Alanina

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sétimo dia do desenvolvimento é um momento preparatório para início da segunda

fase da embriogênese.

Na nossa análise, o piruvato não foi detectado, entrentanto, os níveis de

fosfoenolpiruvato e alanina nos ajudam a entender a sua dinâmica, pois um dos

precursores para a síntese de alanina e de fosfoenolpiruvato é o piruvato (LODISH,

2000). Então com os níveis de alanina relativamente baixo e os níveis de

fosfoenolpiruvato relativamente alto entre o quinto e o sétimo dia de

desenvolvimento, nos indica que ao diminuir o fluxo metabólico na fase transitória, o

piruvato provindo da oxidação da glicolise e a alanina podem estar sendo utilizados

para a formação do fosfoenolpiruvato, que é um dos principais metabólitos que pode

abastecer a via gliconeogênica.

Metabolicamente, podemos comparar o desenvolvimento embrionário do

carrapato R. microplus com o desenvolvimento embrionário da mosca Drosophila

melanogaster (AN et al., 2014), que é um organismo modelo para estudos em

artrópodes e diversos outros organismos, inclusive humano. Assim como no

carrapato, foi sugerido que o metabolismo de aminoácidos pode ser essencial

durante a embriogênese da Drosophila e que os diferentes aminoácidos parecem

desempenhar papéis distintos em diferentes estágios de desenvolvimento do

embrião. Por exemplo, foi demonstrado que o nível de glicina é mais elevado do que

o nível de alanina no estágio de gastrulação, fase que corresponde à organização

estrutural do blastoderma celular e que no carrapato corresponde ao período entre o

sexto e oitavo dias. Como dito anteriormente, esses aminoácidos são classificados

como glicogênicos, pois, ambos podem ser convertidos à piruvato. Esses resultados

estão de acordo com os nossos dados e portanto, podemos reforçar que existe um

perfil metabólico durante o desenvolvimento desses organismos.

Este trabalho investigou o perfil de utilização do metabolismo de glicose

durante o desenvolvimento embrionário do carrapato R. microplus, demonstrando a

importância das vias de síntese e degradação da glicose para apoiar a

embriogênese. Ao longo da nossa discussão, comparamos o compartamento

metabólico do desenvolvimento da mosca Drosophila melanogaster e do mosquito

Aedes aegypti com a embriogênese do R. microplus, e identificamos semelhanças

na dinâmica de utilização destas vias. Sendo assim, isso nos permite explorar um

pouco mais o nosso entendimento acerca do comportamento metabólico de células

em intensa multiplicação.

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As células que se proliferam rapidamente, como células cancerosas e células

embrionárias, dependem de um programa metabólico especializado, conhecido

como glicólise aeróbica (TENNESSEN et al., 2014). Este programa metabólico pode

ser caracterizado pelo aumento da atividade dos transportadores de glicose,

enzimas pertencentes à via glicolítica, e a via das pentoses fosfato e outras

proteínas que são responsáveis por promoverem o fluxo glicolítico e que são

importantes para a produção de energia e manutenção da fisiologia celular. Além

disso, este fluxo glicolítico também proporciona metabólitos importantes para a

síntese de aminoácidos, nucleotídeos, e ácidos graxos, os quais são necessários

para a acumulação da biomassa necessária ao crescimento celular (TENNESSEN et

al., 2011; VANDER HEIDEN; CANTLEY; THOMPSON, 2009; WARBURG; WIND;

NEGELEIN, 1927).

Recentemente, foi proposto que a mosca da fruta Drosophila melanogaster

também utiliza a glicólise aeróbica para apoiar o seu crescimento durante sua fase

larval, onde ao inibir a glicólise, estas larvas se tornavam incapazes de metabolizar

quantidades suficientes de glicose necessárias ao seu crescimento e morriam

(TENNESSEN et al., 2014). Esses dados demonstram a dependência dessas larvas

à glicólise, assim como já foi demonstrado esta dependência nas células

cancerosas, as quais exibem um elevado fluxo glicolítico e diminuição da

fosforilação oxidativa para gerar biomassa (TENNESSEN et al., 2011; VANDER

HEIDEN; CANTLEY; THOMPSON, 2009; WARBURG; WIND; NEGELEIN, 1927).

Os dados apresentados neste documento, ajudam a apoiar a hipótese de que

durante os primeiros estágios do desenvolvimento embrionário do carrapato bovino

R. Microplus pode ter um perfil metabólico dependente da glicólise, e em conjuntos

aos dados de Moraes e colaboradores (2007), sugerimos que a glicose é um

importante suporte para a intensa celularização que ocorre durante esta fase do seu

desenvolvimento.Isto demonstra uma semelhança na preferência metabólica em um

momento de intensa multiplicação celular.

5.6 Perfil do metabolismo de nucleosídeos ao longo do desenvolvimento

embrionário do carrapato R. microplus.

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Além de apoiar energeticamente os embriões do carrapato R. microplus,

sugerimos que parte da glicose internalizada pelas células embrionárias é convertida

em glicose-6-fosfato, e pode ser direcionada para a via das pentoses fosfato com a

finalidade de apoiar a produção da biomassa, que é necessária à intensa

multiplicação celular que acontece na fase inicial do seu desenvolvimento. Moraes e

Colaboradores (2007) demonstraram o aumento da atividade enzimática da glicose

6 fosfato desidrogenase (G6PDH) entre o 3º e o 6º dia após oviposição (Figura 5A).

Esta enzima é reguladora da via das pentoses fosfato, que é uma via alternativa

para a oxidação da glicose e que tem como produto final a ribose. Esta ribose pode

ser utilizada na formação de várias moléculas intracelulares como os nucleotídeos,

NADH e Coenzima-A (RIGANTI et al., 2012).

Em nossa análise, tanto a ribose quanto alguns nucleosídeos puderam ser

detectados em maior abundância relativa na segunda fase do desenvolvimento se

comparada à fase inicial. Na figura 21, podemos observar uma grande similaridade

na variação da ribose e dos nucleotídeos ao longo da embriogênese do R.

microplus, e assim como para os aminoácidos existe uma coordenação na utilização

destes metabólitos.

Figura 21. Coordenação mtabólica dos nucleosídeos e da ribose ao longo da embriogênese do

carrapato R. microplus. Variação dos nucleotídeos e da ribose em diferentes dias após a oviposição

(DAO). A intensidade de pico de cada substância foi normalizada com base no ribitol.

Este perfil observado está de acordo com toda discussão metabólica que

fizemos até aqui e pode ser apoiado com o que se sabe sobre os eventos

morfológios do embrião ao longo do seu desenvolvimento. Durante a fase inicial da

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embriogênese ocorre intensa multiplicação celular, evidenciada pela presença de

núcleos celulares (SANTOS et al., 2013; SEIXAS et al., 2012), onde é necessário o

fornecimento da ribose-5-fosfato para a síntese de nucleotídeos, a disponibilidade de

NADPH, um redutor crucial nos processos anabólicos, como por exemplo, na

biossíntese de fosfolipídios necessários à celularização (MORAES et al., 2007).

Sendo assim, neste momento há uma maior necessidade de mobilizar metabólitos

envolvidos no metabolismo de nucleotídeos. Portanto do ponto de vista metabólico e

fisiológico há um sentido para a menor abundância relativa destas substâncias

envolvidas no metabolismo de nucleotídeos.

Outros trabalhos também demonstraram a importância da via das pentoses

fosfatos. Ao inibir esta via Preter e colaboradores (2016) observaram uma

diminuição na proliferação em células cancerosas que apresentam um fluxo

glicolítico intenso (DE PRETER et al., 2016), onde o piruvato formado pode ser

deslocado da fosforilação oxidativa para a produção de lactato, indicando que os

tumores exibem metabolismo anaeróbico mesmo na presença adequada de

oxigênio. Esta característica metabólica e chamada de efeito Warburg (LI; GU;

ZHOU, 2015; WARBURG; WIND; NEGELEIN, 1927; ZHOU; HUANG; WEI, 2010).

Interessantemente a fase inicial da embriogênese do mosquito Aedes aegypti,

também apresenta uma alta atividade da enzima G6PDH (glicose-6-fosfato

desidrogenase), o que apoia a ocorrência de sucessivas divisões nucleares, que

ocorre no inicío do seu desenvolvimento (RAMINANI; CUPP, 1978; VITAL et al.,

2010). Assim como discutido acima, esse perfil metabólico ocorre nas células

cancerosas, que se encontra em constante crescimento, onde a via das pentoses

fosfato pode ser regulada positivamente para equilibrar a condição redox, por meio

da produção de NAPH e para assegurar um fornecimento adequado de ribose-5-

fosfato (R5p) para a síntese de nucleótideos (AKRAM, 2013), um passo limitante da

velocidade na proliferação de célular de diferentes modelos experimentais como

discutido aqui.

O conjunto de todos os dados apresentados neste documento demonstram

uma coordenação metabólica que acompanha os diferentes momentos

embrionários em diferentes organismos. Há muitos dados gerados pela nossa

análise e que não estão apresentados aqui, e que necessitam de uma análise mais

aprofundada, no entanto, neste documento priorizamos substâncias que de alguma

forma podem ser produtos ou precursores da glicose. Um direcionamento à estas

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substancias será dado nas próximas análises, onde pretende-se realizar uma

análise quantitativa absoluta dos metabólitos destacados nas discussões sobre a

dinâmica do metabolismo, tais como o malato, fosfoenolpiruvato, e os diferentes

aminoácidos, visando um trabalho coeso para uma futura publicação. Além disso

padrões comerciais com alto grau de pureza serão adquiridos para a confirmação de

cada metabólito discutido aqui. Acreditamos que as informações obtidas por este

trabalho possam contribuir relevantemente no aumento do conhecimento dos

processos bioquímicos envolvidos no desenvolvimento do R. microplus e dos

diferentes artrópodes revelando alvos adicionais e que possivelmente poderão ser

suscetíveis ao desenvolvimento de metodologias de controle desses organismos

que atualmente causam enormes problemas na área de saúde pública, veterinária e

agricultura.

6. Conclusão

O método utilizado neste trabalho foi viável para a identificação dos

metabólitos envolvidos no metabolismo da glicose nos extratos de embriões do

carrapato R microplus. Nossos dados corroboram com a hipótese de que o

metabolismo de glicose no embrião é coordenado com os eventos morfológicos

durante a embriogênese.

Neste estudo foi identificado um possível momento de transição metabólica

onde a via gliconeogênica pode ter uma participação crucial. Além disso, as

variações dos aminoácidos glicogênicos, do malato e do fosfoenolpiruvato nos

indicam o possível momento que o embrião passa a se prepara metabolicamente

para controlar tais mudanças no metabolismo.

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Anexo - Espectros de massa obtidos para cada uma das substâncias

identificadas

1. Substância: L-Valina O-trimetilsilil (L-valina); Tempo de retenção (Min.): 6,3;

Similaridade: 90%.

2. Substância: Urea N,N’-(trimetilsilil) (Urea); Tempo de retenção (Min.): 6,5;

Similaridade: 92%.

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.0 250.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

144

73

21845 100

59 72 133 15686 117 189 246

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71

3. Substância: Serina O,O’-(trimetilsilil) (Serina); Tempo de retenção (Min.): 6,7;

Similaridade: 97%.

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

147

189

73148

45 66 17179 1318752 99 117 204157105 179

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

116

73 132

5745 147103 117

219159 2348866 188 206

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72

4. Substância: Fosfato de O,O’,O’’-(trimetilsilil) (Fosfato); Tempo de retenção

(Min.): 7,0; Similaridade: 95%.

5. Substância: L-Leucina N,O-(trimetilsilil) (L-Leucina); Tempo de retenção

(Min.): 7,2; Similaridade: 92%.

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

299

73

314158

45 174133 283147 207 22519359 10086 115 269253 318

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6. Substância: Glicerol O,O’,O’’-(trimetilsilil) (Glicerol); Tempo de retenção

(Min.): 7,3; Similaridade: 92%.

7. Substância: L-Treonina N,O,O’-bis(trimetilsilil) (L-Treonina); Tempo de

retenção (Min.): 7,4; Similaridade: 97%.

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

158

73

102

14745 86 11657 232131 160 21869 93

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.0 250.0 275.0 300.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

73

147

205

117103

218133

754559 191101 177 293163 263248

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8. Substância: Succinato O,O’-(trimetilsilil) (Succinato); Tempo de retenção

(Min.): 7.6; Similaridade: 82 %.

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

73

218117

14710157

29112945

20286 320261230186

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

147

7324756

45 30913379 101

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75

9. Substância: Glicina N-bis-,O-(trimetilsilil) (Glicina); Tempo de retenção (Min.):

7.7; Similaridade: 94%.

10. Substância: Ácido glicérico O,O’,O’’-(trimetilsilil) (Ácido glicérico); Tempo de

retenção (Min.): 8.0; Similaridade: 94%.

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.0 250.0 275.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

174

73

14786

248

10045 13359 276

130117 246158 188 204

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76

11.Substância: L-metionina O-(trimetilsilil) (L-metionina); Tempo de retenção (Min.):

8.6; Similaridade: 92%.

12. Substância: Aspartato de O,O’-(trimethilsilil) (Aspartato); Tempo de retenção

(Min.): 8.8; Similaridade: 96%.

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

73

147

189

102 29213345117

20559 79 307217175

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

56 75 104

61

45 131

147116 22117883 93

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77

13. Substância: β-alanina, N-bis,O-(trimetilsilil) (β-alanina); Tempo de retenção

(Min.): 9.2; Similaridade: 82%.

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.0 250.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

160

130116

14745

245100 23414861 202 22076 26218717493

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.0 250.0 275.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

248

147 174

228

86100 29059 13345 110 217130 184

160

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78

14. Substância: Malato de O,O,O-(trimetilsilil) (Malato); Tempo de retenção

(Min.):10.0; Similaridade: 93%.

15. Substância: L-Prolina O,N-(trimetilsilil) (L-Prolina); Tempo de retenção (Min.):

10.2; Similaridade: 94%.

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

73

147

233

133 24518945 55 101 307117 175 265217 33520385

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79

16. Substância: Ácido 4-aminobutanóico N-bis,O(trimetilsilil) (GABA); Tempo de

retenção (Min.):10.5; Similaridade:82%.

17. Substância: Anidrido fosfoenol O,O’-(trimetilsilil) fosfato de hidrogênio

(Fosfoenolpiruvato); Tempo de retenção (Min.): 11.2; Similaridade: 91%.

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.0 250.0 275.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

156

73

15725823045 84

17413359 120 214112100 186 273

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

174

73

147

304

86

1005945 216133117 246155

229

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80

18. Substância: ácido L-2-aminadípico N,O’,O’’-(trimetilsilil); Tempo de retenção

(Min.):11.4; Similaridade: 91%.

50 100 150 200 250 300 3500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

369

73 147

217 299

13345 243227

189 38459 285181115 266103 328

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81

19. Substância: Glutamato de N,O,O’-(trimetilsilil) (Glutamato); Tempo de retenção

(Min.):11.6; Similaridade: 90%.

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

98

18875

56

24412945

147 17230984 117 200 267223 294

50 100 150 200 250 300 3500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

246

73 128

156

230

56 10045348204114 363174 258

188

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20. Substância: D-ribose 2,3,4,5-O-(trimetilsilil) O–metil oxima (D-ribose); Tempo de

retenção (Min.):12.4; Similaridade: 93%.

21. Substância: Ornitina N,N',O-(trimetilsilil) (Ornitina); Tempo de retenção

(Min.):12.8; Similaridade: 90%.

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

103

217

147 307

189133117 27745 160 2058959 233173 262

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22. Substância: Ribitol 1,2,3,4,5-O-(trimetilsilil) (Ribitol); Tempo de retenção (Min.):

13,0; Similaridade: 94%.

23. Substância: N-α-acetil-L-lisina, N(bis),N’,O(trimetilsilil) (N-α-acetil-L-lisina);

Tempo de retenção (Min.):13.9; Similaridade: 85%.

50 100 150 200 250 300 3500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

174

73

18614286

34824445 59 130117 216 258159

50 100 150 200 250 300 350 4000.0

25.0

50.0

75.0

100.0

125.0%

73

217

147

103319

129

18933227775 24345 229 422291175 395

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24. Substância: Tirosina O,O’-trimetilsilil (Tirosina); Tempo de retenção (Min.):14.0 ;

Similaridade: 94%.

50 100 150 200 250 300 3500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

174

73

200

156100 2585945 128 362230 309114 186 289

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

179

73

20821945 31014691 130119 165 29210357 265 325

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25. Substância: D-Frutose 1,3,4,5,6-O-trimetilsilil O-metil oxima (D-Frutose); Tempo

de retenção (Min.): 14.6; Similaridade: 91%.

26. Substância: D-Glicose 2,3,4,5,6-O-trimetilsilil O-metil oxima (D-Glicose); Tempo

de retenção (Min.): 14.8; Similaridade: 91%.

50 100 150 200 250 300 3500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

103217

307147

133277117 36418945 20517358

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27. Substância: L-Treose 2,3,4-O-trimetilsilil O-metil oxima (L-Treose); Tempo de

retenção (Min.):15.0; Similaridade:74%.

28. Substância: Palmitato de trimetilsil (Ácido palmítico) ; Tempo de retenção (Min.)

15.6; Similaridade: 94%.

50 100 150 200 250 300 3500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

319

147

205

160129 217

103117 321

45 189 29123159 277 364262 376344

50 100 150 200 250 300 3500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

20573

147

189 273117

129363103 160

45 25922166231

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29. Substância: N-Acetil-D-glucosamina 3,4,5,6-O-trimetilsilil O-metil oxima (N-Acetil-

D-glucosamina); Tempo de retenção (Min.): 16.2; Similaridade: 91%.

30. Substância: Mio-Inositol 1,2,3,4,5,6-O-trimetilsilil (Mio-Inositol); Tempo de

retenção (Min.): 16.4; Similaridade: 95%.

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

117

73

313

132

14555

83 20145 97 328269 285185 243229171

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

147

319205129

87 217103 173117

243 27445 231189 32156269

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31.Substância: L-Triptofano N,O-trimetilsilil; Tempo de retenção (Min.): 16.7;

Similaridade: 89%.

100 200 300 400 500 6000.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

305217

147

191

265129103432

36729145 393 507343 612

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32. Substância: D-Galactose 2,3,4,5,6-O-trimetilsilil O-metil oxima (D-Galactose);

Tempo de retenção (Min.):16.8; Similaridade:89%.

33. Substância: Octadecanoato de trimetilsilil (Ácido de octadecanóico); Tempo de

retenção (Min.): 17.0; Similaridade: 95%.

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

202

73

45 21957 130 157 23169 83 145117

50 100 150 200 250 3000.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

319

147

205

103129

217

117 3212298945 18916159 277 291

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90

34. Substância: 2'-Desoxiuridina O,O’-trimetilsilil (2'-Desoxiuridina); Tempo de

retenção (Min.: 17.6; Similaridade: 94%.

50 100 150 200 250 300 3500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

117

73

341

132

145

55

20195 35631345 297257185159 243 271215227 327

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.0 250.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

103

73

171

11781129

14545 26159 155 17299 217189

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35. Substância: Timidina O,O’-trimetilsilil (Timidina); Tempo de retenção (Min.): 17.8;

Similaridade: 95%.

36. Substância: Uridina 2',3',5'-O-trimetilsilil (Uridina); Tempo de retenção (Min.:

18.2; Similaridade:92%.

50.0 75.0 100.0 125.0 150.0 175.0 200.0 225.0 250.0 275.00.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

103

73

171117

81145129

26145 59 133 169 189 198 217 281225

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37. Substância: Inosina 2’,3’,4’-O-trimetilsilil O-trimetilsilil (Inosina); Tempo de

retenção (Min.): 18.8; Similaridade: 90%.

50 100 150 200 250 300 350 400 4500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

217

259147103169

243129 1914529977 445

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 5500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

73

217

230

281

259103 147193

54112930745 348

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38. Substância: α-D-Glicopiranosil 1,3,4,6-O-trimetilsilil β-D-fructofuranosil 2,3,4,6-O-

trimetilsilil (α-D-Glicopiranosil β-D-fructofuranosil); Tempo de retenção (Min.):19.4;

Similaridade: 95%.

39. Substância: Maltose octa-trimetilsilil O-metil oxima (Maltose); Tempo de retenção

(Min.):19.9; Similaridade: 92%.

50 100 150 200 250 300 350 400 4500.0

25.0

50.0

75.0

100.0%

361

73

217

147 169437363103 271129 243

191 319 45145 89 305281

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94

50 100 150 200 250 300 3500.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

73

361

147204 217

103 12945 191169117 243 31928159